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Luiz Gonzaga
   dos Santos
             uma vida para
                 o sangue




   Luiz Antonio dos Santos
MEMORIAL DE MEDICINA DE PERNAMBUCO
ACADEMIA PERNAMBUCANA DE MEDICINA
   PRÊMIO PROF. SALOMÃO KELNER




    Luiz Antonio Vasconcelos dos Santos
    Acadêmico de Medicina – 8º Período
     Faculdade Ciências Médicas – FCM
     Universidade de Pernambuco – UPE




   Luiz Gonzaga
    dos Santos
          uma vida para
            o sangue

                    Trabalho sobre a vida de Luiz
                Gonzaga dos Santos, sendo
                apresentado ao Prêmio professor
                Salomão Kelner, Academia
                Pernambucana de Medicina.




                  Recife
               Outubro, 2010
INTRODUÇÃO
      Cada momento histórico representa um pedaço da evolução humana.
Essa, que acontece interligada a vários campos do conhecimento, sempre
está associada a ações de pessoas que pensaram à frente, que ansiaram por
uma vida melhor e mais digna para os seres humanos. Pessoas assim devem ser
valorizadas e lembradas como um ponto de referência, um exemplo a ser
seguido pelas futuras gerações. Luiz Gonzaga dos Santos, médico e cidadão
recifense que transformou toda a Hemoterapia brasileira, significa mais que
um simples lembrar ou valorizar, representa uma oportunidade de aprender.
Contamos sua belíssima história e, assim, adquirimos para a nossa vida
princípios que todo médico deve ter.




                                        Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 03
O COMEÇO
       Nascido em 15 de fevereiro de 1930, Luiz Gonzaga foi o único filho de
Francisco José dos Santos e Maria Costa dos Santos, humilde casal residente no
bairro de Água Fria, periferia do Recife. Seu pai era motorista e sua mãe dona
de casa, ambos se esforçando muito para oferecer educação e lições de vida
ao filho. Exemplo desse esforço foi o fato de sua mãe, sacrificando-se
financeiramente, matriculou-o numa boa escola para a realização do
primário, fato esse caracterizado pelo próprio Luiz Gonzaga como “de grande
visão de minha mãe”. Esse esforço era recíproco, pois Luiz Gonzaga teve de
começar a trabalhar ainda muito jovem, aos 12 anos, ajudando e, quase
sempre, recusando sua condição de adolescente em virtude da rotina do
trabalho diário.
       Após residir, dos 4 até os 12 anos de idade na rua da Soledade, centro do
Recife, mudou-se para o bairro do Arruda, pois seu pai havia adquirido uma
casa própria. Esse lugar, rico em árvores e tranquilidade, testemunhou o início
do crescimento pessoal e profissional de Luiz Gonzaga, sendo a residência dele
até 1960, ano em que se formaria em Medicina.
       Entre os 12 e os 25 anos de idade, sua vida foi intensa e árdua, não
representando isso desvalorização pessoal ou algo negativo, mas uma
incorporação de qualidades básicas e depois importantíssimas à sua vida. Em
1942, então com 12 anos, após o término do primário, Luiz Gonzaga precisava
ajudar seus pais financeiramente e, assim, eles o matricularam em um curso
técnico para comerciários, no qual teria noções básicas de contabilidade e,
concluído esse curso, formar-se-ia como contabilista. Segundo o próprio Luiz
Gonzaga, “meus pais tiveram uma visão muito grande com esse curso, pois
pude abrir minha mente e deslanchar na vida funcional”. Tais palavras
referem-se aos conhecimentos administrativos e empresariais adquiridos com
o curso, os quais, no futuro, seriam fundamentais para a sua vida e,
consequentemente, para a fundação do HEMOPE. Aos 16 anos, obteve o seu
primeiro emprego na empresa Alves de Brito & CIA, do ramo têxtil, na qual
ocupou uma função contábil. Nesse emprego, fez vários amigos, dentre os
quais, Alfredo Bandeira, que, observando a necessidade do jovem de
continuar os estudos, induziu-o a trocar de emprego, pois assim teria mais
tempo para estudar, visto que a referida empresa têxtil exigia de todos os seus
funcionários dois expedientes de jornada de trabalho. Esse novo trabalho
surgiu em 1948, quando, por intermédio do mesmo Alfredo Bandeira, Luiz
Gonzaga conseguiu uma vaga no Banco do Povo, onde o horário de trabalho
era apenas à tarde e, nesse momento, ele pôde continuar seu Ginasial no
Colégio Salesiano, à noite.
       A partir da década de 1940, entre os 18 e os 25 anos, surgiu um novo
período de enriquecimento pessoal e profissional, caracterizado pelo preparo
para o ingresso na Universidade. O emprego no Banco do Povo era bastante
satisfatório, pois nele ocupava um cargo com o qual já possuía intimidade –
escriturário - e obteve tempo, embora curto, para os estudos. Finalizava suas
atividades bancárias no fim da tarde e, após um breve momento destinado à
alimentação, caminhava da rua do Livramento até a rua Dom Bosco,
chegando assim ao Colégio Salesiano, onde ainda concluía o Ginásio. Sua
vida resumia-se a essas duas atividades – trabalho e estudo. O sábado e o


                                          Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 04
domingo, ao invés de serem usados para atividades de lazer e descanso,
significavam mais uma oportunidade para o contato com os livros. Esse
aspecto de sua juventude é coerente com sua personalidade, pois sempre foi
uma pessoa trabalhadora, séria e focada em seus objetivos.         S u a
relação com a Medicina iniciou-se de forma ocasional e indireta. Seu pai era
motorista do então professor da Faculdade de Medicina Mário Ramos, e tinha,
com isso, certa aproximação com o campo médico, pelo qual,
posteriormente, se tornou de admiração. Dr. Mário Ramos, infectologista e
chefe do Laboratório de Bacteriologia da Secretaria de Saúde, era um homem
de referência tanto para Luiz Gonzaga como para seu pai, e influenciaria o
caminho do jovem rapaz, tendo sido ele, inclusive, quem conseguiu para Luiz
Gonzaga o seu primeiro emprego na companhia têxtil já citada. Dessa forma,
Luiz Gonzaga, ao inspirar-se na figura médica de Mário Ramos e ouvir as
orientações do seu pai, optou pela escolha da Medicina como futura
profissão.



A FACULDADE DE MEDICINA
       Aos 24 anos, com o Ginásio concluído e ainda trabalhando no Banco do
Povo, Luiz Gonzaga tentou pela primeira vez o vestibular para o curso de
Medicina, não sendo aprovado por apenas 11 décimos, não tendo realizado
nenhum curso preparatório. No ano seguinte, 1955, após preparar-se durante
um ano, conseguiu a excelente aprovação em 6º lugar no Curso Médico da
então Universidade do Recife. Nesse momento, deixou de trabalhar no Banco
do Povo, devido ao tempo integral de estudos que deveria ter dali por diante.
       Ao ingressar na Universidade, que naquela época funcionava no atual
prédio do Memorial de Medicina, às margens do Capibaribe, Luiz Gonzaga,
aos 25 anos, era um dos mais velhos da turma. Já no 2º ano do curso, ao ter
aulas da organizada disciplina de Histologia, ministrada pelo professor Hélio
Mendonça, apaixonou-se pelo sangue. Um fato marcante foi a vinda, naquele
período, de um professor de São Paulo para ministrar aulas de histologia
durante uma semana, quando pôde observar e estudar as belíssimas lâminas
de medula óssea trazidas pelo referido professor. Durante aquela semana,
após pedir permissão ao regente da disciplina Hélio Mendonça e ao professor
convidado, ia até a faculdade todos os dias à noite para estudar as lâminas, lá
permanecendo até mais tarde. “Era tudo belo, tudo muito bonito”. Essas
palavras significaram uma descoberta, representaram um avanço em sua
vida que, por sinal, jamais seria a mesma, pois a partir dali estaria pessoal e
profissionalmente ligada à Hematologia e à Hemoterapia.
       Durante o período da faculdade, ainda necessitando trabalhar para
sustentar-se, foi admitido como funcionário do laboratório de Bacteriologia da
Secretaria de Saúde, no Setor de Sorologia para Sífilis, por intermédio de Mário
Ramos que, como foi dito, era o chefe desse laboratório. Os anos entre 1956 e


                                          Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 05
1960 foram de conciliação entre a faculdade e esse trabalho, o que
representou mais um momento de esforço. Um fato interessante nessa rotina foi
que, por o laboratório situar-se perto da faculdade, o acesso a ele durava
apenas alguns minutos de caminhada, o que facilitava a vida de Luiz
Gonzaga, que muitas vezes ia trabalhar entre uma aula e outra, otimizando seu
tempo. No término do Curso Médico, graduando-se em cerimônia realizada
na tarde de 8 de dezembro de 1960, não esqueceu quem o ajudou e foi
importante durante sua caminhada: Mário Ramos. Esse, como seu padrinho,
fez a honra de colocar em seu dedo o anel de formatura.




“PARECIA QUE ESTAVA TUDO ESCRITO”
       Aos 31 anos, recém-formado e detentor de conhecimentos em
Hematologia, adquiridos em vários estágios durante o seu curso, foi convidado
para ocupar a função de chefe do laboratório do Hospital do Câncer de
Pernambuco, o que aceitou prontamente. Lá não permaneceu muito tempo,
logo indo estagiar no Hospital do Câncer do Rio de Janeiro, em busca de novos
conhecimentos. Após o término deste último estágio, iniciou outro, em São
Paulo, no serviço de hematologia do professor Michel Jamra, centro de maior
excelência em Hematologia do Brasil naquela época. Esse momento,
considerado “chave” pelo próprio Luiz Gonzaga para sua carreira, fez-se tão
importante pelo fato do que acontecia no contexto da época, quando um
crescente interesse pela Hematologia e pela Hemoterapia era evidenciado no
país.
       O início da Hematologia Brasileira aconteceu, diferentemente de outros
países, associada à Hemoterapia, abrigando esta última dentro de si. Assim, a
história da Hemoterapia representa boa parte da evolução da ciência
hematológica no país. Em 1940, quando a hemoterapia foi inicialmente
praticada, com estrutura física (bancos de sangue), na cidade de Porto Alegre
e, sequencialmente, no Rio de Janeiro (1941), Recife (1942) e Distrito Federal
(1944), a coleta de sangue era muito ligada ao lucro comercial, pois, apesar de
as doações serem voluntárias, em muitos lugares elas eram remuneradas, o
que estimulava as pessoas pobres a doarem seu sangue apenas com o intuito
financeiro. Esse estímulo não funcionava do ponto de vista científico e/ou
terapêutico, pois as doações eram feitas sem uma devida triagem, na qual se
objetiva propor ao sangue doado mais chances de qualidade e,
consequentemente, mais eficiência no seu uso médico. Assim, diante de um
sangue sem qualidade, os procedimentos médicos que utilizavam tal tecido
ficavam prejudicados, como também os profissionais de saúde viam seus
tratamentos sem eficiência. Foi nesse momento que os cirurgiões, diretamente
afetados pela falta de um sangue confiável, começaram a manifestar-se
buscando uma solução. Mais especificamente em 1961, um cirurgião torácico


                                          Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 06
pernambucano, Luiz Tavares, professor universitário e um dos fundadores da
Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco (FCM-PE), interessou-se mais
concretamente pela busca de uma solução. Ele, um homem que tinha
aproximação com pessoas públicas, convenceu alguns políticos da
necessidade de organizar o sistema hemoterápico pernambucano: políticos
como Cid Cavalcanti, governador de Pernambuco na época (seu cunhado) e
o Prof. Antônio Figueira, reitor pro tempore da Universidade de Pernambuco e
Presidente Estadual da UDN (União Democrática Nacional), grande amigo de
Luiz Tavares. Esse, acompanhado de Antônio Figueira, foi apresentado ao
então Presidente da República, Jânio Quadros, quando ficou acertada a
construção de 2 centros de transfusão sanguínea, tendo como parâmetro o
modelo francês, por intermédio de uma viagem de Luiz Tavares à França, que
possuía um significativo desenvolvimento em hemoterapia, razão dessa
escolha. Porém, no dia anterior à viagem, o Presidente Jânio Quadros
renunciou, o que veio a cancelar os planos elaborados até o momento. Foi
logo após, em 1962, que Luiz Tavares viajou por conta própria à França, pois já
possuía conhecimento das atividades científicas nesse país, realizando o
primeiro contato Brasil-França e convidando os professores Robert Waitz e
Jacques Ruffié para visitar a Faculdade de Medicina do Recife, a fim de ali
para ministrar em palestras. Durante tais palestras no auditório do Hospital
Universitário D. Pedro II, Luiz Gonzaga conheceu os referidos professores e
começou a fazer parte da história da Hemoterapia brasileira.
        Após ter conhecido os professores franceses trazidos por Luiz Tavares e
participado de todas as atividades realizadas por eles na ocasião, Luiz
Gonzaga foi estagiar no serviço de Hematologia do professor Michel Jamra, na
Universidade de São Paulo. De início, era apenas de 1 mês a duração do
estágio, mas sua permanência estendeu-se por 8 meses. Esse período foi de
grande realização para Luiz Gonzaga, pois, além de ter aproveitado o
excelente serviço a ele oferecido, participou de um acontecimento, no
mínimo, inédito: estando, num certo dia, em uma atividade com Michel Jamra
e mais 3 estagiários, surpreendeu-se com a chegada de Luiz Tavares, que tinha
vindo em busca de 4 estudantes para serem bolsistas de uma cooperação,
ainda incipiente, franco-brasileira. Essas bolsas serviriam para a formação de
profissionais capazes de desenvolver, técnica e administrativamente, um
centro de transfusão que seria construído em Pernambuco. Quando Luiz
Tavares perguntou a Michel Jamra se esse teria estagiários para ocupar tais
bolsas – pois ele não tinha conseguido recrutar estudantes em Recife -, ele
repassou a pergunta aos seus alunos presentes, e Luiz Gonzaga foi o único a
levantar a mão. Assim, o Dr. Luiz Gonzaga, com então 32 anos, tornava-se o
primeiro bolsista a ir à França mediante a referida cooperação franco-
brasileira (sua bolsa teve a duração de 12 meses, dividida entre Paris e
Strasbourg).
       Como já dito antes, o próprio Luiz Gonzaga considerou esse período em
São Paulo como essencial para sua carreira, “parecia que estava tudo escrito”,


                                          Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 07
pois conseguiu integrar conhecimentos técnico-científicos à oportunidade de
aprender mais sobre a Hemoterapia em um país de referência. Sua ida à
França aconteceu em 12 de janeiro de 1963, logo depois de ter realizado um
curso intensivo da língua francesa, necessária para comunicar-se nesse país.



LUIZ GONZAGA E O HOSPITAL
OSWALDO CRUZ
       Os conhecimentos adquiridos durante esse estágio resultaram na
oportunidade de criar, em 1964, um serviço de Hematologia em Pernambuco,
especificamente no Hospital Oswaldo Cruz (HOC). Esse hospital, a partir de
1958, entrara em decadência administrativa e financeira, chegando à
situação de quase desativar-se. Foi nesse contexto que Luiz Tavares, então
diretor da FCM-PE, e os demais professores dessa faculdade, decidiram
transferir as atividades da faculdade para o HOC, sendo necessário, assim,
reestruturar os serviços oferecidos por esse hospital. Nesse momento, Luiz
Gonzaga foi convocado por Luiz Tavares para organizar o laboratório de
Hematologia do HOC, pois, como se especializara em Imunohematologia e
Hemoterapia um ano antes na França, representava uma pessoa de
confiança. Assim, recebendo o apoio do próprio Luiz Tavares e de Tácito
Portella Barbalho (colega de turma durante a graduação e então diretor do
HOC), pôde concluir e deixar funcionando, ainda em 1964, os laboratórios de
hematologia e bioquímica. A determinação de Luiz Gonzaga para criar esses
laboratórios registrou-se como um marco, exemplificando-se pelo fato de ele
realizar pessoalmente o pagamento dos pedreiros a cada semana, pois essa
era a única forma possível de liberar verba, uma vez que existiam dificuldades
financeiras no HOC para a construção do prédio em que funcionaria o
laboratório.
       A criação do laboratório do HOC serviu como ponto inicial para a
fundação, em 1977, do Centro de Hematologia e Hemoterapia de
Pernambuco (HEMOPE), além de iniciar o reerguimento daquele hospital. A
história de Luiz Gonzaga estaria ligada, intrinsecamente, à organização desses
serviços e à sua evolução.
       Em 1965, dando continuidade à cooperação franco-brasileira, o
professor George Larrouy, então diretor do Centro de Transfusão Sanguínea de
Toulouse, visitou Pernambuco para observar como estava funcionando o
serviço de Hematologia do HOC. Após a visita, elaborou-se um relatório no
qual ficou acertada a doação, pelo governo francês, de equipamentos ao
laboratório do HOC, que adquiriu grande desenvolvimento nos anos
posteriores, o que se caracterizou como mais um estímulo à fundação do
HEMOPE.
        Permanecendo como chefe do serviço de Hematologia do HOC, Luiz



                                         Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 08
Gonzaga exercia a profissão médica e continuava a buscar conhecimentos.
Em 1966, especializou-se em Hematologia pela Universidade de São Paulo e, 3
anos depois, em 1969, retornou à França, novamente com uma bolsa de
estudos, para fazer um o mestrado na Universidade de Toulouse. Finalizado
esse período de pós-graduação, Luiz Gonzaga obteve, em 1970, o certificado
de Études Supérieures d'Hématologie Générale en Biologie Humaine. Após
esse período, vários acontecimentos iriam impulsionar o desenvolvimento da
hemoterapia brasileira e Luiz Gonzaga, à frente desse processo, seria uma
pessoa fundamental.
        A partir de 1964, o Brasil mudou seu regime político, sendo governado por
militares e estando subordinado a esses até a década de 1980. Como aquele
momento estava incluído no pós-guerra (existia a guerra fria) e era instável
politicamente, grandes eram as chances de conflitos internos e externos, o que
forçou o governo militar a preocupar-se com a segurança nacional. Assim,
dentre as várias medidas tomadas visando à referida segurança, o sangue foi
tido como um elemento fundamental, pois caso houvesse um conflito armado
e grande quantidade de feridos, as pessoas necessitariam de sangue como
um agente terapêutico, da mesma forma que os antibióticos seriam usados
para combater infecções. Por isso, o Governo Federal mobilizou-se para criar
um Sistema Nacional de Hemoterapia. Aliado a essa necessidade política, a
elaboração de um relatório sobre a situação hemoterápica do país - realizado
em 1969 pelo professor Pièrre Cazal, então consultor da Organização Mundial
de Saúde (OMS) - retratava o péssimo estado da hemoterapia praticada no
Brasil, o que estimulou ainda mais a busca por qualidade nesse serviço. Esse, na
época, caracterizava-se como múltiplo, pequeno, sem uma coordenação
administrativa e atrelado a interesses financeiros, quando muitas pessoas
doavam sangue apenas com o intuito de serem remuneradas, não
importando a qualidade do sangue. Poucos eram os serviços que possuíam
organização e eficiência, a exemplo do já citado Michel Jamra, no Hospital
das Clínicas da USP, e do Instituto Estadual de Hematologia Arthur Siqueira
Cavalcanti, localizado na cidade do Rio de Janeiro. Apesar de serem centros
desenvolvidos, não possuíam em sua organização administrativa objetivos de
alcance nacional, não servindo, assim, ao Sistema Nacional de Hemoterapia
idealizado pelo governo.



LUIZ GONZAGA E HEMOPE: UM MARCO
NA HEMOTERAPIA BRASILEIRA
       A criação de uma rede nacional de sangue deveria ser organizada e
Pernambuco, por meio de Luiz Gonzaga, realizou tal façanha. A razão dessa
liderança pernambucana deve-se, principalmente, à figura do professor
Fernando Figueira e ao espírito inovador de Luiz Gonzaga e Luiz Tavares. O


                                           Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 09
principal momento no qual Luiz Gonzaga se tornou o grande transformador da
Hemoterapia brasileira aconteceu em 1972. Nesse ano, ele, com 42 anos, viu-
se diante de uma escolha: 1) Trabalhar no Hospital das Forças Armadas em
Brasília, onde tinha sido aprovado em 1º lugar em concurso público; 2) Tornar-
se docente da Universidade de Brasília (UnB), pois havia sido convidado; 3)
Organizar a criação e a fundação do HEMOPE. Apesar da tentadora proposta
de trabalhar na conceituada UnB, ou de ser membro do corpo médico do
Hospital das Forças Armadas, Luiz Gonzaga escolheu o HEMOPE, preferiu dar
mais uma contribuição a Pernambuco, ao Brasil, à Hemoterapia.
        Os acontecimentos que o levaram a ser nomeado como organizador do
HEMOPE foram, a exemplo do momento de sua escolha como 1º bolsista a
estagiar na França, interessantes. Na época, o professor Fernando Figueira,
Secretário Estadual de Saúde, estava com o intuito de criar o Centro de
Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco, e buscava uma pessoa
capacitada para comandar tal processo. Assim, agendou uma reunião com
cerca de 15 pessoas, na qual ficou acertado um segundo encontro em que
gostaria de receber projetos e idéias acerca da construção do HEMOPE.
Então, após algumas semanas, houve o novo encontro, porém, apenas Luiz
Gonzaga estava presente, fato que fez o prof. Fernando Figueira nomeá-lo
coordenador de todo a trabalho a partir daquele momento.,
       Diante desse encargo que lhe foi atribuído, Luiz Gonzaga, apesar de já ter
experiência técnica e científica em centros de referência na Europa (Paris,
Strasbourg e Toulouse) e no serviço de Hematologia do HOC, necessitava
aperfeiçoar-se em gestão, pois um projeto maior estava sendo criado. Foi
então que, em 1975, se tornou especialista em Administração Hospitalar pela
Universidade Federal de Pernambuco e, aliando os conhecimentos prévios
adquiridos, em 1942, durante o curso de contabilidade, estava
potencialmente apto a levar à frente a construção do HEMOPE. Tal habilidade
se fez manifesta ao saber contatar, de maneira eficiente, políticos,
engenheiros, arquitetos e economistas, visando à elaboração do projeto
como um todo. Pessoas como Lúcia Athaíde, Niepse Silveira, Sérgio Rego
Barros, Armando Cairutas, Gabriel Bacelar e Genildo Carvalho – profissionais de
várias áreas - foram essenciais ao processo. Feito isso, o HEMOPE seria o primeiro
hemocentro do Brasil, inaugurado em 25 de novembro de 1977, sob o amparo
do Governo do Estado de Pernambuco, e instituído sob a natureza jurídica de
Fundação de Direito Privado, tendo autonomia jurídica, financeira,
administrativa e patrimonial. Na sessão solene de inauguração, além da
presença do então governador de Pernambuco Moura Cavalcanti, do cônsul
geral da França, Gaston Lepaudert, e de outras personalidades, estavam
também presentes os professores Michel Jamra e Monteiro Marinho (fundador
do Instituto Estadual de Hematologia Artur de Siqueira Cavalcanti, em 1969, no
Rio de Janeiro), docentes que representavam o que o Brasil tinha de melhor em
Hematologia e Hemoterapia até então e que, ao estarem presentes naquele
dia, significavam o quão importante se tornava o HEMOPE para o país.


                                            Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 10
A fundação recém-criada estaria obedecendo a 5 princípios básicos:

1)Constituir-se numa entidade governamental, tendo em vista que a
Hemoterapia, ao abranger doenças potencialmente transmissíveis através do
sangue (Hepatite, Sífilis, Chagas, AIDS, HTLV, Malária), inseria-se em um
contexto de saúde pública, sendo, assim, de interesse governamental;

2)Possuir uma estrutura jurídico-administrativa capaz de assegurar uma
continuidade operacional;

3)Funcionar visando ao benefício social e não ao retorno lucrativo comercial;

4)Proporcionar uma integração Hematologia/Hemoterapia;

5)Operar com o doador de sangue não remunerado.

          Além desses princípios, os objetivos de articular-se com a FCM-UPE,
desenvolver pesquisa científica e produzir industrialmente hemoderivados
faziam parte do planejamento dessa instituição.
        Durante o período de fundação do HEMOPE, Luiz Gonzaga não esteve
somente empenhado na construção desse centro, mas continuou seu
aperfeiçoamento técnico-científico, tornando-se Imunohematologista pelo
centro localizado em Nice, cidade francesa, onde também representou o
Brasil no Curso de Formação em Imunologia.
        Como todo estabelecimento recém-inaugurado, que representa um
serviço bem sucedido em potencial e com capacidade de perpetuar-se, o
HEMOPE provou sua utilidade social nos seus primeiros anos de funcionamento
(mais especificamente no primeiro ano, 1978). Assim, ações como a prática de
doação sanguínea voluntária e não remunerada (estimulada pela
conscientização da população); a produção de plasma liofilizado¹ pela
primeira vez no Brasil; a implantação do primeiro curso de mestrado em
Hematologia do Norte e do Nordeste do Brasil; a criação da Residência
Médica em Hematologia e Hemoterapia que, institucionalizada na FCM-UPE,
tinha seu campo de treinamento no HEMOPE; e a implantação do projeto de
crioconservação e laboratório de HLA, os quais, por falta de estímulo financeiro
do Governo do Estado, se efetivaram mas não se consolidaram como prática
permanente.
        Para realizar tais ações, era necessário um pessoal preparado e disposto
a criar e manter tais objetivos. Luiz Gonzaga, como coordenador inicial e
diretor do HEMOPE, possuía diversas qualidades administrativas e operacionais
acumuladas durante os seus quase 50 anos de idade, mas necessitava de
profissionais que, além de serem importantes na realização das ações
planejadas, entrariam, também, para a história do HEMOPE. Dessa forma,
médicos como Tácito Portela Barbalho, Mário Florêncio, João de Lemos, Alita


                                           Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 11
Azevedo, Gilson Saraiva, Divaldo Sampaio (atual diretor-presidente), Aderson
Araújo, Claudia Monte, Rosa Arcuri e farmacêuticas como Cândida Cairutas e
Maria do Carmo Valgueiro representavam o “braço direito” de Luiz Gonzaga
rumo à construção de um centro de excelência. Além desses profissionais, uma
pessoa muito próxima a Luiz Gonzaga, a Sra. Malda Séa Pinto, secretária dele
por muitos anos, também exerceu uma função importante durante esse
período.

¹A liofilização era um processo que permitia a uma determinada substância – no caso, o plasma – conservar-se por um tempo maior, o
que facilitava o estoque e a operacionalização dessa substância.




PRÓ-SANGUE: A CONSOLIDAÇÃO
DO TRABALHO
       Transformando-se em um serviço de referência estadual e regional, o
HEMOPE apresentava-se como um exemplo a ser seguido. Assim, o Governo
Federal, além de ainda visar ao Projeto de Segurança Nacional, segue, no fim
da década de 1970 e começo de 1980, um caminho definitivo em busca da
melhora dos serviços de Hemoterapia oferecidos em todo o Brasil. Um fato
importante, talvez, para essa posição do Governo Federal contra os serviços
de Hemoterapia de baixa qualidade, foi a experiência vivenciada pelo ex-
Presidente da República, o General Ernesto Geisel, que durante o ano de 1969
contraiu hepatite pós-transfusional logo após ter-se submetido a cirurgia para
tratamento de pancreatite, o que serviu como mais um impulso para a criação
de um sistema difundido, interligado e de qualidade no Brasil.
       Exposto o interesse nacional, foi criada uma comissão de articulação
que funcionava na FIOCRUZ (coordenada pelo presidente dessa fundação,
Dr. Enos Vital Brasil, e composta por várias pessoas, entre elas Luiz Gonzaga),
cujo objetivo era analisar e diagnosticar a situação existente da Hemoterapia
em todas as capitais do país. Após essa análise, a comissão visitou algumas
cidades em todas as regiões brasileiras e elaborou um programa nacional de
sangue e hemoderivados, o chamado PRÓ-SANGUE, indicando oficialmente
Luiz Gonzaga como coordenador técnico desse programa, e o HEMOPE,
como centro de referência para a formação dos recursos humanos
necessários à implantação do sistema. Assim, iniciava-se mais um período
engrandecedor para Luiz Gonzaga, no qual iria difundir a sua experiência e a
do HEMOPE para todo o país.
       Durante o período em que permaneceu à frente do PRÓ-SANGUE (1980-
1986), Luiz Gonzaga, assumiu simultaneamente a função de diretor-presidente
do HEMOPE e transformou toda a Hemoterapia brasileira, ao expandir o ideal
de eficiência dessa instituição. Ao assumir o cargo de Diretor Técnico, tinha
como metas principais a implantação de novos hemocentros por todo o país,
o desenvolvimento da Cooperação Técnica Franco-Brasileira em nível


                                                                      Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 12
nacional, o desenvolvimento do projeto de produção de albumina e a
articulação do programa com instituições, empresas e setores, visando a uma
maior eficiência do PRÓ-SANGUE. Com isso, Luiz Gonzaga seguia em direção
ao estabelecimento de um verdadeiro Sistema Nacional de Hemoterapia,
objetivo pelo qual trabalhou muito.
       Viajou mais de 700 horas de avião por todo o Brasil, analisando e
estabelecendo a construção de uma série de Hemocentros interligados
(Amazonas, Roraima, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas gerais, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal). Durante esse período,
representava o Ministério da Saúde em eventos nacionais, e o Brasil em
reuniões e congressos internacionais (Bolívia, Suécia e Estados Unidos),
chegando a ser consultor da OMS para a implantação da técnica ELISA (já em
uso no Brasil) no Haiti (1985). Ao término de 1986, o PRÓ-SANGUE, por meio de
Luiz Gonzaga, tinha mudado a mentalidade brasileira acerca do sangue, que
deixava de ter importância apenas para a Medicina e adquiria um valor
médico, social e educacional. A doação não remunerada de sangue tinha se
estendido por todo o Brasil, levando o país a um estado mais evoluído quanto a
essa questão.



1987-2010
      Após todos esses anos contribuindo para o desenvolvimento da
Hemoterapia Pernambucana (HEMOPE) e Brasileira (PRÓ-SANGUE), em 1987,
quando o Brasil entra em um novo momento político, caracterizado pela volta
dos civis ao poder e mudança em vários, senão todos, os setores da
sociedade, com a saúde não foi diferente, principalmente em Pernambuco,
onde o então governador eleito, Miguel Arraes, transformou toda instituição
de caráter público em, efetivamente, um órgão público. Assim, por
incompatibilidade administrativa e operacional, Luiz Gonzaga abdicou da
direção-presidência do HEMOPE, deixando o então vice-presidente, Tácito
Portela Barbalho, na direção-presidência. Esse foi um momento difícil na vida
do médico, na época com 57 anos, pois ele tinha dedicado mais da metade
de sua vida à fundação do HEMOPE, assim como ao desenvolvimento da
Hemoterapia no estado. Porém, seguindo os princípios de um homem
comprometido com a ciência e as causas sociais, jamais se deixou abater,
sempre exercendo alguma atividade útil à sociedade.
      Após sua saída do HEMOPE, aposentou-se por essa instituição (de
acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT) e desvinculou-se da
FCM-PE, pois havia sido convidado pelo então Presidente da FIOCRUZ, Sérgio
Arouca, para organizar o serviço de Hemoterapia no estado do Rio de Janeiro.
Em 1989, então, Luiz Gonzaga passou a residir no Rio de Janeiro, levando



                                          Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 13
adiante a proposta de, unificando os sistemas civil e militar, tornar o sistema de
Hemoterapia daquele estado coerente e qualificado. Infelizmente, o novo
presidente da FIOCRUZ – que sucedeu a Sérgio Arouca – e autoridades
governamentais superiores não apresentaram interesses financeiros e/ou
administrativos, o que fez fracassar o projeto e antecipar o retorno do médico
pernambucano, já em 1990, ao seu estado de origem.
       No volta a Pernambuco, Luiz Gonzaga reintegrou-se à FCM-PE,
tornando-se novamente regente da disciplina de Hematologia da faculdade,
onde permanece como docente até os dias atuais. Em 1996, estando o
Laboratório Central do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC, antigo
HOC) em decadência operacional e deterioração física, foi convidado e
aceitou o convite para assumir a chefia do laboratório. Era como se estivesse
voltando novamente a sua casa. Aquele lugar representava muito para ele, foi
onde tudo começou, em meados da década de 1960. Ao assumir o cargo,
realizou uma série de ações com vista a organizar os serviços prestados assim
como modernizar o funcionamento e as estruturas físicas. Não conseguiu
concluir todos os objetivos estabelecidos inicialmente, pois os entraves
financeiros e operacionais – públicos - não o permitiram, mas foi capaz de
trazer novamente ao laboratório a capacidade de servir, com dignidade, à
população pernambucana. Em 2006, após 10 anos à frente do laboratório
central do HUOC, deixou o cargo, mas não tardou muito a sua ausência, pois
em 2010, com 80 anos completados, assumiu novamente o laboratório. É um
exemplo a ser seguido.



UM EXEMPLO A SER SEGUIDO
      Luiz Gonzaga dos Santos foi um homem à frente de seu tempo e,
certamente, transformou a Medicina e a Hemoterapia brasileiras. Como dizia
Benjamin Disraeli, escritor e político britânico, "o segredo do sucesso é a
constância de propósito". Talvez essa tenha sido a grande virtude de Luiz
Gonzaga, a busca constante de objetivos, sejam eles palpáveis ou não. O
desenvolvimento de uma rede nacional de Hemocentros, destinada a
expandir um sistema já criado e plenamente eficiente em Pernambuco, foi um
exemplo da visão futurista, tão nata e peculiar na época, de Luiz Gonzaga.
Milhões de pessoas puderam beneficiar-se desse grande empreendimento,
centenas de profissionais puderam afirmar: a Hemoterapia Brasileira divide-se
em dois períodos, o antes e o depois de Luiz Gonzaga.
      A sua história permanece viva e confunde-se com a do Laboratório
Central do HUOC, do HEMOPE e da Hemoterapia brasileira. Foram três projetos
que se sucederam, representando todos um avanço científico e social para as
populações pernambucana e brasileira. O objetivo de servir ao cidadão
sempre acompanhou as ações de Luiz Gonzaga, tornando-se para ele um



                                            Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 14
ideal de vida. Durante a sua carreira médica, poucos foram os momentos em
que exerceu a clínica privada, dando sempre prioridade ao serviço público e
ao ideal supracitado. Na sua concepção, não bastava um serviço público
qualquer, era necessária a qualidade do atendimento e dos serviços, de modo
que o usuário público fosse beneficiado. Assim, disciplina e rigidez eram seus
instrumentos para atingir a eficiência no serviço público. Luiz Gonzaga já
praticava, antes mesmo de a saúde constituir-se em um direito de todos e
dever do Estado, a Medicina baseada em princípios universais, igualitários e
integrais, Exemplo disso foi a sua frase, famosa na época da fundação do
HEMOPE: “devemos atender o José da Silva da mesma forma que atendemos
o da Silva José”. Como foi visto, ele era um apaixonado pelos princípios do
sistema público, mas não admirava a forma como ele funcionava, visto que
não facilitava a operacionalidade nem o dinamismo das atividades. Por isso,
muitas vezes entrava em discordância com os dirigentes aos quais estava
subordinado.
       Durante a sua caminhada, Luiz Gonzaga teve muitos colaboradores,
pessoas que o ajudaram e lhe forneceram orientações. Seus pais, exemplos de
perseverança e determinação durante a infância, ofereceram-lhe educação
e princípios que levaria para toda a vida. Além de seus pais, Alfredo Bandeira,
ao induzi-lo a trocar de emprego para melhorar seus estudos foi um grande
amigo e importante incentivador do seu sucesso. Luiz Gonzaga sentiu-se feliz e
retribuiu o favor a Alfredo Bandeira quando a filha desse, Fátima Bandeira,
atual vice-presidente do HEMOPE, foi sua residente em Hematologia. Outro
grande colaborador foi Mário Ramos, que o estimulou a iniciar-se na Medicina
e também o orientou na obtenção do primeiro emprego, inserindo o então
rapaz Luiz Gonzaga na vida prática. Finalmente, Luiz Tavares, Fernando
Figueira e o cônsul Francês Marcel Morin, também foram importantíssimos, pois
incentivaram a criação do HEMOPE.
       Necessitando oferecer uma resposta à sociedade, Luiz Gonzaga
conseguiu com muita eficiência ajudar e influenciar outras pessoas. Os
pacientes do Hospital Oswaldo Cruz, na época da criação do laboratório
desse hospital, foram muito beneficiados, assim como, posteriormente, as
populações pernambucana e brasileira. Os profissionais, médicos ou não,
puderam ter o privilégio de conviver com Luiz Gonzaga e, assim, receber de
uma forma especial todos os seus ensinamentos. Na época da fundação do
HEMOPE, os médicos e estudantes recebiam estímulos os mais diversos
possíveis, como, por exemplo, ouviam o próprio Luiz Gonzaga dizer que “na
minha ausência no HEMOPE, vocês são o presidente”. Essa dedicação e todo o
amor pela instituição, agora repassados aos estudantes, criavam uma
geração de médicos competentes e comprometidos com a causa pública,
principalmente com o HEMOPE. É por isso que estudantes daquela época,
como Aderson Araújo, Alita Azevedo, Claudia Monte, Divaldo Sampaio, Maria
do Carmo, Raul Melo, Paula Loureiro e Rosa Arcuri estão ligados, de alguma
forma, ao HEMOPE, construindo e contribuindo com o melhor para a


                                          Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 15
instituição. A capacidade de educar e orientar profissionais e estudantes
mantém-se até o momento atual, pela prática docente atuante na FCM-PE.
       Dedicação, respeito, disciplina, ética, retidão, pioneirismo, perseverança,
justiça, eficiência e empreendedorismo eram as palavras que eu ouvia
quando perguntava sobre a personalidade de Luiz Gonzaga. Diante disso e de
toda a importância para a Hematologia e a Hemoterapia, é mais que justo
homenageá-lo. Aliás, esse reconhecimento deve ser uma obrigação brasileira.
Homenagens e prêmios foram diversos durante sua vida. Talvez tenha
recebido o primeiro reconhecimento em 1964, quando, aos 34 anos, foi
convidado por Luiz Tavares para iniciar o serviço de hematologia no HOC, o
que significou um prêmio pela sua capacidade adquirida até então. Da
mesma forma, as nomeações como coordenador dos trabalhos para a
fundação do HEMOPE e como diretor técnico do PRÓ-SANGUE foram também
exemplos. Condecorações também estiveram presentes, como a Ordem do
Mérito dos Guararapes - grau de Cavaleiro (pelo Governador de
Pernambuco), a Medalha do Mérito Santos Dumont (pelo Ministério da
Aeronáutica), a Ordre National du Mérite – grau Officier de L'ordre National du
Mérite (pelo Presidente da França François Mitterand) e a medalha do mérito
São Lucas (pelo CREMEPE). Ainda foi Homenageado pela OMS como
transformador da Hemoterapia brasileira.
       Luiz Gonzaga é o atual chefe do laboratório central do HUOC e continua
ativo em suas atividades e em seus ideais. Aos 80 anos, não pensa em parar de
trabalhar enquanto ainda for apto para contribuir para a Hematologia e a
Hemoterapia pernambucanas. Sua mais nova contribuição – uma antiga
proposta dele – será o serviço de Hematologia do HUOC, a ser inaugurado em
2011. Como podemos perceber, não é a idade que limita as ações das
pessoas, mas é a falta de propósitos que paralisa a mente. Além das honrarias
que recebeu ao longo de toda a sua vida, este ano, em dezembro, ao formar-
se a 84º turma de medicina da FCM-PE, ele será homenageado pela turma
como o professor destaque dessa faculdade. Isso representa o significado
científico e educacional de Luiz Gonzaga e, mais uma vez, um exemplo para
toda a sociedade.



AGRADECIMENTOS
      Inicialmente, ao próprio Luiz Gonzaga, pela paciência e atenção a mim
oferecidas durante todos os momentos que dele precisei para realizar este
trabalho. À Dra. Paula Loureiro, pelo total apoio a esse trabalho, assim como a
ajuda nos momentos finais. Aos médicos(as) Aderson Araújo, Alita Azevedo,
Claudia Monte, Divaldo Sampaio, Raul Melo e Rosa Arcuri, à farmacêutica
Maria do Carmo e à Pedagoga Lenivalda Moura, pela disponibilidade de
horário para a realização de entrevistas.



                                            Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 16
BIBLIOGRAFIA
     Santos LG. Hemope e Pró-Sangue duas decisões um caminho. Recife-PE.
EDUPE. 2002.
     Junqueira PC et al. História da Hemoterapia no Brasil. Rev. bras. hematol.
hemoter. 2005;27(3):201-207.
     Gaspari E. A ditadura derrotada. São Paulo. Companhia das letras. 2003.



ENTREVISTAS
      Luiz Gonzaga dos Santos, médico;
      Aderson Araújo, médico;
      Alita Azevedo, médica;
      Claudia Monte, médica;
      Divaldo de Almeida Sampaio, médico;
      Lenivalda Moura, pedagoga;
      Maria do Carmo Valgueiro, farmacêutica;
      Paula Loureiro, médica;
      Raul Antônio de Moraes Melo, médico;
      Rosa Arcuri, médica.



AUTOR
Luiz Antonio Vasconcelos dos Santos
Rua Presidente Nilo Peçanha, 531, Bloco B, Apto 402, Boa Viagem, Recife-PE
Telefones: (81) 3497-2973 / (81) 8804-9281
E-mail: luiiz_antonio@hotmail.com




                                          Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 17

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Uma vida dedicada à Hemoterapia

  • 1. Luiz Gonzaga dos Santos uma vida para o sangue Luiz Antonio dos Santos
  • 2. MEMORIAL DE MEDICINA DE PERNAMBUCO ACADEMIA PERNAMBUCANA DE MEDICINA PRÊMIO PROF. SALOMÃO KELNER Luiz Antonio Vasconcelos dos Santos Acadêmico de Medicina – 8º Período Faculdade Ciências Médicas – FCM Universidade de Pernambuco – UPE Luiz Gonzaga dos Santos uma vida para o sangue Trabalho sobre a vida de Luiz Gonzaga dos Santos, sendo apresentado ao Prêmio professor Salomão Kelner, Academia Pernambucana de Medicina. Recife Outubro, 2010
  • 3. INTRODUÇÃO Cada momento histórico representa um pedaço da evolução humana. Essa, que acontece interligada a vários campos do conhecimento, sempre está associada a ações de pessoas que pensaram à frente, que ansiaram por uma vida melhor e mais digna para os seres humanos. Pessoas assim devem ser valorizadas e lembradas como um ponto de referência, um exemplo a ser seguido pelas futuras gerações. Luiz Gonzaga dos Santos, médico e cidadão recifense que transformou toda a Hemoterapia brasileira, significa mais que um simples lembrar ou valorizar, representa uma oportunidade de aprender. Contamos sua belíssima história e, assim, adquirimos para a nossa vida princípios que todo médico deve ter. Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 03
  • 4. O COMEÇO Nascido em 15 de fevereiro de 1930, Luiz Gonzaga foi o único filho de Francisco José dos Santos e Maria Costa dos Santos, humilde casal residente no bairro de Água Fria, periferia do Recife. Seu pai era motorista e sua mãe dona de casa, ambos se esforçando muito para oferecer educação e lições de vida ao filho. Exemplo desse esforço foi o fato de sua mãe, sacrificando-se financeiramente, matriculou-o numa boa escola para a realização do primário, fato esse caracterizado pelo próprio Luiz Gonzaga como “de grande visão de minha mãe”. Esse esforço era recíproco, pois Luiz Gonzaga teve de começar a trabalhar ainda muito jovem, aos 12 anos, ajudando e, quase sempre, recusando sua condição de adolescente em virtude da rotina do trabalho diário. Após residir, dos 4 até os 12 anos de idade na rua da Soledade, centro do Recife, mudou-se para o bairro do Arruda, pois seu pai havia adquirido uma casa própria. Esse lugar, rico em árvores e tranquilidade, testemunhou o início do crescimento pessoal e profissional de Luiz Gonzaga, sendo a residência dele até 1960, ano em que se formaria em Medicina. Entre os 12 e os 25 anos de idade, sua vida foi intensa e árdua, não representando isso desvalorização pessoal ou algo negativo, mas uma incorporação de qualidades básicas e depois importantíssimas à sua vida. Em 1942, então com 12 anos, após o término do primário, Luiz Gonzaga precisava ajudar seus pais financeiramente e, assim, eles o matricularam em um curso técnico para comerciários, no qual teria noções básicas de contabilidade e, concluído esse curso, formar-se-ia como contabilista. Segundo o próprio Luiz Gonzaga, “meus pais tiveram uma visão muito grande com esse curso, pois pude abrir minha mente e deslanchar na vida funcional”. Tais palavras referem-se aos conhecimentos administrativos e empresariais adquiridos com o curso, os quais, no futuro, seriam fundamentais para a sua vida e, consequentemente, para a fundação do HEMOPE. Aos 16 anos, obteve o seu primeiro emprego na empresa Alves de Brito & CIA, do ramo têxtil, na qual ocupou uma função contábil. Nesse emprego, fez vários amigos, dentre os quais, Alfredo Bandeira, que, observando a necessidade do jovem de continuar os estudos, induziu-o a trocar de emprego, pois assim teria mais tempo para estudar, visto que a referida empresa têxtil exigia de todos os seus funcionários dois expedientes de jornada de trabalho. Esse novo trabalho surgiu em 1948, quando, por intermédio do mesmo Alfredo Bandeira, Luiz Gonzaga conseguiu uma vaga no Banco do Povo, onde o horário de trabalho era apenas à tarde e, nesse momento, ele pôde continuar seu Ginasial no Colégio Salesiano, à noite. A partir da década de 1940, entre os 18 e os 25 anos, surgiu um novo período de enriquecimento pessoal e profissional, caracterizado pelo preparo para o ingresso na Universidade. O emprego no Banco do Povo era bastante satisfatório, pois nele ocupava um cargo com o qual já possuía intimidade – escriturário - e obteve tempo, embora curto, para os estudos. Finalizava suas atividades bancárias no fim da tarde e, após um breve momento destinado à alimentação, caminhava da rua do Livramento até a rua Dom Bosco, chegando assim ao Colégio Salesiano, onde ainda concluía o Ginásio. Sua vida resumia-se a essas duas atividades – trabalho e estudo. O sábado e o Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 04
  • 5. domingo, ao invés de serem usados para atividades de lazer e descanso, significavam mais uma oportunidade para o contato com os livros. Esse aspecto de sua juventude é coerente com sua personalidade, pois sempre foi uma pessoa trabalhadora, séria e focada em seus objetivos. S u a relação com a Medicina iniciou-se de forma ocasional e indireta. Seu pai era motorista do então professor da Faculdade de Medicina Mário Ramos, e tinha, com isso, certa aproximação com o campo médico, pelo qual, posteriormente, se tornou de admiração. Dr. Mário Ramos, infectologista e chefe do Laboratório de Bacteriologia da Secretaria de Saúde, era um homem de referência tanto para Luiz Gonzaga como para seu pai, e influenciaria o caminho do jovem rapaz, tendo sido ele, inclusive, quem conseguiu para Luiz Gonzaga o seu primeiro emprego na companhia têxtil já citada. Dessa forma, Luiz Gonzaga, ao inspirar-se na figura médica de Mário Ramos e ouvir as orientações do seu pai, optou pela escolha da Medicina como futura profissão. A FACULDADE DE MEDICINA Aos 24 anos, com o Ginásio concluído e ainda trabalhando no Banco do Povo, Luiz Gonzaga tentou pela primeira vez o vestibular para o curso de Medicina, não sendo aprovado por apenas 11 décimos, não tendo realizado nenhum curso preparatório. No ano seguinte, 1955, após preparar-se durante um ano, conseguiu a excelente aprovação em 6º lugar no Curso Médico da então Universidade do Recife. Nesse momento, deixou de trabalhar no Banco do Povo, devido ao tempo integral de estudos que deveria ter dali por diante. Ao ingressar na Universidade, que naquela época funcionava no atual prédio do Memorial de Medicina, às margens do Capibaribe, Luiz Gonzaga, aos 25 anos, era um dos mais velhos da turma. Já no 2º ano do curso, ao ter aulas da organizada disciplina de Histologia, ministrada pelo professor Hélio Mendonça, apaixonou-se pelo sangue. Um fato marcante foi a vinda, naquele período, de um professor de São Paulo para ministrar aulas de histologia durante uma semana, quando pôde observar e estudar as belíssimas lâminas de medula óssea trazidas pelo referido professor. Durante aquela semana, após pedir permissão ao regente da disciplina Hélio Mendonça e ao professor convidado, ia até a faculdade todos os dias à noite para estudar as lâminas, lá permanecendo até mais tarde. “Era tudo belo, tudo muito bonito”. Essas palavras significaram uma descoberta, representaram um avanço em sua vida que, por sinal, jamais seria a mesma, pois a partir dali estaria pessoal e profissionalmente ligada à Hematologia e à Hemoterapia. Durante o período da faculdade, ainda necessitando trabalhar para sustentar-se, foi admitido como funcionário do laboratório de Bacteriologia da Secretaria de Saúde, no Setor de Sorologia para Sífilis, por intermédio de Mário Ramos que, como foi dito, era o chefe desse laboratório. Os anos entre 1956 e Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 05
  • 6. 1960 foram de conciliação entre a faculdade e esse trabalho, o que representou mais um momento de esforço. Um fato interessante nessa rotina foi que, por o laboratório situar-se perto da faculdade, o acesso a ele durava apenas alguns minutos de caminhada, o que facilitava a vida de Luiz Gonzaga, que muitas vezes ia trabalhar entre uma aula e outra, otimizando seu tempo. No término do Curso Médico, graduando-se em cerimônia realizada na tarde de 8 de dezembro de 1960, não esqueceu quem o ajudou e foi importante durante sua caminhada: Mário Ramos. Esse, como seu padrinho, fez a honra de colocar em seu dedo o anel de formatura. “PARECIA QUE ESTAVA TUDO ESCRITO” Aos 31 anos, recém-formado e detentor de conhecimentos em Hematologia, adquiridos em vários estágios durante o seu curso, foi convidado para ocupar a função de chefe do laboratório do Hospital do Câncer de Pernambuco, o que aceitou prontamente. Lá não permaneceu muito tempo, logo indo estagiar no Hospital do Câncer do Rio de Janeiro, em busca de novos conhecimentos. Após o término deste último estágio, iniciou outro, em São Paulo, no serviço de hematologia do professor Michel Jamra, centro de maior excelência em Hematologia do Brasil naquela época. Esse momento, considerado “chave” pelo próprio Luiz Gonzaga para sua carreira, fez-se tão importante pelo fato do que acontecia no contexto da época, quando um crescente interesse pela Hematologia e pela Hemoterapia era evidenciado no país. O início da Hematologia Brasileira aconteceu, diferentemente de outros países, associada à Hemoterapia, abrigando esta última dentro de si. Assim, a história da Hemoterapia representa boa parte da evolução da ciência hematológica no país. Em 1940, quando a hemoterapia foi inicialmente praticada, com estrutura física (bancos de sangue), na cidade de Porto Alegre e, sequencialmente, no Rio de Janeiro (1941), Recife (1942) e Distrito Federal (1944), a coleta de sangue era muito ligada ao lucro comercial, pois, apesar de as doações serem voluntárias, em muitos lugares elas eram remuneradas, o que estimulava as pessoas pobres a doarem seu sangue apenas com o intuito financeiro. Esse estímulo não funcionava do ponto de vista científico e/ou terapêutico, pois as doações eram feitas sem uma devida triagem, na qual se objetiva propor ao sangue doado mais chances de qualidade e, consequentemente, mais eficiência no seu uso médico. Assim, diante de um sangue sem qualidade, os procedimentos médicos que utilizavam tal tecido ficavam prejudicados, como também os profissionais de saúde viam seus tratamentos sem eficiência. Foi nesse momento que os cirurgiões, diretamente afetados pela falta de um sangue confiável, começaram a manifestar-se buscando uma solução. Mais especificamente em 1961, um cirurgião torácico Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 06
  • 7. pernambucano, Luiz Tavares, professor universitário e um dos fundadores da Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco (FCM-PE), interessou-se mais concretamente pela busca de uma solução. Ele, um homem que tinha aproximação com pessoas públicas, convenceu alguns políticos da necessidade de organizar o sistema hemoterápico pernambucano: políticos como Cid Cavalcanti, governador de Pernambuco na época (seu cunhado) e o Prof. Antônio Figueira, reitor pro tempore da Universidade de Pernambuco e Presidente Estadual da UDN (União Democrática Nacional), grande amigo de Luiz Tavares. Esse, acompanhado de Antônio Figueira, foi apresentado ao então Presidente da República, Jânio Quadros, quando ficou acertada a construção de 2 centros de transfusão sanguínea, tendo como parâmetro o modelo francês, por intermédio de uma viagem de Luiz Tavares à França, que possuía um significativo desenvolvimento em hemoterapia, razão dessa escolha. Porém, no dia anterior à viagem, o Presidente Jânio Quadros renunciou, o que veio a cancelar os planos elaborados até o momento. Foi logo após, em 1962, que Luiz Tavares viajou por conta própria à França, pois já possuía conhecimento das atividades científicas nesse país, realizando o primeiro contato Brasil-França e convidando os professores Robert Waitz e Jacques Ruffié para visitar a Faculdade de Medicina do Recife, a fim de ali para ministrar em palestras. Durante tais palestras no auditório do Hospital Universitário D. Pedro II, Luiz Gonzaga conheceu os referidos professores e começou a fazer parte da história da Hemoterapia brasileira. Após ter conhecido os professores franceses trazidos por Luiz Tavares e participado de todas as atividades realizadas por eles na ocasião, Luiz Gonzaga foi estagiar no serviço de Hematologia do professor Michel Jamra, na Universidade de São Paulo. De início, era apenas de 1 mês a duração do estágio, mas sua permanência estendeu-se por 8 meses. Esse período foi de grande realização para Luiz Gonzaga, pois, além de ter aproveitado o excelente serviço a ele oferecido, participou de um acontecimento, no mínimo, inédito: estando, num certo dia, em uma atividade com Michel Jamra e mais 3 estagiários, surpreendeu-se com a chegada de Luiz Tavares, que tinha vindo em busca de 4 estudantes para serem bolsistas de uma cooperação, ainda incipiente, franco-brasileira. Essas bolsas serviriam para a formação de profissionais capazes de desenvolver, técnica e administrativamente, um centro de transfusão que seria construído em Pernambuco. Quando Luiz Tavares perguntou a Michel Jamra se esse teria estagiários para ocupar tais bolsas – pois ele não tinha conseguido recrutar estudantes em Recife -, ele repassou a pergunta aos seus alunos presentes, e Luiz Gonzaga foi o único a levantar a mão. Assim, o Dr. Luiz Gonzaga, com então 32 anos, tornava-se o primeiro bolsista a ir à França mediante a referida cooperação franco- brasileira (sua bolsa teve a duração de 12 meses, dividida entre Paris e Strasbourg). Como já dito antes, o próprio Luiz Gonzaga considerou esse período em São Paulo como essencial para sua carreira, “parecia que estava tudo escrito”, Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 07
  • 8. pois conseguiu integrar conhecimentos técnico-científicos à oportunidade de aprender mais sobre a Hemoterapia em um país de referência. Sua ida à França aconteceu em 12 de janeiro de 1963, logo depois de ter realizado um curso intensivo da língua francesa, necessária para comunicar-se nesse país. LUIZ GONZAGA E O HOSPITAL OSWALDO CRUZ Os conhecimentos adquiridos durante esse estágio resultaram na oportunidade de criar, em 1964, um serviço de Hematologia em Pernambuco, especificamente no Hospital Oswaldo Cruz (HOC). Esse hospital, a partir de 1958, entrara em decadência administrativa e financeira, chegando à situação de quase desativar-se. Foi nesse contexto que Luiz Tavares, então diretor da FCM-PE, e os demais professores dessa faculdade, decidiram transferir as atividades da faculdade para o HOC, sendo necessário, assim, reestruturar os serviços oferecidos por esse hospital. Nesse momento, Luiz Gonzaga foi convocado por Luiz Tavares para organizar o laboratório de Hematologia do HOC, pois, como se especializara em Imunohematologia e Hemoterapia um ano antes na França, representava uma pessoa de confiança. Assim, recebendo o apoio do próprio Luiz Tavares e de Tácito Portella Barbalho (colega de turma durante a graduação e então diretor do HOC), pôde concluir e deixar funcionando, ainda em 1964, os laboratórios de hematologia e bioquímica. A determinação de Luiz Gonzaga para criar esses laboratórios registrou-se como um marco, exemplificando-se pelo fato de ele realizar pessoalmente o pagamento dos pedreiros a cada semana, pois essa era a única forma possível de liberar verba, uma vez que existiam dificuldades financeiras no HOC para a construção do prédio em que funcionaria o laboratório. A criação do laboratório do HOC serviu como ponto inicial para a fundação, em 1977, do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (HEMOPE), além de iniciar o reerguimento daquele hospital. A história de Luiz Gonzaga estaria ligada, intrinsecamente, à organização desses serviços e à sua evolução. Em 1965, dando continuidade à cooperação franco-brasileira, o professor George Larrouy, então diretor do Centro de Transfusão Sanguínea de Toulouse, visitou Pernambuco para observar como estava funcionando o serviço de Hematologia do HOC. Após a visita, elaborou-se um relatório no qual ficou acertada a doação, pelo governo francês, de equipamentos ao laboratório do HOC, que adquiriu grande desenvolvimento nos anos posteriores, o que se caracterizou como mais um estímulo à fundação do HEMOPE. Permanecendo como chefe do serviço de Hematologia do HOC, Luiz Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 08
  • 9. Gonzaga exercia a profissão médica e continuava a buscar conhecimentos. Em 1966, especializou-se em Hematologia pela Universidade de São Paulo e, 3 anos depois, em 1969, retornou à França, novamente com uma bolsa de estudos, para fazer um o mestrado na Universidade de Toulouse. Finalizado esse período de pós-graduação, Luiz Gonzaga obteve, em 1970, o certificado de Études Supérieures d'Hématologie Générale en Biologie Humaine. Após esse período, vários acontecimentos iriam impulsionar o desenvolvimento da hemoterapia brasileira e Luiz Gonzaga, à frente desse processo, seria uma pessoa fundamental. A partir de 1964, o Brasil mudou seu regime político, sendo governado por militares e estando subordinado a esses até a década de 1980. Como aquele momento estava incluído no pós-guerra (existia a guerra fria) e era instável politicamente, grandes eram as chances de conflitos internos e externos, o que forçou o governo militar a preocupar-se com a segurança nacional. Assim, dentre as várias medidas tomadas visando à referida segurança, o sangue foi tido como um elemento fundamental, pois caso houvesse um conflito armado e grande quantidade de feridos, as pessoas necessitariam de sangue como um agente terapêutico, da mesma forma que os antibióticos seriam usados para combater infecções. Por isso, o Governo Federal mobilizou-se para criar um Sistema Nacional de Hemoterapia. Aliado a essa necessidade política, a elaboração de um relatório sobre a situação hemoterápica do país - realizado em 1969 pelo professor Pièrre Cazal, então consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS) - retratava o péssimo estado da hemoterapia praticada no Brasil, o que estimulou ainda mais a busca por qualidade nesse serviço. Esse, na época, caracterizava-se como múltiplo, pequeno, sem uma coordenação administrativa e atrelado a interesses financeiros, quando muitas pessoas doavam sangue apenas com o intuito de serem remuneradas, não importando a qualidade do sangue. Poucos eram os serviços que possuíam organização e eficiência, a exemplo do já citado Michel Jamra, no Hospital das Clínicas da USP, e do Instituto Estadual de Hematologia Arthur Siqueira Cavalcanti, localizado na cidade do Rio de Janeiro. Apesar de serem centros desenvolvidos, não possuíam em sua organização administrativa objetivos de alcance nacional, não servindo, assim, ao Sistema Nacional de Hemoterapia idealizado pelo governo. LUIZ GONZAGA E HEMOPE: UM MARCO NA HEMOTERAPIA BRASILEIRA A criação de uma rede nacional de sangue deveria ser organizada e Pernambuco, por meio de Luiz Gonzaga, realizou tal façanha. A razão dessa liderança pernambucana deve-se, principalmente, à figura do professor Fernando Figueira e ao espírito inovador de Luiz Gonzaga e Luiz Tavares. O Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 09
  • 10. principal momento no qual Luiz Gonzaga se tornou o grande transformador da Hemoterapia brasileira aconteceu em 1972. Nesse ano, ele, com 42 anos, viu- se diante de uma escolha: 1) Trabalhar no Hospital das Forças Armadas em Brasília, onde tinha sido aprovado em 1º lugar em concurso público; 2) Tornar- se docente da Universidade de Brasília (UnB), pois havia sido convidado; 3) Organizar a criação e a fundação do HEMOPE. Apesar da tentadora proposta de trabalhar na conceituada UnB, ou de ser membro do corpo médico do Hospital das Forças Armadas, Luiz Gonzaga escolheu o HEMOPE, preferiu dar mais uma contribuição a Pernambuco, ao Brasil, à Hemoterapia. Os acontecimentos que o levaram a ser nomeado como organizador do HEMOPE foram, a exemplo do momento de sua escolha como 1º bolsista a estagiar na França, interessantes. Na época, o professor Fernando Figueira, Secretário Estadual de Saúde, estava com o intuito de criar o Centro de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco, e buscava uma pessoa capacitada para comandar tal processo. Assim, agendou uma reunião com cerca de 15 pessoas, na qual ficou acertado um segundo encontro em que gostaria de receber projetos e idéias acerca da construção do HEMOPE. Então, após algumas semanas, houve o novo encontro, porém, apenas Luiz Gonzaga estava presente, fato que fez o prof. Fernando Figueira nomeá-lo coordenador de todo a trabalho a partir daquele momento., Diante desse encargo que lhe foi atribuído, Luiz Gonzaga, apesar de já ter experiência técnica e científica em centros de referência na Europa (Paris, Strasbourg e Toulouse) e no serviço de Hematologia do HOC, necessitava aperfeiçoar-se em gestão, pois um projeto maior estava sendo criado. Foi então que, em 1975, se tornou especialista em Administração Hospitalar pela Universidade Federal de Pernambuco e, aliando os conhecimentos prévios adquiridos, em 1942, durante o curso de contabilidade, estava potencialmente apto a levar à frente a construção do HEMOPE. Tal habilidade se fez manifesta ao saber contatar, de maneira eficiente, políticos, engenheiros, arquitetos e economistas, visando à elaboração do projeto como um todo. Pessoas como Lúcia Athaíde, Niepse Silveira, Sérgio Rego Barros, Armando Cairutas, Gabriel Bacelar e Genildo Carvalho – profissionais de várias áreas - foram essenciais ao processo. Feito isso, o HEMOPE seria o primeiro hemocentro do Brasil, inaugurado em 25 de novembro de 1977, sob o amparo do Governo do Estado de Pernambuco, e instituído sob a natureza jurídica de Fundação de Direito Privado, tendo autonomia jurídica, financeira, administrativa e patrimonial. Na sessão solene de inauguração, além da presença do então governador de Pernambuco Moura Cavalcanti, do cônsul geral da França, Gaston Lepaudert, e de outras personalidades, estavam também presentes os professores Michel Jamra e Monteiro Marinho (fundador do Instituto Estadual de Hematologia Artur de Siqueira Cavalcanti, em 1969, no Rio de Janeiro), docentes que representavam o que o Brasil tinha de melhor em Hematologia e Hemoterapia até então e que, ao estarem presentes naquele dia, significavam o quão importante se tornava o HEMOPE para o país. Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 10
  • 11. A fundação recém-criada estaria obedecendo a 5 princípios básicos: 1)Constituir-se numa entidade governamental, tendo em vista que a Hemoterapia, ao abranger doenças potencialmente transmissíveis através do sangue (Hepatite, Sífilis, Chagas, AIDS, HTLV, Malária), inseria-se em um contexto de saúde pública, sendo, assim, de interesse governamental; 2)Possuir uma estrutura jurídico-administrativa capaz de assegurar uma continuidade operacional; 3)Funcionar visando ao benefício social e não ao retorno lucrativo comercial; 4)Proporcionar uma integração Hematologia/Hemoterapia; 5)Operar com o doador de sangue não remunerado. Além desses princípios, os objetivos de articular-se com a FCM-UPE, desenvolver pesquisa científica e produzir industrialmente hemoderivados faziam parte do planejamento dessa instituição. Durante o período de fundação do HEMOPE, Luiz Gonzaga não esteve somente empenhado na construção desse centro, mas continuou seu aperfeiçoamento técnico-científico, tornando-se Imunohematologista pelo centro localizado em Nice, cidade francesa, onde também representou o Brasil no Curso de Formação em Imunologia. Como todo estabelecimento recém-inaugurado, que representa um serviço bem sucedido em potencial e com capacidade de perpetuar-se, o HEMOPE provou sua utilidade social nos seus primeiros anos de funcionamento (mais especificamente no primeiro ano, 1978). Assim, ações como a prática de doação sanguínea voluntária e não remunerada (estimulada pela conscientização da população); a produção de plasma liofilizado¹ pela primeira vez no Brasil; a implantação do primeiro curso de mestrado em Hematologia do Norte e do Nordeste do Brasil; a criação da Residência Médica em Hematologia e Hemoterapia que, institucionalizada na FCM-UPE, tinha seu campo de treinamento no HEMOPE; e a implantação do projeto de crioconservação e laboratório de HLA, os quais, por falta de estímulo financeiro do Governo do Estado, se efetivaram mas não se consolidaram como prática permanente. Para realizar tais ações, era necessário um pessoal preparado e disposto a criar e manter tais objetivos. Luiz Gonzaga, como coordenador inicial e diretor do HEMOPE, possuía diversas qualidades administrativas e operacionais acumuladas durante os seus quase 50 anos de idade, mas necessitava de profissionais que, além de serem importantes na realização das ações planejadas, entrariam, também, para a história do HEMOPE. Dessa forma, médicos como Tácito Portela Barbalho, Mário Florêncio, João de Lemos, Alita Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 11
  • 12. Azevedo, Gilson Saraiva, Divaldo Sampaio (atual diretor-presidente), Aderson Araújo, Claudia Monte, Rosa Arcuri e farmacêuticas como Cândida Cairutas e Maria do Carmo Valgueiro representavam o “braço direito” de Luiz Gonzaga rumo à construção de um centro de excelência. Além desses profissionais, uma pessoa muito próxima a Luiz Gonzaga, a Sra. Malda Séa Pinto, secretária dele por muitos anos, também exerceu uma função importante durante esse período. ¹A liofilização era um processo que permitia a uma determinada substância – no caso, o plasma – conservar-se por um tempo maior, o que facilitava o estoque e a operacionalização dessa substância. PRÓ-SANGUE: A CONSOLIDAÇÃO DO TRABALHO Transformando-se em um serviço de referência estadual e regional, o HEMOPE apresentava-se como um exemplo a ser seguido. Assim, o Governo Federal, além de ainda visar ao Projeto de Segurança Nacional, segue, no fim da década de 1970 e começo de 1980, um caminho definitivo em busca da melhora dos serviços de Hemoterapia oferecidos em todo o Brasil. Um fato importante, talvez, para essa posição do Governo Federal contra os serviços de Hemoterapia de baixa qualidade, foi a experiência vivenciada pelo ex- Presidente da República, o General Ernesto Geisel, que durante o ano de 1969 contraiu hepatite pós-transfusional logo após ter-se submetido a cirurgia para tratamento de pancreatite, o que serviu como mais um impulso para a criação de um sistema difundido, interligado e de qualidade no Brasil. Exposto o interesse nacional, foi criada uma comissão de articulação que funcionava na FIOCRUZ (coordenada pelo presidente dessa fundação, Dr. Enos Vital Brasil, e composta por várias pessoas, entre elas Luiz Gonzaga), cujo objetivo era analisar e diagnosticar a situação existente da Hemoterapia em todas as capitais do país. Após essa análise, a comissão visitou algumas cidades em todas as regiões brasileiras e elaborou um programa nacional de sangue e hemoderivados, o chamado PRÓ-SANGUE, indicando oficialmente Luiz Gonzaga como coordenador técnico desse programa, e o HEMOPE, como centro de referência para a formação dos recursos humanos necessários à implantação do sistema. Assim, iniciava-se mais um período engrandecedor para Luiz Gonzaga, no qual iria difundir a sua experiência e a do HEMOPE para todo o país. Durante o período em que permaneceu à frente do PRÓ-SANGUE (1980- 1986), Luiz Gonzaga, assumiu simultaneamente a função de diretor-presidente do HEMOPE e transformou toda a Hemoterapia brasileira, ao expandir o ideal de eficiência dessa instituição. Ao assumir o cargo de Diretor Técnico, tinha como metas principais a implantação de novos hemocentros por todo o país, o desenvolvimento da Cooperação Técnica Franco-Brasileira em nível Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 12
  • 13. nacional, o desenvolvimento do projeto de produção de albumina e a articulação do programa com instituições, empresas e setores, visando a uma maior eficiência do PRÓ-SANGUE. Com isso, Luiz Gonzaga seguia em direção ao estabelecimento de um verdadeiro Sistema Nacional de Hemoterapia, objetivo pelo qual trabalhou muito. Viajou mais de 700 horas de avião por todo o Brasil, analisando e estabelecendo a construção de uma série de Hemocentros interligados (Amazonas, Roraima, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal). Durante esse período, representava o Ministério da Saúde em eventos nacionais, e o Brasil em reuniões e congressos internacionais (Bolívia, Suécia e Estados Unidos), chegando a ser consultor da OMS para a implantação da técnica ELISA (já em uso no Brasil) no Haiti (1985). Ao término de 1986, o PRÓ-SANGUE, por meio de Luiz Gonzaga, tinha mudado a mentalidade brasileira acerca do sangue, que deixava de ter importância apenas para a Medicina e adquiria um valor médico, social e educacional. A doação não remunerada de sangue tinha se estendido por todo o Brasil, levando o país a um estado mais evoluído quanto a essa questão. 1987-2010 Após todos esses anos contribuindo para o desenvolvimento da Hemoterapia Pernambucana (HEMOPE) e Brasileira (PRÓ-SANGUE), em 1987, quando o Brasil entra em um novo momento político, caracterizado pela volta dos civis ao poder e mudança em vários, senão todos, os setores da sociedade, com a saúde não foi diferente, principalmente em Pernambuco, onde o então governador eleito, Miguel Arraes, transformou toda instituição de caráter público em, efetivamente, um órgão público. Assim, por incompatibilidade administrativa e operacional, Luiz Gonzaga abdicou da direção-presidência do HEMOPE, deixando o então vice-presidente, Tácito Portela Barbalho, na direção-presidência. Esse foi um momento difícil na vida do médico, na época com 57 anos, pois ele tinha dedicado mais da metade de sua vida à fundação do HEMOPE, assim como ao desenvolvimento da Hemoterapia no estado. Porém, seguindo os princípios de um homem comprometido com a ciência e as causas sociais, jamais se deixou abater, sempre exercendo alguma atividade útil à sociedade. Após sua saída do HEMOPE, aposentou-se por essa instituição (de acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT) e desvinculou-se da FCM-PE, pois havia sido convidado pelo então Presidente da FIOCRUZ, Sérgio Arouca, para organizar o serviço de Hemoterapia no estado do Rio de Janeiro. Em 1989, então, Luiz Gonzaga passou a residir no Rio de Janeiro, levando Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 13
  • 14. adiante a proposta de, unificando os sistemas civil e militar, tornar o sistema de Hemoterapia daquele estado coerente e qualificado. Infelizmente, o novo presidente da FIOCRUZ – que sucedeu a Sérgio Arouca – e autoridades governamentais superiores não apresentaram interesses financeiros e/ou administrativos, o que fez fracassar o projeto e antecipar o retorno do médico pernambucano, já em 1990, ao seu estado de origem. No volta a Pernambuco, Luiz Gonzaga reintegrou-se à FCM-PE, tornando-se novamente regente da disciplina de Hematologia da faculdade, onde permanece como docente até os dias atuais. Em 1996, estando o Laboratório Central do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC, antigo HOC) em decadência operacional e deterioração física, foi convidado e aceitou o convite para assumir a chefia do laboratório. Era como se estivesse voltando novamente a sua casa. Aquele lugar representava muito para ele, foi onde tudo começou, em meados da década de 1960. Ao assumir o cargo, realizou uma série de ações com vista a organizar os serviços prestados assim como modernizar o funcionamento e as estruturas físicas. Não conseguiu concluir todos os objetivos estabelecidos inicialmente, pois os entraves financeiros e operacionais – públicos - não o permitiram, mas foi capaz de trazer novamente ao laboratório a capacidade de servir, com dignidade, à população pernambucana. Em 2006, após 10 anos à frente do laboratório central do HUOC, deixou o cargo, mas não tardou muito a sua ausência, pois em 2010, com 80 anos completados, assumiu novamente o laboratório. É um exemplo a ser seguido. UM EXEMPLO A SER SEGUIDO Luiz Gonzaga dos Santos foi um homem à frente de seu tempo e, certamente, transformou a Medicina e a Hemoterapia brasileiras. Como dizia Benjamin Disraeli, escritor e político britânico, "o segredo do sucesso é a constância de propósito". Talvez essa tenha sido a grande virtude de Luiz Gonzaga, a busca constante de objetivos, sejam eles palpáveis ou não. O desenvolvimento de uma rede nacional de Hemocentros, destinada a expandir um sistema já criado e plenamente eficiente em Pernambuco, foi um exemplo da visão futurista, tão nata e peculiar na época, de Luiz Gonzaga. Milhões de pessoas puderam beneficiar-se desse grande empreendimento, centenas de profissionais puderam afirmar: a Hemoterapia Brasileira divide-se em dois períodos, o antes e o depois de Luiz Gonzaga. A sua história permanece viva e confunde-se com a do Laboratório Central do HUOC, do HEMOPE e da Hemoterapia brasileira. Foram três projetos que se sucederam, representando todos um avanço científico e social para as populações pernambucana e brasileira. O objetivo de servir ao cidadão sempre acompanhou as ações de Luiz Gonzaga, tornando-se para ele um Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 14
  • 15. ideal de vida. Durante a sua carreira médica, poucos foram os momentos em que exerceu a clínica privada, dando sempre prioridade ao serviço público e ao ideal supracitado. Na sua concepção, não bastava um serviço público qualquer, era necessária a qualidade do atendimento e dos serviços, de modo que o usuário público fosse beneficiado. Assim, disciplina e rigidez eram seus instrumentos para atingir a eficiência no serviço público. Luiz Gonzaga já praticava, antes mesmo de a saúde constituir-se em um direito de todos e dever do Estado, a Medicina baseada em princípios universais, igualitários e integrais, Exemplo disso foi a sua frase, famosa na época da fundação do HEMOPE: “devemos atender o José da Silva da mesma forma que atendemos o da Silva José”. Como foi visto, ele era um apaixonado pelos princípios do sistema público, mas não admirava a forma como ele funcionava, visto que não facilitava a operacionalidade nem o dinamismo das atividades. Por isso, muitas vezes entrava em discordância com os dirigentes aos quais estava subordinado. Durante a sua caminhada, Luiz Gonzaga teve muitos colaboradores, pessoas que o ajudaram e lhe forneceram orientações. Seus pais, exemplos de perseverança e determinação durante a infância, ofereceram-lhe educação e princípios que levaria para toda a vida. Além de seus pais, Alfredo Bandeira, ao induzi-lo a trocar de emprego para melhorar seus estudos foi um grande amigo e importante incentivador do seu sucesso. Luiz Gonzaga sentiu-se feliz e retribuiu o favor a Alfredo Bandeira quando a filha desse, Fátima Bandeira, atual vice-presidente do HEMOPE, foi sua residente em Hematologia. Outro grande colaborador foi Mário Ramos, que o estimulou a iniciar-se na Medicina e também o orientou na obtenção do primeiro emprego, inserindo o então rapaz Luiz Gonzaga na vida prática. Finalmente, Luiz Tavares, Fernando Figueira e o cônsul Francês Marcel Morin, também foram importantíssimos, pois incentivaram a criação do HEMOPE. Necessitando oferecer uma resposta à sociedade, Luiz Gonzaga conseguiu com muita eficiência ajudar e influenciar outras pessoas. Os pacientes do Hospital Oswaldo Cruz, na época da criação do laboratório desse hospital, foram muito beneficiados, assim como, posteriormente, as populações pernambucana e brasileira. Os profissionais, médicos ou não, puderam ter o privilégio de conviver com Luiz Gonzaga e, assim, receber de uma forma especial todos os seus ensinamentos. Na época da fundação do HEMOPE, os médicos e estudantes recebiam estímulos os mais diversos possíveis, como, por exemplo, ouviam o próprio Luiz Gonzaga dizer que “na minha ausência no HEMOPE, vocês são o presidente”. Essa dedicação e todo o amor pela instituição, agora repassados aos estudantes, criavam uma geração de médicos competentes e comprometidos com a causa pública, principalmente com o HEMOPE. É por isso que estudantes daquela época, como Aderson Araújo, Alita Azevedo, Claudia Monte, Divaldo Sampaio, Maria do Carmo, Raul Melo, Paula Loureiro e Rosa Arcuri estão ligados, de alguma forma, ao HEMOPE, construindo e contribuindo com o melhor para a Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 15
  • 16. instituição. A capacidade de educar e orientar profissionais e estudantes mantém-se até o momento atual, pela prática docente atuante na FCM-PE. Dedicação, respeito, disciplina, ética, retidão, pioneirismo, perseverança, justiça, eficiência e empreendedorismo eram as palavras que eu ouvia quando perguntava sobre a personalidade de Luiz Gonzaga. Diante disso e de toda a importância para a Hematologia e a Hemoterapia, é mais que justo homenageá-lo. Aliás, esse reconhecimento deve ser uma obrigação brasileira. Homenagens e prêmios foram diversos durante sua vida. Talvez tenha recebido o primeiro reconhecimento em 1964, quando, aos 34 anos, foi convidado por Luiz Tavares para iniciar o serviço de hematologia no HOC, o que significou um prêmio pela sua capacidade adquirida até então. Da mesma forma, as nomeações como coordenador dos trabalhos para a fundação do HEMOPE e como diretor técnico do PRÓ-SANGUE foram também exemplos. Condecorações também estiveram presentes, como a Ordem do Mérito dos Guararapes - grau de Cavaleiro (pelo Governador de Pernambuco), a Medalha do Mérito Santos Dumont (pelo Ministério da Aeronáutica), a Ordre National du Mérite – grau Officier de L'ordre National du Mérite (pelo Presidente da França François Mitterand) e a medalha do mérito São Lucas (pelo CREMEPE). Ainda foi Homenageado pela OMS como transformador da Hemoterapia brasileira. Luiz Gonzaga é o atual chefe do laboratório central do HUOC e continua ativo em suas atividades e em seus ideais. Aos 80 anos, não pensa em parar de trabalhar enquanto ainda for apto para contribuir para a Hematologia e a Hemoterapia pernambucanas. Sua mais nova contribuição – uma antiga proposta dele – será o serviço de Hematologia do HUOC, a ser inaugurado em 2011. Como podemos perceber, não é a idade que limita as ações das pessoas, mas é a falta de propósitos que paralisa a mente. Além das honrarias que recebeu ao longo de toda a sua vida, este ano, em dezembro, ao formar- se a 84º turma de medicina da FCM-PE, ele será homenageado pela turma como o professor destaque dessa faculdade. Isso representa o significado científico e educacional de Luiz Gonzaga e, mais uma vez, um exemplo para toda a sociedade. AGRADECIMENTOS Inicialmente, ao próprio Luiz Gonzaga, pela paciência e atenção a mim oferecidas durante todos os momentos que dele precisei para realizar este trabalho. À Dra. Paula Loureiro, pelo total apoio a esse trabalho, assim como a ajuda nos momentos finais. Aos médicos(as) Aderson Araújo, Alita Azevedo, Claudia Monte, Divaldo Sampaio, Raul Melo e Rosa Arcuri, à farmacêutica Maria do Carmo e à Pedagoga Lenivalda Moura, pela disponibilidade de horário para a realização de entrevistas. Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 16
  • 17. BIBLIOGRAFIA Santos LG. Hemope e Pró-Sangue duas decisões um caminho. Recife-PE. EDUPE. 2002. Junqueira PC et al. História da Hemoterapia no Brasil. Rev. bras. hematol. hemoter. 2005;27(3):201-207. Gaspari E. A ditadura derrotada. São Paulo. Companhia das letras. 2003. ENTREVISTAS Luiz Gonzaga dos Santos, médico; Aderson Araújo, médico; Alita Azevedo, médica; Claudia Monte, médica; Divaldo de Almeida Sampaio, médico; Lenivalda Moura, pedagoga; Maria do Carmo Valgueiro, farmacêutica; Paula Loureiro, médica; Raul Antônio de Moraes Melo, médico; Rosa Arcuri, médica. AUTOR Luiz Antonio Vasconcelos dos Santos Rua Presidente Nilo Peçanha, 531, Bloco B, Apto 402, Boa Viagem, Recife-PE Telefones: (81) 3497-2973 / (81) 8804-9281 E-mail: luiiz_antonio@hotmail.com Luiz Gonzaga dos Santos: uma vida para o sangue 17