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Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
SEMINÁRIO PRESBITERIANO CONSERVADOR
CLODOALDO DE SOUZA CALDAS
MANUAL DO EVANGELISTA - Resgatando o Fervor
Evangelístico num Contexto Urbano
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2006
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
CLODOALDO DE SOUZA CALDAS
MANUAL DO EVANGELISTA - RESGATANDO O FERVOR
EVANGELÍSTICO NUM CONTEXTO URBANO
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2006
Apostila preparada pelo professor, para
ser usada como parte do curso de
Evangelismo no Seminário Presbiteriano
Conservador
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................04
I - CUIDANDO DE SI MESMO - O Projeto Pessoal..................................................06
1.1 - O Cuidado de viver o que se prega..........................................................07
1.2 - O cuidado de não cair em tentação..........................................................08
II - CUIDANDO DA DOUTRINA - O Projeto Intelectual.............................................10
2.1 - Avaliando caminhos percorridos...............................................................11
2.1.1 - Pietismo - Principais Falhas..........................................................12
2.2 - E então, o que fazer?...............................................................................12
III - CORRENDO COM META - O Projeto Administrativo..........................................14
3.1 - Resgatando o fervor evangelístico através do planejamento...................14
3.1.1 - Por que Planejar?..........................................................................14
3.1.2 - A base do planejamento evangelístico..........................................15
3.2 - Como iniciar uma estratégia adequada....................................................16
3.2.1 - O Papel do Líder............................................................................17
3.2.2 - O Público alvo e suas características............................................17
3.2.2.1 - O Público Alvo....................................................................18
3.2.2.2 - Características...................................................................18
3.2.3 - Os meios de atuação....................................................................20
CONCLUSÃO............................................................................................................21
APÊNDICE (O Homem e a Missão).........................................................................22
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..............................................................................30
- 03 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
INTRODUÇÃO
A vida urbana torna-se, a cada dia, mais complexa e desafiadora em seus avanços.
Naturalmente, o cristão também é afetado nas mais diversas áreas de atuação. O desemprego,
bem como o excesso de trabalho, o cuidado da família num mundo de violência sempre
crescente, e tantos outros fatores que poderiam ser apontados, têm se refletido num ponto de
extrema importância na vida da igreja reformada, em que ela recua a cada dia: O FERVOR
EVANGELÍSTICO.
É possível ao homem dos grandes centros urbanos recuperar este fervor? A vida de
Paulo, e de muitos nomes que fizeram história nos grandes centros urbanos, era mais fácil do
que a vida no contexto urbano de hoje? Possíveis mudanças teriam que ocorrer nas cidades,
ou a raiz da questão está no cristão contemporâneo?
A motivação da pesquisa encontra suporte em duas bases. A primeira, é que muitos
tendem a apoiar-se no desânimo, principalmente quando não encontram respostas que venham
atender o anseio cristão no cumprimento de seus compromissos. A segunda, é que muitos
podem construir um sentimento de que, realmente, a cidade não é um lugar para o cristão, ou
que ela definitivamente não oferece condições para um cristianismo eficaz.
Este trabalho tem como proposta apresentar algumas ferramentas que poderão somar,
no intuito de resgatar o fervor evangelístico, àqueles que se encontram “mergulhados” dentro
do contexto muitas vezes opressor da vida urbana. Não intenciona trazer novas medidas;
antes, pretende apoiar-se: a) Na importância da consagração daquele que pretende evangelizar;
b) Na força ensinadora da história, considerando pontos positivos e negativos no contexto do
Pietismo do sec. XVII; c) No princípio da boa administração, considerando a necessidade de
planejamento.
A pesquisa, certamente, não abrangerá outros tópicos que poderiam ser abordados,
- 04 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
além dos que estão mencionados acima. É fato que os itens trabalhados representam um
ponto de partida, e que por sua vez, não serão colocados em seus mais abrangentes detalhes.
Por outro lado, a idéia consiste em apresentar respostas à questão lançada, através de uma
pesquisa modesta, porém fiel e aplicada.
Sem dúvida, a obra e seus resultados pertencem ao Senhor. Este trabalho não intenciona
propor algo diferente disto. Contudo, dentro do âmbito de trabalho humano, naquilo que compete
ao homem fazer, há determinados caminhos e estratégias, os quais, fundamentados na Palavra,
auxiliarão de forma eficaz o crente, no cumprimento de sua missão.
Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres;
porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo
como aos teus ouvintes.
(1 Tm. 4.16)
Assim corro também eu, não sem meta; assim luto,
não como desferindo golpes no ar.
(1 Co. 9.26)
- 05 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
I – CUIDANDO DE SI MESMO - O Projeto Pessoal
As epístolas de Paulo a Timóteo, e a Tito são denominadas “Pastorais”. Receberam
este título no início do séc. XVIII. Timóteo ficou em Éfeso, a pedido de Paulo, com a difícil
tarefa de combater as heresias (1 Tm. 1.3). Afinal, o crescimento e desenvolvimento da igreja
requer que os falsos ensinos sejam combatidos.
É interessante destacar a preocupação de Paulo com Timóteo; visto que este seria o
instrumento de Deus para o trabalho, ele deveria estar preparado, e deveria esforçar-se a fim
de cumprir os objetivos propostos, como se vê (grifos meus):
1 Tm. 4.12-16
12 Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no
procedimento, no amor, na fé, na pureza.
13 Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino.
14 Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido mediante profecia,
com a imposição das mãos do presbitério.
15 Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto.
16 Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim,
salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.
1 Tm. 5.22
22 A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te tornes cúmplice de pecados de
outrem. Conserva-te a ti mesmo puro.
1 Tm. 6.11-14
11 Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o
amor, a constância, a mansidão.
12 Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado
e de que fizeste a boa confissão perante muitas testemunhas.
13 Exorto-te, perante Deus, que preserva a vida de todas as coisas, e perante Cristo Jesus, que,
diante de Pôncio Pilatos, fez a boa confissão,
14 que guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação de nosso Senhor Jesus
Cristo;
1 Tm. 6.20
20 E tu, ó Timóteo, guarda o que te foi confiado, evitando os falatórios inúteis e profanos e as
contradições do saber, como falsamente lhe chamam,
21 pois alguns, professando-o, se desviaram da fé. A graça seja convosco.
2 Tm. 1.6
6 Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das
minhas mãos.
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
2 Tm. 2.1
1 Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.
2 Tm. 3.10
10 Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade,
amor, perseverança...
2 Tm. 3.14
14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o
aprendeste...
2 Tm. 4.5
5 Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista,
cumpre cabalmente o teu ministério.
Tito 2.1
1 Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina.
Tito 2.7
7 Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência,
8 linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignida-
de nenhuma que dizer a nosso respeito.
O preparo para a obra evangelística começa na própria pessoa. O evangelista deverá
considerar a santidade de Deus, do evangelho a ser pregado, e o chamado de Deus para a
santidade.
1.1 - O Cuidado de viver o que se prega
“Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas
da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas”.
(Mt. 7.28;29).
As palavras de Jesus no Sermão da Montanha não foram “leves” ou simplesmente
confortadoras. Ele falou sobre a porta larga, que conduz à perdição, onde muitos entram por
ela; falou abertamente que “nem todo o que me diz ‘Senhor’ entrará no reino”. Frases, ainda,
do tipo: “acautelai-vos dos falsos profetas, que surgem disfarçados de ovelhas, mas são lo-
bos...”. Apesar do peso da verdade, as pessoas ficaram maravilhadas, porque ele falava com
autoridade.
Aquele que pretende sair para evangelizar, deve ter como prioridade uma vida devocional
e piedosa inquestionável. Deve estar ciente de que sua vida precisa falar, tanto quanto suas
palavras. J. MacArthur, falando sobre o pecado, diz:
Considere o que os outros podem dizer sobre você. Embora as pessoas estejam cegas quanto às
suas próprias faltas, facilmente descobrem os erros dos outros - e consideram-se aptas o suficiente
para falar deles. Algumas vezes, as pessoas vivem de maneiras que absolutamente não são ade-
quadas, porém estão cegas para si mesmas. Não vêem seus próprios fracassos, embora os erros
dos outros lhes sejam perfeitamente claros e evidentes1.
_________________________________________________
1
J. F. MACARTHUR JR, Sociedade sem pecado, p. 234
- 07 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
O Livro “Costumes e Culturas” narra o seguinte ocorrido:
Duas missionárias tiveram certa dificuldade no início do seu trabalho numa tribo do México, porque
costumavam tomar limonada junto com o café da manhã. Ninguém aceitou a mensagem delas até
que elas descobriram que os membros daquela tribo criam que limonada é um anticoncepcional!
Eles pensavam que as missionárias eram mulheres de vida irregular por causa da limonada!2
_________________________________________________
2
Bárbara BURNS et al, Costumes e Culturas, p. 6
3
Wadislau. M. GOMES, Em Terras dos Brasis, p. 7
4
ibid, p. 8
5
Luís PALAU, O Evangelista e o Mundo Atual, p. 13.
6
Augustus N. LOPES, Batalha Espiritual, p. 22
“Cuidar de si mesmo” implica em viver o evangelho, a fim de que o evangelizador possa
então “cuidar de outros”, através de sua pregação. O Dr. Wadislau fala desta verdade, como
segue: “O indo da Grande Comissão corresponde ao sal da terra e luz do mundo das bem-
aventuranças. Sua associação proclama que o como vamos é tão importante como o como
somos”3
. Diz ainda:
É essa diferença que me refiro, isto é, a diferença entre ir e submeter as nações a uma experiência
religioso-sócio-cultural e a experiência de, indo, testemunhar a verdade de Deus enquanto e por
onde for. Num caso fica implícita a desincumbência da tarefa como o propósito maior, enquanto no
outro está inserido o conteúdo da verdade evangélica na voz e na vida oferecidas como libação
sobre o sacrifício de Cristo - um sacrifício vivo!4
O evangelizador não é aquele que, simplesmente, transmite conceitos,
descompromissados com o seu proceder. Deve ter o cuidado de viver o que prega.
1.2 - O cuidado de não cair em tentação
“E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a
glória para sempre. Amém]” (Mt. 6.13). Com estas palavras, Jesus conclui a oração modelo.
Numa outra oração, diz também: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do
mal” (Jo. 17.15). O evangelizador, no cuidado de si mesmo, deve estar atento a esta interces-
são constante de Cristo, quanto à fraqueza humana, e sua inclinação para a queda. Num
artigo intitulado: “O Evangelista em sua vida pessoal”, encontramos as seguintes orientações:
Tem sido dito muitas vezes que os evangelistas enfrentam três principais tentações que podem
levar as suas vidas a naufragar: orgulho, dinheiro e sexo. Posso dizer que há três mais uma: orgu-
lho, dinheiro, sexo e tentação de desistir (...) Quantos pregadores que conhecemos arruinaram as
suas vidas em nossa geração! Muitos! Muitos! E, você, está na iminência de fazê-lo? Está você
debaixo das pressões inexplicáveis que ameaçam destruir a sua vida, a sua esposa e o seu minis-
tério dado pelo Senhor Jesus Cristo? (...) O Dr. Howard Hendricks, que discipulou centenas de
jovens ministros disse: “Se você diz que algum pecado jamais poderá atingí-lo... está apenas a um
passo de uma casca de banana espiritual”. Portanto, sondemos seriamente os nossos corações
diante de Deus, agora mesmo5
.
Vale registrar, ainda, o comentário de A. Nicodemus acerca do combate cristão:
Em primeiro lugar, existe a tendência perigosa que já tem tomado conta de muitos, hoje, de ver o
diabo em todo lugar, de atribuir a ele e aos seus agentes mais do que é devido, de dar crédito a ele
por mais do que ele realmente é responsável. Há pessoas que vêm o diabo em tudo e muita
literatura moderna tem contribuído para formar esse tipo de mentalidade dentro da Igreja. Em
segundo lugar, há o perigo de reagirmos radicalmente a esse primeiro perigo e nos lançarmos no
erro oposto, e igualmente perigoso, que é desprezarmos e subestimarmos o mundo espiritual
tenebroso6
.
- 08 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
O evangelizador deve fortalecer-se com a armadura de Deus, para poder ficar firme, e
resistir no dia mal. Quando Davi parte para lutar contra o gigante Golias, não se reveste de
uma armadura apropriada, nem das armas compatíveis às usadas pelo adversário, contudo,
reveste-se de armas espirituais: “Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens contra mim com espa-
da, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do SENHOR dos Exércitos,
o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado” (1 Sm. 17.45).
Evangelizar é dar a oportunidade a que muitos sejam libertos do império das trevas, para
o Reino de Deus. Para tanto, importa que aqueles que se enganjarem nesta obra estejam
espiritualmente preparados; e isto exige muita disciplina por parte do evangelizador. Para con-
cluir este tópico, apontamos as palavras de Greenway:
Avida do reino é uma vida de verdade, justiça, misericórdia e amor. Ela é proclamada com palavras
e demonstrada pelas atitudes. O evangelho do reino envolve tudo. Convida para a transformação
do coração e de toda a vida. Direciona como vivermos individual, familiar e comunitariamente.
Ensina-nos a mostrar misericórdia ao pobre, defender o oprimido e buscar a reconciliação entre
oposições7
.
_________________________________________________
7
Roger GREENWAY, ide e fazei discípulos, p. 141.
Cuidar de si mesmo, é viver o evangelho a ser anunciado, e fugir do mal. A partir destes
pressupostos, o evangelizador está apto a iniciar sua tarefa.
- 09 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
Historicamente, a igreja sempre enfrentou momentos de altos e baixos, no que se refere
a seu fervor evangelístico. Em muitos casos, a iniciativa de mudar a situação, trazia tanto
resultados positivos, quanto negativos. Daí a necessidade de precaução ao adentrar este campo.
Já na segunda metade do séc. XVII, em pleno desenvolvimento do Luteranismo, o
protestantismo alemão não era o mesmo. Não manteve a força dos primeiros ideais, e o contexto
urbano conturbado apontava os sinais da crise. D. M. Lloyd Jones, ao comentar o assunto, cita
uma frase da qual não menciona o autor: “Toda instituição tende a produzir o seu oposto”1
. O
sentido da frase é indicar que a posição de grande parte das igrejas protestantes hoje, representa
o oposto de quando as mesmas foram organizadas. Consideremos o relato de Mark A. Noll:
II – CUIDANDO DA DOUTRINA - O Projeto Intelectual
No início daquele século, [XVII] as igrejas luteranas dos territórios alemães enfrentavam muitas
dificuldades. O seu trabalho era estritamente controlado pelos príncipes dos muitos estados
soberanos da Alemanha. Os seus ministros freqüentemente pareciam estar mais interessados em
querelas filosóficas e ostentação retórica do que no encorajamento de suas congregações (...)
Além disso, a devastadora Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que foi travada em torno de uma
confusa mistura de questões religiosas, políticas e econômicas, havia enfraquecido de modo geral
a vida da Europa central, inclusive as igrejas.2
Nota-se que não apenas no mundo atual, e não somente no Brasil, enfrenta-se lutas
religiosas nos grandes centros urbanos, envolvendo tanto questões internas quanto externas.
Em contra partida, despontava um movimento, vindo da Holanda, “um novo surto de vida
piedosa e teologia saudável, que intencionava encorajar os alemães a uma fé e prática cristãs
mais dinâmicas”3
– o Pietismo.
Sem dúvida, muitos escritos atuais têm apresentado claramente as vantagens e
desvantagens do Pietismo. Como movimento, alcançou em parte a finalidade proposta, contudo,
ocasionando também a proliferação de algumas seitas. Neste capítulo, consideraremos os
propósitos iniciais lançados pelos Pietistas, aplicando-os à realidade atual; por outro lado, faz-
_____________________________________________________
1
D. M. Lloyd JONES, Discernindo os Tempos, p. 318.
2
Mark A. NOLL, Momentos decisivos na história do cristianismo, p 239.
3
ibid, p. 240.
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
se necessário observar também os erros cometidos, a fim de que, no ímpeto de resgatar o
fervor evangelístico hoje, o cristão não venha a cair nos mesmos equívocos, já ocorridos no
passado.
2.1 Avaliando caminhos percorridos
Em 1675, com a publicação do livro “Pia Desideria” (Desejos Piedosos) do pastor Luterano
Philipp Jakob Spener, despontava o movimento que seria então conhecido como “Pietismo”4
.
O alvo a ser buscado era interessante, como se pode notar nas seguintes palavras:
O pietismo alemão denota um movimento surgido na Igreja Luterana, na 2ª metade do século 17, o
qual teve como uma de suas características mais evidentes, a reação contra um cristianismo que
sob muitos aspectos se tornara vazio, tendo uma prática dissociada da genuína doutrina bíblica. O
alvo do pietismo é um retorno à teologia viva dos apóstolos e da reforma, com forte ênfase na
pregação do evangelho, acompanhada de um testemunho cristão condizente5
.
_________________________________________________
4
Harvie M. CONN, Teologia Contemporânea em el mundo, p. 110.
5
Herminsten M. P. COSTA, Raízes da Teologia Contemporânea, p. 261.
6
Mark A. NOLL,, Momentos decisivos na história do cristianismo, p. 241.
7
Harvie M. CONN, Op cit, p. 112.
8
Mark A. NOLL, Op. Cit, p. 247.
A “Pia Desideria” de Spener, conforme aponta Mark A. Noll, “examinou as fontes do
declínio espiritual da Alemanha protestante e apresentou algumas propostas de reforma”6
.
O Pietismo fôra responsável por um avivamento naAlemanha. Aidéia era unir a erudição
bíblica à vida devocional e fervor evangelístico. A conversão deveria mudar, de fato, a vida da
pessoa, ao passo que a santificação deveria, necessariamente, dar continuidade a esta
mudança; a religião deveria apresentar um “calor” espiritual maior.
A história indica que os resultados aconteceram. Seguem dois pareceres:
A contribuição positiva do pietismo é enorme e o bem supera em muito o mal.Avivou uma saudável
preocupação pela piedade genuína, frente à ausência quase total da mesma. Melhorou a preparação
pastoral. Injetou vida espiritual no que poderia ser, sem ela, um substituto morto da ortodoxia.
Iniciou ainda o maior programa missionário e evangelístico do Cristianismo de todas as épocas7
.
Nessas circunstâncias gerais, os evangélicos e os pietistas ocuparam-se de duas tarefas. Eles
resgataram alguns elementos do passado protestante – especialmente a sola Scriptura, a ênfase
na graça, e o sacerdócio de todos os crentes. Com esses elementos eles buscavam um cristianismo
mais genuíno ou o que, naquela época, muitas pessoas em todo o norte da Europa e na América do
Norte chamavam de “verdadeira religião”8
.
Tais conclusões mostram que é possível alcançar o objetivo. Contudo, as falhas merecem
também uma atenção especial.
- 11 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
2.1.1 - Pietismo - Principais Falhas
As pesquisas acerca do Pietismo apontam a sua fragilidade. Primeiramente, um aspecto
de subjetivismo (e até de misticismo), devido à sua ênfase na “experiência”. Harvie apresenta
um paralelo com o liberalismo, lembrando que Schleiermacher teve sua formação em
universidade pietista9
.
Ao que tudo indica, o Pietismo não cuidou em equilibrar os aspectos emocional, intelectual
e espiritual. Ao mesmo tempo em que tinha uma inclinação evangelística, não via necessidade
numa atuação nas áreas política, social, educacional ou econômica.
Quanto às práticas eclesiásticas, de certa forma, foi responsável pela criação de “grupos”
dentro da igreja, e pela formação de agências missionárias interdenominacionais.Avisão acerca
da verdadeira espiritualidade foi limitada a algumas regras e abstinências.
Enfim, o Pietismo deu ênfase demasiada à prática, em detrimento da doutrina.
2.2- E então, o que fazer?
Tendo considerado aspectos positivos e negativos do Pietismo, faz-se necessário
responder à questão: Como a igreja contemporânea pode lançar-se à busca de um fervor
evangelístico, sem cair em erros que poderão trazer conseqüências não esperadas?
Fica claro que este resgate precisa apoiar-se na base correta: A teologia bíblica. A
iniciativa de se buscar um fervor evangelístico exige a iniciativa de se buscar nas Escrituras
Sagradas o respaldo correto, a fim de não laborar em erro e confusão, e, até mesmo, de não
produzir resultados negativos, conforme a exposição de Wadislau M. Gomes:
Precisamos acertar as bases da nossa vida e pregação. Precisamos dizer bem e ilustrar o que
dizemos com as fotos certas, ou produziremos mais confusão do que luz aos nossos observadores
(...) A influência religiosa no Brasil tem sido motivada pelo temor de homens, não pelo temor de
Deus. Este temor de homens, que nasce do senso falso da necessidade humana, cria ídolos
religiosos que jamais podem salvar. Tristemente, a igreja é responsável pela idolatria cultural do
nosso povo, por projetar uma imagem de si mesma diferente da glória de Deus10
.
_____________________________________________________
9
Harvie M. CONN, Teologia Contemporânea em el mundo, p. 112.
10
Wadislau M. GOMES, Em Terras dos Brasis: A evangelização sem evangeliquês, p. 22,23.
Este é exatamente o ponto. O Brasil apresenta uma forte influência religiosa... contudo,
tal influência não produz os frutos que deveria produzir. A Escritura, posta de lado, ou fora de
seu devido lugar, torna o trabalho vão, representa uma distorção da finalidade principal. René
Padilla reforça a idéia, com uma ampla visão, de que o Evangelho é a diretriz da missão da
igreja:
- 12 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
A falta de valorização das dimensões mais amplas do evangelho inevitavelmente conduz a uma
distorção da missão da igreja. O resultado é uma evangelização que concebe o indivíduo como
uma unidade autônoma – um Robinson Crusoé a quem o chamado de Deus chega na solidão de
sua ilha – cuja salvação se realiza exclusivamente em termos de sua relação com Deus. Perde-se
de vista que o indivíduo não existe isoladamente e que portanto não se pode falar de salvação sem
que se faça referência à relação do homem com o mundo do qual ele faz parte11
.
A “experiência”, e o fator “emoção” certamente têm seu lugar dentro da busca de
fervor. Contudo, sem a aplicação da ênfase bíblica, os resultados alcançados certamente não
serão os esperados.
_____________________________________
11
René C. PADILLA, Missão Integral, p. 15.
- 13 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
III – CORRENDO COM META - O Projeto Administrativo
3.1 – Resgatando o fervor evangelístico através do planejamento
Tendo apresentado o fundamento, a base correta para uma busca de fervor evangelístico,
faz-se necessário considerar a importância do planejamento como fator de motivação.
3.1.1- Por que planejar?
A falta de objetivo naquilo que se faz, certamente traz o desânimo, a perda da vitalidade
em qualquer obra que seja. Por outro lado, onde há planejamentos, estratégias, as pessoas
são motivadas por ter uma noção de onde podem chegar.
O contexto urbano carrega a necessidade de planejamento. O cidadão é envolvido num
mundo complexo, onde é necessário trabalhar bem “com o tempo”. Fatores como o
desemprego, complicações financeiras, falta de oportunidade para uma melhor graduação
escolar, cuidado com a família, e outros mais, ocupam grande parte da “preocupação” do
indivíduo. E, diante de tantos fatores onde se carrega verdadeiros “fardos”, importa cumprir
compromissos eclesiásticos. Planejar, é um princípio para a vida, em todos os seus segmentos,
e certamente trará motivação no trabalho evangelístico.
A prática de traçar planos e estratégias de trabalho acaba levando o planejador à
conclusão de sua própria tarefa. Há certos casos em que a igreja precisa planejar, a fim de
recordar a sua missão, ou, pelo menos, avaliá-la. A nota a seguir fala da igreja que tem como
única finalidade a sobrevivência:
Igrejas focalizadas na sobrevivência estão dominadas pelo alvo de mera auto-preservação. Isso é
comum onde as igrejas existiram como simples minoria à sombra de outro grupo religioso ou
filosófico dominante. A fé e a perseverança da igreja perseguida devem ser elogiadas, mas a
mentalidade de sobrevivência que a acompanha freqüentemente perdura mais tempo que a
ameaça1
.
_________________________________
1
Linus MORRIS, Uma Igreja de alto impacto, p. 70.
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
A igreja não pode existir apenas com um espírito de “sobrevivência”. Foi chamada para
servir, para ser luz, para pregar as boas novas do Reino. Não planejar estratégias de trabalho
evangelístico, poderá levar a igreja ao comodismo, girando em torno de si mesma, como diz
ainda Morris:
A igreja que se preocupa com a sobrevivência se identifica pela sua história e aceita dimensões
pequenas como sendo o normal. Mesmo que as condições históricas tenham mudado, é difícil para
a igreja que tem mentalidade de sobrevivência mudar seu foco voltado para si mesma e abraçar as
oportunidades missionárias à sua volta. O condicionamento anterior de uma igreja torna a mudança
algo difícil de acontecer. Tanto as igrejas que estão envelhecendo (presas à tradição) quanto igrejas
missionárias mais novas (sem visão) podem estar orientadas à sobrevivência.A falta de estratégia,
ou a incapacidade de contextualizar os programas da igreja para fazer uma ponte entre o evangelho
e as necessidades das pessoas, formam essa situação2
.
Falando acerca do trabalho missionário, E R. Dayton aponta que é preciso “entender os
povos aos quais são enviados, descobrir a estratégia de Deus, sua vontade e seu plano para
alcançar esses povos. Precisam saber que Deus os está separando para tratar dos negócios
do Pai”3
. De fato, o trabalho da igreja local não é diferente; conduzidos pela sua liderança, a
igreja precisa também procurar entender a sociedade, o círculo de pessoas a ser alcançado,
buscar a estratégia apropriada, sob a iluminação do Espírito, e agir.
3.1.2 – A base do planejamento evangelístico
Quando o assunto é planejamento, fala-se de algo que é próprio de Deus. As Escrituras
Sagradas trazem o registro de fatos históricos, poesias, profecias, sendo que todo o seu
conteúdo representa o desenvolvimento de um plano eterno, soberano, que Deus estabeleceu.
Jesus Cristo, falando da renúncia que é própria da vida daqueles que o querem seguir, menciona
a importância do planejamento: “Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se
assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?” (Lc.
14.28); “ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular
se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?” (Lc. 14.31).
O mundo foi planejado. A vida, num contexto urbano, exige planejamento. É necessário
a uma família planejar suas contas, a fim de não se expor às dificuldades; empresas necessitam
de planejamento, desde o setor mais importante, ao de menos expressão. As pessoas mais
experientes fazem projetos para adquirir bens, propriedades, para se casar, etc. Quando se
quer chegar num determinado lugar, em tempo hábil, planeja-se a hora de sair, o tipo de
condução e de percurso, analisando-se os diversos fatores.
Contudo, é lamentável que a igreja, por vezes, deixe de agir assim. É interessante
observar que, grande parte dos livros que falam de Evangelismo e missões, trabalham uma
_________________________________
2
Linus MORRIS, Uma Igreja de alto impacto, p. 71, grifo meu.
3
Edward R. DAYTON, O desafio da evangelização do mundo, p. 53.
- 15 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
As Igrejas são “forças-tarefas”. Têm um serviço a fazer. Mas com demasiada freqüência a tarefa é
empreendida de modo casual, sem raciocínio cuidadoso. Certa vez um missionário (provavelmente
de modo irônico) foi contra o planejamento com base no fato de que Abraão “partiu sem saber
aonde ia”. Foi indicado ao missionário que a analogia não é boa. Abraão não sabia aonde ia, mas
sabia o que faria ao chegar lá. Se esse missionário levava a sério a sua filosofia, sabia aonde ia,
mas não sabia o que faria ao chegar lá!4
E diz ainda:
Não é estranho que embora Deus tenha um plano para a história, que os lares bem-ordenados
fazem orçamentos, planejam atividades semanais, e planejam a educação dos filhos; as igrejas e
as missões freqüentemente não têm nenhum plano bem feito e submetido à oração, para a tarefa
mais importante de todas? Não é triste que, visto que Deus não pode contar com a obediência e a
sábia mordomia desta questão, Ele freqüentemente tem de usar cisões e meios imediatistas para
causar o início de novas congregações de crentes? Como seria melhor se tivéssemos um plano –
o plano dele!5
R. D. Reeves, chega a ser categórico, comparando o estudo do crescimento da igreja
com uma ciência exata:
Em um sentido bem Real, o estudo do crescimento da igreja é uma ciência tão exata quanto a
medicina. Os diagnosticadores do crescimento da igreja, como os médicos, realizam provas, tiram
conclusões e logo fazem uma prescrição, ou seja, dão um remédio6
.
Vale ressaltar que, em várias obras pesquisadas, encontra-se a ênfase de que a idéia
de planejamento não pretende “assumir o lugar do Espírito Santo”. O planejamento é uma
forma organizada de trabalho, e que, no âmbito humano, muito pode ajudar a igreja a manter-
se firme quanto à sua responsabilidade evangelística.
3.2- Como iniciar uma estratégia adequada
A partir das considerações já expostas, passamos então a apresentar o ponto de partida
para a elaboração de uma estratégia.
Naturalmente, não esboçaremos aqui, como regra, um tipo definido de projeto,
considerando que cada igreja tem seu contexto geográfico, social, cultural, e tantos outros
fatores, que não permitem apontar algo que seja padrão. E, até mesmo, tendo em vista a
proposta do trabalho: mostrar que o uso de planos organizados e bem elaborados constitui-se
em instrumento eficaz para resgatar o fervor evangelístico.
parte voltada a projetos e estratégias. D. J. Hesselgrave destaca a importância do trabalho
planejado e exemplifica:
_____________________________
4
David J. HESSELGRAVE, Plantar Igrejas: Um guia para missões nacionais e transculturais, p. 29.
5
ibid, p. 29,30
6
R. D. Reeves, et al, Avanzando: estrategias modernas para el crescimento de la iglesia, p. 50.
7
Charles Van ENGEN, Povo Missionário, povo de Deus, p 172,175
Quando o povo de Deus estabelece alvos com visão, pela fé, e se põe com afinco a tentar alcançar
esses alvos, ele transforma as declarações de fé a respeito da Igreja em declarações de objetivos
que apontam para a Igreja no processo de se tornar o que ela declara ser (...) Esse processo de
traduzir a natureza da Igreja em alvos, objetivos, planos e tarefas definidos torna a igreja pertinente
e poderosa7
.
C. Van Engen destaca a importância de trabalhar com alvos:
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Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
Contudo, algumas pesquisas têm levantado informações interessantes, que podem ser úteis
àqueles que pretendem iniciar o seu projeto.
3.2.1 – O Papel do líder
O planejamento deve partir da liderança. Vejamos algumas colocações que poderão
contribuir nesta argumentação:
J. R. Mott:
O segredo para a capacitação da igreja em exercer seu papel no mundo não-cristão está na sua
liderança.As pessoas não vão além de seus líderes no conhecimento e no zelo, não lhes ultrapassam
na consagração e no sacrifício. O pastor cristão (...) detém a posição divinamente orientada de
inspirar e guiar os pensamentos e atitudes da igreja. Devido à sua posição ele pode ser uma força
poderosa na evangelização do mundo7
.
Allen J. Thompson:
O primeiro passo para se desenvolver uma orientação de ministério é começar com o líder chamado
por Deus. O líder, por meio da oração, por meio de reconhecimento do seu chamado específico,
deve perceber como Deus quer usá-lo. Isso requer uma auto-avaliação de seus dons, sua
personalidade, sua capacidade para conhecer-se a si mesmo8
.
Roger Greenway:
De fato, são raros os casos onde uma congregação evangeliza os perdidos mesmo seu pastor
sendo indiferente para com missões. Estas permanecem vivas em tais congregações devido à
forte influência de um ou mais líderes leigos comprometidos. Porém, a visão missionária do pastor
é que, normalmente, vitaliza as missões na congregação9
.
Como pode ser constatado nas notas acima, o planejamento de trabalho evangelístico
começa com o líder, pelas seguintes razões: a) Porque as pessoas dificilmente “vão além” do
líder; b) Pela posição que ele ocupa; c) Pelo fato de que é chamado e capacitado para a obra;
d) Porque sua influência e fervor é que vitaliza os demais.
A igreja, normalmente, aponta as falhas... ao líder, cabe apontar soluções. Portanto, ele
é o ponto de partida na elaboração do projeto de trabalho que resgatará a vitalidade de sua
congregação.
3.2.2 – O Público alvo e suas características
O próximo passo a ser observado na elaboração de um projeto é definir que grupo
humano Deus quer que trabalhemos para o momento. Um projeto visa um grupo específico.
Estabelecer alvos preenche a lacuna da ociosidade, por falta de conhecimento do que fazer.
___________________________
7
John R. MOTT, The pastor and modern missions. Página da Internet.
8
Allen J. THOMPSON, Como elaborar uma filosofia de ministério. In: Plantando Igrejas no Brasil:, p. 14.
9
Roger GREENWAY, Ide e fazei discípulos, p. 146
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Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
3.2.2.1 - Definindo o público alvo
Como indivíduo, cada cristão tem sua responsabilidade de anunciar o evangelho. Como
igreja, o trabalho deve ser feito coletivamente, e definir um público alvo concentrará a atenção
(e as forças) da igreja, numa direção específica. Isto é exemplificado por Dayton: “Comecemos
com a realidade que Deus tem mensageiros especiais para alcançar um povo específico.
Paulo foi o mensageiro de Deus para os povos gentios. Pedro e outros apóstolos foram enviados
aos grupos judeus”10
.
Alguns autores, além de destacar a importância de projetos com grupos específicos,
preocuparam-se também em exemplificar o “como estabelecer a escolha deste grupo”, conforme
mostra a nota:
Como Deus me tem preparado para alcançar certas pessoas? Nunca esconda nada. Temos igrejas
que começaram ao lado de universidades com 30 ou 40 mil estudantes. Ao formar uma Igreja
próxima de uma universidade, quais seriam as pessoas a serem alcançadas? Os estudantes. Ora,
não estamos dizendo que as outras pessoas não são importantes, mas este é o grupo de pessoas
que ainda não são evangelizadas11
.
E, acrescenta:
Como se sabe a quem alcançar numa cidade grande? Como situar-se em uma ou outra área da
cidade? Fazendo estudos demográficos. Esta é outra forma de escolher um setor de todas as
pessoas, não importa quem sejam. São pessoas que se quer alcançar, com as quais se tem
comunhão, o que é mais fácil12
.
_____________________________
10
Edward R. DAYTON, O desafio da evangelização do mundo, P. 49.
11
Allen J. THOMPSON, Como elaborar uma filosofia de ministério. In: Plantando Igrejas no Brasil, p. 15.
12
Ibid, p. 15.
Cada cristão conhece bem a sua responsabilidade de ser um anunciador do Reino.
Contudo, este conhecimento nem sempre é suficiente para movê-lo ao trabalho. Alguns,
certamente, têm um sentimento de culpa por não estar cumprindo com sua missão; outros, até
gostariam de trabalhar, mas não sabem sequer por onde ou como começar. Nestes casos,
definir um público alvo, certamente facilitará o caminho daquele que pretende evangelizar.
3.2.2.2 - Características
Definindo o púbico alvo, deve-se considerar quais são as suas características, a fim de
aplicar os melhores métodos. Afinal, como este grupo pode ser alcançado? A partir daqui,
nasce o desenvolvimento do projeto. Afinal, tão importante quanto definir um público alvo, é o
estudo das características principais deste grupo.
As pessoas são diferentes, e, ao mesmo tempo, são unidas em grupos, através de
pontos em comum. Cada grupo carrega suas características específicas, e conhecer tais
características pode ser um grande passo na tentativa de alcançá-lo com a mensagem de
Cristo.
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Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
Jesus, ao aproximar-se da mulher samaritana, desenvolve um diálogo partindo de um
pedido: “Dá-me de beber”. Ela apresenta as barreiras raciais que os distanciavam, e ele fala
do dom de Deus, que quebra tais barreiras. Ela demonstra sua incredulidade: “Senhor, tu não
tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu, porventura, maior
do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, e, bem assim, seus
filhos, e seu gado?” - e ele demonstra o poder do evangelho. Ela demonstra interesse nos
benefícios apresentados, enquanto que Cristo confronta o seu pecado. Ela fala de lugar de
adoração, e ele explica o sentido real desta prática. Ela fala da expectativa da vinda de um
Messias, e ele se apresenta como tal.
Naturalmente, não era novidade para Jesus o conflito entre judeus e samaritanos, assim
como não era novidade a questão relacionada a lugar de adoração. Conhecer estes elementos,
assim como a maneira como a samaritana conduzia sua vida moral, representaram fatores
determinantes na condução do assunto. Assim, concordamos com o seguinte trecho do livro
“Costumes e Culturas”:
A comunicação do Evangelho é muito difícil se não imitarmos Jesus, o qual, para se fazer
compreendido e mostrar amor, identificou-se com os homens, não só encarnando-se em forma
humana, mas também encarnando-se culturalmente. “Ele veio para os seus...” Os seus eram o
povo judeu. Por isso, ele falou a língua daquele povo, vestiu-se conforme os costumes da época,
comeu o que eles comiam, dormiu onde eles dormiam - enfim, Jesus foi um judeu como todos os
outros, humanamente falando. Devemos humildemente procurar compreender um povo com o
qual trabalhamos, falando a sua língua e evitando todo escândalo cultural que possa fechar as
portas para o Evangelho13
.
As características peculiares de cada grupo acentuam-se de forma maior quando se
trata de outros países. O mesmo autor do trecho acima comenta: “Na China, as pessoas
pensavam que os missionários louvavam as cadeiras, porque oravam ajoelhados de frente
para elas”14
. Contudo, um país extenso como o Brasil, e que recebera diferentes influências
desde a sua colonização, apresenta também distinções que variam desde o sotaque, práticas
alimentares, etc., até outros pontos que são dignos de estudos.
A questão é abrangente, e mostra que o trabalho da igreja carece, realmente, de um
investimento de tempo, dedicação, e amor. O estudo da vida de missionários do passado
(William Carey, Hudson Taylor, etc) mostra como muitos deles procuraram conhecer a cultura
do grupo a ser alcançado, respeitando-a, identificando-se, e rejeitando práticas não cristãs
(vide apêndice ao final deste trabalho).
Através de orações, comunhão com Deus e estudos práticos, deve-se chegar a um
grupo, que será alvo do projeto de evangelização da igreja. A partir desta escolha, e do
_________________________________________________
13
Bárbara BURNS et al, Costumes e Culturas, p. 5
14
ibid, p. 4
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conhecimento de suas características, desenvolve-se a estratégia.
3.2.3 – Os meios de atuação
É importante também definir num projeto, quem são as pessoas que deverão atuar
nesta ou naquela área específica, respeitando os dons e habilidades naturais de cada um.
Cada pessoa deverá ser útil, conforme o seu perfil, e conforme a sua disponibilidade.
Um trabalho evangelístico intenso, promovido pela igreja, carece de vários elementos
que serão de grande valor. Exemplos:
- É necessário que um grupo seja responsável pelas orações, que haverão de “sustentar”
o projeto;
- É necessário que um grupo seja respnsável pela evangelização propriamente dita.
Quem vai falar, em qual circunstância... etc. Algumas pessoas têm habilidade em falar em
público, para grupos maiores; outras, têm mais facilidade de falar do evangelho de forma
pessoal, numa visita ou em outros contextos.
- É necessário que um grupo seja responsável pela boa receptividade. Afinal, como as
pessoas evangelizadas serão recebidas ao chegar no templo?
Enfim, cada igreja, em seu contexto, e conforme o público alvo escolhido, saberá definir
os grupos necessários para o trabalho, podendo envolver ainda: Grupos responsáveis pela
música, beneficência, etc.
No desenrolar do projeto, novos fatores certamente surgirão, e daí a necessidade de
estratégias flexíveis, que possam ser alteradas, conforme a situação o exigir.
O importante é que a igreja deve estar envolvida em torno de uma meta, não como
“desferindo golpes no ar”. Naturalmente, algumas pessoas jamais se envolverão, e outras, só
apresentarão críticas - Ore por elas!
Efésios 4.15-16
Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa
cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.
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Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
Conclusão
A complexidade da vida urbana não justifica a perda do entusiasmo evangelístico. Em
cada período da história, as dificuldades sempre existiram, dentro de seu contexto, proporcional
ao progresso da época.
Porém, é fato que, o distanciamento dos padrões estabelecidos pela palavra de Deus, o
pragmatismo, bem como a fraqueza humana e a falta de objetivos bem definidos, e tudo isso,
somado ao contexto das lutas da vida nos grandes centros, têm representado forte instrumento
de desmotivação, o que gera a queda no fervor evangelístico, transportando-o a uma posição
de importância secundária.
Um Movimento de grande vulto, como o Pietismo, mostra que é possível criar estratégias
para reverter o quadro. Além disso, deixa também como lição que, dar ênfase na experiência,
em detrimento do ensino Bíblico, levará os objetivos iniciais a uma outra direção, podendo até
mesmo vir a “produzir o seu oposto”.
Desta forma, a tarefa de resgatar o fervor evangelístico no contexto urbano, deve começar
pela Bíblia, caminhando sempre por ela. Corações emocionados, bem intencionados e cheios
de novas idéias, poderão ser úteis e até mesmo causar algum impacto; contudo, o objetivo só
será alcançado de forma eficaz quando a Bíblia for o referencial constante, que ditará, passo a
passo, o caminho para um genuíno fervor evangelístico. Afinal, a lei do Senhor é perfeita e
restaura a alma (Sl. 19.7), é lâmpada para os pés e luz para o caminho (Sl. 119.105). E, como
dizia ainda o salmista: “A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra”
(Sl. 119.25).
Conclui-se também que, somada à motivação bíblica, uma boa estratégia de trabalho
há de impulsionar a muitos, outrora desmotivados, a cumprir o mandato da evangelização.
Neste caso, a recíproca também é verdadeira; afinal, a falta de um trabalho organizado, que
mostra por onde começar, e aonde se pode chegar, para o cidadão que vive o dia a dia da
cidade, não o motivará a buscar forças e dispensar tempo no cumprimento de seu dever.
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APÊNDICE – O Homem e a missão
Uma avaliação objetiva de alguns métodos já utilizados
JOHN ELIOT – “O apóstolo entre os índios”
Sua estratégia consistia na COMUNICAÇÃO:
Desenvolveu um interesse na língua e em costumes indígenas, e começou a
pregar aos índios em 1646, em inglês, mas dentro de um ano já pregava na
língua local;
Nos estudos bíblicos, respondia a perguntas, mas deixava algumas dúvidas, a
fim de promover um interesse ao ouvinte de voltar, para ser esclarecido;
Ao final de uma reunião para estudo bem sucedida, ofereceu presentes, maçãs e
comida para as crianças, e fumo para os adultos! (?);
Publicou um catecismo em 1654. Ensinou as crianças a recitarem o catecismo –
com isso, os pais aprendiam, ao ouvir as crianças!
Por volta de 1658 traduziu a Bíblia em Algonkian, a primeira bíblia a ser impressa
na América do Norte. Uma edição revisada foi publicada em 1685;
Eliot escreveu também vários livros;
Planejou cidades para os índios convertidos (uma delas, Natik – que ficou
conhecida como a “cidade de Oração”), nas áreas onde poderiam preservar sua
própria língua e a cultivar e viver por suas próprias leis. A idéia era manter os
índios convertidos separados daqueles que não manifestavam interesse pelo
evangelho;
Preparou índios para ser missionários dentre seus próprios povos.
Dava ênfase à maturidade, não se apressando em batizar, nem mesmo a fazer
templos.
Um dos problemas principais no trabalho de Eliot, foi a tentativa de implantar entre os
índios a cultura européia, como registra R. A. Tucker:
A civilização do homem branco tornou-se o padrão e os índios cristãos deveriam enquadrar-se
nela. Para Eliot, o cristianismo verdadeiro não mudava só o coração e a mente, mas também o
estilo de vida e a cultura. Ele não podia antever uma verdadeira comunidade cristã isolada da
cultura européia, e este fator pode ser considerado como a única deficiência grave de seu ministério.
Lamentavelmente, gerações de missionários que o sucederam, com poucas exceções, perpetuaram
a mesma ilusão1
.
_______________________
1
Ruth A. TUCKER, Até aos confins da terra. p. 91
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DAVID BRAINERD
Seu ponto forte estava na VIDA PESSOAL FERVOROSA:
Sua influência foi maior que o próprio trabalho realizado. Muitos
outros missionários se inspirariam em seu perfil;
Sua missão – pregar às tribos nômades e dispersas;
_______________________
2
Jonathan EDWARDS, A vida de David Brainerd. p. 49,50
3
http://www.primeiraipjp.com/Biografias/William_Carey.doc, p. 4
7 de abril. Minha impressão é que sou extremamente ignorante, fraco, impotente, indigno, incapaz
de realizar a minha tarefa. Era como se jamais pudesse prestar qualquer serviço, como se nunca
pudesse obter êxito entre os índios (...) Dia do Senhor, 17 de abril. Pela manhã, assim que acordei,
senti o coração agoniado, pois ouvia muita coisa acerca do mundo e das coisas dele. Percebi que
os homens, de alguma maneira, estavam receosos de mim; falei sobre santificar o domingo, pois
talvez aquilo devolvesse alguma sobriedade às suas mentes; mas quando estavam a pequena
distância de mim, tornaram a conversar livremente sobre assuntos mundanos. Oh, pensei, que
inferno seria conviver com tais homens por toda a eternidade2
!
WILLIAM CAREY – “O Pai das missões modernas”
Sua estratégia consistia na ORGANIZAÇÃO E METODOLOGIA:
A nota a seguir apresenta este caráter de Carey:
Carey trabalhou incansavelmente com traduções da Bíblia, algumas das quais
teve que refazer. Dedicou-se à pregação e ao ensino;
Dedicação – quando um incêndio destruiu seu dicionário poliglota, e várias versões
da bíblia, ele começou tudo novamente;
Escreveu a obra: “Uma Inquirição sobre a responsabilidade dos cristãos em usarem
meios para a conversão dos pagãos”;
Vida de muito sofrimento e privações à família;
Como missionário na Índia, formou uma igreja Batista, com 4 convertidos (ingleses)
e, em 7 anos, nem um indiano! Em 25 anos, havia cerca de 600 convertidos.
Estatísticas indicam que, ainda hoje, menos de 3% da população das Índias
professa a fé cristã;
Tudo isto era possível porque sempre economizava o tempo, segundo se deduz do que
escreveu seu biógrafo: “Desempenhava estas tarefas hérculas sem pôr em risco a saúde,
aplicando-se metódica e rigorasamente ao seu programa de trabalho, ano após ano. Divertia-
se, passando de uma tarefa para outra. Dizia que se perde mais tempo,
trabalhando inconstante e indolentemente do que nas interrupções de visitas. Observava,
portanto, a norma de entrar, sem vacilar, na obra marcada e de não deixar coisa alguma
desviar a sua atenção para qualquer outra coisa durante aquele período3
”.
Foi homem de grande esforço, e que gastou sua vida na causa missionária.
Contudo, seus métodos são ainda questionáveis;
Não aprendeu a língua indígena, e sempre dependia do auxílio de intérpretes;
Não se fixou num único ponto, mas mudou-se várias vezes, desmotivado com a
falta de conversões;
Ao final, alguns “avivamentos” entre os índios, um grupo de 150 convertidos, e
uma igreja estabelecida.
Alguns trechos do livro: “A vida de David Brainerd” indicam a maneira fervorosa com a
qual se entregou ao trabalho, e suas desilusões:
- 23 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
Carey foi o 1° missionário a batizar um hindu convertido à fé cristã. Foi também
professor de milhares de seminaristas indianos e contribuiu para a fundação de
escolas e seminários teológicos. Por dados estatísticos, acredita-se que tenha
traduzido a Bíblia para a terça parte do mundo;
Através de sua pregação, veio a idéia de organizar a primeira sociedade
missionária na história do evangelismo cristão a povos não alcançados. Pela
primeira vez, as igrejas se uniam para sustentar missionários;
Carey não tentou impor sua cultura. Lutou contra práticas hediondas (queima de
viúvas e infanticídio) mas sempre respeitando a cultura local.
ALEXANDER DUFF – “Missionário Presbiteriano”
Sua estratégia consistia em ALCANÇAR CLASSES MAIS ALTAS
Seu método: Ensinar artes e ciências ocidentais, em inglês, para a
elite culta da Índia. Tal método, posteriormente, seria usado em várias
partes do mundo;
HUDSON TAYLOR – “A China para Cristo”
Sua estratégia consistia em: PLANEJAMENTO SISTEMÁTICO
Seu plano: alcançar a China inteira – 400.000.000 de habitantes!
Seu método: Estudou medicina, e sua vida era de abnegação, a
fim de adaptar-se antecipadamente para o trabalho no campo;
Foi para a China, quando um cristão professo tornou-se imperador
lá;
Ao ajuntar-se com outros missionários ingleses, residentes em Xangai (cidade
budista), Hudson notou a grande deficiência da evangelização no interior do país.
Nesta época, a China estava passando por momentos tumultuosos, e Xangai
havia sido tomada por rebeldes. Por isso, todos os missionários estavam nas
cidades da costa, e envolvidos mais com o comércio e a política externa, do que
verdadeiramente com a evangelização da nação.
Hudson decidiu que haveria de trabalhar no interior da China, onde o evangelho
não tinha sido levado. Assim, ele começou o seu trabalho distribuindo literatura e
porções bíblicas para as vilas ao redor de Xangai.
Ao estar no meio do povo, ele notou como as pessoas o olhavam diferente por
causa de sua roupa ocidental. Sendo assim, ele decidiu adotar os costumes da
terra, vestindo-se como um chinês, deixando seu cabelo crescer e fazendo uma
trança, como os outros chineses. Este ato conquistou o respeito de muitos
chineses, porém, para os missionários ocidentais, uma falta de senso.
Duff começou uma escola em inglês para todos os hindus e muçulmanos.
Entretanto, esta escola não era simplesmente a mesma que a maioria das escolas
da India. Conceitos bíblicos adicionados a cada aula representaram o ponto de
partida para o evangelismo de Alexander Duff aos hindus e aos muçulmanos.
Começou com 5 alunos, e chegou a 300. Em 3 anos, 4 convertidos; o impacto
destas conversões levou muitos a deixar a escola!
Ao final, entre milhares de alunos, registra-se 33 conversões. Contudo, por serem
de classe alta, pessoas de grande influência, o evangelho se espalharia
posteriormente.
É fato que Deus usou Alexander Duff para transformar muitos povos da India.
Com sua escola e vida mostrou a muitos hindus e muçulmanos o caminho de
Cristo.
- 24 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
Em sua estratégia, oferecia tratamentos médicos, e por isso foi expulso da cidade
por indignação de outros profissionais da área;
Em 1859, Hudson Taylor assumiu a direção da Missão Hospitalar de Londres em
Ningpo. Não só Deus o prosperou, como muitos dos doentes aceitaram a Jesus
e se recuperaram de suas enfermidades. Ele começou a orar por mais missionários
para o país.
ASHBEL GREEN SIMONTON – “Fundador da IPB”
(para este tópico registramos na íntegra parte da pesquisa do Dr. Alderi S. Matos)
Até certo ponto, a obra de Simonton foi bastante limitada, especialmente em
razão da brevidade da sua estadia no Brasil. Descontados o período inicial em
que aprendeu o idioma e a sua longa viagem aos Estados Unidos, seu trabalho
efetivo entre os brasileiros estendeu-se por pouco mais de seis anos. Além disso, a morte
prematura da sua esposa foi um duro golpe do qual ele nunca recuperou-se plenamente. Por
outro lado, levando-se em conta essas limitações, foi notável tudo o que ele conseguiu realizar.
Vale relembrar as suas principais contribuições no sentido de lançar as bases do presbiterianismo
no Brasil:
1. A fundação da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro (1862), a primeira comunidade
reformada de língua portuguesa a ser estabelecida no Brasil (composta de brasileiros e
portugueses).
2. A criação da Imprensa Evangélica (1864), o primeiro periódico evangélico de língua
portuguesa a circular no Brasil.
3. A organização do Presbitério do Rio de Janeiro (1865). O presbitério é a instituição mais
característica do sistema presbiteriano de governo, visto ser o órgão que ordena os
ministros e supervisiona as igrejas locais.
4. O seu interesse pela educação, materializado na criação da escola paroquial anexa à
igreja do Rio de Janeiro.
5. Asua preocupação com o treinamento de uma liderança presbiteriana nacional, traduzida
na instalação do Seminário do Rio de Janeiro (1867), que formou os primeiros pastores
de língua portuguesa.
6. O seu espírito tolerante e aberto, expresso no relacionamento próximo que teve com
colegas de outras confissões evangélicas, como o congregacional Kalley e o luterano
Wagner, e mesmo com sacerdotes da religião majoritária, com os quais dialogou
freqüentemente.
7. Seu interesse pela boa literatura evangélica no idioma pátrio. Além de seus editoriais e
artigos na Imprensa Evangélica, escritos num português que faria inveja a muitos
brasileiros, Simonton traduziu o Breve Catecismo de Westminster e outras obras,
escreveu um comentário bíblico e deixou muitos sermões, alguns dos quais foram
reunidos por seu cunhado Blackford e publicados nos Estados Unidos em 1868.
8. Sua visão de uma igreja que não devia isolar-se, mas inserir-se fortemente na sociedade,
contribuindo decisivamente para o aperfeiçoamento ético, intelectual e espiritual dos
indivíduos, das famílias e das instituições.
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Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
DONALD MCGAVRAN – Pai do “Movimento de Crescimento de Igrejas”
(para este tópico, registramos, na íntegra, parte da pesquisa de Mac
Dominick)
Donald McGavran, formado pela Escola Teológica de Yale, foi um
missionário de terceira geração que tornou-se frustrado com as poucas conversões
e a falta de crescimento nas dezessete igrejas sob sua responsabilidade na Índia.
9. O desprendimento que demonstrou, deixando os confortos e a segurança da terra natal
para dedicar a sua vida e esforços em benefício do povo brasileiro, continua a ser uma
fonte de inspiração e motivação para os herdeiros do seu movimento.
Ele determinou que somente haveria crescimento nessas igrejas se o trabalho da missão
fosse conduzido de uma maneira nova e mais esclarecida. Portanto, ele se propôs a continuar
a construir o ministério e ao mesmo tempo “descartar as teorias do crescimento de igrejas que
não funcionavam, e aprender e praticar padrões produtivos que realmente discipulem as pessoas
e façam aumentar a casa de Deus.” Ele buscou um processo de pensamento que argumentava
que se existia uma metodologia para missões que produzia poucas ou nenhuma igreja, deveria
haver uma metodologia para produzir muitas igrejas. Ele então passou a pesquisar
diligentemente todas as avenidas disponíveis, não apenas na Índia, mas também em outros
campos missionários. O plano funcionou e ele começou a ver muitas conversões e novas
igrejas plantadas nas mesmas áreas que produziram resultados limitados por diversos anos.
Como resultado desses sucessos, em 1955 ele escreveu o livro monumental, The Bridges of
God, e posteriormente tornou-se deão emérito e professor de Missões, Crescimento de Igrejas,
e Estudos do Sudeste Asiático na Escola de Missões Mundiais do Seminário Teológico Fuller,
em Pasadena, na Califórnia. Os princípios de crescimento de igrejas conquistaram-lhe o título
de “Pai do Movimento de Crescimento de Igrejas” por aqueles que estudaram e implementaram
seus conceitos. Entretanto, um estudo dos métodos de McGavran deixa um indivíduo
fundamentado na Bíblia com tantas perguntas quanto respostas. Os conceitos básicos desses
métodos podem ser sumarizados pelos seguintes pontos:
A base da filosofia de McGavran é o pragmatismo. O pragmatismo cristão é a filosofia
que declara, “Se algo funciona, está funcionando como resultado direto das bênçãos de Deus”.
Entretanto, o pragmatismo não tem absolutamente lugar algum na análise do sucesso ou
fracasso de um ministério. O princípio orientador de qualquer trabalho cristão deve iniciar com
a pergunta: Este trabalho se alinha com os ensinos da Palavra de Deus em seus conceitos,
métodos, implementação e resultados? O perigo de qualquer abordagem pragmática ao
ministério é atrair princípios seculares ou até ocultistas que resultem no alcance dos objetivos
e propósitos pré-determinados. Se a pessoa for totalmente pragmática, os fins sempre justificarão
os meios se eles produzirem os resultados desejados - e esse conceito claramente não tem
base bíblica.
Em segundo lugar, uma abordagem pragmática ao ministério implica que se um ministério
está lutando para crescer, deve haver uma falha em operar de acordo com a vontade de Deus.
Essa implicação não considera o fato que Deus somente requer uma coisa de seus ministros:
a fidelidade. Deus requer fidelidade absoluta à Sua Palavra e, portanto, qualquer metodologia
que se desvie do plano prescrito de Deus, conforme revelado em Sua Palavra, não é de Sua
vontade - independente do sucesso que possa aparentar na superfície.
McGavran concluiu que multidões não estavam vindo a Deus por que os missionários
ocidentais estavam pregando um evangelho individualista. Neste ponto, Donald McGavran se
aventurou a patinar sobre uma camada muito fina de gelo. O fato da matéria é que toda a
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Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
doutrina do Novo Testamento ensina um evangelho individualista. O evangelho de Jesus Cristo
são as boas novas da morte, sepultamento e ressurreição de um homem - o Deus na forma de
homem - que habilitou a extensão do dom gratuito da salvação a todo indivíduo - uma pessoa
de cada vez. McGavran insistia que esse evangelho era uma afronta às leis sociais que governam
toda a humanidade, e então propôs um “processo de conversão multi-individual e mutualmente
interdependente por meio do qual famílias... clãs, vilas e tribos se tornariam cristãs ao mesmo
tempo.”
O conceito de “pensamento de grupo” envolvido por tal filosofia já foi tratado anteriormente
neste manuscrito. Os exemplos citados incluem o “aprendizado cooperativo” como um conceito
na Educação Pragmática e a facilitação dos relacionamentos com os sem-igreja. Esses métodos
foram discutidos para expor as ameaças dialéticas apresentadas pela infusão das estratégias
de “pensamento de grupo” na igreja. Além disso, os fatos ditam que as filosofias de pensamento
de grupo têm sua origem no ocultismo. Se alguém tem qualquer dúvida sobre isso, deve tomar
nota da seguinte citação da Boa Vontade Mundial, uma divisão da Lucis Trust (anteriormente
chamada de Lucifer Publishing Company):
“O terceiro objetivo é o crescimento da idéia de grupo com uma conseqüente ênfase
geral sobre o bem do grupo, a compreensão do grupo, a inter-relação no grupo, e a boa
vontade do grupo. O poder que o Novo Grupo dos Servos Mundiais eventualmente terá, será
obtido de duas fontes: primeira, daquele centro ou governo mundial subjetivo.... Essas são as
pessoas que estão construindo a nova ordem mundial. Todas estão definitivamente servindo à
humanidade, e estão por meio do poder de suas respostas à maré de oportunidade e note,
emergindo de toda classe, grupo, igreja, partido, raça e nação... elas envolvem todas as religiões,
todas as ciências e filosofias. Suas características são: síntese, inclusividade, intelectualidade
e excelente desenvolvimento mental...
... Por trás dessa divisão em quatro partes da humanidade estão aqueles Iluminados,
cujo direito e privilégio é zelar pela evolução humana e guiar os destinos da humanidade. No
ocidente chamamos-os de Cristo e Seus discípulos. Nas teologias do oriente eles são chamados
por muitos nomes. Também são conhecidos como os Agentes de Deus, ou a Hierarquia das
almas liberadas que buscam incessantemente oferecer assistência e ajuda à humanidade.
Eles fazem isso por meio da implantação de idéias nas mentes dos pensadores do mundo...”
Essa citação deve fazer gelar o sangue de qualquer filho de Deus. Essa é a própria
filosofia do inferno, e aderir a qualquer parte dessa filosofia deve levantar inúmeras bandeiras
vermelhas.Além disso, quando a metodologia de qualquer ministério baseia sua filosofia principal
nesses conceitos, o cristão baseado na Bíblia precisa se sentir compelido a levantar questões
sobre a origem de tais filosofias. (Para evitar qualquer mal-entendido, esta não é uma acusação
que o Dr. McGravan está intencionalmente envolvido ou que adere a quaisquer filosofias
ocultistas. Entretanto, à medida que seus métodos são desdobrados, as similaridades são tais
que geram perguntas concernentes à fonte das filosofias de todo o Movimento de Crescimento
de Igrejas.
McGravan desenvolveu suas filosofias infundindo as ciências do comportamento na
metodologia das missões. Esse foi um erro tão grave quanto a infusão da psicologia na igreja
no final dos anos 1970. McGravan sumarizou sua defesa desses métodos quando afirmou:
“Os maiores obstáculos à conversão são sociais, não teológicos. Podemos esperar uma
grande conversão de muçulmanos e hindus assim que os caminhos forem encontrados para
eles se tornarem cristãos sem renunciarem aos seus amados, o que parece ser uma traição.”
- 27 -
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
A afirmação que os obstáculos à conversão são mais sociais do que teológicos é uma
antítese direta do poder de convencimento do Espírito Santo, o poder da Palavra de Deus e
uma subordinação da graça de Deus aos estratagemas do homem Além disso, a infusão das
ciências sociais nas missões é similiar à aderência à evolução teísta de modo a acomodar a
visão ateísta da criação da intelligentsia moderna. Apesquisa científica e a aderência ao método
secular no ministério não é nada mais do que se atrelar à “sabedoria deste mundo”, e assim
reduzir o evangelho de Jesus Cristo à “mensagem do status quo social”. É exatamente esse
status quo que McGravan insiste que precisa ser mantido de modo a alcançar as multidões de
muçulmanos ou hindus. Assumindo que os graduados em missões do Seminário Fuller estão
implementando essas teorias desde 1957, esses métodos têm falhado miseravelmente - pois
o Islã é atualmente a religião de mais rápido crescimento no mundo.
As teorias sócio-missionárias culminaram com o desenvolvimento do Princípio da Unidade
Homogênea. McGravan teorizou que “as pessoas querem se tornar cristãs sem cruzar as
barreiras raciais, lingüísticas, ou de classe... e a conversão deve ocorrer com um mínimo de
deslocamento social” Ele achava que as unidades homogêneas eram relativamente isoladas
e impermeáveis, e a estratégia missionária deveria ser a conversão de grupo de tribos, vilas,
etc. Sua estratégia então era o uso das unidades homogêneas como “mercados-alvo”, de
modo a “colocar na igreja” toda a unidade com batismos em massa. Na verdade, a chave para
o sucesso era visto como um “movimento popular”, e batismos solitários deveriam ser evitados.
Usando-se esse método, levantes sociais e danos à dignidade do grupo seriam minimizados.
Após McGravan ir para o corpo docente do Seminário Fuller, muitos alunos procuravam
aplicar sua metodologia nos EUA. À medida que isso foi pesquisado, chegou-se à conclusão
que os EUA são simplesmente uma vasta coleção de unidades homogêneas. Os alunos de
Fuller já estavam treinados para essa abordagem intelectual ao evangelismo; e um indivíduo
em particular, Win Arn, tomou o desafio com vigor suficiente para iniciar o Movimento de
Crescimento de Igrejas. Novamente, entretanto, a utilização de métodos mundanos levou à
perversão doutrinária. Como evidência desse fato, uma frase em um livro escrito por Arn e por
McGravan diz tudo:
“... Averdade que a Bíblia revela não é totalmente exemplificada em uma igreja empírica.
O caminho único nunca é o que qualquer igreja faz. Seus rituais, costumes, hinos e doutrinas
são todos criação do homem e imperfeitos.”
A análise final do “Pai do Movimento de Crescimento de Igreja” gera questões que
devem ser muito desconcertantes para qualquer cristão nascido de novo:
a.. A infusão das ciências do comportamento no ministério equipara-se à subjugar o
evangelho à “sabedoria do homem”. A Bíblia ensina que a sabedoria humana é loucura diante
de Deus, e ... “Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?” [1 Coríntios 3:19,
1:20]; Não é, então, essa infusão uma corrupção da verdade?
b.. A infusão das ciências sociais então “abre a porta para a ciência social ter um papel
que nunca objetivou ter na igreja”;
c.. A doutrina é reduzida ao “ritual e mero resultado da cultura popular”;
d.. De modo a implementar o Princípio da Unidade Homogênea, a fé é reduzida ao
menor denominador comum. (Exatamente como a Educação Orientada Para Resultados produz
o “emburrecimento” do sistema público de ensino, esses princípios da Religião Orientada Para
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Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
Resultados não somente enfraquecem ou contemporizam a pureza da Palavra de Deus, mas
também enfraquecem os membros da igreja devido à falta de instrução doutrinária).
e.. O desenvolvimento de dinâmicas de grupo utilizadas no Princípio da Unidade
Homogênea é um bloco de construção no processo dialético que é fatal para o cristianismo
fundamentalista.
f.. O Princípio da Unidade Homogênea não tem fundamento bíblico.
g.. O evangelho torna-se a mensagem do status quo social, relativizado para pouco
mais que um símbolo sociológico da aderência do grupo a Cristo, em vez de uma força
transformadora na cultura.”
Para este Apêndice, foram consultadas as seguintes fontes:
(Acesso em 9 a 11 de julho/2006)
http://johneliot.org/johneliot2.htm
http://paginas.terra.com.br/educacao/histigreja/perscareymain.htm
http://www.primeiraipjp.com/Biografias/William_Carey.doc
http://www.hyperhistory.net/apwh/bios/b3aduff10lo.htm
http://www.sepoangol.org/hudson.htm
http://www.thirdmill.org/files/portuguese/17744~11_1_01_10-43 20_AM~Simonton_e_as_Bases_do_Presbiterianismo_no_Brasil.html
http://solascriptura-tt.org/SeparacaoEclesiastFundament/PragIg12-GaleriaFamaIgNovoParadigma-MDominick.htm
TUCKER, R. A. – “...E até aos confins da terra”. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1986.
EDWARDS, J. A Vida de David Brainerd. São José dos Campos: Ed. Fiel, 1993.
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Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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BURNS, B. et al. Costumes e Culturas. São Paulo: Ed. Vida Nova, 2ª edição, 1988.
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2001.
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Subcomision Literatura Cristiana, s. d.
COSTA, Herminsten M. P. Raízes da Teologia Contemporânea. São Paulo: Cultura Cristã,
2004.
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Venda Nova: Betânia, 1992.
DOUGLAS, J. D. O Evangelista e o mundo atual. São Paulo: Vida Nova, 1986.
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GOMES, Wadislau. M. Em terras dos Brasis. Refúgio: Brasília, 1997.
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HESSELGRAVE, David, J., Plantar Igrejas: Um guia para missões nacionais e trans-culturais.
São Paulo: Ed. Vida Nova, 1984.
LLOYD JONES, D. M. Discernindo os Tempos. São Paulo: Publicações Evangélicas
Selecionadas, 1994.
________________. Os Puritanos: Suas origens e seus sucessores. São Paulo: Publicações
Evangélicas Selecionadas, 1993.
MACARTHUR JR., John. F. Sociedade sem pecado. São Paulo: Cultura Cristã, 2002
MORRIS, Linus, Uma Igreja de alto impacto. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.
Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas
MOTT, John R. The pastor and modern missions.
http://www.missionfrontiers.org/1995/0102/jf955.htm. Acesso em 10/06/2006.
NOLL, Mark A. Momentos decisivos na História do Cristianismo. São Paulo: Cultura Cristã,
2000.
PADILLA, R. et al. Reino, Igreja e Missão. Goiânia: Seminário Presbiteriano Brasil Central,
1998.
PADILLA, C. René, Missão Integral, São Paulo: Temática Publicações, 1992.
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Barcelona: Ed. Clie, 1988.
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Brasil: Anais da I Conferência Missionária para plantadores de igrejas, São Paulo: Cultura
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TUCKER, R. A. – “...E até aos confins da terra”. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1986.
VAN ENGEN, C., Povo Missionário, povo de Deus, São Paulo: Ed. Vida Nova, 1991.
WARREN, R. Uma igreja com propósitos. São Paulo: Ed. Vida, 1998.
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  • 1. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas SEMINÁRIO PRESBITERIANO CONSERVADOR CLODOALDO DE SOUZA CALDAS MANUAL DO EVANGELISTA - Resgatando o Fervor Evangelístico num Contexto Urbano SÃO BERNARDO DO CAMPO 2006
  • 2. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas CLODOALDO DE SOUZA CALDAS MANUAL DO EVANGELISTA - RESGATANDO O FERVOR EVANGELÍSTICO NUM CONTEXTO URBANO SÃO BERNARDO DO CAMPO 2006 Apostila preparada pelo professor, para ser usada como parte do curso de Evangelismo no Seminário Presbiteriano Conservador
  • 3. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................................04 I - CUIDANDO DE SI MESMO - O Projeto Pessoal..................................................06 1.1 - O Cuidado de viver o que se prega..........................................................07 1.2 - O cuidado de não cair em tentação..........................................................08 II - CUIDANDO DA DOUTRINA - O Projeto Intelectual.............................................10 2.1 - Avaliando caminhos percorridos...............................................................11 2.1.1 - Pietismo - Principais Falhas..........................................................12 2.2 - E então, o que fazer?...............................................................................12 III - CORRENDO COM META - O Projeto Administrativo..........................................14 3.1 - Resgatando o fervor evangelístico através do planejamento...................14 3.1.1 - Por que Planejar?..........................................................................14 3.1.2 - A base do planejamento evangelístico..........................................15 3.2 - Como iniciar uma estratégia adequada....................................................16 3.2.1 - O Papel do Líder............................................................................17 3.2.2 - O Público alvo e suas características............................................17 3.2.2.1 - O Público Alvo....................................................................18 3.2.2.2 - Características...................................................................18 3.2.3 - Os meios de atuação....................................................................20 CONCLUSÃO............................................................................................................21 APÊNDICE (O Homem e a Missão).........................................................................22 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..............................................................................30 - 03 -
  • 4. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas INTRODUÇÃO A vida urbana torna-se, a cada dia, mais complexa e desafiadora em seus avanços. Naturalmente, o cristão também é afetado nas mais diversas áreas de atuação. O desemprego, bem como o excesso de trabalho, o cuidado da família num mundo de violência sempre crescente, e tantos outros fatores que poderiam ser apontados, têm se refletido num ponto de extrema importância na vida da igreja reformada, em que ela recua a cada dia: O FERVOR EVANGELÍSTICO. É possível ao homem dos grandes centros urbanos recuperar este fervor? A vida de Paulo, e de muitos nomes que fizeram história nos grandes centros urbanos, era mais fácil do que a vida no contexto urbano de hoje? Possíveis mudanças teriam que ocorrer nas cidades, ou a raiz da questão está no cristão contemporâneo? A motivação da pesquisa encontra suporte em duas bases. A primeira, é que muitos tendem a apoiar-se no desânimo, principalmente quando não encontram respostas que venham atender o anseio cristão no cumprimento de seus compromissos. A segunda, é que muitos podem construir um sentimento de que, realmente, a cidade não é um lugar para o cristão, ou que ela definitivamente não oferece condições para um cristianismo eficaz. Este trabalho tem como proposta apresentar algumas ferramentas que poderão somar, no intuito de resgatar o fervor evangelístico, àqueles que se encontram “mergulhados” dentro do contexto muitas vezes opressor da vida urbana. Não intenciona trazer novas medidas; antes, pretende apoiar-se: a) Na importância da consagração daquele que pretende evangelizar; b) Na força ensinadora da história, considerando pontos positivos e negativos no contexto do Pietismo do sec. XVII; c) No princípio da boa administração, considerando a necessidade de planejamento. A pesquisa, certamente, não abrangerá outros tópicos que poderiam ser abordados, - 04 -
  • 5. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas além dos que estão mencionados acima. É fato que os itens trabalhados representam um ponto de partida, e que por sua vez, não serão colocados em seus mais abrangentes detalhes. Por outro lado, a idéia consiste em apresentar respostas à questão lançada, através de uma pesquisa modesta, porém fiel e aplicada. Sem dúvida, a obra e seus resultados pertencem ao Senhor. Este trabalho não intenciona propor algo diferente disto. Contudo, dentro do âmbito de trabalho humano, naquilo que compete ao homem fazer, há determinados caminhos e estratégias, os quais, fundamentados na Palavra, auxiliarão de forma eficaz o crente, no cumprimento de sua missão. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes. (1 Tm. 4.16) Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. (1 Co. 9.26) - 05 -
  • 6. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas I – CUIDANDO DE SI MESMO - O Projeto Pessoal As epístolas de Paulo a Timóteo, e a Tito são denominadas “Pastorais”. Receberam este título no início do séc. XVIII. Timóteo ficou em Éfeso, a pedido de Paulo, com a difícil tarefa de combater as heresias (1 Tm. 1.3). Afinal, o crescimento e desenvolvimento da igreja requer que os falsos ensinos sejam combatidos. É interessante destacar a preocupação de Paulo com Timóteo; visto que este seria o instrumento de Deus para o trabalho, ele deveria estar preparado, e deveria esforçar-se a fim de cumprir os objetivos propostos, como se vê (grifos meus): 1 Tm. 4.12-16 12 Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza. 13 Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino. 14 Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do presbitério. 15 Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto. 16 Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes. 1 Tm. 5.22 22 A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te tornes cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro. 1 Tm. 6.11-14 11 Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão. 12 Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado e de que fizeste a boa confissão perante muitas testemunhas. 13 Exorto-te, perante Deus, que preserva a vida de todas as coisas, e perante Cristo Jesus, que, diante de Pôncio Pilatos, fez a boa confissão, 14 que guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo; 1 Tm. 6.20 20 E tu, ó Timóteo, guarda o que te foi confiado, evitando os falatórios inúteis e profanos e as contradições do saber, como falsamente lhe chamam, 21 pois alguns, professando-o, se desviaram da fé. A graça seja convosco. 2 Tm. 1.6 6 Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos.
  • 7. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas 2 Tm. 2.1 1 Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. 2 Tm. 3.10 10 Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança... 2 Tm. 3.14 14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste... 2 Tm. 4.5 5 Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério. Tito 2.1 1 Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. Tito 2.7 7 Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência, 8 linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignida- de nenhuma que dizer a nosso respeito. O preparo para a obra evangelística começa na própria pessoa. O evangelista deverá considerar a santidade de Deus, do evangelho a ser pregado, e o chamado de Deus para a santidade. 1.1 - O Cuidado de viver o que se prega “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas”. (Mt. 7.28;29). As palavras de Jesus no Sermão da Montanha não foram “leves” ou simplesmente confortadoras. Ele falou sobre a porta larga, que conduz à perdição, onde muitos entram por ela; falou abertamente que “nem todo o que me diz ‘Senhor’ entrará no reino”. Frases, ainda, do tipo: “acautelai-vos dos falsos profetas, que surgem disfarçados de ovelhas, mas são lo- bos...”. Apesar do peso da verdade, as pessoas ficaram maravilhadas, porque ele falava com autoridade. Aquele que pretende sair para evangelizar, deve ter como prioridade uma vida devocional e piedosa inquestionável. Deve estar ciente de que sua vida precisa falar, tanto quanto suas palavras. J. MacArthur, falando sobre o pecado, diz: Considere o que os outros podem dizer sobre você. Embora as pessoas estejam cegas quanto às suas próprias faltas, facilmente descobrem os erros dos outros - e consideram-se aptas o suficiente para falar deles. Algumas vezes, as pessoas vivem de maneiras que absolutamente não são ade- quadas, porém estão cegas para si mesmas. Não vêem seus próprios fracassos, embora os erros dos outros lhes sejam perfeitamente claros e evidentes1. _________________________________________________ 1 J. F. MACARTHUR JR, Sociedade sem pecado, p. 234 - 07 -
  • 8. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas O Livro “Costumes e Culturas” narra o seguinte ocorrido: Duas missionárias tiveram certa dificuldade no início do seu trabalho numa tribo do México, porque costumavam tomar limonada junto com o café da manhã. Ninguém aceitou a mensagem delas até que elas descobriram que os membros daquela tribo criam que limonada é um anticoncepcional! Eles pensavam que as missionárias eram mulheres de vida irregular por causa da limonada!2 _________________________________________________ 2 Bárbara BURNS et al, Costumes e Culturas, p. 6 3 Wadislau. M. GOMES, Em Terras dos Brasis, p. 7 4 ibid, p. 8 5 Luís PALAU, O Evangelista e o Mundo Atual, p. 13. 6 Augustus N. LOPES, Batalha Espiritual, p. 22 “Cuidar de si mesmo” implica em viver o evangelho, a fim de que o evangelizador possa então “cuidar de outros”, através de sua pregação. O Dr. Wadislau fala desta verdade, como segue: “O indo da Grande Comissão corresponde ao sal da terra e luz do mundo das bem- aventuranças. Sua associação proclama que o como vamos é tão importante como o como somos”3 . Diz ainda: É essa diferença que me refiro, isto é, a diferença entre ir e submeter as nações a uma experiência religioso-sócio-cultural e a experiência de, indo, testemunhar a verdade de Deus enquanto e por onde for. Num caso fica implícita a desincumbência da tarefa como o propósito maior, enquanto no outro está inserido o conteúdo da verdade evangélica na voz e na vida oferecidas como libação sobre o sacrifício de Cristo - um sacrifício vivo!4 O evangelizador não é aquele que, simplesmente, transmite conceitos, descompromissados com o seu proceder. Deve ter o cuidado de viver o que prega. 1.2 - O cuidado de não cair em tentação “E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]” (Mt. 6.13). Com estas palavras, Jesus conclui a oração modelo. Numa outra oração, diz também: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo. 17.15). O evangelizador, no cuidado de si mesmo, deve estar atento a esta interces- são constante de Cristo, quanto à fraqueza humana, e sua inclinação para a queda. Num artigo intitulado: “O Evangelista em sua vida pessoal”, encontramos as seguintes orientações: Tem sido dito muitas vezes que os evangelistas enfrentam três principais tentações que podem levar as suas vidas a naufragar: orgulho, dinheiro e sexo. Posso dizer que há três mais uma: orgu- lho, dinheiro, sexo e tentação de desistir (...) Quantos pregadores que conhecemos arruinaram as suas vidas em nossa geração! Muitos! Muitos! E, você, está na iminência de fazê-lo? Está você debaixo das pressões inexplicáveis que ameaçam destruir a sua vida, a sua esposa e o seu minis- tério dado pelo Senhor Jesus Cristo? (...) O Dr. Howard Hendricks, que discipulou centenas de jovens ministros disse: “Se você diz que algum pecado jamais poderá atingí-lo... está apenas a um passo de uma casca de banana espiritual”. Portanto, sondemos seriamente os nossos corações diante de Deus, agora mesmo5 . Vale registrar, ainda, o comentário de A. Nicodemus acerca do combate cristão: Em primeiro lugar, existe a tendência perigosa que já tem tomado conta de muitos, hoje, de ver o diabo em todo lugar, de atribuir a ele e aos seus agentes mais do que é devido, de dar crédito a ele por mais do que ele realmente é responsável. Há pessoas que vêm o diabo em tudo e muita literatura moderna tem contribuído para formar esse tipo de mentalidade dentro da Igreja. Em segundo lugar, há o perigo de reagirmos radicalmente a esse primeiro perigo e nos lançarmos no erro oposto, e igualmente perigoso, que é desprezarmos e subestimarmos o mundo espiritual tenebroso6 . - 08 -
  • 9. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas O evangelizador deve fortalecer-se com a armadura de Deus, para poder ficar firme, e resistir no dia mal. Quando Davi parte para lutar contra o gigante Golias, não se reveste de uma armadura apropriada, nem das armas compatíveis às usadas pelo adversário, contudo, reveste-se de armas espirituais: “Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens contra mim com espa- da, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado” (1 Sm. 17.45). Evangelizar é dar a oportunidade a que muitos sejam libertos do império das trevas, para o Reino de Deus. Para tanto, importa que aqueles que se enganjarem nesta obra estejam espiritualmente preparados; e isto exige muita disciplina por parte do evangelizador. Para con- cluir este tópico, apontamos as palavras de Greenway: Avida do reino é uma vida de verdade, justiça, misericórdia e amor. Ela é proclamada com palavras e demonstrada pelas atitudes. O evangelho do reino envolve tudo. Convida para a transformação do coração e de toda a vida. Direciona como vivermos individual, familiar e comunitariamente. Ensina-nos a mostrar misericórdia ao pobre, defender o oprimido e buscar a reconciliação entre oposições7 . _________________________________________________ 7 Roger GREENWAY, ide e fazei discípulos, p. 141. Cuidar de si mesmo, é viver o evangelho a ser anunciado, e fugir do mal. A partir destes pressupostos, o evangelizador está apto a iniciar sua tarefa. - 09 -
  • 10. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas Historicamente, a igreja sempre enfrentou momentos de altos e baixos, no que se refere a seu fervor evangelístico. Em muitos casos, a iniciativa de mudar a situação, trazia tanto resultados positivos, quanto negativos. Daí a necessidade de precaução ao adentrar este campo. Já na segunda metade do séc. XVII, em pleno desenvolvimento do Luteranismo, o protestantismo alemão não era o mesmo. Não manteve a força dos primeiros ideais, e o contexto urbano conturbado apontava os sinais da crise. D. M. Lloyd Jones, ao comentar o assunto, cita uma frase da qual não menciona o autor: “Toda instituição tende a produzir o seu oposto”1 . O sentido da frase é indicar que a posição de grande parte das igrejas protestantes hoje, representa o oposto de quando as mesmas foram organizadas. Consideremos o relato de Mark A. Noll: II – CUIDANDO DA DOUTRINA - O Projeto Intelectual No início daquele século, [XVII] as igrejas luteranas dos territórios alemães enfrentavam muitas dificuldades. O seu trabalho era estritamente controlado pelos príncipes dos muitos estados soberanos da Alemanha. Os seus ministros freqüentemente pareciam estar mais interessados em querelas filosóficas e ostentação retórica do que no encorajamento de suas congregações (...) Além disso, a devastadora Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que foi travada em torno de uma confusa mistura de questões religiosas, políticas e econômicas, havia enfraquecido de modo geral a vida da Europa central, inclusive as igrejas.2 Nota-se que não apenas no mundo atual, e não somente no Brasil, enfrenta-se lutas religiosas nos grandes centros urbanos, envolvendo tanto questões internas quanto externas. Em contra partida, despontava um movimento, vindo da Holanda, “um novo surto de vida piedosa e teologia saudável, que intencionava encorajar os alemães a uma fé e prática cristãs mais dinâmicas”3 – o Pietismo. Sem dúvida, muitos escritos atuais têm apresentado claramente as vantagens e desvantagens do Pietismo. Como movimento, alcançou em parte a finalidade proposta, contudo, ocasionando também a proliferação de algumas seitas. Neste capítulo, consideraremos os propósitos iniciais lançados pelos Pietistas, aplicando-os à realidade atual; por outro lado, faz- _____________________________________________________ 1 D. M. Lloyd JONES, Discernindo os Tempos, p. 318. 2 Mark A. NOLL, Momentos decisivos na história do cristianismo, p 239. 3 ibid, p. 240.
  • 11. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas se necessário observar também os erros cometidos, a fim de que, no ímpeto de resgatar o fervor evangelístico hoje, o cristão não venha a cair nos mesmos equívocos, já ocorridos no passado. 2.1 Avaliando caminhos percorridos Em 1675, com a publicação do livro “Pia Desideria” (Desejos Piedosos) do pastor Luterano Philipp Jakob Spener, despontava o movimento que seria então conhecido como “Pietismo”4 . O alvo a ser buscado era interessante, como se pode notar nas seguintes palavras: O pietismo alemão denota um movimento surgido na Igreja Luterana, na 2ª metade do século 17, o qual teve como uma de suas características mais evidentes, a reação contra um cristianismo que sob muitos aspectos se tornara vazio, tendo uma prática dissociada da genuína doutrina bíblica. O alvo do pietismo é um retorno à teologia viva dos apóstolos e da reforma, com forte ênfase na pregação do evangelho, acompanhada de um testemunho cristão condizente5 . _________________________________________________ 4 Harvie M. CONN, Teologia Contemporânea em el mundo, p. 110. 5 Herminsten M. P. COSTA, Raízes da Teologia Contemporânea, p. 261. 6 Mark A. NOLL,, Momentos decisivos na história do cristianismo, p. 241. 7 Harvie M. CONN, Op cit, p. 112. 8 Mark A. NOLL, Op. Cit, p. 247. A “Pia Desideria” de Spener, conforme aponta Mark A. Noll, “examinou as fontes do declínio espiritual da Alemanha protestante e apresentou algumas propostas de reforma”6 . O Pietismo fôra responsável por um avivamento naAlemanha. Aidéia era unir a erudição bíblica à vida devocional e fervor evangelístico. A conversão deveria mudar, de fato, a vida da pessoa, ao passo que a santificação deveria, necessariamente, dar continuidade a esta mudança; a religião deveria apresentar um “calor” espiritual maior. A história indica que os resultados aconteceram. Seguem dois pareceres: A contribuição positiva do pietismo é enorme e o bem supera em muito o mal.Avivou uma saudável preocupação pela piedade genuína, frente à ausência quase total da mesma. Melhorou a preparação pastoral. Injetou vida espiritual no que poderia ser, sem ela, um substituto morto da ortodoxia. Iniciou ainda o maior programa missionário e evangelístico do Cristianismo de todas as épocas7 . Nessas circunstâncias gerais, os evangélicos e os pietistas ocuparam-se de duas tarefas. Eles resgataram alguns elementos do passado protestante – especialmente a sola Scriptura, a ênfase na graça, e o sacerdócio de todos os crentes. Com esses elementos eles buscavam um cristianismo mais genuíno ou o que, naquela época, muitas pessoas em todo o norte da Europa e na América do Norte chamavam de “verdadeira religião”8 . Tais conclusões mostram que é possível alcançar o objetivo. Contudo, as falhas merecem também uma atenção especial. - 11 -
  • 12. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas 2.1.1 - Pietismo - Principais Falhas As pesquisas acerca do Pietismo apontam a sua fragilidade. Primeiramente, um aspecto de subjetivismo (e até de misticismo), devido à sua ênfase na “experiência”. Harvie apresenta um paralelo com o liberalismo, lembrando que Schleiermacher teve sua formação em universidade pietista9 . Ao que tudo indica, o Pietismo não cuidou em equilibrar os aspectos emocional, intelectual e espiritual. Ao mesmo tempo em que tinha uma inclinação evangelística, não via necessidade numa atuação nas áreas política, social, educacional ou econômica. Quanto às práticas eclesiásticas, de certa forma, foi responsável pela criação de “grupos” dentro da igreja, e pela formação de agências missionárias interdenominacionais.Avisão acerca da verdadeira espiritualidade foi limitada a algumas regras e abstinências. Enfim, o Pietismo deu ênfase demasiada à prática, em detrimento da doutrina. 2.2- E então, o que fazer? Tendo considerado aspectos positivos e negativos do Pietismo, faz-se necessário responder à questão: Como a igreja contemporânea pode lançar-se à busca de um fervor evangelístico, sem cair em erros que poderão trazer conseqüências não esperadas? Fica claro que este resgate precisa apoiar-se na base correta: A teologia bíblica. A iniciativa de se buscar um fervor evangelístico exige a iniciativa de se buscar nas Escrituras Sagradas o respaldo correto, a fim de não laborar em erro e confusão, e, até mesmo, de não produzir resultados negativos, conforme a exposição de Wadislau M. Gomes: Precisamos acertar as bases da nossa vida e pregação. Precisamos dizer bem e ilustrar o que dizemos com as fotos certas, ou produziremos mais confusão do que luz aos nossos observadores (...) A influência religiosa no Brasil tem sido motivada pelo temor de homens, não pelo temor de Deus. Este temor de homens, que nasce do senso falso da necessidade humana, cria ídolos religiosos que jamais podem salvar. Tristemente, a igreja é responsável pela idolatria cultural do nosso povo, por projetar uma imagem de si mesma diferente da glória de Deus10 . _____________________________________________________ 9 Harvie M. CONN, Teologia Contemporânea em el mundo, p. 112. 10 Wadislau M. GOMES, Em Terras dos Brasis: A evangelização sem evangeliquês, p. 22,23. Este é exatamente o ponto. O Brasil apresenta uma forte influência religiosa... contudo, tal influência não produz os frutos que deveria produzir. A Escritura, posta de lado, ou fora de seu devido lugar, torna o trabalho vão, representa uma distorção da finalidade principal. René Padilla reforça a idéia, com uma ampla visão, de que o Evangelho é a diretriz da missão da igreja: - 12 -
  • 13. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas A falta de valorização das dimensões mais amplas do evangelho inevitavelmente conduz a uma distorção da missão da igreja. O resultado é uma evangelização que concebe o indivíduo como uma unidade autônoma – um Robinson Crusoé a quem o chamado de Deus chega na solidão de sua ilha – cuja salvação se realiza exclusivamente em termos de sua relação com Deus. Perde-se de vista que o indivíduo não existe isoladamente e que portanto não se pode falar de salvação sem que se faça referência à relação do homem com o mundo do qual ele faz parte11 . A “experiência”, e o fator “emoção” certamente têm seu lugar dentro da busca de fervor. Contudo, sem a aplicação da ênfase bíblica, os resultados alcançados certamente não serão os esperados. _____________________________________ 11 René C. PADILLA, Missão Integral, p. 15. - 13 -
  • 14. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas III – CORRENDO COM META - O Projeto Administrativo 3.1 – Resgatando o fervor evangelístico através do planejamento Tendo apresentado o fundamento, a base correta para uma busca de fervor evangelístico, faz-se necessário considerar a importância do planejamento como fator de motivação. 3.1.1- Por que planejar? A falta de objetivo naquilo que se faz, certamente traz o desânimo, a perda da vitalidade em qualquer obra que seja. Por outro lado, onde há planejamentos, estratégias, as pessoas são motivadas por ter uma noção de onde podem chegar. O contexto urbano carrega a necessidade de planejamento. O cidadão é envolvido num mundo complexo, onde é necessário trabalhar bem “com o tempo”. Fatores como o desemprego, complicações financeiras, falta de oportunidade para uma melhor graduação escolar, cuidado com a família, e outros mais, ocupam grande parte da “preocupação” do indivíduo. E, diante de tantos fatores onde se carrega verdadeiros “fardos”, importa cumprir compromissos eclesiásticos. Planejar, é um princípio para a vida, em todos os seus segmentos, e certamente trará motivação no trabalho evangelístico. A prática de traçar planos e estratégias de trabalho acaba levando o planejador à conclusão de sua própria tarefa. Há certos casos em que a igreja precisa planejar, a fim de recordar a sua missão, ou, pelo menos, avaliá-la. A nota a seguir fala da igreja que tem como única finalidade a sobrevivência: Igrejas focalizadas na sobrevivência estão dominadas pelo alvo de mera auto-preservação. Isso é comum onde as igrejas existiram como simples minoria à sombra de outro grupo religioso ou filosófico dominante. A fé e a perseverança da igreja perseguida devem ser elogiadas, mas a mentalidade de sobrevivência que a acompanha freqüentemente perdura mais tempo que a ameaça1 . _________________________________ 1 Linus MORRIS, Uma Igreja de alto impacto, p. 70.
  • 15. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas A igreja não pode existir apenas com um espírito de “sobrevivência”. Foi chamada para servir, para ser luz, para pregar as boas novas do Reino. Não planejar estratégias de trabalho evangelístico, poderá levar a igreja ao comodismo, girando em torno de si mesma, como diz ainda Morris: A igreja que se preocupa com a sobrevivência se identifica pela sua história e aceita dimensões pequenas como sendo o normal. Mesmo que as condições históricas tenham mudado, é difícil para a igreja que tem mentalidade de sobrevivência mudar seu foco voltado para si mesma e abraçar as oportunidades missionárias à sua volta. O condicionamento anterior de uma igreja torna a mudança algo difícil de acontecer. Tanto as igrejas que estão envelhecendo (presas à tradição) quanto igrejas missionárias mais novas (sem visão) podem estar orientadas à sobrevivência.A falta de estratégia, ou a incapacidade de contextualizar os programas da igreja para fazer uma ponte entre o evangelho e as necessidades das pessoas, formam essa situação2 . Falando acerca do trabalho missionário, E R. Dayton aponta que é preciso “entender os povos aos quais são enviados, descobrir a estratégia de Deus, sua vontade e seu plano para alcançar esses povos. Precisam saber que Deus os está separando para tratar dos negócios do Pai”3 . De fato, o trabalho da igreja local não é diferente; conduzidos pela sua liderança, a igreja precisa também procurar entender a sociedade, o círculo de pessoas a ser alcançado, buscar a estratégia apropriada, sob a iluminação do Espírito, e agir. 3.1.2 – A base do planejamento evangelístico Quando o assunto é planejamento, fala-se de algo que é próprio de Deus. As Escrituras Sagradas trazem o registro de fatos históricos, poesias, profecias, sendo que todo o seu conteúdo representa o desenvolvimento de um plano eterno, soberano, que Deus estabeleceu. Jesus Cristo, falando da renúncia que é própria da vida daqueles que o querem seguir, menciona a importância do planejamento: “Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?” (Lc. 14.28); “ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?” (Lc. 14.31). O mundo foi planejado. A vida, num contexto urbano, exige planejamento. É necessário a uma família planejar suas contas, a fim de não se expor às dificuldades; empresas necessitam de planejamento, desde o setor mais importante, ao de menos expressão. As pessoas mais experientes fazem projetos para adquirir bens, propriedades, para se casar, etc. Quando se quer chegar num determinado lugar, em tempo hábil, planeja-se a hora de sair, o tipo de condução e de percurso, analisando-se os diversos fatores. Contudo, é lamentável que a igreja, por vezes, deixe de agir assim. É interessante observar que, grande parte dos livros que falam de Evangelismo e missões, trabalham uma _________________________________ 2 Linus MORRIS, Uma Igreja de alto impacto, p. 71, grifo meu. 3 Edward R. DAYTON, O desafio da evangelização do mundo, p. 53. - 15 -
  • 16. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas As Igrejas são “forças-tarefas”. Têm um serviço a fazer. Mas com demasiada freqüência a tarefa é empreendida de modo casual, sem raciocínio cuidadoso. Certa vez um missionário (provavelmente de modo irônico) foi contra o planejamento com base no fato de que Abraão “partiu sem saber aonde ia”. Foi indicado ao missionário que a analogia não é boa. Abraão não sabia aonde ia, mas sabia o que faria ao chegar lá. Se esse missionário levava a sério a sua filosofia, sabia aonde ia, mas não sabia o que faria ao chegar lá!4 E diz ainda: Não é estranho que embora Deus tenha um plano para a história, que os lares bem-ordenados fazem orçamentos, planejam atividades semanais, e planejam a educação dos filhos; as igrejas e as missões freqüentemente não têm nenhum plano bem feito e submetido à oração, para a tarefa mais importante de todas? Não é triste que, visto que Deus não pode contar com a obediência e a sábia mordomia desta questão, Ele freqüentemente tem de usar cisões e meios imediatistas para causar o início de novas congregações de crentes? Como seria melhor se tivéssemos um plano – o plano dele!5 R. D. Reeves, chega a ser categórico, comparando o estudo do crescimento da igreja com uma ciência exata: Em um sentido bem Real, o estudo do crescimento da igreja é uma ciência tão exata quanto a medicina. Os diagnosticadores do crescimento da igreja, como os médicos, realizam provas, tiram conclusões e logo fazem uma prescrição, ou seja, dão um remédio6 . Vale ressaltar que, em várias obras pesquisadas, encontra-se a ênfase de que a idéia de planejamento não pretende “assumir o lugar do Espírito Santo”. O planejamento é uma forma organizada de trabalho, e que, no âmbito humano, muito pode ajudar a igreja a manter- se firme quanto à sua responsabilidade evangelística. 3.2- Como iniciar uma estratégia adequada A partir das considerações já expostas, passamos então a apresentar o ponto de partida para a elaboração de uma estratégia. Naturalmente, não esboçaremos aqui, como regra, um tipo definido de projeto, considerando que cada igreja tem seu contexto geográfico, social, cultural, e tantos outros fatores, que não permitem apontar algo que seja padrão. E, até mesmo, tendo em vista a proposta do trabalho: mostrar que o uso de planos organizados e bem elaborados constitui-se em instrumento eficaz para resgatar o fervor evangelístico. parte voltada a projetos e estratégias. D. J. Hesselgrave destaca a importância do trabalho planejado e exemplifica: _____________________________ 4 David J. HESSELGRAVE, Plantar Igrejas: Um guia para missões nacionais e transculturais, p. 29. 5 ibid, p. 29,30 6 R. D. Reeves, et al, Avanzando: estrategias modernas para el crescimento de la iglesia, p. 50. 7 Charles Van ENGEN, Povo Missionário, povo de Deus, p 172,175 Quando o povo de Deus estabelece alvos com visão, pela fé, e se põe com afinco a tentar alcançar esses alvos, ele transforma as declarações de fé a respeito da Igreja em declarações de objetivos que apontam para a Igreja no processo de se tornar o que ela declara ser (...) Esse processo de traduzir a natureza da Igreja em alvos, objetivos, planos e tarefas definidos torna a igreja pertinente e poderosa7 . C. Van Engen destaca a importância de trabalhar com alvos: - 16 -
  • 17. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas Contudo, algumas pesquisas têm levantado informações interessantes, que podem ser úteis àqueles que pretendem iniciar o seu projeto. 3.2.1 – O Papel do líder O planejamento deve partir da liderança. Vejamos algumas colocações que poderão contribuir nesta argumentação: J. R. Mott: O segredo para a capacitação da igreja em exercer seu papel no mundo não-cristão está na sua liderança.As pessoas não vão além de seus líderes no conhecimento e no zelo, não lhes ultrapassam na consagração e no sacrifício. O pastor cristão (...) detém a posição divinamente orientada de inspirar e guiar os pensamentos e atitudes da igreja. Devido à sua posição ele pode ser uma força poderosa na evangelização do mundo7 . Allen J. Thompson: O primeiro passo para se desenvolver uma orientação de ministério é começar com o líder chamado por Deus. O líder, por meio da oração, por meio de reconhecimento do seu chamado específico, deve perceber como Deus quer usá-lo. Isso requer uma auto-avaliação de seus dons, sua personalidade, sua capacidade para conhecer-se a si mesmo8 . Roger Greenway: De fato, são raros os casos onde uma congregação evangeliza os perdidos mesmo seu pastor sendo indiferente para com missões. Estas permanecem vivas em tais congregações devido à forte influência de um ou mais líderes leigos comprometidos. Porém, a visão missionária do pastor é que, normalmente, vitaliza as missões na congregação9 . Como pode ser constatado nas notas acima, o planejamento de trabalho evangelístico começa com o líder, pelas seguintes razões: a) Porque as pessoas dificilmente “vão além” do líder; b) Pela posição que ele ocupa; c) Pelo fato de que é chamado e capacitado para a obra; d) Porque sua influência e fervor é que vitaliza os demais. A igreja, normalmente, aponta as falhas... ao líder, cabe apontar soluções. Portanto, ele é o ponto de partida na elaboração do projeto de trabalho que resgatará a vitalidade de sua congregação. 3.2.2 – O Público alvo e suas características O próximo passo a ser observado na elaboração de um projeto é definir que grupo humano Deus quer que trabalhemos para o momento. Um projeto visa um grupo específico. Estabelecer alvos preenche a lacuna da ociosidade, por falta de conhecimento do que fazer. ___________________________ 7 John R. MOTT, The pastor and modern missions. Página da Internet. 8 Allen J. THOMPSON, Como elaborar uma filosofia de ministério. In: Plantando Igrejas no Brasil:, p. 14. 9 Roger GREENWAY, Ide e fazei discípulos, p. 146 - 17 -
  • 18. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas 3.2.2.1 - Definindo o público alvo Como indivíduo, cada cristão tem sua responsabilidade de anunciar o evangelho. Como igreja, o trabalho deve ser feito coletivamente, e definir um público alvo concentrará a atenção (e as forças) da igreja, numa direção específica. Isto é exemplificado por Dayton: “Comecemos com a realidade que Deus tem mensageiros especiais para alcançar um povo específico. Paulo foi o mensageiro de Deus para os povos gentios. Pedro e outros apóstolos foram enviados aos grupos judeus”10 . Alguns autores, além de destacar a importância de projetos com grupos específicos, preocuparam-se também em exemplificar o “como estabelecer a escolha deste grupo”, conforme mostra a nota: Como Deus me tem preparado para alcançar certas pessoas? Nunca esconda nada. Temos igrejas que começaram ao lado de universidades com 30 ou 40 mil estudantes. Ao formar uma Igreja próxima de uma universidade, quais seriam as pessoas a serem alcançadas? Os estudantes. Ora, não estamos dizendo que as outras pessoas não são importantes, mas este é o grupo de pessoas que ainda não são evangelizadas11 . E, acrescenta: Como se sabe a quem alcançar numa cidade grande? Como situar-se em uma ou outra área da cidade? Fazendo estudos demográficos. Esta é outra forma de escolher um setor de todas as pessoas, não importa quem sejam. São pessoas que se quer alcançar, com as quais se tem comunhão, o que é mais fácil12 . _____________________________ 10 Edward R. DAYTON, O desafio da evangelização do mundo, P. 49. 11 Allen J. THOMPSON, Como elaborar uma filosofia de ministério. In: Plantando Igrejas no Brasil, p. 15. 12 Ibid, p. 15. Cada cristão conhece bem a sua responsabilidade de ser um anunciador do Reino. Contudo, este conhecimento nem sempre é suficiente para movê-lo ao trabalho. Alguns, certamente, têm um sentimento de culpa por não estar cumprindo com sua missão; outros, até gostariam de trabalhar, mas não sabem sequer por onde ou como começar. Nestes casos, definir um público alvo, certamente facilitará o caminho daquele que pretende evangelizar. 3.2.2.2 - Características Definindo o púbico alvo, deve-se considerar quais são as suas características, a fim de aplicar os melhores métodos. Afinal, como este grupo pode ser alcançado? A partir daqui, nasce o desenvolvimento do projeto. Afinal, tão importante quanto definir um público alvo, é o estudo das características principais deste grupo. As pessoas são diferentes, e, ao mesmo tempo, são unidas em grupos, através de pontos em comum. Cada grupo carrega suas características específicas, e conhecer tais características pode ser um grande passo na tentativa de alcançá-lo com a mensagem de Cristo. - 18 -
  • 19. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas Jesus, ao aproximar-se da mulher samaritana, desenvolve um diálogo partindo de um pedido: “Dá-me de beber”. Ela apresenta as barreiras raciais que os distanciavam, e ele fala do dom de Deus, que quebra tais barreiras. Ela demonstra sua incredulidade: “Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu, porventura, maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, e, bem assim, seus filhos, e seu gado?” - e ele demonstra o poder do evangelho. Ela demonstra interesse nos benefícios apresentados, enquanto que Cristo confronta o seu pecado. Ela fala de lugar de adoração, e ele explica o sentido real desta prática. Ela fala da expectativa da vinda de um Messias, e ele se apresenta como tal. Naturalmente, não era novidade para Jesus o conflito entre judeus e samaritanos, assim como não era novidade a questão relacionada a lugar de adoração. Conhecer estes elementos, assim como a maneira como a samaritana conduzia sua vida moral, representaram fatores determinantes na condução do assunto. Assim, concordamos com o seguinte trecho do livro “Costumes e Culturas”: A comunicação do Evangelho é muito difícil se não imitarmos Jesus, o qual, para se fazer compreendido e mostrar amor, identificou-se com os homens, não só encarnando-se em forma humana, mas também encarnando-se culturalmente. “Ele veio para os seus...” Os seus eram o povo judeu. Por isso, ele falou a língua daquele povo, vestiu-se conforme os costumes da época, comeu o que eles comiam, dormiu onde eles dormiam - enfim, Jesus foi um judeu como todos os outros, humanamente falando. Devemos humildemente procurar compreender um povo com o qual trabalhamos, falando a sua língua e evitando todo escândalo cultural que possa fechar as portas para o Evangelho13 . As características peculiares de cada grupo acentuam-se de forma maior quando se trata de outros países. O mesmo autor do trecho acima comenta: “Na China, as pessoas pensavam que os missionários louvavam as cadeiras, porque oravam ajoelhados de frente para elas”14 . Contudo, um país extenso como o Brasil, e que recebera diferentes influências desde a sua colonização, apresenta também distinções que variam desde o sotaque, práticas alimentares, etc., até outros pontos que são dignos de estudos. A questão é abrangente, e mostra que o trabalho da igreja carece, realmente, de um investimento de tempo, dedicação, e amor. O estudo da vida de missionários do passado (William Carey, Hudson Taylor, etc) mostra como muitos deles procuraram conhecer a cultura do grupo a ser alcançado, respeitando-a, identificando-se, e rejeitando práticas não cristãs (vide apêndice ao final deste trabalho). Através de orações, comunhão com Deus e estudos práticos, deve-se chegar a um grupo, que será alvo do projeto de evangelização da igreja. A partir desta escolha, e do _________________________________________________ 13 Bárbara BURNS et al, Costumes e Culturas, p. 5 14 ibid, p. 4 - 19 -
  • 20. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas conhecimento de suas características, desenvolve-se a estratégia. 3.2.3 – Os meios de atuação É importante também definir num projeto, quem são as pessoas que deverão atuar nesta ou naquela área específica, respeitando os dons e habilidades naturais de cada um. Cada pessoa deverá ser útil, conforme o seu perfil, e conforme a sua disponibilidade. Um trabalho evangelístico intenso, promovido pela igreja, carece de vários elementos que serão de grande valor. Exemplos: - É necessário que um grupo seja responsável pelas orações, que haverão de “sustentar” o projeto; - É necessário que um grupo seja respnsável pela evangelização propriamente dita. Quem vai falar, em qual circunstância... etc. Algumas pessoas têm habilidade em falar em público, para grupos maiores; outras, têm mais facilidade de falar do evangelho de forma pessoal, numa visita ou em outros contextos. - É necessário que um grupo seja responsável pela boa receptividade. Afinal, como as pessoas evangelizadas serão recebidas ao chegar no templo? Enfim, cada igreja, em seu contexto, e conforme o público alvo escolhido, saberá definir os grupos necessários para o trabalho, podendo envolver ainda: Grupos responsáveis pela música, beneficência, etc. No desenrolar do projeto, novos fatores certamente surgirão, e daí a necessidade de estratégias flexíveis, que possam ser alteradas, conforme a situação o exigir. O importante é que a igreja deve estar envolvida em torno de uma meta, não como “desferindo golpes no ar”. Naturalmente, algumas pessoas jamais se envolverão, e outras, só apresentarão críticas - Ore por elas! Efésios 4.15-16 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor. - 20 -
  • 21. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas Conclusão A complexidade da vida urbana não justifica a perda do entusiasmo evangelístico. Em cada período da história, as dificuldades sempre existiram, dentro de seu contexto, proporcional ao progresso da época. Porém, é fato que, o distanciamento dos padrões estabelecidos pela palavra de Deus, o pragmatismo, bem como a fraqueza humana e a falta de objetivos bem definidos, e tudo isso, somado ao contexto das lutas da vida nos grandes centros, têm representado forte instrumento de desmotivação, o que gera a queda no fervor evangelístico, transportando-o a uma posição de importância secundária. Um Movimento de grande vulto, como o Pietismo, mostra que é possível criar estratégias para reverter o quadro. Além disso, deixa também como lição que, dar ênfase na experiência, em detrimento do ensino Bíblico, levará os objetivos iniciais a uma outra direção, podendo até mesmo vir a “produzir o seu oposto”. Desta forma, a tarefa de resgatar o fervor evangelístico no contexto urbano, deve começar pela Bíblia, caminhando sempre por ela. Corações emocionados, bem intencionados e cheios de novas idéias, poderão ser úteis e até mesmo causar algum impacto; contudo, o objetivo só será alcançado de forma eficaz quando a Bíblia for o referencial constante, que ditará, passo a passo, o caminho para um genuíno fervor evangelístico. Afinal, a lei do Senhor é perfeita e restaura a alma (Sl. 19.7), é lâmpada para os pés e luz para o caminho (Sl. 119.105). E, como dizia ainda o salmista: “A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra” (Sl. 119.25). Conclui-se também que, somada à motivação bíblica, uma boa estratégia de trabalho há de impulsionar a muitos, outrora desmotivados, a cumprir o mandato da evangelização. Neste caso, a recíproca também é verdadeira; afinal, a falta de um trabalho organizado, que mostra por onde começar, e aonde se pode chegar, para o cidadão que vive o dia a dia da cidade, não o motivará a buscar forças e dispensar tempo no cumprimento de seu dever.
  • 22. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas APÊNDICE – O Homem e a missão Uma avaliação objetiva de alguns métodos já utilizados JOHN ELIOT – “O apóstolo entre os índios” Sua estratégia consistia na COMUNICAÇÃO: Desenvolveu um interesse na língua e em costumes indígenas, e começou a pregar aos índios em 1646, em inglês, mas dentro de um ano já pregava na língua local; Nos estudos bíblicos, respondia a perguntas, mas deixava algumas dúvidas, a fim de promover um interesse ao ouvinte de voltar, para ser esclarecido; Ao final de uma reunião para estudo bem sucedida, ofereceu presentes, maçãs e comida para as crianças, e fumo para os adultos! (?); Publicou um catecismo em 1654. Ensinou as crianças a recitarem o catecismo – com isso, os pais aprendiam, ao ouvir as crianças! Por volta de 1658 traduziu a Bíblia em Algonkian, a primeira bíblia a ser impressa na América do Norte. Uma edição revisada foi publicada em 1685; Eliot escreveu também vários livros; Planejou cidades para os índios convertidos (uma delas, Natik – que ficou conhecida como a “cidade de Oração”), nas áreas onde poderiam preservar sua própria língua e a cultivar e viver por suas próprias leis. A idéia era manter os índios convertidos separados daqueles que não manifestavam interesse pelo evangelho; Preparou índios para ser missionários dentre seus próprios povos. Dava ênfase à maturidade, não se apressando em batizar, nem mesmo a fazer templos. Um dos problemas principais no trabalho de Eliot, foi a tentativa de implantar entre os índios a cultura européia, como registra R. A. Tucker: A civilização do homem branco tornou-se o padrão e os índios cristãos deveriam enquadrar-se nela. Para Eliot, o cristianismo verdadeiro não mudava só o coração e a mente, mas também o estilo de vida e a cultura. Ele não podia antever uma verdadeira comunidade cristã isolada da cultura européia, e este fator pode ser considerado como a única deficiência grave de seu ministério. Lamentavelmente, gerações de missionários que o sucederam, com poucas exceções, perpetuaram a mesma ilusão1 . _______________________ 1 Ruth A. TUCKER, Até aos confins da terra. p. 91 - 22 -
  • 23. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas DAVID BRAINERD Seu ponto forte estava na VIDA PESSOAL FERVOROSA: Sua influência foi maior que o próprio trabalho realizado. Muitos outros missionários se inspirariam em seu perfil; Sua missão – pregar às tribos nômades e dispersas; _______________________ 2 Jonathan EDWARDS, A vida de David Brainerd. p. 49,50 3 http://www.primeiraipjp.com/Biografias/William_Carey.doc, p. 4 7 de abril. Minha impressão é que sou extremamente ignorante, fraco, impotente, indigno, incapaz de realizar a minha tarefa. Era como se jamais pudesse prestar qualquer serviço, como se nunca pudesse obter êxito entre os índios (...) Dia do Senhor, 17 de abril. Pela manhã, assim que acordei, senti o coração agoniado, pois ouvia muita coisa acerca do mundo e das coisas dele. Percebi que os homens, de alguma maneira, estavam receosos de mim; falei sobre santificar o domingo, pois talvez aquilo devolvesse alguma sobriedade às suas mentes; mas quando estavam a pequena distância de mim, tornaram a conversar livremente sobre assuntos mundanos. Oh, pensei, que inferno seria conviver com tais homens por toda a eternidade2 ! WILLIAM CAREY – “O Pai das missões modernas” Sua estratégia consistia na ORGANIZAÇÃO E METODOLOGIA: A nota a seguir apresenta este caráter de Carey: Carey trabalhou incansavelmente com traduções da Bíblia, algumas das quais teve que refazer. Dedicou-se à pregação e ao ensino; Dedicação – quando um incêndio destruiu seu dicionário poliglota, e várias versões da bíblia, ele começou tudo novamente; Escreveu a obra: “Uma Inquirição sobre a responsabilidade dos cristãos em usarem meios para a conversão dos pagãos”; Vida de muito sofrimento e privações à família; Como missionário na Índia, formou uma igreja Batista, com 4 convertidos (ingleses) e, em 7 anos, nem um indiano! Em 25 anos, havia cerca de 600 convertidos. Estatísticas indicam que, ainda hoje, menos de 3% da população das Índias professa a fé cristã; Tudo isto era possível porque sempre economizava o tempo, segundo se deduz do que escreveu seu biógrafo: “Desempenhava estas tarefas hérculas sem pôr em risco a saúde, aplicando-se metódica e rigorasamente ao seu programa de trabalho, ano após ano. Divertia- se, passando de uma tarefa para outra. Dizia que se perde mais tempo, trabalhando inconstante e indolentemente do que nas interrupções de visitas. Observava, portanto, a norma de entrar, sem vacilar, na obra marcada e de não deixar coisa alguma desviar a sua atenção para qualquer outra coisa durante aquele período3 ”. Foi homem de grande esforço, e que gastou sua vida na causa missionária. Contudo, seus métodos são ainda questionáveis; Não aprendeu a língua indígena, e sempre dependia do auxílio de intérpretes; Não se fixou num único ponto, mas mudou-se várias vezes, desmotivado com a falta de conversões; Ao final, alguns “avivamentos” entre os índios, um grupo de 150 convertidos, e uma igreja estabelecida. Alguns trechos do livro: “A vida de David Brainerd” indicam a maneira fervorosa com a qual se entregou ao trabalho, e suas desilusões: - 23 -
  • 24. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas Carey foi o 1° missionário a batizar um hindu convertido à fé cristã. Foi também professor de milhares de seminaristas indianos e contribuiu para a fundação de escolas e seminários teológicos. Por dados estatísticos, acredita-se que tenha traduzido a Bíblia para a terça parte do mundo; Através de sua pregação, veio a idéia de organizar a primeira sociedade missionária na história do evangelismo cristão a povos não alcançados. Pela primeira vez, as igrejas se uniam para sustentar missionários; Carey não tentou impor sua cultura. Lutou contra práticas hediondas (queima de viúvas e infanticídio) mas sempre respeitando a cultura local. ALEXANDER DUFF – “Missionário Presbiteriano” Sua estratégia consistia em ALCANÇAR CLASSES MAIS ALTAS Seu método: Ensinar artes e ciências ocidentais, em inglês, para a elite culta da Índia. Tal método, posteriormente, seria usado em várias partes do mundo; HUDSON TAYLOR – “A China para Cristo” Sua estratégia consistia em: PLANEJAMENTO SISTEMÁTICO Seu plano: alcançar a China inteira – 400.000.000 de habitantes! Seu método: Estudou medicina, e sua vida era de abnegação, a fim de adaptar-se antecipadamente para o trabalho no campo; Foi para a China, quando um cristão professo tornou-se imperador lá; Ao ajuntar-se com outros missionários ingleses, residentes em Xangai (cidade budista), Hudson notou a grande deficiência da evangelização no interior do país. Nesta época, a China estava passando por momentos tumultuosos, e Xangai havia sido tomada por rebeldes. Por isso, todos os missionários estavam nas cidades da costa, e envolvidos mais com o comércio e a política externa, do que verdadeiramente com a evangelização da nação. Hudson decidiu que haveria de trabalhar no interior da China, onde o evangelho não tinha sido levado. Assim, ele começou o seu trabalho distribuindo literatura e porções bíblicas para as vilas ao redor de Xangai. Ao estar no meio do povo, ele notou como as pessoas o olhavam diferente por causa de sua roupa ocidental. Sendo assim, ele decidiu adotar os costumes da terra, vestindo-se como um chinês, deixando seu cabelo crescer e fazendo uma trança, como os outros chineses. Este ato conquistou o respeito de muitos chineses, porém, para os missionários ocidentais, uma falta de senso. Duff começou uma escola em inglês para todos os hindus e muçulmanos. Entretanto, esta escola não era simplesmente a mesma que a maioria das escolas da India. Conceitos bíblicos adicionados a cada aula representaram o ponto de partida para o evangelismo de Alexander Duff aos hindus e aos muçulmanos. Começou com 5 alunos, e chegou a 300. Em 3 anos, 4 convertidos; o impacto destas conversões levou muitos a deixar a escola! Ao final, entre milhares de alunos, registra-se 33 conversões. Contudo, por serem de classe alta, pessoas de grande influência, o evangelho se espalharia posteriormente. É fato que Deus usou Alexander Duff para transformar muitos povos da India. Com sua escola e vida mostrou a muitos hindus e muçulmanos o caminho de Cristo. - 24 -
  • 25. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas Em sua estratégia, oferecia tratamentos médicos, e por isso foi expulso da cidade por indignação de outros profissionais da área; Em 1859, Hudson Taylor assumiu a direção da Missão Hospitalar de Londres em Ningpo. Não só Deus o prosperou, como muitos dos doentes aceitaram a Jesus e se recuperaram de suas enfermidades. Ele começou a orar por mais missionários para o país. ASHBEL GREEN SIMONTON – “Fundador da IPB” (para este tópico registramos na íntegra parte da pesquisa do Dr. Alderi S. Matos) Até certo ponto, a obra de Simonton foi bastante limitada, especialmente em razão da brevidade da sua estadia no Brasil. Descontados o período inicial em que aprendeu o idioma e a sua longa viagem aos Estados Unidos, seu trabalho efetivo entre os brasileiros estendeu-se por pouco mais de seis anos. Além disso, a morte prematura da sua esposa foi um duro golpe do qual ele nunca recuperou-se plenamente. Por outro lado, levando-se em conta essas limitações, foi notável tudo o que ele conseguiu realizar. Vale relembrar as suas principais contribuições no sentido de lançar as bases do presbiterianismo no Brasil: 1. A fundação da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro (1862), a primeira comunidade reformada de língua portuguesa a ser estabelecida no Brasil (composta de brasileiros e portugueses). 2. A criação da Imprensa Evangélica (1864), o primeiro periódico evangélico de língua portuguesa a circular no Brasil. 3. A organização do Presbitério do Rio de Janeiro (1865). O presbitério é a instituição mais característica do sistema presbiteriano de governo, visto ser o órgão que ordena os ministros e supervisiona as igrejas locais. 4. O seu interesse pela educação, materializado na criação da escola paroquial anexa à igreja do Rio de Janeiro. 5. Asua preocupação com o treinamento de uma liderança presbiteriana nacional, traduzida na instalação do Seminário do Rio de Janeiro (1867), que formou os primeiros pastores de língua portuguesa. 6. O seu espírito tolerante e aberto, expresso no relacionamento próximo que teve com colegas de outras confissões evangélicas, como o congregacional Kalley e o luterano Wagner, e mesmo com sacerdotes da religião majoritária, com os quais dialogou freqüentemente. 7. Seu interesse pela boa literatura evangélica no idioma pátrio. Além de seus editoriais e artigos na Imprensa Evangélica, escritos num português que faria inveja a muitos brasileiros, Simonton traduziu o Breve Catecismo de Westminster e outras obras, escreveu um comentário bíblico e deixou muitos sermões, alguns dos quais foram reunidos por seu cunhado Blackford e publicados nos Estados Unidos em 1868. 8. Sua visão de uma igreja que não devia isolar-se, mas inserir-se fortemente na sociedade, contribuindo decisivamente para o aperfeiçoamento ético, intelectual e espiritual dos indivíduos, das famílias e das instituições. - 25 -
  • 26. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas DONALD MCGAVRAN – Pai do “Movimento de Crescimento de Igrejas” (para este tópico, registramos, na íntegra, parte da pesquisa de Mac Dominick) Donald McGavran, formado pela Escola Teológica de Yale, foi um missionário de terceira geração que tornou-se frustrado com as poucas conversões e a falta de crescimento nas dezessete igrejas sob sua responsabilidade na Índia. 9. O desprendimento que demonstrou, deixando os confortos e a segurança da terra natal para dedicar a sua vida e esforços em benefício do povo brasileiro, continua a ser uma fonte de inspiração e motivação para os herdeiros do seu movimento. Ele determinou que somente haveria crescimento nessas igrejas se o trabalho da missão fosse conduzido de uma maneira nova e mais esclarecida. Portanto, ele se propôs a continuar a construir o ministério e ao mesmo tempo “descartar as teorias do crescimento de igrejas que não funcionavam, e aprender e praticar padrões produtivos que realmente discipulem as pessoas e façam aumentar a casa de Deus.” Ele buscou um processo de pensamento que argumentava que se existia uma metodologia para missões que produzia poucas ou nenhuma igreja, deveria haver uma metodologia para produzir muitas igrejas. Ele então passou a pesquisar diligentemente todas as avenidas disponíveis, não apenas na Índia, mas também em outros campos missionários. O plano funcionou e ele começou a ver muitas conversões e novas igrejas plantadas nas mesmas áreas que produziram resultados limitados por diversos anos. Como resultado desses sucessos, em 1955 ele escreveu o livro monumental, The Bridges of God, e posteriormente tornou-se deão emérito e professor de Missões, Crescimento de Igrejas, e Estudos do Sudeste Asiático na Escola de Missões Mundiais do Seminário Teológico Fuller, em Pasadena, na Califórnia. Os princípios de crescimento de igrejas conquistaram-lhe o título de “Pai do Movimento de Crescimento de Igrejas” por aqueles que estudaram e implementaram seus conceitos. Entretanto, um estudo dos métodos de McGavran deixa um indivíduo fundamentado na Bíblia com tantas perguntas quanto respostas. Os conceitos básicos desses métodos podem ser sumarizados pelos seguintes pontos: A base da filosofia de McGavran é o pragmatismo. O pragmatismo cristão é a filosofia que declara, “Se algo funciona, está funcionando como resultado direto das bênçãos de Deus”. Entretanto, o pragmatismo não tem absolutamente lugar algum na análise do sucesso ou fracasso de um ministério. O princípio orientador de qualquer trabalho cristão deve iniciar com a pergunta: Este trabalho se alinha com os ensinos da Palavra de Deus em seus conceitos, métodos, implementação e resultados? O perigo de qualquer abordagem pragmática ao ministério é atrair princípios seculares ou até ocultistas que resultem no alcance dos objetivos e propósitos pré-determinados. Se a pessoa for totalmente pragmática, os fins sempre justificarão os meios se eles produzirem os resultados desejados - e esse conceito claramente não tem base bíblica. Em segundo lugar, uma abordagem pragmática ao ministério implica que se um ministério está lutando para crescer, deve haver uma falha em operar de acordo com a vontade de Deus. Essa implicação não considera o fato que Deus somente requer uma coisa de seus ministros: a fidelidade. Deus requer fidelidade absoluta à Sua Palavra e, portanto, qualquer metodologia que se desvie do plano prescrito de Deus, conforme revelado em Sua Palavra, não é de Sua vontade - independente do sucesso que possa aparentar na superfície. McGavran concluiu que multidões não estavam vindo a Deus por que os missionários ocidentais estavam pregando um evangelho individualista. Neste ponto, Donald McGavran se aventurou a patinar sobre uma camada muito fina de gelo. O fato da matéria é que toda a - 26 -
  • 27. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas doutrina do Novo Testamento ensina um evangelho individualista. O evangelho de Jesus Cristo são as boas novas da morte, sepultamento e ressurreição de um homem - o Deus na forma de homem - que habilitou a extensão do dom gratuito da salvação a todo indivíduo - uma pessoa de cada vez. McGavran insistia que esse evangelho era uma afronta às leis sociais que governam toda a humanidade, e então propôs um “processo de conversão multi-individual e mutualmente interdependente por meio do qual famílias... clãs, vilas e tribos se tornariam cristãs ao mesmo tempo.” O conceito de “pensamento de grupo” envolvido por tal filosofia já foi tratado anteriormente neste manuscrito. Os exemplos citados incluem o “aprendizado cooperativo” como um conceito na Educação Pragmática e a facilitação dos relacionamentos com os sem-igreja. Esses métodos foram discutidos para expor as ameaças dialéticas apresentadas pela infusão das estratégias de “pensamento de grupo” na igreja. Além disso, os fatos ditam que as filosofias de pensamento de grupo têm sua origem no ocultismo. Se alguém tem qualquer dúvida sobre isso, deve tomar nota da seguinte citação da Boa Vontade Mundial, uma divisão da Lucis Trust (anteriormente chamada de Lucifer Publishing Company): “O terceiro objetivo é o crescimento da idéia de grupo com uma conseqüente ênfase geral sobre o bem do grupo, a compreensão do grupo, a inter-relação no grupo, e a boa vontade do grupo. O poder que o Novo Grupo dos Servos Mundiais eventualmente terá, será obtido de duas fontes: primeira, daquele centro ou governo mundial subjetivo.... Essas são as pessoas que estão construindo a nova ordem mundial. Todas estão definitivamente servindo à humanidade, e estão por meio do poder de suas respostas à maré de oportunidade e note, emergindo de toda classe, grupo, igreja, partido, raça e nação... elas envolvem todas as religiões, todas as ciências e filosofias. Suas características são: síntese, inclusividade, intelectualidade e excelente desenvolvimento mental... ... Por trás dessa divisão em quatro partes da humanidade estão aqueles Iluminados, cujo direito e privilégio é zelar pela evolução humana e guiar os destinos da humanidade. No ocidente chamamos-os de Cristo e Seus discípulos. Nas teologias do oriente eles são chamados por muitos nomes. Também são conhecidos como os Agentes de Deus, ou a Hierarquia das almas liberadas que buscam incessantemente oferecer assistência e ajuda à humanidade. Eles fazem isso por meio da implantação de idéias nas mentes dos pensadores do mundo...” Essa citação deve fazer gelar o sangue de qualquer filho de Deus. Essa é a própria filosofia do inferno, e aderir a qualquer parte dessa filosofia deve levantar inúmeras bandeiras vermelhas.Além disso, quando a metodologia de qualquer ministério baseia sua filosofia principal nesses conceitos, o cristão baseado na Bíblia precisa se sentir compelido a levantar questões sobre a origem de tais filosofias. (Para evitar qualquer mal-entendido, esta não é uma acusação que o Dr. McGravan está intencionalmente envolvido ou que adere a quaisquer filosofias ocultistas. Entretanto, à medida que seus métodos são desdobrados, as similaridades são tais que geram perguntas concernentes à fonte das filosofias de todo o Movimento de Crescimento de Igrejas. McGravan desenvolveu suas filosofias infundindo as ciências do comportamento na metodologia das missões. Esse foi um erro tão grave quanto a infusão da psicologia na igreja no final dos anos 1970. McGravan sumarizou sua defesa desses métodos quando afirmou: “Os maiores obstáculos à conversão são sociais, não teológicos. Podemos esperar uma grande conversão de muçulmanos e hindus assim que os caminhos forem encontrados para eles se tornarem cristãos sem renunciarem aos seus amados, o que parece ser uma traição.” - 27 -
  • 28. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas A afirmação que os obstáculos à conversão são mais sociais do que teológicos é uma antítese direta do poder de convencimento do Espírito Santo, o poder da Palavra de Deus e uma subordinação da graça de Deus aos estratagemas do homem Além disso, a infusão das ciências sociais nas missões é similiar à aderência à evolução teísta de modo a acomodar a visão ateísta da criação da intelligentsia moderna. Apesquisa científica e a aderência ao método secular no ministério não é nada mais do que se atrelar à “sabedoria deste mundo”, e assim reduzir o evangelho de Jesus Cristo à “mensagem do status quo social”. É exatamente esse status quo que McGravan insiste que precisa ser mantido de modo a alcançar as multidões de muçulmanos ou hindus. Assumindo que os graduados em missões do Seminário Fuller estão implementando essas teorias desde 1957, esses métodos têm falhado miseravelmente - pois o Islã é atualmente a religião de mais rápido crescimento no mundo. As teorias sócio-missionárias culminaram com o desenvolvimento do Princípio da Unidade Homogênea. McGravan teorizou que “as pessoas querem se tornar cristãs sem cruzar as barreiras raciais, lingüísticas, ou de classe... e a conversão deve ocorrer com um mínimo de deslocamento social” Ele achava que as unidades homogêneas eram relativamente isoladas e impermeáveis, e a estratégia missionária deveria ser a conversão de grupo de tribos, vilas, etc. Sua estratégia então era o uso das unidades homogêneas como “mercados-alvo”, de modo a “colocar na igreja” toda a unidade com batismos em massa. Na verdade, a chave para o sucesso era visto como um “movimento popular”, e batismos solitários deveriam ser evitados. Usando-se esse método, levantes sociais e danos à dignidade do grupo seriam minimizados. Após McGravan ir para o corpo docente do Seminário Fuller, muitos alunos procuravam aplicar sua metodologia nos EUA. À medida que isso foi pesquisado, chegou-se à conclusão que os EUA são simplesmente uma vasta coleção de unidades homogêneas. Os alunos de Fuller já estavam treinados para essa abordagem intelectual ao evangelismo; e um indivíduo em particular, Win Arn, tomou o desafio com vigor suficiente para iniciar o Movimento de Crescimento de Igrejas. Novamente, entretanto, a utilização de métodos mundanos levou à perversão doutrinária. Como evidência desse fato, uma frase em um livro escrito por Arn e por McGravan diz tudo: “... Averdade que a Bíblia revela não é totalmente exemplificada em uma igreja empírica. O caminho único nunca é o que qualquer igreja faz. Seus rituais, costumes, hinos e doutrinas são todos criação do homem e imperfeitos.” A análise final do “Pai do Movimento de Crescimento de Igreja” gera questões que devem ser muito desconcertantes para qualquer cristão nascido de novo: a.. A infusão das ciências do comportamento no ministério equipara-se à subjugar o evangelho à “sabedoria do homem”. A Bíblia ensina que a sabedoria humana é loucura diante de Deus, e ... “Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?” [1 Coríntios 3:19, 1:20]; Não é, então, essa infusão uma corrupção da verdade? b.. A infusão das ciências sociais então “abre a porta para a ciência social ter um papel que nunca objetivou ter na igreja”; c.. A doutrina é reduzida ao “ritual e mero resultado da cultura popular”; d.. De modo a implementar o Princípio da Unidade Homogênea, a fé é reduzida ao menor denominador comum. (Exatamente como a Educação Orientada Para Resultados produz o “emburrecimento” do sistema público de ensino, esses princípios da Religião Orientada Para - 28 -
  • 29. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas Resultados não somente enfraquecem ou contemporizam a pureza da Palavra de Deus, mas também enfraquecem os membros da igreja devido à falta de instrução doutrinária). e.. O desenvolvimento de dinâmicas de grupo utilizadas no Princípio da Unidade Homogênea é um bloco de construção no processo dialético que é fatal para o cristianismo fundamentalista. f.. O Princípio da Unidade Homogênea não tem fundamento bíblico. g.. O evangelho torna-se a mensagem do status quo social, relativizado para pouco mais que um símbolo sociológico da aderência do grupo a Cristo, em vez de uma força transformadora na cultura.” Para este Apêndice, foram consultadas as seguintes fontes: (Acesso em 9 a 11 de julho/2006) http://johneliot.org/johneliot2.htm http://paginas.terra.com.br/educacao/histigreja/perscareymain.htm http://www.primeiraipjp.com/Biografias/William_Carey.doc http://www.hyperhistory.net/apwh/bios/b3aduff10lo.htm http://www.sepoangol.org/hudson.htm http://www.thirdmill.org/files/portuguese/17744~11_1_01_10-43 20_AM~Simonton_e_as_Bases_do_Presbiterianismo_no_Brasil.html http://solascriptura-tt.org/SeparacaoEclesiastFundament/PragIg12-GaleriaFamaIgNovoParadigma-MDominick.htm TUCKER, R. A. – “...E até aos confins da terra”. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1986. EDWARDS, J. A Vida de David Brainerd. São José dos Campos: Ed. Fiel, 1993. - 29 -
  • 30. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA AMORESE, R. M. A igreja evangélica na virada do milênio. Brasília: Comunicarte, 1994. BOBSIN, O. Desafios Urbanos à igreja. São Leopoldo: Ed. Sinodal, 1995. BURNS, B. et al. Costumes e Culturas. São Paulo: Ed. Vida Nova, 2ª edição, 1988. CAMPOS FILHO, C. M. Cidades brasileiras: Seu controle ou caos. São Paulo: Studio Nobel, 2001. CONN, Harvie, M. Teologia Contemporânea em el mundo. Grand Rapids Michigan: Subcomision Literatura Cristiana, s. d. COSTA, Herminsten M. P. Raízes da Teologia Contemporânea. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. DAYTON, Edward. R. O Desafio da Evangelização do Mundo: Uma contribuição metodológica. Venda Nova: Betânia, 1992. DOUGLAS, J. D. O Evangelista e o mundo atual. São Paulo: Vida Nova, 1986. EDWARDS, J. A Vida de David Brainerd. São José dos Campos: Ed. Fiel, 1993. GOMES, Wadislau. M. Em terras dos Brasis. Refúgio: Brasília, 1997. GREENWAY, Roger. Ide e fazei discípulos. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. HESSELGRAVE, David, J., Plantar Igrejas: Um guia para missões nacionais e trans-culturais. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1984. LLOYD JONES, D. M. Discernindo os Tempos. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1994. ________________. Os Puritanos: Suas origens e seus sucessores. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1993. MACARTHUR JR., John. F. Sociedade sem pecado. São Paulo: Cultura Cristã, 2002 MORRIS, Linus, Uma Igreja de alto impacto. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.
  • 31. Manual do Evangelista - Pr. Clodoaldo S. Caldas MOTT, John R. The pastor and modern missions. http://www.missionfrontiers.org/1995/0102/jf955.htm. Acesso em 10/06/2006. NOLL, Mark A. Momentos decisivos na História do Cristianismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2000. PADILLA, R. et al. Reino, Igreja e Missão. Goiânia: Seminário Presbiteriano Brasil Central, 1998. PADILLA, C. René, Missão Integral, São Paulo: Temática Publicações, 1992. PALEN, J. J. O mundo urbano. Rio de Janeiro: Ed. Forense Universitária, 1975. REEVES, R. D., et al – Avanzando: Estratégias modernas para el crecimento de la iglesia. Barcelona: Ed. Clie, 1988. THOMPSON, Allen J. – Como elaborar uma filosofia de ministério. In: Plantando Igrejas no Brasil: Anais da I Conferência Missionária para plantadores de igrejas, São Paulo: Cultura Cristã, 1997. TUCKER, R. A. – “...E até aos confins da terra”. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1986. VAN ENGEN, C., Povo Missionário, povo de Deus, São Paulo: Ed. Vida Nova, 1991. WARREN, R. Uma igreja com propósitos. São Paulo: Ed. Vida, 1998. - 31 -