SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 4
Descargar para leer sin conexión
A estratégia em campanha
O segundo andar de um prédio na Avenida
Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, foi o
reduto onde cerca de 20 pessoas trabalharam na
campanha de reeleição de Dilma Rousseff (PT)
em Minas Gerais. “A nossa estrutura é pequena.
A única coisa grande aqui é o espaço, porque a
gente ganhou da campanha do Pimentel. A equi-
pe dele nos cedeu esse andar, mas a nossa es-
trutura poderia funcionar num lugar bem menor”,
diz o jornalista Paulo Camargos, que trabalhou
como coordenador de comunicação da campa-
nha no Estado.
Segundo Camargos, que também atuou
como assessor de imprensa na campanha de
Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e 2006, co-
ordenar algo tão amplo, como a comunicação é
exaustivo e faz com quem ele leve trabalho para
casa. “Chego em casa, tiro os sapatos, tomo ba-
nho, ligo o computador e continuo trabalhando.
O tempo é muito curto, 24 horas por dia é muito
pouco”, conta.
A campanha de Dilma contou com um insti-
tuto que fornecia pesquisas exclusivas sobre o
desempenho da candidata no Estado. “A gente
acompanhava DataFolha e Ibope, mas a refe-
Como funcionou a estrutura de comunicação do estado
que teve grande papel na reeleição de Dilma Rousseff
Dilma venceu em sete regiões e Aécio em três no 2º turno
Fonte:folha.com
rência para nós era a pesquisa da Vox Populi”,
assegura o coordenador de comunicação, di-
zendo que os resultados auxiliavam nas deci-
ções de ações da candidata e na sua atuação
nos programas eleitorais.
“Nós tivemos pesquisas regionalizadas, para
cada uma das regiões mais importantes de Mi-
nas”, explica Paulo, dizendo que a diferença de
porcentagem entre as pesquisas dos institutos
se deve pela metodologia utilizada por cada um.
Enquanto as pesquisas Ibope e DataFolha eram
realizadas semanalmente, as da Vox eram feitas
todos os dias. “O importante era ver a curva do
gráfico, se estava estabilizado, subindo ou des-
cendo, pois ali mostrava uma tendência”, afirma.
As ações regionalizadas da campanha pare-
cem ter dado certo. No segundo turno, enquan-
to o candidato Aécio Neves (PSDB) ganhou em
Belo Horizonte e no Sul de Minas, a petista ven-
ceu no Triângulo Mineiro e em cidades médias
importantes, como Juiz de Fora, assim como na
região mais carente do Estado, o Vale do Jequi-
tinhonha. Durante a campanha, além de ações
na capital, ela visitou Contagem, Uberaba e Ri-
beirão das Neves.
A carência de material
de campanha
Uma das partes mais importantes na disputa das eleições é a distribuição de materiais de campanha.
Camargos explica como essa divisão foi feita em Minas Gerais. “O material produzido era encaminhado
para cada coordenação regional, que por sua vez, se encarregava da distribuição na sua região”, diz.
O que chama a atenção é que mesmo com
o teto de limite de gastos de 383 milhões de re-
ais para a campanha presidencial de Dilma, a
quantia não foi suficiente para comprar a quanti-
dade de material que eles julgavam necessária.
Com isso, de acordo com Camargos, a falta de
recurso fez com que o dinheiro fosse destinado
aquilo que era mais importante no momento. Ele
explica que o que definiu a distribuição de ver-
ba para cada estado foi a importância dele entre
as pretenções da candidata. “Mesmo com essa
divisão, o recurso acabou sendo pouco, né? A
gente faz uns dez milhões de folders, mas preci-
saríamos de fazer 30”, afirma.
Durante as eleições, a cobertura da imprensa sobre a Dilma não foi favorável.
De acordo com o Manchetômetro, um website da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ) de acompanhamento da cobertura midiática das eleições dos
jornais Folha de S. Paulo, O Globo e O Estado de São Paulo e do programa de
notícias Jornal Nacional, Dilma obteve mais manchetes contrárias do que todos os
outros candidatos juntos. “Felizmente o nível de influência desses meios de comu-
nicação estão caindo muito. O nível de descredito deles é tão alto que quem lê, já
sabe em quem vai votar”, afirma Camargos.
Em Minas Gerais, lidar com a imprensa também era responsabilidade de Paulo
Camargos, onde ele afirma que era bem fácil. “Eles me conhecem, tinham meus
contatos e me procuravam quando precisavam. Eu também procurava quando eu
tinha informação importante para passar. Era bem tranquilo, uma via de mão dupla
que fluia bem”, diz.
Apesar dessa proximidade com os profissionais da imprensa mineira, ele reco-
nhece que não havia estratégias para lidar com os veículos que não eram a favor
da presidente reeleita. “Não tinha como enfrentar essa imprensa grande que elegeu
a Dilma como adversária dela. A gente passava informação verdadeira, conversava
com jornalistas, mas não tinha como fazer muita coisa”, conta.
Lidando com a imprensa
Mesmo com teto de limite de gastos de 383 milhões,
não foram produzidos materiais suficientes
Utilizar uma maneira alternativa e barata para chegar às pessoas foi a solução encontrada pela campa-
nha. Com isso, a internet recebeu uma atenção especial. “A gente teve que buscar outras formas de fazer
a informação chegar à população. As redes sociais foram importantes para fazer as notícias chegarem prin-
cipalmente aos jovens”, diz Camargos. Além do site oficial dinâmico, foi reativada, ainda em 2013, a conta
na rede social Twitter que a presidente usava na campanha para as eleições de 2010, interagindo de forma
bem humorada com um perfil satírico seu que possuía na época mais de 145 mil seguidores.
A página do Facebook que existe desde 2011, mas recebia postagens esporádicas, passou a ser atu-
alizada pelo menos duas vezes ao dia com fotos da presidente durante a campanha, memes, vídeos ex-
clusivos e até criação de eventos como “#Dia26EuVotoDilma13, local: Em sua seção eleitoral”. A conta no
Instagram criada neste ano, recebeu conteúdos exclusivos da mesma forma que o Facebook.
Mas o destaque foi o site Muda Mais, que, de
acordo com o PT, foi criado pela militância em
apoio à candidatura da presidente. “A internet é
o meio mais democrático e criativo de fazer o de-
bate politico eleitoral. É o canal de comunicação
que quebrou o monólogo da grande mídia, per-
mitindo a milhares de pessoas que levantassem
suas vozes e opiniões, antes abafadas”, diz a
descrição do portal. O site compartilhava conte-
údo para blogs e redes sociais, além de atacar
adversários. A polêmica em torno da página na
internet foi tanta, que a candidata Marina Silva
(PSB) entrou com liminar, sem sucesso, no Tribu-
nal Superior Eleitoral para retirá-la do ar.
Além disso, o Muda Mais criou contas na pla-
taforma de mensagens instantâneas para smar-
tphones, WhatsApp, buscando interagir com as
pessoas. Os perfis, criados para cada região do país, compartilhavam conteúdos segmentados. “Eu ainda
não sabia em quem iria votar quando comecei a receber as informações via WhatsApp. Mas logo percebi
que o mecanismo funcionava bem: eu recebia em meu celular os conteúdos antes de serem publicados no
Twitter e Facebook”, diz Aline Coelho, estudante que solicitou obter as mensagens virtuais.
obtendo alternativas
Qual o salário de um jornalista que
trabalhou na campanha de Dilma?
A remuneração varia conforme o cargo do pro-
fissional. Um jornalista júnior recebeu cerca de
dois mil reais. Já o salário de Camargos,
como coordenador da comunicação em
Minas Gerais, foi por volta de 12
mil reais.
Jornalistas que atuaram no
comitê central, em Brasília,
chegaram a receber 20 mil
reais por seus serviços.
Alguns conteúdos que eram compartilhados via WhatsApp pelo perfil Muda Mais Sudeste
PorquetrabalharnacampanhadeDilma? Vanessa Campos era uma das jornalistas que
possuía em sua roupa o pin com a letra D perso-
nalizada que dava acesso direto a presidente. Tra-
balhando na comunicação do comitê central em
Brasília, ela conta que dividiu espaço com mais de
20 jornalistas com funções, que entre as principais
foram, criadores de conteúdo para site e redes so-
ciais, relacionamento com a imprensa e organiza-
ção de viagens e eventos.
O jornalista Carlos Eduardo Cândido explicou
como era a sua rotina de precussor de campanha.
“Quando a articulação política decide fazer algum
evento, três ou quatro dias antes vamos o local
definir o espaço, como será o palco e o creden-
ciamento da imprensa, por exemplo. Eu começo
a semana em São Paulo, vou para Belém, depois
para o Rio e agora estou em Minas Gerais, tudo
isso em menos de uma semana”, disse.
“Por conta do desafio mesmo. Eu já
trabalhei em rádio, televisão, impres-
so, assessoria de imprensa, mas nun-
ca tinha feito campanha, ainda mais
presidencial, que é uma experiência
incrível. Além disso, financeiramente
falando é muito bom. Não sei e não
me importa o que eu vou fazer depois
que a campanha acabar.”
Carlos Eduardo Cândido
Jornalista da precussoria do comitê de Brasília
“Fui convidado para trabalhar aqui
por uma série de motivos: afinidade
política, afinidade pessoal... Eu tra-
balhei nas campanhas do Lula. O
fato de me empenhar pela reeleição
da Dilma é um projeto com o qual
eu me identifico.”
Paulo Camargos
Jornalista coordenador do setor
de comunicação da campanha
em Minas Gerais

Más contenido relacionado

Destacado

Solidariedade 101121162753-phpapp01
Solidariedade 101121162753-phpapp01Solidariedade 101121162753-phpapp01
Solidariedade 101121162753-phpapp01
Lilian Gomes
 
A Lanterna Mágica - "Olhar o Templo antes da fotografia"
A Lanterna Mágica - "Olhar o Templo antes da fotografia"A Lanterna Mágica - "Olhar o Templo antes da fotografia"
A Lanterna Mágica - "Olhar o Templo antes da fotografia"
Bioquinha
 
Líquidos e mudanças de estado
Líquidos e mudanças de estadoLíquidos e mudanças de estado
Líquidos e mudanças de estado
Savyo Géssica
 
M.a.p.a aula 2 interpretação dos contratos 2012
M.a.p.a aula 2 interpretação dos contratos 2012M.a.p.a aula 2 interpretação dos contratos 2012
M.a.p.a aula 2 interpretação dos contratos 2012
PROFSANDRES
 
Technocycle Reference Letter 392016
Technocycle Reference Letter 392016Technocycle Reference Letter 392016
Technocycle Reference Letter 392016
Pattie Lutz
 
Estratégias e programas de preço / Ciclo de vida de produto / Comportamento d...
Estratégias e programas de preço / Ciclo de vida de produto / Comportamento d...Estratégias e programas de preço / Ciclo de vida de produto / Comportamento d...
Estratégias e programas de preço / Ciclo de vida de produto / Comportamento d...
Alexandre Siqueira
 

Destacado (20)

Solidariedade 101121162753-phpapp01
Solidariedade 101121162753-phpapp01Solidariedade 101121162753-phpapp01
Solidariedade 101121162753-phpapp01
 
A caminho da luz
A caminho da luzA caminho da luz
A caminho da luz
 
Augusto comte e o positivismo
Augusto comte e o positivismoAugusto comte e o positivismo
Augusto comte e o positivismo
 
Foi deus
Foi deusFoi deus
Foi deus
 
CAVALLINO Midia kit 2012
CAVALLINO Midia kit 2012 CAVALLINO Midia kit 2012
CAVALLINO Midia kit 2012
 
SITUACIÓN ACTUAL DEL MERCADO LABORAL
SITUACIÓN ACTUAL DEL MERCADO LABORAL SITUACIÓN ACTUAL DEL MERCADO LABORAL
SITUACIÓN ACTUAL DEL MERCADO LABORAL
 
Reforma ortográfica adalzira
Reforma ortográfica  adalziraReforma ortográfica  adalzira
Reforma ortográfica adalzira
 
Progressões
ProgressõesProgressões
Progressões
 
recommend letter
recommend letterrecommend letter
recommend letter
 
A Lanterna Mágica - "Olhar o Templo antes da fotografia"
A Lanterna Mágica - "Olhar o Templo antes da fotografia"A Lanterna Mágica - "Olhar o Templo antes da fotografia"
A Lanterna Mágica - "Olhar o Templo antes da fotografia"
 
Líquidos e mudanças de estado
Líquidos e mudanças de estadoLíquidos e mudanças de estado
Líquidos e mudanças de estado
 
M.a.p.a aula 2 interpretação dos contratos 2012
M.a.p.a aula 2 interpretação dos contratos 2012M.a.p.a aula 2 interpretação dos contratos 2012
M.a.p.a aula 2 interpretação dos contratos 2012
 
As 3 Principais Tendências do Marketing Digital que Não Podem ser Ignoradas e...
As 3 Principais Tendências do Marketing Digital que Não Podem ser Ignoradas e...As 3 Principais Tendências do Marketing Digital que Não Podem ser Ignoradas e...
As 3 Principais Tendências do Marketing Digital que Não Podem ser Ignoradas e...
 
UNAPEC
UNAPECUNAPEC
UNAPEC
 
O cinquecento
O  cinquecentoO  cinquecento
O cinquecento
 
Luz tema3
Luz tema3Luz tema3
Luz tema3
 
Technocycle Reference Letter 392016
Technocycle Reference Letter 392016Technocycle Reference Letter 392016
Technocycle Reference Letter 392016
 
Estratégias e programas de preço / Ciclo de vida de produto / Comportamento d...
Estratégias e programas de preço / Ciclo de vida de produto / Comportamento d...Estratégias e programas de preço / Ciclo de vida de produto / Comportamento d...
Estratégias e programas de preço / Ciclo de vida de produto / Comportamento d...
 
Impacto web
Impacto webImpacto web
Impacto web
 
Não Faça Bullying
Não Faça BullyingNão Faça Bullying
Não Faça Bullying
 

Similar a Trabalho final política

Twitter
TwitterTwitter
Twitter
Google
 
Twitter
TwitterTwitter
Twitter
Google
 
Dissertação - Marketing Político nas Redes Sociais
Dissertação - Marketing Político nas Redes SociaisDissertação - Marketing Político nas Redes Sociais
Dissertação - Marketing Político nas Redes Sociais
Lucas Reis
 
Flims planejamento estrategico
Flims planejamento estrategicoFlims planejamento estrategico
Flims planejamento estrategico
Flims Propagnd
 
Campanha eleitoral de barack obama em 2008
Campanha eleitoral de barack obama em 2008Campanha eleitoral de barack obama em 2008
Campanha eleitoral de barack obama em 2008
Bianca De Souza Gomes
 
A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012. O U...
A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012. O U...A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012. O U...
A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012. O U...
João Luiz Guedes
 

Similar a Trabalho final política (20)

A internet como comunicação política
A internet como comunicação políticaA internet como comunicação política
A internet como comunicação política
 
Projeto Politica Interativa
Projeto Politica InterativaProjeto Politica Interativa
Projeto Politica Interativa
 
Twitter
TwitterTwitter
Twitter
 
Twitter
TwitterTwitter
Twitter
 
Uso da tecnologia web nas eleições
Uso da tecnologia web nas eleiçõesUso da tecnologia web nas eleições
Uso da tecnologia web nas eleições
 
Public Affairs - Boletim Mensal | Janeiro 2018
Public Affairs - Boletim Mensal | Janeiro 2018Public Affairs - Boletim Mensal | Janeiro 2018
Public Affairs - Boletim Mensal | Janeiro 2018
 
Monitoramento de Mídias Sociais para Política e Eleições
Monitoramento de Mídias Sociais para Política e EleiçõesMonitoramento de Mídias Sociais para Política e Eleições
Monitoramento de Mídias Sociais para Política e Eleições
 
Monitoramento de Mídias Sociais para Política e Eleições: histórico, aplicaçõ...
Monitoramento de Mídias Sociais para Política e Eleições: histórico, aplicaçõ...Monitoramento de Mídias Sociais para Política e Eleições: histórico, aplicaçõ...
Monitoramento de Mídias Sociais para Política e Eleições: histórico, aplicaçõ...
 
Dissertação - Marketing Político nas Redes Sociais
Dissertação - Marketing Político nas Redes SociaisDissertação - Marketing Político nas Redes Sociais
Dissertação - Marketing Político nas Redes Sociais
 
Campanha negativa e formas de uso do Facebook nas eleições presidenciais bras...
Campanha negativa e formas de uso do Facebook nas eleições presidenciais bras...Campanha negativa e formas de uso do Facebook nas eleições presidenciais bras...
Campanha negativa e formas de uso do Facebook nas eleições presidenciais bras...
 
Combústivel Redes Sociais
Combústivel Redes SociaisCombústivel Redes Sociais
Combústivel Redes Sociais
 
Flims planejamento estrategico
Flims planejamento estrategicoFlims planejamento estrategico
Flims planejamento estrategico
 
Apresentação de dissertação de mestrado
Apresentação de dissertação de mestradoApresentação de dissertação de mestrado
Apresentação de dissertação de mestrado
 
Paulo eugenio faz primeira atividade de campanha no sindicato dos químicos co...
Paulo eugenio faz primeira atividade de campanha no sindicato dos químicos co...Paulo eugenio faz primeira atividade de campanha no sindicato dos químicos co...
Paulo eugenio faz primeira atividade de campanha no sindicato dos químicos co...
 
Campanha eleitoral de barack obama em 2008
Campanha eleitoral de barack obama em 2008Campanha eleitoral de barack obama em 2008
Campanha eleitoral de barack obama em 2008
 
Politics 2.0 - A Campanha Online de Barack Obama em 2008
Politics 2.0 - A Campanha Online de Barack Obama em 2008Politics 2.0 - A Campanha Online de Barack Obama em 2008
Politics 2.0 - A Campanha Online de Barack Obama em 2008
 
A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012. O U...
A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012. O U...A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012. O U...
A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012. O U...
 
Livro mídia digital
Livro mídia digitalLivro mídia digital
Livro mídia digital
 
A eleição do amadurecimento? A Internet como suporte para a memória
A eleição do amadurecimento? A Internet como suporte para a memóriaA eleição do amadurecimento? A Internet como suporte para a memória
A eleição do amadurecimento? A Internet como suporte para a memória
 
Curtir ou não curtir? A reação às publicações dos candidatos à presidência na...
Curtir ou não curtir? A reação às publicações dos candidatos à presidência na...Curtir ou não curtir? A reação às publicações dos candidatos à presidência na...
Curtir ou não curtir? A reação às publicações dos candidatos à presidência na...
 

Más de Grupo Escoteiro Padre Olímpio

Más de Grupo Escoteiro Padre Olímpio (15)

Circular 001 - ADIP 2016
Circular 001 - ADIP 2016Circular 001 - ADIP 2016
Circular 001 - ADIP 2016
 
Edital Jogos Ashantis - DVA 002/16
Edital Jogos Ashantis - DVA 002/16Edital Jogos Ashantis - DVA 002/16
Edital Jogos Ashantis - DVA 002/16
 
Minha cor favorita é...
Minha cor favorita é...Minha cor favorita é...
Minha cor favorita é...
 
Circular 002 - Seminário de Espiritualidade 2013
Circular 002 - Seminário de Espiritualidade 2013Circular 002 - Seminário de Espiritualidade 2013
Circular 002 - Seminário de Espiritualidade 2013
 
1º Rapisen Distrital - circular 2
1º Rapisen Distrital - circular 21º Rapisen Distrital - circular 2
1º Rapisen Distrital - circular 2
 
Seminario de Espiritualidade Distrital 2013
Seminario de Espiritualidade Distrital 2013Seminario de Espiritualidade Distrital 2013
Seminario de Espiritualidade Distrital 2013
 
Desafio sênior 2013 - Circular 001
Desafio sênior 2013 - Circular 001Desafio sênior 2013 - Circular 001
Desafio sênior 2013 - Circular 001
 
MutPio Regional MG 2012 - circular 004
MutPio Regional MG 2012 - circular 004MutPio Regional MG 2012 - circular 004
MutPio Regional MG 2012 - circular 004
 
Mut pio regional mg 2012 circular 003
Mut pio regional mg 2012   circular 003Mut pio regional mg 2012   circular 003
Mut pio regional mg 2012 circular 003
 
ADL 2012
ADL 2012ADL 2012
ADL 2012
 
MutPio Regional MG 2012 - Circular 002
MutPio Regional MG 2012 - Circular 002MutPio Regional MG 2012 - Circular 002
MutPio Regional MG 2012 - Circular 002
 
Autorização Jamboree
Autorização JamboreeAutorização Jamboree
Autorização Jamboree
 
MutPio regional MG 2012 - circular 001
MutPio regional MG 2012 - circular 001MutPio regional MG 2012 - circular 001
MutPio regional MG 2012 - circular 001
 
Desafio sênior 2012 - circular 003
Desafio sênior 2012 -  circular 003Desafio sênior 2012 -  circular 003
Desafio sênior 2012 - circular 003
 
Desafio Sênior 2012 - Circular 001
Desafio Sênior 2012 - Circular 001Desafio Sênior 2012 - Circular 001
Desafio Sênior 2012 - Circular 001
 

Trabalho final política

  • 1. A estratégia em campanha O segundo andar de um prédio na Avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, foi o reduto onde cerca de 20 pessoas trabalharam na campanha de reeleição de Dilma Rousseff (PT) em Minas Gerais. “A nossa estrutura é pequena. A única coisa grande aqui é o espaço, porque a gente ganhou da campanha do Pimentel. A equi- pe dele nos cedeu esse andar, mas a nossa es- trutura poderia funcionar num lugar bem menor”, diz o jornalista Paulo Camargos, que trabalhou como coordenador de comunicação da campa- nha no Estado. Segundo Camargos, que também atuou como assessor de imprensa na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e 2006, co- ordenar algo tão amplo, como a comunicação é exaustivo e faz com quem ele leve trabalho para casa. “Chego em casa, tiro os sapatos, tomo ba- nho, ligo o computador e continuo trabalhando. O tempo é muito curto, 24 horas por dia é muito pouco”, conta. A campanha de Dilma contou com um insti- tuto que fornecia pesquisas exclusivas sobre o desempenho da candidata no Estado. “A gente acompanhava DataFolha e Ibope, mas a refe- Como funcionou a estrutura de comunicação do estado que teve grande papel na reeleição de Dilma Rousseff Dilma venceu em sete regiões e Aécio em três no 2º turno Fonte:folha.com rência para nós era a pesquisa da Vox Populi”, assegura o coordenador de comunicação, di- zendo que os resultados auxiliavam nas deci- ções de ações da candidata e na sua atuação nos programas eleitorais. “Nós tivemos pesquisas regionalizadas, para cada uma das regiões mais importantes de Mi- nas”, explica Paulo, dizendo que a diferença de porcentagem entre as pesquisas dos institutos se deve pela metodologia utilizada por cada um. Enquanto as pesquisas Ibope e DataFolha eram realizadas semanalmente, as da Vox eram feitas todos os dias. “O importante era ver a curva do gráfico, se estava estabilizado, subindo ou des- cendo, pois ali mostrava uma tendência”, afirma. As ações regionalizadas da campanha pare- cem ter dado certo. No segundo turno, enquan- to o candidato Aécio Neves (PSDB) ganhou em Belo Horizonte e no Sul de Minas, a petista ven- ceu no Triângulo Mineiro e em cidades médias importantes, como Juiz de Fora, assim como na região mais carente do Estado, o Vale do Jequi- tinhonha. Durante a campanha, além de ações na capital, ela visitou Contagem, Uberaba e Ri- beirão das Neves.
  • 2. A carência de material de campanha Uma das partes mais importantes na disputa das eleições é a distribuição de materiais de campanha. Camargos explica como essa divisão foi feita em Minas Gerais. “O material produzido era encaminhado para cada coordenação regional, que por sua vez, se encarregava da distribuição na sua região”, diz. O que chama a atenção é que mesmo com o teto de limite de gastos de 383 milhões de re- ais para a campanha presidencial de Dilma, a quantia não foi suficiente para comprar a quanti- dade de material que eles julgavam necessária. Com isso, de acordo com Camargos, a falta de recurso fez com que o dinheiro fosse destinado aquilo que era mais importante no momento. Ele explica que o que definiu a distribuição de ver- ba para cada estado foi a importância dele entre as pretenções da candidata. “Mesmo com essa divisão, o recurso acabou sendo pouco, né? A gente faz uns dez milhões de folders, mas preci- saríamos de fazer 30”, afirma. Durante as eleições, a cobertura da imprensa sobre a Dilma não foi favorável. De acordo com o Manchetômetro, um website da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) de acompanhamento da cobertura midiática das eleições dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e O Estado de São Paulo e do programa de notícias Jornal Nacional, Dilma obteve mais manchetes contrárias do que todos os outros candidatos juntos. “Felizmente o nível de influência desses meios de comu- nicação estão caindo muito. O nível de descredito deles é tão alto que quem lê, já sabe em quem vai votar”, afirma Camargos. Em Minas Gerais, lidar com a imprensa também era responsabilidade de Paulo Camargos, onde ele afirma que era bem fácil. “Eles me conhecem, tinham meus contatos e me procuravam quando precisavam. Eu também procurava quando eu tinha informação importante para passar. Era bem tranquilo, uma via de mão dupla que fluia bem”, diz. Apesar dessa proximidade com os profissionais da imprensa mineira, ele reco- nhece que não havia estratégias para lidar com os veículos que não eram a favor da presidente reeleita. “Não tinha como enfrentar essa imprensa grande que elegeu a Dilma como adversária dela. A gente passava informação verdadeira, conversava com jornalistas, mas não tinha como fazer muita coisa”, conta. Lidando com a imprensa Mesmo com teto de limite de gastos de 383 milhões, não foram produzidos materiais suficientes
  • 3. Utilizar uma maneira alternativa e barata para chegar às pessoas foi a solução encontrada pela campa- nha. Com isso, a internet recebeu uma atenção especial. “A gente teve que buscar outras formas de fazer a informação chegar à população. As redes sociais foram importantes para fazer as notícias chegarem prin- cipalmente aos jovens”, diz Camargos. Além do site oficial dinâmico, foi reativada, ainda em 2013, a conta na rede social Twitter que a presidente usava na campanha para as eleições de 2010, interagindo de forma bem humorada com um perfil satírico seu que possuía na época mais de 145 mil seguidores. A página do Facebook que existe desde 2011, mas recebia postagens esporádicas, passou a ser atu- alizada pelo menos duas vezes ao dia com fotos da presidente durante a campanha, memes, vídeos ex- clusivos e até criação de eventos como “#Dia26EuVotoDilma13, local: Em sua seção eleitoral”. A conta no Instagram criada neste ano, recebeu conteúdos exclusivos da mesma forma que o Facebook. Mas o destaque foi o site Muda Mais, que, de acordo com o PT, foi criado pela militância em apoio à candidatura da presidente. “A internet é o meio mais democrático e criativo de fazer o de- bate politico eleitoral. É o canal de comunicação que quebrou o monólogo da grande mídia, per- mitindo a milhares de pessoas que levantassem suas vozes e opiniões, antes abafadas”, diz a descrição do portal. O site compartilhava conte- údo para blogs e redes sociais, além de atacar adversários. A polêmica em torno da página na internet foi tanta, que a candidata Marina Silva (PSB) entrou com liminar, sem sucesso, no Tribu- nal Superior Eleitoral para retirá-la do ar. Além disso, o Muda Mais criou contas na pla- taforma de mensagens instantâneas para smar- tphones, WhatsApp, buscando interagir com as pessoas. Os perfis, criados para cada região do país, compartilhavam conteúdos segmentados. “Eu ainda não sabia em quem iria votar quando comecei a receber as informações via WhatsApp. Mas logo percebi que o mecanismo funcionava bem: eu recebia em meu celular os conteúdos antes de serem publicados no Twitter e Facebook”, diz Aline Coelho, estudante que solicitou obter as mensagens virtuais. obtendo alternativas Qual o salário de um jornalista que trabalhou na campanha de Dilma? A remuneração varia conforme o cargo do pro- fissional. Um jornalista júnior recebeu cerca de dois mil reais. Já o salário de Camargos, como coordenador da comunicação em Minas Gerais, foi por volta de 12 mil reais. Jornalistas que atuaram no comitê central, em Brasília, chegaram a receber 20 mil reais por seus serviços. Alguns conteúdos que eram compartilhados via WhatsApp pelo perfil Muda Mais Sudeste
  • 4. PorquetrabalharnacampanhadeDilma? Vanessa Campos era uma das jornalistas que possuía em sua roupa o pin com a letra D perso- nalizada que dava acesso direto a presidente. Tra- balhando na comunicação do comitê central em Brasília, ela conta que dividiu espaço com mais de 20 jornalistas com funções, que entre as principais foram, criadores de conteúdo para site e redes so- ciais, relacionamento com a imprensa e organiza- ção de viagens e eventos. O jornalista Carlos Eduardo Cândido explicou como era a sua rotina de precussor de campanha. “Quando a articulação política decide fazer algum evento, três ou quatro dias antes vamos o local definir o espaço, como será o palco e o creden- ciamento da imprensa, por exemplo. Eu começo a semana em São Paulo, vou para Belém, depois para o Rio e agora estou em Minas Gerais, tudo isso em menos de uma semana”, disse. “Por conta do desafio mesmo. Eu já trabalhei em rádio, televisão, impres- so, assessoria de imprensa, mas nun- ca tinha feito campanha, ainda mais presidencial, que é uma experiência incrível. Além disso, financeiramente falando é muito bom. Não sei e não me importa o que eu vou fazer depois que a campanha acabar.” Carlos Eduardo Cândido Jornalista da precussoria do comitê de Brasília “Fui convidado para trabalhar aqui por uma série de motivos: afinidade política, afinidade pessoal... Eu tra- balhei nas campanhas do Lula. O fato de me empenhar pela reeleição da Dilma é um projeto com o qual eu me identifico.” Paulo Camargos Jornalista coordenador do setor de comunicação da campanha em Minas Gerais