SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 1
Baixar para ler offline
É do Brasil, mesmo?
Aproximadamente vinte minutos para entrar naquele estabelecimento. Ele já havia
colocado sua mochila no armário, como manda, ou melhor, “sugere” a instituição. Já havia
colocado todas suas moedas, chaves e penduricalhos de metal naquela caixinha ao lado da porta.
Mesmo assim a giratória sismava em apitar, e uma voz meiga e suave dizia: “Por favor, volte pois
detectamos excesso de metais. Qual a lógica de um estabelecimento que trabalha com dinheiro e
você não pode entrar com metal? Vil (seria uma boa investigação nessas instituições, mas é outra
história) ou não? Parou e pensou: “Essa instituição fundada em 1808, com mais de duzentos anos
não “deixa” ou desconfia dos seus clientes que sempre lhe deram ouro desde que o Brasil é Brasil.
Como diria Althusser, é mais um aparelho ideológico do Estado...continuam achando que esse povo
que está aqui não é daqui.
Ainda sem conseguir entrar, olhou para os cartazes, folders e posters, e percebeu que todos
modelos (pessoas) nestas propagandas da centenária instituição não eram nem de longe o
estereótipo físico do povo tupiniquim. Logotipo em azul com as iniciais BB, com fundo amarelo,
pessoas alvas, com cabelo também amarelo...amarelo ouro, o que tinha de mais escuro era uma
modelo num folder, alva com cabelo negro (enfim!) sorrindo com um cartão na mão escrito:
“Ourocard”. Ele também tinha um Ourocard, mas não se parecia com o modelo que estava no
folder, estaria no lugar errado? No país errado? Ou simplesmente a porta giratória estava com
“defeito” como os seguranças começaram a lhe dizer, pois percebiam seu nervosismo aumentando
com a situação. A porta só quebra para tupiniquins de pele escura? As coisas não funcionam mesmo
pra nós não é!? Ou foram feitas para não funcionar? Concluiu que nada foi feito para nós!
Então começou a matutar; Ouro, é o seu chavão, leva o nome do país onde milhares
trabalharam e morreram por ele, escravizados e supliciados...essa história “talvez”, só “talvez”
aconteça na maioria das instituições do país...é corriqueiro! Sem importância! A ideologia da elite
dominante é essa, lembrou-se de Marx e novamente Althusser: “Todas as instituições transmitem a
ideologia e o modo de vida da classe dominante atual.” O problema é que essa elite é a mesma do
Brasil escravagista e patriarcalista, e sua mentalidade ainda impera.
Pensou, deveriam corrigir uma letra no logo desta instituição, passar de BB para BS, sim
seria mais pertinente com sua propaganda e sua conduta com seus clientes tupiniquins. BS, Banco
da Suécia, tudo alvo e amarelo. Ouro...ouro...ouro! Talvez não tenham conseguido licença para abrir
filial por lá. Recordou de José Murilo de Carvalho e concluiu; “Nunca foi, ainda não é, e não
sabemos quando isso se tornará uma República...Hoje somos poucos bilontras, amanhã seremos
muitos!
Emerson Mathias – 07/08/2013. SP

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Aa metáforas de Pe. Antônio Vieira: Imaginário e Mentalidade, seu uso pelas M...
Aa metáforas de Pe. Antônio Vieira: Imaginário e Mentalidade, seu uso pelas M...Aa metáforas de Pe. Antônio Vieira: Imaginário e Mentalidade, seu uso pelas M...
Aa metáforas de Pe. Antônio Vieira: Imaginário e Mentalidade, seu uso pelas M...Emerson Mathias
 
CAPELA DE SÃO MIGUEL ARCANJO: HISTÓRIA LOCAL E ENSINO DE HISTÓRIA NA CONTEMPO...
CAPELA DE SÃO MIGUEL ARCANJO: HISTÓRIA LOCAL E ENSINO DE HISTÓRIA NA CONTEMPO...CAPELA DE SÃO MIGUEL ARCANJO: HISTÓRIA LOCAL E ENSINO DE HISTÓRIA NA CONTEMPO...
CAPELA DE SÃO MIGUEL ARCANJO: HISTÓRIA LOCAL E ENSINO DE HISTÓRIA NA CONTEMPO...Emerson Mathias
 
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.Emerson Mathias
 
A clio negra paulista atuaãção dos intelectuais (1910-1930)
A clio negra paulista   atuaãção dos intelectuais  (1910-1930)A clio negra paulista   atuaãção dos intelectuais  (1910-1930)
A clio negra paulista atuaãção dos intelectuais (1910-1930)Emerson Mathias
 
Metodologia de Ensino - Parte da av3 integrada 5º semestre - UNINOVE - Grupo:...
Metodologia de Ensino - Parte da av3 integrada 5º semestre - UNINOVE - Grupo:...Metodologia de Ensino - Parte da av3 integrada 5º semestre - UNINOVE - Grupo:...
Metodologia de Ensino - Parte da av3 integrada 5º semestre - UNINOVE - Grupo:...Emerson Mathias
 
Inequality of educational_opportunity_in_higher_education
Inequality of educational_opportunity_in_higher_educationInequality of educational_opportunity_in_higher_education
Inequality of educational_opportunity_in_higher_educationEmerson Mathias
 
Sindicalismo e associativismo dos trabalhadores em educação
Sindicalismo e associativismo dos trabalhadores em educaçãoSindicalismo e associativismo dos trabalhadores em educação
Sindicalismo e associativismo dos trabalhadores em educaçãoEmerson Mathias
 
Análise da Disciplina: América II – Filme A História Oficial - Parte da av3 i...
Análise da Disciplina: América II – Filme A História Oficial - Parte da av3 i...Análise da Disciplina: América II – Filme A História Oficial - Parte da av3 i...
Análise da Disciplina: América II – Filme A História Oficial - Parte da av3 i...Emerson Mathias
 
Chomsky e as estrategias de manipulacao
Chomsky e as estrategias de manipulacaoChomsky e as estrategias de manipulacao
Chomsky e as estrategias de manipulacaoEmerson Mathias
 
Somos monstros, niilismo na educação
Somos monstros, niilismo na educaçãoSomos monstros, niilismo na educação
Somos monstros, niilismo na educaçãoEmerson Mathias
 

Destaque (10)

Aa metáforas de Pe. Antônio Vieira: Imaginário e Mentalidade, seu uso pelas M...
Aa metáforas de Pe. Antônio Vieira: Imaginário e Mentalidade, seu uso pelas M...Aa metáforas de Pe. Antônio Vieira: Imaginário e Mentalidade, seu uso pelas M...
Aa metáforas de Pe. Antônio Vieira: Imaginário e Mentalidade, seu uso pelas M...
 
CAPELA DE SÃO MIGUEL ARCANJO: HISTÓRIA LOCAL E ENSINO DE HISTÓRIA NA CONTEMPO...
CAPELA DE SÃO MIGUEL ARCANJO: HISTÓRIA LOCAL E ENSINO DE HISTÓRIA NA CONTEMPO...CAPELA DE SÃO MIGUEL ARCANJO: HISTÓRIA LOCAL E ENSINO DE HISTÓRIA NA CONTEMPO...
CAPELA DE SÃO MIGUEL ARCANJO: HISTÓRIA LOCAL E ENSINO DE HISTÓRIA NA CONTEMPO...
 
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.
 
A clio negra paulista atuaãção dos intelectuais (1910-1930)
A clio negra paulista   atuaãção dos intelectuais  (1910-1930)A clio negra paulista   atuaãção dos intelectuais  (1910-1930)
A clio negra paulista atuaãção dos intelectuais (1910-1930)
 
Metodologia de Ensino - Parte da av3 integrada 5º semestre - UNINOVE - Grupo:...
Metodologia de Ensino - Parte da av3 integrada 5º semestre - UNINOVE - Grupo:...Metodologia de Ensino - Parte da av3 integrada 5º semestre - UNINOVE - Grupo:...
Metodologia de Ensino - Parte da av3 integrada 5º semestre - UNINOVE - Grupo:...
 
Inequality of educational_opportunity_in_higher_education
Inequality of educational_opportunity_in_higher_educationInequality of educational_opportunity_in_higher_education
Inequality of educational_opportunity_in_higher_education
 
Sindicalismo e associativismo dos trabalhadores em educação
Sindicalismo e associativismo dos trabalhadores em educaçãoSindicalismo e associativismo dos trabalhadores em educação
Sindicalismo e associativismo dos trabalhadores em educação
 
Análise da Disciplina: América II – Filme A História Oficial - Parte da av3 i...
Análise da Disciplina: América II – Filme A História Oficial - Parte da av3 i...Análise da Disciplina: América II – Filme A História Oficial - Parte da av3 i...
Análise da Disciplina: América II – Filme A História Oficial - Parte da av3 i...
 
Chomsky e as estrategias de manipulacao
Chomsky e as estrategias de manipulacaoChomsky e as estrategias de manipulacao
Chomsky e as estrategias de manipulacao
 
Somos monstros, niilismo na educação
Somos monstros, niilismo na educaçãoSomos monstros, niilismo na educação
Somos monstros, niilismo na educação
 

Semelhante a Instituição fundada em 1808 ainda vê clientes como 'estrangeiros

Tempo Presente de 02-06-2014
Tempo Presente de  02-06-2014Tempo Presente de  02-06-2014
Tempo Presente de 02-06-2014Donaldson Gomes
 
Pt gabeira e ditadura flores para os mortos
Pt gabeira e ditadura flores para os mortosPt gabeira e ditadura flores para os mortos
Pt gabeira e ditadura flores para os mortosVinicius Lima
 
Carta pessoal de Martha de Freitas Azevedo Pannunzio, criticando a vida polít...
Carta pessoal de Martha de Freitas Azevedo Pannunzio, criticando a vida polít...Carta pessoal de Martha de Freitas Azevedo Pannunzio, criticando a vida polít...
Carta pessoal de Martha de Freitas Azevedo Pannunzio, criticando a vida polít...Caetano
 
Fernando Gabeira Reflexões Política atual
Fernando Gabeira Reflexões Política atualFernando Gabeira Reflexões Política atual
Fernando Gabeira Reflexões Política atualMARYNÊS FREIXO PEREIRA
 
Realismo e naturalismo
Realismo e naturalismoRealismo e naturalismo
Realismo e naturalismoPaula Rubato
 
Pt gabeira e ditadura flores para os mortos
Pt gabeira e ditadura flores para os mortosPt gabeira e ditadura flores para os mortos
Pt gabeira e ditadura flores para os mortosMario Araujo Filho
 
Liberdade, quanta injustic_a_em_teu_nome.pps
Liberdade, quanta injustic_a_em_teu_nome.ppsLiberdade, quanta injustic_a_em_teu_nome.pps
Liberdade, quanta injustic_a_em_teu_nome.ppsguestda542bd
 

Semelhante a Instituição fundada em 1808 ainda vê clientes como 'estrangeiros (17)

Pagina 2
Pagina   2Pagina   2
Pagina 2
 
A ditadura militar
A ditadura militarA ditadura militar
A ditadura militar
 
Tempo Presente de 02-06-2014
Tempo Presente de  02-06-2014Tempo Presente de  02-06-2014
Tempo Presente de 02-06-2014
 
Pt gabeira e ditadura flores para os mortos
Pt gabeira e ditadura flores para os mortosPt gabeira e ditadura flores para os mortos
Pt gabeira e ditadura flores para os mortos
 
Carta pessoal de Martha de Freitas Azevedo Pannunzio, criticando a vida polít...
Carta pessoal de Martha de Freitas Azevedo Pannunzio, criticando a vida polít...Carta pessoal de Martha de Freitas Azevedo Pannunzio, criticando a vida polít...
Carta pessoal de Martha de Freitas Azevedo Pannunzio, criticando a vida polít...
 
Fernando gabeira e o PT!
Fernando gabeira e o PT!Fernando gabeira e o PT!
Fernando gabeira e o PT!
 
Fernando Gabeira Reflexões Política atual
Fernando Gabeira Reflexões Política atualFernando Gabeira Reflexões Política atual
Fernando Gabeira Reflexões Política atual
 
Dizjornal129
Dizjornal129Dizjornal129
Dizjornal129
 
Realismo e naturalismo
Realismo e naturalismoRealismo e naturalismo
Realismo e naturalismo
 
Pt gabeira e ditadura flores para os mortos
Pt gabeira e ditadura flores para os mortosPt gabeira e ditadura flores para os mortos
Pt gabeira e ditadura flores para os mortos
 
O mau gosto do socialismo.pdf
O mau gosto do socialismo.pdfO mau gosto do socialismo.pdf
O mau gosto do socialismo.pdf
 
A cara de veja
A cara de vejaA cara de veja
A cara de veja
 
Revista cachoeiro rc89
Revista cachoeiro rc89Revista cachoeiro rc89
Revista cachoeiro rc89
 
Liberdade, quanta injustic_a_em_teu_nome.pps
Liberdade, quanta injustic_a_em_teu_nome.ppsLiberdade, quanta injustic_a_em_teu_nome.pps
Liberdade, quanta injustic_a_em_teu_nome.pps
 
Coerência e coesão
Coerência e coesãoCoerência e coesão
Coerência e coesão
 
Diz91
Diz91Diz91
Diz91
 
Realismo
Realismo Realismo
Realismo
 

Mais de Emerson Mathias

Novembro Preto A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo
Novembro Preto  A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo Novembro Preto  A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo
Novembro Preto A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo Emerson Mathias
 
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xx
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xxA transformação político econômica do capitalismo no final do século xx
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xxEmerson Mathias
 
Cordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de HistóriaCordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de HistóriaEmerson Mathias
 
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...Emerson Mathias
 
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...Emerson Mathias
 
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...Emerson Mathias
 
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCO
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCOO SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCO
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCOEmerson Mathias
 
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...Emerson Mathias
 
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.Emerson Mathias
 
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...Emerson Mathias
 
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)Emerson Mathias
 
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasMachado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasEmerson Mathias
 
Aula Mesopotâmia e Egito
Aula Mesopotâmia e EgitoAula Mesopotâmia e Egito
Aula Mesopotâmia e EgitoEmerson Mathias
 

Mais de Emerson Mathias (16)

Novembro Preto A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo
Novembro Preto  A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo Novembro Preto  A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo
Novembro Preto A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo
 
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xx
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xxA transformação político econômica do capitalismo no final do século xx
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xx
 
Cordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de HistóriaCordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de História
 
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...
 
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...
 
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...
 
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCO
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCOO SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCO
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCO
 
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...
 
Os condenados da lepra
Os condenados da lepraOs condenados da lepra
Os condenados da lepra
 
Os condenados da lepra
Os condenados da lepraOs condenados da lepra
Os condenados da lepra
 
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.
 
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...
 
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
 
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasMachado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
 
Aula Mesopotâmia e Egito
Aula Mesopotâmia e EgitoAula Mesopotâmia e Egito
Aula Mesopotâmia e Egito
 
Como kadafi foi cruel
Como kadafi foi cruelComo kadafi foi cruel
Como kadafi foi cruel
 

Último

Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasillucasp132400
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxOsnilReis1
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSilvana Silva
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
Cultura e Literatura indígenas: uma análise do poema “O silêncio”, de Kent Ne...
Cultura e Literatura indígenas: uma análise do poema “O silêncio”, de Kent Ne...Cultura e Literatura indígenas: uma análise do poema “O silêncio”, de Kent Ne...
Cultura e Literatura indígenas: uma análise do poema “O silêncio”, de Kent Ne...ArianeLima50
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasRecurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasCasa Ciências
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 

Último (20)

CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
Cultura e Literatura indígenas: uma análise do poema “O silêncio”, de Kent Ne...
Cultura e Literatura indígenas: uma análise do poema “O silêncio”, de Kent Ne...Cultura e Literatura indígenas: uma análise do poema “O silêncio”, de Kent Ne...
Cultura e Literatura indígenas: uma análise do poema “O silêncio”, de Kent Ne...
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasRecurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 

Instituição fundada em 1808 ainda vê clientes como 'estrangeiros

  • 1. É do Brasil, mesmo? Aproximadamente vinte minutos para entrar naquele estabelecimento. Ele já havia colocado sua mochila no armário, como manda, ou melhor, “sugere” a instituição. Já havia colocado todas suas moedas, chaves e penduricalhos de metal naquela caixinha ao lado da porta. Mesmo assim a giratória sismava em apitar, e uma voz meiga e suave dizia: “Por favor, volte pois detectamos excesso de metais. Qual a lógica de um estabelecimento que trabalha com dinheiro e você não pode entrar com metal? Vil (seria uma boa investigação nessas instituições, mas é outra história) ou não? Parou e pensou: “Essa instituição fundada em 1808, com mais de duzentos anos não “deixa” ou desconfia dos seus clientes que sempre lhe deram ouro desde que o Brasil é Brasil. Como diria Althusser, é mais um aparelho ideológico do Estado...continuam achando que esse povo que está aqui não é daqui. Ainda sem conseguir entrar, olhou para os cartazes, folders e posters, e percebeu que todos modelos (pessoas) nestas propagandas da centenária instituição não eram nem de longe o estereótipo físico do povo tupiniquim. Logotipo em azul com as iniciais BB, com fundo amarelo, pessoas alvas, com cabelo também amarelo...amarelo ouro, o que tinha de mais escuro era uma modelo num folder, alva com cabelo negro (enfim!) sorrindo com um cartão na mão escrito: “Ourocard”. Ele também tinha um Ourocard, mas não se parecia com o modelo que estava no folder, estaria no lugar errado? No país errado? Ou simplesmente a porta giratória estava com “defeito” como os seguranças começaram a lhe dizer, pois percebiam seu nervosismo aumentando com a situação. A porta só quebra para tupiniquins de pele escura? As coisas não funcionam mesmo pra nós não é!? Ou foram feitas para não funcionar? Concluiu que nada foi feito para nós! Então começou a matutar; Ouro, é o seu chavão, leva o nome do país onde milhares trabalharam e morreram por ele, escravizados e supliciados...essa história “talvez”, só “talvez” aconteça na maioria das instituições do país...é corriqueiro! Sem importância! A ideologia da elite dominante é essa, lembrou-se de Marx e novamente Althusser: “Todas as instituições transmitem a ideologia e o modo de vida da classe dominante atual.” O problema é que essa elite é a mesma do Brasil escravagista e patriarcalista, e sua mentalidade ainda impera. Pensou, deveriam corrigir uma letra no logo desta instituição, passar de BB para BS, sim seria mais pertinente com sua propaganda e sua conduta com seus clientes tupiniquins. BS, Banco da Suécia, tudo alvo e amarelo. Ouro...ouro...ouro! Talvez não tenham conseguido licença para abrir filial por lá. Recordou de José Murilo de Carvalho e concluiu; “Nunca foi, ainda não é, e não sabemos quando isso se tornará uma República...Hoje somos poucos bilontras, amanhã seremos muitos! Emerson Mathias – 07/08/2013. SP