O artigo descreve a migração do Banco Pine para o Nível 2 de Governança Corporativa da BM&FBovespa, ampliando suas práticas de governança. O banco destaca-se por seu relacionamento próximo com clientes e investidores, tendo realizado a primeira captação no formato islâmico no Brasil. Sua atuação em três linhas de negócios e foco no crédito corporativo contribuem para o crescimento dos resultados.
4. PINE
AMPLIA PRÁTICAS
DE GOVERNANÇA
O Banco Pine completa este ano 15 anos de fundação com uma
trajetória de conquistas. A mais recente foi a migração do Nível 1 para
o Nível 2 de Governança Corporativa da BM&F Bovespa, o que amplia a
base potencial de acionistas do banco. Presidido por Noberto Nogueira
Pinheiro Júnior, o Pine, cuja origem remonta à criação do Banco Central
do Nordeste, foi o primeiro banco de médio porte brasileiro a abrir o
capital, sendo pioneiro na realização de operações em formato islâmico
no Brasil; também foi a primeira instituição da América Latina a ter
participação da agência multilateral alemã DEG em seu capital.
por LÚCIA REBOUÇAS
Abril 2012 REVISTA RI 33
5. GOVERNANÇA CORPORATIVA
A migração do Pine para o Nível 2 Além disso, conforme Norberto Zaiet Junior, vice-presidente
de finanças e diretor de RI do Pine, a mudança de nível traz
– que foi comemorada em evento mais valor para o banco ao mostrar a importância que dá para
as boas práticas de governança corporativa.
realizado no último dia 29 de
Para a diretora da bolsa, ao ascender ao Nível 2, o Pine deu ao
março na BM&FBovespa e contou mercado mais uma demonstração de seu compromisso com a
com a presença da diretora de transparência, a equidade e a liquidez que formam os alicer-
ces das melhores práticas de governança. Com a entrada do
relacionamento com empresas e banco, sobe para 180 o número de empresas integrantes dos
Níveis Diferenciados de Governança Corporativa da bolsa dis-
institucionais da bolsa, Cristiana tribuídas da seguinte forma: 125 no Novo Mercado, 35 no Ní-
Pereira - vai permitir que o banco vel 1 e 20 no Nível 2. Juntas elas representam 65,90% do valor
de mercado e 76,02% do volume financeiro, segundo a bolsa.
entre para o portfólio de ações
O Pine abriu o capital, em 2007, com uma oferta de ações na
dos fundos de pensão, o que não é Bovespa, o que lhe rendeu R$ 517 milhões com a venda de
permitido para empresas do Nível ações preferenciais. Hoje 26,6% do seu capital estão no mer-
cado e o banco conta com a cobertura de analistas de impor-
1 que abriram capital após 2001. tantes instituições como os bancos Santander, HSBC, Bank of
FOTO: DIVULGAÇÃO / BM&FBOVESPA
Da esquerda para a direita: GABRIELA CHISTE, CLIVE BOTELHO, NIRA BESSLER, ALEJANDRA HIDALGO, NORBERTO ZAIET e
SÉRGIO PATRÍCIO, na cerimônia de migração para o Nível 2 de Governança, ocorrido no dia 29/03/2012 na BM&FBovespa.
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6. FOTO: FLÁVIO GUARNIERI
O objetivo do Pine é ter
um relacionamento o mais
próximo possível com as
empresas clientes”. Para
preencher este requisito, Zaiet
cita como exemplo que cada
gerente de conta tem entre
10 e 12 clientes, no máximo,
que é uma média baixa para
o mercado. “Essa prática
nos permite conhecer bem o
cliente para poder oferecer os
produtos adequados, que façam
sentido para sua atividade.
NORBERTO ZAIET
America, e as corretoras Coinvalores, Ágora e Planner, revela os investidores e de realizar roadshows nos mais diversos
o diretor de RI. O banco tem como seu formador de mercado a mercados”. Este ano, já fizeram roadshows em Boston, Lon-
corretora XP Investimentos. dres, Edimburgo e Nova York e tem agendadas mais duas
visitas aos Estados Unidos.
Com atuação específica no ramo “Corporate”, composto por
empresas com faturamento anual entre R$ 500 milhões e R$ As iniciativas do banco junto aos investidores não se limitam
2,5 bilhões, a instituição se destaca por seu relacionamento di- a mercados mais tradicionais. Em 2011 visitaram três vezes
ferenciado com os clientes e pela presença marcante junto aos a Ásia e estiveram também no Oriente Médio. Na Ásia, Zaiet
investidores, afirma Zaiet. “O objetivo do Pine é ter um relacio- conta que as negociações ocorrem por meio do trade finance
namento o mais próximo possível com as empresas clientes”. (linhas de crédito à exportação) e bilaterais com bancos de Cin-
Para preencher este requisito, Zaiet cita como exemplo que gapura, Hong Kong, China, entre outros. No Oriente Médio, o
cada gerente de conta tem entre 10 e 12 clientes, no máximo, banco realizou roadshows na Arábia Saudita, Kwait, Barém,
que é uma média baixa para o mercado. “Essa prática nos per- Dubai e em Abu Dabi. “Na América Latina estudamos opera-
mite conhecer bem o cliente para poder oferecer os produtos ções com o Chile e Peru.”
adequados, que façam sentido para sua atividade”, reforça.
Segundo ele, é crescente o interesse dos asiáticos e de países
Junto aos investidores, a atuação do banco também está di- do oriente médio tanto no financiamento do comércio exter-
recionada para a busca de proximidade. “O banco está bas- no, como na participação em empresas brasileiras com boa
tante atento ao mercado e aos investidores. Procuramos par- história de crescimento. Atualmente, 40% das ações do banco
ticipar dos eventos do setor e tomamos a iniciativa de visitar negociadas na bolsa (free float) estão nas mãos de estrangei-
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7. GOVERNANÇA CORPORATIVA
FOTO: ARTHUR NOBRE
O Brasil está no radar
dos bancos islâmicos.
A grande dificuldade
é traduzir os produtos
que eles oferecem
para a linguagem do
nosso mercado. Quem
vai conversar com
eles, tem que estar
bem preparado.
ANGELA MARTINS
ros, com a maior parcela entre americanos e europeus. Mas “O Brasil está no radar dos bancos islâmicos. A grande dificul-
a tendência é de crescimento da participação de investidores dade é traduzir os produtos que eles oferecem para a lingua-
asiáticos e do Oriente Médio, aponta. gem do nosso mercado. Quem vai conversar com eles, tem
que estar bem preparado”, afirma a diretora. Conforme An-
FORMATO ISLÂMICO gela, há cinco anos seria impossível fechar uma operação no
O Pine destacou-se como o primeiro banco de controle bra- formato islâmico.
sileiro a realizar uma operação de captação de recursos no
formato islâmico. Como a religião islâmica condena o paga- Outro destaque nas operações externas do banco foi a com-
mento de juros e a operação precisa atender à Sharia, con- pra de cerca de 3% do seu capital pelo alemão DEG (Deuts-
junto de leis do mundo islâmico, nesse formato os recursos che Investitions - Und Entwicklungsgesellschaft mbH),
vêm do lucro obtido na compra e venda de ativos. A opera- membro do KfW Bankengruppe, que financia investimen-
ção, no valor de US$ 37,5 milhões, foi realizada com o Al tos em companhias privadas em países em desenvolvimen-
Rajhi Bank, da Arábia Saudita. to. Foi o primeiro investimento em ações do DEG, um dos
cinco maiores bancos da Alemanha, no Brasil. O aporte de
Segundo Angela Martins, diretora do Pine, a captação en- capital foi de R$ 43,7 milhões.
volveu contratos de commodities (no caso metais), um dos
lastros mais populares usado por bancos islâmicos para a De acordo com Zaiet, a parceira com DEG, que começou desde
concessão de empréstimos. Autora do livro “A Banca Islâmi- a realização do IPO, foi um diferencial para o banco. “Facilitou
ca” (ed. Qualitymark), Angela é uma das principais especia- operações nos setores de infraestrutura e agronegócio, que
listas nesse mercado no Brasil. Ela descobriu esse mercado precisam de prazos mais longos de financiamento. O DEG tem
quando trabalhou no banco árabe ABC. linhas de financiamento de longo prazo (quatro anos) ainda
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8. escassas no Brasil. Além disso, as operações com o banco ale-
mão são isentas de imposto de renda.”
No mercado local, o destaque de captação do banco vai para O Pine atua em três grandes
as operações privadas em letras financeiras, no valor de R$
60 milhões. Já nesse primeiro semestre a instituição realiza a linhas de negócios: crédito
primeira emissão pública no valor entre R$ 200 milhões a R$ corporativo, hedge para mitigar
300 milhões. “As mudanças no compulsório, realizadas pelo
Banco Central, propiciam a entrada mais efetiva e o desenvol- riscos dos balanços dos clientes e
vimento do mercado de letras financeiras. O que a gente quer
banco de investimentos. O crédito
é aproveitar essa oportunidade”, informou o diretor de RI.
corporativo, que inclui capital de
A busca de proximidade com os investidores e clientes permi-
tiu à instituição não só a diversificação do seu funding como
giro, trade finance, repasses do
a expansão de sua atuação com reflexos positivos em seus re- BNDES e fiança bancária, é
sultados financeiros. O banco fechou 2011 com uma carteira
de clientes composta por 650 grupos econômicos, com R$ 11
o carro chefe do banco.
bilhões de ativos totais, dos quais R$ 7 bilhões na carteira de cré-
dito, que apresentou uma elevação de 20,5% em relação a 2010.
Seu lucro líquido foi de R$ 161,5 milhões, com um retorno so-
bre o capital de 17,2%. Segundo Zaiet, para este ano o guidance NOVO MERCADO
oficial é de um retorno sobre o capital entre 17% e 20%. A entrada do Pine no Novo Mercado, o nível mais elevado de
governança corporativa da bolsa, será outro momento do Ban-
CARRO CHEFE co, de acordo com Nira Bessler, superintendente de RI. “A ca-
O Pine atua em três grandes linhas de negócios: crédito cor- beça do banco é andar passo a passo, e agora foi o momento do
porativo, hedge para mitigar riscos dos balanços dos clientes Nível 2”. Nira diz que quando avaliaram o Nível 2 viram que o
e banco de investimentos. Segundo seu vice-presidente finan- banco já estava preparado para fazer a migração. Para passar
ceiro, o crédito corporativo, que inclui capital de giro, trade para esse nível, a principal mudança que o banco fez foi dar
finance, repasses do BNDES e fiança bancária, é o carro chefe aos acionistas preferenciais o direito e voto em decisões de
do banco, respondendo por 65% de suas receitas que em 2011 algumas medidas como venda do controle, acrescenta.
atingiram R$ 485 milhões.
Em 2012 o banco também instaurou um Comitê de Auditoria.
Na carteira de hedge estão R$ 4 bilhões, pelo conceito de valor Antes tinha apenas um Conselho Fiscal. Atualmente, o comitê
Nocional (total do ativo subjacente controlado pelo derivado), é integrado por Tadeu Machado Zica, William Pereira Pinto,
sendo 60% em operações de câmbio, 30% em juros e 10% em Antonio Hermann. A instalação de comitês de auditoria é re-
commodities, com presença importante do agronegócio (açú- comendada pelo Código de Boas Práticas de Governança, do
car, soja, milho, etanol, café e algodão). Hoje, o Pine é o segun- IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa)
do maior integrante do mercado a termo de commodities da
Cetip, mercado de balcão organizado de ativos e derivativos, Uma das mais importantes práticas de governança, o Con-
de acordo com o vice-presidente financeiro. selho de Administração com conselheiros independentes e
externos, já fazia parte das práticas do banco, afirma ela. No
Em banco de investimento, a instituição oferece serviços de Conselho de Administração estão: Noberto Nogueira Pinhei-
acesso ao mercado de capitais e de renda fixa, assessoria ro, presidente do conselho; Noberto Nogueira Pinheiro Júnior,
financeira, fusões e aquisições. Zaiet destaca que em março presidente do banco, que já havia atuado como diretor de
último, o Pine foi o único advisor da empresa indiana Su- operações, financeiro e de RI do Pine; Maurizio Mauro, fun-
zlon, que produz pás eólicas. Em resumo, a empresa havia dador da Managing Partner, TTLM Gestão e Participações; o
investido em um parque eólico no Nordeste e contratou o ex-ministro da fazenda, Mailson Ferreira da Nóbrega; Antonio
banco para achar um comprador para o negócio, que resul- Hermann , sócio diretor da Aggrego Consultores; e Gustavo
tou em um M&A (sigla em inglês para fusões e aquisições) Diniz Junqueira, ex-diretor vice-presidente responsável pela
de mais de R$ 500 milhões, conta. Pine Investimentos. RI
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