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AGRONEGÓCIO




       Figura 1: Ciclo do vírus do Oeste do Nilo.




     D
              esde a introdução do vírus do Oeste do Nilo   hemisfério norte está restrita aos meses do verão
              no continente americano, em 1999, ficou       (o que concentra a ocorrência dos casos nesse pe-
              mais próximo o cenário da ocorrência da       ríodo), no Brasil é possível que ocorra transmissão
     doença no Brasil. A velocidade de expansão do nú-      durante o ano todo (condições climáticas ideais para
     mero de focos e a gravidade desta febre têm des-       o Cullex). Mais de 160 espécies de aves, domésti-
     pertado a atenção de especialistas na área de saúde.   cas e selvagens, atuam como reservatório. Entre
     Em menor intensidade, estudos sobre o impacto eco-     os hospedeiros incidentais, destaca-se o cavalo, que
     nômico nas áreas afetadas foram realizados nos úl-     desempenha o importante papel de animal sentine-
     timos anos. Os agentes do agronegócio do cavalo        la. Isto significa que o monitoramento da doença é
     no Brasil, que movimentam mais de R$ 7 bilhões         feito através da análise do soro dos eqüinos. Desta
     anualmente, devem estar atentos ao potencial dos       forma, para não comprometer este monitoramen-
     impactos da provável ocorrência do vírus em futu-      to, os cavalos não podem ser vacinados, ficando
     ro não muito distante.                                 expostos à doença e as conseqüências econômicas
         O vírus da febre do Oeste do Nilo1 é um dos        desta situação. Destaca-se que os eqüinos são afe-
     mais importantes flavivírus (gênero da família Fla-    tados pela febre do Oeste do Nilo em proporção
     viridae2) que causa danos no sistema nervoso cen-      maior que outros animais domésticos.
     tral. O ciclo do vírus está representado na Figura
     1. O vetor é o mosquito, destacando-se 14 espéci-        1
                                                                O nome deve-se ao fato do vírus ter sido isolado pela primeira vez, em 1937,
                                                                na região do Oeste do Nilo em Uganda.
     es dos culicídos (principalmente a Cullex pipiens3).     2
                                                                Desta família também fazem parte os vírus da hepatite C, da febre amarela,
     Isto é um agravante para o risco da doença no Bra-         da encefalite japonesa, o vírus de St. Louis e o vírus da dengue.
                                                              3
                                                                Em um segundo ciclo, envolvendo pássaros locais, mosquitos do gênero
     sil, pois enquanto a ocorrência de mosquitos no            Aedes atuam como vetores.
Até o final do século passado, a febre o Oeste
                                                                                                Quadro 1: Detecções recentes do vírus do Oeste do Nilo,
do Nilo era considerada como uma doença do Ve-                                                                  países selecionados.
lho Mundo. A ocorrência de focos da doença este-
ve praticamente restrita à região do norte da Áfri-                                                             Número total de
                                                                                       Pais        Primeira     animais no foco                           Comentários
ca, Oriente Médio e costa Mediterrânea da Euro-                                                    detecção
pa6. Aparentemente, a epidemiologia se alterou após                                                            susceptíveis casos
1990, com elevação da freqüência e gravidade dos                                                                                             O cavalo foi sacrificado. A aldeia afeta-
surtos. Em 1999 surgiram as primeiras notificações                                                                                           da é uma importante área de habitat de
de casos na América, em Nova Iorque e seus arre-                                      Belize      31/10/2003        4                1       aves migratórias e corresponde a uma
dores7. Em 2000, doze estados norte-americanos já                                                                                            comunidade em que cada família tem
                                                                                                                                             um cavalo.
acusavam casos da doença. Em 2001, o vírus esta-
va presente em 28 estados daquele país, no Canadá                                                                                            Os animais afetados eram cavalos bem
e nas Ilhas Caimã. Em 2005 foram identificados                                         Omã        19/06/2003      240               19       cuidados em muito bons estábulos
cavalos com anticorpos antivírus da febre do Oes-                                                                                            com assistência veterinária especial.
te do Nilo na Colômbia e em 2006 a doença está                                                                                               Os focos ocorreram em municípios
                                                                                     Marrocos 18/09/2003           n.i.              8
presente na Argentina. O Quadro 1 apresenta al-                                                                                              rurais.
guns países onde a detecção da doença ocorreu re-
                                                                                                                                             A população amostrada foi de 210 ani-
centemente. Não foram, ainda, registrados casos
                                                                                       Cuba       16/02/2005       37                5       mais. Os casos positivos foram ani-




                                                                                                                                                                                                                                              FONTE: BRASIL - MINISTÉRIO DA SAÚDE, INFORME SANITÁRIO SEMANAL.
no Brasil. O forte crescimento dos casos ocorridos                                                                                           mais de trabalho e de raça mestiça.
nos Estados Unidos (Figura 2) e suas conseqüên-
cias (Tabela 1), destacam a importância de reco-                                                                                             A febre do Oeste do Nilo foi diagnosti-
                                                                                                                                             cada pela primeira vez, em Israel, em
nhecer o potencial da doença e a necessidade de                                                                                              1997 (em aves migratórias e em cria-
elaborar estratégias fortes para enfrentar a febre do                                  Israel     11/08/2005       n.i              n.i.
                                                                                                                                             ções de gansos). Novos focos (em
Oeste do Nilo, pois parece inevitável sua chegada                                                                                            aves) ocorreram em 1998, 1999 e
ao Brasil (embora sem possibilidade de estimar quan-                                                                                         2000.
do ocorrerá).                                                                                                                                Animais de pólo no hipódromo de San
    O impacto econômico pode ser dividido em cus-                                    Argentina 04/02/2006          15                1
                                                                                                                                             Isidro.
tos diretos e indiretos. Os custos diretos são repre-
                                                                                     n.i. = não informado
sentados pelas perdas de animais, redução do preço
médio dos eqüinos e custos na prevenção e no tra-
tamento dos animais infectados. Os custos indire-
tos referem-se aos impactos nas atividades relacio-
nadas com a criação de eqüinos, como na pecuária


                                                                                                                                                                                     FONTE: USDA ANIMAL AND PLANT HEALTH INSPECTION SERVICE
bovina, onde o cavalo desempenha importante pa-
pel na lida. Setores que atualmente apresentam cres-
cimento, como turismo rural, sofreriam retração.
Isto sem falar no potencial e grave impacto caso a
doença ocorra também em humanos. Os impactos
econômicos podem ser sintetizados conforme Fi-
                                                                                                                          * Até 10 de outubro de 2006.
gura 3.
    A análise dos impactos da doença foi realizada                                               Figura 2: Estados Unidos - número de casos de febre
para algumas regiões dos Estados Unidos onde                                                          do Oeste do Nilo em eqüinos, 1999 a 2006.
ocorreram focos da doença. Nestes estudos, fo-
ram considerados os custos com o tratamento da                                      milhão, sendo necessários US$ 2,75 milhões adici-
doença e o custo decorrente da não utilização dos                                   onais para medidas preventivas, como vacinação
animais em atividades produtivas durante os perío-                                  de parte do plantel. Adicionalmente, foram estima-
dos de doença e de recuperação. O impacto econô-                                    dos os custos médios para o tratamento de cada
mico nos estados do Colorado e de Nebraska, no                                      animal infectado: US$ 200 nos casos sem gravida-
ano de 2002, foi estimado em mais de US$ 1,25                                       de, US$ 400 nos casos de gravidade moderada e
                                                                                    US$ 250 nos casos graves. O valor mais baixo dos
  6
      Apesar desta concentração geográfica, importantes epidemias ocorreram
      também em outras regiões, como na África do Sul (1974, a maior registrada).
                                                                                    casos mais severos deve-se ao fato de muitos eqüi-
  7
      Não se sabe ao certo como a doença foi introduzida na América, mas há         nos, nesta situação, serem sacrificados antes de
      fortes indícios que os primeiros casos ocorreram com vírus originários de
      Israel.                                                                       incorrerem em maiores gastos. No Texas, onde há
AGRONEGÓCIO


                              Tabela 1: Estados Unidos - Casos de incidência do vírus da febre
                                                                                                                                    cio internacional de virologistas, ornitólogos e en-
                                         do Oeste do Nilo em humanos, 1999 a 2006.                                                  tomologistas do Brasil, Venezuela, Porto Rico e Es-
                                                                                                                                    tados Unidos para rastreamento do vírus. A Agên-
                                      Neuro                             Total de       Mortalidade                                  cia Nacional de Vigilância Sanitária recomendou, em
                            Ano                  Febres       Outros
                                    Invasivas                            Casos     Pessoas   Percentual                             2000, (i) a adoção de medidas para detecção do
                            1999        59            3          0        62          7        11,29%
                                                                                                                                    vírus, tais como alertas às Secretarias Estaduais e
                                                                                                                                    Municipais de Saúde para notificar o Centro Nacio-
                            2000        19            2          0        21          2         9,52%                               nal de Epidemiologia a ocorrência anormal de mor-
                            2001        64            2          0        66          9        13,64%                               tes de aves; (ii) intensificar a vigilância da popula-
                                                                                                                                    ção de mosquitos; (iii) comunicação à vigilância
                            2002       2.946         1.160      50       4.156       284        6,83%
                                                                                                                                    epidemiológica local de qualquer ocorrência clinica
                            2003       2.860         6.830      166      9.856       264        2,68%                               compatível com encefalite em viajantes internacio-
                            2004       1.142         1.269      128      2.539       100        3,94%
                                                                                                                                    nais; e, (iv) intensificação da vigilância de casos
FONTE: HTTP://WWW.CDC.GOV




                                                                                                                                    suspeitos.
                            2005       1.294         1.607      99       3.000       119        3,97%                                   A Portaria Interministerial nº 2.033 de 31 de
                            2006*      1.199         2.145      154      3.498       108        3,09%                               outubro de 2002 criou o Comitê Executivo para
                                                                                                                                    implantar e coordenar o Sistema de Vigilância da
                            * Até outubro de 2006.
                                                                                                                                    Febre do Oeste do Nilo. O Comitê é composto por
                                                                                                                                    membros da Fundação Nacional de Saúde (FUNA-
                                                                                                                                    SA); Secretaria de Defesa Agropecuária do Minis-
                                                                                                                                    tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ins-
                                                                                                                                    tituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
                                                                                                                                    Renováveis (IBAMA); e, Sociedade dos Zoológi-
                                                                                                                                    cos do Brasil. Desde então diversas atividades rela-
                                                                                                                                    cionadas a vigilância foram desenvolvidas. Foram
                                                                                                                                    realizados inquéritos sorológicos para detecção do
                                                                                                                                    vírus do Oeste do Nilo em parques nacionais com
                                                                                                                                    forte ocorrência de aves migratórias: Lagoa dos
                                                                                                        FONTE: OTTE ET AL. (2004)




                                                                                                                                    Peixes (RS) Galinhos (RN); Coroa do Avião (PE) e
                                                                                                                                    Andorinhas (AM). Deve-se destacar também que
                                                                                                                                    em 2003 foi inaugurado o primeiro laboratório, no
                                                                                                                                    Brasil, preparado para manipulação de vírus de alta
                                    Figura 3: Tipos de impactos econômicos resultantes                                              periculosidade, no Instituto de Ciências Biomédi-
                                                 de surtos de doença animal.                                                        cas da Universidade de São Paulo.
                                                                                                                                        Observa-se que, apesar de boas medidas de vi-
                                                                                                                                    gilância já estarem sendo desenvolvidas, é neces-
                                                     mais de um milhão de cavalos, foi estimado o im-                               sário contar com maior quantidade de meios de di-
                                                     pacto econômico da doença nos anos de 2002 e de                                agnostico e reforçar as estratégias de controle. O
                                                     2003: US$ 9,1 milhões e US$ 7,5 milhões respecti-                              impacto no agronegócio será importante e todos
                                                     vamente. Observa-se que os estudos realizados re-                              agentes ligados ao cavalo devem estar atentos e
                                                     ferem-se ao impacto limitado à criação do cavalo,                              preparados para enfrentar o cenário com a presen-
                                                     não considerando o efeito sobre todo agronegócio                               ça da doença no Brasil, agravado na eqüinocultura
                                                     (por exemplo, o impacto no setor de ferrageamen-                               pelo papel de animal sentinela do cavalo, o que re-
                                                     to e de selaria, entre outros). No caso do Brasil,                             duz a possibilidade de medidas preventivas, como
                                                     além do impacto de dezenas de milhões de reais                                 a vacinação (é importante que os eqüinos indiquem
                                                     diretamente no agronegócio do cavalo, diversos                                 a presença do vírus para maior segurança dos hu-
                                                     outros complexos e cadeias produtivas serão afeta-                             manos).
                                                     das, como a pecuária bovina, face a importância do
                                                     trabalho do cavalo nestas atividades, que seria pre-                                      Roberto A. de Souza Lima
                                                     judicado no caso da presença da doença.                                           Professor doutor da Escola Superior de
                                                                                                                                             Agricultura “Luiz de Queiroz” da
                                                         Algumas medidas preventivas já se encontram                                 Universidade de São Paulo (ESALQ/USP)
                                                     em andamento. Em 2004, o Instituto Nacional da                                                     raslima@esalq.usp.br
                                                     Saúde dos Estados Unidos compareceu com uma                                                        Rudy Tarasantchi
                                                     verba de US$ 300 mil para a criação de um consór-                                            Graduando da ESALQ/USP

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  • 1. AGRONEGÓCIO Figura 1: Ciclo do vírus do Oeste do Nilo. D esde a introdução do vírus do Oeste do Nilo hemisfério norte está restrita aos meses do verão no continente americano, em 1999, ficou (o que concentra a ocorrência dos casos nesse pe- mais próximo o cenário da ocorrência da ríodo), no Brasil é possível que ocorra transmissão doença no Brasil. A velocidade de expansão do nú- durante o ano todo (condições climáticas ideais para mero de focos e a gravidade desta febre têm des- o Cullex). Mais de 160 espécies de aves, domésti- pertado a atenção de especialistas na área de saúde. cas e selvagens, atuam como reservatório. Entre Em menor intensidade, estudos sobre o impacto eco- os hospedeiros incidentais, destaca-se o cavalo, que nômico nas áreas afetadas foram realizados nos úl- desempenha o importante papel de animal sentine- timos anos. Os agentes do agronegócio do cavalo la. Isto significa que o monitoramento da doença é no Brasil, que movimentam mais de R$ 7 bilhões feito através da análise do soro dos eqüinos. Desta anualmente, devem estar atentos ao potencial dos forma, para não comprometer este monitoramen- impactos da provável ocorrência do vírus em futu- to, os cavalos não podem ser vacinados, ficando ro não muito distante. expostos à doença e as conseqüências econômicas O vírus da febre do Oeste do Nilo1 é um dos desta situação. Destaca-se que os eqüinos são afe- mais importantes flavivírus (gênero da família Fla- tados pela febre do Oeste do Nilo em proporção viridae2) que causa danos no sistema nervoso cen- maior que outros animais domésticos. tral. O ciclo do vírus está representado na Figura 1. O vetor é o mosquito, destacando-se 14 espéci- 1 O nome deve-se ao fato do vírus ter sido isolado pela primeira vez, em 1937, na região do Oeste do Nilo em Uganda. es dos culicídos (principalmente a Cullex pipiens3). 2 Desta família também fazem parte os vírus da hepatite C, da febre amarela, Isto é um agravante para o risco da doença no Bra- da encefalite japonesa, o vírus de St. Louis e o vírus da dengue. 3 Em um segundo ciclo, envolvendo pássaros locais, mosquitos do gênero sil, pois enquanto a ocorrência de mosquitos no Aedes atuam como vetores.
  • 2. Até o final do século passado, a febre o Oeste Quadro 1: Detecções recentes do vírus do Oeste do Nilo, do Nilo era considerada como uma doença do Ve- países selecionados. lho Mundo. A ocorrência de focos da doença este- ve praticamente restrita à região do norte da Áfri- Número total de Pais Primeira animais no foco Comentários ca, Oriente Médio e costa Mediterrânea da Euro- detecção pa6. Aparentemente, a epidemiologia se alterou após susceptíveis casos 1990, com elevação da freqüência e gravidade dos O cavalo foi sacrificado. A aldeia afeta- surtos. Em 1999 surgiram as primeiras notificações da é uma importante área de habitat de de casos na América, em Nova Iorque e seus arre- Belize 31/10/2003 4 1 aves migratórias e corresponde a uma dores7. Em 2000, doze estados norte-americanos já comunidade em que cada família tem um cavalo. acusavam casos da doença. Em 2001, o vírus esta- va presente em 28 estados daquele país, no Canadá Os animais afetados eram cavalos bem e nas Ilhas Caimã. Em 2005 foram identificados Omã 19/06/2003 240 19 cuidados em muito bons estábulos cavalos com anticorpos antivírus da febre do Oes- com assistência veterinária especial. te do Nilo na Colômbia e em 2006 a doença está Os focos ocorreram em municípios Marrocos 18/09/2003 n.i. 8 presente na Argentina. O Quadro 1 apresenta al- rurais. guns países onde a detecção da doença ocorreu re- A população amostrada foi de 210 ani- centemente. Não foram, ainda, registrados casos Cuba 16/02/2005 37 5 mais. Os casos positivos foram ani- FONTE: BRASIL - MINISTÉRIO DA SAÚDE, INFORME SANITÁRIO SEMANAL. no Brasil. O forte crescimento dos casos ocorridos mais de trabalho e de raça mestiça. nos Estados Unidos (Figura 2) e suas conseqüên- cias (Tabela 1), destacam a importância de reco- A febre do Oeste do Nilo foi diagnosti- cada pela primeira vez, em Israel, em nhecer o potencial da doença e a necessidade de 1997 (em aves migratórias e em cria- elaborar estratégias fortes para enfrentar a febre do Israel 11/08/2005 n.i n.i. ções de gansos). Novos focos (em Oeste do Nilo, pois parece inevitável sua chegada aves) ocorreram em 1998, 1999 e ao Brasil (embora sem possibilidade de estimar quan- 2000. do ocorrerá). Animais de pólo no hipódromo de San O impacto econômico pode ser dividido em cus- Argentina 04/02/2006 15 1 Isidro. tos diretos e indiretos. Os custos diretos são repre- n.i. = não informado sentados pelas perdas de animais, redução do preço médio dos eqüinos e custos na prevenção e no tra- tamento dos animais infectados. Os custos indire- tos referem-se aos impactos nas atividades relacio- nadas com a criação de eqüinos, como na pecuária FONTE: USDA ANIMAL AND PLANT HEALTH INSPECTION SERVICE bovina, onde o cavalo desempenha importante pa- pel na lida. Setores que atualmente apresentam cres- cimento, como turismo rural, sofreriam retração. Isto sem falar no potencial e grave impacto caso a doença ocorra também em humanos. Os impactos econômicos podem ser sintetizados conforme Fi- * Até 10 de outubro de 2006. gura 3. A análise dos impactos da doença foi realizada Figura 2: Estados Unidos - número de casos de febre para algumas regiões dos Estados Unidos onde do Oeste do Nilo em eqüinos, 1999 a 2006. ocorreram focos da doença. Nestes estudos, fo- ram considerados os custos com o tratamento da milhão, sendo necessários US$ 2,75 milhões adici- doença e o custo decorrente da não utilização dos onais para medidas preventivas, como vacinação animais em atividades produtivas durante os perío- de parte do plantel. Adicionalmente, foram estima- dos de doença e de recuperação. O impacto econô- dos os custos médios para o tratamento de cada mico nos estados do Colorado e de Nebraska, no animal infectado: US$ 200 nos casos sem gravida- ano de 2002, foi estimado em mais de US$ 1,25 de, US$ 400 nos casos de gravidade moderada e US$ 250 nos casos graves. O valor mais baixo dos 6 Apesar desta concentração geográfica, importantes epidemias ocorreram também em outras regiões, como na África do Sul (1974, a maior registrada). casos mais severos deve-se ao fato de muitos eqüi- 7 Não se sabe ao certo como a doença foi introduzida na América, mas há nos, nesta situação, serem sacrificados antes de fortes indícios que os primeiros casos ocorreram com vírus originários de Israel. incorrerem em maiores gastos. No Texas, onde há
  • 3. AGRONEGÓCIO Tabela 1: Estados Unidos - Casos de incidência do vírus da febre cio internacional de virologistas, ornitólogos e en- do Oeste do Nilo em humanos, 1999 a 2006. tomologistas do Brasil, Venezuela, Porto Rico e Es- tados Unidos para rastreamento do vírus. A Agên- Neuro Total de Mortalidade cia Nacional de Vigilância Sanitária recomendou, em Ano Febres Outros Invasivas Casos Pessoas Percentual 2000, (i) a adoção de medidas para detecção do 1999 59 3 0 62 7 11,29% vírus, tais como alertas às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde para notificar o Centro Nacio- 2000 19 2 0 21 2 9,52% nal de Epidemiologia a ocorrência anormal de mor- 2001 64 2 0 66 9 13,64% tes de aves; (ii) intensificar a vigilância da popula- ção de mosquitos; (iii) comunicação à vigilância 2002 2.946 1.160 50 4.156 284 6,83% epidemiológica local de qualquer ocorrência clinica 2003 2.860 6.830 166 9.856 264 2,68% compatível com encefalite em viajantes internacio- 2004 1.142 1.269 128 2.539 100 3,94% nais; e, (iv) intensificação da vigilância de casos FONTE: HTTP://WWW.CDC.GOV suspeitos. 2005 1.294 1.607 99 3.000 119 3,97% A Portaria Interministerial nº 2.033 de 31 de 2006* 1.199 2.145 154 3.498 108 3,09% outubro de 2002 criou o Comitê Executivo para implantar e coordenar o Sistema de Vigilância da * Até outubro de 2006. Febre do Oeste do Nilo. O Comitê é composto por membros da Fundação Nacional de Saúde (FUNA- SA); Secretaria de Defesa Agropecuária do Minis- tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ins- tituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA); e, Sociedade dos Zoológi- cos do Brasil. Desde então diversas atividades rela- cionadas a vigilância foram desenvolvidas. Foram realizados inquéritos sorológicos para detecção do vírus do Oeste do Nilo em parques nacionais com forte ocorrência de aves migratórias: Lagoa dos FONTE: OTTE ET AL. (2004) Peixes (RS) Galinhos (RN); Coroa do Avião (PE) e Andorinhas (AM). Deve-se destacar também que em 2003 foi inaugurado o primeiro laboratório, no Brasil, preparado para manipulação de vírus de alta Figura 3: Tipos de impactos econômicos resultantes periculosidade, no Instituto de Ciências Biomédi- de surtos de doença animal. cas da Universidade de São Paulo. Observa-se que, apesar de boas medidas de vi- gilância já estarem sendo desenvolvidas, é neces- mais de um milhão de cavalos, foi estimado o im- sário contar com maior quantidade de meios de di- pacto econômico da doença nos anos de 2002 e de agnostico e reforçar as estratégias de controle. O 2003: US$ 9,1 milhões e US$ 7,5 milhões respecti- impacto no agronegócio será importante e todos vamente. Observa-se que os estudos realizados re- agentes ligados ao cavalo devem estar atentos e ferem-se ao impacto limitado à criação do cavalo, preparados para enfrentar o cenário com a presen- não considerando o efeito sobre todo agronegócio ça da doença no Brasil, agravado na eqüinocultura (por exemplo, o impacto no setor de ferrageamen- pelo papel de animal sentinela do cavalo, o que re- to e de selaria, entre outros). No caso do Brasil, duz a possibilidade de medidas preventivas, como além do impacto de dezenas de milhões de reais a vacinação (é importante que os eqüinos indiquem diretamente no agronegócio do cavalo, diversos a presença do vírus para maior segurança dos hu- outros complexos e cadeias produtivas serão afeta- manos). das, como a pecuária bovina, face a importância do trabalho do cavalo nestas atividades, que seria pre- Roberto A. de Souza Lima judicado no caso da presença da doença. Professor doutor da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Algumas medidas preventivas já se encontram Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) em andamento. Em 2004, o Instituto Nacional da raslima@esalq.usp.br Saúde dos Estados Unidos compareceu com uma Rudy Tarasantchi verba de US$ 300 mil para a criação de um consór- Graduando da ESALQ/USP