Na edição de Setembro de 2010 do Relatório Mensal de Economia, o destaque vai para as contas nacionais relativas ao segundo trimestre de 2010, onde se realça, pela positiva, o bom comportamento das exportações e, pela negativa, o pior desempenho do investimento.
No que respeita à execução orçamental, os números mostram que a despesa primária está a aumentar bastante acima do previsto. Os preços acusam já a subida das taxas do IVA, mas há sinais de que este impacto foi parcialmente absorvido pelo lado da oferta.
3. FICHA TÉCNICA
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DESTAQUE
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Edifício de Serviços ECONOMIA INTERNACIONAL
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1. União Europeia / Zona do Euro
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2. Estados Unidos da América
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4. Mercados e Organizações Internacionais
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ECONOMIA NACIONAL
É autorizada a reprodução dos 1. Envolvente Política, Social e Económica
trabalhos publicados, desde
que .............................................................................. 27
citada a fonte e informada
a direcção da revista.
2. Economia Monetária e Financeira
.............................................................................. 40
3. Economia Real
.............................................................................. 43
1
4. DESTAQUE
Economia Internacional
O Conselho Ecofin acordou no início de Setembro em novos procedimentos,
seguindo um novo calendário – o semestre europeu – para a implementação do
Pacto de Estabilidade e Crescimento. (pág. 5)
O Conselho e o Parlamento Europeu chegaram a acordo sobre as grandes linhas da
reforma do quadro europeu de supervisão do sistema financeiro. (pág. 5)
(…) o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que irá prolongar, pelo menos até ao
final do ano, a sua política de concessão de empréstimos ilimitados a taxa fixa (…)
(pág. 6)
A Comissão Europeia publicou uma previsão intermédia para a evolução da
economia europeia que revê em alta as perspectivas para 2010 (…) (pág. 8)
(…) o último relatório de conjuntura da Reserva Federal (…) reportou um crescimento
modesto da actividade económica na generalidade dos distritos federais e sinais de
abrandamento generalizado (…) (pág. 15)
Em Julho, o euro foi a moeda em destaque devido ao anúncio, sem grandes
surpresas, dos resultados dos testes de stress aos bancos europeus, o que (…)
conduziu a uma apreciação significativa nos principais câmbios (…) (pág. 18)
Os principais índices accionistas internacionais registaram uma recuperação
significativa em Julho (…). No entanto, o movimento inverteu-se em Agosto, devido
às preocupações com a dívida soberana do sul da Europa e aos sinais de
abrandamento da retoma económica global (…) (pág. 20)
Em Julho e Agosto, os preços das matérias-primas retomaram um movimento de
subida (…) (pág. 22)
2 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
5. Economia Nacional
(…) o Primeiro-Ministro reafirmou o objectivo de reduzir o défice orçamental de 9,4%
para 7,3% do PIB em 2010 e 4,6% em 2011. (pág. 27)
Embora a despesa total do Estado esteja a crescer em linha com o orçamentado, a
despesa primária está a aumentar bastante acima do previsto (…) (pág. 29)
O Conselho de Ministros de 26 de Agosto procedeu à aprovação final do diploma que
visa simplificar o regime de acesso e de exercício de diversas actividades
económicas, no âmbito da iniciativa “Licenciamento Zero”. (pág. 33)
Em 23 de Julho, foram publicados (…) os resultados dos testes de stress para os
quatro grupos bancários portugueses envolvidos no exercício (…) (pág. 38)
As taxas de juro do mercado monetário europeu registaram uma subida significativa
em Julho (…) O movimento (…) interrompeu-se em Agosto, acabando por se registar
uma descida pouco significativa no saldo do mês (…) (pág. 40)
Em Julho, o índice PSI-20 registou uma valorização de 4,3% (…) [e] subiu de forma
pouco significativa em Agosto (0,3%) (…) (pág. 42)
As contas nacionais relativas ao segundo trimestre de 2010 (…) revelam (…) um
crescimento homólogo do PIB (1,5%). (…) de realçar, pela positiva, o bom
comportamento das exportações (…) e, pela negativa, o pior desempenho da FBCF
que viu agravada a sua queda (…) (pág.43)
O índice de produção industrial evidenciou um abrandamento homólogo significativo
em Julho (…) (pág. 48)
Em Agosto de 2010, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresentou uma taxa
de variação homóloga de 1,9% (…) (pág. 53)
O indicador de competitividade-custo para a economia portuguesa (…) manteve-
se estável entre o terceiro trimestre de 2009 e o primeiro trimestre de 2010. (pág.
54)
3
7. E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L
1. União Europeia / Zona do Euro
1.1. Envolvente
O Conselho Ecofin acordou no início de Setembro em novos procedimentos,
seguindo um novo calendário – o semestre europeu – para a implementação do
Pacto de Estabilidade e Crescimento. Assim, a partir de 2011, no mês de Março, o
Conselho Europeu identificará os principais desafios económicos e dará orientações
estratégicas para as políticas a seguir. Os Estados-membros apresentarão, em Abril,
as suas estratégias orçamentais a médio prazo, bem como os programas nacionais
de reforma em áreas como o emprego e a inclusão social. Em Junho e Julho, o
Conselho Europeu e o Conselho de Ministros da UE avaliarão estes documentos, o
que permitirá que as respectivas recomendações sejam tidas em conta na formulação
dos Orçamentos para o ano seguinte.
Actualmente, cada país submete à Comissão Europeia os seus programas de
estabilidade e crescimento em Dezembro de cada ano, o que só permite à Comissão
Europeia e Conselho de Ministros dos Vinte e Sete pronunciarem-se entre Fevereiro
e Maio, quando os Orçamentos nacionais já estão em plena execução.
O Conselho e o Parlamento Europeu chegaram a acordo sobre as grandes
linhas da reforma do quadro europeu de supervisão do sistema financeiro. Será
criado um Comité Europeu do Risco Sistémico que terá como objectivo identificar e
avaliar os potenciais riscos para a estabilidade financeira emitindo alertas e
recomendações. Ao nível da supervisão microprudencial serão criadas três
autoridades europeias, para os sectores bancário, segurador e de produtos e
mercados financeiros.
A Comissão Europeia tenciona atribuir quase 6,4 mil milhões de euros para o
investimento na investigação e na inovação. Este pacote de financiamento, o
maior de sempre, abrange toda uma série de matérias científicas, de domínios de
política pública e de sectores comerciais. As subvenções serão concedidas através
de convites à apresentação de propostas durante os próximos 14 meses, ao abrigo
do sétimo programa-quadro para a investigação e desenvolvimento tecnológico.
5
8. ECONOMIA INTERNACIONAL
No discurso do estado da União, o presidente da Comissão, Durão Barroso,
anunciou que vai apresentar nos próximos meses propostas para proibir as
vendas a descoberto (naked short selling), as políticas de prémios
injustificados e introduzir uma taxa sobre as actividades financeiras.
1.2. Política Monetária
Indicadores monetários e financeiros – zona do euro
09: III 09: IV 10: I 10: II Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10
(1) 2.50 -0.10 -0.20 0.00 -0.20 -0.20 0.00 0.10 -
Agregado Monetário M3
Taxas de Juro Mercado Monetário
- taxa overnight 0.36 0.36 0.34 0.35 0.35 0.34 0.35 0.48 0.43
- Euribor a 3 meses 0.87 0.72 0.66 0.69 0.64 0.69 0.73 0.85 0.90
Yields Obrig. Estado a 10 anos
(2) 3.69 3.67 3.54 3.14 3.40 3.00 3.03 3.01 2.48
Taxas de Juro Bancárias
- Depósitos a prazo até 1 ano 1.73 1.67 1.80 2.09 2.02 2.04 2.15 2.31 -
- Emprést. até 1 ano a empresas
(3) 3.45 3.32 3.25 3.23 3.19 3.25 3.25 3.33 -
Fonte: Banco Central Europeu; valores médios do período, em percentagem;
(1)
Taxa de variação homóloga em média móvel de três meses, em percentagem. Valores corrigidos de todas as
detenções de instrumentos negociáveis por agentes residentes fora da área do euro.
(2)
Obrigações com notação AAA.
(3)
Taxas de juro para empréstimos a taxa variável até 1 milhão de euros.
No início de Setembro, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que irá
prolongar, pelo menos até ao final do ano, a sua política de concessão de
empréstimos ilimitados a taxa fixa, cujo término estava previsto para Setembro,
admitindo implicitamente que o sistema financeiro europeu ainda não está
suficientemente restabelecido para prescindir deste apoio. Em particular, esta
notícia proporcionará bastante alívio aos bancos do sul da Europa,
nomeadamente os portugueses, particularmente dependentes desta fonte de
financiamento certa e barata, dadas às dificuldades de obtenção de crédito nos
mercados internacionais devido à crise financeira (mais concretamente devido ao
risco de dívida soberana, que se repercute depois à banca nos países atingidos).
Esta foi a principal novidade em termos de orientação de política monetária,
pois o BCE voltou a deixar as suas taxas de juro inalteradas (1%, no caso da
taxa aplicável às operações principais de refinanciamento, o mesmo valor desde 13
de Maio de 2009), considerando-as apropriadas em função das análises económica e
monetária regulares. Nestas, manteve a perspectiva de reduzidas pressões sobre
os preços e de continuação de uma retoma económica moderada (mas desigual
e talvez irregular), numa conjuntura ainda marcada pela incerteza. A análise
6 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
9. monetária confirma que as pressões inflacionistas permanecem contidas, como
sugerido pelo fraco crescimento do crédito e da moeda.
Sobre a evolução da actividade económica em particular, o BCE destacou o
forte crescimento da área do euro no segundo trimestre (subida real em cadeia
de 1% do PIB). Os dados prospectivos mais recentes apontam para uma
moderação do crescimento económico no segundo semestre, a nível europeu e
também mundial. Apesar de tudo, espera-se a continuação da retoma mundial,
favorecendo as exportações e a economia da área do euro, que será também
apoiada pela orientação monetária acomodatícia e pelas medidas para
restabelecer o funcionamento do sistema financeiro. Espera-se que estes
factores contrariem o ajustamento em curso dos balanços em vários sectores e
as perspectivas desfavoráveis para o mercado de trabalho. Estas considerações
encontram-se também reflectidas nas projecções mais recentes de especialistas do
Eurosistema (intervalo de variação do PIB de 1,4% a 1,8% em 2010 e de 0,5% a
2,3% em 2011, em termos reais).
No que se refere aos preços, os riscos apresentam um ligeiro enviesamento no
sentido ascendente relacionado sobretudo com a evolução dos preços
energéticos e das matérias-primas não energéticas.
Em termos de políticas orçamentais, o BCE voltou a defender um progresso,
tão rápido quanto possível, em termos de consolidação das contas públicas. Os
efeitos positivos sobre a confiança podem compensar a diminuição da procura
decorrente do processo de consolidação, se as estratégias de ajustamento
orçamental forem vistas como credíveis, ambiciosas e centradas na despesa.
As condições para estes efeitos positivos são particularmente propícias no actual
contexto de incerteza macroeconómica, segundo o BCE.
O BCE insistiu também na necessidade de reformas estruturais, em particular
nos países que anteriormente sofreram uma perda de competitividade ou que
registam défices orçamentais e externos elevados (como Portugal). As medidas
devem assegurar um processo de negociação salarial que permita um
ajustamento flexível e apropriado dos salários à situação do desemprego e às
perdas de competitividade. Reformas no sentido de reforçar o crescimento da
produtividade contribuiriam também para apoiar o processo de ajustamento
dessas economias.
Refira-se ainda que, a 5 de Agosto, o BCE reportou os resultados da primeira
reunião de acompanhamento do programa económico da Grécia, com
7
10. ECONOMIA INTERNACIONAL
representações do BCE, da Comissão Europeia e do FMI, concluindo-se haver
um cumprimento integral das metas e um começo promissor.
1.3. Economia Real
A Comissão Europeia publicou uma previsão intermédia para a evolução da
economia europeia que revê em alta as perspectivas para 2010 divulgadas no seu
Boletim de Primavera. Segundo estes novos dados, o PIB da zona do euro deverá
aumentar 1,7% (contra as anteriores previsões de 0,9%) e o do conjunto dos 27
Estados-membros 1,8% (0,8% nas previsões da Primavera).
Apesar disso, a CE afirma que a recuperação continua frágil e que os mercados
financeiros ainda não recuperaram dos acontecimentos mais recentes
relacionados com os problemas da dívida soberana de alguns países membros.
Considera, no entanto, que parece estar afastado o risco de uma nova recessão, mas
que a recuperação será lenta nos dois últimos trimestres do ano.
A análise da informação divulgada deixa claro que a economia alemã é o
principal impulsionador desta revisão em alta, devendo crescer 3,4% em 2010
(1,2% nas anteriores previsões). Entre outros factores, as novas previsões assentam
na recuperação da produção industrial, da evolução positiva da confiança dos
consumidores e da redução dos yields da dívida pública dos maiores Estados-
membros. A CE considera, ainda, que a inflação subjacente está sob controlo, apesar
do consumo privado se estar expandir na zona do euro, prevendo uma taxa de
inflação de 1,4% nesta área e de 1,8% no conjunto da União.
Relativamente ao comércio externo, os dados do Eurostat apontam para um
excedente da balança comercial da zona do euro de 6,7 mil milhões de euros
em Julho (primeiras estimativas) um contra um excedente de 11,9 mil milhões
de euros em igual mês de 2009 e de 2,2 mil milhões em Junho (valores não
ajustados da sazonalidade). Estes números decorrem de uma queda de 0,6% nas
exportações, entre Junho e Julho, e de 1,5% nas importações (valores ajustados da
sazonalidade).
O conjunto da União Europeia apresentou em Julho um défice de 5,7 mil milhões de
euros na balança comercial contra um excedente de 0,5 mil milhões de euros em
Julho de 2009 e um défice de 9,7 mil milhões de euros em Junho de 2010 (valores
não ajustados da sazonalidade). Entre Junho e Julho, as exportações da UE subiram
0,3% e as importações diminuíram 1,1% (valores ajustados da sazonalidade).
8 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
11. Se os valores acima forem ajustados da sazonalidade, terá ocorrido um défice de
0,173 mil milhões de euros na zona do euro e de 12,4 mil milhões de euros no
conjunto da União, evoluções positivas relativamente ao mês de Junho.
Os dados de Setembro do Eurostat indicam estabilidade no desempenho industrial,
sem variação em termos mensais entre Junho e Julho tanto na zona do euro como no
conjunto da UE. Em termos homólogos, registou-se uma subida deste indicador
(7,1% na zona do euro e 6,8% no conjunto da União), no entanto, estes números
representam uma desaceleração em Junho e Julho relativamente aos meses
anteriores.
Da análise do desempenho dos agrupamentos de bens, destacam-se, pela positiva,
os bens de capital.
Produção Industrial na zona do euro
Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun 10 Jul 10
Total da Indústria 4,3 7,7 9,4 9,9 8,3 7,1
Bens Intermédios 7,2 11,8 15,7 14,8 12,0 9,2
Energia 2,5 5,8 5,2 7,6 3,4 1.9
Bens de capital 3,1 4,8 9,1 9,0 8,7 9,2
Bens de consumo duradouro 1,0 1,5 0,2 6,6 7,8 5,3
Bens de consumo não duradouro 2,5 6,5 3,2 4,0 3,8 3.6
Fonte: Eurostat; tvh em %, valores revistos
Ao nível dos Estados-membros, e em termos homólogos, saliente-se, pela positiva,
o crescimento da produção industrial na Alemanha e na Suécia (11,4% e 15,3%,
respectivamente). Em Espanha, a produção industrial aumentou 0,5%, contra 3,1%
em Junho. Fora da zona do euro, a produção industrial do Reino Unido passou de
uma tvh de 2,9% em Junho para 2,7% no mês de Julho.
Em relação aos indicadores de procura interna final, os dados do Eurostat mostram
que o volume de negócios do comércio a retalho em Julho aumentou 0,1%, tanto na
zona do euro como no conjunto da União Europeia. Em termos homólogos,
verificaram-se aumentos de 1,1% e de 1,0%, respectivamente.
Volume de Negócios no Comércio a Retalho
Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10
União Europeia 0,1 1,7 -0,9 0,9 1,2 1,0
Zona do euro 0,4 2,0 -0,3 0,9 1,2 1,1
Fonte: Eurostat, tvh em %, valores corrigidos
9
12. ECONOMIA INTERNACIONAL
Em Agosto, a taxa de variação homóloga dos preços na zona do euro baixou
para 1,6%, menos 0,1 p.p. do que em Julho. No conjunto da União Europeia, os
preços aumentaram 2,0%, também menos 0,1 p.p. do que em Julho.
Evolução da Inflação
Taxas Taxa
tvh
médias mensal
de 12
Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10 Ago 10-09
meses Ago-10
União Europeia 2,0 1,9 2,1 2,0 1,5 0,2
Zona do euro 1,6 1,4 1,7 1,6 1,0 0,2
Fonte: Eurostat, % variação HCPI
Entre os países da zona do euro, as taxas homólogas de inflação mais baixas
verificaram-se na Irlanda (-1,2%), nos Países Baixos (1,2%, valor provisório), e na
Eslováquia (1,1%) e as mais elevadas na Grécia e em Chipre (5,6% e 3,4%,
respectivamente). Na Espanha, os preços subiram, também em termos homólogos,
1,8%. Fora da zona do euro, os preços subiram 3,1% no Reino Unido.
A inflação subjacente na zona do euro foi de 1,0% (valor provisório) idêntica à de
Julho e 0,1 p.p. superior à de Junho.
De acordo com dados do Eurostat (ajustados de sazonalidade), a taxa de
desemprego da zona do euro fixou-se em 10,0% no mês de Julho, o mesmo
valor verificado nos quatro meses anteriores. O Eurostat estima assim que 15,8
milhões de pessoas na zona do euro (mais 8 000 que em Junho e mais 0,67 milhões
que no mesmo mês de 2009) se encontrassem em situação de desemprego no mês
em destaque. Considerando o cômputo geral da UE, a taxa de desemprego manteve-
se nos 9,6%, com cerca de 23 milhões de desempregados.
Taxa de Desemprego
Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10
União Europeia 9,6 9,6 9,6 9,6 9,6 9,6
Zona do euro 9,9 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0
Fonte: Eurostat; % da população activa, ajustada de sazonalidade. Valores revistos.
Os países da zona do euro (com dados disponíveis) com taxas de desemprego mais
baixas eram, em Julho, os Países Baixos (4,4%) e a Áustria (3,8%). Por outro lado, o
país com taxa mais alta de desemprego era a Espanha (20,3%). A taxa de
desemprego desceu muito ligeiramente ou estabilizou na maioria dos países da zona
do euro.
10 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
13. Os últimos resultados fornecidos pelos inquéritos aos consumidores e às
empresas (compilados pela Comissão Europeia) apontam para uma melhoria do
clima de confiança dos agentes económicos na zona do euro e na UE nos
meses de Julho e Agosto.
Indicador de Confiança na União Europeia
Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10
Indústria -12 -9 -7 -5 -6 -4 -3
Construção -32 -29 -28 -30 -32 -31 -31
Comércio a retalho -5 -4 0 -4 -4 0 1
Serviços 0 1 4 2 4 6 5
Consumidores -13 -14 -12 -15 -15 -14 -11
Indicador do Clima 97,6 99,8 101,9 100,2 100,3 102,1 102,7
Económico (ESI)
Fonte: Comissão Europeia. Poderá ter ocorrido uma quebra de série em Maio devido à utilização de novos fornecedores
de informação.
No mês de Agosto, este indicador na zona do euro subiu ligeiramente para os 101,8
pontos (melhoria de 0,7 pontos relativamente a Julho e de 1,9 pontos relativamente a
Junho). A grande maioria dos países da União Europeia registou alterações positivas
neste indicador, com as excepções mais perceptíveis na Dinamarca, na Itália, nos
Países Baixos e Portugal.
Índice de Clima Económico (ESI) - UE e zona euro
120,0
110,0
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
Ago-07
Ago-08
Ago-09
Ago-10
Fev-07
Abr-07
Jun-07
Out-07
Nov-07
Fev-08
Abr-08
Jun-08
Out-08
Nov-08
Fev-09
Abr-09
Jun-09
Out-09
Nov-09
Fev-10
Abr-10
Jun-10
Jan-07
Jul-07
Set-07
Jan-08
Jul-08
Set-08
Jan-09
Jul-09
Set-09
Jan-10
Mar-07
Mai-07
Dez-07
Mar-08
Mai-08
Dez-08
Mar-09
Mai-09
Dez-09
Mar-10
Mai-10
Jul-10
Fonte: Comissão Europeia
Series1 Series2
11
14. ECONOMIA INTERNACIONAL
2. Estados Unidos da América
2.1. Envolvente Política, Social e Económica
Em Julho, a Administração Obama reduziu a previsão do défice orçamental no
ano fiscal de 2010 em 84 m.m.d., para 1,47 biliões de dólares (o que compara com
1,41 biliões de dólares em 2009), que constitui, mesmo assim, o maior valor já
registado, equivalendo a cerca de 10% do PIB. Estas estimativas tiveram como
base novas previsões económicas mais optimistas, de crescimento do PIB em
3,1% neste ano e 4% em 2011 (embora com uma taxa de desemprego ainda perto de
10%).
Contudo, a informação económica posterior revelou-se desfavorável, obrigando
a uma revisão em baixa das perspectivas.
No início de Agosto, a Reserva Federal manteve a sua taxa de juro de referência
inalterada num mínimo histórico (intervalo de 0 a 0,2%) e, para reforçar o apoio à
retoma económica, que abrandou a partir do segundo trimestre, suspendeu a
redução progressiva do tamanho do balanço do Banco Central. Para cumprir o
novo objectivo de manter a dimensão do balanço, e dada a redução natural da
posição financeira, os rendimentos obtidos com títulos detidos serão
reinvestidos na compra de títulos de dívida pública de longo prazo,
prosseguindo ainda a substituição dos títulos vencidos por novos. Para esta
decisão pesou a manutenção de baixos níveis de inflação e, como referido, o
menor ritmo de retoma económica, com a despesa de consumo a ser condicionada
pelos elevados níveis de desemprego, a menor riqueza imobiliária e condições de
crédito apertadas, que também penalizam o investimento. Neste, apenas a despesa
de equipamento e software está a aumentar de forma significativa, permanecendo
deprimida a actividade residencial e também a relacionada com estruturas não
residenciais.
Pouco depois, o Congresso aprovou uma ajuda de 26 mil milhões de dólares
(m.m.d.) do Governo federal aos Estados em dificuldades financeiras,
proporcionando um pequeno estímulo às respectivas economias locais.
Já no início de Setembro, o Senado aprovou um montante de 30 m.m.d. para
facilitar o acesso das pequenas empresas ao crédito concedido por bancos de
12 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
15. reduzida dimensão, que receberão uma injecção de capital. Essa participação
valerá ao Estado um dividendo de 5%, que poderá ser reduzido até 1% conforme o
alívio das condições de crédito às pequenas empresas.
No segundo trimestre, os resultados dos bancos norte-americanos recuperaram
para os níveis antes da crise financeira, mas apenas em termos agregados, pois
os pequenos bancos continuam com um elevado risco de recaída devido ao
fraco andamento da actividade económica.
No final de Agosto, o Presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, indicou
que a autoridade monetária fará tudo para assegurar a continuação da retoma
económica, pelo que continuará a avaliar os benefícios de uma expansão
monetária adicional e actuará se as perspectivas se deteriorarem
significativamente. O Presidente da Reserva Federal afiançou que a questão não é
haver opções de política monetária mas sim saber se os respectivos benefícios
ultrapassam os custos e riscos associados e, nesse balanço, uma actuação com
níveis reduzidos de inflação reduz o risco de uma espiral de preços. Bernanke
apontou quatro opções de política monetária e os riscos associados. Uma delas
é o reforço das medidas quantitativas de expansão monetária (como compras de
títulos do Tesouro), que acarreta duas dificuldades. Por um lado, é difícil avaliar com
precisão o impacto sobre as condições financeiras por falta de experiência com este
tipo de abordagem. Adicionalmente, poderá haver uma redução da confiança pública
no abandono atempado deste tipo de medidas. Uma segunda opção seria indicar
que as taxas de juro continuarão perto de zero por um período mais alargado,
mas isto acarreta a dificuldade de fazer passar as intenções do Comité de política
monetária com suficiente precisão. Uma terceira opção é reduzir a taxa de depósito
das reservas dos bancos comerciais junto da Reserva Federal de 0,25% para 0,
o que poderia encorajar a concessão de crédito mas também penalizar alguns
mercados financeiros e instituições. A quarta opção elencada passa por aumentar o
objectivo de longo prazo para a inflação, mas Bernanke afastou esta possibilidade
por ter mais custos do que benefícios, ao ameaçar a credibilidade da Reserva
Federal.
Já no início de Setembro, Bernanke defendeu que a falência do banco de
investimento Lehman Brothers, que desencadeou um agravamento acentuado
da crise financeira em 2008, não podia ter sido evitada, após uma acusação
recente a esse propósito por parte do anterior Presidente da companhia. Segundo
Bernanke, o banco Lehman Brothers não foi ajudado pelo Estado porque não era
sustentável, ao contrário da AIG, que continuava a apresentar uma parte seguradora
13
16. ECONOMIA INTERNACIONAL
forte e sustentável, posta em causa por elevadas perdas resultantes de maus
investimentos financeiros.
Entretanto, a Administração Obama anunciou que está a preparar um novo
plano de estímulo económico no valor de 180 m.m.d., propondo o
prolongamento do plano de infra-estruturas (sobretudo na componente rodoviária)
e tornar permanentes o crédito de imposto para a Investigação e
Desenvolvimento e também os cortes de impostos decididos pela anterior
Administração Bush, mas apenas para a classe média (expirando a medida para a
classe mais rica, uma questão que está a dividir o Partido Republicano).
A decisão da Administração Obama seguiu-se à forte revisão em baixa do
crescimento económico no segundo trimestre (apesar de associada a um
aumento invulgar e temporário das importações) e aos sinais de fraca actividade
nos meses de Verão, que levaram a Reserva Federal a rever desfavoravelmente
a avaliação da situação económica.
Adicionalmente, um estudo do Gabinete Orçamental do Congresso (GOC)
mostra que o programa anti-recessivo da Administração Obama está a ter um
impacto bastante significativo, o que significa que a retoma económica está
ainda muito dependente das medidas de estímulo governamental, que se
esgotarão progressivamente até final do ano. Segundo os cálculos do Gabinete, as
medidas de estímulo terão contribuído entre 1,7% e 4,5% para o aumento do PIB no
segundo trimestre. Como o crescimento económico nesse período se situou em 1,6%
(variação trimestral anualizada), após a referida revisão em baixa, o PIB norte-
americano poderá estar actualmente em contracção sem o estímulo público.
Contudo, o GOC alertou para a forte deterioração da situação fiscal se os cortes
de impostos decididos pela anterior Administração forem tornados
permanentes, como é intenção do actual Governo, prevendo um aumento de 3,2
biliões de dólares do défice ao longo da próxima década. Apesar da medida
estimular o crescimento económico e o emprego no curto prazo, a situação fiscal em
2020 tornar-se-ia muito difícil, devido ao forte crescimento do endividamento público.
2.2. Economia Real
Os dados mais recentes das contas nacionais norte-americanas, referentes às
segundas estimativas para segundo trimestre, evidenciaram um crescimento
trimestral anualizado de 1,6% (menos 0,8 p.p. que nas primeiras estimativas),
traduzindo um abrandamento significativo face ao valor de 3,7% no trimestre
14 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
17. anterior (e ainda mais comparando com a subida de 5% no último trimestre de 2009).
Apesar de tudo, os dados não foram tão desfavoráveis como parecem, pois o
crescimento do consumo privado manteve-se perto de 2%, o contributo da
FBCF para o crescimento trimestral anualizado do PIB aumentou de 0,39 para
2,12 p.p. e o abrandamento das exportações foi moderado (de 11,4% para 9,1%).
A forte desaceleração do PIB esteve associada sobretudo a factores
temporários. Por um lado, as importações aumentaram 32,4% em termos
anualizados (após uma subida 11,2% no trimestre anterior) devido à entrada
massiva de mercadorias oriundas da China, em face da alteração das tarifas de
exportação chinesas, que favoreceram a antecipação encomendas. Por outro lado,
assistiu-se a uma forte redução da variação de stocks, reduzindo o contributo
para o crescimento trimestral anualizado do PIB de 2,64 para 0,63 p.p.
No entanto, o último relatório de conjuntura da Reserva Federal (Livro Bege), já
com informação de meados de Julho até final de Agosto, reportou um
crescimento modesto da actividade económica na generalidade dos distritos
federais e sinais de abrandamento generalizado, confirmando a perda de
dinamismo. Tendo em conta o relatório, os sinais de enfraquecimento foram mais
visíveis no mercado residencial e no abrandamento da actividade industrial, que se
mantém o sector mais dinâmico. O consumiu continuou a aumentar de forma
modesta, e a actividade no sector dos serviços melhorou de forma ligeira. No que se
refere aos salários e preços dos bens finais, as subidas continuaram a ser muito
limitadas.
Com efeito, em Agosto a taxa de inflação homóloga medida pelo índice de
preços no consumidor situou-se em 1,1%, menos 0,1 p.p. que em Julho. A taxa de
inflação subjacente, que exclui a alimentação e energia, permaneceu em 0,9%
pelo quinto mês consecutivo.
A informação da actividade sectorial deu conta de um menor dinamismo na
indústria e nos serviços, e um agravamento das perdas na construção:
- o índice de produção industrial abrandou pelo segundo mês consecutivo em Agosto,
em termos homólogos (subida de 6,2%, após 7,4% e 8,2% nos dois meses
precedentes);
- em Agosto, o índice ISM não industrial recuou de forma significativa (de 54,3 para
51,5 pontos), mas mantendo-se ainda acima da referência de expansão (50 pontos),
o que evidencia uma perda de dinamismo nos serviços;
- as despesas de construção registaram uma quebra homóloga mais forte em Julho
(10,7%, após uma descida de 7,9% em Junho), mas inferior à descida homóloga de
15
18. ECONOMIA INTERNACIONAL
Janeiro a Julho, de 11,8% (variações nominais), confirmando que a tendência de
desagravamento se mantém, embora de forma menos vincada do que em meses
anteriores.
A taxa de desemprego aumentou ligeiramente em Agosto (0,1 p.p., para 9,6%),
permanecendo relativamente estável a um nível historicamente elevado. O
número de postos de trabalho do sector não agrícola voltou a registar uma quebra
pouco acentuada (54 mil postos de trabalho), com origem no sector público,
provavelmente ainda a reflectir o fim dos censos, para além das dificuldades
financeiras de alguns estados. Os ganhos de emprego no sector privado
permaneceram modestos, com a maior contribuição a vir dos serviços. O sector da
construção passou a registar um aumento do emprego, contrariando uma evolução
contrária na indústria.
No que se refere a indicadores avançados, a informação mais recente do
instituto Conference Board aponta para uma fraca expansão da actividade
económica até final do ano. Esta é a indicação do índice dos indicadores
avançados, que aumentou 0,1% em Julho após uma quebra de 0,3% em Junho. A
perspectiva não foi alterada pela informação mais recente referente ao índice de
confiança dos consumidores, que melhorou de forma modesta em Agosto, persistindo
a apreensão relativamente às condições de emprego.
3. Japão
3.1. Envolvente Política, Social e Económica
A 30 de Agosto, numa reunião não calendarizada, o Banco do Japão anunciou
uma nova facilidade de financiamento a seis meses para a banca, com vista a
apoiar a retoma económica. O montante da operação ascende a 10 biliões de
ienes, acrescendo ao valor inalterado de 20 biliões da facilidade a 3 meses. A
decisão, que ocorreu apenas 20 dias após a manutenção dos referenciais de
política monetária na habitual reunião de início de mês (com uma taxa de juro de
directora de 0,1%), foi justificada pela deterioração da situação económica nos
EUA, o principal mercado de exportação, e o máximo de 15 anos do iene face ao
dólar.
Já em Setembro, o primeiro-ministro Naoto Kan manteve-se no cargo depois de
ter sido reeleito Presidente do Partido Democrático do Japão com uma margem
maior do que o esperado, tendo em conta a que a campanha eleitoral foi bastante
16 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
19. disputada. Na declaração de vitória, Kan afastou receios de divisão interna,
tendo sinalizado a possibilidade de integração de membros da facção rival em
próximas remodelações do elenco governativo.
Pouco tempo depois, o Governo japonês interveio no mercado cambial para
travar a subida do iene, que atingiu novos máximos de 15 anos face ao dólar
após a reeleição de Kan. Esta foi a primeira intervenção cambial em 6 anos,
levando a uma queda diária de mais de 3% naquele câmbio. A decisão
desencadeou a especulação de medidas semelhantes por parte de outros
países asiáticos.
3.2. Economia Real
No segundo trimestre, o PIB nipónico registou uma variação em cadeia de 0,4%,
traduzindo uma desaceleração significativa face à subida de 1,2% no trimestre
anterior. Considerando a desagregação por componentes de despesa, a perda de
dinamismo resultou do menor contributo da procura externa líquida
(desaceleração das exportações para uma variação em cadeia de 5,9% e aceleração
das importações para 4,1%), do abrandamento do consumo privado (variação
nula, após 0,5% no primeiro trimestre), da menor variação de stocks, e da quebra
agravada do investimento público. O único sinal positivo veio do investimento
privado não residencial, que acelerou de 0,8% para 1,5%.
Em Julho, o índice de preços no consumidor registou uma quebra homóloga de
0,5% (após uma variação nula em Junho), a primeira desde Fevereiro. O índice
subjacente, que exclui as componentes de alimentação e energia, agravou o ritmo
de descida de 0,1% para 0,3%.
No mesmo mês, a taxa de desemprego situou-se em 5,2% (menos 0,1 p.p. que no
mês anterior), situando-se pelo quinto mês seguido ligeiramente acima de 5%,
que constitui um valor historicamente elevado no Japão.
Em termos de indicadores avançados, a informação mais recente revelou-se
desfavorável, sugerindo a continuação do abrandamento económico nos
próximos meses. O índice mensal de condições de negócio recuou abaixo da
referência de expansão (50 pontos) em Junho e Julho, depois de mais de um ano em
níveis bastante elevados (perto de 100). Por sua vez, o índice de confiança dos
consumidores recuou em Julho e Agosto, situando-se perto do valor registado em
Abril.
17
20. ECONOMIA INTERNACIONAL
4. Mercados e Organizações Internacionais
4.1. Mercado de Câmbios
Cross rates das principais divisas internacionais
(fecho das sessões de início e fim das semanas de Julho e Agosto)
Dólares por Libras por Ienes por Libras por Ienes por
Euro Euro Euro Dólar Dólar
Quinta, 1 1.233 0.822 108.140 0.667 87.719
Sexta, 2 1.255 0.825 109.880 0.658 87.568
Segunda, 5 1.253 0.828 109.930 0.660 87.726
Sexta, 9 1.264 0.836 111.850 0.662 88.510
Segunda, 12 1.257 0.836 111.350 0.665 88.570
Sexta, 16 1.300 0.845 112.540 0.650 86.569
Segunda, 19 1.296 0.848 112.840 0.655 87.088
Sexta, 23 1.290 0.837 112.480 0.649 87.214
Segunda, 26 1.293 0.834 112.310 0.645 86.853
Sexta, 30 1.303 0.835 112.620 0.641 86.445
Segunda, 2 1.307 0.826 113.270 0.632 86.644
Sexta, 6 1.318 0.830 113.140 0.630 85.868
Segunda, 9 1.325 0.830 113.480 0.627 85.626
Sexta, 13 1.280 0.821 109.780 0.642 85.772
Segunda, 16 1.282 0.821 109.490 0.640 85.406
Sexta, 20 1.271 0.819 108.540 0.644 85.391
Segunda, 23 1.270 0.817 108.230 0.643 85.194
Sexta, 27 1.271 0.821 107.740 0.645 84.748
Segunda, 30 1.270 0.817 107.540 0.643 84.677
Terça, 31 1.268 0.825 107.070 0.650 84.440
(1)
Variação em Julho e Agosto 3.33% 0.90% -1.58% -2.36% -4.76%
(1)
Variação em Julho 6.17% 2.13% 3.52% -3.80% -2.49%
(1)
Variação em Agosto -2.67% -1.21% -4.93% 1.50% -2.32%
(1) Variação registada entre a última cotação do(s) mês(es) em análise e a última cotação do mês anterior.
Nota: cálculo com base no ´fixing’ do Banco Central Europeu
Nos meses de Julho e Agosto, destaca-se a subida acentuada do iene devido ao
estatuto de moeda refúgio, em particular no câmbio com o dólar, face ao qual
atingiu um máximo de 15 anos. Na cotação com o euro, a moeda nipónica renovou
máximos de nove anos no final de Agosto.
Em Julho, o euro foi a moeda em destaque devido ao anúncio, sem grandes
surpresas, dos resultados dos testes de stress aos bancos europeus, o que
melhorou as perspectivas da moeda europeia e conduziu a uma apreciação
18 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
21. significativa nos principais câmbios, em particular face ao dólar (mais de 6%). A
subida do euro foi ainda suportada pela divulgação de dados favoráveis da actividade
industrial europeia e vários leilões de dívida bem sucedidos no sul da Europa. A
moeda norte-americana recuou face às principais moedas depois do Presidente
da Reserva Federal não ter afastado a necessidade de novas medidas
extraordinárias de política monetária em face das perspectivas invulgarmente
incertas para os EUA. A depreciação face ao iene começou logo no início de
Julho com a divulgação de um valor recorde de compras de dívida japonesa
pela China. No câmbio com a libra, a descida do dólar foi ampliada pela divulgação
de dados favoráveis do PIB britânico no segundo trimestre, fortalecendo a
possibilidade de uma retirada antecipada das medidas extraordinárias de política
monetária do Banco de Inglaterra.
No mês de Agosto, o ressurgimento dos receios em torno da dívida soberana
no sul da Europa fez predominar a aversão ao risco nos mercados financeiros,
a par da divulgação de alguns dados económicos menos favoráveis tanto nos
EUA como na Europa, que colocaram em dúvida o prosseguimento da retoma
económica global. Este contexto foi determinante para a retoma da procura de
dólares e sobretudo de ienes como moedas de refúgio, destacando-se também
os comentários do Presidente da Reserva Federal sobre o abrandamento da retoma
mundial. A moeda nipónica registou subidas mensais significativas nos
principais câmbios, sobretudo face ao euro, penalizado pelas preocupações
sobre a dívida soberana no sul da Europa. O dólar depreciou-se face ao iene
(embora um pouco menos que em Julho) e ganhou valor na cotação com o euro e a
libra, que foi prejudicada pela divulgação de dados económicos desfavoráveis. No
final de Agosto, a possibilidade de intervenção cambial das autoridades
nipónicas, anunciada pelo primeiro-ministro Naoto Kan, travou um pouco a
progressão do iene. No entanto, a pressão de subida permaneceu elevada pois
logo depois surgiram dados a evidenciar o elevado volume de transacções diárias em
ienes, significando que uma intervenção cambial bem sucedida terá de mobilizar
elevados montantes de reservas, muito maiores do que em 2004, a última vez
em que foram levadas a cabo tais operações.
A variação das principais taxas de câmbio no conjunto dos dois meses foi a seguinte:
apreciação do iene em 4,76% relativamente ao dólar e em 1,58% face ao euro, que
por sua vez se apreciou 0,9% face à libra e 3,33% na cotação com a moeda norte-
americana; depreciação do dólar no câmbio com a libra (2,36%).
19
22. ECONOMIA INTERNACIONAL
4.2. Mercados Bolsistas Internacionais
Os principais índices accionistas internacionais registaram uma recuperação
significativa em Julho, impulsionados pela divulgação de resultados favoráveis
em várias empresas e pela ausência de surpresas negativas nos testes de
stress financeiro aos bancos europeus. No entanto, o movimento inverteu-se em
Agosto, devido às preocupações com a dívida soberana do sul da Europa e aos
sinais de abrandamento da retoma económica global, após a perda de dinamismo
de alguns indicadores na China e a revisão em baixa das perspectivas da Reserva
Federal. Apesar de tudo, o anúncio de operações de concentração impediu uma
evolução mais negativa dos mercados de acções neste período.
Estados Unidos - índice Dow Jones Industrials
15000,00
14000,00
13000,00
12000,00 11205,03
Índice (em pontos)
10725,43
11000,00
10000,00
8799,26 9908,39 9686,48
9000,00
8000,00
8146,52
7000,00
6547,05
6000,00
5000,00
31/08/09
01/03/10
17/06/10
13/05/09
19/03/09
24/04/09
01/06/09
07/07/09
24/07/09
12/08/09
17/09/09
06/10/09
11/11/09
17/12/09
22/01/10
06/04/10
12/05/10
23/07/10
30/08/10
02/03/09
07/04/09
18/06/09
23/10/09
30/11/09
05/01/10
10/02/10
18/03/10
23/04/10
31/05/10
06/07/10
11/08/10
Fonte: Yahoo Finance
Nos EUA, o índice accionista Dow Jones Industrials (DJI), representativo dos
títulos mais tradicionais, valorizou-se 7,1% em Julho e recuou 4,31% em
Agosto, enquanto o índice tecnológico Nasdaq evidenciou variações de 6,9% e -
6,24%, ficando quase inalterado no saldo dos dois meses. Em termos de variação
acumulada no ano, no final de Agosto registava-se uma quebra de 4% no DJI e de
6,8% no Nasdaq.
Os receios de abrandamento económico nos EUA e o consequente recuo do
mercado accionista em Agosto conduziram a uma descida significativa da yield
das obrigações do Tesouro norte-americano no referencial dos 10 anos, que
20 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
23. registou o valor mais baixo desde o início de 2009 no final do mês (3,47%, após
3,94% no final de Julho e a 3,96% no início desse mês).
Os índices das duas principais praças europeias apresentaram andamentos
bastante diferenciados nos dois meses em apreço. O índice alemão Dax Xetra
valorizou-se 3,1% em Julho e depois perdeu praticamente o mesmo valor em
Agosto (3,6%), enquanto o índice inglês Ftse-100 acabou por registar uma
valorização bastante significativa no conjunto dos dois meses. Com efeito, após
um ganho de 6,9% em Julho, o Ftse apenas recuou 0,6% em Agosto, reflectindo
sobretudo a melhoria do andamento do PIB britânico no segundo trimestre.
Alemanha e Reino Unido
8400,00
7800,00
7200,00
Alemanha
6600,00
Índice (em pontos)
índice Dax Xetra
6000,00
5400,00
4800,00
4200,00 Reino Unido
índice Footsie 100
3600,00
3000,00
02/03/09
31/08/09
17/12/09
17/06/10
07/04/09
13/05/09
18/06/09
24/07/09
06/10/09
11/11/09
22/01/10
01/03/10
06/04/10
12/05/10
23/07/10
11/08/10
30/08/10
19/03/09
24/04/09
01/06/09
07/07/09
12/08/09
17/09/09
23/10/09
30/11/09
05/01/10
10/02/10
18/03/10
23/04/10
31/05/10
06/07/10
Fonte: Yahoo Finance
O índice japonês Nikkei-225 evoluiu em contra-ciclo com o resto do mercado,
tendo evidenciado um ganho de 1,7% em Julho e uma descida de 7,5% em
Agosto, que traduziu a desvalorização do sector exportador em face da
acentuada apreciação do iene (para um máximo e 15 anos face ao dólar).
21
24. ECONOMIA INTERNACIONAL
4.3. Mercados de Matérias-Primas
2008 2009 1T 10 2T 10 Jun-10 Jul-10 Ago-10
Brent (Mar do Norte) 97.7 61.9 76.7 78.7 74.8 74.7 76.7
Algodão 71.4 62.8 81.1 90.0 91.7 84.1 90.4
Alumínio (99,7% pureza) 2577.9 1699.2 2164.7 2096.2 1929.4 1989.1 2110.5
Cobre 6963.5 5165.3 7234.0 7024.9 6501.5 6750.6 7302.7
Chumbo 2093.3 1719.4 2213.6 1952.1 1707.3 1844.0 2082.8
Níquel 21141.5 14672.4 19977.8 22456.6 19411.3 19548.5 21448.8
Estanho 18466.6 13602.7 17190.5 17819.1 17257.7 18206.5 20733.1
Zinco 1884.8 1658.4 2283.6 2028.0 1746.5 1847.1 2047.5
(1)
Minério de Ferro (Fe) 140.6 101.0 101.0 167.0 167.0 205.0 205.0
Fonte: Fundo Monetário Internacional
Cotações Spot; média das cotações diárias, excepto no caso do algodão (média das cotações semanais).
Unidades: brent: dólares por barril; algodão: cêntimos de dólar (cts USD) por libra de peso (1 libra de peso equivale a
453,6 gramas); alumínio (grau de pureza mínimo de 99,5%), cobre, chumbo, níquel, estanho, zinco: dólares por
tonelada; minério de ferro: cts USD por 1% Fe DMTU (Dry Metric Ton Unit), tendo o minério Carajas Fines (Brasil) um
conteúdo de 67,55% Fe DMTU – por exemplo, uma cotação de 77 cts USD / DMTU (Carajas) equivale a 52,01 USD /
tonelada.
(1)
os preços do Minério de ferro são fixados trimestralmente (anualmente, antes de Abril de 2010) pelas três principais
empresas a nível mundial (Rio Tinto, BHP Militon e Vale), constituindo a referência para os restantes produtores.
Em Julho e Agosto, os preços das matérias-primas retomaram um movimento
de subida, traduzindo restrições na oferta, o recuo do dólar (em Julho) e a atenuação
dos receios sobre o andamento próximo da economia global já no final de Agosto.
No caso do brent, a cotação média diminuiu ligeiramente em Julho (0,2%) e
aumentou 2,6% em Agosto (para 76,7 dólares por barril), destacando-se as
previsões cautelosas da procura pela OPEP e Agência Internacional da Energia
(AIE) em face do abrandamento esperado da economia global no segundo semestre.
A previsão da OPEP (aumento de 1 milhão de barris/dia em 2010, que compara com
uma projecção de 1,8 da AIE) criou expectativas de manutenção da oferta do
cartel na reunião de Outubro. Por sua, AIE referiu que o aumento previsto da
procura de petróleo este ano tem origem nas economias emergentes (China e
Índia, sobretudo), que estão a alterar a sazonalidade do consumo mundial. Pela
primeira vez, a procura no segundo trimestre foi superior à do primeiro (86,6 e
86 milhões de barris/dia, respectivamente), altura em que se costumava observar
um pico associado ao Inverno nas economias ocidentais.
O preço médio do algodão corrigiu em forte baixa no mês de Julho (8,2%), após
vários meses de subida, mas recuperou a maior parte do valor em Agosto (7,4%,
para 90,4 cêntimos de dólar por libra de peso). A cotação diária chegou mesmo a
renovar máximos de 15 anos em Agosto, devido às cheias no Paquistão, o
quarto maior produtor mundial. Destacam-se ainda alguns problemas nas
22 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
25. colheitas do Brasil e Grécia e a existência de oferta que ainda não chegou ao
mercado oriunda de grandes produtores como a Índia, o Uzbequistão, o
Turquemenistão e os EUA, que este ano têm uma grande colheita mas estão a
enfrentar problemas logísticos. De acordo com o Departamento da Agricultura dos
EUA (o maior produtor mundial), o rácio dos stocks para o consumo vai cair para
um mínimo de 15 anos dentro em breve, devido a uma oferta reduzida desde 2005
e a uma crescente procura (em particular da China, o maior consumidor global). No
entanto, a oferta actual é adequada no longo prazo, segundo um analista do
mercado do algodão, realçando que o preço tem reagido a choques de curto
prazo da oferta e aos interesses dos hedge funds.
No que se refere aos metais de base, a subida foi generalizada em Julho e
Agosto, tendo-se acentuado neste último mês (em todos os casos) devido à
continuação da retoma da actividade industrial e à melhoria das perspectivas
para a economia mundial e a chinesa em particular. O cobre, que costuma ser
seguido como indicador avançado da actividade industrial, registou subidas de 3,8%
em Julho e 8,2% em Agosto, para o que contribuiu a produção mineira abaixo do
esperado das principais empresas do sector (quebra homóloga de 12% no primeiro
semestre, levando a uma redução de 28% dos stocks na London Metal Exchange
desde Fevereiro). No estanho, os receios de problemas de oferta no principal
produtor mundial (a Indonésia) também acentuaram a pressão de subida (5,5% em
Julho e 13,9% em Agosto). Destacam-se ainda as fortes progressões nos preços do
chumbo (8% e 13%) e zinco (5,8% e 10,9%). No caso do minério de ferro, o preço
para o terceiro trimestre foi fixado 22,8% acima do anterior. Recorde-se que esta
cotação é fixada trimestralmente pelas três principais empresas a nível mundial,
servindo de referência para os demais produtores.
4.4. Comércio Internacional / Organização Mundial do Comércio (OMC)
Segundo dados coligidos pela OMC, o comércio mundial cresceu cerca de 25%
em valor no final do segundo trimestre de 2010, em termos homólogos,
retomando a sua evolução positiva em cadeia (no segundo trimestre aumentou
6,6% relativamente ao primeiro).
23
26. ECONOMIA INTERNACIONAL
Milhões de dólares
Comércio Mundial
4500000
4000000
3500000
3000000
2500000
2000000
1500000
2005Q1
2005Q2
2005Q3
2005Q4
2006Q1
2006Q2
2006Q3
2006Q4
2007Q1
2007Q2
2007Q3
2007Q4
2008Q1
2008Q2
2008Q3
2008Q4
2009Q1
2009Q2
2009Q3
2009Q4
2010Q1
2010Q2
Fonte: OMC
4.5. Organizações Económicas Internacionais
Na abertura da conferência sobre emprego que decorreu em Oslo, o director-geral
do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou que
“o mercado laboral está numa situação catastrófica” e reconheceu a
“necessidade de mudar a nossa forma de pensar e as nossas políticas”. De
acordo com o relatório preparado para esta conferência pelo FMI e pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT), a crise gerou em três anos 30 milhões de
desempregados, o que elevou para 210 milhões o número de desempregados ao
nível mundial.
Em informação divulgada no início do mês de Setembro, a OCDE considera que os
seus Indicadores Compostos Avançados – CLI mostram, agora, que o pico da recente
expansão já foi atingido na maioria das economias da OCDE. Com excepção da
Alemanha e dos Estados Unidos nota-se, assim, que o ritmo de expansão diminuiu
claramente na generalidade dos países.
24 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
27. Indicadores Avançados da OCDE
110
105
100
95
90
85
Aug-2008
Aug-2009
Ago-07
May-2008
May-2009
May-2010
Out-07
Nov-07
Fev-08
Apr-2008
Jun-2008
Nov-2008
Apr-2009
Jun-2009
Nov-2009
Abr-10
Jun-10
Jul-07
Set-07
Dez-07
Jan-08
Mar-08
Jul-2008
Sep-2008
Oct-2008
Dec-2008
Jan-2009
Feb-2009
Jul-2009
Oct-2009
Jan-2010
Mar-2009
Sep-2009
Dec-2009
Feb-2010
Mar-2010
Portugal United States Euro area
OECD - Total United Kingdom Germany
Fonte: OCDE, indicadores ajustados de amplitude
Relativamente à Alemanha, é de destacar que a evolução do seu indicador avançado
é consentânea com a reformulação das previsões para a evolução do PIB feita pela
Comissão Europeia em meados de Setembro.
A OCDE divulgou, igualmente, uma avaliação intercalar das perspectivas de
crescimento dos seus países membros. Nesta avaliação intercalar, a OCDE revê em
baixa as previsões que tinha feito no seu World Economic Outlook de Maio,
relativamente aos dois últimos trimestres de 2010.
Segundo esta avaliação a recuperação tende agora a tornar-se mais lenta do que nos
dois primeiros trimestres.
25
29. E C O N O M I A N A C I O N A L
1. Envolvente Política, Social e Económica
Contas Públicas
Em Setembro, o Governo publicou uma portaria em que agrava os custos das
garantias concedidas à banca nacional ao abrigo da linha de 20 mil milhões de
euros criada em 2008 para responder à crise financeira global. Simultaneamente,
o Governo vai obrigar as empresas que recorram a estas medidas a apresentarem
um estudo de viabilidade quando "o total de responsabilidades garantidas a essa
instituição seja representativo no conjunto das respectivas responsabilidades e em
termos absolutos".
Também em Setembro, no final da Cimeira da União Europeia, em Bruxelas, o
Primeiro-Ministro reafirmou o objectivo de reduzir o défice orçamental de 9,4%
para 7,3% do PIB em 2010 e 4,6% em 2011. José Sócrates referiu que este ano
vamos atingir os objectivos orçamentais pois a receita fiscal é maior do que o
previsto e a despesa também está em linha com o que estava orçamentado,
classificando de alarmistas as notícias de descontrolo das contas públicas. O
primeiro-ministro salientou ainda o facto do crescimento económico do primeiro
semestre ter sido o dobro do previsto para a totalidade de 2010. No próximo ano, o
esforço de redução do défice orçamental será ainda mais sério, segundo
Sócrates, sendo necessário “reduzir a despesa mas também aumentar a
receita”, como estava a ser feito em 2008 quando Portugal foi atingido pela crise
financeira internacional. De acordo com Sócrates, “os nossos problemas, devem-
se, em grande medida, à quebra das receitas em 2008”, mas actualmente “a
situação de Portugal (em relação às receitas) é de recuperação”.
O Chefe do Governo referiu-se ainda à aprovação do “semestre europeu”,
classificando-o como um passo significativo no reforço da coordenação
económica entre os 27 Estados-membros da UE.
Na mesma altura, numa conjuntura de agravamento dos juros da dívida pública
nacional, o ministro da Presidência, Silva Pereira, solicitou responsabilidade e o
bom senso aos partidos da oposição na altura da votação do Orçamento para o
27
30. ECONOMIA NACIONAL
próximo ano. Por sua vez, o Ministério das Finanças alertou que as "as
permanentes hesitações e ameaças da oposição quanto à viabilização do
próximo orçamento têm efeitos prejudiciais graves na percepção dos investidores
externos sobre a situação financeira do país e sobre o agravamento do custo da
dívida pública". O Ministério salientou ainda que o limite de endividamento
previsto no orçamento não será ultrapassado, apesar de já terem sido
satisfeitas 90 por cento das necessidades de financiamento do Estado previstas
para este ano. Esta opção foi justificada com o aproveitamento das
oportunidades de liquidez no mercado da dívida soberana, de modo a beneficiar
de circunstâncias menos desfavoráveis na colocação da dívida.
Sobre o “semestre europeu”, o presidente do Tribunal de Contas, Guilherme de
Oliveira Martins, salienta que não significa uma perda de soberania para os
países e que é um passo fundamental para o governo económico da União
Europeia, lembrando que, no caso de Portugal, “a última palavra cabe à Assembleia
da República”. O presidente do Tribunal de Contas lembrou ainda que a coordenação
das políticas orçamentais é uma exigência da moeda única europeia.
Estimativa de Execução Orçamental do Estado
Variação Variação
Jan-Ago 2009 Jan-Ago 2010
homóloga OE 2010
Receita corrente 22000.1 22286.2 1.3% 1,1%
Despesa corrente 29099.2 30053.5 3.3% 3,7%
da qual: despesa corrente primária 25671.7 26915.7 4.8% 2,9%
Saldo corrente -7099.1 -7767.3 9.4% 12.0%
Receita de capital 318.6 437.7 37.4% 146.4%
Despesa de capital 1964.0 1860.1 -5.3% -9.8%
Saldo de capital -1645.4 -1422.4 -13.5% -35.0%
Saldo de execução orçamental -8744.4 -9189.7 5.1% 1,3%
Saldo primário -5316.9 -6052.0 13.8% -3.5%
valores em milhões de euros (m.e.); óptica da Contabilidade Pública.
Nota: os valores de despesa excluem activos financeiros, passivos financeiros e a transferência para o Fundo de
Regularização da Dívida Pública.
Fonte: Direcção-geral do Orçamento (DGO) - Boletim de Execução Orçamental
De acordo com a última síntese orçamental da DGO, o subsector Estado
acumulou um défice de 9189,7 m.e. no período de Janeiro a Agosto, traduzindo
um agravamento de 5,1% (445,3 m.e.), com a deterioração do saldo corrente a mais
do que compensar a melhoria no saldo de capital. Esta evolução traduziu uma
subida mais forte da despesa do que da receita (2,7% e 1,8%, respectivamente,
face a metas orçamentais iniciais de 2,7% e 3,3% para o conjunto do ano, agora
28 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
31. insuficientes face ao novo objectivo para o défice), ambas em desaceleração
relativamente ao acumulado até Julho, sobretudo a receita.
Refira-se que o Estado foi o único subsector das administrações públicas que
registou uma deterioração das contas nos períodos em confronto, sendo
também o único com um saldo negativo significativo (o défice da administração
regional é muito menor e reduziu-se).
Embora a despesa total do Estado esteja a crescer em linha com o
orçamentado, a despesa primária está a aumentar bastante acima do previsto
(4,1%, face a uma meta de 1,9%, embora em desaceleração face à subida de 5,3%
até Julho) devido ao recuo não esperado da despesa com juros (8,5%). O desvio em
alta da despesa primária reflecte a quebra abaixo do previsto do investimento
(5,3%, face a uma descida projectada de 9,8%), mas sobretudo a incapacidade de
conter o crescimento da despesa corrente primária, que está a subir muito mais
do que o orçamentado (4,8%, face a uma meta de 2,9%), num contexto em que a
receita total está abaixo do antecipado.
Dentro da despesa corrente primária, destacam-se as subidas de 4,9% das
transferências correntes e de 3,9% da despesa com pessoal (após corrigir a
reclassificação de verbas das contribuições do Estado para a CGA em 2009). Na
despesa com pessoal, o maior crescimento regista-se na rubrica “Segurança
Social” (14,3%), relacionado com o aumento da contribuição dos serviços da
administração directa do Estado para a CGA, mas tem maior peso a subida de
1,7% nas remunerações certa e permanentes, que decorre dos novos sistemas
remuneratórios das forças de segurança e dos militares, de alterações salariais de
docentes do ensino não superior e ainda da contratação extraordinária de pessoal
a termo pelo INE no âmbito do Recenseamento Agrícola e da preparação do Censos
2011.
Dentro das transferências, destaca-se, pelo seu peso, a subida de 10,6% nas
transferências para a Segurança Social, reflectindo o cumprimento da respectiva lei
de bases, seguida do aumento de 7,4% das verbas para o SNS, onde se salienta a
assunção, a partir de 2010, dos encargos de saúde prestados aos beneficiários dos
subsistemas públicos. Regista-se ainda o crescimento muito significativo (11,5%)
das “outras transferências correntes” justificado pelo aumento dos encargos com
bolsas de ensino Superior e pela reclassificação das transferências para as
instituições de ensino superior com natureza fundacional, que até Junho de 2009 se
processavam por transferências para a Administração Central.
29
32. ECONOMIA NACIONAL
Passando à análise da receita do subsector Estado, realça-se o acréscimo de
3,3% da receita fiscal (mais 2,1 p.p. que o previsto), mais do que compensando
a descida da receita não fiscal (8,3%), com origem na sua componente corrente
(quebra de 14,3%),1 o que determinou o comportamento abaixo do esperado da
receita total. Daqui resulta que a receita corrente está a crescer ligeiramente
acima do esperado (1,3%, face a um objectivo de 1,1%), mas a receita de capital
apresenta um acréscimo menor do que o antecipado (37,4%, que compara com a
meta de 146,4%).
A subida da receita fiscal teve origem nos impostos indirectos (aumento
homólogo de 10,6%), que contrariaram a quebra de 6,7% nos impostos directos.
Nestes, o IRC diminuiu 4,9% (devido ao aumento dos reembolsos) e o IRS recuou
7,7%, reflectindo também um aumento dos reembolsos, mais a influência do novo
regime de transferências da participação variável deste imposto para os municípios
(passou a ser feita mensalmente, ao invés de 2009, em que foi efectuada apenas no
último trimestre).
Nos impostos indirectos, salienta-se o crescimento de 13,9% da cobrança de
IVA (bastante acima da meta orçamental de 3,6%, mas em abrandamento face à
subida de 14,6% até Julho, não obstante a subida da taxa de imposto). Outro
contributo importante para o aumento da receita fiscal veio da subida de 28,6%
no Imposto sobre o Tabaco, devido ao forte crescimento da introdução ao consumo
(i.e., taxação do produto antes de distribuição e venda). Destaca-se ainda o
aumento de 21,6% no Imposto sobre Veículos e de 13% no Imposto Único de
Circulação. Pela negativa, a principal quebra ocorreu no Imposto de Selo (7,8%),
explicada fundamentalmente pela diminuição das operações financeiras.
Em termos de taxas de execução, os valores até Agosto foram de 63,3% na
receita (65,1% no caso das receita fiscal) e de 63,8% na despesa, situando-se, nos
dois casos, abaixo do padrão de execução uniforme ao longo do ano (66,7%).
Fazendo um balanço das principais tendências da execução orçamental até
Agosto, destaca-se, como principal factor negativo, a incapacidade do Estado
em conter a despesa corrente primária (com uma subida de 4,8%, 1,9 p.p. acima
do previsto), onde pesam sobretudo os aumentos das transferências corrente para a
Segurança Social (10,5%) e das despesas com pessoal (3,9% 2).
1
Segundo a DGO, o recuo desta componente corrente das receitas não fiscais resulta da descida dos
rendimentos de propriedade, mas sobretudo de menores transferências dos serviços e fundos autónomos,
em particular das verbas provenientes do Instituto de Gestão Financeira e de Infra-estruturas da Justiça,
que se destinam ao financiamento de despesas realizadas pelos serviços do Ministério da Justiça.
2
Após correcção da reclassificação de verbas das contribuições do Estado para a CGA em 2009.
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