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Apresenta
RAYMOND WILLIAMS:
PENSADOR DA CULTURA
Nascido em 1921, no vilarejo de Pandy, no País de Gales,
neto de agricultores e filho de um trabalhador ferroviário
-chefe local do Partido Trabalhista-, Williams cresceu
numa família socialista e teve sua infância ligada ao
movimento dos trabalhadores desde muito cedo.
A militância política de Williams, como já dito, começou cedo.
Aos 14 anos lutava contra o apartheid e questionava
candidatos em praça pública. Aos 18 foi para Cambridge cursar
Letras, dedicando-se também à militância estudantil. Torna-se
membro do Partido Comunista que o incumbe de escrever
panfletos e artigos políticos.

Em 1940, alista-se no Exército Britânico e quando retorna da
guerra (2 guerra mundial) Williams sente que não mais falava
a mesma língua dos colegas do mundo acadêmico ...
Sem dúvida, como ambos dizíamos, haviam passado somente
quatro ou cinco anos. Realmente podia ter mudado tanto? Ao
buscarmos exemplos, comprovamos que em política e em
religião algumas atitudes gerais haviam se modificado, e
estávamos de acordo de que se tratavam de mudanças
importantes. Mas eu constatei que uma única palavra me
preocupava, cultura, que parecia escutar-se com muito mais
frequência: não só, naturalmente, em comparação com as
conversas em um regimento de artilharia ou em minha própria
família, senão em um cotejo direto com o ambiente
universitário de poucos anos atrás. (WILLIAMS apud, TAVARES,
2008, p. 7)
Antes da Guerra a palavra cultura era utilizada em dois sentidos
principais:

Um deles típico dos “salões de chá” e que parecia significar uma
espécie de superioridade social, não pelas idéias ou educação
escolar e nem pelo dinheiro ou posição, mas pelo
comportamento, pelo gosto refinado, algo como que uma
permanência da sociedade de corte.

 O outro sentido seria aquele relacionado ao que chamamos
cultura artística, ou seja, o conhecimento de
poemas, romances, cinema, artes plásticas, teatro, etc.
Ao voltar da guerra, o que Williams escutava eram dois
sentidos diferentes: nos estudos literários o uso da
palavra indicava “alguma formação fundamental de
valores” (Williams, apud TAVARES, 2008, p.8); nas
discussões mais gerais, um uso muito parecido com o da
palavra sociedade, cultura como um modo de vida
particular como em cultura inglesa, cultura chinesa.
A preocupação com a mudança de sentido do termo
cultura e a investigação subsequente (ligadas aos anos de
educação de adultos) deram origem ao livro Cultura e
Sociedade, concluído em 1956 e publicado em 1958 e que,
em síntese, realiza uma profunda reflexão sobre uma
determinada tradição: a dos debates sobre as relações
entre a cultura e a sociedade.
Após a Segunda Guerra Mundial, numa Inglaterra que se
reorganizava, a cultura vista como posse de um grupo seleto
começa a ser questionada por jovens intelectuais que se
estabeleciam nas instituições de nível superior.

Entre estes intelectuais oriundos de diferentes correntes de
esquerda, havia um grupo que pertencia ao Partido Comunista
da Grã-Bretanha, um grupo que era contra as atrocidades de
Stalin, formando, assim, um movimento de esquerda que
pensava sobre as novas bases para a transformação social.
Este movimento posicionou-se ao mesmo tempo
contra o que considerava o elitismo e o
conservadorismo da direita britânica, e o dogmatismo
e o reducionismo da esquerda stalinista. Posicionar-se
contra o elitismo e o conservadorismo da direita era,
também, posicionar-se contra os estudos tradicionais
de literatura inglesa.
Uma das principais críticas que esse grupo de intelectuais
de esquerda fazia em relação à visão tradicional de
cultura era que, centrada na educação ou nas artes,
reproduzia a desigualdade social mesmo se colocando
como “herança da humanidade”.
.
Um dos principais veículos de divulgação dos ideias da
nova esquerda passou a ser, em 1960, a New Left Review
cujas publicações buscavam reformular o conceito de
cultura sem, no entanto, abandonar os princípios de Marx.
O objetivo central era analisar o pensamento teórico
marxista, tentando rever a questão do reducionismo
econômico, de forma a incluir nesse pensamento a
preocupação com a questão da cultura.
O. primeiro projeto de intervenção cultural de Raymond
Williams foi a revista Politics and Letters fundada por Williams e
dois colegas de Cambridge, em 1947, que acabou em 1948,
com apenas quatro edições. O fim da revista marcou um
momento de crise na vida de Williams que afasta-se da ação
coletiva e se dedica ao ensino de adultos, na Worker s
Educational Association (WEA).

Em oposição à proposta pedagógica dos intelectuais ligados à
revista Scrutiny ou aos Fabianos a WEA defendia uma
educação pública e igualitária que partisse de uma cultura em
comum.
A finalidade primeira da WEA era, em suma, oferecer acesso
ao ensino superior àqueles que foram impedidos de tê-lo por
circunstâncias materiais e a oportunidade conjunta de
aprender e de trazer suas experiências para o ambiente da sala
de aula.

Esse tipo de atividade impunha a superação do dilema da
educação tanto como um mecanismo de imposição de valores
da classe dominante como um modo de superar esses valores.
Para alcançar esses objetivos era preciso mudar o que era
ensinado. Era necessário discutir temas que tivessem relação
com a vida dos alunos e, muitas vezes, abandonar as
disciplinas do currículo escolar.

A experiência de Williams e dos seus colegas mais próximos
com a educação de adultos na WEA teve como um dos
desdobramentos a criação dos chamados Estudos Culturais.
Raymond Williams foi um escritor que transitou entre a crítica
literária e dramática, o ensaio teórico, a análise sociológica, a
militância e a ficção. Cultura e Sociedade (1958) e The Long
Revolution (1961) estabeleceram-no como um dos mais
famosos pensadores da cultura e da sociedade. Towards 2000
(1983) estendeu sua análise do mundo britânico para uma
dimensão internacional. Uma série de estudos, desde Drama
from Ibsen to Eliot, de 1952, até The Politics of Modernism:
Against the New Conformists, de 1989, consagraram-no como
crítico cultural e literário.
REFERÊNCIAS:
TAVARES, Hugo Moura. Raymond Williams: pensador da
cultura. Revista Ágora, Vitória, n8, 2008, p. 1-27.



LÂMINAS:
Grupo de Estudos da Cultura. UNIRITTER - Porto Alegre

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Raymond williams

  • 3. Nascido em 1921, no vilarejo de Pandy, no País de Gales, neto de agricultores e filho de um trabalhador ferroviário -chefe local do Partido Trabalhista-, Williams cresceu numa família socialista e teve sua infância ligada ao movimento dos trabalhadores desde muito cedo.
  • 4. A militância política de Williams, como já dito, começou cedo. Aos 14 anos lutava contra o apartheid e questionava candidatos em praça pública. Aos 18 foi para Cambridge cursar Letras, dedicando-se também à militância estudantil. Torna-se membro do Partido Comunista que o incumbe de escrever panfletos e artigos políticos. Em 1940, alista-se no Exército Britânico e quando retorna da guerra (2 guerra mundial) Williams sente que não mais falava a mesma língua dos colegas do mundo acadêmico ...
  • 5. Sem dúvida, como ambos dizíamos, haviam passado somente quatro ou cinco anos. Realmente podia ter mudado tanto? Ao buscarmos exemplos, comprovamos que em política e em religião algumas atitudes gerais haviam se modificado, e estávamos de acordo de que se tratavam de mudanças importantes. Mas eu constatei que uma única palavra me preocupava, cultura, que parecia escutar-se com muito mais frequência: não só, naturalmente, em comparação com as conversas em um regimento de artilharia ou em minha própria família, senão em um cotejo direto com o ambiente universitário de poucos anos atrás. (WILLIAMS apud, TAVARES, 2008, p. 7)
  • 6. Antes da Guerra a palavra cultura era utilizada em dois sentidos principais: Um deles típico dos “salões de chá” e que parecia significar uma espécie de superioridade social, não pelas idéias ou educação escolar e nem pelo dinheiro ou posição, mas pelo comportamento, pelo gosto refinado, algo como que uma permanência da sociedade de corte. O outro sentido seria aquele relacionado ao que chamamos cultura artística, ou seja, o conhecimento de poemas, romances, cinema, artes plásticas, teatro, etc.
  • 7. Ao voltar da guerra, o que Williams escutava eram dois sentidos diferentes: nos estudos literários o uso da palavra indicava “alguma formação fundamental de valores” (Williams, apud TAVARES, 2008, p.8); nas discussões mais gerais, um uso muito parecido com o da palavra sociedade, cultura como um modo de vida particular como em cultura inglesa, cultura chinesa.
  • 8. A preocupação com a mudança de sentido do termo cultura e a investigação subsequente (ligadas aos anos de educação de adultos) deram origem ao livro Cultura e Sociedade, concluído em 1956 e publicado em 1958 e que, em síntese, realiza uma profunda reflexão sobre uma determinada tradição: a dos debates sobre as relações entre a cultura e a sociedade.
  • 9. Após a Segunda Guerra Mundial, numa Inglaterra que se reorganizava, a cultura vista como posse de um grupo seleto começa a ser questionada por jovens intelectuais que se estabeleciam nas instituições de nível superior. Entre estes intelectuais oriundos de diferentes correntes de esquerda, havia um grupo que pertencia ao Partido Comunista da Grã-Bretanha, um grupo que era contra as atrocidades de Stalin, formando, assim, um movimento de esquerda que pensava sobre as novas bases para a transformação social.
  • 10. Este movimento posicionou-se ao mesmo tempo contra o que considerava o elitismo e o conservadorismo da direita britânica, e o dogmatismo e o reducionismo da esquerda stalinista. Posicionar-se contra o elitismo e o conservadorismo da direita era, também, posicionar-se contra os estudos tradicionais de literatura inglesa.
  • 11. Uma das principais críticas que esse grupo de intelectuais de esquerda fazia em relação à visão tradicional de cultura era que, centrada na educação ou nas artes, reproduzia a desigualdade social mesmo se colocando como “herança da humanidade”.
  • 12. . Um dos principais veículos de divulgação dos ideias da nova esquerda passou a ser, em 1960, a New Left Review cujas publicações buscavam reformular o conceito de cultura sem, no entanto, abandonar os princípios de Marx. O objetivo central era analisar o pensamento teórico marxista, tentando rever a questão do reducionismo econômico, de forma a incluir nesse pensamento a preocupação com a questão da cultura.
  • 13. O. primeiro projeto de intervenção cultural de Raymond Williams foi a revista Politics and Letters fundada por Williams e dois colegas de Cambridge, em 1947, que acabou em 1948, com apenas quatro edições. O fim da revista marcou um momento de crise na vida de Williams que afasta-se da ação coletiva e se dedica ao ensino de adultos, na Worker s Educational Association (WEA). Em oposição à proposta pedagógica dos intelectuais ligados à revista Scrutiny ou aos Fabianos a WEA defendia uma educação pública e igualitária que partisse de uma cultura em comum.
  • 14. A finalidade primeira da WEA era, em suma, oferecer acesso ao ensino superior àqueles que foram impedidos de tê-lo por circunstâncias materiais e a oportunidade conjunta de aprender e de trazer suas experiências para o ambiente da sala de aula. Esse tipo de atividade impunha a superação do dilema da educação tanto como um mecanismo de imposição de valores da classe dominante como um modo de superar esses valores.
  • 15. Para alcançar esses objetivos era preciso mudar o que era ensinado. Era necessário discutir temas que tivessem relação com a vida dos alunos e, muitas vezes, abandonar as disciplinas do currículo escolar. A experiência de Williams e dos seus colegas mais próximos com a educação de adultos na WEA teve como um dos desdobramentos a criação dos chamados Estudos Culturais.
  • 16. Raymond Williams foi um escritor que transitou entre a crítica literária e dramática, o ensaio teórico, a análise sociológica, a militância e a ficção. Cultura e Sociedade (1958) e The Long Revolution (1961) estabeleceram-no como um dos mais famosos pensadores da cultura e da sociedade. Towards 2000 (1983) estendeu sua análise do mundo britânico para uma dimensão internacional. Uma série de estudos, desde Drama from Ibsen to Eliot, de 1952, até The Politics of Modernism: Against the New Conformists, de 1989, consagraram-no como crítico cultural e literário.
  • 17. REFERÊNCIAS: TAVARES, Hugo Moura. Raymond Williams: pensador da cultura. Revista Ágora, Vitória, n8, 2008, p. 1-27. LÂMINAS: Grupo de Estudos da Cultura. UNIRITTER - Porto Alegre