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WANDERLEY BALDINI




GESTÃO ESTRATÉGICA NAS PROPRIEDADES
 PECUARISTAS DO SUL DE MINAS GERAIS




      INSTITUTO MACHADENSE DE
           ENSINO SUPERIOR




            MACHADO - MG
                2009
WANDERLEY BALDINI




GESTÃO ESTRATÉGICA NAS PROPRIEDADES
 PECUARISTAS DO SUL DE MINAS GERAIS


         Monografia    apresentada      à   Faculdade     de
         Administração do INSTITUTO MACHADENSE DE
         ENSINO SUPERIOR como parte dos requisitos para
         obtenção do Título de Bacharel em Administração.

         Orientador: Prof. Esp. CÉSAR DE FREITAS MOURA
         JÚNIOR



      INSTITUTO MACHADENSE DE
           ENSINO SUPERIOR




             MACHADO - MG
                2009
AVALIAÇÃO DA MONOGRAFIA




       Avaliação da Monografia intitulada “Gestão estratégica nas
propriedades pecuarista do sul de Minas Gerais”, apresentada ao Instituto
Machadense de Ensino Superior, pelo acadêmico Wanderley Baldini,
como   requisito   final para   obtenção   do   título   de   Bacharel   em
Administração.




                   APROVADA em 15 de Dezembro de 2009.




           __________________________________________________
            Prof. Esp. César de Freitas Moura Júnior - Orientador


           __________________________________________________
            Prof. Esp. Luiz Gonzaga Ribeiro Neto - Avaliador



           __________________________________________________
            Prof. Esp. Wellington Espanha Moreira - Avaliador




                          MACHADO
                     MINAS GERAIS - BRASIL
Dedico à minha mãe,
à minha noiva Priscila Ribeiro e a Deus,
        que de alguma forma me guiou
    para conseguir realizar este projeto.
Agradeço à minha mãe,
 aos professores, aos orientadores,
       pelas possibilidades que nos
       foram dadas ao longo desse
curso, pelo apoio nas horas difíceis
e por nos prepararem para fazer do
nosso país um celeiro na produção
        de alimentos para o mundo.
O planejamento não é uma tentativa de
            predizer o que vai acontecer. O planejamento
      é um instrumento para raciocinar agora, sobre que
          trabalhos e ações serão necessários hoje, para
 merecermos um futuro. O produto final do planejamento
não é a informação: é sempre o trabalho. (Peter Drucker)
RESUMO


BALDINI, Wanderley. Gestão estratégica nas propriedades pecuaristas do sul
de Minas Gerais: pecuária de corte. Machado: IMES, 2009. 62f. (Monografia em
Administração)∗. Instituto Machadense de Ensino Superior, Machado.


        Com o advento da globalização, e o mercado cada vez mais competitivo, as
empresas, necessitam adotar estratégias que agreguem valor aos seus produtos,
criando vantagens competitivas perante seus concorrentes. Com a pecuária de corte
não é diferente, além das ferramentas utilizadas para a melhoria do plantel existente,
os pecuaristas buscam alcançar melhores resultados de seus negócios, através da
melhoria na gestão de suas fazendas, utilizando ferramentas administrativas
modernas, dentre as quais se destaca o planejamento estratégico onde são
definidos, objetivos, metas e estratégias, que garantam um crescimento focado, com
maior aproveitamento dos recursos e maximização dos resultados. A pesquisa teve
como objetivo fazer uma comparação entre a antiga pecuária de corte brasileira e a
atual, já implantada por alguns pecuaristas, buscando demonstrar a importância do
planejamento estratégico como ferramenta de gestão e conseqüente geradora de
resultados. A metodologia utilizada para a coleta de dados foi a pesquisa qualitativa
através de entrevista semi-estruturada, à pequenos e grandes pecuaristas e órgãos
governamentais ligados a pecuária de corte, sendo verificada uma grande diferença
entre os pecuaristas que utiliza ferramentas administrativas, além das tecnologias
disponíveis e o pequeno pecuarista que ainda está preso a velhos paradígmas,
sendo resistentes em aceitar a nova forma de gestão rural, o que lhe tem causado
prejuízos.



Palavras chave: Pecuária de corte. Gestão rural. Planejamento estratégico.




∗
    Orientador: Prof. Esp. César de Freitas de Moura Júnior. Titular da cadeira de administração
SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................... i

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................... ii

1             INTRODUÇÃO ................................................................................ 01


1.1           Objetivo especifico .......................................................................... 02
1.2           Objetivo geral .................................................................................. 02

2             REFERÊNCIAL TEÓRICO .............................................................. 03

2.1           Análise da importância do empresário rural .................................... 03
2.1.1         Importância da pecuária de corte para a economia brasileira ......... 33
2.1.2         Importância da pecuária e da agricultura no PIB brasileiro ............. 05
2.2           Conceito de agronegócio ................................................................. 07
2.3           Conceito de pecuária de corte ......................................................... 07
2.4           Conceito de cruzamento industrial .................................................. 08
2.5           Pecuária de corte ............................................................................ 09
2.5.1         Rastreabilidade bovina .................................................................... 11
2.5.2         Controle sanitário bovino ................................................................. 12
2.5.3         Melhoramento genético ................................................................... 15
2.5.4         Cruzamento Industrial ..................................................................... 17
2.5.5         Boi verde versus boi orgânico ......................................................... 19
2.6           Transformação de fazenda em empresa ......................................... 20
2.6.1         Mudanças de horizontes ................................................................. 24
2.6.2         Visão empresarial ............................................................................ 25
2.6.3         Controle financeiro .......................................................................... 27
2.6.4         Adequação aos princípios da administração ................................... 28
2.7           Comportamento do empresário rural ............................................... 29
2.7.1         Lucro versus pecuarista .................................................................. 31
2.7.2         Análise SWOT ................................................................................. 33
2.8           Sucesso do segmento da pecuária ................................................. 35
2.9            Dificuldades enfrentadas pelo pecuarista brasileiro ........................ 37
2.10           Conceito de estratégia..................................................................... 37
2.10.1         Conceito de planejamento estratégico ............................................ 40
2.10.2         Importância do planejamento estratégico nas empresas ................ 42
2.10.3         Importância da definição da missão da empresa ............................ 43
2.10.4         Diferenciação................................................................................... 44
2.10.5         Reestruturação empresarial ............................................................ 46


3              METODOLOGIA .............................................................................. 48

4              RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 49

5              CONCLUSÃO .................................................................................. 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 56

APÊNDICE ....................................................................................................... 59

GLOSSÁRIO .................................................................................................... 61
LISTA DE ILUSTRAÇÕES


                           LISTA DE QUADROS


Quadro 1   Pecuaristas de pequeno porte ................................................. 34
Quadro 2   Pecuarista de médio a grande porte ........................................ 34
Quadro 3   Comparação entre estratégia e tática ...................................... 39




                           LISTA DE TABELAS




Tabela 1   Participação do Agronegócio no PIB brasileiro ........................ 05
Tabela 2   PIB do agronegócio de Minas Gerais de 2001 a 2008 ............ 06
Tabela 3   Características gerais das propriedades entrevistadas ........... 49




                         LISTA DE FIGURAS


Figura 1   As bases do planejamento estratégico............................... 40
Figura 2   Modelo de administração estratégica ...................................... 41




                                         i
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS


EMATER – MG      Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do
                 Estado de Minas Gerais

GPS              Sistema Global de Posicionamento

Ha               Hectare

IMA              Instituto Mineiro de Agropecuária

ITR              Imposto Territorial Rural

PIB              Produto Interno Bruto

PO               Puro de Origem

SWOT             Forças, fraquezas, ameaças e oportunidades




                                   ii
1 INTRODUÇÃO

      Nos últimos anos o Brasil vem sendo reconhecido mundialmente como o
grande celeiro da economia mundial, por sua vasta, extensão territorial, com
grandes quantidades de terras produtivas, e água potável, além do clima
favorável ao agronegócio nos mais variados segmentos produtivos.
      No caso da pecuária de corte, o Brasil saltou, nos últimos anos, da
quinta posição para o primeiro lugar em volume de exportação de carne, sendo
este um avanço de grande importância, mas isso não é o suficiente, pois o país
produz carnes de baixa qualidade, sem eficiência, com uma baixa taxa de
retorno aos pecuaristas, sendo necessárias grandes extensões de terras, para
uma baixa produção de seu rebanho.
      É fato que o Brasil avançou muito em termos de melhoramento genético
nos últimos anos, e opções aos pecuaristas não faltam. Hoje já existem raças
para a necessidade de cada pecuarista brasileiro, mas o que ainda falta são
instrumentos de gestão que possam melhorar os resultados das propriedades.
Um desses instrumentos é o planejamento estratégico, que visa definir
objetivos e metas a serem alcançados de forma organizada, otimizando os
recursos existentes, e auxiliando os pecuaristas na gestão do negócio de forma
a aumentar seu lucro, controlar os custos de produção, estimar suas receitas, e
qualificar a mão-de-obra.
      A pecuária brasileira pode se tornar mais produtiva, com a adoção de
uma gestão profissional nas fazendas produtoras, que possam aproveitar de
forma mais eficiente o conjunto de incentivos do governo para melhoria dos
rebanhos, e para a realização de cursos de capacitação em gestão para aos
pequenos pecuaristas, para que os mesmos possam ter acesso às ferramentas
de planejamento das atividades rurais e utilizá-las, tornando-se profissionais
conscientes dos resultados que precisam ser alcançados, para obterem maior
lucro e aumentar seu market share.
      Porém, esta evolução da pecuária de corte passa pela quebra de
paradigmas dos antigos fazendeiros que criavam o gado como seus
antepassados,    desprezando    as   novas   técnicas   e   raças   melhoradas
geneticamente para a criação e engorda do rebanho. E isso gera prejuízos
para os pecuaristas, pois aumenta o tempo de engorda do rebanho em até 2,5
vezes em comparação com a criação de gado no sistema de cruzamento
industrial.
       Felizmente, existem empresários rurais que sempre saltam na frente e
utilizam os melhores e mais avançados métodos de produção e de controle da
gestão existentes, planejando de forma organizada as ações de crescimento do
negócio e tendo visibilidade para a análise do custo de produção do rebanho e
sua margem de lucro, estando preparados para o enfrentamento das
adversidades da atividade e obtenção de “musculatura” para novos
investimentos, representando os pilares para a pecuária moderna do país.



1.1 Objetivo especifico


       Identificar as técnicas de administração utilizadas pelas empresas do
agronegócio do sul de Minas Gerais.



1.2 Objetivo geral


       Avaliar e comparar as estratégias e o uso das ferramentas da pecuária
de corte nas propriedades pecuaristas do sul de Minas Gerais.




                                      2
2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DO EMPRESÁRIO RURAL


      A pecuária de corte brasileira é responsável por aproximadamente 7%
do PIB brasileiro segundo Antonialli (2008), mas apesar disso o governo
brasileiro não dá muita importância aos pecuaristas brasileiros, não oferece
créditos de custeio, ou créditos de investimentos para esse segmento, em
comparação a outros segmentos como a cafeicultura, por exemplo, que possui
vários tipos de linhas de créditos.
      O que não dá para entender é o porquê desse preconceito em relação à
pecuária de corte, pois alem de movimentar milhões, e ser um dos grandes
contribuintes para o crescimento do PIB, é o agronegócio que leva alimento
para as mesas de todo o mundo.
      Daí vem a grande importância do empresário rural, porque ele consegue
produzir em grande escala com alto aproveitamento de sua área, e ainda
consegue reduzir os custos do produto acabado. Pense que a culpa pelo
descaso nacional com o agronegócio brasileiro, é dos próprios fazendeiros, que
estão demorando para se profissionalizarem, e lutar pelos seus direitos e pelo
que é justo, pois não adianta somente ficar reclamando para todos seus
conhecidos que o governo não apóia o agronegócio, que o preço de seu
produto está muito abaixo do necessário para cobrir os custos, se não há união
como nos sindicatos das indústrias nacionais, que lutam por seus direitos e por
melhores preços.


2.1.1 Importância da pecuária de corte para a economia brasileira


      Esse tema é interessante, porque poucas pessoas que moram nas
cidades conhecem uma fazenda de verdade e não apenas por televisão, e não
sabem que o agronegócio como um todo é muito importante para a economia
do país, seja na geração de empregos, ou seja na geração de riquezas e ainda




                                      3
sua representatividade no PIB nacional, ajudando o país a crescer e a dar uma
melhor condição de vida ao povo brasileiro.
      O agronegócio, além de ter toda essa importância para a economia
nacional, é, por incrível que pareça, um dos segmentos mais discriminados de
nosso país, seja por pessoas dos mais altos cargos governamentais, ou ainda
por qualquer pessoa que viva em uma cidade grande, pois o homem do campo
é conhecido como um caipira, até mesmo os empresários rurais ainda sofrem
com alguns descasos como esses, encontrar uma linha de crédito em uma
instituição financeira pública ou privada é raridade, e ainda, quando é
encontrada, o mais difícil é conseguir a aprovação do crédito pela instituição
financeira, pela grande burocracia.
      É através da pecuária de corte que nos alimentamos de carne, que é
uma das fontes de proteínas que possuímos, além de ser muito saborosa e
nutritiva, é recomendada à saúde humana. Trazendo o assunto para a
economia nacional, no campo a pecuária não gera muitos empregos, e nem
movimenta rotineiramente muito dinheiro, em dentro de sua cadeia produtiva,
ela movimenta milhões de reais, e gera muitos empregos fixos, ao contrário de
outras culturas que geram muito empregos, mas sazonalmente. Do momento
em que o rebanho é produzido nas empresas rurais, até a carne chegar aos
nossos pratos, muitas pessoas trabalharam em naquele produto para que isso
acontecesse, gerando emprego e renda aos brasileiros, e ainda tem as carnes
que são exportadas, que até chegarem às mesas dos consumidores
exportadores, gerarão ainda mais empregos e renda.
      Muitas vezes é através de gado que algumas áreas não mecanizadas
são exploradas, para potencializarem o aproveitamento da empresa rural. O
que falta é o pecuarista se tornar profissional e comandar seu negócio como
empresa, almejando sempre metas e objetivos a serem alcançados, tornando
seu negócio lucrativo e sustentável.




                                       4
2.1.2 Importância da pecuária e da agricultura no PIB brasileiro


         Que o agronegócio é de grande importância para o PIB brasileiro, todos
sabemos, pois a agricultura foi uma das primeiras atividades da história do
homem a buscar fins lucrativos, mas o que poucos sabem é da importância em
números, o PIB do agronegócio movimentou em 2007, 642.634 milhões de
reais conforme a tabela abaixo mostra, ou seja 25,11% do PIB nacional, o que
mostra que não somente as empresas fazem o Brasil crescer. (ANTONIALLI,
2008).
         Outro dado interessante, segundo o autor, é ressaltar a importância da
pecuária dentro do agronegócio e do PIB nacional, pois a pecuária responde
sozinha por 40% do PIB do agronegócio e 7% do PIB nacional, o que significa
muito dinheiro para a economia brasileira.


 Tabela 1 - Participação do Agronegócio no PIB brasileiro
                PIB Brasileiro        PIB
                                 Agronegócio           Agronegócio
                  Fonte: IBGE    Fonte: Cepea-   Agricultura   Pecuária
                                   USP/CNA
                                 Dados em Milhões de reais
    2000           2.248.296        514.161       354.243       159.918
    2001           2.249.069        523.143       360.997       162.146
    2002           2.248.854        569.220       399.444       169.766
    2003           2.106.589        606.419       429.998       176.421
    2004           2.119.158        621.910       442.451       179.459
    2005           2.295.279        592.943       416.886       176.057
    2006           2.451.488        595.626       427.859       167.767
    2007           2.558.822        642.634       456.877       185.758
Fonte: Antonialli (2008: 10)


         Mudando de cenário do nacional para o estadual, analisando a tabela
abaixo que mostra o PIB do agronegócio em Minas Gerais, podemos verificar
que o agronegócio movimentou R$ 90.534 milhões de reais no ano de 2008,



                                            5
considerando toda a cadeia do agronegócio, e se notarmos do ano de 2001 a
2007, a agricultura sempre obteve melhores resultados que a pecuária, mas
um fato interessante é que em 2008 a pecuária obteve um crescimento de
22,5% contra um crescimento de 7,5% da agricultura, o que mostra que a
pecuária está criando força em Minas Gerais, se consolidando como uma
atividade lucrativa e que movimenta milhões anualmente.


Tabela 2 - PIB do agronegócio de Minas Gerais de 2001 a 2008 (em milhões
           de reais)




Fonte: Cepea (2009).
NOTA: * Tomando como base a taxa de crescimento acumulada de janeiro a dezembro de 2008.




                                               6
2.2 CONCEITO DE AGRONEGÓCIO


      Soma das operações de produção e distribuição de suprimentos
agrícolas,   das   operações   de   produção   nas   unidades   agrícolas,   do
armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agropecuários e
itens produzidos a partir deles. (OLIVEIRA, 2009).
      Agronegócio é toda relação comercial e industrial envolvendo a cadeia
produtiva agrícola ou pecuária. No Brasil, o termo agropecuário é usado para
definir o uso econômico do solo para o cultivo da terra, associado com a
criação de animais.
      Agronegócio (também chamado de agribusiness) é o conjunto de
negócios relacionados à agricultura dentro do ponto de vista econômico.
      Costuma-se dividir o estudo do agronegócio em três partes. A primeira
parte trata dos negócios agropecuários propriamente ditos (ou de "dentro da
porteira") que representam os produtores rurais, sejam eles pequenos médios
ou grandes produtores, constituídos na forma de pessoas físicas (fazendeiros
ou camponeses) ou de pessoas jurídicas (empresas). (ANTONIALLI, 2008)
      Na segunda parte, os negócios à montante ou "da pré-porteira", aos da
agropecuária, representados pelas indústrias e comércios que fornecem
insumos para a produção rural. Por exemplo, os fabricantes de fertilizantes,
defensivos químicos, equipamentos, etc.
      E, na terceira parte, estão os negócios à jusante dos negócios
agropecuários, ou de "pós-porteira", onde está a compra, transporte,
beneficiamento e venda dos produtos agropecuários, até chegar ao consumidor
final. Enquadram-se nesta definição os frigoríficos, as indústrias têxteis e
calçadistas, empacotadores, supermercados e distribuidores de alimentos.



2.3 CONCEITO DE PECUÁRIA DE CORTE


      “Pecuária é a arte ou o conjunto de processos técnicos usados na
domesticação e criação de animais com objetivos econômicos, feita no campo.
Assim, a pecuária é uma parte específica da agricultura”. (PECUÁRIA, 2009).




                                       7
Pecuária de corte é um dos ramos de atividade que exerce o pecuarista,
ou o criador de rebanho.
      Existem tipos diferentes de pecuária de corte, variando de acordo com o
tipo de rebanho a ser abatido como bovinos, caprinos e ovinos:
   O abate de novilho ou garrote exige um rebanho mais aprimorado e maior
   tecnologia, é chamado de corte novo ou abate de novilhos.
   De gado confinado ou gado preso, esse tipo de abate é usado para
   engorda do gado e posterior abate, quando se precisa de carne mais nobre
   e em maior quantidade.
   Seletivo, esse tipo de abate não é muito comum, pois se usa,
   costumeiramente, abater o animal doente e posteriormente incinerar sua
   carcaça. Esse tipo de abate, normalmente é realizado sob a supervisão da
   autoridade sanitária, pois normalmente abatem-se os animais doentes e os
   que tiveram contato direto, como medida de prevenção e erradicação da
   doença.


2.4 CONCEITO DE CRUZAMENTO INDUSTRIAL


      Na ultima década, o cruzamento industrial de bovinos tornou-se uma
importante ferramenta estratégica para programar a produção de carne nos
diferentes sistemas produtivos no Brasil. Isto em parte ocorreu em função,
principalmente,   do   aumento    da    prática      de   inseminação       artificial,    e
conseqüentemente pela possibilidade e acessibilidade a sêmen de touros de
uma ampla variedade de raças.
      Existem diversas formas de desenvolver sistemas de cruzamentos, o
importante é ressaltar que não há nenhum sistema nem combinação de raças
que seja adequado a todos os rebanhos ou sistemas de produção. A escolha
de qual sistema utilizar vai depender de diversos fatores, tais como: ambiente,
exigência de mercado, mão de obra disponível, nível gerencial, sistema de
produção,    viabilidade   do   uso    de       inseminação   artificial,   objetivo      do
empreendimento, numero de vacas, e número e tamanho dos pastos
(EMBRAPA, 1995).




                                            8
A combinação ou o acasalamento de duas ou mais raças adaptadas
para corte de diferentes tipos biológicos, que tem por objetivo melhorar
eficiência na produção de carne, deve ser entendido como cruzamento
industrial. O benefício gerado pela utilização do cruzamento industrial é poder
explorar os efeitos da heterose ou vigor híbrido, que podem estar relacionados
não só no aspecto produtivo (ganho de peso, peso de carcaça, fertilidade,
precocidade, etc.), mas também no aspecto qualitativo da carcaça (como
melhor acabamento, marmorização, e maciez).
      O cruzamento permite de forma mais rápida a obtenção de
características desejáveis (carcaça, precocidade, etc.) em relação à seleção
nas   raças     puras,   efeito   este   também   podendo   ser   chamado   de
complementaridade. Neste ponto deve ser esclarecido e enfatizado que o
cruzamento de Zebuínos com raças adaptadas para leite, não são e, portanto
não devem ser chamados de cruzamento industrial, por razões óbvias.
(LAZZARINI, 2000g).


2.5 PECUÁRIA DE CORTE


      Segundo Barbosa e Souza (2007), o Brasil possuí o maior rebanho
comercial do mundo, e é o maior exportador de carne em toneladas e em
faturamento; entretanto possui taxas de produtividade abaixo dos seus
concorrentes.
      A pecuária de corte brasileira teve, nos últimos anos grandes avanços
tecnológicos, com a chegada de várias ferramentas que possibilitaram ao
empresário rural melhorar suas condições de produção e aumentar seu lucro.
      Algumas ferramentas, como a melhoria da genética dos bovinos através
de inseminação artificial, transferência de embriões, touros com qualidade
genética comprovada através de exames andrológicos, controle dos parasitas
naturais através de métodos biológicos e eficazes com baixo custo,
rastreabilidade dos bovinos, cruzamentos entre raças de morfologia diferentes,
além de manejar melhor suas pastagens através de aduções, rotação de
pastagem e, em alguns casos, até irrigação das pastagens.




                                          9
As vias de acesso externas à fazenda devem comportar determinados
       sistemas produtivos. O caso de pecuarista que, ao resolver reformar suas
       pastagens com o uso de calcário, prontamente encomendou várias toneladas
       deste insumo, sem se dar conta, de que as vias de acesso à fazenda (estradas
       de terra) eram muito estreitas e não permitiam a passagem de veículos
       pesados, portanto é preciso entender que existem fatores externos à fazenda
       que precisam ser observados para evitar prejuízos. (LAZZARINI, 2000d: 13).


       Mas apesar de todos esses avanços tecnológicos, a maioria dos
fazendeiros não se tornaram empresários rurais e aderiram aos avanços que
lhe fossem convenientes, alguns por ainda terem bloqueios às inovações
presentes no mercado, outros por seguirem métodos antigos de produção e
não se abrirem para a chegada do futuro, para a idéia de que a produção
precisa ser exata para se obter lucro.
       O agronegócio brasileiro ainda sofre muito preconceito, talvez pelo fato
de os fazendeiros não terem se tornado empresários, pois o que muitas
pessoas não sabem é a importância do agronegócio para o país, incluindo a
pecuária que é grande exportadora de carne, contribuindo para o equilíbrio da
balança comercial, e para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro.
       A pecuária de corte está presente praticamente em todo o país, estando
mais concentrada nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e
Minas Gerais, que produzem 90% de toda a carne do país. (EMBRAPA,
2000b).
       A pecuária de corte é um segmento do agronegócio que possui um
baixíssimo custo de produção, em relação a outros segmentos do agronegócio,
pois dá para se aproveitar regiões montanhosas que dificultariam a produção
de cereais por não oferecerem condições de as maquinas trabalharem por
serem íngremes, ou regiões alagadas como o pantanal de Mato Grosso. Sem
dúvida, é um segmento muito dinâmico, e oferece varias opções para o
empresário rural.
       A pecuária de corte, por ser uma atividade de lucratividade sazonal, cuja
produção é escoada uma vez por ano, não oferece renda durante esse período
de entre safra que dura aproximadamente doze meses. Sendo assim, um
imóvel agrícola que trabalha com a pecuária de corte pode se diversificar




                                         10
trabalhando em conjunto com outro segmento, para aproveitar o período de
produção.


             Um pasto em condições de uso contínuo, sem cuidados na sua
      manutenção, tende a degradar-se cada vez mais, prejudicando o desempenho
      produtivo ao longo do tempo e reduzindo ainda mais a capacidade de suporte
      ou o desempenho animal. (LAZZARINI 2000e: 105).


      O investimento para se iniciar na pecuária de corte em regime extensivo
(a pasto) é alto para implantação, porém para a manutenção do investimento,
ele é baixo, sendo da seguinte forma o investimento: compra de um imóvel,
estruturação física, como curral, cercas, preparo do solo, e das pastagens,
compra dos bovinos. Os impostos são reduzidos, sendo somente o Imposto
Territorial Agrícola (ITR), que é anual; os outros investimentos são apenas os
de manutenção, como vacinas e remédios, sais mineirais e vaqueiros para a
lida com o gado.



2.5.1 Rastreabilidade bovina


      A rastreabilidade é um processo que visa ter um registro de toda a vida
do animal, desde seu nascimento até o abate, registrando tudo o que
aconteceu em sua vida, como peso ao nascer, peso ao desmame, peso ao
abate, registros de manejos, com data, hora e descrição do que foi feito, a
duração     desse   procedimento,   entre   outros.   Em   sua   simplicidade, a
rastreabilidade pode ser sinônimo de registro, pois é isso que será feito durante
toda a vida do animal.
      Segundo a Embrapa (2001b), a União Européia exige que todo o
processo de produção de carne esteja inserido em um programa de
identificação e registro que possibilitem o levantamento de todas as
informações sobre o animal, desde seu nascimento até o consumo do produto
final. Esta resolução atinge desde os produtores até as indústrias e
fornecedores.
      O diferencial de um rebanho rastreado é que esse rebanho pode ser
exportado para qualquer país importador da carne brasileira, e com isso o



                                       11
empresário rural pula etapas da exportação e pode exportar diretamente ao
importador sem intermediários, agregando um valor muito maior ao seu
rebanho, obtendo um lucro maior de praticamente o dobro do mercado normal.
O custo para esse tipo de produção não é tão alto quanto o seu beneficio ao
produtor, pois, como o processo consiste em basicamente registros da vida de
cada animal, desde seu nascimento até o momento do abate.
      A rastreabilidade bovina é um processo novo aqui no Brasil, mas que
vem ganhando adeptos com muita força, devido às suas vantagens, e o lucro
líquido de quase o dobro do mercado normal.
      A rastreabilidade bovina será, no futuro, um processo obrigatório a todos
os segmentos da pecuária de corte, pois facilita o serviço da vigilância
sanitária, evitando que animais doentes possam ir parar na mesa do
consumidor, podendo gerar doenças, contaminando os seres humanos, e os
empresários que já produzem nesse sistema e estão ganhando dinheiro a mais
que os produtores convencionais, já estarão um passo a frente dos que farão a
rastreabilidade quando ela for obrigatória.



2.5.2 Controle sanitário bovino


      Uma prática simples, mas que, por incrível que pareça, muitos
pecuaristas não a fazem de maneira correta, às vezes por falta de
conhecimento, ou por querer reduzir o custo e outras vezes apenas pelo
descaso pelo processo.
      Dentro do controle sanitário bovino, existem várias etapas de vacinações
durante o ano, como por exemplo, a vacinação contra a febre aftosa, contra
raiva bovina, contra brucelose, além do controle parasitário de vermes,
carrapatos, bernes, mosca do chifre. Uma vacina muito importante e obrigatória
em praticamente todo o território nacional é a vacina contra a febre aftosa, que
é dividida atualmente em duas etapas aqui em Minas Gerais, sendo a primeira
entre os meses de maio e junho e a segunda etapa entre novembro e
dezembro.




                                        12
A vacina contra a febre aftosa é uma vacina de baixo custo comparado
ao prejuízo que o pecuarista pode sofrer, com a morte e/ou sacrifício de seu
rebanho quando detectada a doença, mas um fato que ocorre em muitas
propriedades é que os fazendeiros compram a vacina, pelo fato de ser
obrigatória pelo governo, mais não a aplicam, deixando seu rebanho
desprotegido da doença, pelo simples fato de a vacina ter uma reação adversa
no animal vacinado, deixando o animal com o pelo arrepiado, uma leve perda
de peso, e com um caroço no local de vacinação, deixando o animal
incomodado.
      O que esses fazendeiros esquecem é que quando é detectado um foco
da doença em qualquer região do país, todos os pecuaristas sofrem
conseqüências por isso, pois o mercado internacional é muito rigoroso em
alguns critérios sanitários, sendo esse talvez o mais importante.
      A realidade é que, quando isso ocorre, o mercado exterior fecha a porta
para a importação de nossos produtos bovinos, e com isso entra a lei da oferta
e demanda, pois com o aumento da oferta interna e a pequena demanda
externa os preços caem, reduzindo o lucro ou gerando prejuízos aos
empresários rurais.
      A vacina contra raiva bovina não é obrigatória pelo governo, mas é um
método de prevenção muito importante, o custo dela é um pouco maior que o
da febre aftosa, mas que é justificado pela segurança que é dada ao rebanho,
não o deixando correr o risco de perder algum animal por esse motivo, além do
risco de contaminação humana, porque a raiva pode ser transmitida ao homem
pelo contato com a saliva do animal ou sangue; a carne, desde que bem
preparada, não causa risco à saúde. Essa etapa é anual, geralmente no
segundo semestre do ano, ficando, portanto, a critério do pecuarista sua
aplicação ou não.
      A vacina contra brucelose também é obrigatória, como a da febre aftosa,
porém destaca-se que é aplicada somente em fêmeas, entre três e nove
meses, sendo controlada pelo governo, podendo ser aplicada somente por um
médico veterinário, e é uma vacina de um custo mais elevado do que as outras
comentadas anteriormente, mas cuja aplicação é feita uma única vez durante
toda a vida do animal.



                                       13
A brucelose é uma doença séria, que também pode ser transmitida ao
ser humano, e que acarreta prejuízos a médio e longo prazo, pois gera um
animal infértil, cuja carne ou leite não podem ser consumidos. No caso da
carne, só pode ser consumida se o animal for vendido a um frigorífico
especializado, que refrigera a carne a uma temperatura muito baixa, o que
acaba com a doença, e que possui autorização para comercialização desse
tipo de produto, mas isso ainda gerando ao pecuarista inúmeros transtornos e
prejuízos, por conseqüência de não conseguir vender seu produto pelo preço
real de mercado.
       Segundo Lazzarini (2001), boas condições de qualidade de sanidade
animal devem fazer parte da filosofia de melhoramento do ambiente na criação,
e ainda se sabe que, no Brasil, 60% dos defeitos dos couros têm origem na
fazenda, e que destes, 40% são oriundos de ectoparasitas. O controle da
sanidade animal, nesse aspecto, extrapola o seu próprio significado veterinário
e se mostra de vital importância para produção de couros de qualidade para a
indústria.
       Os controles parasitários são os maiores custos de manutenção de
bovinos, seja com os endoparasitas (parasitas internos) ou com os
ectoparasitas (parasitas externos) como vermes são o maior parasita interno,
que reduz o ganho de peso do animal, sua capacidade de desenvolvimento,
além de ter um alto custo de controle, dependendo da situação, o rebanho
sofre cerca de quatro vermifugações por ano.
       Os ectoparasitas, como os carrapatos, sugam o lucro do pecuarista, seja
pelo baixo desempenho do animal em termos de ganho de peso, baixa
fertilidade, também é um controle de alto custo ao pecuarista. A mosca do
chifre também gera prejuízos, mas em escala um pouco menor que os outros
ectoparasitas, pois ela deixa o rebanho incomodado com sua presença,
distraindo e cansam o rebanho na tentativa de espantá-las.
       Ainda falando dos ectoparasitas, felizmente hoje já existem métodos
mais eficientes de combatê-los, com tratamentos sem traumas ao rebanho, e
altamente eficazes, combatendo ectoparasitas no cocho de suplementação
alimentar. Portanto, o próprio rebanho combate esses parasitas, sem notar que
estão fazendo isso, através de uma rotina dos animais que é receber



                                      14
suplementação mineral. Esse método, após um calculo detalhado, mostra que
seu custo é baixo em comparação a todos os custos para aplicação de
produtos veterinários durante o ano todo, contando desde o estresse do animal
ao risco de perder algum animal durante o manejo.
        Então, para o empresário rural, a Embrapa disponibiliza um cronograma
de manejo sanitário de bovinos anual, ou o próprio empresário rural pode criar
seu cronograma de manejo sanitário que melhor se ajuste a sua região ou a
sua necessidade.


2.5.3 Melhoramento genético


        Nos dias atuais é inaceitável o pecuarista ter um rebanho com baixa
genética ou animais conhecidos por “gado pé duro”, que significa animais com
baixa genética e baixo desempenho. Não podemos dizer que o pecuarista tem
que criar gado de elite para o abate mais sim fazer o cruzamento correto para
obter o melhor desempenho para atender sua expectativa, melhorando o
desempenho de sua empresa rural, para então obter lucro e conseguir ser
competitivo no mercado.
        De acordo com a Embrapa (2000), existem duas ferramentas para se
promover o melhoramento genético: seleção e cruzamento. Seleção é a
decisão de permitir que os melhores indivíduos de uma geração sejam pais da
geração       subseqüente.   Cruzamento        é   o   acasalamento   de   indivíduos
pertencentes a raças ou espécies diferentes.
        Existem várias formas de melhorar a genética de um rebanho basta
fazer um planejamento correto, observando o clima da região, a topografia,
para escolher o animal que possua as melhores características para a empresa
rural, ou ainda partir para outras tecnologias como a inseminação artificial,
transferência de embriões, estação de monta natural ou com inseminação
artificial.
        O que não pode acontecer é o pecuarista continuar com um rebanho de
baixa qualidade genética, porque esse pecuarista não sobreviverá, pois, na
pecuária os outros pecuaristas não são, por incrível que pareça seus
concorrentes diretos. Pois seu concorrente é o mercado, os custos de



                                          15
produção, entre outros, porque o empresário rural não consegue de forma
alguma, mesmo sabendo seu custo, colocar preço no seu produto (o boi), e o
pior é que ele não pode estocar seu produto como em outros segmentos da
indústria ou do varejo, ficando totalmente nas mãos do mercado. Por isso, a
importância de reduzir ao máximo o custo de produção, e a melhor maneira de
reduzir os custos é através do melhoramento genético de cruzamentos
industriais, ou qualquer outro método de melhoramento genético, pois reduzirá
o tempo do rebanho no pasto ou no cocho, pelo fato dos animais terem uma
melhor conversão alimentar, tendo um maior ganho de peso, ficando pronto
para o abate no mínimo na metade do tempo dos animais de baixa genética.
       Existem outras formas de reduzir o custo de produção do rebanho, mas
são formas que irão aumentar ainda mais o tempo de abate dos animais, o que
para os empresários rurais é prejuízo, e para os fazendeiros que não fazem
conta do tempo de abate, o pasto, a suplementação mineral, e a mão de obra a
mais que esse lote do rebanho demorou em ficar pronto para o abate, e ainda
acabam contabilizando como lucro.
      Segundo Barbosa e Souza (2007), o fazendeiro se esquece de fazer os
cálculos de que, enquanto eles gastaram cinco anos para produzirem cem bois
com média de 16 arrobas pronta para o abate em uma área de 100 há, o
empresário rural produz 200 bois com as mesmas 16 arrobas, na mesma área
e no mesmo tempo de cinco anos, aumentando a produtividade. E, portanto, o
empresário rural produz o dobro com as mesmas características e o mesmo
custo de produção do fazendeiro melhorando somente a genética de seus
bovinos. Mais pode-se pensar que animais de melhor genética têm custo
maior, o que acaba sendo uma grande contraversão, pois com as matrizes, não
precisamos que sejam de origem pura, o conhecido Puro de Origem (PO), elas
só precisam ter boa qualidade genética; os touros sim, quanto mais puros eles
forem, melhor será sua produção e em média necessita-se de dois touros para
cem matrizes, é uma excelente proporção; por isso, o custo de aquisição do
rebanho de boa qualidade genética torna-se irrelevante, e que tanto espanta os
fazendeiros, basta apenas fazer os cálculos a médio e longo prazo, para
constatar que a diferença na aquisição será paga no primeiro lote acabado e
pronto para o abate.



                                     16
Então porque os fazendeiros não melhoram a genética de seu rebanho?
Talvez por haver pouco conhecimento e por não haver divulgações reais da
diferença do custo de produção comparando rebanhos com genéticas e
rebanhos sem genética.
      E melhoramento genético, como visto anteriormente, não é nenhum
bicho de sete cabeças, sendo muito simples no caso de rebanho para o abate.
Só é um pouco mais complicado no caso de rebanho Puro de Origem (PO),
mas ainda assim basta estudar um pouco a relação sanguínea do rebanho
para enxergar o que precisa ser feito.
      É muito simples o raciocínio da genética: animais de boa genética irão
produzir animais de boa genética, e vice versa, por exemplo, se você fizer o
cruzamento de um excelente touro com uma matriz de baixa genética,
certamente a produção desse cruzamento será um produto de razoável ou até
de boa qualidade; não tem mágica, é muito simples o raciocínio.


2.5.4 Cruzamento industrial


      É o cruzamento entre indivíduos de raças diferentes, onde o touro é
geralmente de raça pura, buscando aumentar a eficiência na produção de
carne. A razão principal para se fazer o cruzamento orientado entre raças é
aumentar a lucratividade (renda líquida), através do aumento da produtividade
(eficiência de produção). Nenhuma raça é perfeita, cada uma tem seus pontos
fortes e fracos, o importante é saber fazer o cruzamento certo entre as raças ou
a heterozigose (cruzamento entre raças).
      É uma das novas técnicas de se produzir com alta eficiência e eficácia,
bastando apenas o pecuarista fazer um planejamento correto, e escolher qual a
melhor raça para sua região, qual o melhor estilo de cruzamento industrial,
para se ter a maior produtividade por hectare possível, seja no sistema de
manejo intensivo (confinamento) ou extensivo (pasto).
      Só para se formar uma idéia da importância de se produzir com alta
eficiência e eficácia: com uma demanda elástica nas classes de até 10 salários
mínimos, temos que, para um aumento de 10% na renda real desses




                                         17
consumidores, 40% serão destinados ao consumo de proteína animal. E desse
total 48% vão para o consumo de carne vermelha. (LAZZARINI, 2000a).
      O cruzamento industrial nada mais é que um método de se dar um
choque de sangue entre duas raças diferentes, conhecido no segmento como
heterose, onde se pega, por exemplo, uma raça zebuína que possui uma
morfologia diferente e a cruza com uma raça taurina, de onde surgirá o
cruzamento industrial, dando a essa nova raça características diferenciadas
como maior precocidade, maior ganho de peso, maior aproveitamento da
carcaça. Como nas indústrias, quanto mais rápido seu produto estiver pronto,
menor será seu custo, e conseqüentemente maior será seu lucro, e assim a
empresa rural terá mais giro e possuirá um maior capital de giro, facilitando
seus trabalhos diários.
      Complementaridade – A combinação das qualidades desejáveis das
raças parentais permite a obtenção de uma progênie superior. Ou seja, quanto
mais as raças utilizadas se complementarem nas características produtivas,
melhor será o resultado dos produtos do cruzamento. O exemplo mais claro
disso é combinar características de adaptabilidade, ou seja, aproveitaremos a
resistência e fertilidade das vacas zebu, e o ganho de peso, precocidade
sexual e de acabamento das raças taurinas européias.
      Heterose - É a superioridade média dos produtos de cruzamento em
relação à média do país. A heterose será maior quanto maior for a distância
evolutiva entre as raças em questão, ou seja, quanto tempo atrás elas se
distanciaram no processo de seleção natural e seleção induzida pelo homem.
      E as vantagens do cruzamento industrial não acabam aqui, pois além de
o produto ficar pronto antes dos concorrentes, ele possui um baixo custo de
produção em relação a outras raças, porque normalmente uma raça comum,
sem heterose, demora cerca de quatro a cinco anos para estar pronta; no
cruzamento industrial, leva-se cerca de dois a três anos, aproximadamente
metade do tempo gasto em comparação a uma raça comum.
      E ainda como o produto é terminado mais cedo, possui maior qualidade
na carne, tendo uma carne mais macia e saborosa, e por conseqüência, o
produtor ganha um pouco mais por arroba, então uma mudança simples na
forma de produção pode aumentar e muito o ganho do empresário rural, seja



                                     18
no tempo gasto para produção e valor agregado que o produto possui ou por
ter maior qualidade.
       A características do rebanho originado de cruzamento industrial no
Brasil, é de maioria do gado de corte de origem zebuína, em maior numero os
da raça nelore, cujas matrizes não possuem um alto custo e já é a raça que os
fazendeiros trabalham em maior escala, portanto é só o empresário rural
adquirir um touro de uma raça européia, e pronto, ele já estará causando uma
heterose e aumentando a eficiência do seu rebanho. E porque os fazendeiros
não optam por esse tipo de cruzamento? Porque justamente esses fazendeiros
ainda não se tornaram empresários rurais, seguem aquela história de “meu avô
fazia assim”, “meu pai também” e continuam seguindo essa maneira de
produzir, e infelizmente poucos fazendeiros tornaram-se empresários rurais,
produzindo com eficácia, tendo controle do seu negócio, sabendo seus custos,
se atualizando, e seguindo as tendências do mercado. Infelizmente esses que
se mantiverem como fazendeiros logo estarão decretando falência, pois não
entendem que o sistema que seus antecessores trabalhavam hoje não
sobrevive mais.


2.5.5 “Boi verde” versus “boi orgânico”


       O conceito de “boi verde” é muito mais simples do que parece, pois
simplesmente é aquele boi criado totalmente a pasto, como se fazia
antigamente e como ainda é feito na pecuária extensiva.
       O conceito de “boi orgânico” é aquele boi criado a pasto ou confinado,
que porém exige ser tratado de maneira diferenciada, ficando sem acesso a
nenhum produto industrializado, e ainda exige uma rastreabilidade que
comprove que aquele boi não teve contato com nenhum produto que não seja
natural.
       Apesar de haver as diferenças, advoga-se que “o boi orgânico estaria
inserido em um filosofia holística que, além da produção, de carne preocupa-se
ainda com os aspectos sócio-ambientais envolvidos”. Um exemplo de norma é
a exigência de que todas as crianças da fazenda estejam freqüentando a
escola (EMBRAPA, 2000a).



                                     19
É importante ressaltar que existe mercado para ambos os produtos, qual
o melhor? Dependerá de uma avaliação de cada empresário rural, para definir
qual dos segmentos se enquadra mais em sua necessidade de produção, e
uma analise crítica de mercado desse produto em sua região. Existe um maior
valor agregado a esse tipo de produção de carne, mas talvez o boi orgânico
não seja tão rentável, comparando-o com o boi verde, que é a maneira mais
econômica de se produzir carne, e o nicho mercado do boi orgânico e sua
grande maioria está no exterior, forçando o produtor desse tipo de carne a
optar pela a exportação.
      O que não pode existir de forma alguma é uma rivalidade desonesta
entre os segmentos da pecuária de corte, trabalhando em cima dos pontos
fracos de cada segmento, pois quando isso acontece abre espaço para outros
tipos de produção de carne, como a carne de frango, de suíno, e até carnes
exóticas, como de rã, avestruz, jacaré, entre outras, alem do vegetarianismo
aumentar, portanto a competição entre os segmentos pode existir, mas desde
que com cautela para que não prejudique todo o setor.


2.6 TRASNFORMAÇÃO DE FAZENDA EM EMPRESA


      Foi se o tempo que o fazendeiro era apenas um caipira, que não sabia
ler nem escrever, que sabia apenas produzir para sobreviver de sua fazenda,
plantando o que iria comer, e o que sobrar para vender, e que inspiraram
muitos compositores, com seu jeito simples de viver e sobreviver.
      Mas com a chegada da tecnologia no campo com a globalização
mundial, o capitalismo, a revolução industrial, entre outros fatores, aos poucos
foram acabando esses fazendeiros chamados por alguns de caipiras, e alguns
se modernizaram um pouco e atuam até hoje, mas logo também saírão do
cenário e darão lugar ao empresário rural que já chegou e em curto prazo
assumirá a totalidade dos negócios do campo.
      O empresário rural é preocupado com o lucro liquido da sua empresa,
sabe realmente seu custo de produção, seja por unidade ou por totalidade, é
moderno, utilizando todos os recursos tecnológicos necessários para que sua
empresa atinja o máximo de produtividade possível, aproveitando tudo e toda



                                      20
área de possível exploração. Também é preocupado com o lado ambiental da
empresa, preservando suas reservas e minas naturais, além de se preocupar
com o lado social de seus colaboradores, buscando sempre formas de
incentivá-los a trabalharem melhor, oferecendo-lhes cursos e oportunidades de
adquirirem conhecimentos.
      Mas a transformação de fazendeiro para empresário rural não é fácil e
nem é de graça, pois exige esforço de todos os envolvidos em sua empresa, e
talvez a segunda etapa mais difícil dessa transformação seja a conscientização
dos colaboradores, que as coisas mudaram e que eles terão benefícios com
essas mudanças, mas também terão deveres para que essa transformação
possa ocorrer da melhor maneira possível. A primeira, a mais importante e a
mais difícil etapa, é a conscientização do fazendeiro de que ele precisa se
tornar um empresário e que, para que isso possa acontecer, ele precisa mudar,
e em alguns casos mudar muito seus métodos de administração de sua
empresa, se atualizando e utilizando ferramentas administrativas para gerir sua
empresa, aproveitando os seus pontos fortes e melhorando seus pontos fracos.
      Alguns fazendeiros dizem que essa etapa da transformação é muito
difícil e dependendo de seu segmento de negócio pode ficar muito onerosa,
alguns precisaram mudar muitas coisas de suas estruturas, além de demitir
alguns funcionários que não quiseram ou não conseguiram se adaptar ao novo
método de gestão de seu negócio.


               O general que vence a batalha é aquele que, no tempo ancestral,
      efetuou muitos cálculos detalhados e avaliações prévias e considerou que a
      maioria dos fatores está a seu favor. O general que perde a batalha é aquele
      que, no tempo ancestral, antes da batalha, faz poucos cálculos de antemão
      [...]. Se eu observar desta perspectiva, posso antever a vitória e a derrota, que
      me serão evidentes!. (CLAVELL, 2008: 33).


      Mas, felizmente, para o segmento de pecuária de corte essa
transformação é um pouco mais fácil, pois a estrutura a ser utilizada será
menor, o número de funcionários é bem menor, a única etapa que ainda acaba
sendo de grande dificuldade é a conscientização do fazendeiro para se tornar
um empresário rural, e aceitar que seus métodos de gestão podem estar




                                         21
gerando prejuízos ao invés de lucro, e ainda aceitar que sua gestão não é mais
indicada para o segmento.
      Para a pecuária de corte, é dever do empresário rural maximizar a
produtividade por área, por animal, e aproveitar todos os recursos naturais que
sua propriedade possa oferecer, lembrando sempre de não prejudicar o meio
ambiente. Quando se diz em maximizar a produtividade por área, busca-se
dizer que uma área onde se produzia 100 animais/ano, e tem potencial para
produzir 150 animais/ano, é dever do empresário rural tornar essa estatística
em realidade, seja tratando as pastagens de forma adequada, com adubações,
calagem de solo, e descanso do terreno de forma adequada, ou seja
melhorando a genética de seu rebanho, aumentando a fertilidade, a conversão
alimentar, o ganho de peso, entre outros. No mesmo sentido, a produtividade
por animal, é dever do empresário rural identificar porque seu animal não rende
o necessário, se é por falta de pastagens de qualidade, por falta de genética,
por falta de uma suplementação mineral de qualidade e adequada à
necessidade diária de cada animal, ou por falta de controle sanitário de seu
rebanho.
      A Cadeia Produtiva de Peles e Couros, em conjunto com o Sistema
Agroindustrial das Carnes, encontra-se entre os segmentos de grande
potencial competitivo e inserção internacional. Essa afirmativa ganha ainda
mais destaque quando se considera que as pesquisas em peles e couros vêm
assumindo um caráter mais abrangente, extrapolando as ações usuais de
aplicação do produto em manufaturados e artefatos em peles e couros, entre
outros. (EMBRAPA, 2001a).
      Falando ainda da produtividade por animal, poucos produtores
aproveitam o couro de seus animais, subproduto que tem mercado, e que na
maioria dos casos é jogado fora pelos açougueiros e frigoríficos, que
aproveitam os pouquíssimos couros que chegam até eles nas condições
necessárias para serem aproveitados na indústria como matéria prima para
produtos à base de couro. O que é preciso fazer para obter um ganho um
pouco maior por animal, com a venda do couro, é melhorar instalações como
cercas, currais, transporte, e manejos, o que acaba sendo coisas muito simples
e de fácil solução, para um ganho extra e de direito do empresário rural.



                                       22
Utilizar planejamentos para que sua propriedade possa ter um destino a
ser alcançado, para que seus colaboradores saibam aonde a empresa quer
chegar, e como eles devem contribuir para que isso aconteça. Para auxiliar o
empresário rural, existem vários tipos de sistema de informações, que fazem o
controle de natalidade, período de desmama, peso ao nascer, peso ao
desmame, peso ao abate, enfim são informações que podem orientar o
empresário rural, mostrando o que precisa ser mudado e o que está sendo bem
feito, para que a empresa possa atingir suas metas e assim alcançar seus
objetivos, tudo em prol da empresa.
      Outra coisa importante é fazerem que o antigo fazendeiro e agora
empresário rural entenda que o lucro da empresa não pode ser o mesmo lucro
seu, é importante ele saber que grande parte desse lucro precisa ser
reinvestido na propriedade ou investir em outra propriedade, isso deixa os
fazendeiros irritados, pois a maioria deles pensam que, por serem donos da
empresa, o lucro que ela possa dar é deles e de mais ninguém.
      E o último trunfo da transformação de fazenda em empresa é trabalhar o
marketing de sua propriedade, sim, marketing de empresa rural. Alguns podem
ver isso com maus olhos, e dizerem que é loucura falar em marketing rural,
mais isso é possível e já é realidade, basta observar quantos canais voltados
ao agronegócio estão surgindo, que trabalham somente com esse segmento, e
que estão crescendo trabalhando o agronegócio, fazendo com que ele cresça,
e obtendo lucros com isso, através de divulgação de produtos destinados ao
agronegócio, realizando transmissão de leilões e divulgação de propriedades
que produzam determinados produtos e que os queiram expor em Televisão
para aumentar a demanda por seu produto, mostrando a outros empresários
rurais interessados em adquirir esse produto onde encontrar, quanto custa, e
como comprar, isso não seria marketing?
      Ou ainda, divulgar sua propriedade como propriedade modelo, que
pensa no meio ambiente, no social de seus funcionários, e que produz com
sustentabilidade, o que significa produzir sem prejudicar outros biomas, o
ecossistema, não explorando o trabalhador; portanto o marketing rural é uma
realidade e precisa ser explorado, e há muito mercado para essa exploração.
Até na Televisão aberta, observando alguns jogos no estádio de Presidente



                                      23
Prudente, pode-se ver alguns outdoors com o nome de uma raça chamada
Canchin, anunciando a venda de touros.



2.6.1 Mudanças de horizontes


         A atual pecuária de corte brasileira está começando a mudar seus
horizontes, deixando de ser um processo de produção antigo e se
modernizando com a ajuda da Embrapa, órgão governamental de pesquisa e
apoio ao agronegócio. Os fazendeiros ou produtores rurais estão aos pouco,
mudando e se tornando empresários rurais, alguns criando barreiras, outros
não, mas o fato é que as fazendas estão aos poucos mudando e se tornando
empresas, e com isso todos os que estão ligados ao agronegócio também
estão se adaptando ao novo modelo de gestão rural.
         É difícil para alguns fazendeiros imaginarem suas fazendas como
empresas, mas o que todos querem, tanto os fazendeiros quanto os
empresários, é o lucro, e com a concorrência mudando, se aperfeiçoando, a
margem de lucro ficando cada vez menor, não há outra solução para o
fazendeiro a não ser se tornar um empresário rural, seja por vontade ou seja
por necessidade do mercado, pois quem não acompanha o mercado, morre.
         Pode soar dura essa realidade, porém muitos especialistas não
enxergam outra solução, a não ser o fazendeiro se tornar empresário. Planejar
o futuro do negócio, utilizar metodologias administrativas, pesquisar um
mercado, buscar informações, investir em máquinas, infra-estrutura e mão-de-
obra capacitada, são algumas mudanças que deverão ser rotina na empresa
rural.
         E a pecuária é parte desse nicho de segmentos que deverão se
modificar e se atualizar com a nova caracterização de fazendas em empresas,
a boa notícia é que a pecuária e o agronegócio brasileiro estão, pelo menos em
termos de pesquisa e órgãos pesquisadores, a muitos passos na frente de
outros países emergentes, podendo até competir com igualdade com países
desenvolvidos. Isso será uma grande vantagem para o Brasil no futuro, pois
como muitos dizem pelo mundo, o Brasil será o celeiro do mundo, pela




                                     24
extensão territorial, pela qualidade de suas terras produtivas e em grande parte
facilidade de mecanização.
      Portanto, todos os que são ligados ao agronegócio brasileiro, precisam
mudar seus horizontes, se tornar profissionais, produzindo com qualidade e
sendo eficientes, explorando ao máximo toda a vantagem que nosso clima,
nossas terras, nossa tecnologia desenvolvida aqui e por nós brasileiros, nos
orgulhando disso e aproveitando esse ponto forte de nosso país. Então por que
entrar na disputa de mercados industrializados e deixar de lado o nosso
agronegócio? Por que esse preconceito que existe com os empresários rurais,
quanto a liberação de linhas de créditos em instituições financeiras? O
empresário rural precisa e deve ser tratado com igualdade, perante os
empresários industriais, já basta todos esses anos em que os empresários
rurais estão sofrendo, pelo fato do preço do seu produto no mercado estar
caindo, o custo de produção subindo, e como o agronegócio produz alimentos
que em sua grande maioria são perecíveis a curto prazo e não tem como o
produtor estocá-lo trabalhando com a lei da oferta e demanda, esperando a
oferta cair e preço subir para vender seu produto.
      Por isso devemos por nossa própria vontade nos tornamos profissionais,
transformando nossas fazendas em empresas, buscando nas tecnologias
meios de diminuir o custo de produção e conseqüentemente aumentar o lucro.
      E devemos lutar por tudo isso sem vergonha de dizer “Sou um
empresário rural”, pois o agronegócio é muito importante e é dito por alguns
economistas como um dos pilares da economia brasileira e não é para menos,
pois somente a pecuária de corte reponde por 7% do PIB brasileiro em 2007, e
será, no futuro, se trabalharmos agora, a principal fonte de renda dos
brasileiros. Portanto, se ficarmos esperando alguém fazer essa mudança por
nós, iremos morrer sem que isso aconteça, por isso a hora de mudar é agora.
(ANTONIALLI, 2008: 10).


2.6.2 Visão empresarial


      Esse tema visão empresarial é, sem dúvida, o que mais falta para os
fazendeiros, pois visão empresarial foca resultados, podendo ser de curto,



                                       25
médio, e longo prazo, variando de acordo com o planejamento do empresário
rural. É parte importante do novo modelo de gestão rural, pois determina onde
o empresário rural pretende chegar; depois de definida essa visão, é preciso
que todos os envolvidos no trabalho da empresa a conheçam, pois assim todos
ficarão alinhados e saberão quais são os planos para o futuro da empresa,
aonde ela quer chegar, e assim também podem identificar até onde podem
chegar em seus cargos e até onde podem crescer. E a empresa, possuindo
essa visão empresarial, fica fácil estimar metas tangíveis para que consiga seu
objetivo de atingir essa visão e depois criar outra, que possa fazer a empresa
crescer e lucrar ainda mais.
      A grande maioria dos fazendeiros não possui uma visão de seu negócio,
isso quando sabe qual é realmente seu negócio, mas se eles não sabem onde
querem chegar, como farão para continuar trabalhando em seu segmento?
Como estabelecer metas? Como criar um planejamento estratégico? E o mais
importante como conseguir obter lucro? São perguntas de difíceis respostas
para qualquer um de nós administradores, é muito importante que os
fazendeiros ao se tornarem empresários rurais, saibam aonde pretendem
chegar.
      E analisando a expressão “visão empresarial” literalmente, é necessário
aos fazendeiros que se tornarem empresários rurais verem suas empresas
como os empresários industriais vêem suas empresas; é necessário ver sua
empresa como uma ferramenta geradora de lucro, não só para o proprietário,
como para os clientes, fornecedores e também para os colaboradores, pois é
necessário ter um circulo vicioso, chamado de ganha-ganha, isso mesmo,
porque não é somente o empresário que deve lucrar, porque todos os
envolvidos nos elos da empresa necessitam lucrar. Caso contrário, esse elo se
quebra, e prejudica toda a corrente de lucro, é claro que não é preciso que
todos esses elos lucrem igualmente, mas o importante é cada um dos elos
lucrar um pouco.
      Quanto mais profissional for o empresário rural, mais profissionais serão
seus colaboradores; visão empresarial não quer dizer que não se deixa espaço
para erros, eles até podem acontecer, mas já estavam previstos anteriormente.
A idéia é minimizar as chances de acontecerem erros sendo calculistas e



                                      26
profissionais. Empresa que possui visão possui futuro, pois ela sabe o que quer
para ela, trabalha de forma profissional, e lucra com isso.


2.6.3 Controle financeiro


      Esse tema é algo essencial não somente para a empresa rural, como
para todas as empresas, como também em nossas vidas pessoais. Não é
possível crescer sem controle, e de nada adiantará um bom planejamento
estratégico, se a empresa não tiver controle financeiro sobre seu negócio, e
ficar retendo ou liberando dinheiro sem critérios para essa ação, portanto é
preciso haver interação entre os setores da empresa.
      Controle financeiro não significa somente reter os recursos financeiros
da empresa, seguindo o sentindo literal da palavra, significa saber o que está
fazendo para não prejudicar a empresa no futuro aplicando e investindo os
recursos da melhor maneira possível, e que possa render o máximo possível.
      Trabalhando com empresas rurais, na maioria dos casos não se tem um
profissional especifico para essa função, geralmente são profissionais
polivalentes que executam diversas funções, o que pode facilitar essa ação,
desde que o profissional seja competente e comprometido com resultado, mas,
por não ser um especialista na área, e também ter que se preocupar com
outras situações rotineiras, as chances de cometer falhas são maiores do que
para um especialista trabalhando especificamente nessa área, e que se dedicar
totalmente para a função, criando alternativas e oportunidades ao negócio.
      Mas, graças à tecnologia de Sistema de Informação, e o agronegócio
não ficou de fora, existem softwares específicos para o agronegócio e também
focados somente na pecuária de corte, o que facilita o processo de informação
da empresa, auxiliando os empresários rurais nas tomadas de decisões,
criando situações futuras e já se preparando através de planejamentos, e
assim não sendo pegos de surpresa, podendo sair na frente dos fazendeiros e
obtendo maiores lucros.
      Por trás de toda grande empresa e todo grande planejamento, é
imprescindível ter um bom controle financeiro, pois de nada adiantarão, os




                                        27
esforços em se criar um excelente planejamento, se a empresa tiver com
problemas no setor de finanças.


2.6.4 Adequação aos princípios da administração


        Para os fazendeiros, essa fase pode ser considerada sem importância
para seu negócio, pois apresenta teorias e fundamentos científicos, que
embora sejam embasados em muita pesquisa, é muito difícil a aceitação, até
mesmo em empresas industriais com conceitos antigos, e no agronegócio, em
especial a pecuária de corte não é diferente, pois existe uma forte resistência
dos fazendeiros em se tornarem empresários, e quando lhes são apresentados
os métodos e princípios administrativos, é como se o mundo desabasse sobre
eles.
        Todos aqueles princípios administrativos são usados pela empresa rural
mesmo que os fazendeiros não saibam, princípios como comandar, controlar,
dirigir, segurança, são usados rotineiramente sem que eles o percebam, mas
princípios como organizar e planejar são as grandes fraquezas das empresas,
não só as empresas rurais, mas também em muitas empresas industriais, pois
na maioria delas não existem organização e planejamento, e sem organização
e planejamento, não há como executar os outros princípios com eficiência.
Como dito, eles são usados mais ocasionalmente, sem que os fazendeiros os
percebam, e quando são apresentados aos fazendeiros que estão em processo
de transformação em empresa, eles os vêem como bicho de sete cabeças e os
princípios que eles não usavam, que são o da organização e planejamento,
eles afirmam que os usam eficazmente.
        Mas na busca de informação sobre o setor, e através de notícias, e por
conhecer alguns fazendeiros que estão buscando a transformação de sua
fazenda em empresa, felizmente observa-se o aumento considerável dessa
transformação, o que é uma boa notícia para todos nós do agronegócio, porque
essa mudança transformará as fazendas em empresas rurais sustentáveis,
sendo mais eficientes e eficazes.
        Obter-se com perfeição uma boa organização sobre uma empresa
industrial não é fácil, mas organizar e manter organizada uma empresa rural é



                                      28
extremamente difícil, pela cultura de toda a mão-de-obra ligada ao
agronegócio, em não aceitar essa mudança de costume. Por isso é muito
difícil, mas não impossível, é necessário, muito, dedicação e treinamentos com
profissionais externos à empresa, para que isso possa entrar nas cabeças dos
funcionários.
      Planejamento é outra grande fraqueza, que deriva da falta de
organização, pois sem dúvida não há como criar um planejamento para uma
empresa desorganizada, e se criar-se um planejamento, certamente não será
executado, pois a desorganização criará barreiras para que essa execução
possa ser seguida com perfeição, ao invés de apenas corrigir somente
pequenos desvios ao longo do planejamento.
      É difícil, mas muito difícil um pecuarista tradicional compreender essas
mudanças, mas não se vê outra opção a eles, pois é o caminho que o mercado
está seguindo, e nadar contra a correnteza é suicídio. Mesmo que seja a médio
ou a longo prazo, essas mudanças ocorrerão em todos os segmentos
envolvidos no agronegócio, mas como os empresários rurais sempre saem na
frente dos fazendeiros, eles obterão mais lucro, e quando os fazendeiros
começarem a mudar seus princípios administrativos, os empresários rurais já
estarão com eles aperfeiçoados, sem dificuldades para controlar suas
empresas rurais.


2.7 COMPORTAMENTO DO EMPRESÁRIO RURAL


      O comportamento do empresário rural é obviamente claro perante o
comportamento do fazendeiro, os empresários rurais sabem seus custos de
produção na ponta da língua, conhecem as tendências do mercado, estão
sempre buscando alternativas de aumentarem seus lucros, conhecem e
normalmente têm algum curso superior. Já o comportamento dos fazendeiros,
pode-se dizer que é o oposto de tudo o que foi dito do empresário rural.
      O empresário rural nunca está satisfeito com o rendimento de sua
empresa, ele quer sempre que a empresa cresça, se o mercado de seu
segmento está em baixa, ela busca meios para poder desviar sua empresa
dessa tendência, isso quando ele não se planeja antes e planeja todo um



                                       29
cenário para que possa contornar essa situação. No caso de pecuaristas se os
preços estão em baixa, eles normalmente seguram os bois no pasto, fazendo
com que a oferta caia e a demanda aumente, trazendo consigo a alta dos
preços, e não buscam associar-se a cooperativas, para conseguir melhores
preços, ou ainda deixam de usar a rastreabilidade para exportar seu rebanho
sem intermediários e assim contornam os baixos preços.


             O empresário rural não pode mais ficar isolado na fazenda. É
      necessário que acompanhe as tendências de preços, oriente-se com a opinião
      de especialistas no mercado pecuário e planeje suas vendas. [...] para tanto,
      deve-se municiar-se de informações confiáveis e, nesse sentido, uma boa
      consultoria mercadológica não pode ser dispensada. [...] com analistas de
      mercados que estudam as tendências e estabelecem os principais cenários de
      preços possíveis no mercado pecuário, facilitando o processo de planejamento
      das vendas, [...] oferecendo condições de reduzir os custos de produção.
      (LAZZARINI, 2000c: 84)


      O empresário rural, conhece o mercado, e sabe que quanto maior a
qualidade e quanto menor for seu custo de produção, maior será seu lucro.
Falando-se em qualidade, ele sabe que ela é a essência do seu negócio, pois
existe hoje uma forte demanda, principalmente de produtos alimentícios de boa
qualidade, e sabemos ser esse o futuro de todos os segmentos, pois o
consumidor não busca mais apenas preço, ele quer preço e qualidade.
      É comum encontrar empresários rurais com laptop, aparelhos do
Sistema Global de Posicionamento (GPS), câmeras digitais e celulares no meio
do pasto ou da lavoura acessando a internet, e negociando sua produção,
diretamente de sua empresa, o que há alguns anos atrás era impossível e
ainda hoje são poucos os que usam essa tecnologia a seu favor.
      O empresário rural não precisa mais transportar seu gado para uma
determinada cidade para participar de leilões de gado, basta apenas que ele
filme seu gado na propriedade, e envie por e-mail a canais específicos nesse
segmento, para negociar seu gado e da mesma formar comprar gado, sem
tocar neles. Somente através da tela de uma televisão ou computador, ele
pode fazer essa transação diretamente de sua casa, propriedade, ou
diretamente do seu pasto.




                                       30
Através do Sistema Global de Posicionamento (GPS) é possível fazer
uma divisão perfeitamente igual de sua área de pastagens, medido-as através
do satélite, e assim demarcam a área onde deverá passar a cerca para obter
pastagens com a mesma área.
      O empresário rural deve estar atento e traçar um planejamento, quanto
aos três principais fatores críticos à produtividade do rebanho na pecuária de
corte: a gangorra da produção dos pastos (caracterizada tecnicamente como
estacionalidade de produção de pastagens), o potencial genético do rebanho e
as condições de saúde dos animais. (LAZZARINI, 2000b).
      O interessante é que o empresário rural quer aproveitar 100% de toda
área explorável de sua propriedade, sendo assim toda área possível é
explorada para maximinizar seu lucro, cuidando das pastagens, do solo, das
nascentes, das reservas florestais, investindo em genética para aumentar a
produção por ha, enquanto o fazendeiro preocupa-se somente em produzir
uma quantidade que lhe garanta o sustento familiar, e mantenha a propriedade.
Ele não se preocupa com o aproveitamento de sua propriedade, deixando as
ervas daninhas tomarem conta de suas pastagens, o solo está desgastado e
sem nutrientes para produzir pastagens de qualidade, nascentes e reservas
florestais ficam a mercê do acaso, não se preocupam em fazer algo para
preservá-los, investimento em genética para o fazendeiro é coisa de veterinário
querendo ganhar um dinheiro fácil.
      Pode-se notar que são opostos o fazendeiro e o empresário rural, que
enquanto um produz basicamente para a subsistência, o outro produz para
fazer sua empresa crescer, com profissionalismo, e objetivos bem traçados,
buscando sempre apoio da tecnologia, aproveitando tudo de melhor que ela
pode proporcionar-lhe para aumentar ao máximo seu lucro, no menor espaço
de tempo possível e com o menor custo benefício possível.


2.7.1 Lucro versus pecuarista


      Existem muitas pessoas que dizem que a pecuária não dá lucro, que os
produtos que dão lucro na realidade são café e soja, a questão é a seguinte:
todos têm direito a ter uma opinião sobre determinado assunto, mas para dar



                                      31
uma opinião é preciso conhecer a fundo o que será opinado, para não
influenciar nas decisões de outras pessoas, é preciso ter fundamentos
científicos que comprovem algo.


              Captar recursos em financiamento sem estimar a possibilidade de
       retorno e pagamento do capital é como atirar no escuro. Muitos “se enforcam”,
       admitindo ser imprescindível o financiamento, mas não observam os juros reais
       embutidos no empréstimo e nem a sua capacidade de quitar a dívida. [...].
       (LAZZARINI, 1995: 61).


       É claro que a pecuária, como tantos outros segmentos, não é nenhuma
galinha dos ovos de ouro, o que é preciso ser feito é reduzir os custos de
produção ao máximo, e aumentar a eficiência de sua produção, através de boa
genética, boas instalações de manejo, boas pastagens, enfim, investir em
qualidade e na produtividade para se obter lucro. Pois existe um ditado que diz:
“Cada um colhe o que planta”, portanto é necessário trabalhar com produtos de
qualidade para obtermos qualidade.
       Segundo Barbosa e Souza (2007), o cálculo não necessita ser muito
complexo para concluir algo sobre a comparação de lucro versus pecuária. Por
exemplo, se atualmente um pecuarista produz cem animais/ano em uma área
de 100ha, está claro que a produtividade por área está baixa, portanto, o
empresário rural deverá aumentar essa produtividade explorando ao máximo
toda a potencialidade de suas terras, através do manejo e adubações de
acordo com as necessidades de minerais, e também se for o caso, trocando
seus animais por outros animais de melhor genética e qualidade.
       Aumentando assim a eficiência da propriedade, pois se em uma
propriedade de 100ha é possível produzir quatrocentos animais/ano, ao invés
de produzir somente cem animais/ano algo está errado. É preciso identificar
onde está a falha no processo e corrigi-la, porque o prejuízo é muito maior com
a menor produção do que com manejos para suprir as necessidades minerais
da terra.
       Sendo assim, vamos aos cálculos: trezentos animais/ano é o potencial
perdido pela propriedade, colocando valores, trezentos animais prontos para o
abate a um preço de R$ 80,00/arroba considerando animais de 16, darão uma
receita líquida de R$ 384.000,00. Já a manutenção anual do solo de uma área



                                        32
de 100ha fica em aproximadamente em torno de R$ 100.000,00 sendo assim o
empresário rural deixa de faturar R$ 284.000,00/ano, sendo que o custo de
aquisição dos animais é o mesmos, o custo de aquisição da propriedade é o
mesmo, os impostos serão os mesmo, isso se produzir cem animais/ano ou
quatrocentos animais/ano. (BARBOSA; SOUZA, 2007).
      Além desse potencial que pode ser explorado, a pecuária de corte é um
segmento muito versátil e é compatível com outros segmentos, pois não exige
grande uso de mão-de-obra durante o ano, portanto a mão-de-obra utilizada na
pecuária pode ser aproveitada em outro segmento, um segmento que
agregaria um grande valor à propriedade rural é o conhecido hotel fazenda,
onde o empresário rural pode agendar períodos em que não está com
atividades de manejo com o gado ou a propriedade e lucrar com o turismo
rural, que é uma atividade barata, com um bom custo beneficio aproveitando a
ociosidade da fazenda. O turismo rural é uma atividade que está em alta, e é
uma boa alternativa para aumentar o lucro da empresa rural.


2.7.2 Análise SWOT


      A análise de SWOT é o estudo que identifica os pontos fortes e fracos
de uma empresa, seja qual for o segmento em que ela atue, sendo assim é
importante lembrar, que no agronegócio, essa análise é de grande importância
também para que o empresário rural possa visualizar o que sua empresa está
fazendo de bom e o que ela precisa melhorar.


               O objetivo da análise é possibilitar que a empresa se posicione para
      tirar vantagem de determinadas oportunidades do ambiente e evitar ou
      minimizar as ameaças ambientais. Com isso a empresa tenta enfatizar seus
      pontos fortes e moderar o impacto de seus pontos fracos. A análise também é
      útil para revelar pontos fortes que ainda não foram plenamente utilizados e
      identificar pontos fracos que podem ser corrigidos. (WRIGHT; KROLL;
      PARNELL, 2000: 86).


      Faremos uma análise dos pecuaristas de pequeno porte e dos
pecuaristas de médio e grande porte, para conseguir entender a SWOT,
faremos um comparativo entre elas para identificar qual modelo apresenta mais




                                       33
vantagens e que deve ser utilizado, com base nesse estudo de forças e
fraquezas.


Quadro 1 – Pecuaristas de pequeno porte
Forças: Baixo custo de produção, terras e clima favorável para produção de
gado de corte.
Fraquezas: Ineficaz, Ineficiente, falta de planejamento, desorganização,
desunião de pecuaristas, alto custo de produção por área.
Oportunidades: Tecnologias disponíveis a baixo custo, preço do há
relativamente baixo, exportação.
Ameaças: Doenças sanitárias bovinas, fechamento do mercado externo,
aumento na demanda por grãos e tendência de expansão de usinas de
processamento do etanol e chegada do biodiesel.
Fonte: Elaborado pelo autor




Quadro 2 – Pecuarista de médio a grande porte
Forças: Eficiência, eficácia, organização, planejamento, alta produtividade,
baixo custo de produção, aproveitamento total da propriedade.
Fraquezas: Dificuldade de implantação, falta de mão-de-obra capacitada.
Oportunidades: Estratégias de marketing, exploração de outros segmentos
comumente com a pecuária de corte, negócios virtuais.
Ameaças: Fechamento do mercado externo por culpa de outros pecuaristas,
aumento na demanda por grãos e tendência de expansão de usinas de
processamento do etanol e chegada do biodiesel.
Fonte: Elaborado pelo autor



        Os Quadros 2 e 3 fazem um comparativo entre a atual pecuária de corte
brasileira, e a empresa rural. Como pode ser visto, a caracterização de
fazendas em empresas é sem duvida o melhor negocio para os pecuaristas de
corte, pois não há duvidas de que, se continuar a trabalhar seu negócio como
fazendeiros não sobreviverão, pois os grandes concorrentes não são os outros




                                      34
pecuaristas,   mas    sim   agricultores        e   usineiros,   que   fazem   grandes
investimentos em seus negócios, e o mercado aponta para forte demanda
futura de seus produtos, seja o etanol, seja produtos alimentícios. Se os
pecuaristas não se tornarem empresários rurais da pecuária, perderão espaço
no mercado, por não terem seus custos de produção controlados e não se
profissionalizarem como fizeram os usineiros e alguns agricultores. Apesar de
serem segmentos diferentes, quando dizemos perder espaço queremos dizer
espaço em área ha (hectares) de terra e espaço de mercado.
      Talvez esse tipo de concorrência seja pior que as concorrências do
mesmo segmento, pois o cenário dele pode continuar igual, mesmo que o seu
segmento tenha sofrido uma grande crise, o mercado de outro segmento pode
continuar normalmente, sem ao menos ter alguma previsão de risco.


2.8 SUCESSO DO SEGMENTO DA PECUÁRIA


      Sucesso é derivado de muito trabalho e dedicação de quem o alcançou,
ou almeja alcançá-lo, porque o único lugar em que o sucesso vem antes do
trabalho é no dicionário.
      Sendo assim, é de grande importância o investimento em melhoria de
genética do rebanho, investimentos em infra-estrutura. Trabalhar a pecuária de
corte não apenas como dizem por aí, que é apenas soltar o gado no pasto e
esperar para se ter um lucro ou prejuízo. Trabalhar na pecuária de corte é
como se fosse uma arte, pois os empresários rurais, além de explorar todo o
potencial produtivo de sua propriedade e rebanho, devem ainda criar atividades
produtivas secundárias para a propriedade. Um exemplo já dado em outro
capitulo é o aproveitamento do turismo rural, que é muito rentável, e ainda é
possível criar ovelhas e avestruzes consorciados ao rebanho bovino. Das
ovelhas pode explorar-se a lã e a carne e dos avestruzes explorados as plumas
e a carne. Essas são consideradas carnes nobres, esses são apenas alguns
exemplos de criação de outras espécies, em consórcio com rebanhos de gado
de corte, pois os três exemplos são de custo muito baixo, sendo que em todos
os três exemplos, os custos são basicamente o custo de aquisição dos




                                           35
animais, e como se alimentam das mesmas pastagens que os bovinos, mas
em quantidade muito menor que os bovinos, o custo é quase zero.


                O justo equilíbrio entre a produção (que busca a produtividade, a
         qualidade, etc.) e o gerenciamento financeiro (que busca maiores lucros na
         empresa rural) é o sustentáculo de toda e qualquer atividade agropecuária.
         (LAZZARINI, 2000f: 115).


         Todos   os   fazendeiros    podem    alcançar   o   sucesso    basta   se
profissionalizarem, pois o conhecimento está ao alcance de todos, e o fato é
que todos os fazendeiros que se profissionalizarem, tornando-se empresários
rurais terão grandes chances de alcançarem o sucesso, mas para aqueles
fazendeiros que resistirem a essa mudança, terão grandes probabilidades de
decretarem falência, pois o custo de produção que eles não sabem qual é,
cada vez maior, a desorganização e a falta de planejamento são pontos fracos,
e serão pontos fortes que favorecerão os que já tiverem se tornado
empresários rurais. A conseqüência será que os empresários rurais acabarão
comprando as propriedades desses fazendeiros que irão falir e venderão suas
propriedades quase de graça, isso quando as instituições financeiras não o
fizerem antes, para pagar as dividas de empréstimos e custeios.
         A pecuária é um segmento muito promissor do agronegócio, mas foi um
pouco prejudicada pelo fato de o etanol ter ganhado tanta importância
internacional como alternativa na substituição ao petróleo, mas ela certamente
sobreviverá, pois não exige terrenos planos ou mecanizados para ser
trabalhada, e até mesmo terrenos pedregosos são úteis para a pecuária de
corte.
         O processo de transformação de fazenda em empresa é muito difícil, ou
melhor dizendo, burocrático, pois exigirá planejamento e não apenas a decisão
do fazendeiro em executar determinada tarefa ou fazer determinando
investimento, será tudo muito bem estudado e pesquisado antes de se tomar
determinada decisão.
         Mas o Brasil é um país de extensão territorial continental, bastará
apenas      um     bom    planejamento     governamental,     conscientização    e
profissionalização dos fazendeiros, que será possível realmente o Brasil ser o
celeiro do mundo futuramente, fornecendo alimentos e energia para os outros


                                         36
países, por isso tem-se esperança que isso aconteça, pois no momento em
que isso acontecer o Brasil poderá se desenvolver muito mais com o apoio do
agronegócio do que apenas apoiando-se nas indústrias.


2.9 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS PECUARISTAS BRASILEIROS


      A principal dificuldade encontrada pelos pecuaristas brasileiros é o
descaso governamental, se comparada com outros segmentos do agronegócio
e das indústrias. O governo sabe da importância da pecuária para o Brasil,
sabe que apesar de ser uma atividade de risco, mas ainda assim riscos
menores que os da produção do café, batata e feijão, o risco que o pecuarista
corre é o de o preço da arroba (medida do quilo grama, sendo que 1 arroba é
igual a aproximadamente 15 quilogramas) do boi cair, mas esse é um risco
que esses outros segmentos correm da mesma forma.
      O pecuarista ainda enfrenta dificuldades naturais, como estiagem maior
do que o normal, falta de água para os animais, alta carga de impostos dos
produtos para usos nos animais, e ainda infecções no rebanho, como febre
aftosa, brucelose, raiva entre outras doenças sanitárias. O preço da arroba do
boi gordo varia de acordo com o dólar por ser uma commodity agrícola, o
pecuarista não consegue na maioria das vezes, colocar preço no seu produto,
o pecuarista não consegue estocar seu produto, pois um boi que está no ponto
para o abate, pode ficar doente e emagrecer rapidamente, gerando assim
prejuízos ao pecuarista.
      Os frigoríficos, são poucos os que possuem permissão para exportação,
o que poderia agregar um valor maior ao produto acabado, além das
dificuldades logísticas pelas distâncias dos bons frigoríficos, o que acaba
fazendo o boi perder peso durante o transporte até o frigorífico, gerando
prejuízos ao pecuarista.


2.10 CONCEITO DE ESTRATÉGIA


      A palavra estratégia tem origem grega, e era utilizada para designar a
função do chefe do exército. Durante muito tempo os militares utilizaram-na



                                     37
para designar o caminho a ser seguido na guerra, visando sempre à vitória.
Sendo assim, a elaboração de planos de guerra passou a ser denominado
estratégia.


             Estratégia refere-se aos planos da alta administração para alcançar
      resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização.
      Pode-se encarar estratégia de três pontos de vantagem: (1) a formulação da
      estratégia (desenvolvimento da estratégia); (2) implementação da estratégia
      (colocar a estratégia em ação); e (3) controle estratégico (modificar ou a
      estratégia, ou sua implementação, para assegurar que os resultados desejados
      sejam alcançados). (WRIGHT; KROLL; PARNELL 2000: 24).


      Com o decorrer dos anos, a palavra estratégia passou a ser mais usada
no cotidiano. Na Administração é utilizada para designar o caminho que a
empresa irá seguir, no futuro, para atingir os seus objetivos. A palavra
estratégia foi agregada a planejamento, que, genericamente pode ser definido
como o estudo de medidas que serão utilizadas pela empresa no futuro.


              O antigo conceito militar define estratégia como a aplicação de forças
      em larga escala contra algum inimigo. Em termos empresariais, podemos
      definir a estratégia como “a mobilização de todos os recursos da empresa no
      âmbito global visando atingir os objetivos a longo prazo. Tática é um esquema
      específico de emprego de recursos dentro de uma estratégia geral. [...] No
      plano gerencial, orçamento anual ou o plano anual de investimentos é um
      plano tático dentro de um estratégia global a longo prazo. (CHIAVENATO,
      2000: 280).


      Comparando estratégia e tática, pode-se ver que estratégia refere-se à
empresa como um todo, pois possui objetivos globais, busca atingir objetivos
organizacionais, trabalha a longo prazo, e é definida pela alta administração,
enquanto a tática refere-se aos departamentos, pois busca atingir objetivos
departamentais, ou por unidade da organização, busca atingir objetivos a
médio ou curto prazo, e é definida por gerentes dos departamentos, ou unidade
da organização.




                                        38
Quadro 3: Comparação entre estratégia e tática
                  Estratégia                                 Tática
  •   Envolve a organização como               •   Refere-se a cada departamento
      uma totalidade.                              ou unidade da organização.
                                               •   É um meio para alcançar
  •   É um meio de alcançar objetivos
                                                   objetivos departamentais.
      organizacionais.                         •   É orientada para médio ou curto
  •   É orientada a longo prazo.                   prazo.
                                               •   É definida no nível intermediário
  •   É decidida no nível institucional
                                                   por     cada      gerente     de
      da organização.                              departamento ou unidade da
                                                   organização.
Fonte: Chiavenato (2000: 281)



         Estratégia competitiva são ações ofensivas ou defensivas para criar uma
posição defensável numa indústria, para enfrentar com sucesso as forças
competitivas e assim obter um retorno maior sobre o investimento. (PORTER
1997).
         A Administração Estratégica é, atualmente, uma das disciplinas do
campo da Administração de maior destaque e relevância, pela produção
científica e também pelo número de consultorias organizacionais. Qualquer
organização, conscientemente ou não, adota uma estratégia, considerando-se
que a não adoção deliberada de estratégia por uma organização pode ser
entendida como uma estratégia.
         Além disso, a importância maior da Administração Estratégica está no
fato de se constituir em um conjunto de ações administrativas que possibilitam
aos gestores de uma organização mantê-la integrada ao seu ambiente e no
curso correto de desenvolvimento, assegurando-lhe atingir seus objetivos e sua
missão.
         A estratégia, nesse contexto, assim como a organização e o seu
ambiente, não é algo estático, acabado; ao contrário, está em contínua
mudança, desempenhando a função crucial de integrar estratégia, organização
e ambiente em um todo coeso, rentável e sinérgico para os agentes que estão
diretamente envolvidos ou indiretamente influenciados.




                                          39
2.10.1 Conceito de planejamento estratégico


        Planejamento estratégico é o processo administrativo que proporciona
sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida
pela empresa visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e
atuando de forma inovadora e diferenciada.
        Segundo Chiavenato (2000), as bases do planejamento estratégico
consiste     em     quatro       passos    que      são:    a   formulação         dos   objetivos
organizacionais, análise SWOT (Análise interna e externa), e formulação de
alternativas estratégicas.




Figura 1: As bases do planejamento estratégico.


                                          Formulação dos
                                             objetivos
                                          organizacionais




  O que temos         Análise interna                            Análise externa    O que há no
  na empresa?          da empresa                                 do ambiente       ambiente?




                                            Formulação de
                                             alternativas
                                             estratégicas

                                           O que fazer?


Fonte: Chiavenato, (2000: 283)



        Na formulação dos objetivos organizacionais, criam-se os objetivos
globais da empresa de longo prazo e defini-se a importância e prioridade dos
objetivos. Na análise de SWOT, faz-se uma análise interna da empresa (forças
e fraquezas), e uma análise externa da empresa (ameaças e oportunidades).
E, por fim a formulação de alternativas estratégicas, onde serão criados os




                                                 40
planos estratégicos que a empresa pode adotar para alcançar os objetivos
organizacionais pretendidos, tomando como base a análise de SWOT.


                 O planejamento estratégico deve especificar onde a organização
         pretende chegar no futuro e como se propõe a fazê lo a partir do presente. O
                                                         fazê-lo
         planejamento estratégico deve comportar decisões sobre o futuro da
         organização, como: objetivos organizacionais, atividades escolhidas, mercado,
                                                        atividades
         lucros, alternativas estratégicas quanto ao mercado, interação vertical, e novos
         investimentos em recursos. (CHIAVENATO, 2000: 285).


         O planejamento estratégico é normalmente de responsabilidade dos
níveis mais altos da empresa e diz respeito tanto à formulação de objetivos
quanto a seleção de cursos de ação a serem seguidos para su consecução,
                                                         sua
levando em conta as condições externas e internas da empresa como sua
                  s                                a
evolução esperada. (OLIVEIRA, 2004)
                              2004).
         Um bom planejamento estratégico não é um bicho de sete cabeças
como pode parecer, apesar de estratégia ser uma palavra de origem militar.
Para se criar um plano estratégico necessita se de uma análise dos ambientes
                                   necessita-se
internos e externos, a formulação de estratégias, implementaç
                                                  implementação das
estratégias, e o controle estratégico.


Figura 2: Modelo de administração estratégica.




Fonte: Wright; Kroll; Parnell (2000: 27)
        right;




                                            41
Na análise do ambiente externo, busca-se identificar as ameaças e
oportunidades; no ambiente interno, identificam-se as forças e fraquezas da
empresa, define-se a missão, visão, objetivo, etc.; na formulação, define-se o
tipo de estratégia, se é empresarial, por unidade de negócios ou funcionais, e
por fim implantam-se e controlam-se as estratégias.


2.10.2 Importância do planejamento estratégico nas empresas


      Nas grandes empresas, as estratégias são formuladas para atingir os
objetivos empresariais. Todavia, nas micro e pequenas empresas as
estratégias, normalmente, não são planejadas ou não existem, necessitando de
algum tratamento diferenciado.
      Segundo Mintzberg (1973), apud Fernandes (2007), a estratégia, nas
pequenas empresas, é definida como o padrão de comportamento estabelecido
pela tomada de decisão em face das mudanças ambientais percebidas pelo
empreendedor. Assim, de acordo com o modo empreendedor, cada tomada de
decisão reflete o comportamento estratégico da empresa. Quanto à
característica da estrutura organizacional, percebe-se a simplicidade dos níveis
hierárquicos e uma estrutura onde o dono da empresa gerencia cada função,
exercendo grande influência sobre as decisões de toda a empresa.
      Contudo, poucas empresas possuem uma estratégia e quando
possuem, em muitos casos, a sua principal meta é o retorno elevado, ou seja,
retorno acima da média do seu setor, o que já deve ser visto como um grande
avanço na prática da gestão. Mas é preciso entender que este é um foco
restrito, que pode ser bom em curto prazo, mas uma sentença de morte em
longo prazo; isso porque não se busca prever as dificuldades que podem surgir
num futuro, as formas de lidar com elas e muito menos se tem nitidamente a
idéia de qual caminho tomar.
      Segundo Porter (1997), a estratégia talvez seja mais importante para as
pequenas empresas que para as grandes, uma vez que as grandes empresas
têm uma maior margem de manobra, porque seus recursos são maiores e com
isso conseguem sobreviver mesmo com uma estratégia ruim.




                                      42
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Gestão estratégica pecuária corte MG

  • 1. WANDERLEY BALDINI GESTÃO ESTRATÉGICA NAS PROPRIEDADES PECUARISTAS DO SUL DE MINAS GERAIS INSTITUTO MACHADENSE DE ENSINO SUPERIOR MACHADO - MG 2009
  • 2. WANDERLEY BALDINI GESTÃO ESTRATÉGICA NAS PROPRIEDADES PECUARISTAS DO SUL DE MINAS GERAIS Monografia apresentada à Faculdade de Administração do INSTITUTO MACHADENSE DE ENSINO SUPERIOR como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Esp. CÉSAR DE FREITAS MOURA JÚNIOR INSTITUTO MACHADENSE DE ENSINO SUPERIOR MACHADO - MG 2009
  • 3. AVALIAÇÃO DA MONOGRAFIA Avaliação da Monografia intitulada “Gestão estratégica nas propriedades pecuarista do sul de Minas Gerais”, apresentada ao Instituto Machadense de Ensino Superior, pelo acadêmico Wanderley Baldini, como requisito final para obtenção do título de Bacharel em Administração. APROVADA em 15 de Dezembro de 2009. __________________________________________________ Prof. Esp. César de Freitas Moura Júnior - Orientador __________________________________________________ Prof. Esp. Luiz Gonzaga Ribeiro Neto - Avaliador __________________________________________________ Prof. Esp. Wellington Espanha Moreira - Avaliador MACHADO MINAS GERAIS - BRASIL
  • 4. Dedico à minha mãe, à minha noiva Priscila Ribeiro e a Deus, que de alguma forma me guiou para conseguir realizar este projeto.
  • 5. Agradeço à minha mãe, aos professores, aos orientadores, pelas possibilidades que nos foram dadas ao longo desse curso, pelo apoio nas horas difíceis e por nos prepararem para fazer do nosso país um celeiro na produção de alimentos para o mundo.
  • 6. O planejamento não é uma tentativa de predizer o que vai acontecer. O planejamento é um instrumento para raciocinar agora, sobre que trabalhos e ações serão necessários hoje, para merecermos um futuro. O produto final do planejamento não é a informação: é sempre o trabalho. (Peter Drucker)
  • 7. RESUMO BALDINI, Wanderley. Gestão estratégica nas propriedades pecuaristas do sul de Minas Gerais: pecuária de corte. Machado: IMES, 2009. 62f. (Monografia em Administração)∗. Instituto Machadense de Ensino Superior, Machado. Com o advento da globalização, e o mercado cada vez mais competitivo, as empresas, necessitam adotar estratégias que agreguem valor aos seus produtos, criando vantagens competitivas perante seus concorrentes. Com a pecuária de corte não é diferente, além das ferramentas utilizadas para a melhoria do plantel existente, os pecuaristas buscam alcançar melhores resultados de seus negócios, através da melhoria na gestão de suas fazendas, utilizando ferramentas administrativas modernas, dentre as quais se destaca o planejamento estratégico onde são definidos, objetivos, metas e estratégias, que garantam um crescimento focado, com maior aproveitamento dos recursos e maximização dos resultados. A pesquisa teve como objetivo fazer uma comparação entre a antiga pecuária de corte brasileira e a atual, já implantada por alguns pecuaristas, buscando demonstrar a importância do planejamento estratégico como ferramenta de gestão e conseqüente geradora de resultados. A metodologia utilizada para a coleta de dados foi a pesquisa qualitativa através de entrevista semi-estruturada, à pequenos e grandes pecuaristas e órgãos governamentais ligados a pecuária de corte, sendo verificada uma grande diferença entre os pecuaristas que utiliza ferramentas administrativas, além das tecnologias disponíveis e o pequeno pecuarista que ainda está preso a velhos paradígmas, sendo resistentes em aceitar a nova forma de gestão rural, o que lhe tem causado prejuízos. Palavras chave: Pecuária de corte. Gestão rural. Planejamento estratégico. ∗ Orientador: Prof. Esp. César de Freitas de Moura Júnior. Titular da cadeira de administração
  • 8. SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................... i LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................... ii 1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 01 1.1 Objetivo especifico .......................................................................... 02 1.2 Objetivo geral .................................................................................. 02 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO .............................................................. 03 2.1 Análise da importância do empresário rural .................................... 03 2.1.1 Importância da pecuária de corte para a economia brasileira ......... 33 2.1.2 Importância da pecuária e da agricultura no PIB brasileiro ............. 05 2.2 Conceito de agronegócio ................................................................. 07 2.3 Conceito de pecuária de corte ......................................................... 07 2.4 Conceito de cruzamento industrial .................................................. 08 2.5 Pecuária de corte ............................................................................ 09 2.5.1 Rastreabilidade bovina .................................................................... 11 2.5.2 Controle sanitário bovino ................................................................. 12 2.5.3 Melhoramento genético ................................................................... 15 2.5.4 Cruzamento Industrial ..................................................................... 17 2.5.5 Boi verde versus boi orgânico ......................................................... 19 2.6 Transformação de fazenda em empresa ......................................... 20 2.6.1 Mudanças de horizontes ................................................................. 24 2.6.2 Visão empresarial ............................................................................ 25 2.6.3 Controle financeiro .......................................................................... 27 2.6.4 Adequação aos princípios da administração ................................... 28 2.7 Comportamento do empresário rural ............................................... 29 2.7.1 Lucro versus pecuarista .................................................................. 31 2.7.2 Análise SWOT ................................................................................. 33 2.8 Sucesso do segmento da pecuária ................................................. 35
  • 9. 2.9 Dificuldades enfrentadas pelo pecuarista brasileiro ........................ 37 2.10 Conceito de estratégia..................................................................... 37 2.10.1 Conceito de planejamento estratégico ............................................ 40 2.10.2 Importância do planejamento estratégico nas empresas ................ 42 2.10.3 Importância da definição da missão da empresa ............................ 43 2.10.4 Diferenciação................................................................................... 44 2.10.5 Reestruturação empresarial ............................................................ 46 3 METODOLOGIA .............................................................................. 48 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 49 5 CONCLUSÃO .................................................................................. 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 56 APÊNDICE ....................................................................................................... 59 GLOSSÁRIO .................................................................................................... 61
  • 10. LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE QUADROS Quadro 1 Pecuaristas de pequeno porte ................................................. 34 Quadro 2 Pecuarista de médio a grande porte ........................................ 34 Quadro 3 Comparação entre estratégia e tática ...................................... 39 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Participação do Agronegócio no PIB brasileiro ........................ 05 Tabela 2 PIB do agronegócio de Minas Gerais de 2001 a 2008 ............ 06 Tabela 3 Características gerais das propriedades entrevistadas ........... 49 LISTA DE FIGURAS Figura 1 As bases do planejamento estratégico............................... 40 Figura 2 Modelo de administração estratégica ...................................... 41 i
  • 11. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS EMATER – MG Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais GPS Sistema Global de Posicionamento Ha Hectare IMA Instituto Mineiro de Agropecuária ITR Imposto Territorial Rural PIB Produto Interno Bruto PO Puro de Origem SWOT Forças, fraquezas, ameaças e oportunidades ii
  • 12. 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos o Brasil vem sendo reconhecido mundialmente como o grande celeiro da economia mundial, por sua vasta, extensão territorial, com grandes quantidades de terras produtivas, e água potável, além do clima favorável ao agronegócio nos mais variados segmentos produtivos. No caso da pecuária de corte, o Brasil saltou, nos últimos anos, da quinta posição para o primeiro lugar em volume de exportação de carne, sendo este um avanço de grande importância, mas isso não é o suficiente, pois o país produz carnes de baixa qualidade, sem eficiência, com uma baixa taxa de retorno aos pecuaristas, sendo necessárias grandes extensões de terras, para uma baixa produção de seu rebanho. É fato que o Brasil avançou muito em termos de melhoramento genético nos últimos anos, e opções aos pecuaristas não faltam. Hoje já existem raças para a necessidade de cada pecuarista brasileiro, mas o que ainda falta são instrumentos de gestão que possam melhorar os resultados das propriedades. Um desses instrumentos é o planejamento estratégico, que visa definir objetivos e metas a serem alcançados de forma organizada, otimizando os recursos existentes, e auxiliando os pecuaristas na gestão do negócio de forma a aumentar seu lucro, controlar os custos de produção, estimar suas receitas, e qualificar a mão-de-obra. A pecuária brasileira pode se tornar mais produtiva, com a adoção de uma gestão profissional nas fazendas produtoras, que possam aproveitar de forma mais eficiente o conjunto de incentivos do governo para melhoria dos rebanhos, e para a realização de cursos de capacitação em gestão para aos pequenos pecuaristas, para que os mesmos possam ter acesso às ferramentas de planejamento das atividades rurais e utilizá-las, tornando-se profissionais conscientes dos resultados que precisam ser alcançados, para obterem maior lucro e aumentar seu market share. Porém, esta evolução da pecuária de corte passa pela quebra de paradigmas dos antigos fazendeiros que criavam o gado como seus antepassados, desprezando as novas técnicas e raças melhoradas
  • 13. geneticamente para a criação e engorda do rebanho. E isso gera prejuízos para os pecuaristas, pois aumenta o tempo de engorda do rebanho em até 2,5 vezes em comparação com a criação de gado no sistema de cruzamento industrial. Felizmente, existem empresários rurais que sempre saltam na frente e utilizam os melhores e mais avançados métodos de produção e de controle da gestão existentes, planejando de forma organizada as ações de crescimento do negócio e tendo visibilidade para a análise do custo de produção do rebanho e sua margem de lucro, estando preparados para o enfrentamento das adversidades da atividade e obtenção de “musculatura” para novos investimentos, representando os pilares para a pecuária moderna do país. 1.1 Objetivo especifico Identificar as técnicas de administração utilizadas pelas empresas do agronegócio do sul de Minas Gerais. 1.2 Objetivo geral Avaliar e comparar as estratégias e o uso das ferramentas da pecuária de corte nas propriedades pecuaristas do sul de Minas Gerais. 2
  • 14. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DO EMPRESÁRIO RURAL A pecuária de corte brasileira é responsável por aproximadamente 7% do PIB brasileiro segundo Antonialli (2008), mas apesar disso o governo brasileiro não dá muita importância aos pecuaristas brasileiros, não oferece créditos de custeio, ou créditos de investimentos para esse segmento, em comparação a outros segmentos como a cafeicultura, por exemplo, que possui vários tipos de linhas de créditos. O que não dá para entender é o porquê desse preconceito em relação à pecuária de corte, pois alem de movimentar milhões, e ser um dos grandes contribuintes para o crescimento do PIB, é o agronegócio que leva alimento para as mesas de todo o mundo. Daí vem a grande importância do empresário rural, porque ele consegue produzir em grande escala com alto aproveitamento de sua área, e ainda consegue reduzir os custos do produto acabado. Pense que a culpa pelo descaso nacional com o agronegócio brasileiro, é dos próprios fazendeiros, que estão demorando para se profissionalizarem, e lutar pelos seus direitos e pelo que é justo, pois não adianta somente ficar reclamando para todos seus conhecidos que o governo não apóia o agronegócio, que o preço de seu produto está muito abaixo do necessário para cobrir os custos, se não há união como nos sindicatos das indústrias nacionais, que lutam por seus direitos e por melhores preços. 2.1.1 Importância da pecuária de corte para a economia brasileira Esse tema é interessante, porque poucas pessoas que moram nas cidades conhecem uma fazenda de verdade e não apenas por televisão, e não sabem que o agronegócio como um todo é muito importante para a economia do país, seja na geração de empregos, ou seja na geração de riquezas e ainda 3
  • 15. sua representatividade no PIB nacional, ajudando o país a crescer e a dar uma melhor condição de vida ao povo brasileiro. O agronegócio, além de ter toda essa importância para a economia nacional, é, por incrível que pareça, um dos segmentos mais discriminados de nosso país, seja por pessoas dos mais altos cargos governamentais, ou ainda por qualquer pessoa que viva em uma cidade grande, pois o homem do campo é conhecido como um caipira, até mesmo os empresários rurais ainda sofrem com alguns descasos como esses, encontrar uma linha de crédito em uma instituição financeira pública ou privada é raridade, e ainda, quando é encontrada, o mais difícil é conseguir a aprovação do crédito pela instituição financeira, pela grande burocracia. É através da pecuária de corte que nos alimentamos de carne, que é uma das fontes de proteínas que possuímos, além de ser muito saborosa e nutritiva, é recomendada à saúde humana. Trazendo o assunto para a economia nacional, no campo a pecuária não gera muitos empregos, e nem movimenta rotineiramente muito dinheiro, em dentro de sua cadeia produtiva, ela movimenta milhões de reais, e gera muitos empregos fixos, ao contrário de outras culturas que geram muito empregos, mas sazonalmente. Do momento em que o rebanho é produzido nas empresas rurais, até a carne chegar aos nossos pratos, muitas pessoas trabalharam em naquele produto para que isso acontecesse, gerando emprego e renda aos brasileiros, e ainda tem as carnes que são exportadas, que até chegarem às mesas dos consumidores exportadores, gerarão ainda mais empregos e renda. Muitas vezes é através de gado que algumas áreas não mecanizadas são exploradas, para potencializarem o aproveitamento da empresa rural. O que falta é o pecuarista se tornar profissional e comandar seu negócio como empresa, almejando sempre metas e objetivos a serem alcançados, tornando seu negócio lucrativo e sustentável. 4
  • 16. 2.1.2 Importância da pecuária e da agricultura no PIB brasileiro Que o agronegócio é de grande importância para o PIB brasileiro, todos sabemos, pois a agricultura foi uma das primeiras atividades da história do homem a buscar fins lucrativos, mas o que poucos sabem é da importância em números, o PIB do agronegócio movimentou em 2007, 642.634 milhões de reais conforme a tabela abaixo mostra, ou seja 25,11% do PIB nacional, o que mostra que não somente as empresas fazem o Brasil crescer. (ANTONIALLI, 2008). Outro dado interessante, segundo o autor, é ressaltar a importância da pecuária dentro do agronegócio e do PIB nacional, pois a pecuária responde sozinha por 40% do PIB do agronegócio e 7% do PIB nacional, o que significa muito dinheiro para a economia brasileira. Tabela 1 - Participação do Agronegócio no PIB brasileiro PIB Brasileiro PIB Agronegócio Agronegócio Fonte: IBGE Fonte: Cepea- Agricultura Pecuária USP/CNA Dados em Milhões de reais 2000 2.248.296 514.161 354.243 159.918 2001 2.249.069 523.143 360.997 162.146 2002 2.248.854 569.220 399.444 169.766 2003 2.106.589 606.419 429.998 176.421 2004 2.119.158 621.910 442.451 179.459 2005 2.295.279 592.943 416.886 176.057 2006 2.451.488 595.626 427.859 167.767 2007 2.558.822 642.634 456.877 185.758 Fonte: Antonialli (2008: 10) Mudando de cenário do nacional para o estadual, analisando a tabela abaixo que mostra o PIB do agronegócio em Minas Gerais, podemos verificar que o agronegócio movimentou R$ 90.534 milhões de reais no ano de 2008, 5
  • 17. considerando toda a cadeia do agronegócio, e se notarmos do ano de 2001 a 2007, a agricultura sempre obteve melhores resultados que a pecuária, mas um fato interessante é que em 2008 a pecuária obteve um crescimento de 22,5% contra um crescimento de 7,5% da agricultura, o que mostra que a pecuária está criando força em Minas Gerais, se consolidando como uma atividade lucrativa e que movimenta milhões anualmente. Tabela 2 - PIB do agronegócio de Minas Gerais de 2001 a 2008 (em milhões de reais) Fonte: Cepea (2009). NOTA: * Tomando como base a taxa de crescimento acumulada de janeiro a dezembro de 2008. 6
  • 18. 2.2 CONCEITO DE AGRONEGÓCIO Soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agropecuários e itens produzidos a partir deles. (OLIVEIRA, 2009). Agronegócio é toda relação comercial e industrial envolvendo a cadeia produtiva agrícola ou pecuária. No Brasil, o termo agropecuário é usado para definir o uso econômico do solo para o cultivo da terra, associado com a criação de animais. Agronegócio (também chamado de agribusiness) é o conjunto de negócios relacionados à agricultura dentro do ponto de vista econômico. Costuma-se dividir o estudo do agronegócio em três partes. A primeira parte trata dos negócios agropecuários propriamente ditos (ou de "dentro da porteira") que representam os produtores rurais, sejam eles pequenos médios ou grandes produtores, constituídos na forma de pessoas físicas (fazendeiros ou camponeses) ou de pessoas jurídicas (empresas). (ANTONIALLI, 2008) Na segunda parte, os negócios à montante ou "da pré-porteira", aos da agropecuária, representados pelas indústrias e comércios que fornecem insumos para a produção rural. Por exemplo, os fabricantes de fertilizantes, defensivos químicos, equipamentos, etc. E, na terceira parte, estão os negócios à jusante dos negócios agropecuários, ou de "pós-porteira", onde está a compra, transporte, beneficiamento e venda dos produtos agropecuários, até chegar ao consumidor final. Enquadram-se nesta definição os frigoríficos, as indústrias têxteis e calçadistas, empacotadores, supermercados e distribuidores de alimentos. 2.3 CONCEITO DE PECUÁRIA DE CORTE “Pecuária é a arte ou o conjunto de processos técnicos usados na domesticação e criação de animais com objetivos econômicos, feita no campo. Assim, a pecuária é uma parte específica da agricultura”. (PECUÁRIA, 2009). 7
  • 19. Pecuária de corte é um dos ramos de atividade que exerce o pecuarista, ou o criador de rebanho. Existem tipos diferentes de pecuária de corte, variando de acordo com o tipo de rebanho a ser abatido como bovinos, caprinos e ovinos: O abate de novilho ou garrote exige um rebanho mais aprimorado e maior tecnologia, é chamado de corte novo ou abate de novilhos. De gado confinado ou gado preso, esse tipo de abate é usado para engorda do gado e posterior abate, quando se precisa de carne mais nobre e em maior quantidade. Seletivo, esse tipo de abate não é muito comum, pois se usa, costumeiramente, abater o animal doente e posteriormente incinerar sua carcaça. Esse tipo de abate, normalmente é realizado sob a supervisão da autoridade sanitária, pois normalmente abatem-se os animais doentes e os que tiveram contato direto, como medida de prevenção e erradicação da doença. 2.4 CONCEITO DE CRUZAMENTO INDUSTRIAL Na ultima década, o cruzamento industrial de bovinos tornou-se uma importante ferramenta estratégica para programar a produção de carne nos diferentes sistemas produtivos no Brasil. Isto em parte ocorreu em função, principalmente, do aumento da prática de inseminação artificial, e conseqüentemente pela possibilidade e acessibilidade a sêmen de touros de uma ampla variedade de raças. Existem diversas formas de desenvolver sistemas de cruzamentos, o importante é ressaltar que não há nenhum sistema nem combinação de raças que seja adequado a todos os rebanhos ou sistemas de produção. A escolha de qual sistema utilizar vai depender de diversos fatores, tais como: ambiente, exigência de mercado, mão de obra disponível, nível gerencial, sistema de produção, viabilidade do uso de inseminação artificial, objetivo do empreendimento, numero de vacas, e número e tamanho dos pastos (EMBRAPA, 1995). 8
  • 20. A combinação ou o acasalamento de duas ou mais raças adaptadas para corte de diferentes tipos biológicos, que tem por objetivo melhorar eficiência na produção de carne, deve ser entendido como cruzamento industrial. O benefício gerado pela utilização do cruzamento industrial é poder explorar os efeitos da heterose ou vigor híbrido, que podem estar relacionados não só no aspecto produtivo (ganho de peso, peso de carcaça, fertilidade, precocidade, etc.), mas também no aspecto qualitativo da carcaça (como melhor acabamento, marmorização, e maciez). O cruzamento permite de forma mais rápida a obtenção de características desejáveis (carcaça, precocidade, etc.) em relação à seleção nas raças puras, efeito este também podendo ser chamado de complementaridade. Neste ponto deve ser esclarecido e enfatizado que o cruzamento de Zebuínos com raças adaptadas para leite, não são e, portanto não devem ser chamados de cruzamento industrial, por razões óbvias. (LAZZARINI, 2000g). 2.5 PECUÁRIA DE CORTE Segundo Barbosa e Souza (2007), o Brasil possuí o maior rebanho comercial do mundo, e é o maior exportador de carne em toneladas e em faturamento; entretanto possui taxas de produtividade abaixo dos seus concorrentes. A pecuária de corte brasileira teve, nos últimos anos grandes avanços tecnológicos, com a chegada de várias ferramentas que possibilitaram ao empresário rural melhorar suas condições de produção e aumentar seu lucro. Algumas ferramentas, como a melhoria da genética dos bovinos através de inseminação artificial, transferência de embriões, touros com qualidade genética comprovada através de exames andrológicos, controle dos parasitas naturais através de métodos biológicos e eficazes com baixo custo, rastreabilidade dos bovinos, cruzamentos entre raças de morfologia diferentes, além de manejar melhor suas pastagens através de aduções, rotação de pastagem e, em alguns casos, até irrigação das pastagens. 9
  • 21. As vias de acesso externas à fazenda devem comportar determinados sistemas produtivos. O caso de pecuarista que, ao resolver reformar suas pastagens com o uso de calcário, prontamente encomendou várias toneladas deste insumo, sem se dar conta, de que as vias de acesso à fazenda (estradas de terra) eram muito estreitas e não permitiam a passagem de veículos pesados, portanto é preciso entender que existem fatores externos à fazenda que precisam ser observados para evitar prejuízos. (LAZZARINI, 2000d: 13). Mas apesar de todos esses avanços tecnológicos, a maioria dos fazendeiros não se tornaram empresários rurais e aderiram aos avanços que lhe fossem convenientes, alguns por ainda terem bloqueios às inovações presentes no mercado, outros por seguirem métodos antigos de produção e não se abrirem para a chegada do futuro, para a idéia de que a produção precisa ser exata para se obter lucro. O agronegócio brasileiro ainda sofre muito preconceito, talvez pelo fato de os fazendeiros não terem se tornado empresários, pois o que muitas pessoas não sabem é a importância do agronegócio para o país, incluindo a pecuária que é grande exportadora de carne, contribuindo para o equilíbrio da balança comercial, e para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A pecuária de corte está presente praticamente em todo o país, estando mais concentrada nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, que produzem 90% de toda a carne do país. (EMBRAPA, 2000b). A pecuária de corte é um segmento do agronegócio que possui um baixíssimo custo de produção, em relação a outros segmentos do agronegócio, pois dá para se aproveitar regiões montanhosas que dificultariam a produção de cereais por não oferecerem condições de as maquinas trabalharem por serem íngremes, ou regiões alagadas como o pantanal de Mato Grosso. Sem dúvida, é um segmento muito dinâmico, e oferece varias opções para o empresário rural. A pecuária de corte, por ser uma atividade de lucratividade sazonal, cuja produção é escoada uma vez por ano, não oferece renda durante esse período de entre safra que dura aproximadamente doze meses. Sendo assim, um imóvel agrícola que trabalha com a pecuária de corte pode se diversificar 10
  • 22. trabalhando em conjunto com outro segmento, para aproveitar o período de produção. Um pasto em condições de uso contínuo, sem cuidados na sua manutenção, tende a degradar-se cada vez mais, prejudicando o desempenho produtivo ao longo do tempo e reduzindo ainda mais a capacidade de suporte ou o desempenho animal. (LAZZARINI 2000e: 105). O investimento para se iniciar na pecuária de corte em regime extensivo (a pasto) é alto para implantação, porém para a manutenção do investimento, ele é baixo, sendo da seguinte forma o investimento: compra de um imóvel, estruturação física, como curral, cercas, preparo do solo, e das pastagens, compra dos bovinos. Os impostos são reduzidos, sendo somente o Imposto Territorial Agrícola (ITR), que é anual; os outros investimentos são apenas os de manutenção, como vacinas e remédios, sais mineirais e vaqueiros para a lida com o gado. 2.5.1 Rastreabilidade bovina A rastreabilidade é um processo que visa ter um registro de toda a vida do animal, desde seu nascimento até o abate, registrando tudo o que aconteceu em sua vida, como peso ao nascer, peso ao desmame, peso ao abate, registros de manejos, com data, hora e descrição do que foi feito, a duração desse procedimento, entre outros. Em sua simplicidade, a rastreabilidade pode ser sinônimo de registro, pois é isso que será feito durante toda a vida do animal. Segundo a Embrapa (2001b), a União Européia exige que todo o processo de produção de carne esteja inserido em um programa de identificação e registro que possibilitem o levantamento de todas as informações sobre o animal, desde seu nascimento até o consumo do produto final. Esta resolução atinge desde os produtores até as indústrias e fornecedores. O diferencial de um rebanho rastreado é que esse rebanho pode ser exportado para qualquer país importador da carne brasileira, e com isso o 11
  • 23. empresário rural pula etapas da exportação e pode exportar diretamente ao importador sem intermediários, agregando um valor muito maior ao seu rebanho, obtendo um lucro maior de praticamente o dobro do mercado normal. O custo para esse tipo de produção não é tão alto quanto o seu beneficio ao produtor, pois, como o processo consiste em basicamente registros da vida de cada animal, desde seu nascimento até o momento do abate. A rastreabilidade bovina é um processo novo aqui no Brasil, mas que vem ganhando adeptos com muita força, devido às suas vantagens, e o lucro líquido de quase o dobro do mercado normal. A rastreabilidade bovina será, no futuro, um processo obrigatório a todos os segmentos da pecuária de corte, pois facilita o serviço da vigilância sanitária, evitando que animais doentes possam ir parar na mesa do consumidor, podendo gerar doenças, contaminando os seres humanos, e os empresários que já produzem nesse sistema e estão ganhando dinheiro a mais que os produtores convencionais, já estarão um passo a frente dos que farão a rastreabilidade quando ela for obrigatória. 2.5.2 Controle sanitário bovino Uma prática simples, mas que, por incrível que pareça, muitos pecuaristas não a fazem de maneira correta, às vezes por falta de conhecimento, ou por querer reduzir o custo e outras vezes apenas pelo descaso pelo processo. Dentro do controle sanitário bovino, existem várias etapas de vacinações durante o ano, como por exemplo, a vacinação contra a febre aftosa, contra raiva bovina, contra brucelose, além do controle parasitário de vermes, carrapatos, bernes, mosca do chifre. Uma vacina muito importante e obrigatória em praticamente todo o território nacional é a vacina contra a febre aftosa, que é dividida atualmente em duas etapas aqui em Minas Gerais, sendo a primeira entre os meses de maio e junho e a segunda etapa entre novembro e dezembro. 12
  • 24. A vacina contra a febre aftosa é uma vacina de baixo custo comparado ao prejuízo que o pecuarista pode sofrer, com a morte e/ou sacrifício de seu rebanho quando detectada a doença, mas um fato que ocorre em muitas propriedades é que os fazendeiros compram a vacina, pelo fato de ser obrigatória pelo governo, mais não a aplicam, deixando seu rebanho desprotegido da doença, pelo simples fato de a vacina ter uma reação adversa no animal vacinado, deixando o animal com o pelo arrepiado, uma leve perda de peso, e com um caroço no local de vacinação, deixando o animal incomodado. O que esses fazendeiros esquecem é que quando é detectado um foco da doença em qualquer região do país, todos os pecuaristas sofrem conseqüências por isso, pois o mercado internacional é muito rigoroso em alguns critérios sanitários, sendo esse talvez o mais importante. A realidade é que, quando isso ocorre, o mercado exterior fecha a porta para a importação de nossos produtos bovinos, e com isso entra a lei da oferta e demanda, pois com o aumento da oferta interna e a pequena demanda externa os preços caem, reduzindo o lucro ou gerando prejuízos aos empresários rurais. A vacina contra raiva bovina não é obrigatória pelo governo, mas é um método de prevenção muito importante, o custo dela é um pouco maior que o da febre aftosa, mas que é justificado pela segurança que é dada ao rebanho, não o deixando correr o risco de perder algum animal por esse motivo, além do risco de contaminação humana, porque a raiva pode ser transmitida ao homem pelo contato com a saliva do animal ou sangue; a carne, desde que bem preparada, não causa risco à saúde. Essa etapa é anual, geralmente no segundo semestre do ano, ficando, portanto, a critério do pecuarista sua aplicação ou não. A vacina contra brucelose também é obrigatória, como a da febre aftosa, porém destaca-se que é aplicada somente em fêmeas, entre três e nove meses, sendo controlada pelo governo, podendo ser aplicada somente por um médico veterinário, e é uma vacina de um custo mais elevado do que as outras comentadas anteriormente, mas cuja aplicação é feita uma única vez durante toda a vida do animal. 13
  • 25. A brucelose é uma doença séria, que também pode ser transmitida ao ser humano, e que acarreta prejuízos a médio e longo prazo, pois gera um animal infértil, cuja carne ou leite não podem ser consumidos. No caso da carne, só pode ser consumida se o animal for vendido a um frigorífico especializado, que refrigera a carne a uma temperatura muito baixa, o que acaba com a doença, e que possui autorização para comercialização desse tipo de produto, mas isso ainda gerando ao pecuarista inúmeros transtornos e prejuízos, por conseqüência de não conseguir vender seu produto pelo preço real de mercado. Segundo Lazzarini (2001), boas condições de qualidade de sanidade animal devem fazer parte da filosofia de melhoramento do ambiente na criação, e ainda se sabe que, no Brasil, 60% dos defeitos dos couros têm origem na fazenda, e que destes, 40% são oriundos de ectoparasitas. O controle da sanidade animal, nesse aspecto, extrapola o seu próprio significado veterinário e se mostra de vital importância para produção de couros de qualidade para a indústria. Os controles parasitários são os maiores custos de manutenção de bovinos, seja com os endoparasitas (parasitas internos) ou com os ectoparasitas (parasitas externos) como vermes são o maior parasita interno, que reduz o ganho de peso do animal, sua capacidade de desenvolvimento, além de ter um alto custo de controle, dependendo da situação, o rebanho sofre cerca de quatro vermifugações por ano. Os ectoparasitas, como os carrapatos, sugam o lucro do pecuarista, seja pelo baixo desempenho do animal em termos de ganho de peso, baixa fertilidade, também é um controle de alto custo ao pecuarista. A mosca do chifre também gera prejuízos, mas em escala um pouco menor que os outros ectoparasitas, pois ela deixa o rebanho incomodado com sua presença, distraindo e cansam o rebanho na tentativa de espantá-las. Ainda falando dos ectoparasitas, felizmente hoje já existem métodos mais eficientes de combatê-los, com tratamentos sem traumas ao rebanho, e altamente eficazes, combatendo ectoparasitas no cocho de suplementação alimentar. Portanto, o próprio rebanho combate esses parasitas, sem notar que estão fazendo isso, através de uma rotina dos animais que é receber 14
  • 26. suplementação mineral. Esse método, após um calculo detalhado, mostra que seu custo é baixo em comparação a todos os custos para aplicação de produtos veterinários durante o ano todo, contando desde o estresse do animal ao risco de perder algum animal durante o manejo. Então, para o empresário rural, a Embrapa disponibiliza um cronograma de manejo sanitário de bovinos anual, ou o próprio empresário rural pode criar seu cronograma de manejo sanitário que melhor se ajuste a sua região ou a sua necessidade. 2.5.3 Melhoramento genético Nos dias atuais é inaceitável o pecuarista ter um rebanho com baixa genética ou animais conhecidos por “gado pé duro”, que significa animais com baixa genética e baixo desempenho. Não podemos dizer que o pecuarista tem que criar gado de elite para o abate mais sim fazer o cruzamento correto para obter o melhor desempenho para atender sua expectativa, melhorando o desempenho de sua empresa rural, para então obter lucro e conseguir ser competitivo no mercado. De acordo com a Embrapa (2000), existem duas ferramentas para se promover o melhoramento genético: seleção e cruzamento. Seleção é a decisão de permitir que os melhores indivíduos de uma geração sejam pais da geração subseqüente. Cruzamento é o acasalamento de indivíduos pertencentes a raças ou espécies diferentes. Existem várias formas de melhorar a genética de um rebanho basta fazer um planejamento correto, observando o clima da região, a topografia, para escolher o animal que possua as melhores características para a empresa rural, ou ainda partir para outras tecnologias como a inseminação artificial, transferência de embriões, estação de monta natural ou com inseminação artificial. O que não pode acontecer é o pecuarista continuar com um rebanho de baixa qualidade genética, porque esse pecuarista não sobreviverá, pois, na pecuária os outros pecuaristas não são, por incrível que pareça seus concorrentes diretos. Pois seu concorrente é o mercado, os custos de 15
  • 27. produção, entre outros, porque o empresário rural não consegue de forma alguma, mesmo sabendo seu custo, colocar preço no seu produto (o boi), e o pior é que ele não pode estocar seu produto como em outros segmentos da indústria ou do varejo, ficando totalmente nas mãos do mercado. Por isso, a importância de reduzir ao máximo o custo de produção, e a melhor maneira de reduzir os custos é através do melhoramento genético de cruzamentos industriais, ou qualquer outro método de melhoramento genético, pois reduzirá o tempo do rebanho no pasto ou no cocho, pelo fato dos animais terem uma melhor conversão alimentar, tendo um maior ganho de peso, ficando pronto para o abate no mínimo na metade do tempo dos animais de baixa genética. Existem outras formas de reduzir o custo de produção do rebanho, mas são formas que irão aumentar ainda mais o tempo de abate dos animais, o que para os empresários rurais é prejuízo, e para os fazendeiros que não fazem conta do tempo de abate, o pasto, a suplementação mineral, e a mão de obra a mais que esse lote do rebanho demorou em ficar pronto para o abate, e ainda acabam contabilizando como lucro. Segundo Barbosa e Souza (2007), o fazendeiro se esquece de fazer os cálculos de que, enquanto eles gastaram cinco anos para produzirem cem bois com média de 16 arrobas pronta para o abate em uma área de 100 há, o empresário rural produz 200 bois com as mesmas 16 arrobas, na mesma área e no mesmo tempo de cinco anos, aumentando a produtividade. E, portanto, o empresário rural produz o dobro com as mesmas características e o mesmo custo de produção do fazendeiro melhorando somente a genética de seus bovinos. Mais pode-se pensar que animais de melhor genética têm custo maior, o que acaba sendo uma grande contraversão, pois com as matrizes, não precisamos que sejam de origem pura, o conhecido Puro de Origem (PO), elas só precisam ter boa qualidade genética; os touros sim, quanto mais puros eles forem, melhor será sua produção e em média necessita-se de dois touros para cem matrizes, é uma excelente proporção; por isso, o custo de aquisição do rebanho de boa qualidade genética torna-se irrelevante, e que tanto espanta os fazendeiros, basta apenas fazer os cálculos a médio e longo prazo, para constatar que a diferença na aquisição será paga no primeiro lote acabado e pronto para o abate. 16
  • 28. Então porque os fazendeiros não melhoram a genética de seu rebanho? Talvez por haver pouco conhecimento e por não haver divulgações reais da diferença do custo de produção comparando rebanhos com genéticas e rebanhos sem genética. E melhoramento genético, como visto anteriormente, não é nenhum bicho de sete cabeças, sendo muito simples no caso de rebanho para o abate. Só é um pouco mais complicado no caso de rebanho Puro de Origem (PO), mas ainda assim basta estudar um pouco a relação sanguínea do rebanho para enxergar o que precisa ser feito. É muito simples o raciocínio da genética: animais de boa genética irão produzir animais de boa genética, e vice versa, por exemplo, se você fizer o cruzamento de um excelente touro com uma matriz de baixa genética, certamente a produção desse cruzamento será um produto de razoável ou até de boa qualidade; não tem mágica, é muito simples o raciocínio. 2.5.4 Cruzamento industrial É o cruzamento entre indivíduos de raças diferentes, onde o touro é geralmente de raça pura, buscando aumentar a eficiência na produção de carne. A razão principal para se fazer o cruzamento orientado entre raças é aumentar a lucratividade (renda líquida), através do aumento da produtividade (eficiência de produção). Nenhuma raça é perfeita, cada uma tem seus pontos fortes e fracos, o importante é saber fazer o cruzamento certo entre as raças ou a heterozigose (cruzamento entre raças). É uma das novas técnicas de se produzir com alta eficiência e eficácia, bastando apenas o pecuarista fazer um planejamento correto, e escolher qual a melhor raça para sua região, qual o melhor estilo de cruzamento industrial, para se ter a maior produtividade por hectare possível, seja no sistema de manejo intensivo (confinamento) ou extensivo (pasto). Só para se formar uma idéia da importância de se produzir com alta eficiência e eficácia: com uma demanda elástica nas classes de até 10 salários mínimos, temos que, para um aumento de 10% na renda real desses 17
  • 29. consumidores, 40% serão destinados ao consumo de proteína animal. E desse total 48% vão para o consumo de carne vermelha. (LAZZARINI, 2000a). O cruzamento industrial nada mais é que um método de se dar um choque de sangue entre duas raças diferentes, conhecido no segmento como heterose, onde se pega, por exemplo, uma raça zebuína que possui uma morfologia diferente e a cruza com uma raça taurina, de onde surgirá o cruzamento industrial, dando a essa nova raça características diferenciadas como maior precocidade, maior ganho de peso, maior aproveitamento da carcaça. Como nas indústrias, quanto mais rápido seu produto estiver pronto, menor será seu custo, e conseqüentemente maior será seu lucro, e assim a empresa rural terá mais giro e possuirá um maior capital de giro, facilitando seus trabalhos diários. Complementaridade – A combinação das qualidades desejáveis das raças parentais permite a obtenção de uma progênie superior. Ou seja, quanto mais as raças utilizadas se complementarem nas características produtivas, melhor será o resultado dos produtos do cruzamento. O exemplo mais claro disso é combinar características de adaptabilidade, ou seja, aproveitaremos a resistência e fertilidade das vacas zebu, e o ganho de peso, precocidade sexual e de acabamento das raças taurinas européias. Heterose - É a superioridade média dos produtos de cruzamento em relação à média do país. A heterose será maior quanto maior for a distância evolutiva entre as raças em questão, ou seja, quanto tempo atrás elas se distanciaram no processo de seleção natural e seleção induzida pelo homem. E as vantagens do cruzamento industrial não acabam aqui, pois além de o produto ficar pronto antes dos concorrentes, ele possui um baixo custo de produção em relação a outras raças, porque normalmente uma raça comum, sem heterose, demora cerca de quatro a cinco anos para estar pronta; no cruzamento industrial, leva-se cerca de dois a três anos, aproximadamente metade do tempo gasto em comparação a uma raça comum. E ainda como o produto é terminado mais cedo, possui maior qualidade na carne, tendo uma carne mais macia e saborosa, e por conseqüência, o produtor ganha um pouco mais por arroba, então uma mudança simples na forma de produção pode aumentar e muito o ganho do empresário rural, seja 18
  • 30. no tempo gasto para produção e valor agregado que o produto possui ou por ter maior qualidade. A características do rebanho originado de cruzamento industrial no Brasil, é de maioria do gado de corte de origem zebuína, em maior numero os da raça nelore, cujas matrizes não possuem um alto custo e já é a raça que os fazendeiros trabalham em maior escala, portanto é só o empresário rural adquirir um touro de uma raça européia, e pronto, ele já estará causando uma heterose e aumentando a eficiência do seu rebanho. E porque os fazendeiros não optam por esse tipo de cruzamento? Porque justamente esses fazendeiros ainda não se tornaram empresários rurais, seguem aquela história de “meu avô fazia assim”, “meu pai também” e continuam seguindo essa maneira de produzir, e infelizmente poucos fazendeiros tornaram-se empresários rurais, produzindo com eficácia, tendo controle do seu negócio, sabendo seus custos, se atualizando, e seguindo as tendências do mercado. Infelizmente esses que se mantiverem como fazendeiros logo estarão decretando falência, pois não entendem que o sistema que seus antecessores trabalhavam hoje não sobrevive mais. 2.5.5 “Boi verde” versus “boi orgânico” O conceito de “boi verde” é muito mais simples do que parece, pois simplesmente é aquele boi criado totalmente a pasto, como se fazia antigamente e como ainda é feito na pecuária extensiva. O conceito de “boi orgânico” é aquele boi criado a pasto ou confinado, que porém exige ser tratado de maneira diferenciada, ficando sem acesso a nenhum produto industrializado, e ainda exige uma rastreabilidade que comprove que aquele boi não teve contato com nenhum produto que não seja natural. Apesar de haver as diferenças, advoga-se que “o boi orgânico estaria inserido em um filosofia holística que, além da produção, de carne preocupa-se ainda com os aspectos sócio-ambientais envolvidos”. Um exemplo de norma é a exigência de que todas as crianças da fazenda estejam freqüentando a escola (EMBRAPA, 2000a). 19
  • 31. É importante ressaltar que existe mercado para ambos os produtos, qual o melhor? Dependerá de uma avaliação de cada empresário rural, para definir qual dos segmentos se enquadra mais em sua necessidade de produção, e uma analise crítica de mercado desse produto em sua região. Existe um maior valor agregado a esse tipo de produção de carne, mas talvez o boi orgânico não seja tão rentável, comparando-o com o boi verde, que é a maneira mais econômica de se produzir carne, e o nicho mercado do boi orgânico e sua grande maioria está no exterior, forçando o produtor desse tipo de carne a optar pela a exportação. O que não pode existir de forma alguma é uma rivalidade desonesta entre os segmentos da pecuária de corte, trabalhando em cima dos pontos fracos de cada segmento, pois quando isso acontece abre espaço para outros tipos de produção de carne, como a carne de frango, de suíno, e até carnes exóticas, como de rã, avestruz, jacaré, entre outras, alem do vegetarianismo aumentar, portanto a competição entre os segmentos pode existir, mas desde que com cautela para que não prejudique todo o setor. 2.6 TRASNFORMAÇÃO DE FAZENDA EM EMPRESA Foi se o tempo que o fazendeiro era apenas um caipira, que não sabia ler nem escrever, que sabia apenas produzir para sobreviver de sua fazenda, plantando o que iria comer, e o que sobrar para vender, e que inspiraram muitos compositores, com seu jeito simples de viver e sobreviver. Mas com a chegada da tecnologia no campo com a globalização mundial, o capitalismo, a revolução industrial, entre outros fatores, aos poucos foram acabando esses fazendeiros chamados por alguns de caipiras, e alguns se modernizaram um pouco e atuam até hoje, mas logo também saírão do cenário e darão lugar ao empresário rural que já chegou e em curto prazo assumirá a totalidade dos negócios do campo. O empresário rural é preocupado com o lucro liquido da sua empresa, sabe realmente seu custo de produção, seja por unidade ou por totalidade, é moderno, utilizando todos os recursos tecnológicos necessários para que sua empresa atinja o máximo de produtividade possível, aproveitando tudo e toda 20
  • 32. área de possível exploração. Também é preocupado com o lado ambiental da empresa, preservando suas reservas e minas naturais, além de se preocupar com o lado social de seus colaboradores, buscando sempre formas de incentivá-los a trabalharem melhor, oferecendo-lhes cursos e oportunidades de adquirirem conhecimentos. Mas a transformação de fazendeiro para empresário rural não é fácil e nem é de graça, pois exige esforço de todos os envolvidos em sua empresa, e talvez a segunda etapa mais difícil dessa transformação seja a conscientização dos colaboradores, que as coisas mudaram e que eles terão benefícios com essas mudanças, mas também terão deveres para que essa transformação possa ocorrer da melhor maneira possível. A primeira, a mais importante e a mais difícil etapa, é a conscientização do fazendeiro de que ele precisa se tornar um empresário e que, para que isso possa acontecer, ele precisa mudar, e em alguns casos mudar muito seus métodos de administração de sua empresa, se atualizando e utilizando ferramentas administrativas para gerir sua empresa, aproveitando os seus pontos fortes e melhorando seus pontos fracos. Alguns fazendeiros dizem que essa etapa da transformação é muito difícil e dependendo de seu segmento de negócio pode ficar muito onerosa, alguns precisaram mudar muitas coisas de suas estruturas, além de demitir alguns funcionários que não quiseram ou não conseguiram se adaptar ao novo método de gestão de seu negócio. O general que vence a batalha é aquele que, no tempo ancestral, efetuou muitos cálculos detalhados e avaliações prévias e considerou que a maioria dos fatores está a seu favor. O general que perde a batalha é aquele que, no tempo ancestral, antes da batalha, faz poucos cálculos de antemão [...]. Se eu observar desta perspectiva, posso antever a vitória e a derrota, que me serão evidentes!. (CLAVELL, 2008: 33). Mas, felizmente, para o segmento de pecuária de corte essa transformação é um pouco mais fácil, pois a estrutura a ser utilizada será menor, o número de funcionários é bem menor, a única etapa que ainda acaba sendo de grande dificuldade é a conscientização do fazendeiro para se tornar um empresário rural, e aceitar que seus métodos de gestão podem estar 21
  • 33. gerando prejuízos ao invés de lucro, e ainda aceitar que sua gestão não é mais indicada para o segmento. Para a pecuária de corte, é dever do empresário rural maximizar a produtividade por área, por animal, e aproveitar todos os recursos naturais que sua propriedade possa oferecer, lembrando sempre de não prejudicar o meio ambiente. Quando se diz em maximizar a produtividade por área, busca-se dizer que uma área onde se produzia 100 animais/ano, e tem potencial para produzir 150 animais/ano, é dever do empresário rural tornar essa estatística em realidade, seja tratando as pastagens de forma adequada, com adubações, calagem de solo, e descanso do terreno de forma adequada, ou seja melhorando a genética de seu rebanho, aumentando a fertilidade, a conversão alimentar, o ganho de peso, entre outros. No mesmo sentido, a produtividade por animal, é dever do empresário rural identificar porque seu animal não rende o necessário, se é por falta de pastagens de qualidade, por falta de genética, por falta de uma suplementação mineral de qualidade e adequada à necessidade diária de cada animal, ou por falta de controle sanitário de seu rebanho. A Cadeia Produtiva de Peles e Couros, em conjunto com o Sistema Agroindustrial das Carnes, encontra-se entre os segmentos de grande potencial competitivo e inserção internacional. Essa afirmativa ganha ainda mais destaque quando se considera que as pesquisas em peles e couros vêm assumindo um caráter mais abrangente, extrapolando as ações usuais de aplicação do produto em manufaturados e artefatos em peles e couros, entre outros. (EMBRAPA, 2001a). Falando ainda da produtividade por animal, poucos produtores aproveitam o couro de seus animais, subproduto que tem mercado, e que na maioria dos casos é jogado fora pelos açougueiros e frigoríficos, que aproveitam os pouquíssimos couros que chegam até eles nas condições necessárias para serem aproveitados na indústria como matéria prima para produtos à base de couro. O que é preciso fazer para obter um ganho um pouco maior por animal, com a venda do couro, é melhorar instalações como cercas, currais, transporte, e manejos, o que acaba sendo coisas muito simples e de fácil solução, para um ganho extra e de direito do empresário rural. 22
  • 34. Utilizar planejamentos para que sua propriedade possa ter um destino a ser alcançado, para que seus colaboradores saibam aonde a empresa quer chegar, e como eles devem contribuir para que isso aconteça. Para auxiliar o empresário rural, existem vários tipos de sistema de informações, que fazem o controle de natalidade, período de desmama, peso ao nascer, peso ao desmame, peso ao abate, enfim são informações que podem orientar o empresário rural, mostrando o que precisa ser mudado e o que está sendo bem feito, para que a empresa possa atingir suas metas e assim alcançar seus objetivos, tudo em prol da empresa. Outra coisa importante é fazerem que o antigo fazendeiro e agora empresário rural entenda que o lucro da empresa não pode ser o mesmo lucro seu, é importante ele saber que grande parte desse lucro precisa ser reinvestido na propriedade ou investir em outra propriedade, isso deixa os fazendeiros irritados, pois a maioria deles pensam que, por serem donos da empresa, o lucro que ela possa dar é deles e de mais ninguém. E o último trunfo da transformação de fazenda em empresa é trabalhar o marketing de sua propriedade, sim, marketing de empresa rural. Alguns podem ver isso com maus olhos, e dizerem que é loucura falar em marketing rural, mais isso é possível e já é realidade, basta observar quantos canais voltados ao agronegócio estão surgindo, que trabalham somente com esse segmento, e que estão crescendo trabalhando o agronegócio, fazendo com que ele cresça, e obtendo lucros com isso, através de divulgação de produtos destinados ao agronegócio, realizando transmissão de leilões e divulgação de propriedades que produzam determinados produtos e que os queiram expor em Televisão para aumentar a demanda por seu produto, mostrando a outros empresários rurais interessados em adquirir esse produto onde encontrar, quanto custa, e como comprar, isso não seria marketing? Ou ainda, divulgar sua propriedade como propriedade modelo, que pensa no meio ambiente, no social de seus funcionários, e que produz com sustentabilidade, o que significa produzir sem prejudicar outros biomas, o ecossistema, não explorando o trabalhador; portanto o marketing rural é uma realidade e precisa ser explorado, e há muito mercado para essa exploração. Até na Televisão aberta, observando alguns jogos no estádio de Presidente 23
  • 35. Prudente, pode-se ver alguns outdoors com o nome de uma raça chamada Canchin, anunciando a venda de touros. 2.6.1 Mudanças de horizontes A atual pecuária de corte brasileira está começando a mudar seus horizontes, deixando de ser um processo de produção antigo e se modernizando com a ajuda da Embrapa, órgão governamental de pesquisa e apoio ao agronegócio. Os fazendeiros ou produtores rurais estão aos pouco, mudando e se tornando empresários rurais, alguns criando barreiras, outros não, mas o fato é que as fazendas estão aos poucos mudando e se tornando empresas, e com isso todos os que estão ligados ao agronegócio também estão se adaptando ao novo modelo de gestão rural. É difícil para alguns fazendeiros imaginarem suas fazendas como empresas, mas o que todos querem, tanto os fazendeiros quanto os empresários, é o lucro, e com a concorrência mudando, se aperfeiçoando, a margem de lucro ficando cada vez menor, não há outra solução para o fazendeiro a não ser se tornar um empresário rural, seja por vontade ou seja por necessidade do mercado, pois quem não acompanha o mercado, morre. Pode soar dura essa realidade, porém muitos especialistas não enxergam outra solução, a não ser o fazendeiro se tornar empresário. Planejar o futuro do negócio, utilizar metodologias administrativas, pesquisar um mercado, buscar informações, investir em máquinas, infra-estrutura e mão-de- obra capacitada, são algumas mudanças que deverão ser rotina na empresa rural. E a pecuária é parte desse nicho de segmentos que deverão se modificar e se atualizar com a nova caracterização de fazendas em empresas, a boa notícia é que a pecuária e o agronegócio brasileiro estão, pelo menos em termos de pesquisa e órgãos pesquisadores, a muitos passos na frente de outros países emergentes, podendo até competir com igualdade com países desenvolvidos. Isso será uma grande vantagem para o Brasil no futuro, pois como muitos dizem pelo mundo, o Brasil será o celeiro do mundo, pela 24
  • 36. extensão territorial, pela qualidade de suas terras produtivas e em grande parte facilidade de mecanização. Portanto, todos os que são ligados ao agronegócio brasileiro, precisam mudar seus horizontes, se tornar profissionais, produzindo com qualidade e sendo eficientes, explorando ao máximo toda a vantagem que nosso clima, nossas terras, nossa tecnologia desenvolvida aqui e por nós brasileiros, nos orgulhando disso e aproveitando esse ponto forte de nosso país. Então por que entrar na disputa de mercados industrializados e deixar de lado o nosso agronegócio? Por que esse preconceito que existe com os empresários rurais, quanto a liberação de linhas de créditos em instituições financeiras? O empresário rural precisa e deve ser tratado com igualdade, perante os empresários industriais, já basta todos esses anos em que os empresários rurais estão sofrendo, pelo fato do preço do seu produto no mercado estar caindo, o custo de produção subindo, e como o agronegócio produz alimentos que em sua grande maioria são perecíveis a curto prazo e não tem como o produtor estocá-lo trabalhando com a lei da oferta e demanda, esperando a oferta cair e preço subir para vender seu produto. Por isso devemos por nossa própria vontade nos tornamos profissionais, transformando nossas fazendas em empresas, buscando nas tecnologias meios de diminuir o custo de produção e conseqüentemente aumentar o lucro. E devemos lutar por tudo isso sem vergonha de dizer “Sou um empresário rural”, pois o agronegócio é muito importante e é dito por alguns economistas como um dos pilares da economia brasileira e não é para menos, pois somente a pecuária de corte reponde por 7% do PIB brasileiro em 2007, e será, no futuro, se trabalharmos agora, a principal fonte de renda dos brasileiros. Portanto, se ficarmos esperando alguém fazer essa mudança por nós, iremos morrer sem que isso aconteça, por isso a hora de mudar é agora. (ANTONIALLI, 2008: 10). 2.6.2 Visão empresarial Esse tema visão empresarial é, sem dúvida, o que mais falta para os fazendeiros, pois visão empresarial foca resultados, podendo ser de curto, 25
  • 37. médio, e longo prazo, variando de acordo com o planejamento do empresário rural. É parte importante do novo modelo de gestão rural, pois determina onde o empresário rural pretende chegar; depois de definida essa visão, é preciso que todos os envolvidos no trabalho da empresa a conheçam, pois assim todos ficarão alinhados e saberão quais são os planos para o futuro da empresa, aonde ela quer chegar, e assim também podem identificar até onde podem chegar em seus cargos e até onde podem crescer. E a empresa, possuindo essa visão empresarial, fica fácil estimar metas tangíveis para que consiga seu objetivo de atingir essa visão e depois criar outra, que possa fazer a empresa crescer e lucrar ainda mais. A grande maioria dos fazendeiros não possui uma visão de seu negócio, isso quando sabe qual é realmente seu negócio, mas se eles não sabem onde querem chegar, como farão para continuar trabalhando em seu segmento? Como estabelecer metas? Como criar um planejamento estratégico? E o mais importante como conseguir obter lucro? São perguntas de difíceis respostas para qualquer um de nós administradores, é muito importante que os fazendeiros ao se tornarem empresários rurais, saibam aonde pretendem chegar. E analisando a expressão “visão empresarial” literalmente, é necessário aos fazendeiros que se tornarem empresários rurais verem suas empresas como os empresários industriais vêem suas empresas; é necessário ver sua empresa como uma ferramenta geradora de lucro, não só para o proprietário, como para os clientes, fornecedores e também para os colaboradores, pois é necessário ter um circulo vicioso, chamado de ganha-ganha, isso mesmo, porque não é somente o empresário que deve lucrar, porque todos os envolvidos nos elos da empresa necessitam lucrar. Caso contrário, esse elo se quebra, e prejudica toda a corrente de lucro, é claro que não é preciso que todos esses elos lucrem igualmente, mas o importante é cada um dos elos lucrar um pouco. Quanto mais profissional for o empresário rural, mais profissionais serão seus colaboradores; visão empresarial não quer dizer que não se deixa espaço para erros, eles até podem acontecer, mas já estavam previstos anteriormente. A idéia é minimizar as chances de acontecerem erros sendo calculistas e 26
  • 38. profissionais. Empresa que possui visão possui futuro, pois ela sabe o que quer para ela, trabalha de forma profissional, e lucra com isso. 2.6.3 Controle financeiro Esse tema é algo essencial não somente para a empresa rural, como para todas as empresas, como também em nossas vidas pessoais. Não é possível crescer sem controle, e de nada adiantará um bom planejamento estratégico, se a empresa não tiver controle financeiro sobre seu negócio, e ficar retendo ou liberando dinheiro sem critérios para essa ação, portanto é preciso haver interação entre os setores da empresa. Controle financeiro não significa somente reter os recursos financeiros da empresa, seguindo o sentindo literal da palavra, significa saber o que está fazendo para não prejudicar a empresa no futuro aplicando e investindo os recursos da melhor maneira possível, e que possa render o máximo possível. Trabalhando com empresas rurais, na maioria dos casos não se tem um profissional especifico para essa função, geralmente são profissionais polivalentes que executam diversas funções, o que pode facilitar essa ação, desde que o profissional seja competente e comprometido com resultado, mas, por não ser um especialista na área, e também ter que se preocupar com outras situações rotineiras, as chances de cometer falhas são maiores do que para um especialista trabalhando especificamente nessa área, e que se dedicar totalmente para a função, criando alternativas e oportunidades ao negócio. Mas, graças à tecnologia de Sistema de Informação, e o agronegócio não ficou de fora, existem softwares específicos para o agronegócio e também focados somente na pecuária de corte, o que facilita o processo de informação da empresa, auxiliando os empresários rurais nas tomadas de decisões, criando situações futuras e já se preparando através de planejamentos, e assim não sendo pegos de surpresa, podendo sair na frente dos fazendeiros e obtendo maiores lucros. Por trás de toda grande empresa e todo grande planejamento, é imprescindível ter um bom controle financeiro, pois de nada adiantarão, os 27
  • 39. esforços em se criar um excelente planejamento, se a empresa tiver com problemas no setor de finanças. 2.6.4 Adequação aos princípios da administração Para os fazendeiros, essa fase pode ser considerada sem importância para seu negócio, pois apresenta teorias e fundamentos científicos, que embora sejam embasados em muita pesquisa, é muito difícil a aceitação, até mesmo em empresas industriais com conceitos antigos, e no agronegócio, em especial a pecuária de corte não é diferente, pois existe uma forte resistência dos fazendeiros em se tornarem empresários, e quando lhes são apresentados os métodos e princípios administrativos, é como se o mundo desabasse sobre eles. Todos aqueles princípios administrativos são usados pela empresa rural mesmo que os fazendeiros não saibam, princípios como comandar, controlar, dirigir, segurança, são usados rotineiramente sem que eles o percebam, mas princípios como organizar e planejar são as grandes fraquezas das empresas, não só as empresas rurais, mas também em muitas empresas industriais, pois na maioria delas não existem organização e planejamento, e sem organização e planejamento, não há como executar os outros princípios com eficiência. Como dito, eles são usados mais ocasionalmente, sem que os fazendeiros os percebam, e quando são apresentados aos fazendeiros que estão em processo de transformação em empresa, eles os vêem como bicho de sete cabeças e os princípios que eles não usavam, que são o da organização e planejamento, eles afirmam que os usam eficazmente. Mas na busca de informação sobre o setor, e através de notícias, e por conhecer alguns fazendeiros que estão buscando a transformação de sua fazenda em empresa, felizmente observa-se o aumento considerável dessa transformação, o que é uma boa notícia para todos nós do agronegócio, porque essa mudança transformará as fazendas em empresas rurais sustentáveis, sendo mais eficientes e eficazes. Obter-se com perfeição uma boa organização sobre uma empresa industrial não é fácil, mas organizar e manter organizada uma empresa rural é 28
  • 40. extremamente difícil, pela cultura de toda a mão-de-obra ligada ao agronegócio, em não aceitar essa mudança de costume. Por isso é muito difícil, mas não impossível, é necessário, muito, dedicação e treinamentos com profissionais externos à empresa, para que isso possa entrar nas cabeças dos funcionários. Planejamento é outra grande fraqueza, que deriva da falta de organização, pois sem dúvida não há como criar um planejamento para uma empresa desorganizada, e se criar-se um planejamento, certamente não será executado, pois a desorganização criará barreiras para que essa execução possa ser seguida com perfeição, ao invés de apenas corrigir somente pequenos desvios ao longo do planejamento. É difícil, mas muito difícil um pecuarista tradicional compreender essas mudanças, mas não se vê outra opção a eles, pois é o caminho que o mercado está seguindo, e nadar contra a correnteza é suicídio. Mesmo que seja a médio ou a longo prazo, essas mudanças ocorrerão em todos os segmentos envolvidos no agronegócio, mas como os empresários rurais sempre saem na frente dos fazendeiros, eles obterão mais lucro, e quando os fazendeiros começarem a mudar seus princípios administrativos, os empresários rurais já estarão com eles aperfeiçoados, sem dificuldades para controlar suas empresas rurais. 2.7 COMPORTAMENTO DO EMPRESÁRIO RURAL O comportamento do empresário rural é obviamente claro perante o comportamento do fazendeiro, os empresários rurais sabem seus custos de produção na ponta da língua, conhecem as tendências do mercado, estão sempre buscando alternativas de aumentarem seus lucros, conhecem e normalmente têm algum curso superior. Já o comportamento dos fazendeiros, pode-se dizer que é o oposto de tudo o que foi dito do empresário rural. O empresário rural nunca está satisfeito com o rendimento de sua empresa, ele quer sempre que a empresa cresça, se o mercado de seu segmento está em baixa, ela busca meios para poder desviar sua empresa dessa tendência, isso quando ele não se planeja antes e planeja todo um 29
  • 41. cenário para que possa contornar essa situação. No caso de pecuaristas se os preços estão em baixa, eles normalmente seguram os bois no pasto, fazendo com que a oferta caia e a demanda aumente, trazendo consigo a alta dos preços, e não buscam associar-se a cooperativas, para conseguir melhores preços, ou ainda deixam de usar a rastreabilidade para exportar seu rebanho sem intermediários e assim contornam os baixos preços. O empresário rural não pode mais ficar isolado na fazenda. É necessário que acompanhe as tendências de preços, oriente-se com a opinião de especialistas no mercado pecuário e planeje suas vendas. [...] para tanto, deve-se municiar-se de informações confiáveis e, nesse sentido, uma boa consultoria mercadológica não pode ser dispensada. [...] com analistas de mercados que estudam as tendências e estabelecem os principais cenários de preços possíveis no mercado pecuário, facilitando o processo de planejamento das vendas, [...] oferecendo condições de reduzir os custos de produção. (LAZZARINI, 2000c: 84) O empresário rural, conhece o mercado, e sabe que quanto maior a qualidade e quanto menor for seu custo de produção, maior será seu lucro. Falando-se em qualidade, ele sabe que ela é a essência do seu negócio, pois existe hoje uma forte demanda, principalmente de produtos alimentícios de boa qualidade, e sabemos ser esse o futuro de todos os segmentos, pois o consumidor não busca mais apenas preço, ele quer preço e qualidade. É comum encontrar empresários rurais com laptop, aparelhos do Sistema Global de Posicionamento (GPS), câmeras digitais e celulares no meio do pasto ou da lavoura acessando a internet, e negociando sua produção, diretamente de sua empresa, o que há alguns anos atrás era impossível e ainda hoje são poucos os que usam essa tecnologia a seu favor. O empresário rural não precisa mais transportar seu gado para uma determinada cidade para participar de leilões de gado, basta apenas que ele filme seu gado na propriedade, e envie por e-mail a canais específicos nesse segmento, para negociar seu gado e da mesma formar comprar gado, sem tocar neles. Somente através da tela de uma televisão ou computador, ele pode fazer essa transação diretamente de sua casa, propriedade, ou diretamente do seu pasto. 30
  • 42. Através do Sistema Global de Posicionamento (GPS) é possível fazer uma divisão perfeitamente igual de sua área de pastagens, medido-as através do satélite, e assim demarcam a área onde deverá passar a cerca para obter pastagens com a mesma área. O empresário rural deve estar atento e traçar um planejamento, quanto aos três principais fatores críticos à produtividade do rebanho na pecuária de corte: a gangorra da produção dos pastos (caracterizada tecnicamente como estacionalidade de produção de pastagens), o potencial genético do rebanho e as condições de saúde dos animais. (LAZZARINI, 2000b). O interessante é que o empresário rural quer aproveitar 100% de toda área explorável de sua propriedade, sendo assim toda área possível é explorada para maximinizar seu lucro, cuidando das pastagens, do solo, das nascentes, das reservas florestais, investindo em genética para aumentar a produção por ha, enquanto o fazendeiro preocupa-se somente em produzir uma quantidade que lhe garanta o sustento familiar, e mantenha a propriedade. Ele não se preocupa com o aproveitamento de sua propriedade, deixando as ervas daninhas tomarem conta de suas pastagens, o solo está desgastado e sem nutrientes para produzir pastagens de qualidade, nascentes e reservas florestais ficam a mercê do acaso, não se preocupam em fazer algo para preservá-los, investimento em genética para o fazendeiro é coisa de veterinário querendo ganhar um dinheiro fácil. Pode-se notar que são opostos o fazendeiro e o empresário rural, que enquanto um produz basicamente para a subsistência, o outro produz para fazer sua empresa crescer, com profissionalismo, e objetivos bem traçados, buscando sempre apoio da tecnologia, aproveitando tudo de melhor que ela pode proporcionar-lhe para aumentar ao máximo seu lucro, no menor espaço de tempo possível e com o menor custo benefício possível. 2.7.1 Lucro versus pecuarista Existem muitas pessoas que dizem que a pecuária não dá lucro, que os produtos que dão lucro na realidade são café e soja, a questão é a seguinte: todos têm direito a ter uma opinião sobre determinado assunto, mas para dar 31
  • 43. uma opinião é preciso conhecer a fundo o que será opinado, para não influenciar nas decisões de outras pessoas, é preciso ter fundamentos científicos que comprovem algo. Captar recursos em financiamento sem estimar a possibilidade de retorno e pagamento do capital é como atirar no escuro. Muitos “se enforcam”, admitindo ser imprescindível o financiamento, mas não observam os juros reais embutidos no empréstimo e nem a sua capacidade de quitar a dívida. [...]. (LAZZARINI, 1995: 61). É claro que a pecuária, como tantos outros segmentos, não é nenhuma galinha dos ovos de ouro, o que é preciso ser feito é reduzir os custos de produção ao máximo, e aumentar a eficiência de sua produção, através de boa genética, boas instalações de manejo, boas pastagens, enfim, investir em qualidade e na produtividade para se obter lucro. Pois existe um ditado que diz: “Cada um colhe o que planta”, portanto é necessário trabalhar com produtos de qualidade para obtermos qualidade. Segundo Barbosa e Souza (2007), o cálculo não necessita ser muito complexo para concluir algo sobre a comparação de lucro versus pecuária. Por exemplo, se atualmente um pecuarista produz cem animais/ano em uma área de 100ha, está claro que a produtividade por área está baixa, portanto, o empresário rural deverá aumentar essa produtividade explorando ao máximo toda a potencialidade de suas terras, através do manejo e adubações de acordo com as necessidades de minerais, e também se for o caso, trocando seus animais por outros animais de melhor genética e qualidade. Aumentando assim a eficiência da propriedade, pois se em uma propriedade de 100ha é possível produzir quatrocentos animais/ano, ao invés de produzir somente cem animais/ano algo está errado. É preciso identificar onde está a falha no processo e corrigi-la, porque o prejuízo é muito maior com a menor produção do que com manejos para suprir as necessidades minerais da terra. Sendo assim, vamos aos cálculos: trezentos animais/ano é o potencial perdido pela propriedade, colocando valores, trezentos animais prontos para o abate a um preço de R$ 80,00/arroba considerando animais de 16, darão uma receita líquida de R$ 384.000,00. Já a manutenção anual do solo de uma área 32
  • 44. de 100ha fica em aproximadamente em torno de R$ 100.000,00 sendo assim o empresário rural deixa de faturar R$ 284.000,00/ano, sendo que o custo de aquisição dos animais é o mesmos, o custo de aquisição da propriedade é o mesmo, os impostos serão os mesmo, isso se produzir cem animais/ano ou quatrocentos animais/ano. (BARBOSA; SOUZA, 2007). Além desse potencial que pode ser explorado, a pecuária de corte é um segmento muito versátil e é compatível com outros segmentos, pois não exige grande uso de mão-de-obra durante o ano, portanto a mão-de-obra utilizada na pecuária pode ser aproveitada em outro segmento, um segmento que agregaria um grande valor à propriedade rural é o conhecido hotel fazenda, onde o empresário rural pode agendar períodos em que não está com atividades de manejo com o gado ou a propriedade e lucrar com o turismo rural, que é uma atividade barata, com um bom custo beneficio aproveitando a ociosidade da fazenda. O turismo rural é uma atividade que está em alta, e é uma boa alternativa para aumentar o lucro da empresa rural. 2.7.2 Análise SWOT A análise de SWOT é o estudo que identifica os pontos fortes e fracos de uma empresa, seja qual for o segmento em que ela atue, sendo assim é importante lembrar, que no agronegócio, essa análise é de grande importância também para que o empresário rural possa visualizar o que sua empresa está fazendo de bom e o que ela precisa melhorar. O objetivo da análise é possibilitar que a empresa se posicione para tirar vantagem de determinadas oportunidades do ambiente e evitar ou minimizar as ameaças ambientais. Com isso a empresa tenta enfatizar seus pontos fortes e moderar o impacto de seus pontos fracos. A análise também é útil para revelar pontos fortes que ainda não foram plenamente utilizados e identificar pontos fracos que podem ser corrigidos. (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000: 86). Faremos uma análise dos pecuaristas de pequeno porte e dos pecuaristas de médio e grande porte, para conseguir entender a SWOT, faremos um comparativo entre elas para identificar qual modelo apresenta mais 33
  • 45. vantagens e que deve ser utilizado, com base nesse estudo de forças e fraquezas. Quadro 1 – Pecuaristas de pequeno porte Forças: Baixo custo de produção, terras e clima favorável para produção de gado de corte. Fraquezas: Ineficaz, Ineficiente, falta de planejamento, desorganização, desunião de pecuaristas, alto custo de produção por área. Oportunidades: Tecnologias disponíveis a baixo custo, preço do há relativamente baixo, exportação. Ameaças: Doenças sanitárias bovinas, fechamento do mercado externo, aumento na demanda por grãos e tendência de expansão de usinas de processamento do etanol e chegada do biodiesel. Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 2 – Pecuarista de médio a grande porte Forças: Eficiência, eficácia, organização, planejamento, alta produtividade, baixo custo de produção, aproveitamento total da propriedade. Fraquezas: Dificuldade de implantação, falta de mão-de-obra capacitada. Oportunidades: Estratégias de marketing, exploração de outros segmentos comumente com a pecuária de corte, negócios virtuais. Ameaças: Fechamento do mercado externo por culpa de outros pecuaristas, aumento na demanda por grãos e tendência de expansão de usinas de processamento do etanol e chegada do biodiesel. Fonte: Elaborado pelo autor Os Quadros 2 e 3 fazem um comparativo entre a atual pecuária de corte brasileira, e a empresa rural. Como pode ser visto, a caracterização de fazendas em empresas é sem duvida o melhor negocio para os pecuaristas de corte, pois não há duvidas de que, se continuar a trabalhar seu negócio como fazendeiros não sobreviverão, pois os grandes concorrentes não são os outros 34
  • 46. pecuaristas, mas sim agricultores e usineiros, que fazem grandes investimentos em seus negócios, e o mercado aponta para forte demanda futura de seus produtos, seja o etanol, seja produtos alimentícios. Se os pecuaristas não se tornarem empresários rurais da pecuária, perderão espaço no mercado, por não terem seus custos de produção controlados e não se profissionalizarem como fizeram os usineiros e alguns agricultores. Apesar de serem segmentos diferentes, quando dizemos perder espaço queremos dizer espaço em área ha (hectares) de terra e espaço de mercado. Talvez esse tipo de concorrência seja pior que as concorrências do mesmo segmento, pois o cenário dele pode continuar igual, mesmo que o seu segmento tenha sofrido uma grande crise, o mercado de outro segmento pode continuar normalmente, sem ao menos ter alguma previsão de risco. 2.8 SUCESSO DO SEGMENTO DA PECUÁRIA Sucesso é derivado de muito trabalho e dedicação de quem o alcançou, ou almeja alcançá-lo, porque o único lugar em que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário. Sendo assim, é de grande importância o investimento em melhoria de genética do rebanho, investimentos em infra-estrutura. Trabalhar a pecuária de corte não apenas como dizem por aí, que é apenas soltar o gado no pasto e esperar para se ter um lucro ou prejuízo. Trabalhar na pecuária de corte é como se fosse uma arte, pois os empresários rurais, além de explorar todo o potencial produtivo de sua propriedade e rebanho, devem ainda criar atividades produtivas secundárias para a propriedade. Um exemplo já dado em outro capitulo é o aproveitamento do turismo rural, que é muito rentável, e ainda é possível criar ovelhas e avestruzes consorciados ao rebanho bovino. Das ovelhas pode explorar-se a lã e a carne e dos avestruzes explorados as plumas e a carne. Essas são consideradas carnes nobres, esses são apenas alguns exemplos de criação de outras espécies, em consórcio com rebanhos de gado de corte, pois os três exemplos são de custo muito baixo, sendo que em todos os três exemplos, os custos são basicamente o custo de aquisição dos 35
  • 47. animais, e como se alimentam das mesmas pastagens que os bovinos, mas em quantidade muito menor que os bovinos, o custo é quase zero. O justo equilíbrio entre a produção (que busca a produtividade, a qualidade, etc.) e o gerenciamento financeiro (que busca maiores lucros na empresa rural) é o sustentáculo de toda e qualquer atividade agropecuária. (LAZZARINI, 2000f: 115). Todos os fazendeiros podem alcançar o sucesso basta se profissionalizarem, pois o conhecimento está ao alcance de todos, e o fato é que todos os fazendeiros que se profissionalizarem, tornando-se empresários rurais terão grandes chances de alcançarem o sucesso, mas para aqueles fazendeiros que resistirem a essa mudança, terão grandes probabilidades de decretarem falência, pois o custo de produção que eles não sabem qual é, cada vez maior, a desorganização e a falta de planejamento são pontos fracos, e serão pontos fortes que favorecerão os que já tiverem se tornado empresários rurais. A conseqüência será que os empresários rurais acabarão comprando as propriedades desses fazendeiros que irão falir e venderão suas propriedades quase de graça, isso quando as instituições financeiras não o fizerem antes, para pagar as dividas de empréstimos e custeios. A pecuária é um segmento muito promissor do agronegócio, mas foi um pouco prejudicada pelo fato de o etanol ter ganhado tanta importância internacional como alternativa na substituição ao petróleo, mas ela certamente sobreviverá, pois não exige terrenos planos ou mecanizados para ser trabalhada, e até mesmo terrenos pedregosos são úteis para a pecuária de corte. O processo de transformação de fazenda em empresa é muito difícil, ou melhor dizendo, burocrático, pois exigirá planejamento e não apenas a decisão do fazendeiro em executar determinada tarefa ou fazer determinando investimento, será tudo muito bem estudado e pesquisado antes de se tomar determinada decisão. Mas o Brasil é um país de extensão territorial continental, bastará apenas um bom planejamento governamental, conscientização e profissionalização dos fazendeiros, que será possível realmente o Brasil ser o celeiro do mundo futuramente, fornecendo alimentos e energia para os outros 36
  • 48. países, por isso tem-se esperança que isso aconteça, pois no momento em que isso acontecer o Brasil poderá se desenvolver muito mais com o apoio do agronegócio do que apenas apoiando-se nas indústrias. 2.9 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS PECUARISTAS BRASILEIROS A principal dificuldade encontrada pelos pecuaristas brasileiros é o descaso governamental, se comparada com outros segmentos do agronegócio e das indústrias. O governo sabe da importância da pecuária para o Brasil, sabe que apesar de ser uma atividade de risco, mas ainda assim riscos menores que os da produção do café, batata e feijão, o risco que o pecuarista corre é o de o preço da arroba (medida do quilo grama, sendo que 1 arroba é igual a aproximadamente 15 quilogramas) do boi cair, mas esse é um risco que esses outros segmentos correm da mesma forma. O pecuarista ainda enfrenta dificuldades naturais, como estiagem maior do que o normal, falta de água para os animais, alta carga de impostos dos produtos para usos nos animais, e ainda infecções no rebanho, como febre aftosa, brucelose, raiva entre outras doenças sanitárias. O preço da arroba do boi gordo varia de acordo com o dólar por ser uma commodity agrícola, o pecuarista não consegue na maioria das vezes, colocar preço no seu produto, o pecuarista não consegue estocar seu produto, pois um boi que está no ponto para o abate, pode ficar doente e emagrecer rapidamente, gerando assim prejuízos ao pecuarista. Os frigoríficos, são poucos os que possuem permissão para exportação, o que poderia agregar um valor maior ao produto acabado, além das dificuldades logísticas pelas distâncias dos bons frigoríficos, o que acaba fazendo o boi perder peso durante o transporte até o frigorífico, gerando prejuízos ao pecuarista. 2.10 CONCEITO DE ESTRATÉGIA A palavra estratégia tem origem grega, e era utilizada para designar a função do chefe do exército. Durante muito tempo os militares utilizaram-na 37
  • 49. para designar o caminho a ser seguido na guerra, visando sempre à vitória. Sendo assim, a elaboração de planos de guerra passou a ser denominado estratégia. Estratégia refere-se aos planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização. Pode-se encarar estratégia de três pontos de vantagem: (1) a formulação da estratégia (desenvolvimento da estratégia); (2) implementação da estratégia (colocar a estratégia em ação); e (3) controle estratégico (modificar ou a estratégia, ou sua implementação, para assegurar que os resultados desejados sejam alcançados). (WRIGHT; KROLL; PARNELL 2000: 24). Com o decorrer dos anos, a palavra estratégia passou a ser mais usada no cotidiano. Na Administração é utilizada para designar o caminho que a empresa irá seguir, no futuro, para atingir os seus objetivos. A palavra estratégia foi agregada a planejamento, que, genericamente pode ser definido como o estudo de medidas que serão utilizadas pela empresa no futuro. O antigo conceito militar define estratégia como a aplicação de forças em larga escala contra algum inimigo. Em termos empresariais, podemos definir a estratégia como “a mobilização de todos os recursos da empresa no âmbito global visando atingir os objetivos a longo prazo. Tática é um esquema específico de emprego de recursos dentro de uma estratégia geral. [...] No plano gerencial, orçamento anual ou o plano anual de investimentos é um plano tático dentro de um estratégia global a longo prazo. (CHIAVENATO, 2000: 280). Comparando estratégia e tática, pode-se ver que estratégia refere-se à empresa como um todo, pois possui objetivos globais, busca atingir objetivos organizacionais, trabalha a longo prazo, e é definida pela alta administração, enquanto a tática refere-se aos departamentos, pois busca atingir objetivos departamentais, ou por unidade da organização, busca atingir objetivos a médio ou curto prazo, e é definida por gerentes dos departamentos, ou unidade da organização. 38
  • 50. Quadro 3: Comparação entre estratégia e tática Estratégia Tática • Envolve a organização como • Refere-se a cada departamento uma totalidade. ou unidade da organização. • É um meio para alcançar • É um meio de alcançar objetivos objetivos departamentais. organizacionais. • É orientada para médio ou curto • É orientada a longo prazo. prazo. • É definida no nível intermediário • É decidida no nível institucional por cada gerente de da organização. departamento ou unidade da organização. Fonte: Chiavenato (2000: 281) Estratégia competitiva são ações ofensivas ou defensivas para criar uma posição defensável numa indústria, para enfrentar com sucesso as forças competitivas e assim obter um retorno maior sobre o investimento. (PORTER 1997). A Administração Estratégica é, atualmente, uma das disciplinas do campo da Administração de maior destaque e relevância, pela produção científica e também pelo número de consultorias organizacionais. Qualquer organização, conscientemente ou não, adota uma estratégia, considerando-se que a não adoção deliberada de estratégia por uma organização pode ser entendida como uma estratégia. Além disso, a importância maior da Administração Estratégica está no fato de se constituir em um conjunto de ações administrativas que possibilitam aos gestores de uma organização mantê-la integrada ao seu ambiente e no curso correto de desenvolvimento, assegurando-lhe atingir seus objetivos e sua missão. A estratégia, nesse contexto, assim como a organização e o seu ambiente, não é algo estático, acabado; ao contrário, está em contínua mudança, desempenhando a função crucial de integrar estratégia, organização e ambiente em um todo coeso, rentável e sinérgico para os agentes que estão diretamente envolvidos ou indiretamente influenciados. 39
  • 51. 2.10.1 Conceito de planejamento estratégico Planejamento estratégico é o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada. Segundo Chiavenato (2000), as bases do planejamento estratégico consiste em quatro passos que são: a formulação dos objetivos organizacionais, análise SWOT (Análise interna e externa), e formulação de alternativas estratégicas. Figura 1: As bases do planejamento estratégico. Formulação dos objetivos organizacionais O que temos Análise interna Análise externa O que há no na empresa? da empresa do ambiente ambiente? Formulação de alternativas estratégicas O que fazer? Fonte: Chiavenato, (2000: 283) Na formulação dos objetivos organizacionais, criam-se os objetivos globais da empresa de longo prazo e defini-se a importância e prioridade dos objetivos. Na análise de SWOT, faz-se uma análise interna da empresa (forças e fraquezas), e uma análise externa da empresa (ameaças e oportunidades). E, por fim a formulação de alternativas estratégicas, onde serão criados os 40
  • 52. planos estratégicos que a empresa pode adotar para alcançar os objetivos organizacionais pretendidos, tomando como base a análise de SWOT. O planejamento estratégico deve especificar onde a organização pretende chegar no futuro e como se propõe a fazê lo a partir do presente. O fazê-lo planejamento estratégico deve comportar decisões sobre o futuro da organização, como: objetivos organizacionais, atividades escolhidas, mercado, atividades lucros, alternativas estratégicas quanto ao mercado, interação vertical, e novos investimentos em recursos. (CHIAVENATO, 2000: 285). O planejamento estratégico é normalmente de responsabilidade dos níveis mais altos da empresa e diz respeito tanto à formulação de objetivos quanto a seleção de cursos de ação a serem seguidos para su consecução, sua levando em conta as condições externas e internas da empresa como sua s a evolução esperada. (OLIVEIRA, 2004) 2004). Um bom planejamento estratégico não é um bicho de sete cabeças como pode parecer, apesar de estratégia ser uma palavra de origem militar. Para se criar um plano estratégico necessita se de uma análise dos ambientes necessita-se internos e externos, a formulação de estratégias, implementaç implementação das estratégias, e o controle estratégico. Figura 2: Modelo de administração estratégica. Fonte: Wright; Kroll; Parnell (2000: 27) right; 41
  • 53. Na análise do ambiente externo, busca-se identificar as ameaças e oportunidades; no ambiente interno, identificam-se as forças e fraquezas da empresa, define-se a missão, visão, objetivo, etc.; na formulação, define-se o tipo de estratégia, se é empresarial, por unidade de negócios ou funcionais, e por fim implantam-se e controlam-se as estratégias. 2.10.2 Importância do planejamento estratégico nas empresas Nas grandes empresas, as estratégias são formuladas para atingir os objetivos empresariais. Todavia, nas micro e pequenas empresas as estratégias, normalmente, não são planejadas ou não existem, necessitando de algum tratamento diferenciado. Segundo Mintzberg (1973), apud Fernandes (2007), a estratégia, nas pequenas empresas, é definida como o padrão de comportamento estabelecido pela tomada de decisão em face das mudanças ambientais percebidas pelo empreendedor. Assim, de acordo com o modo empreendedor, cada tomada de decisão reflete o comportamento estratégico da empresa. Quanto à característica da estrutura organizacional, percebe-se a simplicidade dos níveis hierárquicos e uma estrutura onde o dono da empresa gerencia cada função, exercendo grande influência sobre as decisões de toda a empresa. Contudo, poucas empresas possuem uma estratégia e quando possuem, em muitos casos, a sua principal meta é o retorno elevado, ou seja, retorno acima da média do seu setor, o que já deve ser visto como um grande avanço na prática da gestão. Mas é preciso entender que este é um foco restrito, que pode ser bom em curto prazo, mas uma sentença de morte em longo prazo; isso porque não se busca prever as dificuldades que podem surgir num futuro, as formas de lidar com elas e muito menos se tem nitidamente a idéia de qual caminho tomar. Segundo Porter (1997), a estratégia talvez seja mais importante para as pequenas empresas que para as grandes, uma vez que as grandes empresas têm uma maior margem de manobra, porque seus recursos são maiores e com isso conseguem sobreviver mesmo com uma estratégia ruim. 42