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As opções de          UATI – Descubra o         Opções de atividades      MADE IN BRAZIL
investimentos para    significado dessa sigla   físicas e de viagens      A banda de 45 anos que
não deixar seu        e como ela pode           que fogem das             está prestes a entrar no
dinheiro parado       exercitar seu intelecto   tradicionais              Livro dos Recordes




                                                                Ano 1 / No1 / Novembro de 2012




             ADICIONE E COMPLETE
           Os remédios tradicionais não são mais
           seus únicos aliados na busca pela saúde




                                                                                                 R$ 9,90




                             ROSE NOGUEIRA SEM RESERVAS
         A jornalista, presa política da ditadura, fala sobre a Comissão da Verdade
O Projeto Velho Amigo é uma associação sem fins lucrativos que
desde 1999 contribui para o melhor funcionamento de instituições
                     de longa permanência.

  HOJE ASSISTE DIRETAMENTE CERCA DE 1100 IDOSOS.




                               Para ajudar ou saber mais sobre o projeto,
                               acesse o site ou ligue para (11) 3071-4040.
NOSSA VOZ


     Sequer podemos expressar o quanto estamos orgulhosos
    por este material que você tem agora em suas mãos. Se
  você apreciar esta leitura, quer dizer que fomos bem sucedidos, pois conse-
guimos superar os desafios e cumprimos o objetivo que tínhamos em mente
quando começamos a produzi-lo: ser fonte de informação para você!

Não vamos dizer que somos os primeiros. Outros já fizeram isso. No entanto,
vamos dizer o que nos diferencia: não isolamos você, leitor, na faixa etária em
que se encontra. Simples assim.

Outros veículos, que vieram e que se foram, ou que ainda circulam pelas
bancas, tentaram isolar você em um único “universo editorial”, ignorando
tópicos importantes sobre os quais você quer estar bem informado. Por isso,
procuramos descobrir o que mais lhe interessa e recheamos nossa revista
com isso.

Não podemos (e não vamos!) tratá-lo como se apenas notícias sobre previdên-
cia social ou saúde fossem pertinentes a você, e como se seu mundo girasse
apenas em torno dessas informações. Sua bagagem cultural é imensa demais
para ser menosprezada dessa forma. Então, trouxemos conteúdos variados,
abrangentes, mas direcionados a você.

A você, leitor, que lutou contra um regime opressor e ditatorial por mais de
duas décadas e nos deu um dos mais maravilhosos presentes políticos: a demo-
cracia. A você, que viu pela TV as imagens do homem pisando na Lua e ficou
em casa pensando: “Ih, será? Será que pisou mesmo?”. A você, que lutou pelas
mulheres de seu País e lhes abriu as portas para o mercado de trabalho, para as
universidades, para o crescimento... Para o mundo!

A você, leitor, que criou seus filhos com todos os seus valores e que ajudou a
criar os filhos de seus filhos. A você que viveu a vida com intensa paixão e que
ainda não parou de vivê-la dessa forma.

Porque você merece esta revista.

                                                                                  3
ÍNDICE
                                             30 PARA VIVER BEM
                                             Adicione e complete
                                             Conheça tratamentos alternativos que podem
                                             complementar a medicina tradicional


                                             Separando o joio do trigo
                                             O que leva a sociedade a rejeitar algo? Preconceito?
                                             Apego às tradições e culturas já estabelecidas? A ciência
                                             descobriu que é possível isolar partes positivas da erva
                                             cannabis. Saiba o que especialistas têm a dizer sobre isso.



                                             08 SEM RESERVAS
                                             Entrevista com Rose Nogueira, jornalista, presa
                                             política da ditadura militar e presidente do Grupo
                                             Tortura Nunca Mais


05 SUA VOZ                            20 PARA SABER                          48 ENTRE NÓS

06 POR ENQUANTO                       24 NA ATIVIDADE                        49 NO PALANQUE

14 NO SEU BOLSO                       38 NA ESTRADA

18 NA REDE                            42 PARA APROVEITAR


 Expediente                                                   Colaboradores: Neuza Guerreiro de Carvalho, Maria
 Foto capa: Fotolia                                           Jaepelt, Diego Steffano Moura, Valéria Rambaldi e
 Produção: Adriana Nascimento, Ingrid Taveira,                Cláudio Amaral
 Juliana Veloso, Larissa Leonardi, Tatianne Francisquetti e   Impressão: Alpha Graphics
 Walace Toledo                                                Distribuição mensal
 Projeto gráfico e Diagramação:                                Trabalho de Curso da Universidade Cruzeiro do Sul
 Claudio Braghini Junior / Tiago Filú                         – Campus Anália Franco
 Orientação: Prof. Dr. Rodrigo Maia                           Contato: plusmagazine@gmail.com
 Revisão final: Tadeu Inácio
SUA VOZ


A “Melhor Idade” é...                             É a respiração cansada, na inspiração
A terceira idade? A feliz idade?                        profunda da paz.
O que importa?                                    É o amor sem paixão, consumindo-se na
Na verdade, é... Ou não é...                      doação...
                                                  É o minguar das forças

É, é... Sabedoria e esquecimento...                     boicotando a magia do saber viver...

É experiência e lentidão,                         É a mão trêmula transmitindo segurança...

paciência e incompreensão.                        É a paz do dever cumprido

É competência e inação,                           no balanço da cadeira DA VIDA!!!

saber e não poder...
É ver, entender, compreender e                    Homenagem pelo Dia do Idoso – 2012

       não precisar dizer...                      Maria de Lourdes

Mas é dizer, sim, sem precisar falar!
É a fortaleza rochosa da alma
       abrigada na fragilidade do corpo.
É ser muitas histórias, para poucos ouvintes...
É a profunda eloquência do silêncio...                           Para entrar em contato,
É a lembrança de esquecimentos,                                  envie seu e-mail para
                                                                 plusmagazine@gmail.com.
é um não mais saber do quanto sabe.
                                                                 Envie suas sugestões, dú-
É a calma – contraste da agitação de outrem,                     vidas, comentários e até
é a agenda do tempo nas rugas da face...                         mesmo fotos com amigos
É a abundante doçura do coração                                  que você deseja homena-
                                                                 gear ou localizar.
       na abstinência imposta do açúcar...
É manter o sabor... Na restrição do sal!
É graduar-se, é phdear-se, na escola da vida.
É um falhar na audição, superado pela intui-
ção do coração...


                                                                                               5
POR ENQUANTO

Eles brotam do chão!
Parece mentira que em pleno século 21 ainda estejam desco-
brindo novas espécies. Mas é a pura verdade, e a realidade é
ainda mais surpreendente: de acordo com o WWF (World Wild
Fund), estima-se que existam entre 10 e 50 milhões de espécies
no planeta; desse total, menos de dois milhões são conhecidas.
No último mês de outubro, cientistas afirmam terem encontra-
do diversas novas espécies. Entre elas, foram citados oito novos
mamíferos e três anfíbios, na região do Equador, uma nova ave,
chamada de Pedreiro-do-Espinhaço, em Minas Gerais, e cerca
de 160 animais e vegetais em Bornéu.
Fonte: WWF / G1

                                                                                  O Pedreiro-do-Espinhaço

Terceira idade passa, em média, 4h conectada à internet        Cientistas descobrem forma de
Segundo o site e-bit, não só o número de navegadores           reconfigurar células-tronco
aumentou. A quantidade de pessoas com mais de 50 anos          A dupla de cientistas Shinya Ya-
que investe em compras pela internet cresceu 15% desde         makana (Japão) e John Gordon
2002. Hoje, 25% dos usuários de e-commerce fazem par-          (Inglaterra) ganhou o Prêmio No-
te dessa faixa etária. Pesquisas relevam que os homens re-     bel de Medicina de 2012 pela des-
presentam 60% dos usuários com mais de 60 anos, en-            coberta de uma forma de trans-
quanto as mulheres preferem utilizar a internet para           formar células-tronco que estão
navegar em redes sociais. Se comparado aos jovens, esse        “envelhecidas”. A análise revelou
público passa apenas 40 minutos a menos online.                que, depois de modificadas, as cé-
Fonte: Imasters                                                lulas podem transformar qualquer
                                                               tipo de tecido.
                                                               No início das pesquisas, em 1962,
                                                               era necessário clonar a célula para
                                                               que fosse restaurada. Com a evolu-
                                                               ção do projeto, em 2006, foi des-
                                                               coberta uma fórmula para que os
                                                               embriões se renovassem.
                                                               Fonte: Folha.com




6                                                            Fotos: Divulgação/Guilherme Freitas / Sxc – 19, out, 2012
Mais países europeus eliminam visto           Bonequinha de Luxo de Truman Capote vai
    a brasileiros                                 virar musical na Broadway
    A partir do mês de outubro de 2012,           O jornal The New York Times afirmou que o tex-
    os brasileiros poderão viajar sem visto       to Bonequinha de Luxo será levado à Broadway
    para mais quatro países da União Eu-          sob direção de Sean Mathias e roteiro de Richard
    ropeia: Chipre, Estônia, Letônia e            Greenberg. O musical será estrelado por Emilia
    Malta. As nações aderiram à União             Clarke, a Daenerys da série Game of Thrones,
    Europeia em 2004, e o acordo que eli-         que fará a protagonista Holly Golightly, inter-
    minava a necessidade de visto para tu-        pretada por Audrey Hep-
    ristas das nações do grupo e também           burn no cinema em
    para o Brasil já tinha sido fechado. O        1961. O clássico já havia
    tempo máximo de permanência sem o             sido adaptado para a
    visto será de três meses, podendo,            Broadway, em 1966, mas
    após análise, ser prorrogado pelo país        fracassou após apenas
    visitado.                                     quatro apresentações.
    Fonte: G1 / BBC Brasil                        Fonte: Folha.com
                                                                          Audrey Hepburn, em Bonequinha de Luxo



    Pesquisa aponta ex-presidente Lula como favorito para eleições de 2014
    Segundo pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o ex-presiden-
    te Luís Inácio Lula da Silva seria o candidato favorito se as eleições de 2014 fossem realiza-
    das hoje. Com 69,8% das intenções de voto, contra 11,9% do senador tucano Aécio Neves,
    o petista seria eleito. A CNT simulou dois cenários para as eleições presidenciais, e, em um
    deles, com Dilma no lugar de Lula, a atual presidente ficaria em primeiro lugar com 59%
    das intenções de voto. A pesquisa entrevistou duas mil pessoas de 134 municípios de cinco
    regiões do Brasil e possui 2,2 pontos percentuais em sua margem de erro.
    Fonte: Estadão


    A terceira idade irá dominar o mundo...
    Ou quase! Pelo menos, é o que diz o último relatório divulgado pelo Fundo de População
    das Nações Unidas (UNFPA). A população mundial com mais de 60 anos ultrapassará um
    bilhão de pessoas em 10 anos. Esse crescimento é devido ao ritmo acelerado de envelheci-
    mento dos países emergentes. A terceira idade representa a faixa etária da população que
    cresce mais rápido, o que mostra urgência na melhora das políticas públicas.
    Fonte: Veja
Foto: Divulgação                                                                                             7
SEM RESERVAS
                                                         UMA
                                                        FÊNIX
                                                   BRASILEIRA            Por Larissa Leonardi
                                                                        Tatianne Fransciquetti
                                                                               Walace Toledo


    O     verde da flora particular predomina na residência de Rose Nogueira, jornalista e
          ex-militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN). Moradora do Sumaré, zona
    oeste de São Paulo, ela recebeu nossas duas repórteres em seu lar, no domingo de feriado
    prolongado, em virtude da independência do Brasil. Simpática e receptiva, Rose conver-
    sou com nossa equipe durante três horas. Seguida por toda a casa pelos outros dois mo-
    radores - seus fiéis companheiros caninos -, teve seu passado e presente destrinchados.
    De presa política, torturada durante o período militar, a uma renomada jornalista, Rose
    Nogueira trabalhou no Grupo Folha, editora Abril e foi a mente pensadora no inovador
    programa televisivo TV Mulher. Usou seu poder comunicativo para lutar contra o regi-
    me que quase a liquidou e, atualmente, está envolvida em causas humanitárias.
    Sem nenhuma esquiva, as perguntas foram respondidas: a relação com a ALN, seu pas-
    sado no jornalismo e na política, entre outros assuntos.

    Por que a Sra. escolheu a carreira             muito jovem e tive estímulo de muita gen-
    jornalística?                                  te. Tem a ver com leitura, que é importan-
    Ah, mas tem outra? Porque não tem outra        te para qualquer jornalista. Ler ficção, in-
    para a pessoa como eu, curiosa. Eu gosto       clusive, para você entender a realidade.
    de tudo: gosto de política, de economia,       Você aprende muito mais com a ficção,
    de relações internacionais, de cultura. Para   com os sentimentos diante da realidade,
    mim, é a profissão mais bonita do mundo.        do que só com a notícia.
    Não tem outra.                                 No meu tempo, quando eu comecei, 50
                                                   anos atrás, o pessoal falava assim: "jornalis-
    Tem alguma relação com a                       ta é o que não deu para nada". Isso porque
    indignação com a política?                     naquele tempo só tinha reconhecimento
    Não. Teve ligação com poesia, com gostar       formal, na sociedade, quem era engenhei-
    de escrever, com uma necessidade de retra-     ro, advogado e médico. O resto não exis-
    tar o mundo que eu estava vendo. Eu era        tia. Psicólogo? Imagina, é louco.

8                                                                             Foto: Tatianne Francisquetti/Equipe
Jornalismo a mesma coisa. O pessoal fala-      dela, vou contar a história do Brasil nesse pe-
va, naquela época, que jornal era para em-     ríodo, além de mostrar uma grande mulher.
brulhar peixe. Era assim que o pessoal via     Na verdade, é uma série que eu quero fazer
o jornal: como coisa de boêmio. O jorna-       sobre grandes mulheres, que não são artistas
lismo não era regulamentado, era bico.         da televisão, não são celebridades. Mas, gra-
                                               ças a essas mulheres, nós estamos aqui.
Como era o jornalismo                          Nós conquistamos liberdade, voto, democra-
naquele tempo?                                 cia. E a democracia, por mais imperfeita que
Naquela época, não vinha notícia para o jor-   seja, ainda é o melhor dos regimes e dos siste-
nal, não tinha assessoria de imprensa, nin-    mas. E se ela não é melhor, a culpa é nossa.
guém telefonava e dava
uma notícia. Era o repór-     “é uma série que eu A falta de
ter que ia buscar. Por isso,                                   conscientização
nas redações, quando você     quero fazer sobre gran- pública é o que
entrava, tinha um cartaz      des mulheres. [...] Não mais prejudica
assim: “Lugar de repórter     são celebridades. Mas, o Brasil hoje
é na rua”. Os redatores                                        em dia?
achavam que o repórter na     graças a essas mulhe-
                                                               Em termos de econo-
redação “enchia o saco”,      res, nós estamos aqui” mia, de ascensão de
porque ficava dando pal-                                        classe social, melhora-
pite no texto. Então, sem-                                     mos muito nos últimos
pre tinha essa briga dos repórteres com os 10 anos. Agora, isso não foi aprofundado
redatores. Ao mesmo tempo, tinha uma politicamente, infelizmente. Antes, a im-
grande camaradagem, que eu sinto falta hoje. prensa trabalhava para você, para mim,
Hoje, você saber mais não é bom. Você é        para o leitor. O leitor era o público. Agora
um concorrente. Isso é uma droga.              não, ela trabalha para uma empresa. O que
                                               interessa neste momento para a Folha, a
A Sra. possui outros projetos                  Globo? Interessa agradar aquela ideia de
na área de comunicação, fora                   anunciante, que vê um mundo dividido
a produção jornalística?                       entre os poucos ricos e os muitos pobres.
                                               Não há ninguém no meio, porque a classe
Eu, agora que acabei de me aposentar,          média também faz a crítica, classicamente,
quero me dedicar a escrever ficção. Porque      mas a nossa ainda não está fazendo.
eu gosto muito de escrever com humor.
                                               Contudo, precisamos acreditar na gente.
Mas tem outros. Eu já comecei um docu-         Eu tinha nove anos quando se falou em
mentário sobre a Clara Charf, que é viúva do   Brasília e 14 quando o Juscelino saiu e
Carlos Marighella, porque ela está com qua-    Brasília estava pronta. Ela foi construída
se 90 anos e acompanhou a história do Bra-     em três anos e meio! Um povo que largou
sil, desde os anos 40 até hoje. Em tudo ela    tudo e disse “vamos construir a nova capi-
esteve presente. Então, contando a história    tal”, sem saber nem o que era, tem que ser

                                                                                                 9
muito talentoso. É disso que os america-
     nos têm medo, da nossa garra, simpatia, e
     capacidade. A gente, se tiver o limão, faz
     uma limonada. O cara não. Se ele tiver um
     limão ele vai achar que é azedo e jogar fora.

     De todos os seus trabalhos
     jornalísticos, qual considera
     ter sido a maior contribuição
     para a área da comunicação?
                                                             Logo do programa TV Mulher
     A TV Mulher. Antes de fazer a TV Mulher,
     eu fui editora do Jornal Nacional, no tem-um caso muito famoso. Ele era namorado
     po da censura, então eu sabia todas as ma-dela e alegou legítima defesa da honra, e
     nhas, o que podia e não podia fazer para  isso foi aceito pelo juiz. E o que ela estava
     driblar a censura. Ainda era ditadura. A  fazendo? Ela estava de biquíni, parece que
     TV Mulher é de 1980, e existia uma carên- tinha bebido, estava brigando com ele.
     cia muito grande de direitos às pessoas.  Merece ser morta? Foi o primeiro caso a
     Na TV Mulher, o problema era sentir o es- levantar polêmica. Foi aí que começou
     pírito público. Onde é                    essa onda feminista. E a TV Mulher foi fei-
     que ele estava? Lá embai-                                     ta depois disso e dentro
                               “A gente, se tiver o li- desse espírito.
     xo! Os primeiros a falar
     sobre a questão do consu- mão, faz uma limona- O programa falou para
     midor fomos nós, na TV da. O cara não. Se ele as mulheres: “olha, você
     Mulher. Ali surgiu o Pro-                                    foi criada pra casar, mas
     con, a ideia de uma dele-     tiver um limão ele vai sua filha tem que ser
     gacia para a mulher, por- achar que é azedo e jo- criada para o mercado
     que, até então, as mulheres gar fora”                        de trabalho, para ser in-
     que escreviam à TV Mu-                                       dependente. Se ela qui-
     lher (eu recebia umas 10                                     ser casar, ela casa”. En-
     mil cartas por semana) diziam que, quan- tão, a gente teve esse papel de mostrar para
     do elas apanhavam do marido, por exem- metade da sociedade brasileira que nós,
     plo, iam à delegacia, e o delegado dizia: mulheres, também temos vez.
     “ele não sabe por que bateu, mas você sabe
     por que apanhou”. Estupro?! Os caras Tendo sido presa política,
     eram absolvidos, porque a mulher estava como foi trabalhar em
     de shorts. Como se homem tivesse a obri- veículos de comunicação
     gação de ser tarado! O Doca Street, ainda que apoiavam a ditadura?
     no ano de 78, por aí, foi absolvido de ma- Dessa maneira. Eu não queria destruir. Eu
     tar a Ângela Diniz, em Cabo Frio (RJ). É queria contribuir com a sociedade. Na minha

                                                                                          Foto: Divulgação
10
profissão, eu podia contribuir muito mais    mília, me solidarizei. Também não gostei
do que se eu ficasse aqui em casa. Está      nada de ver o Castelo Branco, os militares,
cheio de gente que só esperneia. Eu não     as prisões... Depois, eu parei de namorar o
sou de espernear, eu sou de fazer.          Paulo e acabei casando com o Clauset e
                                            indo para a Folha [de S. Paulo]. Lá na Folha
A Sra. ainda tem contato com as             também conheci figuras incríveis. Eu nunca
pessoas da época da ditadura?               participei de uma ação, nunca participei de
                                            uma luta armada, mas fazia parte do apoio
Claro. Com algumas não. Por exemplo, logístico. Casei-me com o Clauset, fomos
com a Dilma [Rousseff], a gente não con-                          morar em Pinheiros e
segue chegar perto, mas                                          eu engravidei. Nin-
ela é presidente. E eu, no    “Estupro?! Os caras guém ia desconfiar de
dia 7 de setembro, quan-
do a vi lá no desfile, com     eram absolvidos, por- um casal grávido, re-
                                                                 cém-casado, classe mé-
aquela menina da Paraí-       que a mulher estava de dia. Então, muitas reu-
ba que ganhou medalha         shorts. Como se ho- niões da ALN eram
de ouro, acho que foi de                                         feitas na minha casa. O
judô, abrindo o desfile,       mem tivesse a obriga- Marighella, Carlos Ma-
eu chorei. Muito emo-         ção de ser tarado!”                righella, veio para o
cionada de ver o País fes-                                       Brasil e fundou a ALN.
tejando a independência                                          Eu fazia parte do cam-
junto à presidente, que foi presa e quase po de apoio, não era organicamente ligada à
morta por ser uma boa brasileira como ela Associação. Eu não participava das decisões,
é. Então eu chorei. Eu gosto do Brasil mais mas fui presa da mesma maneira.
do que qualquer outra coisa.
                                                 Como foi a idealização do
Por ter esse amor pelo País                      grupo Tortura Nunca Mais?
a Sra. se associou à ALN,                        Como surgiu a ideia?
mas teve algo específico que
                                                 Depois que morreu o Vladimir Herzog,
a fez tomar parte disso?
                                                 jornalista. Na época da ditadura, morre-
Não. Desde os 18 anos, depois de eu entrar       ram ou desapareceram acho que 24 jorna-
para o jornalismo, eu fui pra esquerda por       listas, não sei o número exato. O Vladimir
amor, por amor ao Paulo Viana, que era           Herzog morreu em outubro de 1975, o
membro do Partido Comunista Brasileiro,          Manoel Fiofili em janeiro de 76. Depois, o
o “Partidão”, que era contra a luta armada.      Dom Paulo Evaristo Arns, o Hélio Bicu-
O irmão dele, Cícero Viana, era dirigente        do, que era promotor de justiça e tinha
do Partidão e passou a ser perseguido. En-       conseguido condenar o Esquadrão da
tão, a família do meu namorado sofreu uma        Morte, se reuniram à Margarida Genevois
perseguição, e ele teve que ir para a clandes-   e umas pessoas, todas defensoras dos Di-
tinidade. Eu acompanhei esse drama da fa-        reitos Humanos, e falaram: “olha, não dá

                                                                                              11
pra continuar”. Assim, montaram o gru-        O governo contribui com
     po. E isso vem se renovando desde aquela      o Tortura Nunca Mais?
     época. Hoje, sou a atual presidente, mas
                                                   Não. Somos inteiramente independentes.
     em novembro temos novas eleições.
                                                   Vivemos da contribuição dos associados.

     A Sra. pode explicar os
                                                   A Sra. lançou Crimes de Maio, em
     objetivos do grupo?
                                                   2006. Quais foram os resultados
     Em primeiro lugar, mostrar para o País        da apuração desse trabalho?
     que a tortura na ditadura era uma política
                                                   Nunca houve um desmentido, mas todos
     de Estado. Denunciar as torturas, as mor-     os processos foram apontados ali: 493
     tes e os desaparecimentos. E é o que nós      mortes por armas de fogo em um semana,
     fazemos até hoje, combatendo a herança        em São Paulo. A maioria foi arquivada.
     da ditadura. Por exemplo a polícia militar,   Nós brigamos junto às Mães de Maio para
     que age hoje em dia como agia na ditadu-      desarquivar. Produzimos o livro para não
     ra, só que, hoje em dia, ela age assim com    ser mais uma coisa a cair no esquecimento.
     pobres e negros da periferia. O que os jo-
     vens da periferia enfrentam com a polícia,    A execução sumária é um grande proble-
     é o que naquele tempo enfrentava a classe     ma no Brasil. Eu quero levar o nome do
     média e os operários.                         movimento Mães de Maio para o prêmio
                                                   Nobel da Paz. Não conheço ninguém que
                                                   lute mais por justiça, pelo filho morto, do
     E como são as atividades                      que elas. É preciso chamar atenção do Bra-
     do grupo?                                     sil para isso.
     Uma vez por mês a gente faz a reunião ge-
     ral com casos do passado, colocamos todo      Quais são as expectativas para
     mundo a par dos problemas, para que to-       a Comissão da Verdade?
     dos possam ajudar. Também estamos tra-
                                                   Estamos tentando incluir a questão indí-
     balhando para incluir os indígenas na Co-
                                                   gena, além dos presos políticos e a cen-
     missão da Verdade, porque eles foram
                                                   sura. Vamos montar uma Comissão da
     muito mais mortos, muito mais dizimados
                                                   Verdade no Sindicato dos Jornalistas,
     que nós.
                                                   para a questão da censura. Esse é outro
     Seguimos a linha dos direitos humanos         trabalho do Tortura Nunca Mais. Eu
     mais moderna, como da Convenção de            quero que examinem a censura porque
     Viena, que diz que não existe direitos hu-    ela foi prejudicial ao Brasil. Por exem-
     manos empiricamente, mas, sim, direitos       plo, a prisão e o exílio de Caetano Veloso
     humanos culturais, econômicos, sociais e      e Gilberto Gil? Eles eram ligados a algu-
     ambientais. Lutamos por todos os direitos     ma organização? Não. O que eles eram?
     do homem: o direito ao trabalho, direito à    Grandes músicos e grandes poetas. Isso
     comida, à sobrevivência, à vida, à moradia.   incomodava. Esses caras grandiosos, de

12
Rose Nogueira e o filho, ainda bebê, no Ibirapuera


        grande pensamento, incomodavam a di-               de leso à humanidade, a tortura é crime e
        tadura. A ditadura era burra, altamente            não prescreve.
        burra. A ditadura não suportava que
        você estudasse e baixou o nível de ensino          E por que existem pessoas que
        para não formar gerações críticas. Até             duvidam da possível eficiência
        hoje a educação está desqualificada, e              da comissão da verdade?
        nós não conseguimos recompor a educa-
        ção da minha geração.                    Porque elas acham que direito à verdade
                                                 é pequeno. Não, ele é grande e tão im-
                                                 portante quanto direito à justiça, à re-
        Existem algumas pessoas que              paração, à memória. Agora, a Comissão
        se contrapõem à Comissão da              da Verdade não é tribunal. Ela encami-
        Verdade com a Lei da Anistia,            nha para a justiça, e o ministério públi-
        pois acreditam que ambas não             co federal que faz a denúncia. A Comis-
        vão conseguir coexistir. Qual                               são pode condenar
        sua opinião?                                                moralmente, mas não
        É a favor da Constitui-
                                    “Você não pode achar pode condenar à pri-
        ção. A Comissão da Ver-     que vai fazer justiça são. Eu acho que eles
        dade está na constitui-     com as próprias mãos, têm que ser condena-
        ção, o direito à justiça, à                                 dos a trabalhos co-
        transição. A lei da Anis-   senão você se iguala a munitários. Eles não
        tia é de antes da ditadu-   eles. Você vira crimi- precisam ir para a
        ra, de muito antes da                                       prisão, lá eles teriam
                                    noso também”
        constituição. Eu não                                        regalias. Mas você
        quero considerar uma                                        não pode achar que
        lei de 1979, eu quero considerar a cons- vai fazer justiça com as próprias mãos,
        tituição, de 1988. A lei da Anistia foi senão você se iguala a eles. Você vira cri-
        para a volta dos exilados, não foi pra minoso também. Nós somos diferentes,
        anistiar torturador, porque isso é crime muito diferentes.
Foto: Arquivo/Rose Nogueira
                                                                                                       13
NO SEU BOLSO


     PARADO,
     NÃO!
         Por Tatianne Fransciquetti


     Dinheiro sem movimentação
     não favorece em nada
     sua situação financeira
     e ainda prejudica a
     economia brasileira




     D      urante toda a vida ativa no mercado
            de trabalho, uma preocupação nor-
     teia a maioria das pessoas: como se prepa-
                                                  vez menos”. Além disso, o montante fi-
                                                  nanceiro mantido fora do mercado eco-
                                                  nômico pode até mesmo prejudicar tran-
     rar para a saída efetiva desse mercado e     sações monetárias exercidas por outras
     para a entrada na aposentadoria? A orga-     pessoas. Braga explica que “levando em
     nização para o período é imprescindível,     conta a especulação bancária, o mesmo
     mas, após conquistar a almejada estabili-    dinheiro que você aplica seria usado para
     dade financeira nessa faixa etária, o que     fazer empréstimos para outras pessoas,
     fazer com o patrimônio que você levou        que vão fazer algum investimento, algum
     anos para construir?                         consumo, algo nessa linha. Então, o di-
     Mantê-lo fora de atividade, em sua conta     nheiro parado acaba tirando os recursos
     bancária, não é a melhor opção. Econo-       desse outro lado”.
     mista e executivo de uma empresa de          Algumas pessoas da terceira idade já en-
     consultorias, João Guilherme Braga rela-     contraram a resposta para esse dilema.
     ta que o dinheiro parado perde o valor:      Segundo informações do último levanta-
     “por causa da inflação. As coisas come-       mento da consultoria QuoromBrasil,
     çam cada vez a custar mais caro, e o di-     34% dos integrantes da terceira idade
     nheiro parado consegue comprar cada          preferem investir na poupança. Empata-
                                                                                 Foto: Sxc – 16, out, 2012
14
dos em segundo lugar na preferência des-
se público, com 6%, estão os investi-
mentos em fundos e em imóveis, seguidos       Proporção dos investidores da Bolsa de
                                               Valores, de acordo com a faixa etária.
por apenas 2% que optam por investir                    (em agosto de 2012)
em ações.
Esses 2% são, contudo, significativos para
a bolsa de valores. De acordo com dados
fornecidos pela BM&FBovespa, aproxi-
madamente 29% das contas de seus in-
vestidores são de pessoas com mais de 56
anos (veja os gráficos). Em 2011, os inves-
tidores com mais de 66 anos representa-
vam pouco mais de 11% do total da
BM&FB e, considerando apenas
essa faixa etária, o crescimento foi de 2%.



Valor investido por faixa etária
(em R$ bilhões)




                                                                                        15
Apesar dessa quantia não representar a            Coelho escolheu seu investimento avalian-
     maioria (46% dos investidores têm entre 26 e      do seu histórico, e acredita que “o risco é
     45 anos), o valor aplicado pelo público com       bem maior, mas o retorno é bem maior”.
     mais de 56 anos chega a ultrapassar os R$ 67      Para diminuir os riscos, Braga aconselha a
     bilhões (veja gráfico na página anterior), o       “dividir investimentos, não colocar todos
     que representa uma fatia de quase 63% do          os ovos na mesma cesta”. Conforme afir-
     total investido no mês avaliado (agosto/2012).    ma, o mais indicado é escolher um investi-
                                                       mento menos agressivo e mais certo, que
                                                       proteja o patrimônio e garanta uma renda
                                                       segura, mesmo que o retorno seja menor e
                                                       que se opte também pelas ações.
                                                       É o caso de Coelho, que utiliza os frutos de
                                                       seus investimentos para comprar imóveis,
                                                       o segundo colocado na preferência dos
                                                       investidores. Para Braga, os integrantes da
                                                       terceira idade já identificaram, com o pas-
                                                       sar do tempo, que o ramo imobiliário re-
                                                       presenta um investimento muito seguro.
                                                       Segundo ele, o imóvel é uma alternativa
                                                       para não perder dinheiro, por ser passível
                                                       de valorização.
                                                       Mário Rufini Filho, 66 anos, já se deu
                                                       conta disso, e utiliza seu dinheiro para
                                                       investir em imóveis. “Os rendimentos
            Prédio da BOVESPA no centro de São Paulo
                                                       das aplicações no banco é muito peque-
                                                       no, então vale muito mais a pena, hoje,
     Pedro Coelho, 60 anos, é um dos que op-           você investir em apartamento, em resi-
     tam por investir em ações. Em sua opinião,        dência, e ter um retorno com o lucro
     “as aplicações normais pagam muito pou-           imobiliário”, afirma.
     co, as ações pagam bem mais”. Para Braga,         Conforme conta, Rufini Filho começou a
     alguns cuidados são essenciais ao se cogitar      investir com o intuito de garantir uma qua-
     esse tipo de investimento: “Estudar bastan-       lidade de vida melhor: “Não dá para a pes-
     te, é saber em que tipo de empresa você           soa sobreviver só com um salário, e, por
     quer investir, e saber qual é o objetivo. O       causa disso, eu fui pensando em investi-
     jeito mais seguro de investir na bolsa é co-      mentos em imóveis, que dão uma liberda-
     nhecer no que você está investindo”.              de. Quando você aplica no banco, o retorno
                                                                                           Foto: Walace Toledo
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Mário Rufini Filho e a esposa, Sueli Macedo Moraes Rufini: investimentos garantem uma qualidade de vida melhor




         que você tem não usufrui, porque deixa lá                      Apesar de todos os pontos positivos, Braga
         para acrescentar. Mas quando você compra                       ressalta que esse tipo de investimento tam-
         um bem, se beneficia e gasta o dinheiro. Eu                     bém tem seus defeitos, especialmente se
         acho que quando chega em uma certa ida-                        levarmos em conta sua liquidez, que é “o
         de, você tem que pensar assim”.                                quão rápido você consegue transformar
                                                                        isso em dinheiro, para poder usar em outra
         Outros fatores que influenciaram sua deci-
                                                                        coisa”, explica.
         são são as parcas margens de lucro ofereci-
         das pelos investimentos bancários: “Banco                      Ao pesar todos os prós e os contras de cada
         ganha muito, você pega aí o cartão de cré-                     tipo de investimento, é possível que a dúvida
                                                                        na hora de escolher um deles não se dissipe.
         dito, é 10%, 12% ao mês, e o cara que tem
                                                                        Afinal, nenhum deles é totalmente perfeito,
         investimento vai pagar 0,4%, 0,5%”.
                                                                        tampouco completamente inadequado. O
         Além disso, ele também levou em conside-                       mais importante, para Braga, é pensar em
         ração a possibilidade de deixar um bem físi-                   para que você quer investir. Guardar dinhei-
         co para seus descendentes e de lucrar não                      ro? Consumir mais? Viajar? Deixar para os
         somente com a valorização dos imóveis                          filhos? A dica é avaliar as opções com seus
         comprados, mas também com seus aluguéis.                       objetivos em mente e, depois, se informar
         “Se você pegar os aluguéis e guardar, você                     bem sobre o escolhido.
         tem ajuda para comprar outro”, acrescenta.
Foto: Tatianne Francisquetti/Equipe
                                                                                                                              17
NA REDE

     NASCEU ASSIM A
     VOVÓ NEUZA...
                                                  Por Neuza Guerreiro de Carvalho


     “Estou naquela idade inquieta e duvidosa          cantinho da sala nós o instalamos. Aos pou-
     que é um fim de tarde e começa a anoitecer”        cos, fui aprendendo por ensaio e erro. Mor-
                          (Machado de Assis).          ria de medo de perder o que tinha feito – e
                                                       devo ter perdido muito.
     F   oi nessa idade que eu literalmente “trope-
         cei” na informática. Meu filho estava mo-
     rando aqui e, com ele, veio toda a parafernália
                                                       Arranjei uma escola, mas ela faliu. O pro-
                                                       fessor veio me dar aulas em casa, mas era
     que o caracteriza. Na mesa da sala, embora        devagar, quase parando. Dispensei-o e
     grande, quase não cabiam os computadores e        continuei sozinha.
     periféricos que ele usava para trabalhar.         Meu marido não se ligava muito a essa tec-
     Relaciono essa fase à presença ainda viva         nologia por não gostar mesmo e por sua
     do Ayrton (meu marido), minha mãe,                deficiência visual. Tentamos motivá-lo, co-
     com pouco tempo de viúva, e meu filho              locando na tela letras enormes. Nem as-
     com sua vocação de polvo, que ocupava             sim. Por isso, custei a convencê-lo a com-
     toda a casa. Mudanças dos móveis, lugares         prar para mim um computador mais
     da casa com caixas e caixas. Os netos gê-         moderno, o que consegui em 1999.
     meos, sempre por aqui, aumentavam para            Depois que Ayrton se foi, passei um tempo
     seis o número de familiares. Uma zona.            desligada do mundo. Acho que só em 2001
                                                       recomecei a escrever e a usar o computador.
     Por volta de 1995 meu contato com meu
     filho e netos gêmeos, então com 10 anos,           Fui aprendendo, mas só o que preciso. Não
     era grande. Quando eles conversavam en-           dá para aperfeiçoar cada programa, pois fico
     tre eles, eu me sentia totalmente margina-        devendo aos outros. Com o Page Maker es-
     lizada. O que eles falavam parecia chinês.        crevi meus livros editados. De Photoshop
     Eu não entendia nada.                             sei o essencial. Para imprimir etiquetas uso o
                                                       Pimaco. Para gravar CDs tinha o Nero. O
     Não me agrada ficar “por fora”, e o jeito foi
                                                       Power Point serve para montar palestras. Pi-
     entrar no mundo deles. E, assim, a infor-
                                                       casa para agrupar todas as fotos de todos os
     mática entrou na minha vida.                      tempos. O desktop é um Google do compu-
     Eu estava começando a escrever a nossa His-       tador. O Word - com Office 2003 - é o mais
     tória de Vida, e em letra cursiva não dava.       usado e, se atualizado, ajuda muito. O Me-
     Máquina de escrever não se encontrava, e          dia Player permite ouvir. Com o Excel, fiz
     meu filho me “presenteou” com um compu-            linhas do tempo da história da música e da
     tadorzinho simples que hoje seria chamado         arte. Com o Skype, converso com minha fi-
     de “dinossáurico”, que ele descartou. E no        lha que está na Itália, falo o quanto quero e

18
não pago nada. E se a WebCam é boa, nos        Desde 2008 passei a usar o blog como
         vemos em tempo real.                           meio de divulgar meus textos. Faço co-
         Paralelamente a tudo isso, entra a Internet,   mentários pessoais e sempre procuro rela-
         nosso mais atual meio de comunicação.          cionar a um contexto social e familiar. Dá
         Em 1997 já me relacionava com ela por-         bastante trabalho para abastecer, mas é
         que foi através do Museu da Pessoa que         muito gostoso.
         minhas histórias de vida pessoal e da famí-    Como não podia deixar de ser, entrei na
         lia foram para o ar. Cheguei a ter, segundo    onda da moda: o Twitter. Gostei, só posso
         eles, umas mil páginas. Abasteci durante       publicar no máximo 140 caracteres, mas
         muito tempo o site do Museu.                   dou meu recado, seja ele divulgação, críti-
         Através da Internet, muitas pessoas me acha-   ca ou informação. Facebook uso pouco.
         ram (ex-alunos, antigas amigas), e eu achei    Não há tempo para uma correspondência
         muita gente. E há muitas histórias para con-   com todos os amigos listados.
         tar. Acho que foram os netos que me propu-     Uma pergunta sempre é feita: no que o
         seram o nome de Vovó Neuza. Pegou. Todo        uso da informática e da Internet mudou
         mundo gosta e é fácil de guardar.              minha vida.
         Tenho um mailing muito grande e me cor-        Além das coisas óbvias que sempre falo,
         respondo com muita gente. Coisas sérias.       acabei por lembrar uma coisa importante:
         Não gosto de repasse. Quando escrevo, es-      fui construindo um novo vocabulário. No-
         queço-me da vida. Escrevo como se estivesse    vas palavras foram aparecendo, e, mesmo
         falando e por isso é bom. Não são mensa-       sem a agilidade dos mais novos, fui assimi-
         gens telegráficas. Tenho amigos na Espanha,     lando e integrando-as ao meu mundo.
         na Suécia, na Itália (Jurema, minha filha),     Então, o que mudou muito na minha vida
         Nova Zelândia e Portugal, com os quais me      foi o VOCABULÁRIO.
         comunico em tempo real se quiser. Mas pre-
         firo por e-mail, porque escrevo a hora que      Hoje até falo “Informatês”... Normal para
         eu quero e também leio quando posso. Não       a moçada; não tão comum para uma mu-
         me ajeito com MSN.                             lher de mais de 80 anos.
Foto: Arquivo pessoal
                                                                                                      19
PARA SABER




     ALÉM DO ACADÊMICO
                                                                         Por Juliana Veloso

     A troca mútua de conhecimentos e experiências
     entre professores e alunos é o diferencial da UATI

     U     ma sala de aula igual a qualquer ou-
           tra, só que com disciplinas um pou-
     co fora do comum. Psicologia e fotografia
                                                   manter a mente ativa e traz excelentes be-
                                                   nefícios para essa nova categoria de uni-
                                                   versitários.
     se misturam com artesanato, oficina da         Localizada na Vila Clementino - zona
     memória e debates sobre variados temas.       Sul paulistana -, a pequena universidade
     A energia de uma grande família é evi-        é repleta de alunos com uma boa baga-
     dente. Motivação não falta. Esse é o retra-   gem cultural e acadêmica. Para a coor-
     to das quatro turmas de mais de 50 anos       denadora Claúdia Ajzen, “a experiência
     da Universidade Aberta à Terceira Idade       de trabalhar junto a um público que
     (UATI). O estudo, além de ser o ponto         sabe o que quer é um privilégio e uma
     de partida para novas amizades, ajuda a       experiência enriquecedora em todos os

                                                                            Foto: Adriana Nascimento/Equipe
20
sentidos”. Durante a entrevista, a ani-
        mação e a interação era algo nítido. O
        motivo? A aula sobre as diferenças do
        cérebro masculino e feminino. “É sem-
        pre assim”, ressalta a coordenadora.
        “Quando chego aqui pela manhã, mui-
        tas vezes cansada, tenho vergonha de es-
        tar de mau humor” completa.
        A oportunidade de estudar, se atualizar,
        fazer intercâmbio de ideias levou Lur-
        des Beatriz, 73, à UATI. Viúva e com
        os filhos criados, Bia - como é conheci-
        da pelos colegas - diz que nunca quis
        “vestir o pijama”. Ela adora viajar e es-           Bia já fez três cursos de idiomas e este ano
        tar em grupo. Recentemente, embarcou                         resolveu voltar para a UATI
        rumo à Argentina, e a próxima parada
        está marcada para janeiro: um cruzeiro         tanto, para mim, é uma experiência muito
        nas férias.                                    enriquecedora. Posso dizer que eu aprendo
        Durante o tempo em que cursou espanhol         mais do que ensino”, diz. “Muitas vezes,
        e inglês, Bia diz ter sentido muita falta da   eles trazem temas novos que sou obrigada a
                                                       pesquisar. Isso sem falar das lições de vida,
        união dos colegas de classe da UATI. “Às
                                                       do interesse e da disposição apresentados.
        vezes, você está negativa porque aconte-
                                                       Eles superam qualquer aluno de uma escola
        ceu alguma coisa com você, mas quando
                                                       convencional”, acrescenta.
        converso com os colegas daqui, vejo que
        muitos deles têm mais problemas do que
        eu, daí percebo como minha vida é mara-        Metodologia baseada nos pilares da
        vilhosa”, revela.                              educação
        Quando questionada sobre qual o maior          No início de 2001, foi criado o programa
        desafio de lecionar para a terceira idade,      EXA-UATI que tem como objetivo não
        Maria de Lourdes, que trabalha há 12 anos      excluir do mundo estudantil os alunos
        na UATI, afirma que o diálogo é a parte         impossibilitados de se locomoverem até a
        mais difícil. “A comunidade é muito hete-      universidade. Cursando atualmente uma
        rogênea, há pessoas com uma bagagem cul-       extensão universitária, Norma Anbar, 61,
        tural ou acadêmica extensa, enquanto exis-     é uma das alunas convidadas para presidir
        tem outras semianalfabetas ou até              esse curso. Ela, que não havia cursado o
        analfabetas”, declara a professora. “No en-    nível superior, destaca a importância que

Foto: Adriana Nascimento/Equipe
                                                                                                           21
“A UATI mudou a minha vida”, declara
                                       a coordenadora Cláudia Ajzan



     a UATI teve e tem em sua vida. Para ela, o        Anbar. Os alunos, para saírem formados,
     convívio e a troca de ideias tornam a uni-        precisam ter no mínimo 75% de fre-
     versidade única. “Foi aqui que fiz o meu           quência nas aulas. O curso tem duração
     TCC (Trabalho de Conclusão de Curso),             de oito meses e não exige comprovante
     fui oradora de turma, onde coloquei a             algum de escolaridade.
     beca. Enfim, é aqui que me considero for-          Com uma extensa lista de espera - pois,
     mada”, declara emocionada.                        por ser gratuita, não são liberadas muitas
     “Na realidade, a UATI não trabalha com            vagas -, os homens são bem-vindos e pra-
     um currículo de formação acadêmica es-            ticamente “pescados”, como diz a própria
     pecífico, mas com pilares da educação,             coordenadora Ajzen. “Temos mais alu-
     tais como psicologia, direito, adminis-           nas, o universo já está feminino, o univer-
     tração, oficina de memória, artesanato,            so idoso então é mais feminino ainda. A
     artes plásticas, música, espiritualidade,         gente dá prioridade para os homens na
     fotografia, aulas sobre o estatuto do ido-         lista de espera. Mulher que vem com o
     so, administração do lar e, muitas vezes,         marido tem sorte, porque ela entra na
     administração da própria vida”, conta             frente, junto com o marido. Em determi-

                                                                                 Foto: Adriana Nascimento/Equipe
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“A UATI, pra mim, é a oportunidade de dar continuidade aos meus conhecimentos”, afirma Souza



        nada época tínhamos 35% de homens.                             conta que a oportunidade de estudar aos
        Atualmente, deve ter uns dois ou três no                       80 anos o deixa muito contente e entu-
        máximo por turma”, revela. A UATI pos-                         siasmado. De família humilde, Carmínio
        sui mais três unidades: Santo Amaro,                           nunca teve a oportunidade de se formar, e
        Embu das Artes e Santos.                                       hoje vê a importância que o estudo tem
        Mesmo com muito mais mulheres do que                           em sua vida. Orgulhoso, ele revela que o
        homens, a equipe da Plus Magazine con-                         estudo foi algo que ele mesmo proporcio-
        versou com um dos poucos alunos da                             nou à sua filha. “Ela foi obediente. Tudo
        UATI. O músico Carmínio José de Souza,                         que eu falei ela seguiu, mesmo discordan-
        80, além de cantar no coral do Mackenzie                       do. E hoje ela está em uma boa posição. É
        e tocar em uma banda, também está no                           gratificante, porque isso me mostra que fiz
        grupo às terças e quintas-feiras. Ele nos                      o certo”, celebra.

Foto: Adriana Nascimento/Equipe
                                                                                                                     23
NA ATIVIDADE


     EXERCÍCIO
     FÍSICO +
     ADRENALINA;
     EQUAÇÃO PARA
     QUALQUER
     IDADE
     Por Tatianne Fransciquetti


     Arvorismo, mergulho, trekking, rafting, surf... As
     opções são inúmeras e os esportes de aventura
     têm, desde a década de 1980, atraído um
     público cada vez maior. A novidade é que, antes
     considerada um limite, a idade deixou de ser
     motivo para desconsiderar a prática. Esportes de
     aventura, hoje, são uma possibilidade para todos...


     A
     “    idade cronológica e a idade biológica
          estão longe de coincidir sempre: a apa-
     rência física informa mais que os exames
                                                    Os avanços científicos e tecnológicos na
                                                    área da saúde refletiram não apenas no au-
                                                    mento da expectativa de vida do brasileiro
     fisiológicos sobre a nossa idade. Esta não      (calculada em 73 anos, de acordo com da-
     pesa da mesma maneira sobre todos os om-       dos estatísticos do Censo de 2010 divulga-
     bros”, já dizia Simone de Beauvoir e nos       dos pelo IBGE), mas também na disposição
     comprovam os integrantes da terceira idade     física e na vitalidade de quem integra a faixa
     de hoje em dia, que trocaram o crochê e o      etária acima de 60 anos. Essa melhora, so-
     xadrez por uma dose maior de radicalidade.     mada à estabilidade e à independência
                                                                                      Foto: Sxc – 18, out, 2012
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financeira desse público, possibilitou a des-
         coberta e a exploração de novas atividades
         físicas e de entretenimento.
         Os esportes de aventura surgiram nos anos
         80, inicialmente dirigidos apenas a um pú-
         blico mais jovem. Nos últimos anos, no
         entanto, a procura da terceira idade por
         esse tipo de modalidade esportiva despon-
         tou e tem se mantido estável desde então.
         Integrante da equipe de Marketing da Pisa
         Trekking, empresa de esportes de aventu-
         ra, Rafael Farias prevê um aumento para
         os próximos anos, já que, de acordo com
         sua visão, “as pessoas que estão chegando à
         terceira idade agora são mais ativas do que
         as pessoas que já estão na terceira idade”.
         Para os que receiam os riscos à saúde, vale
         saber que, quando efetuados com acom-
         panhamento médico e monitorados por
         profissionais especializados, os esportes
         de aventura não oferecem perigo. Para a
         geriatra Dra. Izabel Nicodemos, os espor-
         tes de aventura, “desde que sejam feitos
         com toda parte de segurança e com pro-
         fissionais treinados supervisionando, são
         seguros”. Contudo, ela salienta que é ne-             “Esportes de aventura remetem à infância”
         cessário realizar um check-up médico an-                             Rafael Farias

         tes de iniciar a prática esportiva. “Eles      Farias defende que a exigência de um ates-
         têm que passar por uma consulta médica,        tado médico é necessária e que não é o
         na qual nós vamos verificar como está a         único cuidado tomado na agência. “A pes-
         parte cardiológica, se não tem nenhuma         soa tem que preencher alguns requisitos. A
         obstrução, nenhum risco grande de ter          gente sempre conversa, para saber um
         um infarto, além da questão pulmonar,          pouco do histórico, para ver se é uma
         para ver se eles aguentam, principalmente      pessoa ativa, pratica esportes”, afirma e
         pela questão de altura”, explica e ressalta    completa dizendo que, através dessa con-
         que, estando com os exames médicos             versa, é possível avaliar quais são as ativi-
         atualizados e saudáveis, não existe nenhu-     dades mais indicadas para cada um.
         ma restrição para a prática dessa modali-      Para ele, a idade não é barreira para a reali-
         dade esportiva.                                zação de nenhuma atividade, sendo muito
Foto: Tatianne Francisquetti/Equipe
                                                                                                           25
mais importante levar em conta a resistên-
     cia física de cada um. Ao falar sobre o as-     Check-list
     sunto, Farias relata um caso ocorrido du-       Eu posso?
     rante um trekking em Machu Picchu:
     “tivemos um grupo que tinha um senhor           Preparamos uma listinha com alguns
                                                     pontos importantes para sua saúde e
     de 70 anos e uma menina de 20 anos. Essa
                                                     para melhor aproveitamento da
     menina de 20 teve que subir na mula umas
                                                     atividade. Acompanhe abaixo, para não
     cinco vezes para conseguir concluir o traje-
                                                     esquecer nada!
     to. Enquanto o senhor de 70 anos era sem-
     pre o primeiro na trilha”.                      • Realizou um check-up médico
                                                       recentemente e obteve, nos exames
     Observados todos os cuidados necessários,         realizados, um bom resultado?
     os esportes de aventura trazem diversos be-
                                                     • Escolheu o esporte de aventura de
     nefícios. Além das vantagens advindas de
                                                       acordo com suas preferências e
     qualquer exercício físico, essa modalidade
                                                       procurou uma agência especializada
     esportiva também favorece a interação
                                                       na realização e acompanhamento do
     com outras pessoas e com a natureza, con-
                                                       esporte selecionado?
     forme relata Dra. Izabel. “Melhora a de-
     pressão, melhora a ansiedade... O contato       • Procurou conhecer, com detalhes, o
     dele com o ambiente externo, ter que sair         histórico da agência?
     de casa para fazer uma coisa que goste,         • Conversou com representantes da
     uma atividade de lazer, tudo isso vai trazer      agência sobre as questões de
     benefícios para ele em todos os aspectos:         segurança e atendimento médico
     social, psicológico e médico”, explica.           emergencial, caso necessário?

     Farias destaca que esse não é o único fator     • Conversou com seu médico e com
     que atrai o público da terceira idade. Além       representantes da agência sobre sua
     de possibilitar o fortalecimento de múscu-        resistência física, relacionada ao
                                                       esporte que você escolheu praticar?
     los e tendões, no caso do trekking, exemplo
                                                       Verificou se a intensidade da
     que usa, a possibilidade de fazê-lo em meio
                                                       atividade escolhida é compatível com
     a natureza é substancialmente motivadora.
                                                       as atividades que você costuma
     “Eles podem fazer uma simples caminhada
                                                       exercer (caso exijam esforço físico,
     em qualquer lugar aqui em São Paulo. Es-          como o trekking)?
     tar na natureza, acho, é uma coisa que mo-
     tiva um pouco mais”, detalha. A isso, ele       • Passou todas as suas informações
                                                       médicas necessárias para a prática
     acrescenta a possibilidade de fazer novos
                                                       esportiva para a agência escolhida
     amigos e um sentimento rejuvenescedor.
                                                       (como, por exemplo, restrições
     Para ele, a terceira idade é atraída, princi-
                                                       alimentares no caso de camping)?
     palmente, pela associação da natureza com
     o passado: “os esportes de aventura reme-       Então, se prepare, porque a próxima
     tem à infância. Você está solto no meio do      aventura é sua!


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João Fernandes da Costa Filho, em frente à pista de pouso do centro de paraquedismo de Boituva

         mato, com pouca estrutura, as pessoas aca-                     diferente da época em que eu comecei, tinha
         bam lembrando um pouco da infância”.                           poucos recursos. Agora tem tantos recursos,
         Apesar disso, de acordo com Farias, a maior                    tanta tecnologia, que é tudo muito fácil”.
         procura da terceira idade é por passeios cul-                  Atualmente, existem diferentes modalidades
         turais, como as atividades que envolvem ca-                    de saltos, além de ser possível escolher entre
         minhadas com menor nível de dificuldade e                       o salto individual, que exige um curso do
         que passem por pontos históricos ou que                        esportista, e o salto duplo, no qual o para-
         permitam conhecer outras culturas. Confor-                     quedista iniciante é acompanhado por um
         me explica, os integrantes da terceira idade                   instrutor especializado.
         “gostam de conhecer as coisas, não simples-                    O ponto positivo do paraquedismo é que a
         mente ver. Gostam de conhecer um pouco                         resistência física, destacada por Farias, não
         da cultura, ver como as pessoas vivem, a ali-                  é tão necessária. Ainda é necessário consul-
         mentação, as moradias, essas coisas”.                          tar um médico e estar com a saúde em dia,
         João Fernandes da Costa Filho, de 66 anos,                     mas, conforme explica Costa Filho, não é
         não faz parte dessa maioria. Paraquedista                      um esporte com muitas limitações. Tanto
         há 44 anos, afirma não ser mais capaz de                        que, além de não ter pretensão nenhuma
         abrir mão da prática: “Eu comecei por                          de parar, o paraquedista ainda repassou a
         curiosidade. E até hoje estou tentando pa-                     paixão pelo esporte a seus descendentes.
         rar e não consigo”.                                            “Meu filho já está com nove mil saltos.
         Além de praticar o esporte, Costa Filho tam-                   Meu neto, de 17 anos, começou ano passa-
         bém pilota aviões para os saltos. Para quem                    do, já está com mais de 500 saltos. Minha
         tiver vontade de experimentar, ele aconse-                     esposa já saltou, minha filha também já sal-
         lha: “Só procurar uma boa escola e fazer um                    tou, meu genro só faz isso. Então, se eu pa-
         curso bom, não tem erro. Hoje é muito                          rar de saltar, vou levar bronca”, brinca.

Foto: Tatianne Francisquetti/Equipe
                                                                                                                         27
O NÍVEL DA ADRENALINA
           - Adrenalina baixa, para curtir o passeio.


                - Adrenalina média, para acelerar o batimento cardíaco.


                     - Adrenalina alta, para deixar os cabelos em pé.



     Paraquedismo
     É uma das modalidades que menos exige esforço físico e que menos exercita. Em compen-
     sação, é uma das que garantem mais adrenalina.
     Utilizado, por algum tempo, apenas como meio de enviar socorro e suprimentos para luga-
     res em guerra e inacessíveis, hoje em dia também é um dos esportes de aventura mais radi-
     cais e emocionantes que existem. É muito importante, antes de praticar essa atividade,
     procurar profissionais altamente preparados e devidamente credenciados.


     Nível:

     Arvorismo
     Uma atividade com origem curiosa, que surgiu da necessidade de biólogos e pesquisadores
     se deslocarem de uma árvore para outra durante seus estudos.
     Somente nos anos 90, com o aprimoramento de técnicas e equipamentos, essa prática pas-
     sou a ser uma atividade física esportiva e de lazer. Além da óbvia interação com a natureza,
     a atividade beneficia o equilíbrio e a coordenação motora. Outra vantagem do arvorismo é
     a grande variedade de lugares em que pode ser praticada: o Brasil possui uma flora rica, e
     uma grande área propícia para a modalidade.


     Nível:

28
Rafting
Garantia de diversão e adrenalina, o rafting consiste em descer uma corredeira a bordo
de um bote, ultrapassando obstáculos naturais, como pedras e quedas d’água. É, nor-
malmente, praticado em grupo e, assim como o trekking, possui vários níveis de dificul-
dade. É uma das modalidades que mais cresce, por se tratar de uma atividade que não
exige esforço físico acentuado, deixa o esportista em contato direto com a natureza e
oferece emoção e, ao mesmo tempo, segurança.


Nível:

Biking
É parecido com um trekking. Mas sobre duas rodas.
É um acentuado exercício aeróbico, que fortalece diversos músculos e aprimora a resis-
tência e a destreza. Para praticá-lo, atente-se aos seus hábitos: caso esteja um pouco fora
de forma, não tente se aventurar por terrenos acidentados e fazer viagens muito longas.
O lugar pode variar. O objetivo da atividade é realizar, de bicicleta, trajetos com irre-
gularidades e obstáculos, por isso pode ser praticada em trilhas, montanhas e parques.


Nível:

Trekking
É uma atividade que consiste em fazer longas caminhadas ou trilhas, em contato com
a natureza. A vantagem do trekking é que, além de fazer o esportista se exercitar, ele
pode ser encarado como uma forma de relaxamento e prazer, que o leva a entrar em
contato direto com a natureza e a conhecer lugares diferentes, inusitados, ou até mes-
mo históricos. Fisicamente falando, o trekking é uma atividade aeróbica que trabalha
fortemente os músculos das pernas e do quadril. Os lugares para executar essa prática
esportiva são incontáveis, já que o Brasil é um país rico em paisagens belíssimas. Aten-
te-se, apenas, à sua resistência física. Se você não está acostumado a se exercitar, opte
por trilhas menores e menos acidentadas.


Nível:

                                                                                              29
PARA VIVER BEM


     ADICIONE E
     COMPLETE
           Por Larissa Leonardi




     Hoje em dia, você
     pode escolher um
     tratamento alternativo
     para complementar a
     já conhecida medicina
     convencional. São
     inúmeras opções que
     se adequam aos mais
     diversos per�is e idades




                                  Foto: Shutterstock – 15, out, 2012
30
H     irudoterapia. Você já ouviu falar
               nisso? Achou o nome estranho? E
         sanguessuga, você conhece? As duas pala-
         vras estão diretamente relacionadas, por-
         que a técnica de hirudoterapia consiste
         em utilizar sanguessugas para tratar certas
         doenças. É a antiga (e conhecida) medici-
         na alternativa.
         Trata-se de um tratamento antigo. No
         Egito, anos antes de Cristo, foram encon-
         trados indícios de um médico que utiliza-
         va a reflexologia - método que estimula
         pontos que ligam o corpo humano, feito
         nos pés e nas mãos para tratar determina-
         das patologias.
         À medida que os estudos foram aprofun-
         dados, a técnica evoluiu e, hoje, tem mais
         credibilidade. As pessoas têm mais con-
         fiança na nova opção e, no dia a dia, é               “Alguns pacientes precisam de algo a mais”
         comum ouvir alguém dizer que está to-                             Dra. Iris Moura

         mando um chá para tratar algum proble-         A procura por esses tratamentos faz com
         ma. E esse chazinho não é apenas um tra-       que cada vez mais surjam novos locais que
         tamento caseiro. O uso de plantas com          ofereçam esses serviços. Tanto que, em
         finalidade medicinal é reconhecido ofi-          1986, em Goiânia, surgiu o Hospital de
         cialmente pela Organização Mundial de          Medicina Alternativa (HMA). Este local
         Saúde (OMS).                                   tem como principal objetivo promover o
                                                        bem-estar físico e mental de seus pacientes
         Além de reconhecer os tratamentos fitote-
                                                        por meio de terapias alternativas. Além
         rápicos (medicamentos naturais), a OMS
                                                        dos tradicionais exercícios, o hospital tam-
         indica a homeopatia, uma antiga técnica
                                                        bém cultiva e manipula plantas medici-
         que identifica o problema de cada indiví-
         duo, tratando-o como único e, conse-           nais e distribui os remédios para aqueles
         quentemente, indicando um tratamento           que procuram uma nova forma de tratar
         específico para a sua patologia. O médico       suas doenças.
         homeopata procura a causa do problema e        Mesmo com toda a eficácia das técnicas, a
         o trata. O especialista acredita que os sin-   medicina convencional não pode ser dis-
         tomas são uma reação natural do corpo          pensada. “O resultado do tratamento alter-
         contra a doença, por isso, através de um       nativo, associado ao tratamento convencio-
         sistema de cura natural, estimula a pessoa     nal, é mais eficaz. E os resultados podem
         a restaurar sua saúde de dentro para fora.     ser vistos em um período menor do que se
Foto: Larissa Leonardi/Equipe
                                                                                                           31
fossem usadas de maneira desassociadas”,       Para entender melhor os benefícios do
     explica a Dra. Iris Moura. Para ela, “o mais   lian gong, o professor de todo o grupo,
     importante é a aderência do paciente ao        Heber Koitiro, explica que “a técnica é
     tratamento, independente de ser medicina       uma ginástica de fins terapêuticos e pre-
     convencional ou alternativa. O ideal é sem-    ventivos”. Criada na China, na década de
     pre as duas estarem em conjunto. Alguns        1970, pelo médico Zhuang Yuan, a mo-
     pacientes conseguem responder melhor ao        dalidade também oferecia aos seus pacien-
     tratamento alternativo principalmente pela     tes sessões de acupuntura e meditação. No
     aderência a esse tratamento”.                  Brasil, foi trazido pela professora Maria
     A médica fala também sobre um impor-           Lucia Lee e caiu no gosto da população.
     tante fator: política de saúde. Moura expli-   “Quando o lian gong é praticado, você tra-
     ca que “a medicina alternativa no sistema      balha todas as suas articulações de uma for-
     público de saúde não consegue abranger,        ma que beneficia a liberdade de movimen-
     por exemplo, a população de idosos que a       to. Então, você passa a encarar o problema
     gente tem hoje”. Em alguns casos, ela diz      como um desafio a ser superado, e é isso
     que uma ótima saída a um paciente com          que faz bem à autoestima”, explica o pro-
     dor é receitar os medicamentos e indicar       fessor. Orgulhoso, ele conta que uma de
     um tratamento alternativo. Isso ajuda a        suas alunas, depois de um mês participan-
     melhorar a qualidade de vida.                  do das aulas, pôde voltar a pentear seu ca-
     E é em busca disso que a aposentada Fran-      belo sem precisar da ajuda da filha. “Parece
     cisca de Araújo, de 65 anos, vai ao Parque     uma coisa banal a atividade de pentear o
     da Aclimação todas as sextas-feiras de ma-     cabelo, mas deixou a pessoa bem, porque
     nhã ter aula de lian gong. Apresentada à       deu a ela um grau de liberdade”. A técnica
     técnica por uma amiga, a senhora come-         não tem restrições de idade e é muito indi-
     çou a treinar através de um programa de        cada para o público da terceira idade.
     TV. Em um dia de passeio pelo parque,
     por coincidência, encontrou um grupo
     praticando a atividade. Então, de 2003
     em diante, não passa uma única semana
     sem ir à aula. “Manter em forma minha
     condição física o máximo que conseguir”,
     é isso que incentiva Francisca a não deixar
     de fazer os exercícios. “A autoestima me-
     lhora. Você tem que preservar o seu físico
     para não parar de executar as tarefas. Por
     isso, estou sempre aprimorando, buscan-
     do e praticando”, revela. Ela conta que
     sempre chama os filhos e os amigos para
     participarem com ela.                                    Professor Heber Koitiro em aula

                                                                                    Foto: Adriana Nascimento/Equipe
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Existem pessoas, como Dalva Soares, de 73
        anos, também aposentada e frequentadora
        das aulas no Parque da Aclimação, que pro-
        curam fazer diversas atividades. Dalva tam-
        bém faz yoga e garante que os exercícios são
        responsáveis por garantir disposição para
        fazer as atividades do dia a dia.
        Mas, como dificilmente um assunto tem
        aceitação geral, há pessoas, como Leonar-
        do Ferreira, de 21 anos, que não acredi-
        tam nos benefícios da medicina alternati-
        va. “Cientificamente, não acredito em                       Alunos em aula de lian gong
        medicina alternativa, acredito em resulta-
        dos positivos motivados pela crença de         na medicina alternativa uma nova vida ao de-
        utilização do método”, esclarece. Apesar       positarem esperanças em novos tratamentos.
        de não dar créditos ao tratamento, Ferrei-
                                                       E, para os curiosos de plantão, Dalva dá a
        ra explica que, dependendo da técnica e
                                                       dica: “Os exercícios me dão mais alegria
        das melhoras que ela proporciona, talvez
                                                       de viver, positivismo, bom humor e agili-
        até se deixasse seduzir e praticasse.
                                                       dade. Tudo isso junto do equilíbrio físico,
        O caso do Guilherme Martini, 21 anos, é        mental e espiritual – que é um conjunto”.
        um pouco mais específico: ele não acredi-
        ta nos benefícios da medicina não con-
        vencional, mas fez um teste para esclarecer    SEPARANDO O
        suas dúvidas. “Já utilizei uma técnica em      JOIO DO TRIGO
        que alguns pontos específicos do corpo                              Por Ingrid Taveira
        são tocados. Algo como acupuntura, mas
        sem agulhas. No caso, o problema que eu        O que leva a sociedade a rejeitar algo? Pre-
        tinha melhorou, mas muito tempo depois         conceito? Apego às tradições e culturas já
        do tratamento. Não tendo como compro-          estabelecidas? Ou, talvez, um conhecimen-
        var sua eficácia”, afirma. E, por isso, não      to – deturpado – sobre o assunto? Conhe-
        troca o bom e velho remédio para tratar        cimento que pode até mesmo impedir a
        suas doenças. Ele ainda completa: “Eu          compreensão. Joio e trigo se confundem
        nunca vi nenhuma comprovação científi-          em uma plantação. Em um plantio de tri-
        ca provando que realmente essas técnicas       go, encontramos a erva ruim, que é o joio.
        podem produzir algum efeito de cura”.          Da mesma forma, em um plantio em que
        Apesar de os dois jovens se manterem atrela-   prevalece o joio, podemos nos deparar com
        dos ao convencional e não acreditarem nas      o trigo. Podemos isolar a parte boa da parte
        técnicas que evoluíram junto com a ciência,    má. Um exemplo disso é a erva cannabis,
        os integrantes da terceira idade encontraram   popularmente conhecida como maconha.
Foto: Adriana Nascimento/Equipe
                                                                                                      33
De acordo com a professora Ruth Gallily,       uso não é exclusivo em fumo. Remédios à
     especialista em imunologia da Universidade     base de CBD, por exemplo, teriam um
     Hebraica de Jerusalém, uma das substâncias     preço muito mais baixo que os medica-
     da erva cannabis - o canabidiol (CBD) - tem    mentos convencionais no tratamento de
     propriedades benéficas e significativas às       algumas doenças.
     pessoas que sofrem de diabetes, artrite reu-   Além disso, especialistas desenvolveram
     matoide e doença de Crohn, um problema         um tipo de maconha que neutraliza o Te-
     crônico inflamatório intestinal.                trahidrocanabinol (THC), substância res-
     Mas muita calma nessa hora! Antes de           ponsável pela dependência e pelos efeitos
     imaginarmos cigarros de maconha sendo          psicológicos e cognitivos, ou, na lingua-
     receitados deliberadamente pelos médi-         gem popular, a brisa, o momento que a
     cos, vamos aos fatos: a cannabis possui        mente “viaja”. Sendo assim, é provado
     substâncias sedativas que podem ser iso-       que há a possibilidade de separar o lado
     ladas e utilizadas de diversas formas, seu     bom e o lado ruim da maconha.

                      Com um semblante risonho, pele rosada e quase sem rugas, Maria
                      Madalena Pereira não aparenta ter 63 anos. Quem a vê não acredita,
                      mas há alguns anos a artrite a deixou de cama. “Eu fiquei sem andar,
                      duas vezes no mesmo ano, por causa da artrite”, conta, agora senta-
                      da com as pernas cruzadas no sofá.
                      Sua disposição é invejável. Ela se julga preguiçosa ultimamente: pra-
                      tica exercícios “apenas” três vezes por semana. Chegou a frequentar
                      as aulas duas vezes no mesmo dia. O começo, porém, não foi tão
                      simples. Além da artrite, Maria também apresentava sintomas de
                      psoríase. Em busca da solução, passou por três profissionais e gastou
                      mais de R$ 1,5 mil só com remédios.
Em sua última tentativa, recebeu uma indicação diferente: aulas de yoga e caminhada.
“Essa médica disse pra mim que, para a psoríase, se eu fizesse yoga, melhorava.” relata. Seis
meses depois, conseguiu o que até mesmo os médicos duvidavam: se viu livre das man-
chas vermelhas em sua pele.
O processo de adaptação do seu corpo às caminhadas levou algum tempo. Em seu primei-
ro teste, não conseguiu acompanhar a esteira. “Ela ia embora e eu lá atrás”, conta, aos ri-
sos. Começou a andar alguns minutos todos os dias e conseguiu realizar o segundo teste.
Já sentia a melhora para o problema que tentou resolver a tanto custo.
Hoje, Maria continua a fazer caminhadas e aulas de yoga, e com o mesmo ânimo inicial.
Ela acredita que os remédios e os exercícios se completaram, ambos ajudaram em sua re-
cuperação, não só da saúde física, mas de seu ânimo, pois afirma que todas as pessoas que
praticam essas atividades se sentem melhor, independente da idade.

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                                                                                   Foto: Ingrid Taveira/Equipe
Parece que mesmo tendo sido escrita em           missores. A maconha bloqueia esses sinais”,
1599, a frase de Shakespeare, em sua obra        acrescenta Lima. Portanto, não seria uma
Hamlet, se encaixa muito bem às últimas des-     cura, mas funcionaria como um analgésico.
cobertas: “Não existe o bom ou o mau, é o        Nicolas parou de fumar, mesmo com os efei-
pensamento que os faz assim”. É o que pode-      tos positivos em seu caso, pois admite não
mos pensar quando vemos casos como o do          saber até que ponto a maconha é inofensiva.
estudante Nicolas (nome fictício), diagnosti-     “Não dá para saber o nível que isso é bom. A
cado com epilepsia aos 18 anos de idade, que,    gente não tem nenhuma pesquisa sobre isso,
ao começar a usar maconha, percebeu que          não tem nenhum respaldo médico. Então,
ficava mais calmo e, assim, evitava os ataques.   eu usava para uma coisa, mas eu não sei se
Nicolas conta que tinha muitos problemas         estava afetando outra”, justifica. Ele também
para dormir. “Eu tinha crises de ansiedade,      se viu lutando contra o preconceito e as ques-
que só faziam piorar as crises de epilepsia.     tões morais. “Todo mundo enxerga de outra
Aí eu percebi que, quando eu fumava à            forma, a sociedade não enxerga isso bem, e
noite, eu dormia bem e acordava bem,             eu não quero ir contra a maré”, conta.
consequentemente, sem ter os espasmos”,          Segundo Lima, que tem experiência com
revela. Ele, que nunca havia usado qual-         toxicologia forense (que estuda os efeitos
quer outro tipo de droga, nem mesmo in-          das substancias químicas sobre o organis-
gerido bebidas alcoólicas, chegou a entrar       mo em casos de intoxicação e morte), isolar
em coma por causa dos remédios receita-          e retirar as propriedades benéficas da maco-
dos, que deram reações inesperadas.              nha é um processo muito fácil. O grande
De acordo com o mestre em Química pela           problema estaria no preconceito dos menos
Universidade Federal do ABC, Diogo               informados. “As pessoas têm medo do que
Lima, as substâncias presentes na cannabis       elas não conhecem. Esse preconceito vem
funcionam “enganando” os sinais que são          lá dos anos 30, 40 e continua. O álcool é
enviados ao corpo pelo seu cérebro. Ele ex-      liberado e causa muito mais malefícios para
plica que “quando você vai aprender, acon-       seu corpo”, afirma Lima.
tecem diversas reações químicas no seu cé-       O cultivo da planta é ilegal em quase todo o
rebro que vão dizer pro seu corpo ‘olha,         mundo. Em alguns países, estabelecimen-
agora é a hora de prestar atenção’. Quando       tos comerciais denominados coffee shops (ca-
você fuma, os compostos da maconha se            feterias) podem vender pequenas quantida-
ligam aos neurotransmissores e o enga-           des, e neles o consumo é também permitido.
nam, eles inibem esse efeito”.                   No Brasil, produção e comercialização em
Da mesma forma que a maconha pode ini-           grande escala são proibidas. Diversos políti-
bir os sinais de concentração, ela pode en-      cos e ativistas defendem sua legalização,
ganar o cérebro quando o assunto é dor.          embora o assunto ainda seja motivo de con-
“O seu cérebro o faz sentir dor como um          trovérsias. Quem sabe, talvez, em alguns
alerta, tem alguma coisa errada em você,         anos, entre o joio e o trigo, a sociedade con-
ele vai mandar sinais para os neurotrans-        siga aproveitar a parte boa?
                                                                                                  35
36
Arte: Diego Sttefano Moura
                             37
NA ESTRADA




     MALAS PRONTAS,
     DESTINO: MUNDO!
                                                               Por Walace Toledo

     Uma nova cultura o espera. Passar um período na
     casa de uma família ou por conta própria em outro
     país proporciona uma grande experiência de vida

     I  magine, após os estudos, molhar os pés
        no Mar Mediterrâneo, em um passeio
     ao entardecer pelas praias italianas. Ou as-
                                                    sabe jantar com novos amigos em um típi-
                                                    co bistrô francês aos pés da Torre Eiffel,
                                                    iluminada ao cair da noite? Seja qual for o
     sistir a um professor de Artes decifrar de     destino, embarque e mergulhe nos costu-
     perto a enigmática Monalisa, de Da Vinci,      mes e na cultura local. Afinal, o intercâm-
     no Museu do Louvre, na França. Quem            bio não é só mais uma viagem.
                                                             Fotos: Walace Toledo/Equipe / Arquivo pessoal/Mauro Tassi
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De alguns anos para cá, deixou de ser só         muito ir para a Europa, o casal encontrou
         coisa de adolescente viajar para outro país      a solução ideal com o programa personali-
         para explorar e conviver com outro idio-         zado 50+ (cinquenta plus) da Central de
         ma. Atualmente, as agências de intercâm-         Intercâmbio (CI). Integrantes da primeira
         bio estão preparadas para atender todas as       turma do projeto, passaram duas semanas
         faixas etárias, dos oito aos 80. Então, essa é   na Itália com um grupo de 14 pessoas.
         a hora: deixe os filhos cuidando dos netos,       A rotina mantinha aulas de italiano e pas-
         arrume a mala e conheça o mundo.                 seios culturais guiados por professores de
         É com este pensamento que o contador             História da Arte. “A gente acaba não só
         Mauro Tassi e sua esposa, a empresária Eli-      pensando em lazer. Eu, pelo menos, queria
         zabeth Tassi, 59 e 58 anos, respectivamen-       conhecer a estrutura básica da língua, é o
         te, resolveram intercambiar. A estabilidade      que conheci, aprendi a falar meia dúzia de
         financeira junto ao planejamento com me-          expressões e tal. A Beth falou bastante ita-
         ses de antecedência proporcionou uma             liano, falou no restaurante, no táxi, com a
         viagem sem inconveniências. Querendo             professora, na escola”, confessa Tassi.
                                                                             Pagar antes, viajar de-
                                                                             pois é a dica de Mauro
                                                                             para os futuros inter-
                                                                             cambistas. Com um
                                                                             planejamento para não
                                                                             se enforcar no orçamen-
                                                                             to, parcelar o pacote em
                                                                             alguns meses é bem
                                                                             mais vantajoso. A parte
                                                                             burocrática ficou toda
                                                                             nas mãos da agência
                                                                             contratada. Para eles, o
                                                                             único ponto negativo
                                                                             da viagem está no traje-
                                                                             to entre os continentes.
                                                                             Um voo de 12 horas


                                                                       “Em uma viagem dessa você
                                                                         não tem despesa, você tem
                                                                                     investimento!
                                                                           Certeza absoluta disso.”
                                                                                       Mauro Tassi

Foto: Arquivo pessoal/Mauro Tassi
                                                                                                         39
“Não perde tempo, a vida é curta, o
            mundo é muito grande e a vida é
             muito pequena, a gente tem que
             aproveitar, não tem mais idade”
                              Gabriel Canellas

     sem escalas pode ser bem cansativo. Entre-
     tanto, fora o avião, a diversão é garantida.
     O mergulho nos hábitos locais e as aulas
     de História que receberam a cada passeio
     serão retransmitidos para toda a família e
     amigos através dos registros fotográficos.
     As imagens recontam passo a passo as
     duas semanas de intercâmbio. Já pensan-         viagens educacionais e culturais, 1,4% das
     do na próxima viagem, Elizabeth confessa        agências de intercâmbio afirma que pessoas
     que o destino ideal seria cidadezinhas de       acima de 50 anos estão entre o público que
     Portugal. “Eu não quero ir pra lugares tipo     mais procurou cursos no exterior em 2011.
     Nova York, Paris, Roma, Tóquio. Quero ir
                                                     A CI percebeu o poder deste público e
     para o interior, que é onde você sabe a cul-
                                                     montou um programa específico, chama-
     tura. Porque nas grandes capitais já está
                                                     do 50+ (cinquenta plus). “Esse é um mer-
     tudo misturado”, explica.
                                                     cado que sempre existiu e sempre foi ca-
                                                     rente de produtos que o atenda”, afirma o
     Mercado aquecido                                diretor de produto da CI, Gabriel Canel-
                                                     las. O programa ocorreu no mês de setem-
     Nos últimos anos, cada vez mais o público
                                                     bro deste ano e durou 15 dias. A região
     maior de 60 anos procura experiências in-
                                                     italiana de Toscana foi o destino escolhido
     ternacionais. Analista de comunicação in-       para o grupo. O roteiro cultural é compos-
     terna da Student Travel Bureau (STB),           to de aulas de italiano pela manhã e aulas
     Fernanda Pajares afirma que, em 2012, a          de culinária, degustação de vinhos e visita
     empresa teve um aumento de 40% na               aos pontos turísticos locais à tarde. O en-
     clientela dessa faixa etária. De acordo com     foque cultural e artístico é o grande dife-
     dados da agência, no STB, 5% de seus in-        rencial em comparação às viagens indivi-
     tercambistas têm idade superior a 50 anos.      duais, mais destinadas a trabalho e estudo.
     Segundo estudo feito pela Belta (Brazilian      Mesmo com as agências preparadas nos dias
     Educational & Language Travel Associa-          atuais, verifique se há profissionais especiali-
     tion), associação brasileira de operadores de   zados em cada público-alvo na empresa es-
                                                                                      Foto: Walace Toledo/Equipe
40
Salão do estudante de 2012 em São Paulo



        colhida. “É importante que a empresa tenha          “A gente encontra trabalhos em inglês, lê
        alguém focado nisso, que possa ficar de olho         parte técnica, mas quando vamos a um
        em detalhes que passam normalmente des-             congresso que tem professor de inglês fa-
        percebidos, como a questão do elevador no           lando, não dá para acompanhar, porque
        hotel. Coisas assim, tão pequenas, fazem            falta ouvido”, declara Teixeira.
        uma diferença muito grande”, explica Ca-            Viajando sozinho ou dividindo experiências
        nellas sobre os cuidados no programa 50+.           em grupo, o intercâmbio cultural propor-
                                                            ciona ao viajante aprendizado único e expe-
        Conhecimento: voo infinito                           riências inesquecíveis. Não importa a idade,
                                                            a sede de conhecimento é infinita para
        Manter o currículo atualizado é fundamen-           aquele que deseja desbravar o mundo.
        tal para profissionais de todas as áreas. Visi-
        tante do Salão do Estudante 2012 em São
        Paulo, o dentista e professor de ensino supe-
        rior Milton Teixeira, de 71 anos, foi à feira
        em busca de um programa de intercâmbio
        para os Estados Unidos.
        Cursando mais uma
                                             “A gente tem que estar sempre
        especialização, Teixeira
                                      buscando, procurando crescer, sempre
        visa o aprimoramento
                                       se envolvendo com novas atividades
        do seu inglês, que afir-
                                     para se manter vivo. Um conselho: eu
        ma ser básico, especifi-
                                          acho que as pessoas devem buscar,
        camente para seu cres-
                                      como eu estou buscando, seus sonhos”
        cimento profissional.
                                                            Milton Teixeira
Foto: Walace Toledo/Equipe
                                                                                                           41
PARA APROVEITAR




     ROCK IN CONSERVA
                                                        Por Adriana Nascimento


     Com 45 anos de estrada, o Made in Brazil,
     continua levando jovens a seus shows e mantendo
     a fidelidade à ideologia do rock de verdade



     E   ra uma tarde chuvosa de 1957. En-
         quanto a empregada se comovia com
     a radionovela, os dois irmãos viviam o
                                                 ção. Foi aí que a mágica aconteceu: uma
                                                 música inebriante tocava e despertou
                                                 uma paixão instantânea nos garotos. A
     tédio de não poder sair para brincar. Por   partir daquele momento aconteceu a
     um descuido da mesma, um deles se le-       maior descoberta de suas vidas: O rock
     vantou, foi até o rádio e mudou de esta-    ´n´ roll.
                                                                            Foto: arquivo pessoal/Banda
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  • 1. As opções de UATI – Descubra o Opções de atividades MADE IN BRAZIL investimentos para significado dessa sigla físicas e de viagens A banda de 45 anos que não deixar seu e como ela pode que fogem das está prestes a entrar no dinheiro parado exercitar seu intelecto tradicionais Livro dos Recordes Ano 1 / No1 / Novembro de 2012 ADICIONE E COMPLETE Os remédios tradicionais não são mais seus únicos aliados na busca pela saúde R$ 9,90 ROSE NOGUEIRA SEM RESERVAS A jornalista, presa política da ditadura, fala sobre a Comissão da Verdade
  • 2. O Projeto Velho Amigo é uma associação sem fins lucrativos que desde 1999 contribui para o melhor funcionamento de instituições de longa permanência. HOJE ASSISTE DIRETAMENTE CERCA DE 1100 IDOSOS. Para ajudar ou saber mais sobre o projeto, acesse o site ou ligue para (11) 3071-4040.
  • 3. NOSSA VOZ Sequer podemos expressar o quanto estamos orgulhosos por este material que você tem agora em suas mãos. Se você apreciar esta leitura, quer dizer que fomos bem sucedidos, pois conse- guimos superar os desafios e cumprimos o objetivo que tínhamos em mente quando começamos a produzi-lo: ser fonte de informação para você! Não vamos dizer que somos os primeiros. Outros já fizeram isso. No entanto, vamos dizer o que nos diferencia: não isolamos você, leitor, na faixa etária em que se encontra. Simples assim. Outros veículos, que vieram e que se foram, ou que ainda circulam pelas bancas, tentaram isolar você em um único “universo editorial”, ignorando tópicos importantes sobre os quais você quer estar bem informado. Por isso, procuramos descobrir o que mais lhe interessa e recheamos nossa revista com isso. Não podemos (e não vamos!) tratá-lo como se apenas notícias sobre previdên- cia social ou saúde fossem pertinentes a você, e como se seu mundo girasse apenas em torno dessas informações. Sua bagagem cultural é imensa demais para ser menosprezada dessa forma. Então, trouxemos conteúdos variados, abrangentes, mas direcionados a você. A você, leitor, que lutou contra um regime opressor e ditatorial por mais de duas décadas e nos deu um dos mais maravilhosos presentes políticos: a demo- cracia. A você, que viu pela TV as imagens do homem pisando na Lua e ficou em casa pensando: “Ih, será? Será que pisou mesmo?”. A você, que lutou pelas mulheres de seu País e lhes abriu as portas para o mercado de trabalho, para as universidades, para o crescimento... Para o mundo! A você, leitor, que criou seus filhos com todos os seus valores e que ajudou a criar os filhos de seus filhos. A você que viveu a vida com intensa paixão e que ainda não parou de vivê-la dessa forma. Porque você merece esta revista. 3
  • 4. ÍNDICE 30 PARA VIVER BEM Adicione e complete Conheça tratamentos alternativos que podem complementar a medicina tradicional Separando o joio do trigo O que leva a sociedade a rejeitar algo? Preconceito? Apego às tradições e culturas já estabelecidas? A ciência descobriu que é possível isolar partes positivas da erva cannabis. Saiba o que especialistas têm a dizer sobre isso. 08 SEM RESERVAS Entrevista com Rose Nogueira, jornalista, presa política da ditadura militar e presidente do Grupo Tortura Nunca Mais 05 SUA VOZ 20 PARA SABER 48 ENTRE NÓS 06 POR ENQUANTO 24 NA ATIVIDADE 49 NO PALANQUE 14 NO SEU BOLSO 38 NA ESTRADA 18 NA REDE 42 PARA APROVEITAR Expediente Colaboradores: Neuza Guerreiro de Carvalho, Maria Foto capa: Fotolia Jaepelt, Diego Steffano Moura, Valéria Rambaldi e Produção: Adriana Nascimento, Ingrid Taveira, Cláudio Amaral Juliana Veloso, Larissa Leonardi, Tatianne Francisquetti e Impressão: Alpha Graphics Walace Toledo Distribuição mensal Projeto gráfico e Diagramação: Trabalho de Curso da Universidade Cruzeiro do Sul Claudio Braghini Junior / Tiago Filú – Campus Anália Franco Orientação: Prof. Dr. Rodrigo Maia Contato: plusmagazine@gmail.com Revisão final: Tadeu Inácio
  • 5. SUA VOZ A “Melhor Idade” é... É a respiração cansada, na inspiração A terceira idade? A feliz idade? profunda da paz. O que importa? É o amor sem paixão, consumindo-se na Na verdade, é... Ou não é... doação... É o minguar das forças É, é... Sabedoria e esquecimento... boicotando a magia do saber viver... É experiência e lentidão, É a mão trêmula transmitindo segurança... paciência e incompreensão. É a paz do dever cumprido É competência e inação, no balanço da cadeira DA VIDA!!! saber e não poder... É ver, entender, compreender e Homenagem pelo Dia do Idoso – 2012 não precisar dizer... Maria de Lourdes Mas é dizer, sim, sem precisar falar! É a fortaleza rochosa da alma abrigada na fragilidade do corpo. É ser muitas histórias, para poucos ouvintes... É a profunda eloquência do silêncio... Para entrar em contato, É a lembrança de esquecimentos, envie seu e-mail para plusmagazine@gmail.com. é um não mais saber do quanto sabe. Envie suas sugestões, dú- É a calma – contraste da agitação de outrem, vidas, comentários e até é a agenda do tempo nas rugas da face... mesmo fotos com amigos É a abundante doçura do coração que você deseja homena- gear ou localizar. na abstinência imposta do açúcar... É manter o sabor... Na restrição do sal! É graduar-se, é phdear-se, na escola da vida. É um falhar na audição, superado pela intui- ção do coração... 5
  • 6. POR ENQUANTO Eles brotam do chão! Parece mentira que em pleno século 21 ainda estejam desco- brindo novas espécies. Mas é a pura verdade, e a realidade é ainda mais surpreendente: de acordo com o WWF (World Wild Fund), estima-se que existam entre 10 e 50 milhões de espécies no planeta; desse total, menos de dois milhões são conhecidas. No último mês de outubro, cientistas afirmam terem encontra- do diversas novas espécies. Entre elas, foram citados oito novos mamíferos e três anfíbios, na região do Equador, uma nova ave, chamada de Pedreiro-do-Espinhaço, em Minas Gerais, e cerca de 160 animais e vegetais em Bornéu. Fonte: WWF / G1 O Pedreiro-do-Espinhaço Terceira idade passa, em média, 4h conectada à internet Cientistas descobrem forma de Segundo o site e-bit, não só o número de navegadores reconfigurar células-tronco aumentou. A quantidade de pessoas com mais de 50 anos A dupla de cientistas Shinya Ya- que investe em compras pela internet cresceu 15% desde makana (Japão) e John Gordon 2002. Hoje, 25% dos usuários de e-commerce fazem par- (Inglaterra) ganhou o Prêmio No- te dessa faixa etária. Pesquisas relevam que os homens re- bel de Medicina de 2012 pela des- presentam 60% dos usuários com mais de 60 anos, en- coberta de uma forma de trans- quanto as mulheres preferem utilizar a internet para formar células-tronco que estão navegar em redes sociais. Se comparado aos jovens, esse “envelhecidas”. A análise revelou público passa apenas 40 minutos a menos online. que, depois de modificadas, as cé- Fonte: Imasters lulas podem transformar qualquer tipo de tecido. No início das pesquisas, em 1962, era necessário clonar a célula para que fosse restaurada. Com a evolu- ção do projeto, em 2006, foi des- coberta uma fórmula para que os embriões se renovassem. Fonte: Folha.com 6 Fotos: Divulgação/Guilherme Freitas / Sxc – 19, out, 2012
  • 7. Mais países europeus eliminam visto Bonequinha de Luxo de Truman Capote vai a brasileiros virar musical na Broadway A partir do mês de outubro de 2012, O jornal The New York Times afirmou que o tex- os brasileiros poderão viajar sem visto to Bonequinha de Luxo será levado à Broadway para mais quatro países da União Eu- sob direção de Sean Mathias e roteiro de Richard ropeia: Chipre, Estônia, Letônia e Greenberg. O musical será estrelado por Emilia Malta. As nações aderiram à União Clarke, a Daenerys da série Game of Thrones, Europeia em 2004, e o acordo que eli- que fará a protagonista Holly Golightly, inter- minava a necessidade de visto para tu- pretada por Audrey Hep- ristas das nações do grupo e também burn no cinema em para o Brasil já tinha sido fechado. O 1961. O clássico já havia tempo máximo de permanência sem o sido adaptado para a visto será de três meses, podendo, Broadway, em 1966, mas após análise, ser prorrogado pelo país fracassou após apenas visitado. quatro apresentações. Fonte: G1 / BBC Brasil Fonte: Folha.com Audrey Hepburn, em Bonequinha de Luxo Pesquisa aponta ex-presidente Lula como favorito para eleições de 2014 Segundo pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o ex-presiden- te Luís Inácio Lula da Silva seria o candidato favorito se as eleições de 2014 fossem realiza- das hoje. Com 69,8% das intenções de voto, contra 11,9% do senador tucano Aécio Neves, o petista seria eleito. A CNT simulou dois cenários para as eleições presidenciais, e, em um deles, com Dilma no lugar de Lula, a atual presidente ficaria em primeiro lugar com 59% das intenções de voto. A pesquisa entrevistou duas mil pessoas de 134 municípios de cinco regiões do Brasil e possui 2,2 pontos percentuais em sua margem de erro. Fonte: Estadão A terceira idade irá dominar o mundo... Ou quase! Pelo menos, é o que diz o último relatório divulgado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). A população mundial com mais de 60 anos ultrapassará um bilhão de pessoas em 10 anos. Esse crescimento é devido ao ritmo acelerado de envelheci- mento dos países emergentes. A terceira idade representa a faixa etária da população que cresce mais rápido, o que mostra urgência na melhora das políticas públicas. Fonte: Veja Foto: Divulgação 7
  • 8. SEM RESERVAS UMA FÊNIX BRASILEIRA Por Larissa Leonardi Tatianne Fransciquetti Walace Toledo O verde da flora particular predomina na residência de Rose Nogueira, jornalista e ex-militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN). Moradora do Sumaré, zona oeste de São Paulo, ela recebeu nossas duas repórteres em seu lar, no domingo de feriado prolongado, em virtude da independência do Brasil. Simpática e receptiva, Rose conver- sou com nossa equipe durante três horas. Seguida por toda a casa pelos outros dois mo- radores - seus fiéis companheiros caninos -, teve seu passado e presente destrinchados. De presa política, torturada durante o período militar, a uma renomada jornalista, Rose Nogueira trabalhou no Grupo Folha, editora Abril e foi a mente pensadora no inovador programa televisivo TV Mulher. Usou seu poder comunicativo para lutar contra o regi- me que quase a liquidou e, atualmente, está envolvida em causas humanitárias. Sem nenhuma esquiva, as perguntas foram respondidas: a relação com a ALN, seu pas- sado no jornalismo e na política, entre outros assuntos. Por que a Sra. escolheu a carreira muito jovem e tive estímulo de muita gen- jornalística? te. Tem a ver com leitura, que é importan- Ah, mas tem outra? Porque não tem outra te para qualquer jornalista. Ler ficção, in- para a pessoa como eu, curiosa. Eu gosto clusive, para você entender a realidade. de tudo: gosto de política, de economia, Você aprende muito mais com a ficção, de relações internacionais, de cultura. Para com os sentimentos diante da realidade, mim, é a profissão mais bonita do mundo. do que só com a notícia. Não tem outra. No meu tempo, quando eu comecei, 50 anos atrás, o pessoal falava assim: "jornalis- Tem alguma relação com a ta é o que não deu para nada". Isso porque indignação com a política? naquele tempo só tinha reconhecimento Não. Teve ligação com poesia, com gostar formal, na sociedade, quem era engenhei- de escrever, com uma necessidade de retra- ro, advogado e médico. O resto não exis- tar o mundo que eu estava vendo. Eu era tia. Psicólogo? Imagina, é louco. 8 Foto: Tatianne Francisquetti/Equipe
  • 9. Jornalismo a mesma coisa. O pessoal fala- dela, vou contar a história do Brasil nesse pe- va, naquela época, que jornal era para em- ríodo, além de mostrar uma grande mulher. brulhar peixe. Era assim que o pessoal via Na verdade, é uma série que eu quero fazer o jornal: como coisa de boêmio. O jorna- sobre grandes mulheres, que não são artistas lismo não era regulamentado, era bico. da televisão, não são celebridades. Mas, gra- ças a essas mulheres, nós estamos aqui. Como era o jornalismo Nós conquistamos liberdade, voto, democra- naquele tempo? cia. E a democracia, por mais imperfeita que Naquela época, não vinha notícia para o jor- seja, ainda é o melhor dos regimes e dos siste- nal, não tinha assessoria de imprensa, nin- mas. E se ela não é melhor, a culpa é nossa. guém telefonava e dava uma notícia. Era o repór- “é uma série que eu A falta de ter que ia buscar. Por isso, conscientização nas redações, quando você quero fazer sobre gran- pública é o que entrava, tinha um cartaz des mulheres. [...] Não mais prejudica assim: “Lugar de repórter são celebridades. Mas, o Brasil hoje é na rua”. Os redatores em dia? achavam que o repórter na graças a essas mulhe- Em termos de econo- redação “enchia o saco”, res, nós estamos aqui” mia, de ascensão de porque ficava dando pal- classe social, melhora- pite no texto. Então, sem- mos muito nos últimos pre tinha essa briga dos repórteres com os 10 anos. Agora, isso não foi aprofundado redatores. Ao mesmo tempo, tinha uma politicamente, infelizmente. Antes, a im- grande camaradagem, que eu sinto falta hoje. prensa trabalhava para você, para mim, Hoje, você saber mais não é bom. Você é para o leitor. O leitor era o público. Agora um concorrente. Isso é uma droga. não, ela trabalha para uma empresa. O que interessa neste momento para a Folha, a A Sra. possui outros projetos Globo? Interessa agradar aquela ideia de na área de comunicação, fora anunciante, que vê um mundo dividido a produção jornalística? entre os poucos ricos e os muitos pobres. Não há ninguém no meio, porque a classe Eu, agora que acabei de me aposentar, média também faz a crítica, classicamente, quero me dedicar a escrever ficção. Porque mas a nossa ainda não está fazendo. eu gosto muito de escrever com humor. Contudo, precisamos acreditar na gente. Mas tem outros. Eu já comecei um docu- Eu tinha nove anos quando se falou em mentário sobre a Clara Charf, que é viúva do Brasília e 14 quando o Juscelino saiu e Carlos Marighella, porque ela está com qua- Brasília estava pronta. Ela foi construída se 90 anos e acompanhou a história do Bra- em três anos e meio! Um povo que largou sil, desde os anos 40 até hoje. Em tudo ela tudo e disse “vamos construir a nova capi- esteve presente. Então, contando a história tal”, sem saber nem o que era, tem que ser 9
  • 10. muito talentoso. É disso que os america- nos têm medo, da nossa garra, simpatia, e capacidade. A gente, se tiver o limão, faz uma limonada. O cara não. Se ele tiver um limão ele vai achar que é azedo e jogar fora. De todos os seus trabalhos jornalísticos, qual considera ter sido a maior contribuição para a área da comunicação? Logo do programa TV Mulher A TV Mulher. Antes de fazer a TV Mulher, eu fui editora do Jornal Nacional, no tem-um caso muito famoso. Ele era namorado po da censura, então eu sabia todas as ma-dela e alegou legítima defesa da honra, e nhas, o que podia e não podia fazer para isso foi aceito pelo juiz. E o que ela estava driblar a censura. Ainda era ditadura. A fazendo? Ela estava de biquíni, parece que TV Mulher é de 1980, e existia uma carên- tinha bebido, estava brigando com ele. cia muito grande de direitos às pessoas. Merece ser morta? Foi o primeiro caso a Na TV Mulher, o problema era sentir o es- levantar polêmica. Foi aí que começou pírito público. Onde é essa onda feminista. E a TV Mulher foi fei- que ele estava? Lá embai- ta depois disso e dentro “A gente, se tiver o li- desse espírito. xo! Os primeiros a falar sobre a questão do consu- mão, faz uma limona- O programa falou para midor fomos nós, na TV da. O cara não. Se ele as mulheres: “olha, você Mulher. Ali surgiu o Pro- foi criada pra casar, mas con, a ideia de uma dele- tiver um limão ele vai sua filha tem que ser gacia para a mulher, por- achar que é azedo e jo- criada para o mercado que, até então, as mulheres gar fora” de trabalho, para ser in- que escreviam à TV Mu- dependente. Se ela qui- lher (eu recebia umas 10 ser casar, ela casa”. En- mil cartas por semana) diziam que, quan- tão, a gente teve esse papel de mostrar para do elas apanhavam do marido, por exem- metade da sociedade brasileira que nós, plo, iam à delegacia, e o delegado dizia: mulheres, também temos vez. “ele não sabe por que bateu, mas você sabe por que apanhou”. Estupro?! Os caras Tendo sido presa política, eram absolvidos, porque a mulher estava como foi trabalhar em de shorts. Como se homem tivesse a obri- veículos de comunicação gação de ser tarado! O Doca Street, ainda que apoiavam a ditadura? no ano de 78, por aí, foi absolvido de ma- Dessa maneira. Eu não queria destruir. Eu tar a Ângela Diniz, em Cabo Frio (RJ). É queria contribuir com a sociedade. Na minha Foto: Divulgação 10
  • 11. profissão, eu podia contribuir muito mais mília, me solidarizei. Também não gostei do que se eu ficasse aqui em casa. Está nada de ver o Castelo Branco, os militares, cheio de gente que só esperneia. Eu não as prisões... Depois, eu parei de namorar o sou de espernear, eu sou de fazer. Paulo e acabei casando com o Clauset e indo para a Folha [de S. Paulo]. Lá na Folha A Sra. ainda tem contato com as também conheci figuras incríveis. Eu nunca pessoas da época da ditadura? participei de uma ação, nunca participei de uma luta armada, mas fazia parte do apoio Claro. Com algumas não. Por exemplo, logístico. Casei-me com o Clauset, fomos com a Dilma [Rousseff], a gente não con- morar em Pinheiros e segue chegar perto, mas eu engravidei. Nin- ela é presidente. E eu, no “Estupro?! Os caras guém ia desconfiar de dia 7 de setembro, quan- do a vi lá no desfile, com eram absolvidos, por- um casal grávido, re- cém-casado, classe mé- aquela menina da Paraí- que a mulher estava de dia. Então, muitas reu- ba que ganhou medalha shorts. Como se ho- niões da ALN eram de ouro, acho que foi de feitas na minha casa. O judô, abrindo o desfile, mem tivesse a obriga- Marighella, Carlos Ma- eu chorei. Muito emo- ção de ser tarado!” righella, veio para o cionada de ver o País fes- Brasil e fundou a ALN. tejando a independência Eu fazia parte do cam- junto à presidente, que foi presa e quase po de apoio, não era organicamente ligada à morta por ser uma boa brasileira como ela Associação. Eu não participava das decisões, é. Então eu chorei. Eu gosto do Brasil mais mas fui presa da mesma maneira. do que qualquer outra coisa. Como foi a idealização do Por ter esse amor pelo País grupo Tortura Nunca Mais? a Sra. se associou à ALN, Como surgiu a ideia? mas teve algo específico que Depois que morreu o Vladimir Herzog, a fez tomar parte disso? jornalista. Na época da ditadura, morre- Não. Desde os 18 anos, depois de eu entrar ram ou desapareceram acho que 24 jorna- para o jornalismo, eu fui pra esquerda por listas, não sei o número exato. O Vladimir amor, por amor ao Paulo Viana, que era Herzog morreu em outubro de 1975, o membro do Partido Comunista Brasileiro, Manoel Fiofili em janeiro de 76. Depois, o o “Partidão”, que era contra a luta armada. Dom Paulo Evaristo Arns, o Hélio Bicu- O irmão dele, Cícero Viana, era dirigente do, que era promotor de justiça e tinha do Partidão e passou a ser perseguido. En- conseguido condenar o Esquadrão da tão, a família do meu namorado sofreu uma Morte, se reuniram à Margarida Genevois perseguição, e ele teve que ir para a clandes- e umas pessoas, todas defensoras dos Di- tinidade. Eu acompanhei esse drama da fa- reitos Humanos, e falaram: “olha, não dá 11
  • 12. pra continuar”. Assim, montaram o gru- O governo contribui com po. E isso vem se renovando desde aquela o Tortura Nunca Mais? época. Hoje, sou a atual presidente, mas Não. Somos inteiramente independentes. em novembro temos novas eleições. Vivemos da contribuição dos associados. A Sra. pode explicar os A Sra. lançou Crimes de Maio, em objetivos do grupo? 2006. Quais foram os resultados Em primeiro lugar, mostrar para o País da apuração desse trabalho? que a tortura na ditadura era uma política Nunca houve um desmentido, mas todos de Estado. Denunciar as torturas, as mor- os processos foram apontados ali: 493 tes e os desaparecimentos. E é o que nós mortes por armas de fogo em um semana, fazemos até hoje, combatendo a herança em São Paulo. A maioria foi arquivada. da ditadura. Por exemplo a polícia militar, Nós brigamos junto às Mães de Maio para que age hoje em dia como agia na ditadu- desarquivar. Produzimos o livro para não ra, só que, hoje em dia, ela age assim com ser mais uma coisa a cair no esquecimento. pobres e negros da periferia. O que os jo- vens da periferia enfrentam com a polícia, A execução sumária é um grande proble- é o que naquele tempo enfrentava a classe ma no Brasil. Eu quero levar o nome do média e os operários. movimento Mães de Maio para o prêmio Nobel da Paz. Não conheço ninguém que lute mais por justiça, pelo filho morto, do E como são as atividades que elas. É preciso chamar atenção do Bra- do grupo? sil para isso. Uma vez por mês a gente faz a reunião ge- ral com casos do passado, colocamos todo Quais são as expectativas para mundo a par dos problemas, para que to- a Comissão da Verdade? dos possam ajudar. Também estamos tra- Estamos tentando incluir a questão indí- balhando para incluir os indígenas na Co- gena, além dos presos políticos e a cen- missão da Verdade, porque eles foram sura. Vamos montar uma Comissão da muito mais mortos, muito mais dizimados Verdade no Sindicato dos Jornalistas, que nós. para a questão da censura. Esse é outro Seguimos a linha dos direitos humanos trabalho do Tortura Nunca Mais. Eu mais moderna, como da Convenção de quero que examinem a censura porque Viena, que diz que não existe direitos hu- ela foi prejudicial ao Brasil. Por exem- manos empiricamente, mas, sim, direitos plo, a prisão e o exílio de Caetano Veloso humanos culturais, econômicos, sociais e e Gilberto Gil? Eles eram ligados a algu- ambientais. Lutamos por todos os direitos ma organização? Não. O que eles eram? do homem: o direito ao trabalho, direito à Grandes músicos e grandes poetas. Isso comida, à sobrevivência, à vida, à moradia. incomodava. Esses caras grandiosos, de 12
  • 13. Rose Nogueira e o filho, ainda bebê, no Ibirapuera grande pensamento, incomodavam a di- de leso à humanidade, a tortura é crime e tadura. A ditadura era burra, altamente não prescreve. burra. A ditadura não suportava que você estudasse e baixou o nível de ensino E por que existem pessoas que para não formar gerações críticas. Até duvidam da possível eficiência hoje a educação está desqualificada, e da comissão da verdade? nós não conseguimos recompor a educa- ção da minha geração. Porque elas acham que direito à verdade é pequeno. Não, ele é grande e tão im- portante quanto direito à justiça, à re- Existem algumas pessoas que paração, à memória. Agora, a Comissão se contrapõem à Comissão da da Verdade não é tribunal. Ela encami- Verdade com a Lei da Anistia, nha para a justiça, e o ministério públi- pois acreditam que ambas não co federal que faz a denúncia. A Comis- vão conseguir coexistir. Qual são pode condenar sua opinião? moralmente, mas não É a favor da Constitui- “Você não pode achar pode condenar à pri- ção. A Comissão da Ver- que vai fazer justiça são. Eu acho que eles dade está na constitui- com as próprias mãos, têm que ser condena- ção, o direito à justiça, à dos a trabalhos co- transição. A lei da Anis- senão você se iguala a munitários. Eles não tia é de antes da ditadu- eles. Você vira crimi- precisam ir para a ra, de muito antes da prisão, lá eles teriam noso também” constituição. Eu não regalias. Mas você quero considerar uma não pode achar que lei de 1979, eu quero considerar a cons- vai fazer justiça com as próprias mãos, tituição, de 1988. A lei da Anistia foi senão você se iguala a eles. Você vira cri- para a volta dos exilados, não foi pra minoso também. Nós somos diferentes, anistiar torturador, porque isso é crime muito diferentes. Foto: Arquivo/Rose Nogueira 13
  • 14. NO SEU BOLSO PARADO, NÃO! Por Tatianne Fransciquetti Dinheiro sem movimentação não favorece em nada sua situação financeira e ainda prejudica a economia brasileira D urante toda a vida ativa no mercado de trabalho, uma preocupação nor- teia a maioria das pessoas: como se prepa- vez menos”. Além disso, o montante fi- nanceiro mantido fora do mercado eco- nômico pode até mesmo prejudicar tran- rar para a saída efetiva desse mercado e sações monetárias exercidas por outras para a entrada na aposentadoria? A orga- pessoas. Braga explica que “levando em nização para o período é imprescindível, conta a especulação bancária, o mesmo mas, após conquistar a almejada estabili- dinheiro que você aplica seria usado para dade financeira nessa faixa etária, o que fazer empréstimos para outras pessoas, fazer com o patrimônio que você levou que vão fazer algum investimento, algum anos para construir? consumo, algo nessa linha. Então, o di- Mantê-lo fora de atividade, em sua conta nheiro parado acaba tirando os recursos bancária, não é a melhor opção. Econo- desse outro lado”. mista e executivo de uma empresa de Algumas pessoas da terceira idade já en- consultorias, João Guilherme Braga rela- contraram a resposta para esse dilema. ta que o dinheiro parado perde o valor: Segundo informações do último levanta- “por causa da inflação. As coisas come- mento da consultoria QuoromBrasil, çam cada vez a custar mais caro, e o di- 34% dos integrantes da terceira idade nheiro parado consegue comprar cada preferem investir na poupança. Empata- Foto: Sxc – 16, out, 2012 14
  • 15. dos em segundo lugar na preferência des- se público, com 6%, estão os investi- mentos em fundos e em imóveis, seguidos Proporção dos investidores da Bolsa de Valores, de acordo com a faixa etária. por apenas 2% que optam por investir (em agosto de 2012) em ações. Esses 2% são, contudo, significativos para a bolsa de valores. De acordo com dados fornecidos pela BM&FBovespa, aproxi- madamente 29% das contas de seus in- vestidores são de pessoas com mais de 56 anos (veja os gráficos). Em 2011, os inves- tidores com mais de 66 anos representa- vam pouco mais de 11% do total da BM&FB e, considerando apenas essa faixa etária, o crescimento foi de 2%. Valor investido por faixa etária (em R$ bilhões) 15
  • 16. Apesar dessa quantia não representar a Coelho escolheu seu investimento avalian- maioria (46% dos investidores têm entre 26 e do seu histórico, e acredita que “o risco é 45 anos), o valor aplicado pelo público com bem maior, mas o retorno é bem maior”. mais de 56 anos chega a ultrapassar os R$ 67 Para diminuir os riscos, Braga aconselha a bilhões (veja gráfico na página anterior), o “dividir investimentos, não colocar todos que representa uma fatia de quase 63% do os ovos na mesma cesta”. Conforme afir- total investido no mês avaliado (agosto/2012). ma, o mais indicado é escolher um investi- mento menos agressivo e mais certo, que proteja o patrimônio e garanta uma renda segura, mesmo que o retorno seja menor e que se opte também pelas ações. É o caso de Coelho, que utiliza os frutos de seus investimentos para comprar imóveis, o segundo colocado na preferência dos investidores. Para Braga, os integrantes da terceira idade já identificaram, com o pas- sar do tempo, que o ramo imobiliário re- presenta um investimento muito seguro. Segundo ele, o imóvel é uma alternativa para não perder dinheiro, por ser passível de valorização. Mário Rufini Filho, 66 anos, já se deu conta disso, e utiliza seu dinheiro para investir em imóveis. “Os rendimentos Prédio da BOVESPA no centro de São Paulo das aplicações no banco é muito peque- no, então vale muito mais a pena, hoje, Pedro Coelho, 60 anos, é um dos que op- você investir em apartamento, em resi- tam por investir em ações. Em sua opinião, dência, e ter um retorno com o lucro “as aplicações normais pagam muito pou- imobiliário”, afirma. co, as ações pagam bem mais”. Para Braga, Conforme conta, Rufini Filho começou a alguns cuidados são essenciais ao se cogitar investir com o intuito de garantir uma qua- esse tipo de investimento: “Estudar bastan- lidade de vida melhor: “Não dá para a pes- te, é saber em que tipo de empresa você soa sobreviver só com um salário, e, por quer investir, e saber qual é o objetivo. O causa disso, eu fui pensando em investi- jeito mais seguro de investir na bolsa é co- mentos em imóveis, que dão uma liberda- nhecer no que você está investindo”. de. Quando você aplica no banco, o retorno Foto: Walace Toledo 16
  • 17. Mário Rufini Filho e a esposa, Sueli Macedo Moraes Rufini: investimentos garantem uma qualidade de vida melhor que você tem não usufrui, porque deixa lá Apesar de todos os pontos positivos, Braga para acrescentar. Mas quando você compra ressalta que esse tipo de investimento tam- um bem, se beneficia e gasta o dinheiro. Eu bém tem seus defeitos, especialmente se acho que quando chega em uma certa ida- levarmos em conta sua liquidez, que é “o de, você tem que pensar assim”. quão rápido você consegue transformar isso em dinheiro, para poder usar em outra Outros fatores que influenciaram sua deci- coisa”, explica. são são as parcas margens de lucro ofereci- das pelos investimentos bancários: “Banco Ao pesar todos os prós e os contras de cada ganha muito, você pega aí o cartão de cré- tipo de investimento, é possível que a dúvida na hora de escolher um deles não se dissipe. dito, é 10%, 12% ao mês, e o cara que tem Afinal, nenhum deles é totalmente perfeito, investimento vai pagar 0,4%, 0,5%”. tampouco completamente inadequado. O Além disso, ele também levou em conside- mais importante, para Braga, é pensar em ração a possibilidade de deixar um bem físi- para que você quer investir. Guardar dinhei- co para seus descendentes e de lucrar não ro? Consumir mais? Viajar? Deixar para os somente com a valorização dos imóveis filhos? A dica é avaliar as opções com seus comprados, mas também com seus aluguéis. objetivos em mente e, depois, se informar “Se você pegar os aluguéis e guardar, você bem sobre o escolhido. tem ajuda para comprar outro”, acrescenta. Foto: Tatianne Francisquetti/Equipe 17
  • 18. NA REDE NASCEU ASSIM A VOVÓ NEUZA... Por Neuza Guerreiro de Carvalho “Estou naquela idade inquieta e duvidosa cantinho da sala nós o instalamos. Aos pou- que é um fim de tarde e começa a anoitecer” cos, fui aprendendo por ensaio e erro. Mor- (Machado de Assis). ria de medo de perder o que tinha feito – e devo ter perdido muito. F oi nessa idade que eu literalmente “trope- cei” na informática. Meu filho estava mo- rando aqui e, com ele, veio toda a parafernália Arranjei uma escola, mas ela faliu. O pro- fessor veio me dar aulas em casa, mas era que o caracteriza. Na mesa da sala, embora devagar, quase parando. Dispensei-o e grande, quase não cabiam os computadores e continuei sozinha. periféricos que ele usava para trabalhar. Meu marido não se ligava muito a essa tec- Relaciono essa fase à presença ainda viva nologia por não gostar mesmo e por sua do Ayrton (meu marido), minha mãe, deficiência visual. Tentamos motivá-lo, co- com pouco tempo de viúva, e meu filho locando na tela letras enormes. Nem as- com sua vocação de polvo, que ocupava sim. Por isso, custei a convencê-lo a com- toda a casa. Mudanças dos móveis, lugares prar para mim um computador mais da casa com caixas e caixas. Os netos gê- moderno, o que consegui em 1999. meos, sempre por aqui, aumentavam para Depois que Ayrton se foi, passei um tempo seis o número de familiares. Uma zona. desligada do mundo. Acho que só em 2001 recomecei a escrever e a usar o computador. Por volta de 1995 meu contato com meu filho e netos gêmeos, então com 10 anos, Fui aprendendo, mas só o que preciso. Não era grande. Quando eles conversavam en- dá para aperfeiçoar cada programa, pois fico tre eles, eu me sentia totalmente margina- devendo aos outros. Com o Page Maker es- lizada. O que eles falavam parecia chinês. crevi meus livros editados. De Photoshop Eu não entendia nada. sei o essencial. Para imprimir etiquetas uso o Pimaco. Para gravar CDs tinha o Nero. O Não me agrada ficar “por fora”, e o jeito foi Power Point serve para montar palestras. Pi- entrar no mundo deles. E, assim, a infor- casa para agrupar todas as fotos de todos os mática entrou na minha vida. tempos. O desktop é um Google do compu- Eu estava começando a escrever a nossa His- tador. O Word - com Office 2003 - é o mais tória de Vida, e em letra cursiva não dava. usado e, se atualizado, ajuda muito. O Me- Máquina de escrever não se encontrava, e dia Player permite ouvir. Com o Excel, fiz meu filho me “presenteou” com um compu- linhas do tempo da história da música e da tadorzinho simples que hoje seria chamado arte. Com o Skype, converso com minha fi- de “dinossáurico”, que ele descartou. E no lha que está na Itália, falo o quanto quero e 18
  • 19. não pago nada. E se a WebCam é boa, nos Desde 2008 passei a usar o blog como vemos em tempo real. meio de divulgar meus textos. Faço co- Paralelamente a tudo isso, entra a Internet, mentários pessoais e sempre procuro rela- nosso mais atual meio de comunicação. cionar a um contexto social e familiar. Dá Em 1997 já me relacionava com ela por- bastante trabalho para abastecer, mas é que foi através do Museu da Pessoa que muito gostoso. minhas histórias de vida pessoal e da famí- Como não podia deixar de ser, entrei na lia foram para o ar. Cheguei a ter, segundo onda da moda: o Twitter. Gostei, só posso eles, umas mil páginas. Abasteci durante publicar no máximo 140 caracteres, mas muito tempo o site do Museu. dou meu recado, seja ele divulgação, críti- Através da Internet, muitas pessoas me acha- ca ou informação. Facebook uso pouco. ram (ex-alunos, antigas amigas), e eu achei Não há tempo para uma correspondência muita gente. E há muitas histórias para con- com todos os amigos listados. tar. Acho que foram os netos que me propu- Uma pergunta sempre é feita: no que o seram o nome de Vovó Neuza. Pegou. Todo uso da informática e da Internet mudou mundo gosta e é fácil de guardar. minha vida. Tenho um mailing muito grande e me cor- Além das coisas óbvias que sempre falo, respondo com muita gente. Coisas sérias. acabei por lembrar uma coisa importante: Não gosto de repasse. Quando escrevo, es- fui construindo um novo vocabulário. No- queço-me da vida. Escrevo como se estivesse vas palavras foram aparecendo, e, mesmo falando e por isso é bom. Não são mensa- sem a agilidade dos mais novos, fui assimi- gens telegráficas. Tenho amigos na Espanha, lando e integrando-as ao meu mundo. na Suécia, na Itália (Jurema, minha filha), Então, o que mudou muito na minha vida Nova Zelândia e Portugal, com os quais me foi o VOCABULÁRIO. comunico em tempo real se quiser. Mas pre- firo por e-mail, porque escrevo a hora que Hoje até falo “Informatês”... Normal para eu quero e também leio quando posso. Não a moçada; não tão comum para uma mu- me ajeito com MSN. lher de mais de 80 anos. Foto: Arquivo pessoal 19
  • 20. PARA SABER ALÉM DO ACADÊMICO Por Juliana Veloso A troca mútua de conhecimentos e experiências entre professores e alunos é o diferencial da UATI U ma sala de aula igual a qualquer ou- tra, só que com disciplinas um pou- co fora do comum. Psicologia e fotografia manter a mente ativa e traz excelentes be- nefícios para essa nova categoria de uni- versitários. se misturam com artesanato, oficina da Localizada na Vila Clementino - zona memória e debates sobre variados temas. Sul paulistana -, a pequena universidade A energia de uma grande família é evi- é repleta de alunos com uma boa baga- dente. Motivação não falta. Esse é o retra- gem cultural e acadêmica. Para a coor- to das quatro turmas de mais de 50 anos denadora Claúdia Ajzen, “a experiência da Universidade Aberta à Terceira Idade de trabalhar junto a um público que (UATI). O estudo, além de ser o ponto sabe o que quer é um privilégio e uma de partida para novas amizades, ajuda a experiência enriquecedora em todos os Foto: Adriana Nascimento/Equipe 20
  • 21. sentidos”. Durante a entrevista, a ani- mação e a interação era algo nítido. O motivo? A aula sobre as diferenças do cérebro masculino e feminino. “É sem- pre assim”, ressalta a coordenadora. “Quando chego aqui pela manhã, mui- tas vezes cansada, tenho vergonha de es- tar de mau humor” completa. A oportunidade de estudar, se atualizar, fazer intercâmbio de ideias levou Lur- des Beatriz, 73, à UATI. Viúva e com os filhos criados, Bia - como é conheci- da pelos colegas - diz que nunca quis “vestir o pijama”. Ela adora viajar e es- Bia já fez três cursos de idiomas e este ano tar em grupo. Recentemente, embarcou resolveu voltar para a UATI rumo à Argentina, e a próxima parada está marcada para janeiro: um cruzeiro tanto, para mim, é uma experiência muito nas férias. enriquecedora. Posso dizer que eu aprendo Durante o tempo em que cursou espanhol mais do que ensino”, diz. “Muitas vezes, e inglês, Bia diz ter sentido muita falta da eles trazem temas novos que sou obrigada a pesquisar. Isso sem falar das lições de vida, união dos colegas de classe da UATI. “Às do interesse e da disposição apresentados. vezes, você está negativa porque aconte- Eles superam qualquer aluno de uma escola ceu alguma coisa com você, mas quando convencional”, acrescenta. converso com os colegas daqui, vejo que muitos deles têm mais problemas do que eu, daí percebo como minha vida é mara- Metodologia baseada nos pilares da vilhosa”, revela. educação Quando questionada sobre qual o maior No início de 2001, foi criado o programa desafio de lecionar para a terceira idade, EXA-UATI que tem como objetivo não Maria de Lourdes, que trabalha há 12 anos excluir do mundo estudantil os alunos na UATI, afirma que o diálogo é a parte impossibilitados de se locomoverem até a mais difícil. “A comunidade é muito hete- universidade. Cursando atualmente uma rogênea, há pessoas com uma bagagem cul- extensão universitária, Norma Anbar, 61, tural ou acadêmica extensa, enquanto exis- é uma das alunas convidadas para presidir tem outras semianalfabetas ou até esse curso. Ela, que não havia cursado o analfabetas”, declara a professora. “No en- nível superior, destaca a importância que Foto: Adriana Nascimento/Equipe 21
  • 22. “A UATI mudou a minha vida”, declara a coordenadora Cláudia Ajzan a UATI teve e tem em sua vida. Para ela, o Anbar. Os alunos, para saírem formados, convívio e a troca de ideias tornam a uni- precisam ter no mínimo 75% de fre- versidade única. “Foi aqui que fiz o meu quência nas aulas. O curso tem duração TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), de oito meses e não exige comprovante fui oradora de turma, onde coloquei a algum de escolaridade. beca. Enfim, é aqui que me considero for- Com uma extensa lista de espera - pois, mada”, declara emocionada. por ser gratuita, não são liberadas muitas “Na realidade, a UATI não trabalha com vagas -, os homens são bem-vindos e pra- um currículo de formação acadêmica es- ticamente “pescados”, como diz a própria pecífico, mas com pilares da educação, coordenadora Ajzen. “Temos mais alu- tais como psicologia, direito, adminis- nas, o universo já está feminino, o univer- tração, oficina de memória, artesanato, so idoso então é mais feminino ainda. A artes plásticas, música, espiritualidade, gente dá prioridade para os homens na fotografia, aulas sobre o estatuto do ido- lista de espera. Mulher que vem com o so, administração do lar e, muitas vezes, marido tem sorte, porque ela entra na administração da própria vida”, conta frente, junto com o marido. Em determi- Foto: Adriana Nascimento/Equipe 22
  • 23. “A UATI, pra mim, é a oportunidade de dar continuidade aos meus conhecimentos”, afirma Souza nada época tínhamos 35% de homens. conta que a oportunidade de estudar aos Atualmente, deve ter uns dois ou três no 80 anos o deixa muito contente e entu- máximo por turma”, revela. A UATI pos- siasmado. De família humilde, Carmínio sui mais três unidades: Santo Amaro, nunca teve a oportunidade de se formar, e Embu das Artes e Santos. hoje vê a importância que o estudo tem Mesmo com muito mais mulheres do que em sua vida. Orgulhoso, ele revela que o homens, a equipe da Plus Magazine con- estudo foi algo que ele mesmo proporcio- versou com um dos poucos alunos da nou à sua filha. “Ela foi obediente. Tudo UATI. O músico Carmínio José de Souza, que eu falei ela seguiu, mesmo discordan- 80, além de cantar no coral do Mackenzie do. E hoje ela está em uma boa posição. É e tocar em uma banda, também está no gratificante, porque isso me mostra que fiz grupo às terças e quintas-feiras. Ele nos o certo”, celebra. Foto: Adriana Nascimento/Equipe 23
  • 24. NA ATIVIDADE EXERCÍCIO FÍSICO + ADRENALINA; EQUAÇÃO PARA QUALQUER IDADE Por Tatianne Fransciquetti Arvorismo, mergulho, trekking, rafting, surf... As opções são inúmeras e os esportes de aventura têm, desde a década de 1980, atraído um público cada vez maior. A novidade é que, antes considerada um limite, a idade deixou de ser motivo para desconsiderar a prática. Esportes de aventura, hoje, são uma possibilidade para todos... A “ idade cronológica e a idade biológica estão longe de coincidir sempre: a apa- rência física informa mais que os exames Os avanços científicos e tecnológicos na área da saúde refletiram não apenas no au- mento da expectativa de vida do brasileiro fisiológicos sobre a nossa idade. Esta não (calculada em 73 anos, de acordo com da- pesa da mesma maneira sobre todos os om- dos estatísticos do Censo de 2010 divulga- bros”, já dizia Simone de Beauvoir e nos dos pelo IBGE), mas também na disposição comprovam os integrantes da terceira idade física e na vitalidade de quem integra a faixa de hoje em dia, que trocaram o crochê e o etária acima de 60 anos. Essa melhora, so- xadrez por uma dose maior de radicalidade. mada à estabilidade e à independência Foto: Sxc – 18, out, 2012 24
  • 25. financeira desse público, possibilitou a des- coberta e a exploração de novas atividades físicas e de entretenimento. Os esportes de aventura surgiram nos anos 80, inicialmente dirigidos apenas a um pú- blico mais jovem. Nos últimos anos, no entanto, a procura da terceira idade por esse tipo de modalidade esportiva despon- tou e tem se mantido estável desde então. Integrante da equipe de Marketing da Pisa Trekking, empresa de esportes de aventu- ra, Rafael Farias prevê um aumento para os próximos anos, já que, de acordo com sua visão, “as pessoas que estão chegando à terceira idade agora são mais ativas do que as pessoas que já estão na terceira idade”. Para os que receiam os riscos à saúde, vale saber que, quando efetuados com acom- panhamento médico e monitorados por profissionais especializados, os esportes de aventura não oferecem perigo. Para a geriatra Dra. Izabel Nicodemos, os espor- tes de aventura, “desde que sejam feitos com toda parte de segurança e com pro- fissionais treinados supervisionando, são seguros”. Contudo, ela salienta que é ne- “Esportes de aventura remetem à infância” cessário realizar um check-up médico an- Rafael Farias tes de iniciar a prática esportiva. “Eles Farias defende que a exigência de um ates- têm que passar por uma consulta médica, tado médico é necessária e que não é o na qual nós vamos verificar como está a único cuidado tomado na agência. “A pes- parte cardiológica, se não tem nenhuma soa tem que preencher alguns requisitos. A obstrução, nenhum risco grande de ter gente sempre conversa, para saber um um infarto, além da questão pulmonar, pouco do histórico, para ver se é uma para ver se eles aguentam, principalmente pessoa ativa, pratica esportes”, afirma e pela questão de altura”, explica e ressalta completa dizendo que, através dessa con- que, estando com os exames médicos versa, é possível avaliar quais são as ativi- atualizados e saudáveis, não existe nenhu- dades mais indicadas para cada um. ma restrição para a prática dessa modali- Para ele, a idade não é barreira para a reali- dade esportiva. zação de nenhuma atividade, sendo muito Foto: Tatianne Francisquetti/Equipe 25
  • 26. mais importante levar em conta a resistên- cia física de cada um. Ao falar sobre o as- Check-list sunto, Farias relata um caso ocorrido du- Eu posso? rante um trekking em Machu Picchu: “tivemos um grupo que tinha um senhor Preparamos uma listinha com alguns pontos importantes para sua saúde e de 70 anos e uma menina de 20 anos. Essa para melhor aproveitamento da menina de 20 teve que subir na mula umas atividade. Acompanhe abaixo, para não cinco vezes para conseguir concluir o traje- esquecer nada! to. Enquanto o senhor de 70 anos era sem- pre o primeiro na trilha”. • Realizou um check-up médico recentemente e obteve, nos exames Observados todos os cuidados necessários, realizados, um bom resultado? os esportes de aventura trazem diversos be- • Escolheu o esporte de aventura de nefícios. Além das vantagens advindas de acordo com suas preferências e qualquer exercício físico, essa modalidade procurou uma agência especializada esportiva também favorece a interação na realização e acompanhamento do com outras pessoas e com a natureza, con- esporte selecionado? forme relata Dra. Izabel. “Melhora a de- pressão, melhora a ansiedade... O contato • Procurou conhecer, com detalhes, o dele com o ambiente externo, ter que sair histórico da agência? de casa para fazer uma coisa que goste, • Conversou com representantes da uma atividade de lazer, tudo isso vai trazer agência sobre as questões de benefícios para ele em todos os aspectos: segurança e atendimento médico social, psicológico e médico”, explica. emergencial, caso necessário? Farias destaca que esse não é o único fator • Conversou com seu médico e com que atrai o público da terceira idade. Além representantes da agência sobre sua de possibilitar o fortalecimento de múscu- resistência física, relacionada ao esporte que você escolheu praticar? los e tendões, no caso do trekking, exemplo Verificou se a intensidade da que usa, a possibilidade de fazê-lo em meio atividade escolhida é compatível com a natureza é substancialmente motivadora. as atividades que você costuma “Eles podem fazer uma simples caminhada exercer (caso exijam esforço físico, em qualquer lugar aqui em São Paulo. Es- como o trekking)? tar na natureza, acho, é uma coisa que mo- tiva um pouco mais”, detalha. A isso, ele • Passou todas as suas informações médicas necessárias para a prática acrescenta a possibilidade de fazer novos esportiva para a agência escolhida amigos e um sentimento rejuvenescedor. (como, por exemplo, restrições Para ele, a terceira idade é atraída, princi- alimentares no caso de camping)? palmente, pela associação da natureza com o passado: “os esportes de aventura reme- Então, se prepare, porque a próxima tem à infância. Você está solto no meio do aventura é sua! 26
  • 27. João Fernandes da Costa Filho, em frente à pista de pouso do centro de paraquedismo de Boituva mato, com pouca estrutura, as pessoas aca- diferente da época em que eu comecei, tinha bam lembrando um pouco da infância”. poucos recursos. Agora tem tantos recursos, Apesar disso, de acordo com Farias, a maior tanta tecnologia, que é tudo muito fácil”. procura da terceira idade é por passeios cul- Atualmente, existem diferentes modalidades turais, como as atividades que envolvem ca- de saltos, além de ser possível escolher entre minhadas com menor nível de dificuldade e o salto individual, que exige um curso do que passem por pontos históricos ou que esportista, e o salto duplo, no qual o para- permitam conhecer outras culturas. Confor- quedista iniciante é acompanhado por um me explica, os integrantes da terceira idade instrutor especializado. “gostam de conhecer as coisas, não simples- O ponto positivo do paraquedismo é que a mente ver. Gostam de conhecer um pouco resistência física, destacada por Farias, não da cultura, ver como as pessoas vivem, a ali- é tão necessária. Ainda é necessário consul- mentação, as moradias, essas coisas”. tar um médico e estar com a saúde em dia, João Fernandes da Costa Filho, de 66 anos, mas, conforme explica Costa Filho, não é não faz parte dessa maioria. Paraquedista um esporte com muitas limitações. Tanto há 44 anos, afirma não ser mais capaz de que, além de não ter pretensão nenhuma abrir mão da prática: “Eu comecei por de parar, o paraquedista ainda repassou a curiosidade. E até hoje estou tentando pa- paixão pelo esporte a seus descendentes. rar e não consigo”. “Meu filho já está com nove mil saltos. Além de praticar o esporte, Costa Filho tam- Meu neto, de 17 anos, começou ano passa- bém pilota aviões para os saltos. Para quem do, já está com mais de 500 saltos. Minha tiver vontade de experimentar, ele aconse- esposa já saltou, minha filha também já sal- lha: “Só procurar uma boa escola e fazer um tou, meu genro só faz isso. Então, se eu pa- curso bom, não tem erro. Hoje é muito rar de saltar, vou levar bronca”, brinca. Foto: Tatianne Francisquetti/Equipe 27
  • 28. O NÍVEL DA ADRENALINA - Adrenalina baixa, para curtir o passeio. - Adrenalina média, para acelerar o batimento cardíaco. - Adrenalina alta, para deixar os cabelos em pé. Paraquedismo É uma das modalidades que menos exige esforço físico e que menos exercita. Em compen- sação, é uma das que garantem mais adrenalina. Utilizado, por algum tempo, apenas como meio de enviar socorro e suprimentos para luga- res em guerra e inacessíveis, hoje em dia também é um dos esportes de aventura mais radi- cais e emocionantes que existem. É muito importante, antes de praticar essa atividade, procurar profissionais altamente preparados e devidamente credenciados. Nível: Arvorismo Uma atividade com origem curiosa, que surgiu da necessidade de biólogos e pesquisadores se deslocarem de uma árvore para outra durante seus estudos. Somente nos anos 90, com o aprimoramento de técnicas e equipamentos, essa prática pas- sou a ser uma atividade física esportiva e de lazer. Além da óbvia interação com a natureza, a atividade beneficia o equilíbrio e a coordenação motora. Outra vantagem do arvorismo é a grande variedade de lugares em que pode ser praticada: o Brasil possui uma flora rica, e uma grande área propícia para a modalidade. Nível: 28
  • 29. Rafting Garantia de diversão e adrenalina, o rafting consiste em descer uma corredeira a bordo de um bote, ultrapassando obstáculos naturais, como pedras e quedas d’água. É, nor- malmente, praticado em grupo e, assim como o trekking, possui vários níveis de dificul- dade. É uma das modalidades que mais cresce, por se tratar de uma atividade que não exige esforço físico acentuado, deixa o esportista em contato direto com a natureza e oferece emoção e, ao mesmo tempo, segurança. Nível: Biking É parecido com um trekking. Mas sobre duas rodas. É um acentuado exercício aeróbico, que fortalece diversos músculos e aprimora a resis- tência e a destreza. Para praticá-lo, atente-se aos seus hábitos: caso esteja um pouco fora de forma, não tente se aventurar por terrenos acidentados e fazer viagens muito longas. O lugar pode variar. O objetivo da atividade é realizar, de bicicleta, trajetos com irre- gularidades e obstáculos, por isso pode ser praticada em trilhas, montanhas e parques. Nível: Trekking É uma atividade que consiste em fazer longas caminhadas ou trilhas, em contato com a natureza. A vantagem do trekking é que, além de fazer o esportista se exercitar, ele pode ser encarado como uma forma de relaxamento e prazer, que o leva a entrar em contato direto com a natureza e a conhecer lugares diferentes, inusitados, ou até mes- mo históricos. Fisicamente falando, o trekking é uma atividade aeróbica que trabalha fortemente os músculos das pernas e do quadril. Os lugares para executar essa prática esportiva são incontáveis, já que o Brasil é um país rico em paisagens belíssimas. Aten- te-se, apenas, à sua resistência física. Se você não está acostumado a se exercitar, opte por trilhas menores e menos acidentadas. Nível: 29
  • 30. PARA VIVER BEM ADICIONE E COMPLETE Por Larissa Leonardi Hoje em dia, você pode escolher um tratamento alternativo para complementar a já conhecida medicina convencional. São inúmeras opções que se adequam aos mais diversos per�is e idades Foto: Shutterstock – 15, out, 2012 30
  • 31. H irudoterapia. Você já ouviu falar nisso? Achou o nome estranho? E sanguessuga, você conhece? As duas pala- vras estão diretamente relacionadas, por- que a técnica de hirudoterapia consiste em utilizar sanguessugas para tratar certas doenças. É a antiga (e conhecida) medici- na alternativa. Trata-se de um tratamento antigo. No Egito, anos antes de Cristo, foram encon- trados indícios de um médico que utiliza- va a reflexologia - método que estimula pontos que ligam o corpo humano, feito nos pés e nas mãos para tratar determina- das patologias. À medida que os estudos foram aprofun- dados, a técnica evoluiu e, hoje, tem mais credibilidade. As pessoas têm mais con- fiança na nova opção e, no dia a dia, é “Alguns pacientes precisam de algo a mais” comum ouvir alguém dizer que está to- Dra. Iris Moura mando um chá para tratar algum proble- A procura por esses tratamentos faz com ma. E esse chazinho não é apenas um tra- que cada vez mais surjam novos locais que tamento caseiro. O uso de plantas com ofereçam esses serviços. Tanto que, em finalidade medicinal é reconhecido ofi- 1986, em Goiânia, surgiu o Hospital de cialmente pela Organização Mundial de Medicina Alternativa (HMA). Este local Saúde (OMS). tem como principal objetivo promover o bem-estar físico e mental de seus pacientes Além de reconhecer os tratamentos fitote- por meio de terapias alternativas. Além rápicos (medicamentos naturais), a OMS dos tradicionais exercícios, o hospital tam- indica a homeopatia, uma antiga técnica bém cultiva e manipula plantas medici- que identifica o problema de cada indiví- duo, tratando-o como único e, conse- nais e distribui os remédios para aqueles quentemente, indicando um tratamento que procuram uma nova forma de tratar específico para a sua patologia. O médico suas doenças. homeopata procura a causa do problema e Mesmo com toda a eficácia das técnicas, a o trata. O especialista acredita que os sin- medicina convencional não pode ser dis- tomas são uma reação natural do corpo pensada. “O resultado do tratamento alter- contra a doença, por isso, através de um nativo, associado ao tratamento convencio- sistema de cura natural, estimula a pessoa nal, é mais eficaz. E os resultados podem a restaurar sua saúde de dentro para fora. ser vistos em um período menor do que se Foto: Larissa Leonardi/Equipe 31
  • 32. fossem usadas de maneira desassociadas”, Para entender melhor os benefícios do explica a Dra. Iris Moura. Para ela, “o mais lian gong, o professor de todo o grupo, importante é a aderência do paciente ao Heber Koitiro, explica que “a técnica é tratamento, independente de ser medicina uma ginástica de fins terapêuticos e pre- convencional ou alternativa. O ideal é sem- ventivos”. Criada na China, na década de pre as duas estarem em conjunto. Alguns 1970, pelo médico Zhuang Yuan, a mo- pacientes conseguem responder melhor ao dalidade também oferecia aos seus pacien- tratamento alternativo principalmente pela tes sessões de acupuntura e meditação. No aderência a esse tratamento”. Brasil, foi trazido pela professora Maria A médica fala também sobre um impor- Lucia Lee e caiu no gosto da população. tante fator: política de saúde. Moura expli- “Quando o lian gong é praticado, você tra- ca que “a medicina alternativa no sistema balha todas as suas articulações de uma for- público de saúde não consegue abranger, ma que beneficia a liberdade de movimen- por exemplo, a população de idosos que a to. Então, você passa a encarar o problema gente tem hoje”. Em alguns casos, ela diz como um desafio a ser superado, e é isso que uma ótima saída a um paciente com que faz bem à autoestima”, explica o pro- dor é receitar os medicamentos e indicar fessor. Orgulhoso, ele conta que uma de um tratamento alternativo. Isso ajuda a suas alunas, depois de um mês participan- melhorar a qualidade de vida. do das aulas, pôde voltar a pentear seu ca- E é em busca disso que a aposentada Fran- belo sem precisar da ajuda da filha. “Parece cisca de Araújo, de 65 anos, vai ao Parque uma coisa banal a atividade de pentear o da Aclimação todas as sextas-feiras de ma- cabelo, mas deixou a pessoa bem, porque nhã ter aula de lian gong. Apresentada à deu a ela um grau de liberdade”. A técnica técnica por uma amiga, a senhora come- não tem restrições de idade e é muito indi- çou a treinar através de um programa de cada para o público da terceira idade. TV. Em um dia de passeio pelo parque, por coincidência, encontrou um grupo praticando a atividade. Então, de 2003 em diante, não passa uma única semana sem ir à aula. “Manter em forma minha condição física o máximo que conseguir”, é isso que incentiva Francisca a não deixar de fazer os exercícios. “A autoestima me- lhora. Você tem que preservar o seu físico para não parar de executar as tarefas. Por isso, estou sempre aprimorando, buscan- do e praticando”, revela. Ela conta que sempre chama os filhos e os amigos para participarem com ela. Professor Heber Koitiro em aula Foto: Adriana Nascimento/Equipe 32
  • 33. Existem pessoas, como Dalva Soares, de 73 anos, também aposentada e frequentadora das aulas no Parque da Aclimação, que pro- curam fazer diversas atividades. Dalva tam- bém faz yoga e garante que os exercícios são responsáveis por garantir disposição para fazer as atividades do dia a dia. Mas, como dificilmente um assunto tem aceitação geral, há pessoas, como Leonar- do Ferreira, de 21 anos, que não acredi- tam nos benefícios da medicina alternati- va. “Cientificamente, não acredito em Alunos em aula de lian gong medicina alternativa, acredito em resulta- dos positivos motivados pela crença de na medicina alternativa uma nova vida ao de- utilização do método”, esclarece. Apesar positarem esperanças em novos tratamentos. de não dar créditos ao tratamento, Ferrei- E, para os curiosos de plantão, Dalva dá a ra explica que, dependendo da técnica e dica: “Os exercícios me dão mais alegria das melhoras que ela proporciona, talvez de viver, positivismo, bom humor e agili- até se deixasse seduzir e praticasse. dade. Tudo isso junto do equilíbrio físico, O caso do Guilherme Martini, 21 anos, é mental e espiritual – que é um conjunto”. um pouco mais específico: ele não acredi- ta nos benefícios da medicina não con- vencional, mas fez um teste para esclarecer SEPARANDO O suas dúvidas. “Já utilizei uma técnica em JOIO DO TRIGO que alguns pontos específicos do corpo Por Ingrid Taveira são tocados. Algo como acupuntura, mas sem agulhas. No caso, o problema que eu O que leva a sociedade a rejeitar algo? Pre- tinha melhorou, mas muito tempo depois conceito? Apego às tradições e culturas já do tratamento. Não tendo como compro- estabelecidas? Ou, talvez, um conhecimen- var sua eficácia”, afirma. E, por isso, não to – deturpado – sobre o assunto? Conhe- troca o bom e velho remédio para tratar cimento que pode até mesmo impedir a suas doenças. Ele ainda completa: “Eu compreensão. Joio e trigo se confundem nunca vi nenhuma comprovação científi- em uma plantação. Em um plantio de tri- ca provando que realmente essas técnicas go, encontramos a erva ruim, que é o joio. podem produzir algum efeito de cura”. Da mesma forma, em um plantio em que Apesar de os dois jovens se manterem atrela- prevalece o joio, podemos nos deparar com dos ao convencional e não acreditarem nas o trigo. Podemos isolar a parte boa da parte técnicas que evoluíram junto com a ciência, má. Um exemplo disso é a erva cannabis, os integrantes da terceira idade encontraram popularmente conhecida como maconha. Foto: Adriana Nascimento/Equipe 33
  • 34. De acordo com a professora Ruth Gallily, uso não é exclusivo em fumo. Remédios à especialista em imunologia da Universidade base de CBD, por exemplo, teriam um Hebraica de Jerusalém, uma das substâncias preço muito mais baixo que os medica- da erva cannabis - o canabidiol (CBD) - tem mentos convencionais no tratamento de propriedades benéficas e significativas às algumas doenças. pessoas que sofrem de diabetes, artrite reu- Além disso, especialistas desenvolveram matoide e doença de Crohn, um problema um tipo de maconha que neutraliza o Te- crônico inflamatório intestinal. trahidrocanabinol (THC), substância res- Mas muita calma nessa hora! Antes de ponsável pela dependência e pelos efeitos imaginarmos cigarros de maconha sendo psicológicos e cognitivos, ou, na lingua- receitados deliberadamente pelos médi- gem popular, a brisa, o momento que a cos, vamos aos fatos: a cannabis possui mente “viaja”. Sendo assim, é provado substâncias sedativas que podem ser iso- que há a possibilidade de separar o lado ladas e utilizadas de diversas formas, seu bom e o lado ruim da maconha. Com um semblante risonho, pele rosada e quase sem rugas, Maria Madalena Pereira não aparenta ter 63 anos. Quem a vê não acredita, mas há alguns anos a artrite a deixou de cama. “Eu fiquei sem andar, duas vezes no mesmo ano, por causa da artrite”, conta, agora senta- da com as pernas cruzadas no sofá. Sua disposição é invejável. Ela se julga preguiçosa ultimamente: pra- tica exercícios “apenas” três vezes por semana. Chegou a frequentar as aulas duas vezes no mesmo dia. O começo, porém, não foi tão simples. Além da artrite, Maria também apresentava sintomas de psoríase. Em busca da solução, passou por três profissionais e gastou mais de R$ 1,5 mil só com remédios. Em sua última tentativa, recebeu uma indicação diferente: aulas de yoga e caminhada. “Essa médica disse pra mim que, para a psoríase, se eu fizesse yoga, melhorava.” relata. Seis meses depois, conseguiu o que até mesmo os médicos duvidavam: se viu livre das man- chas vermelhas em sua pele. O processo de adaptação do seu corpo às caminhadas levou algum tempo. Em seu primei- ro teste, não conseguiu acompanhar a esteira. “Ela ia embora e eu lá atrás”, conta, aos ri- sos. Começou a andar alguns minutos todos os dias e conseguiu realizar o segundo teste. Já sentia a melhora para o problema que tentou resolver a tanto custo. Hoje, Maria continua a fazer caminhadas e aulas de yoga, e com o mesmo ânimo inicial. Ela acredita que os remédios e os exercícios se completaram, ambos ajudaram em sua re- cuperação, não só da saúde física, mas de seu ânimo, pois afirma que todas as pessoas que praticam essas atividades se sentem melhor, independente da idade. 34 Foto: Ingrid Taveira/Equipe
  • 35. Parece que mesmo tendo sido escrita em missores. A maconha bloqueia esses sinais”, 1599, a frase de Shakespeare, em sua obra acrescenta Lima. Portanto, não seria uma Hamlet, se encaixa muito bem às últimas des- cura, mas funcionaria como um analgésico. cobertas: “Não existe o bom ou o mau, é o Nicolas parou de fumar, mesmo com os efei- pensamento que os faz assim”. É o que pode- tos positivos em seu caso, pois admite não mos pensar quando vemos casos como o do saber até que ponto a maconha é inofensiva. estudante Nicolas (nome fictício), diagnosti- “Não dá para saber o nível que isso é bom. A cado com epilepsia aos 18 anos de idade, que, gente não tem nenhuma pesquisa sobre isso, ao começar a usar maconha, percebeu que não tem nenhum respaldo médico. Então, ficava mais calmo e, assim, evitava os ataques. eu usava para uma coisa, mas eu não sei se Nicolas conta que tinha muitos problemas estava afetando outra”, justifica. Ele também para dormir. “Eu tinha crises de ansiedade, se viu lutando contra o preconceito e as ques- que só faziam piorar as crises de epilepsia. tões morais. “Todo mundo enxerga de outra Aí eu percebi que, quando eu fumava à forma, a sociedade não enxerga isso bem, e noite, eu dormia bem e acordava bem, eu não quero ir contra a maré”, conta. consequentemente, sem ter os espasmos”, Segundo Lima, que tem experiência com revela. Ele, que nunca havia usado qual- toxicologia forense (que estuda os efeitos quer outro tipo de droga, nem mesmo in- das substancias químicas sobre o organis- gerido bebidas alcoólicas, chegou a entrar mo em casos de intoxicação e morte), isolar em coma por causa dos remédios receita- e retirar as propriedades benéficas da maco- dos, que deram reações inesperadas. nha é um processo muito fácil. O grande De acordo com o mestre em Química pela problema estaria no preconceito dos menos Universidade Federal do ABC, Diogo informados. “As pessoas têm medo do que Lima, as substâncias presentes na cannabis elas não conhecem. Esse preconceito vem funcionam “enganando” os sinais que são lá dos anos 30, 40 e continua. O álcool é enviados ao corpo pelo seu cérebro. Ele ex- liberado e causa muito mais malefícios para plica que “quando você vai aprender, acon- seu corpo”, afirma Lima. tecem diversas reações químicas no seu cé- O cultivo da planta é ilegal em quase todo o rebro que vão dizer pro seu corpo ‘olha, mundo. Em alguns países, estabelecimen- agora é a hora de prestar atenção’. Quando tos comerciais denominados coffee shops (ca- você fuma, os compostos da maconha se feterias) podem vender pequenas quantida- ligam aos neurotransmissores e o enga- des, e neles o consumo é também permitido. nam, eles inibem esse efeito”. No Brasil, produção e comercialização em Da mesma forma que a maconha pode ini- grande escala são proibidas. Diversos políti- bir os sinais de concentração, ela pode en- cos e ativistas defendem sua legalização, ganar o cérebro quando o assunto é dor. embora o assunto ainda seja motivo de con- “O seu cérebro o faz sentir dor como um trovérsias. Quem sabe, talvez, em alguns alerta, tem alguma coisa errada em você, anos, entre o joio e o trigo, a sociedade con- ele vai mandar sinais para os neurotrans- siga aproveitar a parte boa? 35
  • 36. 36
  • 38. NA ESTRADA MALAS PRONTAS, DESTINO: MUNDO! Por Walace Toledo Uma nova cultura o espera. Passar um período na casa de uma família ou por conta própria em outro país proporciona uma grande experiência de vida I magine, após os estudos, molhar os pés no Mar Mediterrâneo, em um passeio ao entardecer pelas praias italianas. Ou as- sabe jantar com novos amigos em um típi- co bistrô francês aos pés da Torre Eiffel, iluminada ao cair da noite? Seja qual for o sistir a um professor de Artes decifrar de destino, embarque e mergulhe nos costu- perto a enigmática Monalisa, de Da Vinci, mes e na cultura local. Afinal, o intercâm- no Museu do Louvre, na França. Quem bio não é só mais uma viagem. Fotos: Walace Toledo/Equipe / Arquivo pessoal/Mauro Tassi 38
  • 39. De alguns anos para cá, deixou de ser só muito ir para a Europa, o casal encontrou coisa de adolescente viajar para outro país a solução ideal com o programa personali- para explorar e conviver com outro idio- zado 50+ (cinquenta plus) da Central de ma. Atualmente, as agências de intercâm- Intercâmbio (CI). Integrantes da primeira bio estão preparadas para atender todas as turma do projeto, passaram duas semanas faixas etárias, dos oito aos 80. Então, essa é na Itália com um grupo de 14 pessoas. a hora: deixe os filhos cuidando dos netos, A rotina mantinha aulas de italiano e pas- arrume a mala e conheça o mundo. seios culturais guiados por professores de É com este pensamento que o contador História da Arte. “A gente acaba não só Mauro Tassi e sua esposa, a empresária Eli- pensando em lazer. Eu, pelo menos, queria zabeth Tassi, 59 e 58 anos, respectivamen- conhecer a estrutura básica da língua, é o te, resolveram intercambiar. A estabilidade que conheci, aprendi a falar meia dúzia de financeira junto ao planejamento com me- expressões e tal. A Beth falou bastante ita- ses de antecedência proporcionou uma liano, falou no restaurante, no táxi, com a viagem sem inconveniências. Querendo professora, na escola”, confessa Tassi. Pagar antes, viajar de- pois é a dica de Mauro para os futuros inter- cambistas. Com um planejamento para não se enforcar no orçamen- to, parcelar o pacote em alguns meses é bem mais vantajoso. A parte burocrática ficou toda nas mãos da agência contratada. Para eles, o único ponto negativo da viagem está no traje- to entre os continentes. Um voo de 12 horas “Em uma viagem dessa você não tem despesa, você tem investimento! Certeza absoluta disso.” Mauro Tassi Foto: Arquivo pessoal/Mauro Tassi 39
  • 40. “Não perde tempo, a vida é curta, o mundo é muito grande e a vida é muito pequena, a gente tem que aproveitar, não tem mais idade” Gabriel Canellas sem escalas pode ser bem cansativo. Entre- tanto, fora o avião, a diversão é garantida. O mergulho nos hábitos locais e as aulas de História que receberam a cada passeio serão retransmitidos para toda a família e amigos através dos registros fotográficos. As imagens recontam passo a passo as duas semanas de intercâmbio. Já pensan- viagens educacionais e culturais, 1,4% das do na próxima viagem, Elizabeth confessa agências de intercâmbio afirma que pessoas que o destino ideal seria cidadezinhas de acima de 50 anos estão entre o público que Portugal. “Eu não quero ir pra lugares tipo mais procurou cursos no exterior em 2011. Nova York, Paris, Roma, Tóquio. Quero ir A CI percebeu o poder deste público e para o interior, que é onde você sabe a cul- montou um programa específico, chama- tura. Porque nas grandes capitais já está do 50+ (cinquenta plus). “Esse é um mer- tudo misturado”, explica. cado que sempre existiu e sempre foi ca- rente de produtos que o atenda”, afirma o Mercado aquecido diretor de produto da CI, Gabriel Canel- las. O programa ocorreu no mês de setem- Nos últimos anos, cada vez mais o público bro deste ano e durou 15 dias. A região maior de 60 anos procura experiências in- italiana de Toscana foi o destino escolhido ternacionais. Analista de comunicação in- para o grupo. O roteiro cultural é compos- terna da Student Travel Bureau (STB), to de aulas de italiano pela manhã e aulas Fernanda Pajares afirma que, em 2012, a de culinária, degustação de vinhos e visita empresa teve um aumento de 40% na aos pontos turísticos locais à tarde. O en- clientela dessa faixa etária. De acordo com foque cultural e artístico é o grande dife- dados da agência, no STB, 5% de seus in- rencial em comparação às viagens indivi- tercambistas têm idade superior a 50 anos. duais, mais destinadas a trabalho e estudo. Segundo estudo feito pela Belta (Brazilian Mesmo com as agências preparadas nos dias Educational & Language Travel Associa- atuais, verifique se há profissionais especiali- tion), associação brasileira de operadores de zados em cada público-alvo na empresa es- Foto: Walace Toledo/Equipe 40
  • 41. Salão do estudante de 2012 em São Paulo colhida. “É importante que a empresa tenha “A gente encontra trabalhos em inglês, lê alguém focado nisso, que possa ficar de olho parte técnica, mas quando vamos a um em detalhes que passam normalmente des- congresso que tem professor de inglês fa- percebidos, como a questão do elevador no lando, não dá para acompanhar, porque hotel. Coisas assim, tão pequenas, fazem falta ouvido”, declara Teixeira. uma diferença muito grande”, explica Ca- Viajando sozinho ou dividindo experiências nellas sobre os cuidados no programa 50+. em grupo, o intercâmbio cultural propor- ciona ao viajante aprendizado único e expe- Conhecimento: voo infinito riências inesquecíveis. Não importa a idade, a sede de conhecimento é infinita para Manter o currículo atualizado é fundamen- aquele que deseja desbravar o mundo. tal para profissionais de todas as áreas. Visi- tante do Salão do Estudante 2012 em São Paulo, o dentista e professor de ensino supe- rior Milton Teixeira, de 71 anos, foi à feira em busca de um programa de intercâmbio para os Estados Unidos. Cursando mais uma “A gente tem que estar sempre especialização, Teixeira buscando, procurando crescer, sempre visa o aprimoramento se envolvendo com novas atividades do seu inglês, que afir- para se manter vivo. Um conselho: eu ma ser básico, especifi- acho que as pessoas devem buscar, camente para seu cres- como eu estou buscando, seus sonhos” cimento profissional. Milton Teixeira Foto: Walace Toledo/Equipe 41
  • 42. PARA APROVEITAR ROCK IN CONSERVA Por Adriana Nascimento Com 45 anos de estrada, o Made in Brazil, continua levando jovens a seus shows e mantendo a fidelidade à ideologia do rock de verdade E ra uma tarde chuvosa de 1957. En- quanto a empregada se comovia com a radionovela, os dois irmãos viviam o ção. Foi aí que a mágica aconteceu: uma música inebriante tocava e despertou uma paixão instantânea nos garotos. A tédio de não poder sair para brincar. Por partir daquele momento aconteceu a um descuido da mesma, um deles se le- maior descoberta de suas vidas: O rock vantou, foi até o rádio e mudou de esta- ´n´ roll. Foto: arquivo pessoal/Banda 42