SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 14
Descargar para leer sin conexión
AULA

Exercícios

21
Meta da aula

objetivo

Aplicar o formalismo quântico estudado neste módulo à
resolução de uma série de exercícios.

• Esperamos que, após o término desta aula, você tenha consolidado os
conhecimentos adquiridos no Módulo 3 (Aulas 17 a 20).

Pré-requisito
Ter completado o estudo dos assuntos indicados no encabeçamento de
cada grupo de exercícios.
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios

PARTÍCULA LIVRE E CAIXA DE POTENCIAL EM TRÊS DIMENSÕES (AULA 17)
eikr
é autofunção da
r
Hamiltoniana para a partícula livre, e encontre o valor de E correspondente.
r

1.1. (a) Verifique se a função de onda ψ (r ) =

Sugestão: use a expressão do laplaciano em coordenadas esféricas.
(b) Verifique se a função de onda do item anterior é autofunção do
momento linear. Sugestão: use a expressão do gradiente em coordenadas
esféricas.
(c) Interprete fisicamente esse estado quântico.

RESPOSTA COMENTADA

r eikr
(a) Para verificar se a função de onda ψ (r ) =
é autofunção da
r
equação de Schrödinger para a partícula livre com energia E,

h2 2
∇ ψ = Eψ , consideramos o operador laplaciano em coorde2m
1 ∂
1
∂ 
∂f 
1
∂2 f
nadas esféricas, ∇ 2 f =
rf ) + 2
 senθ
+ 2 2
2 (
r ∂r
r senθ ∂θ 
∂θ  r sen θ ∂ϕ 2
−

eikr
na equação de onda,
r
h2 1 ∂ 2
h2 1 ∂ 2 ikr h2 k2 eikr h2 k2
−
e =
ψ
=
( rψ ) = −
2m r ∂r 2
2m r ∂ r 2
2m r
2m
r

e substituímos ψ (r ) =

Portanto, a função de onda descreve uma partícula livre com energia

E=

h 2 k2 .
2m
r

(b) O gradiente em coordenadas esféricas é ∇f = r ∂f + θˆ 1 ∂f + ϕ
ˆ
ˆ

∂r

r ∂θ

1 ∂f .
r senθ ∂ϕ

Assim, aplicando o operador momento à função de onda, temos

r
 ikeikr eikr  .
∂ψ
ˆ
ˆ
− i h∇ψ = i hr
− 2 
i hr 
∂r
r 
 r
Deste modo, como o resultado desta operação não é proporcional à função
de onda, esta não é uma autofunção do momento.

148

CEDERJ
MÓDULO 1

21

(c) Vemos que a função de onda representa uma onda esférica, podendo

AULA

então representar partículas quânticas emergentes de uma fonte pontual.
Tais funções de onda são muito úteis em problemas de espalhamento, por
exemplo. Como a onda esférica se propaga em todas as direções a partir da
fonte, a função de onda não tem um vetor momento linear bem definido.

PARTÍCULA NUMA CAIXA CÚBICA E NUM POTENCIAL
HARMÔNICO TRIDIMENSIONAL (AULA 18)
2.1. Considere 20 elétrons em uma caixa inicialmente cúbica de
volume V = L3, como na Atividade Final 1 da Aula 18. Suponha que um
agente externo realize uma deformação uniaxial, ou seja, reduz apenas
um dos lados da caixa (digamos, ao longo do eixo x) por uma fração

∆L/L. Qual a variação da energia total dos elétrons no limite ∆L<<L?

RESPOSTA COMENTADA

Antes da deformação, a expressão geral para a energia do nível
(n1 , n2 n3 ) é dada por:

En1n2 n3 =

π 2 h2
2
2
n 2 + n2 + n3 
2  1

2m L

Ao aplicarmos a deformação ao longo de x, quebramos as degenerescências de alguns níveis, e a energia do nível (n1 , n2 , n3 ) torna-se:
2

n1
n2 n2  π 2 h2
+ 2 + 3=

2
L2 L2  2mL2
 ( L − ∆L )


que, para ∆L<<L , pode ser escrita como

′
En1n2 n3 =

π 2 h2
2m

′
En1n2 n3 =

2


n1
2
2
+ n2 + n3  ,

2
 (1 − ∆L L )




π 2 h2
2
2
2
n1 (1 + 2∆L L ) + n2 + n3  .

2mL2 

Assim, quando a caixa é comprimida, cada nível (n1 , n2 , n3 ) sofre um
deslocamento de energia dado por

′
∆ En1n2 n3 = En1n2 n3 − En1n2 n3 =

2
π 2 h2 n1 ∆L .
mL3

CEDERJ

149
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios

Note que a variação de energia só depende do valor de n1 . Para encontrarmos a variação da energia total quando a caixa contiver 20 elétrons,
teremos que somar a variação da energia de todos os níveis ocupados. Como
cada estado definido pelos números quânticos n1 , n2 , n3 pode ser ocupado,
no máximo, por dois elétrons, consideramos os 10 primeiros estados de
energia, E111 , E211 , E121 , E112 , E221 , E212 , E122 , E311 , E131 , E113 , e calculamos a
variação de energia para cada um deles.

∆Etotal = 2 × [ ∆E111 + ∆E211 + ∆E121 + ∆E112 + ... + ∆ E311 + ∆ E131 + ∆ E113 ]
=

2π 2 h2 ∆L 2
54π 2 h2 ∆L
1 + 22 + 12 + 12 + ... + 32 + 12 + 12  =

mL3 
mL3

O OPERADOR MOMENTO ANGULAR (AULA 19)
3.1. Definimos o comutador de dois operadores A e B como
[A, B] = AB – BA. Supondo que esses operadores estejam atuando sobre
uma função f(x, y, z), verifique as seguintes relações:
(a) [x, x] = [x, y] = [x, z] = [y, y] = [y, z] = [z, z] = 0
(b) [px , px] = [px , py] = [px , pz] = [py , py] = [py , pz] = [pz , pz] = 0
(c) [px , x] = [py , y] = [ px,, x ] =– i h
[pz z]= −

(d) [Lx, x ] ] = i h Lz ; [Ly, ,Lz]==−ii h Lx; [Lzx,, L] ]== i h Ly
[ px x ]
[ p Ly = −
[p xx −
(e) [L2, Lx] = [L22, Ly] = [L22, Lz] = 0

RESPOSTA COMENTADA

Em todos os casos, a resposta é obtida aplicando-se o comutador em
questão a uma função qualquer f(x,y,z). Alguns exemplos de cada item:
(a) [ x, y ] f = (xy − yx)f = 0 , de modo que [ x, y ] = 0 .

(

)



(b)  px , py  f = px py − py px f =  − i h



∂ 
∂ 
∂  
∂ 
  − ih  −  − ih   − ih  f
∂x  
∂x  
∂y  
∂y  


 ∂2 f
∂2 f 
= − h2 
−
=0 .

 ∂x∂y ∂y∂x 
(c) [ px , x ] f =  − i h ∂ , x  f = − i h  ∂ ( xf ) − x ∂f  = − i h  x ∂f + f − x ∂f  = − i hf

 ∂x
 ∂x
∂x 
∂x 
∂x 







150

CEDERJ
MÓDULO 1
AULA

21

De modo que [ px , x ] = − i h .
(d) Lx , Ly  f =  ypz − zpy , zpx − xpz  f =





= ( ypz − zpy ) ( zpx − xpz ) − ( zpx − xpz ) ( ypz − zpy )  f



= ( ypz zpx − ypz xpz − zpy zpx + zpy xpz − zpx ypz + zpx zpy + xpz ypz − xpz zpy ) f

= ( ypz zpx − yxpz pz − z 2 py px + zxpy pz − zypx pz + z 2 px py + xypz pz − xpz zpy ) f
= ( ypz zpx − z 2 py px + zxpy pz − zypx pz + z 2 px py − xpz zpy ) f

(

)

= ypz zpx − z 2  py , px  + zxpy pz − zypx pz − xpz zpy f


= ( ypz zpx + zxpy pz − zypx pz − xpz zpy ) f

 ∂  ∂f 
∂2 f
∂2 f
∂  ∂f  
= − h2  y  z  + zx
− zy
− x  z 
∂z  ∂y  
∂y∂z
∂x∂z
 ∂z  ∂x 

 ∂f
∂2 f
∂2 f
∂2 f
∂f
∂2 f 
= − h2  y
+ yz
+ zx
− zy
− x − xz

∂y
∂x∂z
∂y∂z
∂x∂z
∂y∂z 
 ∂x
 ∂f
∂f 
= − h2  y
− x  = i h ( xpy − ypx ) = i hLz
∂y 
 ∂x
(e) L2 , Lx  = L2 + L2 + L2 , Lx  = L2 , Lx  + L2 , Lx  + L2 , Lx 
y
z

  x
  y

  x
  z
Neste caso, a solução se simplifica se usarmos a relação

[ AB, C ] = ABC − CAB = ABC − ACB + ACB − CAB = A[B, C ] + [ A, C ] B
Assim, temos

L2 , Lx  = L2 , Lx  + L2 , Lx  + L2 , Lx 

  x
  y

  z

= Lx [ Lx , Lx ] + [ Lx , Lx ] Lx + Ly Ly , Lx  + Ly , Lx  Ly + Lz [ Lz , Lx ] + [ Lz , Lx ] Lz

 

= i h ( − Ly Lz − Lz Ly + Lz Ly + Ly Lz ) = 0

Relações de comutação como essas são muito importantes em Mecânica
Quântica, pois pode ser demonstrado que podemos encontrar um
conjunto de autofunções simultâneas de dois operadores que comutam.
Por exemplo, no caso específico do momento angular, como L2 , Lz  = 0,


existe um conjunto de funções que são simultaneamente autofunções de
L2 e Lz (que, neste caso, são os harmônicos esféricos Ylm ).

CEDERJ

151
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios

3.2. Considere as funções Y1x e Y1y , introduzidas na Atividade

ˆ
Final 2 da Aula 19. Mostre que os valores esperados de Lz em ambos
estados Y1x e Y1y são nulos.

RESPOSTA COMENTADA

As funções a que nos referimos podem ser escritas como combinações
lineares do harmônicos esféricos:

Y1−1 − Y11

Y1x =

2

, Y1y =

−Y1−1 − Y11 .
2i

ˆ
O valor esperado de Lz no estado Y1x é:

ˆ
Lz

Y1 x

ˆ
= ∫ d Ω Y1*x Lz Y1x ,

em que a integral em dΩ é feita sobre as variáveis angulares θ e ϕ.
ˆ
Sabendo que os harmônicos esféricos Ylm são autofunções de Lz com
autovalores m h , temos

ˆ  Y − Y11  = 1 d Ω Y * ( − hY − hY )
= ∫ d Ω Y1*x Lz  1−1
1x
1− 1
11

∫
2 
2

*
 Y * − Y11 
−2 h
*
*
d Ω  1− 1
=
 (Y1−1 + Y11 ) = − h ∫ d Ω (Y1−1 − Y11 ) (Y1−1 + Y11 )
∫
2
2 

ˆ
Lz

Y1 x

Usamos agora a ortonormalidade dos harmônicos esféricos:

∫ dΩ

*
Ylm (θ , ϕ ) Yl ′m′ (θ , ϕ ) = δ l ,l ′ δ m,m′ , obtemos

ˆ
Lz

Y1 x

= −h

( ∫ dΩ

)

*
Y1*−1Y1−1 − ∫ dΩ Y11Y11 = 0 .

No caso de Y1y , a demonstração é idêntica.

O ÁTOMO DE HIDROGÊNIO (AULA 20)
4.1. Neste problema, vamos estudar o átomo de hidrogênio em
duas dimensões. Considere a equação de Schrödinger bidimensional para
o caso em que a energia potencial depende somente da coordenada radial

r

no plano, ou seja V (r ) = V (r) .

152

CEDERJ
MÓDULO 1

21

(a) Lembrando que x = r cosθ e y = r senθ, mostre que

AULA

∂ 2ψ ∂ 2ψ ∂ 2ψ 1 ∂ψ 1 ∂ 2ψ
+
= 2 +
+
∂x 2 ∂y 2
∂r
r ∂r r 2 ∂θ 2 .
(b) A partir desta relação, mostre que as autofunções da
equação de Schrödinger para uma partícula de massa µ são da forma

ψ (r,θ ) = f (r)eimθ , onde m é inteiro, e a parte radial f(r) é a solução da
equação diferencial

 d 2 f 1 df 2 µ 
h2 m2  
+ 2  E − V (r) −
 2 +
f  = 0.
r dr h 
2µ r 2  
 dr

(c) Considere agora que o potencial seja Coulombiano, ou seja,

Ze 2
. Suponha ainda que busquemos uma solução com
4π ε 0 r
momento angular nulo, ou seja, m = 0. Mostre que, de forma semeV (r) = −

lhante ao átomo de hidrogênio em três dimensões, uma função

f (r) = Ae − r a é solução da equação radial. Encontre o valor do “raio
de Bohr” a e da energia E para que isso aconteça. Compare os valores
encontrados com o caso tridimensional.

RESPOSTA COMENTADA

(a) Invertendo as relações x = r cos θ e y = r sen θ , temos

r = x 2 + y 2 e θ = tan−1 ( y x ) . Usando a regra da cadeia,

obtemos

∂
∂r ∂ ∂θ ∂
,
=
+
∂x ∂x ∂r ∂x ∂θ
∂
∂r ∂ ∂θ ∂
=
+
∂y ∂y ∂r ∂y ∂θ

em que

∂r 1
2x
x
=
= = cosθ
2
2
∂x 2 x + y
r
∂r 1
2y
y
=
= = senθ
∂y 2 x 2 + y 2 r
∂θ
y
∂θ
senθ
senθ
⇒
=−
=− 2 =−
2
∂x
x
r cos θ
∂x
r
∂θ 1
1
∂θ cosθ
⇒
=
sec 2 θ
= =−
r cosθ
∂y x
∂y
r
sec 2 θ

CEDERJ

153
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios

de modo que

∂
∂ senθ
= cosθ
−
∂x
∂r
r
∂
∂ cosθ
= senθ
+
∂y
∂r
r

∂
∂θ
∂
∂θ

Assim, as derivadas segundas são

∂2
∂ senθ ∂  
∂ senθ ∂ 

= cosθ −
2
 cosθ ∂r − r ∂θ 
∂x
∂r
r ∂θ  


2
2
∂
cosθ senθ ∂ cosθ senθ ∂
= cos2 θ 2 +
−
r2
r
∂r
∂θ
∂ r∂θ
∂ senθ
∂2
senθ
∂ sen2θ ∂ 2
senθ
cosθ
+ 2 cosθ
+ 2
senθ −
∂r∂θ
∂r
r
∂θ
r ∂θ 2
r
r
2
2
∂
2 senθ cosθ ∂ 2 senθ cosθ ∂
sen2θ ∂ sen2θ ∂ 2
= cos2 θ 2 +
−
+
+ 2
r2
∂r
∂θ
r ∂θ 2
r
∂ r∂θ
r ∂r
+

∂2
∂ cosθ ∂  
∂ cosθ ∂ 

= senθ +
2
 senθ ∂r + r ∂θ 
∂y
∂r
r ∂θ  


= sen2θ
+

∂ 2 senθ cosθ ∂ senθ cosθ ∂ 2
−
+
r2
r
∂r 2
∂θ
∂ r∂θ

senθ cosθ ∂ cos2 θ ∂ 2
cos2 θ ∂ senθ cosθ ∂ 2
+
−
+
r ∂r
r
∂ r ∂θ
r2
∂θ
r 2 ∂θ 2

= sen2θ

∂ 2 2 senθ cosθ ∂ 2senθ cosθ ∂ 2
s
cos2 θ ∂ cos2 θ ∂ 2
−
+
+
+
∂r 2
∂θ
r 2 ∂θ 2
r2
r
∂r∂θ
r ∂r

Somando os dois termos, obtemos, finalmente:

∂2
∂2
∂ 2  cos2 θ + sen2θ  ∂  cos2 θ + sen2θ  ∂ 2
+ 2 = ( cos2 θ + sen2θ ) 2 + 
 +
 2
2
∂x
∂y
∂r
r
r2

 ∂r 
 ∂θ
2
2
∂
1 ∂
1 ∂
= 2+
+ 2
∂r
r ∂ r r ∂θ 2
(b) A equação de Schrödinger se escreve

−

h2 2
∇ ψ + V (r)ψ = Eψ
2µ

h2  ∂ 2ψ 1 ∂ψ 1 ∂ 2ψ 
+
+

 + V (r)ψ = Eψ
2 µ  ∂ r 2 r ∂ r r 2 ∂θ 2 
 ∂ 2ψ 1 ∂ψ 1 ∂ 2ψ  2 µ
+
[ E − V (r)]ψ = 0
 2 +
+
r ∂ r r 2 ∂θ 2  h2
 ∂r
−

154

CEDERJ
MÓDULO 1

21

Propomos uma solução do tipo ψ (r, θ ) = f (r) Θ (θ ) . Substituindo na

AULA

equação anterior, obtemos

 d 2 f Θ df f d 2 Θ  2 µ
+
[ E − V (r)] f Θ = 0 .
Θ 2 +
+
r dr r 2 dθ 2  h2
 dr
Dividindo a equação por ψ (r, θ ) = f (r) Θ (θ ) , temos:

 1 d 2 f 1 df
1 d 2 Θ  2µ
+
+ 2
[ E − V (r)] = 0

+
2
rf dr r Θ dθ 2  h2
 f dr
1 d 2 f 1 df 2 µ
1 d2Θ
+
+ 2 [ E − V (r)] = − 2
f dr 2 rf dr h
r Θ dθ 2
r 2 d 2 f r df 2 µ r 2
1 d2Θ
+
+ 2 [ E − V (r)] = −
f dr 2 f dr
h
Θ dθ 2
Como o lado esquerdo da equação depende apenas de r e o direito
depende apenas de θ, ambos devem ser iguais a uma constante, que
chamaremos de m2. Assim, chegamos a duas equações diferenciais:

1 d2Θ
d2Θ
= m2 ⇒
= − m2 Θ
Θ dθ 2
dθ 2
r 2 d 2 f r df 2 µ r 2
+
+ 2 [ E − V (r)] = m2 ⇒
f dr 2 f dr
h

−

d 2 f 1 df 2 µ 
h2 m2 
+
+ 2  E − V (r) −
f = 0
2
r dr h 
2µ r 2 
dr
A primeira equação tem como soluções Θ(θ ) = e i mθ . Pela condição

Θ (θ + 2π ) = Θ(θ ) , concluimos que m é inteiro. A segunda equação é
precisamente aquela para a parte radial da função de onda, f(r), como
queríamos demonstrar.
(c) Usando m = 0 e V (r) = −

Ze 2
na equação para f(r), temos:
4πε 0 r

Ze 2 
d 2 f 1 df 2 µ 
+
+ 2 E +
 f (r) = 0
4πε 0 r 
dr 2 r dr h 
Propomos a solução f (r) = Ae

−r a

. Tomando as derivadas:

df
A
= − e−r a .
a
dr
d2f
A −r a
=
e
dr 2 a2

CEDERJ

155
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios

Substituindo na equação:

Ze 2  − r a
A − r a A − r a 2µ 
e − e + 2 E +
=0
 Ae
a2
ar
h 
4π ε 0 r 
Ze 2 
1
1 2µ 
+ 2 E +
−
 =0
a2 ar h 
4π ε 0 r 

Para que a última equação seja válida para todo r, devemos ter:

1 2µ E
+ 2 =0
,
a2
h
2
1 2 µ Ze
=0
− + 2
a h 4π ε 0
que nos dá

a=

2π ε 0 h2
Zµ e2

E=−

Z2 µ e4
h2
= 2 2 2 .
2
2µ a
8π ε 0 h

Vemos que o raio de Bohr é duas vezes menor, e a energia de ligação
é quatro vezes maior para o átomo de hidrogênio em duas dimensões,
comparado ao caso tridimensional. Esse resultado é usualmente descrito
como devido a uma amplificação dos efeitos da interação coulombiana
nos sistemas com dimensionalidade reduzida.

4.2. Os estados estacionários do átomo de hidrogênio são as
funções de onda ψ nlm (r,θ , ϕ ) .
(a) Podemos construir um estado do hidrogênio pela superposição ψ (r,θ , ϕ ) = aψ nlm (r,θ , ϕ ) + bψ n ’l ’m ’ (r,θ , ϕ ). Mostre que, no caso
em que n ≠ n’, l ≠ l’, ou m ≠ m’, essa superposição não é um estado

ˆ2
ˆ
estacionário nem é autofunção de L ou de Lz .
(b) Construa um estado do hidrogênio que seja autoestado

ˆ
ˆ
ˆ
simultâneo de H e L2, mas não de Lz .
ˆ
(c) Idem para um estado que seja autoestado simultâneo de H e
ˆ2
ˆ
Lz , mas não de L .

156

CEDERJ
MÓDULO 1

21

RESPOSTA COMENTADA

AULA

(a) Sabemos que as funções de onda ψ nlm (r,θ , ϕ ) são autofunções de
2

µ  e 2  1 ), ˆ 2 (autovalores h2 l (l + 1) )
ˆ
L
H (autovalores En = − 2 

2h  4π ε 0 h  n 2

ˆ
ˆ ˆ ˆ
e Lz (autovalores m h ). Assim, operando com H , L2 e Lz nesse estado,
temos:
•

ˆ
H [ aψ nlm + bψ n′l ′m′ ] = aEnψ nlm + bEn′ψ n′l ′m′

•

ˆ
L2 [ aψ nlm + bψ n′l ′m′ ] = h2 [ al(l + 1)ψ nlm + bl ′(l ′ + 1)ψ n′l ′m′ ]

•

ˆ
Lz [ aψ nlm + bψ n′l ′m′ ] = h [ amψ nlm + bm′ψ n′l ′m′ ]

Portanto, vemos que em nenhum dos três casos o estado de superposição
é um autoestado do respectivo operador.
(b) Para que isso ocorra, temos que ter uma superposição com n = n′ e

l = l ′ , porém com m ≠ m′ . Assim, ψ ( r,θ , ϕ ) = aψ nlm ( r,θ , ϕ ) + bψ nlm′ ( r,θ , ϕ )

= aψ nlm ( r,θ , ϕ ) + bψ nlm′ ( r,θ , ϕ ) .
(c) Para que isso ocorra, temos que ter uma superposição com n = n′ e

m = m’, porém com l ≠ l ′ . Assim, ψ ( r,θ , ϕ ) = aψ nlm ( r,θ , ϕ ) + bψ nlm′ ( r,θ , ϕ )
( r,θ , ϕ ) + bψ nlm′ ( r,θ , ϕ ) . Note que, para que isso seja possível, m ≤ l, l ’ .

4.3. (a) Determine <r> e <r2> para o elétron no estado fundamental
do átomo de hidrogênio, expressando sua resposta em termos do raio
de Bohr a.
(b) Determine <x> e <x2> no estado fundamental, usando o
resultado do item anterior e as simetrias do estado fundamental (não é
preciso calcular outras integrais).
(c) Determine <x2> no estado n = 2, l = 1, m = 1. Note que esse
estado não é esfericamente simétrico.

CEDERJ

157
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios

RESPOSTA COMENTADA

(a) A função de onda do estado fundamental do átomo de hidrogênio,
obtida a partir da Tabela 20.2 da Aula 20, usando Z = 1, é dada por

ψ 100 (r,θ , ϕ ) =

1
a

32

π

e−r a

O valor esperado de r é
2π

π

0

0

r =
1
a3π

=

∞

2 *
∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r ψ 100 (r,θ ,ϕ) rψ 100 (r,θ ,ϕ)
0

2π

π

∞

0

0

0

3 − 2r a
∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r e =

∞

4
dr r 3e − 2 r a
a3 ∫
0

4

3
4 6a
= a
3
a 16 2

=

Já o valor esperado de r2 é dado por
2π

r2 =

π

0

=
=

1
a3π

∞

2 *
2
∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r ψ 100 (r,θ ,ϕ) r ψ 100 (r,θ ,ϕ)
0

2π

0

π

∞

0

0

4 − 2r a
∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r e =
0

∞

4
dr r 4 e − 2 r a
3 ∫
a 0

5

4 24a
= 3a2
a3 32

Ambos os resultados reforçam a idéia de que o raio de Bohr é uma boa
medida do tamanho do átomo de hidrogênio.

(b) Como a distribuição de probabilidades associada ao estado 1s do
átomo de hidrogênio é esfericamente simétrica, e levando-se em conta
que x é uma função ímpar, temos:

x = ∫ d 3r x ψ 100 (r,θ , ϕ ) = 0 ,
2

2

pois o produto x ψ 100 (r,θ , ϕ ) será também uma função ímpar, cuja
integal no espaço todo é nula.
Para calcular o valor esperado de x2, podemos novamente usar a
propriedade de simetria esférica do estado 1s, que nos leva ao seguinte
resultado:

x

2

= y

2

= z

2

=

r2
3

.

Assim, usando o resultado do item (a), obtemos x 2 = a 2.

(c) A função de onda do estado n = 2, l = 1, m = 1, segundo os dados
da Tabela 20.2 (novamente com Z = 1), é dada por:

158

CEDERJ
MÓDULO 1

21

1 r
senθ e − r 2 a eiϕ
32
64π a a

AULA

1

ψ 211 (r,θ , ϕ ) =

Sabendo que x = r senθ cos ϕ , podemos calcular o valor de <x2>:
2π

x2 =

π

0

=
=

∞

2 *
∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r ψ 211(r,θ ,ϕ) ( r senθ cosϕ ) ψ 211(r,θ ,ϕ)
0

2

0

1
64a5π

2π

π

0

0

1
64a5π

2π

π

∞

0

0

0

∞

6
2
2
−r a
∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r sen θ cos ϕ e
0

2
3
6 −r a
∫ dϕ cos ϕ ∫ dθ sen θ ∫ dr r e

1
4
=
× π × × 720a7 = 15a2
5
3
64a π

4.4. Vamos calcular a probabilidade P de que um elétron no
estado fundamental do átomo de hidrogênio seja encontrado dentro
do núcleo.
(a) Calcule primeiro a resposta exata. Denote o raio do núcleo
por R.
(b) Expanda o seu resultado como uma série de potências em R/a,
e mostre que o termo de ordem mais baixa é da forma: P ≈ (4/3)(R/a)3.
Este termo já deveria ser uma boa aproximação, pois R<< a.
(c) Alternativamente, poderíamos pensar que a função de onda do
elétron é essencialmente constante sobre o pequeno volume do núcleo,
de modo que P ≈ (4/3)πR3 |ψ100 (0) |2. Verifique que essa aproximação
reproduz o resultado do item anterior.
(d) Use R ≈ 10–15 m , a ≈ 10–10 m , para uma estimativa numérica
de P. Esse valor representa a fração do tempo em que o elétron se encontra dentro do núcleo.

CEDERJ

159
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios

RESPOSTA COMENTADA

(a) A probabilidade de encontrarmos o elétron no estado 1s dentro de
uma esfera de raio R é
2π

P=

π

0

=
=

R

∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r

1
a3π

0

2π

2

ψ 100 (r,θ , ϕ )

0

π

R

∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r e
0

2

0

2 −2r a

0

R

=

4
dr r 2 e − 2 r a
3 ∫
a 0

2

2R
a 2  a3 
4  a −2 R a  2
−2 R a  2R
+ 1
− e
 2 +
 R + aR +  +  = 1 − e
3
a
a  2
2  4
 a



(b) Para expandir o resultado do item anterior em potências de R/a,
lembramos que e x ≈ 1 + x +

x 2 x3
+
+ O (x 4 ) , de modo que
2
6

 2R2 2R


 4R3
2R 2R2 4R3   2R2 2R
P = 1 − e −2 R a  2 +
+ 1 ≈ 1 −  1 −
+ 2 − 3 . 2 +
+ 1 = 3
a
a
a
3a   a
a
 a


 3a
(c) Supondo que a função de onda é constante na região do núcleo e que

tem o valor ψ 100 (0) , a probabilidade é dada pelo produto do volume do
núcleo pela densidade de probabilidade:

P=

1
4R3
4
4
2
π R3 ψ 100 (0) = π R3 × 3 = 3 ,
3
3
πa
3a

reproduzindo o resultado do item anterior.

(d) Usando os valores aproximados R ≈ 10–15 m e a ≈ 10–10 m,
obtemos

P≈

4R3
≈ 10−15 ,
3a3

ou seja, um elétron passa uma fração ínfima do seu tempo dentro do
núcleo. Para se ter uma idéia desse tempo, um elétron necessitaria estar
ligado a um núcleo por cerca de 30 milhões de anos para estar, em média,
um segundo dentro dele. Ainda assim, a presença, ainda que furtiva, do
elétron dentro do núcleo, dá origem um efeito físico mensurável, conhecido
como interação hiperfina de contato.

160

CEDERJ

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Aula 16: Exercícios
Aula 16: ExercíciosAula 16: Exercícios
Aula 16: ExercíciosAdriano Silva
 
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrau
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrauAula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrau
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrauAdriano Silva
 
Aula 11: A barreira de potencial
Aula 11: A barreira de potencialAula 11: A barreira de potencial
Aula 11: A barreira de potencialAdriano Silva
 
Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAdriano Silva
 
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Adriano Silva
 
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrauAula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrauAdriano Silva
 
Aula 12: Barreira de potencial: Exemples e aplicações
Aula 12: Barreira de potencial: Exemples e aplicaçõesAula 12: Barreira de potencial: Exemples e aplicações
Aula 12: Barreira de potencial: Exemples e aplicaçõesAdriano Silva
 
Aula 20: O átomo de hidrogênio
Aula 20: O átomo de hidrogênioAula 20: O átomo de hidrogênio
Aula 20: O átomo de hidrogênioAdriano Silva
 
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempoAplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempoLucas Guimaraes
 
Aula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônicoAula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônicoAdriano Silva
 
Física 3 - Eletromagnetismo - UFRJ - Prof Elvis
Física 3 - Eletromagnetismo - UFRJ - Prof ElvisFísica 3 - Eletromagnetismo - UFRJ - Prof Elvis
Física 3 - Eletromagnetismo - UFRJ - Prof ElvisElvis Soares
 
Algebralinear
AlgebralinearAlgebralinear
Algebralineardalgo
 
Aula 7 - Uma Aula de Quântica no Ensino Médio
Aula 7 - Uma Aula de Quântica no Ensino MédioAula 7 - Uma Aula de Quântica no Ensino Médio
Aula 7 - Uma Aula de Quântica no Ensino MédioNewton Silva
 
Aula 13: O poço de potencial finito
Aula 13: O poço de potencial finitoAula 13: O poço de potencial finito
Aula 13: O poço de potencial finitoAdriano Silva
 
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...Adriano Silva
 

La actualidad más candente (20)

Aula 16: Exercícios
Aula 16: ExercíciosAula 16: Exercícios
Aula 16: Exercícios
 
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrau
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrauAula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrau
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrau
 
Aula 11: A barreira de potencial
Aula 11: A barreira de potencialAula 11: A barreira de potencial
Aula 11: A barreira de potencial
 
Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
 
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
 
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrauAula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
 
Aula 12: Barreira de potencial: Exemples e aplicações
Aula 12: Barreira de potencial: Exemples e aplicaçõesAula 12: Barreira de potencial: Exemples e aplicações
Aula 12: Barreira de potencial: Exemples e aplicações
 
Aula 20: O átomo de hidrogênio
Aula 20: O átomo de hidrogênioAula 20: O átomo de hidrogênio
Aula 20: O átomo de hidrogênio
 
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempoAplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
 
Aula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônicoAula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônico
 
Spin a5
Spin a5Spin a5
Spin a5
 
Física 3 - Eletromagnetismo - UFRJ - Prof Elvis
Física 3 - Eletromagnetismo - UFRJ - Prof ElvisFísica 3 - Eletromagnetismo - UFRJ - Prof Elvis
Física 3 - Eletromagnetismo - UFRJ - Prof Elvis
 
Algebralinear
AlgebralinearAlgebralinear
Algebralinear
 
Aula 7 - Uma Aula de Quântica no Ensino Médio
Aula 7 - Uma Aula de Quântica no Ensino MédioAula 7 - Uma Aula de Quântica no Ensino Médio
Aula 7 - Uma Aula de Quântica no Ensino Médio
 
Operadores
OperadoresOperadores
Operadores
 
Função algébrica
Função algébricaFunção algébrica
Função algébrica
 
Aula 13: O poço de potencial finito
Aula 13: O poço de potencial finitoAula 13: O poço de potencial finito
Aula 13: O poço de potencial finito
 
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
 
Aula 30 testes de hipóteses
Aula 30   testes de hipótesesAula 30   testes de hipóteses
Aula 30 testes de hipóteses
 
Fisica moderna relatividade_1
Fisica moderna relatividade_1Fisica moderna relatividade_1
Fisica moderna relatividade_1
 

Similar a Aplicar formalismo quântico a exercícios

Equação de Laplace em Coordenadas Polares.pdf
Equação de Laplace em Coordenadas Polares.pdfEquação de Laplace em Coordenadas Polares.pdf
Equação de Laplace em Coordenadas Polares.pdfmikaelg3
 
ApostilaCalcIII.pdf
ApostilaCalcIII.pdfApostilaCalcIII.pdf
ApostilaCalcIII.pdfdaniel167907
 
Editdocument15107902255388
Editdocument15107902255388Editdocument15107902255388
Editdocument15107902255388Assis Nunes
 
Funções de várias variáveis.pptx
Funções de várias variáveis.pptxFunções de várias variáveis.pptx
Funções de várias variáveis.pptxCristianoTaty
 
Www.math.ist.utl.pt ~jmourao cii_exercicios_aula12. integ. de linha de um cam...
Www.math.ist.utl.pt ~jmourao cii_exercicios_aula12. integ. de linha de um cam...Www.math.ist.utl.pt ~jmourao cii_exercicios_aula12. integ. de linha de um cam...
Www.math.ist.utl.pt ~jmourao cii_exercicios_aula12. integ. de linha de um cam...Bowman Guimaraes
 
A função exponencial & trigonometria e aplicações
A função exponencial & trigonometria e aplicaçõesA função exponencial & trigonometria e aplicações
A função exponencial & trigonometria e aplicaçõesDinho Paulo Clakly
 
Lista de exercícios 8
Lista de exercícios 8Lista de exercícios 8
Lista de exercícios 8Carlos Campani
 
secao26_2011_2.pdf
secao26_2011_2.pdfsecao26_2011_2.pdf
secao26_2011_2.pdfmikaelg3
 
Slides da aula sobre Coordenadas Polares e Integrais Duplas em Coordenadas Po...
Slides da aula sobre Coordenadas Polares e Integrais Duplas em Coordenadas Po...Slides da aula sobre Coordenadas Polares e Integrais Duplas em Coordenadas Po...
Slides da aula sobre Coordenadas Polares e Integrais Duplas em Coordenadas Po...Izabela Marques
 
Sries de taylor e de maclaurin
Sries de taylor e de maclaurinSries de taylor e de maclaurin
Sries de taylor e de maclaurinLuciana Costa
 
Funções exponencial e logarítmica
Funções exponencial e logarítmicaFunções exponencial e logarítmica
Funções exponencial e logarítmicaCarlos Campani
 
INTEGRAIS DE LINHA DE CAMPOS VETORIAIS
INTEGRAIS DE LINHA DE CAMPOS VETORIAISINTEGRAIS DE LINHA DE CAMPOS VETORIAIS
INTEGRAIS DE LINHA DE CAMPOS VETORIAISAnaLgia20
 

Similar a Aplicar formalismo quântico a exercícios (20)

Estr mat i
Estr mat iEstr mat i
Estr mat i
 
Equação de Laplace em Coordenadas Polares.pdf
Equação de Laplace em Coordenadas Polares.pdfEquação de Laplace em Coordenadas Polares.pdf
Equação de Laplace em Coordenadas Polares.pdf
 
ApostilaCalcIII.pdf
ApostilaCalcIII.pdfApostilaCalcIII.pdf
ApostilaCalcIII.pdf
 
Apostila calciii
Apostila calciiiApostila calciii
Apostila calciii
 
Editdocument15107902255388
Editdocument15107902255388Editdocument15107902255388
Editdocument15107902255388
 
Trigonometria básica
Trigonometria básicaTrigonometria básica
Trigonometria básica
 
Trigonometria
TrigonometriaTrigonometria
Trigonometria
 
Trigonometria
TrigonometriaTrigonometria
Trigonometria
 
Funções de várias variáveis.pptx
Funções de várias variáveis.pptxFunções de várias variáveis.pptx
Funções de várias variáveis.pptx
 
Www.math.ist.utl.pt ~jmourao cii_exercicios_aula12. integ. de linha de um cam...
Www.math.ist.utl.pt ~jmourao cii_exercicios_aula12. integ. de linha de um cam...Www.math.ist.utl.pt ~jmourao cii_exercicios_aula12. integ. de linha de um cam...
Www.math.ist.utl.pt ~jmourao cii_exercicios_aula12. integ. de linha de um cam...
 
A função exponencial & trigonometria e aplicações
A função exponencial & trigonometria e aplicaçõesA função exponencial & trigonometria e aplicações
A função exponencial & trigonometria e aplicações
 
Lista de exercícios 8
Lista de exercícios 8Lista de exercícios 8
Lista de exercícios 8
 
Atômica e molecular lista1
Atômica e molecular lista1Atômica e molecular lista1
Atômica e molecular lista1
 
secao26_2011_2.pdf
secao26_2011_2.pdfsecao26_2011_2.pdf
secao26_2011_2.pdf
 
Cap. 08
Cap. 08Cap. 08
Cap. 08
 
Ms impresso aula05
Ms impresso aula05Ms impresso aula05
Ms impresso aula05
 
Slides da aula sobre Coordenadas Polares e Integrais Duplas em Coordenadas Po...
Slides da aula sobre Coordenadas Polares e Integrais Duplas em Coordenadas Po...Slides da aula sobre Coordenadas Polares e Integrais Duplas em Coordenadas Po...
Slides da aula sobre Coordenadas Polares e Integrais Duplas em Coordenadas Po...
 
Sries de taylor e de maclaurin
Sries de taylor e de maclaurinSries de taylor e de maclaurin
Sries de taylor e de maclaurin
 
Funções exponencial e logarítmica
Funções exponencial e logarítmicaFunções exponencial e logarítmica
Funções exponencial e logarítmica
 
INTEGRAIS DE LINHA DE CAMPOS VETORIAIS
INTEGRAIS DE LINHA DE CAMPOS VETORIAISINTEGRAIS DE LINHA DE CAMPOS VETORIAIS
INTEGRAIS DE LINHA DE CAMPOS VETORIAIS
 

Aplicar formalismo quântico a exercícios

  • 1. AULA Exercícios 21 Meta da aula objetivo Aplicar o formalismo quântico estudado neste módulo à resolução de uma série de exercícios. • Esperamos que, após o término desta aula, você tenha consolidado os conhecimentos adquiridos no Módulo 3 (Aulas 17 a 20). Pré-requisito Ter completado o estudo dos assuntos indicados no encabeçamento de cada grupo de exercícios.
  • 2. Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios PARTÍCULA LIVRE E CAIXA DE POTENCIAL EM TRÊS DIMENSÕES (AULA 17) eikr é autofunção da r Hamiltoniana para a partícula livre, e encontre o valor de E correspondente. r 1.1. (a) Verifique se a função de onda ψ (r ) = Sugestão: use a expressão do laplaciano em coordenadas esféricas. (b) Verifique se a função de onda do item anterior é autofunção do momento linear. Sugestão: use a expressão do gradiente em coordenadas esféricas. (c) Interprete fisicamente esse estado quântico. RESPOSTA COMENTADA r eikr (a) Para verificar se a função de onda ψ (r ) = é autofunção da r equação de Schrödinger para a partícula livre com energia E, h2 2 ∇ ψ = Eψ , consideramos o operador laplaciano em coorde2m 1 ∂ 1 ∂  ∂f  1 ∂2 f nadas esféricas, ∇ 2 f = rf ) + 2  senθ + 2 2 2 ( r ∂r r senθ ∂θ  ∂θ  r sen θ ∂ϕ 2 − eikr na equação de onda, r h2 1 ∂ 2 h2 1 ∂ 2 ikr h2 k2 eikr h2 k2 − e = ψ = ( rψ ) = − 2m r ∂r 2 2m r ∂ r 2 2m r 2m r e substituímos ψ (r ) = Portanto, a função de onda descreve uma partícula livre com energia E= h 2 k2 . 2m r (b) O gradiente em coordenadas esféricas é ∇f = r ∂f + θˆ 1 ∂f + ϕ ˆ ˆ ∂r r ∂θ 1 ∂f . r senθ ∂ϕ Assim, aplicando o operador momento à função de onda, temos r  ikeikr eikr  . ∂ψ ˆ ˆ − i h∇ψ = i hr − 2  i hr  ∂r r   r Deste modo, como o resultado desta operação não é proporcional à função de onda, esta não é uma autofunção do momento. 148 CEDERJ
  • 3. MÓDULO 1 21 (c) Vemos que a função de onda representa uma onda esférica, podendo AULA então representar partículas quânticas emergentes de uma fonte pontual. Tais funções de onda são muito úteis em problemas de espalhamento, por exemplo. Como a onda esférica se propaga em todas as direções a partir da fonte, a função de onda não tem um vetor momento linear bem definido. PARTÍCULA NUMA CAIXA CÚBICA E NUM POTENCIAL HARMÔNICO TRIDIMENSIONAL (AULA 18) 2.1. Considere 20 elétrons em uma caixa inicialmente cúbica de volume V = L3, como na Atividade Final 1 da Aula 18. Suponha que um agente externo realize uma deformação uniaxial, ou seja, reduz apenas um dos lados da caixa (digamos, ao longo do eixo x) por uma fração ∆L/L. Qual a variação da energia total dos elétrons no limite ∆L<<L? RESPOSTA COMENTADA Antes da deformação, a expressão geral para a energia do nível (n1 , n2 n3 ) é dada por: En1n2 n3 = π 2 h2 2 2 n 2 + n2 + n3  2  1  2m L Ao aplicarmos a deformação ao longo de x, quebramos as degenerescências de alguns níveis, e a energia do nível (n1 , n2 , n3 ) torna-se: 2  n1 n2 n2  π 2 h2 + 2 + 3=  2 L2 L2  2mL2  ( L − ∆L )   que, para ∆L<<L , pode ser escrita como ′ En1n2 n3 = π 2 h2 2m ′ En1n2 n3 = 2   n1 2 2 + n2 + n3  ,  2  (1 − ∆L L )    π 2 h2 2 2 2 n1 (1 + 2∆L L ) + n2 + n3  .  2mL2  Assim, quando a caixa é comprimida, cada nível (n1 , n2 , n3 ) sofre um deslocamento de energia dado por ′ ∆ En1n2 n3 = En1n2 n3 − En1n2 n3 = 2 π 2 h2 n1 ∆L . mL3 CEDERJ 149
  • 4. Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios Note que a variação de energia só depende do valor de n1 . Para encontrarmos a variação da energia total quando a caixa contiver 20 elétrons, teremos que somar a variação da energia de todos os níveis ocupados. Como cada estado definido pelos números quânticos n1 , n2 , n3 pode ser ocupado, no máximo, por dois elétrons, consideramos os 10 primeiros estados de energia, E111 , E211 , E121 , E112 , E221 , E212 , E122 , E311 , E131 , E113 , e calculamos a variação de energia para cada um deles. ∆Etotal = 2 × [ ∆E111 + ∆E211 + ∆E121 + ∆E112 + ... + ∆ E311 + ∆ E131 + ∆ E113 ] = 2π 2 h2 ∆L 2 54π 2 h2 ∆L 1 + 22 + 12 + 12 + ... + 32 + 12 + 12  =  mL3  mL3 O OPERADOR MOMENTO ANGULAR (AULA 19) 3.1. Definimos o comutador de dois operadores A e B como [A, B] = AB – BA. Supondo que esses operadores estejam atuando sobre uma função f(x, y, z), verifique as seguintes relações: (a) [x, x] = [x, y] = [x, z] = [y, y] = [y, z] = [z, z] = 0 (b) [px , px] = [px , py] = [px , pz] = [py , py] = [py , pz] = [pz , pz] = 0 (c) [px , x] = [py , y] = [ px,, x ] =– i h [pz z]= − (d) [Lx, x ] ] = i h Lz ; [Ly, ,Lz]==−ii h Lx; [Lzx,, L] ]== i h Ly [ px x ] [ p Ly = − [p xx − (e) [L2, Lx] = [L22, Ly] = [L22, Lz] = 0 RESPOSTA COMENTADA Em todos os casos, a resposta é obtida aplicando-se o comutador em questão a uma função qualquer f(x,y,z). Alguns exemplos de cada item: (a) [ x, y ] f = (xy − yx)f = 0 , de modo que [ x, y ] = 0 . ( )  (b)  px , py  f = px py − py px f =  − i h   ∂  ∂  ∂   ∂    − ih  −  − ih   − ih  f ∂x   ∂x   ∂y   ∂y     ∂2 f ∂2 f  = − h2  − =0 .   ∂x∂y ∂y∂x  (c) [ px , x ] f =  − i h ∂ , x  f = − i h  ∂ ( xf ) − x ∂f  = − i h  x ∂f + f − x ∂f  = − i hf   ∂x  ∂x ∂x  ∂x  ∂x        150 CEDERJ
  • 5. MÓDULO 1 AULA 21 De modo que [ px , x ] = − i h . (d) Lx , Ly  f =  ypz − zpy , zpx − xpz  f =     = ( ypz − zpy ) ( zpx − xpz ) − ( zpx − xpz ) ( ypz − zpy )  f   = ( ypz zpx − ypz xpz − zpy zpx + zpy xpz − zpx ypz + zpx zpy + xpz ypz − xpz zpy ) f = ( ypz zpx − yxpz pz − z 2 py px + zxpy pz − zypx pz + z 2 px py + xypz pz − xpz zpy ) f = ( ypz zpx − z 2 py px + zxpy pz − zypx pz + z 2 px py − xpz zpy ) f ( ) = ypz zpx − z 2  py , px  + zxpy pz − zypx pz − xpz zpy f   = ( ypz zpx + zxpy pz − zypx pz − xpz zpy ) f  ∂  ∂f  ∂2 f ∂2 f ∂  ∂f   = − h2  y  z  + zx − zy − x  z  ∂z  ∂y   ∂y∂z ∂x∂z  ∂z  ∂x   ∂f ∂2 f ∂2 f ∂2 f ∂f ∂2 f  = − h2  y + yz + zx − zy − x − xz  ∂y ∂x∂z ∂y∂z ∂x∂z ∂y∂z   ∂x  ∂f ∂f  = − h2  y − x  = i h ( xpy − ypx ) = i hLz ∂y   ∂x (e) L2 , Lx  = L2 + L2 + L2 , Lx  = L2 , Lx  + L2 , Lx  + L2 , Lx  y z    x   y    x   z Neste caso, a solução se simplifica se usarmos a relação [ AB, C ] = ABC − CAB = ABC − ACB + ACB − CAB = A[B, C ] + [ A, C ] B Assim, temos L2 , Lx  = L2 , Lx  + L2 , Lx  + L2 , Lx     x   y    z = Lx [ Lx , Lx ] + [ Lx , Lx ] Lx + Ly Ly , Lx  + Ly , Lx  Ly + Lz [ Lz , Lx ] + [ Lz , Lx ] Lz     = i h ( − Ly Lz − Lz Ly + Lz Ly + Ly Lz ) = 0 Relações de comutação como essas são muito importantes em Mecânica Quântica, pois pode ser demonstrado que podemos encontrar um conjunto de autofunções simultâneas de dois operadores que comutam. Por exemplo, no caso específico do momento angular, como L2 , Lz  = 0,   existe um conjunto de funções que são simultaneamente autofunções de L2 e Lz (que, neste caso, são os harmônicos esféricos Ylm ). CEDERJ 151
  • 6. Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios 3.2. Considere as funções Y1x e Y1y , introduzidas na Atividade ˆ Final 2 da Aula 19. Mostre que os valores esperados de Lz em ambos estados Y1x e Y1y são nulos. RESPOSTA COMENTADA As funções a que nos referimos podem ser escritas como combinações lineares do harmônicos esféricos: Y1−1 − Y11 Y1x = 2 , Y1y = −Y1−1 − Y11 . 2i ˆ O valor esperado de Lz no estado Y1x é: ˆ Lz Y1 x ˆ = ∫ d Ω Y1*x Lz Y1x , em que a integral em dΩ é feita sobre as variáveis angulares θ e ϕ. ˆ Sabendo que os harmônicos esféricos Ylm são autofunções de Lz com autovalores m h , temos ˆ  Y − Y11  = 1 d Ω Y * ( − hY − hY ) = ∫ d Ω Y1*x Lz  1−1 1x 1− 1 11  ∫ 2  2  *  Y * − Y11  −2 h * * d Ω  1− 1 =  (Y1−1 + Y11 ) = − h ∫ d Ω (Y1−1 − Y11 ) (Y1−1 + Y11 ) ∫ 2 2   ˆ Lz Y1 x Usamos agora a ortonormalidade dos harmônicos esféricos: ∫ dΩ * Ylm (θ , ϕ ) Yl ′m′ (θ , ϕ ) = δ l ,l ′ δ m,m′ , obtemos ˆ Lz Y1 x = −h ( ∫ dΩ ) * Y1*−1Y1−1 − ∫ dΩ Y11Y11 = 0 . No caso de Y1y , a demonstração é idêntica. O ÁTOMO DE HIDROGÊNIO (AULA 20) 4.1. Neste problema, vamos estudar o átomo de hidrogênio em duas dimensões. Considere a equação de Schrödinger bidimensional para o caso em que a energia potencial depende somente da coordenada radial r no plano, ou seja V (r ) = V (r) . 152 CEDERJ
  • 7. MÓDULO 1 21 (a) Lembrando que x = r cosθ e y = r senθ, mostre que AULA ∂ 2ψ ∂ 2ψ ∂ 2ψ 1 ∂ψ 1 ∂ 2ψ + = 2 + + ∂x 2 ∂y 2 ∂r r ∂r r 2 ∂θ 2 . (b) A partir desta relação, mostre que as autofunções da equação de Schrödinger para uma partícula de massa µ são da forma ψ (r,θ ) = f (r)eimθ , onde m é inteiro, e a parte radial f(r) é a solução da equação diferencial  d 2 f 1 df 2 µ  h2 m2   + 2  E − V (r) −  2 + f  = 0. r dr h  2µ r 2    dr (c) Considere agora que o potencial seja Coulombiano, ou seja, Ze 2 . Suponha ainda que busquemos uma solução com 4π ε 0 r momento angular nulo, ou seja, m = 0. Mostre que, de forma semeV (r) = − lhante ao átomo de hidrogênio em três dimensões, uma função f (r) = Ae − r a é solução da equação radial. Encontre o valor do “raio de Bohr” a e da energia E para que isso aconteça. Compare os valores encontrados com o caso tridimensional. RESPOSTA COMENTADA (a) Invertendo as relações x = r cos θ e y = r sen θ , temos r = x 2 + y 2 e θ = tan−1 ( y x ) . Usando a regra da cadeia, obtemos ∂ ∂r ∂ ∂θ ∂ , = + ∂x ∂x ∂r ∂x ∂θ ∂ ∂r ∂ ∂θ ∂ = + ∂y ∂y ∂r ∂y ∂θ em que ∂r 1 2x x = = = cosθ 2 2 ∂x 2 x + y r ∂r 1 2y y = = = senθ ∂y 2 x 2 + y 2 r ∂θ y ∂θ senθ senθ ⇒ =− =− 2 =− 2 ∂x x r cos θ ∂x r ∂θ 1 1 ∂θ cosθ ⇒ = sec 2 θ = =− r cosθ ∂y x ∂y r sec 2 θ CEDERJ 153
  • 8. Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios de modo que ∂ ∂ senθ = cosθ − ∂x ∂r r ∂ ∂ cosθ = senθ + ∂y ∂r r ∂ ∂θ ∂ ∂θ Assim, as derivadas segundas são ∂2 ∂ senθ ∂   ∂ senθ ∂   = cosθ − 2  cosθ ∂r − r ∂θ  ∂x ∂r r ∂θ     2 2 ∂ cosθ senθ ∂ cosθ senθ ∂ = cos2 θ 2 + − r2 r ∂r ∂θ ∂ r∂θ ∂ senθ ∂2 senθ ∂ sen2θ ∂ 2 senθ cosθ + 2 cosθ + 2 senθ − ∂r∂θ ∂r r ∂θ r ∂θ 2 r r 2 2 ∂ 2 senθ cosθ ∂ 2 senθ cosθ ∂ sen2θ ∂ sen2θ ∂ 2 = cos2 θ 2 + − + + 2 r2 ∂r ∂θ r ∂θ 2 r ∂ r∂θ r ∂r + ∂2 ∂ cosθ ∂   ∂ cosθ ∂   = senθ + 2  senθ ∂r + r ∂θ  ∂y ∂r r ∂θ     = sen2θ + ∂ 2 senθ cosθ ∂ senθ cosθ ∂ 2 − + r2 r ∂r 2 ∂θ ∂ r∂θ senθ cosθ ∂ cos2 θ ∂ 2 cos2 θ ∂ senθ cosθ ∂ 2 + − + r ∂r r ∂ r ∂θ r2 ∂θ r 2 ∂θ 2 = sen2θ ∂ 2 2 senθ cosθ ∂ 2senθ cosθ ∂ 2 s cos2 θ ∂ cos2 θ ∂ 2 − + + + ∂r 2 ∂θ r 2 ∂θ 2 r2 r ∂r∂θ r ∂r Somando os dois termos, obtemos, finalmente: ∂2 ∂2 ∂ 2  cos2 θ + sen2θ  ∂  cos2 θ + sen2θ  ∂ 2 + 2 = ( cos2 θ + sen2θ ) 2 +   +  2 2 ∂x ∂y ∂r r r2   ∂r   ∂θ 2 2 ∂ 1 ∂ 1 ∂ = 2+ + 2 ∂r r ∂ r r ∂θ 2 (b) A equação de Schrödinger se escreve − h2 2 ∇ ψ + V (r)ψ = Eψ 2µ h2  ∂ 2ψ 1 ∂ψ 1 ∂ 2ψ  + +   + V (r)ψ = Eψ 2 µ  ∂ r 2 r ∂ r r 2 ∂θ 2   ∂ 2ψ 1 ∂ψ 1 ∂ 2ψ  2 µ + [ E − V (r)]ψ = 0  2 + + r ∂ r r 2 ∂θ 2  h2  ∂r − 154 CEDERJ
  • 9. MÓDULO 1 21 Propomos uma solução do tipo ψ (r, θ ) = f (r) Θ (θ ) . Substituindo na AULA equação anterior, obtemos  d 2 f Θ df f d 2 Θ  2 µ + [ E − V (r)] f Θ = 0 . Θ 2 + + r dr r 2 dθ 2  h2  dr Dividindo a equação por ψ (r, θ ) = f (r) Θ (θ ) , temos:  1 d 2 f 1 df 1 d 2 Θ  2µ + + 2 [ E − V (r)] = 0  + 2 rf dr r Θ dθ 2  h2  f dr 1 d 2 f 1 df 2 µ 1 d2Θ + + 2 [ E − V (r)] = − 2 f dr 2 rf dr h r Θ dθ 2 r 2 d 2 f r df 2 µ r 2 1 d2Θ + + 2 [ E − V (r)] = − f dr 2 f dr h Θ dθ 2 Como o lado esquerdo da equação depende apenas de r e o direito depende apenas de θ, ambos devem ser iguais a uma constante, que chamaremos de m2. Assim, chegamos a duas equações diferenciais: 1 d2Θ d2Θ = m2 ⇒ = − m2 Θ Θ dθ 2 dθ 2 r 2 d 2 f r df 2 µ r 2 + + 2 [ E − V (r)] = m2 ⇒ f dr 2 f dr h − d 2 f 1 df 2 µ  h2 m2  + + 2  E − V (r) − f = 0 2 r dr h  2µ r 2  dr A primeira equação tem como soluções Θ(θ ) = e i mθ . Pela condição Θ (θ + 2π ) = Θ(θ ) , concluimos que m é inteiro. A segunda equação é precisamente aquela para a parte radial da função de onda, f(r), como queríamos demonstrar. (c) Usando m = 0 e V (r) = − Ze 2 na equação para f(r), temos: 4πε 0 r Ze 2  d 2 f 1 df 2 µ  + + 2 E +  f (r) = 0 4πε 0 r  dr 2 r dr h  Propomos a solução f (r) = Ae −r a . Tomando as derivadas: df A = − e−r a . a dr d2f A −r a = e dr 2 a2 CEDERJ 155
  • 10. Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios Substituindo na equação: Ze 2  − r a A − r a A − r a 2µ  e − e + 2 E + =0  Ae a2 ar h  4π ε 0 r  Ze 2  1 1 2µ  + 2 E + −  =0 a2 ar h  4π ε 0 r  Para que a última equação seja válida para todo r, devemos ter: 1 2µ E + 2 =0 , a2 h 2 1 2 µ Ze =0 − + 2 a h 4π ε 0 que nos dá a= 2π ε 0 h2 Zµ e2 E=− Z2 µ e4 h2 = 2 2 2 . 2 2µ a 8π ε 0 h Vemos que o raio de Bohr é duas vezes menor, e a energia de ligação é quatro vezes maior para o átomo de hidrogênio em duas dimensões, comparado ao caso tridimensional. Esse resultado é usualmente descrito como devido a uma amplificação dos efeitos da interação coulombiana nos sistemas com dimensionalidade reduzida. 4.2. Os estados estacionários do átomo de hidrogênio são as funções de onda ψ nlm (r,θ , ϕ ) . (a) Podemos construir um estado do hidrogênio pela superposição ψ (r,θ , ϕ ) = aψ nlm (r,θ , ϕ ) + bψ n ’l ’m ’ (r,θ , ϕ ). Mostre que, no caso em que n ≠ n’, l ≠ l’, ou m ≠ m’, essa superposição não é um estado ˆ2 ˆ estacionário nem é autofunção de L ou de Lz . (b) Construa um estado do hidrogênio que seja autoestado ˆ ˆ ˆ simultâneo de H e L2, mas não de Lz . ˆ (c) Idem para um estado que seja autoestado simultâneo de H e ˆ2 ˆ Lz , mas não de L . 156 CEDERJ
  • 11. MÓDULO 1 21 RESPOSTA COMENTADA AULA (a) Sabemos que as funções de onda ψ nlm (r,θ , ϕ ) são autofunções de 2 µ  e 2  1 ), ˆ 2 (autovalores h2 l (l + 1) ) ˆ L H (autovalores En = − 2   2h  4π ε 0 h  n 2 ˆ ˆ ˆ ˆ e Lz (autovalores m h ). Assim, operando com H , L2 e Lz nesse estado, temos: • ˆ H [ aψ nlm + bψ n′l ′m′ ] = aEnψ nlm + bEn′ψ n′l ′m′ • ˆ L2 [ aψ nlm + bψ n′l ′m′ ] = h2 [ al(l + 1)ψ nlm + bl ′(l ′ + 1)ψ n′l ′m′ ] • ˆ Lz [ aψ nlm + bψ n′l ′m′ ] = h [ amψ nlm + bm′ψ n′l ′m′ ] Portanto, vemos que em nenhum dos três casos o estado de superposição é um autoestado do respectivo operador. (b) Para que isso ocorra, temos que ter uma superposição com n = n′ e l = l ′ , porém com m ≠ m′ . Assim, ψ ( r,θ , ϕ ) = aψ nlm ( r,θ , ϕ ) + bψ nlm′ ( r,θ , ϕ ) = aψ nlm ( r,θ , ϕ ) + bψ nlm′ ( r,θ , ϕ ) . (c) Para que isso ocorra, temos que ter uma superposição com n = n′ e m = m’, porém com l ≠ l ′ . Assim, ψ ( r,θ , ϕ ) = aψ nlm ( r,θ , ϕ ) + bψ nlm′ ( r,θ , ϕ ) ( r,θ , ϕ ) + bψ nlm′ ( r,θ , ϕ ) . Note que, para que isso seja possível, m ≤ l, l ’ . 4.3. (a) Determine <r> e <r2> para o elétron no estado fundamental do átomo de hidrogênio, expressando sua resposta em termos do raio de Bohr a. (b) Determine <x> e <x2> no estado fundamental, usando o resultado do item anterior e as simetrias do estado fundamental (não é preciso calcular outras integrais). (c) Determine <x2> no estado n = 2, l = 1, m = 1. Note que esse estado não é esfericamente simétrico. CEDERJ 157
  • 12. Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios RESPOSTA COMENTADA (a) A função de onda do estado fundamental do átomo de hidrogênio, obtida a partir da Tabela 20.2 da Aula 20, usando Z = 1, é dada por ψ 100 (r,θ , ϕ ) = 1 a 32 π e−r a O valor esperado de r é 2π π 0 0 r = 1 a3π = ∞ 2 * ∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r ψ 100 (r,θ ,ϕ) rψ 100 (r,θ ,ϕ) 0 2π π ∞ 0 0 0 3 − 2r a ∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r e = ∞ 4 dr r 3e − 2 r a a3 ∫ 0 4 3 4 6a = a 3 a 16 2 = Já o valor esperado de r2 é dado por 2π r2 = π 0 = = 1 a3π ∞ 2 * 2 ∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r ψ 100 (r,θ ,ϕ) r ψ 100 (r,θ ,ϕ) 0 2π 0 π ∞ 0 0 4 − 2r a ∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r e = 0 ∞ 4 dr r 4 e − 2 r a 3 ∫ a 0 5 4 24a = 3a2 a3 32 Ambos os resultados reforçam a idéia de que o raio de Bohr é uma boa medida do tamanho do átomo de hidrogênio. (b) Como a distribuição de probabilidades associada ao estado 1s do átomo de hidrogênio é esfericamente simétrica, e levando-se em conta que x é uma função ímpar, temos: x = ∫ d 3r x ψ 100 (r,θ , ϕ ) = 0 , 2 2 pois o produto x ψ 100 (r,θ , ϕ ) será também uma função ímpar, cuja integal no espaço todo é nula. Para calcular o valor esperado de x2, podemos novamente usar a propriedade de simetria esférica do estado 1s, que nos leva ao seguinte resultado: x 2 = y 2 = z 2 = r2 3 . Assim, usando o resultado do item (a), obtemos x 2 = a 2. (c) A função de onda do estado n = 2, l = 1, m = 1, segundo os dados da Tabela 20.2 (novamente com Z = 1), é dada por: 158 CEDERJ
  • 13. MÓDULO 1 21 1 r senθ e − r 2 a eiϕ 32 64π a a AULA 1 ψ 211 (r,θ , ϕ ) = Sabendo que x = r senθ cos ϕ , podemos calcular o valor de <x2>: 2π x2 = π 0 = = ∞ 2 * ∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r ψ 211(r,θ ,ϕ) ( r senθ cosϕ ) ψ 211(r,θ ,ϕ) 0 2 0 1 64a5π 2π π 0 0 1 64a5π 2π π ∞ 0 0 0 ∞ 6 2 2 −r a ∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r sen θ cos ϕ e 0 2 3 6 −r a ∫ dϕ cos ϕ ∫ dθ sen θ ∫ dr r e 1 4 = × π × × 720a7 = 15a2 5 3 64a π 4.4. Vamos calcular a probabilidade P de que um elétron no estado fundamental do átomo de hidrogênio seja encontrado dentro do núcleo. (a) Calcule primeiro a resposta exata. Denote o raio do núcleo por R. (b) Expanda o seu resultado como uma série de potências em R/a, e mostre que o termo de ordem mais baixa é da forma: P ≈ (4/3)(R/a)3. Este termo já deveria ser uma boa aproximação, pois R<< a. (c) Alternativamente, poderíamos pensar que a função de onda do elétron é essencialmente constante sobre o pequeno volume do núcleo, de modo que P ≈ (4/3)πR3 |ψ100 (0) |2. Verifique que essa aproximação reproduz o resultado do item anterior. (d) Use R ≈ 10–15 m , a ≈ 10–10 m , para uma estimativa numérica de P. Esse valor representa a fração do tempo em que o elétron se encontra dentro do núcleo. CEDERJ 159
  • 14. Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios RESPOSTA COMENTADA (a) A probabilidade de encontrarmos o elétron no estado 1s dentro de uma esfera de raio R é 2π P= π 0 = = R ∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r 1 a3π 0 2π 2 ψ 100 (r,θ , ϕ ) 0 π R ∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r e 0 2 0 2 −2r a 0 R = 4 dr r 2 e − 2 r a 3 ∫ a 0 2  2R a 2  a3  4  a −2 R a  2 −2 R a  2R + 1 − e  2 +  R + aR +  +  = 1 − e 3 a a  2 2  4  a   (b) Para expandir o resultado do item anterior em potências de R/a, lembramos que e x ≈ 1 + x + x 2 x3 + + O (x 4 ) , de modo que 2 6  2R2 2R    4R3 2R 2R2 4R3   2R2 2R P = 1 − e −2 R a  2 + + 1 ≈ 1 −  1 − + 2 − 3 . 2 + + 1 = 3 a a a 3a   a a  a    3a (c) Supondo que a função de onda é constante na região do núcleo e que tem o valor ψ 100 (0) , a probabilidade é dada pelo produto do volume do núcleo pela densidade de probabilidade: P= 1 4R3 4 4 2 π R3 ψ 100 (0) = π R3 × 3 = 3 , 3 3 πa 3a reproduzindo o resultado do item anterior. (d) Usando os valores aproximados R ≈ 10–15 m e a ≈ 10–10 m, obtemos P≈ 4R3 ≈ 10−15 , 3a3 ou seja, um elétron passa uma fração ínfima do seu tempo dentro do núcleo. Para se ter uma idéia desse tempo, um elétron necessitaria estar ligado a um núcleo por cerca de 30 milhões de anos para estar, em média, um segundo dentro dele. Ainda assim, a presença, ainda que furtiva, do elétron dentro do núcleo, dá origem um efeito físico mensurável, conhecido como interação hiperfina de contato. 160 CEDERJ