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LIBRAS 
 
 
Marlene Cardoso  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COLEÇÃO FORMANDO EDUCADORES 
EDITORA NUPRE 
2010 
LIBRAS  
REDE DE ENSINO FTC 
 
William Oliveira  
PRESIDENTE 
 
Reinaldo Borba 
VICE‐PRESIDENTE DE INOVAÇÃO E EXPANSÃO 
 
Fernando Castro 
VICE‐PRESIDENTE EXECUTIVO 
 
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Cristiane de Magalhães Porto 
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Francisco França Souza Júnior  
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PROJETO GRÁFICO 
 
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DIAGRAMAÇÃO 
 
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IMAGENS 
 
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Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.  
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização  
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SUMÁRIO 
1  SURDEZ: ASPECTOS BIOLÓGICOS E SOCIAIS ................................................................................ 9 
1.1  TEMA 1. SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS .......................................................................11 
1.1.1  CONTEÚDO 1. VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA DO SURDO NA CONTEMPORANEIDADE11 
1.1.2  CONTEÚDO 2.  O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DO SURDO ............................................13 
1.1.3  CONTEÚDO 3. PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ...............17 
1.1.4  CONTEÚDO 4. LIBRAS E IDENTIDADE SOCIAL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E ASPECTOS 
LEGAIS .............................................................................................................................21 
MAPA CONCEITUAL ...........................................................................................................................27 
ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................................28 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...................................................................................................................29 
1.2  TEMA 2. SURDEZ E O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE .........................................................31 
1.2.1  CONTEÚDO 1. SURDEZ X DEFICIÊNCIA ...........................................................................31 
1.2.2  CONTEÚDO 2. SURDEZ: FATORES DE RISCO, PREVENÇÃO E TRATAMENTOS ................40 
1.2.3  CONTEÚDO 3. ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA LIBRAS .....................................................57 
1.2.4  CONTEÚDO 4. ASPECTOS LEGAIS DA LIBRAS ..................................................................59 
MAPA CONCEITUAL ...........................................................................................................................69 
ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................................70 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...................................................................................................................71 
2  SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICA PEDAGÓGICA .................................................................... 75 
2.1  TEMA 3. ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA LIBRAS ........................................................77 
2.1.1  CONTEÚDO 1. LINGUAGEM X LÍNGUA ...........................................................................77 
2.1.2  CONTEÚDO 2. LIBRAS: A INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS ..........................81 
2.1.3  CONTEÚDO 3. SURDEZ, FAMÍLIA E COMUNICAÇÃO: APRENDENDO A LIBRAS ........... 105 
2.1.4  CONTEÚDO 4. A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO  
SURDO .......................................................................................................................... 106 
MAPA CONCEITUAL ........................................................................................................................ 123 
ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 124 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................................................................................ 125 
2.2  TEMA 4. CIDADANIA E DIREITOS DA COMUNIDADE SURDA NO BRASIL E NO MUNDO ........ 127 
2.2.1  CONTEÚDO 1. EDUCAÇÃO ESPECIAL: ASPECTOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS ................. 127 
2.2.2  CONTEÚDO 2. REFLEXÕES SOBRE A PRÁXIS PEDAGÓGICA E A MEDIAÇÃO NA 
LINGUAGEM ESCRITA .................................................................................................. 137 
2.2.3  CONTEÚDO 3. DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DE SALAMANCA ................................. 141 
2.2.4  CONTEÚDO 4. DERRUBANDO MITOS E CRENÇAS NO TRABALHO COM O SURDO ...... 145 
MAPA CONCEITUAL ........................................................................................................................ 149 
ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 150 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................................................................................ 151 
GLOSSÁRIO ................................................................................................................................. 155 
REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 157 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Neste texto pretendemos refletir sobre a língua Libras, apresentando também a concep-
ção contemporânea de surdez, bem como implicações pedagógicas do processo educacional
com crianças e jovens surdos.
Além disso, desejamos favorecer uma reflexão crítica sobre as propostas educacionais
ora vigentes no sistema educacional brasileiro, para que, em sua futura prática profissional,
você priorize um fazer pedagógico em prol da inclusão.
Neste sentido, este texto é voltado aos discentes em formação em licenciatura, embora
não sejam aqui esgotados todos os aspectos relativos ao trabalho com pessoas surdas, haja
vista sua abordagem introdutória acerca da temática da surdez, suas origens e implicações
biológicas, educacionais e sociais para o indivíduo surdo, bem como para a comunidade esco-
lar que o acolhe.
O presente texto tem por foco questões relativas ao processo de surdez em contextos de
aprendizagem e as possibilidades de inclusão de surdos no Brasil, tratando, por isso, de aspec-
tos do sistema de ensino e suas vicissitudes.
Didaticamente, os conteúdos deste texto estão organizados em dois blocos temáticos e
quatro grandes temas, apresentados em conteúdos específicos, a saber.
O BLOCO TEMÁTICO I – COMUNIDADE SURDA apresenta no Tema 1 os “Aspec-
tos socioantropológicos” e o Tema 2 versa sobre “Surdez e interação”.
O BLOCO TEMÁTICO II apresenta a temática sobre “A SURDEZ E SUAS
IMPLICAÇÕES”, em dois grandes temas: o Tema 1 aborda os “Aspectos Biológicos’ e no
Tema 2 são apresentados os “Aspectos Pedagógicos”.
Neste sentido, este texto se propõe a apresentar de forma clara e sucinta os conceitos
fundamentais da língua Libras, de modo a favorecer uma maior compreensão por parte de
profissionais da área educacional quanto às possibilidades e limites para um trabalho pedagó-
gico inclusivo com pessoas surdas.
Diante disso, consideramos ser esta uma ferramenta importante para o trabalho em e-
ducação, sendo um convite a que você aprenda e passe a falar também com as mãos, difun-
dindo, assim, a cidadania na comunidade surda ao respeitar e valorizar sua cultura.
Bem-vindo ao mundo do silêncio.
Marlene Cardoso
8
MARLENE CARDOSO 
 
   
 
1 
SURDEZ: ASPECTOS BIOLÓGICOS E 
SOCIAIS  
BLOCO  
TEMÁTICO 
 
11
LIBRAS 
SURDEZ: ASPECTOS BIOLÓGICOS E 
SOCIAIS  
1.1  
TEMA 1. 
SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS  
1.1.1  
CONTEÚDO 1. 
VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA DO SURDO NA CONTEMPORANEIDADE  
[...] A história comum dos Surdos é uma história que enfatiza a caridade, o
sacrifício e a dedicação necessários para vencer ‘grandes adversidades’ [...].
(SÁ, apud PERLIN; STROBEL, 2006, p. 5).
“[...] quase metade dos professores eram surdos. Não existiam audiologistas,
terapeutas de reabilitação, ou psicólogos educacionais e, para a maioria, nenhum destes
eram aparentemente necessário. [...] pelo contrário a criança e os adultos surdos eram
descritos em termos culturais: que a escola frequentaram, quem eram os seus parentes e
amigos surdos (caso os houvesse), quem era a sua esposa surda, onde trabalhavam, quais
as equipes desportivas de surdos e organizações de surdos a que pertenciam, qual o serviço
que prestavam à comunidade dos surdos? [...]”
Fonte: LANE apud PERLIN; STROBEL, 2006, p.15.
Até aqui aprendemos sobre como a deficiência auditiva se manifesta diferentemente em
cada indivíduo. Agora podemos caminhar um pouco mais. A partir deste ponto estudaremos
como o indivíduo reage na sociedade com a limitação da surdez.
 
12
MARLENE CARDOSO 
 
Ao compreender as características mais marcantes da comunidade dos indivíduos
surdos, você se comunicará mais e melhor em LIBRAS.
Então, vamos avançar e entender os aspectos socioantropológicos da surdez.
Bom estudo!
 Conceitos e terminologia básica
Pode parecer uma questão menor nos preocuparmos com a terminologia, mas o modo
como nos referimos a uma pessoa reflete nosso conceito sobre ela, bem como explicita nossos
preconceitos, ignorância e arrogância, que se tornam transparentes nos títulos, rótulos e defi-
nições que atribuímos aos outros. É preciso, então, conhecer o vocabulário de um campo para
incorrer em erros elementares, bem como para não dar continuidade ao preconceito implícito
muitas vezes no discurso leigo ou popular.
Surdo-mudo, deficiente auditivo (DA), pessoa portadora de necessidades especiais, de-
ficiente da áudio-comunicação, por que existem tantos termos? Poderíamos pensar: ao usar-
mos tantas palavras distintas para designarmos uma pessoa que pertence um grupo específico
estamos nos posicionando de forma demasiadamente cuidadosa?
Talvez seja este o momento de refletir se todo este aparato terminológico está camuflan-
do nosso desconforto por nos mantermos preconceituosos, e que por isso caímos em um exa-
gerado modismo, muito em voga e reconhecido como uma onda do “politicamente correto”.
Na ânsia de não ofendermos a pessoa surda, ou pertencente a qualquer outra minoria,
acabamos criando um número de designações, que sempre são substituídas por outras, pois
nenhuma preenche satisfatoriamente a definição mais atual sobre o indivíduo surdo.
Contudo, a maioria das pessoas que não tem contato com a área da surdez, pensa que o
termo surdo(a) é uma palavra ofensiva, mas não é. Os próprios surdos esclarecidos querem
ser chamados assim, pois não se refere simplesmente aquelas pessoas com perda de audição,
mas sim a todo um contexto de serem um grupo minoritário com necessidade de comunica-
ção essencialmente e, por extensão, de língua de sinais.
Os surdos que assumem a identidade surda são representados por discursos que os
vêem capazes como sujeitos culturais, uma formação de identidade que só ocorre entre os
espaços culturais surdos.
 
13
LIBRAS 
 
Quanto mais você ler sobre o assunto melhor.
Aproveite e acesse o próximo link: http://www.mj.gov.br/
1.1.2  
CONTEÚDO 2.  
O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DO SURDO  
Ao longo da história, e das diversas culturas, os surdos eram pessoas consideradas im-
prestáveis e amaldiçoadas, exterminados através de infanticídio "legalizado", bem como eram
ao mesmo tempo vistas como pobres coitados que deveriam ser sempre tutelados, e que não
poderiam jamais ter vida própria por serem incapazes.
A partir do século XVI surgem os primeiros pedagogos para surdos, e a sua educação e
inclusão na sociedade começa a ser repensada de forma séria.
Foi a partir do século XVI, que passou a ser cogitada a possibilidade de educar pessoas
surdas, porém isto somente foi efetivamente realizado no início com indivíduos surdos de
famílias abastadas e herdeiros de fortunas, por sua educação ser uma condição para que pu-
dessem receber herança.
Com o início do Renascimento e a renovação das ideias a partir da Idade Média e do
isolamento imposto pelo regime feudal, houve formação de Comunidades Surdas e o desen-
volvimento da língua de sinais, já utilização pelos surdos desde a Antiguidade.
Em 1974, na Holanda, aparece no discurso do médico suíço Amman com o postulado
sobre a primazia da oralidade do surdo na atenção pedagógica à surdez. Como ele, vários ou-
tros seguiram a mesma tendência, afirmando ser a oralidade a única via de acesso à razão e ao
pensamento humano.
Assim, no início do século XX, a maior parte das escolas de surdos, em todo o mundo,
abandona o uso da língua de sinais. Reflexo do Congresso de Milão de 1880, quando, a despei-
to do que pensavam os surdos (maiores interessados, e que sequer foram consultados), consi-
derou-se que a melhor forma de educação do surdo, seria aquela que utilizasse unicamente o
oralismo.
Desta forma, é traçado o desenho do oralismo, abordagem cujo discurso propõe a supe-
ração da surdez e a aceitação social do surdo por meio da oralização, o que significou o bani-
mento da língua de sinais dos modelos educacionais. O ensino da fala passou a ocupar centra-
lidade máxima, e converteu-se em meio e fim da educação do surdo. A orientação era no
sentido de que:
 
14
MARLENE CARDOSO 
 
[...] a vida da criança surda deva ser organizada de tal modo que a fala seja
necessária e interessante para ela, e a língua de sinais sem importância e des-
necessária [...] (VYGOTSKY, 1993, p. 37).
O modelo descrito acima e centrando a educação do surdo na oralidade não surge do
acaso, pois o modelo de referência oralista é o modelo clínico-terapêutico, e não
pedagógica, a surdez é vista como patológica e os surdos tornam-se pacientes, e não
alunos.
Considerava-se que o surdo, para viver em sociedade, deveria conseguir "ouvir" (com o
uso de aparelho e apoiando-se em técnicas de leitura labial) e "falar" (através de exaustivos
exercícios e, em último caso, da comunicação escrita) com o ouvinte, devendo superar a defi-
ciência, o defeito de nascença, para poder ter o direito de conseguir viver e ser aceito pelo seu
grupo social.
Interessante!
Apesar de inúmeros indivíduos mostrarem a capacidade intelectual e produtiva das pes-
soas que tinham alguma deficiência, a sociedade manteve-se alheia e negou durante séculos,
os direitos de igualdade destes grupos.
 
15
LIBRAS 
Dois grandes homens contribuíram com sua genialidade e arte para a história da huma-
nidade, sem que as limitações impostas pela deficiência tomassem o lugar de protagonistas nas
vidas de cada um deles.
Lembramos por isso neste texto o valor de ambos.
LUDWIG VAN BEETHOVEN 
FONTE: HTTP://WWW.CM‐LOUSA.PT/IMAGES/AGENDA/154_BILDNIS_LUDWIG_VAN_BEETHOVEN.JPG  
Sem sombra de dúvida, Beethoven é um ícone da música erudita ocidental, sendo um
dos compositores mais admirados e influentes.
ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA 
FONTE: HTTP://WWW.GRUPOESCOLAR.COM/A/B/891FA.JPG 
 
16
MARLENE CARDOSO 
 
Brasileiro natural de Ouro Preto, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho é um dos
maiores artistas da história do nosso país. Escultor, sua formação é atribuída as suas atividades
com seu pai e com seu tio. Sua educação formal foi apenas até a escola primária.
TETO DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS 
FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.INFOESCOLA.COM 
Pesquise sobre a obra destes dois mestres da arte e busque outros exemplos de pessoas
que superaram a deficiência apesar das barreiras da preconceituosa sociedade ocidental.
O modelo antropológico, por sua vez, rompe com essa forma de pensar e concebe os
surdos como adultos multilinguais e multiculturais, concepção de fundamento e de práxis.
Nesse modelo se insere a educação bilíngue para surdos, que significa, como propõe Skliar
(1998), apoiado nas proposições da UNESCO (1954): “o direito que têm as crianças que utili-
zam uma língua diferente da língua oficial de serem educadas na sua língua” (SKLIAR, 1998,
p. 17).
 
17
LIBRAS 
FONTE: HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_A8FPA0P6NTE/TCLA6NILWCI/AAAAAAAAIX0/QZO7I4PJUGS/S1600/ALFABETO+E+LIBRAS.JPG 
A partir da década de 80 começa a ganhar força a filosofia do bilinguismo. Segundo esta
filosofia, o surdo deve adquirir primeiramente, como língua materna, a língua de sinais, con-
siderada a sua língua natural. Somente como segunda língua deveria ser ensinada a língua
oficial do país, mas preponderantemente na sua forma escrita. O bilinguismo percebe a surdez
como diferença linguística, e não como deficiência a ser normatizada através da reabilitação
(oralismo).
O surdo, progressivamente, vem sendo encarado como alguém com identidade e carac-
terísticas próprias, e em alguns casos, o que é mais importante, distintas das do ouvinte.
1.1.3  
CONTEÚDO 3. 
PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE  
O modelo socioantropológico da surdez
Foram duas observações que a partir da década de 60 levaram outros especialistas – co-
mo antropólogo, linguísticas e sociólogos – a interessar-se pelos surdos, e que originaram uma
visão totalmente oposta a clinica, uma perspectiva socioantropológica da surdez.
Por um lado, o fato de que os surdos formam comunidades cujo fator aglutinante é a
língua de sinais, apesar, como se disse da repressão exercida pela sociedade e pela escola. Por
outro lado, a confirmação de que os filhos surdos de pais surdos apresentam melhores níveis
 
18
MARLENE CARDOSO 
 
de leitura semelhantes aos do ouvinte, uma identidade equilibrada, e não apresentam os pro-
blemas sociais e afetivos próprios dos filhos surdos de pais ouvintes.
Os surdos formam uma comunidade linguística minoritária caracterizada por comparti-
lhar uma língua de sinais e valores culturais, hábitos e modos de socialização próprios. A lín-
gua de sinais constitui o elemento identitário dos surdos, e o fato de construir-se em comuni-
dade significa que compartilham e conhecem os usos e normas de uso da mesma língua, já
que interagem cotidianamente em um processo comunicativo eficaz – e cognitiva por meio do
uso da língua de sinais própria de cada comunidade de surdos.
FONTE: HTTP://ZURETACONCURSOS.FILES.WORDPRESS.COM/2008/07/1BONECOS_UNIAO.JPG 
A comunidade surda se origina em uma atitude diferente frente ao déficit, já que não le-
va em consideração o grau de perda auditiva de seus membros. A participação na comunidade
surda se define pelo uso comum da língua de sinais, pelos sentimentos de identidade grupal, o
autorreconhecimento e identificação como surdo, o reconhecer-se como diferente, os casa-
mentos endogâmicos, fatores estes que levam a redefinir a surdez como uma diferença e não
como uma deficiência. Pode-se dizer, portanto, que existe um projeto surdo da surdez.
Observe como é importante o respeito a língua materna dos surdos. Pense nisto...
A língua de sinais anula a deficiência e permite que os surdos consigam, então, uma
comunidade linguística minoritária diferente e não um adesivo na normalidade.
Identidade surda
A identidade do surdo é um tema que vem sendo debatido de forma nova, em termos,
principalmente, de sua inserção no campo dos estudos culturais, ao qual melhor se adapta sob
a perspectiva da representação da diferença.
 
19
LIBRAS 
Essa concepção está envolvida com a consideração de assimetrias culturais, tratando-se
de uma identidade cultural, que envolve rituais, linguagem olhares, sinais, representações,
símbolos, modelos convencionais, processo profundamente plurais e culturais.
FONTE: 
HTTP://SBYSIQ.BLU.LIVEFILESTORE.COM/Y1P2GRWLUOIQHQPTZELF3MPRVHQM12OZVXZKVNF73KMDXGYQKZNET1WFB6WPQLZ5OJD3S
S9QO_5ONB‐BSDBBXNLQA/FESTA%20DA%20PRIMAVERA%20(203).JPG 
No caso dos surdos, vale dizer que a identidade é construída numa forma de representa-
ção naturalmente edificada na comunidade ou nas comunidades surdas essa representação
possui uma narrativa “imaginada”, cujos processos cimentam a unidade de uma comunidade.
Olhando a parceria ou os vínculos entre identidade e currículo, é possível refletir sobre
as relações entre currículo e subjetividade. Em outras palavras devemos refletir que se a base
da cultura surda não estiver presente no currículo, dificilmente o sujeito surdo irá percorrer a
trajetória de sua nova ordem, que será oferecida na pista das representações inerentes às ma-
nifestações culturais.
FONTE: HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_VIJGHWJX6YW/TCAC5OIK7NI/AAAAAAAAEVU/WAPLNP0WBZ4/S320/BASQUETECADEIRA1.JPG 
 
20
MARLENE CARDOSO 
 
Entrar na discussão de currículo e identidade no campo da educação dos surdos signifi-
ca apreender uma identidade de resistência que exclui uma máscara social de incapacidade
para aquisição subjetiva do conhecimento, máscara que também é possível identificar na ex-
clusão imposta a pessoas que apresentam outras deficiências. E entrar na pista da socialização
do conhecimento entre os surdos.
O currículo como centro da identidade
No livro “Documentos de Identidade”, Silva (2002) remete-nos ao significado de currí-
culo como a “pista decorrida”. Pode se dizer que, aí, o currículo deve conter pistas para nos
tornamos o que somos. Se nos detivermos a considerar currículo apenas como conhecimento,
então esquecemos a relação entre identidade e currículo.
O currículo deve estar inerentemente, centralmente e virtualmente envolvido naquilo
que representa o que somos, naquilo que nos tornamos, na nossa identidade, na nossa subjeti-
vidade.
Assim, no caso do surdo, o currículo precisa estar envolvido num processo cultural ine-
rente ao surdo. Para que a identidade possa vir a ser temos de “adulterar” o currículo com a
representação cultural surda.
O contato do sujeito surdo com as manifestações culturais do surdo é necessário para
construção de sua identidade, caso contrario, sua experiência vai torná-lo um sujeito sem pos-
sibilidade de autoidentificar-se como diferente e como surdo, ou seja, com determinada iden-
tidade cultural. A sua identificação vai ocorrer como sendo um sujeito deficiente. É bem o
caso do oralismo.
Se olharmos para a história, teremos presente o caso de identificação que o oralismo le-
gou ao surdo como o enfraquecimento da comunidade surda, resultando na perda da auto-
nomia, na competição de surdos com os ouvintes, no suicídio dos surdos.
Por quê?
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
32621998000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
 
21
LIBRAS 
1.1.4  
CONTEÚDO 4. 
LIBRAS E IDENTIDADE SOCIAL: 
ASPECTOS PEDAGÓGICOS E ASPECTOS LEGAIS  
FONTE: HTTP://4.BP.BLOGSPOT.COM/_WLCERUQV4BK/SSMDOQ_CX6I/AAAAAAAAAWG/LWZOJRBQMTA/S400/VARIAS‐MAOS.JPG 
Acontece que a manifestação da identidade do surdo no currículo oralista é falha e con-
tém a representação da identidade ouvinte como exclusiva. Uma segregação da identidade
surda, uma segregação da mesma.
Se pensarmos na pluralidade cultural, o currículo multiculturalista faz lembra que a i-
gualdade e oportunidade não podem ser obtida por meio da igualdade de acesso ao currículo
hegemônico existente. É preciso que haja presença da diferença cultural nos currículos, para
garantir ou refletir as formas pelas quais a diferença é produzida em relações sociais de assi-
metria.
Tanto a língua como a educação está envolvida em processo de transformação de iden-
tidades e subjetividades. Pedagogicamente falando ensinar a cultura do surdo na sala de aula
com surdo é tão importante quanto teorizar sobre ela.
Ensinar cultura do surdo é fazer um discurso e uma prática, é abrir perspectivas para a
formação da subjetividade e contribuir para o encontro de uma linguagem teórica que permi-
ta ao surdo identificar-se. Estas ideias são ratificadas por Sá (2002), quando ela afirma que a
formação das nossas identidades ocorre a partir da fusão dos elementos de todos os sistemas
culturais em que estamos inseridos.
 
22
MARLENE CARDOSO 
 
A construção da surdez a partir de diferentes concepções de multiculturalismo
Numa mesma sociedade existem várias culturas imbricadas umas nas outras, gerando a
necessidade de se considerar um “multiculturalismo”, principalmente nas ações educacionais.
No entanto, há várias noções de multiculturalismo. Então, convém destacar a concepção
de multiculturalismo que chamamos para esta reflexão.
Carlos Skliar adverte (com base em Harlan Lane,1990 e Peter McLaren,1997), que a sur-
dez é construída a partir de concepções diferentes de multiculturalismo.Segundo ele, pode-se
observar a concepção conservadora de multiculturalismo,segundo a qual, na abordagem à
questão da surdez, há uma supremacia do ouvinte sobre os surdos, há um destaque para a
biologização da surdez e dos surdos,há a priorização de todos os julgamentos pela perspectiva
do mais “valoroso” da “mais valia” , há a deslegitimação das línguas estrangeiras e dos dialetos
regionais e étnicos,há a proclamação do monolinguismo, e, se usa o termo “diversidade” para
encobrir uma ideologia de assimilação (1998, p. 1).
Estamos próximo de começar a exercitar as mãos. Mas, antes vamos compreender os
aspectos que permeiam a educação especial dos surdos. Como ensinar e aprender Libras por
que educar um surdo é também entender a cultura surda. Vamos em frente!
Aspectos pedagógicos
Diagnóstico na idade escolar
Qualquer alteração auditiva na infância pode ocasionar sérios prejuízos ao desenvolvi-
mento. A percepção da linguagem em seu processamento auditivo refere-se a capacidade de
organizar e compreender os estímulos sonoros que recebemos, podendo ser usado para des-
crever respostas comportamentais aos estímulos auditivos. Necessita de consciência auditiva,
identificação auditiva, localização auditiva, descriminação auditiva, figura fundo auditiva,
analise auditiva e síntese auditiva.
Muitas vezes são perdidas as riquezas dos detalhes durante uma informação sonora. O
conteúdo emocional também fica prejudicado uma vez que as inflexões da fala em situações
do dia a dia, como expressão de alegria ou de tristeza e desespero, não são percebidos. Na
maioria das vezes, os problemas auditivos passam despercebidos aos pais. E o ambiente esco-
lar acaba por se configurar em uma das mais importantes oportunidades para que o déficit
auditivo, visual ou cognitivo seja percebido por educadores.
A escola é o lugar em que ocorre uma significativa e efetiva troca de saberes, e permite a
troca de conhecimentos em dois sentidos entre mestre e alunos, bem como dos alunos entre
si. Esta característica de favorecer a troca de conhecimentos e experiências faz da escola um
lugar para elaboração pedagógica.
 
23
LIBRAS 
Prevenindo problemas na escola
Você sabia que:
Segundo a Política Nacional de Educação Especial, a Integração é um processo
dinâmico de participação das pessoas num contexto relacional, legitimando sua interação
nos grupos sociais. A normalização é o princípio que representa a base filosófico-
ideológica da integração. Não se trata de normalizar as pessoas, mas sim o contexto em
que se desenvolvem. Normalização significa, portanto, oferecer aos educandos com
necessidades especiais modos e condições de vida diária o mais semelhantes possíveis às
formas e condições de vida da sociedade em geral.
A legislação do Brasil (Constituição Federal/88, LDB 9394/96 entre outras) prevê a inte-
gração do educando com necessidades especiais no sistema regular de ensino. Essa integração,
no entanto, deve ser um processo individual, fazendo-se necessário estabelecer, para cada ca-
so, o momento oportuno para que o estudante comece a frequentar a classe comum, com pos-
sibilidade de êxito e progresso.
A inclusão do aluno surdo em classe comum não acontece como num passe de mágica.
É uma conquista que tem que ser feita com muito estudo, trabalho e dedicação de todas as
pessoas envolvidas no processo: aluno surdo, família, professores, fonoaudiólogos, psicólogos,
assistentes sociais, alunos ouvintes, demais elementos da escola etc.
As crianças que apresentam perda auditiva (leve moderada) têm capacidade para ouvir
o professor, porém não têm consciência de haver perdido parte da mensagem. Quando o pro-
fessor menciona alguma atividade realizada anteriormente dirigindo-se a um aluno dizendo
seu nome, observamos que ele se mostra surpreso, pois se o professor não tivesse mencionado
o nome dele isto passaria despercebido, devido a falta de atenção auditiva.
 
24
MARLENE CARDOSO 
 
Inicialmente, essa criança pode ser considerada apática e pouco inteligente, mas, da per-
cepção de linguagem, o que a torna mais participativa na sala de aula.
Nas salas de aula as condições acústicas não costumam ser favoráveis, somam-se os ruí-
dos interno produzido pela conversação, pelo arrastar de mesas e cadeiras. As crianças que
fazem uso da prótese auditiva têm a ampliação da voz do professor e de todo os outros baru-
lhos. A percepção da fala não é suficiente clara somando-se os sons competitivos.
Investigue esse site ele trará mais informação para seu aprendizado:
http://www.feneis.com.br/page/index.asp
Interação social: a alavanca do aprendizado
A socialização é fator indispensável ao processo de desenvolvimento do ser humano,
pois é através dela que o indivíduo apropria-se dos comportamentos produzidos pela socieda-
de na qual está inserido e, consequentemente, amplia suas possibilidades de interação. Pressu-
põe a aquisição de valores, normas, costumes e condutas que a sociedade transmite e exige.
A família representa papel principal e decisivo no processo de socialização, entretanto,
não tem poder absoluto e indefinido sobre a criança. Muitos outros fatores irão influir neste
desenvolvimento.
A partir do momento em que a criança passa a frequentar a escola, esta transforma-se
em mais um importante contexto de socialização que será determinante para o seu desenvol-
vimento e curso posterior de sua vida, pois vai interagir com pessoas de diferentes meios fami-
liares, concepções de vida, graus de conhecimento, etnias, religiões etc.
Aspectos legais
Importante que possamos refletir sobre o impacto de algumas normas do nosso orde-
namento jurídico que trouxeram efetividade de direitos aos surdos no Brasil.
A Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, foi muito significativa por reconhecer o caráter
de língua da Libras. Esta Lei dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, além de dar
outras providências.
“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira
de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
 
25
LIBRAS 
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de co-
municação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura
gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriun-
dos de comunidades de pessoas surdas do Brasil”.
O decreto Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005, regulamenta a Lei no 10.436,
de 24 de abril de 2002, e institui a obrigatoriedade da inclusão da Libras como disciplina
curricular:
CAPÍTULO II – DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA
CURRICULAR
Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos
cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível
médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino,
públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
§ 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o
curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia
e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de pro-
fessores e profissionais da educação para o exercício do magistério.
§ 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais
cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano
da publicação deste Decreto (DECRETO 5626/05).
Além disso, este decreto também dispõe sobre a formação do professor de Libras:
CAPÍTULO III – DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO
INSTRUTOR DE LIBRAS
Art. 4º A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do
ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser reali-
zada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Le-
tras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua.
 
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MARLENE CARDOSO 
 
 
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LIBRAS 
MAPA CONCEITUAL  
 
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MARLENE CARDOSO 
 
ESTUDO DE CASO 
Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 1,
analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus
colegas no fórum da disciplina.
Caso 1
Bete, uma criança surda, não consegue acompanhar a classe de ouvintes porque não en-
tendem o que está sendo dito por sua professora, a qual não sabe Libras.
Questões:
1. Considerando as normas previstas na Lei 10.436/2, quais direitos previstos em Lei pa-
ra esta aluna o sistema educacional está deixando de garantir?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. O que você pensa a respeito dos direitos dos alunos surdos expressos na Constituição
e nos demais documentos citados?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Revisão
Agora é o momento de você exercitar a sistematização dos seus conhecimentos neste
Tema 1. Se tiver dificuldade, volte a estudar o material e discutir com toda a comunidade
do seu curso no fórum da disciplina para esclarecer todos os conceitos e concepções
discutidos até este ponto.
Bom trabalho!
 
29
LIBRAS 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS 
Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares
QUESTÃO 01 
Considerando o que você estudou no tema 1 do nosso material impresso sobre os aspec-
tos socioantropológicos da surdez, identifique as alternativas falsas e as verdadeiras:
I. Para não ofendermos as pessoas surdas, ou pertencentes a qualquer outra mino-
ria, devemos ampliar a terminologia usada para nos referirmos a elas;
II. As pessoas que não têm contato com a área da surdez, pensam que a expressão
surdo(a) é uma palavra ofensiva, sem saber que a própria comunidade surda
prefere esta expressão;
III. O termo surdo define não apenas pessoas com perda auditiva, mas remete-nos à
noção de que há um grupo minoritário e essencialmente com necessidade de
comunicação específica, ou seja, de uma língua.
Está correta a alternativa:
a) F – F – V
b) V – F – V
c) V – V – F
d) F – V – V
QUESTÃO 02 
Analise a frase abaixo e responda o que é pedido:
Os surdos que assumem a identidade surda são representados por discursos que os vê-
em como sujeitos culturais capazes, uma formação de identidade que só ocorre entre os espa-
ços culturais surdos.
Diante desta afirmativa, é correto dizer:
a) A maioria dos surdos prefere se manter longe da identidade surda, pois tem uma
forte identificação com seus familiares oralistas;
b) A construção de uma identidade do surdo, como um indivíduo capaz, está dire-
tamente relacionada ao seu convívio com outros indivíduos desta comunidade;
c) A construção da identidade do indivíduo surdo ocorre a partir do momento em
que ele entra na rede regular de ensino, mas se concretiza antes da adolescência;
d) Alguns indivíduos surdos entram uma espécie de crise de identidade quando
começam a conviver com outros indivíduos surdos nas várias esferas sociais.
 
30
MARLENE CARDOSO 
 
QUESTÃO 03 
Tendo por base os aspectos históricos que estudamos nesta disciplina, com relação ao
tratamento dispensado socialmente à pessoas surdas, é possível afirmar:
a) Em diversas culturas, os surdos eram considerados como pessoas imprestáveis e
amaldiçoadas, o que tornava aceitável o infanticídio "legalizado";
b) Ao longo da história, os surdos foram vistos como pessoas independentes e que
não se desenvolviam por terem uma postura preguiçosa;
c) Em determinadas culturas, os surdos eram vistos como pobres coitados depen-
dentes de tutela, ainda que se acreditasse que poderiam ter vida própria por se-
rem capazes de trabalhar;
d) Na maioria das culturas, o surdo convivia com seus familiares quando não apre-
sentava capacidade para o trabalho, ou quando se mostrava inseguro nos espaços
sociais.
QUESTÃO 04 
Leia as questões abaixo e identifique a alternativa incorreta:
a) A partir do século XVI surgiram os primeiros profissionais pedagogos para sur-
dos, o que permitiu que as questões relativas à educação para surdos e sua inclu-
são na sociedade fossem tratadas de forma mais séria;
b) De acordo com alguns autores, a possibilidade de educar o surdo começou a ser
cogitada a partir do século XVI, ainda que de forma efetiva para aqueles surdos
de famílias abastadas;
c) A educação dos indivíduos surdos e herdeiros de fortunas, foi um fator que ala-
vancou os processos educativos deste grupo, haja vista que a educação era uma
condição para que pudesse receber herança;
d) O desenvolvimento da cultura surda se efetivou no século XIX, após o desenvol-
vimento da língua de sinais e com o estabelecimento legal das cotas para defici-
entes.
QUESTÃO 05 
De acordo com seus estudos identifique a opção coerente com o que discutimos em nos-
sa disciplina:
a) Coincide com o Renascimento e a renovação das ideias a formação de Comuni-
dades Surdas e o desenvolvimento da língua de sinais, já utilizada pelos surdos
desde a Antiguidade;
 
31
LIBRAS 
b) Historicamente, cada grupo social de uma forma própria de lidar com as pessoas
surdas, o que contribuía para o desenvolvimento destes indivíduos;
c) Alguns surdos têm dificuldade para construir uma identidade, precisando convi-
ver com oralistas e surdos para se posicionar em um dos grupos;
d) Existem vários termos que designam pessoas surdas, mas nenhum preenche sa-
tisfatoriamente a definição contemporânea sobre o surdo.
 
1.2  
TEMA 2. 
SURDEZ E O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE  
1.2.1  
CONTEÚDO 1. 
SURDEZ X DEFICIÊNCIA  
Nossa disciplina é sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, língua utilizada pela
comunidade surda e que permite a comunicação com as mãos através de gestos que expres-
sam tanto as letras do alfabeto, palavras e situações, quanto representam sentimentos e concei-
tos abstratos. No entanto, ressaltamos que a LIBRAS não deve ser entendida como uma
transcrição literal das palavras, haja vista sua estrutura, que a caracteriza como uma língua
específica, assim como o inglês, o português, o italiano são línguas que têm uma estrutura.
Neste sentido, a comunicação de uma pessoa surda com as demais através da LIBRAS não se
restringe a fazer uma mímica das letras de cada palavra.
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.UOUWWW.COM/2008/06/CURSO‐DE‐LIBRAS‐LINGUA‐BRASILEIRA‐DE‐SINAIS.HTML 
 
32
MARLENE CARDOSO 
 
Porém, antes de começar a aprender a falar com as mãos, você precisa saber mais sobre
a surdez e o indivíduo surdo. Esse é o diferencial dessa disciplina. Os próximos conteúdos
contribuirão para você se sentir seguro na conversação com o surdo.
Fique atento!
A surdez atinge cada indivíduo de forma diferente e por fatores diversos. Deste modo,
é preciso reconhecer os mecanismos dessa deficiência e de que forma cada indivíduo reage
ao silêncio.
 Conceito de surdez
Vamos conhecer e esclarecer os termos que serão usados durante todo o texto,
conceituando, segundo os autores, com respeitabilidade no campo da surdez.
 Aspectos Biológicos
IMAGEM DO DNA 
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.PIXMAC.COM.BR/PICTURE/DNA+RESUMO/000000167806 
 
33
LIBRAS 
A surdez é uma deficência que fisicamente não é visível, e atinge uma pequena parte da
anatomia do indivíduo. Porém, traz para o indivíduo surdo consequências sociais,
educacionais e emocionais amplas e intangíveis.
Podemos definir a surdez, também, como a privação auditiva que constitui grave
distúrbio neurológico-sensorial, afetando a capacidade de comunicação vividas, as relações
sociais e a construção do pensamento infantil.
A audição é o sentido responsável por captar as informações sonoras, sejam verbais ou
não. O órgão que realiza esse processo é o ouvido que pode ser dividido em ouvido externo,
médio e interno, sendo este o caminho percorrido pelo som até chegar ao cérebro.
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.IF.UFRJ.BR/TEACHING/FIS2/ONDAS2/OUVIDO/OUVIDO.HTML 
O som se espalha pelo ar através de uma vibração, fenômeno que pode ser visualizado
na ilustração abaixo:
IMAGEM DE UMA ONDA SONORA 
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/ROMULODELAZZARI/2533433797/) 
Esta vibração é captada pela orelha externa (pavilhão auditivo e canal externo do ouvi-
do) e é conduzida até a orelha média, onde estão localizadas estruturas responsáveis pela am-
 
34
MARLENE CARDOSO 
 
plificação desta vibração. Depois de amplificada a vibração chega à orelha interna, gerando
uma pequena energia elétrica que é transmitida ao cérebro pelo nervo coclear, que é o nervo
da audição, onde será decodificada para gerar a compreensão dos sons. A surdez pode ocorrer
caso haja anomalias em qualquer uma das etapas deste processo de audição.
Muito bem!
Agora que já entendemos o processo de audição, e as várias formas e origens da
surdez, vamos entender o que é e como acontece o diagnóstico auditivo.
Continue empenhado em seu processo de conhecimento!
 Conheça o nosso aparelho auditivo
Nosso ouvido é dividido em 3 partes:
 Ouvido externo: É formado pelo pavilhão auricular e canal auditivo com a
membrana timpânica no fundo do canal.
 Ouvido médio: Estão os três ossículos (martelo, estribo e bigorna) e a abertura
da tuba auditiva.
 Ouvido interno: Também chamado de labirinto, é formado pelo aparelho ves-
tibular (equilíbrio) e cóclea (audição).
 Audiometria
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.DIREF.ORG.BR/CONVENIOS/CLINICAS.HTM  
O teste mais utilizado para detectar a presença de problemas de audição é a audiometria,
que tem a finalidade de determinar a menor quantidade de energia acústica audível (limiar
auditivo).
 
35
LIBRAS 
EXAME AUDIOMÉTRICO  
FONTE: HTTP://WWW.SEAMA.EDU.BR/ADMIN/UPLOAD/AUDIOMETRIA.JPG 
Os limiares determinados pela audiometria são colocados em um gráfico adotado uni-
versalmente denominado audiograma. Ele expressa as frequências sonoras em HZ variando
de 250 a 8000 Hz. Estas frequências são medidas em decibéis obedecendo a uma escala que
determina o grau da perda auditiva que varia de –10 a 110 dB.
Um ouvido normal possui como limiar auditivo até 25 decibéis ou menos em adultos e
15 decibéis ou menos em crianças.
Se o limiar auditivo obtido encontra-se entre 25 e 40 dB caracteriza-se perda auditiva le-
ve; entre 40 e 70 dB, perda moderada; entre 70 e 90 dB caracteriza-se perda severa e a partir de
90 dB tem-se uma perda auditiva de grau profundo.
 
36
MARLENE CARDOSO 
 
 Tipos de Surdez
Sob o aspecto que interfere na aquisição da linguagem e da fala, o déficit auditivo pode
ser definido como perda média em decibéis, com a seguinte classificação: surdez neurossenso-
rial, surdez leve, surdez severa, surdez profunda.
 
37
LIBRAS 
 Surdez Neurossensorial
Resulta de distúrbios que comprometem a cóclea ou o nervo coclear implante coclear.
CORTE VERTICOTRANSVERSAL DO OUVIDO DIREITO 
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.SCIELO.BR/SCIELO.PHP?PID=S0080‐62342007000300020&SCRIPT=SCI_ARTTEXT 
Classificação da surdez pela perda auditiva decibéis=db
Leve Perda auditiva entre 20dc e 40db
Moderada Perda auditiva entre 40dc e 70db
Severa Perda auditiva entre 70dc e 90db
Profunda Acima de 90db
 
38
MARLENE CARDOSO 
 
 Surdez Leve
O indivíduo que apresenta perda auditiva de até quarenta decibéis é diagnosticado como
tendo uma surdez leve. Essa perda impede que o indivíduo perceba igualmente todos os fo-
nemas da palavra. Além disso, a voz fraca ou distante não é ouvida.
Essa perda auditiva não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá ser a cau-
sa de algum problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita.
 Surdez Severa
A pessoa que apresenta surdez severa escuta som forte como: latido do cão, avião, cami-
nhão, serra elétrica, mas não é capaz de ouvir a voz humana sem o aparelho auditivo.
FONTE: HTTP://TAILINEHIJAZ.WORDPRESS.COM/CATEGORY/MONITORIA‐HPIJ/ 
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.IMPLANTECOCLEAR.ORG.BR/TEXTOS.ASP?ID=5 
 
39
LIBRAS 
 Surdez Profunda
As pessoas com surdez severa escutam apenas sons graves que transmitem vibrações
(helicóptero, avião, trovão), sendo a perda auditiva superior a noventa decibéis. A gravidade
dessa perda é tal que o priva das informações auditivas necessárias para perceber e identificar
a voz humana, impedindo-o de adquirir a linguagem oral.
FONTE: HTTP://WWW.LOUCOSPELOTIMAO.COM/CATEGORY/A‐HISTORIA‐DO‐CORINTHIANS/PAGE/2/ 
A construção da linguagem oral no individuo com surdez profunda é uma tarefa longa e
bastante complexa, envolvendo aquisições, como:
 Tomar conhecimento do mundo sonoro;
 Aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição;
 Perceber e conversar a necessidade de comunicação e de expressão;
 Compreender a linguagem;
 Aprender a expressar-se.
 Surdez Adquirida
É considerada surdez adquirida quando o comprometimento da audição ocorre por
causas neonatais (durante ou imediatamente após o nascimento) ou durante a primeira
infância.
Uma criança que nasce surda, ou que adquire a surdez nos primeiros meses de vida,
não recebe informações do meio ambiente, através da audição, necessaria ao seu
desenvolvimento cognitivo, emocional e integração social.
 
40
MARLENE CARDOSO 
 
EXAME AUDITIVO 
FONTE: HTTP://TODAPERFEITA.COM.BR/TESTE‐DA‐ORELHINHA‐ONDE‐FAZER/ 
“O teste da orelhinha (conhecido cientificamente como Emissões Otoacústicas –
OAEs) é o exame para a identificação precoce de Deficiência Auditiva. Pode ser realizado
no segundo ou terceiro dia de vida, é simples, seguro, indolor, não utiliza medicamentos
no procedimento e dura aproximadamente de 5 a 10 minutos. Deverá ser realizado
durante o sono do bebê, sem incomodá-lo”
Fonte: REIS, 2010, p. 01.
Leia sobre o assunto que estudamos até agora.
Sugestão de site site:
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?402
1.2.2  
CONTEÚDO 2. 
SURDEZ: FATORES DE RISCO, PREVENÇÃO E TRATAMENTOS  
Nem sempre é possível evitar que alguma doença ou alteração ocorra no indivíduo,
entretanto frequentemente é possível realizar um diagnóstico precoce do problema e adotar
medidas para diminuir suas consequências.
A Organização Mundial de Saúde classifica as Medidas de Prevenção em Primárias,
Secundárias e Terciárias.
 
41
LIBRAS 
Com relação à área da surdez podemos dizer que a prevenção primária diz respeito à
administração de vacinas e medidas de saneamento básico, que podem evitar que as pessoas se
contaminem ou desenvolvam doenças que causam surdez.
FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.SENADO.GOV.BR/SF/SENADO/PORTALDOSERVIDOR/JORNAL/JORNAL77/SAUDE_VACINA.ASPX 
A prevenção secundária está relacionada ao diagnóstico precoce, como por exemplo a
realização da triagem auditiva nas maternidades. Para que este procedimento preventivo
possa se concretizar é imprescindível que a avaliação seja realizada tanto por médico quanto
por fonoaudiólogo.
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.INCLUSIVE.ORG.BR/?P=14499 
Os aspectos da prevenção terciária estão relacionados à estimulação precoce
especializada e ao ensino especial.
 
42
MARLENE CARDOSO 
 
O conhecimento das causas que podem levar a problemas auditivos favorece o
diagnóstico precoce que propicia um melhor rendimento pedagógico, desde que ocorra uma
intervenção adequada.
 Causas da Surdez
A surdez pode ser adquirida de várias maneiras, selecionamos as causas mais comuns
para estudarmos. Algumas formas de adoecimento levam as alterações genéticas nos embri-
ões, tendo como uma das consequências, a perda auditiva parcial ou total. É importante res-
saltar que as causas de surdez podem estar relacionadas tanto a aspectos genéticos, quanto a
eventos ocorridos nos períodos perinatal e/ou pós-natal, a exemplo da anóxia perinatal e da
anóxia pós-natal. Dentre as causas mais comuns de alteração intrauterina, citamos:
 Mutação genética;
 Anomalias decorrentes de adoecimento da gestante ou do genitor;
 Sífilis;
 Rubéola;
 Toxoplasmose;
 Meningite;
 Anoxia;
 Desnutrição da gestante.
 Anomalias
Anomalias podem ser definidas como sendo uma alteração orgânica. Uma anomalia
pode ocorrer em qualquer idade do indivíduo e levar a sequelas permanentes, a exemplo da
surdez. Além disso, uma anomalia em um indivíduo adulto pode gerar anomalias em sua pro-
le, como veremos a seguir.
Um exemplo de anomalia que traz sequelas permanentes pode ser visto na mutação ge-
nética que dá origem a Síndrome de Waardenburg, a qual, por sua vez gera outras anomalias
como deformação da face, Albinismo e surdez. A idade paterna avançada parece ser um dos
fatores responsáveis pela mutação genética denominada Síndrome de Waardenburg1
que
atinge o embrião.
Principais características da Síndrome de Waardenburg:
 Deslocamento lateral dos cantos internos dos olhos;
                                                      
1
 A Síndrome de Waardenburg foi descrita pela primeira vez por P. J. Waardenburg em 1951 e entre os princi‐
pais sinais clínicos do quadro está a surdez congênita (MARTINS, 2003, p. 117). 
 
43
LIBRAS 
 Hiperplasia da porção medial dos supercílios;
 Base nasal proeminente e alargada;
 Pigmentação da íris e da pele;
 Surdez congênita;
 Mecha branca frontal.
 Sífilis
A Sífilis é uma doença sexualmente transmissível e que pode levar a sequelas permanen-
tes no indivíduo e em sua prole, como a surdez e a cegueira.
É uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema Pallidum e adquirida por
contato sexual com pessoa contaminada, por beijo ou por transfusão de sangue.
Quando não tratada, a Sífilis pode progredir, tornando-se crônica e com manifestações
sistemáticas. Manifesta-se em três fases: primária, secundária e terciária. As características
mais marcantes da infecção são apresentadas durante os dois primeiros estágios.
Sintomas:
1º estágio – pequenas vesículas avermelhadas indolores, chamado “cancro”, aparecem
na região próxima aos genitais. As vesículas aparecem 10 dias a 3 meses após o contágio, pro-
longando de 1 até 8 semanas.
2º estágio – os sintomas são semelhantes aos de um resfriado, febre, dor de cabeça, cor-
po dolorido.
O diagnóstico é feito pelo médico através da avaliação clinica, quanto as formas de con-
taminação e por exame de sangue. Tratamento: é feito à base de penicilina oral e injetável.
 Diabetes
Diabetes mellitus é um gupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia
(aumento dos níveis de glicose no sangue), resultado de deficiencias na secreção de insulina,
em sua ação ou ambos. Trata-se de uma doença complexa, na qual coexiste um transtorno
global do metabolismo dos carboidratos, lipidios e proteínas. Existe 3 tipos de diabetes:
Mellitus tipo 1, Mellitus tipo 2 e Mellitus gestacional.
 Rubéola
A rubéola ou rubéola é uma doença infecciosa causada pelo vírus da rubéola Togavírus.
Transmissão: vias respiratórias. É uma doença geralmente benigna, mas pode causar má for-
mação no embrião, se a contaminação ocorrer durante a gestação. A rubéola também é res-
 
44
MARLENE CARDOSO 
 
ponsável por parto prematuro. Dentre as sequelas da rubéola durante a gravidez vemos a sur-
dez e algumas formas de má formação.
Sintomas:
O período de incubação do vírus é de 15 dias e os sintomas são parecidos com os da gri-
pe: dor de cabeça, dor ao engolir, dores musculares, coriza, aparecimento de gânglios (ínguas),
febre, manchas avermelhadas inicialmente no rosto, que depois se espalham por todo o corpo.
 Citomegalovírus
É um vírus herpes com predomínio de incidência em regiões carentes, onde é comum a
significativa restrição de recursos econômicos pouco acesso da população à educação, ao esgo-
tamento sanitário e a condições adequadas de higiene. As formas de transmissão incluem:
relação sexual, agulhas para injeção de drogas, transfusão de sangue.
Um outro conjunto de fatores e situações durante a gestação e o parto pode gerar seque-
las nos bebês, sendo a surdez uma delas.
 Anoxia
Anoxia é a diminuição de oxigenação para o feto no momento do parto. Se a anoxia for
prolongada, pode ocorrer uma lesão cerebral ou até matar. Este é um dos riscos ao nascimento
e a principal causa de deficiências mentais em crianças, podendo também causar surdez. Pode
ser causada por uma parada cardíaca do bebê em função de complicações na hora do parto.
 
45
LIBRAS 
 Prematuridade
O bebê é considerado prematuro se nascer antes das 37 semanas de gestação. A depen-
der de sua idade, os fatores de riscos para que venha a apresentar problemas de saúde aumen-
tam ou diminuem, podendo ele necessitar de diversos tipos de cuidados.
A prematuridade aumenta os riscos de a criança ter um prejuízo auditivo ou déficit de
inteligência.
 Traumas do parto
Temos um exemplo que é o parto de fórceps, é um parto normal, no qual se utiliza um
instrumento cirúrgico semelhante a uma colher, que é colocado no canal vaginal, ajustando-se
nos lados da cabeça do bebê para ajudar o obstetra a retirá-lo do canal de parto. Este tipo de
ação praticamente não e é mais usada, mas muitas pessoas adultas têm surdez devido a esse
tipo de procedimento.
 Drogas ototóxicas
São medicamentos que afetam o ouvido interno e cóclea, os quais são responsáveis pela
audição e equilíbrio. O uso destas substâncias pode gerar uma lesão no ouvido interno e/ou a
cóclea causando perda auditiva irreversível.
Icterícia ou hiperbilirrubina. É causada pela concentração, anormal e alta de bilirrubi-
na no sangue. Os glóbulos vermelhos velhos, danificados ou anormais são extraídos da circu-
lação principalmente pelo baço. Durante esse processo, a hemoglobina (proteína dos glóbulos
vermelhos que transporta o oxigênio) transforma-se num pigmento amarelo chamado bilir-
rubina. A bilirrubina chega ao fígado através da circulação e ali é quimicamente alterada para
depois ser excretada para o intestino como um componente da bílis.
Na maioria dos recém-nascidos a concentração de bilirrubina no sangue normalmente
aumenta de forma transitória durante os primeiros dias posteriores ao nascimento, motivo
pelo qual a pele está amarelada (icterícia).
 Outras causas de perda auditiva
Além dos fatores genéticos que levam a surdez do bebê ainda no útero ou em função do
parto, há algumas formas de adoecimento que em qualquer faixa etária podem levar a um
quadro de surdez.
 
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MARLENE CARDOSO 
 
 Gestação e deficiência na nutrição materna
Uma alimentação desequilibrada pode causar sérios problemas para a mulher grávida e
consequentemente para o bebê. Uma alimentação equilibrada baseada em frutas, legumes,
hortaliças e pouca carne é o ideal para todas as pessoas, principalmente para as futuras ma-
mães.
COMER MUITO NÃO EQUIVALE A COMER BEM!
Carências nutricionais da mãe significam carências nutricionais também do feto, preju-
dicando seu desenvolvimento e aumentando o risco de que ocorram sequelas irreversíveis
para o bebê.
 Baixo peso
A criança que nasce com menos de 2500g é considerada com baixo peso, que pode ser
por consequência do nascimento prematuro e da qualidade de crescimento fetal intrauterino.
 Encefalite
São inflamações agudas no cérebro, podendo ser causadas por infecção viral ou bacteri-
ana como meningite bacteriana, ou pode ser uma complicação de outras doenças infecciosas
como raiva (viral) ou sífilis (bacteriana). Acontece em certas infestações parasitas e protozoá-
rias, como toxoplasmose, malária ou meningoencefalite amoébica primária, e também pode
 
47
LIBRAS 
ocorrer encefalites em pessoas com sistema imune comprometido. Essa lesão empurra o
cerebro contra o crânio, podendo conduzir, inclusive, à morte.
 Meningite
É uma inflamação das meninges – membranas que recobrem e protegem o cérebro. Ela
pode ser viral, adquirida depois de uma gripe ou doença causada por vírus, ou de origem bac-
teriana, normalmente mais branda.
Uma das bactérias é a meningococo que pode ser transmitida pelo ar. Outra forma de
contagio é o contato com a saliva de um doente. A bactéria entra pelo nariz e aloja-se no inte-
rior da garganta. Em seguida vai para corrente sanguínea, percorrendo pelo cérebro ou difu-
são pelo corpo, causando uma infecção generalizada.
Sintomas:
Nos neonatos de até um mês – irritabilidade, choro em excesso, febre, sonolência e a
moleira fica estufada, como se houvesse um galo na cabeça da criança. Acima dessa idade – A
criança tem dificuldades de movimentar a cabeça. A partir dos cinco anos – Febre, rigidez da
nuca, dor de cabeça e vômitos em jato.
 Traumas no crânio encefálico
O traumatismo craniano é um dos maiores causadores de morte no mundo. A depender
do local onde for a pancada, pode vir causar a surdez.
 Sarampo
É uma doença causada pelo vírus do sarampo e sua transmissão é por via respiratória.
Essa doença, em alguns países, ainda é a causa de muitas mortes de crianças, por motivo de
falta de vacinação em massa.
Sintomas:
Febre alta, tosse rouca e persistente, coriza, conjuntivite e fotofobia, manchas branca na
mucosa da boca, depois surgem manchas avermelhadas na pele, inicialmente no rosto e pro-
gredindo em direção aos pés, durante pelo menos três dias, e desaparecendo na mesma ordem
de aparecimento.
 
48
MARLENE CARDOSO 
 
 Caxumba
É uma doença virótica, de transmissão respiratória, causada pelo vírus da caxumba. Os
sintomas geralmente são bem discretos ou ausentes, e, quando ocorrem, os sintomas geral-
mente são febre e aumento das glândulas salivares, podendo ocorrer um comprometimento
com o sistema nervoso central, testículos, ovários, pâncreas e a surdez temporária ou perma-
nente.
 Outros agentes causadores de perda auditiva
Além das questões vistas até aqui, você deve saber que muitas das condições de vida e
trabalho podem levar o indivíduo a ter uma perda auditiva total ou parcial ao longo da vida.
Neste aspecto ressaltamos a exposição a ruídos fortes como sendo o maior causador de surdez
na atualidade.
Além das sequelas por adoecimento, alguns hábitos pessoais e condições de trabalho
também representam risco para o indivíduo no que diz respeito à sua acuidade auditiva, con-
forme podemos ver nas situações descritas abaixo.
 Ruídos fortes
O ruído intenso, sons acima de 75 dB, é a causa mais frequente da surdez. A exposição
constante ou a exposição aguda a sons muito intensos, como uma explosão, pode levar o indi-
víduo a uma perda auditiva parcial ou total.
FONTE: HTTP://WWW.SRPROPAGANDA.COM.BR/ 
 
49
LIBRAS 
Um exemplo de exposição em situação social pode ser visualizado em festas populares,
como o carnaval, em que alguns indivíduos ficam expostos a ruído intenso por várias horas,
ao longo de dias.
FONTE: HTTP://WWW.ESSAEBOA.BLOGGER.COM.BR/2005_01_23_ARCHIVE.HTML 
Outras situações da vida cotidiana podem gerar dano no aparelho auditivo: armas de fo-
go, motocicletas, maquinas de cortar grama etc., podem causar danos ao ouvido interno cau-
sando a surdez.
 Condições inadequadas de trabalho
Além das situações cotidianas de agressão ao ouvido do ser humano, algumas condições
de trabalho são especialmente danosas à saúde auditiva, como podemos verificar nas indús-
trias, nos canteiros de obra com suas máquinas e britadeiras e demais máquinas, nos aeropor-
tos, dentre outros.
FONTE: HTTP://EUTRABALHOSEGURO.BLOGSPOT.COM/2009/11/SESMT‐FORCA‐TAREFA‐NA‐CONSTRUCAO‐CIVIL.HTML 
 
50
MARLENE CARDOSO 
 
 O diagnóstico de surdez
Habitualmente, as pessoas que convivem com a criança têm mais capacidade de detectar
se há algo errado do que qualquer teste. Por isso, os pais e professores devem estar atentos a
determinadas ausências de reação por parte da criança quando lhe são apresentados ruídos
altos. Do mesmo modo, os adultos precisam acompanhar o desenvolvimento da fala e buscar
avaliação profissional em caso de atraso.
 Diagnóstico precoce
A criança deve ser capaz de prestar atenção, detectar, localizar e discriminar os sons.
Sabemos que a deficiência auditiva pode ocorrer antes (dentro do útero materno), durante ou
depois do nascimento.
 Como suspeitar de algum problema auditivo no bebê?
FONTE: HTTP://HIMOTHERS.BLOGSPOT.COM/2009/11/MAMAES‐E‐BEBES.HTML 
Ele acorda com barulhos fortes?
Ele se assusta com barulhos repentinos?
Ele percebe quando as portas batem?
Olha quando é chamado?
Escuta a campainha da porta e do telefone?
 
51
LIBRAS 
 Em crianças maiores é possível observar:
Ele olha muito para os lábios de quem fala?
Tem dificuldade para compreender o que é dito?
Pede para repetir ou que se fale mais alto?
Fala muito alto ou excessivamente baixo?
Aumenta o volume da televisão com frequência?
Tem dificuldade com os conteúdos escolares?
FONTE: HTTP://INDIFERENTEE.BLOGSPOT.COM/2010/06/SIMPLESMENTE‐VIVA.HTML 
Se a criança não reage aos sons ou apresenta outras dificuldades, uma das possibilidades
a ser verificada é de que ela pode estar com a audição reduzida, neste caso, é possível avaliar a
audição através do exame de audiometria infantil que pode ser feito inclusive em recém-
nascidos, como vimos neste texto.
Para fixar o assunto acima...
http://www.senado.gov.br/comunica/agencia/cidadania/surdez/not02.htm
 Prevenção
Lei 10.436/2
Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e
do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial,
de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Bra-
sileira de Sinais – Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais –
PCN, conforme legislação vigente.
 
52
MARLENE CARDOSO 
 
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais – Libras não poderá substituir a modali-
dade escrita da língua portuguesa.
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 181º da Independência e 114º da República.
A deficiência auditiva apresenta causas que são classificadas como congênitas ou adqui-
ridas. As causas congênitas da deficiência auditiva mais comuns são a hereditariedade, as se-
quelas devido a viroses e às doenças tóxicas da gestante. A deficiência auditiva é adquirida
quando existe predisposição genética, meningite, ingestão de remédios, viroses etc.
É fundamental um acompanhamento precoce para um desenvolvimento da criança sur-
da, pois um profissional de qualidade poderá ajudar em uma redução de barreiras tanto na
comunicação do sujeito surdo ou deficiente auditivo como em todo contexto social.
Ideia-Chave
Deficiência auditiva: diminuição da capacidade de percepção normal dos sons.
Possibilidades de Tratamento
COMO PREVINIR A SURDEZ?
 Vacinas
Já existem vacinas que as mulheres podem tomar antes de engravidar, como por exem-
plo: vacina contra rubéola e após o nascimento a criança deve tomar vacinas contra: sarampo,
caxumba, meningite tipo B e C.
Vacina antirrubéola pode ser dada em mulheres de 15 aos 35 anos e crianças dos 15 me-
ses aos 15 anos, a rubéola é uma grande vilã, pois é a causadora de vários casos de surdez, na
gravidez a mulher infectada pela rubéola pode vir a conceber um bebê com problemas auditi-
vos.
Vacina antissarampo é indicado para todas as crianças que não tiveram a doença ou pa-
ra aquela com dúvidas a respeito. Ela pode ser vacinada após o 9º mês de vida.
Vacina anticaxumba ou papeira deve ser aplicada a partir dos 12 meses de idade.
 
53
LIBRAS 
Existe a vacina tríplice viral que é a combinação das vacinas contra sarampo, rubéola e
caxumba que deve ser aplicada a 1ª dose aos 12 meses de idade e a 2ª dose aos 4 ou 5 anos de
idade.
Vacina antimeningite a partir de 2 meses de idade.
Aconselhamento médico e pré-natal
Fazer um bom pré-natal é o melhor caminho para a gestante percorrer durante os 9 me-
ses, o médico orientará quanto à nutrição e possíveis doenças como: sífilis e a toxoplasmose
que causam a surdez. O médico também pode vir ajudar a prevenir o nascimento prematuro
da criança. Todo o acompanhamento e monitoramento do bebê e da mãe durante o processo
de gestação é de fundamental importância.
Aconselhamento genético
A consanguinidade entre os pais é um fator genético de grande risco para o bebê que irá
nascer. Antes de engravidar, é de fundamental importância que o casal faça uma consulta com
um médico geneticista.
Cuidado ao usar medicamentos
Todo medicamento usado pela gestante ou pelo bebê, seja ela de ingestão a pomada, de-
ve passar pela autorização prévia do médico e pelo bom censo da leitura da bula do remédio.
O uso de medicamentos ototóxicos é perigoso para o indivíduo de qualquer idade.
Uso da camisinha
A relação sexual fazendo uso da camisinha é o cuidado básico para se evitar doenças se-
xualmente transmissíveis (DST), como a Herpes e Sífilis, que causam a surdez e outros males.
Evitar barulhos
Evitar frequentar ambientes barulhentos e o uso de fones de ouvido com o som em vo-
lume alto.
Após os exames e consultas com o otorrinolaringologista será indicado o tratamento
que mais se adequa a cada indivíduo e surdo.
Alguns casos necessitaram de cirurgia, já em outros a utilização do aparelho auditivo
permitirá uma percepção melhor do mundo sonoro. Importante ressaltar que o aparelho não
 
54
MARLENE CARDOSO 
 
restituirá a audição, mas poderá dar conhecimento ao indivíduo sobre o ambiente sonoro, o
que é importante para sua segurança.
 Prótese auditiva
Definição:
É um aparelho eletrônico de vários tipos, formatos e cores, utilizados por pessoas que
tenham como diagnóstico perda de audição.
Exemplos de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI). Usados por trás do
ouvido ou no canal auditivo, podem ajudar nas deficiências moderada e grave.
FONTE: HTTP://WWW.INFONET.COM.BR/SAUDE/LER.ASP?ID=88361&TITULO=SAUDE 
 História dos Aparelhos Auditivos
 
55
LIBRAS 
Os primeiros aparelhos auditivos eram enormes trombetas em forma de chifre com
uma parte larga e aberta em uma extremidade que detectava o som. A trombeta gradualmente
diminuiu e se transformou em um fino tubo que canalizava o som dentro do ouvido.
O desenvolvimento do aparelho auditivo moderno não seria possível se não fosse pela
contribuição de dois dos maiores inventores do final do século XIX e início do século XX.
Alexander Graham Bell amplificou eletronicamente o som em seu telefone usando um
microfone de carbono e uma bateria: um conceito que foi adotado pelos fabricantes de apare-
lhos auditivos.
Em 1886, Thomas Edison inventou o transmissor de carbono, que alterava os sons em
sinais elétricos que podiam viajar através de fios e podiam ser convertidos de volta em sons.
Essa tecnologia foi usada nos primeiros aparelhos auditivos.
Na década de 20, tubos a vácuo foram
introduzidos aos aparelhos auditivos, o que tornou a amplificação do som mais
eficiente, mas enormes baterias ainda os tornavam incômodos.
FONTE: DISPONÍVEL EM:  
HTTP://WWW.APARELHOSAUDITIVOSBRASIL.COM.BR/APARELHOS‐AUDITIVOS‐HISTORIA.HTM 
A Revolução Industrial permitiu a produção em massa de aparelhos auditivos e criou
uma nova classe média que podia pagar pela tecnologia. No século XIX, várias empresas pro-
duziram suas próprias versões de aparelhos auditivos. Em 1898, a Dictograph Company apre-
sentou o primeiro aparelho auditivo de carbono comercial. Um ano depois, Miller Reese Hut-
chison, da empresa Akouphone, no Alabama, patenteou seu primeiro aparelho auditivo
elétrico funcional que usava um transmissor de carbono e bateria. Ele era tão grande que pre-
cisava ficar sobre uma mesa, e era vendido por US$400.
O ano de 1952 anunciou a era dos aparelhos auditivos de transistor. A adição dessas
simples chaves on/off finalmente possibilitou o advento de um aparelho auditivo menor. Os
primeiros aparelhos auditivos com transistor foram projetados para se encaixar nas armações
de óculos. Posteriormente, eles foram adaptados para se encaixar atrás da orelha. O primeiro
 
56
MARLENE CARDOSO 
 
aparelho auditivo de transistor a ser lançado no mercado no final de 1952 foi vendido por
aproximadamente US$230.
No século XX, os aparelhos auditivos se tornaram digitais. A qualidade do som melho-
rou e se tornou mais ajustável. Também durante esse período, os aparelhos auditivos progra-
máveis foram introduzidos.
Na virada do século XXI, a tecnologia de computador tornou os aparelhos auditivos
menores e ainda mais precisos, com ajustes para se acomodar a virtualmente todo tipo de am-
biente auditivo.
Contudo o uso do aparelho pode causar desconforto, portanto para uma correta adapta-
ção é necessário que o surdo se acostume aos sons gradativamente e que sinta prazer ao per-
cebê-los.
Outro tratamento disponível no momento é o implante coclear multicanal que é uma
prótese computadorizada que faz a função das células ciliadas lesadas ou ausentes.
Possui um dispositivo externo que tem como função captar o som, por um microfone
instalado num pequeno aparelho. O receptor libera a energia elétrica adequada para o feixe de
eletrodos inseridos na cóclea. As informações do som elétrico resultantes são enviadas através
do
Possibilitar ao surdo a percepção dos sons ambientes através da utilização de prótese
auditiva e do implante coclear são tratamentos que podem interferir em todo processo da a-
prendizagem repercutindo no desenvolvimento da linguagem e da fala. Contudo, não é o fim
 
57
LIBRAS 
em si mesmo. É parte de um processo que evitará distúrbios emocionais, sociais e psicológicos
dos surdos e de seus familiares.
Imagem de Implante coclear2
 
http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/institucional/dee/dee_surdez.php
1.2.3  
CONTEÚDO 3. 
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA LIBRAS  
O primeiro passou para entender as questões pedagógicas em relação a surdez e o surdo
é entender a Libras.
Segundo Romeu Kazumi Sassaki (2002), quanto as Línguas de Sinais os termos corretos
são:
 Linguagem de sinais?
 Linguagem Brasileira de Sinais?
 Língua de sinais ou dos sinais?
 Língua Brasileira de Sinais?
 Língua de Sinais Brasileira?
 Libras?
 LIBRAS?
Em primeiro lugar, trata-se de uma língua e não de uma linguagem. Assim, ficam
descartados os termos “linguagem de sinais” e “Linguagem Brasileira de Sinais”. De acordo
com Capovilla (apud SASSAKI, 2002, p. 22):
Língua define um povo. Linguagem, um indivíduo. Assim, do mesmo modo
como o povo brasileiro é definido por uma língua ou idioma em comum, o
Português (que o distingue dos povos de todos os países com os quais o nos-
so faz fronteira), a comunidade surda brasileira é definida por uma língua
em comum, a Língua de Sinais Brasileira. Assim, em Psicologia e Educação,
quando falamos em desenvolvimento da linguagem (quer oral, escrita ou de
sinais) e em distúrbios da linguagem (e.g., afasias, alexias, agrafias), estamos
nos referindo ao nível do indivíduo.
                                                      
2 
Disponível em: http://www.materdei.com.br/jornal_fev_mar_2006/materia04.jsp 
 
58
MARLENE CARDOSO 
 
Em segundo lugar, o correto é “língua de sinais” porque se trata de uma língua viva e,
portanto, a quantidade de sinais está em aberto, podendo ser acrescentados novos sinais.
Quando se diz “língua dos sinais”, fica implícito que a quantidade de sinais já está fechada.
Em terceiro lugar, o nome correto é “Língua de Sinais Brasileira” (ou “Língua de sinais
brasileira”), pois Língua Brasileira não existe. O termo “língua de sinais” constitui uma
unidade vocabular, ou seja, funciona como se as três palavras (língua, de e sinais) fossem
uma só. Então, adjetivamos cada “língua de sinais” existente no mundo. Língua de Sinais
Brasileira, Língua de Sinais Americana, Língua de Sinais Mexicana, Língua de Sinais
Francesa etc. Capovilla (apud SASSAKI, 2002, p. 28):
[...] Língua de Sinais é uma unidade, que se refere a uma modalidade linguís-
tica quiroarticulatória-visual e não oroarticulatória-auditiva. Assim, há Lín-
gua de Sinais Brasileira (porque é a Língua de Sinais desenvolvida e empre-
gada pela comunidade surda brasileira, há Língua de Sinais Americana,
Francesa, Inglesa, e assim por diante. Não existe uma Língua Brasileira (de
sinais ou falada). Sei disso porque quando fazia uso destes termos TODOS os
benditos redatores de revistas e jornais riscavam o Brasileira e trocavam pelo
Portuguesa, produzindo um monstrengo conceitual de proporções e conse-
quências desastrosas... Além disso, a propósito, se traduzirmos American
Sign Language obteremos Língua de Sinais Americana e não Língua Ameri-
cana de Sinais[...].
Em quarto lugar, a sigla correta é “Libras” e não “LIBRAS” (ver explicação no próximo
parágrafo). Quando foi divulgado o uso da sigla “LIBRAS”, explicava-se esta sigla da
seguinte forma: LI de Língua, BRA de Brasileira, e S de Sinais. Com a grafia “Libras”, a
sigla significa: Li de Língua de Sinais, e bras de Brasileira.
De acordo com Fernando Capovilla (2001) adotou a norma do Português, segundo a
qual se uma sigla for pronunciável como se fosse uma palavra (e.g., Fapesp, Feneis) ela deve
ser escrita com apenas a inicial maiúscula; e se ela não for pronunciável como uma palavra,
mas apenas como uma série de letras (e.g., CNPq, BNDES), ela deve ser escrita em maiúsculas.
Por isso, o Dicionário de Libras de Capovilla e Raphael (2001) escreve Libras e Feneis com
apenas as iniciais maiúsculas, como deve ser em bom Português. Libras é um termo consagra-
do pela comunidade surda brasileira, e com o qual ela se identifica. Ele é consagrado pela tra-
dição e é extremamente querido por ela. A manutenção deste termo indica nosso profundo
respeito para com as tradições deste povo a quem desejamos ajudar e promover, tanto por
razões humanitárias quanto de consciência social e cidadania. Finalmente, quando se trata de
publicação menos técnica em Português, recomendo o uso de Libras. Como é um termo curto,
 
59
LIBRAS 
prescinde de abreviatura. Além disso, tem forte apelo emocional para os leitores surdos que,
então, saberão que estamos nos referindo à língua deles. E como temos profundo respeito pela
comunidade surda brasileira e pela sua língua, o mínimo que nós, ouvintes, podemos e deve-
mos fazer é usar o mesmo termo que essa comunidade usa quando se refere à sua língua em
nossa língua, o Português. Além disso, esta é “uma forma de procurar engajar o leitor surdo
em tudo o que se refere à sua língua para que ele possa participar ativamente” (CAPOVILLA
apud SASSAKI, 2002, p. 31).
Sassaki (1997, p. 41) conceitua a inclusão como o “processo pelo qual a sociedade se a-
dapta, para poder incluir, em seus sistemas gerais, pessoas com necessidades especiais”.
A necessidade da sociedade se adaptar para a Inclusão de fato é fundamental para um
desenvolvimento social e cultural da comunidade surda, pois será na interação que acontecerá
o desenvolvimento da Libras e consequentemente a do surdo, seja na leitura, escrita e no con-
texto sociocultural.
Em Educação para surdo se devem estabelecer as relações e valores que são integradas
na educação dos ouvintes, valorizando a língua do surdo (Libras) e valorizando em conjunto a
língua e cultura dos ouvintes. Evita desta forma uma pedagogia reabilitadora.
Uma pedagogia interativa leva o surdo a uma dimensão de vida, língua, cultura e auto-
nomia que favorece sua inclusão com um todo.
1.2.4  
CONTEÚDO 4. 
ASPECTOS LEGAIS DA LIBRAS  
FONTE: HTTP://LIBRASLIVRE.BLOGSPOT.COM/2009_11_01_ARCHIVE.HTML 
 
60
MARLENE CARDOSO 
 
A legislação brasileira para garantia de direitos às pessoas portadoras de deficiência au-
ditiva é recente, tendo sido criadas normas e Leis de forma mais intensa a partir da Constitui-
ção de 1988, cuja ênfase na dignidade da pessoa humana um forte compromisso ao ordena-
mento jurídico brasileiro para com os direitos fundamentais.
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida no Brasil como a língua oficial da
pessoa surda, após a publicação de duas leis: Lei nº 10.436/2002 e a Lei nº10.098/2002
(AZEREDO, 2006).
No que diz respeito ao direito de acesso de pessoas surdas a Libras em instituições de
Ensino da rede regular, a primeira Lei foi promulgada em Minas Gerais e acabou por servir de
modelo para todo Brasil. Atualmente, quase todos os estados já promulgaram leis estaduais a
respeito do assunto, o que tem conferido às pessoas surdas maior efetividade em sua possibili-
dade de exigir direitos, seja em relação a atuação do Estado ou nas relações privadas.
Mas, é preciso ainda uma reflexão quanto ao real impacto desta legislação para melhoria
das condições de vida e desenvolvimento das pessoas surdas. A seguir, faremos uma breve
análise deste cenário.
 Estados e municípios com leis promulgadas
Estados com leis aprovadas garantindo a Libras: Acre, Amapá, Alagoas, Ceará, Espírito
Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande de Sul, Rio de Janeiro, Para-
ná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso de Sul e Rondônia.
 Municípios: João Pessoa – Paraíba, Natal – Rio Grande do Norte;
 O Estado de Minas Gerais tem o maior número de municípios com lei municipal ga-
rantindo a Libras;
 Municípios: Araxá, Belo Horizonte, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Juiz de
Fora, Uberlândia, Ituiutaba, Uberaba, Juiz de Fora, Divinópolis, Patos de Minas, Sete
Lagoas, Pouso Alegre.
 Dia dos Surdos
Ser Surdo: [...] olhar a identidade surda dentro dos componentes que consti-
tuem as identidades essenciais com as quais se agenciam as dinâmicas de po-
der. É uma experiência na convivência do ser na diferença (PERLIN;
MIRANDA 2003, p.217).
 
61
LIBRAS 
FONTE: HTTP://JIE.ITAIPU.GOV.BR/PRINT_NODE.PHP?SECAO=TURBINADAS1&NID=7537 
Já temos leis estadual e municipal. A data que homenageia os surdos é o dia 26 de se-
tembro, a qual foi escolhida em homenagem à inauguração da primeira escola de surdos do
país, o INES3
.
Por isso, todos os anos durante o mês de setembro, a comunidade surda mobiliza-se pa-
ra marcar a data e dar visibilidade à luta, necessidades e direitos do indivíduo surdo. Dentre as
atividades realizadas neste mês, vemos a organização de festas, manifestações, passeatas e si-
milares, chamando a atenção tanto da sociedade de forma ampla, quanto de pessoas surdas
que porventura não estejam mobilizadas politicamente na reivindicação dos seus direitos.
 Surdos na universidade
Sabe-se que o número de surdos na universidade ainda é pequeno. As barreiras de co-
municação são consideradas o maior entrave para ampliação deste número. Poucas são as
universidades que possuem intérprete a disposição do aluno ou um núcleo de apoio ao aluno
surdo.
                                                      
3 
Instituto Nacional de Educação de Surdos 
 
62
MARLENE CARDOSO 
 
Instituições de Ensino Superior onde existem alunos surdos matriculados:
PUC - Belo Horizonte/Minas Gerais
UniBH – Belo Horizonte/Minas Gerais
Faculdade Metropolitana – Belo Horizonte/Minas Gerais
Faculdade Sabará – Sabará/Minas Gerais
UNIVERSO – Belo Horizonte/Minas Gerais
UEMG – Belo Horizonte/Minas Gerais
UNIT – Uberlândia/Minas Gerais
UNIUBE – Uberaba/Minas Gerais
Nas cidades de Governador Valadares, Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Poços de Caldas,
Patos de Minas e Brumadinho/Minas Gerais
 A Lei 10.436, Nº 10.098 e a Portaria 310
Depois de anos de luta da sociedade civil organizada, finalmente a lei 10.436 de 24 de
abril de 2002 foi sancionada e passou a vigorar em todo país. Um passo importante para o
reconhecimento da língua materna dos surdos possibilitando um avanço significativo no mo-
do como esses atores sociais seriam tratados em todos os setores da vida: social, educacional,
cuidado com a saúde, ou seja, fazendo uma inclusão verdadeira dessas pessoas na sociedade.
 
63
LIBRAS 
A conquista deste direito traz impactos significativos na vida social e política da Nação
brasileira. O provimento das condições básicas e fundamentais de acesso a Libras se faz indis-
pensável. Requer o seu ensino, a formação de instrutores e intérpretes, a presença de intérpre-
tes nos locais públicos e a sua inserção nas políticas de saúde, educação, trabalho, esporte e
lazer, turismo e finalmente o uso da Libras pelos meios de comunicação e nas relações cotidi-
anas entre pessoas surdas e não-surdas.
Outra lei que amplia essa conquista da comunidade surda é a de Nº 10.098 que dispõe
sobre a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência.
Revisão
Agora que você já se apropriou dos conceitos e concepções tratados ao longo dos
conteúdos do nosso Tema 1, sistematize seu conhecimento com as questões abaixo.
Bom trabalho!
Questão 1
Considerando a concepção de que surdez se caracteriza por uma privação auditiva que
constitui grave distúrbio neurológico-sensorial, elabore um texto, com no máximo 15 linhas
para descrever e explicar o processo de surdez.
 
64
MARLENE CARDOSO 
 
Questão 2
ADORÁVEL PROFESSOR – Mr. Holland – EUA/1995
Trata-se de um filme que conta como um professor de música que tem um filho surdo
procura se envolver e ampliar vínculos com seu filho apropriando-se da Língua de Sinais.
Esta história ilustra os avanços que uma sociedade pode alcançar quando os indivíduos
se tornam mais conscientes de direitos e deveres. Além disso, pode ser entendida a mensagem
de que há ganhos para todos quando a sociedade inclui efetivamente os surdos e torne habitu-
al a Língua de Sinais.
Escreva um texto de 15 linhas, relacionando a descrição do filme acima com o papel da
educação e o cenário de exclusão que ainda caracteriza a sociedade e impõe às pessoas com
deficiência uma situação social desfavorável.
Questão 3:
Leia atentamente o fragmento da música “É”, de Gonzaguinha, que apresentamos neste
texto e registre seus comentários sobre as relações que podemos estabelecer entre a temática
apresentada na música e a questão da surdez no sistema educacional brasileiro.
 
65
LIBRAS 
Autor: Gonzaguinha
Imagem
Música: É
É! A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...
A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...
É! A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...
É! A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...
 
66
MARLENE CARDOSO 
 
É! É! É! É! É! É! É!...
É! A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...
A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...
É! A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...
É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação.
Questão 4
[...] A construção da linguagem oral do individuo com surdez profunda é uma tarefa
longa e bastante complexa, envolvendo aquisições, como: tomar conhecimento do mundo
sonoro, aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição, per-
 
67
LIBRAS 
ceber e conversar a necessidade de comunicação e de expressão, compreender a linguagem e
aprender a expressar-se [...] (p.09 deste impresso).
Considerando as ideias explicitadas neste material, especialmente no parágrafo acima,
registre seu entendimento sobre o papel do professor enquanto medidor para a construção da
linguagem oral de um indivíduo com surdez profunda.
Questão 5
Com base nos estudos que você fez neste tema, cite e explique os principais conceitos re-
lacionados à surdez e ao processo educacional de pessoas surdas.
Bem, após estudar sobre surdez e ter as primeiras noções sobre a cultura da comunidade
surda, podemos avançar em nosso estudo sobre os aspectos psicossociais que envolvem a co-
munidade surda.
Vamos adiante!
 
68
MARLENE CARDOSO 
 
 
69
LIBRAS 
MAPA CONCEITUAL  
 
70
MARLENE CARDOSO 
 
ESTUDO DE CASO 
Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 2,
analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus
colegas no fórum da disciplina.
Caso 2
Ana Maria é uma jovem de 25 anos que tem surdez profunda bilateral. Desde os 8 anos
de idade Ana faz uso da Libras (Língua brasileira de sinais). Entretanto, ela ainda se encontra
no Ensino Fundamental, em que não tem auxílio em sala de aula, nem de um professor bilín-
gue nem de um intérprete de Libras.
Seus professores e colegas não dominam a Libras, por isso se comunicam minimamente
com Ana geralmente usando gestos e mímicas.
Considerando tudo que vimos em nossa disciplina, responda as questões abaixo e em
seguida discuta com seus colegas no fórum da disciplina.
1. Diante das condições descritas no presente estudo, como a referida aluna com surdez
profunda bilateral, poderia ser incluída de fato na uma sala de aula regular, se não há na escola
um professor bilíngue, nem um intérprete de Libras.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. O que você pensa a respeito dos direitos dos alunos surdos expressos na Constituição
e nos demais documentos citados?
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___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Agora, tomando por base sua vivencia em sua comunidade escolar reflita sobre as ques-
tões abaixo:
1. Os surdos da localidade em que você vive estão tendo direito ao acesso a educação es-
pecializada prevista na legislação? Justifique sua resposta.
 
71
LIBRAS 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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__________________________________________________________________________
2. Eles são percebidos na comunidade como sujeitos dos seus direitos? Justifique sua
resposta.
___________________________________________________________________________
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3. Quais estratégias você sugere para que a inclusão desta aluna seja efetiva, tanto na
comunidade escolar, quanto nos demais grupos sociais em que ela está inserida?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Revisão
Agora que você já se apropriou dos conceitos e concepções tratados ao longo dos
conteúdos do nosso Tema 2, sistematize seu conhecimento com as questões abaixo.
Bom trabalho!
 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS 
Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares
QUESTÃO 01 
A Declaração de Salamanca de 1994 foi um marco importante na conquista da cidadania
para todas as pessoas que têm alguma forma de deficiência. Identifique abaixo os princípios
norteadores desta declaração:
I. O reconhecimento das diferenças e o atendimento às necessidades de cada um;
II. A promoção de aprendizagem e a formação de professores;
 
72
MARLENE CARDOSO 
 
III. A instalação de rampas nas calçadas das cidades e de tradutores nos programas
jornalísticos;
IV. O reconhecimento da importância da "escola para todos".
Assinale a alternativa correta:
a) I, II e III
b) II e IV
c) Apenas II
d) I e III
e) I, II, IV
QUESTÃO 02 
Neste texto fizemos algumas reflexões sobre a compreensão de teóricos como Piaget e
Vygotsky acerca do ser humano e o impacto das interações para sua inteligência. Analise o
parágrafo a seguir e assinale a alternativa correta.
“Piaget e Vygotsky concordavam que a inteligência humana somente se desenvolve no
indivíduo em função de interações sociais. Isso quer dizer que consideravam o homem geneti-
camente social. Podendo, portanto, afirmar que atualmente nenhuma aprendizagem é um ato
isolado, puramente individual” (Tema 4, Conteúdo 1).
Assinale a alternativa que apresenta a interpretação correta sobre as ideias de Piaget e
Vygotsky em relação ao que estamos estudando em neste texto:
a) A comunidade surda aprende de forma mais efetiva sem o uso da Libras, en-
quanto língua própria dos surdos;
b) Ao conviver com pessoas surdas os oralistas têm prejuízo em seu aprendizado do
português;
c) A ampliação da interação social entre oralistas e surdos favorece o desenvolvi-
mento da inteligência e a aprendizagem destes dois grupos;
d) No que diz respeito a aprendizagem dos surdos, a aprendizagem é um ato isola-
do já que eles têm uma língua própria, a Libras;
e) Os surdos que não falam Libras têm possibilidade ampliada de falar o português
ou qualquer outro idioma, pois não se prendem a Libras.
QUESTÃO 03 
A primeira escola de surdos do Brasil foi o Imperial Instituto de Surdos Mudos. Funda-
do em 1857. A criação desta instituição foi iniciativa:
 
73
LIBRAS 
a) Do imperador D. Pedro II com apoio de Dom Pedro I
b) Do prof. francês Hernest Huet apoiado por D. Pedro II, imperador;
c) Da imperatriz D. Teresa Cristina com apoio do Imperador D. Pedro II;
d) Do imperador D. Pedro II com apoio do francês Hernest Huet;
e) Do professor Hernest Huet apoiado por D. Pedro I, imperador.
QUESTÃO 04 
Tendo por base tudo que você estudou no presente texto, identifique qual das afirma-
ções abaixo está INCORRETA, considerando especialmente as afirmações de Saussure (1996).
a) A linguagem é formada pela língua e pela fala. A língua é tida como um sistema
de regras abstratas compostas por elementos significativos inter-relacionados;
b) A língua é o aspecto social da linguagem, já que é compartilhada por todos os fa-
lantes de uma comunidade linguística;
c) Na visão de Saussure, a fala é o aspecto individual da linguagem, sendo marcada
por características pessoais que os falantes imprimem na linguagem;
d) O termo fala não se refere ao ato motor de articulação de fonemas, sendo na ver-
dade a produção do falante na relação com os outros;
e) O termo linguagem se restringe a uma forma de comunicação, e no caso dos
surdos especificamente a linguagem corporal.
QUESTÃO 05 
Considerando todos os pressupostos da Declaração de Salamanca e seu significativo pa-
pel para a história da inclusão dos surdos no mundo, cite quais direitos atuais a comunidade
surda alcançou e que podem estar relacionados aos efeitos da Declaração de Salamanca.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
 
74
MARLENE CARDOSO 
 
 Refletindo sobre a surdez com o cinema
Sugestão de filmes
Alguns filmes têm retratado de forma muito interessante a realidade das pessoas que
têm surdez, trazendo aspectos diversos da sua realidade, desde as questões pessoais à forma
com que a sociedade ocidental lida com a pessoa surda. Por isso, sugerimos alguns filmes que
podem enriquecer seu conhecimento sobre esta temática.
Para refletir sobre as questões que estudamos sugerimos:
FILME: Ana (Brasil/2004)
Resumo: Este filme retrata a vida da personagem ANA que é surda e mora isolada com
seu irmão e sua mãe, um dia, se aventura fora do mundo familiar.
FILME: Blue Moon (Canadá/1999)
Resumo Este filme retrata a história de uma jovem mãe tem filha surda de 5 anos.
 
75
LIBRAS 
2 
SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICA 
PEDAGÓGICA 
 
BLOCO  
TEMÁTICO 
 
 
 
77
LIBRAS 
 
SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICA 
PEDAGÓGICA  
2.1  
TEMA 3. 
ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA LIBRAS  
2.1.1  
CONTEÚDO 1. 
LINGUAGEM X LÍNGUA  
Lei 10.436/2
Da Garantia do Direito à Educação das Pessoas Surdas ou Com Deficiência Auditiva
Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem ga-
rantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de:
I. Escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com
professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino funda-
mental;
II. Escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos
surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou
educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cien-
tes da singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de
tradutores e intérpretes de Libras – Língua Portuguesa.
1º São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a
modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvol-
vimento de todo o processo educativo.
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Módulo de libras

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  • 5. REDE DE ENSINO FTC    William Oliveira   PRESIDENTE    Reinaldo Borba  VICE‐PRESIDENTE DE INOVAÇÃO E EXPANSÃO    Fernando Castro  VICE‐PRESIDENTE EXECUTIVO    João Jacomel   COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO    Cristiane de Magalhães Porto  EDITORA CHEFE    Francisco França Souza Júnior   CAPA    Mariucha Silveira Ponte   PROJETO GRÁFICO    Marlene Cardoso   AUTORIA    Paula Rios  DIAGRAMAÇÃO    Paula Rios  ILUSTRAÇÕES    Corbis/Image100/Imagemsource/Stock.Xchng  IMAGENS    Hugo Mansur  Márcio Melo  Paula Rios  REVISÃO          COPYRIGHT  © REDE FTC   Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.   É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização   prévia, por escrito, da REDE FTC ‐ Faculdade de Tecnologia e Ciências.  www.ftc.br 
  • 6.   SUMÁRIO  1  SURDEZ: ASPECTOS BIOLÓGICOS E SOCIAIS ................................................................................ 9  1.1  TEMA 1. SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS .......................................................................11  1.1.1  CONTEÚDO 1. VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA DO SURDO NA CONTEMPORANEIDADE11  1.1.2  CONTEÚDO 2.  O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DO SURDO ............................................13  1.1.3  CONTEÚDO 3. PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ...............17  1.1.4  CONTEÚDO 4. LIBRAS E IDENTIDADE SOCIAL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E ASPECTOS  LEGAIS .............................................................................................................................21  MAPA CONCEITUAL ...........................................................................................................................27  ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................................28  EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...................................................................................................................29  1.2  TEMA 2. SURDEZ E O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE .........................................................31  1.2.1  CONTEÚDO 1. SURDEZ X DEFICIÊNCIA ...........................................................................31  1.2.2  CONTEÚDO 2. SURDEZ: FATORES DE RISCO, PREVENÇÃO E TRATAMENTOS ................40  1.2.3  CONTEÚDO 3. ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA LIBRAS .....................................................57  1.2.4  CONTEÚDO 4. ASPECTOS LEGAIS DA LIBRAS ..................................................................59  MAPA CONCEITUAL ...........................................................................................................................69  ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................................70  EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...................................................................................................................71  2  SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICA PEDAGÓGICA .................................................................... 75  2.1  TEMA 3. ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA LIBRAS ........................................................77  2.1.1  CONTEÚDO 1. LINGUAGEM X LÍNGUA ...........................................................................77  2.1.2  CONTEÚDO 2. LIBRAS: A INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS ..........................81  2.1.3  CONTEÚDO 3. SURDEZ, FAMÍLIA E COMUNICAÇÃO: APRENDENDO A LIBRAS ........... 105  2.1.4  CONTEÚDO 4. A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO   SURDO .......................................................................................................................... 106  MAPA CONCEITUAL ........................................................................................................................ 123  ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 124  EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................................................................................ 125  2.2  TEMA 4. CIDADANIA E DIREITOS DA COMUNIDADE SURDA NO BRASIL E NO MUNDO ........ 127  2.2.1  CONTEÚDO 1. EDUCAÇÃO ESPECIAL: ASPECTOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS ................. 127  2.2.2  CONTEÚDO 2. REFLEXÕES SOBRE A PRÁXIS PEDAGÓGICA E A MEDIAÇÃO NA  LINGUAGEM ESCRITA .................................................................................................. 137  2.2.3  CONTEÚDO 3. DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DE SALAMANCA ................................. 141  2.2.4  CONTEÚDO 4. DERRUBANDO MITOS E CRENÇAS NO TRABALHO COM O SURDO ...... 145  MAPA CONCEITUAL ........................................................................................................................ 149  ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 150  EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................................................................................ 151  GLOSSÁRIO ................................................................................................................................. 155  REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 157   
  • 7.  
  • 8.   APRESENTAÇÃO  Neste texto pretendemos refletir sobre a língua Libras, apresentando também a concep- ção contemporânea de surdez, bem como implicações pedagógicas do processo educacional com crianças e jovens surdos. Além disso, desejamos favorecer uma reflexão crítica sobre as propostas educacionais ora vigentes no sistema educacional brasileiro, para que, em sua futura prática profissional, você priorize um fazer pedagógico em prol da inclusão. Neste sentido, este texto é voltado aos discentes em formação em licenciatura, embora não sejam aqui esgotados todos os aspectos relativos ao trabalho com pessoas surdas, haja vista sua abordagem introdutória acerca da temática da surdez, suas origens e implicações biológicas, educacionais e sociais para o indivíduo surdo, bem como para a comunidade esco- lar que o acolhe. O presente texto tem por foco questões relativas ao processo de surdez em contextos de aprendizagem e as possibilidades de inclusão de surdos no Brasil, tratando, por isso, de aspec- tos do sistema de ensino e suas vicissitudes. Didaticamente, os conteúdos deste texto estão organizados em dois blocos temáticos e quatro grandes temas, apresentados em conteúdos específicos, a saber. O BLOCO TEMÁTICO I – COMUNIDADE SURDA apresenta no Tema 1 os “Aspec- tos socioantropológicos” e o Tema 2 versa sobre “Surdez e interação”. O BLOCO TEMÁTICO II apresenta a temática sobre “A SURDEZ E SUAS IMPLICAÇÕES”, em dois grandes temas: o Tema 1 aborda os “Aspectos Biológicos’ e no Tema 2 são apresentados os “Aspectos Pedagógicos”. Neste sentido, este texto se propõe a apresentar de forma clara e sucinta os conceitos fundamentais da língua Libras, de modo a favorecer uma maior compreensão por parte de profissionais da área educacional quanto às possibilidades e limites para um trabalho pedagó- gico inclusivo com pessoas surdas. Diante disso, consideramos ser esta uma ferramenta importante para o trabalho em e- ducação, sendo um convite a que você aprenda e passe a falar também com as mãos, difun- dindo, assim, a cidadania na comunidade surda ao respeitar e valorizar sua cultura. Bem-vindo ao mundo do silêncio. Marlene Cardoso
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  • 12.   11 LIBRAS  SURDEZ: ASPECTOS BIOLÓGICOS E  SOCIAIS   1.1   TEMA 1.  SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS   1.1.1   CONTEÚDO 1.  VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA DO SURDO NA CONTEMPORANEIDADE   [...] A história comum dos Surdos é uma história que enfatiza a caridade, o sacrifício e a dedicação necessários para vencer ‘grandes adversidades’ [...]. (SÁ, apud PERLIN; STROBEL, 2006, p. 5). “[...] quase metade dos professores eram surdos. Não existiam audiologistas, terapeutas de reabilitação, ou psicólogos educacionais e, para a maioria, nenhum destes eram aparentemente necessário. [...] pelo contrário a criança e os adultos surdos eram descritos em termos culturais: que a escola frequentaram, quem eram os seus parentes e amigos surdos (caso os houvesse), quem era a sua esposa surda, onde trabalhavam, quais as equipes desportivas de surdos e organizações de surdos a que pertenciam, qual o serviço que prestavam à comunidade dos surdos? [...]” Fonte: LANE apud PERLIN; STROBEL, 2006, p.15. Até aqui aprendemos sobre como a deficiência auditiva se manifesta diferentemente em cada indivíduo. Agora podemos caminhar um pouco mais. A partir deste ponto estudaremos como o indivíduo reage na sociedade com a limitação da surdez.
  • 13.   12 MARLENE CARDOSO    Ao compreender as características mais marcantes da comunidade dos indivíduos surdos, você se comunicará mais e melhor em LIBRAS. Então, vamos avançar e entender os aspectos socioantropológicos da surdez. Bom estudo!  Conceitos e terminologia básica Pode parecer uma questão menor nos preocuparmos com a terminologia, mas o modo como nos referimos a uma pessoa reflete nosso conceito sobre ela, bem como explicita nossos preconceitos, ignorância e arrogância, que se tornam transparentes nos títulos, rótulos e defi- nições que atribuímos aos outros. É preciso, então, conhecer o vocabulário de um campo para incorrer em erros elementares, bem como para não dar continuidade ao preconceito implícito muitas vezes no discurso leigo ou popular. Surdo-mudo, deficiente auditivo (DA), pessoa portadora de necessidades especiais, de- ficiente da áudio-comunicação, por que existem tantos termos? Poderíamos pensar: ao usar- mos tantas palavras distintas para designarmos uma pessoa que pertence um grupo específico estamos nos posicionando de forma demasiadamente cuidadosa? Talvez seja este o momento de refletir se todo este aparato terminológico está camuflan- do nosso desconforto por nos mantermos preconceituosos, e que por isso caímos em um exa- gerado modismo, muito em voga e reconhecido como uma onda do “politicamente correto”. Na ânsia de não ofendermos a pessoa surda, ou pertencente a qualquer outra minoria, acabamos criando um número de designações, que sempre são substituídas por outras, pois nenhuma preenche satisfatoriamente a definição mais atual sobre o indivíduo surdo. Contudo, a maioria das pessoas que não tem contato com a área da surdez, pensa que o termo surdo(a) é uma palavra ofensiva, mas não é. Os próprios surdos esclarecidos querem ser chamados assim, pois não se refere simplesmente aquelas pessoas com perda de audição, mas sim a todo um contexto de serem um grupo minoritário com necessidade de comunica- ção essencialmente e, por extensão, de língua de sinais. Os surdos que assumem a identidade surda são representados por discursos que os vêem capazes como sujeitos culturais, uma formação de identidade que só ocorre entre os espaços culturais surdos.
  • 14.   13 LIBRAS    Quanto mais você ler sobre o assunto melhor. Aproveite e acesse o próximo link: http://www.mj.gov.br/ 1.1.2   CONTEÚDO 2.   O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DO SURDO   Ao longo da história, e das diversas culturas, os surdos eram pessoas consideradas im- prestáveis e amaldiçoadas, exterminados através de infanticídio "legalizado", bem como eram ao mesmo tempo vistas como pobres coitados que deveriam ser sempre tutelados, e que não poderiam jamais ter vida própria por serem incapazes. A partir do século XVI surgem os primeiros pedagogos para surdos, e a sua educação e inclusão na sociedade começa a ser repensada de forma séria. Foi a partir do século XVI, que passou a ser cogitada a possibilidade de educar pessoas surdas, porém isto somente foi efetivamente realizado no início com indivíduos surdos de famílias abastadas e herdeiros de fortunas, por sua educação ser uma condição para que pu- dessem receber herança. Com o início do Renascimento e a renovação das ideias a partir da Idade Média e do isolamento imposto pelo regime feudal, houve formação de Comunidades Surdas e o desen- volvimento da língua de sinais, já utilização pelos surdos desde a Antiguidade. Em 1974, na Holanda, aparece no discurso do médico suíço Amman com o postulado sobre a primazia da oralidade do surdo na atenção pedagógica à surdez. Como ele, vários ou- tros seguiram a mesma tendência, afirmando ser a oralidade a única via de acesso à razão e ao pensamento humano. Assim, no início do século XX, a maior parte das escolas de surdos, em todo o mundo, abandona o uso da língua de sinais. Reflexo do Congresso de Milão de 1880, quando, a despei- to do que pensavam os surdos (maiores interessados, e que sequer foram consultados), consi- derou-se que a melhor forma de educação do surdo, seria aquela que utilizasse unicamente o oralismo. Desta forma, é traçado o desenho do oralismo, abordagem cujo discurso propõe a supe- ração da surdez e a aceitação social do surdo por meio da oralização, o que significou o bani- mento da língua de sinais dos modelos educacionais. O ensino da fala passou a ocupar centra- lidade máxima, e converteu-se em meio e fim da educação do surdo. A orientação era no sentido de que:
  • 15.   14 MARLENE CARDOSO    [...] a vida da criança surda deva ser organizada de tal modo que a fala seja necessária e interessante para ela, e a língua de sinais sem importância e des- necessária [...] (VYGOTSKY, 1993, p. 37). O modelo descrito acima e centrando a educação do surdo na oralidade não surge do acaso, pois o modelo de referência oralista é o modelo clínico-terapêutico, e não pedagógica, a surdez é vista como patológica e os surdos tornam-se pacientes, e não alunos. Considerava-se que o surdo, para viver em sociedade, deveria conseguir "ouvir" (com o uso de aparelho e apoiando-se em técnicas de leitura labial) e "falar" (através de exaustivos exercícios e, em último caso, da comunicação escrita) com o ouvinte, devendo superar a defi- ciência, o defeito de nascença, para poder ter o direito de conseguir viver e ser aceito pelo seu grupo social. Interessante! Apesar de inúmeros indivíduos mostrarem a capacidade intelectual e produtiva das pes- soas que tinham alguma deficiência, a sociedade manteve-se alheia e negou durante séculos, os direitos de igualdade destes grupos.
  • 16.   15 LIBRAS  Dois grandes homens contribuíram com sua genialidade e arte para a história da huma- nidade, sem que as limitações impostas pela deficiência tomassem o lugar de protagonistas nas vidas de cada um deles. Lembramos por isso neste texto o valor de ambos. LUDWIG VAN BEETHOVEN  FONTE: HTTP://WWW.CM‐LOUSA.PT/IMAGES/AGENDA/154_BILDNIS_LUDWIG_VAN_BEETHOVEN.JPG   Sem sombra de dúvida, Beethoven é um ícone da música erudita ocidental, sendo um dos compositores mais admirados e influentes. ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA  FONTE: HTTP://WWW.GRUPOESCOLAR.COM/A/B/891FA.JPG 
  • 17.   16 MARLENE CARDOSO    Brasileiro natural de Ouro Preto, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho é um dos maiores artistas da história do nosso país. Escultor, sua formação é atribuída as suas atividades com seu pai e com seu tio. Sua educação formal foi apenas até a escola primária. TETO DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS  FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.INFOESCOLA.COM  Pesquise sobre a obra destes dois mestres da arte e busque outros exemplos de pessoas que superaram a deficiência apesar das barreiras da preconceituosa sociedade ocidental. O modelo antropológico, por sua vez, rompe com essa forma de pensar e concebe os surdos como adultos multilinguais e multiculturais, concepção de fundamento e de práxis. Nesse modelo se insere a educação bilíngue para surdos, que significa, como propõe Skliar (1998), apoiado nas proposições da UNESCO (1954): “o direito que têm as crianças que utili- zam uma língua diferente da língua oficial de serem educadas na sua língua” (SKLIAR, 1998, p. 17).
  • 18.   17 LIBRAS  FONTE: HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_A8FPA0P6NTE/TCLA6NILWCI/AAAAAAAAIX0/QZO7I4PJUGS/S1600/ALFABETO+E+LIBRAS.JPG  A partir da década de 80 começa a ganhar força a filosofia do bilinguismo. Segundo esta filosofia, o surdo deve adquirir primeiramente, como língua materna, a língua de sinais, con- siderada a sua língua natural. Somente como segunda língua deveria ser ensinada a língua oficial do país, mas preponderantemente na sua forma escrita. O bilinguismo percebe a surdez como diferença linguística, e não como deficiência a ser normatizada através da reabilitação (oralismo). O surdo, progressivamente, vem sendo encarado como alguém com identidade e carac- terísticas próprias, e em alguns casos, o que é mais importante, distintas das do ouvinte. 1.1.3   CONTEÚDO 3.  PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE   O modelo socioantropológico da surdez Foram duas observações que a partir da década de 60 levaram outros especialistas – co- mo antropólogo, linguísticas e sociólogos – a interessar-se pelos surdos, e que originaram uma visão totalmente oposta a clinica, uma perspectiva socioantropológica da surdez. Por um lado, o fato de que os surdos formam comunidades cujo fator aglutinante é a língua de sinais, apesar, como se disse da repressão exercida pela sociedade e pela escola. Por outro lado, a confirmação de que os filhos surdos de pais surdos apresentam melhores níveis
  • 19.   18 MARLENE CARDOSO    de leitura semelhantes aos do ouvinte, uma identidade equilibrada, e não apresentam os pro- blemas sociais e afetivos próprios dos filhos surdos de pais ouvintes. Os surdos formam uma comunidade linguística minoritária caracterizada por comparti- lhar uma língua de sinais e valores culturais, hábitos e modos de socialização próprios. A lín- gua de sinais constitui o elemento identitário dos surdos, e o fato de construir-se em comuni- dade significa que compartilham e conhecem os usos e normas de uso da mesma língua, já que interagem cotidianamente em um processo comunicativo eficaz – e cognitiva por meio do uso da língua de sinais própria de cada comunidade de surdos. FONTE: HTTP://ZURETACONCURSOS.FILES.WORDPRESS.COM/2008/07/1BONECOS_UNIAO.JPG  A comunidade surda se origina em uma atitude diferente frente ao déficit, já que não le- va em consideração o grau de perda auditiva de seus membros. A participação na comunidade surda se define pelo uso comum da língua de sinais, pelos sentimentos de identidade grupal, o autorreconhecimento e identificação como surdo, o reconhecer-se como diferente, os casa- mentos endogâmicos, fatores estes que levam a redefinir a surdez como uma diferença e não como uma deficiência. Pode-se dizer, portanto, que existe um projeto surdo da surdez. Observe como é importante o respeito a língua materna dos surdos. Pense nisto... A língua de sinais anula a deficiência e permite que os surdos consigam, então, uma comunidade linguística minoritária diferente e não um adesivo na normalidade. Identidade surda A identidade do surdo é um tema que vem sendo debatido de forma nova, em termos, principalmente, de sua inserção no campo dos estudos culturais, ao qual melhor se adapta sob a perspectiva da representação da diferença.
  • 20.   19 LIBRAS  Essa concepção está envolvida com a consideração de assimetrias culturais, tratando-se de uma identidade cultural, que envolve rituais, linguagem olhares, sinais, representações, símbolos, modelos convencionais, processo profundamente plurais e culturais. FONTE:  HTTP://SBYSIQ.BLU.LIVEFILESTORE.COM/Y1P2GRWLUOIQHQPTZELF3MPRVHQM12OZVXZKVNF73KMDXGYQKZNET1WFB6WPQLZ5OJD3S S9QO_5ONB‐BSDBBXNLQA/FESTA%20DA%20PRIMAVERA%20(203).JPG  No caso dos surdos, vale dizer que a identidade é construída numa forma de representa- ção naturalmente edificada na comunidade ou nas comunidades surdas essa representação possui uma narrativa “imaginada”, cujos processos cimentam a unidade de uma comunidade. Olhando a parceria ou os vínculos entre identidade e currículo, é possível refletir sobre as relações entre currículo e subjetividade. Em outras palavras devemos refletir que se a base da cultura surda não estiver presente no currículo, dificilmente o sujeito surdo irá percorrer a trajetória de sua nova ordem, que será oferecida na pista das representações inerentes às ma- nifestações culturais. FONTE: HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_VIJGHWJX6YW/TCAC5OIK7NI/AAAAAAAAEVU/WAPLNP0WBZ4/S320/BASQUETECADEIRA1.JPG 
  • 21.   20 MARLENE CARDOSO    Entrar na discussão de currículo e identidade no campo da educação dos surdos signifi- ca apreender uma identidade de resistência que exclui uma máscara social de incapacidade para aquisição subjetiva do conhecimento, máscara que também é possível identificar na ex- clusão imposta a pessoas que apresentam outras deficiências. E entrar na pista da socialização do conhecimento entre os surdos. O currículo como centro da identidade No livro “Documentos de Identidade”, Silva (2002) remete-nos ao significado de currí- culo como a “pista decorrida”. Pode se dizer que, aí, o currículo deve conter pistas para nos tornamos o que somos. Se nos detivermos a considerar currículo apenas como conhecimento, então esquecemos a relação entre identidade e currículo. O currículo deve estar inerentemente, centralmente e virtualmente envolvido naquilo que representa o que somos, naquilo que nos tornamos, na nossa identidade, na nossa subjeti- vidade. Assim, no caso do surdo, o currículo precisa estar envolvido num processo cultural ine- rente ao surdo. Para que a identidade possa vir a ser temos de “adulterar” o currículo com a representação cultural surda. O contato do sujeito surdo com as manifestações culturais do surdo é necessário para construção de sua identidade, caso contrario, sua experiência vai torná-lo um sujeito sem pos- sibilidade de autoidentificar-se como diferente e como surdo, ou seja, com determinada iden- tidade cultural. A sua identificação vai ocorrer como sendo um sujeito deficiente. É bem o caso do oralismo. Se olharmos para a história, teremos presente o caso de identificação que o oralismo le- gou ao surdo como o enfraquecimento da comunidade surda, resultando na perda da auto- nomia, na competição de surdos com os ouvintes, no suicídio dos surdos. Por quê? http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 32621998000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
  • 22.   21 LIBRAS  1.1.4   CONTEÚDO 4.  LIBRAS E IDENTIDADE SOCIAL:  ASPECTOS PEDAGÓGICOS E ASPECTOS LEGAIS   FONTE: HTTP://4.BP.BLOGSPOT.COM/_WLCERUQV4BK/SSMDOQ_CX6I/AAAAAAAAAWG/LWZOJRBQMTA/S400/VARIAS‐MAOS.JPG  Acontece que a manifestação da identidade do surdo no currículo oralista é falha e con- tém a representação da identidade ouvinte como exclusiva. Uma segregação da identidade surda, uma segregação da mesma. Se pensarmos na pluralidade cultural, o currículo multiculturalista faz lembra que a i- gualdade e oportunidade não podem ser obtida por meio da igualdade de acesso ao currículo hegemônico existente. É preciso que haja presença da diferença cultural nos currículos, para garantir ou refletir as formas pelas quais a diferença é produzida em relações sociais de assi- metria. Tanto a língua como a educação está envolvida em processo de transformação de iden- tidades e subjetividades. Pedagogicamente falando ensinar a cultura do surdo na sala de aula com surdo é tão importante quanto teorizar sobre ela. Ensinar cultura do surdo é fazer um discurso e uma prática, é abrir perspectivas para a formação da subjetividade e contribuir para o encontro de uma linguagem teórica que permi- ta ao surdo identificar-se. Estas ideias são ratificadas por Sá (2002), quando ela afirma que a formação das nossas identidades ocorre a partir da fusão dos elementos de todos os sistemas culturais em que estamos inseridos.
  • 23.   22 MARLENE CARDOSO    A construção da surdez a partir de diferentes concepções de multiculturalismo Numa mesma sociedade existem várias culturas imbricadas umas nas outras, gerando a necessidade de se considerar um “multiculturalismo”, principalmente nas ações educacionais. No entanto, há várias noções de multiculturalismo. Então, convém destacar a concepção de multiculturalismo que chamamos para esta reflexão. Carlos Skliar adverte (com base em Harlan Lane,1990 e Peter McLaren,1997), que a sur- dez é construída a partir de concepções diferentes de multiculturalismo.Segundo ele, pode-se observar a concepção conservadora de multiculturalismo,segundo a qual, na abordagem à questão da surdez, há uma supremacia do ouvinte sobre os surdos, há um destaque para a biologização da surdez e dos surdos,há a priorização de todos os julgamentos pela perspectiva do mais “valoroso” da “mais valia” , há a deslegitimação das línguas estrangeiras e dos dialetos regionais e étnicos,há a proclamação do monolinguismo, e, se usa o termo “diversidade” para encobrir uma ideologia de assimilação (1998, p. 1). Estamos próximo de começar a exercitar as mãos. Mas, antes vamos compreender os aspectos que permeiam a educação especial dos surdos. Como ensinar e aprender Libras por que educar um surdo é também entender a cultura surda. Vamos em frente! Aspectos pedagógicos Diagnóstico na idade escolar Qualquer alteração auditiva na infância pode ocasionar sérios prejuízos ao desenvolvi- mento. A percepção da linguagem em seu processamento auditivo refere-se a capacidade de organizar e compreender os estímulos sonoros que recebemos, podendo ser usado para des- crever respostas comportamentais aos estímulos auditivos. Necessita de consciência auditiva, identificação auditiva, localização auditiva, descriminação auditiva, figura fundo auditiva, analise auditiva e síntese auditiva. Muitas vezes são perdidas as riquezas dos detalhes durante uma informação sonora. O conteúdo emocional também fica prejudicado uma vez que as inflexões da fala em situações do dia a dia, como expressão de alegria ou de tristeza e desespero, não são percebidos. Na maioria das vezes, os problemas auditivos passam despercebidos aos pais. E o ambiente esco- lar acaba por se configurar em uma das mais importantes oportunidades para que o déficit auditivo, visual ou cognitivo seja percebido por educadores. A escola é o lugar em que ocorre uma significativa e efetiva troca de saberes, e permite a troca de conhecimentos em dois sentidos entre mestre e alunos, bem como dos alunos entre si. Esta característica de favorecer a troca de conhecimentos e experiências faz da escola um lugar para elaboração pedagógica.
  • 24.   23 LIBRAS  Prevenindo problemas na escola Você sabia que: Segundo a Política Nacional de Educação Especial, a Integração é um processo dinâmico de participação das pessoas num contexto relacional, legitimando sua interação nos grupos sociais. A normalização é o princípio que representa a base filosófico- ideológica da integração. Não se trata de normalizar as pessoas, mas sim o contexto em que se desenvolvem. Normalização significa, portanto, oferecer aos educandos com necessidades especiais modos e condições de vida diária o mais semelhantes possíveis às formas e condições de vida da sociedade em geral. A legislação do Brasil (Constituição Federal/88, LDB 9394/96 entre outras) prevê a inte- gração do educando com necessidades especiais no sistema regular de ensino. Essa integração, no entanto, deve ser um processo individual, fazendo-se necessário estabelecer, para cada ca- so, o momento oportuno para que o estudante comece a frequentar a classe comum, com pos- sibilidade de êxito e progresso. A inclusão do aluno surdo em classe comum não acontece como num passe de mágica. É uma conquista que tem que ser feita com muito estudo, trabalho e dedicação de todas as pessoas envolvidas no processo: aluno surdo, família, professores, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, alunos ouvintes, demais elementos da escola etc. As crianças que apresentam perda auditiva (leve moderada) têm capacidade para ouvir o professor, porém não têm consciência de haver perdido parte da mensagem. Quando o pro- fessor menciona alguma atividade realizada anteriormente dirigindo-se a um aluno dizendo seu nome, observamos que ele se mostra surpreso, pois se o professor não tivesse mencionado o nome dele isto passaria despercebido, devido a falta de atenção auditiva.
  • 25.   24 MARLENE CARDOSO    Inicialmente, essa criança pode ser considerada apática e pouco inteligente, mas, da per- cepção de linguagem, o que a torna mais participativa na sala de aula. Nas salas de aula as condições acústicas não costumam ser favoráveis, somam-se os ruí- dos interno produzido pela conversação, pelo arrastar de mesas e cadeiras. As crianças que fazem uso da prótese auditiva têm a ampliação da voz do professor e de todo os outros baru- lhos. A percepção da fala não é suficiente clara somando-se os sons competitivos. Investigue esse site ele trará mais informação para seu aprendizado: http://www.feneis.com.br/page/index.asp Interação social: a alavanca do aprendizado A socialização é fator indispensável ao processo de desenvolvimento do ser humano, pois é através dela que o indivíduo apropria-se dos comportamentos produzidos pela socieda- de na qual está inserido e, consequentemente, amplia suas possibilidades de interação. Pressu- põe a aquisição de valores, normas, costumes e condutas que a sociedade transmite e exige. A família representa papel principal e decisivo no processo de socialização, entretanto, não tem poder absoluto e indefinido sobre a criança. Muitos outros fatores irão influir neste desenvolvimento. A partir do momento em que a criança passa a frequentar a escola, esta transforma-se em mais um importante contexto de socialização que será determinante para o seu desenvol- vimento e curso posterior de sua vida, pois vai interagir com pessoas de diferentes meios fami- liares, concepções de vida, graus de conhecimento, etnias, religiões etc. Aspectos legais Importante que possamos refletir sobre o impacto de algumas normas do nosso orde- namento jurídico que trouxeram efetividade de direitos aos surdos no Brasil. A Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, foi muito significativa por reconhecer o caráter de língua da Libras. Esta Lei dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, além de dar outras providências. “O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
  • 26.   25 LIBRAS  Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de co- municação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriun- dos de comunidades de pessoas surdas do Brasil”. O decreto Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005, regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e institui a obrigatoriedade da inclusão da Libras como disciplina curricular: CAPÍTULO II – DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de pro- fessores e profissionais da educação para o exercício do magistério. § 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto (DECRETO 5626/05). Além disso, este decreto também dispõe sobre a formação do professor de Libras: CAPÍTULO III – DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS Art. 4º A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser reali- zada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Le- tras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua.
  • 29.   28 MARLENE CARDOSO    ESTUDO DE CASO  Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 1, analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus colegas no fórum da disciplina. Caso 1 Bete, uma criança surda, não consegue acompanhar a classe de ouvintes porque não en- tendem o que está sendo dito por sua professora, a qual não sabe Libras. Questões: 1. Considerando as normas previstas na Lei 10.436/2, quais direitos previstos em Lei pa- ra esta aluna o sistema educacional está deixando de garantir? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 2. O que você pensa a respeito dos direitos dos alunos surdos expressos na Constituição e nos demais documentos citados? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Revisão Agora é o momento de você exercitar a sistematização dos seus conhecimentos neste Tema 1. Se tiver dificuldade, volte a estudar o material e discutir com toda a comunidade do seu curso no fórum da disciplina para esclarecer todos os conceitos e concepções discutidos até este ponto. Bom trabalho!
  • 30.   29 LIBRAS  EXERCÍCIOS PROPOSTOS  Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares QUESTÃO 01  Considerando o que você estudou no tema 1 do nosso material impresso sobre os aspec- tos socioantropológicos da surdez, identifique as alternativas falsas e as verdadeiras: I. Para não ofendermos as pessoas surdas, ou pertencentes a qualquer outra mino- ria, devemos ampliar a terminologia usada para nos referirmos a elas; II. As pessoas que não têm contato com a área da surdez, pensam que a expressão surdo(a) é uma palavra ofensiva, sem saber que a própria comunidade surda prefere esta expressão; III. O termo surdo define não apenas pessoas com perda auditiva, mas remete-nos à noção de que há um grupo minoritário e essencialmente com necessidade de comunicação específica, ou seja, de uma língua. Está correta a alternativa: a) F – F – V b) V – F – V c) V – V – F d) F – V – V QUESTÃO 02  Analise a frase abaixo e responda o que é pedido: Os surdos que assumem a identidade surda são representados por discursos que os vê- em como sujeitos culturais capazes, uma formação de identidade que só ocorre entre os espa- ços culturais surdos. Diante desta afirmativa, é correto dizer: a) A maioria dos surdos prefere se manter longe da identidade surda, pois tem uma forte identificação com seus familiares oralistas; b) A construção de uma identidade do surdo, como um indivíduo capaz, está dire- tamente relacionada ao seu convívio com outros indivíduos desta comunidade; c) A construção da identidade do indivíduo surdo ocorre a partir do momento em que ele entra na rede regular de ensino, mas se concretiza antes da adolescência; d) Alguns indivíduos surdos entram uma espécie de crise de identidade quando começam a conviver com outros indivíduos surdos nas várias esferas sociais.
  • 31.   30 MARLENE CARDOSO    QUESTÃO 03  Tendo por base os aspectos históricos que estudamos nesta disciplina, com relação ao tratamento dispensado socialmente à pessoas surdas, é possível afirmar: a) Em diversas culturas, os surdos eram considerados como pessoas imprestáveis e amaldiçoadas, o que tornava aceitável o infanticídio "legalizado"; b) Ao longo da história, os surdos foram vistos como pessoas independentes e que não se desenvolviam por terem uma postura preguiçosa; c) Em determinadas culturas, os surdos eram vistos como pobres coitados depen- dentes de tutela, ainda que se acreditasse que poderiam ter vida própria por se- rem capazes de trabalhar; d) Na maioria das culturas, o surdo convivia com seus familiares quando não apre- sentava capacidade para o trabalho, ou quando se mostrava inseguro nos espaços sociais. QUESTÃO 04  Leia as questões abaixo e identifique a alternativa incorreta: a) A partir do século XVI surgiram os primeiros profissionais pedagogos para sur- dos, o que permitiu que as questões relativas à educação para surdos e sua inclu- são na sociedade fossem tratadas de forma mais séria; b) De acordo com alguns autores, a possibilidade de educar o surdo começou a ser cogitada a partir do século XVI, ainda que de forma efetiva para aqueles surdos de famílias abastadas; c) A educação dos indivíduos surdos e herdeiros de fortunas, foi um fator que ala- vancou os processos educativos deste grupo, haja vista que a educação era uma condição para que pudesse receber herança; d) O desenvolvimento da cultura surda se efetivou no século XIX, após o desenvol- vimento da língua de sinais e com o estabelecimento legal das cotas para defici- entes. QUESTÃO 05  De acordo com seus estudos identifique a opção coerente com o que discutimos em nos- sa disciplina: a) Coincide com o Renascimento e a renovação das ideias a formação de Comuni- dades Surdas e o desenvolvimento da língua de sinais, já utilizada pelos surdos desde a Antiguidade;
  • 32.   31 LIBRAS  b) Historicamente, cada grupo social de uma forma própria de lidar com as pessoas surdas, o que contribuía para o desenvolvimento destes indivíduos; c) Alguns surdos têm dificuldade para construir uma identidade, precisando convi- ver com oralistas e surdos para se posicionar em um dos grupos; d) Existem vários termos que designam pessoas surdas, mas nenhum preenche sa- tisfatoriamente a definição contemporânea sobre o surdo.   1.2   TEMA 2.  SURDEZ E O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE   1.2.1   CONTEÚDO 1.  SURDEZ X DEFICIÊNCIA   Nossa disciplina é sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, língua utilizada pela comunidade surda e que permite a comunicação com as mãos através de gestos que expres- sam tanto as letras do alfabeto, palavras e situações, quanto representam sentimentos e concei- tos abstratos. No entanto, ressaltamos que a LIBRAS não deve ser entendida como uma transcrição literal das palavras, haja vista sua estrutura, que a caracteriza como uma língua específica, assim como o inglês, o português, o italiano são línguas que têm uma estrutura. Neste sentido, a comunicação de uma pessoa surda com as demais através da LIBRAS não se restringe a fazer uma mímica das letras de cada palavra. FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.UOUWWW.COM/2008/06/CURSO‐DE‐LIBRAS‐LINGUA‐BRASILEIRA‐DE‐SINAIS.HTML 
  • 33.   32 MARLENE CARDOSO    Porém, antes de começar a aprender a falar com as mãos, você precisa saber mais sobre a surdez e o indivíduo surdo. Esse é o diferencial dessa disciplina. Os próximos conteúdos contribuirão para você se sentir seguro na conversação com o surdo. Fique atento! A surdez atinge cada indivíduo de forma diferente e por fatores diversos. Deste modo, é preciso reconhecer os mecanismos dessa deficiência e de que forma cada indivíduo reage ao silêncio.  Conceito de surdez Vamos conhecer e esclarecer os termos que serão usados durante todo o texto, conceituando, segundo os autores, com respeitabilidade no campo da surdez.  Aspectos Biológicos IMAGEM DO DNA  FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.PIXMAC.COM.BR/PICTURE/DNA+RESUMO/000000167806 
  • 34.   33 LIBRAS  A surdez é uma deficência que fisicamente não é visível, e atinge uma pequena parte da anatomia do indivíduo. Porém, traz para o indivíduo surdo consequências sociais, educacionais e emocionais amplas e intangíveis. Podemos definir a surdez, também, como a privação auditiva que constitui grave distúrbio neurológico-sensorial, afetando a capacidade de comunicação vividas, as relações sociais e a construção do pensamento infantil. A audição é o sentido responsável por captar as informações sonoras, sejam verbais ou não. O órgão que realiza esse processo é o ouvido que pode ser dividido em ouvido externo, médio e interno, sendo este o caminho percorrido pelo som até chegar ao cérebro. FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.IF.UFRJ.BR/TEACHING/FIS2/ONDAS2/OUVIDO/OUVIDO.HTML  O som se espalha pelo ar através de uma vibração, fenômeno que pode ser visualizado na ilustração abaixo: IMAGEM DE UMA ONDA SONORA  FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/ROMULODELAZZARI/2533433797/)  Esta vibração é captada pela orelha externa (pavilhão auditivo e canal externo do ouvi- do) e é conduzida até a orelha média, onde estão localizadas estruturas responsáveis pela am-
  • 35.   34 MARLENE CARDOSO    plificação desta vibração. Depois de amplificada a vibração chega à orelha interna, gerando uma pequena energia elétrica que é transmitida ao cérebro pelo nervo coclear, que é o nervo da audição, onde será decodificada para gerar a compreensão dos sons. A surdez pode ocorrer caso haja anomalias em qualquer uma das etapas deste processo de audição. Muito bem! Agora que já entendemos o processo de audição, e as várias formas e origens da surdez, vamos entender o que é e como acontece o diagnóstico auditivo. Continue empenhado em seu processo de conhecimento!  Conheça o nosso aparelho auditivo Nosso ouvido é dividido em 3 partes:  Ouvido externo: É formado pelo pavilhão auricular e canal auditivo com a membrana timpânica no fundo do canal.  Ouvido médio: Estão os três ossículos (martelo, estribo e bigorna) e a abertura da tuba auditiva.  Ouvido interno: Também chamado de labirinto, é formado pelo aparelho ves- tibular (equilíbrio) e cóclea (audição).  Audiometria FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.DIREF.ORG.BR/CONVENIOS/CLINICAS.HTM   O teste mais utilizado para detectar a presença de problemas de audição é a audiometria, que tem a finalidade de determinar a menor quantidade de energia acústica audível (limiar auditivo).
  • 36.   35 LIBRAS  EXAME AUDIOMÉTRICO   FONTE: HTTP://WWW.SEAMA.EDU.BR/ADMIN/UPLOAD/AUDIOMETRIA.JPG  Os limiares determinados pela audiometria são colocados em um gráfico adotado uni- versalmente denominado audiograma. Ele expressa as frequências sonoras em HZ variando de 250 a 8000 Hz. Estas frequências são medidas em decibéis obedecendo a uma escala que determina o grau da perda auditiva que varia de –10 a 110 dB. Um ouvido normal possui como limiar auditivo até 25 decibéis ou menos em adultos e 15 decibéis ou menos em crianças. Se o limiar auditivo obtido encontra-se entre 25 e 40 dB caracteriza-se perda auditiva le- ve; entre 40 e 70 dB, perda moderada; entre 70 e 90 dB caracteriza-se perda severa e a partir de 90 dB tem-se uma perda auditiva de grau profundo.
  • 37.   36 MARLENE CARDOSO     Tipos de Surdez Sob o aspecto que interfere na aquisição da linguagem e da fala, o déficit auditivo pode ser definido como perda média em decibéis, com a seguinte classificação: surdez neurossenso- rial, surdez leve, surdez severa, surdez profunda.
  • 38.   37 LIBRAS   Surdez Neurossensorial Resulta de distúrbios que comprometem a cóclea ou o nervo coclear implante coclear. CORTE VERTICOTRANSVERSAL DO OUVIDO DIREITO  FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.SCIELO.BR/SCIELO.PHP?PID=S0080‐62342007000300020&SCRIPT=SCI_ARTTEXT  Classificação da surdez pela perda auditiva decibéis=db Leve Perda auditiva entre 20dc e 40db Moderada Perda auditiva entre 40dc e 70db Severa Perda auditiva entre 70dc e 90db Profunda Acima de 90db
  • 39.   38 MARLENE CARDOSO     Surdez Leve O indivíduo que apresenta perda auditiva de até quarenta decibéis é diagnosticado como tendo uma surdez leve. Essa perda impede que o indivíduo perceba igualmente todos os fo- nemas da palavra. Além disso, a voz fraca ou distante não é ouvida. Essa perda auditiva não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá ser a cau- sa de algum problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita.  Surdez Severa A pessoa que apresenta surdez severa escuta som forte como: latido do cão, avião, cami- nhão, serra elétrica, mas não é capaz de ouvir a voz humana sem o aparelho auditivo. FONTE: HTTP://TAILINEHIJAZ.WORDPRESS.COM/CATEGORY/MONITORIA‐HPIJ/  FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.IMPLANTECOCLEAR.ORG.BR/TEXTOS.ASP?ID=5 
  • 40.   39 LIBRAS   Surdez Profunda As pessoas com surdez severa escutam apenas sons graves que transmitem vibrações (helicóptero, avião, trovão), sendo a perda auditiva superior a noventa decibéis. A gravidade dessa perda é tal que o priva das informações auditivas necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir a linguagem oral. FONTE: HTTP://WWW.LOUCOSPELOTIMAO.COM/CATEGORY/A‐HISTORIA‐DO‐CORINTHIANS/PAGE/2/  A construção da linguagem oral no individuo com surdez profunda é uma tarefa longa e bastante complexa, envolvendo aquisições, como:  Tomar conhecimento do mundo sonoro;  Aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição;  Perceber e conversar a necessidade de comunicação e de expressão;  Compreender a linguagem;  Aprender a expressar-se.  Surdez Adquirida É considerada surdez adquirida quando o comprometimento da audição ocorre por causas neonatais (durante ou imediatamente após o nascimento) ou durante a primeira infância. Uma criança que nasce surda, ou que adquire a surdez nos primeiros meses de vida, não recebe informações do meio ambiente, através da audição, necessaria ao seu desenvolvimento cognitivo, emocional e integração social.
  • 41.   40 MARLENE CARDOSO    EXAME AUDITIVO  FONTE: HTTP://TODAPERFEITA.COM.BR/TESTE‐DA‐ORELHINHA‐ONDE‐FAZER/  “O teste da orelhinha (conhecido cientificamente como Emissões Otoacústicas – OAEs) é o exame para a identificação precoce de Deficiência Auditiva. Pode ser realizado no segundo ou terceiro dia de vida, é simples, seguro, indolor, não utiliza medicamentos no procedimento e dura aproximadamente de 5 a 10 minutos. Deverá ser realizado durante o sono do bebê, sem incomodá-lo” Fonte: REIS, 2010, p. 01. Leia sobre o assunto que estudamos até agora. Sugestão de site site: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?402 1.2.2   CONTEÚDO 2.  SURDEZ: FATORES DE RISCO, PREVENÇÃO E TRATAMENTOS   Nem sempre é possível evitar que alguma doença ou alteração ocorra no indivíduo, entretanto frequentemente é possível realizar um diagnóstico precoce do problema e adotar medidas para diminuir suas consequências. A Organização Mundial de Saúde classifica as Medidas de Prevenção em Primárias, Secundárias e Terciárias.
  • 42.   41 LIBRAS  Com relação à área da surdez podemos dizer que a prevenção primária diz respeito à administração de vacinas e medidas de saneamento básico, que podem evitar que as pessoas se contaminem ou desenvolvam doenças que causam surdez. FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.SENADO.GOV.BR/SF/SENADO/PORTALDOSERVIDOR/JORNAL/JORNAL77/SAUDE_VACINA.ASPX  A prevenção secundária está relacionada ao diagnóstico precoce, como por exemplo a realização da triagem auditiva nas maternidades. Para que este procedimento preventivo possa se concretizar é imprescindível que a avaliação seja realizada tanto por médico quanto por fonoaudiólogo. FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.INCLUSIVE.ORG.BR/?P=14499  Os aspectos da prevenção terciária estão relacionados à estimulação precoce especializada e ao ensino especial.
  • 43.   42 MARLENE CARDOSO    O conhecimento das causas que podem levar a problemas auditivos favorece o diagnóstico precoce que propicia um melhor rendimento pedagógico, desde que ocorra uma intervenção adequada.  Causas da Surdez A surdez pode ser adquirida de várias maneiras, selecionamos as causas mais comuns para estudarmos. Algumas formas de adoecimento levam as alterações genéticas nos embri- ões, tendo como uma das consequências, a perda auditiva parcial ou total. É importante res- saltar que as causas de surdez podem estar relacionadas tanto a aspectos genéticos, quanto a eventos ocorridos nos períodos perinatal e/ou pós-natal, a exemplo da anóxia perinatal e da anóxia pós-natal. Dentre as causas mais comuns de alteração intrauterina, citamos:  Mutação genética;  Anomalias decorrentes de adoecimento da gestante ou do genitor;  Sífilis;  Rubéola;  Toxoplasmose;  Meningite;  Anoxia;  Desnutrição da gestante.  Anomalias Anomalias podem ser definidas como sendo uma alteração orgânica. Uma anomalia pode ocorrer em qualquer idade do indivíduo e levar a sequelas permanentes, a exemplo da surdez. Além disso, uma anomalia em um indivíduo adulto pode gerar anomalias em sua pro- le, como veremos a seguir. Um exemplo de anomalia que traz sequelas permanentes pode ser visto na mutação ge- nética que dá origem a Síndrome de Waardenburg, a qual, por sua vez gera outras anomalias como deformação da face, Albinismo e surdez. A idade paterna avançada parece ser um dos fatores responsáveis pela mutação genética denominada Síndrome de Waardenburg1 que atinge o embrião. Principais características da Síndrome de Waardenburg:  Deslocamento lateral dos cantos internos dos olhos;                                                        1  A Síndrome de Waardenburg foi descrita pela primeira vez por P. J. Waardenburg em 1951 e entre os princi‐ pais sinais clínicos do quadro está a surdez congênita (MARTINS, 2003, p. 117). 
  • 44.   43 LIBRAS   Hiperplasia da porção medial dos supercílios;  Base nasal proeminente e alargada;  Pigmentação da íris e da pele;  Surdez congênita;  Mecha branca frontal.  Sífilis A Sífilis é uma doença sexualmente transmissível e que pode levar a sequelas permanen- tes no indivíduo e em sua prole, como a surdez e a cegueira. É uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema Pallidum e adquirida por contato sexual com pessoa contaminada, por beijo ou por transfusão de sangue. Quando não tratada, a Sífilis pode progredir, tornando-se crônica e com manifestações sistemáticas. Manifesta-se em três fases: primária, secundária e terciária. As características mais marcantes da infecção são apresentadas durante os dois primeiros estágios. Sintomas: 1º estágio – pequenas vesículas avermelhadas indolores, chamado “cancro”, aparecem na região próxima aos genitais. As vesículas aparecem 10 dias a 3 meses após o contágio, pro- longando de 1 até 8 semanas. 2º estágio – os sintomas são semelhantes aos de um resfriado, febre, dor de cabeça, cor- po dolorido. O diagnóstico é feito pelo médico através da avaliação clinica, quanto as formas de con- taminação e por exame de sangue. Tratamento: é feito à base de penicilina oral e injetável.  Diabetes Diabetes mellitus é um gupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia (aumento dos níveis de glicose no sangue), resultado de deficiencias na secreção de insulina, em sua ação ou ambos. Trata-se de uma doença complexa, na qual coexiste um transtorno global do metabolismo dos carboidratos, lipidios e proteínas. Existe 3 tipos de diabetes: Mellitus tipo 1, Mellitus tipo 2 e Mellitus gestacional.  Rubéola A rubéola ou rubéola é uma doença infecciosa causada pelo vírus da rubéola Togavírus. Transmissão: vias respiratórias. É uma doença geralmente benigna, mas pode causar má for- mação no embrião, se a contaminação ocorrer durante a gestação. A rubéola também é res-
  • 45.   44 MARLENE CARDOSO    ponsável por parto prematuro. Dentre as sequelas da rubéola durante a gravidez vemos a sur- dez e algumas formas de má formação. Sintomas: O período de incubação do vírus é de 15 dias e os sintomas são parecidos com os da gri- pe: dor de cabeça, dor ao engolir, dores musculares, coriza, aparecimento de gânglios (ínguas), febre, manchas avermelhadas inicialmente no rosto, que depois se espalham por todo o corpo.  Citomegalovírus É um vírus herpes com predomínio de incidência em regiões carentes, onde é comum a significativa restrição de recursos econômicos pouco acesso da população à educação, ao esgo- tamento sanitário e a condições adequadas de higiene. As formas de transmissão incluem: relação sexual, agulhas para injeção de drogas, transfusão de sangue. Um outro conjunto de fatores e situações durante a gestação e o parto pode gerar seque- las nos bebês, sendo a surdez uma delas.  Anoxia Anoxia é a diminuição de oxigenação para o feto no momento do parto. Se a anoxia for prolongada, pode ocorrer uma lesão cerebral ou até matar. Este é um dos riscos ao nascimento e a principal causa de deficiências mentais em crianças, podendo também causar surdez. Pode ser causada por uma parada cardíaca do bebê em função de complicações na hora do parto.
  • 46.   45 LIBRAS   Prematuridade O bebê é considerado prematuro se nascer antes das 37 semanas de gestação. A depen- der de sua idade, os fatores de riscos para que venha a apresentar problemas de saúde aumen- tam ou diminuem, podendo ele necessitar de diversos tipos de cuidados. A prematuridade aumenta os riscos de a criança ter um prejuízo auditivo ou déficit de inteligência.  Traumas do parto Temos um exemplo que é o parto de fórceps, é um parto normal, no qual se utiliza um instrumento cirúrgico semelhante a uma colher, que é colocado no canal vaginal, ajustando-se nos lados da cabeça do bebê para ajudar o obstetra a retirá-lo do canal de parto. Este tipo de ação praticamente não e é mais usada, mas muitas pessoas adultas têm surdez devido a esse tipo de procedimento.  Drogas ototóxicas São medicamentos que afetam o ouvido interno e cóclea, os quais são responsáveis pela audição e equilíbrio. O uso destas substâncias pode gerar uma lesão no ouvido interno e/ou a cóclea causando perda auditiva irreversível. Icterícia ou hiperbilirrubina. É causada pela concentração, anormal e alta de bilirrubi- na no sangue. Os glóbulos vermelhos velhos, danificados ou anormais são extraídos da circu- lação principalmente pelo baço. Durante esse processo, a hemoglobina (proteína dos glóbulos vermelhos que transporta o oxigênio) transforma-se num pigmento amarelo chamado bilir- rubina. A bilirrubina chega ao fígado através da circulação e ali é quimicamente alterada para depois ser excretada para o intestino como um componente da bílis. Na maioria dos recém-nascidos a concentração de bilirrubina no sangue normalmente aumenta de forma transitória durante os primeiros dias posteriores ao nascimento, motivo pelo qual a pele está amarelada (icterícia).  Outras causas de perda auditiva Além dos fatores genéticos que levam a surdez do bebê ainda no útero ou em função do parto, há algumas formas de adoecimento que em qualquer faixa etária podem levar a um quadro de surdez.
  • 47.   46 MARLENE CARDOSO     Gestação e deficiência na nutrição materna Uma alimentação desequilibrada pode causar sérios problemas para a mulher grávida e consequentemente para o bebê. Uma alimentação equilibrada baseada em frutas, legumes, hortaliças e pouca carne é o ideal para todas as pessoas, principalmente para as futuras ma- mães. COMER MUITO NÃO EQUIVALE A COMER BEM! Carências nutricionais da mãe significam carências nutricionais também do feto, preju- dicando seu desenvolvimento e aumentando o risco de que ocorram sequelas irreversíveis para o bebê.  Baixo peso A criança que nasce com menos de 2500g é considerada com baixo peso, que pode ser por consequência do nascimento prematuro e da qualidade de crescimento fetal intrauterino.  Encefalite São inflamações agudas no cérebro, podendo ser causadas por infecção viral ou bacteri- ana como meningite bacteriana, ou pode ser uma complicação de outras doenças infecciosas como raiva (viral) ou sífilis (bacteriana). Acontece em certas infestações parasitas e protozoá- rias, como toxoplasmose, malária ou meningoencefalite amoébica primária, e também pode
  • 48.   47 LIBRAS  ocorrer encefalites em pessoas com sistema imune comprometido. Essa lesão empurra o cerebro contra o crânio, podendo conduzir, inclusive, à morte.  Meningite É uma inflamação das meninges – membranas que recobrem e protegem o cérebro. Ela pode ser viral, adquirida depois de uma gripe ou doença causada por vírus, ou de origem bac- teriana, normalmente mais branda. Uma das bactérias é a meningococo que pode ser transmitida pelo ar. Outra forma de contagio é o contato com a saliva de um doente. A bactéria entra pelo nariz e aloja-se no inte- rior da garganta. Em seguida vai para corrente sanguínea, percorrendo pelo cérebro ou difu- são pelo corpo, causando uma infecção generalizada. Sintomas: Nos neonatos de até um mês – irritabilidade, choro em excesso, febre, sonolência e a moleira fica estufada, como se houvesse um galo na cabeça da criança. Acima dessa idade – A criança tem dificuldades de movimentar a cabeça. A partir dos cinco anos – Febre, rigidez da nuca, dor de cabeça e vômitos em jato.  Traumas no crânio encefálico O traumatismo craniano é um dos maiores causadores de morte no mundo. A depender do local onde for a pancada, pode vir causar a surdez.  Sarampo É uma doença causada pelo vírus do sarampo e sua transmissão é por via respiratória. Essa doença, em alguns países, ainda é a causa de muitas mortes de crianças, por motivo de falta de vacinação em massa. Sintomas: Febre alta, tosse rouca e persistente, coriza, conjuntivite e fotofobia, manchas branca na mucosa da boca, depois surgem manchas avermelhadas na pele, inicialmente no rosto e pro- gredindo em direção aos pés, durante pelo menos três dias, e desaparecendo na mesma ordem de aparecimento.
  • 49.   48 MARLENE CARDOSO     Caxumba É uma doença virótica, de transmissão respiratória, causada pelo vírus da caxumba. Os sintomas geralmente são bem discretos ou ausentes, e, quando ocorrem, os sintomas geral- mente são febre e aumento das glândulas salivares, podendo ocorrer um comprometimento com o sistema nervoso central, testículos, ovários, pâncreas e a surdez temporária ou perma- nente.  Outros agentes causadores de perda auditiva Além das questões vistas até aqui, você deve saber que muitas das condições de vida e trabalho podem levar o indivíduo a ter uma perda auditiva total ou parcial ao longo da vida. Neste aspecto ressaltamos a exposição a ruídos fortes como sendo o maior causador de surdez na atualidade. Além das sequelas por adoecimento, alguns hábitos pessoais e condições de trabalho também representam risco para o indivíduo no que diz respeito à sua acuidade auditiva, con- forme podemos ver nas situações descritas abaixo.  Ruídos fortes O ruído intenso, sons acima de 75 dB, é a causa mais frequente da surdez. A exposição constante ou a exposição aguda a sons muito intensos, como uma explosão, pode levar o indi- víduo a uma perda auditiva parcial ou total. FONTE: HTTP://WWW.SRPROPAGANDA.COM.BR/ 
  • 50.   49 LIBRAS  Um exemplo de exposição em situação social pode ser visualizado em festas populares, como o carnaval, em que alguns indivíduos ficam expostos a ruído intenso por várias horas, ao longo de dias. FONTE: HTTP://WWW.ESSAEBOA.BLOGGER.COM.BR/2005_01_23_ARCHIVE.HTML  Outras situações da vida cotidiana podem gerar dano no aparelho auditivo: armas de fo- go, motocicletas, maquinas de cortar grama etc., podem causar danos ao ouvido interno cau- sando a surdez.  Condições inadequadas de trabalho Além das situações cotidianas de agressão ao ouvido do ser humano, algumas condições de trabalho são especialmente danosas à saúde auditiva, como podemos verificar nas indús- trias, nos canteiros de obra com suas máquinas e britadeiras e demais máquinas, nos aeropor- tos, dentre outros. FONTE: HTTP://EUTRABALHOSEGURO.BLOGSPOT.COM/2009/11/SESMT‐FORCA‐TAREFA‐NA‐CONSTRUCAO‐CIVIL.HTML 
  • 51.   50 MARLENE CARDOSO     O diagnóstico de surdez Habitualmente, as pessoas que convivem com a criança têm mais capacidade de detectar se há algo errado do que qualquer teste. Por isso, os pais e professores devem estar atentos a determinadas ausências de reação por parte da criança quando lhe são apresentados ruídos altos. Do mesmo modo, os adultos precisam acompanhar o desenvolvimento da fala e buscar avaliação profissional em caso de atraso.  Diagnóstico precoce A criança deve ser capaz de prestar atenção, detectar, localizar e discriminar os sons. Sabemos que a deficiência auditiva pode ocorrer antes (dentro do útero materno), durante ou depois do nascimento.  Como suspeitar de algum problema auditivo no bebê? FONTE: HTTP://HIMOTHERS.BLOGSPOT.COM/2009/11/MAMAES‐E‐BEBES.HTML  Ele acorda com barulhos fortes? Ele se assusta com barulhos repentinos? Ele percebe quando as portas batem? Olha quando é chamado? Escuta a campainha da porta e do telefone?
  • 52.   51 LIBRAS   Em crianças maiores é possível observar: Ele olha muito para os lábios de quem fala? Tem dificuldade para compreender o que é dito? Pede para repetir ou que se fale mais alto? Fala muito alto ou excessivamente baixo? Aumenta o volume da televisão com frequência? Tem dificuldade com os conteúdos escolares? FONTE: HTTP://INDIFERENTEE.BLOGSPOT.COM/2010/06/SIMPLESMENTE‐VIVA.HTML  Se a criança não reage aos sons ou apresenta outras dificuldades, uma das possibilidades a ser verificada é de que ela pode estar com a audição reduzida, neste caso, é possível avaliar a audição através do exame de audiometria infantil que pode ser feito inclusive em recém- nascidos, como vimos neste texto. Para fixar o assunto acima... http://www.senado.gov.br/comunica/agencia/cidadania/surdez/not02.htm  Prevenção Lei 10.436/2 Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Bra- sileira de Sinais – Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, conforme legislação vigente.
  • 53.   52 MARLENE CARDOSO    Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais – Libras não poderá substituir a modali- dade escrita da língua portuguesa. Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2002; 181º da Independência e 114º da República. A deficiência auditiva apresenta causas que são classificadas como congênitas ou adqui- ridas. As causas congênitas da deficiência auditiva mais comuns são a hereditariedade, as se- quelas devido a viroses e às doenças tóxicas da gestante. A deficiência auditiva é adquirida quando existe predisposição genética, meningite, ingestão de remédios, viroses etc. É fundamental um acompanhamento precoce para um desenvolvimento da criança sur- da, pois um profissional de qualidade poderá ajudar em uma redução de barreiras tanto na comunicação do sujeito surdo ou deficiente auditivo como em todo contexto social. Ideia-Chave Deficiência auditiva: diminuição da capacidade de percepção normal dos sons. Possibilidades de Tratamento COMO PREVINIR A SURDEZ?  Vacinas Já existem vacinas que as mulheres podem tomar antes de engravidar, como por exem- plo: vacina contra rubéola e após o nascimento a criança deve tomar vacinas contra: sarampo, caxumba, meningite tipo B e C. Vacina antirrubéola pode ser dada em mulheres de 15 aos 35 anos e crianças dos 15 me- ses aos 15 anos, a rubéola é uma grande vilã, pois é a causadora de vários casos de surdez, na gravidez a mulher infectada pela rubéola pode vir a conceber um bebê com problemas auditi- vos. Vacina antissarampo é indicado para todas as crianças que não tiveram a doença ou pa- ra aquela com dúvidas a respeito. Ela pode ser vacinada após o 9º mês de vida. Vacina anticaxumba ou papeira deve ser aplicada a partir dos 12 meses de idade.
  • 54.   53 LIBRAS  Existe a vacina tríplice viral que é a combinação das vacinas contra sarampo, rubéola e caxumba que deve ser aplicada a 1ª dose aos 12 meses de idade e a 2ª dose aos 4 ou 5 anos de idade. Vacina antimeningite a partir de 2 meses de idade. Aconselhamento médico e pré-natal Fazer um bom pré-natal é o melhor caminho para a gestante percorrer durante os 9 me- ses, o médico orientará quanto à nutrição e possíveis doenças como: sífilis e a toxoplasmose que causam a surdez. O médico também pode vir ajudar a prevenir o nascimento prematuro da criança. Todo o acompanhamento e monitoramento do bebê e da mãe durante o processo de gestação é de fundamental importância. Aconselhamento genético A consanguinidade entre os pais é um fator genético de grande risco para o bebê que irá nascer. Antes de engravidar, é de fundamental importância que o casal faça uma consulta com um médico geneticista. Cuidado ao usar medicamentos Todo medicamento usado pela gestante ou pelo bebê, seja ela de ingestão a pomada, de- ve passar pela autorização prévia do médico e pelo bom censo da leitura da bula do remédio. O uso de medicamentos ototóxicos é perigoso para o indivíduo de qualquer idade. Uso da camisinha A relação sexual fazendo uso da camisinha é o cuidado básico para se evitar doenças se- xualmente transmissíveis (DST), como a Herpes e Sífilis, que causam a surdez e outros males. Evitar barulhos Evitar frequentar ambientes barulhentos e o uso de fones de ouvido com o som em vo- lume alto. Após os exames e consultas com o otorrinolaringologista será indicado o tratamento que mais se adequa a cada indivíduo e surdo. Alguns casos necessitaram de cirurgia, já em outros a utilização do aparelho auditivo permitirá uma percepção melhor do mundo sonoro. Importante ressaltar que o aparelho não
  • 55.   54 MARLENE CARDOSO    restituirá a audição, mas poderá dar conhecimento ao indivíduo sobre o ambiente sonoro, o que é importante para sua segurança.  Prótese auditiva Definição: É um aparelho eletrônico de vários tipos, formatos e cores, utilizados por pessoas que tenham como diagnóstico perda de audição. Exemplos de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI). Usados por trás do ouvido ou no canal auditivo, podem ajudar nas deficiências moderada e grave. FONTE: HTTP://WWW.INFONET.COM.BR/SAUDE/LER.ASP?ID=88361&TITULO=SAUDE   História dos Aparelhos Auditivos
  • 56.   55 LIBRAS  Os primeiros aparelhos auditivos eram enormes trombetas em forma de chifre com uma parte larga e aberta em uma extremidade que detectava o som. A trombeta gradualmente diminuiu e se transformou em um fino tubo que canalizava o som dentro do ouvido. O desenvolvimento do aparelho auditivo moderno não seria possível se não fosse pela contribuição de dois dos maiores inventores do final do século XIX e início do século XX. Alexander Graham Bell amplificou eletronicamente o som em seu telefone usando um microfone de carbono e uma bateria: um conceito que foi adotado pelos fabricantes de apare- lhos auditivos. Em 1886, Thomas Edison inventou o transmissor de carbono, que alterava os sons em sinais elétricos que podiam viajar através de fios e podiam ser convertidos de volta em sons. Essa tecnologia foi usada nos primeiros aparelhos auditivos. Na década de 20, tubos a vácuo foram introduzidos aos aparelhos auditivos, o que tornou a amplificação do som mais eficiente, mas enormes baterias ainda os tornavam incômodos. FONTE: DISPONÍVEL EM:   HTTP://WWW.APARELHOSAUDITIVOSBRASIL.COM.BR/APARELHOS‐AUDITIVOS‐HISTORIA.HTM  A Revolução Industrial permitiu a produção em massa de aparelhos auditivos e criou uma nova classe média que podia pagar pela tecnologia. No século XIX, várias empresas pro- duziram suas próprias versões de aparelhos auditivos. Em 1898, a Dictograph Company apre- sentou o primeiro aparelho auditivo de carbono comercial. Um ano depois, Miller Reese Hut- chison, da empresa Akouphone, no Alabama, patenteou seu primeiro aparelho auditivo elétrico funcional que usava um transmissor de carbono e bateria. Ele era tão grande que pre- cisava ficar sobre uma mesa, e era vendido por US$400. O ano de 1952 anunciou a era dos aparelhos auditivos de transistor. A adição dessas simples chaves on/off finalmente possibilitou o advento de um aparelho auditivo menor. Os primeiros aparelhos auditivos com transistor foram projetados para se encaixar nas armações de óculos. Posteriormente, eles foram adaptados para se encaixar atrás da orelha. O primeiro
  • 57.   56 MARLENE CARDOSO    aparelho auditivo de transistor a ser lançado no mercado no final de 1952 foi vendido por aproximadamente US$230. No século XX, os aparelhos auditivos se tornaram digitais. A qualidade do som melho- rou e se tornou mais ajustável. Também durante esse período, os aparelhos auditivos progra- máveis foram introduzidos. Na virada do século XXI, a tecnologia de computador tornou os aparelhos auditivos menores e ainda mais precisos, com ajustes para se acomodar a virtualmente todo tipo de am- biente auditivo. Contudo o uso do aparelho pode causar desconforto, portanto para uma correta adapta- ção é necessário que o surdo se acostume aos sons gradativamente e que sinta prazer ao per- cebê-los. Outro tratamento disponível no momento é o implante coclear multicanal que é uma prótese computadorizada que faz a função das células ciliadas lesadas ou ausentes. Possui um dispositivo externo que tem como função captar o som, por um microfone instalado num pequeno aparelho. O receptor libera a energia elétrica adequada para o feixe de eletrodos inseridos na cóclea. As informações do som elétrico resultantes são enviadas através do Possibilitar ao surdo a percepção dos sons ambientes através da utilização de prótese auditiva e do implante coclear são tratamentos que podem interferir em todo processo da a- prendizagem repercutindo no desenvolvimento da linguagem e da fala. Contudo, não é o fim
  • 58.   57 LIBRAS  em si mesmo. É parte de um processo que evitará distúrbios emocionais, sociais e psicológicos dos surdos e de seus familiares. Imagem de Implante coclear2   http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/institucional/dee/dee_surdez.php 1.2.3   CONTEÚDO 3.  ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA LIBRAS   O primeiro passou para entender as questões pedagógicas em relação a surdez e o surdo é entender a Libras. Segundo Romeu Kazumi Sassaki (2002), quanto as Línguas de Sinais os termos corretos são:  Linguagem de sinais?  Linguagem Brasileira de Sinais?  Língua de sinais ou dos sinais?  Língua Brasileira de Sinais?  Língua de Sinais Brasileira?  Libras?  LIBRAS? Em primeiro lugar, trata-se de uma língua e não de uma linguagem. Assim, ficam descartados os termos “linguagem de sinais” e “Linguagem Brasileira de Sinais”. De acordo com Capovilla (apud SASSAKI, 2002, p. 22): Língua define um povo. Linguagem, um indivíduo. Assim, do mesmo modo como o povo brasileiro é definido por uma língua ou idioma em comum, o Português (que o distingue dos povos de todos os países com os quais o nos- so faz fronteira), a comunidade surda brasileira é definida por uma língua em comum, a Língua de Sinais Brasileira. Assim, em Psicologia e Educação, quando falamos em desenvolvimento da linguagem (quer oral, escrita ou de sinais) e em distúrbios da linguagem (e.g., afasias, alexias, agrafias), estamos nos referindo ao nível do indivíduo.                                                        2  Disponível em: http://www.materdei.com.br/jornal_fev_mar_2006/materia04.jsp 
  • 59.   58 MARLENE CARDOSO    Em segundo lugar, o correto é “língua de sinais” porque se trata de uma língua viva e, portanto, a quantidade de sinais está em aberto, podendo ser acrescentados novos sinais. Quando se diz “língua dos sinais”, fica implícito que a quantidade de sinais já está fechada. Em terceiro lugar, o nome correto é “Língua de Sinais Brasileira” (ou “Língua de sinais brasileira”), pois Língua Brasileira não existe. O termo “língua de sinais” constitui uma unidade vocabular, ou seja, funciona como se as três palavras (língua, de e sinais) fossem uma só. Então, adjetivamos cada “língua de sinais” existente no mundo. Língua de Sinais Brasileira, Língua de Sinais Americana, Língua de Sinais Mexicana, Língua de Sinais Francesa etc. Capovilla (apud SASSAKI, 2002, p. 28): [...] Língua de Sinais é uma unidade, que se refere a uma modalidade linguís- tica quiroarticulatória-visual e não oroarticulatória-auditiva. Assim, há Lín- gua de Sinais Brasileira (porque é a Língua de Sinais desenvolvida e empre- gada pela comunidade surda brasileira, há Língua de Sinais Americana, Francesa, Inglesa, e assim por diante. Não existe uma Língua Brasileira (de sinais ou falada). Sei disso porque quando fazia uso destes termos TODOS os benditos redatores de revistas e jornais riscavam o Brasileira e trocavam pelo Portuguesa, produzindo um monstrengo conceitual de proporções e conse- quências desastrosas... Além disso, a propósito, se traduzirmos American Sign Language obteremos Língua de Sinais Americana e não Língua Ameri- cana de Sinais[...]. Em quarto lugar, a sigla correta é “Libras” e não “LIBRAS” (ver explicação no próximo parágrafo). Quando foi divulgado o uso da sigla “LIBRAS”, explicava-se esta sigla da seguinte forma: LI de Língua, BRA de Brasileira, e S de Sinais. Com a grafia “Libras”, a sigla significa: Li de Língua de Sinais, e bras de Brasileira. De acordo com Fernando Capovilla (2001) adotou a norma do Português, segundo a qual se uma sigla for pronunciável como se fosse uma palavra (e.g., Fapesp, Feneis) ela deve ser escrita com apenas a inicial maiúscula; e se ela não for pronunciável como uma palavra, mas apenas como uma série de letras (e.g., CNPq, BNDES), ela deve ser escrita em maiúsculas. Por isso, o Dicionário de Libras de Capovilla e Raphael (2001) escreve Libras e Feneis com apenas as iniciais maiúsculas, como deve ser em bom Português. Libras é um termo consagra- do pela comunidade surda brasileira, e com o qual ela se identifica. Ele é consagrado pela tra- dição e é extremamente querido por ela. A manutenção deste termo indica nosso profundo respeito para com as tradições deste povo a quem desejamos ajudar e promover, tanto por razões humanitárias quanto de consciência social e cidadania. Finalmente, quando se trata de publicação menos técnica em Português, recomendo o uso de Libras. Como é um termo curto,
  • 60.   59 LIBRAS  prescinde de abreviatura. Além disso, tem forte apelo emocional para os leitores surdos que, então, saberão que estamos nos referindo à língua deles. E como temos profundo respeito pela comunidade surda brasileira e pela sua língua, o mínimo que nós, ouvintes, podemos e deve- mos fazer é usar o mesmo termo que essa comunidade usa quando se refere à sua língua em nossa língua, o Português. Além disso, esta é “uma forma de procurar engajar o leitor surdo em tudo o que se refere à sua língua para que ele possa participar ativamente” (CAPOVILLA apud SASSAKI, 2002, p. 31). Sassaki (1997, p. 41) conceitua a inclusão como o “processo pelo qual a sociedade se a- dapta, para poder incluir, em seus sistemas gerais, pessoas com necessidades especiais”. A necessidade da sociedade se adaptar para a Inclusão de fato é fundamental para um desenvolvimento social e cultural da comunidade surda, pois será na interação que acontecerá o desenvolvimento da Libras e consequentemente a do surdo, seja na leitura, escrita e no con- texto sociocultural. Em Educação para surdo se devem estabelecer as relações e valores que são integradas na educação dos ouvintes, valorizando a língua do surdo (Libras) e valorizando em conjunto a língua e cultura dos ouvintes. Evita desta forma uma pedagogia reabilitadora. Uma pedagogia interativa leva o surdo a uma dimensão de vida, língua, cultura e auto- nomia que favorece sua inclusão com um todo. 1.2.4   CONTEÚDO 4.  ASPECTOS LEGAIS DA LIBRAS   FONTE: HTTP://LIBRASLIVRE.BLOGSPOT.COM/2009_11_01_ARCHIVE.HTML 
  • 61.   60 MARLENE CARDOSO    A legislação brasileira para garantia de direitos às pessoas portadoras de deficiência au- ditiva é recente, tendo sido criadas normas e Leis de forma mais intensa a partir da Constitui- ção de 1988, cuja ênfase na dignidade da pessoa humana um forte compromisso ao ordena- mento jurídico brasileiro para com os direitos fundamentais. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida no Brasil como a língua oficial da pessoa surda, após a publicação de duas leis: Lei nº 10.436/2002 e a Lei nº10.098/2002 (AZEREDO, 2006). No que diz respeito ao direito de acesso de pessoas surdas a Libras em instituições de Ensino da rede regular, a primeira Lei foi promulgada em Minas Gerais e acabou por servir de modelo para todo Brasil. Atualmente, quase todos os estados já promulgaram leis estaduais a respeito do assunto, o que tem conferido às pessoas surdas maior efetividade em sua possibili- dade de exigir direitos, seja em relação a atuação do Estado ou nas relações privadas. Mas, é preciso ainda uma reflexão quanto ao real impacto desta legislação para melhoria das condições de vida e desenvolvimento das pessoas surdas. A seguir, faremos uma breve análise deste cenário.  Estados e municípios com leis promulgadas Estados com leis aprovadas garantindo a Libras: Acre, Amapá, Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande de Sul, Rio de Janeiro, Para- ná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso de Sul e Rondônia.  Municípios: João Pessoa – Paraíba, Natal – Rio Grande do Norte;  O Estado de Minas Gerais tem o maior número de municípios com lei municipal ga- rantindo a Libras;  Municípios: Araxá, Belo Horizonte, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Uberlândia, Ituiutaba, Uberaba, Juiz de Fora, Divinópolis, Patos de Minas, Sete Lagoas, Pouso Alegre.  Dia dos Surdos Ser Surdo: [...] olhar a identidade surda dentro dos componentes que consti- tuem as identidades essenciais com as quais se agenciam as dinâmicas de po- der. É uma experiência na convivência do ser na diferença (PERLIN; MIRANDA 2003, p.217).
  • 62.   61 LIBRAS  FONTE: HTTP://JIE.ITAIPU.GOV.BR/PRINT_NODE.PHP?SECAO=TURBINADAS1&NID=7537  Já temos leis estadual e municipal. A data que homenageia os surdos é o dia 26 de se- tembro, a qual foi escolhida em homenagem à inauguração da primeira escola de surdos do país, o INES3 . Por isso, todos os anos durante o mês de setembro, a comunidade surda mobiliza-se pa- ra marcar a data e dar visibilidade à luta, necessidades e direitos do indivíduo surdo. Dentre as atividades realizadas neste mês, vemos a organização de festas, manifestações, passeatas e si- milares, chamando a atenção tanto da sociedade de forma ampla, quanto de pessoas surdas que porventura não estejam mobilizadas politicamente na reivindicação dos seus direitos.  Surdos na universidade Sabe-se que o número de surdos na universidade ainda é pequeno. As barreiras de co- municação são consideradas o maior entrave para ampliação deste número. Poucas são as universidades que possuem intérprete a disposição do aluno ou um núcleo de apoio ao aluno surdo.                                                        3  Instituto Nacional de Educação de Surdos 
  • 63.   62 MARLENE CARDOSO    Instituições de Ensino Superior onde existem alunos surdos matriculados: PUC - Belo Horizonte/Minas Gerais UniBH – Belo Horizonte/Minas Gerais Faculdade Metropolitana – Belo Horizonte/Minas Gerais Faculdade Sabará – Sabará/Minas Gerais UNIVERSO – Belo Horizonte/Minas Gerais UEMG – Belo Horizonte/Minas Gerais UNIT – Uberlândia/Minas Gerais UNIUBE – Uberaba/Minas Gerais Nas cidades de Governador Valadares, Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Poços de Caldas, Patos de Minas e Brumadinho/Minas Gerais  A Lei 10.436, Nº 10.098 e a Portaria 310 Depois de anos de luta da sociedade civil organizada, finalmente a lei 10.436 de 24 de abril de 2002 foi sancionada e passou a vigorar em todo país. Um passo importante para o reconhecimento da língua materna dos surdos possibilitando um avanço significativo no mo- do como esses atores sociais seriam tratados em todos os setores da vida: social, educacional, cuidado com a saúde, ou seja, fazendo uma inclusão verdadeira dessas pessoas na sociedade.
  • 64.   63 LIBRAS  A conquista deste direito traz impactos significativos na vida social e política da Nação brasileira. O provimento das condições básicas e fundamentais de acesso a Libras se faz indis- pensável. Requer o seu ensino, a formação de instrutores e intérpretes, a presença de intérpre- tes nos locais públicos e a sua inserção nas políticas de saúde, educação, trabalho, esporte e lazer, turismo e finalmente o uso da Libras pelos meios de comunicação e nas relações cotidi- anas entre pessoas surdas e não-surdas. Outra lei que amplia essa conquista da comunidade surda é a de Nº 10.098 que dispõe sobre a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência. Revisão Agora que você já se apropriou dos conceitos e concepções tratados ao longo dos conteúdos do nosso Tema 1, sistematize seu conhecimento com as questões abaixo. Bom trabalho! Questão 1 Considerando a concepção de que surdez se caracteriza por uma privação auditiva que constitui grave distúrbio neurológico-sensorial, elabore um texto, com no máximo 15 linhas para descrever e explicar o processo de surdez.
  • 65.   64 MARLENE CARDOSO    Questão 2 ADORÁVEL PROFESSOR – Mr. Holland – EUA/1995 Trata-se de um filme que conta como um professor de música que tem um filho surdo procura se envolver e ampliar vínculos com seu filho apropriando-se da Língua de Sinais. Esta história ilustra os avanços que uma sociedade pode alcançar quando os indivíduos se tornam mais conscientes de direitos e deveres. Além disso, pode ser entendida a mensagem de que há ganhos para todos quando a sociedade inclui efetivamente os surdos e torne habitu- al a Língua de Sinais. Escreva um texto de 15 linhas, relacionando a descrição do filme acima com o papel da educação e o cenário de exclusão que ainda caracteriza a sociedade e impõe às pessoas com deficiência uma situação social desfavorável. Questão 3: Leia atentamente o fragmento da música “É”, de Gonzaguinha, que apresentamos neste texto e registre seus comentários sobre as relações que podemos estabelecer entre a temática apresentada na música e a questão da surdez no sistema educacional brasileiro.
  • 66.   65 LIBRAS  Autor: Gonzaguinha Imagem Música: É É! A gente quer valer o nosso amor A gente quer valer nosso suor A gente quer valer o nosso humor A gente quer do bom e do melhor... A gente quer carinho e atenção A gente quer calor no coração A gente quer suar, mas de prazer A gente quer é ter muita saúde A gente quer viver a liberdade A gente quer viver felicidade... É! A gente não tem cara de panaca A gente não tem jeito de babaca A gente não está Com a bunda exposta na janela Prá passar a mão nela... É! A gente quer viver pleno direito A gente quer viver todo respeito A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação...
  • 67.   66 MARLENE CARDOSO    É! É! É! É! É! É! É!... É! A gente quer valer o nosso amor A gente quer valer nosso suor A gente quer valer o nosso humor A gente quer do bom e do melhor... A gente quer carinho e atenção A gente quer calor no coração A gente quer suar, mas de prazer A gente quer é ter muita saúde A gente quer viver a liberdade A gente quer viver felicidade... É! A gente não tem cara de panaca A gente não tem jeito de babaca A gente não está Com a bunda exposta na janela Prá passar a mão nela... É! A gente quer viver pleno direito A gente quer viver todo respeito A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação. Questão 4 [...] A construção da linguagem oral do individuo com surdez profunda é uma tarefa longa e bastante complexa, envolvendo aquisições, como: tomar conhecimento do mundo sonoro, aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição, per-
  • 68.   67 LIBRAS  ceber e conversar a necessidade de comunicação e de expressão, compreender a linguagem e aprender a expressar-se [...] (p.09 deste impresso). Considerando as ideias explicitadas neste material, especialmente no parágrafo acima, registre seu entendimento sobre o papel do professor enquanto medidor para a construção da linguagem oral de um indivíduo com surdez profunda. Questão 5 Com base nos estudos que você fez neste tema, cite e explique os principais conceitos re- lacionados à surdez e ao processo educacional de pessoas surdas. Bem, após estudar sobre surdez e ter as primeiras noções sobre a cultura da comunidade surda, podemos avançar em nosso estudo sobre os aspectos psicossociais que envolvem a co- munidade surda. Vamos adiante!
  • 71.   70 MARLENE CARDOSO    ESTUDO DE CASO  Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 2, analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus colegas no fórum da disciplina. Caso 2 Ana Maria é uma jovem de 25 anos que tem surdez profunda bilateral. Desde os 8 anos de idade Ana faz uso da Libras (Língua brasileira de sinais). Entretanto, ela ainda se encontra no Ensino Fundamental, em que não tem auxílio em sala de aula, nem de um professor bilín- gue nem de um intérprete de Libras. Seus professores e colegas não dominam a Libras, por isso se comunicam minimamente com Ana geralmente usando gestos e mímicas. Considerando tudo que vimos em nossa disciplina, responda as questões abaixo e em seguida discuta com seus colegas no fórum da disciplina. 1. Diante das condições descritas no presente estudo, como a referida aluna com surdez profunda bilateral, poderia ser incluída de fato na uma sala de aula regular, se não há na escola um professor bilíngue, nem um intérprete de Libras. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 2. O que você pensa a respeito dos direitos dos alunos surdos expressos na Constituição e nos demais documentos citados? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Agora, tomando por base sua vivencia em sua comunidade escolar reflita sobre as ques- tões abaixo: 1. Os surdos da localidade em que você vive estão tendo direito ao acesso a educação es- pecializada prevista na legislação? Justifique sua resposta.
  • 72.   71 LIBRAS  ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 2. Eles são percebidos na comunidade como sujeitos dos seus direitos? Justifique sua resposta. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 3. Quais estratégias você sugere para que a inclusão desta aluna seja efetiva, tanto na comunidade escolar, quanto nos demais grupos sociais em que ela está inserida? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Revisão Agora que você já se apropriou dos conceitos e concepções tratados ao longo dos conteúdos do nosso Tema 2, sistematize seu conhecimento com as questões abaixo. Bom trabalho!   EXERCÍCIOS PROPOSTOS  Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares QUESTÃO 01  A Declaração de Salamanca de 1994 foi um marco importante na conquista da cidadania para todas as pessoas que têm alguma forma de deficiência. Identifique abaixo os princípios norteadores desta declaração: I. O reconhecimento das diferenças e o atendimento às necessidades de cada um; II. A promoção de aprendizagem e a formação de professores;
  • 73.   72 MARLENE CARDOSO    III. A instalação de rampas nas calçadas das cidades e de tradutores nos programas jornalísticos; IV. O reconhecimento da importância da "escola para todos". Assinale a alternativa correta: a) I, II e III b) II e IV c) Apenas II d) I e III e) I, II, IV QUESTÃO 02  Neste texto fizemos algumas reflexões sobre a compreensão de teóricos como Piaget e Vygotsky acerca do ser humano e o impacto das interações para sua inteligência. Analise o parágrafo a seguir e assinale a alternativa correta. “Piaget e Vygotsky concordavam que a inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de interações sociais. Isso quer dizer que consideravam o homem geneti- camente social. Podendo, portanto, afirmar que atualmente nenhuma aprendizagem é um ato isolado, puramente individual” (Tema 4, Conteúdo 1). Assinale a alternativa que apresenta a interpretação correta sobre as ideias de Piaget e Vygotsky em relação ao que estamos estudando em neste texto: a) A comunidade surda aprende de forma mais efetiva sem o uso da Libras, en- quanto língua própria dos surdos; b) Ao conviver com pessoas surdas os oralistas têm prejuízo em seu aprendizado do português; c) A ampliação da interação social entre oralistas e surdos favorece o desenvolvi- mento da inteligência e a aprendizagem destes dois grupos; d) No que diz respeito a aprendizagem dos surdos, a aprendizagem é um ato isola- do já que eles têm uma língua própria, a Libras; e) Os surdos que não falam Libras têm possibilidade ampliada de falar o português ou qualquer outro idioma, pois não se prendem a Libras. QUESTÃO 03  A primeira escola de surdos do Brasil foi o Imperial Instituto de Surdos Mudos. Funda- do em 1857. A criação desta instituição foi iniciativa:
  • 74.   73 LIBRAS  a) Do imperador D. Pedro II com apoio de Dom Pedro I b) Do prof. francês Hernest Huet apoiado por D. Pedro II, imperador; c) Da imperatriz D. Teresa Cristina com apoio do Imperador D. Pedro II; d) Do imperador D. Pedro II com apoio do francês Hernest Huet; e) Do professor Hernest Huet apoiado por D. Pedro I, imperador. QUESTÃO 04  Tendo por base tudo que você estudou no presente texto, identifique qual das afirma- ções abaixo está INCORRETA, considerando especialmente as afirmações de Saussure (1996). a) A linguagem é formada pela língua e pela fala. A língua é tida como um sistema de regras abstratas compostas por elementos significativos inter-relacionados; b) A língua é o aspecto social da linguagem, já que é compartilhada por todos os fa- lantes de uma comunidade linguística; c) Na visão de Saussure, a fala é o aspecto individual da linguagem, sendo marcada por características pessoais que os falantes imprimem na linguagem; d) O termo fala não se refere ao ato motor de articulação de fonemas, sendo na ver- dade a produção do falante na relação com os outros; e) O termo linguagem se restringe a uma forma de comunicação, e no caso dos surdos especificamente a linguagem corporal. QUESTÃO 05  Considerando todos os pressupostos da Declaração de Salamanca e seu significativo pa- pel para a história da inclusão dos surdos no mundo, cite quais direitos atuais a comunidade surda alcançou e que podem estar relacionados aos efeitos da Declaração de Salamanca. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________
  • 75.   74 MARLENE CARDOSO     Refletindo sobre a surdez com o cinema Sugestão de filmes Alguns filmes têm retratado de forma muito interessante a realidade das pessoas que têm surdez, trazendo aspectos diversos da sua realidade, desde as questões pessoais à forma com que a sociedade ocidental lida com a pessoa surda. Por isso, sugerimos alguns filmes que podem enriquecer seu conhecimento sobre esta temática. Para refletir sobre as questões que estudamos sugerimos: FILME: Ana (Brasil/2004) Resumo: Este filme retrata a vida da personagem ANA que é surda e mora isolada com seu irmão e sua mãe, um dia, se aventura fora do mundo familiar. FILME: Blue Moon (Canadá/1999) Resumo Este filme retrata a história de uma jovem mãe tem filha surda de 5 anos.
  • 77.    
  • 78.   77 LIBRAS    SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICA  PEDAGÓGICA   2.1   TEMA 3.  ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA LIBRAS   2.1.1   CONTEÚDO 1.  LINGUAGEM X LÍNGUA   Lei 10.436/2 Da Garantia do Direito à Educação das Pessoas Surdas ou Com Deficiência Auditiva Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem ga- rantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: I. Escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino funda- mental; II. Escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cien- tes da singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras – Língua Portuguesa. 1º São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvol- vimento de todo o processo educativo.