1) O documento descreve a política e economia do Brasil no 2o Reinado, sob o governo de D. Pedro II, incluindo a rivalidade entre liberais e conservadores, o crescimento da cafeicultura e da imigração, e as intervenções brasileiras na Bacia do Prata.
2) Destaca-se o domínio da economia pela exportação do café e a dependência em relação aos mercados externos, apesar do início da industrialização.
3) O Império brasileiro interveio em conflitos no Uruguai, Argentina e Paraguai
1. HISTÓRIA
2º REINADO – GOVERNO DE D. PEDRO II
1. LIBERAIS E CONSERVADORES 1853, do Ministério da Conciliação, assim chamado
porque em sua composição haviam liberais e conser-
Vimos que, durante a Regência Una de Feijó, a vadores.
vida partidária brasileira se resumiu a dois partidos: o Mesmo após o fim deste ministério e da for-
Progressista e o Regressista. Após o Golpe da Maio- mação de sucessivos ministérios conservadores, a po-
ridade, o Partido Progressista passou a se chamar lítica brasileira continuou marcada pela conciliação.
Partido Liberal e o Regressista, Partido Conservador. De 1862 a 1868, houve uma nova conciliação parti-
Para garantir a vitória dos deputados liberais dária no exercício do poder. Foi o período de governo
na formação da nova Câmara, o governo liderado pe- da Liga Progressista, formada novamente por liberais
los irmãos Andrada, alterou completamente a prática e conservadores.
eleitoral no Brasil.
Não bastando a violência física, a fraude foi a 4. A REVOLUÇÃO PRAIEIRA
garantia da vitória do Partido Liberal: meninos, es-
A tradição revolucionária dos pernambucanos
cravos mortos e pessoas que não existiam foram qua-
se manifesta mais uma vez, em 1848, através da Re-
lificadas como eleitores; trocaram a identidade de
volução Praieira.
muitos eleitores e o conteúdo das urnas substituído
A insurreição dos praieiros mantém-se até
por votos preparados; fraudaram a apuração alterando
1850, quando seu último líder, ainda atuando, Pedro
a contagem dos votos. A partir de então, a fraude e a
Ivo, rendeu-se ao governo. Atraiçoado, preso e envi-
violência tornaram-se práticas comuns nas eleições
ado às fortaleza da Laje (RJ), foge de navio para a I-
brasileiras.
tália, mas no meio do caminho morre de causas
O gabinete conservador iniciou um processo
naturais. O pretexto para a eclosão da luta foi a queda
de reformas que atestavam seu espírito regressista:
do Ministério Liberal, no Rio de Janeiro, em 1848, e
restauraram o Conselho de Estado e decretaram a re-
a nomeação de um presidente conservador para Per-
forma do Código do Processo Criminal.
nambuco.
2. O PARLAMENTARISMO
No Manifesto ao Mundo, de autoria de Borges
Num regime parlamentarista clássico como o da Fonseca, os revolucionários tornavam público seu
inglês – (do qual, aliás, tirou-se o modelo), primeiro programa de reivindicações. Exigiam:
são realizadas eleições para a Câmara dos Deputados, o fim do império e a proclamação de uma
que elegeria o 1°ministro. Já no caso brasileiro o im- República;
perador nomeava o 1°ministro fazendo valer o título a extinção do Senado vitalício e do Poder
de palamentarismo às avessas. Moderador;
voto livre e universal;
Poder
Moderador nacionalização do comércio;
exercido pelo
imperador liberdade de trabalho para garantir a vida do
Poder Poder Poder
cidadão, princípio defendido também pelos
Legislativo Executivo Judiciário
socialistas utópicos franceses;
Primeiro
Ministro
reformas sociais e econômicas;
liberdade de imprensa;
Câmara dos
Deputados Senado
Conselho de
Estado
Presidentes de
Províncias
Juízes reforma judicial que assegurasse as garanti-
as individuais.
Parlamento
5. ECONOMIA E SOCIEDADE
Esquema das relações dos poderes políticos durante o parlamentarismo,
no Segundo Reinado.
A sociedade e a economia brasileiras passa-
3. A CONCILIAÇÃO ram, na segunda metade do século XIX, por signifi-
cativas transformações que alteraram o processo
A partir dos anos 50 do século XIX, a grande histórico nacional.
maioria dos políticos entendia que era necessária a
realização de reformas econômico-financeiras que
promovessem o progresso material do país e uma
maior integração nacional. Contudo, sabiam que para
a realização de reformas era preciso o trabalho con-
junto dos dois partidos. Isso levou à criação, em
Editora Exato 30
2. HISTÓRIA
gião, o chamado Oeste Paulista assume a dianteira na
Sudeste 41%
economia cafeeira, a partir de meados da década de
Sul 7%
1870.
Centro-Oeste 2% Exportação do café do vale do Paraíba
Norte 3% (em milhares de sacas de 60 kg)
1821-1830 3.178
Nordeste 47% 1831-1840 10.430
1841-1850 18.367
1851-1860 27.339
1861-1870 29.103
Distribuição regional da população brasileira em 1872 (%)
Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo – História do Brasil.
1871-1880 32.509
No período, ocorreram a extinção do tráfico 1881-1890 51.631
negreiro, um relativo desenvolvimento industrial, um
extraordinário crescimento da produção cafeeira e da Produção de Café do Brasil
imigração, a sistematização do trabalho assalariado, a (em toneladas de café em grão)
abolição da escravidão e, do ponto de vista político, a 1841-1850 1.027.260
proclamação da República. 1851-1860 1.575.180
Café 1861-1870 1.730.820
1871-1880 2.180.160
CULTURA CAFEEIRA NO BRASIL 1881-1890 3.199.560
1891-1900 4.469.460
Minas Gerais
1901-1910 7.835.940
Carangola
Espírito 1911-1920 7.230.180
Santo 1921-1930 8.371.920
Ribeirão
Preto Oceano Atlântico Elza Nadai e Joana Neves – História do Brasil
Juiz de Fora
São Rio Preto
Paulo Rio de Janeiro A imigração
Campinas Queluz Petrópolis
Rio de Primeiro setor em que a Para os cafeicultores, tornou-se urgente buscar
São Paulo Angra dos Reis Janeiro cafeicultura se desenvolveu
Segundo setor em que a
uma solução para o agravamento da carência de mão-
Santos São Sebastião cafeicultura se desenvolveu de-obra após a eliminação da fonte africana. A solu-
ção encontrada foi o incremento da imigração estran-
História do Brasil – Luiz Koshiba e Denise Manzi Frayze Pereira
geira.
Principal responsável pelas transformações e-
Pelo sistema de parceria, que se espalhou por
conômicas, sociais e políticas ocorridas no Brasil na
quase todo o interior paulista, os fazendeiros financi-
segunda metade do século XIX, o café reintegrou a
avam, através de empréstimos, a vinda e as despesas
economia brasileira nos mercados internacionais,
de instalação nos primeiros momentos do imigrante
contribuiu decisivamente para o incremento das rela-
europeu.
ções assalariadas de produção e possibilitou a acumu-
O imigrante agora estava mais garantido que
lação de capital que, disponível, foi aplicado em sua
no sistema de parceria. Sua viagem com a família era
própria expansão e em alguns setores urbanos como a
paga pelo governo, e os gastos, durante o primeiro
indústria, por exemplo. O café foi ainda responsável
ano de sua estada no Brasil, eram de responsabilidade
pela inversão na balança comercial brasileira que,
do fazendeiro. Além disso, o imigrante recebia um
depois de uma história de constantes déficits, passou
salário fixo anual e mais um salário que variava de
a superavitária entre os anos de 1861 e 1885.
acordo com a colheita.
Contudo, a economia brasileira continuava es-
truturada no velho modelo agroexportador e depen- A Era Mauá
dente dos mercados externos. Semelhante ao período Apesar da inegável prosperidade do império, a
colonial, a economia do país sustentava-se na expor- arcaica estrutura socioeconômica assentada na agro-
tação de um pequeno número de produtos agrícolas, exportação escravista e o ainda incipiente mercado
dos quais o café tornou-se “produto-rei”. consumidor interno não possibilitaram uma industria-
No processo de desenvolvimento da economia lização nos moldes europeus. Portanto, o que houve
cafeeira, no Brasil, duas regiões se destacaram como no Brasil, na segunda metade do século XIX, apesar
grandes produtoras, gerando renda e uma forte oli- da explosão da “Era Mauá”, não foi mais que um sur-
garquia cafeeira (Os Barões do Café). A primeira a se to industrial que não tirou o país da dependência eco-
destacar, até meados da década de 1860, foi a região nômica internacional. Por longos anos ainda, a
do Vale do Paraíba, no Rio de Janeiro. A segunda re- economia brasileira continuaria baseada na lavoura
de exportação.
Editora Exato 31
3. HISTÓRIA
A Tarifa Alves Branco A guerra do Paraguai
Os privilégios alfandegários ingleses, que boi- Os ingleses não podiam tolerar um país que,
cotavam o crescimento do setor industrial brasileiro, por meio de uma política excessivamente protecionis-
finalmente foram extintos pela Tarifa Alves Branco ta, impedia as importações de manufaturados estran-
de 1844. Com essa medida protecionista de elevação geiros. Para a Inglaterra, o modelo econômico
das tarifas alfandegárias, as mercadorias estrangeiras paraguaio era muito perigoso e teria de ser destruído
que desembarcavam no Brasil pagariam de 30% a antes que nações como Brasil e Argentina o adotas-
60% de impostos alfandegários. sem e se libertassem do jugo capitalista britânico.
Para viabilizar a destruição, a Inglaterra articu-
6. POLÍTICA EXTERNA DO SEGUNDO REI-
lou um conflito e habilmente jogou o Brasil e a Ar-
NADO gentina na guerra destruidora do Paraguai.
Intervenções na bacia do prata Francisco Solano López, sucessor do pai, em
1862, também não confiava no capital privado e por
Mato Grosso
isso continuou a política intervencionista estatal. Vi-
Territórios perdidos
pelo Paraguai sando a um maior incremento industrial, Solano Ló-
PARAGUAI BRASIL
5 pez concedeu bolsas de estudos na Europa a jovens
paraguaios e de lá importou técnicos, engenheiros e
homens de ciências.
1 Uma saída para o mar libertaria o país das altas
2 Guerras
Platinas
Data Adversários
taxas cobradas por Buenos Aires para exportar mer-
1 Cisplatina 1825-1828 Brasil x Argentina, Uruguai
4 Contra Brasil + “colorados” x
cadorias paraguaias e o integraria nos mercados in-
ARGENTINA (Província da 2 Oribe
1850-1851
Argentina + “blancos”
Cisplatina entre
(1816-28)
3 Contra ternacionais. O Grande Paraguai seria formado por
URUGUAI 3 Rosas
1852 Brasil x Argentina
Buenos Aires
4
Contra
Aguirre 1864-1865
Brasil + Argentina + “colorados”
x “blancos”
Paraguai, Uruguai, Rio Grande do Sul, parte de Mato
N0 232 464 5 do Paraguai 1864-1870
Tríplice aliança (Brasil, Argentina
e Uruguai) x Paraguai
Grosso e as províncias argentinas de Corrientes e En-
km
tre-Rios.
O Imperialismo brasileiro no Prata.
Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo – História do Brasil.
Entre 1851 e 1870, o Brasil interveio em vários
conflitos na Bacia do Prata, gerando conflitos com o
Uruguai, a Argentina e o Paraguai, o mais mortífero
conflito da história das Américas.
A primeira intervenção brasileira deu-se em
1851 (Guerra de Oribe e Rosas). Visava pôr no poder
os colorados de Rivera, no Uruguai; e os federalistas,
na Argentina. O inimigo declarado pelo Brasil é o ar-
gentino Rosas e seu aliado, Manuel Oribe, presidente
uruguaio. O governo brasileiro temia que Rosas reu-
nificasse o antigo vice-reinado do Prata (Argentina,
Uruguai, Paraguai, Bolívia).
O Uruguai foi invadido pelo RS (Caxias), Ar- A Guerra do Paraguai
gentina (Urquiza) e por mar (Grenfell). A permanên- Revista Super Interessante Setembro 1999.
cia brasileira no Uruguai durou 2 anos. O conflito tornou-se iminente quando o gover-
A invasão reforça a presença brasileira no U- no brasileiro não aceitou a intermediação de Solano
ruguai. O Barão de Mauá torna-se o maior barqueiro López na questão com o Uruguai. Solano rompeu re-
e pecuarista do país; 30% das terras uruguaias são de lações com o Brasil, estabeleceu uma aliança políti-
brasileiros. co-militar com Aguirre e afirmou que não toleraria a
A segunda intervenção brasileira no Uruguai intervenção brasileira no Uruguai.
aconteceu em 1864. Foi mais violenta do que a de Nesse mesmo ano, a vitória do almirante Bar-
1851, e visava derrotar e retirar do poder o Presidente roso na Batalha do Riachuelo foi fundamental para a
Aguirre. Frente a 11 navios e 8 mil soldados, Aguirre libertação do Rio Grande do Sul.
se rende (20/02/1865) e entrega a capital a Flores. O Em Janeiro de 1869, Caxias conquistou As-
império brasileiro conta outra vez com um governo sunção e pouco depois foi substituído pelo conde
amigo na ex-província Cisplatina. d’Eu. Apesar de conquistada a capital do país, os pa-
raguaios continuaram resistindo bravamente. O conde
d”Eu empreendeu a Campanha das Cordilheiras, uma
Editora Exato 32
4. HISTÓRIA
intensa perseguição a Solano López que só terminou de produção escravista, a nova aristocracia paulista
com a morte em combate do ditador paraguaio em introduziu o trabalho assalariado em suas fazendas,
Cerro Cora, em março de 1870. A guerra chegava ao substituindo a mão-de-obra escrava.
fim. A maior guerra da história do Brasil, que forma Movimento e Partido Republicano
seu exército e marinha, é também a mais mortífera As idéias republicanas eram antigas no Brasil
das Américas. Mata 158 mil brasileiros, 32 mil ar- e, no fim do período colonial, significavam a revolta
gentinos e uruguaios, 606 mil militares e civis para- contra a metrópole e a negação do estatuto de colô-
guaios (mais que a Guerra Civil dos EUA, da qual nia. Mas na época da independência passaram a sig-
utilizam-se armamentos como os fuzis de repetição, nificar a oposição ao governo.
canhões de cano raiado e couraçados). Os princípios básicos do republicanismo eram
7. A CRISE DO IMPÉRIO a federação, o fim do poder hereditário, soberania na-
cional e a reintegração política do Brasil com as na-
A Extinção do tráfico negreiro. ções européias e americanas.
O fim do tráfico contribuiu para uma série de Os republicanos pretendiam mudanças sem vi-
transformações na economia brasileira. Os capitais olência, este movimento elitista não admitia a parti-
que eram investidos no comércio de escravos passam cipação popular e nem alterações profundas na
a ser aplicados na modernização dos transportes; logo realidade política e social do país dando ao movimen-
após, surgiram as primeiras ferrovias no Brasil. O sis- to um caráter reformista e não revolucionário.
tema de comunicações também foi inovado, surgindo Questão abolicionista
o telégrafo. O sistema financeiro se amplia com o Prova da intenção gradualista da elite escravis-
surgimento de muitos bancos. ta foi a aprovação de algumas leis que visavam acal-
Um fato que está relacionado à Lei Eusébio de mar os ânimos dos abolicionistas mais exaltados e
Queirós foi à edição da Lei de Terras, também no ano postergar uma resolução final para a questão. A Lei
de 1850. Por essa lei, ficava determinado que as ter- do Ventre Livre (1871), aprovada na gestão do Gabi-
ras devolutas (abandonadas) só poderiam ser ocupa- nete Conservador do Visconde do Rio Branco, de-
das mediante a compra pelo interessado. Desta terminava que, a partir de sua entrada em vigor, os
forma, os pequenos agricultores continuaram impos- filhos de escravas seriam libertos. Mas, determinava
sibilitados de ter acesso à propriedade. Por outro la- que isso só ocorreria após completarem 21 anos e que
do, esta lei visava dificultar ao máximo a aquisição seus proprietários receberiam uma indenização. Co-
de terras pelos imigrantes. Uma vez que, após o ano locada em prática, esta lei produziu poucos efeitos.
de 1850, a classe dominante brasileira passa a incen- Entre os anos de 1885 a 1888, a luta abolicio-
tivar a vinda de colonos europeus para substituir o nista ganha força, radicaliza-se, promovendo fugas
trabalhador compulsório, objetiva-se transformar o em massa, arrecadando fundos para a compra de al-
imigrante em mão-de-obra para as grandes lavouras e forrias. Nesta época, praticamente só existiam vozes
não em pequenos proprietários. fortes em favor do escravismo no Vale do Paraíba.
As Transformações econômicas e so- Torna-se clara a falta de base social para manter-se o
ciais sistema. Isso ficou demonstrado no ano de 1888. A
As transformações econômicas e a urbanização maioria do parlamento, com exceção de apenas nove
promoveram profundas mudanças sociais e geraram deputados, acompanhando os anseios sociais, aprova
aspirações e interesses diferentes dos tradicionais. o fim da escravidão, em lei que foi sancionada pela
A nova elite cafeeira do Oeste paulista, ao de- regente, Princesa Isabel.
senvolver uma mentalidade empresarial moderna, se Esse fato foi determinante para a crise do im-
contrapunha à tradicional elite agrária açucareira do pério. Muitos dos escravistas ainda existentes des-
Nordeste e à cafeeira fluminense e valeparaibana a- contentam-se profundamente com relação ao regime.
pegadas ao conservadorismo escravista. Dona do po- Para os libertos, contudo, a liberdade não foi acom-
der econômico, já que o café era a base da panhada de melhorias em suas condições de vida.
sustentação econômica nacional, a aristocracia cafe- Não houve um programa educacional e nem de re-
eira paulista não tinha entretanto uma representação forma agrária para a população afro-brasileira. Aque-
política compatível com sua força econômica, pois o les que viviam no campo continuam como
poder era manipulado pela velha e retrógrada aristo- trabalhadores nas grandes fazendas.
cracia. Nas cidades, tornam-se excluídos, constituem,
A aristocracia cafeeira do Oeste paulista intro- por meio das favelas, uma nova paisagem urbana.
duziu métodos mais modernos de produção. Diferen-
te dos “barões do café” das zonas fluminenses e do
Vale do Paraíba, presos às velhas e arcaicas formas
Editora Exato 33
5. HISTÓRIA
Escravos importados pelo Brasil
No período de 1842-1852
1842 1843 1844 1845 1846 1847 1848 1849 1850 1851 1852
17.435 19.095 22.849 19.453 50.324 56.172 60.000 54.000 23.000 3.287 700
Análise sobre a crise A cultura popular urbana manifestava-se na
Em síntese, a crise do Império se deve a uma organização dos grupos de bairros que dariam origem
série de fatores que, interagindo, levaram à mudança às sociedades carnavalescas, às escolas de samba e
do regime: aos conjuntos de chorinho. Também começava a to-
as transformações ocorridas na sociedade mar impulso, neste momento, a prática daquele que
brasileira na segunda metade do século seria o nosso grande esporte nacional: o Futebol. Nas
XIX; artes plásticas, destacaram-se as correntes cubista e
a decadência da aristocracia tradicional; impressionista.
aparecimento de um nova aristocracia cafe- A Cultura imperial sofreu este desenvolvimen-
eira mais dinâmica, moderna, rica e podero- to após o período de produção cafeeira, pois os ba-
sa, cuja intervenção na política nacional rões eram mais viajados, conheciam outros países e
conduziu o país ao regime republicano; outras culturas, custeando assim uma produção inte-
a apatia do governo imperial no atendimen- lectual mais refinada e um sistema de governo mais
to às aspirações das diferentes camadas so- moderno a seu serviço.
ciais que exigiam mudanças significativas;
ESTUDO DIRIGIDO
a Questão Militar, a Questão Religiosa e a
abolição da escravidão. 1 Que partidos destacaram-se no segundo reinado?
O fim do regime monárquico resultou, portan-
to, numa série de fatores cujo peso não é o mesmo.
Duas forças, de características diversas, devem ser
ressaltadas: o Exército e um setor expressivo da bur-
guesia cafeeira de São Paulo, organizado politica-
mente no Partido Republicano Paulista (PRP). A 2 Cite duas reivindicações da revolução praieira.
queda do Imperador, em 15 de novembro de 1889,
resultou da iniciativa quase exclusiva do Exército,
que deu um decisivo empurrão para o fim do regime
monárquico. Por outro lado, a burguesia cafeeira
permitiria à República contar com uma base social
3 Mencione dois fatores que explicam a crise do
estável que nem o Exército nem a população urbana
Império e a mudança do regime.
do Rio de Janeiro podiam por si mesmas proporcio-
nar.
8. CULTURA NO IMPÉRIO
A cultura durante o império também se desen-
volveu. As escolas, que ofereciam ensino para os fi-
lhos da elite, cresceram acompanhando a EXERCÍCIOS
prosperidade econômica e social vivida. O Colégio
Pedro II (RJ) foi criado como modelo para várias es- 1 Na segunda metade do século XIX, considerada a
colas secundárias que foram criadas. No ensino supe- fase do apogeu, ocorreu no Brasil um surto de
rior, há que se destacar a Escola de Medicina (RJ) e crescimento de atividades econômicas. Assinale,
as Escolas de Direito (SP e PE). entre as alternativas a seguir, a que corresponde
O teatro foi muito pouco explorado, destacan- aos principais fatores que contribuíram para esse
do-se apenas algumas obras de Martins Pena e de ou- desenvolvimento:
tros autores. Na poesia, nasce o Parnasianismo, uma a) Alta das cotações do café no mercado interna-
corrente que se preocupava com rimas ricas, levando cional; extinção do tráfico negreiro, com a lei
a poesia à perfeição e ao afastamento da realidade de Eusébio de Queiroz; construção de estradas
social (ex: Olavo Bilac). de ferro, facilitando o escoamento da produ-
ção.
Editora Exato 34
6. b) Investimentos particulares em estaleiros, valo- d) a crise da economia agrícola cafeeira, com a
rização da mão-de-obra negra, passando o ex- abolição da escravatura, ocasionando a aplica-
escravo a receber salários; desenvolvimento da ção de capital estrangeiro no setor fabril.
exportação cafeeira.
c) Valorização da mão-de-obra imigrante em
substituição à mão-de-obra escrava; redução 4 Assistiram-se, no decorrer de 1988, às mais di-
das tarifas alfandegárias; construção de estra- versas comemorações dos cem anos de abolição
das de ferro, facilitando as comunicações. da escravidão. Ao mesmo tempo, presenciaram-
d) A vinda de imigrantes para substituir a mão- se protestos de grupos ligados ao movimento ne-
de-obra escrava; a substituição das grandes gro contra a idealização da figura da princesa I-
propriedades de café por minifúndios; investi- sabel como grande libertadora dos escravos.
mentos particulares na plantação de outros I – Os movimentos negros, após a emancipação,
produtos no lugar do decadente café. passaram a adotar posições racistas com rela-
ção aos homens brancos brasileiros.
II – A história oficial da escravidão não leva em
2 O declínio da monarquia e a propagação dos ide- consideração toda a luta da raça negra por sua
ais republicanos, no final do século passado, li- liberdade.
gam-se sem dúvida, aos efeitos que a guerra do III – A abolição não libertou os negros da situa-
Paraguai nos deixou como herança, isto porque: ção social inferior que lhes foi imposta pelos
a) a guerra acelerou as contradições internas, aba- brancos escravistas.
lando a mais sólida base da monarquia - a es- IV – A comemoração de um fato histórico não
cravidão – e fazendo emergir um exército com significa que os negros ocupem na escala eco-
consciência de seu poder. nômica, atualmente, papéis proporcionais aos
b) a guerra contra a nação paraguaia acarretou pa- dos brancos.
ra o Brasil uma redução considerável de sua Marque a alternativa CORRETA:
dívida externa, bem como uma crescente influ- a) Estão corretos somente os itens I, II, III.
ência política e social do exército. b) Estão corretos somente os itens I, III, IV.
c) a derrota brasileira obrigou a monarquia a fa- c) Estão corretos somente os itens II, III, IV.
zer concessões territoriais que abalaram a eco- d) Todos os itens estão corretos.
nomia, aumentando consideravelmente a
dívida externa do Brasil, o que levou D. Pedro
II a recorrer aos empréstimos ingleses. GABARITO
d) embora nossa situação econômica se consoli-
dasse com a guerra, a monarquia não procurou Estudo Dirigido
reconciliar as duas facções de nossa política na 1 Partidos Liberal e Conservador.
época, o partido liberal e o conservador, levan-
do este último a patrocinar o golpe que derru- 2 Voto livre e universal e nacionalização do co-
bou D. Pedro II. mércio.
3 A decadência da aristocracia tradicional e as
3 Há mais de século, teve início no Brasil um pro- questões militar, abolicionista e religiosa.
cesso de industrialização e crescimento urbano Exercícios
acelerado. Podemos identificar, como condições
1 A
que favoreceram essas transformações:
a) a crise da economia açucareira no nordeste que 2 A
propiciou um intenso êxodo rural e uma grande 3 B
aplicação de capitais no setor têxtil em outras
regiões do país, mas principalmente na região 4 C
norte.
b) o que favoreceu essas transformações foram os
lucros conseguidos com a produção e a comer-
cialização do café, que deram origem ao capi-
tal para a instalação de industrias e importação
de mão-de-obra estrangeira.
c) a crise provocada pela abolição do tráfico ne-
greiro, que favoreceu a criação de leis que le-
galizasse a entrada de estrangeiro no país como
mão-de-obra específica para o setor agrário.
Editora Exato 35