SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 4
1
Grupo 5:

FEITIÇOS E FALHANÇOS
Peça de Teatro
(Está a Amiga numa esplanada a escrever um livro)
BRUXA – (entrando) Olha quem cá está!
AMIGA – É verdade, hoje acordei com vontade de escrever e, olha, cá estou agarrada aos papéis e à
caneta.
BRUXA – Não estava a falar para ti, estava a falar para aquela linda planta.
AMIGA – Gervália onde é que tens a cabeça? A planta está completamente seca!
BRUXA – Em primeiro lugar, as plantas de minha casa também estão todas secas e quando tu lá
vais até dizes que estão bonitas…
AMIGA – (aparte) Se eu não o disser, estou na rua…
BRUXA – E em segundo lugar, sabes muito bem que os tons castanhos condizem comigo!
AMIGA – Os gostos não se discutem... Então os teus!...
BRUXA – Mudando de conversa, ainda bem que te encontro. Aquele livro que... tirei da sala dos
professores... tem coisas fantásticas!
AMIGA – Tiraste o livro de “feitiços cor-de-rosa” da sala dos professores, sua bruxa?!...
BRUXA – Bruxa, com muito gosto. E, já agora, bruxa de terceiro grau. Enquanto tu ainda não
passas de uma bruxa de segundo grau.
AMIGA – Olha lá, tu não te atreveste a fazer nenhum feitiço dos que tinha aí no livro pois não?
BRUXA – Não, apenas passei a semana a fazê-los, mas sem grandes resultados.
AMIGA – Ai senhores! Sabes bem que é proibido fazermos feitiços fora da escola!... Ainda nos
metes numa alhada!...
BRUXA – Não te preocupes. Infelizmente, o livro deve ser falso ou já está fora de validade, porque,
até agora, nenhum feitiço deu resultado... Queres ver?... Olha bem para aquele rapaz giro que ali
está... (lançando-lhe um feitiço ele volta-se, apaixonado, começa a fazer-lhe olhinhos)
AMIGA – E tu dizias que não dava resultado! O que é aquilo?! O moço ficou caidinho por ti!...
BRUXA – Olha que foi a primeira vez!... Mas ainda bem... É que ele é tão giro... (faz-lhe também
olhinhos, ele levanta-se, vai ao encontro dela como um zumbi, ela aponta-lhe para a cara, ele vai a
1
2
dar-lhe um beijo, acorda no momento, dá um grito e foge assustado) Estás a ver? Eu vi logo que era
demais!...
(O rapaz1 entra outra vez para levar as coisas e sai.)
AMIGA – Já que fizeste asneira e eu já estou metida, mostra-me lá a receita (a Bruxa tira o livro do
saco e dá-o à Amiga) Mas que receita interessante! Ingredientes: 3 pêlos de rata velha; saliva de
canguru quanto baste; 6 unhas de porco sujo; um par de cuecas por lavar, roubadas de um estendal à
noite; 12 pilinhas de gato virgem;...
BRUXA – Não, são duas!
AMIGA – Doze! Olha aqui o 1! São 12.
BRUXA – Ah! Então era por isso... (pensa em voz alta) Por isso é que não tinha potência... o
produto...
AMIGA – Continuando: tempere os pêlos de rata velha com saliva de canguru e mexa até obter um
creme pastoso. Adicione, uma a uma, as unhas de porco sujo, alternando com as pilinhas de gato.
Envolva o creme nas cuecas sujas, até obter um pó branco.
BRUXA – Obrigado amiga!… Vou já para casa fazer o feitiço, mas desta vez, com a receita certa!
Agora é que vai ser!... he... he...
AMIGA – Espera,(com um ar pensativo) tenho uma ideia! Acrescenta mais uma coisinha. Deita
uma ou duas gotinhas deste líquido que vai fazer com que ela dure muitos anos.
BRUXA – Boa ideia. És um génio! Estás quase a chegar aos meus calcanhares. (A Bruxa sai e a
Amiga continua a escrever o seu livro)
AMIGA – (para a Empregada) Olhe, desculpe, pode-me trazer um refresco quente?
EMPREGADA – Um um re-re -re-fres-co-co que-quente?!
AMIGA – Sim!
EMPREGADA – (estremangando) Só um m-mo-mento!
AMIGA – Só racistas, onde é que isto já se viu? (sai a Empregada e entra o Superior)
SUPERIOR – Ainda bem que te encontro... e tu já deves saber porquê!...
AMIGA – (atrapalhada) Eu... eu não, não sei de nada...
SUPERIOR – Então, como explicas o facto de ter desaparecido o livro da sala dos professores? Só
tu é que costumas fazer isto!
AMIGA – Mas desta vez não fui eu.
SUPERIOR – Espero bem que sim. Se não vais ter graves problemas.

2
3
EMPREGADA – (reentra) O-o-olhe, mi-mi-minha se-se-nhora (desmaia ao ver o Superior, que é
um fantasma)
SUPERIOR – Esta gente de cá é toda marada (dirige-se a empregada e tenta reanimá-la com uns
estalos; ela acorda e apaixona-se, saindo seguidamente abraçada a ele) Quanto a, ti falamos mais
tarde! (Entra a Bruxa e, pouco depois, o Rapaz 2, todo jeitoso, que se senta de costas para a Bruxa)
AMIGA – Então, já está pronto?
BRUXA – (mostra-lhe o pó) Prontíssimo, só falta escolher o alvo! (procura com o olhar, fixando-se
no Rapaz 2; a Amiga apercebe-se de que ela já o escolheu e manda-a avançar com um olhar)
BRUXA – É para já. (o Rapaz 2 levanta-se e vai pedir alguma coisa para beber, mas deixa os seus
adereços na mesa)
RAPAZ 2 – (com uma voz de mau) Já nem nos cafés há empregadas! (sai de cena)
BRUXA – Olha, é tão simpático!
AMIGA – Enquanto esperamos que ele venha, vou-te mostrar uma coisa. (tira uma revista do saco
e começa a mostrar)
BRUXA – Ai, que monumentos!... Que árvores despidas pelo Outono...
AMIGA – Gervália, estamos no Verão!
BRUXA – Não faz mal... O que importa é que são bons como o milho! Eu vou levá-la!
AMIGA – Não vais, porque a revista é minha.
BRUXA – Mas eu vou levá-la!
(começam a disputar a revista e é nesse momento que entra o Velho, com uma roupa parecida com
a do Rapaz 2, e se senta, de costas para elas, na mesa onde estava o Rapaz 2, fazendo algum
barulho)
AMIGA – A revista é minha!
BRUXA – Mas eu gostei dela!
AMIGA – Mas não a vais levar!
BRUXA – Vou sim!
AMIGA – Não!
BRUXA – Sim!
AMIGA – Olha quem voltou!... Não lhe lanças o feitiço! Olha que ele ainda se vai embora! (a
Bruxa deixa a revista e a Amiga de imediato a esconde no saco)

3
4
BRUXA – É melhor despachar-me! Finalmente, vou levantar a âncora!...
AMIGA – Queres tu dizer: vais desencalhar!... Também, se não for assim, ninguém te quer!
BRUXA – Cala-te, vira para lá essa boca, se não, ainda me dás azar! 1, 5, 8, 10!... (e bufa; o Velho
estremece, levanta-se com um ar de apaixonado e olha para a Bruxa; ela vira-se de costas e não
olha para ele) Este já cá canta...
AMIGA – Deixa-me ir embora que as velas derretem depressa e este corpinho Danone não serve
para fazer de vela. (e sai)
(A Bruxa aponta para a cara e o Velho vai atrás dela, mas com muita timidez)
VELHO – Amorzinho, coisa linda, dá cá uma beijoca! (com um ar de apaixonado e em posição de
beijo ) Olha que eu estou mesmo atrás de ti...
BRUXA – (Olha, dá um grito e o Velho faz um ar de quase desmaiado) Um monstro!...
Acuuuudam-me !... Um monstro!... (foge )
VELHO – (Olha para os lados com medo) Um monstro? Onde? Anda cá, meu petisquinho de água
doce, que eu protejo-te! (sai atrás dela)
Fim

4

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Lixo - por Veríssimo
Lixo - por VeríssimoLixo - por Veríssimo
Lixo - por VeríssimoLuiza Goes
 
Legio urbana todas as letras completas
Legio urbana   todas as letras completasLegio urbana   todas as letras completas
Legio urbana todas as letras completasMedusa Fabula
 
Ida ao Show da Ivete, segunda versão
Ida ao Show da Ivete, segunda versão Ida ao Show da Ivete, segunda versão
Ida ao Show da Ivete, segunda versão studio silvio selva
 
Cronograma, biografias e referências das leituras deleite
Cronograma, biografias e referências das leituras deleiteCronograma, biografias e referências das leituras deleite
Cronograma, biografias e referências das leituras deleiteFatima Lima
 
Quando amor e ciúmes doentios não dão as mãos
Quando amor e ciúmes doentios não dão as mãosQuando amor e ciúmes doentios não dão as mãos
Quando amor e ciúmes doentios não dão as mãosMadalena Joaninho
 

La actualidad más candente (10)

Lixo - por Veríssimo
Lixo - por VeríssimoLixo - por Veríssimo
Lixo - por Veríssimo
 
Gibi Os Notaveis
Gibi Os NotaveisGibi Os Notaveis
Gibi Os Notaveis
 
Legio urbana todas as letras completas
Legio urbana   todas as letras completasLegio urbana   todas as letras completas
Legio urbana todas as letras completas
 
Perdida cap1
Perdida cap1Perdida cap1
Perdida cap1
 
A Descoberta
A DescobertaA Descoberta
A Descoberta
 
Tchau
TchauTchau
Tchau
 
Ida ao Show da Ivete, segunda versão
Ida ao Show da Ivete, segunda versão Ida ao Show da Ivete, segunda versão
Ida ao Show da Ivete, segunda versão
 
Cronograma, biografias e referências das leituras deleite
Cronograma, biografias e referências das leituras deleiteCronograma, biografias e referências das leituras deleite
Cronograma, biografias e referências das leituras deleite
 
Vozes verbais 7a_serie
Vozes verbais 7a_serieVozes verbais 7a_serie
Vozes verbais 7a_serie
 
Quando amor e ciúmes doentios não dão as mãos
Quando amor e ciúmes doentios não dão as mãosQuando amor e ciúmes doentios não dão as mãos
Quando amor e ciúmes doentios não dão as mãos
 

Destacado

louca de pedra, doida varrida
louca de pedra, doida varridalouca de pedra, doida varrida
louca de pedra, doida varridaMaria Senne
 
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMA
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMAPEÇA LEILÃO DE UMA ALMA
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMAvprparagominas
 
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo SacaldassyFulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassystudio silvio selva
 
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, Gracielle
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, GracielleProjeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, Gracielle
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, GraciellevaldeniDinamizador
 
'O casamento do pequeno burgues' bertolt brecht
'O casamento do pequeno burgues'   bertolt brecht'O casamento do pequeno burgues'   bertolt brecht
'O casamento do pequeno burgues' bertolt brechtstudio silvio selva
 
Sonho de uma noite de verão
Sonho de uma noite de verãoSonho de uma noite de verão
Sonho de uma noite de verãoSara Silva
 
História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo
História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo
História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo Carina Mallmann Berg
 
Deu à louca nos contos de fadas
Deu à louca nos contos de fadasDeu à louca nos contos de fadas
Deu à louca nos contos de fadasDoralúcia landim
 
Auto da barca do inferno, cena VI-O Frade
Auto da barca do inferno, cena VI-O FradeAuto da barca do inferno, cena VI-O Frade
Auto da barca do inferno, cena VI-O FradeBeatriz Campos
 
Folheto defesa pessoal_baixa
Folheto defesa pessoal_baixaFolheto defesa pessoal_baixa
Folheto defesa pessoal_baixaIrlando Lélis
 
Pluft, o fantasminha
Pluft, o fantasminhaPluft, o fantasminha
Pluft, o fantasminhaSamira Santos
 
Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe
Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan PoeHistórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe
Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan PoeAlexandralicious
 

Destacado (20)

Retrospectiva Literaria 2015
Retrospectiva Literaria 2015Retrospectiva Literaria 2015
Retrospectiva Literaria 2015
 
Drogas
DrogasDrogas
Drogas
 
louca de pedra, doida varrida
louca de pedra, doida varridalouca de pedra, doida varrida
louca de pedra, doida varrida
 
Peça Teatral
Peça TeatralPeça Teatral
Peça Teatral
 
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMA
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMAPEÇA LEILÃO DE UMA ALMA
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMA
 
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo SacaldassyFulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
 
Conto de Natal 7ºC
Conto de Natal 7ºCConto de Natal 7ºC
Conto de Natal 7ºC
 
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, Gracielle
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, GracielleProjeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, Gracielle
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, Gracielle
 
'O casamento do pequeno burgues' bertolt brecht
'O casamento do pequeno burgues'   bertolt brecht'O casamento do pequeno burgues'   bertolt brecht
'O casamento do pequeno burgues' bertolt brecht
 
Ocorvo hq
Ocorvo hqOcorvo hq
Ocorvo hq
 
Sonho de uma noite de verão
Sonho de uma noite de verãoSonho de uma noite de verão
Sonho de uma noite de verão
 
História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo
História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo
História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo
 
Deu à louca nos contos de fadas
Deu à louca nos contos de fadasDeu à louca nos contos de fadas
Deu à louca nos contos de fadas
 
Auto da barca do inferno, cena VI-O Frade
Auto da barca do inferno, cena VI-O FradeAuto da barca do inferno, cena VI-O Frade
Auto da barca do inferno, cena VI-O Frade
 
Folheto defesa pessoal_baixa
Folheto defesa pessoal_baixaFolheto defesa pessoal_baixa
Folheto defesa pessoal_baixa
 
Sedução feminina
Sedução femininaSedução feminina
Sedução feminina
 
A bruxinha que era boa
A bruxinha que era boaA bruxinha que era boa
A bruxinha que era boa
 
A megera domada
A megera domadaA megera domada
A megera domada
 
Pluft, o fantasminha
Pluft, o fantasminhaPluft, o fantasminha
Pluft, o fantasminha
 
Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe
Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan PoeHistórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe
Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe
 

Último

ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaJúlio Sandes
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSilvana Silva
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxOsnilReis1
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 

Último (20)

Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 

Peça feitiços...

  • 1. 1 Grupo 5: FEITIÇOS E FALHANÇOS Peça de Teatro (Está a Amiga numa esplanada a escrever um livro) BRUXA – (entrando) Olha quem cá está! AMIGA – É verdade, hoje acordei com vontade de escrever e, olha, cá estou agarrada aos papéis e à caneta. BRUXA – Não estava a falar para ti, estava a falar para aquela linda planta. AMIGA – Gervália onde é que tens a cabeça? A planta está completamente seca! BRUXA – Em primeiro lugar, as plantas de minha casa também estão todas secas e quando tu lá vais até dizes que estão bonitas… AMIGA – (aparte) Se eu não o disser, estou na rua… BRUXA – E em segundo lugar, sabes muito bem que os tons castanhos condizem comigo! AMIGA – Os gostos não se discutem... Então os teus!... BRUXA – Mudando de conversa, ainda bem que te encontro. Aquele livro que... tirei da sala dos professores... tem coisas fantásticas! AMIGA – Tiraste o livro de “feitiços cor-de-rosa” da sala dos professores, sua bruxa?!... BRUXA – Bruxa, com muito gosto. E, já agora, bruxa de terceiro grau. Enquanto tu ainda não passas de uma bruxa de segundo grau. AMIGA – Olha lá, tu não te atreveste a fazer nenhum feitiço dos que tinha aí no livro pois não? BRUXA – Não, apenas passei a semana a fazê-los, mas sem grandes resultados. AMIGA – Ai senhores! Sabes bem que é proibido fazermos feitiços fora da escola!... Ainda nos metes numa alhada!... BRUXA – Não te preocupes. Infelizmente, o livro deve ser falso ou já está fora de validade, porque, até agora, nenhum feitiço deu resultado... Queres ver?... Olha bem para aquele rapaz giro que ali está... (lançando-lhe um feitiço ele volta-se, apaixonado, começa a fazer-lhe olhinhos) AMIGA – E tu dizias que não dava resultado! O que é aquilo?! O moço ficou caidinho por ti!... BRUXA – Olha que foi a primeira vez!... Mas ainda bem... É que ele é tão giro... (faz-lhe também olhinhos, ele levanta-se, vai ao encontro dela como um zumbi, ela aponta-lhe para a cara, ele vai a 1
  • 2. 2 dar-lhe um beijo, acorda no momento, dá um grito e foge assustado) Estás a ver? Eu vi logo que era demais!... (O rapaz1 entra outra vez para levar as coisas e sai.) AMIGA – Já que fizeste asneira e eu já estou metida, mostra-me lá a receita (a Bruxa tira o livro do saco e dá-o à Amiga) Mas que receita interessante! Ingredientes: 3 pêlos de rata velha; saliva de canguru quanto baste; 6 unhas de porco sujo; um par de cuecas por lavar, roubadas de um estendal à noite; 12 pilinhas de gato virgem;... BRUXA – Não, são duas! AMIGA – Doze! Olha aqui o 1! São 12. BRUXA – Ah! Então era por isso... (pensa em voz alta) Por isso é que não tinha potência... o produto... AMIGA – Continuando: tempere os pêlos de rata velha com saliva de canguru e mexa até obter um creme pastoso. Adicione, uma a uma, as unhas de porco sujo, alternando com as pilinhas de gato. Envolva o creme nas cuecas sujas, até obter um pó branco. BRUXA – Obrigado amiga!… Vou já para casa fazer o feitiço, mas desta vez, com a receita certa! Agora é que vai ser!... he... he... AMIGA – Espera,(com um ar pensativo) tenho uma ideia! Acrescenta mais uma coisinha. Deita uma ou duas gotinhas deste líquido que vai fazer com que ela dure muitos anos. BRUXA – Boa ideia. És um génio! Estás quase a chegar aos meus calcanhares. (A Bruxa sai e a Amiga continua a escrever o seu livro) AMIGA – (para a Empregada) Olhe, desculpe, pode-me trazer um refresco quente? EMPREGADA – Um um re-re -re-fres-co-co que-quente?! AMIGA – Sim! EMPREGADA – (estremangando) Só um m-mo-mento! AMIGA – Só racistas, onde é que isto já se viu? (sai a Empregada e entra o Superior) SUPERIOR – Ainda bem que te encontro... e tu já deves saber porquê!... AMIGA – (atrapalhada) Eu... eu não, não sei de nada... SUPERIOR – Então, como explicas o facto de ter desaparecido o livro da sala dos professores? Só tu é que costumas fazer isto! AMIGA – Mas desta vez não fui eu. SUPERIOR – Espero bem que sim. Se não vais ter graves problemas. 2
  • 3. 3 EMPREGADA – (reentra) O-o-olhe, mi-mi-minha se-se-nhora (desmaia ao ver o Superior, que é um fantasma) SUPERIOR – Esta gente de cá é toda marada (dirige-se a empregada e tenta reanimá-la com uns estalos; ela acorda e apaixona-se, saindo seguidamente abraçada a ele) Quanto a, ti falamos mais tarde! (Entra a Bruxa e, pouco depois, o Rapaz 2, todo jeitoso, que se senta de costas para a Bruxa) AMIGA – Então, já está pronto? BRUXA – (mostra-lhe o pó) Prontíssimo, só falta escolher o alvo! (procura com o olhar, fixando-se no Rapaz 2; a Amiga apercebe-se de que ela já o escolheu e manda-a avançar com um olhar) BRUXA – É para já. (o Rapaz 2 levanta-se e vai pedir alguma coisa para beber, mas deixa os seus adereços na mesa) RAPAZ 2 – (com uma voz de mau) Já nem nos cafés há empregadas! (sai de cena) BRUXA – Olha, é tão simpático! AMIGA – Enquanto esperamos que ele venha, vou-te mostrar uma coisa. (tira uma revista do saco e começa a mostrar) BRUXA – Ai, que monumentos!... Que árvores despidas pelo Outono... AMIGA – Gervália, estamos no Verão! BRUXA – Não faz mal... O que importa é que são bons como o milho! Eu vou levá-la! AMIGA – Não vais, porque a revista é minha. BRUXA – Mas eu vou levá-la! (começam a disputar a revista e é nesse momento que entra o Velho, com uma roupa parecida com a do Rapaz 2, e se senta, de costas para elas, na mesa onde estava o Rapaz 2, fazendo algum barulho) AMIGA – A revista é minha! BRUXA – Mas eu gostei dela! AMIGA – Mas não a vais levar! BRUXA – Vou sim! AMIGA – Não! BRUXA – Sim! AMIGA – Olha quem voltou!... Não lhe lanças o feitiço! Olha que ele ainda se vai embora! (a Bruxa deixa a revista e a Amiga de imediato a esconde no saco) 3
  • 4. 4 BRUXA – É melhor despachar-me! Finalmente, vou levantar a âncora!... AMIGA – Queres tu dizer: vais desencalhar!... Também, se não for assim, ninguém te quer! BRUXA – Cala-te, vira para lá essa boca, se não, ainda me dás azar! 1, 5, 8, 10!... (e bufa; o Velho estremece, levanta-se com um ar de apaixonado e olha para a Bruxa; ela vira-se de costas e não olha para ele) Este já cá canta... AMIGA – Deixa-me ir embora que as velas derretem depressa e este corpinho Danone não serve para fazer de vela. (e sai) (A Bruxa aponta para a cara e o Velho vai atrás dela, mas com muita timidez) VELHO – Amorzinho, coisa linda, dá cá uma beijoca! (com um ar de apaixonado e em posição de beijo ) Olha que eu estou mesmo atrás de ti... BRUXA – (Olha, dá um grito e o Velho faz um ar de quase desmaiado) Um monstro!... Acuuuudam-me !... Um monstro!... (foge ) VELHO – (Olha para os lados com medo) Um monstro? Onde? Anda cá, meu petisquinho de água doce, que eu protejo-te! (sai atrás dela) Fim 4