O documento discute a importância de estabelecer limites para as crianças através de dizer "não", mesmo que elas não gostem. Isso ajuda as crianças a desenvolver autocontrole e entender que nem tudo pode ser obtido, preparando-as para lidar melhor com frustrações. A história de uma mãe que diz "não" para o filho no supermercado ilustra como limites firmes, aplicados com empatia e carinho, ajudam no desenvolvimento de uma criança equilibrada.
1. DIZER “NÃO” TAMBÉM É AMOR…
No outro dia, estava eu no supermercado, quando vi uma “cena”…
“ Uma criança com cerca de 8 anos, estava sentada no chão, e gritava com a mãe
porque queria comprar um carro….esta chorava, gritava, batia com força com as mãos
no chão….apertava com força o brinquedo, como se este fosse a “coisa”mais importante
do mundo…
A mãe, calmamente olhou para ele e disse: - Não! Tu não precisas desse carro,
tens outros iguais em casa.
A criança agarrou no carro e tentou passar com ele pela caixa…
A mãe voltou a dizer: - Não!
Ele olhou para ela e disse: - Tu és má!
Ela respondeu-lhe: Não faz mal! Mas eu, gosto de ti!
Quando paguei as minhas compras, dirigi-me á senhora, e disse-lhe:
-Parabéns! Foi uma grande Mãe!
Ela olhou-me sorrindo e disse: - Sabe, eu tenho de lhe fazer ver que existem
limites, que ninguém pode ter tudo…pois só assim, é que ele quando for mais velho
pode dar valor ás coisas mais importantes…”
Esta, senhora estava a trabalhar para “construir “ um filho equilibrado.
È obvio que, para dar a uma criança uma educação saudável, precisamos de
estabelecer objectivos orientadores conjuntamente com os cuidados afectivos.
A afectividade, ajuda a criança a querer imitar e agradar às figuras com
autoridade que amam e admiram (eles não o fazem, por medo mas sim por respeito). As
regras e os limites ajudam-nas a apreenderem a controlar-se quando as tentações são
fortes.
2. As regras, coerentes são como as marcas de uma estrada, que nos permitem
saber: onde é o lado direito e esquerdo da via…; onde é o passeio…; onde podemos
virar… e na estrada da vida, cada vez mais essas regras são necessárias.
Quando as crianças tomam como seus um conjunto de valores, sabem pelo que
lutar e conseguem seguir esse caminho ao mesmo tempo que ajuízam o seu próprio
progresso e a sua auto-estima e auto-consciência reforçam-se mutuamente.
A moral desenvolve-se a partir da tentativa de quer ser como o adulto admirado.
Quando a disciplina é definida como uma aprendizagem e é reforçada com muita
empatia e carinho, as crianças sentem-se bem por seguir as regras.
È necessário dizer alguns “porquês”, mas não muitos, porque senão eles perdem
o significado.
O “não “ é “não”.
Por exemplo, se eu ensino a “não mentir”, eu como adulto também não o posso
fazer, senão perco toda a autoridade e respeito.
Desta forma coerente e organizada, eu como “mãe” estou a tentar “criar” um
adulto calmo e organizado, com capacidade de resolver problemas e de criar planos de
acção para que as mais variadas tarefas possam ser cumpridas.
È fácil? Não!
Mas, Amar também não o é…
Por isso, dizer “Não” também é Amor…
Enfermeira Sara Marques
Centro de Desenvolvimento Óscar Brito