2. Sabes reconhecer a beleza da
essencialidade de uma manifestação
artística?
3. Sabes perceber em tua própria alma,
traços que se identificam com uma
genuína expressão de um povo?
4. Sabes decodificar a necessidade que esse povo
sente de diferenciar-se através sua linguagem?
5. Sabes o captar significado ímpar da criação de
seus objetos transformados?
6. Sabes se através das tuas lembranças e da
criação de tua arte, tu consegues cultivar o
sentimento que o fez tão feliz naquela
vivência?
7. Se tu sabes isso, então tu és um
deles, povo e artista!
Pois qual há de ser maior ENIGMA, se
não aquele de alguém que é capaz de
amar um povo , uma cultura e um
lugar por adoção, valorizando-os,
traduzindo-os e expressando-os em
sua maneira de viver?
8. Após vislumbrar esse cenário de memórias,
descubra dentre estes ícones, aquele que
representa a expressão de um artista de alma
e coração puramente angolanos, cujo destino,
apenas, decidiu por seu retorno à sua terra
natal; a saber: Portugal.
10. Obrigado Necas por sua amizade, seu exemplo de
vida, e pelo pedacinho da África que você me
ensinou a admirar.
11. Presença Africana
(Alda Lara)
E apesar de tudo,
ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
filha eterna de quanta rebeldia
me sagrou.
Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou,
a irmã-mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto!...
A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
nascendo dos abraços
das palmeiras...
A do sol bom,
mordendo
o chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...
Sim!, ainda sou a mesma.
A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11...Rua 11...)
pelos negros meninos
de barriga inchada
e olhos fundos...
Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...
E eu revendo ainda
e sempre, nela,
aquela
longa historia inconseqüente...
12. Terra!
Minha, eternamente...
Terra das acácias,
dos dongos,
dos cólios baloiçando,
mansamente... mansamente!...
Terra!
Ainda sou a mesma!
Ainda sou
a que num canto novo,
pura e livre,
me levanto,
ao aceno do teu Povo!...