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O enigma do artista
Embondeiro
Sabes reconhecer a beleza da
essencialidade de uma manifestação
artística?
Sabes perceber em tua própria alma,
traços que se identificam com uma
genuína expressão de um povo?
Sabes decodificar a necessidade que esse povo
sente de diferenciar-se através sua linguagem?
Sabes o captar significado ímpar da criação de
seus objetos transformados?
Sabes se através das tuas lembranças e da
criação de tua arte, tu consegues cultivar o
sentimento que o fez tão feliz naquela
vivência?
Se tu sabes isso, então tu és um
deles, povo e artista!
Pois qual há de ser maior ENIGMA, se
não aquele de alguém que é capaz de
amar um povo , uma cultura e um
lugar por adoção, valorizando-os,
traduzindo-os e expressando-os em
sua maneira de viver?
Após vislumbrar esse cenário de memórias,
descubra dentre estes ícones, aquele que
representa a expressão de um artista de alma
e coração puramente angolanos, cujo destino,
apenas, decidiu por seu retorno à sua terra
natal; a saber: Portugal.
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Obrigado Necas por sua amizade, seu exemplo de
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Presença Africana
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E apesar de tudo,
ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
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me sagrou.
Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou,
a irmã-mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto!...
A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
nascendo dos abraços
das palmeiras...
A do sol bom,
mordendo
o chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...
Sim!, ainda sou a mesma.
A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11...Rua 11...)
pelos negros meninos
de barriga inchada
e olhos fundos...
Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...
E eu revendo ainda
e sempre, nela,
aquela
longa historia inconseqüente...
Terra!
Minha, eternamente...
Terra das acácias,
dos dongos,
dos cólios baloiçando,
mansamente... mansamente!...
Terra!
Ainda sou a mesma!
Ainda sou
a que num canto novo,
pura e livre,
me levanto,
ao aceno do teu Povo!...
Acho que o menos
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O enigma do artista que amava a África

  • 1. O enigma do artista Embondeiro
  • 2. Sabes reconhecer a beleza da essencialidade de uma manifestação artística?
  • 3. Sabes perceber em tua própria alma, traços que se identificam com uma genuína expressão de um povo?
  • 4. Sabes decodificar a necessidade que esse povo sente de diferenciar-se através sua linguagem?
  • 5. Sabes o captar significado ímpar da criação de seus objetos transformados?
  • 6. Sabes se através das tuas lembranças e da criação de tua arte, tu consegues cultivar o sentimento que o fez tão feliz naquela vivência?
  • 7. Se tu sabes isso, então tu és um deles, povo e artista! Pois qual há de ser maior ENIGMA, se não aquele de alguém que é capaz de amar um povo , uma cultura e um lugar por adoção, valorizando-os, traduzindo-os e expressando-os em sua maneira de viver?
  • 8. Após vislumbrar esse cenário de memórias, descubra dentre estes ícones, aquele que representa a expressão de um artista de alma e coração puramente angolanos, cujo destino, apenas, decidiu por seu retorno à sua terra natal; a saber: Portugal.
  • 9. Acho que agora ficou fácil, não?
  • 10. Obrigado Necas por sua amizade, seu exemplo de vida, e pelo pedacinho da África que você me ensinou a admirar.
  • 11. Presença Africana (Alda Lara) E apesar de tudo, ainda sou a mesma! Livre e esguia, filha eterna de quanta rebeldia me sagrou. Mãe-África! Mãe forte da floresta e do deserto, ainda sou, a irmã-mulher de tudo o que em ti vibra puro e incerto!... A dos coqueiros, de cabeleiras verdes e corpos arrojados sobre o azul... A do dendém nascendo dos abraços das palmeiras... A do sol bom, mordendo o chão das Ingombotas... A das acácias rubras, salpicando de sangue as avenidas, longas e floridas... Sim!, ainda sou a mesma. A do amor transbordando pelos carregadores do cais suados e confusos, pelos bairros imundos e dormentes (Rua 11...Rua 11...) pelos negros meninos de barriga inchada e olhos fundos... Sem dores nem alegrias, de tronco nu e musculoso, a raça escreve a prumo, a força destes dias... E eu revendo ainda e sempre, nela, aquela longa historia inconseqüente...
  • 12. Terra! Minha, eternamente... Terra das acácias, dos dongos, dos cólios baloiçando, mansamente... mansamente!... Terra! Ainda sou a mesma! Ainda sou a que num canto novo, pura e livre, me levanto, ao aceno do teu Povo!...
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