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REDENÇÃO
O PALCO DA ESCATOLOGIA
Pr. A. Carlos G. Bentes
DOUTOR EM TEOLOGIA
ְ‫גּ‬‫ָה‬‫לּ‬ֻ‫א‬
2
Copyright © 2012 Antônio Carlos Gonçalves Bentes
Capa:
Rute Guimarães de Andrade Bentes
Revisão e diagramação:
Charles Reuel de Andrade Bentes
1ª edição:
2012
Bentes, Antônio Carlos Gonçalves
REDENÇÃO - O PALCO DA ESCATOLOGIA
Lagoa Santa - MG: edição do autor, 2012.
ISBN:
Todos os direitos reservados para:
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
(31) 3681-4770 / (31) 9684-9869; 86614070.
pastorbentesgoel@gmail.com
3
DEDICATÓRIA
DDeeddiiccoo eessttaa ssiinnggeellaa oobbrraa,, ffrruuttoo ddooss mmeeuuss eessffoorrççooss lliitteerráárriiooss eemm pprrooll ddaa ccaauussaa ddoo
MMeessttrree,, aa mmiinnhhaa eessppoossaa RRuuttee ((RRuuttiinnhhaa)),, qquuee ttããoo ccaarriinnhhoossaammeennttee tteemm sseerrvviiddoo aaoo mmeeuu
llaaddoo dduurraannttee ttooddooss eesstteess aannooss ddee ttrraabbaallhhoo nnaa SSeeaarraa ddoo SSeennhhoorr.. EEllaa tteemm ssiiddoo uumm
iinnssttrruummeennttoo ddee rreeddeennççããoo nnaa mmiinnhhaa vviiddaa mmiinniisstteerriiaall..
DDeeddiiccoo eessttaa oobbrraa,, ttaammbbéémm,, aass mmiinnhhaass nneettaass EElliizzaa ee AAnnnnaa CCllaarraa qquuee ttêêmm oo
pprriivviillééggiioo ddee vviivveerreemm nnooss úúllttiimmooss ddiiaass ddaa VViinnddaa ddoo MMeessssiiaass..
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço:
A Deus, que na sua soberania e Graça nos permitiu tal realização.
À MINHA AMADA ESPOSA Rute Guimarães de Andrade Bentes, que sempre
se sacrificou a fim de que pudéssemos estudar, e tem sido grande bênção em meu
ministério pastoral e educacional.
Aos meus filhos: Joelma, Telma e Charles, bênçãos de Deus.
Aos meus alunos das Casas de Profetas: JAMI, UNITHEO, SEBEMGE, STEB,
Escola Bíblica Central do Brasil, Seminário Teológico Goel, Escola Teológica
Koinonia e Seminário Teológico Hosana que com suas perguntas e opiniões
aprofundaram nossas pesquisas e ampliaram nossos conhecimentos.
Pr. A. Carlos G. Bentes
5
EPÍGRAFE
“O cristianismo não é um circulo, com um só centro, mas, sim, uma elipse, que
tem dois focos – as doutrinas da Redenção e do Reino de Deus” (Albrecht Ritschl).
“Tudo quanto Deus faz é absolutamente livre – até mesmo sua auto-glorificação
através da criação e da redenção” (Jacob Arminius).
6
PREFÁCIO
Os três grandes atos da Santa Trindade na recuperação da humanidade perdida
são: eleição por parte do Pai, redenção por parte do Filho, chamada por parte do
Espírito Santo - como sendo dirigidos às mesmas pessoas, garantindo infalivelmente a
salvação delas.
A redenção, portanto, foi designada para cumprir o propósito divino da eleição.
Esta eleição envolve os três povos (Judeus, Gentios e Igreja).
Esta Redenção é eterna: Cl 1.14: “Em quem temos a redenção, a saber, a
remissão dos pecados”; Hb 9.12: “e não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu
próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna
redenção”.
At 3.21: “É necessário que ele permaneça no céu até que chegue o tempo em que
Deus restaurará (ἀποκατάστασις) todas as coisas, como falou há muito tempo, por meio
dos seus santos profetas” (NVI).
Ao qual convém que o céu receba até os tempos da restauração (ἀποκατάστασις)
de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o
princípio” (RC).
Apokatástasis (ἀποκατάστασις) substantivo de apokathístēmi (ἀποκαθίσιτηµι),
restaurar. A restauração de um objeto ao seu estado anterior. Ocorrência única em atos
3.21, referência estado ao reino futuro Messias.
Apokathístēmi (ἀποκαθίσιτηµι) significa trazer a um estado anterior, restaurar.
Referindo-se ao reino e ao governo judaico, que, segundo se esperava, seria restaurado
e expandido pelo Messias (Mt 17.11; Mc 9.12; Ml 4.6; Lc 1.16,17).
A Bíblia é uma biblioteca de 66 livros escritos por 40 escritores num período de
1500 anos; não obstante, nela se desenvolve um único tema, que une todas as partes, a
redenção. Redenção esta, holística, católica e cósmica.1
Esse redentor vindouro, descrito em Gênesis 3.15 apenas como o descendente da
mulher, é designado como descendente de Abraão em Gn 22.18 (cp. 26.4; 28.14). Gn
49.10, mais adiante, especifica que o redentor deverá ser um descendente da tribo de
Judá. Ainda mais tarde, no curso da revelação do Antigo Testamento, aprendemos que
o redentor vindouro será um descendente de Davi (2 Sm 7.12-13; Lc 1.31-33).
Mais de três quartas partes da Bíblia correspondem ao Antigo Testamento. Com
exceção dos onze primeiros capítulos do Gênesis, do livro de Jó e de certas partes dos
profetas, o Antigo Testamento dedica-se ao trato de Deus com a raça escolhida. Deus
elegeu o povo hebreu com três finalidades: ser depositário de sua Palavra; ser a
testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações; ser o meio pelo qual viesse o
Redentor.
“Antes que se rompa o fio de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace
o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna” (Ec 12.6).
“O que é o fio de prata”. 2
1
PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995., p. 4.
2
http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4275&catid=62&Itemid=96.
7
Dentro do estudo da projeção da consciência, o cordão de prata é uma das partes
mais importantes do estudo da bioenergética.
Segundo a bioenergética o fio de prata liga o corpo à alma e ao espírito. No
arrebatamento de espírito, este sai do corpo e vai aos lugares que Deus quer levá-lo,
como fez com o apóstolo Paulo, com o profeta Ezequiel com tantos outros servos de
Yahweh. Fora do arraial evangélico, o homem sai do corpo numa viagem astral. E o
que mantém o homem ligado ao corpo é o famoso fio de prata. Na morte física
acontece o rompimento do fio de prata.
A Bíblia de Estudo NVI nos traz o seguinte comentário de Ec 12.6:
“Fio de Prata. Lamparina pendente de uma corrente de prata. Rompendo-se um
único elo, perecerá essa luz e essa beleza, fato que mostra a grande fragilidade da
vida”.3
No estudo da Teologia Sistemática há também um fio de prata. Ele liga todos os
módulos da Teologia Sistemática: Bibliologia, Teontologia, Cristologia, Antropologia,
Angelologia, Hamartiologia, Soteriologia, Eclesiologia, Pneumatologia e Escatologia.
O fio de prata da Teologia Sistemática é a doutrina da Redenção, doutrina esta balizada
na Pessoa Teantrópica do Redentor – Go’el - ‫גאל‬ - O Parente Remidor.
Rompendo-se o fio de prata da Teologia da Sistemática esta morre. O fio de prata
da teologia é o plano da Redenção alicerçado na Doutrina do Parente Remidor – O
Go’el - Jesus Cristo, o Resgatador dos Judeus, dos Gentios, da Igreja e do Cosmos.
O estudo da escatologia é o último elo do fio de prata da Redenção.
Ap 21.3: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles.
Eles serão povos (Israel, Igreja e Gentios) de Deus, e Deus mesmo estará com eles”.
O plano da redenção é o âmago da escatologia. Deus veio para remir: o homem, a
terra, Israel e o Cosmos.
3
BÍBLIA NVI. SÃO PAULO: EDITORA VIDA, 2003, p. 1119.
8
ÍNDICE
ÍNDICE 8
O PLANO DA REDENÇÃO É O ÂMAGO DA ESCATOLOGIA 9
O RELÓGIO DE DEUS 12
O PARENTE REMIDOR - GO’EL - O PARENTE VINGADOR 18
O LIVRO DE RUTE E A DOUTRINA DO GO’EL 27
O CHESED DE RUTH 33
REDENÇÃO: O PALCO DA ESCATOLOGIA 38
O REINO DE DEUS 58
A REDENÇÃO DE ISRAEL 61
A GRANDE TRIBULAÇÃO 65
O MILÊNIO - O GOVERNO DO REDENTOR 78
A CRIAÇÃO DO NOVO CÉU E DA NOVA TERRA 83
ESQUENELOGIA 85
A Chupah (‫ָה‬‫פ‬ֻ‫ח‬ ) - A CASA DA REDENÇÃO 92
EPÍTOME FINAL: 95
CONCLUSÃO 96
BIBLIOGRAFIA 97
9
1
O PLANO DA REDENÇÃO É O ÂMAGO DA ESCATOLOGIA 4
A Doutrina da Redenção abrange:
1) A Doutrina do Parente Remidor - GO’EL (Rute, Lv 25.25-34; Dt 25.5-10).
2) A Doutrina da Redenção da Terra - (Rm 8.18-23; Lv 25; Zc 14.4,5,8,10; Is
35.1,2,13; 11.5-9; Jl 2.22-27; Is 65.20 etc.).
3) A Redenção das Nações (Gn 9.12-17; Ap 10; Zc 14.16-19; Ap 21.24; 22.2; Is
60.3).
4) A Redenção de Israel (Am 9.15; J1 3.20,21; Is 60.4-12).
5) A Redenção do Homem (Ef 1.13,14; Rm 8.23,24; l Jo 3.1,2; Fp 3.21; Ap 1.5,6).
6) A Redenção do Cosmos (At 3.21).
O CENTRO DA MENSAGEM REDENTORA É A COLOCAÇÃO
APROPRIADA DE:
1. O trono de Davi, na profecia (2 Sm 7.12-16; S1 89.34-37; Is 9.6,7; Zc
14.9,16-19 ).
2 Sm 7.12-16: 12. Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus
pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, que sair das tuas
entranhas, e estabelecerei o seu reino. 13. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu
estabelecerei para sempre o trono do seu reino. 14. Eu lhe serei pai, e ele me será filho.
E, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de
homens; 15. mas não retirarei dele a minha benignidade como a retirei de Saul, a quem
tirei de diante de ti. 16. A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre
diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre.
2. A pessoa que se assentará nesse trono (Lc 1.31-33; Ap 20.6; Jr 23.5; 2 Sm
7.14-17; Mt 19.28;25.31).
Lc 1.31-33: 31. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome
de Jesus. 32. Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe
dará o trono de Davi, seu pai; 33. e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu
reino não terá fim.
A menos que essas verdades sejam claramente definidas, recebendo alicerce
bíblico, a profecia perderá a sua significação e vitalidade, surgindo assim certa
incoerência, que tende a confundir e não a esclarecer.
Um descendente de Davi se assentará no Trono da Glória (Mt 25.31; 19.28; Jr
3.17). No milênio, Israel será restaurado à terra da Palestina. Jesus Se assentará sobre o
trono literal de Davi, e reinará sobre o mundo a partir de Jerusalém (Zc 14).
O TRONO DE DAVI E O MILÊNIO 5
A forma de entender as promessas feitas a Davi, referentes à permanência de seu
trono eternamente através de sua descendência (Jesus) e a forma de entender a
4
BENTES, A. C. G. JESUS O GO’EL VINGADOROR. 3ªed. Lagoa Santa: Editora Klivros.com.br, 2011, p. 21.
5
http://www.projetoomega.com/estudo6.htm.
10
promessa referente ao Milênio é crucial para estabelecer a diferença entre os diversos
modelos que lidam com o cenário profético.
Enquanto os adeptos da Teologia da Substituição tendem a alegorizar as profecias
vetero-testamentárias referentes à supremacia de Israel sobre as outras nações da Terra
(Isaias 2.1-4, Miquéias 4.1-4, Jeremias 3.17; 36.33-36, Zacarias 14.1-21) e a profecia
referente ao Milênio (Apocalipse 20.1-6), colocando essas promessas como uma
alegoria do reinado da Igreja na presente era e adotando o amilenismo como base
interpretativa, os dispensacionalismos tradicional e progressivo utilizam a literalidade
para entender tais profecias. Tanto para o dispensacionalismo tradicional quanto para o
progressivo, o Milênio será um período literal de mil anos, o qual começará na volta de
Jesus e se prolongará até a criação dos novos céus e nova Terra, no qual Jesus reinará
em Jerusalém exercendo soberania sobre as nações logo após a Sua volta, assentando-
se literalmente no trono de Davi (Mt 19.28; 25.31). O trono de Davi é o trono da glória
e o trono da glória é Jerusalém. “Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do
Senhor; e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, a Jerusalém; e não
mais andarão obstinadamente segundo o propósito do seu coração maligno” (Jr 3.17).
As promessas referentes ao Trono de Davi estão expostas no livro dos salmos:
“Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo Davi, dizendo: A tua
semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração”.
(Salmos 89.3-4).
“Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi. A sua semente
durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim. Será estabelecido para
sempre como a lua e como uma testemunha fiel no céu”. (Salmos 89.35-37).
“O Senhor jurou com verdade a Davi, e não se apartará dela: Do fruto do teu
ventre porei sobre o teu trono”. (Salmos 132.11).
“Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Este
será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi,
seu pai; e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc
1.31-33).
Davi será príncipe do Rei Jesus durante o Milênio e o Estado Eterno.
Ez 37.24-27: 24. Também meu servo Davi reinará sobre eles, e todos eles terão
um pastor só; andarão nos meus juízos, e guardarão os meus estatutos, e os observarão.
25. Ainda habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual habitaram vossos pais;
nela habitarão, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre; e Davi, meu
servo, será seu príncipe eternamente. 26. Farei com eles um pacto de paz, que será um
pacto perpétuo. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio
deles para sempre. 27. Meu tabernáculo permanecerá com eles; e eu serei o seu Deus e
eles serão o meu povo. 28. E as nações saberão que eu sou o Senhor que santifico a
Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles para sempre.
11
Para alguns dispensacionalistas progressistas, as promessas feitas a Davi estão
tendo seu cumprimento parcial já na presente época, com Jesus assentado em seu trono
à direita do Pai, sem negar a futura presença de Jesus em seu trono terrestre. Já para
outros (entre os quais nos incluímos), as promessas feitas a Davi se concretizarão a
partir do momento da vinda de Cristo.
É interessante notar que, alguns dias antes da crucificação de Cristo, quando Ele
entrava em Jerusalém, as multidões clamavam: “Hosana ao Filho de Davi; bendito o
que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!” (Mateus 21.9; Sl 118.25,26). Sem
dúvidas, aquela multidão esperava que Jesus, como descendente de Davi e como um
homem admirado por suas obras, assumisse já naquele momento a posição de líder da
nação israelense, libertando o povo judeu do domínio romano. No entanto, Jesus, dias
após, deixou claro que a concretização dessa profecia se daria em sua volta gloriosa. Ao
dirigir-se às principais autoridades religiosas judaicas da época, Ele disse: “Porque eu
vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em
nome do Senhor”. (Mateus 23.39).
Implicitamente, Jesus deixou estabelecidos dois fatos: que Ele reinaria
literalmente em Jerusalém a partir do momento de sua volta e que haveria uma futura
conversão em massa da nação israelense (Zacarias 12.10, Romanos 11.26). Até mesmo
no momento de sua ascensão, essa era a expectativa de seus discípulos. Eles indagaram
ao Mestre se era naquele tempo que Ele restauraria o Reino de Israel (Atos 1.7). Note
que os discípulos não tinham qualquer noção “alegórica” do reino do Messias, mas
esperavam sua concretização literal. O Senhor, em vez de repreendê-los por sua
esperança literal e terrena, revela que o tempo para que aquela promessa fosse
concretizada pertencia aos desígnios do Pai (Atos 1.8).
Uma outra passagem que aponta claramente para a concretização futura da
promessa feita a Davi, se encontra em Apocalipse 3.21:
“Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como
eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono”.
Note a diferença entre o trono do Pai, no qual Jesus se encontra após sua vitória
na cruz, e o trono de Jesus, o qual será literalmente estabelecido na Terra em sua volta,
como fica claro ao comparar o tempo em que a promessa está contida: os salvos se
assentarão com Jesus após vencerem, assim como Jesus se assentou no trono do Pai
após a sua vitória pessoal. Se considerarmos que Jesus obteve sua vitória na
ressurreição, fica subentendido, por comparação, que nossa vitória definitiva será
alcançada na glorificação. Tudo isso nos remete à concepção de que o Trono de Davi
sobre a Terra será estabelecido por Jesus logo após a sua vinda e nós participaremos
ativamente desse Reino.
12
2
O RELÓGIO DE DEUS
62 Semanas 434 anos
Período Interbíblico
7 Semanas 49 anos
O Ano
Aceitável do
Senhor - Graça
O RELÓGIO DE DEUS
1 Semana
O Dia do
Senhor
Milênio
Ap 20.1-6
Regeneração
Mt 19.28
Início das 70 Semanas
445 a.C. Ne 2.1-8; Dn 9.24-27
396 a.C.
Ano 33 d.C.
34
anos
Jesus
3,5
anos
Falsa
Paz
3,5anos
Angústia de
Jacó Jr 30.7
O
Anticristo quebra a
Aliança Dn 9.27; 2Ts 2.4
Arrebatamento
1Ts4.13-18
Dn 9.27 Aliança do Anticristo
2ª Vinda Armagedom Ap 19.11-16
Is 61.1,2; Lc 4.14-20
JulgamentodosGentios
Mt25.31-46Trono
BrancoAp20.11-15
O Reino do Filho
Mt 13.41
1 Co 15.24-28
O Dia da Vingança
Is 61.2; 63.1-4; 34.8
Julgamento das Nações Zc 14
Este quadro inclui as 70 Semanas de Daniel, o período da Graça e o Milênio,
ficando fora o Estado Eterno. Dentro das 69 semanas está o período interbíblico e o
ministério de Jesus.
Depois das 69 semanas vem o período da Graça, chamado pelos profetas de O
Ano Aceitável do Senhor. Este período é o intervalo entre as 69 semanas e a última
semana de Daniel. Vindo depois deste período a Grande Tribulação (Dn 12.1; Mt
24.15-22,29) chamado pelos profetas de O Dia da Vingança (Is 61.1,2; 63.1-4; 34.8). A
Grande Tribulação é a última semana de Daniel, um período de 7 anos – é a vingança
do Go’el.
Depois do Dia da Vingança vem O Ano dos Redimidos – o Milênio, período este
chamado por Mateus de Regeneração (Mt 19.28).
Seguindo a Regeneração vem o Trono Branco – julgamento final (Ap 20.11-14).
13
Finalmente após o Milênio vem o Estado Eterno – Novos céus e Nova terra (Ap
21.1-4).
O ÚNICO PROPÓSITO 6
Cremos que Deus tem um único propósito – o estabelecimento do Reino de Deus
- no qual tanto Israel como a Igreja e os Gentios - as nações justas (o trigo) terão parte
no Estado Eterno. E todos serão chamados Povos de Deus: “Agora o tabernáculo de
Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos (no grego
está no plural, λαοί -laoí); o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap
21.3).
Quando usamos a palavra “Propósito” nos referimos à doutrina do “Decreto de
Deus”. Há muitas passagens que ensinam a doutrina dos decretos de Deus. Esta
doutrina constitui na realidade umas das tônicas gerais dos ensinos bíblicos. Leia os
seguintes textos: Sl 33.11; Is 14.26,27; 46.9,10; Dn 4.34,35; Mt 10.29,30; Lc 22.22; At
2.23; 4.27,28; 17.26; 4.18; Rm 8.28-30; 1 Co 2.7; Ef 1.11; 2.10; 2 Tm 1.8,9; 1 Pe 18-
20.
Estas passagens e muitas outras que poderiam ser facilmente acrescentadas
mostram que o Deus Todo Poderoso tem um plano ou propósito para o Cosmos que é
dele. E neste Plano com certeza estão incluídos: a Terra, o Universo, os anjos, o
homem, a nação de Israel, os Gentios e a Igreja.
Temos falado do propósito de Deus. Os teólogos os chamam Seus decretos.
Podemos dizer que os propósitos de Deus, por infinito que nos pareça seu número, não
são mais que um único propósito.
Isto é o que o Catecismo Menor7
quer dizer quando afirma que os decretos de
Deus são “Seu propósito eterno”. Os inúmeros decretos se constituem em um único
propósito ou Plano. Não são independentes um do outro, mas formam uma unidade
íntima igual, como Deus é um.
O projeto com Israel, o projeto com a Igreja e o projeto com os Gentios fazem
parte do único Propósito Eterno.
Witness Lee tem uma excelente ideia sobre o conceito “dispensações”:
A ECONOMIA DE DEUS - SEU ARRANJO ADMINISTRATIVO 8
Economia é uma palavra aportuguesada do grego oikonomia. Ela significa a lei
de uma casa, ou administração familiar. Em 1 Timóteo 1.4 (οἰκονοµίαν θεοῦ -
administração da casa de Deus) essa palavra é usada para arranjo, plano, administração
ou gerenciamento. No Velho Testamento a casa de Faraó necessitava de alguma
administração familiar ou arranjo, e José foi colocado ali para tomar conta daquela
6
BENTES, A. C. G. Manual de Escatologia. 3ª ed. Lagoa Santa - MG: Edição Própria, 2012, p. 74.
7
O Catecismo Menor foi preparado pelos teólogos da Assembléia de Westminster no ano de 1648 para o ensino da
religião na Escócia, Inglaterra e Irlanda.
8
LEE, Witness. A REVELAÇÃO BÁSICA NAS ESCRITURAS SAGRADAS. 2ª ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida,
1992, p. 8-11.
14
administração. O que ele fazia era principalmente distribuir o rico alimento aos
famintos (Gn 41.33-41, 54-57); e aquela distribuição era um dispensar. A administração
da casa de Faraó foi uma economia levada a cabo para dispensar as riquezas ao povo.
No Novo Testamento essa palavra é principalmente usada por Paulo. Mas a mesma
palavra é usada pelo Senhor Jesus em Lucas 16.2-4, referindo-se ao mordomado de um
despenseiro. José podia ser considerado como o despenseiro de Faraó, e sua
responsabilidade, como sua economia. Aquela atribuição, seu mordomado, era para
dispensar a rica comida que Faraó possuía para alimentar os famintos.
Sua Dispensação
Em Efésios, Paulo nos diz que ele foi designado por Deus como um despenseiro,
e que, com isso, Deus deu-lhe a responsabilidade, o dever, o qual é chamado
mordomado (3.2). A palavra grega para mordomado9
é a mesma palavra para
dispensação. Quer seja ela traduzida por mordomado quer por dispensação, isso
depende do contexto. Em Efésios 3.2, Paulo diz que Deus deu-lhe o mordomado da Sua
graça. Então, a mesma palavra grega, oikonomia, é encontrada em 1.10 e 3.9, onde
parece melhor traduzi-la por dispensação. Esta palavra “economia” denota
principalmente um plano, uma administração, um gerenciamento, para dispensar as
riquezas de uns para outros.
Paulo considerava que Deus tinha uma grande família para suprir com Suas
riquezas. Em Efésios 3.8 ele diz que Deus o designou para pregar, ministrar, distribuir
ou dispensar as riquezas insondáveis de Cristo. Essas riquezas estão na casa de Deus.
Existe um depósito das riquezas insondáveis de Cristo, e Deus designou os apóstolos
(Pedro, João, Tiago e Paulo) para serem despenseiros a fim de dispensar essas riquezas
a todo o povo escolhido de Deus.
Mordomado é o mesmo que dispensar. José cumpriu seu mordomado
dispensando comida. Sua responsabilidade, seu ofício, seu dever era distribuir a rica
comida aos necessitados. Aquela distribuição era um dispensar.
Alguns mestres da Bíblia têm ensinado que existem sete dispensações na Bíblia.
No Velho Testamento há as dispensações da inocência, consciência, governo humano,
promessa e lei. Então, no Novo Testamento há a dispensação da graça nesta era e a
dispensação do reino na era vindoura. Nessas sete dispensações, dizem eles, Deus trata
com o homem de sete maneiras diferentes.
Isso pode estar correto, mas não se esqueçam que as dispensações são a
administração familiar de Deus. Deus tem uma grande família, e nesta família Ele
necessita de uma administração, um plano, um gerenciamento, para dispensar a Si
mesmo para dentro de Sua família. O pensamento principal de Deus, desde a eternidade
passada, era ter um arranjo ao longo das eras para dispensar-se para dentro de Seu povo
escolhido e predestinado. A esses Ele faria Seus filhos infundindo-se para dentro deles
para que pudessem ter a vida divina pelo novo nascimento.
Nas catorze epístolas de Paulo podemos ver que Deus tinha um bom prazer, de
acordo com o qual Ele fez um plano, um propósito. Ele criou o homem à Sua própria
9
Mordomado. De mordomo + -ado2
. Substantivo masculino. Mordomia.
15
imagem, e na plenitude dos tempos infundiu-se para dentro de todos aqueles criados e
escolhidos para que eles pudessem tornar-se Seus filhos, expressando-O. Este é o plano
de Deus e esta é a dispensação de Deus para o Seu dispensar.
Em português, as palavras dispensação e dispensar são ambas formas do verbo
dispensar. Quando uso a palavra dispensação, quero dizer economia, arranjo ou
gerenciamento. Mas, quando uso a palavra dispensar, quero dizer o distribuir das
riquezas divinas para dentro do povo de Deus. Dispensação denota o arranjo, o
gerenciamento, o plano, a economia. Dispensar refere-se ao distribuir do próprio Deus
como vida e suprimento de vida para dentro de Seu povo escolhido em Cristo.
Seu Dispensar
Em Efésios 1.10 e 3.9, a palavra oikonomia é usada para administração familiar, a
qual é o plano de Deus para dispensar-se para dentro de Seu povo escolhido. Em
Efésios 3.2, Colossenses 1.25 e 1 Coríntios 9.17 a mesma palavra refere-se ao
mordomado de Paulo. A palavra mordomado é usada no sentido de dispensar. O
mordomado de Paulo era o dispensar das riquezas insondáveis de Cristo para dentro do
povo escolhido de Deus. Com Paulo, a palavra mordomado refere-se ao dispensar
divino.
A palavra despenseiro é usada em 1 Pedro 4.10, que diz que todos nós
precisamos ser bons despenseiros da multiforme graça de Deus. A multiforme graça do
rico Deus necessita de muitos despenseiros para dispensá-la; este dispensar é o
mordomado deles.
Nosso mordomado hoje é o mesmo de Paulo. O mordomado de Paulo era
simplesmente aplicar uma injeção nas pessoas, isto é, distribuir, dispensar as riquezas
insondáveis de Cristo para dentro do povo escolhido de Deus. Esta é a economia de
Deus, Seu plano, Sua administração.
A ESCOLHA DE DEUS
Deus tem um bom prazer, e segundo o Seu bom prazer Ele fez um plano. Por
conseguinte, Ele arranjou uma administração universal de Sua casa para dispensar Suas
riquezas para dentro de Seu povo escolhido. Então nos selecionou, não somente antes
de sermos criados, mas também antes da fundação do mundo (Ef 1.4; 1 Pe 1.1,2). Nada
de Sua criação tinha vindo ainda à existência quando Ele nos selecionou.
SUA PREDESTINAÇÃO
Seguindo Sua escolha, Deus nos predestinou (Ef 1.5 [“Ele nos predestinou para
sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito da sua vontade”
BJ]; Rm 8.30). A Nova Tradução Bíblica de Darby traduz esta palavra “predestinados”
em Efésios 1.5 como “marcados de antemão”. Você já havia percebido que antes da
fundação do mundo fora marcado? Você não pode escapar da mão de Deus. Tentei um
bom número de vezes, mas nunca consegui! Quanto mais tentava, mais forte Ele me
agarrava. Aonde você irá para escapar de Deus? Aonde quer que você vá, ali está Ele
16
(SI 139.7-10). Algumas vezes pode ser que você tenha se aborrecido por vir às reuniões
da igreja e decidiu ir a algum outro lugar. Quando chegou lá, o Senhor Jesus estava lhe
esperando! Isso mostra que você foi marcado.
Cremos na eleição da Igreja, todavia cremos também na eleição de Israel: Dt
4.37; 7.6-8; 10.15; Sl 47.4; Sl 47.4; At 13.17; Rm 9.11; 11.28.
De acordo com o sistema apresentado pelos dispensacionalistas, há sete épocas
da história da Salvação: Inocência, Consciência, Governo Humano, Patriarcal, a
Lei, a Graça e o Milênio, que será o governo divino. A chave imprescindível para a
compreensão do futuro é Daniel 9.24-27. As 70 semanas se referem a 490 anos (70 x 7)
e não a dias. As primeiras 69 semanas de anos terminaram com a crucificação de Jesus,
encerrando a época na qual Deus tratava principalmente com Israel. Com a rejeição do
Messias que Deus ofereceu a Israel no ministério e na pessoa de Jesus, Deus fez o
relógio escatológico parar. No intervalo entre 69ª e 70ª semana, Deus estabeleceu a
Igreja, a realidade não prevista pelos profetas do Antigo Testamento.
De acordo com o sistema apresentado pelos dispensacionalistas, há sete épocas
da história da Salvação: Inocência, Consciência, Governo Humano, Patriarcal, a
Lei, a Graça e o Milênio, que será o governo divino. A chave imprescindível para a
compreensão do futuro é Daniel 9.24-27. As 70 semanas se referem a 490 anos (70 x 7)
e não a dias. As primeiras 69 semanas de anos terminaram com a crucificação de Jesus,
encerrando a época na qual Deus tratava principalmente com Israel. Com a rejeição do
Messias que Deus ofereceu a Israel no ministério e na pessoa de Jesus, Deus fez o
relógio escatológico parar. No intervalo entre 69ª e 70ª semana, Deus estabeleceu a
Igreja, a realidade não prevista pelos profetas do Antigo Testamento.
A Igreja, portanto, é o ministério revelado a Paulo e aos escritores do Novo
Testamento (Ef 3; Cl 1; Rm 16.25-27). Terminado este período da Graça, no qual os
gentios e judeus são convidados a formar a “Noiva” de Cristo, ocorrerá o
Arrebatamento (l Ts 4.13-18). Este maravilhoso evento se realizará sem aviso prévio. O
relógio profético então será reativado, com a atenção de Deus voltada para Israel. A 70ª
semana de Daniel 9 marcará os sete anos da Grande Tribulação. Dentro da última
semana de Daniel haverá o desenvolvimento do seguinte quadro:
1. Israel, a nação judaica, estará no centro do plano divino de Deus para com a
humanidade. Restaurada, Israel reconstruirá o Templo e restabelecerá os sacrifícios
exigidos pela lei mosaica.
2. O poder político internacional será exercido pelo Anticristo, a Besta ou o Homem de
Iniqüidade (l Jo 4.3; Ap 13; 2 Ts 2.3).
3. O cristianismo apóstata, unindo o Catolicismo, a Igreja Ortodoxa e o Modernismo
protestante, chamado a Meretriz, se aliará com o Anticristo (Ap 17) e prosperará
através da união adúltera durante um tempo.
4. O pecado aumentará entre os homens e chegará a uma profundidade e intensidade
jamais vistas a não ser na época do Dilúvio.
5. A ira de Deus será derramada sobre a Terra numa série de julgamentos e
cataclismos.
17
6. Quando a Besta (o Anticristo) romper (Dn 9.27) com a nação Israelita, provocará
uma crise internacional que atingirá seu auge na guerra de Armagedom. Tudo
culminará no fim dos sete anos da Grande Tribulação com a vinda de Jesus Cristo
com os seus santos. Após a Parusia, o reino do Anticristo será destruído e Cristo
passará a reinar sobre a terra (Zc 14.9,16-19; Mt 25.31-46; 19.28). Assim se
cumprirão literalmente as profecias do Antigo Testamento que prevêem um reino
messiânico na Terra. Passados os mil anos previstos em Ap 20, Satanás será solto
da sua prisão, encabeçará uma revolta breve dos habitantes não regenerados,
nações-bodes (Mt 25.31-46), mas que será esmagada. Sucederá então o último
julgamento, do Trono Branco (Ap 20.11-15). Os mortos não convertidos serão
julgados segundo as suas obras. A Igreja depois do Milênio gozará a Nova
Jerusalém, e os judeus e as nações justas (ovelhas) gozarão a Vida Perfeita na Nova
Terra, eternamente (Mt 25.31-46; Ez 37.21-28).
18
3
O PARENTE REMIDOR - GO’EL - O PARENTE VINGADOR 10
‫ֵל‬‫א‬ֹ‫ג‬
Disse, pois, Jeremias: Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Eis que
Hanameel, filho de teu tio Salum, virá a ti, dizendo: Compra o meu campo que está em
Anatote, pois a ti, a quem pertence o direito de resgate (‫ָה‬‫לּ‬ֻ‫ְא‬‫גּ‬), compete comprá-lo.
Veio, pois, a mim, segundo a palavra do Senhor, Hanameel, filho de meu tio, ao pátio
da guarda, e me disse: Compra agora o meu campo que está em Anatote, na terra de
Benjamim; porque teu é o direito de posse e de resgate; compra-o Então entendi que
isto era a palavra do Senhor.
Comprei, pois, de Hanameel, filho de meu tio, o campo que está em Anatote; e
lhe pesei o dinheiro, dezessete siclos de prata.
Assinei a escritura, fechei-a com selo, chamei testemunhas e pesei-lhe o dinheiro
numa balança.
Tomei a escritura da compra, tanto a selada, segundo mandam a lei e os estatutos,
como a cópia aberta; Dei-a a Baruque, filho de Nerias, filho de Maaséias, na presença
de Hanameel, filho de meu tio, e perante as testemunhas, que assinaram a escritura da
compra, e na presença de todos os judeus que se assentavam no pátio da guarda”. E dei
ordem a Baruque, na presença deles, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos, o
Deus de Israel: Toma estas escrituras de compra, tanto a selada, como a aberta, e mete-
as num vaso de barro, para que se possam conservar muitos dias; pois assim diz o
Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Ainda se comprarão casas, e campos, e vinhas
nesta terra. E depois que dei a escritura da compra a Baruque, filho de Nerias, orei ao
Senhor, dizendo: Ah! Senhor Deus! És tu que fizeste os céus e a terra com o teu grande
poder, e com o teu braço estendido! Nada há que te seja demasiado difícil! (Jr 32.6-17).
A doutrina das Últimas Coisas – ESCATOLOGIA está fundamentada na doutrina
da Redenção. Esta por sua vez está alicerçada na doutrina do Parente Remidor, que
em hebraico é GO’EL (‫ֵל‬‫א‬ֹ‫ג‬).
QUEM É O GO’EL?
Era tanto o Parente Remidor como também o Parente Vingador (Nm 35.12-
19).
A Bíblia Vida Nova11
traz o seguinte comentário:
“Era o costume do parente próximo de um injustiçado reivindicar justiça por este:
isto era uma garantia de que sempre haveria alguém interessado em trazer o malfeitor à
punição. A lei do refúgio era a maneira de Deus preservar este costume contra o
Vingador (Go’el) injusto e cruel”.
10
BENTES, A. C. G. JESUS O GO’EL VINGADOROR. 3ªed. Lagoa Santa: Editora Klivros.com.br, 2011, p. 39-47.
11
SHEDD, Dr. Russel P. Bíblia Vida Nova. São Paulo: Edições Vida Nova, 1976, p.189.
19
O Senhor providenciou seis (06) cidades de refúgio nas quais, as pessoas
culpadas de homicídio acidental, podiam buscar proteção com segurança, protegendo-
se do Vingador do Sangue até serem julgadas (Nm 35.11,12).
“Se o Vingador do Sangue (Go’el) achar o homicida fora dos termos da cidade de
refúgio e matá-lo, não será culpado do sangue” (Nm 35.27).
A palavra GO’EL – Vingador do sangue vem do verbo “retribuir” que também
significa “redimir” no sentido de comprar algo de volta pelo preço do resgate. Jesus
tanto é o Parente Remidor como também é o Parente Vingador.
‫ָאַל‬‫ג‬�= ga’al = redimir, vingar, resgatar, livrar, cumprir o papel de resgatador.12
“Em Levítico 25.25 encontra-se pela primeira vez referência ao parente próximo
(em hebraico go’el - ‫ל‬ֵ‫ֹא‬‫ג‬) como quem podia resgatar a seu irmão ou a propriedade de
seu irmão. O goel tinha de ser o parente consangüíneo mais próximo (Rute 2.20; 3.9,
12; 4.1, 3, 6, 8). No período bíblico, também era vingador do sangue de seu irmão,
dando morte ao homicida em caso de assassínio (Números 35.12-29). Outro dever do
parente próximo era casar-se com a viúva de seu falecido irmão se este morria sem
deixar filho varão. O primeiro varãozinho desta união levirata trazia o nome do falecido
e recebia a herança do finado para que seu nome não se extinguisse em Israel
(Deuteronômio 25.5-10). A idéia fundamental do sistema do goel é a proteção do pobre
ou do desgraçado. Muitas vezes se alude ao Senhor como goel ou remidor de seu povo
(Jó 19.25; Salmo 19.14; 49.15; Isaías 41.14; Jeremias 50.34). Jesus Cristo é, sobretudo,
nosso goel ou parente próximo; ele não se envergonhou de chamar-nos ‘irmãos’, fez-se
carne e nos redimiu de todo o mal, da escravidão do pecado, da perda de nossa herança
e do aguilhão da morte”. 13
Lemos em Lucas 4.16-21 que Jesus entrou na sinagoga, na cidade de Nazaré, e
tomando o livro do profeta Isaías, leu:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me UNGIU para
EVANGELIZAR aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e
restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar O ANO
ACEITÁVEL DO SENHOR” (Is 61.1,2).
Jesus parou de ler exatamente neste ponto e afirmou: “Hoje se cumpriu a
Escritura que acabais de ouvir”.
Ele deixou de ler a última parte do versículo 2. Por quê? Porque hoje é o dia da
Graça, é o Ano Aceitável do Senhor, e Ele é o nosso Go’el, o Parente Remidor, o
Resgatador. Porém virá o “Dia da Vingança”, quando o mesmo Parente Remidor virá
como Parente Vingador para trazer juízo sobre Satanás, juízo sobre a terra.
A abertura dos selos em Apocalipse capítulo 5 é a vingança do Parente Vingador.
“Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido
mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E
12
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr., Bruce K. Waltke.
Editora Vida Nova.
13
PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995, p. 86.
20
clamaram com grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, não
julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.10).
“Porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta,
que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue
dos seus servos” (Ap 19.2).
“Pois o Senhor tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa de
Sião”.
“Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é
chegado” (Is 34.8; 63.4).
O Ano Aceitável – É o período da Graça;
Um dia para Vingança – É o período da Grande Tribulação;
Um ano para Retribuição dos meus remidos – É o período do Milênio.
GO’EL é o protetor do oprimido e libertador de seu povo.
O Dia da Vingança: “Vingança [‫ם‬ָ‫ק‬ָ‫נ‬ nāqām] em hebraico se refere à retribuição
divina (Lv 26.25; Dt 32.35,41,43; Ez 24.8; Mq 5.14,15) Por exemplo, o salmista
encorajou os justos com a esperança de que um dia serão vingados, e Deus vai reparar
as injustiças cometidas contra eles (Sl 58.10[11]. Na verdade, Ele julgará os que agiram
com vingança para o seu povo (Ez 25.12,15). Em última análise, o juízo dos inimigos
de Deus significará redenção para o seu povo (Is 34.8; 35.4; 59.17; 63.4)”.14
“Pois o dia da vingança que estava no meu coração e o ano da redenção
chegaram” (Is 63.4).15
A Bíblia Dake faz o seguinte comentário:
“O Dia da Vingança em Is 34.8; 35.4; 59.17; 61.2; Jr 51.6; 2 Ts 1.8 refer-se à
maior destruição que a terra já viu ou verá. Multidões serão destruídas no Armagedom
em um dia (Ez 38.39; Jl 2-3; Zc 14.2; 2 Ts 1.7-10; Jd 14-15; Ap 19.11-21). Isso será
necessário para que O Ano dos Meus Redimidos venha, conforme afirmado aqui - o
ano da plena restauração de Israel a Deus e de sua libertação de seus inimigos (Rm
11.25-29)”.16
O Ano dos meus Redimidos [‫י‬ַ‫ְאוּל‬‫גּ‬֖ ‫ת‬ַ‫נ‬ְ‫שׁ‬֥ ]. “Redimidos [‫י‬ַ‫ְאוּל‬‫גּ‬֖ - geulay] gā’al raiz
primitiva, redimir (conforme a lei oriental do parentesco), i.e., ser o parente mais
próximo – Go’el (e como tal, comprar de volta a propriedade de um parente, casar-se
com a sua viúva etc). Seja como for, de qualquer modo, vingador, libertador,
libertador, (fazer, realizar a parte do próximo) parente (Go’el), comprar, resgatar,
redimir, remidor, vingado”.17
“Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é
chegado” (Is 63.4).
“Para proclamar O Ano do Favor de Adonai e o dia da vingança do nosso Deus”
(Is 61.2).18
14
Bíblia de Estudo Palavras – Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p. 5359, 5360.
15
STERN, Davi. Bíblia Judaica Completa. São Paulo: Editora VIDA, 2010, p. 585.
16
Bíblia de Estudo Dake. Rio de Janeiro: CPAD, ATOS, 2009, p. 1161.
17
Bíblia de Estudo Palavras – Chave Hebraico e Grego. Op. Cit., p. 1570, 1571
18
STERN, Davi. Bíblia Judaica Completa. São Paulo: Editora VIDA, 2010, p. 583.
21
“Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor (Go’el), o Senhor dos
Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus” (Is 44.6).
“Quanto ao nosso Redentor (Go’el), o Senhor dos Exércitos é o seu nome, o
Santo de Israel”.
“Assim diz o Senhor, o teu Redentor (Go’el), o Santo de Israel: Eu sou o Senhor,
o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar” (Is
48.17).
“Então o Redentor (Go’el) virá a Tzion (Sião), àqueles em Ya’akov (Jacó) que
abandonam a rebelião, assim diz ADONAI (SENHOR)” (Is 59.20). (Bíblia Judaica
Completa – David Stern).
O Parente-Remidor tinha a função de resgatar uma propriedade familiar (Lv
25.23-28).
R. de Vaux no seu livro: “Instituições de Israel no Velho Testamento”, nos diz:
A SOLIDARIEDADE FAMILIAR. O GO’EL.19
“Os membros da família em sentido amplo devem uns aos outros ajuda e
proteção. A Prática particular desse dever é regulado por uma instituição da qual se
encontram análogas em outros povos, por exemplo, entre os árabes, mas que, em Israel,
toma uma forma particular, com um vocábulo especial. É a instituição do Go’el,
palavra procedente de uma raiz que significa “resgatar”, “reivindicar”, e mais
fundamentalmente, “proteger”.
O Go’el é um redentor, um defensor, um protetor dos interesses do indivíduo e
do grupo. Ele intervém em certo número de casos.
Se um israelita precisou se vender como escravo para pagar uma dívida, deverá
ser resgatado por um de seus parentes próximos, Lv 25.47-49.
Quando um israelita precisa vender seu patrimônio, o Go’el tem direito
preferencial na compra, pois é muito importante evitar a alienação dos bens da família.
A lei está codificada em Lv 25.25. É como Go’el que Jeremias adquire o campo de seu
primo Hanameel, Jr 32.6-17.
O costume é ilustrado também na história de Rute, mesmo que aí a compra se
complique por um caso de levirato. Noemi tem uma posse que a pobreza a obriga a
vender; sua nora Rute é viúva e sem filhos. Boaz é um Go’el de Noemi e de Rute, Rt
2.20; mas há um parente mais próximo que pode exercer o direito de Go’el antes de
Boaz, Rt 3.12; 4.4. Esse primeiro Go’el estaria disposto a comprar a terra, mas não
aceita a dupla obrigação de comprar a terra e casar com Rute, pois o filho que nascesse
dessa união levaria o nome do defunto e herdaria a terra, Rt 4.4-6. Boaz adquire então a
posse da família e se casa com Rute, Rt 4.9,10.
O relato mostra que o direito do Go’el era exercido segundo certa ordem de
parentesco; esta é detalhada em Lv 25.49: primeiro o tio paterno, depois o filho deste,
finalmente outros parentes. Além disso, o Go’el pode ser por isto censurado, renunciar
a seu direito ou fugir de seu dever: o ato de descalçar-se, Rt 4.7,8, significa o abandono
de um direito, como o gesto análogo na lei do levirato, Dt 25.9. Contudo, nesse último
caso, o procedimento tem um caráter infamante. A comparação dessa lei com a história
19
VAUX, R. Instituições de Israel no Velho Testamento. São Paulo: Editora Teológica, 2002, p. 43,44.
22
de Rute parece indicar que a obrigação do levirato era assumida, no início, pelo clã,
assim como o resgate do patrimônio, e que foi mais tarde restrito ao cunhado.
Uma das obrigações mais graves do Go’el era a vingança de sangue, estudada
com a organização tribal por causa de sua relação com os costumes do deserto.
O termo GO’EL passou à linguagem religiosa. Assim, Iavé, vingador dos
oprimidos e Salvador de seu povo, é chamado GO’EL em Jó 19.25; Sl 19.15; 78.35; Jr
50.34, etc., e freqüentemente na segunda parte de Isaías: 41.14; 43.14; 44.6,24; 49.7;
59.20, etc.”
O Redentor de Israel (Goel) 20
“Resgate”
Is 44.6: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor (Go’el), o Senhor dos
Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus”.
Textos mais antigos descrevem a libertação do Egito como “fazer subir” ou
“fazer sair” ou “salvar” (Êx 3.8,10; Am 9.7 e outras); os mais recentes interpretam-na
como “livrar, remir” (ga’al: Êx 6.6; Sl 74.2; 77.15 e outras). Em retrospectiva, a
vinculação à escravidão parece ao povo ter sido tão forte, “que ele próprio não poderia
ter se libertado”.
O “resgate” um costume jurídico sumamente significativo para o AT, que
também foi regulamentado em lei (Lv 25.24ss.). Um israelita tem o direito e também o
dever de socorrer um membro da família que se encontra em necessidade: se devido sua
situação econômica precária alguém obrigado a alienar sua casa e propriedade, seu
parente mais próximo — este então o “resgatador” — tem a prioridade de compra (Jr
32.7) e, com isso, a incumbência de manter a terra nas mãos da família. Pois
propriedade de terra herdada, por ser meio de sobrevivência, não deve ser alienada (cf.
1 Rs 21). Mas se um israelita livre estiver tão empobrecido que precisa vender-se como
escravo (a um estranho), então um parente seu tem a obrigação de comprá-lo de volta.
O “resgate”, i. e., a re-aquisição, pressupõe, portanto, vínculos familiais. O livrinho de
Rute (2.20ss.) e a compra do campo em Anatote por parte de Jeremias (Jr 32.6ss.)
atestam que o costume do resgate era realmente praticado.
Sempre “o patrimônio de um clã, em forma de terra e pessoas, deve ser
preservado intacto” (J. J. Stamm, Pág. 28). Caso um membro da família tenha sido
assassinado, o parente recebe a incumbência de “resgatar” ou “vingar” a morte. Quem
se tornou assassino acidentalmente pode encontrar asilo nas cidades de refúgio (Nm
35.10ss.; cf. Êx 21.13; Dt 19.4ss.; 2 Sm 3.27).
Se um membro da família morre sem deixar filhos, seu irmão é obrigado a casar-
se com a viúva O primogênito é considerado herdeiro do falecido (é o chamado dever
do levirato ou do cunhado: Dt 25.5ss.; Gn 38.8; Rt 4.5,10).
Por outro lado, padah (que também significa resgate) não pressupõe
necessariamente relações de parentesco e parece ser de cunho menos rigoroso: “libertar,
20
SCHMIDT, Werner H. A Fé no Antigo Testamento. São Leopoldo, RS: Sinodal, 2004, Pág. 75-77.
23
resgatar” de escravidão (Ex 21.7-11; Lv 19.20; Jó 6.23), “resgatar” o primogênito
pertencente a Deus por meio de uma indenização (Êx 34.19s.; 13.11s.; Lv 27.26ss.; cf.
1 Sm 14.45 e outras).
Como um parente intervém em favor de um necessitado de ajuda, assim Deus
“resgata ou livra” o ser humano da aflição, seja ela inimizade ou doença (Gn 48.16; 2
Sm 4.9; 1 Rs 1.29; Jr 15.21 e outras). Cada indivíduo pode pedir para ser libertado da
dificuldade (Sl 26.11; 69.19; 119.154), bem como agradecer por um salvamento
experimentado: ‘Tu me remiste/resgataste, Deus fiel” (31.5; 107.1s.; Lm 3.58). Quem
não tiver resgatador por causa de sua situação social, encontra-lo-á no próprio Deus.
Este assume a incumbência do parente mais próximo:
Não removas os marcos da “viúva”, nem entres nos campos dos órfãos
Porque seu Redentor (Go’el - ‫ל‬ֵ‫א‬ֹ‫ג‬) é forte, e lhes pleiteará a causa contra ti!
(Pv 23.10,11; cf. 22.23; Jr 50.34).
Por Deus proteger os socialmente fracos e ter libertado Israel, a fé tem
conseqüências Éticas (Dt 24. 17s; 15. 12ss).
A libertação de Deus se refere tanto ao indivíduo quanto ao povo todo. No exílio,
o profeta Dêutero-Isaías dirige a palavra aos desterrados como se estes fossem um
indivíduo, anunciando-lhes a salvação iminente e inclusive já presente: “Não temas,
porque eu te remi!” (Is 43.1). Os que saem do cativeiro babilônico devem confessar:
“Javé remiu/resgatou seu servo Jacó” (48.20; cf. 52.9); mais ainda: “Redentor” torna-se
um cognome fixo de Deus (44.6,24; cf. 63.16; também 1.27 e outras).
Um acréscimo ao Salmo 130 insere a seguinte lamentação de um individuo no
culto da comunidade:
“Espere Israel em Javé, pois em Javé há misericórdia, nele, copiosa redenção.
Por isso ele redimirá/resgatará Israel de todas as suas iniqüidades” (Sl 130.7s.; cf.
25.22; 34.23).
Enquanto que aqui redenção significa - uma única vez no AT – perdão de
pecados, por fim ela significa salvamento da morte (Sl 103.4) ou na morte (49.16;
73.24; cf. Jó 19.25). Com isso, a fé na “redenção” de Deus transcende o âmbito da
história e da experiência humana.
Jesus é o nosso Go’el, Ele já pagou o resgate com o seu sangue. Ele pagou o
resgate da terra e irá casar-se com sua Igreja. Ele também é o Resgatador de Israel.
“E ELE REDIMIRÁ ISRAEL DE TODOS OS SEUS PECADOS” 21
GEULÁ
21
ROTMAN, Flávio. REDENÇÃO - OS JUDEUS SÃO UM POVO, UMA NAÇÃO. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: Editora
Leitura, 2008, p. 215.
24
Dizem nossos sábios que a Geulá (Redenção) virá justamente numa geração
baixa e inferior. Pergunta-se, portanto: Como pecadores imperfeitos poderão receber a
Luz da Geulá? Há duas respostas:
a) quando Mashiac (Messias) chegar, incentivará todos para que façam teshuvá,
ou seja, para que retornem a Deus de todo o coração. Obviamente todos estarão no
nível de baalê teshuvá (penitentes), que é um grau mais elevado que o dos tsadikim
(justos);
b) “E Ele redimirá Israel de todos os seus pecados”.
Stanley M. Horton nos diz: 22
A Bíblia emprega a metáfora do resgate ou da redenção para descrever a obra
salvífica de Cristo. O tema aparece muito mais freqüentemente no Antigo Testamento
que no Novo. O tema aparece muitas vezes no Antigo Testamento, referindo-se aos
ritos da “redenção”! No tocante às pessoas ou bens (cf. Lv 25; Rt 3 e 4, que empregam
a palavra hebraica ga’al). O “Parente redentor” funciona como um go’el. O próprio
YAHWEH é o Redentor (heb. Go’el) do seu povo (Is 41.14; 43.140, e eles são os
redimidos (heb. ge’ulim, Is 35.9; 62.12). O Senhor tomou medidas para redimir (heb.
padhah) os primogênitos (Êx 13.13-15). Ele redimiu Israel do Egito (Êx 6.6; Dt 7.8;
13.5) e também os remirá do exílio (Jr 31.11). Às vezes Deus redime um indivíduo (Sl
49.15; 71.23); ou um indivíduo ora, pedindo a redenção divina (Sl 26.11; 69.18). Mas a
obra divina na redenção é primariamente moral no seu escopo. Em alguns textos
bíblicos, a redenção claramente diz respeito aos assuntos morais. Salmos 103.8 diz:
“Ele remirá a Israel de todas as suas iniqüidades”. Isaías diz que somente os “remidos”,
os “resgatados”, andarão pelo chamado “O Caminho Santo” (Is 35.8-10). Diz ainda que
a “filha de Sião” será chamada “povo santo, os remidos do Senhor” (Is 62.11,12).
No Novo Testamento, Jesus é tanto o “Resgatador” quanto o “Resgate”; os
pecadores perdidos são os “resgatados”. Ele declara que veio “para dar a sua vida em
resgate (gr. Lutron - λύτρον) de muitos” (Mt 20.28; Mc 10.45). Era um “livramento
[gr. Apolutrōsis - ἀπολύτρωσις] efetivado mediante a morte de Cristo, que libertou da
ira retribuitiva de Deus e da penalidade merecida do pecado”. Paulo liga a nossa
justificação e o perdão dos pecados à redenção que há em Cristo (Rm 3.24; Cl 1.14,
apolutrosis nestes dois textos). Diz que Cristo “para nós foi feito por Deus sabedoria, e
justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30). Diz também que Cristo “se deu a si
mesmo em preço de redenção [gr. Antilutron - ἀντίλυτρον] por todos (1Tm 2.6). O
Novo Testamento demonstra claramente que Ele proporcionou a redenção mediante o
seu sangue (Ef 1.7; Hb 9.12; 1Pe 1.18,19; Ap 5.9), pois era impossível que o sangue
dos touros e dos bodes tirasse os pecados (Hb 10.4). Cristo nos comprou (1 Co 6.20;
7.23, gr. Agorazō - ἀγοράζω) de volta para Deus, e o preço foi o seu sangue (Ap 5.9).
Basta um estudo simples nas Escrituras, da linguagem usada para descrever nossa
redenção, para que não fique qualquer dúvida de que o crente, à semelhança de um
escravo exposto à venda na praça, foi comprado por preço, e que, agora, passa a
pertencer totalmente ao seu novo senhor. O antigo patrão não tem mais qualquer direito
sobre ele, como rezava a legislação romana da época. Assim, Paulo diz que fomos
22
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.356,357.
25
comprados por preço (1 Co 6.20; 7.23; Agorazō - ἀγοράζω, comprar, redimir, pagar
um resgate — termo usado para o ato de comprar um escravo na praça, ou pagar seu
resgate para libertá-lo), e que sendo agora livres, não devemos nos deixar outra vez
escravizar (1 Co 7.23). Fomos resgatados (lutróō - λυτρόω) pelo precioso sangue de
Cristo (1 Pe 1.18; cf. Ap 5.9).23
REDENÇÃO
‫ָה‬‫לּ‬ֻ‫א‬ְ‫גּ‬ - Ge’ullâ
“O cristianismo não é um circulo, com um só centro, mas, sim, uma elipse, que
tem dois focos – as doutrinas da Redenção e do Reino de Deus” (Albrecht Ritschl).
A redenção consiste do processo de RESTAURAR, ao proprietário original, algo
que ele perdeu ou vendeu. Apokatástasis.
Em o Novo Testamento, a forma nominal da palavra grega “apokathistemi”
(restaurar) é usada apenas uma vez em Atos 3.21 (ἀποκατάστασις -Apokatástasis). A
palavra significa literalmente estabelecer algo novo em sua ordem original. Esta palavra
era usada no mundo secular grego para indicar a volta do legítimo proprietário à posse
de sua casa ou fazenda.
Quando a alma é redimida, é então restaurada a Deus.
O corpo será redimido: “... aguardando a adoção de filhos, a REDENÇÃO do
nosso corpo” (Rm 8.23).
A terra será redimida: “... até ao RESGATE da sua propriedade...” (Ef 1.14).
Toda a redenção envolve purificação. A Bíblia reconhece apenas dois agentes
purificadores: um é o sangue, e o outro é o fogo.
Os pecadores arrependidos podem ser redimidos pelo sangue de Cristo, mas a
terra terá que ser redimida pelo fogo: “Mas quem pode suportar o Dia da sua Vinda? E
quem pode subsistir quando Ele aparecer? Porque Ele é como fogo do ourives e como a
potassa (sabão) dos lavandeiros” (Ml 3.2).
“Pois eis que vem o Dia, e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que
cometem perversidade serão como o restolho; o Dia que vem os abrasará diz o Senhor
dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo” (Ml 4.1).
“Ora, os céus que agora existem, e a terra, pela mesma palavra têm sido
entesourados para o FOGO, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos
homens ímpios”.
“Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande
estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há,
serão descobertas24
(2 Pe 3.7,10)”.
23
LOPES, Augustus Nicodemus. Batalha Espiritual.
24
O Dia Senhor [Restrito] trará o fogo do julgamento e a convulsão cataclísmica de toda a criação, mas emergirão do
crisol ‘novos céus e a nova terra, nos quais habita justiça’ (v. 13), e lá presumivelmente ‘a terra e as obras que nela existem
serão encontradas’ [eu(reqh/setai - Heurethēsetai], agora purificadas da imundície e da perversão do pecado”.
Heurethēsomai (eu(reqh/somai) pode ser traduzido como ‘achados’ ou ‘encontrados’.
26
“O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com
sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a Terça parte da terra, e das
árvores e também toda erva verde” (Ap 8.7).
Os acontecimentos narrados no livro de Apocalipse do capítulo 6 ao 19 é o juízo
de fogo sobre a terra e a expulsão de Satanás do céu e da terra (Ap 12.7-9; 20.1-3,7-10).
“E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe permitido que
abrasasse os homens com fogo. E os homens foram abrasados com grande calor” (Ap
16.8,9).
“E será a luz da lua como a luz do sol, e a luz do sol sete (7) vezes maior, como a
luz de sete dias, no dia em o Senhor atar a ferida do seu povo (Israel), e curar a chaga
do golpe que ele deu” (Is 30.26).
Quão terrível é o Dia do Senhor!
‫ָה‬‫ו‬‫ְה‬‫י‬ ‫ֹום‬‫י‬ְ‫ו‬ֹ‫נ‬‫א‬ ָ‫ור‬
27
4
O LIVRO DE RUTE E A DOUTRINA DO GO’EL
Versículos de Rute que contêm o particípio Go’el.
Cap. Vers. Texto
Rt 2 20 Esse homem é parente nosso, um dos nossos remidores…
Rt 3 9
12
…eu sou remidor, porém há ainda outro mais chegado do que eu…
…eu sou remidor, porém há ainda outro mais chegado do que eu…
Rt 4 1
3
6
8
14
…eis que o remidor de quem falara ia passando…
…Disse Boaz ao remidor…
Então disse o remidor...
Dizendo, pois, o remidor a Boaz...
…não te deixou hoje sem remidor…
Considerações Preliminares
Historicamente, o livro de Rute descreve eventos na vida de uma família israelita
durante o tempo dos Juízes (1.1; cerca de 1375 a 1050 a.C.). Geograficamente, o
contexto é a terra de Moabe, a leste do mar Morto. O restante do livro transcorre em
Belém de Judá e sua vizinhança. Liturgicamente, o livro de Rute é um dos cinco rolos
da terceira divisão da Bíblia Hebraica, conhecida como Os Hagiógrafos (literalmente
"Escritos Sagrados"). Cada um desses rolos era lido publicamente numa das festas
judaicas anuais. Visto que a comovente história de Rute ocorreu na estação da colheita,
era costume ler este livro na Festa da Colheita (Pentecoste).
Considerando que a lista dos descendentes de Rute não vai além do rei Davi (Rt
4.21,22), o livro foi provavelmente escrito durante o reinado de Davi. Desconhece-se o
autor humano do livro, mas a tradição judaica (e.g., o Talmude) atribui essa autoria a
Samuel.
Propósito
O livro de Rute foi escrito a fim de mostrar como, através do amor altruísta e do
devido cumprimento da lei de Deus, uma jovem mulher moabita, virtuosa e consagrada,
veio a ser a bisavó do rei Davi de Israel. O livro também foi escrito para perpetuar uma
história admirável dos tempos dos juízes a respeito de uma família piedosa cuja
fidelidade na adversidade contrasta fortemente com o generalizado declínio espiritual e
moral em Israel, naqueles tempos.
Visão Panorâmica
Esta história do amor que redime inicia quando Elimeleque parte de Judá e passa
a residir com sua família em Moabe por causa de uma fome (Rt 1.1,2). O sofrimento
continuou a flagelar Elimeleque, pois ele e seus dois filhos morreram em Moabe (Rt
28
1.3-5), o que resultou em três viúvas. Quatro episódios principais vêm a seguir. (1)
Noemi (viúva de Elimeleque) e sua devota nora moabita, Rute, voltaram a Belém de
Judá (Rt 1.6-22). (2) Na providência divina, Rute veio a conhecer Boaz, um parente
rico de Elimeleque (capítulo 2). (3) Seguindo as instruções de Noemi, Rute deu a
entender a Boaz o seu interesse na possibilidade de um casamento segundo a lei do
parente-remidor (capítulo 3). (4) Boaz, como parente-remidor, comprou as
propriedades de Noemi e casou-se com Rute, e tiveram um filho chamado Obede - avô
de Davi (capítulo 4). Embora o livro comece com tremendos reveses, termina com um
final sobremodo feliz - para Noemi, para Rute, para Boaz e para Israel.
Já conhecíamos algumas revelações extraídas das Escrituras deste pequeno livro.
No entanto, examinando com cuidado estas Escrituras pudemos compreender mais
alguns de seus significados, chegando à conclusão de quão detalhado é este livro no
tocante à Palavra Profética constante nas Escrituras Sagradas.
Boaz e Rute
Em suma, nos são apresentados três personagens principais: Noemi é a israelita;
Rute, sua nora, a moabita (gentia); e Boaz, o redentor de ambas, israelita, homem
valente e poderoso (Rt 2.1).
Rute, mesmo sendo moabita, decidiu seguir o Senhor, o Deus de Noemi:
“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque,
aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares a noite, ali pousarei eu; o
teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;” (Rute 1.16).
Irmãos, as Escrituras nos relatam que Deus possui dois povos na Terra e a família
real que governará no Milênio e Eternidade: A igreja fiel que será arrebatada é a família
real, ou seja, a Noiva do Senhor; um dos súditos, povo da terra, é o remanescente fiel
de Israel, composto pelos judeus que resistirão ao Anticristo, se converterão a Jesus e
triunfarão junto com o Senhor sobre o Anticristo, aniquilando-o na batalha do
Armagedom. O outro povo da Terra são os Gentios do Milênio que não se rebelarão
contra o Cordeiro na batalha Gogue e Magogue, serão súditos do Rei Jesus e da Igreja,
e herdarão a Nova Terra.
29
Veremos que cada um dos personagens no Livro de Rute identifica
perfeitamente as pessoas envolvidas no plano de salvação de Deus conforme previsto
em sua Palavra Profética.
Assim sendo, serão elencadas 16 comparações extraídas das Escrituras contidas
no Livro de Rute. Assim poderemos constatar que o Livro de Rute relata
detalhadamente o Plano de Salvação do Senhor para sua igreja fiel e depois para o
remanescente de Israel.
Por meio destas 16 comparações poderemos constatar que:
a) a israelita Noemi representa o remanescente de Israel (observe que Noemi
inclusive perdeu esposo e dois filhos - Rt 1:5 -, logo pode perfeitamente representar
esse remanescente);
b) a moabita Rute, gentia, representa a Noiva de Jesus, formada pelos cristãos
fiéis de todas as nações; e
c) Boaz, o redentor [Go’el] de Noemi e Rute, representa o próprio Jesus, redentor
da igreja fiel e do remanescente de Israel.
Eis a seguir, portanto, a impressionante sintonia dos fatos relatados no Livro de
Rute com a Palavra Profética para os tempos finais a partir do exame das Escrituras
Sagradas:
1º) Como já demonstramos, em Rt 1.16, Rute decide seguir o Deus de Noemi, ou
seja, o Deus de Israel. Da mesma forma, Deus se revelou primeiro a Israel (Noemi), e
depois à igreja fiel (Rute).
2º) Quanto a Boaz, é dito que era parente de Noemi, homem valente e poderoso
(Rt 2.1), ou seja, pertencia ao povo Israel, assim como Jesus, que nasceu judeu (Mt
1.1), e se encontra acima de todo poder e principado (Ef 1.20-23).
3º) Também é dito que Boaz veio de Belém (Rt 2.4), assim como Jesus de lá veio
(Mt 2.1).
4º) A saudação de Boaz aos segadores de espigas: “O Senhor seja convosco” (Rt
2.4) se assemelha em muito à saudação do Senhor Jesus aos apóstolos (segadores de
almas): “Paz seja convosco” (Jo 20.19).
5º) Rute é chamada para colher espigas no campo de Boaz (Rt 2.3). Da mesma
forma a igreja fiel é chamada por Jesus para trabalhar na sua seara (campo) (Mt 9.37-
38).
6º) Boaz alerta Rute para que não vá para outro campo, mas permaneça no seu
campo (Rt 2.8). Jesus alerta sua igreja fiel para que não vá após os ladrões e
30
salteadores, mas entre pela Porta ao aprisco do Senhor onde achará pastagens (Jo 10.7-
12).
7º) Rute se prostrou diante de Boaz, por ter achado graça aos seus olhos (Rt
2.10). A igreja fiel de Jesus, de contínuo, se prostra diante do Senhor Jesus (Mt 17:14-
15; Lc 7:36-47, etc.)
8º) Boaz diz à Rute que o Senhor a galardoará porque ela veio se abrigar sob as
asas do Senhor (Rt 2.12). Jesus galardoará sua igreja fiel, porque esta veio a servir ao
Senhor (Cl 3.24).
9º) Boaz convida Rute para participar do pão e do vinho junto com os segadores
(Rt 2.14). O Senhor Jesus convida sua igreja fiel a participar do pão e do vinho do
Senhor, até que Ele venha (1 Co 11.23-26).
Acompanhemos as próximas comparações e teremos diante de nós a
impressionante sequência dos acontecimentos dos tempos do fim em plena sintonia
com o restante da Palavra Profética contida na Bíblia:
10º) Acabada a sega, Rute se prepara para encontrar com Boaz seu remidor (Rt
3.2-3). Ao fim do tempo da graça, ao final da colheita, a igreja fiel se prepara para
encontrar com Jesus, seu redentor (2 Co 11.2; Mt 25.4-6; etc).
11º) Após a sega, Boaz padejou a cevada na eira, ou seja, separou os frutos bons
dos maus (Rt 3.2). No fim dos tempos, Jesus, em só um momento, separará a igreja fiel
da infiel, as virgens prudentes das virgens insensatas (Mt 25.8-10).
12º) Rute vai, de mansinho, ao encontro de Boaz e, à meia-noite, este constata
que Rute está aos seus pés (Rt 3.7-8). A igreja fiel, de modo imperceptível, será
arrebatada e irá ao encontro de Jesus Cristo, à meia-noite (Mt 25.6).
13º) Boaz lembra à Rute que há Outro Remidor mais chegado do que ele (Rt
3.12), o qual teria que abrir mão de seu direito de remissão para que Boaz redimisse
Rute e Noemi. Este Outro Remidor diz para Boaz que não poderá redimir Rute, haja
vista que já tem sua própria herança em Israel (Rt 4.6). Ora, este Outro Remidor
representa o próprio Pai Celestial, Remidor mais chegado, mas que já tinha sua própria
herança, Jerusalém, a quem desposou desde o princípio conforme Ezequiel 16.8-9, 60-
62, logo não poderia ser esposo de outra. Rute será redimida então por Boaz, assim
como a igreja arrebatada será redimida por Jesus, seu Esposo por direito, afinal os
próprios Pai e Filho se apresentam como exemplo na questão de fidelidade no
matrimônio, cada um com sua esposa: o Deus Pai Todo-poderoso é o Esposo de
Jerusalém (Ez 16.8-9, 60-62); seu Filho Jesus é o Esposo da igreja fiel a ser arrebatada
(Ap 19.7-9, 22.17,20).
14º) O direito que era do Outro Remidor foi então passado à Boaz (Rt 4.8-9). O
Pai Celestial também passou a Jesus todo o Poder no Céu e na Terra (Mt 28.18).
31
15º) Boaz recebe Rute e a tem por sua esposa (Rt 4.13) e, em seguida, redime a
Noemi (Rt 4.14). Jesus receberá sua igreja fiel como sua Esposa arrebatada e a
conduzirá às Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9) e, em seguida, redimirá o remanescente de
Israel (Ap 19.11-21, Zc 14.1-14, etc).
16º) Observamos que Boaz ocupa o lugar do filho de Noemi, ao casar-se com
Rute, o que confere perfeitamente com o descrito em Apocalipse 12:1-2,5, em que uma
mulher, que representa Israel, gerou um Filho que foi arrebatado para Deus e seu trono.
Assim, na Palavra Profética de Ap 12, Jesus é identificado como filho de Israel, tal qual
Boaz ocupa o lugar de filho de Noemi.
Amados, o livro de Rute se encaixa perfeitamente na Palavra Profética contida
nas Escrituras Sagradas. É uma impressionante confirmação da sequência dos
acontecimentos no Plano de Deus para os últimos dias.
Desta forma, não restam dúvidas: a) O tempo da graça termina ao tempo do
arrebatamento da Noiva do Senhor; b) o arrebatamento ocorre antes da Grande
Tribulação; e c) Israel é restaurado ao final da Grande Tribulação.
Um momento específico no Livro de Rute me chamou muito a atenção: Rute se
dirigiu a Boaz, o qual constatou que ela se encontrava aos seus pés, à meia-noite. Ora,
Rute representa a igreja fiel que será arrebatada a encontrar nos ares com o Senhor,
também à meia noite.
Em outra ocasião, estudamos o Salmo 90.4, segundo o qual 1000 anos são para o
Senhor como uma vigília da noite. Ora, sabemos que, nos tempos bíblicos, a primeira
vigília ocorria de 18h às 21h; a segunda, de 21h à meia-noite; a terceira, de meia-noite
às 03h; e a quarta vigília de 03h às 06h da manhã. Ora, se, de acordo com o Salmo
90:4, para o Senhor, 1000 anos são como uma vigília, então, certamente, a primeira
vigília corresponde ao primeiro milênio; a segunda, ao segundo milênio; e assim por
diante. E a meia-noite é exatamente entre a segunda e a terceira vigília, ou seja, entre o
segundo e o terceiro milênio.
Repare que o Senhor Jesus já adotava esta fórmula bíblica para nos revelar a
época de sua vinda na parábola do “servo vigilante”:
“Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar
vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando-
se, os servirá.
E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-
aventurados são os tais servos”. Lucas 12.37-38
Ora, ao mencionar que poderia voltar na segunda ou terceira vigília, o Senhor, de
acordo com o Salmo 90.4, nos revelava que sua vinda poderia se dar no segundo ou
terceiro milênio.
32
Mas, o amor do Noivo pela sua igreja fiel não tem medida. Na verdade, Ele não
pôde guardar o segredo e acabou nos revelando, através da parábola das “dez virgens”,
a época de sua vinda:
“Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro.”
Mateus 25.6
Desta forma, as Escrituras afirmam que sua vinda para arrebatar sua Noiva será à
meia-noite dos tempos finais, entre a segunda e a terceira vigília, ou seja, entre o
segundo e o terceiro milênio. Esta importantíssima revelação da Palavra Profética
confere exatamente com o Livro de Rute, pois Rute se dirige a Boaz (a igreja sobe ao
encontro de Jesus) e, à meia-noite, Boaz percebe que Rute está a seus pés (Jesus
contempla a chegada de sua Noiva à Sua Gloriosa Presença).
Ora, à meia-noite já terão passadas exatamente duas vigílias, ou seja, já terão
passados 2000 anos. Assim, se este período for contado a partir, por exemplo, dos doze
anos de Jesus - quando Ele efetivamente começou a tratar das coisas do Pai, quando
ensinava no templo aos doutores, conforme consta em Lc 2.42-52 – então podemos
concluir que estamos vivendo a iminência da vinda do Rei dos reis para nos arrebatar
deste mundo. De qualquer forma, não sabemos o dia nem a hora e, independentemente
do episódio a partir do qual se inicia a contagem dos 2000 anos, o mais importante é
sabermos que as Escrituras do Livro de Rute nos revelam, do mesmo modo que o
restante da Palavra Profética, que o Senhor Jesus está efetivamente às portas.
E principalmente, sendo Rute figura representativa da igreja fiel, sua atitude em
relação ao encontro com Boaz deve ser imitada pela igreja fiel em relação ao encontro
com Jesus Cristo, via arrebatamento. Compreendamos, pois, os três passos dados por
Rute para se preparar para o encontro com seu futuro esposo, em atenção aos conselhos
de sua sogra, interpretando-os, à luz das Escrituras Sagradas, para neles se espelhar a
igreja do Senhor:
“Lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos” Rute 3.3a
“Lava-te”, isto é, livra-te de todo pecado (1 Jo 1.7); “unge-te”, isto é, santifica-te
para o exercício do seu ministério (Ex 40.12-15); e “veste os teus vestidos”, isto é,
pratique a justiça pela obediência ao Senhor (Ap 19.8; Mt 7.21; 1 Jo 2.15-17).
Amados, cada vez que abrimos a Bíblia nos maravilhamos com a solidez e a
plena credibilidade da Palavra de Deus. Se não bastassem as Escrituras tratarem tão
clara e objetivamente do arrebatamento da igreja fiel, o Senhor, grande em
misericórdia, e infinito em sabedoria, nos apresenta todo o seu maravilhoso plano nas
entrelinhas do Livro de Rute. Assim sendo, confirmando as demais Escrituras, o Livro
de Rute nos revela, em suma, que o arrebatamento é iminente, às portas, ocorre antes da
Grande Tribulação, precedendo, portanto, a própria restauração do remanescente de
Israel.
33
5
O CHESED DE RUTH 25
Julius Schnorr Von Carolsfeld: Ruth no campo de Boaz, 1828. O Livros de Rute conta a
história de Ruth e sua mãe-de-lei Naomi. Após a morte de seu marido se movem tanto à terra natal de
Naomi onde ela se redimiu da pobreza e da viuvez através de Ruth por seu goel, Boaz.26
A graça sobre Ruth
O Livro de Ruth (‫רוּת‬ ‫ּת‬ַ‫ל‬ִ‫ג‬ְ‫מ‬) conta uma história maravilhosa do amor Redentor e
de devoção (ou seja, de chesed-Graça ‫ֶד‬‫ס‬ֶ‫ח‬)27
, que remonta ao período difícil da história
judaica, conhecido como o “tempo dos juízes” (c. Século 12º a.C.).
A história é tradicionalmente lida durante a Festa de Shavuot (Pentecostes) nas
Sinagogas em todo mundo, tanto porque os eventos relatam o período durante o tempo
da colheita do primeiro semestre (ligando-o ao aspecto agrícola da Festa), e Ruth, ela
mesma, é uma imagem da aceitação de bom grado de um estilo de vida judaica
(vinculando para o aspecto religioso da Festa).
Assim como Israel aceitou voluntariamente a Torá no Sinai sem saber seu
conteúdo (kol asher diber Adonay na’aseh v’nishmah)28
, portanto, Ruth desistiu de tudo
que sabia para aceitar a Torá dada por D-us.29
Como o povo de Israel, Ruth acreditou
primeiro para depois compreender, e não ao contrário…
Enquanto a narrativa da história é simples, para compreender inteiramente suas
implicações “espirituais” precisamos estar familiarizado com as várias leis da Torá,
25
http://www.yeshuachai.org/forums/topic/ ‫החסד‬-‫אודות‬-‫רות‬ -a-graca-sobre-ruth-pentecostes.
26
http://en.wikipedia.org/wiki/Goel.
27
Hesed [chesed]. Não se pode traduzir nitidamente a palavra hesed. A tradução comum das versões em português é
misericórdia, bondade, benignidade, mas estas palavras todas são inadequadas para dar o pleno sentido do termo. A
palavra relaciona-se intimamente com o fator de Deus nas suas atividades providenciais na história de Israel. A Palavra
significa o amor firme, persistente, imutável, no cumprimento das promessas do seu concerto com Israel, mesmo quando o
povo falhava e se mostrava indigno. A palavra sempre acentua a fidelidade de Deus para com o seu concerto com Israel.
Os hasidim são os piedosos, os fiéis, os santos que responderam com confiança ao amor fiel do Senhor. O hesed divino
sempre buscava a comunhão espiritual com Israel para criar nele o amor fiel a Deus. Assim se vê que é quase o
equivalente da graça divina.
27
C. H. Dodd, The Bible Today, p. 14.
28
kol asher diber Adonay na’aseh v’nishmah = Tudo o que Deus tem falado, faremos e vamos ouvir.
29
D-us, ou D’us, é uma das formas utilizadas por alguns judeus de língua portuguesa para se referirem a Deus sem citar
seu nome completo, em respeito ao terceiro mandamento recebido por Moisés pelo qual Deus teria ordenado que seu nome
não fosse falado em vão.
34
incluindo as ‘leis da redenção/remisão’ (Levítico 25.32-55), as leis de Shemitá (ano
sabático) e Yovel (Jubileu) (Levítico 25.4,10,23), as leis de herança de família
(Números 27.8-11), as leis de Yibum (casamento levirato) (Deuteronômio 25.5-10), e
várias leis de agricultura relativo à deixar comida para os pobres e necessitados (Peah e
Leket) (Levítico 19.9-10; 23.22; Deuteronômio 24.19).
Além disso, precisamos compreender as ‘leis de guerra’ para a tomada de posse
da terra, e D-us declarou repetidamente o mandamento que Israel deve ser Santo
(separado) e não assimilar com culturas alheias, dos gentios (Êxodo 34.12;
Deuteronômio 7.1-6; 14:2, Efésios 2.11 e etc.).
Durante os ‘dias dos juízes’, em Belém de Judá – Beit Lechem (‫ּית‬ֵ‫ב‬ ‫ֶם‬‫ח‬ֶ‫ל‬,
literalmente: “casa de pão”), na região denominada Efratah (‫ָה‬‫ת‬ ָ‫ְר‬‫פ‬ֶ‫א‬, literalmente:
fecundidade/frutífero), viveu um homem chamado Elimelech (�ֶ‫ל‬ֶ‫מ‬‫ִי‬‫ל‬ֱ‫)א‬ e sua esposa
Naomi [Noemi] (‫י‬ִ‫מ‬ֳ‫ע‬ָ‫נ‬) com seus dois filhos, Machlon (Malom) e Chilyon (Quiliom).
Aparentemente os nomes de seus filhos refletem as dificuldades do tempo: Machlon
vem de um verbo hebraico (‫ָה‬‫ל‬ָ‫)מ‬ que significa ‘ficar doente’, Considerando que
Chilyon vem de um verbo hebraico (‫ָה‬‫ל‬ָ‫כ‬) que significa ‘ser frágil’.
De qualquer forma, por causa da fome em curso na terra, Elimelech decidiu
arrendar sua terra e mudar com sua família para a terra de Moabe, onde morreu pouco
tempo depois, fazendo de Naomi uma viúva. Seus filhos mais tarde se casaram com
mulheres Moabitas: Chilyon casou-se com uma mulher chamada Orfa, Considerando
que Machlon casou-se com a heroína da nossa história, uma jovem mulher chamada
Ruth (‫רוּת‬) (Ruth significa amiga, companheira). Tragicamente, ambos filhos de Naomi
morreram sem filhos, deixando-lhe assim não apenas viúvas, mas também desprovidas
de filhos e necessitadas. Por esta série de tragédias, Naomi decidiu retornar à terra de
Judá, onde ela tinha ouvido que a fome tinha cessado. Inicialmente ambas das suas
noras arrumaram para ir com ela no caminho de volta para a terra de Judá, apesar de ela
ter convencido a nora Orfah para retornar de volta para sua casa. Ruth, por outro lado,
agarrou-se à sua sogra e se recusou a deixá-la. Depois de testar várias vezes seus
motivos, Ruth eventualmente disse a Naomi: ‘não me peça para deixá-la ou para
retornar… Teu povo será meu povo e seu D-us meu D-us… ’ (Ruth 1.16-17), esta foi a
confissão chave da fé de Ruth. Apesar dos avisos de Naomi que; ‘Ruth seria
considerada como uma pária e não quista em Israel (Deuteronômio 23.3), que
provavelmente iria permanecer como uma perpétua viúva’, Ruth se recusou a ser
dissuadida. Ao contrário de sua cunhada Orfa, Ruth chamou-se profundamente para a
verdade da Torá, que ela viu em sua sogra, e, portanto, ela voluntariamente optou por
deixar tudo para trás por causa de se tornar uma convertida ao verdadeiro D-us. Uma
vez que Naomi entendeu a vontade sincera de Ruth, ela aceitou a decisão de Ruth e as
duas mulheres chegaram a Belém no início da Primavera em Israel, durante o tempo da
cevada colheita em Judá.
Para sobreviver, Naomi enviou Ruth nos campos para colher colheitas,
explicando-lhe as leis na Torá da Leket e Peah (Levítico 19.9-10; 23.22; Deuteronômio
24.19).
35
Naomi pedindo Ruth e Orfa para voltar para a terra de Moabe por William Blake, 1795.30
“Aconteceu, por acaso” de Ruth ir para os campos de Boaz, um parente do
falecido marido de Naomi, Elimelech. Boaz foi imediatamente atraído por Ruth pela
sua modéstia e integridade e beleza. Por exemplo, ele ficou impressionado que Ruth
teve o cuidado de pegar apenas um ou dois caules de grãos, não só isto, e também que
ela dobrava seus joelhos quando ela pegava os molhos, ao invés de fazer isto de outra
forma. Boaz também ficou impressionado com a devoção de Ruth com a sua sogra, e
ele, por isso, saiu no caminho para ajudá-la.
Naomi entendia que Boaz era um parente “próximo” de seu marido Elimelech, e,
portanto ele era qualificado para resgatar/remir sua terra daqueles que estavam a
usufruindo. Lembre-se de que na Torá é permitido reaver as terras com base em seu
valor proporcional antes do ano do Jubileu. A ‘lei da remissão’ exigia que um parente
próximo tivesse a possibilidade de remir (comprar de volta) as terras de seu parente
próximo se este parente estivesse em tal dificuldade financeira que ele tinha sido
forçado a vendê-la: (Levítico 25.25).
Desde que Naomi foi destituída, ela precisava convencer um parente próximo a
resgatar sua terra para o legado do nome de sua família em Israel. Agora, Boaz era um
dos parentes “próximo” de seu falecido marido Elimelech (talvez o filho do irmão do
Elimelech), assim ele era legalmente qualificado para resgatar a terra. Além disso, Boaz
foi descrito como um homem rico e, por conseguinte, tinha os meios financeiros ser um
Parente Remidor (Go’el), embora ele precisasse ser convencido a fazê-lo. (tem que ser
por livre vontade).
Quando Naomi detectou o amor de Boaz para com Ruth, no entanto, ela
desenvolveu sua estratégia. Uma vez que as ‘leis de herança’ afirmassem que se um
homem morresse sem um filho, a herança seria transferida para a filha (Números 27.8-
11), e desde que Ruth era a viúva de Machlon, ela era a herdeira legal da linha de
Elimelech. Em outras palavras, se Boaz pudesse ser persuadido a casar-se com Ruth, a,
em seguida, ele poderia resgatar a terra e salvar a família de ser obliterada em Israel:
Após um período de ‘flerte’ de Boaz com Ruth durante as semanas da colheita de
cevada, Naomi finalmente instruiu sua nora para ir para a Eira para iniciar sua
reivindicação de que Boaz devia resgatar sua terra. Desde de que a lei do “Casamento
levirato” (Yibum) afirma que o irmão de um homem que morreu sem filhos tinha a
30
http://en.wikipedia.org/wiki/Book_of_Ruth.
36
obrigação de se casar com a viúva (Deuteronômio 25.5-10), Ruth – como uma viúva
sem filhos – tinha o direito legal adicional para pedir Boaz a perpetuar a linhagem
familiar em Israel ao se casar com ela.
Porem antes que Boaz pudesse fazer, no entanto, Ruth tinha que expressar sua
intenção “legal”, afirmando-lhe como “parente próximo”. Na preparação deste evento,
Naomi instruiu Ruth para embelezar-se e apresentar-se diante de Boaz no final da
colheita, quando os viticultores com alegria estariam celebrando a provisão de D-us
(provavelmente durante a festa de Shavuot).
Após a festa, foi dito a Ruth que Boaz iria dormir à Eira e foi instruído a colocar-
se a seus pés e puxar seu manto sobre seus pés para simbolizar sua reivindicação.
Quando Boaz mais tarde acordou e viu seus pés descobertos, ele encontrou Ruth, a seus
pés, e ela expressou o seu pedido a ele: ‘Estenda seu manto sobre a sua serva, pois você
é Remidor – Ki Goel atah (‫גאל‬ ‫כי‬ ‫’)אתה‬ (Ruth 3.9).
Boaz ficou muito feliz com a perspectiva, embora ele explicasse que havia
alguém que tinha um direito precedente em resgatá-la/redimi-la – “parente mais
próximo do que eu” – Quando o homem apareceu, Boaz pediu um Minian (um grupo
de dez judeus necessários para resolver questões legais) e lhe apresentou os termos
iniciais da redenção. Boaz mencionou a condição adicional que o Redentor – Go’el
seria obrigado a casar-se com Ruth a Moabita, uma vez que ela era viúva sem filhos de
Machlon (filho de Elimelech) e a lei exigia que o Redentor “eleva-se o nome dos
mortos” (isto é, levantar um herdeiro) para preservar a linhagem familiar em Israel. Ao
ouvir isso, o homem disse que ele não poderia resgatá-la, por conseguinte, ele ‘tirou seu
sapato’ para significar que ele retirou seu direito sobre o negocio (este costume bastante
estranho é chamado chalitzah: ‫ָה‬‫צ‬‫ִי‬‫ל‬ֲ‫ח‬). O negócio jurídico, juntamente com a declaração
de Boaz de intenção de resgatar as terras de Elimeleque e se casar com Ruth, é
afirmado no Rute 4.8-10.
Depois de ouvir a declaração de Boaz e suas intenções, o Minian, em seguida,
abençoaram Ruth: (Rute 4.11-12).
O livro termina com o casamento de Boaz e Ruth e o nascimento de seu primeiro
filho. “E as mulheres do bairro deram-lhe um nome, dizendo: ’um filho nasceu para
Naomi’. Elas o chamaram de Oved [Obed] (Servo). Ele foi o pai de Jessé, o pai de
David’ (Rute 4.17). O livro termina com a genealogia da casa de Davi, desde o
nascimento de Peretz (filho de Judá de Tamar) do nascimento do rei Davi”.
Neste contexto, é interessante ver que a genealogia do Rei David não só incluiu a
linha nobre de Abraham/Sarah, Itzak/Rebekah e Yakov/Leah, mas ela também incluiu
Judá/Tamar, Boaz/Ruth e Salmão/Ra’abe. Além disso, na genealogia de Yeshua o
Messias dado em Mateus 1.1-16, apenas quatro mulheres (além de Maria) são
nomeadas explicitamente: Tamar (que “enganou” seu sogro), Ra’abe (a prostituta),
Ruth (uma Moabita) e “a mulher de Urias” (ou seja, Batsheva, uma adúltera). Cada
uma dessas mulheres de fé ilustram o amor de D-us e graça que supera seu
julgamento… (tanto na genealogia de David e de Yeshua (Jesus) não tem só lado nobre
da família não, também tem o lado muito menos nobre… não devemos preocupar tanto
com o ‘pedigree’ familiar das nossas próprias famílias).
Em última análise, a Teshuvah (conversão) de Ruth foi aceita, mesmo que ela
fosse uma pária estrangeira e estranha as promessas e alianças de D-us – uma Moabitas
37
da qual na Torah afirma: “nenhum deles podem entrar na Kahal/Ekklesia (congregação)
do Senhor” (Deuteronômio 23.3).
A Grande fé de Ruth não era ao contrário da mulher Cananéia (outra rejeitada)
que foi aceita por Yeshua o Messias (Mateus 15.22-28).
Ambas destas mulheres superaram até mesmo a lei da Torá pela fé em D-us e
com chesed veChen (Graça e Favor) foram Remidas…
No caso de Ruth, sua fé trouxe à tona a ‘casa de Davi’ – e a partir daí, a linhagem
de Yeshua, nosso Messias e Go’el (Redentor)… (Mateus 1.1).
A bênção dada a Boaz; “sua casa seja como a casa de Pérez, que Tamar deu a
Judá, por causa da descendência que o Senhor lhe dará por esta jovem mulher” (Ruth
4.12), sugere que o plano de D-us da bênção providencialmente superou a fraqueza e a
fragilidade de todos os envolvidos… É encorajador, não importa nossa origem, D-us
pode nos usar para realizar sua vontade dentro do seu Reino…
Finalmente, a história de Rute ilustra que a lei por si só é incapaz de redimir-nos
(como é bem ilustrado pelo ‘Redentor sem nome’ no livro de Ruth, que não queria ‘por
em risco’ sua herança) e, portanto, por isto algo mais é necessário.
Um verdadeiro Go’el (‫ל‬ֵ‫א‬‫,)ג‬ Redentor/Remidor/Resgatador/salvador, caracteriza-
se por amor e compaixão, assim como a lei do espírito da vida (‫ּים‬ִ‫י‬ַ‫ח‬ַ‫ה‬ ַ‫ח‬‫רוּ‬ ‫ת‬ ַ‫)תּוֹר‬ é o que
nos liberta da lei do pecado e da morte (‫ֶת‬‫ו‬ָּ‫ַמ‬‫ה‬ְ‫ו‬ ‫ְא‬‫ט‬ֵ‫ח‬ַ‫ה‬ ‫ת‬ ַ‫תּוֹר‬ ). Ruth superou a “letra da lei”
pela fé no amor Redentor de D-us.
Como Ruth, temos de “ir para a Eira” como ‘sem merecer nada’, para reivindicar
o amor Redentor de D-us.
Temos de dizer ao Messias:
“Estenda o seu manto (Talit) sobre teu Servo/Serva, Ki Goel Atah (‫ה‬ָ‫ֽתּ‬ ָ‫א‬ ‫ל‬ ֵ‫ֹא‬ ‫ג‬ ‫י‬ִ‫כּ‬֖ ֥ )
pois você é Remidor – (Rt 3.9)”. Temos de ultrapassar a inimizade exigida pela Torá
com seus mandamentos e preceitos para receber a nossa cura - e encontrar o nosso
lugar dentro da família de Deus.
38
6
REDENÇÃO: O PALCO DA ESCATOLOGIA 31
“Há pessoas que pensam que o Antigo Testamento, em contraste com o Novo,
ensina que a REDENÇÃO foi recebida pela observância da lei. Mas isto não é verdade.
Ali também a Graça de Deus vem primeiro” (Christopher J.H. Whight).32
A redenção é um ato de Deus pelo qual Ele mesmo paga como um resgate o
preço do pecado humano que insultou a santidade e o governo que Deus exige. A
redenção oferece a solução ao problema do pecado, como a reconciliação oferece a
solução ao problema do pecador, a propiciação oferece a solução ao problema de um
Deus ofendido.
“Antes que se rompa o fio de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace
o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna” (Ec 12.6).
Segundo a bioenergética o fio de prata liga o corpo à alma e ao espírito. No
arrebatamento de espírito, este sai do corpo e vai aos lugares que Deus quer levá-los,
como fez com o apóstolo Paulo, com o profeta Ezequiel com tantos outros servos de
Yahweh. Fora do arraial evangélico, o homem sai do corpo numa viagem astral. E o
que mantém o homem ligado ao corpo é o famoso fio de prata. Na morte física
acontece o rompimento do fio de prata.
A Bíblia de Estudo NVI nos traz o seguinte comentário de Ec 12.6:
“Fio de Prata. Lamparina pendente de uma corrente de prata. Rompendo-se um
único elo, perecerá essa luz e essa beleza, fato que mostra a grande fragilidade da
vida”.33
No estudo da Teologia Sistemática há também um fio de prata. Ele liga todos os
módulos da Sistemática: Bibliologia, Teontologia, Cristologia, Antropologia,
Angelologia, Hamartiologia, Soteriologia, Eclesiologia, Pneumatologia e Escatologia.
O fio de prata da Teologia Sistemática é a doutrina da Redenção, doutrina esta balizada
na Pessoa Teantrópica do Redentor – Go’el - ‫גאל‬ - O Parente Remidor.
Rompendo-se o fio de prata da Teologia da Sistemática esta morre. O fio de prata
da teologia é o plano da Redenção alicerçado na Doutrina do Parente Remidor – O
Go’el - Jesus Cristo, o Resgatador dos Judeus, dos Gentios, da Igreja e do Cosmos.
O tema central da Bíblia é a Redenção.34
O tema divide-se assim:
1. O Antigo Testamento: a preparação do Redentor.
2. Os Evangelhos: a manifestação do Redentor.
3. Os Atos: a proclamação da mensagem do Redentor.
4. As Epístolas: a explicação da obra do Redentor.
5. O Apocalipse: a consumação da obra do Redentor.
“A redenção obtida por Jesus Cristo é cósmica no sentido em que restaura toda a
criação”.
31
A. C. G. JESUS O GO’EL VINGADOROR. 3ªed. Lagoa Santa: Editora Klivros.com.br, 2011, p. 55-72.
32
WRIGHT, Christopher J. H. Povo Terra e Deus. 1ª ed. São Paulo: ABU, 1991, p.23.
33
BÍBLIA NVI. SÃO PAULO: EDITORA VIDA, 2003, p. 1119.
34
PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995, p. 4.
39
“Essa confissão fundamental tem duas partes distintas. A primeira é: a redenção
significa restauração – ou seja, o retorno à bondade de uma criação originalmente
incólume, e não meramente a adição de algo supracriacional. A segunda é: essa
restauração afeta toda a vida criacional, e não meramente alguma área limitada dela”.35
Redenção é, literalmente, “comprar de volta”, e a imagem evocada é a de um
seqüestro. Uma pessoa livre foi capturada e só será devolvida mediante o pagamento de
um resgate. Alguém paga o resgate em favor do cativo e, desse modo, “compra de
volta” a sua liberdade original”.36
Daí a doutrina do Go’el ser importante no estudo da
Redenção.
Mais de três quartas partes da Bíblia correspondem ao Antigo Testamento. Com
exceção dos onze primeiros capítulos do Gênesis, do livro de Jó e de certas partes dos
profetas, o Antigo Testamento dedica-se ao trato de Deus com a raça escolhida.
Deus elegeu o povo hebreu com três finalidades:
1. Ser depositário de sua Palavra;
2. Ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações;
3. Ser o meio pelo qual viesse o Redentor (Go’el).
Os atos redentores de Deus têm um propósito contínuo, que ele cumprirá
definitivamente com a eliminação do mal, a vingança dos justos, o estabelecimento da
justiça e da paz e com a Restauração da harmonia entre Deus, a humanidade e a
natureza. Os cristãos vivem à luz da inauguração desse reino no ministério terreno de
Cristo, e também da expectativa do seu estabelecimento final, quando ele vier
novamente.
“Deus poderia ter destruído o homem, após a Queda no Éden. Mas não o fez. Ele
preferiu remi-lo e restaurá-lo. Deus poderia ter destruído a humanidade após a rebelião
da torre de Babel, porém não o fez”.37
“A história da REDENÇÃO começa com a chamada de Abraão e com a
promessa de que através de seus descendentes, a Nação de Israel, Deus abençoaria
todas as nações da terra”.38
“A resposta de Deus para a praga internacional do pecado
foi uma nova comunidade, uma nação que seria o padrão e o modelo da REDENÇÃO,
como também o veículo através do qual a bênção da REDENÇÃO finalmente abraçaria
o restante da humanidade”.39
“Essa promessa ao patriarca Abraão tornou-se a base para
toda a compreensão subseqüente do papel da terra no desenvolvimento da história da
redenção”.40
“A posse de uma determinada extensão de terra teria importância sob várias
perspectivas com respeito à obra redentora de Deus no mundo. Mas a terra também
35
WOLTERS. Albert. M. Criação Restaurada. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006, p. 79.
36
Ibidem. p. 80.
37
WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.34.
38
WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.47.
39
WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.35.
40
ROBERTSON, O. Palmer. O Israel de Deus. São Paulo: Editora Vida, 2005, p.17.
40
servia como sombra, exemplo, profecia, antecipando a obra futura de Deus com seu
povo”.41
O povo de Deus é constituído da Igreja, de Israel Remanescente e dos Gentios
que aceitarem o Governo do Messias no Milênio.
A redenção envolve a restauração de tudo quanto foi perdido através do pecado,
compreendendo a alma do homem, seu corpo, raça humana e a terra. Cristo o nosso
Go’el possui as qualificações como o Redentor do mundo. Sua paixão e morte, seu
poder de julgar e reinar o qualificam como GO’EL – Redentor.
“Somente numa cristologia cósmica a cristologia se completa. Se Cristo é o
Primogênito dentre os mortos, então ele não pode ser apenas o novo Adão da nova
humanidade, mas deve também ser compreendido como Primogênito [aquele que tem
a primazia] de toda a criação (o universo). Todas as coisas foram criadas com vistas ao
Messias, pois o Messias redimirá todas as coisas para sua verdade e as reunirá para o
Reino de Deus e, dessa forma, levar a criação à consumação”.42
O Filho tem todos os
direitos pertencentes ao Primogênito, por causa de Sua posição preeminente sobre toda
a criação.
O processo da redenção foi entregue nas mãos da Igreja. A história da Igreja é a
história da redenção no que se aplica à alma dos homens. Ainda não chegou o dia da
redenção para a terra física, nem mesmo para a raça humana, nem mesmo do Universo
(o cosmos).
O Ponto de Vista reformado da Redenção: 43
“A cosmovisão reformada se distingue das demais em alguns pontos
fundamentais. Primeiro, ela estabelece a autoridade suprema das Escrituras, entendida
como a revelação da mente de Deus ao homem como único ponto de partida para a
construção de uma cosmovisão essencialmente cristã. Em segundo lugar, ela oferece
um escopo integral não-dualista para a formação de uma cosmovisão a partir da união
dos três aspectos fundamentais da revelação bíblica, a tríade criação-queda-redenção.
E por último salientamos a visão reformada plena da soberania de Deus sobre a criação
e o escopo integral da queda e a redenção total de Deus, em Cristo Jesus”.
“Na tradição reformada a graça restaura a natureza, ou seja, o escopo da
salvação de Cristo não se aplica apenas à dimensão espiritual do homem, mas à criação
toda” (O planeta Terra e todo o Universo).
“Cristo não morreu apenas a reconciliação dos homens, mas para a
reconciliação do Cosmo (1 Co 5.19). Deus não seria o criador de todas as coisas se não
quisesse a redenção de todas as coisas”.44
41
ROBERTSON, O. Palmer. Op. Cit., p.16.
42
MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes, p. 372.
43
CARVALHO, V. R. G. COSMOVISÃO CRISTÃ E TRANSFORMAÇÃO. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2006, p. 53.
44
MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes, p. 377.
41
A redenção envolve a alma, o corpo e a terra toda:
Rm 8.23: “E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito,
também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso
corpo”.
Ef 4.30: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados
para o dia da redenção”.
Mt 19.28: “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes,
quando, na regeneração (παλιγγενεσίᾳ), o Filho do Homem se assentar no trono da sua
glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar45
as doze tribos de Israel”
(no Milênio).
“Palingueneçía (παλιγγενεσίᾳ). Aqui o renascimento (escatológico) do mundo
futuro, a regeneração da terra e de todo o universo”. 46
As duas grandes palavras proféticas são:
1. Regeneração;
2. Redenção.
A história inteira da humanidade pode ser contada com apenas três
palavras:
1. Geração;
2. Degeneração;
3. Regeneração.
Geração refere-se ao ato de Deus de criar.
Degeneração refere-se ao ato destruidor do Diabo. A degeneração foi holística,
atingiu céus e terra.
A Regeneração consiste do processo de restaurar, ao seu estado original, algo
que sofreu um processo de Degeneração.
O termo “regeneração” aparece apenas duas vezes no Novo Testamento (Mt
19.28; Tt 3.5). No evangelho de Mateus, tem um sentido escatológico, referindo-se à
restauração de todas as coisas. Certamente a renovação do indivíduo faz parte da
restauração universal. “No sentido de renovação, restauração, restituição a uma
situação anterior; a respeito da manifestação eterna e completa do Reino do Messias,
quando todas as coisas serão libertadas de sua corrupção atual e restauradas à pureza e
ao esplendor espiritual”. 47
Na epístola de Tito, tem um sentido individual e fala da
45
Julgar. kri/nw (Krinō). Reinar, governar. Dicionário Bíblico Strong.
46
HAUBECK, W., SIEBENTHAL, H. Von. Nova Chave Linguística do Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Editoras
Targumim e Hagnos, 2009, p.171.
47
Bíblia de Estudo Palavras – Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p. 2334.
42
renovação de cada pessoa, bem como da transformação da personalidade humana.
Porém, em ambos os casos o agente dessa transformação, é o Espírito Santo.
O Propósito de Deus para com a Terra
1. Qual o propósito de Deus para com a Terra?
1.1. Para ser habitada: “Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus
que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um
caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro” (Is 45.18).
[Leia: Gn 1.2; Is 14.12; Ez 28.12-17].
1.2. Para manifestar Sua Glória como nos dias do Milênio (Is 4.1-6).
Is 4.2-6: “Naquele dia o renovo do SENHOR será cheio de beleza e de glória; e o
fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel. E será que aquele
que for deixado em Sião, e ficar em Jerusalém, será chamado santo; todo aquele que
estiver inscrito entre os viventes em Jerusalém; Quando o Senhor lavar a imundícia das
filhas de Sião, e limpar o sangue de Jerusalém, do meio dela, com o espírito de justiça,
e com o espírito de ardor. E criará o SENHOR sobre todo o lugar do monte de Sião, e
sobre as suas assembléias, uma nuvem de dia e uma fumaça, e um resplendor de fogo
flamejante de noite; porque sobre toda a glória haverá proteção. E haverá um
tabernáculo para sombra contra o calor do dia; e para refúgio e esconderijo contra a
tempestade e a chuva”.
2. O que houve com a Terra?
2.1. Com a queda de Satanás tornou-se um caos.
“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por
terra tu que prostravas as nações!” (Is 14.12).
“Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim
diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em
formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a
cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a
esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que
foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste
sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos
teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniqüidade. Pela
abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te
lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio
das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,
corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos
reis te pus, para que te contemplem” (Ez 28.12-17).
2.2. Com a queda de Adão foi amaldiçoada (Gn 3.11-19; 4.11,12; 8.21; Is 24.1-
23).
“A quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do
trabalho de nossas mãos, os quais provêm da terra que o Senhor amaldiçoou” (Gn
5.29).
2.3. Adão perdeu o direito de dominá-la pelo poder de Deus, para Satanás.
(Mt 4.8; Jo 14.30; 16.11; l Jo 5.19).
A Redenção como âmago da escatologia
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  • 1. REDENÇÃO O PALCO DA ESCATOLOGIA Pr. A. Carlos G. Bentes DOUTOR EM TEOLOGIA ְ‫גּ‬‫ָה‬‫לּ‬ֻ‫א‬
  • 2. 2 Copyright © 2012 Antônio Carlos Gonçalves Bentes Capa: Rute Guimarães de Andrade Bentes Revisão e diagramação: Charles Reuel de Andrade Bentes 1ª edição: 2012 Bentes, Antônio Carlos Gonçalves REDENÇÃO - O PALCO DA ESCATOLOGIA Lagoa Santa - MG: edição do autor, 2012. ISBN: Todos os direitos reservados para: Antônio Carlos Gonçalves Bentes (31) 3681-4770 / (31) 9684-9869; 86614070. pastorbentesgoel@gmail.com
  • 3. 3 DEDICATÓRIA DDeeddiiccoo eessttaa ssiinnggeellaa oobbrraa,, ffrruuttoo ddooss mmeeuuss eessffoorrççooss lliitteerráárriiooss eemm pprrooll ddaa ccaauussaa ddoo MMeessttrree,, aa mmiinnhhaa eessppoossaa RRuuttee ((RRuuttiinnhhaa)),, qquuee ttããoo ccaarriinnhhoossaammeennttee tteemm sseerrvviiddoo aaoo mmeeuu llaaddoo dduurraannttee ttooddooss eesstteess aannooss ddee ttrraabbaallhhoo nnaa SSeeaarraa ddoo SSeennhhoorr.. EEllaa tteemm ssiiddoo uumm iinnssttrruummeennttoo ddee rreeddeennççããoo nnaa mmiinnhhaa vviiddaa mmiinniisstteerriiaall.. DDeeddiiccoo eessttaa oobbrraa,, ttaammbbéémm,, aass mmiinnhhaass nneettaass EElliizzaa ee AAnnnnaa CCllaarraa qquuee ttêêmm oo pprriivviillééggiioo ddee vviivveerreemm nnooss úúllttiimmooss ddiiaass ddaa VViinnddaa ddoo MMeessssiiaass..
  • 4. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço: A Deus, que na sua soberania e Graça nos permitiu tal realização. À MINHA AMADA ESPOSA Rute Guimarães de Andrade Bentes, que sempre se sacrificou a fim de que pudéssemos estudar, e tem sido grande bênção em meu ministério pastoral e educacional. Aos meus filhos: Joelma, Telma e Charles, bênçãos de Deus. Aos meus alunos das Casas de Profetas: JAMI, UNITHEO, SEBEMGE, STEB, Escola Bíblica Central do Brasil, Seminário Teológico Goel, Escola Teológica Koinonia e Seminário Teológico Hosana que com suas perguntas e opiniões aprofundaram nossas pesquisas e ampliaram nossos conhecimentos. Pr. A. Carlos G. Bentes
  • 5. 5 EPÍGRAFE “O cristianismo não é um circulo, com um só centro, mas, sim, uma elipse, que tem dois focos – as doutrinas da Redenção e do Reino de Deus” (Albrecht Ritschl). “Tudo quanto Deus faz é absolutamente livre – até mesmo sua auto-glorificação através da criação e da redenção” (Jacob Arminius).
  • 6. 6 PREFÁCIO Os três grandes atos da Santa Trindade na recuperação da humanidade perdida são: eleição por parte do Pai, redenção por parte do Filho, chamada por parte do Espírito Santo - como sendo dirigidos às mesmas pessoas, garantindo infalivelmente a salvação delas. A redenção, portanto, foi designada para cumprir o propósito divino da eleição. Esta eleição envolve os três povos (Judeus, Gentios e Igreja). Esta Redenção é eterna: Cl 1.14: “Em quem temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados”; Hb 9.12: “e não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção”. At 3.21: “É necessário que ele permaneça no céu até que chegue o tempo em que Deus restaurará (ἀποκατάστασις) todas as coisas, como falou há muito tempo, por meio dos seus santos profetas” (NVI). Ao qual convém que o céu receba até os tempos da restauração (ἀποκατάστασις) de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio” (RC). Apokatástasis (ἀποκατάστασις) substantivo de apokathístēmi (ἀποκαθίσιτηµι), restaurar. A restauração de um objeto ao seu estado anterior. Ocorrência única em atos 3.21, referência estado ao reino futuro Messias. Apokathístēmi (ἀποκαθίσιτηµι) significa trazer a um estado anterior, restaurar. Referindo-se ao reino e ao governo judaico, que, segundo se esperava, seria restaurado e expandido pelo Messias (Mt 17.11; Mc 9.12; Ml 4.6; Lc 1.16,17). A Bíblia é uma biblioteca de 66 livros escritos por 40 escritores num período de 1500 anos; não obstante, nela se desenvolve um único tema, que une todas as partes, a redenção. Redenção esta, holística, católica e cósmica.1 Esse redentor vindouro, descrito em Gênesis 3.15 apenas como o descendente da mulher, é designado como descendente de Abraão em Gn 22.18 (cp. 26.4; 28.14). Gn 49.10, mais adiante, especifica que o redentor deverá ser um descendente da tribo de Judá. Ainda mais tarde, no curso da revelação do Antigo Testamento, aprendemos que o redentor vindouro será um descendente de Davi (2 Sm 7.12-13; Lc 1.31-33). Mais de três quartas partes da Bíblia correspondem ao Antigo Testamento. Com exceção dos onze primeiros capítulos do Gênesis, do livro de Jó e de certas partes dos profetas, o Antigo Testamento dedica-se ao trato de Deus com a raça escolhida. Deus elegeu o povo hebreu com três finalidades: ser depositário de sua Palavra; ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações; ser o meio pelo qual viesse o Redentor. “Antes que se rompa o fio de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna” (Ec 12.6). “O que é o fio de prata”. 2 1 PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995., p. 4. 2 http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4275&catid=62&Itemid=96.
  • 7. 7 Dentro do estudo da projeção da consciência, o cordão de prata é uma das partes mais importantes do estudo da bioenergética. Segundo a bioenergética o fio de prata liga o corpo à alma e ao espírito. No arrebatamento de espírito, este sai do corpo e vai aos lugares que Deus quer levá-lo, como fez com o apóstolo Paulo, com o profeta Ezequiel com tantos outros servos de Yahweh. Fora do arraial evangélico, o homem sai do corpo numa viagem astral. E o que mantém o homem ligado ao corpo é o famoso fio de prata. Na morte física acontece o rompimento do fio de prata. A Bíblia de Estudo NVI nos traz o seguinte comentário de Ec 12.6: “Fio de Prata. Lamparina pendente de uma corrente de prata. Rompendo-se um único elo, perecerá essa luz e essa beleza, fato que mostra a grande fragilidade da vida”.3 No estudo da Teologia Sistemática há também um fio de prata. Ele liga todos os módulos da Teologia Sistemática: Bibliologia, Teontologia, Cristologia, Antropologia, Angelologia, Hamartiologia, Soteriologia, Eclesiologia, Pneumatologia e Escatologia. O fio de prata da Teologia Sistemática é a doutrina da Redenção, doutrina esta balizada na Pessoa Teantrópica do Redentor – Go’el - ‫גאל‬ - O Parente Remidor. Rompendo-se o fio de prata da Teologia da Sistemática esta morre. O fio de prata da teologia é o plano da Redenção alicerçado na Doutrina do Parente Remidor – O Go’el - Jesus Cristo, o Resgatador dos Judeus, dos Gentios, da Igreja e do Cosmos. O estudo da escatologia é o último elo do fio de prata da Redenção. Ap 21.3: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos (Israel, Igreja e Gentios) de Deus, e Deus mesmo estará com eles”. O plano da redenção é o âmago da escatologia. Deus veio para remir: o homem, a terra, Israel e o Cosmos. 3 BÍBLIA NVI. SÃO PAULO: EDITORA VIDA, 2003, p. 1119.
  • 8. 8 ÍNDICE ÍNDICE 8 O PLANO DA REDENÇÃO É O ÂMAGO DA ESCATOLOGIA 9 O RELÓGIO DE DEUS 12 O PARENTE REMIDOR - GO’EL - O PARENTE VINGADOR 18 O LIVRO DE RUTE E A DOUTRINA DO GO’EL 27 O CHESED DE RUTH 33 REDENÇÃO: O PALCO DA ESCATOLOGIA 38 O REINO DE DEUS 58 A REDENÇÃO DE ISRAEL 61 A GRANDE TRIBULAÇÃO 65 O MILÊNIO - O GOVERNO DO REDENTOR 78 A CRIAÇÃO DO NOVO CÉU E DA NOVA TERRA 83 ESQUENELOGIA 85 A Chupah (‫ָה‬‫פ‬ֻ‫ח‬ ) - A CASA DA REDENÇÃO 92 EPÍTOME FINAL: 95 CONCLUSÃO 96 BIBLIOGRAFIA 97
  • 9. 9 1 O PLANO DA REDENÇÃO É O ÂMAGO DA ESCATOLOGIA 4 A Doutrina da Redenção abrange: 1) A Doutrina do Parente Remidor - GO’EL (Rute, Lv 25.25-34; Dt 25.5-10). 2) A Doutrina da Redenção da Terra - (Rm 8.18-23; Lv 25; Zc 14.4,5,8,10; Is 35.1,2,13; 11.5-9; Jl 2.22-27; Is 65.20 etc.). 3) A Redenção das Nações (Gn 9.12-17; Ap 10; Zc 14.16-19; Ap 21.24; 22.2; Is 60.3). 4) A Redenção de Israel (Am 9.15; J1 3.20,21; Is 60.4-12). 5) A Redenção do Homem (Ef 1.13,14; Rm 8.23,24; l Jo 3.1,2; Fp 3.21; Ap 1.5,6). 6) A Redenção do Cosmos (At 3.21). O CENTRO DA MENSAGEM REDENTORA É A COLOCAÇÃO APROPRIADA DE: 1. O trono de Davi, na profecia (2 Sm 7.12-16; S1 89.34-37; Is 9.6,7; Zc 14.9,16-19 ). 2 Sm 7.12-16: 12. Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, que sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. 13. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. 14. Eu lhe serei pai, e ele me será filho. E, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens; 15. mas não retirarei dele a minha benignidade como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. 16. A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre. 2. A pessoa que se assentará nesse trono (Lc 1.31-33; Ap 20.6; Jr 23.5; 2 Sm 7.14-17; Mt 19.28;25.31). Lc 1.31-33: 31. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. 32. Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; 33. e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. A menos que essas verdades sejam claramente definidas, recebendo alicerce bíblico, a profecia perderá a sua significação e vitalidade, surgindo assim certa incoerência, que tende a confundir e não a esclarecer. Um descendente de Davi se assentará no Trono da Glória (Mt 25.31; 19.28; Jr 3.17). No milênio, Israel será restaurado à terra da Palestina. Jesus Se assentará sobre o trono literal de Davi, e reinará sobre o mundo a partir de Jerusalém (Zc 14). O TRONO DE DAVI E O MILÊNIO 5 A forma de entender as promessas feitas a Davi, referentes à permanência de seu trono eternamente através de sua descendência (Jesus) e a forma de entender a 4 BENTES, A. C. G. JESUS O GO’EL VINGADOROR. 3ªed. Lagoa Santa: Editora Klivros.com.br, 2011, p. 21. 5 http://www.projetoomega.com/estudo6.htm.
  • 10. 10 promessa referente ao Milênio é crucial para estabelecer a diferença entre os diversos modelos que lidam com o cenário profético. Enquanto os adeptos da Teologia da Substituição tendem a alegorizar as profecias vetero-testamentárias referentes à supremacia de Israel sobre as outras nações da Terra (Isaias 2.1-4, Miquéias 4.1-4, Jeremias 3.17; 36.33-36, Zacarias 14.1-21) e a profecia referente ao Milênio (Apocalipse 20.1-6), colocando essas promessas como uma alegoria do reinado da Igreja na presente era e adotando o amilenismo como base interpretativa, os dispensacionalismos tradicional e progressivo utilizam a literalidade para entender tais profecias. Tanto para o dispensacionalismo tradicional quanto para o progressivo, o Milênio será um período literal de mil anos, o qual começará na volta de Jesus e se prolongará até a criação dos novos céus e nova Terra, no qual Jesus reinará em Jerusalém exercendo soberania sobre as nações logo após a Sua volta, assentando- se literalmente no trono de Davi (Mt 19.28; 25.31). O trono de Davi é o trono da glória e o trono da glória é Jerusalém. “Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do Senhor; e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, a Jerusalém; e não mais andarão obstinadamente segundo o propósito do seu coração maligno” (Jr 3.17). As promessas referentes ao Trono de Davi estão expostas no livro dos salmos: “Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo Davi, dizendo: A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração”. (Salmos 89.3-4). “Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi. A sua semente durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim. Será estabelecido para sempre como a lua e como uma testemunha fiel no céu”. (Salmos 89.35-37). “O Senhor jurou com verdade a Davi, e não se apartará dela: Do fruto do teu ventre porei sobre o teu trono”. (Salmos 132.11). “Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1.31-33). Davi será príncipe do Rei Jesus durante o Milênio e o Estado Eterno. Ez 37.24-27: 24. Também meu servo Davi reinará sobre eles, e todos eles terão um pastor só; andarão nos meus juízos, e guardarão os meus estatutos, e os observarão. 25. Ainda habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual habitaram vossos pais; nela habitarão, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre; e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente. 26. Farei com eles um pacto de paz, que será um pacto perpétuo. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre. 27. Meu tabernáculo permanecerá com eles; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. 28. E as nações saberão que eu sou o Senhor que santifico a Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles para sempre.
  • 11. 11 Para alguns dispensacionalistas progressistas, as promessas feitas a Davi estão tendo seu cumprimento parcial já na presente época, com Jesus assentado em seu trono à direita do Pai, sem negar a futura presença de Jesus em seu trono terrestre. Já para outros (entre os quais nos incluímos), as promessas feitas a Davi se concretizarão a partir do momento da vinda de Cristo. É interessante notar que, alguns dias antes da crucificação de Cristo, quando Ele entrava em Jerusalém, as multidões clamavam: “Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!” (Mateus 21.9; Sl 118.25,26). Sem dúvidas, aquela multidão esperava que Jesus, como descendente de Davi e como um homem admirado por suas obras, assumisse já naquele momento a posição de líder da nação israelense, libertando o povo judeu do domínio romano. No entanto, Jesus, dias após, deixou claro que a concretização dessa profecia se daria em sua volta gloriosa. Ao dirigir-se às principais autoridades religiosas judaicas da época, Ele disse: “Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor”. (Mateus 23.39). Implicitamente, Jesus deixou estabelecidos dois fatos: que Ele reinaria literalmente em Jerusalém a partir do momento de sua volta e que haveria uma futura conversão em massa da nação israelense (Zacarias 12.10, Romanos 11.26). Até mesmo no momento de sua ascensão, essa era a expectativa de seus discípulos. Eles indagaram ao Mestre se era naquele tempo que Ele restauraria o Reino de Israel (Atos 1.7). Note que os discípulos não tinham qualquer noção “alegórica” do reino do Messias, mas esperavam sua concretização literal. O Senhor, em vez de repreendê-los por sua esperança literal e terrena, revela que o tempo para que aquela promessa fosse concretizada pertencia aos desígnios do Pai (Atos 1.8). Uma outra passagem que aponta claramente para a concretização futura da promessa feita a Davi, se encontra em Apocalipse 3.21: “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono”. Note a diferença entre o trono do Pai, no qual Jesus se encontra após sua vitória na cruz, e o trono de Jesus, o qual será literalmente estabelecido na Terra em sua volta, como fica claro ao comparar o tempo em que a promessa está contida: os salvos se assentarão com Jesus após vencerem, assim como Jesus se assentou no trono do Pai após a sua vitória pessoal. Se considerarmos que Jesus obteve sua vitória na ressurreição, fica subentendido, por comparação, que nossa vitória definitiva será alcançada na glorificação. Tudo isso nos remete à concepção de que o Trono de Davi sobre a Terra será estabelecido por Jesus logo após a sua vinda e nós participaremos ativamente desse Reino.
  • 12. 12 2 O RELÓGIO DE DEUS 62 Semanas 434 anos Período Interbíblico 7 Semanas 49 anos O Ano Aceitável do Senhor - Graça O RELÓGIO DE DEUS 1 Semana O Dia do Senhor Milênio Ap 20.1-6 Regeneração Mt 19.28 Início das 70 Semanas 445 a.C. Ne 2.1-8; Dn 9.24-27 396 a.C. Ano 33 d.C. 34 anos Jesus 3,5 anos Falsa Paz 3,5anos Angústia de Jacó Jr 30.7 O Anticristo quebra a Aliança Dn 9.27; 2Ts 2.4 Arrebatamento 1Ts4.13-18 Dn 9.27 Aliança do Anticristo 2ª Vinda Armagedom Ap 19.11-16 Is 61.1,2; Lc 4.14-20 JulgamentodosGentios Mt25.31-46Trono BrancoAp20.11-15 O Reino do Filho Mt 13.41 1 Co 15.24-28 O Dia da Vingança Is 61.2; 63.1-4; 34.8 Julgamento das Nações Zc 14 Este quadro inclui as 70 Semanas de Daniel, o período da Graça e o Milênio, ficando fora o Estado Eterno. Dentro das 69 semanas está o período interbíblico e o ministério de Jesus. Depois das 69 semanas vem o período da Graça, chamado pelos profetas de O Ano Aceitável do Senhor. Este período é o intervalo entre as 69 semanas e a última semana de Daniel. Vindo depois deste período a Grande Tribulação (Dn 12.1; Mt 24.15-22,29) chamado pelos profetas de O Dia da Vingança (Is 61.1,2; 63.1-4; 34.8). A Grande Tribulação é a última semana de Daniel, um período de 7 anos – é a vingança do Go’el. Depois do Dia da Vingança vem O Ano dos Redimidos – o Milênio, período este chamado por Mateus de Regeneração (Mt 19.28). Seguindo a Regeneração vem o Trono Branco – julgamento final (Ap 20.11-14).
  • 13. 13 Finalmente após o Milênio vem o Estado Eterno – Novos céus e Nova terra (Ap 21.1-4). O ÚNICO PROPÓSITO 6 Cremos que Deus tem um único propósito – o estabelecimento do Reino de Deus - no qual tanto Israel como a Igreja e os Gentios - as nações justas (o trigo) terão parte no Estado Eterno. E todos serão chamados Povos de Deus: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos (no grego está no plural, λαοί -laoí); o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3). Quando usamos a palavra “Propósito” nos referimos à doutrina do “Decreto de Deus”. Há muitas passagens que ensinam a doutrina dos decretos de Deus. Esta doutrina constitui na realidade umas das tônicas gerais dos ensinos bíblicos. Leia os seguintes textos: Sl 33.11; Is 14.26,27; 46.9,10; Dn 4.34,35; Mt 10.29,30; Lc 22.22; At 2.23; 4.27,28; 17.26; 4.18; Rm 8.28-30; 1 Co 2.7; Ef 1.11; 2.10; 2 Tm 1.8,9; 1 Pe 18- 20. Estas passagens e muitas outras que poderiam ser facilmente acrescentadas mostram que o Deus Todo Poderoso tem um plano ou propósito para o Cosmos que é dele. E neste Plano com certeza estão incluídos: a Terra, o Universo, os anjos, o homem, a nação de Israel, os Gentios e a Igreja. Temos falado do propósito de Deus. Os teólogos os chamam Seus decretos. Podemos dizer que os propósitos de Deus, por infinito que nos pareça seu número, não são mais que um único propósito. Isto é o que o Catecismo Menor7 quer dizer quando afirma que os decretos de Deus são “Seu propósito eterno”. Os inúmeros decretos se constituem em um único propósito ou Plano. Não são independentes um do outro, mas formam uma unidade íntima igual, como Deus é um. O projeto com Israel, o projeto com a Igreja e o projeto com os Gentios fazem parte do único Propósito Eterno. Witness Lee tem uma excelente ideia sobre o conceito “dispensações”: A ECONOMIA DE DEUS - SEU ARRANJO ADMINISTRATIVO 8 Economia é uma palavra aportuguesada do grego oikonomia. Ela significa a lei de uma casa, ou administração familiar. Em 1 Timóteo 1.4 (οἰκονοµίαν θεοῦ - administração da casa de Deus) essa palavra é usada para arranjo, plano, administração ou gerenciamento. No Velho Testamento a casa de Faraó necessitava de alguma administração familiar ou arranjo, e José foi colocado ali para tomar conta daquela 6 BENTES, A. C. G. Manual de Escatologia. 3ª ed. Lagoa Santa - MG: Edição Própria, 2012, p. 74. 7 O Catecismo Menor foi preparado pelos teólogos da Assembléia de Westminster no ano de 1648 para o ensino da religião na Escócia, Inglaterra e Irlanda. 8 LEE, Witness. A REVELAÇÃO BÁSICA NAS ESCRITURAS SAGRADAS. 2ª ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida, 1992, p. 8-11.
  • 14. 14 administração. O que ele fazia era principalmente distribuir o rico alimento aos famintos (Gn 41.33-41, 54-57); e aquela distribuição era um dispensar. A administração da casa de Faraó foi uma economia levada a cabo para dispensar as riquezas ao povo. No Novo Testamento essa palavra é principalmente usada por Paulo. Mas a mesma palavra é usada pelo Senhor Jesus em Lucas 16.2-4, referindo-se ao mordomado de um despenseiro. José podia ser considerado como o despenseiro de Faraó, e sua responsabilidade, como sua economia. Aquela atribuição, seu mordomado, era para dispensar a rica comida que Faraó possuía para alimentar os famintos. Sua Dispensação Em Efésios, Paulo nos diz que ele foi designado por Deus como um despenseiro, e que, com isso, Deus deu-lhe a responsabilidade, o dever, o qual é chamado mordomado (3.2). A palavra grega para mordomado9 é a mesma palavra para dispensação. Quer seja ela traduzida por mordomado quer por dispensação, isso depende do contexto. Em Efésios 3.2, Paulo diz que Deus deu-lhe o mordomado da Sua graça. Então, a mesma palavra grega, oikonomia, é encontrada em 1.10 e 3.9, onde parece melhor traduzi-la por dispensação. Esta palavra “economia” denota principalmente um plano, uma administração, um gerenciamento, para dispensar as riquezas de uns para outros. Paulo considerava que Deus tinha uma grande família para suprir com Suas riquezas. Em Efésios 3.8 ele diz que Deus o designou para pregar, ministrar, distribuir ou dispensar as riquezas insondáveis de Cristo. Essas riquezas estão na casa de Deus. Existe um depósito das riquezas insondáveis de Cristo, e Deus designou os apóstolos (Pedro, João, Tiago e Paulo) para serem despenseiros a fim de dispensar essas riquezas a todo o povo escolhido de Deus. Mordomado é o mesmo que dispensar. José cumpriu seu mordomado dispensando comida. Sua responsabilidade, seu ofício, seu dever era distribuir a rica comida aos necessitados. Aquela distribuição era um dispensar. Alguns mestres da Bíblia têm ensinado que existem sete dispensações na Bíblia. No Velho Testamento há as dispensações da inocência, consciência, governo humano, promessa e lei. Então, no Novo Testamento há a dispensação da graça nesta era e a dispensação do reino na era vindoura. Nessas sete dispensações, dizem eles, Deus trata com o homem de sete maneiras diferentes. Isso pode estar correto, mas não se esqueçam que as dispensações são a administração familiar de Deus. Deus tem uma grande família, e nesta família Ele necessita de uma administração, um plano, um gerenciamento, para dispensar a Si mesmo para dentro de Sua família. O pensamento principal de Deus, desde a eternidade passada, era ter um arranjo ao longo das eras para dispensar-se para dentro de Seu povo escolhido e predestinado. A esses Ele faria Seus filhos infundindo-se para dentro deles para que pudessem ter a vida divina pelo novo nascimento. Nas catorze epístolas de Paulo podemos ver que Deus tinha um bom prazer, de acordo com o qual Ele fez um plano, um propósito. Ele criou o homem à Sua própria 9 Mordomado. De mordomo + -ado2 . Substantivo masculino. Mordomia.
  • 15. 15 imagem, e na plenitude dos tempos infundiu-se para dentro de todos aqueles criados e escolhidos para que eles pudessem tornar-se Seus filhos, expressando-O. Este é o plano de Deus e esta é a dispensação de Deus para o Seu dispensar. Em português, as palavras dispensação e dispensar são ambas formas do verbo dispensar. Quando uso a palavra dispensação, quero dizer economia, arranjo ou gerenciamento. Mas, quando uso a palavra dispensar, quero dizer o distribuir das riquezas divinas para dentro do povo de Deus. Dispensação denota o arranjo, o gerenciamento, o plano, a economia. Dispensar refere-se ao distribuir do próprio Deus como vida e suprimento de vida para dentro de Seu povo escolhido em Cristo. Seu Dispensar Em Efésios 1.10 e 3.9, a palavra oikonomia é usada para administração familiar, a qual é o plano de Deus para dispensar-se para dentro de Seu povo escolhido. Em Efésios 3.2, Colossenses 1.25 e 1 Coríntios 9.17 a mesma palavra refere-se ao mordomado de Paulo. A palavra mordomado é usada no sentido de dispensar. O mordomado de Paulo era o dispensar das riquezas insondáveis de Cristo para dentro do povo escolhido de Deus. Com Paulo, a palavra mordomado refere-se ao dispensar divino. A palavra despenseiro é usada em 1 Pedro 4.10, que diz que todos nós precisamos ser bons despenseiros da multiforme graça de Deus. A multiforme graça do rico Deus necessita de muitos despenseiros para dispensá-la; este dispensar é o mordomado deles. Nosso mordomado hoje é o mesmo de Paulo. O mordomado de Paulo era simplesmente aplicar uma injeção nas pessoas, isto é, distribuir, dispensar as riquezas insondáveis de Cristo para dentro do povo escolhido de Deus. Esta é a economia de Deus, Seu plano, Sua administração. A ESCOLHA DE DEUS Deus tem um bom prazer, e segundo o Seu bom prazer Ele fez um plano. Por conseguinte, Ele arranjou uma administração universal de Sua casa para dispensar Suas riquezas para dentro de Seu povo escolhido. Então nos selecionou, não somente antes de sermos criados, mas também antes da fundação do mundo (Ef 1.4; 1 Pe 1.1,2). Nada de Sua criação tinha vindo ainda à existência quando Ele nos selecionou. SUA PREDESTINAÇÃO Seguindo Sua escolha, Deus nos predestinou (Ef 1.5 [“Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito da sua vontade” BJ]; Rm 8.30). A Nova Tradução Bíblica de Darby traduz esta palavra “predestinados” em Efésios 1.5 como “marcados de antemão”. Você já havia percebido que antes da fundação do mundo fora marcado? Você não pode escapar da mão de Deus. Tentei um bom número de vezes, mas nunca consegui! Quanto mais tentava, mais forte Ele me agarrava. Aonde você irá para escapar de Deus? Aonde quer que você vá, ali está Ele
  • 16. 16 (SI 139.7-10). Algumas vezes pode ser que você tenha se aborrecido por vir às reuniões da igreja e decidiu ir a algum outro lugar. Quando chegou lá, o Senhor Jesus estava lhe esperando! Isso mostra que você foi marcado. Cremos na eleição da Igreja, todavia cremos também na eleição de Israel: Dt 4.37; 7.6-8; 10.15; Sl 47.4; Sl 47.4; At 13.17; Rm 9.11; 11.28. De acordo com o sistema apresentado pelos dispensacionalistas, há sete épocas da história da Salvação: Inocência, Consciência, Governo Humano, Patriarcal, a Lei, a Graça e o Milênio, que será o governo divino. A chave imprescindível para a compreensão do futuro é Daniel 9.24-27. As 70 semanas se referem a 490 anos (70 x 7) e não a dias. As primeiras 69 semanas de anos terminaram com a crucificação de Jesus, encerrando a época na qual Deus tratava principalmente com Israel. Com a rejeição do Messias que Deus ofereceu a Israel no ministério e na pessoa de Jesus, Deus fez o relógio escatológico parar. No intervalo entre 69ª e 70ª semana, Deus estabeleceu a Igreja, a realidade não prevista pelos profetas do Antigo Testamento. De acordo com o sistema apresentado pelos dispensacionalistas, há sete épocas da história da Salvação: Inocência, Consciência, Governo Humano, Patriarcal, a Lei, a Graça e o Milênio, que será o governo divino. A chave imprescindível para a compreensão do futuro é Daniel 9.24-27. As 70 semanas se referem a 490 anos (70 x 7) e não a dias. As primeiras 69 semanas de anos terminaram com a crucificação de Jesus, encerrando a época na qual Deus tratava principalmente com Israel. Com a rejeição do Messias que Deus ofereceu a Israel no ministério e na pessoa de Jesus, Deus fez o relógio escatológico parar. No intervalo entre 69ª e 70ª semana, Deus estabeleceu a Igreja, a realidade não prevista pelos profetas do Antigo Testamento. A Igreja, portanto, é o ministério revelado a Paulo e aos escritores do Novo Testamento (Ef 3; Cl 1; Rm 16.25-27). Terminado este período da Graça, no qual os gentios e judeus são convidados a formar a “Noiva” de Cristo, ocorrerá o Arrebatamento (l Ts 4.13-18). Este maravilhoso evento se realizará sem aviso prévio. O relógio profético então será reativado, com a atenção de Deus voltada para Israel. A 70ª semana de Daniel 9 marcará os sete anos da Grande Tribulação. Dentro da última semana de Daniel haverá o desenvolvimento do seguinte quadro: 1. Israel, a nação judaica, estará no centro do plano divino de Deus para com a humanidade. Restaurada, Israel reconstruirá o Templo e restabelecerá os sacrifícios exigidos pela lei mosaica. 2. O poder político internacional será exercido pelo Anticristo, a Besta ou o Homem de Iniqüidade (l Jo 4.3; Ap 13; 2 Ts 2.3). 3. O cristianismo apóstata, unindo o Catolicismo, a Igreja Ortodoxa e o Modernismo protestante, chamado a Meretriz, se aliará com o Anticristo (Ap 17) e prosperará através da união adúltera durante um tempo. 4. O pecado aumentará entre os homens e chegará a uma profundidade e intensidade jamais vistas a não ser na época do Dilúvio. 5. A ira de Deus será derramada sobre a Terra numa série de julgamentos e cataclismos.
  • 17. 17 6. Quando a Besta (o Anticristo) romper (Dn 9.27) com a nação Israelita, provocará uma crise internacional que atingirá seu auge na guerra de Armagedom. Tudo culminará no fim dos sete anos da Grande Tribulação com a vinda de Jesus Cristo com os seus santos. Após a Parusia, o reino do Anticristo será destruído e Cristo passará a reinar sobre a terra (Zc 14.9,16-19; Mt 25.31-46; 19.28). Assim se cumprirão literalmente as profecias do Antigo Testamento que prevêem um reino messiânico na Terra. Passados os mil anos previstos em Ap 20, Satanás será solto da sua prisão, encabeçará uma revolta breve dos habitantes não regenerados, nações-bodes (Mt 25.31-46), mas que será esmagada. Sucederá então o último julgamento, do Trono Branco (Ap 20.11-15). Os mortos não convertidos serão julgados segundo as suas obras. A Igreja depois do Milênio gozará a Nova Jerusalém, e os judeus e as nações justas (ovelhas) gozarão a Vida Perfeita na Nova Terra, eternamente (Mt 25.31-46; Ez 37.21-28).
  • 18. 18 3 O PARENTE REMIDOR - GO’EL - O PARENTE VINGADOR 10 ‫ֵל‬‫א‬ֹ‫ג‬ Disse, pois, Jeremias: Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Eis que Hanameel, filho de teu tio Salum, virá a ti, dizendo: Compra o meu campo que está em Anatote, pois a ti, a quem pertence o direito de resgate (‫ָה‬‫לּ‬ֻ‫ְא‬‫גּ‬), compete comprá-lo. Veio, pois, a mim, segundo a palavra do Senhor, Hanameel, filho de meu tio, ao pátio da guarda, e me disse: Compra agora o meu campo que está em Anatote, na terra de Benjamim; porque teu é o direito de posse e de resgate; compra-o Então entendi que isto era a palavra do Senhor. Comprei, pois, de Hanameel, filho de meu tio, o campo que está em Anatote; e lhe pesei o dinheiro, dezessete siclos de prata. Assinei a escritura, fechei-a com selo, chamei testemunhas e pesei-lhe o dinheiro numa balança. Tomei a escritura da compra, tanto a selada, segundo mandam a lei e os estatutos, como a cópia aberta; Dei-a a Baruque, filho de Nerias, filho de Maaséias, na presença de Hanameel, filho de meu tio, e perante as testemunhas, que assinaram a escritura da compra, e na presença de todos os judeus que se assentavam no pátio da guarda”. E dei ordem a Baruque, na presença deles, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Toma estas escrituras de compra, tanto a selada, como a aberta, e mete- as num vaso de barro, para que se possam conservar muitos dias; pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Ainda se comprarão casas, e campos, e vinhas nesta terra. E depois que dei a escritura da compra a Baruque, filho de Nerias, orei ao Senhor, dizendo: Ah! Senhor Deus! És tu que fizeste os céus e a terra com o teu grande poder, e com o teu braço estendido! Nada há que te seja demasiado difícil! (Jr 32.6-17). A doutrina das Últimas Coisas – ESCATOLOGIA está fundamentada na doutrina da Redenção. Esta por sua vez está alicerçada na doutrina do Parente Remidor, que em hebraico é GO’EL (‫ֵל‬‫א‬ֹ‫ג‬). QUEM É O GO’EL? Era tanto o Parente Remidor como também o Parente Vingador (Nm 35.12- 19). A Bíblia Vida Nova11 traz o seguinte comentário: “Era o costume do parente próximo de um injustiçado reivindicar justiça por este: isto era uma garantia de que sempre haveria alguém interessado em trazer o malfeitor à punição. A lei do refúgio era a maneira de Deus preservar este costume contra o Vingador (Go’el) injusto e cruel”. 10 BENTES, A. C. G. JESUS O GO’EL VINGADOROR. 3ªed. Lagoa Santa: Editora Klivros.com.br, 2011, p. 39-47. 11 SHEDD, Dr. Russel P. Bíblia Vida Nova. São Paulo: Edições Vida Nova, 1976, p.189.
  • 19. 19 O Senhor providenciou seis (06) cidades de refúgio nas quais, as pessoas culpadas de homicídio acidental, podiam buscar proteção com segurança, protegendo- se do Vingador do Sangue até serem julgadas (Nm 35.11,12). “Se o Vingador do Sangue (Go’el) achar o homicida fora dos termos da cidade de refúgio e matá-lo, não será culpado do sangue” (Nm 35.27). A palavra GO’EL – Vingador do sangue vem do verbo “retribuir” que também significa “redimir” no sentido de comprar algo de volta pelo preço do resgate. Jesus tanto é o Parente Remidor como também é o Parente Vingador. ‫ָאַל‬‫ג‬�= ga’al = redimir, vingar, resgatar, livrar, cumprir o papel de resgatador.12 “Em Levítico 25.25 encontra-se pela primeira vez referência ao parente próximo (em hebraico go’el - ‫ל‬ֵ‫ֹא‬‫ג‬) como quem podia resgatar a seu irmão ou a propriedade de seu irmão. O goel tinha de ser o parente consangüíneo mais próximo (Rute 2.20; 3.9, 12; 4.1, 3, 6, 8). No período bíblico, também era vingador do sangue de seu irmão, dando morte ao homicida em caso de assassínio (Números 35.12-29). Outro dever do parente próximo era casar-se com a viúva de seu falecido irmão se este morria sem deixar filho varão. O primeiro varãozinho desta união levirata trazia o nome do falecido e recebia a herança do finado para que seu nome não se extinguisse em Israel (Deuteronômio 25.5-10). A idéia fundamental do sistema do goel é a proteção do pobre ou do desgraçado. Muitas vezes se alude ao Senhor como goel ou remidor de seu povo (Jó 19.25; Salmo 19.14; 49.15; Isaías 41.14; Jeremias 50.34). Jesus Cristo é, sobretudo, nosso goel ou parente próximo; ele não se envergonhou de chamar-nos ‘irmãos’, fez-se carne e nos redimiu de todo o mal, da escravidão do pecado, da perda de nossa herança e do aguilhão da morte”. 13 Lemos em Lucas 4.16-21 que Jesus entrou na sinagoga, na cidade de Nazaré, e tomando o livro do profeta Isaías, leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me UNGIU para EVANGELIZAR aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR” (Is 61.1,2). Jesus parou de ler exatamente neste ponto e afirmou: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir”. Ele deixou de ler a última parte do versículo 2. Por quê? Porque hoje é o dia da Graça, é o Ano Aceitável do Senhor, e Ele é o nosso Go’el, o Parente Remidor, o Resgatador. Porém virá o “Dia da Vingança”, quando o mesmo Parente Remidor virá como Parente Vingador para trazer juízo sobre Satanás, juízo sobre a terra. A abertura dos selos em Apocalipse capítulo 5 é a vingança do Parente Vingador. “Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E 12 Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr., Bruce K. Waltke. Editora Vida Nova. 13 PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995, p. 86.
  • 20. 20 clamaram com grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.10). “Porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos” (Ap 19.2). “Pois o Senhor tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa de Sião”. “Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é chegado” (Is 34.8; 63.4). O Ano Aceitável – É o período da Graça; Um dia para Vingança – É o período da Grande Tribulação; Um ano para Retribuição dos meus remidos – É o período do Milênio. GO’EL é o protetor do oprimido e libertador de seu povo. O Dia da Vingança: “Vingança [‫ם‬ָ‫ק‬ָ‫נ‬ nāqām] em hebraico se refere à retribuição divina (Lv 26.25; Dt 32.35,41,43; Ez 24.8; Mq 5.14,15) Por exemplo, o salmista encorajou os justos com a esperança de que um dia serão vingados, e Deus vai reparar as injustiças cometidas contra eles (Sl 58.10[11]. Na verdade, Ele julgará os que agiram com vingança para o seu povo (Ez 25.12,15). Em última análise, o juízo dos inimigos de Deus significará redenção para o seu povo (Is 34.8; 35.4; 59.17; 63.4)”.14 “Pois o dia da vingança que estava no meu coração e o ano da redenção chegaram” (Is 63.4).15 A Bíblia Dake faz o seguinte comentário: “O Dia da Vingança em Is 34.8; 35.4; 59.17; 61.2; Jr 51.6; 2 Ts 1.8 refer-se à maior destruição que a terra já viu ou verá. Multidões serão destruídas no Armagedom em um dia (Ez 38.39; Jl 2-3; Zc 14.2; 2 Ts 1.7-10; Jd 14-15; Ap 19.11-21). Isso será necessário para que O Ano dos Meus Redimidos venha, conforme afirmado aqui - o ano da plena restauração de Israel a Deus e de sua libertação de seus inimigos (Rm 11.25-29)”.16 O Ano dos meus Redimidos [‫י‬ַ‫ְאוּל‬‫גּ‬֖ ‫ת‬ַ‫נ‬ְ‫שׁ‬֥ ]. “Redimidos [‫י‬ַ‫ְאוּל‬‫גּ‬֖ - geulay] gā’al raiz primitiva, redimir (conforme a lei oriental do parentesco), i.e., ser o parente mais próximo – Go’el (e como tal, comprar de volta a propriedade de um parente, casar-se com a sua viúva etc). Seja como for, de qualquer modo, vingador, libertador, libertador, (fazer, realizar a parte do próximo) parente (Go’el), comprar, resgatar, redimir, remidor, vingado”.17 “Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é chegado” (Is 63.4). “Para proclamar O Ano do Favor de Adonai e o dia da vingança do nosso Deus” (Is 61.2).18 14 Bíblia de Estudo Palavras – Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p. 5359, 5360. 15 STERN, Davi. Bíblia Judaica Completa. São Paulo: Editora VIDA, 2010, p. 585. 16 Bíblia de Estudo Dake. Rio de Janeiro: CPAD, ATOS, 2009, p. 1161. 17 Bíblia de Estudo Palavras – Chave Hebraico e Grego. Op. Cit., p. 1570, 1571 18 STERN, Davi. Bíblia Judaica Completa. São Paulo: Editora VIDA, 2010, p. 583.
  • 21. 21 “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor (Go’el), o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus” (Is 44.6). “Quanto ao nosso Redentor (Go’el), o Senhor dos Exércitos é o seu nome, o Santo de Israel”. “Assim diz o Senhor, o teu Redentor (Go’el), o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar” (Is 48.17). “Então o Redentor (Go’el) virá a Tzion (Sião), àqueles em Ya’akov (Jacó) que abandonam a rebelião, assim diz ADONAI (SENHOR)” (Is 59.20). (Bíblia Judaica Completa – David Stern). O Parente-Remidor tinha a função de resgatar uma propriedade familiar (Lv 25.23-28). R. de Vaux no seu livro: “Instituições de Israel no Velho Testamento”, nos diz: A SOLIDARIEDADE FAMILIAR. O GO’EL.19 “Os membros da família em sentido amplo devem uns aos outros ajuda e proteção. A Prática particular desse dever é regulado por uma instituição da qual se encontram análogas em outros povos, por exemplo, entre os árabes, mas que, em Israel, toma uma forma particular, com um vocábulo especial. É a instituição do Go’el, palavra procedente de uma raiz que significa “resgatar”, “reivindicar”, e mais fundamentalmente, “proteger”. O Go’el é um redentor, um defensor, um protetor dos interesses do indivíduo e do grupo. Ele intervém em certo número de casos. Se um israelita precisou se vender como escravo para pagar uma dívida, deverá ser resgatado por um de seus parentes próximos, Lv 25.47-49. Quando um israelita precisa vender seu patrimônio, o Go’el tem direito preferencial na compra, pois é muito importante evitar a alienação dos bens da família. A lei está codificada em Lv 25.25. É como Go’el que Jeremias adquire o campo de seu primo Hanameel, Jr 32.6-17. O costume é ilustrado também na história de Rute, mesmo que aí a compra se complique por um caso de levirato. Noemi tem uma posse que a pobreza a obriga a vender; sua nora Rute é viúva e sem filhos. Boaz é um Go’el de Noemi e de Rute, Rt 2.20; mas há um parente mais próximo que pode exercer o direito de Go’el antes de Boaz, Rt 3.12; 4.4. Esse primeiro Go’el estaria disposto a comprar a terra, mas não aceita a dupla obrigação de comprar a terra e casar com Rute, pois o filho que nascesse dessa união levaria o nome do defunto e herdaria a terra, Rt 4.4-6. Boaz adquire então a posse da família e se casa com Rute, Rt 4.9,10. O relato mostra que o direito do Go’el era exercido segundo certa ordem de parentesco; esta é detalhada em Lv 25.49: primeiro o tio paterno, depois o filho deste, finalmente outros parentes. Além disso, o Go’el pode ser por isto censurado, renunciar a seu direito ou fugir de seu dever: o ato de descalçar-se, Rt 4.7,8, significa o abandono de um direito, como o gesto análogo na lei do levirato, Dt 25.9. Contudo, nesse último caso, o procedimento tem um caráter infamante. A comparação dessa lei com a história 19 VAUX, R. Instituições de Israel no Velho Testamento. São Paulo: Editora Teológica, 2002, p. 43,44.
  • 22. 22 de Rute parece indicar que a obrigação do levirato era assumida, no início, pelo clã, assim como o resgate do patrimônio, e que foi mais tarde restrito ao cunhado. Uma das obrigações mais graves do Go’el era a vingança de sangue, estudada com a organização tribal por causa de sua relação com os costumes do deserto. O termo GO’EL passou à linguagem religiosa. Assim, Iavé, vingador dos oprimidos e Salvador de seu povo, é chamado GO’EL em Jó 19.25; Sl 19.15; 78.35; Jr 50.34, etc., e freqüentemente na segunda parte de Isaías: 41.14; 43.14; 44.6,24; 49.7; 59.20, etc.” O Redentor de Israel (Goel) 20 “Resgate” Is 44.6: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor (Go’el), o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus”. Textos mais antigos descrevem a libertação do Egito como “fazer subir” ou “fazer sair” ou “salvar” (Êx 3.8,10; Am 9.7 e outras); os mais recentes interpretam-na como “livrar, remir” (ga’al: Êx 6.6; Sl 74.2; 77.15 e outras). Em retrospectiva, a vinculação à escravidão parece ao povo ter sido tão forte, “que ele próprio não poderia ter se libertado”. O “resgate” um costume jurídico sumamente significativo para o AT, que também foi regulamentado em lei (Lv 25.24ss.). Um israelita tem o direito e também o dever de socorrer um membro da família que se encontra em necessidade: se devido sua situação econômica precária alguém obrigado a alienar sua casa e propriedade, seu parente mais próximo — este então o “resgatador” — tem a prioridade de compra (Jr 32.7) e, com isso, a incumbência de manter a terra nas mãos da família. Pois propriedade de terra herdada, por ser meio de sobrevivência, não deve ser alienada (cf. 1 Rs 21). Mas se um israelita livre estiver tão empobrecido que precisa vender-se como escravo (a um estranho), então um parente seu tem a obrigação de comprá-lo de volta. O “resgate”, i. e., a re-aquisição, pressupõe, portanto, vínculos familiais. O livrinho de Rute (2.20ss.) e a compra do campo em Anatote por parte de Jeremias (Jr 32.6ss.) atestam que o costume do resgate era realmente praticado. Sempre “o patrimônio de um clã, em forma de terra e pessoas, deve ser preservado intacto” (J. J. Stamm, Pág. 28). Caso um membro da família tenha sido assassinado, o parente recebe a incumbência de “resgatar” ou “vingar” a morte. Quem se tornou assassino acidentalmente pode encontrar asilo nas cidades de refúgio (Nm 35.10ss.; cf. Êx 21.13; Dt 19.4ss.; 2 Sm 3.27). Se um membro da família morre sem deixar filhos, seu irmão é obrigado a casar- se com a viúva O primogênito é considerado herdeiro do falecido (é o chamado dever do levirato ou do cunhado: Dt 25.5ss.; Gn 38.8; Rt 4.5,10). Por outro lado, padah (que também significa resgate) não pressupõe necessariamente relações de parentesco e parece ser de cunho menos rigoroso: “libertar, 20 SCHMIDT, Werner H. A Fé no Antigo Testamento. São Leopoldo, RS: Sinodal, 2004, Pág. 75-77.
  • 23. 23 resgatar” de escravidão (Ex 21.7-11; Lv 19.20; Jó 6.23), “resgatar” o primogênito pertencente a Deus por meio de uma indenização (Êx 34.19s.; 13.11s.; Lv 27.26ss.; cf. 1 Sm 14.45 e outras). Como um parente intervém em favor de um necessitado de ajuda, assim Deus “resgata ou livra” o ser humano da aflição, seja ela inimizade ou doença (Gn 48.16; 2 Sm 4.9; 1 Rs 1.29; Jr 15.21 e outras). Cada indivíduo pode pedir para ser libertado da dificuldade (Sl 26.11; 69.19; 119.154), bem como agradecer por um salvamento experimentado: ‘Tu me remiste/resgataste, Deus fiel” (31.5; 107.1s.; Lm 3.58). Quem não tiver resgatador por causa de sua situação social, encontra-lo-á no próprio Deus. Este assume a incumbência do parente mais próximo: Não removas os marcos da “viúva”, nem entres nos campos dos órfãos Porque seu Redentor (Go’el - ‫ל‬ֵ‫א‬ֹ‫ג‬) é forte, e lhes pleiteará a causa contra ti! (Pv 23.10,11; cf. 22.23; Jr 50.34). Por Deus proteger os socialmente fracos e ter libertado Israel, a fé tem conseqüências Éticas (Dt 24. 17s; 15. 12ss). A libertação de Deus se refere tanto ao indivíduo quanto ao povo todo. No exílio, o profeta Dêutero-Isaías dirige a palavra aos desterrados como se estes fossem um indivíduo, anunciando-lhes a salvação iminente e inclusive já presente: “Não temas, porque eu te remi!” (Is 43.1). Os que saem do cativeiro babilônico devem confessar: “Javé remiu/resgatou seu servo Jacó” (48.20; cf. 52.9); mais ainda: “Redentor” torna-se um cognome fixo de Deus (44.6,24; cf. 63.16; também 1.27 e outras). Um acréscimo ao Salmo 130 insere a seguinte lamentação de um individuo no culto da comunidade: “Espere Israel em Javé, pois em Javé há misericórdia, nele, copiosa redenção. Por isso ele redimirá/resgatará Israel de todas as suas iniqüidades” (Sl 130.7s.; cf. 25.22; 34.23). Enquanto que aqui redenção significa - uma única vez no AT – perdão de pecados, por fim ela significa salvamento da morte (Sl 103.4) ou na morte (49.16; 73.24; cf. Jó 19.25). Com isso, a fé na “redenção” de Deus transcende o âmbito da história e da experiência humana. Jesus é o nosso Go’el, Ele já pagou o resgate com o seu sangue. Ele pagou o resgate da terra e irá casar-se com sua Igreja. Ele também é o Resgatador de Israel. “E ELE REDIMIRÁ ISRAEL DE TODOS OS SEUS PECADOS” 21 GEULÁ 21 ROTMAN, Flávio. REDENÇÃO - OS JUDEUS SÃO UM POVO, UMA NAÇÃO. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: Editora Leitura, 2008, p. 215.
  • 24. 24 Dizem nossos sábios que a Geulá (Redenção) virá justamente numa geração baixa e inferior. Pergunta-se, portanto: Como pecadores imperfeitos poderão receber a Luz da Geulá? Há duas respostas: a) quando Mashiac (Messias) chegar, incentivará todos para que façam teshuvá, ou seja, para que retornem a Deus de todo o coração. Obviamente todos estarão no nível de baalê teshuvá (penitentes), que é um grau mais elevado que o dos tsadikim (justos); b) “E Ele redimirá Israel de todos os seus pecados”. Stanley M. Horton nos diz: 22 A Bíblia emprega a metáfora do resgate ou da redenção para descrever a obra salvífica de Cristo. O tema aparece muito mais freqüentemente no Antigo Testamento que no Novo. O tema aparece muitas vezes no Antigo Testamento, referindo-se aos ritos da “redenção”! No tocante às pessoas ou bens (cf. Lv 25; Rt 3 e 4, que empregam a palavra hebraica ga’al). O “Parente redentor” funciona como um go’el. O próprio YAHWEH é o Redentor (heb. Go’el) do seu povo (Is 41.14; 43.140, e eles são os redimidos (heb. ge’ulim, Is 35.9; 62.12). O Senhor tomou medidas para redimir (heb. padhah) os primogênitos (Êx 13.13-15). Ele redimiu Israel do Egito (Êx 6.6; Dt 7.8; 13.5) e também os remirá do exílio (Jr 31.11). Às vezes Deus redime um indivíduo (Sl 49.15; 71.23); ou um indivíduo ora, pedindo a redenção divina (Sl 26.11; 69.18). Mas a obra divina na redenção é primariamente moral no seu escopo. Em alguns textos bíblicos, a redenção claramente diz respeito aos assuntos morais. Salmos 103.8 diz: “Ele remirá a Israel de todas as suas iniqüidades”. Isaías diz que somente os “remidos”, os “resgatados”, andarão pelo chamado “O Caminho Santo” (Is 35.8-10). Diz ainda que a “filha de Sião” será chamada “povo santo, os remidos do Senhor” (Is 62.11,12). No Novo Testamento, Jesus é tanto o “Resgatador” quanto o “Resgate”; os pecadores perdidos são os “resgatados”. Ele declara que veio “para dar a sua vida em resgate (gr. Lutron - λύτρον) de muitos” (Mt 20.28; Mc 10.45). Era um “livramento [gr. Apolutrōsis - ἀπολύτρωσις] efetivado mediante a morte de Cristo, que libertou da ira retribuitiva de Deus e da penalidade merecida do pecado”. Paulo liga a nossa justificação e o perdão dos pecados à redenção que há em Cristo (Rm 3.24; Cl 1.14, apolutrosis nestes dois textos). Diz que Cristo “para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30). Diz também que Cristo “se deu a si mesmo em preço de redenção [gr. Antilutron - ἀντίλυτρον] por todos (1Tm 2.6). O Novo Testamento demonstra claramente que Ele proporcionou a redenção mediante o seu sangue (Ef 1.7; Hb 9.12; 1Pe 1.18,19; Ap 5.9), pois era impossível que o sangue dos touros e dos bodes tirasse os pecados (Hb 10.4). Cristo nos comprou (1 Co 6.20; 7.23, gr. Agorazō - ἀγοράζω) de volta para Deus, e o preço foi o seu sangue (Ap 5.9). Basta um estudo simples nas Escrituras, da linguagem usada para descrever nossa redenção, para que não fique qualquer dúvida de que o crente, à semelhança de um escravo exposto à venda na praça, foi comprado por preço, e que, agora, passa a pertencer totalmente ao seu novo senhor. O antigo patrão não tem mais qualquer direito sobre ele, como rezava a legislação romana da época. Assim, Paulo diz que fomos 22 HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.356,357.
  • 25. 25 comprados por preço (1 Co 6.20; 7.23; Agorazō - ἀγοράζω, comprar, redimir, pagar um resgate — termo usado para o ato de comprar um escravo na praça, ou pagar seu resgate para libertá-lo), e que sendo agora livres, não devemos nos deixar outra vez escravizar (1 Co 7.23). Fomos resgatados (lutróō - λυτρόω) pelo precioso sangue de Cristo (1 Pe 1.18; cf. Ap 5.9).23 REDENÇÃO ‫ָה‬‫לּ‬ֻ‫א‬ְ‫גּ‬ - Ge’ullâ “O cristianismo não é um circulo, com um só centro, mas, sim, uma elipse, que tem dois focos – as doutrinas da Redenção e do Reino de Deus” (Albrecht Ritschl). A redenção consiste do processo de RESTAURAR, ao proprietário original, algo que ele perdeu ou vendeu. Apokatástasis. Em o Novo Testamento, a forma nominal da palavra grega “apokathistemi” (restaurar) é usada apenas uma vez em Atos 3.21 (ἀποκατάστασις -Apokatástasis). A palavra significa literalmente estabelecer algo novo em sua ordem original. Esta palavra era usada no mundo secular grego para indicar a volta do legítimo proprietário à posse de sua casa ou fazenda. Quando a alma é redimida, é então restaurada a Deus. O corpo será redimido: “... aguardando a adoção de filhos, a REDENÇÃO do nosso corpo” (Rm 8.23). A terra será redimida: “... até ao RESGATE da sua propriedade...” (Ef 1.14). Toda a redenção envolve purificação. A Bíblia reconhece apenas dois agentes purificadores: um é o sangue, e o outro é o fogo. Os pecadores arrependidos podem ser redimidos pelo sangue de Cristo, mas a terra terá que ser redimida pelo fogo: “Mas quem pode suportar o Dia da sua Vinda? E quem pode subsistir quando Ele aparecer? Porque Ele é como fogo do ourives e como a potassa (sabão) dos lavandeiros” (Ml 3.2). “Pois eis que vem o Dia, e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o Dia que vem os abrasará diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo” (Ml 4.1). “Ora, os céus que agora existem, e a terra, pela mesma palavra têm sido entesourados para o FOGO, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios”. “Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas24 (2 Pe 3.7,10)”. 23 LOPES, Augustus Nicodemus. Batalha Espiritual. 24 O Dia Senhor [Restrito] trará o fogo do julgamento e a convulsão cataclísmica de toda a criação, mas emergirão do crisol ‘novos céus e a nova terra, nos quais habita justiça’ (v. 13), e lá presumivelmente ‘a terra e as obras que nela existem serão encontradas’ [eu(reqh/setai - Heurethēsetai], agora purificadas da imundície e da perversão do pecado”. Heurethēsomai (eu(reqh/somai) pode ser traduzido como ‘achados’ ou ‘encontrados’.
  • 26. 26 “O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a Terça parte da terra, e das árvores e também toda erva verde” (Ap 8.7). Os acontecimentos narrados no livro de Apocalipse do capítulo 6 ao 19 é o juízo de fogo sobre a terra e a expulsão de Satanás do céu e da terra (Ap 12.7-9; 20.1-3,7-10). “E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe permitido que abrasasse os homens com fogo. E os homens foram abrasados com grande calor” (Ap 16.8,9). “E será a luz da lua como a luz do sol, e a luz do sol sete (7) vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em o Senhor atar a ferida do seu povo (Israel), e curar a chaga do golpe que ele deu” (Is 30.26). Quão terrível é o Dia do Senhor! ‫ָה‬‫ו‬‫ְה‬‫י‬ ‫ֹום‬‫י‬ְ‫ו‬ֹ‫נ‬‫א‬ ָ‫ור‬
  • 27. 27 4 O LIVRO DE RUTE E A DOUTRINA DO GO’EL Versículos de Rute que contêm o particípio Go’el. Cap. Vers. Texto Rt 2 20 Esse homem é parente nosso, um dos nossos remidores… Rt 3 9 12 …eu sou remidor, porém há ainda outro mais chegado do que eu… …eu sou remidor, porém há ainda outro mais chegado do que eu… Rt 4 1 3 6 8 14 …eis que o remidor de quem falara ia passando… …Disse Boaz ao remidor… Então disse o remidor... Dizendo, pois, o remidor a Boaz... …não te deixou hoje sem remidor… Considerações Preliminares Historicamente, o livro de Rute descreve eventos na vida de uma família israelita durante o tempo dos Juízes (1.1; cerca de 1375 a 1050 a.C.). Geograficamente, o contexto é a terra de Moabe, a leste do mar Morto. O restante do livro transcorre em Belém de Judá e sua vizinhança. Liturgicamente, o livro de Rute é um dos cinco rolos da terceira divisão da Bíblia Hebraica, conhecida como Os Hagiógrafos (literalmente "Escritos Sagrados"). Cada um desses rolos era lido publicamente numa das festas judaicas anuais. Visto que a comovente história de Rute ocorreu na estação da colheita, era costume ler este livro na Festa da Colheita (Pentecoste). Considerando que a lista dos descendentes de Rute não vai além do rei Davi (Rt 4.21,22), o livro foi provavelmente escrito durante o reinado de Davi. Desconhece-se o autor humano do livro, mas a tradição judaica (e.g., o Talmude) atribui essa autoria a Samuel. Propósito O livro de Rute foi escrito a fim de mostrar como, através do amor altruísta e do devido cumprimento da lei de Deus, uma jovem mulher moabita, virtuosa e consagrada, veio a ser a bisavó do rei Davi de Israel. O livro também foi escrito para perpetuar uma história admirável dos tempos dos juízes a respeito de uma família piedosa cuja fidelidade na adversidade contrasta fortemente com o generalizado declínio espiritual e moral em Israel, naqueles tempos. Visão Panorâmica Esta história do amor que redime inicia quando Elimeleque parte de Judá e passa a residir com sua família em Moabe por causa de uma fome (Rt 1.1,2). O sofrimento continuou a flagelar Elimeleque, pois ele e seus dois filhos morreram em Moabe (Rt
  • 28. 28 1.3-5), o que resultou em três viúvas. Quatro episódios principais vêm a seguir. (1) Noemi (viúva de Elimeleque) e sua devota nora moabita, Rute, voltaram a Belém de Judá (Rt 1.6-22). (2) Na providência divina, Rute veio a conhecer Boaz, um parente rico de Elimeleque (capítulo 2). (3) Seguindo as instruções de Noemi, Rute deu a entender a Boaz o seu interesse na possibilidade de um casamento segundo a lei do parente-remidor (capítulo 3). (4) Boaz, como parente-remidor, comprou as propriedades de Noemi e casou-se com Rute, e tiveram um filho chamado Obede - avô de Davi (capítulo 4). Embora o livro comece com tremendos reveses, termina com um final sobremodo feliz - para Noemi, para Rute, para Boaz e para Israel. Já conhecíamos algumas revelações extraídas das Escrituras deste pequeno livro. No entanto, examinando com cuidado estas Escrituras pudemos compreender mais alguns de seus significados, chegando à conclusão de quão detalhado é este livro no tocante à Palavra Profética constante nas Escrituras Sagradas. Boaz e Rute Em suma, nos são apresentados três personagens principais: Noemi é a israelita; Rute, sua nora, a moabita (gentia); e Boaz, o redentor de ambas, israelita, homem valente e poderoso (Rt 2.1). Rute, mesmo sendo moabita, decidiu seguir o Senhor, o Deus de Noemi: “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares a noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;” (Rute 1.16). Irmãos, as Escrituras nos relatam que Deus possui dois povos na Terra e a família real que governará no Milênio e Eternidade: A igreja fiel que será arrebatada é a família real, ou seja, a Noiva do Senhor; um dos súditos, povo da terra, é o remanescente fiel de Israel, composto pelos judeus que resistirão ao Anticristo, se converterão a Jesus e triunfarão junto com o Senhor sobre o Anticristo, aniquilando-o na batalha do Armagedom. O outro povo da Terra são os Gentios do Milênio que não se rebelarão contra o Cordeiro na batalha Gogue e Magogue, serão súditos do Rei Jesus e da Igreja, e herdarão a Nova Terra.
  • 29. 29 Veremos que cada um dos personagens no Livro de Rute identifica perfeitamente as pessoas envolvidas no plano de salvação de Deus conforme previsto em sua Palavra Profética. Assim sendo, serão elencadas 16 comparações extraídas das Escrituras contidas no Livro de Rute. Assim poderemos constatar que o Livro de Rute relata detalhadamente o Plano de Salvação do Senhor para sua igreja fiel e depois para o remanescente de Israel. Por meio destas 16 comparações poderemos constatar que: a) a israelita Noemi representa o remanescente de Israel (observe que Noemi inclusive perdeu esposo e dois filhos - Rt 1:5 -, logo pode perfeitamente representar esse remanescente); b) a moabita Rute, gentia, representa a Noiva de Jesus, formada pelos cristãos fiéis de todas as nações; e c) Boaz, o redentor [Go’el] de Noemi e Rute, representa o próprio Jesus, redentor da igreja fiel e do remanescente de Israel. Eis a seguir, portanto, a impressionante sintonia dos fatos relatados no Livro de Rute com a Palavra Profética para os tempos finais a partir do exame das Escrituras Sagradas: 1º) Como já demonstramos, em Rt 1.16, Rute decide seguir o Deus de Noemi, ou seja, o Deus de Israel. Da mesma forma, Deus se revelou primeiro a Israel (Noemi), e depois à igreja fiel (Rute). 2º) Quanto a Boaz, é dito que era parente de Noemi, homem valente e poderoso (Rt 2.1), ou seja, pertencia ao povo Israel, assim como Jesus, que nasceu judeu (Mt 1.1), e se encontra acima de todo poder e principado (Ef 1.20-23). 3º) Também é dito que Boaz veio de Belém (Rt 2.4), assim como Jesus de lá veio (Mt 2.1). 4º) A saudação de Boaz aos segadores de espigas: “O Senhor seja convosco” (Rt 2.4) se assemelha em muito à saudação do Senhor Jesus aos apóstolos (segadores de almas): “Paz seja convosco” (Jo 20.19). 5º) Rute é chamada para colher espigas no campo de Boaz (Rt 2.3). Da mesma forma a igreja fiel é chamada por Jesus para trabalhar na sua seara (campo) (Mt 9.37- 38). 6º) Boaz alerta Rute para que não vá para outro campo, mas permaneça no seu campo (Rt 2.8). Jesus alerta sua igreja fiel para que não vá após os ladrões e
  • 30. 30 salteadores, mas entre pela Porta ao aprisco do Senhor onde achará pastagens (Jo 10.7- 12). 7º) Rute se prostrou diante de Boaz, por ter achado graça aos seus olhos (Rt 2.10). A igreja fiel de Jesus, de contínuo, se prostra diante do Senhor Jesus (Mt 17:14- 15; Lc 7:36-47, etc.) 8º) Boaz diz à Rute que o Senhor a galardoará porque ela veio se abrigar sob as asas do Senhor (Rt 2.12). Jesus galardoará sua igreja fiel, porque esta veio a servir ao Senhor (Cl 3.24). 9º) Boaz convida Rute para participar do pão e do vinho junto com os segadores (Rt 2.14). O Senhor Jesus convida sua igreja fiel a participar do pão e do vinho do Senhor, até que Ele venha (1 Co 11.23-26). Acompanhemos as próximas comparações e teremos diante de nós a impressionante sequência dos acontecimentos dos tempos do fim em plena sintonia com o restante da Palavra Profética contida na Bíblia: 10º) Acabada a sega, Rute se prepara para encontrar com Boaz seu remidor (Rt 3.2-3). Ao fim do tempo da graça, ao final da colheita, a igreja fiel se prepara para encontrar com Jesus, seu redentor (2 Co 11.2; Mt 25.4-6; etc). 11º) Após a sega, Boaz padejou a cevada na eira, ou seja, separou os frutos bons dos maus (Rt 3.2). No fim dos tempos, Jesus, em só um momento, separará a igreja fiel da infiel, as virgens prudentes das virgens insensatas (Mt 25.8-10). 12º) Rute vai, de mansinho, ao encontro de Boaz e, à meia-noite, este constata que Rute está aos seus pés (Rt 3.7-8). A igreja fiel, de modo imperceptível, será arrebatada e irá ao encontro de Jesus Cristo, à meia-noite (Mt 25.6). 13º) Boaz lembra à Rute que há Outro Remidor mais chegado do que ele (Rt 3.12), o qual teria que abrir mão de seu direito de remissão para que Boaz redimisse Rute e Noemi. Este Outro Remidor diz para Boaz que não poderá redimir Rute, haja vista que já tem sua própria herança em Israel (Rt 4.6). Ora, este Outro Remidor representa o próprio Pai Celestial, Remidor mais chegado, mas que já tinha sua própria herança, Jerusalém, a quem desposou desde o princípio conforme Ezequiel 16.8-9, 60- 62, logo não poderia ser esposo de outra. Rute será redimida então por Boaz, assim como a igreja arrebatada será redimida por Jesus, seu Esposo por direito, afinal os próprios Pai e Filho se apresentam como exemplo na questão de fidelidade no matrimônio, cada um com sua esposa: o Deus Pai Todo-poderoso é o Esposo de Jerusalém (Ez 16.8-9, 60-62); seu Filho Jesus é o Esposo da igreja fiel a ser arrebatada (Ap 19.7-9, 22.17,20). 14º) O direito que era do Outro Remidor foi então passado à Boaz (Rt 4.8-9). O Pai Celestial também passou a Jesus todo o Poder no Céu e na Terra (Mt 28.18).
  • 31. 31 15º) Boaz recebe Rute e a tem por sua esposa (Rt 4.13) e, em seguida, redime a Noemi (Rt 4.14). Jesus receberá sua igreja fiel como sua Esposa arrebatada e a conduzirá às Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9) e, em seguida, redimirá o remanescente de Israel (Ap 19.11-21, Zc 14.1-14, etc). 16º) Observamos que Boaz ocupa o lugar do filho de Noemi, ao casar-se com Rute, o que confere perfeitamente com o descrito em Apocalipse 12:1-2,5, em que uma mulher, que representa Israel, gerou um Filho que foi arrebatado para Deus e seu trono. Assim, na Palavra Profética de Ap 12, Jesus é identificado como filho de Israel, tal qual Boaz ocupa o lugar de filho de Noemi. Amados, o livro de Rute se encaixa perfeitamente na Palavra Profética contida nas Escrituras Sagradas. É uma impressionante confirmação da sequência dos acontecimentos no Plano de Deus para os últimos dias. Desta forma, não restam dúvidas: a) O tempo da graça termina ao tempo do arrebatamento da Noiva do Senhor; b) o arrebatamento ocorre antes da Grande Tribulação; e c) Israel é restaurado ao final da Grande Tribulação. Um momento específico no Livro de Rute me chamou muito a atenção: Rute se dirigiu a Boaz, o qual constatou que ela se encontrava aos seus pés, à meia-noite. Ora, Rute representa a igreja fiel que será arrebatada a encontrar nos ares com o Senhor, também à meia noite. Em outra ocasião, estudamos o Salmo 90.4, segundo o qual 1000 anos são para o Senhor como uma vigília da noite. Ora, sabemos que, nos tempos bíblicos, a primeira vigília ocorria de 18h às 21h; a segunda, de 21h à meia-noite; a terceira, de meia-noite às 03h; e a quarta vigília de 03h às 06h da manhã. Ora, se, de acordo com o Salmo 90:4, para o Senhor, 1000 anos são como uma vigília, então, certamente, a primeira vigília corresponde ao primeiro milênio; a segunda, ao segundo milênio; e assim por diante. E a meia-noite é exatamente entre a segunda e a terceira vigília, ou seja, entre o segundo e o terceiro milênio. Repare que o Senhor Jesus já adotava esta fórmula bíblica para nos revelar a época de sua vinda na parábola do “servo vigilante”: “Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando- se, os servirá. E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem- aventurados são os tais servos”. Lucas 12.37-38 Ora, ao mencionar que poderia voltar na segunda ou terceira vigília, o Senhor, de acordo com o Salmo 90.4, nos revelava que sua vinda poderia se dar no segundo ou terceiro milênio.
  • 32. 32 Mas, o amor do Noivo pela sua igreja fiel não tem medida. Na verdade, Ele não pôde guardar o segredo e acabou nos revelando, através da parábola das “dez virgens”, a época de sua vinda: “Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro.” Mateus 25.6 Desta forma, as Escrituras afirmam que sua vinda para arrebatar sua Noiva será à meia-noite dos tempos finais, entre a segunda e a terceira vigília, ou seja, entre o segundo e o terceiro milênio. Esta importantíssima revelação da Palavra Profética confere exatamente com o Livro de Rute, pois Rute se dirige a Boaz (a igreja sobe ao encontro de Jesus) e, à meia-noite, Boaz percebe que Rute está a seus pés (Jesus contempla a chegada de sua Noiva à Sua Gloriosa Presença). Ora, à meia-noite já terão passadas exatamente duas vigílias, ou seja, já terão passados 2000 anos. Assim, se este período for contado a partir, por exemplo, dos doze anos de Jesus - quando Ele efetivamente começou a tratar das coisas do Pai, quando ensinava no templo aos doutores, conforme consta em Lc 2.42-52 – então podemos concluir que estamos vivendo a iminência da vinda do Rei dos reis para nos arrebatar deste mundo. De qualquer forma, não sabemos o dia nem a hora e, independentemente do episódio a partir do qual se inicia a contagem dos 2000 anos, o mais importante é sabermos que as Escrituras do Livro de Rute nos revelam, do mesmo modo que o restante da Palavra Profética, que o Senhor Jesus está efetivamente às portas. E principalmente, sendo Rute figura representativa da igreja fiel, sua atitude em relação ao encontro com Boaz deve ser imitada pela igreja fiel em relação ao encontro com Jesus Cristo, via arrebatamento. Compreendamos, pois, os três passos dados por Rute para se preparar para o encontro com seu futuro esposo, em atenção aos conselhos de sua sogra, interpretando-os, à luz das Escrituras Sagradas, para neles se espelhar a igreja do Senhor: “Lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos” Rute 3.3a “Lava-te”, isto é, livra-te de todo pecado (1 Jo 1.7); “unge-te”, isto é, santifica-te para o exercício do seu ministério (Ex 40.12-15); e “veste os teus vestidos”, isto é, pratique a justiça pela obediência ao Senhor (Ap 19.8; Mt 7.21; 1 Jo 2.15-17). Amados, cada vez que abrimos a Bíblia nos maravilhamos com a solidez e a plena credibilidade da Palavra de Deus. Se não bastassem as Escrituras tratarem tão clara e objetivamente do arrebatamento da igreja fiel, o Senhor, grande em misericórdia, e infinito em sabedoria, nos apresenta todo o seu maravilhoso plano nas entrelinhas do Livro de Rute. Assim sendo, confirmando as demais Escrituras, o Livro de Rute nos revela, em suma, que o arrebatamento é iminente, às portas, ocorre antes da Grande Tribulação, precedendo, portanto, a própria restauração do remanescente de Israel.
  • 33. 33 5 O CHESED DE RUTH 25 Julius Schnorr Von Carolsfeld: Ruth no campo de Boaz, 1828. O Livros de Rute conta a história de Ruth e sua mãe-de-lei Naomi. Após a morte de seu marido se movem tanto à terra natal de Naomi onde ela se redimiu da pobreza e da viuvez através de Ruth por seu goel, Boaz.26 A graça sobre Ruth O Livro de Ruth (‫רוּת‬ ‫ּת‬ַ‫ל‬ִ‫ג‬ְ‫מ‬) conta uma história maravilhosa do amor Redentor e de devoção (ou seja, de chesed-Graça ‫ֶד‬‫ס‬ֶ‫ח‬)27 , que remonta ao período difícil da história judaica, conhecido como o “tempo dos juízes” (c. Século 12º a.C.). A história é tradicionalmente lida durante a Festa de Shavuot (Pentecostes) nas Sinagogas em todo mundo, tanto porque os eventos relatam o período durante o tempo da colheita do primeiro semestre (ligando-o ao aspecto agrícola da Festa), e Ruth, ela mesma, é uma imagem da aceitação de bom grado de um estilo de vida judaica (vinculando para o aspecto religioso da Festa). Assim como Israel aceitou voluntariamente a Torá no Sinai sem saber seu conteúdo (kol asher diber Adonay na’aseh v’nishmah)28 , portanto, Ruth desistiu de tudo que sabia para aceitar a Torá dada por D-us.29 Como o povo de Israel, Ruth acreditou primeiro para depois compreender, e não ao contrário… Enquanto a narrativa da história é simples, para compreender inteiramente suas implicações “espirituais” precisamos estar familiarizado com as várias leis da Torá, 25 http://www.yeshuachai.org/forums/topic/ ‫החסד‬-‫אודות‬-‫רות‬ -a-graca-sobre-ruth-pentecostes. 26 http://en.wikipedia.org/wiki/Goel. 27 Hesed [chesed]. Não se pode traduzir nitidamente a palavra hesed. A tradução comum das versões em português é misericórdia, bondade, benignidade, mas estas palavras todas são inadequadas para dar o pleno sentido do termo. A palavra relaciona-se intimamente com o fator de Deus nas suas atividades providenciais na história de Israel. A Palavra significa o amor firme, persistente, imutável, no cumprimento das promessas do seu concerto com Israel, mesmo quando o povo falhava e se mostrava indigno. A palavra sempre acentua a fidelidade de Deus para com o seu concerto com Israel. Os hasidim são os piedosos, os fiéis, os santos que responderam com confiança ao amor fiel do Senhor. O hesed divino sempre buscava a comunhão espiritual com Israel para criar nele o amor fiel a Deus. Assim se vê que é quase o equivalente da graça divina. 27 C. H. Dodd, The Bible Today, p. 14. 28 kol asher diber Adonay na’aseh v’nishmah = Tudo o que Deus tem falado, faremos e vamos ouvir. 29 D-us, ou D’us, é uma das formas utilizadas por alguns judeus de língua portuguesa para se referirem a Deus sem citar seu nome completo, em respeito ao terceiro mandamento recebido por Moisés pelo qual Deus teria ordenado que seu nome não fosse falado em vão.
  • 34. 34 incluindo as ‘leis da redenção/remisão’ (Levítico 25.32-55), as leis de Shemitá (ano sabático) e Yovel (Jubileu) (Levítico 25.4,10,23), as leis de herança de família (Números 27.8-11), as leis de Yibum (casamento levirato) (Deuteronômio 25.5-10), e várias leis de agricultura relativo à deixar comida para os pobres e necessitados (Peah e Leket) (Levítico 19.9-10; 23.22; Deuteronômio 24.19). Além disso, precisamos compreender as ‘leis de guerra’ para a tomada de posse da terra, e D-us declarou repetidamente o mandamento que Israel deve ser Santo (separado) e não assimilar com culturas alheias, dos gentios (Êxodo 34.12; Deuteronômio 7.1-6; 14:2, Efésios 2.11 e etc.). Durante os ‘dias dos juízes’, em Belém de Judá – Beit Lechem (‫ּית‬ֵ‫ב‬ ‫ֶם‬‫ח‬ֶ‫ל‬, literalmente: “casa de pão”), na região denominada Efratah (‫ָה‬‫ת‬ ָ‫ְר‬‫פ‬ֶ‫א‬, literalmente: fecundidade/frutífero), viveu um homem chamado Elimelech (�ֶ‫ל‬ֶ‫מ‬‫ִי‬‫ל‬ֱ‫)א‬ e sua esposa Naomi [Noemi] (‫י‬ִ‫מ‬ֳ‫ע‬ָ‫נ‬) com seus dois filhos, Machlon (Malom) e Chilyon (Quiliom). Aparentemente os nomes de seus filhos refletem as dificuldades do tempo: Machlon vem de um verbo hebraico (‫ָה‬‫ל‬ָ‫)מ‬ que significa ‘ficar doente’, Considerando que Chilyon vem de um verbo hebraico (‫ָה‬‫ל‬ָ‫כ‬) que significa ‘ser frágil’. De qualquer forma, por causa da fome em curso na terra, Elimelech decidiu arrendar sua terra e mudar com sua família para a terra de Moabe, onde morreu pouco tempo depois, fazendo de Naomi uma viúva. Seus filhos mais tarde se casaram com mulheres Moabitas: Chilyon casou-se com uma mulher chamada Orfa, Considerando que Machlon casou-se com a heroína da nossa história, uma jovem mulher chamada Ruth (‫רוּת‬) (Ruth significa amiga, companheira). Tragicamente, ambos filhos de Naomi morreram sem filhos, deixando-lhe assim não apenas viúvas, mas também desprovidas de filhos e necessitadas. Por esta série de tragédias, Naomi decidiu retornar à terra de Judá, onde ela tinha ouvido que a fome tinha cessado. Inicialmente ambas das suas noras arrumaram para ir com ela no caminho de volta para a terra de Judá, apesar de ela ter convencido a nora Orfah para retornar de volta para sua casa. Ruth, por outro lado, agarrou-se à sua sogra e se recusou a deixá-la. Depois de testar várias vezes seus motivos, Ruth eventualmente disse a Naomi: ‘não me peça para deixá-la ou para retornar… Teu povo será meu povo e seu D-us meu D-us… ’ (Ruth 1.16-17), esta foi a confissão chave da fé de Ruth. Apesar dos avisos de Naomi que; ‘Ruth seria considerada como uma pária e não quista em Israel (Deuteronômio 23.3), que provavelmente iria permanecer como uma perpétua viúva’, Ruth se recusou a ser dissuadida. Ao contrário de sua cunhada Orfa, Ruth chamou-se profundamente para a verdade da Torá, que ela viu em sua sogra, e, portanto, ela voluntariamente optou por deixar tudo para trás por causa de se tornar uma convertida ao verdadeiro D-us. Uma vez que Naomi entendeu a vontade sincera de Ruth, ela aceitou a decisão de Ruth e as duas mulheres chegaram a Belém no início da Primavera em Israel, durante o tempo da cevada colheita em Judá. Para sobreviver, Naomi enviou Ruth nos campos para colher colheitas, explicando-lhe as leis na Torá da Leket e Peah (Levítico 19.9-10; 23.22; Deuteronômio 24.19).
  • 35. 35 Naomi pedindo Ruth e Orfa para voltar para a terra de Moabe por William Blake, 1795.30 “Aconteceu, por acaso” de Ruth ir para os campos de Boaz, um parente do falecido marido de Naomi, Elimelech. Boaz foi imediatamente atraído por Ruth pela sua modéstia e integridade e beleza. Por exemplo, ele ficou impressionado que Ruth teve o cuidado de pegar apenas um ou dois caules de grãos, não só isto, e também que ela dobrava seus joelhos quando ela pegava os molhos, ao invés de fazer isto de outra forma. Boaz também ficou impressionado com a devoção de Ruth com a sua sogra, e ele, por isso, saiu no caminho para ajudá-la. Naomi entendia que Boaz era um parente “próximo” de seu marido Elimelech, e, portanto ele era qualificado para resgatar/remir sua terra daqueles que estavam a usufruindo. Lembre-se de que na Torá é permitido reaver as terras com base em seu valor proporcional antes do ano do Jubileu. A ‘lei da remissão’ exigia que um parente próximo tivesse a possibilidade de remir (comprar de volta) as terras de seu parente próximo se este parente estivesse em tal dificuldade financeira que ele tinha sido forçado a vendê-la: (Levítico 25.25). Desde que Naomi foi destituída, ela precisava convencer um parente próximo a resgatar sua terra para o legado do nome de sua família em Israel. Agora, Boaz era um dos parentes “próximo” de seu falecido marido Elimelech (talvez o filho do irmão do Elimelech), assim ele era legalmente qualificado para resgatar a terra. Além disso, Boaz foi descrito como um homem rico e, por conseguinte, tinha os meios financeiros ser um Parente Remidor (Go’el), embora ele precisasse ser convencido a fazê-lo. (tem que ser por livre vontade). Quando Naomi detectou o amor de Boaz para com Ruth, no entanto, ela desenvolveu sua estratégia. Uma vez que as ‘leis de herança’ afirmassem que se um homem morresse sem um filho, a herança seria transferida para a filha (Números 27.8- 11), e desde que Ruth era a viúva de Machlon, ela era a herdeira legal da linha de Elimelech. Em outras palavras, se Boaz pudesse ser persuadido a casar-se com Ruth, a, em seguida, ele poderia resgatar a terra e salvar a família de ser obliterada em Israel: Após um período de ‘flerte’ de Boaz com Ruth durante as semanas da colheita de cevada, Naomi finalmente instruiu sua nora para ir para a Eira para iniciar sua reivindicação de que Boaz devia resgatar sua terra. Desde de que a lei do “Casamento levirato” (Yibum) afirma que o irmão de um homem que morreu sem filhos tinha a 30 http://en.wikipedia.org/wiki/Book_of_Ruth.
  • 36. 36 obrigação de se casar com a viúva (Deuteronômio 25.5-10), Ruth – como uma viúva sem filhos – tinha o direito legal adicional para pedir Boaz a perpetuar a linhagem familiar em Israel ao se casar com ela. Porem antes que Boaz pudesse fazer, no entanto, Ruth tinha que expressar sua intenção “legal”, afirmando-lhe como “parente próximo”. Na preparação deste evento, Naomi instruiu Ruth para embelezar-se e apresentar-se diante de Boaz no final da colheita, quando os viticultores com alegria estariam celebrando a provisão de D-us (provavelmente durante a festa de Shavuot). Após a festa, foi dito a Ruth que Boaz iria dormir à Eira e foi instruído a colocar- se a seus pés e puxar seu manto sobre seus pés para simbolizar sua reivindicação. Quando Boaz mais tarde acordou e viu seus pés descobertos, ele encontrou Ruth, a seus pés, e ela expressou o seu pedido a ele: ‘Estenda seu manto sobre a sua serva, pois você é Remidor – Ki Goel atah (‫גאל‬ ‫כי‬ ‫’)אתה‬ (Ruth 3.9). Boaz ficou muito feliz com a perspectiva, embora ele explicasse que havia alguém que tinha um direito precedente em resgatá-la/redimi-la – “parente mais próximo do que eu” – Quando o homem apareceu, Boaz pediu um Minian (um grupo de dez judeus necessários para resolver questões legais) e lhe apresentou os termos iniciais da redenção. Boaz mencionou a condição adicional que o Redentor – Go’el seria obrigado a casar-se com Ruth a Moabita, uma vez que ela era viúva sem filhos de Machlon (filho de Elimelech) e a lei exigia que o Redentor “eleva-se o nome dos mortos” (isto é, levantar um herdeiro) para preservar a linhagem familiar em Israel. Ao ouvir isso, o homem disse que ele não poderia resgatá-la, por conseguinte, ele ‘tirou seu sapato’ para significar que ele retirou seu direito sobre o negocio (este costume bastante estranho é chamado chalitzah: ‫ָה‬‫צ‬‫ִי‬‫ל‬ֲ‫ח‬). O negócio jurídico, juntamente com a declaração de Boaz de intenção de resgatar as terras de Elimeleque e se casar com Ruth, é afirmado no Rute 4.8-10. Depois de ouvir a declaração de Boaz e suas intenções, o Minian, em seguida, abençoaram Ruth: (Rute 4.11-12). O livro termina com o casamento de Boaz e Ruth e o nascimento de seu primeiro filho. “E as mulheres do bairro deram-lhe um nome, dizendo: ’um filho nasceu para Naomi’. Elas o chamaram de Oved [Obed] (Servo). Ele foi o pai de Jessé, o pai de David’ (Rute 4.17). O livro termina com a genealogia da casa de Davi, desde o nascimento de Peretz (filho de Judá de Tamar) do nascimento do rei Davi”. Neste contexto, é interessante ver que a genealogia do Rei David não só incluiu a linha nobre de Abraham/Sarah, Itzak/Rebekah e Yakov/Leah, mas ela também incluiu Judá/Tamar, Boaz/Ruth e Salmão/Ra’abe. Além disso, na genealogia de Yeshua o Messias dado em Mateus 1.1-16, apenas quatro mulheres (além de Maria) são nomeadas explicitamente: Tamar (que “enganou” seu sogro), Ra’abe (a prostituta), Ruth (uma Moabita) e “a mulher de Urias” (ou seja, Batsheva, uma adúltera). Cada uma dessas mulheres de fé ilustram o amor de D-us e graça que supera seu julgamento… (tanto na genealogia de David e de Yeshua (Jesus) não tem só lado nobre da família não, também tem o lado muito menos nobre… não devemos preocupar tanto com o ‘pedigree’ familiar das nossas próprias famílias). Em última análise, a Teshuvah (conversão) de Ruth foi aceita, mesmo que ela fosse uma pária estrangeira e estranha as promessas e alianças de D-us – uma Moabitas
  • 37. 37 da qual na Torah afirma: “nenhum deles podem entrar na Kahal/Ekklesia (congregação) do Senhor” (Deuteronômio 23.3). A Grande fé de Ruth não era ao contrário da mulher Cananéia (outra rejeitada) que foi aceita por Yeshua o Messias (Mateus 15.22-28). Ambas destas mulheres superaram até mesmo a lei da Torá pela fé em D-us e com chesed veChen (Graça e Favor) foram Remidas… No caso de Ruth, sua fé trouxe à tona a ‘casa de Davi’ – e a partir daí, a linhagem de Yeshua, nosso Messias e Go’el (Redentor)… (Mateus 1.1). A bênção dada a Boaz; “sua casa seja como a casa de Pérez, que Tamar deu a Judá, por causa da descendência que o Senhor lhe dará por esta jovem mulher” (Ruth 4.12), sugere que o plano de D-us da bênção providencialmente superou a fraqueza e a fragilidade de todos os envolvidos… É encorajador, não importa nossa origem, D-us pode nos usar para realizar sua vontade dentro do seu Reino… Finalmente, a história de Rute ilustra que a lei por si só é incapaz de redimir-nos (como é bem ilustrado pelo ‘Redentor sem nome’ no livro de Ruth, que não queria ‘por em risco’ sua herança) e, portanto, por isto algo mais é necessário. Um verdadeiro Go’el (‫ל‬ֵ‫א‬‫,)ג‬ Redentor/Remidor/Resgatador/salvador, caracteriza- se por amor e compaixão, assim como a lei do espírito da vida (‫ּים‬ִ‫י‬ַ‫ח‬ַ‫ה‬ ַ‫ח‬‫רוּ‬ ‫ת‬ ַ‫)תּוֹר‬ é o que nos liberta da lei do pecado e da morte (‫ֶת‬‫ו‬ָּ‫ַמ‬‫ה‬ְ‫ו‬ ‫ְא‬‫ט‬ֵ‫ח‬ַ‫ה‬ ‫ת‬ ַ‫תּוֹר‬ ). Ruth superou a “letra da lei” pela fé no amor Redentor de D-us. Como Ruth, temos de “ir para a Eira” como ‘sem merecer nada’, para reivindicar o amor Redentor de D-us. Temos de dizer ao Messias: “Estenda o seu manto (Talit) sobre teu Servo/Serva, Ki Goel Atah (‫ה‬ָ‫ֽתּ‬ ָ‫א‬ ‫ל‬ ֵ‫ֹא‬ ‫ג‬ ‫י‬ִ‫כּ‬֖ ֥ ) pois você é Remidor – (Rt 3.9)”. Temos de ultrapassar a inimizade exigida pela Torá com seus mandamentos e preceitos para receber a nossa cura - e encontrar o nosso lugar dentro da família de Deus.
  • 38. 38 6 REDENÇÃO: O PALCO DA ESCATOLOGIA 31 “Há pessoas que pensam que o Antigo Testamento, em contraste com o Novo, ensina que a REDENÇÃO foi recebida pela observância da lei. Mas isto não é verdade. Ali também a Graça de Deus vem primeiro” (Christopher J.H. Whight).32 A redenção é um ato de Deus pelo qual Ele mesmo paga como um resgate o preço do pecado humano que insultou a santidade e o governo que Deus exige. A redenção oferece a solução ao problema do pecado, como a reconciliação oferece a solução ao problema do pecador, a propiciação oferece a solução ao problema de um Deus ofendido. “Antes que se rompa o fio de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna” (Ec 12.6). Segundo a bioenergética o fio de prata liga o corpo à alma e ao espírito. No arrebatamento de espírito, este sai do corpo e vai aos lugares que Deus quer levá-los, como fez com o apóstolo Paulo, com o profeta Ezequiel com tantos outros servos de Yahweh. Fora do arraial evangélico, o homem sai do corpo numa viagem astral. E o que mantém o homem ligado ao corpo é o famoso fio de prata. Na morte física acontece o rompimento do fio de prata. A Bíblia de Estudo NVI nos traz o seguinte comentário de Ec 12.6: “Fio de Prata. Lamparina pendente de uma corrente de prata. Rompendo-se um único elo, perecerá essa luz e essa beleza, fato que mostra a grande fragilidade da vida”.33 No estudo da Teologia Sistemática há também um fio de prata. Ele liga todos os módulos da Sistemática: Bibliologia, Teontologia, Cristologia, Antropologia, Angelologia, Hamartiologia, Soteriologia, Eclesiologia, Pneumatologia e Escatologia. O fio de prata da Teologia Sistemática é a doutrina da Redenção, doutrina esta balizada na Pessoa Teantrópica do Redentor – Go’el - ‫גאל‬ - O Parente Remidor. Rompendo-se o fio de prata da Teologia da Sistemática esta morre. O fio de prata da teologia é o plano da Redenção alicerçado na Doutrina do Parente Remidor – O Go’el - Jesus Cristo, o Resgatador dos Judeus, dos Gentios, da Igreja e do Cosmos. O tema central da Bíblia é a Redenção.34 O tema divide-se assim: 1. O Antigo Testamento: a preparação do Redentor. 2. Os Evangelhos: a manifestação do Redentor. 3. Os Atos: a proclamação da mensagem do Redentor. 4. As Epístolas: a explicação da obra do Redentor. 5. O Apocalipse: a consumação da obra do Redentor. “A redenção obtida por Jesus Cristo é cósmica no sentido em que restaura toda a criação”. 31 A. C. G. JESUS O GO’EL VINGADOROR. 3ªed. Lagoa Santa: Editora Klivros.com.br, 2011, p. 55-72. 32 WRIGHT, Christopher J. H. Povo Terra e Deus. 1ª ed. São Paulo: ABU, 1991, p.23. 33 BÍBLIA NVI. SÃO PAULO: EDITORA VIDA, 2003, p. 1119. 34 PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995, p. 4.
  • 39. 39 “Essa confissão fundamental tem duas partes distintas. A primeira é: a redenção significa restauração – ou seja, o retorno à bondade de uma criação originalmente incólume, e não meramente a adição de algo supracriacional. A segunda é: essa restauração afeta toda a vida criacional, e não meramente alguma área limitada dela”.35 Redenção é, literalmente, “comprar de volta”, e a imagem evocada é a de um seqüestro. Uma pessoa livre foi capturada e só será devolvida mediante o pagamento de um resgate. Alguém paga o resgate em favor do cativo e, desse modo, “compra de volta” a sua liberdade original”.36 Daí a doutrina do Go’el ser importante no estudo da Redenção. Mais de três quartas partes da Bíblia correspondem ao Antigo Testamento. Com exceção dos onze primeiros capítulos do Gênesis, do livro de Jó e de certas partes dos profetas, o Antigo Testamento dedica-se ao trato de Deus com a raça escolhida. Deus elegeu o povo hebreu com três finalidades: 1. Ser depositário de sua Palavra; 2. Ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações; 3. Ser o meio pelo qual viesse o Redentor (Go’el). Os atos redentores de Deus têm um propósito contínuo, que ele cumprirá definitivamente com a eliminação do mal, a vingança dos justos, o estabelecimento da justiça e da paz e com a Restauração da harmonia entre Deus, a humanidade e a natureza. Os cristãos vivem à luz da inauguração desse reino no ministério terreno de Cristo, e também da expectativa do seu estabelecimento final, quando ele vier novamente. “Deus poderia ter destruído o homem, após a Queda no Éden. Mas não o fez. Ele preferiu remi-lo e restaurá-lo. Deus poderia ter destruído a humanidade após a rebelião da torre de Babel, porém não o fez”.37 “A história da REDENÇÃO começa com a chamada de Abraão e com a promessa de que através de seus descendentes, a Nação de Israel, Deus abençoaria todas as nações da terra”.38 “A resposta de Deus para a praga internacional do pecado foi uma nova comunidade, uma nação que seria o padrão e o modelo da REDENÇÃO, como também o veículo através do qual a bênção da REDENÇÃO finalmente abraçaria o restante da humanidade”.39 “Essa promessa ao patriarca Abraão tornou-se a base para toda a compreensão subseqüente do papel da terra no desenvolvimento da história da redenção”.40 “A posse de uma determinada extensão de terra teria importância sob várias perspectivas com respeito à obra redentora de Deus no mundo. Mas a terra também 35 WOLTERS. Albert. M. Criação Restaurada. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006, p. 79. 36 Ibidem. p. 80. 37 WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.34. 38 WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.47. 39 WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.35. 40 ROBERTSON, O. Palmer. O Israel de Deus. São Paulo: Editora Vida, 2005, p.17.
  • 40. 40 servia como sombra, exemplo, profecia, antecipando a obra futura de Deus com seu povo”.41 O povo de Deus é constituído da Igreja, de Israel Remanescente e dos Gentios que aceitarem o Governo do Messias no Milênio. A redenção envolve a restauração de tudo quanto foi perdido através do pecado, compreendendo a alma do homem, seu corpo, raça humana e a terra. Cristo o nosso Go’el possui as qualificações como o Redentor do mundo. Sua paixão e morte, seu poder de julgar e reinar o qualificam como GO’EL – Redentor. “Somente numa cristologia cósmica a cristologia se completa. Se Cristo é o Primogênito dentre os mortos, então ele não pode ser apenas o novo Adão da nova humanidade, mas deve também ser compreendido como Primogênito [aquele que tem a primazia] de toda a criação (o universo). Todas as coisas foram criadas com vistas ao Messias, pois o Messias redimirá todas as coisas para sua verdade e as reunirá para o Reino de Deus e, dessa forma, levar a criação à consumação”.42 O Filho tem todos os direitos pertencentes ao Primogênito, por causa de Sua posição preeminente sobre toda a criação. O processo da redenção foi entregue nas mãos da Igreja. A história da Igreja é a história da redenção no que se aplica à alma dos homens. Ainda não chegou o dia da redenção para a terra física, nem mesmo para a raça humana, nem mesmo do Universo (o cosmos). O Ponto de Vista reformado da Redenção: 43 “A cosmovisão reformada se distingue das demais em alguns pontos fundamentais. Primeiro, ela estabelece a autoridade suprema das Escrituras, entendida como a revelação da mente de Deus ao homem como único ponto de partida para a construção de uma cosmovisão essencialmente cristã. Em segundo lugar, ela oferece um escopo integral não-dualista para a formação de uma cosmovisão a partir da união dos três aspectos fundamentais da revelação bíblica, a tríade criação-queda-redenção. E por último salientamos a visão reformada plena da soberania de Deus sobre a criação e o escopo integral da queda e a redenção total de Deus, em Cristo Jesus”. “Na tradição reformada a graça restaura a natureza, ou seja, o escopo da salvação de Cristo não se aplica apenas à dimensão espiritual do homem, mas à criação toda” (O planeta Terra e todo o Universo). “Cristo não morreu apenas a reconciliação dos homens, mas para a reconciliação do Cosmo (1 Co 5.19). Deus não seria o criador de todas as coisas se não quisesse a redenção de todas as coisas”.44 41 ROBERTSON, O. Palmer. Op. Cit., p.16. 42 MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes, p. 372. 43 CARVALHO, V. R. G. COSMOVISÃO CRISTÃ E TRANSFORMAÇÃO. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2006, p. 53. 44 MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes, p. 377.
  • 41. 41 A redenção envolve a alma, o corpo e a terra toda: Rm 8.23: “E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”. Ef 4.30: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção”. Mt 19.28: “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração (παλιγγενεσίᾳ), o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar45 as doze tribos de Israel” (no Milênio). “Palingueneçía (παλιγγενεσίᾳ). Aqui o renascimento (escatológico) do mundo futuro, a regeneração da terra e de todo o universo”. 46 As duas grandes palavras proféticas são: 1. Regeneração; 2. Redenção. A história inteira da humanidade pode ser contada com apenas três palavras: 1. Geração; 2. Degeneração; 3. Regeneração. Geração refere-se ao ato de Deus de criar. Degeneração refere-se ao ato destruidor do Diabo. A degeneração foi holística, atingiu céus e terra. A Regeneração consiste do processo de restaurar, ao seu estado original, algo que sofreu um processo de Degeneração. O termo “regeneração” aparece apenas duas vezes no Novo Testamento (Mt 19.28; Tt 3.5). No evangelho de Mateus, tem um sentido escatológico, referindo-se à restauração de todas as coisas. Certamente a renovação do indivíduo faz parte da restauração universal. “No sentido de renovação, restauração, restituição a uma situação anterior; a respeito da manifestação eterna e completa do Reino do Messias, quando todas as coisas serão libertadas de sua corrupção atual e restauradas à pureza e ao esplendor espiritual”. 47 Na epístola de Tito, tem um sentido individual e fala da 45 Julgar. kri/nw (Krinō). Reinar, governar. Dicionário Bíblico Strong. 46 HAUBECK, W., SIEBENTHAL, H. Von. Nova Chave Linguística do Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Editoras Targumim e Hagnos, 2009, p.171. 47 Bíblia de Estudo Palavras – Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p. 2334.
  • 42. 42 renovação de cada pessoa, bem como da transformação da personalidade humana. Porém, em ambos os casos o agente dessa transformação, é o Espírito Santo. O Propósito de Deus para com a Terra 1. Qual o propósito de Deus para com a Terra? 1.1. Para ser habitada: “Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro” (Is 45.18). [Leia: Gn 1.2; Is 14.12; Ez 28.12-17]. 1.2. Para manifestar Sua Glória como nos dias do Milênio (Is 4.1-6). Is 4.2-6: “Naquele dia o renovo do SENHOR será cheio de beleza e de glória; e o fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel. E será que aquele que for deixado em Sião, e ficar em Jerusalém, será chamado santo; todo aquele que estiver inscrito entre os viventes em Jerusalém; Quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião, e limpar o sangue de Jerusalém, do meio dela, com o espírito de justiça, e com o espírito de ardor. E criará o SENHOR sobre todo o lugar do monte de Sião, e sobre as suas assembléias, uma nuvem de dia e uma fumaça, e um resplendor de fogo flamejante de noite; porque sobre toda a glória haverá proteção. E haverá um tabernáculo para sombra contra o calor do dia; e para refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva”. 2. O que houve com a Terra? 2.1. Com a queda de Satanás tornou-se um caos. “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que prostravas as nações!” (Is 14.12). “Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniqüidade. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te pus, para que te contemplem” (Ez 28.12-17). 2.2. Com a queda de Adão foi amaldiçoada (Gn 3.11-19; 4.11,12; 8.21; Is 24.1- 23). “A quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, os quais provêm da terra que o Senhor amaldiçoou” (Gn 5.29). 2.3. Adão perdeu o direito de dominá-la pelo poder de Deus, para Satanás. (Mt 4.8; Jo 14.30; 16.11; l Jo 5.19).