Este livro examina as evidências históricas e testemunhos sobre a identidade de Jesus Cristo, argumentando que Ele era o Filho de Deus. O autor, um ex-cético, buscou respostas lógicas para suas dúvidas sobre a fé cristã e agora acredita ter encontrado evidências convincentes de que Jesus era divino. O livro analisa os milagres, profecias e ressurreição de Jesus para apoiar Sua reivindicação de ser o Filho de Deus.
1. Um homem chamado Jesus
Tim LaHaye
Título original:
Traduzido por Rubens Castilho
United Press
Digitalizado por: #Pati#
Formatado por: SusanaCap
WWW .PORTALDETONANDO.COM.BR/FORUMNOVO/
2. Dedicatória
A todos aqueles que crêem que o Jesus de Nazaré histórico foi
realmente o Filho de Deus em forma humana, que morreu na cruz e
ressurgiu três dias depois — e a todos os que desejam encontrar
razões lógicas e convincentes para crer.
Su m á r i o :
INTRODUÇÃO: Quase Um Cético
A Necessidade Deste Livro
Parte I: Quem É Jesus?
1. A Pessoa Mais Extraordinária Que Já Viveu
2. O Que Há com os Céticos?
3. A Credibilidade das Narrativas do Evangelho
4. Várias Opiniões Sobre Jesus de Nazaré
5. Quem Jesus Disse Que Era
Parte II : A Evidência das Testemunhas Oculares
6. O Testemunho de João Batista
7. O Testemunho do Apóstolo Pedro
8. O Testemunho do Apóstolo João
9. O Testemunho do Apóstolo Paulo
10. O Testemunho do Próprio Deus
Parte III: O Que Suas Obras Provam Sobre Ele
11. Seus Milagres Como Testemunhos de Sua Identidade
12. Jesus Recebeu Adoração
13. Somente Deus Pode Perdoar
14. O Testemunho do Cumprimento das Profecias - Parte I
15. O Testemunho do Cumprimento das Profecias – Parte II
Parte IV: Evidência de Sua Ressurreição
16. A Ressurreição de Jesus: O Restante da História
17. A Ressurreição de Jesus Pode Ser Provada?
18. Algumas Teorias Falsas Sobre a Ressurreição de Jesus
Parte V : Quem Ele É Para Você?
19. Evidência Que Requer Uma Decisão
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3. Contracapa:
Conhecido como Jesus de Nazaré, sua vida tem inspirado mais
obras de arte, músicas e discussões do que qualquer rei, líder militar,
cientista ou educador. Quem pode ter exercido maior influência na
civilização do que Jesus, se até os séculos são separados pela data de
seu nascimento?
A identidade de Jesus, sua atividade e sua divindade têm sido
debatidas ferozmente desde sua passagem pela Terra. A influência de
Jesus no mundo moderno é imensurável. Esta influência de Jesus no
mundo moderno é imensurável. Esta influência e a constante busca
humana pela verdade nos leva a procurar respostas a uma pergunta
apresentada pelas mais diversas pessoas nos mais diferentes
contextos. Quem é esse homem chamado Jesus?
É esta a pergunta que Tim LaHaye se propõe a responder neste
livro. Examinando as evidências cuidadosamente, ele procura revelar
o aspecto mais importante da vida de Jesus: sua divindade como o
legítimo Filho de Deus.
Traga seu ceticismo para este livro e deixe que uma erudição
honesta e uma fé invencível o destruam!
INTRODUÇÃO: Quase Um Cético
Por pouco não me tornei um cético na escola dominical. Talvez
ao superar a minha crise, adquiri a capacidade de ser mais
compreensivo e paciente com aqueles que guardam perguntas não
respondidas e dúvidas filosóficas honestas sobre Deus, a Bíblia e Jesus
Cristo.
Meu professor da escola dominical era um bom homem. Tenho
certeza de que ele era bem-intencionado, mas tinha uma formação
deficiente e quase nenhum tempo para preparar adequadamente sua
4. lição. Ele era faxineiro no turno da noite na montadora da Ford em
Dearborn, Michigan, perto de Detroit. Nossa classe de meninos reuniase na galeria — no setor destinado ao coro — de uma igreja situada na
avenida Williamson.
Infelizmente para nós, o professor possuía um conhecimento
escasso da Bíblia e mal sabia ensinar. Quase todos os domingos ele se
colocava diante de nós e nervosamente fazia da revista trimestral das
lições um canudo, apertando-a e torcendo-a, sempre dizendo a mesma
coisa: “Não tive tempo para estudar minha lição esta semana, rapazes,
mas vamos ver o que Deus tem para nós”. Devo confessar que,
qualquer que fosse a mensagem que Deus tinha para nós, o professor
falhava em nos transmitir. No entanto, de um modo ou de outro, esse
homem foi nosso professor por dois anos nas classes de treze e de
quatorze anos.
Para piorar as coisas, meu professor de biologia no primeiro
grau foi um ardoroso evolucionista e um propagador do ateísmo. Ele
nos dizia repetidas vezes que Deus não existia, que não havia vida
após a morte e que milagres eram impossíveis. O Sr. Babel (acredite ou
não, este era seu nome verdadeiro) tinha obtido seu mestrado em
ciência na Universidade de Michigan. Ele sempre vinha para a aula
preparado e era muito convincente.
Não me considero um intelectual ou pensador profundo, mas sou
abençoado (ou, como alguns de meus amigos diriam, “amaldiçoado”)
com uma mente muito ocupada e inquiridora. Tenho dificuldade de
aceitar qualquer coisa que não esteja sustentada por razões lógicas.
Não importa o que seja dito, se eu não tiver assimilado, posso
preliminarmente fazer uma pergunta para me certificar de sua
validade.
Um dia, espremi meu bem-intencionado professor da escola
dominical além de seus limites, por meio de uma infindável lista de
perguntas. “Por que Jesus fez aquilo?” “Podemos provar isso?” “Como
saber se é verdade?” Finalmente, exasperado, ele vociferou: “Tim
LaHaye, se você não parar com todas essas perguntas, vou expulsá-lo
5. desta classe!” E então acrescentou algo que eu não podia aceitar: “Por
que você simplesmente não crê?”
Com toda honestidade, considerei aquilo intolerável. Apenas
crer? Isto era tudo o que o cristianismo lógico podia conter? A fé era
como uma infecção virótica que algumas pessoas “pegavam” e outras
não? Muito embora eu tivesse aceitado Jesus como meu Senhor e
Salvador no quarto ano primário, estava passando por um momento
crítico. Tinha dificuldade para crer que tudo o que aprendera era
verdadeiro. Queria saber tudo sobre Jesus, suas afirmações sobre si
mesmo e sobre os testemunhos de outros. Mesmo estando na oitava
série, eu tinha uma boa base sobre o cristianismo para identificar
Jesus Cristo como sua figura central. Se suas afirmações não pudessem
ser sustentadas, se as coisas que a Bíblia ensinava sobre Ele não
pudessem ser verificadas, então Ele não era o que dizia ser. E, como
um castelo de cartas, o cristianismo se desmantelaria.
Poucas semanas depois, nosso fiel pastor disse algo que nunca
esqueci. “Se alguns dentre vocês têm dúvidas a respeito do
cristianismo, e particularmente sobre Cristo”, “não tenham receio de
admitir isso diante de Deus e procurar as respostas na Bíblia. Deus não
espera que creiamos cegamente. Pelo contrário, Ele espera que
usemos nossas mentes.” Então citou em Hebreus o que o profeta Isaías
havia escrito — “‘Vinde, pois, e arrazoemos’ diz o Senhor” (Isaias
1.18). Pela primeira vez, entendi que eu estava tendo permissão, e até
mesmo incentivo, para ter uma mente inquiridora. Vi que o próprio
Deus nos desafiou a usar a razão para determinar aquilo em que
acreditamos.
Aquele momento marcou o início de uma busca da verdade,
resultando na descoberta de muitas razões lógicas e históricas de
minha fé. Finalmente, encontrei razões mais do que adequadas para
crer que Jesus Cristo, a figura central do cristianismo, é quem Ele
mesmo disse que era: “o Filho de Deus” que “veio buscar e salvar o
perdido” (Lucas 19.10).
Hoje posso dizer honestamente que minhas dúvidas e
6. indagações têm sido mais do que respondidas. As respostas que
encontrei devem desafiar qualquer cético sincero a examinar a
imperiosa evidência da real identidade de Jesus de Nazaré. Creio que
há muito mais evidência para acreditar nas afirmações de Cristo do
que para rejeitá-las, mais perguntas respondidas do que não
respondidas. Na verdade, estou convencido de que, quando
aprofundamos nossas questões e examinamos inteiramente nossa
evidência, concluímos que Jesus de Nazaré foi uma pessoa única.
Vamos também descobrir que é extremamente difícil apresentar
razões críveis para seu poderoso impacto na história humana...
insuficiente para reconhecer que Ele foi, sem dúvida, uma deidade em
forma humana.
Este livro será bastante útil a todos aqueles que são sinceros em
suas dúvidas — sejam eles cristãos que abrigam perguntas sem
respostas, descrentes ou céticos sinceros. Tenho visto muitos cristãos
aumentarem seu amor e dedicação a Jesus Cristo ao se tornarem mais
convencidos sobre quem Ele realmente é. À medida que suas dúvidas
impertinentes e perguntas persistentes foram enterradas, a fé de tais
pessoas se fortaleceu. Tenho visto, ainda, uma mudança nas atitudes
de descrentes e céticos ao compreenderem, conforme as palavras do
apóstolo Pedro, que não seguimos “fábulas engenhosamente
inventadas” (2 Pedro 1.16). Afinal, nossa crença e aceitação da pessoa
e divindade do Jesus Cristo histórico é intelectualmente idônea e
logicamente racional. Portanto, quando tais pessoas percebem que
somos pessoas lógicas, elas também abraçam a fé.
A Necessidade Deste Livro
Dewey Bertolini é um pastor amigo meu que tem dado palestras
para jovens secundaristas e universitários por mais de vinte e dois
anos. Dewey tem falado a mais de quinhentos grupos de adolescentes
de hoje. Ele afirma que os jovens atualmente estão se desenvolvendo
7. com pouco ou nenhum conhecimento de Jesus Cristo. A menção do
nome do Senhor em qualquer coisa, exceto pelo lado profano, tem sido
proibida ou evitada tanto na educação pública como na televisão;
conseqüentemente, a menos que os pais levem seus filhos e filhas
regularmente à igreja, muitos não terão um indício sequer de quem é
realmente o Filho de Deus.
Para ilustrar este triste fato, Dewey relatou como lhe foi dada
uma oportunidade de dar aula a uma classe do segundo grau a apenas
um mês antes de sua graduação. Ele apresentou o nome de Jesus
Cristo e ficou pasmo diante do absoluto desconhecimento da classe.
Curioso sobre aquele analfabetismo espiritual, ele dividiu a classe em
grupos para discutir o tema e deu aos estudantes vinte minutos para
formularem uma definição de Jesus. Finalmente os grupos reuniram
suas descobertas e trouxeram a seguinte conclusão, que representava
o pensamento de toda a classe: “Jesus Cristo é algum cara religioso que
viveu há uns duzentos anos.” Dewey acrescentou: “Eles achavam que
Jesus Cristo tinha sido contemporâneo de George Washington,
primeiro presidente dos Estados Unidos.”
Dewey falou, em seguida, de uma caminhada que fez pelos
corredores de uma das maiores escolas secundárias da cidade, quando
observou um estudante bater acidentalmente uma porta sobre a mão
de um colega. O estudante machucado começou a blasfemar usando o
nome de Jesus Cristo. Em vez de desconsiderar a explosão de raiva e
dor, Dewey aproximou-se do jovem, expressou seu sentimento pelo
acontecido e, então, perguntou: “Você se importa se eu lhe perguntar
por que usou o nome de meu amigo dessa forma?”
“Nome de quem?” disse o estudante confuso.
“Jesus Cristo”, respondeu Dewey.
“Quem é ele?” perguntou o jovem.
Acredite ou não, aquele jovem nada sabia a respeito daquele
“nome que está acima de todo nome” (Filipenses 2.9), e usava-o como
8. um termo profano quando as coisas não iam bem.
Sei que esses jovens mal informados não representam o
consenso da juventude norte-americana, mas quem pode negar que
eles representam a crescente ignorância e falta de respeito pela pessoa
mais importante que já viveu neste mundo? É minha oração que este
livro não somente elucide quem Ele é, mas que o comprove de
maneira compreensível para todos.
Um Homem Chamado Jesus é a culminância de toda uma vida de
investigação. O livro não contém todas as respostas que encontramos,
mas inclui as melhores. Presumo que você vai achar essas respostas
convincentes. É minha esperança que você as compartilhe com outros
que, como o antigo Tim LaHaye, estão carregados de perguntas e
dúvidas.
Os céticos sinceros não duvidam porque não há respostas a suas
perguntas sobre a identidade de Jesus; eles duvidam porque não lhes
foram fornecidas tais respostas. O apóstolo Pedro desafiou os cristãos
de todas as partes “para responder a todo aquele que vos pedir RAZÃO
da esperança que há em vós...” (1 Pedro 3.15).
Este livro irá não apenas estimular os cristãos e fornecer-lhes
respostas claras para as dúvidas que surgirem em seu caminho, mas
espero que possa também responder àqueles que foram vítimas dos
Srs. Babéis deste mundo. Aprendam com um “ex-Tomé incrédulo” da
escola dominical: a caminhada ao longo da estrada do conhecimento
vale mais do que a própria viagem.
9. Pa r t e I : Q u e m É J e s u s ?
1. A Pessoa Mais Extraordinária Que Já Viveu
Ele era conhecido em sua época como Jesus de Nazaré.
Trabalhou como carpinteiro a maior parte de sua vida adulta.
Entretanto, Ele foi tão extraordinário pela forma como viveu e pela
influência que exerceu sobre a humanidade que a palavra
“extraordinário” não consegue caracterizá-lo.
Ninguém mais — nem reis, ditadores, cientistas, educadores ou
líderes militares — deu uma contribuição maior que a de Jesus à
história do mundo. Pelo menos doze bilhões de pessoas passaram por
este planeta, mas até hoje, quase dois mil anos depois de sua morte,
ninguém chegou sequer perto de ocupar a posição singular que Ele
ocupou na história.
Nunca faltaram a este mundo grandes homens e mulheres. A
história está repleta de nomes como Salomão, Davi, Hamurabi, Ciro,
Alexandre o Grande, César, Gêngis Khan, Joana d’Arc, Napoleão
Bonaparte, George Washington, Isaac Newton, Florence Nightingale... a
lista continua infinitamente.
Mas ninguém se aproxima de Jesus Cristo em sua influência
sobre a humanidade.
O próprio H. G. Wells, romancista e historiador inglês, autor de
cinco volumes sobre a história do mundo, presentes nas prateleiras de
quase todas as bibliotecas de faculdades e universidades, acabou
dando mais espaço a Jesus Cristo do que a qualquer outro. E Wells não
foi nenhum amigo da fé! Na realidade, seus biógrafos retratam-no
como um cético ou, possivelmente, um ateu. No entanto, como um
verdadeiro historiador, ele não pôde desconsiderar a maior de todas
as personalidades que já viveram.
10. Inigualável em Sua Vida e Ensinamentos
Acima de qualquer dúvida, Jesus Cristo é a pessoa mais estudada,
discutida e analisada que já viveu. Mesmo depois de vinte séculos, Ele
tem mais defensores e oponentes do que qualquer outra figura
isoladamente. Enquanto existem literalmente milhares de acadêmicos
renomados que de boa vontade o confessam como Senhor, há também
outros milhares que, se pudessem, destruiriam sua credibilidade.
Desde o início Ele teve tanto seguidores como caluniadores, e temos
sido advertidos de que esta situação perdurará até o final dos tempos.
No próximo capítulo vamos comentar ligeiramente sobre o tão
falado Seminário Jesus, um grupo de setenta e dois estudiosos liberais
que se encontram duas vezes por ano em um esforço de redesenhar a
vida e o caráter de Jesus. Remodelando-o como um simples “sábio ou
cínico”, eles tentam despojá-lo de sua singularidade. Entretanto, a
despeito de seu fácil acesso à mídia popular, incluindo Newsweek,
Time e U.S. News and World Report, não tiveram êxito na conquista de
muitos adeptos. Na verdade, seu maior sucesso foi fazer com que
muitos estudiosos, escritores e teólogos — homens brilhantes que
examinaram a evidência da singularidade de Jesus — publicassem
suas razões sólidas e dignas de crédito para crerem que Jesus Cristo
foi de fato aquele que os evangelhos retratam, a mais extraordinária e
influente pessoa que já passou pela Terra.
Os eruditos do Seminário Jesus, assim como outros como eles,
têm dificuldades para explicar como um simples sábio ou cínico
poderia ter influenciado o mundo de forma tão fantástica como Jesus.
A grande pergunta resume-se nisto: Quem foi Jesus de Nazaré? Se Ele
foi apenas um notável carpinteiro nascido em um país obscuro,
mesmo as mentes céticas mais aguçadas têm dificuldade de explicar
por que, de todas as pessoas brilhantes que já existiram, Jesus
permanece em uma categoria própria.
Isaac Newton é considerado por muitos especialistas o mais
brilhante cientista que já existiu. Entretanto, esse homem jamais
11. tentou comparar-se a Jesus Cristo; pelo contrário, sabemos que ele foi
um crente ardoroso e seguidor fiel do Nazareno. Blaise Pascal é
considerado um dos maiores filósofos do mundo e, no entanto, como
Newton, nunca tentou usurpar o lugar de Jesus Cristo. Pascal creu
durante toda sua vida no Salvador, até sua morte dolorosa. O mesmo
pode ser dito de Willian Gladstone, Louis Pasteur e de milhares de
eruditos, cientistas juristas e escritores brilhantes, bem como de
milhões de pessoas comuns. Todos eles estudaram sua vida e seus
ensinos, exa minaram ambos os lados das evidências e vieram a crer
mais d que nunca que Jesus é o Filho de Deus — incomparável entre
todos os que existiram.
Inigualável por Seu Impacto
Para colocarmos a influência de Jesus em perspectiva,
consideremos vários aspectos proeminentes de sua singularidade.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência moral. Sua vida e
seus ensinos continuam insuperáveis em sua capacidade de guiar
culturas, tribos e pessoas, tirando-as de sua confusão moral.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência artística. Ele
tem servido de inspiração na arte e na música do mundo mais do que
qualquer outra pessoa. Alguns dos maiores oratórios e hinos da
história foram escritos a respeito dele ou para Ele. Jesus é o tema
central de mais livros e música do que qualquer outro indivíduo. A
Biblioteca do Congresso norte-americano, considerada a mais
completa biblioteca do mundo, registra mais obras sobre Jesus do que
sobre qualquer outra pessoa.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência humanitária.
Mais hospitais, orfanatos, casas de repouso e missões de salvamento
têm sido dedicados a Ele do que a todos os líderes religiosos reunidos.
Mais esforços para ajudar pessoas têm sido realizados, financiados e
perpetuados por seus seguidores do que todos os outros juntos.
Jesus de Nazaré é incomparável em sua capacidade de inspirar
12. devoção. Nenhum outro indivíduo nos últimos dois mil anos atraiu
maior dedicação entre seus seguidores. Embora Jesus nunca tenha
levantado um exército durante seus três anos e meio de ministério,
milhões e milhões de seus seguidores espalharam-se pelas partes mais
remotas do planeta para levar sua mensagem — não por dinheiro,
terras ou recompensas materiais, mas por pura devoção a Ele.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência escolástica.
Embora nunca tenha fundado uma faculdade, seus ensinamentos e
seus seguidores contribuíram mais para as instituições de
alfabetização e matérias educativas — de todos os níveis, desde o
jardim da infância até as universidades — do que todos os outros
reunidos. Somente nos Estados Unidos, uma nação de instituições
educativas, 128 faculdades foram estabelecidas nos primeiros cem
anos da história do país — fundadas por uma igreja, denominação, ou
grupo religioso. Harvard, Princeton e Yale, que foram os centros da
educação norte-americana durante duzentos anos, foram criadas para
preparar ministros, missionários e líderes cristãos. Além disso,
numerosas faculdades cristãs foram fundadas em honra do Mestre.
Antes que o evangelho chegasse à América, foram os seguidores
de Jesus Cristo que proveram educação às crianças de famílias
comuns. Antes de Martinho Lutero na Alemanha e João Calvino na
França e na Suíça, somente os ricos, os membros da realeza ou gênios
do mundo eram considerados aptos para a educação. Porém esses
grandes reformadores viram a educação como meio de ensinar a
Bíblia a todas as gerações, as quais, pela primeira vez, puderam ler as
Escrituras em suas línguas maternas. Os colonizadores implantaram
esse modelo no Novo Mundo. Não foi por mero acaso que esse
direcionamento para a educação das crianças entre os séculos
dezesseis e dezoito lançou as bases para o crescimento explosivo da
Revolução Industrial do século dezenove.
Em flagrante contraste, as culturas seculares do mundo pouco
fizeram para alfabetizar milhares de tribos indígenas que (em um
determinado estágio) não possuíam uma linguagem escrita. Enquanto
13. isso, os seguidores de Jesus traduziam a Bíblia em incontáveis línguas
e ensinavam milhões a ler. A intenção desses desbravadores era
prover a alfabetização e levar a Bíblia a todas as tribos do mundo na
virada do próximo milênio. A razão para isso? Dedicação a Jesus
Cristo.
Jesus de Nazaré é incomparável em seu impacto sobre as
mulheres. Ninguém fez tanto para elevar a dignidade da mulher em
geral e da maternidade do que Jesus Cristo. Ele veio a este mundo
quando as mulheres eram consideradas apenas um pouco acima dos
animais. Muitas eram negociadas como gado e poucas desfrutavam
direitos pessoais perante a lei e o casamento. Nos lugares atingidos
pela mensagem de Cristo, as mulheres se viram enobrecidas e
respeitadas como seres humanos feitos à imagem de Deus. Os
seguidores de Cristo legaram às mulheres o direito ao voto através de
movimentos em toda a Europa, Inglaterra e Estados Unidos. E seus
discípulos constituem hoje a legião daqueles que se posicionam em
defesa dos bebês não-nascidos. As mulheres não cristãs do Ocidente
podem não compreender a dívida que têm para com Jesus Cristo e
seus ensinos, mas é ao Nazareno e aos seus discípulos que elas devem
agradecer pela posição elevada que usufruem hoje.
Jesus de Nazaré é incomparável em sua influência sobre a
liberdade e a justiça. Ninguém promoveu tão profundamente a
liberdade e a justiça pessoal do que os seguidores de Jesus, armados
com o padrão de sua lei. A lei inglesa e norte-americana, considerada
como modelo para todo o mundo, deve sua existência basicamente aos
ingleses John Locke, William Gladstone, William Wilberforce, William
Blackstone e aos americanos James Witherspoon, John Adams, James
Madison e John Marshall. Todos foram seguidores devotados de Cristo,
que conheciam e aplicavam seus princípios e ensinos para a
preservação dos direitos e liberdade individuais sob a lei. Todos esses
homens influentes admitiram livremente que deviam sua grandeza a
Ele.
O clímax dessa dedicação à liberdade individual veio com a
14. Declaração da Independência dos Estados Unidos da América, cujas
palavras — “Todos os homens foram criados iguais” — tornaram-se a
pedra angular da nação mais livre da história universal. A América do
Norte foi fundada para preservar a liberdade religiosa: “Vida,
liberdade e busca da felicidade” para todos.
Como se pode ver, a evidência é impressionante. Não importa
que esfera salutar da atividade humana se considere, a influência de
Jesus Cristo sobre a civilização ocidental avulta e prepondera sobre
todas as demais. A história mostra que vidas têm sido transformadas
nos lugares onde a mensagem de Jesus foi colocada em prática,
resultando em ganhos expressivos para a educação, a lei, a sociedade e
a cultura.
Inigualável em Sua Vida Pessoal
Não é por acaso que o homem que mais influenciou
positivamente a civilização foi o que viveu a vida mais extraordinária
da história.
Considere seu nascimento. Em cada Natal bilhões de cristãos e
não-cristãos celebram seu nascimento e relembram a característica
incomum de sua vinda ao mundo: sua mãe era uma virgem.
A vida santificada de Jesus também o torna diferente de qualquer
outro ser humano, pois, como vamos provar mais adiante neste livro,
mesmo seus inimigos não puderam encontrar qualquer falta nele. Em
toda a história humana, somente um homem que se declarou perfeito
foi levado a sério tanto por seus amigos como por seus inimigos. Jesus
nunca teve de se desculpar ou pedir perdão. Ele é inigualável pelo fato
de nunca ter pecado.
Os magníficos ensinos desse humilde carpinteiro da Galiléia
também o elevaram a uma categoria ímpar. A maioria dos
historiadores e filósofos ocidentais, assim como muitos de outras
tradições, reconhecem-no como o maior de todos os mestres.
15. Considere sua regra de “Amai os vossos inimigos” (Mateus 5.44) ou
“orai pelos que vos caluniam” (Lucas 5.28) ou “dai, e dar-se-vos-á”
(Lucas 6.38). Quase todos os historiadores concordam que este mundo
seria um lugar muito melhor, se todos seguissem os ensinos do
Nazareno.
Os milagres de Jesus o colocam igualmente em posição
incomparável. Como veremos adiante, eles realmente aconteceram e
são ainda incontestáveis. Sua capacidade de curar enfermidades e
sanar deformidades tidas como irreversíveis demonstra que Ele tinha
o poder de Deus no seu interior como ninguém mais.
Finalmente, para coroar sua trajetória gloriosa neste mundo, Ele
deu sua própria vida sacrificialmente pelos pecados do mundo e em
seguida realizou o maior de todos os seus milagres: ressuscitou dentre
os mortos. Esse acontecimento, comemorado a cada ano como uma
das duas datas mais sagradas do calendário cristão, confere-lhe a
supremacia como a pessoa mais extraordinária que já viveu.
Os Títulos Inigualáveis Atribuídos a Jesus
Nenhuma pessoa além de Jesus tem sido identificada por meio
dos títulos a seguir, porque nenhum outro foi qualificado para usá-los.
Alguns desses títulos lhe foram dados por anjos, outros por seus
discípulos ou seguidores ou mesmo pelos profetas hebreus. Nenhum
desses títulos o caracteriza plenamente. Para compreender quem Ele
realmente foi e como será em sua segunda vinda, todos devem ser
considerados em conjunto. Uma coisa é certa: nenhum outro ser faz
jus ao mérito de ostentar sequer um desses títulos.
Todo-poderoso
Deus forte
A palavra era Deus
Senhor meu e Deus meu
16. O grande Deus
Nosso salvador Jesus Cristo
Maravilhoso
Conselheiro
Pai da eternidade
Príncipe da paz
Alfa e Ômega
Primeiro e Último
Deus bendito para sempre
O Cristo
Filho de Deus
Jeová
O princípio e o fim
O Senhor
Salvador
O Santo
Senhor de todos
Emanuel
O caminho, a verdade e a vida
Rei dos reis
Senhor dos senhores
Na história do mundo, ninguém jamais saiu de uma oficina de
17. carpinteiro para ostentar títulos tão sublimes. Sua vida somente pode
ser explicada pelo fato de ter sido Ele, realmente, “o Filho de Deus” em
um sentido único.
No fim de semana em que escrevia estas palavras, Deus mostroume um exemplo perfeito disto. Fiz o discurso de colação de grau da
vigésima quinta turma da Christian Heritage College, em San Diego,
Califórnia (faculdade fundada pelos doutores Henry Morris, Arthur
Peters e por mim). Um dos alunos deu um incrível testemunho.
O homem — 1 metro e 95 centímetros de altura, 110 quilos de
peso — contou uma longa história passada dentro e fora da prisão. Na
última vez em que fora jogado em uma cela, a primeira coisa que fez
foi expulsar um dos presos do beliche mais cobiçado do local, dizendo:
“A partir de agora esta cama é minha — vai dizer alguma coisa?” Com
isso, ele se enfiou no beliche para ter um bom sono. Mas, em vez disso,
notou uma protuberância em seu colchão, uma Bíblia, a primeira que
tinha visto. Começou a ler e não parou mais até terminar o evangelho
de João — momento em que suplicou a Cristo que perdoasse seus
pecados, aceitando-o como Senhor e Salvador. Sete anos mais tarde ele
era não somente um homem transformado, sem mais qualquer
pendência com a lei, mas estava se formando em uma faculdade cristã
a fim de ingressar em um seminário para se preparar para o
ministério. A influência do Nazareno se fez sentir novamente,
mudando a natureza decaída e a direção da vida desse homem.
Posso dizer sem reserva que ninguém jamais exerceu uma
influência tão positiva sobre as pessoas do que Jesus de Nazaré!
A Razão de Sua Singularidade
O simples fato de Jesus de Nazaré ter influenciado este mundo
mais do que qualquer outra pessoa deve ser suficiente para
estabelecer seu lugar ímpar na história humana. Mas, quando
decompomos as muitas outras facetas singulares de sua vida, ficamos
estarrecidos diante de um dilema incrivelmente difícil. Como explicar
18. a contribuição de toda sua vida, resumida a apenas três anos e meio?
Quando um homem é colocado no pedestal supremo, muito acima de
todos os outros na história humana, certamente deve ser por alguma
razão. Qual seria?
Não foi por sua descendência familiar próxima, porque sua mãe
foi uma simples mulher judia e seu pai, um humilde aldeão
carpinteiro.
Não foi por suas posses materiais, porque Ele não tinha dinheiro
algum, nem mesmo um lugar “onde reclinar a cabeça” (Mateus 8.20).
Ele foi acusado diante de um tribunal vestindo uma túnica emprestada
e seu corpo foi colocado em um túmulo também emprestado.
Não foi sua educação, pois não há nenhum registro de que Ele
tenha freqüentado uma escola. No entanto, com a idade de apenas
doze anos, Ele confundiu os doutores de teologia no templo de
Jerusalém.
Não foi por suas viagens pelo mundo, pois, com exceção de uma
breve estada no Egito quando era ainda bebê, Ele nunca viajou mais do
que 150 quilômetros para fora da cidade em que foi criado.
Não foi porque viveu e ministrou em um país influente, pois Ele
passou toda sua vida na obscura e pequenina terra de Israel, tendo
sido criado em uma cidade que gerava a seguinte pergunta: “De
Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (João 1.46).
Não foi porque teve amigos influentes, pois somente pescadores,
cobradores de impostos e outros homens sem representatividade
alguma o seguiram.
Não foi porque todas as pessoas gostavam dele, pois os líderes
religiosos e políticos elitistas várias vezes tentaram apedrejá-lo e
finalmente o crucificaram.
Não foi porque teve uma vida longa e bem-sucedida, pois Ele
estava com apenas trinta e três anos quando sacrificou sua vida por
19. outros.
Não foi porque teve um longo e extenso ministério, pois seu
ministério durou apenas três anos e meio. Pelos padrões humanos, Ele
teve uma morte ignominiosa em uma cruz tosca.
Não foi porque estabeleceu muitas organizações para perpetuar
sua memória, pois Ele fundou somente uma — sua Igreja — e ela
somente teve início depois de sua morte.
Assim sendo, a que atribuir a posição única de Jesus Cristo?
Tenho lido as insinuações daqueles que rejeitam a afirmação de Jesus
ser Deus em forma humana e observado suas inconsistências. As
opiniões de tais pessoas são mais difíceis de aceitar do que os simples
relatos do evangelho. Como pôde esse homem influenciar mais vidas e
afetar a história humana mais profundamente do que todos os outros?
Em toda a história, ninguém pode comparar-se a Ele. E, no entanto, Ele
fez tudo isso em apenas três anos e meio! Todos os incrédulos sinceros
devem responder à pergunta: “como Ele conseguiu isso?”
À medida que Jesus Cristo caminha ao longo das páginas da
história humana, Ele é elevado a uma categoria sem similar por sua
peculiaridade. Por um lado, os descrentes não podem deixar de
reconhecê-lo, tamanhas foram suas contribuições em favor da
humanidade; nem podem eles explicar sua existência sem admitir sua
divindade. Albert Schweitzer, vítima de uma onda de ceticismo no
começo deste século, teve de admitir que o Jesus histórico é um
enigma e um estranho para o nosso tempo. Como o Dr. Carl E H. Henry,
um dos últimos estudiosos verdadeiramente conservadores da Bíblia
na geração passada, escreveu: “Muitos estudiosos que rejeitam que
Jesus é Deus verdadeiro e homem verdadeiro, vendo-o apenas sob
uma única faceta, distinguem-no, apesar disso, da totalidade da raça
humana. Os tributos prestados a Jesus, mesmo por estudiosos que
repudiam os credos cristológicos históricos, não somente reverenciam
o Nazareno acima de seus contemporâneos, mas elevam-no bem acima
de todos os seres antigos e modernos. Essas avaliações de Jesus Cristo
acabam por exaurir habituais categorias antropológicas ao tentar
20. explicá-lo.” Ele então conclui: “Aqueles que não começam com a
suposição cristã fundamental de que ‘o Verbo se fez carne’ (Jo 1.14),
mas procuram mostrar como um homem completo, como supõem que
Cristo foi, estava unido (de alguma forma) a Deus, não podem senão
terminar em pontos de vista confusos e contraditórios”.
Na realidade, todas as descrições de Jesus que conflitam com
aquelas apresentadas nos quatro evangelhos são “não-históricas”.
Jesus é quem Ele disse que era: Deus em forma humana.
Não há qualquer explanação meramente humana sobre o porquê
de um simples, embora brilhante, homem — que deveria ter sido
esquecido há muito tempo por todo este mundo — ser ainda a pessoa
mais amada que já viveu, quase dois mil anos após sua morte. As
explicações humanas não conseguem explicar a influência que Ele
ainda exerce sobre este planeta. Apenas um fato explica a
singularidade de Jesus Cristo: Ele foi verdadeiramente o Filho de Deus
que veio sob forma humana, exatamente como Ele se declarava.
Veja você que atribuir somente humanidade a Jesus não é
suficiente. Para cumprir o que Ele fez, tanto em sua vida como em seus
ensinamentos, precisava ser tanto Deus como homem, operando
juntos em uma pessoa única. Essa pessoa é Jesus de Nazaré.
O propósito deste livro é demonstrar essa convicção de maneira
lógica e razoável. Para começar nossa investigação, vamos considerar
o ceticismo de alguns daqueles que rejeitam a condição única de Jesus
como Deus-Homem. Veremos que, enquanto nenhuma boa evidência
dá apoio a esse ceticismo, montanhas de evidência comprovam a
prerrogativa de que Jesus é o único Filho de Deus, o Senhor da Glória
em forma humana.
2. O Que Há com os Céticos?
Por mais de mil e seiscentos anos a divindade pessoal de Jesus
Cristo raramente foi colocada em dúvida. A maioria das pessoas
21. aceitava prontamente os relatos das testemunhas oculares de sua vida,
contidos nos evangelhos, onde é evidente que Jesus devia ser
realmente Deus em forma humana. As pessoas de sua época muitas
vezes faziam exclamações como esta: “Ninguém pode fazer estes sinais
que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (Veja João 32; 9.33).
O mesmo podia ser dito de seus ensinos, pois Ele falava como
quem tem autoridade. Nem mesmo o maior profeta do Velho
Testamento ousou dizer algo como: “Ouvistes que foi dito aos antigos:
‘Não matarás’... Eu, porém vos digo...” (Mateus 5.21-22) colocando-se
no mesmo nível de Deus. O impacto de Jesus sobre a civilização,
reconhecido universalmente, fez com que os homens o aceitassem
como Deus, pois nenhum outro teve tanto impacto sobre as nações
como Ele, ou realizou tantas coisas em tão pouco tempo.
Porém, mesmo quando Jesus andou por este mundo, nem todos o
aceitaram como Filho de Deus. Nem todos os que ouviram sua palavra,
viram seus milagres e puderam comprovar quem Ele realmente era,
acreditaram nele. Muitos dos judeus de sua época o rejeitaram, porque
Ele não correspondia à imagem que eles faziam de um Messias.
No entanto, desde o princípio aqueles que o aceitaram como
Messias também aceitaram sua natureza divina. As igrejas que
surgiram depois disso seguiram essa mesma doutrina. A história
registra poucas vozes que se ergueram para formular razões
contrárias à divindade de Jesus Cristo. E assim foi até cerca de
quatrocentos anos atrás.
A Crença em Deus É Ameaçada
A partir do século dezesseis, com o filósofo René Descartes,
muitas pessoas foram influenciadas pela idéia de que não podiam
acreditar naquilo que não podiam ver. E como não podiam ver Deus,
recusaram-se a crer em sua existência.
Isto, representou um rompimento com a crença da época.
22. Durante milênios, a maior parte da humanidade aceitou o fato de a
criação ter sido obra de um Criador. No entanto, Descartes e seus
seguidores rejeitaram toda a noção de Deus.
Foi, portanto, natural para os céticos franceses do século
dezessete e para os racionalistas alemães do século dezoito questionar
a divindade de Jesus. Eles já haviam rejeitado a crença em Deus e
proposto uma filosofia de vida independente dele; o passo seguinte foi
aplicar esse ceticismo a Jesus.
Um princípio básico da lógica é que, se você começa com uma
premissa errada, acaba chegando inevitavelmente a uma conclusão
errada. Na questão da divindade de Cristo, a partir do momento em
que a pessoa rejeita Deus, ela deve repudiar também a crença no
sobrenatural. Este preconceito vai impedi-la de enxergar com clareza,
não permitindo uma avaliação imparcial de qualquer alegação que se
refira à divindade de Jesus. Um cético simplesmente não pode admitir
a possibilidade de que Jesus é Deus. Se ele admitisse isso, estaria
negando a própria essência de sua crença — “Não há Deus”. Portanto,
ele rejeita arbitrariamente as afirmações da divindade de Cristo; já
que Deus não existe, Jesus não pode afirmar que é divino. Desta forma,
muito antes de começar uma avaliação da vida de Cristo, os céticos
concluem que Jesus não era nada mais do que um simples homem.
A maioria das pessoas que rejeitam Deus e a divindade de Jesus
são como o ateu Tom Paine, que escreveu um livro de grande
influência, A Idade da Razão, sem nunca ter lido a Bíblia! Muitos
concluíram que Jesus é menos do que o “Filho de Deus” (um direito
que Ele alegou repetidas vezes possuir) sem ao menos examinar sua
vida. Em muitos casos, apenas repetiram o que outros tinham escrito
sobre o assunto...
Alguns céticos, embora admitindo o incrível impacto da vida de
Jesus sobre o mundo, insistem no ponto de que Ele nunca alegou ser
Deus ou possuir os atributos de Deus. Eles querem nos fazer acreditar
que Jesus foi um homem bom, mas não divino.
23. Isto é exatamente o que acontece com os ilustres participantes
do Seminário Jesus, que nos últimos anos tem recebido tanta atenção
da mídia.
O Seminário Jesus: Quem São e o Que Fazem Seus Participantes?
Em 1985, Robert Funk convidou várias pessoas, em sua maioria
estudiosos liberais, para verificarem a identidade de Jesus e a
autenticidade dos registros do evangelho. Cerca de duzentos
acadêmicos estiveram na primeira sessão; mas desde então esse
numero tem diminuído, agrupando atualmente de setenta a setenta e
cinco pessoas. Trinta e dois dos “participantes” ou ensinam ou
possuem títulos de docentes de três das instituições teológicas mais
liberais dos Estados Unidos (Harvard, Claremont e Vanderbilt). Esses
estudiosos se reúnem para julgar os registros do Novo Testamento e
submetê-los a seus próprios testes de exatidão.
O objetivo principal do seminário tem sido sempre atrair a maior
publicidade possível às suas “descobertas”. Logo no início ficou
decidido que a votação seria feita por meio de bolinhas coloridas —
pois chamam mais a atenção. Um membro do seminário explicou o
significado das cores que codificam as palavras de Jesus: “Vermelha —
isto é Jesus! Rosa — isto parece ser Jesus. Cinza — talvez seja Jesus. E
preta — houve algum erro!” O seminário percorreu detalhadamente
cada evangelho e votou sobre a autenticidade de cada afirmação
atribuída a Jesus.
A objetividade do grupo pode ser vista em suas conclusões:
De acordo com o Seminário Jesus, a maior parte do evangelho de
João é uma farsa [apesar de os estudiosos bíblicos consideraremno mais autêntico que os demais evangelhos]; ele recebeu uma
marca rosa, algumas cinza e nenhuma vermelha. A passagem
marcada com a cor rosa, João 4.44, é traduzida assim: “Um profeta
não consegue nenhum respeito em seu próprio território”. No
evangelho de Marcos apenas uma expressão recebeu a cor
vermelha — “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de
24. Deus”(Mc 12.17). Ao todo, 82% das palavras de Jesus em Mateus,
Marcos, Lucas e joão não são consideradas julgadas autênticas.
Apenas 15 frases de Jesus são marcadas em vermelho, sendo todas
expressões curtas e pungentes.
Este ataque nada sutil ao Jesus histórico e sua contribuição
produziu o seguinte comentário do conservador Douglas Groothuis:
“Quase nada resta de autêntico depois dessas análises”.
O objetivo deles era exatamente esse e tudo foi premeditado
desde o início; nenhuma “erudição” foi envolvida, nem foram feitas
quaisquer novas descobertas. Na realidade, sem a publicidade
veiculada em revistas como Time, Newsweek, U.S. News and World
Report, Life, e em grandes jornais como Los Angeles Times e New York
Times, as opiniões do seminário teriam sido esquecidas rapidamente.
É importante lembrar que o seminário não fez qualquer nova
descoberta que conduzisse a esses pontos de vista injuriosos. De fato,
ele teve início com a premissa de que o sobrenatural é impossível.
Todos os membros líderes do seminário negaram as doutrinas básicas
da fé cristã histórica, incluindo o nascimento virginal de Cristo, sua
divindade, a expiação viçaria, sua ressurreição dentre os mortos e
ascensão ao céu. Portanto, não seria surpresa que o seminário
rotulasse como “não-autênticos” quaisquer fatos que dessem apoio a
essas doutrinas.
Além disso, a mídia nunca divulgou que tanto a metodologia
como as conclusões do Seminário Jesus foram atacadas por crentes
conservadores e estudiosos bíblicos do mundo inteiro. Até mesmo os
estudiosos que não proclamam fidelidade ao Cristo vivo — tendência
dominante tanto nos Estados Unidos como na Europa — denunciaram
as falhas do seminário.
O primeiro livro a ser publicado pelo seminário, Os Cinco
evangelhos: A Busca do Jesus Autêntico, revela as verdadeiras
intenções do grupo. Este trabalho de 1993 procura elevar o evangelho
de Tome ao mesmo nível de autoridade concedido pela igreja aos
quatro evangelhos canônicos. Na verdade, o seminário
25. freqüentemente julga Tomé superior aos respeitados evangelistas,
apesar de a igreja primitiva não fazer qualquer menção de Tome por
trezentos anos após a morte de Cristo. Por que essa fascinação por
Tomé? Pode-se apenas inferir que é pelo fato de o seminário preferir o
gnosticismo de Tome à ortodoxia bíblica.
Quando este “evangelho” foi descoberto, logo depois da Segunda
Guerra Mundial, os estudiosos céticos saudaram-no como um novo
conceito dogmático para destruir o Jesus autêntico. Porém, como
todas as outras tentativas dos últimos trezentos ou quatrocentos anos,
a teoria que coloca Jesus como “sábio” ou “cínico” (baseada
substancialmente em Tome) é mais difícil de ser aceita do que a
imagem de Jesus como “Filho de Deus” revelado nos evangelhos
tradicionais — especialmente quando nos lembramos que esses
homens estão mais de dezenove séculos distantes dos eventos,
armados apenas com seus Ph.Ds. e suas tendências céticas. É a opinião
deles contra os registros escritos de homens que passaram três anos e
meio com Jesus de Nazaré e que foram “testemunhas oculares da sua
majestade” (2 Pedro 1.16).
Embora o Seminário Jesus continue a reunir-se — está
estudando atualmente o que Jesus realmente fez quando esteve na
Terra e quais livros devem ser incluídos no cânon bíblico —, ele nada
mais fez do que levantar questões perturbadoras sobre sua
objetividade, metodologia e valor escolástico. Nem ao menos
conseguiu mostrar por que alguém deve abandonar a confiança nos
registros dos evangelhos e, em seu lugar, passar a confiar em seus
próprios vôos imaginários.
Os céticos que conheço são geralmente mais eficientes em
levantar objeções do que em responder à simples pergunta: “Como
você explica o cristianismo sem o sobrenatural?” Notamos esta
tendência nas teorias superficiais e tolas desenvolvidas por eles, onde
geralmente se criam mais problemas do que soluções. E interessante
observar que eles não parecem desenvolver nada realmente novo.
Várias obras que utilizei em minha pesquisa para a publicação deste
26. livro foram escritas há mais de cem anos, e descobri que as perguntas
a que estamos respondendo hoje são basicamente as mesmas
levantadas naqueles períodos.
Em resumo, os céticos modernos não têm nada de novo a
oferecer. Eles apenas retomam as idéias elaboradas pelos céticos
franceses e racionalistas germânicos de dois ou três séculos atrás.
Mesmo os participantes do Seminário Jesus não têm proposto
nenhuma novidade (apesar da publicidade obtida). Até aqui o melhor
que eles podem oferecer são algumas novas interpretações das antigas
teorias de Voltaire, Rousseau, Hegel e outros. Se suas teorias fossem,
ainda que parcialmente, corretas, já poderiam ter obtido evidências
arqueológicas suficientes para derrubar a credibilidade da origem
divina de Jesus e da ressurreição (ou ao menos colocar em dúvida os
registros dos evangelhos). Ao invés disso, as escavações dos
arqueólogos têm servido para confirmar os registros nos evangelhos
sobre a vida de Jesus.
Como Nascem os Céticos
É interessante notar que muitos dos que duvidam da divindade
de Jesus ou de sua ressurreição física nunca leram os evangelhos, ou
os relatos das testemunhas oculares dos acontecimentos da vida de
Cristo. Voltaire, o célebre descrente do século dezoito, rejeitou a
divindade e a ressurreição de Jesus, assim como a Bíblia. Como ele se
tornou tão cético? Talvez por ter sido tão brilhante? De modo algum.
Quando seus pais, que eram católicos devotos, notaram que seu filho
tinha a inteligência de um gênio, contrataram um ex-sacerdote como
seu professor particular na tentativa de oferecer-lhe uma educação de
qualidade.
Infelizmente, eles não verificaram por que o professor era um exsacerdote. O homem tinha sido expulso da igreja católica por seu
ceticismo; por sua vez, ele inoculou doses maciças de ceticismo na
mente de seu jovem e brilhante aluno. A objetividade nada tinha a ver
27. com o ceticismo de Voltaire. A doutrinação cética fez de Voltaire um
cético!
Na realidade, tenho observado que a maioria dos céticos foi
influenciada por algum livro ou professor que transmitiu-lhes seu
próprio ceticismo. A partir do momento em que o cético se convence
de suas posições, seu orgulho pessoal não lhe permite mudar de
opinião, não importando quantos fatos contrários possam desafiá-lo.
Isto é particularmente verdadeiro em relação a muitos
acadêmicos. Estes homens e mulheres apreciam passar adiante seu
ceticismo, atingindo as mentes jovens e impressionáveis — muito
embora não tenham os fatos a seu favor. Talvez seja por isso que o
maior número de céticos é encontrado nas universidades, onde uns
poucos professores agnósticos podem minar a fé das gerações futuras.
Sob a capa de “liberdade acadêmica”, os céticos ateus em nossas
faculdades e universidades (e algumas vezes em nossas escolas
secundárias) questionam todas as coisas da fé cristã, desde a criação
até a ressurreição, recusando-se a considerar os argumentos cristãos.
Qualquer um que analise somente um dos lados de um
argumento está inclinado a adotar esse ponto de vista
(particularmente os jovens). As universidades de hoje estão
fabricando céticos, não porque os cristãos sejam falhos em evidenciar
a divindade e ressurreição do corpo de Cristo, mas por falta da
exposição dessa evidência. Estou convencido de que a evidência da
divindade e ressurreição de Jesus Cristo é tão clara que qualquer
pessoa objetiva que examine ambos os lados de um argumento
concluirá que a fé cristã está baseada em fatos históricos consistentes.
O Caso do Ateu Não-Científico
Quando eu era pastor, poucos ateus freqüentavam minha igreja.
Por isso fiquei realmente surpreso quando um jovem e inteligente
engenheiro apertou minha mão em um domingo após o culto e
28. anunciou: “Sou um ateu não-científico. Acabo de concluir meu
mestrado na Universidade Stanford e desejo freqüentar sua igreja.
Estou trabalhando por um ano em uma empresa aqui em San Diego a
fim de ganhar o suficiente para freqüentar a Universidade Brandeis no
próximo outono, visando ao doutorado.” E então explicou: “Um ateu
não-científico é aquele que examinou somente um lado da evidência
antes de chegar a uma conclusão. Durante os meus estudos, fui
instruído a examinar os dois lados de uma argumentação antes de
chegar a uma conclusão. Descobri, então, que toda minha
argumentação partia de uma perspectiva cética ou ateia. Por isso,
durante estes nove meses em que não tenho atividade acadêmica
pesada, resolvi freqüentar sua igreja para que possa conhecer e
examinar o ponto de vista cristão.”
Então ele me pediu algo que poucas pessoas me haviam pedido:
“O senhor estaria disposto a separar uma hora por semana comigo
para me ajudar na orientação da pesquisa?” “É claro que sim”,
respondi. Mas primeiro fi-lo prometer que leria pelo menos um
capítulo da Bíblia diariamente, à medida que eu lhe fosse indicando.
Stan concordou e passamos a nos encontrar todas as quartasfeiras à noite, antes do culto. Ele era um acadêmico disciplinado. Lia a
Bíblia diariamente, como prometeu, bem como todos os livros e
executava as tarefas que eu lhe dava. Começamos com o nascimento
virginal de Jesus e sua origem divina, mas logo descobri que ele estava
tão interessado e aplicado que isso exigiria mais tempo do que
tínhamos disponível. Por isso, eu o desafiei a pular diretamente para a
ressurreição, porque, disse-lhe, “se a ressurreição é válida, então a
divindade de Cristo e seu nascimento virginal também são válidos”.
Trabalhamos arduamente durante os nove meses restantes e, por
minha sugestão, ele começou a preparar duas listas: uma a favor e
outra contra a ressurreição. Naquela época, Josh McDowell ainda não
havia escrito sua obra clássica sobre Jesus, por isso tive de fazer uma
porção de pesquisas por minha conta. Hoje a tarefa seria muito mais
fácil (e mais convincente!).
29. Fiquei extremamente desapontado quando, no final de setembro,
Stan me disse que aquele seria nosso último encontro, pois partiria no
dia seguinte para a Universidade Brandeis. Tentei fazer com que ele
tomasse uma decisão apoiada em sua pesquisa, onde havia duas vezes
mais evidências em favor da ressurreição do que contra — mas como
ele “não estava preparado”, achei melhor não forçá-lo. Stan prometeu
dedicar mais algum tempo a sua pesquisa, na tentativa de “chegar a
alguma conclusão até o feriado do dia de Ação de Graças.
Sinceramente, achei que o tinha perdido. Afinal de contas,
naquela época, toda a Universidade Brandeis era judaica e 98% de
seus estudantes eram judeus ou ateus.
Não tive mais notícias de Stan até o Natal, quando ele me pediu
uma entrevista. Fiquei grandemente surpreso quando ele me disse que
planejava ir à igreja no próximo domingo e declarar, na frente de
todos, que queria se tornar um cristão. Fiquei muito feliz com isso e,
então, ele me contou como chegou a esta conclusão.
Ele manteve sua promessa e dedicou um bom tempo nas
bibliotecas daquela área reunindo dados pró e contra a ressurreição.
Sua conclusão? “Houve cinco vezes mais evidência PRÓ ressurreição
de Jesus do que contra. Depois que cheguei a esta conclusão, foi fácil
ajoelhar-me à beira de minha cama (no alojamento de Brandeis) e
convidar Jesus, o Cristo vivo, a entrar em minha vida. A pesquisa havia
finalmente terminado e uma paz maravilhosa desceu sobre mim!”
Em seguida, algo bastante raro aconteceu. Ele desceu as escadas
e encontrou cinco colegas da universidade — comentando exatamente
como era inacreditável o fato de os cristãos aceitarem algo tão
ultrajante como a ressurreição de Jesus. Stan, uma pessoa de espírito
manso e introvertido, agüentou até onde pôde. De repente, ele se viu
entrando na conversa e compartilhando algumas das evidências que
havia encontrado, para a grande surpresa de todos. Pois, como a
maioria dos descrentes, eles concluíram erroneamente que nada havia
em favor da ressurreição, já que nunca tinham ouvido nada sobre isso.
30. Quando perguntei a Stan por que ele ainda não se considerava
um cristão,mesmo depois de éter convidado Cristo a entrar em sua
vida, ele me explicou que o Senhor esperava dele um testemunho
público de sua fé. Ele estava certo sobre isso, mas tinha uma idéia
equivocada a respeito do que era um testemunho público, achando
que precisava ir à frente após um sermão para testemunhar sua fé.
Expliquei-lhe que ele já tinha dado seu primeiro testemunho
público; isto aconteceu no dia seguinte ao da celebração do dia de
Ação de Graças, no seu alojamento, quando falou em defesa da
ressurreição de seu novo Salvador. E isto foi feito diante de cinco
testemunhas — seus colegas judeus! Isso provou que ele estava salvo.
Stan evidentemente estava pensando no texto que promete: “Se com a
tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que
Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o
coração se crê para justiça, e com a boca se confessa a respeito da
salvação” (Romanos 10.9-10).
Fiel à sua palavra, Stan foi à igreja no domingo de manhã e
caminhou até a frente, confessando perante a igreja o que ele já tinha
confessado diante dos homens, que o Cristo que ressurgiu da morte
após sua crucificação era, sem sombra de dúvida, seu Senhor e
Salvador pessoal.
Deve ter sido uma experiência genuína, porque aquele “ex-ateu
não-científico” tem sido um cristão firme por mais de trinta anos. A
última vez que ouvi falar de Stan, ele era professor em uma faculdade
cristã. Este caso serve como uma evidência adicional de que o
ceticismo geralmente não pode se expor à esmagadora evidência da
ressurreição de Jesus, desde que o cético esteja disposto a ser objetivo
e examinar ambos os lados da evidência.
O Ceticismo Não é Intelectualmente Honesto
Os cristãos nada têm a temer diante dos argumentos dos céticos.
Quando avaliamos as evidências, torna-se claro que a crença no Cristo
31. ressurreto faz mais sentido do que a crença em qualquer sistema
alternativo.
Por outro lado, os cristãos precisam saber que a arma preferida
dos céticos nunca foi o argumento racional baseado na melhor
evidência disponível; os céticos perceberam há muito tempo que o
ridículo e o sarcasmo servem muito melhor aos seus propósitos.
Muitos céticos se apegam à sua descrença não com base em uma
evidência irrebatível, mas simplesmente porque decidiram descrer.
Eles não são intelectualmente honestos. Josh McDowell nos conta
alguns fatos interessantes ocorridos em conferências que deu para
alunos de filosofia.
O professor era também o diretor do departamento. Depois que
apresentei a evidência literária e histórica da divindade de Cristo,
o professor começou a me importunar com perguntas e acusações
sobre a ressurreição. Após uns dez minutos, um estudante
interrompeu e fez ao professor uma pergunta muito interessante:
“O que o senhor acha que aconteceu na primeira páscoa?”
O professor olhou para mim e em seguida para o estudante.
“Não sei o que aconteceu” disse ele. “Mas não foi a ressurreição!”
“Sua resposta é o resultado do exame da evidência?”
A resposta foi a seguinte: “Não! É por causa de minha perspectiva
filosófica.”
Em outra importante universidade, vários estudantes levaram meu
primeiro livro, Evidence That Demands a Verdict (Evidência Que
Requer um Veredito), ao presidente do departamento de história
para que ele o avaliasse. Após vários meses, um dos alunos visitou
o presidente e perguntou sua opinião sobre o livro.
“Ele contém historicamente alguns dos argumentos mais
convincentes sobre o cristianismo que já li”, respondeu o professor.
32. O estudante ficou todo excitado. Então o diretor do departamento
acrescentou: “Mas não chegarei à mesma conclusão do
Sr.McDowell.”
“Por que?”perguntou o estudante, confuso.
“Por causa da minha perspectiva filosófica”, foi a resposta.
Não havia falta de evidência. Mas, apesar disso, ele se negou a
aceitá-la.
Uma Questão de Vontade
Um poeta disse sabiamente: “Uma mente convencida contra sua
vontade é ainda a mesma mente.” Algumas pessoas simplesmente se
recusam a crer, mesmo quando confrontadas com fatos irrefutáveis.
Outros podem ficar sem respostas, mas ainda se recusam a dobrar os
joelhos diante de Jesus. Neste caso, a rejeição de Cristo e de sua
ressurreição não é mais uma questão de razão e lógica; é uma rebelião
contra Deus.
Aconteceram vários casos na igreja que pastoreei em San Diego,
Califórnia. Um engenheiro aeroespacial, de inteligência privilegiada,
vinha à igreja regularmente acompanhado de sua esposa e filha, mas
confessava que não era um crente. Ele se dizia abertamente um ateu,
ou, na melhor das hipóteses, um cético. Não sei bem o que ele
realmente era. Don, diferentemente da maioria dos maridos
descrentes, desfrutava da companhia de alguns homens de nossa
igreja, chegando até a praticar esqui aquático com alguns deles aos
sábados à tarde.
Em uma manhã de domingo, cinco anos mais tarde, Don estava
profundamente emotivo. Procurou-me após o culto dizendo que tinha
duas perguntas sérias que gostaria de me fazer há algum tempo e que,
se eu pudesse responder a elas, ele se tornaria um cristão. Eu me senti
exultante e perguntei quando ele queria conversar. Ele respondeu que
o dia seguinte seria bom, porque ele estaria de férias toda aquela
33. semana.
Cheguei à sua casa às duas horas e ele me expôs dois pontos
críticos sobre o cristianismo. Acredite ou não, eu havia estudado
ambos os pontos nos últimos dez dias! Conversamos por duas horas e
meia. No final, perguntei-lhe se tinha mais perguntas a fazer, e ele
disse que não, e que estava satisfeito com as respostas dadas.
“Don”, perguntei, “você está preparado para dobrar os joelhos
comigo e convidar Cristo para entrar em seu coração?” Para minha
surpresa, ele disse: “Bem, não quero ser precipitado e fazer as coisas
correndo”. Saí de lá triste, na certeza de que a salvação é mais uma
questão da vontade do que da mente.
Felizmente, Don continuou indo à igreja com sua esposa. Mais
tarde, eles se mudaram da cidade e, dois anos depois de instalar sua
família no norte do país, ele finalmente tomou a decisão que deveria
ter tomado naquela segunda-feira à tarde, quase dez anos antes.
Permaneça Aberto à Verdade
Um dos versos clássicos de Shakespeare diz: “Sê verdadeiro para
ti mesmo”. Durante toda a leitura deste livro, irei desafiá-lo a
permanecer aberto à verdade, à evidência e à lógica. Tome cuidado
para não se deixar influenciar por aqueles que se recusam a crer. A
fonte básica da evidência da vida de Jesus de Nazaré são os quatro
evangelhos, sendo que três deles foram testemunhas oculares. Como
você verá no próximo capítulo, estes registros históricos da vida de
Jesus são os documentos mais confiáveis da antigüidade.
3. A Credibilidade das Narrativas do Evangelho
Todos os fatos essenciais que conhecemos sobre Jesus vêm dos
evangelhos; assim sendo, tudo o que há no cristianismo está baseado
na credibilidade das narrativas destes quatro evangelhos.
34. É fácil, portanto, perceber por que os céticos modernos, que
viveram pelo menos mil e setecentos anos depois de Cristo, insistem
em afirmar que longos períodos de tempo transcorreram entre a vida
de Jesus e o registro dos evangelhos. Isto lhes permite alegar que os
evangelhos foram escritos por homens que não tiveram informações
de primeira mão sobre os acontecimentos ocorridos. Argumentam eles
que os evangelhos dizem pouco sobre o “Jesus histórico” e muito sobre
o que a igreja inventou muitas décadas depois de sua morte. Em
outras palavras, eles diminuem o valor dos evangelhos como
narrativas confiáveis da vida de Jesus. Embora admitam que os
evangelhos oferece narrativas interessantes daquilo que a igreja
primitiva ensinou sobre o Messias, não acreditam que o evangelho de
João e os sinópticos contêm muitas (se algumas) informações precisas
a respeito da vida e morte de Jesus, que viveu na Palestina do primeiro
século.
Se esses críticos estão certos, então não podemos esperar
conhecer muita coisa de valor sobre a vida de Jesus, e a fé cristã
histórica irá se desintegrar e virar pó. Por outro lado, se eles estão
errados e podemos então com certeza confiar no registro preciso dos
evangelhos sobre a vida de Jesus — algo que esperamos mostrar com
clareza neste capítulo —, então dispomos de uma sólida base sobre a
qual construir nossas esperanças, nossa fé e nossas próprias vidas.
A Importância dos Evangelhos
Os relatos da vida de Jesus contidos nos evangelhos são de
extrema importância. Henry H. Halley fez o seguinte comentário:
Os quatro evangelhos são, em todos os aspectos, aparte mais
importante da Bíblia: mais importante do que todo o restante da
Bíblia junto. Mais importante do que todos os livros do mundo
reunidos, porque podemos perfeitamente ficar sem o conhecimento
de todas as outras coisas, mas não sem o conhecimento de Cristo.
Os livros da Bíblia que os precedem são antecipações e os que vêm
a seguir são explanações sobre o herói dos quatro evangelhos.
35. É verdade que Josefo, Tácito e outros escritores contemporâneos
se referem ao “Jesus da história”, mas não acrescentam quaisquer
informações sobre Ele que já não estejam mencionadas nos
evangelhos. Conseqüentemente, é de suprema importância que
estabeleçamos a credibilidade dos evangelhos.
Vamos agora considerar a confiabilidade dos quatro evangelhos.
Consideremos brevemente João, assim como os três evangelhos
sinópticos — assim chamados porque, quando colocados lado a lado,
demonstram um tratamento semelhante ou paralelo da vida e morte
de Jesus de Nazaré.
O Evangelho de João
O evangelho de João é geralmente colocado à parte dos outros,
porque ele não procurou escrever um relato cronológico da vida de
Jesus. Ao escrever seu evangelho no final do primeiro século, João
procurou apresentar o aspecto sobrenatural de Jesus, de modo que
seus leitores fossem levados à fé. Isto fica evidente no clássico
comentário quase no final do livro: “Estes [sinais], porém, foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20.30). Nenhum
outro evangelho tem sido tão duramente atacado pelos céticos,
agnósticos e descrentes do que o evangelho de João — não porque
qualquer evidência do primeiro século questione sua autoridade, mas
porque ele apresenta de maneira inequívoca a divindade de Jesus.
Tendo sobrevivido a todos os outros apóstolos, João pôde
observar a tendência de muitas pessoas enxergarem a divindade de
Jesus em termos semelhantes aos encontrados na mitologia grega (por
exemplo, como deuses que tomavam a forma de homem ou de
animais). João pretendia deixar claro que Jesus tinha vindo em forma
humana, que Ele era humano em todos os mínimos aspectos (porém
sem pecado) £ era Deus também nos mínimos aspectos. Eis a razão
36. por que ele enfatizou os milagres de Jesus — para mostrar que,
embora o Salvador fosse verdadeiramente homem, de modo que podia
morrer pelos pecados da humanidade, Ele era também Deus e podia,
portanto, realizar milagres como nenhum outro jamais realizara. João
apresentou Jesus como o “Logos”, ou “Palavra”, significando que Ele
era a expressão exata de Deus. Se você quer realmente conhecer Deus
e compreender como Ele reage em qualquer situação, estude a vida de
Jesus, pois Ele revela o Pai.
Os leigos em geral consideram o evangelho de João de mais fácil
compreensão do que os outros evangelhos. Ele foi escrito por um
pastor já idoso (da igreja de Éfeso), companheiro íntimo de Pedro e de
outros líderes da igreja. E, certamente, João foi testemunha ocular de
todos os eventos que mencionou. E interessante observar que vários
dos lugares específicos mencionados por João — tais como, o poço de
Jacó em Sicar, o tanque de Siloé, a Calçada de Pedra ou Pavimento (em
hebraico Gabatá), onde Jesus foi julgado diante de Pilatos e outros —
foram descobertos pela moderna arqueologia, fazendo silenciar
muitas das objeções dos céticos.
João provavelmente teve acesso aos evangelhos sinópticos,
escritos cerca de trinta anos antes do seu. Ele queria que seu registro
fosse único; por isso revelou vários milagres e muitos ensinos de Jesus
que não estão citados nos outros evangelhos. Quis também apresentar
Jesus como o Criador de todas as coisas — “No princípio...” (1.1-3).
Além disso, ele o apresenta como juiz, igual a Deus, restaurador e
galardoador, redentor e revelador.
A confiabilidade do evangelho de João é atestada por mais
manuscritos e artigos (desde o final do primeiro século) do que
qualquer outra obra literária da antigüidade, o que incomoda bastante
os céticos. E preciso lembrar que manuscritos antigos são raros,
principalmente por não serem escritos em papel como conhecemos
hoje, mas normalmente em papiro, um material extremamente
vulnerável ao tempo, umidade, mofo e deterioração (o pergaminho
somente foi inventado por volta do quarto século). No entanto, muitas
37. peças em papiro daquele período foram descobertas, o que confere
validade à Bíblia (e especialmente ao evangelho de João) mais do que
qualquer outro documento antigo.
Em 1885, no Egito central, onde o ar é seco, muitos documentos
antigos foram encontrados, cobertos durante séculos por areias
protetoras. Nos dez anos seguintes, descobertas arqueológicas
revelaram muitos fragmentos das Escrituras, respondendo a muitas
perguntas dos céticos. Em 1920, um fragmento de papiro do
evangelho de João também foi encontrado, medindo oito centímetros e
nove milímetros por seis centímetros e quatro milímetros, contendo
João 18.31-33 de um lado e 18.37-39 de outro.
Os estudiosos atribuíram-no à primeira metade do segundo
século. É o mais antigo manuscrito da Bíblia encontrado — uma
evidência de que o evangelho de João existia e estava em circulação no
Egito, nos anos que se seguiram imediatamente à morte de João.
Este importante fragmento está sob uma redoma de vidro na
Coleção Chester Beatty, da Biblioteca Rylands, em Manchester,
Inglaterra, e é considerado um dos mais importantes manuscritos da
história (embora já não seja o texto bíblico mais antigo). Este
documento comprova a veracidade do evangelho de João bem como
confirma sua autoria.
Além desse célebre fragmento do manuscrito de John Rylands,
existe outra evidência da antigüidade do evangelho de João:
A veracidade do evangelho de João é comprovada também pelo
Egerton Papiro 2, com data anterior ao ano 150. Foi também
usado por Tatian em seu Diatessaron.... João foi também conhecido
e usado em alguns círculos heréticos gnósticos — por exemplo,
por Ptolorneu, um discípulo de Valentino, pelo evangelho de Pedro
(cerca de 150), e (provavelmente) pelo autor do evangelho da
Verdade, de Valentino.
Uma, evidência adicional da autenticidade deste importante
evangelho é o fato de ele ter sido aceito imediatamente por todos os
líderes da igreja primitiva. Por exemplo, Inácio, em suas Sete Cartas,
38. escritas por volta de 110 d.C, faz citações dos quatro evangelhos.
Papias, que viveu em 70-155 d.C, foi discípulo de João e citou seus
escritos, juntamente com os outros evangelhos, em seu livro Uma
Explanação dos Pronunciamentos do Senhor. Citações semelhantes
podem ser encontradas nos escritos de Irineu (130-200 d.C), um aluno
de Policarpo (tendo sido ele mesmo, por sua vez, um aluno de João),
bem como nos de Justino Mártir e outros pais da igreja. Apesar de
apenas parte de seus escritos ter sido preservada, aqueles que
restaram confirmam a existência e imediata aceitação, na época, do
evangelho de João (assim como de outros livros do Novo Testamento).
A Bíblia é, com certeza, o livro mais lido e amado no mundo, e
dos livros do Novo Testamento, o preferido é o evangelho de João.
Sua mensagem tem sido usada ao longo dos séculos para
alcançar multidões para a salvação através da fé no Senhor Jesus
Cristo, e esta é talvez a maior prova de sua autenticidade e inspiração
divina.
Os Três Autores dos Sinópticos
Todos os três escritores dos evangelhos sinópticos ou foram
testemunhas oculares dos eventos da vida de Jesus ou tiveram acesso
àqueles que foram. Para uma avaliação correta dos sinópticos, é
preciso esclarecer que os autores se preocuparam mais com o tema e
as pessoas a quem eles se dirigiam do que com a seqüência
cronológica dos fatos.
O evangelho de Mateus é considerado como escrito
fundamentalmente para os judeus, pois continuamente enfatiza o
cumprimento das profecias do Velho Testamento a respeito de Jesus,
provando que Ele era realmente o Messias.
Desde o início do cristianismo, Mateus foi considerado o autor do
evangelho que leva seu nome. Mateus é mencionado em ambas as
listas de discípulos (Marcos 3.13; Lucas 6.12-16), confirmando ter sido
39. uma testemunha ocular dos acontecimentos. Ele admitiu ser um
“publicano” ou cobrador de impostos que deixou tudo para seguir
Jesus.
E quando foi escrito o evangelho de Mateus? Os céticos nos
fariam crer que ele data de pelo menos uma ou duas gerações após os
eventos ali registrados. Isto, porém, é impossível. Sob uma redoma de
vidro na biblioteca do Magdalen College, em Oxford, Inglaterra, se
encontra o que atualmente é considerado como o mais antigo
fragmento de papiro do Novo Testamento. Ele não apenas confirma a
exatidão do texto de Mateus ali preservado, como prova que os fatos
ali narrados faziam parte do cotidiano da testemunha ocular que os
descreve — exatamente como a igreja tem acreditado por dois
milênios.
Na véspera do Natal de 1994, um estudioso alemão, Dr. Carsten
Peter Theide, diretor do Instituto para Pesquisa Epistemológica
Básica, publicou uma evidência científica que datava este fragmento
do evangelho de Mateus como anterior ao ano 70 d.C, e talvez até
anterior a 30 d.C. Em 1996, em seu livro Testemunha Ocular de Jesus,
escrito juntamente com o estudioso britânico Matthew D’Ancona,
ambas as pesquisas atuais parecem indicar que o evangelho atribuído
a Mateus existia também naquela época [30 a 60 d.C] em forma de
folhas, o que tornaria possível a sua leitura por uma testemunha
ocular da crucificação.
Em um artigo publicado em uma revista no final de 1996, o Dr.
Theide fez esta importante declaração com base em suas descobertas
científicas:
“Os fragmentos de papiro indicam que os primeiros registros
completos dos evangelhos eram cópias que foram distribuídas
durante as primeiras décadas da era apostólica, bem próximo da
época em que as testemunhas oculares haviam presenciados os
fatos. Portanto, o Jesus histórico não foi algo inventado. Pode-se
eventualmente contestar certos detalhes, mas não o fato básico de
sua existência e tudo que fez.”
40. Este estudioso acredita que o evangelho de Mateus e,
provavelmente, os outros dois sinópticos foram escritos e distribuídos
entre 30 e 60 d.C, quando muitas outras testemunhas oculares ainda
estavam vivas para julgar sua exatidão.
Esta data remota do primeiro evangelho significa que Mateus
resistiu ao exame minucioso das únicas pessoas qualificadas para
julgá-lo — não os “estudiosos” mil e novecentos anos distantes dos
eventos, inclinados a desaprovar a Bíblia e os atributos de Cristo —
mas as próprias testemunhas oculares dos acontecimentos. Desse
modo, não é de estranhar que a igreja primitiva tenha aceitado
imediatamente os relatos do evangelho e dado a eles a posição de
“outras escrituras”, estudando-os e discutindo-os juntamente com o
Velho Testamento em seus cultos de adoração!
Marcos, considerado tradicionalmente o autor do segundo
evangelho, foi provavelmente o primeiro a compilar os fatos da vida
de Cristo para a igreja primitiva em constante expansão. Marcos não
foi um dos apóstolos, mas conhecia bem tanto Pedro quanto Paulo,
tendo feito várias viagens com eles. Marcos ligou-se mais
especialmente a Pedro, estando com o apóstolo em “Babilônia”,
quando este escreveu sua primeira epístola (veja 1 Pedro 5.13).
Marcos tinha ouvido muitas vezes as pregações de Pedro e de Paulo,
tendo conhecimento de todos os eventos transcorridos na vida de
Jesus. O fato de os discípulos se reunirem na casa de sua mãe, em
Jerusalém, faz com que possamos presumir que em sua juventude ele
tenha ouvido pessoalmente as palavras do Salvador.
Atualmente os estudiosos admitem que o evangelho de Marcos
tenha sido escrito cerca de 50 ou 54 d.C. Gregory A. Boyd,
respondendo aos céticos do Seminário Jesus, chama a atenção para o
fato de vários fatores internos indicarem uma data antiga para o
evangelho de Marcos. Por exemplo:
41. Em Marcos 15.21 encontramos referência a um certo “Simão
Cireneu que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo”,
o qual foi forçado a ajudar Jesus a carregar a cruz. A afirmação é
totalmente inexplicável, a não ser admitindo-se a possibilidade de
os leitores de Marcos estarem bem familiarizados com Alexandre e
Rufo. Mateus e Lucas, estranhamente, não fazem referência a eles.
Isto não somente fixa o acontecimento na história, mas o localiza
na memória dos leitores, os quais poderiam guardar esses nomes na
memória por muito mais de dez ou vinte anos, talvez até uma geração.
Se não fosse assim, tais nomes seriam esquecidos.
Boyd continua:
Marcos menciona Pilatos sem a preocupação de explicar a seus
leitores quem era ele (Mateus e Lucas afirmam que ele era
“governador”); por outro lado, refere-se ao “sumo sacerdote” sem
mencionar seu nome (ao passo que Mateus e Lucas o identificam
corretamente como Caifás; Mc 14.53-54; 15.1). A explicação mais
lógica para isso é que os leitores de Marcos não precisavam da
referência à posição de Pilatos ou quem era o “sumo sacerdote
“quando Jesus foi crucificado. Tendo em vista que Pilatos deixou de
ser governador no ano 36 d. C, e Caifás deixou sua posição em
37d.C, quanto mais distante destas datas procurarmos datar o
evangelho de Marcos, menos compreensíveis se tornam suas
informações.
A conclusão de Boyd é apropriada, pois a evidência indica uma
data anterior, sendo o relato feito por alguém muito familiarizado com
os fatos e as pessoas envolvidas.
Devo acrescentar que descobertas arqueológicas recentes
atestaram que Pilatos era o governador em Jerusalém naquela época, o
que confirma a confiabilidade dos relatos do evangelho. Procure
imaginar o que aconteceria se alguma descoberta arqueológica
recente colocasse Pilatos vinte anos antes ou depois da crucificação.
Os céticos imediatamente ergueriam sua voz para atestar sobre a falta
de credibilidade das Escrituras. Entretanto, somente um silêncio
abafado de tais associações acolheu as recentes descobertas que
42. confirmam as datas, as pessoas e a exatidão histórica dos registros.
De fato, a arqueologia não tem sido benevolente com os céticos
durante os últimos cem anos ou mais. Em vez de confirmar seu
ceticismo provando que a Bíblia está “cheia de falsidades”, como
alguns costumam proclamar, numerosas descobertas arqueológicas
têm, na realidade, confirmado a exatidão dos registros.
Há fortes evidências de que Marcos não somente escreveu o
evangelho, mas contou com a ajuda de uma testemunha ocular. A
antiga tradição admite que o apóstolo Pedro foi a força motora por
trás do evangelho de Marcos. Alguns até vão mais longe a ponto de
dizer que este é o evangelho segundo Pedro (por meio de Marcos). O
mais importante, porém, é que o evangelho de Marcos foi escrito por
alguém que se relacionou diretamente com os eventos, sendo aceito
pela igreja logo depois de ter sido escrito.
Papias, um discípulo do apóstolo João que viveu entre 70 e 155
d.C, escreveu em sua Explanação dos Pronunciamentos do Senhor que
havia se dedicado à tarefa de inquirir os anciãos [presbíteros] e seus
seguidores e que um deles narrou o seguinte: “Marcos, tendo se
tornado o intérprete de Pedro, anotou com exatidão tudo aquilo que
este último recordava — das palavras e atos de Cristo — não, porém,
em ordem. Pois nem ele ouviu o Senhor, nem foi seu seguidor, mas,
logo depois, ele se apegou a Pedro, adaptando suas instruções
conforme a necessidade. Marcos não ensinou como se estivesse
compondo um relato unificado dos oráculos do Senhor, portanto, não
cometeu nenhum erro ao assim anotar algumas coisas que ele (Pedro)
lembrava. Pois tinha em mente uma só coisa — nada omitir do que
tinha ouvido e não fazer quaisquer afirmações falsas”.
Lucas, “o médico amado” (Colossenses 4.14), autor do terceiro
evangelho, possuía as qualidades de um bom escritor e historiador.
Até mesmo os céticos, que difamam os registros do evangelho,
admitem a qualidade do seu estilo literário. Lucas era um médico
grego que fez várias viagens com o apóstolo Paulo na propagação do
evangelho. Supõe-se que seu livro tenha sido escrito cerca de 58-60
43. d.C, na época em que vivia na cidade de Cesaréia, quando de prisão de
Paulo ali durante dois anos. Alguns estudiosos acreditam que Lucas
tinha lido o evangelho de Marcos antes de escrever o seu, pois nos
cerca de 1150 versículos de seu evangelho aparecem quase trezentas
citações de Marcos [ed. de Almeida].
Como grego, Lucas tendia a escrever à maneira grega, o que dá
ao seu evangelho uma aceitação universal maior que o de Mateus. Ele
enfatiza a humanidade de Jesus mais do que os outros, razão pela qual
o filme “Jesus” (produzido e distribuído por Campus Crusade for
Christ não precisa de muita revisão e adaptação quando traduzido
para outras línguas — o evangelho de Lucas por si só proporciona a
ação dramática. O filme já foi traduzido para mais de setenta e cinco
idiomas, tendo se revelado um excelente instrumento para levar
milhões de pessoas a se decidirem por Cristo.
Lucas não foi testemunha ocular dos acontecimentos que relata
em seu evangelho, mas compensa essa deficiência com a vantagem de
ter entrevistado aqueles que estiveram com Jesus, produzindo, assim,
um registro de grande exatidão e credibilidade. Nenhuma pessoa
poderia conhecer tão bem os detalhes encontrados no evangelho de
Lucas, senão através de entrevistas com as testemunhas oculares;
assim sendo, o bom médico Lucas deixou-nos um relato muito
convincente da vida, ministério e morte de Jesus. Pelo fato de se referir
a tantos lugares geográficos específicos em seus escritos, Lucas se
tornou sensível e preciso em suas investigações, relacionando com
exatidão 53 localizações geográficas. Sua precisão nas informações é
tão surpreendente que vários arqueólogos, como W. F. Albright,
tiveram sua fé restaurada ou fortalecida e muitos passaram da
infidelidade à aceitação da fé ao constatarem a exatidão das
informações do Dr. Lucas. Uma dessas conversões foi experimentada
por um dos maiores arqueólogos e geógrafos que já existiu, Sir William
M. Ramsay.
Treinado na escola alemã de história, Ramsay não foi
inicialmente receptivo à fé. Ele achava que a Bíblia o tornaria
44. suscetível a influências não confiáveis, por conter muitas citações de
lugares, acontecimentos e pessoas. Como muitos outros, sua tentativa
de desacreditar o Novo Testamento converteu-o à fé. Ramsay de início
não admitia que o livro de Atos dos Apóstolos havia sido escrito por
Lucas, o companheiro de Paulo. Para provar sua hipótese, ele fez uma
viagem pela Ásia Menor, durante a qual ficou tão impressionado com a
exatidão mostrada no livro em relação às localizações geográficas e
históricas que reviu seu parecer, afirmando que o texto de Lucas é de
uma fidelidade insuperável. Mais tarde ele escreveu em um livro que
Lucas deveria ser incluído entre os maiores historiadores.
Um outro testemunho sobre a precisão científica dos escritos de
Lucas, de autoria do Dr. Wilbur Smith — um famoso pesquisador da
atualidade e um de meus amados professores — citou uma fonte
imparcial, o Dr. James T. Shotwell. Em seu livro, The History of History,
Shotwell escreveu: “Lucas, como mostra o livro de Atos dos Apóstolos,
era um homem instruído que recorreu a várias fontes para redigir sua
história. Suas citações geográficas são precisas e exatas, e sua obra
pode ser comparada às melhores histórias pagas de seu tempo”.
Lucas certamente aplicou esse mesmo método ao escrever o
evangelho que tem seu nome.
Todos os quatro evangelhos são igualmente importantes e, para
obter uma imagem completa da vida de Jesus, você deve estudar os
quatro. Cada um deles ressalta uma faceta diferente do caráter do
Mestre. Mateus, escrevendo para os judeus, apresenta-o como rei.
Marcos apresenta-o como um servo, enquanto Lucas o apresenta como
o homem perfeito. O último, João, apresenta-o como Deus em forma
humana. Todos os quatro são imagens fiéis de Jesus de Nazaré e nos
ajudam a compreender o Senhor de maneira completa.
Os Escritos Anteriores aos Evangelhos
Atualmente vários estudiosos da Bíblia admitem que Marcos,
considerado o primeiro dos autores do evangelho, teve acesso a outros
45. documentos concernentes à vida de Jesus, os quais usou para escrever
seu próprio evangelho. Se você considera isto herético, lembre-se de
que foi Lucas quem disse:
Visto que muitos houve que empreenderam uma narração
coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos
transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas
oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu
bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem,
dar-te por escrito... uma exposição em ordem. (Lc 1.1-3)
A menos que apenas dois escritores (Marcos e Mateus) sejam
considerados “muitos”, Lucas tinha em mente outros relatos da vida,
época e morte de Jesus que Deus não considerou necessários incluir
no cânon das Escrituras. Esses “outros documentos” se perderam com
o passar do tempo. Provavelmente alguns ouvintes anotaram os
sermões e ensinamentos de Jesus e transmitiram suas anotações
pormenorizadas sobre horas ou dias de seus pronunciamentos a um
autor desconhecido. Outros podem ter sido testemunhas oculares dos
milagres e de outros acontecimentos de sua vida. Marcos pode muito
bem ter mantido esses escritos não utilizados à disposição de Lucas.
Ninguém sabe ao certo. Há também boa probabilidade de que os três
autores dos evangelhos sinópticos tenham recebido anotações ou
relatos, ou mesmo documentos inteiros, dos quais puderam extrair
suas informações.
Pelo menos um desses documentos parece ter sido completo, e
alguns especialistas acreditam que ele foi incorporado aos evangelhos.
Como aponta o Dr. Smith: “Sabemos que antes de qualquer coisa ter
sido escrita, a igreja possuía registros sobre Jesus; entretanto, nunca
poderemos saber como esses documentos surgiram ou quais eram
suas características originais”. Os estudiosos deram a esses escritos
que antecedem aos evangelhos o título de “Q” [quelle], originado de
uma palavra alemã que significa fonte. Há razões para acreditar que
sua existência é explicada pela semelhança entre vários versículos nos
46. três relatos.
O resumo a seguir contém algumas sugestões úteis:
“Q” foi um guia para a vida e a conduta cristã, escrito
especialmente para atender às necessidades da igreja de Antioquia
em épocas de crise. Foi uma espécie de manual evangélico para
uma igreja gentílica. Evidentemente ele não contém todo o ensino
de Jesus, mas somente o que se considerava necessário para
resolver problemas e circunstâncias inusitadas de uma igreja
especial em uma fase especial de sua história. Foi escrito
provavelmente antes do Concilio Apostólico (50 d. C.) ou até
mesmo antes da primeira viagem missionária de Barnabé e Paulo,
isto é, cerca de 47 d.C. O Prof. Streeter chega a afirmar que “Q “foi
provavelmente escrito vinte anos antes de Marcos. De acordo com
o comentário do Prof. Robertson, “Q “ foi escrito durante a vida de
Jesus, razão pela qual não inclui a semana da paixão. Dificilmente
vamos saber qual foi o conteúdo de “Q”, uma vez que ninguém viu
tal documento, nem os antigos pais da igreja afirmaram tê-lo visto.
Embora a existência de um recurso precioso como “Q” não possa
ser comprovada, ele é certamente plausível. Sabemos que Lucas
baseou seu evangelho em ampla pesquisa e provavelmente não
limitou suas fontes apenas aos relatos orais. Seria natural que muitos
registrassem o testemunho de uma cura ou algum dos sermões de
Jesus. Com toda probabilidade, cada um dos escritores do evangelho
teve acesso a muitas partes desse material. É bem possível que Mateus
tenha feito suas próprias anotações e mais tarde acrescentado alguma
coisa do recurso material existente ao escrever seu evangelho. Se isto
é verdadeiro, o tempo se reduz ainda mais entre os eventos reais na
vida de Cristo e a época em que foram registrados nos evangelhos.
Todos os Sinópticos Foram Escritos Antes de 70 d. C.
O intervalo entre os acontecimentos da vida de Jesus e a redação
dos evangelhos, como os conhecemos hoje, poderia ser somente de
mais ou menos trinta e cinco anos. Os céticos do século dezessete
47. tentaram provar que os evangelhos foram escritos depois do primeiro
século ou, talvez, ainda mais tarde. O objetivo era claro: queriam
atribuir os relatos sobre a vida de Jesus a uma época posterior à morte
de todos os discípulos, o que permitiria a eles rejeitar toda a história
como falsa, uma vez que os evangelhos são atribuídos a homens que
viveram na época em que os eventos se realizaram. Um evangelho que
não contivesse o testemunho de pelo menos uma testemunha ocular
não poderia ser considerado um registro autêntico.
Este argumento, porém, não resistiu, como a maior parte dos
ataques céticos sobre a autenticidade das Escrituras.
Os três escritores dos sinópticos incluem o discurso profético do
Monte das Oliveiras, apenas horas antes de Jesus ser crucificado. Em
todos eles menciona-se que Jesus previu a destruição do templo em
Jerusalém, uma profecia que foi cumprida em 70 d.C. — entretanto,
nenhum deles menciona que a catástrofe já tivesse ocorrido na época
em que os registros foram escritos. Isto confere credibilidade a Mateus
e Marcos, ambos judeus nacionalistas, que teriam falhado em registrar
um fato tão importante, como a ocupação de sua cidade e a destruição
do templo, se de fato isso tivesse ocorrido na época em que
escreveram. Portanto, muito provavelmente, esses evangelhos foram
escritos antes daquela data; e uma vez que é bastante improvável que
todos os três escreveram no mesmo ano, pelo menos um deles poderia
ter escrito entre dois a dez anos antes desse terrível acontecimento
descrito minuciosamente por Josefo. Portanto, estamos ainda dentro
dos trinta a trinta e sete anos distantes dos eventos em questão —
bem dentro do espaço requerido pela confiabilidade.
O Apoio de um Cético Francês
Se os evangelhos não tivessem registrado fielmente a vida de
Jesus, de onde eles teriam tirado essa imagem? Qual é a probabilidade
de os autores dos evangelhos terem simplesmente “combinado” entre
si escrever a história da vida e caráter de Jesus? Observe a opinião de
48. um famoso cético francês, Jean-Jacques Rousseau:
Seria a história do evangelho obra da imaginação? Amigo, não é
assim que se inventa; os fatos sobre Sócrates, dos quais ninguém
duvida, não são tão bem atestados como aqueles sobre Jesus Cristo.
Na melhor das hipóteses, você está apenas se afastando do
problema, sem ficar livre dele. Seria mais inacreditável que quatro
homens fizessem um acordo para fabricar este livro do que um
único homem ter fornecido o assunto para ele. Nem os judeus
poderiam ter feito isso. O evangelho contém notas de realidade tão
grandes e admiráveis, que seu inventor seria uma pessoa mais
surpreendente do que seu herói.
Qualquer pessoa familiarizada com Rousseau sabe que ele não
foi nenhum defensor da fé. Rousseau foi um racionalista radical que
exerceu grande influência sobre a Revolução Francesa e na introdução
do humanismo nas Américas. Entretanto, Rousseau acreditava que a
Bíblia possuía tanta credibilidade como qualquer outro livro antigo.
Sua opinião ainda tem um grande peso.
A História Favorece a Confiabilidade da Bíblia
Por que alguns estudiosos não submetem outras obras antigas
aos mesmos padrões irracionais que aplicam aos evangelhos? Há
muito mais evidência para se confiar na Bíblia do que em qualquer
outro livro antigo.
Consideremos apenas alguns poucos exemplos da antigüidade.
Aristóteles, um filósofo grego freqüentemente citado, viveu entre 384
e 322 a.C. O documento mais antigo de suas obras foi descoberto cerca
de 1.400 anos depois de ele ter escrito os originais. Platão viveu entre
427 e 347 a.C, e os documentos mais antigos que temos de seus
trabalhos datam de pelo menos 1.100 anos depois que os originais
foram escritos. No entanto, quase ninguém nega a autenticidade dos
escritos desses dois autores.
49. Agora, comparemos isso com a situação dos evangelhos
sinópticos. Cópias completas dos evangelhos datadas entre duzentos e
trezentos anos de sua composição estão expostos em museus de várias
partes do mundo e existem fragmentos dos evangelhos ainda mais
antigos. No entanto, os mesmos “estudiosos” que aceitam Aristóteles e
Platão geralmente parecem chocados com Jesus. Isto não seria
preconceito?
Além disso, todo o Novo Testamento pode ser reproduzido a
partir de livros escritos pelos primeiros cristãos dentro dos 150 anos
dos eventos! No entanto, os mesmos céticos que têm dificuldade em
aceitar a Bíblia raramente hesitam em aceitar seus amigos filósofos da
Grécia. Por quê? Não é certamente porque eles têm mais evidência; o
mais provável é que esses estudiosos têm sérias divergências
filosóficas com a Bíblia. Portanto, a questão não é a evidência, mas a
filosofia!
Muitos estudiosos têm se empenhado arduamente em tentar
provar a validade do gnóstico evangelho de Tome, quando se sabe com
certeza que sua data é posterior aos evangelhos canônicos, dos quais
inclusive depende. Geralmente um documento antigo é aceito por
aquilo que ele alega ser, a menos que o historiador possa provar outra
coisa. Isto coloca o fardo da prova sobre aqueles que não acreditam no
documento. Até aqui os opositores da confiabilidade histórica dos
relatos do evangelho falharam em suprir esta evidência. Já é tempo de
os céticos aceitarem como autênticos os evangelhos canônicos, ou
então que consigam provar de uma vez por todas que eles datam de
um período muito posterior ao que tem sido sustentado
tradicionalmente.
A verdade é que nenhum livro antigo se aproxima do número de
cópias ou de partes integrais de manuscritos que possuímos do Novo
Testamento. Josh McDowell escreve:
Quando terminei minha pesquisa sobre a confiabilidade da Bíblia e
publiquei Evidence That Demands a Verdict, em 1973, fui capaz de
documentar quatorze mil manuscritos somente do Novo
50. Testamento. Em 1980 reeditei e atualizei esta obra em razão da
grande quantidade de novos materiais de pesquisa disponíveis.
Atualmente, sou capaz de documentar 24.633 manuscritos
somente do Novo Testamento. A importância do número de
manuscritos que documentam o Novo Testamento é ainda maior
quando se constata que o segundo livro na história que mais
possui manuscritos qualificados é a Ilíada, de Homero, que tem
apenas 643 manuscritos. O grande número de manuscritos que
dão autenticidade ao Novo Testamento motivou Sir Frederick
Kenyon, uma das maiores autoridades na questão da
confiabilidade dos antigos manuscritos, a escrever: “O intervalo,
entre as datas da escrita original e a evidência mais antiga
descoberta é tão pequeno que chega a ser desprezível, o que torna
praticamente impossível qualquer possibilidade de as Escrituras
terem sido escritas mais recentemente. Tanto a autenticidade
como a integridade geral dos livros do Novo Testamento podem
ser consideradas como definitivamente estabelecidas”.
De qualquer maneira, o fardo da prova repousa sobre os céticos.
Eles têm, portanto, de prover qualquer evidência sólida de que os
registros do evangelho sobre a vida de Jesus não são confiáveis. Se
colocarmos de lado o antagonismo filosófico deles em relação a
qualquer coisa sobrenatural, seus argumentos se desfazem como a
neblina diante do calor do sol. A história, a geografia e a lógica
asseveram que Deus, realmente, deixou-nos um registro confiável da
vida de seu Filho, Jesus de Nazaré. E esse registro é encontrado nos
evangelhos.
Anos atrás minhas dúvidas de principiante eram aumentadas
pelos céticos, que ridicularizavam a fé na Bíblia porque muitos de seus
detalhes não podiam ser verificados por fontes extra bíblicas. Por
exemplo, a Bíblia mencionava 44 reis pelo nome e, no entanto,
nenhuma história “secular” confirmava sua existência. O Dr. Harry
Rimmer, um defensor da exatidão da Bíblia, chamou a atenção para o
fato de, nos últimos cem anos de escavações arqueológicas, os nomes
de quarenta daqueles reis terem sido descobertos. Ele costumava
dizer em suas conferências que não era preciso muita fé para confiar
51. na exatidão da Bíblia apesar de faltarem quatro reis! Certa vez a Bíblia
foi ridicularizada por mencionar a grande “nação hitita”, muito
embora fontes não-bíblicas disponíveis nunca tivessem mencionado
esse povo. Hoje, graças às escavações dos arqueólogos, todos aceitam
a historicidade dos hititas — um povo que a Bíblia mencionou há
2.500 anos.
O Prof. Edward Meyer, um racionalista, honestamente declarou:
“Não há absolutamente nenhuma razão para recusar-se a aceitar
aquelas velhas tradições como historicamente dignas de confiança em
todos os seus pontos essenciais e em sua disposição cronológica da
história”.
Nos últimos anos, foram encontrados tantos fragmentos de
manuscritos e tanta evidência do primeiro século que mesmo alguns
dos cientistas e estudiosos mais céticos tiveram de rever as datas
posteriores que haviam dado aos evangelhos, chegando finalmente a
datas mais próximas daquelas que a tradição havia alegado para eles.
Theide e D’Ancona concordam que a ciência e os eruditos terão de
“redatar” suas ultrapassadas estimativas à medida que nos
aproximamos do novo milênio. Eles concluem:
Há boas razões para se supor que o evangelho segundo Mateus,
com seus relatos detalhados do sermão do monte e da grande
comissão, foi escrito não muito depois da crucificação e
certamente antes da destruição do templo em 70 d. C; que o
evangelho segundo Marcos foi divulgado cedo o suficiente para
poder alcançar Qumrã antes de sua destruição (anterior a 70 d.C),
que o evangelho segundo Lucas pertenceu a essa mesma geração
de manuscritos cristãos.
Freqüentemente, nos últimos duzentos anos, a ciência tem sido
hostil à fé. Porém, mais recentemente, talvez para ser academicamente
honesta, a ciência começou a dar apoio àquilo que os cristãos sempre
acreditaram: que os evangelhos foram escritos por testemunhas
oculares dos eventos que apresentam e são, portanto, relatos
52. confiáveis da história.
Afinal de contas meu dedicado professor estava certo:
O evangelho tem produzido mais força em direção ao bem do que
quaisquer outros documentos já escritos pelos homens. Com base
no testemunho de seus registros, a igreja cristã tem permanecido
firme por dezenove séculos. Milhares de grandes estudiosos em
várias épocas têm alegremente testificado que após estudarem
detidamente os evangelhos foram compelidos a aceitar suas
palavras como sendo historicamente dignas de confiança. Através
da pregação daqueles primeiros discípulos, o mundo todo foi
transformado e para melhor. Pela contínua pregação da verdade
desses evangelhos milhões de vidas têm sido transformadas em
cada geração.
Nenhum livro do mundo antigo tem sido mais insistentemente
atacado do que a Bíblia, e, apesar disso, saiu ileso aos ataques da
crítica das distorções e dos preconceitos. A Bíblia é ainda o livro mais
vendido e certamente o mais amado do mundo. Foi o primeiro livro a
ser impresso logo após a invenção da prensa gráfica, exatamente
porque era “o primeiro livro”. Isto aconteceu há mais de quinhentos
anos, e ele continua sendo “o primeiro livro” até hoje.
Nenhum outro livro tem sido tão copiado, citado ou servido de
inspiração para melhorar o caráter das pessoas. Ele é, de longe, o livro
mais inspirador e motivador do mundo. A Bíblia contém muita da
sabedoria de Deus e é o melhor manual sobre o comportamento
humano já escrito. Aqueles que criaram as filosofias discordantes da
Bíblia foram acusados por seus próprios erros com o passar do tempo,
enquanto que aqueles que traçaram o curso de suas vidas de acordo
com os princípios contidos na Bíblia gozam da “paz com Deus”,
impossível de ser obtida de qualquer outra forma. Nas épocas de
necessidade, busca de orientação ou bênção, mais pessoas ainda
procuram a ajuda da Bíblia do que de qualquer outra fonte.
53. Jesus Garantiu a Exatidão de Seu Registro
O cristão não precisa preocupar-se com a confiabilidade dos
registros ou com a exatidão das mensagens de nosso Senhor aos seus
seguidores, contidas no evangelho. Ele tomou grande cuidado para
que elas fossem infalíveis. Isto faz sentido, pois, se Ele percorreu um
caminho tão difícil para salvar a humanidade, não deixaria de
assegurar a exatidão da narrativa dessa caminhada. Não é surpresa
para Ele que o cristianismo permaneça por dois milênios, dependendo
todo o tempo da proclamação de sua história por meio dos
evangelhos. Nem mesmo os movimentos racionalista alemão e cético
francês o apanharam de surpresa. Ele havia tomado mais do que
precauções adequadas. Foi João quem registrou a promessa: “o
Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse
vos ensinará todas as coisas E vos fará lembrar de tudo o que vos
tenho dito”. (João 14.26) O Espírito Santo, a quem Jesus também
chamava “o Espírito da Verdade” tinha sobre si a tarefa de assegurar a
exatidão dos registros do evangelho e sua inclusão no cânon do Novo
Testamento. Já vimos que existem outros escritos cristãos, mas
nenhum sobreviveu até os nossos dias. Por quê? Evidentemente eles
não estavam à altura do padrão de excelência que o Espírito Santo
requeria ao compor o Novo Testamento.
Podemos com toda certeza ler os evangelhos e outros livros do
Novo Testamento com a confiança de que estamos lendo relatos
verdadeiros daquilo que Jesus de Nazaré realmente fez e disse. Eis a
razão por que podemos basear neles nossa salvação e destino eternos.
Se desejamos saber quem Jesus de Nazaré realmente foi, não
precisamos esperar pelas declarações mais recentes dos estudiosos
céticos, tais como aqueles do Seminário Jesus. A melhor estratégia é
ler atentamente o que os evangelhos e os demais livros do Novo
Testamento têm a dizer sobre Ele. Somente ali você estará em
segurança.