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Fui pedia em casamento... quer dizer...
em namoro.
Eu acordei com o som de mensagens do meu celular. Peguei-o
sobre meu criado-mudo e ainda sonolenta li:
BOM DIA MEU AMOR!
Já posso te chamar assim? Rs...
Só to mandando essa msg pra dizer que ontem foi muito especial pra mim!
Quero que você olhe pela sua janela agora!
Eu li a mensagem sorrindo e sem pensar fui logo até a janela. Ele
estava lá, encostado em seu carro segurando o que até então era uma
caixinha com um laço dourado. Sorri para ele e ele sorriu pra mim
enquanto me chamava fazendo um sinal com a cabeça.
Eu ainda estava de camisola, então apenas vesti um short e sai do
meu quarto pisando levemente no chão para não fazer nenhum
barulho. Eram ainda seis horas da manhã de sábado. E nos sábados
todos em casa dormem até tarde.
Quando pisei na minha varanda molhada pelo sereno da
madrugada e o vi vindo em minha direção meu coração disparou.
Sim, eu queria fugir com ele no seu cavalo branco.
– Bom dia. – ele me disse quando parou bem na minha frente.
– Bom dia. – respondi um pouco sem graça. Eu estava tímida,
com vergonha de vê-lo ali, mas ao mesmo tempo tão feliz que nem
a minha camisola das “Meninas Super-Poderosas” me fez ficar
desconcertada.
– Pra você. – continuou ele me entregando a caixinha prateada
com o lassinho dourado. – São bombons. Eu não sabia o que
comprar para agradecer a noite incrível que você me proporcionou
ontem aceitando lanchar com a gente.
Estava com a caixa de bombons nas mãos e ao mesmo tempo
segurava um pedaço da minha camisola. Eu senti que minha face
estava quente (provavelmente vermelha) e estava mordendo os
lábios: uma mania que nunca deixei de ter, para quando estou
adorando uma situação.
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Pelo que pude perceber, estávamos indo a Praça da Cidade. Lá
sempre ficava cheio a esse horário: pais levam seus filhos para
passear, as mulheres faziam suas tão sofridas caminhadas, os casais
iam tomar um gelado sorvete e curtir a paisagem juntos. Era isso
que eu desconfiava que iríamos fazer: tomar sorvete e curtir a
paisagem.
Estacionou o carro perto de um carrinho de pipoca que estava
rodeado de crianças. Ele saiu e correu e abriu a minha porta. “Como
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O sol estava mais radiante e gostoso do que nunca, fazendo
daquele sábado perfeito para qualquer tipo de lazer.
Começamos a andar pela calçada da praça que rodeava um play-
ground e dava num mutuado de árvores, cujas sombras poderiam ser
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– Onde você morava antes de se mudar pra cá? – perguntei. Ele
andava com as mãos nos bolsos e eu de braços cruzados.
– Eu morava na capital. Vim pra cá depois que meu pai recebeu
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– Gostava de lá? Tinha muitas namoradas? – terminei a pergunta
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Sou muito tímido pra ter muitos relacionamentos e eu nem curto ser
esse tipo de cara, se é que você me entende. – ele riu no fim
fazendo-me rir também – E você, já teve muitos namorados?
Eu fiquei tímida, não queria responder àquela pergunta. Por um
motivo nada maior que o de nunca ter tido nenhum namorado.
– É... Vamos se dizer que eu não sou uma garota namoradeira. –
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Paramos em um vendedor de balões de gás e Dimy logo foi
puxando um em forma de coração. Pagou o vendedor e falou com
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flutuando centímetros acima do solo. Nunca na minha vida eu
pensei que um garoto tão lindo e perfeito fizesse aquilo pra mim! Eu
estava completamente em um sonho, no mais perfeito sonho.
Queria ser dele a vida toda, se ele quisesse. A vida toda...
Eu peguei o balão e exclamei um “Nossa!” só pra mim e
murmurei em resposta:
– É tão lindo, obrigada.
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– Cuidarei dele como se fosse a minha vida. – disse sorrindo.
– Ótimo. – disse ele sorrindo. Eu segurava o balão com força,
para que não escapasse nem em sonho. Estávamos em silêncio
agora. “Odeio esses silêncios constrangedores!”. Ele colocou um
braço por trás do meu pescoço e continuamos andando até um
banquinho úmido. Ele sentou-se e me puxou para o seu lado.
Estava meio tímida, mas me sentei também bem perto dele.
Perto o suficiente pra me fazer rezar pra que ele não sentisse meu
coração disparado. Ele passou o braço por trás da minha cabeça
novamente e cruzou uma perna.
– Não precisa ter medo, não vou te morder. – brincou ele. Eu
relaxei um pouco com a piada e me encostei-me de vez. “Entrou na
chuva é pra se molhar, Carmem!”. Deitei minha cabeça em seu
ombro enquanto o silêncio me deixava pensar que aquilo era um
sonho, fechei os olhos e sorri mais verdadeiramente do eu já tinha
sorrido em toda minha vida.
Dimy me deu um beijo no topo da cabeça e deitou a sua na
minha. Ficamos ali por uns minutos, só sentindo o calor do abraço
um do outro. Ele levantou sua cabeça e me deu outro beijo no
mesmo lugar. Aquilo foi demais para mim, não consegui passar mais
um segundo sem olhar para aqueles olhos perfeitos. Levantei minha
cabeça e encontrei seu olhar... não por mais de dez segundos.
A cabeça dele desceu lentamente de encontro à minha, os olhos
foram se fechando devagar, minha mão subiu até sua nuca e
finalmente, depois de muita fantasia, seus lábios encontraram os
meus.
Eram macios e doces. O mundo se calou e parou por um
segundo até que eu caísse na real e percebesse que estava beijando o
cara mais incrível que já conhecera. O beijo durou pouco, devo
admitir; fiquei com medo que ele não tivesse gostado do jeito que eu
gostei e por isso afastou a boca. Sua testa continuava colada na
minha, seus olhos focavam minha boca, seu sorriso me deixava
tonta...
– Acho que eu não estava preparada pra um dia tão bom assim.
– Eu acho que nem eu. – seus lábios voltaram aos meus e
ficamos ali mais um pouco. Dimy pegou minha mão e, logo que
separou sua boca da minha, levantou-se e correu me puxando na
direção do carro. – Vem! – exclamou quando eu hesitei.
Cedi ao pedido e me entreguei de vez. Acho que não conseguiria
resistir mesmo que quisesse. Entramos no carro e ele me olhou com
animação.
– E agora, quer ir aonde? – perguntou com um sorriso enorme.
Não pude evitar, eu ri da expressão de felicidade extrema dele.
– Não sei. – e sorri – Na verdade sei sim, podemos ficar aqui
mais um pouco? No carro. Daqui a pouco tenho que voltar para
casa e quero ficar mais tempo com você.
Ele sorriu e me puxou para mais perto e me beijou novamente.
Aquilo não teria fim se fosse minha escolha... Mas meu celular tocou
bem na hora e meu coração disparou, pensando o que eu diria se
fosse minha mãe. Mas não era.
– Alô. – disse eu com desânimo. “Laura me ligando a essa hora,
bem no meio do meu beijo?”.
– Bom dia amiga! Liguei pra sua casa e sua mãe com uma voz de
sono danada disse que você não tava em casa... – “Não acredito que
ela ligou pra minha casa! Essa hora minha mãe deve estar ligando
pra todos os nossos parentes...” – Onde você está?
– To na casa do... na casa do... – olhei pro Dimy que fazia força
com a cabeça para eu ter alguma idéia de nome para dizer pra Laura.
E o único que saiu foi: – To na casa do Nando.
– Aquele cantor de merda?! – Laura riu no fim. E eu fingir um
riso sem graça. Eu queria muito desligar o celular e continuar minha
cena de beijo com o Dimy, que já estava balançando as pernas,
entediado. Eu não conseguia olhar pra ele e não morder os lábios
estava louca pra beijá-lo de novo, muito louca.
– O que você foi fazer na cada do Nando tão cedo, em Carmem?
– voltou Laura.
– Estou fazendo um trabalho do colégio, Laura. Depois eu te
ligo, estou super ocupada agora. – terminei olhando pro Dimy. Ele
sorriu pra mim.
– Então tá né... Mas eu queria conversar com você hoje, será que
dá?
– Sim, sim. Daqui a pouco eu te ligo... tchau - e desliguei o
celular antes de que ela pudesse se despedir também.
Coloquei o telefone no bolso da saia e Dimy me puxou pelo
pescoço e continuou a me beijar. Podia sentir suas mãos sobre
minha cintura, e descia e subia de acordo que o beijo ficava mais
quente.
Depois daquele longo e quente beijo ele me disse ainda com o
seu rosto próximo ao meu:
– Vou te levar pra um lugar onde meu pai levou a minha mãe
pela primeira vez.
– Vocês já vieram aqui? – perguntei quase que sem querer.
– Foi aqui que os meus pais se conheceram – ele sorriu e ligou o
carro. Eu sorri também.
Saímos dali. No caminho eu não conseguia olhar pra ele, estava
um pouco se graça de não puder esconder a vontade de beijá-lo
novamente. Pude ver que estávamos indo em direção as montanhas,
onde tinham lindas cachoeiras e lagos.
Entramos em uma propriedade que se chamava: Lago dos
Manfis. Eu adorava ir ali com meus pais, sempre ficávamos lá,
quando eu era mais nova, mas de um bom tempo pra cá as idas para
o Lago dos Manfis ficou quase que impossível.
Ele estacionou o carro perto de uma cachoeira. Eu podia sentir o
vento gelado entrando nas minhas narinas. Podia respirar aliviada o
ar puro. Ele saiu do carro e abriu a porta pra mim, eu sai e ele me
conduziu até as margens da cachoeira.
Dimy e eu paramos, ele estava atrás de mim. Abraçava-me forte,
e olhávamos a água cair com agressividade nas pedras.
– Quando meu pai trouxe minha mãe pra cá, ele me disse que
estava tão apaixonado por ela que queria fazer uma coisa...
– Que coisa? – eu perguntei olhando o cair da água.
– Uma coisa que eu quero fazer com você, desde quando eu te vi
ontem no bar.
Não disse nada naquele momento. Única coisa que pensei foi:
“Laura estava certa? Ele só queria transar comigo?”
Ele parou a minha frente. Passou a mão no meu rosto e disse tão
verdadeiramente que eu queria ouvi-lo, mais nada.
– Aceita ser minha namorada? – envergonhado.
Eu não pensei em nada naquele momento. Não acreditei em suas
palavras. Tentei ter a certeza de que eu não estava sonhado, tentei
refazer a sua pergunta novamente em minha mente, para ter a
certeza de que era o que eu havia ouvido, então disse:
– O quê?
– Você quer ser minha namorada, meu amor? –agora ele
segurava as minhas mãos ao seu peito.
Eu não conseguir dizer nada, não conseguir dizer o SIM que eu
estava querendo gritar, a única coisa que eu conseguir fazer foi
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  • 2. lábios: uma mania que nunca deixei de ter, para quando estou adorando uma situação. – É... Não precisa agradecer. Foi um prazer lanchar com vocês, sabe, foi mesmo. – Você é tão linda. – disse ele baixinho, querendo tocar o queixo que ele limpara na noite passada. Eu sorri e abaixei a cabeça, arrumei minha franja para trás da orelha. Quando levantei a cabeça o vi sorrindo pra mim. Deus, como eu adorava o sorriso dele! – Eu ia te ligar e te convidar pra sair essa noite, mas confesso que não agüentaria esperar mais pra te ver. Desculpe-me por te acordar. – terminou com um sorriso acanhado. – Não precisa se desculpar também, eu adorei a surpresa, adorei mesmo. Nunca nenhum garoto fez isso por mim, pra Laura sim. – ri ao dizer o nome da Laura – Muitos garotos já fizeram isso pra ela. Ele pareceu pensar um pouco. Pensar em algo ou em alguém. Mas pareceu não quis dar importância. – Não vamos falar da sua amiga, vamos falar somente em nós. Sabe, aqui tá muito frio, – disse ele apertando sua jaqueta em seu corpo – o que você acha de passear comigo? No mesmo instante a hipótese da Laura, sobre as intenções do Dimy em relação a mim veio em mente. Eu apenas pensei nela, mas nem sequer cogitei rejeitar o convite, isso não! Entrei e fui para meu quarto colocar uma roupa adequada para sair com ele àquela manhã. Passei de fininho em frente o quarto dos meus pais e vi que dormiam um sono profundo. Eu coloquei uma mini-saia e uma blusinha de rendinha simples. Calcei minha sandália rasteira e saí. Ele me esperava encostado no carro. Olhava de um lado pra o outro, observava o bairro em que eu morava. Não era um bairro muito bom, confesso, mas era um ótimo lugar para se morar. Todos os visinhos eram ótimos amigos e muito prestativos. Cheguei a ele e soltei um: “Psiu”. Virou pra mim, sorriu e exclamou: – Ainda continua a mais linda! – ele era tão perfeito. Suspirava a cada palavra ou frase dita por ele. Eu sorri em forma de agradecimento. Ele me guiou até a outra porta do carro e abriu-a pra mim. Falou me apontando o dedo:
  • 3. – Não saia daí. Só vou atravessar e entrar no carro também. Promete que não vau fugir nesse meio tempo? – ele sorriu. Suspirei depois que senti minha face corar ainda mais e disse entre um riso: – Eu não seria louca de fazer isso. Ele atravessou e entrou no carro. Botou a chave no contato e olhou pra mim. – Pronta pra ter o melhor dia de nossas vidas? Eu assenti, já muito feliz. Ele girou a chave, pisou no acelerador, passou a marcha e enfim saímos dali. Dirigia perfeitamente, parecia que estávamos em um filme. Todos seus movimentos me faziam ficar olhando para ele ainda mais, com uma cara de sonsa. Ele sempre me olhava sorrindo e sempre ajeitava o seu retrovisor para poder me ver. Pelo que pude perceber, estávamos indo a Praça da Cidade. Lá sempre ficava cheio a esse horário: pais levam seus filhos para passear, as mulheres faziam suas tão sofridas caminhadas, os casais iam tomar um gelado sorvete e curtir a paisagem juntos. Era isso que eu desconfiava que iríamos fazer: tomar sorvete e curtir a paisagem. Estacionou o carro perto de um carrinho de pipoca que estava rodeado de crianças. Ele saiu e correu e abriu a minha porta. “Como ele é prestativo e romântico!”, pensei de imediato. O sol estava mais radiante e gostoso do que nunca, fazendo daquele sábado perfeito para qualquer tipo de lazer. Começamos a andar pela calçada da praça que rodeava um play- ground e dava num mutuado de árvores, cujas sombras poderiam ser usadas para um lindo piquenique. – Onde você morava antes de se mudar pra cá? – perguntei. Ele andava com as mãos nos bolsos e eu de braços cruzados. – Eu morava na capital. Vim pra cá depois que meu pai recebeu uma proposta de emprego em uma empresa maior e num cargo melhor. – Gostava de lá? Tinha muitas namoradas? – terminei a pergunta envergonhada. “Pra que eu fui perguntar isso?!” – Sim, eu gostava de lá e... não, eu não tinha muitas namoradas. Sou muito tímido pra ter muitos relacionamentos e eu nem curto ser
  • 4. esse tipo de cara, se é que você me entende. – ele riu no fim fazendo-me rir também – E você, já teve muitos namorados? Eu fiquei tímida, não queria responder àquela pergunta. Por um motivo nada maior que o de nunca ter tido nenhum namorado. – É... Vamos se dizer que eu não sou uma garota namoradeira. – com certeza eu deveria ter pensando em uma resposta melhor! Paramos em um vendedor de balões de gás e Dimy logo foi puxando um em forma de coração. Pagou o vendedor e falou com meiguice: – Meu coração pra você! O chão em que eu pisava passou a não existir. Eu me senti flutuando centímetros acima do solo. Nunca na minha vida eu pensei que um garoto tão lindo e perfeito fizesse aquilo pra mim! Eu estava completamente em um sonho, no mais perfeito sonho. Queria ser dele a vida toda, se ele quisesse. A vida toda... Eu peguei o balão e exclamei um “Nossa!” só pra mim e murmurei em resposta: – É tão lindo, obrigada. – Não precisa agradecer, só cuidar muito bem agora, afinal ele pode estourar ou voar a qualquer momento. – Cuidarei dele como se fosse a minha vida. – disse sorrindo. – Ótimo. – disse ele sorrindo. Eu segurava o balão com força, para que não escapasse nem em sonho. Estávamos em silêncio agora. “Odeio esses silêncios constrangedores!”. Ele colocou um braço por trás do meu pescoço e continuamos andando até um banquinho úmido. Ele sentou-se e me puxou para o seu lado. Estava meio tímida, mas me sentei também bem perto dele. Perto o suficiente pra me fazer rezar pra que ele não sentisse meu coração disparado. Ele passou o braço por trás da minha cabeça novamente e cruzou uma perna. – Não precisa ter medo, não vou te morder. – brincou ele. Eu relaxei um pouco com a piada e me encostei-me de vez. “Entrou na chuva é pra se molhar, Carmem!”. Deitei minha cabeça em seu ombro enquanto o silêncio me deixava pensar que aquilo era um sonho, fechei os olhos e sorri mais verdadeiramente do eu já tinha sorrido em toda minha vida. Dimy me deu um beijo no topo da cabeça e deitou a sua na minha. Ficamos ali por uns minutos, só sentindo o calor do abraço
  • 5. um do outro. Ele levantou sua cabeça e me deu outro beijo no mesmo lugar. Aquilo foi demais para mim, não consegui passar mais um segundo sem olhar para aqueles olhos perfeitos. Levantei minha cabeça e encontrei seu olhar... não por mais de dez segundos. A cabeça dele desceu lentamente de encontro à minha, os olhos foram se fechando devagar, minha mão subiu até sua nuca e finalmente, depois de muita fantasia, seus lábios encontraram os meus. Eram macios e doces. O mundo se calou e parou por um segundo até que eu caísse na real e percebesse que estava beijando o cara mais incrível que já conhecera. O beijo durou pouco, devo admitir; fiquei com medo que ele não tivesse gostado do jeito que eu gostei e por isso afastou a boca. Sua testa continuava colada na minha, seus olhos focavam minha boca, seu sorriso me deixava tonta... – Acho que eu não estava preparada pra um dia tão bom assim. – Eu acho que nem eu. – seus lábios voltaram aos meus e ficamos ali mais um pouco. Dimy pegou minha mão e, logo que separou sua boca da minha, levantou-se e correu me puxando na direção do carro. – Vem! – exclamou quando eu hesitei. Cedi ao pedido e me entreguei de vez. Acho que não conseguiria resistir mesmo que quisesse. Entramos no carro e ele me olhou com animação. – E agora, quer ir aonde? – perguntou com um sorriso enorme. Não pude evitar, eu ri da expressão de felicidade extrema dele. – Não sei. – e sorri – Na verdade sei sim, podemos ficar aqui mais um pouco? No carro. Daqui a pouco tenho que voltar para casa e quero ficar mais tempo com você. Ele sorriu e me puxou para mais perto e me beijou novamente. Aquilo não teria fim se fosse minha escolha... Mas meu celular tocou bem na hora e meu coração disparou, pensando o que eu diria se fosse minha mãe. Mas não era. – Alô. – disse eu com desânimo. “Laura me ligando a essa hora, bem no meio do meu beijo?”. – Bom dia amiga! Liguei pra sua casa e sua mãe com uma voz de sono danada disse que você não tava em casa... – “Não acredito que ela ligou pra minha casa! Essa hora minha mãe deve estar ligando pra todos os nossos parentes...” – Onde você está?
  • 6. – To na casa do... na casa do... – olhei pro Dimy que fazia força com a cabeça para eu ter alguma idéia de nome para dizer pra Laura. E o único que saiu foi: – To na casa do Nando. – Aquele cantor de merda?! – Laura riu no fim. E eu fingir um riso sem graça. Eu queria muito desligar o celular e continuar minha cena de beijo com o Dimy, que já estava balançando as pernas, entediado. Eu não conseguia olhar pra ele e não morder os lábios estava louca pra beijá-lo de novo, muito louca. – O que você foi fazer na cada do Nando tão cedo, em Carmem? – voltou Laura. – Estou fazendo um trabalho do colégio, Laura. Depois eu te ligo, estou super ocupada agora. – terminei olhando pro Dimy. Ele sorriu pra mim. – Então tá né... Mas eu queria conversar com você hoje, será que dá? – Sim, sim. Daqui a pouco eu te ligo... tchau - e desliguei o celular antes de que ela pudesse se despedir também. Coloquei o telefone no bolso da saia e Dimy me puxou pelo pescoço e continuou a me beijar. Podia sentir suas mãos sobre minha cintura, e descia e subia de acordo que o beijo ficava mais quente. Depois daquele longo e quente beijo ele me disse ainda com o seu rosto próximo ao meu: – Vou te levar pra um lugar onde meu pai levou a minha mãe pela primeira vez. – Vocês já vieram aqui? – perguntei quase que sem querer. – Foi aqui que os meus pais se conheceram – ele sorriu e ligou o carro. Eu sorri também. Saímos dali. No caminho eu não conseguia olhar pra ele, estava um pouco se graça de não puder esconder a vontade de beijá-lo novamente. Pude ver que estávamos indo em direção as montanhas, onde tinham lindas cachoeiras e lagos. Entramos em uma propriedade que se chamava: Lago dos Manfis. Eu adorava ir ali com meus pais, sempre ficávamos lá, quando eu era mais nova, mas de um bom tempo pra cá as idas para o Lago dos Manfis ficou quase que impossível. Ele estacionou o carro perto de uma cachoeira. Eu podia sentir o vento gelado entrando nas minhas narinas. Podia respirar aliviada o
  • 7. ar puro. Ele saiu do carro e abriu a porta pra mim, eu sai e ele me conduziu até as margens da cachoeira. Dimy e eu paramos, ele estava atrás de mim. Abraçava-me forte, e olhávamos a água cair com agressividade nas pedras. – Quando meu pai trouxe minha mãe pra cá, ele me disse que estava tão apaixonado por ela que queria fazer uma coisa... – Que coisa? – eu perguntei olhando o cair da água. – Uma coisa que eu quero fazer com você, desde quando eu te vi ontem no bar. Não disse nada naquele momento. Única coisa que pensei foi: “Laura estava certa? Ele só queria transar comigo?” Ele parou a minha frente. Passou a mão no meu rosto e disse tão verdadeiramente que eu queria ouvi-lo, mais nada. – Aceita ser minha namorada? – envergonhado. Eu não pensei em nada naquele momento. Não acreditei em suas palavras. Tentei ter a certeza de que eu não estava sonhado, tentei refazer a sua pergunta novamente em minha mente, para ter a certeza de que era o que eu havia ouvido, então disse: – O quê? – Você quer ser minha namorada, meu amor? –agora ele segurava as minhas mãos ao seu peito. Eu não conseguir dizer nada, não conseguir dizer o SIM que eu estava querendo gritar, a única coisa que eu conseguir fazer foi aproximar-me dele e dá-lo um beijo, um beijo que quando nossos lábios se separaram eu pude dizer: – Sim, eu aceito ser sua namorada, meu amor!