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  UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
          Ariclene Cunha Silva




DIÁRIO NORDESTINO: MOBILIZAÇÃO JOVEM
ATRAVÉS DA IMPRENSA NO TERRITÓRIO DO
                SISAL




           Conceição do Coité – BA
                    2010
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          Ariclene Cunha Silva




DIÁRIO NORDESTINO: MOBILIZAÇÃO JOVEM
ATRAVÉS DA IMPRENSA NO TERRITÓRIO DO
                SISAL


                      Trabalho de conclusão apresentado ao
                      curso de Comunicação Social –
                      Habilitação     em      Radialismo,    da
                      Universidade do Estado da Bahia, como
                      requisito parcial de obtenção do grau de
                      bacharel em Comunicação, sob a
                      orientação da Professora Kátia Morais.




           Conceição do Coité – BA
                    2010
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            Ariclene Cunha Silva




DIÁRIO NORDESTINO: MOBILIZAÇÃO JOVEM
ATRAVÉS DA IMPRENSA NO TERRITÓRIO DO
                SISAL


                         Trabalho de conclusão apresentado ao
                         curso de Comunicação Social –
                         Radialismo, da Universidade do Estado
                         da Bahia, sob a orientação da Professora
                         Kátia Morais.



        Data:____________________________

        Resultado:_______________________




              BANCA EXAMINADORA




       Prof. (orientador)___________________

       Assinatura________________________

        Prof.____________________________

        Assinatura_______________________

        Prof.____________________________

        Assinatura_______________________
4



RESUMO


     JORNAL DIÁRIO NORDESTINO: MOBILIZAÇÃO JOVEM ATRAVÉS DA
                 IMPRENSA NO TERRITÓRIO DO SISAL


Este trabalho busca promover uma análise sobre a trajetória do jornal Diário
Nordestino, publicado entre junho de 2005 e fevereiro de 2008, na cidade de São
Domingos, semi-árido da Bahia. O jornal faz parte de um projeto do ICOJUDE,
entidade formada por jovens que buscam o desenvolvimento local, incentivando a
participação popular e valorização da cultura. Através do método da análise de
conteúdo das matérias publicadas, buscar-se-á compreender qual a contribuição do
Diário para a comunidade local, tomando-se como base critérios jornalísticos. Será
tomada ainda como referência para a análise, a relação entre os movimentos sociais
e a comunicação no Território do Sisal, onde se insere o jornal, com fins ao
desenvolvimento social.




Palavras-chave: comunicação, desenvolvimento, história, jornalismo, território.




ABSTRACT


This work search to promote an analysis about the trajectory of the newspaper Diário
Nordestino‟s, publishing between june of the 2005 and february of the 2008, in the
city of the São Domingos, of the Bahia. The newspaper make part of the a project of
the ICOJUDE, institution with young that search the local development, incentiving
the popular participation and to valuation of the culture. Through of the method of the
analysis, contents of the matter published, to search the understanding that
contribution of the Diário’s for the local communication making as base criterion
journalistic. Will be took still as reference for the analysis, the relation between the
social movement and the communication in the Territory of the Sisal, where the
newspaper, with position for social development.


Key-words: communication, development, history, journalism, territory.
5




Dedico este trabalho aos meus pais e amigos que

me apoiaram nos momentos em que mais precisei.
6



                              AGRADECIMENTOS




À Kátia Morais, minha orientadora que esteve comigo em todos os momentos, pelo

incentivo e pela confiança.


Aos meus colegas de sala, que me deram força para produzir, principalmente, Aline

Araújo e Vagna Santos, minhas parceiras, colegas, amigas presente comigo durante

todo o curso.




                          AGRADECIMENTO ESPECIAL:




À Deus e aos meus pais: Ariel e Elisvalda.
7



LISTA DE SIGLAS


ANATEL: Agência Nacional de Telecomunicações
APAEB: Associação dos Pequenos Produtores do Estado da Bahia
CEBs: Comunidades Eclesiais de Base
CODES: Conselho de Desenvolvimento Territorial Rural do Sisal
DN: Diário Nordestino
FATRES: Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal
FLELC: Feira de Leitura da Escola Luiz de Camões
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICOJUDE: Instituto de Comunicação e Juventude Diário Nordestino
MOC: Movimento de Organização Comunitária
ONGs: Organizações não governamentais
PC do B: Partido Comunista do Brasil
PSB: Partido Socialista Brasileiro
PSTU: Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
PTDRS: Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sisal
SINJORBA: Sindicato dos Jornalistas da Bahia
STR‟s: Sindicato de Trabalhadores Rurais
TCU: Tribunal de Contas da União
TV: Televisão
UNEB: Universidade do Estado da Bahia
8



LISTA DE TABELAS


Quadro 1: Tabela da população do Território do Sisal entre 1980 e 2005......... 41

Quadro 2: Tabela com síntese das matérias publicadas no DN......................... 62
9



LISTA DE FIGURAS


Figura 1: Primeiro exemplar do jornal Gazeta do Rio.............................................. 18

Figura 2: Mapa do Território Rural do Sisal.............................................................. 35

Figura 3: Matéria do jornal DN edição nº. 9.............................................................. 67

Figura 4: Matéria do jornal DN, edição nº 10 ........................................................... 69

Figura 5: Matéria/capa do jornal DN, edição nº 15.................................................... 72

Figura 6: Capa do jornal DN, edição nº 2.................................................................. 74
10



                                                      SUMÁRIO



LISTA DE SIGLAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS



INTRODUÇÃO...................................................................................................           11
1. IMPRENSA NO BRASIL: UMA ABORDAGEM INTRODUTÓRIA................                                                       16
1.1. Nascimento da imprensa no Brasil: primeiros impressos............................                                  16
1.2. Imprensa pioneira na Bahia.........................................................................                21
1.3. A imprensa baiana nos dias atuais..............................................................                    24
1.4. Imprensa no Território do Sisal....................................................................                28
2. TERRITÓRIO DO SISAL: LUGAR DE LUTA, RESISTÊNCIA E
ESPERANÇA.....................................................................................................          34
2.1. O Território e suas características...............................................................                 34
2.2. Vegetação e Fauna Sisaleira.......................................................................                 39
2.3. População....................................................................................................      40
2.4. A mobilização da Sociedade Civil................................................................                   43
2.5. Algumas organizações sociais que se destacam no Território....................                                     47
3. A TRAJETÓRIA DO JORNAL DIÁRIO NORDESTINO NA CIDADE DE
SÃO DOMINGOS...............................................................................................             53
3.1. ICOJUDE: uma representação juvenil no território sisaleiro.......................                                  53
3.2. O Jornal Diário Nordestino..........................................................................               56
3.3. A análise de conteúdo do DN......................................................................                  60
3.3.1. Social........................................................................................................   62
3.3.2. Cultura e Lazer.........................................................................................         64
3.3.3. Esporte.....................................................................................................     66
3.3.4. Educação..................................................................................................       67
3.3.5. Meio Ambiente..........................................................................................          68
3.3.6. Policial......................................................................................................   69
3.3.7. Saúde.......................................................................................................     70
3.3.8. Política......................................................................................................   70
3.3.9. Culinária....................................................................................................    72
3.3.10. Capas.....................................................................................................      73
4. Resultados da análise....................................................................................            75
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................                     77
REFERÊNCIAS..................................................................................................           81
11



INTRODUÇÃO


      Frutos das sociedades capitalistas, os meios de comunicação de massa

nascem com o papel de preencher lacunas nas interações diretas no contexto de

desenvolvimento das cidades, ampliação das distâncias geográficas entre os

sujeitos e escassez de tempo, diante do aumento na velocidade do ritmo cotidiano.

Assim, esses meios possuem desde o seu surgimento, dentre outros, o papel de

informar o cidadão sobre o que acontece à sua volta e, ao divulgar essas

informações, influenciar a opinião da comunidade e pretensamente despertar o

senso crítico das pessoas. Reforçando essa idéia, Ribeiro (2004, p. 4) diz que “vale

destacar o papel desempenhado pela mídia, que fornece informações e pontos de

vistas diferentes (pluralismo) para que os indivíduos formem valores sobre assuntos

de interesse – que contribui para o aprimoramento da democracia deliberativa”.

      Entre todos os veículos de comunicação existentes, é preciso destacar o

papel exercido pela imprensa, pelo jornalismo e por todos os profissionais que

atuam nessa área, pois se trata de um meio que distribui conhecimento e informação

à sociedade, seja ele através do rádio, da TV, do jornal impresso, da internet ou de

meios informais. Dando ênfase ao jornalismo, Traquina (2005) defende que este é

entendido como uma realidade seletiva construída através de processos de

interação social entre os profissionais do campo jornalístico, suas diversas fontes e a

sociedade e, mesmo limitado e constrangido, o poder do jornalismo e dos jornalistas

aponta para a importância das suas responsabilidades sociais.

      Refletindo sobre o assunto, pode-se dizer que esses meios de comunicação

ocupam um lugar de destaque na sociedade pela sua história e sua influência,

tornando-se, inclusive, parte dela. Porém, é necessário se pensar de que forma

esses veículos atuam, se eles se adequam aos ambientes, aos comportamentos, à
12



cultura dos indivíduos, pois é através desses fatores que estes conseguem

interpretar e entender o que está sendo divulgado. De modo complementar, para o

entendimento da mensagem, é preciso que esse veículo tenha uma linguagem clara

e objetiva.

       Para Vicchiatti (2005, p. 40) a linguagem “encerra o sentido de comunicação

por meio de um sistema de códigos que sejam compreendidos por outros seres

semelhantes”, sendo o instrumento através do qual o homem exercita sua

capacidade de imaginar e comunicar experiências.

       A colocação do autor parece ter consistência, tendo em vista o fato de ser a

linguagem composta por signos e símbolos que são decodificados pelo indivíduo a

partir de suas especificidades culturais, ou seja, dos contextos sociais onde se

inserem. Através dela ainda se é possível imaginar, criar ou recriar uma determinada

situação.

       Aplicando essa noção ao contexto específico do jornalismo, segundo o

Manual de Redação da Folha de São Paulo, “o texto do jornal deve ter estilo próximo

da linguagem cotidiana, sem deixar de ser fiel à norma culta, escolhendo a palavra

mais simples e a expressão mais direta e clara possível, sem tornar o texto

impreciso” (apud VICCHIATTI, 2005, p. 38). Para o maior entendimento do leitor a

linguagem do jornal precisa estar de acordo com a cultura local e com o contexto em

que se vive, porém não se pode fugir às regras da língua portuguesa, mas é

possível se utilizar uma linguagem coloquial para facilitar a decodificação da

informação.

       Assim, é impossível não contextualizar a imprensa e o jornalismo

regional/local que caracterizam este povo por estarem próximos dos atores sociais

que fazem as notícias acontecerem. Ribeiro (op.cit., p. 7) afirma que “a identidade
13



regional necessita de mecanismos de produção simbólica que contemplem o reforço

do sentimento de pertença”. Nesse caso, o indivíduo precisa se sentir integrante do

contexto em que está inserido, ou seja, do local. A autora acrescenta ainda que,

                     ao abordar a questão território/conteúdo na imprensa regional, Camponez é
                     enfático: “quem diz imprensa regional diz informação local”. A partir dessa
                     afirmação, é possível compreender a razão de ser do jornalismo regional,
                     uma vez que existe uma ligação conceitual entre localização territorial e a
                     territorialização dos conteúdos. (ibid. p. 7).


      É notório então que a imprensa e o jornalismo regional precisam trabalhar em

conjunto em busca da veiculação de informações locais e de interesse do seu

público-alvo, compreendendo os seus gostos, hábitos, costumes e interesses e

contextualizando com o que será divulgado.

      Buscando entender um pouco essa realidade jornalística regional/local, a

presente monografia tem como objetivo analisar a trajetória do jornal Diário

Nordestino, que circulou de 2005 a 2008 na cidade de São Domingos, região semi-

árida da Bahia, para, através dos conteúdos publicados nas edições, identificar a

contribuição informativa do jornal para a comunidade, observando o contexto

histórico local. Nesse processo, é preciso pensar o desenvolvimento e concepção do

jornal, ou seja, de que forma as notícias eram divulgadas, observando seu valor

informativo com o olhar voltado para o leitor. A partir disso, buscar-se-á responder à

seguinte questão: Qual a contribuição informativa do jornal impresso Diário

Nordestino para a comunidade de São Domingos onde os únicos meios de

comunicação acessíveis à população são o rádio e a TV?

      A metodologia utilizada para esse estudo será a análise de conteúdo, já que

se busca verificar o teor do conteúdo das matérias publicadas no jornal. Será feita a

análise de dezesseis edições do jornal, publicadas no período de junho de 2005 a

dezembro de 2006. Segundo Laville e Dione (1999, p. 214) “o princípio da análise de
14



conteúdo, consiste em desmontar a estrutura e os elementos desse conteúdo para

esclarecer suas diferentes características e extrair sua significação”.    Em outras

palavras, esse tipo de análise procura estudar o seu objeto minuciosamente, para

então identificar suas características, seu significado e seus valores.

      Essa metodologia poderá contribuir para descobrir de que forma o conteúdo

das matérias veiculadas era importante para a população levando em consideração

o local- mesmo diante de desafios como a falta do hábito de leitura e o baixo índice

de escolaridade, principalmente entre adultos e idosos na região estudada-

buscando perceber, assim, se as notícias contribuíam de alguma forma para o

desenvolvimento dos leitores por se tratar do único veículo impresso de informação

produzido no município de São Domingos durante o período investigado.

       A fim de discorrer sobre a problemática descrita, a presente monografia será

dividida em três capítulos. O primeiro, “Imprensa no Brasil: uma abordagem

introdutória”, fará um breve relato sobre a história da imprensa no Brasil, na Bahia e

no Território do Sisal, apresentando alguns dos principais jornais que existiram no

decorrer da história e a importância de cada um deles. Apoiaremo-nos, neste

momento, em conceitos de autores como, Cicillini, Guedes, Melo, Oliveira, Sodré

entre outros.

      No segundo capítulo, “Território do Sisal: lugar de luta e esperança”, será feita

uma abordagem a fim de contextualizar este espaço, já que nele se insere o objeto

de análise deste trabalho. Para isso, serão apresentados aspectos como vegetação,

fauna e população, além destacar a planta que caracteriza a região e que é também

a principal fonte de renda da população local: o sisal. A mobilização social, a

participação e a luta pelos direitos também ganha espaço neste capítulo,

explicitando assim, um pouco sobre os movimentos sociais, organizações,
15



sindicatos, ONGs entre outras instituições que exercem um papel importante na

comunidade e que através de esforços conquistam espaço e ações em prol da

sociedade civil dentro do território. Esse assunto será abordado pela força que essa

questão tem no Território, na tentativa de situar o leitor no contexto social do objeto

de estudo desta monografia. Autores como, Andrade, Gomes, Hubschamn, Kunsch,

Peruzzo, Santos, Toro e Werneck embasam esta parte da pesquisa.

      O terceiro e último capítulo, intitulado “A trajetória do jornal Diário Nordestino

na cidade de São Domingos”, trará a análise de conteúdo do jornal estudado e

apresentará o ICOJUDE (Instituto de Comunicação e Juventude Diário Nordestino),

instituição idealizadora do Jornal, com uma rápida abordagem sobre suas ações e

seus projetos. A descrição do jornal abordará seu surgimento e características

como, formato, tiragem, custos, linguagem das matérias, dentre outros. Por fim, será

feita a análise do conteúdo das matérias nas dezesseis edições analisadas, sendo

esta parte subdividida em tópicos das editorias de acordo com os assuntos, critérios

jornalísticos para divisão de áreas por temas abordados.

      Por fim, serão feitas as considerações finais, que buscarão contemplar, à luz

do referencial teórico adotado, uma reflexão sobre o papel exercido pelo jornal Diário

Nordestino para a comunidade de São Domingos, tendo em vista suas limitações,

falhas e possíveis contribuições para o desenvolvimento local.
16



1. IMPRENSA NO BRASIL: UMA ABORDAGEM INTRODUTÓRIA


      Este capítulo está dividido em quatro seções. A primeira, “Nascimento da

imprensa no Brasil: primeiros impressos”, buscará uma aproximação com o universo

do jornalismo impresso brasileiro a partir de referências a alguns dos jornais que

fizeram parte da história da impressa nacional em seus primórdios. A segunda

seção, “Imprensa pioneira na Bahia”, irá tratar dos principais periódicos jornalísticos

implantados no Estado, bem como suas características, a fim de compreendermos o

perfil traçado pela impressa baiana em seu primeiro momento. A terceira seção, “A

Imprensa baiana nos dias atuais”, abordará os três jornais de maior circulação

atualmente no estado, abordando rapidamente suas linguagens e formatos. Por fim,

a seção “Imprensa no território do sisal” se dedicará à apresentação de alguns dos

impressos que compõem a produção jornalística do território, tendo em vista ser este

o espaço no qual se insere o jornal investigado nesta monografia, e que será

explorado no terceiro capítulo.




1.1. Nascimento da imprensa no Brasil: primeiros impressos


      A imprensa no Brasil é oficialmente implantada em 1808, após a chegada de

D. João, que, impedido de permanecer em Lisboa em decorrência da invasão

francesa, instalou a sede do Reino Português na cidade do Rio do Janeiro. De

acordo com Melo (2003, p. 87-88),

                     [...] Mantinha-se o Brasil, até aquela época, em situação de atraso, não
                     preenchendo os requisitos mínimos para abrigar o Príncipe Regente e seus
                     nobres acompanhantes, acostumados aos progressos de uma capital
                     européia [...] a implantação da imprensa não constituiu uma iniciativa
                     isolada, mas vinculou-se a um complexo de medidas governamentais
                     capazes de proporcionar o apoio infra-estrutural para a normalização das
                     atividades da Coroa Portuguesa.
17



        Reforçando esse pensamento, na obra “História da Imprensa no Brasil”,

Sodré (1999, p.01) esclarece que a imprensa brasileira nasce atrelada ao poder

político e que “a história da imprensa no Brasil é a própria história do

desenvolvimento da sociedade capitalista”, tendo em vista o contexto de

concentração urbana, início do processo de desenvolvimento do comércio e

indústria e elevação do nível cultural das elites vindas de Portugal. Naquele

momento, a imprensa chegava ao país com um forte poder influenciador sobre o

comportamento dos indivíduos, e como interessava à Coroa criar uma imagem

positiva diante da população, a imprensa foi um dos instrumentos escolhido para

isso.

        O primeiro folheto impresso no Brasil chamava-se Relação da Entrada, com

dezessete páginas de texto, redigido por Luís Antônio Rosado da Cunha e impresso

por Antônio Isidoro da Fonseca, antigo impressor conceituado em Lisboa

(OLIVEIRA, 2009). Já o primeiro jornal oficial do país, a Gazeta do Rio de Janeiro,

foi lançado em setembro de 1808 e feito na imprensa oficial. Os textos veiculados no

jornal eram extraídos da Gazeta de Lisboa e de outros jornais ingleses. Segundo

Oliveira (ibid, p.16),

                         [...] Seu caráter era de folha unilateral devido à defesa e exaltação do
                         império português. [...] Nos primeiros números tratava quase que apenas
                         sobre a situação de Portugal e Espanha, nações resistentes à dominação
                         de Napoleão e suas tropas. Contava com assinantes e publicava anúncios
                         de comércio. Ao todo, saíram do prelo 32 edições, sendo a maioria
                         extraordinária com quatro páginas.


        A Gazeta era publicada semanalmente, passando por um período de

publicação bissemanal e, a partir de agosto de 1821, circulava três vezes por

semana. O jornal era editado por Frei Tibúrcio José da Rocha e seu conteúdo se

restringia aos interesses da Coroa, com assuntos voltados para a vida cortesã. Em

29 de dezembro de 1821 o impresso passou a se chamar Gazeta do Rio e,
18



posteriormente, com a independência da República, denominou-se Diário do

Governo. Abaixo uma reprodução do primeiro exemplar da Gazeta:




                                                Figura 1: Fonte: http://commons.wikimedia.org


      Outro jornal que se destacou na imprensa brasileira foi o Correio Brasiliense,

lançado em Londres por Hipólito da Costa, cidade onde o brasileiro se encontrava

exilado diante de momento de forte censura frente aos meios de comunicação

produzidos no país. O jornal era dividido em seções e divulgava documentos,

notícias sobre o comércio, informações científicas e literárias, dentre outros temas.

      O Correio circulou de 1º de junho de 1808 a dezembro de 1822. Por ser

clandestino, durante todo esse período o impresso encontrou dificuldades para se

manter, tendo enfrentado perseguição do governo. Com características específicas,

Gazeta e Correio, são marcos importantes da história da imprensa nacional em seus

primeiros momentos. Para Sodré (op.cit., p. 22),

                     [...] a Gazeta era embrião de jornal, com a periodicidade curta, intenção
                     informativa mais do que doutrinária, formato peculiar aos órgãos impressos
                     do tempo, poucas folhas, preço baixo; o Correio era brochura de mais de
                     cem páginas, geralmente 140, de capa azul escuro, mensal, doutrinário
                     muito mais informativo, preço muito mais alto [...] destinava-se a conquistar
                     opiniões.
19



      O grande questionamento colocado por alguns historiadores quanto à

inserção do Correio na história da imprensa nacional diz respeito à sua produção

com um olhar externo, logo que o impresso era produzido de Londres a partir de

relatos de informantes que estavam no Brasil. Já a Gazeta, era patrocinada pela

Coroa, mantendo caráter informativo, mas a partir da ótica do poder real e

divulgando apenas o que era de interesse do governo.

      A partir de 1820, diante do surgimento de novos impressos, desvinculados do

poder real e desenvolvidos diante de um olhar “interno”, o Correio já não ocupava

prestígio, uma situação intensificada com a Independência do Brasil, fator decisivo

para o desaparecimento do veículo.

      Nesse contexto surgiram vários periódicos, dentre eles o Diário do Rio de

Janeiro, fundado em 1º de junho de 1821 e extinto em 1878. Redigido pelo

português Zeferino Vito de Meireles, foi o primeiro jornal realmente informativo do

país. Segundo Sodré (ibid, p.50-51),

                    [...] Diário, ocupava-se quase tão somente das questões locais, procurando
                    fornecer aos leitores o máximo de informação. Inseria informações
                    particulares e anúncios [...] A popularidade do periódico cresceu: passou a
                    ser conhecido como Diário do Vintém, pelo preço, e como Diário da
                    Manteiga porque trazia os preços, entre outros gêneros, da manteiga que
                    chegava à Corte para consumo da população.


      Segundo o autor, o Diário procurava se distanciar das questões políticas do

país dando enfoque a temas ligados mais diretamente ao cotidiano da cidade, como

furtos, reclamações e divertimentos, tendo ainda um espaço destinado à literatura,

por iniciativa do romancista e redator-chefe do jornal, José de Alencar. Naquele

periódico, o escritor publicou obras como Cinco Minutos, O Guarani e a Viuvinha

(SODRÉ, 1999).

      Outro jornal desse período foi o Diário de Pernambuco, fundado em 7 de

novembro de 1825, pelo o tipógrafo Antonino José de Miranda Falcão. O Diário de
20



Pernambuco tinha o objetivo de ser informativo, atendendo ao comércio e aos

interesses da comunidade. Posteriormente, assumiu um caráter mais discursivo e

denunciador, divulgando intrigas provincianas, o que resultou na proibição de

circulação de alguns exemplares (OLIVEIRA, 2009, p. 17).

      Dois anos após o nascimento do Diário, em 1º de outubro de 1827 surgiu no

Rio de Janeiro o Jornal do Commercio, por iniciativa de Pierre Seignot Plancher. O

jornal contou com grandes nomes durante sua trajetória, como Rui Barbosa e

Visconde de Taunay, dentre outros. Em 1959 passou a integrar o grupo Diários

Associados e teve um papel importante na história do Brasil, pois acompanhou a

trajetória do país desde o Império, até os dias de hoje.

      Outro momento importante para a história da imprensa nacional parte da

criação do Pasquim, em 1969, por João Maria da Costa e José Joaquim de

Carvalho. Nascido como imprensa alternativa num período de regime militar, tratou-

se de um tablóide de circulação semanal com uma trajetória marcada por forte

censura e perseguição governamental.

      O Pasquim possuía características específicas. Com sua linguagem informal

e ilustrativa, procurava combater a censura durante a ditadura militar, publicando

charges, caricaturas e outras ilustrações que refletiam a situação. O veículo teve em

sua equipe nomes significativos da história da comunicação brasileira como Paulo

Francis, Jaguar, Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil e Ferreira Gular.

      Por causa de uma sátira de Dom Pedro às margens do Ipiranga publicada em

1970 a redação inteira do jornal foi presa. Decorrida esta situação, os militares

esperavam que o semanário saísse de circulação e seus leitores perdessem o

interesse, porém o Pasquim não parou por aí, Millôr Fernandes se tornou o novo

dirigente do informativo até 1971, época que os outros dirigentes foram libertos da
21



prisão. A partir de 1980, as bancas que vendiam os jornais começaram a sofrer

atentados como, explosões e ameaças constantes. Começava o início do fim para o

Pasquim, que acabou sendo extinto em 1991.

      Assim, é notório que a imprensa se desenvolve de acordo com a situação

política e econômica do país. Nas cidades desenvolvidas o avanço é maior, pelo fato

de estarem concentradas as sedes do governo, enquanto nas províncias se mantém

o sistema atrasado. Dessa forma, um olhar pela história revela que estados como

São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco se destacam no

aparecimento e veiculação de informativos de cunho jornalístico.



1.2. Imprensa pioneira na Bahia:


      A Bahia também ocupa destaque na história da imprensa do país.

Advogados, médicos e clérigos, tornando-se editores e diretores de jornais,

fundaram e consolidaram a imprensa baiana (OLIVEIRA, 2009, p. 23). O primeiro

jornal no estado surgiu em 14 de maio de 1811, intitulado Idade d’ Ouro do Brazil, do

português Manuel Antônio da Silva Serva. Circulava às terças e sextas-feiras, com

quatro páginas,

                     [...] O jornal era quinzenário e editado no país, em sua própria tipografia.
                     Possuía linha submissa aos ditames do poder colonial e trazia ironicamente
                     inscritos no cabeçalho, os versos do português Sá de Miranda: “Falei em
                     tudo verdades/A quem em tudo a deveis”. Apesar de estar teoricamente
                     voltado à publicação de informações para a sociedade baiana, o jornal
                     terminava por veicular apenas as verdades aceitas pelo regime absolutista.
                     (SOUZA, apud OLIVEIRA, 2009, p. 22-23).


      O impresso possuía uma característica própria, as notícias políticas

apareciam de maneira mais fria, sem tantos detalhes, anunciando-se apenas os

fatos, mas sem deixar de tentar influenciar o leitor através das entrelinhas. A linha
22



editorial do jornal se mantinha conservadora e defendia o absolutismo monárquico

português. De acordo com Sodré (op. cit., p. 29),

                      Essa pretensa isenção, entretanto, não deveria impedir a folha de mostrar
                      “como o caráter nacional ganha em consideração no mundo pela adesão ao
                      seu governo e à religião”. Assim, deveria ser imparcialmente a favor do
                      absolutismo e constitui-se em órgão de sua louvação.


        Dessa forma, as informações publicadas no Idade d’ Ouro eram de extremo

interesse das autoridades. Com a derrota do general Inácio Luís Madeira de Melo e

a expulsão das forças portuguesas da Bahia, o jornal foi extinto, em 24 de junho de

1823.

        Outro jornal importante na história da imprensa baiana foi O Diário

Constitucional, criado em 4 de agosto de 1821 para defender os interesses

brasileiros. Para Lopes (2008, p. 2), “o jornal apoiava a maioria brasileira na Junta

Provisional, que substituía o governador baiano”. E acrescenta que “essa junta era

formada pela maioria de portugueses e tinha o apoio de órgãos oficiais, conhecidos

como áulicos, principalmente o Semanário Cívico e Idade de Ouro do Brasil”.

        O Diário travou uma disputa política saindo da monotonia da imprensa na

época, durante um período de eleição para o governo da Bahia. Por conta da

violência travada durante a campanha eleitoral, o jornal suspendeu provisoriamente

sua circulação, voltando a ser distribuído em 10 de maio de 1822, com o nome de O

Constitucional, já que deixava de ser um jornal diário (SODRÉ, 1999, p. 52).

        O papel do Diário era tonificar as autoridades que pendiam para a obediência

a D. Pedro, enquanto se organizava, no Recôncavo, a força capaz de enfrentar a

tropa de Madeira. Os redatores do jornal perturbavam a ordem no país. Em 21 de

agosto, o jornal publicou uma correspondência contra o „cordão de despotismo‟, fator

imprescindível para o seu empastelamento, em 1823. Descrevendo o fato, Sodré

afirma que,
23



                     [...] à frente de tropilha de militares, o coronel Almeida Serrão invadiu a
                     oficina, decompôs o dono, proibindo-lhe continuar a imprimir o jornal, correu
                     à residência de Corte-Real e, não o encontrando, quebrou os móveis à vista
                     da família, terminando por assaltar as lojas onde se vendia a folha,
                     depredando-as. (op.cit., p. 53).


      Nesse período os jornais tinham que seguir a linha ideológica do governo,

mostrando aí sua submissão a ele. Aqueles que estavam contrários ao seu

pensamento tinham suas oficinas destruídas, saindo assim de circulação.

      Novos diários aparecem no cenário baiano como o Guayacurú que difundia os

ideais republicanos e o Diário da Bahia, que na vida pública teve um papel

importante pelos nomes ilustres em sua redação e por participar dos movimentos

que interessavam à capital baiana. O Ateneu circulou de 1849 a 1950, sob

responsabilidade da Escola de Medicina da Bahia. Era um periódico científico e

literário mensal, produzido por professores e estudantes de Medicina, poetas e

escritores, com formato diferenciado, baseado num estilo de revista, com poucos

anúncios (SOUZA, apud OLIVEIRA, op. cit., p. 23-24).

      O Diário de Notícias da Bahia circulou em Salvador durante 1935 a 1941,

tendo sido

                     [...] um vespertino que desenvolveu ampla campanha política favorável à
                     Alemanha nazista. O diário refletia o esforço das autoridades do III Reich
                     em divulgar as ideologias nazi-fascistas em todo o mundo e foi
                     instrumentalizado por autoridades germânicas que atuavam no Brasil. Tal
                     ação ocorreu sob os consentimentos do presidente Getúlio Vargas e da elite
                     política baiana. (JUNIOR, apud OLIVEIRA, ibid, p. 24).


      O jornal era considerado um panfleto propagandístico nazista e enquadrado

como um modo de produção capitalista. Em agosto de 1942 foi empastelado. A

causa foi a indignação de setores da população soteropolitana com relação à

postura editorial assumida pelos dirigentes do jornal no seu período de circulação na

cidade.
24



1.3. A imprensa baiana nos dias atuais:


           Segundo o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (SINJORBA), não há um

número oficial de quantos jornais circulem atualmente na Bahia, já que não existe

um órgão responsável pela verificação desses dados1. Soma-se a isso a falta de

registro de alguns impressos e a dimensão territorial do estado, o que dificulta ao

acompanhamento dos periódicos.

           A fim de traçar um perfil geral da produção jornalística impressa atual no

estado da Bahia, nos concentraremos aqui nos três jornais de maior circulação, A

Tarde, Tribuna da Bahia e Correio da Bahia, todos com sede na capital.

           O jornal A Tarde foi fundado em 15 de outubro de 1912, pelo jornalista e

político Ernesto Simões Filho. Colorido, o jornal é dividido em cinco cadernos fixos

que se subdividem em cinqüenta e oito páginas e abordam temas como economia,

política, cultura, esporte, emprego, além de notícias locais, regionais, estaduais e

nacionais. Um caderno especial que sai às sextas-feiras com dezesseis páginas é o

Fim de Semana que divulga eventos, shows, peças sobre os seguintes temas:

cinema, crianças, estação, gula, música, cênicas entre outros. Esse caderno, na

verdade, é uma exposição dos eventos que irão acontecer de atração na cidade,

incentivando os indivíduos a prestigiarem o trabalho artístico dos profissionais da

área. Com diagramação organizada estrategicamente para chamar a atenção do

leitor, o informativo utiliza-se de muitas fotos para ilustrar as matérias e textos em

sua maioria curtos2.




1
    Informação cedida por telefone pela secretária do SINJORBA em dezembro de 2009.
2
    Informações observadas através da análise do periódico do dia 08 de janeiro de 2010, ano 98, nº 33.147.
25



          O A Tarde lançou em 2008 a revista MUITO, que acompanha o impresso na

edição de domingo. Segundo dados extraídos do site do Jornal3, a revista

constituída em média de cinqüenta e duas páginas, ocupa o posto de maior revista

de circulação Norte/Nordeste, com cem mil exemplares. Seu conteúdo aborda temas

como moda, gastronomia, personalidades, esportes, qualidade de vida e consumo.

Laércio Lucas e Celane Rosa, no blog Comunicação Café: História do Jornal A

Tarde, defendem que o A Tarde é “um jornal diário que circula no estado da Bahia,

sendo considerado o maior jornal do Norte/Nordeste do país” e acrescenta que “na

atualidade, é o diário mais antigo em circulação”. Em virtude da tecnologia e da

rapidez exigida para se divulgar os fatos, o A Tarde também está disponível na

internet, com sua versão online, trazendo notícias sobre política, cultura, cinema,

esporte, tempo, mundo, entre outros.

          Outro jornal importante da Bahia é o Tribuna da Bahia, fundado por Elmano

Silveira Castro em 21 de outubro de 1969, num período de ditadura militar no país,

apresentando uma linha editorial que defendia a independência do status quo,

                        [...] com uma nova linguagem, ousado conceito gráfico, novas expressões,
                        quebrando muitos tabus do jornalismo, graças à audácia de seu redator-
                        chefe, Quintino de Carvalho. Cabe lembrar que a Tribuna da Bahia,
                        internamente, também foi audaciosa ao implantar, pela primeira vez no
                        Brasil, um manual de redação e criar a famosa Escolinha TB de Jornalismo.
                        (BRUNO, 2003, p.1).



          Ao longo dos anos de circulação, o Tribuna passou por altos e baixos, tendo

conseguido se manter nos períodos de crise. No dia 21 de julho de 2003 o veículo

aparece nas bancas com uma cara nova.


                        [...] Segundo editorial assinado por Paulo Roberto Sampaio, a TB está
                        "totalmente remodelada, com novo conceito gráfico, mais conteúdo, espaço
                        crítico ampliado, novos colaboradores, cronistas e articulistas de renome
                        nacional e um compromisso renovado com a Bahia..." (ibid, 2003).

3
    www.atarde.com.br
26



           Atualmente, o jornal diário chega às bancas com vinte e quatro páginas

organizadas em cinco cadernos que trazem as seguintes editorias: Política, Brasil,

Cidade, Saúde, Esporte, Segurança, Municípios e Dia & Noite. Esta última enfatiza a

cultura divulgando shows, peças e notícias sobre os artistas4. Os cadernos do

informativo possuem sempre a primeira e última página coloridas e o restante em

preto e branco. Já a sua diagramação é bem estruturada, não havendo uma

„poluição visual‟ – excesso de informação, através de fotos e textos, que deixa o

jornal com uma aparência cansativa. No conteúdo do jornal não se encontram

classificados e nota-se um número pequeno de anúncios publicitários. As matérias

relatam fatos, ações, denúncias, entretenimento entre outros temas que ocorrem na

Bahia, no Brasil e no mundo, dando uma atenção maior ao local. O informativo ainda

divulga suas notícias na versão online5.

           O terceiro impresso de maior circulação no Estado é o Correio da Bahia.

Fundado em 20 de dezembro de 1978, faz parte da Rede Bahia e está ligado ao

grupo do político Antonio Carlos Magalhães. Segundo Anjos (2004, p. 8), o jornal se

tornou um importante instrumento de comunicação para a família Magalhães e

funcionava como porta voz das ações deste grupo.

           No decorrer de sua trajetória, o Correio passou por algumas alterações em

seu projeto gráfico, fruto da própria demanda do mercado: “Ao longo de sua história,

o periódico passou por inúmeros processos de renovação tecnológica, sempre

apoiados por uma agressiva política de marketing, criando promoções para a

conquista de mais leitores e anunciantes” (Rede Bahia de Comunicações, apud

LIMA, 2003, p. 133).


4
    Informações adquiridas através da análise do jornal do dia 8 de janeiro de 2010, ano XL, nº 12776.
5
    www.tribunadabahia.com.br
27



           O informativo circula nas principais cidades da Bahia, tendo presença mais

forte na Região Metropolitana de Salvador. De acordo com informações do seu

expediente, o número de assinantes é hoje de cerca de dezesseis mil, sendo a

tiragem diária de vinte e dois mil exemplares de segunda a sábado e trinta mil aos

domingos. A maioria dos leitores do impresso pertence às classes A e B (ANJOS,

op. cit.).

           Atualmente denominado Correio*, acompanhado do logotipo “O que a Bahia

quer saber”, o jornal inovou no seu projeto gráfico e passou a ser publicado em

formato de revista, com trinta e seis páginas distribuídas em editorias como:

Variedades, Bahia, Economia, Brasil, Mundo, Esporte, Mais e Vida além dos

classificados e do caderno 24h*6. Com páginas coloridas, exceto os classificados, o

jornal possui uma diagramação e uma distribuição publicitária estratégica, na maioria

das vezes em páginas pares que chamam mais atenção ao leitor. O Correio*

também conta com a versão online7.

           De modo geral, o que se observa é que, além de uma própria necessidade de

se atender ao mercado, as alterações pelas quais os jornais impressos têm passado

em termos de formato, conteúdo e técnica possuem uma relação direta com o

advento de suas versões online. A instantaneidade e agilidade típicos do meio

virtual, ao mesmo tempo em que vêm reduzindo o número de leitores do impresso,

têm exigido constantes adaptações por parte dos veículos, fazendo com que eles

busquem formatos mais atrativos, conteúdos mais diretos, temas mais diversos,

dentre outras medidas para atrair o leitor. No entanto, não se deve perder de vista o




6
    Informações constatadas através da análise do jornal do dia 8 de janeiro de 2010, ano XXX, nº 09952.
7
    correio24horas.globo.com
28



perfil de cada um desses veículos, devendo exercer cada um seu papel específico,

respeitando-se suas características, enquanto meios de comunicação.



1.4. Imprensa no Território do Sisal:


           Tendo em vista que o jornal objeto de análise deste trabalho se insere no

espaço semi-árido baiano denominado Território do Sisal8 faremos uma breve

abordagem sobre impressos significativos ali implantados. Atualmente o Território

conta com jornais quinzenais e mensais em circulação. Quanto aos grupos aos

quais se vinculam, esses impressos nascem a partir de projetos desenvolvidos por

organizações da sociedade civil ou por apoio do poder público.

           Refletindo sobre o caráter de publicações jornalísticas em contextos

territoriais menores- tomando-se como referência jornais de grande circulação- a

literatura apresenta algumas características peculiares a esse tipo de impresso. De

modo geral, autores ressaltam o perfil de maior proximidade com o leitor, diante de

uma maior interação entre leitores e redatores, sendo os primeiros, em muitos

casos, fonte para as matérias. Para Oliveira (2009, p.25), em impressos regionais ou

locais,

                              o autor da matéria ou da nota conhece “algo mais” sobre elas e o contexto
                              da notícia. Este algo mais diz respeito à personalidade, aos casos de
                              família, aos acontecimentos banais e polêmicos envolvendo-as, à sua rotina
                              na cidade, enfim, a complexidade que envolve esses seres humanos.


           Contribuindo com essa idéia, Cicillini (2007, p. 1) afirma que,

                               os jornais regionais/locais atuam efetivamente como meio de difusão das
                              informações locais. E essa informação local é representada, na maioria dos
                              casos, pelas temáticas „cidades‟, incluindo as mais freqüentes e recorrentes
                              „colunas sociais‟, o „esporte‟ e a „política‟.



8
    Uma contextualização sobre o território do sisal será feita no próximo capítulo.
29



      A autora acrescenta ainda que “os jornais impressos, por serem relativamente

mais acessíveis e baratos que as outras mídias, concentraram em si as principais

manifestações jornalísticas necessárias ao incremento regional/local” (p. 2). Dessa

forma, o jornal regional/local possui um significado muito importante, pois além do

autor da matéria conhecer o ambiente e o comportamento dos indivíduos, pelo fato

dele estar próximo à sociedade, esse meio de comunicação representa a sociedade

através das notícias divulgadas, retratando a situação da população em suas

páginas e parágrafos.

      Do mesmo modo, Guedes (2007, p. 2) acredita que o jornal impresso local é

um meio de valor significativo para a comunidade em que é veiculado, pois é focado

na população e no cotidiano das pessoas. Através desse processo, é possível

conhecer melhor os moradores da cidade, os gostos, os costumes, enfim, cria-se

uma relação de afeto entre o jornal e a população.

      A identificação com o jornal acontece, na maioria das vezes, porque o leitor já

tem certa visão de mundo atrelada ao local, um fator que influencia no

comportamento e no pensamento desses indivíduos. Assim, o redator deve buscar

em seus textos transcrever essa realidade de forma natural, onde o leitor possa se

sentir inserido naquele contexto. E geralmente, essa prática pode ser constatada

nos jornais locais da região que buscam informar, entreter e segurar o leitor nas

linhas e entrelinhas do texto.

      Na cidade de Conceição do Coité, foi lançado em 15 de maio de 1967 o jornal

O Coiteense, sob responsabilidade do Grêmio Estudantil 21 de abril, do Colégio

Santa Terezinha, presidido por Roberto Pinto Lopes. Datilografado e rodado em

mimeógrafo a álcool, as matérias, distribuídas em quatro páginas, tratavam de

acontecimentos culturais, esportes, literatura, utilidade pública e denúncias, dentre
30



outros. Ao todo foram publicadas cento e noventa e duas edições, tendo sido sua

última circulação no dia 8 de junho de 1988 (OLIVEIRA, 2009, p. 27).

        Ainda em Coité, em 29 de dezembro de 1980, é lançado o Boletim do

Esporte, posteriormente denominado de Tribuna Coiteense, idealizado por Mário

Silva, com a colaboração de Vanilson Oliveira. Impresso em mimeógrafo a óleo em

papel ofício (A4), inicialmente o impresso trazia notícias sobre esporte mundial e

local. A partir da segunda edição, passou a publicar também informações sobre o

esporte em distritos e cidades vizinhas a Coité. Totalmente impresso em preto e

branco, a maioria das edições continha seis páginas, com tiragem em torno de

trezentos a quatrocentos exemplares, devido ao desgaste do estêncil. O Tribuna

apresentava poucas fotografias e anúncios publicitários. Somente a partir de 1990, o

jornal passou a contar com maior espaço destinado a anúncios publicitários,

divulgando estabelecimentos como padarias, oficinas, papelarias e bancos. As

matérias divulgadas refletiam a situação política, econômica, cultural e social da

cidade, faziam denúncias e críticas sobre problemas administrativos, esclareciam

escândalos e boatos, e prestavam serviços à população. O jornal foi extinto em 8 de

novembro de 1996, após um desentendimento dos idealizadores e pela falta de

tempo e recurso (OLIVEIRA, op. cit.).

        O município de Valente, inserido no Território do Sisal – semi-árido da Bahia,

também tem seu nome marcado na história da imprensa regional. O jornal Tribuna

do Sisal circulou na cidade e nos municípios de Retirolândia, Santa Luz e São

Domingos de 2005 a 2008. Surgiu a partir da iniciativa de um grupo de amigos9 que


9
  Arnaldo Amaral de Oliveira, Antônio Edil Lopes, Gelson Carneiro da Cunha, Ivanilton Araújo, Sílvio Roberto
Habib e Mário Moreira. As informações mais precisas sobre este jornal foram adquiridas através da análise de
alguns exemplares e de uma entrevista realizada em janeiro de 2010 com Ivanilton Araújo, um dos
responsáveis do jornal.
31



sempre tiveram vontade de colocar em prática a idéia de um jornal regional na

comunidade.       Dentre esse grupo de amigos, se destaca o bancário e político

Ivanilton Araújo, que a partir da terceira edição se tornou o responsável pelo

informativo.

      Com uma tiragem mensal de até dois mil exemplares, e inicialmente com 12

páginas - a partir da terceira edição passou a ser com 10 páginas – o Tribuna

sempre teve a capa e a última página coloridas, porém as páginas internas do jornal

eram em preto e branco, com algumas exceções para a editoria de Esportes. O

jornal era dividido em sete editorias, sendo elas: geral, educação/cultura, diversos,

local, esporte, saúde e social.

      O Tribuna era custeado através de patrocínios do comércio local, com

anúncios publicitários, que variavam entre R$ 35,00 (trinta e cinco reais) e R$

100,00 (cem reais), dependendo do tamanho; além da Câmara de Vereadores e da

Prefeitura, que cobriam uma página cada com a divulgação de suas ações. O jornal

possuía uma forte vinculação com o poder político local, o que comprometia sua

imparcialidade.

      As matérias geralmente eram artigos sobre temas livres e diversos, escritos

pelos idealizadores e por colaboradores da sociedade, na maioria médicos,

advogados, bancários, contadores, políticos, juiz, padre, dentre outros que se

utilizavam de uma linguagem mais culta. O jornal divulgava ainda matérias

relacionadas a empresas, associações e fundações em atividade em Valente e

municípios vizinhos, além de conteúdos relacionados às ações da prefeitura

municipal. Vale frisar que o jornal contava com espaço era aberto à comunidade

para escrever matérias, porém a população não costumava se utilizar do mesmo.
32



          Com o passar do tempo, o Tribuna foi perdendo sua periodicidade por causa

da falta de patrocínio e da irregularidade da contribuição da prefeitura. Assim o que

era arrecadado não cobria os custos, ficando inviável a veiculação do jornal, que

lançou sua última edição em outubro de 2008.

          Atualmente, existe um grande déficit em números de veículos impressos de

comunicação no território, isso por causa do baixo índice de leitura, de incentivo à

produção de informativos, sejam eles jornal, revista ou boletim. Ainda assim,

encontram-se boletins institucionais que divulgam ações da empresa e/ou

organizações como é o caso da Associação dos Pequenos Produtores do Estado da

Bahia (APAEB) e do Movimento de Organização Comunitária (MOC), que possuem

esse tipo de informativo. Este último se destaca neste aspecto, produzindo um

impresso chamado Boletim informativo MOC e um jornal chamado Giramundo.

          Segundo informações encontradas no site da Instituição10, o Giramundo “é um

jornal regional que busca, de forma criativa e dinâmica, levar informações de

qualidade para a população da Região Sisaleira”.         Possui oito páginas e uma

tiragem de dez mil exemplares por edição. As notícias geralmente tratam de

acontecimentos da região destacando os movimentos sociais, os direitos infanto-

juvenis e o desenvolvimento sustentável.

          Olhando pela quantidade de veículos impressos que circulam no Território do

Sisal, este tem muito que crescer e um longo caminho a percorrer ainda. Tanto do

ponto de vista da qualidade, tendo em vista critérios de linguagem jornalística quanto

o aperfeiçoamento do próprio veículo, despertando assim, o interesse do leitor. Mas

antes de tudo é preciso despertar na comunidade o hábito da leitura e o interesse




10
     www.moc.org.br
33



por esse meio de comunicação tão rico em informações, para então, tornar essa

prática comum no cotidiano das pessoas.
34



2. TERRITÓRIO DO SISAL: LUGAR DE LUTA, RESISTÊNCIA E ESPERANÇA


        Neste capítulo, será feita uma breve revisão sobre o que é o Território do

Sisal. O primeiro tópico, “O Território e suas características”, falará sobre os

municípios que compõem esse espaço, a base econômica do lugar, e seu principal

produto: o sisal, que é a fonte de renda da maioria da população. O segundo,

“Vegetação e Fauna Sisaleira”, dará uma idéia de como é caracterizada a região,

através de paisagem e animais que habitam o local. O terceiro, “População”,

enfatizará a população rural, a situação de pobreza e miséria e o êxodo rural. O

quarto, “A mobilização da Sociedade Civil”, retratará um pouco da história do povo

sisaleiro que se deparava com a exclusão social e que, através da mobilização, da

participação, da comunicação e do exercício da cidadania vem conseguindo se

organizar e conquistar ações em prol da sociedade. Por último, “Organizações

sociais de destaque no Território”, dará espaço para algumas organizações

importantes que atuam no território e que contribuem para o fortalecimento e o

desenvolvimento da população no contexto social e político.



2.1. O Território e suas características


        Os Territórios de Identidade foram criados por iniciativa do Governo Lula com

o objetivo de identificar oportunidades de investimento e prioridades temáticas

definidas a partir da realidade local de cada Território, possibilitando o

desenvolvimento         equilibrado      e    sustentável      entre     as    regiões11.     A     Bahia,

especificamente, foi dividida em vinte e seis Territórios sendo um deles o Território

do Sisal, localizado na região semi-árida do Estado. Segundo Santos (2009, p. 4),

11
  Informações extraídas do site da Secretaria do Planejamento do Governo da Bahia. Disponível em:
<http://www.seplan.ba.gov.br/mapa_territorios.html>. Acesso em 15 de janeiro de 2010.
35



“o semi-árido baiano ocupa a região central do estado, representando 60% da

superfície territorial, abrangendo 258 municípios”. Porém, o Território do Sisal é

composto por vinte municípios. São eles: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal,

Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina,

Queimadas,           Quijingue,     Retirolândia,      Santa     Luz,     São     Domingos,         Serrinha,

Teofilândia, Tucano e Valente, conforme o quadro abaixo.

                                         Figura 2: Território Rural do Sisal




                                                                                          Fonte: CODES, 2008



           A renda média per capta da população da região é de meio salário mínimo

mensal12. As atividades de exploração do sisal enfrentaram um período de

decadência na década de 70, a base econômica é a pecuária extensiva e a

agricultura familiar de subsistência, sujeitas a longos períodos de seca que

ciclicamente atingem a região, agravando os problemas sociais. Estes problemas

são ainda aprofundados pela falta de acesso da população aos serviços básicos


12
     Fonte: Índices de Desenvolvimento Econômico e Social dos Municípios Baianos, Seplantec, 2002
36



como saúde, educação e a inexistência de políticas adequadas à realidade do semi-

árido. (RAMOS E NASCIMENTO apud GOMES, 2006, p. 1).

      A cidade de São Domingos, município sede do jornal Jornal Diário Nordestino,

objeto de estudo do presente trabalho, está situada neste território. Localizada a

aproximadamente 240 km da capital baiana, e segundo dados do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE), possui uma área de 265,38 km², tendo como

bioma a caatinga e, com economia baseada no cultivo do sisal, agropecuária,

comércio e serviços públicos.

        Algumas cidades do Território são conhecidas como cidades que integram a

Região Sisaleira pelo fato destas terem como atividade econômica principal a

extração da fibra do sisal. Vale salientar que a região sisaleira engloba, além do

Território do Sisal, os seguintes territórios: Bacia do Jacuípe, Piemonte da

Diamantina e Piemonte Norte do Itapicuru.

      O sisal ou agave sisalana perrine, é uma planta originária da península de

Yucatan, no México. Foi introduzida na Bahia em 1903 por Horácio Urpia Jr. Santos.

                    A partir do início do século XX os contornos da região começam a mudar
                    com a chegada do sisal em 1903 e de sua exploração econômica a partir de
                    1934. A introdução da cultura do sisal foi implementada pelo Governo do
                    Estado como alternativa para o desenvolvimento das regiões semi-áridas,
                    frente ao processo de transformação do sistema pecuniário e do declínio da
                    economia açucareira (SILVA & SILVA, apud SANTOS, op. cit, p. 5).



      Essa planta trouxe uma possibilidade de mudança para a vida da população

da região. Conforme Marques (2002, p. 15), foi no ano de 1939 que o sisal chegou à

cidade de Feira de Santana e começou a ser cultivado, tendo como características

ser “uma planta suculenta, de cor verde, folhas lisas e com grande capacidade de

retenção de água da chuva e orvalho”, que contribuiu na época para a permanência
37



do homem no campo e continua sendo uma das principais bases de sustentação da

economia regional.

      O sisal alcançou papel de destaque na Bahia no período entre 1938 e 1942,

quando o governador Landulpho Alves passou a estimular o seu plantio como

alternativa de sobrevivência do sertanejo, aproveitando as condições favoráveis do

mercado interno criadas pelos obstáculos de importação de produtos similares por

conta da Segunda Guerra Mundial. Altamente resistente às secas, o sisal se apóia

especialmente na cultura minifundista em pequenas e médias propriedades de terra,

cujo alicerce principal é a agricultura de subsistência. (CODES, 2008).

     Uma região marcada pela escassez e irregularidade das chuvas, o território

localizado   no   semi-árido   baiano     encontrou      no    sisal   uma     alternativa:    a

sustentabilidade das famílias que residem, principalmente, na zona rural. Para

Hubschman (2002, p. 23),

                     o papel do sisal foi ainda determinante: uma grande parte das terras do
                     sertão, muitas secas e sem grandes possibilidades de irrigação, se não
                     fosse o sisal, não poderiam encontrar uma utilização econômica viável. É o
                     caso da região de Valente e Santa Luz, onde o sisal contribuiu de forma
                     decisiva para manter, nesses municípios, milhares de famílias sertanejas
                     que, na ausência do sisal, certamente, iriam engrossar os fluxos migratórios
                     em direção às grandes cidades.



      Foi através do sisal que a região achou a possibilidade de sobrevivência e de

se tornar mais produtiva, mesmo com a falta de chuva e seu solo carente em

nutrientes, pelo fato da planta ter uma grande facilidade de absorver e armazenar

água. Uma forma encontrada para se garantir a sobrevivência e evitar o êxodo rural.

      Os índices pluviométricos da região que normalmente variam entre 600 mm e

800 mm anuais são periódicos e sem regularidade; muito freqüentemente 70% das

chuvas, nos anos chuvosos, concentram-se em dois ou três meses. Quando esses

índices caem para 200 mm e 400 mm, inviabilizam o armazenamento de água e
38



praticamente toda atividade agropecuária, constituindo os conhecidos períodos de

seca que duram entre dois a cinco anos (CODES, 2008).

      As freqüentes estiagens servem de justificativa pelos difusores competentes

do discurso e legitima a manutenção da situação de pobreza e miséria

historicamente fundamentada na má-distribuição de terras e na apropriação do

poder local (GOMES, 2006, p. 4). Isso reflete na situação financeira das famílias que

trabalham no campo desde o processo do plantio até a comercialização do sisal.

      Para o cultivo e comercialização do sisal é preciso uma mão-de-obra aplicada

e reforçada por ser um trabalho pesado, como explica Andrade (2002, p. 76),

                     a preparação do solo pode ser mecanizada, porém as demais tarefas, como
                     o plantio, os tratos culturais, o corte das folhas e a secagem são manuais. O
                     desfibramento é feito pelo motorzinho ou máquinas paraibanas, nas
                     propriedades. Após o desfibramento e a secagem, as fibras são
                     transportadas para as batedeiras, para serem escovadas e beneficiadas.
                     Após essas operações, elas podem ser exportadas ou transformadas em
                     cordas, tapetes, sacos, etc.



      O plantio e o corte são realizados por uma pessoa que, com o auxílio de um

jumento, transporta as folhas cortadas até a máquina para então serem desfibradas

e estendidas para secagem. A máquina paraibana, mais conhecida na região como

motor de sisal, já deixou muitos trabalhadores mutilados, por ter uma lâmina cortante

muito afiada, exigindo certa habilidade e rapidez do operador.

      Nesse tipo de trabalho não existe contrato escrito, os acordos são feitos

verbalmente, não havendo segurança alguma em casos de acidentes; e sendo os

trabalhadores remunerados pela quantidade que produzem. Segundo Andrade (op.

cit, p. 78), “os proprietários preferem o trabalho temporário, porque permite reduzir

sensivelmente os custos de produção e as despesas exigidas pelos encargos

sociais”. O sisal sai do campo seco e é levado para a batedeira, local onde esse é

batido e preparado para a comercialização. De acordo com o autor citado acima “o
39



trabalho é efetuado por homens, mulheres e crianças” e acrescenta que “a

remuneração é determinada pela produção diária, e os pagamentos são semanais,

exceto os do gerente, do balanceiro e do batedor, que são mensalistas” (ibid. p. 79).

É um trabalho pesado e de mão-de-obra barata, além de não garantir nenhum tipo

de benefício aos trabalhadores, que se submetem a tais condições por falta de

alternativas na região.

        A planta rústica oriunda do México se consolidou como o principal arranjo

produtivo da região e motor das profundas transformações históricas, políticas,

sociais e culturais do território (FERREIRA & MOREIRA13, p. 1). Além disso, através

da tecnologia e de pesquisas realizadas, surgiram novas possibilidades de utilizar a

fibra do sisal em vários ambientes, desde decoração de casas como na fabricação

de bancos de carros entre outros produtos.



2.2. Vegetação e Fauna Sisaleira


        A vegetação predominante da região é a caatinga, com uma paisagem

formada de pedras e lajedos e forte presença de arbustos de raízes profundas,

como umbuzeiro, o icó, a baraúna, o licuri, a umburana e diversas espécies de

cactáceas como o xique-xique, o cabeça-de-frade, a palma e o mandacaru, sendo

os dois últimos utilizados em períodos de seca na alimentação do gado.

        Quando a grande maioria das plantas caatingueiras perde suas folhagens nos

períodos de estiagens assegura a alimentação para dezenas de espécies, de

insetos a caprinos e ovinos; a palma, o mandacaru e tantas outras espécies se


13
   No artigo “A construção da comunicação comunitária da região do Sisal: uma rede tecida com fibra e
resistência” não consta o ano de publicação. Este foi extraído da internet através do endereço informado nas
referências. Por esse motivo haverá citações dos respectivos autores sem o ano no decorrer deste trabalho.
40



constituem em ingredientes alimentares fundamentais para a sustentação dos

animais na região. O licurizeiro, como o umbuzeiro, tiveram – e ainda têm - papel de

destaque na alimentação humana e animal nos momentos de crise por se

constituírem em fontes nutritivas importantes para os animais e para os humanos

(CODES, 2008).

       A fauna da região se caracteriza mais por animais como bodes, que se

alimentam de cascas das árvores e de folhas secas para garantir seu sustento nos

períodos de estiagem, e jumentos, que sempre estiveram presentes na vida do

homem do campo, seja para o trabalho com o sisal ou para montaria.

       De acordo com o PTDRS – Plano Territorial de Desenvolvimento Rural

Sustentável do Sisal do CODES – Conselho de Desenvolvimento Territorial Rural do

Sisal (2008, p. 19),

                       é na região sisaleira, que se configura a nordestinidade do baiano. A
                       começar por suas paisagens, pontilhadas por lajedos, carrascais e
                       tabuleiros, onde vicejam mandacarus, caroás, facheiros, mancambiras e
                       gravatás, tão bem descritas pelo grande clássico da literatura nacional, Os
                       Sertões, de Euclides da Cunha. E como parte indissociável desta paisagem,
                       com ela própria se confundindo, assoma a figura heróica do vaqueiro, com
                       suas típicas vestimentas de couro para permitir adentrar na caatinga e que
                       inspirou este genial intérprete da alma brasileira na célebre assertiva de que
                       “o sertanejo é antes de tudo um forte”.



       De fato a região caracteriza o Nordeste baiano, não só através de sua fauna e

flora, mas também através dos costumes, crenças, tradições, literatura e pela força e

coragem do homem do campo no decorrer das adversidades que encontra durante

sua trajetória de vida. Um povo marcado pelo sofrimento, luta e esperança.



2.3. População


       O Território do Sisal era habitado, em 2000, por 552.713 pessoas, o

correspondente a 4,3% da população total do Estado (CODES, 2008). É notório que
41



com o enfraquecimento do sisal, com os longos tempos de estiagens, a população

foi diminuindo, dirigindo-se aos grandes centros à procura de melhores condições de

vida.

        Segundo o CODES (2008, p. 27-28)

                         Durante a década de 80, a população cresceu a uma média de 2,65% ao
                         ano; enquanto na década seguinte o crescimento foi de apenas 0,44% ao
                         ano. Tomando-se por base as estimativas do IBGE para 2005, e mantendo-
                         se a atual tendência, no final da década o crescimento médio anual será de
                         apenas 0,007%. Em alguns Municípios essa queda chega a ser
                         preocupante, como são os casos de São Domingos que no período de 1991
                         a 2005 perdeu 44% da sua população e Ichu que, de 1980 a 2005 perdeu
                         42%.



        Porém, os censos de 2007 e 2008 apontam uma nova perspectiva. Na

maioria das cidades, a evolução da população foi significativa. Os números

demonstram o crescimento populacional de alguns municípios, como Araci,

Conceição do Coité e Santa Luz, conforme demonstra o quadro abaixo.


                 Quadro 1 – População dos Municípios no Território do Sisal

                                                            População¹
                         Municípios
                                                   2005        2007         2008

             Araci                                48.989      51.912       54.092

             Barrocas                             12.725      13.182       13.722

             Biritinga                            14.654      13.961       14.307

             Candeal                              9.741        9.019       9.157

             Cansanção                            32.601      32.789       33.920

             Conceição do Coité                   58.810      60.835       63.318

             Ichu                                 3.712        5.881       6.101

             Itiúba                               36.257      35.749       36.890
42




                Lamarão                              9.137       11.988      12.682

                Monte Santo                         56.602       52.249      53.577

                Nordestina                          13.357       12.172      12.599

                Queimadas                           25.522       27.186      28.368

                Quijingue                           27.891       27.068      28.001

                Retirolândia                        10.635       11.938      12.446

                Santa Luz                           31.156       33.633      35.029

                São Domingos                         7.430       8.818        9.130

                Serrinha                            74.868       71.383      73.655

                Teofilândia                         19.719       20.702      21.382

                Tucano                              53.661       48.740      49.972

                Valente                             19.969       21.512      22.489

                               TOTAL                554.711     570.717     590.837

Fonte: IBGE, Contagem da População


(¹) Estimativas/IBGE



        Mas também, pode-se notar uma redução significativa da população em

outros municípios como, Tucano e Monte Santo. Essa realidade é predominante na

zona rural, que por causa do clima e do solo, não oferece meios de sobrevivência

que atendam à todos que habitam nessa área. Observa-se que

                            a população rural reduz-se de forma gradual (em alguns municípios de
                            forma brusca) mas permanente porque faltam políticas capazes de
                            dinamizar a economia e alavancar processos de desenvolvimento
                            geradores de inclusão social e de qualidade de vida; os segmentos mais
                            afetados são os mais jovens, de maior capacidade produtiva e com
                            perspectivas de melhorar a condição de vida. Por outro lado, a redução do
                            número de habitantes, além de enfraquecer o setor produtivo rural, com a
                            perda de força de trabalho, dificulta ainda mais a adoção de medidas que
                            possam desenvolver a economia regional (CODES, 2008, p. 33).
43



          Mas ainda, em um território marcado pela pobreza, pela miséria, pelo

analfabetismo- segundo dados do IBGE (2007)14, a taxa de analfabetismo no

Território corresponde a 34,2%- e pela falta de políticas públicas suficientes para

atender a toda população, existem ainda pessoas que lutam pelo desenvolvimento

local e direitos coletivos, e vêm conquistando espaços importantes na sociedade.



2.4. A mobilização da Sociedade Civil


          “A história dos movimentos sociais no Brasil não é linear, sendo caracterizada

por fluxos e refluxos. Entretanto, sua conquista fundamental é a valorização do

coletivo ao individual” (CÉSAR, 2007, p. 84). Mesmo com as idas e vindas, altos e

baixos que movimentos sociais enfrentam, grande parte deles ainda consegue

pensar no coletivo, buscando despertar o interesse e o comprometimento do

individual, estimulando a pessoa a se manifestar em prol da sociedade. Para Kunsch

(2007, p. 60), a sociedade civil tem um papel preponderante, que é “influenciar a

mudança do status quo, do poder do Estado e do mercado, para atender às

demandas das necessidades locais, nacionais, regionais e globais”. Para que isso

seja alcançado é preciso força de vontade e determinação dos indivíduos, no

sentindo de irem em busca das melhorias desejadas.

          O Território do Sisal é marcado pela exclusão social, pela história de lutas dos

movimentos sindical, associativista, cooperativista, organização das mulheres, entre

outros, e traz em si uma história de organização dos movimentos sociais e de

articulação de ações visando um processo de desenvolvimento do meio rural. A

partir disso, passou-se a pensar em assuntos como: agricultura familiar, educação,

saúde, infra-estrutura, cultura, comunicação dentre outros. (CODES, 2008).

14
     www.ibge.gov.br
44



      Nesse contexto Gomes (2006, p.2) afirma que,

                      a construção da região sisaleira não acontece descontextualizada. Ela
                      emerge historicamente no movimento de profundas transformações sociais,
                      culturais e tecnológicas do fim do Século XX, em que o avanço do processo
                      de internacionalização da economia capitalista monopolista atinge seu ápice
                      com o aprofundamento do fenômeno da globalização e seu discurso
                      totalizante da ditadura do dinheiro e da informação.



      Isso demonstra que a população da região, através de suas organizações

sociais, vem se manifestando em busca de melhoria da qualidade de vida e de

benefícios em prol da sociedade, sempre com o intuito de alcançar o objetivo

desejado, nesse caso, a mobilização social se destaca através da ação dos

indivíduos.

      Mas, afinal, o que é mobilização social? Toro e Werneck (2005, p. 13)

defendem que “mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito

comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados”, e acrescenta

que “a mobilização ocorre quando um grupo de pessoas, uma comunidade ou uma

sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, quotidianamente,

resultados decididos e desejados por todos”.

      Assim, ao reivindicar uma causa coletiva, a sociedade civil assume um papel

de destaque no processo de participação das ações e decisões que visam o bem-

estar social. Para Kunsch (op.cit, p. 60),

                      a sociedade civil hoje assume papel preponderante nos processos de
                      participação social em defesa da democracia, dos direitos humanos e da
                      cidadania, graças, sobretudo, à atuação dos movimentos sociais
                      organizados, da ONGs e do terceiro setor como um todo, que extrapolam a
                      relação de oposição ao Estado para fazer frente também ao mercado.



      Dessa forma, o processo de participação social é muito importante para a

construção da cidadania. Para Toro e Werneck (op.cit, p. 28) “a participação, em um

processo de mobilização social, é ao mesmo tempo um objetivo a ser alcançado e
45



um meio para realizar os outros objetivos” e acrescentam ainda que “a participação

é uma aprendizagem”. Buscando entender um pouco o que é cidadania, Kunsch

(2007, p. 63) afirma que “cidadania refere-se aos direitos e às obrigações nas

relações entre o Estado e o cidadão”. Já segundo Morais (2009, p. 3), que reflete o

pensamento de Marshall, diz que,

                    tendo nos estudos de Marshall (1967) um de seus principais referenciais, a
                    noção de cidadania é inicialmente composta por: conquistas e usos dos
                    direitos civis, políticos e sociais. Um conceito amplo e em constante
                    construção, cidadania pode ser relacionado não apenas aos direitos básicos
                    para a sobrevivência em sociedade, mas como a capacidade de
                    discernimento crítico que permita a participação em decisões que interfiram
                    na vida deste mesmo indivíduo.



      Necessariamente, os fatores participação, mobilização e cidadania estão

interligados e nesse processo de aprendizagem, ao tentar mudar algo e/ou lutar por

algo, que os indivíduos aprendem a lidar com as situações adversas e a perceber a

importância da união, da força daqueles que buscam algo melhor para a sociedade,

sem esquecer os direitos, deveres e a igualdade social. Dagnino (2002, p. 296),

afirma que “a participação da sociedade civil na publicização de um enorme número

de demandas de direitos tem alterado a face de sociedade brasileira ao longo das

duas ultimas décadas”. Além disso, a comunicação também contribui para o

desenvolvimento e divulgação das ações promovidas pela sociedade e pelo Estado.

Peruzzo (2007 p. 46) diz que,

                    a comunicação, por meio de seus variados processos, que incluem canais
                    de expressão e o intercâmbio de informação e de saberes, bem como os
                    mecanismos de relacionamento entre pessoas, públicos e instituições,
                    desempenha papel central na construção da cidadania.



      Assim, a comunicação, pode ser vista como “instrumento para a criação da

cidadania em meio às redes sociais que hoje tomam forma na chamada era da

globalização” (CÉSAR, op.cit, p. 78). A autora acrescenta que a comunicação é “um
46



processo de relacionamento social” que interage com outras áreas do conhecimento,

aprimorando uma rede de relacionamento nos campos de trabalhos.

      No entanto, o real comprometimento da comunicação com as questões

sociais   requer   o   reconhecimento        de   que    cada     realidade    carrega     suas

particularidades, merecendo, cada processo de mobilização e cidadania um caminho

comunicativo específico, tendo sempre em vista os objetivos que se pretende

alcançar. Refletindo sobre isso, Morais (op. cit. p. 13) coloca que

                       Indagar sobre a que tipo de mobilização social a comunicação se presta
                       colaborar é, portanto, uma tarefa que exige analisar o ato comunicativo
                       através de diferentes vias, em diferentes momentos e tendo em vista os
                       diversos elementos que dele fazem parte, tendo sempre em mente que
                       cada contexto comunicativo, assim como cada processo de mobilização
                       possui as suas particularidades, não existindo, portanto, um caminho
                       modelo a ser seguido.


      Trazendo esse assunto para o semi-árido baiano, Ferreira e Moreira (p. 2)

demonstram que os movimentos e organizações sociais que se utilizam da

comunicação para promover ações coletivas parecem se preocupar com essa

realidade. Os autores afirmam que,

                       inseridos na paisagem semi-árida brasileira, que corresponde a 75% do
                       Nordeste do país, os grupos sociais que aí se instalaram desenvolveram um
                       sistema de comunicação específico, uma rede ou conjunto interligado de
                       fluxos comunicativos constituído de atores, conteúdos e meios definidos a
                       partir de princípios e propósitos.



      Nesse caso, os grupos sociais contam com um processo de planejamento e

definição dos objetivos que pretendem buscar e utilizam a comunicação para

interagir no processo, um método inteligente e abrangível. Já para Gomes (2006, p.

4),

                       o acesso e a produção local de informação configuram-se como elemento
                       central na disputa e na resignificação de uma cultura marcada pela
                       oralidade, pela dominação e por imagem de “aridez” social. Aos movimentos
                       sociais locais, a comunicação apresenta-se como estratégia de re-afirmação
                       dos ritos, ritmos e significações locais, e transformação dos valores de
                       subserviência, motivando a convivência emancipatória com o sertão.
47



      Os movimentos sociais são agrupamentos coletivos organizados para atuar

na sociedade e a partir disso produzir uma mudança na vida dos indivíduos inseridos

nesse contexto social. Para esses movimentos serem visíveis é preciso atenção por

parte dos meios de comunicação, como, mídia impressa, eletrônica e digital.

Veículos como rádio, TV, jornal impresso, dentre outros são muito importantes para

a visibilidade das ações da sociedade organizada. Pode-se entender, portanto, o

papel a ser exercido pela comunicação em parceria com os movimentos sociais para

a implementação de suas ações, diante do caráter mobilizador dessa área, seja

através de veículos ou por meio da própria comunicação interpessoal.



2. 5. Organizações sociais de destaque no Território



      Alguns motivos retardaram o surgimento e a consolidação de movimentos e

de organizações sociais na região. Um deles foi a forte presença das oligarquias que

souberam, ao longo da história, controlar a população, criando situações de

insegurança e medo, evitando o surgimento de forças organizadas que, enquanto

buscassem objetivos específicos, pudessem trazer dificuldades para o seu projeto

político, e o isolamento da região (CODES, 2008, p. 60).

      Porém com o tempo, a sociedade sentiu a necessidade de se organizar para

resolver questões da própria comunidade. Assim, contou com o apoio das CEBs

(Comunidades Eclesiais de Base) e da Igreja Católica, que iniciaram esse processo.

Segundo Santos, (2009, p. 8),

                     as CEBs ajudaram a criar movimentos sociais para organizar sua luta:
                     associações de moradores, luta pela terra e também o fortalecimento do
                     movimento campesino. Na região do sisal, as CEBs influenciaram a criação
                     de muitos movimentos sociais.
48



         A partir dessa iniciativa surgiram várias organizações que buscam e visam à

melhoria da qualidade de vida da população, como: os STR‟s (Sindicatos de

Trabalhadores Rurais), a FATRES (Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da

Região do Sisal), a (APAEB) Associação dos Pequenos Produtores do Estado da

Bahia, o MOC (Movimento de Organização Comunitária), o CODES (Conselho de

Desenvolvimento Territorial Rural do Sisal), entre outras.

         Os STR‟s surgiram por volta da década de 70 a partir da mobilização de

delegados de polícia incomodados com a ausência de políticas públicas de saúde

nas cidades, o que mantinha a população em situação de extrema carência e alto

nível de vulnerabilidade. A fundação de sindicatos com a proposta de oferecer

serviços médico-odontológico à comunidade. Hoje seu principal objetivo é

representar os trabalhadores rurais dos municípios, tendo como público-alvo os

pequenos agricultores e agricultores familiares, meeiros, posseiros, arrendatários e

comodatários (CODES, 2008, p. 60).

         Uma entidade importante para a região é a FATRES, fundada em 1996 com o

objetivo de fortalecer as forças dos Sindicatos, e com ações voltadas aos

trabalhadores rurais. De acordo com o CODES (2008, p. 61), “é uma sociedade civil,

sem fins econômicos, de natureza beneficente, considerado de utilidade pública

municipal e estadual”. A entidade também se relaciona com outras organizações que

lutam em prol do Território.

         Outra organização que se destaca no território é a APAEB, que “surgiu em

1979 da luta contra a cobrança extorsiva do ICM aos pequenos produtores rurais,

com atuação regional de defesa econômica e ação sócio-política” (TEIXEIRA apud

SANTOS, 2009). Segundo o CODES (2008, p. 64), a entidade atua na Região do

Sisal,
49



                      com um conjunto de ações voltadas para o desenvolvimento regional
                      sustentável. Todas as ações visam a melhoria da qualidade de vida dos
                      agricultores familiares. Entre essas ações, um Programa de Convivência
                      com o Semi-Árido, junto a agricultores familiares que inclui, entre outras
                      medidas, para assegurar a sustentabilidade, a conservação do meio
                      ambiente e o reflorestamento. Dentre as ações da Apaeb poderemos
                      mencionar o trabalho com cadeias produtivas importantes para a região, tais
                      como: beneficiamento e comercialização da fibra do sisal e seus derivados,
                      de produtos da caprinovinocultura e da apicultura.



      A APAEB, em parceria com a sociedade civil e outras instituições, atua ainda

no campo da educação ambiental, através de capacitação de agricultores com

cursos e treinamentos de conservação do solo, água e vegetação, além do

repovoamento da flora regional. Atualmente, o maior foco da APAEB – Valente é o

beneficiamento e a exportação do sisal. Através da fabricação de tapetes e produtos

derivados da planta, gera empregos diretos e indiretos, movimentando assim a

economia da cidade.

      Falando em organizações, entidades e movimentos, o MOC também está

presente nesse contexto. Segundo Santos (op.cit, p. 8), esse movimento “foi

fundado em 1967 a partir do trabalho da Igreja Católica com o objetivo de incentivar

a emancipação social e a criação de grupos organizados para o exercício da

cidadania”.

      O MOC é uma entidade civil, sem fins lucrativos, classificada como uma

organização não governamental, de natureza filantrópica, que busca contribuir para

o desenvolvimento integral, participativo e ecologicamente sustentável da sociedade

humana. A instituição concentra sua atuação nos municípios da Região Sisaleira,

mas sua metodologia de apoio à mobilização da sociedade civil na luta pelo

exercício dos seus direitos se estende até mesmo para outros estados, como

Sergipe. Atualmente, desenvolve ações estratégicas na área de educação rural,

fortalecimento da agricultura familiar no semi-árido, gênero, comunicação e políticas
50



públicas. Todas buscam sempre ressaltar a questão da participação popular nas

esferas de decisão, tendo em vista o desenvolvimento integrado e sustentável da

Região. São cinco programas básicos de atuação: Programa de Educação do

Campo, Programa de Fortalecimento da Agricultura Família no Semi-árido,

Programa Água e Segurança Alimentar, Programa de Políticas Públicas, Programa

de Comunicação, Programa de Criança e Adolescente e o Programa de Gênero,

além de Projetos Especiais (CODES, 2008, p. 65).

        Falando em comunicação aplicada aos movimentos, em 2001, o Instituto

Credicard lançou o Programa “Jovens Escolhas em rede com o futuro”. Tratava-se

de um programa social que visava a cidadania, o empreendedorismo e buscava a

autonomia do jovem, tendo sido aplicado em nove municípios do Território15. O MOC

em parceria com outras instituições sociais, foi o responsável pelo programa na

região. O “Jovens Escolhas” realizava capacitações para os participantes escolhidos

através de uma seleção sobre temas diversos, como por exemplo: políticas públicas,

cidadania, cultura e revalorização cultural, gênero, gestão e produção de projetos,

educação etc., e oficinas sobre produção de rádio e boletim. Através deste programa

foi criado o “Projeto Jovens Comunicadores”, onde os jovens atuavam na

comunidade local dando assistência às entidades parceiras através da prática da

comunicação comunitária. Cada município contava com o apoio de três jovens, que

tinham o dever de produzir um boletim mensal com notícias locais, regionais e

referentes aos movimentos sociais. Na cidade de Valente o boletim chamava-se

Fala Sério e era produzido por Aline Araújo, Deise Morais e João Paulo Cerqueira.

Esse trio também em parceria ao Colégio Estadual Wilson Lins experimentaram o


15
  Araci, Conceição do Coité, Nordestina, Retirolândia, Riachão do Jacuípe, Queimadas, Santa Bárbara, Santa
Luz e Valente.
51



fanzine, um informativo de linguagem coloquial que expressava as idéias e opiniões

dos jovens daquela instituição16.

        Por fim, não poderia deixar de citar o CODES, um Conselho criado em 2002 a

partir de uma inquietação da sociedade civil. Assim,

                           no esforço de pensar o seu lugar, a partir de sua heterogeneidade, e de
                           suas demandas diversas e comuns, a sociedade civil começa a discutir
                           suas questões numa perspectiva de território, e não mais de região, o que
                           resultou no Conselho de Desenvolvimento Territorial do Sisal (CODES) [...]
                           é um consórcio de municípios composto paritamente por 14 representantes
                           da sociedade civil e 14 do poder público dos municípios, com o objetivo de
                           propor alternativas de gestão pública para a questão rural no sisal
                           (MOREIRA apud SANTOS, 2009, p. 9).



        A instituição tem como slogan: “Sisal: um território de fibra e resistência”, que

se refere a planta e a luta dos moradores dessa região pela sobrevivência. De

acordo com Ferreira e Moreira (p. 8),

                           a estrutura do CODES está pautada na valorização das lideranças
                           anteriormente excluídas enquanto atores legítimos. O ambiente político
                           deste espaço público criou condições favoráveis para uma atuação mais
                           incisiva dos grupos populares organizados, que de maneira inédita na
                           história local, conquistaram a possibilidade de participar como atores
                           privilegiados da construção de uma política territorial de desenvolvimento.



        Dessa forma, o CODES busca inserir o indivíduo no contexto social e político

sem discriminação, incentiva a participação e na luta pela conquista de ações

importantes, como o curso de Comunicação Social/ Rádio e TV implantado em 2005

na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus XIV, situado na cidade de

Conceição do Coité.

        O curso de comunicação instalado no Território do Sisal foi reflexo da

efervescência do sistema comunicativo, em relação à mobilização da sociedade

organizada local e seu amplo aparato comunicacional comunitário. Pode ser


16
  Informações adquiridas através de uma entrevista realizada, em janeiro de 2010, com Aline Araújo,
participante do programa.
52



considerado o primeiro produto efetivo do Plano de Comunicação do CODES que

contribuiu para o re-direcionamento da atuação acadêmica no território (FERREIRA

e MOREIRA, p. 10). O curso veio fortalecer o trabalho desenvolvido pelos

movimentos, formando profissionais que poderão replicar seus conhecimentos nas

comunidades. Trazendo novas perspectivas tanto para os movimentos sociais,

quanto para a própria UNEB, no seu papel de universidade que precisa estar

atrelada à comunidade, o curso de Comunicação poderá ainda representar a

esperança para dezenas de jovens de Conceição do Coité e cidades circunvizinhas,

que poderão ver ali outra opção de escolha em busca do conhecimento, do

aperfeiçoamento e de uma nova profissão.

      Assim, é possível ver que a sociedade civil organizada do Território do Sisal

se manifesta e luta pelo desenvolvimento e por melhores condições de vida dos

indivíduos que habitam nessa região, mobilizando e estimulando as pessoas a

participarem desse processo importante e significativo no contexto social. Assim, os

movimentos sociais, instituições e ONGs que atuam em busca de crescimento e

melhorias para a comunidade, seja no lado social, cultural ou político, merecem o

verdadeiro reconhecimento e valorização por parte dos próprios indivíduos e pelo

Estado.
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  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA Ariclene Cunha Silva DIÁRIO NORDESTINO: MOBILIZAÇÃO JOVEM ATRAVÉS DA IMPRENSA NO TERRITÓRIO DO SISAL Conceição do Coité – BA 2010
  • 2. 2 Ariclene Cunha Silva DIÁRIO NORDESTINO: MOBILIZAÇÃO JOVEM ATRAVÉS DA IMPRENSA NO TERRITÓRIO DO SISAL Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social – Habilitação em Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em Comunicação, sob a orientação da Professora Kátia Morais. Conceição do Coité – BA 2010
  • 3. 3 Ariclene Cunha Silva DIÁRIO NORDESTINO: MOBILIZAÇÃO JOVEM ATRAVÉS DA IMPRENSA NO TERRITÓRIO DO SISAL Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social – Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, sob a orientação da Professora Kátia Morais. Data:____________________________ Resultado:_______________________ BANCA EXAMINADORA Prof. (orientador)___________________ Assinatura________________________ Prof.____________________________ Assinatura_______________________ Prof.____________________________ Assinatura_______________________
  • 4. 4 RESUMO JORNAL DIÁRIO NORDESTINO: MOBILIZAÇÃO JOVEM ATRAVÉS DA IMPRENSA NO TERRITÓRIO DO SISAL Este trabalho busca promover uma análise sobre a trajetória do jornal Diário Nordestino, publicado entre junho de 2005 e fevereiro de 2008, na cidade de São Domingos, semi-árido da Bahia. O jornal faz parte de um projeto do ICOJUDE, entidade formada por jovens que buscam o desenvolvimento local, incentivando a participação popular e valorização da cultura. Através do método da análise de conteúdo das matérias publicadas, buscar-se-á compreender qual a contribuição do Diário para a comunidade local, tomando-se como base critérios jornalísticos. Será tomada ainda como referência para a análise, a relação entre os movimentos sociais e a comunicação no Território do Sisal, onde se insere o jornal, com fins ao desenvolvimento social. Palavras-chave: comunicação, desenvolvimento, história, jornalismo, território. ABSTRACT This work search to promote an analysis about the trajectory of the newspaper Diário Nordestino‟s, publishing between june of the 2005 and february of the 2008, in the city of the São Domingos, of the Bahia. The newspaper make part of the a project of the ICOJUDE, institution with young that search the local development, incentiving the popular participation and to valuation of the culture. Through of the method of the analysis, contents of the matter published, to search the understanding that contribution of the Diário’s for the local communication making as base criterion journalistic. Will be took still as reference for the analysis, the relation between the social movement and the communication in the Territory of the Sisal, where the newspaper, with position for social development. Key-words: communication, development, history, journalism, territory.
  • 5. 5 Dedico este trabalho aos meus pais e amigos que me apoiaram nos momentos em que mais precisei.
  • 6. 6 AGRADECIMENTOS À Kátia Morais, minha orientadora que esteve comigo em todos os momentos, pelo incentivo e pela confiança. Aos meus colegas de sala, que me deram força para produzir, principalmente, Aline Araújo e Vagna Santos, minhas parceiras, colegas, amigas presente comigo durante todo o curso. AGRADECIMENTO ESPECIAL: À Deus e aos meus pais: Ariel e Elisvalda.
  • 7. 7 LISTA DE SIGLAS ANATEL: Agência Nacional de Telecomunicações APAEB: Associação dos Pequenos Produtores do Estado da Bahia CEBs: Comunidades Eclesiais de Base CODES: Conselho de Desenvolvimento Territorial Rural do Sisal DN: Diário Nordestino FATRES: Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal FLELC: Feira de Leitura da Escola Luiz de Camões IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICOJUDE: Instituto de Comunicação e Juventude Diário Nordestino MOC: Movimento de Organização Comunitária ONGs: Organizações não governamentais PC do B: Partido Comunista do Brasil PSB: Partido Socialista Brasileiro PSTU: Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado PTDRS: Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sisal SINJORBA: Sindicato dos Jornalistas da Bahia STR‟s: Sindicato de Trabalhadores Rurais TCU: Tribunal de Contas da União TV: Televisão UNEB: Universidade do Estado da Bahia
  • 8. 8 LISTA DE TABELAS Quadro 1: Tabela da população do Território do Sisal entre 1980 e 2005......... 41 Quadro 2: Tabela com síntese das matérias publicadas no DN......................... 62
  • 9. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Primeiro exemplar do jornal Gazeta do Rio.............................................. 18 Figura 2: Mapa do Território Rural do Sisal.............................................................. 35 Figura 3: Matéria do jornal DN edição nº. 9.............................................................. 67 Figura 4: Matéria do jornal DN, edição nº 10 ........................................................... 69 Figura 5: Matéria/capa do jornal DN, edição nº 15.................................................... 72 Figura 6: Capa do jornal DN, edição nº 2.................................................................. 74
  • 10. 10 SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS LISTA DE TABELAS LISTA DE FIGURAS INTRODUÇÃO................................................................................................... 11 1. IMPRENSA NO BRASIL: UMA ABORDAGEM INTRODUTÓRIA................ 16 1.1. Nascimento da imprensa no Brasil: primeiros impressos............................ 16 1.2. Imprensa pioneira na Bahia......................................................................... 21 1.3. A imprensa baiana nos dias atuais.............................................................. 24 1.4. Imprensa no Território do Sisal.................................................................... 28 2. TERRITÓRIO DO SISAL: LUGAR DE LUTA, RESISTÊNCIA E ESPERANÇA..................................................................................................... 34 2.1. O Território e suas características............................................................... 34 2.2. Vegetação e Fauna Sisaleira....................................................................... 39 2.3. População.................................................................................................... 40 2.4. A mobilização da Sociedade Civil................................................................ 43 2.5. Algumas organizações sociais que se destacam no Território.................... 47 3. A TRAJETÓRIA DO JORNAL DIÁRIO NORDESTINO NA CIDADE DE SÃO DOMINGOS............................................................................................... 53 3.1. ICOJUDE: uma representação juvenil no território sisaleiro....................... 53 3.2. O Jornal Diário Nordestino.......................................................................... 56 3.3. A análise de conteúdo do DN...................................................................... 60 3.3.1. Social........................................................................................................ 62 3.3.2. Cultura e Lazer......................................................................................... 64 3.3.3. Esporte..................................................................................................... 66 3.3.4. Educação.................................................................................................. 67 3.3.5. Meio Ambiente.......................................................................................... 68 3.3.6. Policial...................................................................................................... 69 3.3.7. Saúde....................................................................................................... 70 3.3.8. Política...................................................................................................... 70 3.3.9. Culinária.................................................................................................... 72 3.3.10. Capas..................................................................................................... 73 4. Resultados da análise.................................................................................... 75 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 77 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 81
  • 11. 11 INTRODUÇÃO Frutos das sociedades capitalistas, os meios de comunicação de massa nascem com o papel de preencher lacunas nas interações diretas no contexto de desenvolvimento das cidades, ampliação das distâncias geográficas entre os sujeitos e escassez de tempo, diante do aumento na velocidade do ritmo cotidiano. Assim, esses meios possuem desde o seu surgimento, dentre outros, o papel de informar o cidadão sobre o que acontece à sua volta e, ao divulgar essas informações, influenciar a opinião da comunidade e pretensamente despertar o senso crítico das pessoas. Reforçando essa idéia, Ribeiro (2004, p. 4) diz que “vale destacar o papel desempenhado pela mídia, que fornece informações e pontos de vistas diferentes (pluralismo) para que os indivíduos formem valores sobre assuntos de interesse – que contribui para o aprimoramento da democracia deliberativa”. Entre todos os veículos de comunicação existentes, é preciso destacar o papel exercido pela imprensa, pelo jornalismo e por todos os profissionais que atuam nessa área, pois se trata de um meio que distribui conhecimento e informação à sociedade, seja ele através do rádio, da TV, do jornal impresso, da internet ou de meios informais. Dando ênfase ao jornalismo, Traquina (2005) defende que este é entendido como uma realidade seletiva construída através de processos de interação social entre os profissionais do campo jornalístico, suas diversas fontes e a sociedade e, mesmo limitado e constrangido, o poder do jornalismo e dos jornalistas aponta para a importância das suas responsabilidades sociais. Refletindo sobre o assunto, pode-se dizer que esses meios de comunicação ocupam um lugar de destaque na sociedade pela sua história e sua influência, tornando-se, inclusive, parte dela. Porém, é necessário se pensar de que forma esses veículos atuam, se eles se adequam aos ambientes, aos comportamentos, à
  • 12. 12 cultura dos indivíduos, pois é através desses fatores que estes conseguem interpretar e entender o que está sendo divulgado. De modo complementar, para o entendimento da mensagem, é preciso que esse veículo tenha uma linguagem clara e objetiva. Para Vicchiatti (2005, p. 40) a linguagem “encerra o sentido de comunicação por meio de um sistema de códigos que sejam compreendidos por outros seres semelhantes”, sendo o instrumento através do qual o homem exercita sua capacidade de imaginar e comunicar experiências. A colocação do autor parece ter consistência, tendo em vista o fato de ser a linguagem composta por signos e símbolos que são decodificados pelo indivíduo a partir de suas especificidades culturais, ou seja, dos contextos sociais onde se inserem. Através dela ainda se é possível imaginar, criar ou recriar uma determinada situação. Aplicando essa noção ao contexto específico do jornalismo, segundo o Manual de Redação da Folha de São Paulo, “o texto do jornal deve ter estilo próximo da linguagem cotidiana, sem deixar de ser fiel à norma culta, escolhendo a palavra mais simples e a expressão mais direta e clara possível, sem tornar o texto impreciso” (apud VICCHIATTI, 2005, p. 38). Para o maior entendimento do leitor a linguagem do jornal precisa estar de acordo com a cultura local e com o contexto em que se vive, porém não se pode fugir às regras da língua portuguesa, mas é possível se utilizar uma linguagem coloquial para facilitar a decodificação da informação. Assim, é impossível não contextualizar a imprensa e o jornalismo regional/local que caracterizam este povo por estarem próximos dos atores sociais que fazem as notícias acontecerem. Ribeiro (op.cit., p. 7) afirma que “a identidade
  • 13. 13 regional necessita de mecanismos de produção simbólica que contemplem o reforço do sentimento de pertença”. Nesse caso, o indivíduo precisa se sentir integrante do contexto em que está inserido, ou seja, do local. A autora acrescenta ainda que, ao abordar a questão território/conteúdo na imprensa regional, Camponez é enfático: “quem diz imprensa regional diz informação local”. A partir dessa afirmação, é possível compreender a razão de ser do jornalismo regional, uma vez que existe uma ligação conceitual entre localização territorial e a territorialização dos conteúdos. (ibid. p. 7). É notório então que a imprensa e o jornalismo regional precisam trabalhar em conjunto em busca da veiculação de informações locais e de interesse do seu público-alvo, compreendendo os seus gostos, hábitos, costumes e interesses e contextualizando com o que será divulgado. Buscando entender um pouco essa realidade jornalística regional/local, a presente monografia tem como objetivo analisar a trajetória do jornal Diário Nordestino, que circulou de 2005 a 2008 na cidade de São Domingos, região semi- árida da Bahia, para, através dos conteúdos publicados nas edições, identificar a contribuição informativa do jornal para a comunidade, observando o contexto histórico local. Nesse processo, é preciso pensar o desenvolvimento e concepção do jornal, ou seja, de que forma as notícias eram divulgadas, observando seu valor informativo com o olhar voltado para o leitor. A partir disso, buscar-se-á responder à seguinte questão: Qual a contribuição informativa do jornal impresso Diário Nordestino para a comunidade de São Domingos onde os únicos meios de comunicação acessíveis à população são o rádio e a TV? A metodologia utilizada para esse estudo será a análise de conteúdo, já que se busca verificar o teor do conteúdo das matérias publicadas no jornal. Será feita a análise de dezesseis edições do jornal, publicadas no período de junho de 2005 a dezembro de 2006. Segundo Laville e Dione (1999, p. 214) “o princípio da análise de
  • 14. 14 conteúdo, consiste em desmontar a estrutura e os elementos desse conteúdo para esclarecer suas diferentes características e extrair sua significação”. Em outras palavras, esse tipo de análise procura estudar o seu objeto minuciosamente, para então identificar suas características, seu significado e seus valores. Essa metodologia poderá contribuir para descobrir de que forma o conteúdo das matérias veiculadas era importante para a população levando em consideração o local- mesmo diante de desafios como a falta do hábito de leitura e o baixo índice de escolaridade, principalmente entre adultos e idosos na região estudada- buscando perceber, assim, se as notícias contribuíam de alguma forma para o desenvolvimento dos leitores por se tratar do único veículo impresso de informação produzido no município de São Domingos durante o período investigado. A fim de discorrer sobre a problemática descrita, a presente monografia será dividida em três capítulos. O primeiro, “Imprensa no Brasil: uma abordagem introdutória”, fará um breve relato sobre a história da imprensa no Brasil, na Bahia e no Território do Sisal, apresentando alguns dos principais jornais que existiram no decorrer da história e a importância de cada um deles. Apoiaremo-nos, neste momento, em conceitos de autores como, Cicillini, Guedes, Melo, Oliveira, Sodré entre outros. No segundo capítulo, “Território do Sisal: lugar de luta e esperança”, será feita uma abordagem a fim de contextualizar este espaço, já que nele se insere o objeto de análise deste trabalho. Para isso, serão apresentados aspectos como vegetação, fauna e população, além destacar a planta que caracteriza a região e que é também a principal fonte de renda da população local: o sisal. A mobilização social, a participação e a luta pelos direitos também ganha espaço neste capítulo, explicitando assim, um pouco sobre os movimentos sociais, organizações,
  • 15. 15 sindicatos, ONGs entre outras instituições que exercem um papel importante na comunidade e que através de esforços conquistam espaço e ações em prol da sociedade civil dentro do território. Esse assunto será abordado pela força que essa questão tem no Território, na tentativa de situar o leitor no contexto social do objeto de estudo desta monografia. Autores como, Andrade, Gomes, Hubschamn, Kunsch, Peruzzo, Santos, Toro e Werneck embasam esta parte da pesquisa. O terceiro e último capítulo, intitulado “A trajetória do jornal Diário Nordestino na cidade de São Domingos”, trará a análise de conteúdo do jornal estudado e apresentará o ICOJUDE (Instituto de Comunicação e Juventude Diário Nordestino), instituição idealizadora do Jornal, com uma rápida abordagem sobre suas ações e seus projetos. A descrição do jornal abordará seu surgimento e características como, formato, tiragem, custos, linguagem das matérias, dentre outros. Por fim, será feita a análise do conteúdo das matérias nas dezesseis edições analisadas, sendo esta parte subdividida em tópicos das editorias de acordo com os assuntos, critérios jornalísticos para divisão de áreas por temas abordados. Por fim, serão feitas as considerações finais, que buscarão contemplar, à luz do referencial teórico adotado, uma reflexão sobre o papel exercido pelo jornal Diário Nordestino para a comunidade de São Domingos, tendo em vista suas limitações, falhas e possíveis contribuições para o desenvolvimento local.
  • 16. 16 1. IMPRENSA NO BRASIL: UMA ABORDAGEM INTRODUTÓRIA Este capítulo está dividido em quatro seções. A primeira, “Nascimento da imprensa no Brasil: primeiros impressos”, buscará uma aproximação com o universo do jornalismo impresso brasileiro a partir de referências a alguns dos jornais que fizeram parte da história da impressa nacional em seus primórdios. A segunda seção, “Imprensa pioneira na Bahia”, irá tratar dos principais periódicos jornalísticos implantados no Estado, bem como suas características, a fim de compreendermos o perfil traçado pela impressa baiana em seu primeiro momento. A terceira seção, “A Imprensa baiana nos dias atuais”, abordará os três jornais de maior circulação atualmente no estado, abordando rapidamente suas linguagens e formatos. Por fim, a seção “Imprensa no território do sisal” se dedicará à apresentação de alguns dos impressos que compõem a produção jornalística do território, tendo em vista ser este o espaço no qual se insere o jornal investigado nesta monografia, e que será explorado no terceiro capítulo. 1.1. Nascimento da imprensa no Brasil: primeiros impressos A imprensa no Brasil é oficialmente implantada em 1808, após a chegada de D. João, que, impedido de permanecer em Lisboa em decorrência da invasão francesa, instalou a sede do Reino Português na cidade do Rio do Janeiro. De acordo com Melo (2003, p. 87-88), [...] Mantinha-se o Brasil, até aquela época, em situação de atraso, não preenchendo os requisitos mínimos para abrigar o Príncipe Regente e seus nobres acompanhantes, acostumados aos progressos de uma capital européia [...] a implantação da imprensa não constituiu uma iniciativa isolada, mas vinculou-se a um complexo de medidas governamentais capazes de proporcionar o apoio infra-estrutural para a normalização das atividades da Coroa Portuguesa.
  • 17. 17 Reforçando esse pensamento, na obra “História da Imprensa no Brasil”, Sodré (1999, p.01) esclarece que a imprensa brasileira nasce atrelada ao poder político e que “a história da imprensa no Brasil é a própria história do desenvolvimento da sociedade capitalista”, tendo em vista o contexto de concentração urbana, início do processo de desenvolvimento do comércio e indústria e elevação do nível cultural das elites vindas de Portugal. Naquele momento, a imprensa chegava ao país com um forte poder influenciador sobre o comportamento dos indivíduos, e como interessava à Coroa criar uma imagem positiva diante da população, a imprensa foi um dos instrumentos escolhido para isso. O primeiro folheto impresso no Brasil chamava-se Relação da Entrada, com dezessete páginas de texto, redigido por Luís Antônio Rosado da Cunha e impresso por Antônio Isidoro da Fonseca, antigo impressor conceituado em Lisboa (OLIVEIRA, 2009). Já o primeiro jornal oficial do país, a Gazeta do Rio de Janeiro, foi lançado em setembro de 1808 e feito na imprensa oficial. Os textos veiculados no jornal eram extraídos da Gazeta de Lisboa e de outros jornais ingleses. Segundo Oliveira (ibid, p.16), [...] Seu caráter era de folha unilateral devido à defesa e exaltação do império português. [...] Nos primeiros números tratava quase que apenas sobre a situação de Portugal e Espanha, nações resistentes à dominação de Napoleão e suas tropas. Contava com assinantes e publicava anúncios de comércio. Ao todo, saíram do prelo 32 edições, sendo a maioria extraordinária com quatro páginas. A Gazeta era publicada semanalmente, passando por um período de publicação bissemanal e, a partir de agosto de 1821, circulava três vezes por semana. O jornal era editado por Frei Tibúrcio José da Rocha e seu conteúdo se restringia aos interesses da Coroa, com assuntos voltados para a vida cortesã. Em 29 de dezembro de 1821 o impresso passou a se chamar Gazeta do Rio e,
  • 18. 18 posteriormente, com a independência da República, denominou-se Diário do Governo. Abaixo uma reprodução do primeiro exemplar da Gazeta: Figura 1: Fonte: http://commons.wikimedia.org Outro jornal que se destacou na imprensa brasileira foi o Correio Brasiliense, lançado em Londres por Hipólito da Costa, cidade onde o brasileiro se encontrava exilado diante de momento de forte censura frente aos meios de comunicação produzidos no país. O jornal era dividido em seções e divulgava documentos, notícias sobre o comércio, informações científicas e literárias, dentre outros temas. O Correio circulou de 1º de junho de 1808 a dezembro de 1822. Por ser clandestino, durante todo esse período o impresso encontrou dificuldades para se manter, tendo enfrentado perseguição do governo. Com características específicas, Gazeta e Correio, são marcos importantes da história da imprensa nacional em seus primeiros momentos. Para Sodré (op.cit., p. 22), [...] a Gazeta era embrião de jornal, com a periodicidade curta, intenção informativa mais do que doutrinária, formato peculiar aos órgãos impressos do tempo, poucas folhas, preço baixo; o Correio era brochura de mais de cem páginas, geralmente 140, de capa azul escuro, mensal, doutrinário muito mais informativo, preço muito mais alto [...] destinava-se a conquistar opiniões.
  • 19. 19 O grande questionamento colocado por alguns historiadores quanto à inserção do Correio na história da imprensa nacional diz respeito à sua produção com um olhar externo, logo que o impresso era produzido de Londres a partir de relatos de informantes que estavam no Brasil. Já a Gazeta, era patrocinada pela Coroa, mantendo caráter informativo, mas a partir da ótica do poder real e divulgando apenas o que era de interesse do governo. A partir de 1820, diante do surgimento de novos impressos, desvinculados do poder real e desenvolvidos diante de um olhar “interno”, o Correio já não ocupava prestígio, uma situação intensificada com a Independência do Brasil, fator decisivo para o desaparecimento do veículo. Nesse contexto surgiram vários periódicos, dentre eles o Diário do Rio de Janeiro, fundado em 1º de junho de 1821 e extinto em 1878. Redigido pelo português Zeferino Vito de Meireles, foi o primeiro jornal realmente informativo do país. Segundo Sodré (ibid, p.50-51), [...] Diário, ocupava-se quase tão somente das questões locais, procurando fornecer aos leitores o máximo de informação. Inseria informações particulares e anúncios [...] A popularidade do periódico cresceu: passou a ser conhecido como Diário do Vintém, pelo preço, e como Diário da Manteiga porque trazia os preços, entre outros gêneros, da manteiga que chegava à Corte para consumo da população. Segundo o autor, o Diário procurava se distanciar das questões políticas do país dando enfoque a temas ligados mais diretamente ao cotidiano da cidade, como furtos, reclamações e divertimentos, tendo ainda um espaço destinado à literatura, por iniciativa do romancista e redator-chefe do jornal, José de Alencar. Naquele periódico, o escritor publicou obras como Cinco Minutos, O Guarani e a Viuvinha (SODRÉ, 1999). Outro jornal desse período foi o Diário de Pernambuco, fundado em 7 de novembro de 1825, pelo o tipógrafo Antonino José de Miranda Falcão. O Diário de
  • 20. 20 Pernambuco tinha o objetivo de ser informativo, atendendo ao comércio e aos interesses da comunidade. Posteriormente, assumiu um caráter mais discursivo e denunciador, divulgando intrigas provincianas, o que resultou na proibição de circulação de alguns exemplares (OLIVEIRA, 2009, p. 17). Dois anos após o nascimento do Diário, em 1º de outubro de 1827 surgiu no Rio de Janeiro o Jornal do Commercio, por iniciativa de Pierre Seignot Plancher. O jornal contou com grandes nomes durante sua trajetória, como Rui Barbosa e Visconde de Taunay, dentre outros. Em 1959 passou a integrar o grupo Diários Associados e teve um papel importante na história do Brasil, pois acompanhou a trajetória do país desde o Império, até os dias de hoje. Outro momento importante para a história da imprensa nacional parte da criação do Pasquim, em 1969, por João Maria da Costa e José Joaquim de Carvalho. Nascido como imprensa alternativa num período de regime militar, tratou- se de um tablóide de circulação semanal com uma trajetória marcada por forte censura e perseguição governamental. O Pasquim possuía características específicas. Com sua linguagem informal e ilustrativa, procurava combater a censura durante a ditadura militar, publicando charges, caricaturas e outras ilustrações que refletiam a situação. O veículo teve em sua equipe nomes significativos da história da comunicação brasileira como Paulo Francis, Jaguar, Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil e Ferreira Gular. Por causa de uma sátira de Dom Pedro às margens do Ipiranga publicada em 1970 a redação inteira do jornal foi presa. Decorrida esta situação, os militares esperavam que o semanário saísse de circulação e seus leitores perdessem o interesse, porém o Pasquim não parou por aí, Millôr Fernandes se tornou o novo dirigente do informativo até 1971, época que os outros dirigentes foram libertos da
  • 21. 21 prisão. A partir de 1980, as bancas que vendiam os jornais começaram a sofrer atentados como, explosões e ameaças constantes. Começava o início do fim para o Pasquim, que acabou sendo extinto em 1991. Assim, é notório que a imprensa se desenvolve de acordo com a situação política e econômica do país. Nas cidades desenvolvidas o avanço é maior, pelo fato de estarem concentradas as sedes do governo, enquanto nas províncias se mantém o sistema atrasado. Dessa forma, um olhar pela história revela que estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco se destacam no aparecimento e veiculação de informativos de cunho jornalístico. 1.2. Imprensa pioneira na Bahia: A Bahia também ocupa destaque na história da imprensa do país. Advogados, médicos e clérigos, tornando-se editores e diretores de jornais, fundaram e consolidaram a imprensa baiana (OLIVEIRA, 2009, p. 23). O primeiro jornal no estado surgiu em 14 de maio de 1811, intitulado Idade d’ Ouro do Brazil, do português Manuel Antônio da Silva Serva. Circulava às terças e sextas-feiras, com quatro páginas, [...] O jornal era quinzenário e editado no país, em sua própria tipografia. Possuía linha submissa aos ditames do poder colonial e trazia ironicamente inscritos no cabeçalho, os versos do português Sá de Miranda: “Falei em tudo verdades/A quem em tudo a deveis”. Apesar de estar teoricamente voltado à publicação de informações para a sociedade baiana, o jornal terminava por veicular apenas as verdades aceitas pelo regime absolutista. (SOUZA, apud OLIVEIRA, 2009, p. 22-23). O impresso possuía uma característica própria, as notícias políticas apareciam de maneira mais fria, sem tantos detalhes, anunciando-se apenas os fatos, mas sem deixar de tentar influenciar o leitor através das entrelinhas. A linha
  • 22. 22 editorial do jornal se mantinha conservadora e defendia o absolutismo monárquico português. De acordo com Sodré (op. cit., p. 29), Essa pretensa isenção, entretanto, não deveria impedir a folha de mostrar “como o caráter nacional ganha em consideração no mundo pela adesão ao seu governo e à religião”. Assim, deveria ser imparcialmente a favor do absolutismo e constitui-se em órgão de sua louvação. Dessa forma, as informações publicadas no Idade d’ Ouro eram de extremo interesse das autoridades. Com a derrota do general Inácio Luís Madeira de Melo e a expulsão das forças portuguesas da Bahia, o jornal foi extinto, em 24 de junho de 1823. Outro jornal importante na história da imprensa baiana foi O Diário Constitucional, criado em 4 de agosto de 1821 para defender os interesses brasileiros. Para Lopes (2008, p. 2), “o jornal apoiava a maioria brasileira na Junta Provisional, que substituía o governador baiano”. E acrescenta que “essa junta era formada pela maioria de portugueses e tinha o apoio de órgãos oficiais, conhecidos como áulicos, principalmente o Semanário Cívico e Idade de Ouro do Brasil”. O Diário travou uma disputa política saindo da monotonia da imprensa na época, durante um período de eleição para o governo da Bahia. Por conta da violência travada durante a campanha eleitoral, o jornal suspendeu provisoriamente sua circulação, voltando a ser distribuído em 10 de maio de 1822, com o nome de O Constitucional, já que deixava de ser um jornal diário (SODRÉ, 1999, p. 52). O papel do Diário era tonificar as autoridades que pendiam para a obediência a D. Pedro, enquanto se organizava, no Recôncavo, a força capaz de enfrentar a tropa de Madeira. Os redatores do jornal perturbavam a ordem no país. Em 21 de agosto, o jornal publicou uma correspondência contra o „cordão de despotismo‟, fator imprescindível para o seu empastelamento, em 1823. Descrevendo o fato, Sodré afirma que,
  • 23. 23 [...] à frente de tropilha de militares, o coronel Almeida Serrão invadiu a oficina, decompôs o dono, proibindo-lhe continuar a imprimir o jornal, correu à residência de Corte-Real e, não o encontrando, quebrou os móveis à vista da família, terminando por assaltar as lojas onde se vendia a folha, depredando-as. (op.cit., p. 53). Nesse período os jornais tinham que seguir a linha ideológica do governo, mostrando aí sua submissão a ele. Aqueles que estavam contrários ao seu pensamento tinham suas oficinas destruídas, saindo assim de circulação. Novos diários aparecem no cenário baiano como o Guayacurú que difundia os ideais republicanos e o Diário da Bahia, que na vida pública teve um papel importante pelos nomes ilustres em sua redação e por participar dos movimentos que interessavam à capital baiana. O Ateneu circulou de 1849 a 1950, sob responsabilidade da Escola de Medicina da Bahia. Era um periódico científico e literário mensal, produzido por professores e estudantes de Medicina, poetas e escritores, com formato diferenciado, baseado num estilo de revista, com poucos anúncios (SOUZA, apud OLIVEIRA, op. cit., p. 23-24). O Diário de Notícias da Bahia circulou em Salvador durante 1935 a 1941, tendo sido [...] um vespertino que desenvolveu ampla campanha política favorável à Alemanha nazista. O diário refletia o esforço das autoridades do III Reich em divulgar as ideologias nazi-fascistas em todo o mundo e foi instrumentalizado por autoridades germânicas que atuavam no Brasil. Tal ação ocorreu sob os consentimentos do presidente Getúlio Vargas e da elite política baiana. (JUNIOR, apud OLIVEIRA, ibid, p. 24). O jornal era considerado um panfleto propagandístico nazista e enquadrado como um modo de produção capitalista. Em agosto de 1942 foi empastelado. A causa foi a indignação de setores da população soteropolitana com relação à postura editorial assumida pelos dirigentes do jornal no seu período de circulação na cidade.
  • 24. 24 1.3. A imprensa baiana nos dias atuais: Segundo o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (SINJORBA), não há um número oficial de quantos jornais circulem atualmente na Bahia, já que não existe um órgão responsável pela verificação desses dados1. Soma-se a isso a falta de registro de alguns impressos e a dimensão territorial do estado, o que dificulta ao acompanhamento dos periódicos. A fim de traçar um perfil geral da produção jornalística impressa atual no estado da Bahia, nos concentraremos aqui nos três jornais de maior circulação, A Tarde, Tribuna da Bahia e Correio da Bahia, todos com sede na capital. O jornal A Tarde foi fundado em 15 de outubro de 1912, pelo jornalista e político Ernesto Simões Filho. Colorido, o jornal é dividido em cinco cadernos fixos que se subdividem em cinqüenta e oito páginas e abordam temas como economia, política, cultura, esporte, emprego, além de notícias locais, regionais, estaduais e nacionais. Um caderno especial que sai às sextas-feiras com dezesseis páginas é o Fim de Semana que divulga eventos, shows, peças sobre os seguintes temas: cinema, crianças, estação, gula, música, cênicas entre outros. Esse caderno, na verdade, é uma exposição dos eventos que irão acontecer de atração na cidade, incentivando os indivíduos a prestigiarem o trabalho artístico dos profissionais da área. Com diagramação organizada estrategicamente para chamar a atenção do leitor, o informativo utiliza-se de muitas fotos para ilustrar as matérias e textos em sua maioria curtos2. 1 Informação cedida por telefone pela secretária do SINJORBA em dezembro de 2009. 2 Informações observadas através da análise do periódico do dia 08 de janeiro de 2010, ano 98, nº 33.147.
  • 25. 25 O A Tarde lançou em 2008 a revista MUITO, que acompanha o impresso na edição de domingo. Segundo dados extraídos do site do Jornal3, a revista constituída em média de cinqüenta e duas páginas, ocupa o posto de maior revista de circulação Norte/Nordeste, com cem mil exemplares. Seu conteúdo aborda temas como moda, gastronomia, personalidades, esportes, qualidade de vida e consumo. Laércio Lucas e Celane Rosa, no blog Comunicação Café: História do Jornal A Tarde, defendem que o A Tarde é “um jornal diário que circula no estado da Bahia, sendo considerado o maior jornal do Norte/Nordeste do país” e acrescenta que “na atualidade, é o diário mais antigo em circulação”. Em virtude da tecnologia e da rapidez exigida para se divulgar os fatos, o A Tarde também está disponível na internet, com sua versão online, trazendo notícias sobre política, cultura, cinema, esporte, tempo, mundo, entre outros. Outro jornal importante da Bahia é o Tribuna da Bahia, fundado por Elmano Silveira Castro em 21 de outubro de 1969, num período de ditadura militar no país, apresentando uma linha editorial que defendia a independência do status quo, [...] com uma nova linguagem, ousado conceito gráfico, novas expressões, quebrando muitos tabus do jornalismo, graças à audácia de seu redator- chefe, Quintino de Carvalho. Cabe lembrar que a Tribuna da Bahia, internamente, também foi audaciosa ao implantar, pela primeira vez no Brasil, um manual de redação e criar a famosa Escolinha TB de Jornalismo. (BRUNO, 2003, p.1). Ao longo dos anos de circulação, o Tribuna passou por altos e baixos, tendo conseguido se manter nos períodos de crise. No dia 21 de julho de 2003 o veículo aparece nas bancas com uma cara nova. [...] Segundo editorial assinado por Paulo Roberto Sampaio, a TB está "totalmente remodelada, com novo conceito gráfico, mais conteúdo, espaço crítico ampliado, novos colaboradores, cronistas e articulistas de renome nacional e um compromisso renovado com a Bahia..." (ibid, 2003). 3 www.atarde.com.br
  • 26. 26 Atualmente, o jornal diário chega às bancas com vinte e quatro páginas organizadas em cinco cadernos que trazem as seguintes editorias: Política, Brasil, Cidade, Saúde, Esporte, Segurança, Municípios e Dia & Noite. Esta última enfatiza a cultura divulgando shows, peças e notícias sobre os artistas4. Os cadernos do informativo possuem sempre a primeira e última página coloridas e o restante em preto e branco. Já a sua diagramação é bem estruturada, não havendo uma „poluição visual‟ – excesso de informação, através de fotos e textos, que deixa o jornal com uma aparência cansativa. No conteúdo do jornal não se encontram classificados e nota-se um número pequeno de anúncios publicitários. As matérias relatam fatos, ações, denúncias, entretenimento entre outros temas que ocorrem na Bahia, no Brasil e no mundo, dando uma atenção maior ao local. O informativo ainda divulga suas notícias na versão online5. O terceiro impresso de maior circulação no Estado é o Correio da Bahia. Fundado em 20 de dezembro de 1978, faz parte da Rede Bahia e está ligado ao grupo do político Antonio Carlos Magalhães. Segundo Anjos (2004, p. 8), o jornal se tornou um importante instrumento de comunicação para a família Magalhães e funcionava como porta voz das ações deste grupo. No decorrer de sua trajetória, o Correio passou por algumas alterações em seu projeto gráfico, fruto da própria demanda do mercado: “Ao longo de sua história, o periódico passou por inúmeros processos de renovação tecnológica, sempre apoiados por uma agressiva política de marketing, criando promoções para a conquista de mais leitores e anunciantes” (Rede Bahia de Comunicações, apud LIMA, 2003, p. 133). 4 Informações adquiridas através da análise do jornal do dia 8 de janeiro de 2010, ano XL, nº 12776. 5 www.tribunadabahia.com.br
  • 27. 27 O informativo circula nas principais cidades da Bahia, tendo presença mais forte na Região Metropolitana de Salvador. De acordo com informações do seu expediente, o número de assinantes é hoje de cerca de dezesseis mil, sendo a tiragem diária de vinte e dois mil exemplares de segunda a sábado e trinta mil aos domingos. A maioria dos leitores do impresso pertence às classes A e B (ANJOS, op. cit.). Atualmente denominado Correio*, acompanhado do logotipo “O que a Bahia quer saber”, o jornal inovou no seu projeto gráfico e passou a ser publicado em formato de revista, com trinta e seis páginas distribuídas em editorias como: Variedades, Bahia, Economia, Brasil, Mundo, Esporte, Mais e Vida além dos classificados e do caderno 24h*6. Com páginas coloridas, exceto os classificados, o jornal possui uma diagramação e uma distribuição publicitária estratégica, na maioria das vezes em páginas pares que chamam mais atenção ao leitor. O Correio* também conta com a versão online7. De modo geral, o que se observa é que, além de uma própria necessidade de se atender ao mercado, as alterações pelas quais os jornais impressos têm passado em termos de formato, conteúdo e técnica possuem uma relação direta com o advento de suas versões online. A instantaneidade e agilidade típicos do meio virtual, ao mesmo tempo em que vêm reduzindo o número de leitores do impresso, têm exigido constantes adaptações por parte dos veículos, fazendo com que eles busquem formatos mais atrativos, conteúdos mais diretos, temas mais diversos, dentre outras medidas para atrair o leitor. No entanto, não se deve perder de vista o 6 Informações constatadas através da análise do jornal do dia 8 de janeiro de 2010, ano XXX, nº 09952. 7 correio24horas.globo.com
  • 28. 28 perfil de cada um desses veículos, devendo exercer cada um seu papel específico, respeitando-se suas características, enquanto meios de comunicação. 1.4. Imprensa no Território do Sisal: Tendo em vista que o jornal objeto de análise deste trabalho se insere no espaço semi-árido baiano denominado Território do Sisal8 faremos uma breve abordagem sobre impressos significativos ali implantados. Atualmente o Território conta com jornais quinzenais e mensais em circulação. Quanto aos grupos aos quais se vinculam, esses impressos nascem a partir de projetos desenvolvidos por organizações da sociedade civil ou por apoio do poder público. Refletindo sobre o caráter de publicações jornalísticas em contextos territoriais menores- tomando-se como referência jornais de grande circulação- a literatura apresenta algumas características peculiares a esse tipo de impresso. De modo geral, autores ressaltam o perfil de maior proximidade com o leitor, diante de uma maior interação entre leitores e redatores, sendo os primeiros, em muitos casos, fonte para as matérias. Para Oliveira (2009, p.25), em impressos regionais ou locais, o autor da matéria ou da nota conhece “algo mais” sobre elas e o contexto da notícia. Este algo mais diz respeito à personalidade, aos casos de família, aos acontecimentos banais e polêmicos envolvendo-as, à sua rotina na cidade, enfim, a complexidade que envolve esses seres humanos. Contribuindo com essa idéia, Cicillini (2007, p. 1) afirma que, os jornais regionais/locais atuam efetivamente como meio de difusão das informações locais. E essa informação local é representada, na maioria dos casos, pelas temáticas „cidades‟, incluindo as mais freqüentes e recorrentes „colunas sociais‟, o „esporte‟ e a „política‟. 8 Uma contextualização sobre o território do sisal será feita no próximo capítulo.
  • 29. 29 A autora acrescenta ainda que “os jornais impressos, por serem relativamente mais acessíveis e baratos que as outras mídias, concentraram em si as principais manifestações jornalísticas necessárias ao incremento regional/local” (p. 2). Dessa forma, o jornal regional/local possui um significado muito importante, pois além do autor da matéria conhecer o ambiente e o comportamento dos indivíduos, pelo fato dele estar próximo à sociedade, esse meio de comunicação representa a sociedade através das notícias divulgadas, retratando a situação da população em suas páginas e parágrafos. Do mesmo modo, Guedes (2007, p. 2) acredita que o jornal impresso local é um meio de valor significativo para a comunidade em que é veiculado, pois é focado na população e no cotidiano das pessoas. Através desse processo, é possível conhecer melhor os moradores da cidade, os gostos, os costumes, enfim, cria-se uma relação de afeto entre o jornal e a população. A identificação com o jornal acontece, na maioria das vezes, porque o leitor já tem certa visão de mundo atrelada ao local, um fator que influencia no comportamento e no pensamento desses indivíduos. Assim, o redator deve buscar em seus textos transcrever essa realidade de forma natural, onde o leitor possa se sentir inserido naquele contexto. E geralmente, essa prática pode ser constatada nos jornais locais da região que buscam informar, entreter e segurar o leitor nas linhas e entrelinhas do texto. Na cidade de Conceição do Coité, foi lançado em 15 de maio de 1967 o jornal O Coiteense, sob responsabilidade do Grêmio Estudantil 21 de abril, do Colégio Santa Terezinha, presidido por Roberto Pinto Lopes. Datilografado e rodado em mimeógrafo a álcool, as matérias, distribuídas em quatro páginas, tratavam de acontecimentos culturais, esportes, literatura, utilidade pública e denúncias, dentre
  • 30. 30 outros. Ao todo foram publicadas cento e noventa e duas edições, tendo sido sua última circulação no dia 8 de junho de 1988 (OLIVEIRA, 2009, p. 27). Ainda em Coité, em 29 de dezembro de 1980, é lançado o Boletim do Esporte, posteriormente denominado de Tribuna Coiteense, idealizado por Mário Silva, com a colaboração de Vanilson Oliveira. Impresso em mimeógrafo a óleo em papel ofício (A4), inicialmente o impresso trazia notícias sobre esporte mundial e local. A partir da segunda edição, passou a publicar também informações sobre o esporte em distritos e cidades vizinhas a Coité. Totalmente impresso em preto e branco, a maioria das edições continha seis páginas, com tiragem em torno de trezentos a quatrocentos exemplares, devido ao desgaste do estêncil. O Tribuna apresentava poucas fotografias e anúncios publicitários. Somente a partir de 1990, o jornal passou a contar com maior espaço destinado a anúncios publicitários, divulgando estabelecimentos como padarias, oficinas, papelarias e bancos. As matérias divulgadas refletiam a situação política, econômica, cultural e social da cidade, faziam denúncias e críticas sobre problemas administrativos, esclareciam escândalos e boatos, e prestavam serviços à população. O jornal foi extinto em 8 de novembro de 1996, após um desentendimento dos idealizadores e pela falta de tempo e recurso (OLIVEIRA, op. cit.). O município de Valente, inserido no Território do Sisal – semi-árido da Bahia, também tem seu nome marcado na história da imprensa regional. O jornal Tribuna do Sisal circulou na cidade e nos municípios de Retirolândia, Santa Luz e São Domingos de 2005 a 2008. Surgiu a partir da iniciativa de um grupo de amigos9 que 9 Arnaldo Amaral de Oliveira, Antônio Edil Lopes, Gelson Carneiro da Cunha, Ivanilton Araújo, Sílvio Roberto Habib e Mário Moreira. As informações mais precisas sobre este jornal foram adquiridas através da análise de alguns exemplares e de uma entrevista realizada em janeiro de 2010 com Ivanilton Araújo, um dos responsáveis do jornal.
  • 31. 31 sempre tiveram vontade de colocar em prática a idéia de um jornal regional na comunidade. Dentre esse grupo de amigos, se destaca o bancário e político Ivanilton Araújo, que a partir da terceira edição se tornou o responsável pelo informativo. Com uma tiragem mensal de até dois mil exemplares, e inicialmente com 12 páginas - a partir da terceira edição passou a ser com 10 páginas – o Tribuna sempre teve a capa e a última página coloridas, porém as páginas internas do jornal eram em preto e branco, com algumas exceções para a editoria de Esportes. O jornal era dividido em sete editorias, sendo elas: geral, educação/cultura, diversos, local, esporte, saúde e social. O Tribuna era custeado através de patrocínios do comércio local, com anúncios publicitários, que variavam entre R$ 35,00 (trinta e cinco reais) e R$ 100,00 (cem reais), dependendo do tamanho; além da Câmara de Vereadores e da Prefeitura, que cobriam uma página cada com a divulgação de suas ações. O jornal possuía uma forte vinculação com o poder político local, o que comprometia sua imparcialidade. As matérias geralmente eram artigos sobre temas livres e diversos, escritos pelos idealizadores e por colaboradores da sociedade, na maioria médicos, advogados, bancários, contadores, políticos, juiz, padre, dentre outros que se utilizavam de uma linguagem mais culta. O jornal divulgava ainda matérias relacionadas a empresas, associações e fundações em atividade em Valente e municípios vizinhos, além de conteúdos relacionados às ações da prefeitura municipal. Vale frisar que o jornal contava com espaço era aberto à comunidade para escrever matérias, porém a população não costumava se utilizar do mesmo.
  • 32. 32 Com o passar do tempo, o Tribuna foi perdendo sua periodicidade por causa da falta de patrocínio e da irregularidade da contribuição da prefeitura. Assim o que era arrecadado não cobria os custos, ficando inviável a veiculação do jornal, que lançou sua última edição em outubro de 2008. Atualmente, existe um grande déficit em números de veículos impressos de comunicação no território, isso por causa do baixo índice de leitura, de incentivo à produção de informativos, sejam eles jornal, revista ou boletim. Ainda assim, encontram-se boletins institucionais que divulgam ações da empresa e/ou organizações como é o caso da Associação dos Pequenos Produtores do Estado da Bahia (APAEB) e do Movimento de Organização Comunitária (MOC), que possuem esse tipo de informativo. Este último se destaca neste aspecto, produzindo um impresso chamado Boletim informativo MOC e um jornal chamado Giramundo. Segundo informações encontradas no site da Instituição10, o Giramundo “é um jornal regional que busca, de forma criativa e dinâmica, levar informações de qualidade para a população da Região Sisaleira”. Possui oito páginas e uma tiragem de dez mil exemplares por edição. As notícias geralmente tratam de acontecimentos da região destacando os movimentos sociais, os direitos infanto- juvenis e o desenvolvimento sustentável. Olhando pela quantidade de veículos impressos que circulam no Território do Sisal, este tem muito que crescer e um longo caminho a percorrer ainda. Tanto do ponto de vista da qualidade, tendo em vista critérios de linguagem jornalística quanto o aperfeiçoamento do próprio veículo, despertando assim, o interesse do leitor. Mas antes de tudo é preciso despertar na comunidade o hábito da leitura e o interesse 10 www.moc.org.br
  • 33. 33 por esse meio de comunicação tão rico em informações, para então, tornar essa prática comum no cotidiano das pessoas.
  • 34. 34 2. TERRITÓRIO DO SISAL: LUGAR DE LUTA, RESISTÊNCIA E ESPERANÇA Neste capítulo, será feita uma breve revisão sobre o que é o Território do Sisal. O primeiro tópico, “O Território e suas características”, falará sobre os municípios que compõem esse espaço, a base econômica do lugar, e seu principal produto: o sisal, que é a fonte de renda da maioria da população. O segundo, “Vegetação e Fauna Sisaleira”, dará uma idéia de como é caracterizada a região, através de paisagem e animais que habitam o local. O terceiro, “População”, enfatizará a população rural, a situação de pobreza e miséria e o êxodo rural. O quarto, “A mobilização da Sociedade Civil”, retratará um pouco da história do povo sisaleiro que se deparava com a exclusão social e que, através da mobilização, da participação, da comunicação e do exercício da cidadania vem conseguindo se organizar e conquistar ações em prol da sociedade. Por último, “Organizações sociais de destaque no Território”, dará espaço para algumas organizações importantes que atuam no território e que contribuem para o fortalecimento e o desenvolvimento da população no contexto social e político. 2.1. O Território e suas características Os Territórios de Identidade foram criados por iniciativa do Governo Lula com o objetivo de identificar oportunidades de investimento e prioridades temáticas definidas a partir da realidade local de cada Território, possibilitando o desenvolvimento equilibrado e sustentável entre as regiões11. A Bahia, especificamente, foi dividida em vinte e seis Territórios sendo um deles o Território do Sisal, localizado na região semi-árida do Estado. Segundo Santos (2009, p. 4), 11 Informações extraídas do site da Secretaria do Planejamento do Governo da Bahia. Disponível em: <http://www.seplan.ba.gov.br/mapa_territorios.html>. Acesso em 15 de janeiro de 2010.
  • 35. 35 “o semi-árido baiano ocupa a região central do estado, representando 60% da superfície territorial, abrangendo 258 municípios”. Porém, o Território do Sisal é composto por vinte municípios. São eles: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santa Luz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente, conforme o quadro abaixo. Figura 2: Território Rural do Sisal Fonte: CODES, 2008 A renda média per capta da população da região é de meio salário mínimo mensal12. As atividades de exploração do sisal enfrentaram um período de decadência na década de 70, a base econômica é a pecuária extensiva e a agricultura familiar de subsistência, sujeitas a longos períodos de seca que ciclicamente atingem a região, agravando os problemas sociais. Estes problemas são ainda aprofundados pela falta de acesso da população aos serviços básicos 12 Fonte: Índices de Desenvolvimento Econômico e Social dos Municípios Baianos, Seplantec, 2002
  • 36. 36 como saúde, educação e a inexistência de políticas adequadas à realidade do semi- árido. (RAMOS E NASCIMENTO apud GOMES, 2006, p. 1). A cidade de São Domingos, município sede do jornal Jornal Diário Nordestino, objeto de estudo do presente trabalho, está situada neste território. Localizada a aproximadamente 240 km da capital baiana, e segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui uma área de 265,38 km², tendo como bioma a caatinga e, com economia baseada no cultivo do sisal, agropecuária, comércio e serviços públicos. Algumas cidades do Território são conhecidas como cidades que integram a Região Sisaleira pelo fato destas terem como atividade econômica principal a extração da fibra do sisal. Vale salientar que a região sisaleira engloba, além do Território do Sisal, os seguintes territórios: Bacia do Jacuípe, Piemonte da Diamantina e Piemonte Norte do Itapicuru. O sisal ou agave sisalana perrine, é uma planta originária da península de Yucatan, no México. Foi introduzida na Bahia em 1903 por Horácio Urpia Jr. Santos. A partir do início do século XX os contornos da região começam a mudar com a chegada do sisal em 1903 e de sua exploração econômica a partir de 1934. A introdução da cultura do sisal foi implementada pelo Governo do Estado como alternativa para o desenvolvimento das regiões semi-áridas, frente ao processo de transformação do sistema pecuniário e do declínio da economia açucareira (SILVA & SILVA, apud SANTOS, op. cit, p. 5). Essa planta trouxe uma possibilidade de mudança para a vida da população da região. Conforme Marques (2002, p. 15), foi no ano de 1939 que o sisal chegou à cidade de Feira de Santana e começou a ser cultivado, tendo como características ser “uma planta suculenta, de cor verde, folhas lisas e com grande capacidade de retenção de água da chuva e orvalho”, que contribuiu na época para a permanência
  • 37. 37 do homem no campo e continua sendo uma das principais bases de sustentação da economia regional. O sisal alcançou papel de destaque na Bahia no período entre 1938 e 1942, quando o governador Landulpho Alves passou a estimular o seu plantio como alternativa de sobrevivência do sertanejo, aproveitando as condições favoráveis do mercado interno criadas pelos obstáculos de importação de produtos similares por conta da Segunda Guerra Mundial. Altamente resistente às secas, o sisal se apóia especialmente na cultura minifundista em pequenas e médias propriedades de terra, cujo alicerce principal é a agricultura de subsistência. (CODES, 2008). Uma região marcada pela escassez e irregularidade das chuvas, o território localizado no semi-árido baiano encontrou no sisal uma alternativa: a sustentabilidade das famílias que residem, principalmente, na zona rural. Para Hubschman (2002, p. 23), o papel do sisal foi ainda determinante: uma grande parte das terras do sertão, muitas secas e sem grandes possibilidades de irrigação, se não fosse o sisal, não poderiam encontrar uma utilização econômica viável. É o caso da região de Valente e Santa Luz, onde o sisal contribuiu de forma decisiva para manter, nesses municípios, milhares de famílias sertanejas que, na ausência do sisal, certamente, iriam engrossar os fluxos migratórios em direção às grandes cidades. Foi através do sisal que a região achou a possibilidade de sobrevivência e de se tornar mais produtiva, mesmo com a falta de chuva e seu solo carente em nutrientes, pelo fato da planta ter uma grande facilidade de absorver e armazenar água. Uma forma encontrada para se garantir a sobrevivência e evitar o êxodo rural. Os índices pluviométricos da região que normalmente variam entre 600 mm e 800 mm anuais são periódicos e sem regularidade; muito freqüentemente 70% das chuvas, nos anos chuvosos, concentram-se em dois ou três meses. Quando esses índices caem para 200 mm e 400 mm, inviabilizam o armazenamento de água e
  • 38. 38 praticamente toda atividade agropecuária, constituindo os conhecidos períodos de seca que duram entre dois a cinco anos (CODES, 2008). As freqüentes estiagens servem de justificativa pelos difusores competentes do discurso e legitima a manutenção da situação de pobreza e miséria historicamente fundamentada na má-distribuição de terras e na apropriação do poder local (GOMES, 2006, p. 4). Isso reflete na situação financeira das famílias que trabalham no campo desde o processo do plantio até a comercialização do sisal. Para o cultivo e comercialização do sisal é preciso uma mão-de-obra aplicada e reforçada por ser um trabalho pesado, como explica Andrade (2002, p. 76), a preparação do solo pode ser mecanizada, porém as demais tarefas, como o plantio, os tratos culturais, o corte das folhas e a secagem são manuais. O desfibramento é feito pelo motorzinho ou máquinas paraibanas, nas propriedades. Após o desfibramento e a secagem, as fibras são transportadas para as batedeiras, para serem escovadas e beneficiadas. Após essas operações, elas podem ser exportadas ou transformadas em cordas, tapetes, sacos, etc. O plantio e o corte são realizados por uma pessoa que, com o auxílio de um jumento, transporta as folhas cortadas até a máquina para então serem desfibradas e estendidas para secagem. A máquina paraibana, mais conhecida na região como motor de sisal, já deixou muitos trabalhadores mutilados, por ter uma lâmina cortante muito afiada, exigindo certa habilidade e rapidez do operador. Nesse tipo de trabalho não existe contrato escrito, os acordos são feitos verbalmente, não havendo segurança alguma em casos de acidentes; e sendo os trabalhadores remunerados pela quantidade que produzem. Segundo Andrade (op. cit, p. 78), “os proprietários preferem o trabalho temporário, porque permite reduzir sensivelmente os custos de produção e as despesas exigidas pelos encargos sociais”. O sisal sai do campo seco e é levado para a batedeira, local onde esse é batido e preparado para a comercialização. De acordo com o autor citado acima “o
  • 39. 39 trabalho é efetuado por homens, mulheres e crianças” e acrescenta que “a remuneração é determinada pela produção diária, e os pagamentos são semanais, exceto os do gerente, do balanceiro e do batedor, que são mensalistas” (ibid. p. 79). É um trabalho pesado e de mão-de-obra barata, além de não garantir nenhum tipo de benefício aos trabalhadores, que se submetem a tais condições por falta de alternativas na região. A planta rústica oriunda do México se consolidou como o principal arranjo produtivo da região e motor das profundas transformações históricas, políticas, sociais e culturais do território (FERREIRA & MOREIRA13, p. 1). Além disso, através da tecnologia e de pesquisas realizadas, surgiram novas possibilidades de utilizar a fibra do sisal em vários ambientes, desde decoração de casas como na fabricação de bancos de carros entre outros produtos. 2.2. Vegetação e Fauna Sisaleira A vegetação predominante da região é a caatinga, com uma paisagem formada de pedras e lajedos e forte presença de arbustos de raízes profundas, como umbuzeiro, o icó, a baraúna, o licuri, a umburana e diversas espécies de cactáceas como o xique-xique, o cabeça-de-frade, a palma e o mandacaru, sendo os dois últimos utilizados em períodos de seca na alimentação do gado. Quando a grande maioria das plantas caatingueiras perde suas folhagens nos períodos de estiagens assegura a alimentação para dezenas de espécies, de insetos a caprinos e ovinos; a palma, o mandacaru e tantas outras espécies se 13 No artigo “A construção da comunicação comunitária da região do Sisal: uma rede tecida com fibra e resistência” não consta o ano de publicação. Este foi extraído da internet através do endereço informado nas referências. Por esse motivo haverá citações dos respectivos autores sem o ano no decorrer deste trabalho.
  • 40. 40 constituem em ingredientes alimentares fundamentais para a sustentação dos animais na região. O licurizeiro, como o umbuzeiro, tiveram – e ainda têm - papel de destaque na alimentação humana e animal nos momentos de crise por se constituírem em fontes nutritivas importantes para os animais e para os humanos (CODES, 2008). A fauna da região se caracteriza mais por animais como bodes, que se alimentam de cascas das árvores e de folhas secas para garantir seu sustento nos períodos de estiagem, e jumentos, que sempre estiveram presentes na vida do homem do campo, seja para o trabalho com o sisal ou para montaria. De acordo com o PTDRS – Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sisal do CODES – Conselho de Desenvolvimento Territorial Rural do Sisal (2008, p. 19), é na região sisaleira, que se configura a nordestinidade do baiano. A começar por suas paisagens, pontilhadas por lajedos, carrascais e tabuleiros, onde vicejam mandacarus, caroás, facheiros, mancambiras e gravatás, tão bem descritas pelo grande clássico da literatura nacional, Os Sertões, de Euclides da Cunha. E como parte indissociável desta paisagem, com ela própria se confundindo, assoma a figura heróica do vaqueiro, com suas típicas vestimentas de couro para permitir adentrar na caatinga e que inspirou este genial intérprete da alma brasileira na célebre assertiva de que “o sertanejo é antes de tudo um forte”. De fato a região caracteriza o Nordeste baiano, não só através de sua fauna e flora, mas também através dos costumes, crenças, tradições, literatura e pela força e coragem do homem do campo no decorrer das adversidades que encontra durante sua trajetória de vida. Um povo marcado pelo sofrimento, luta e esperança. 2.3. População O Território do Sisal era habitado, em 2000, por 552.713 pessoas, o correspondente a 4,3% da população total do Estado (CODES, 2008). É notório que
  • 41. 41 com o enfraquecimento do sisal, com os longos tempos de estiagens, a população foi diminuindo, dirigindo-se aos grandes centros à procura de melhores condições de vida. Segundo o CODES (2008, p. 27-28) Durante a década de 80, a população cresceu a uma média de 2,65% ao ano; enquanto na década seguinte o crescimento foi de apenas 0,44% ao ano. Tomando-se por base as estimativas do IBGE para 2005, e mantendo- se a atual tendência, no final da década o crescimento médio anual será de apenas 0,007%. Em alguns Municípios essa queda chega a ser preocupante, como são os casos de São Domingos que no período de 1991 a 2005 perdeu 44% da sua população e Ichu que, de 1980 a 2005 perdeu 42%. Porém, os censos de 2007 e 2008 apontam uma nova perspectiva. Na maioria das cidades, a evolução da população foi significativa. Os números demonstram o crescimento populacional de alguns municípios, como Araci, Conceição do Coité e Santa Luz, conforme demonstra o quadro abaixo. Quadro 1 – População dos Municípios no Território do Sisal População¹ Municípios 2005 2007 2008 Araci 48.989 51.912 54.092 Barrocas 12.725 13.182 13.722 Biritinga 14.654 13.961 14.307 Candeal 9.741 9.019 9.157 Cansanção 32.601 32.789 33.920 Conceição do Coité 58.810 60.835 63.318 Ichu 3.712 5.881 6.101 Itiúba 36.257 35.749 36.890
  • 42. 42 Lamarão 9.137 11.988 12.682 Monte Santo 56.602 52.249 53.577 Nordestina 13.357 12.172 12.599 Queimadas 25.522 27.186 28.368 Quijingue 27.891 27.068 28.001 Retirolândia 10.635 11.938 12.446 Santa Luz 31.156 33.633 35.029 São Domingos 7.430 8.818 9.130 Serrinha 74.868 71.383 73.655 Teofilândia 19.719 20.702 21.382 Tucano 53.661 48.740 49.972 Valente 19.969 21.512 22.489 TOTAL 554.711 570.717 590.837 Fonte: IBGE, Contagem da População (¹) Estimativas/IBGE Mas também, pode-se notar uma redução significativa da população em outros municípios como, Tucano e Monte Santo. Essa realidade é predominante na zona rural, que por causa do clima e do solo, não oferece meios de sobrevivência que atendam à todos que habitam nessa área. Observa-se que a população rural reduz-se de forma gradual (em alguns municípios de forma brusca) mas permanente porque faltam políticas capazes de dinamizar a economia e alavancar processos de desenvolvimento geradores de inclusão social e de qualidade de vida; os segmentos mais afetados são os mais jovens, de maior capacidade produtiva e com perspectivas de melhorar a condição de vida. Por outro lado, a redução do número de habitantes, além de enfraquecer o setor produtivo rural, com a perda de força de trabalho, dificulta ainda mais a adoção de medidas que possam desenvolver a economia regional (CODES, 2008, p. 33).
  • 43. 43 Mas ainda, em um território marcado pela pobreza, pela miséria, pelo analfabetismo- segundo dados do IBGE (2007)14, a taxa de analfabetismo no Território corresponde a 34,2%- e pela falta de políticas públicas suficientes para atender a toda população, existem ainda pessoas que lutam pelo desenvolvimento local e direitos coletivos, e vêm conquistando espaços importantes na sociedade. 2.4. A mobilização da Sociedade Civil “A história dos movimentos sociais no Brasil não é linear, sendo caracterizada por fluxos e refluxos. Entretanto, sua conquista fundamental é a valorização do coletivo ao individual” (CÉSAR, 2007, p. 84). Mesmo com as idas e vindas, altos e baixos que movimentos sociais enfrentam, grande parte deles ainda consegue pensar no coletivo, buscando despertar o interesse e o comprometimento do individual, estimulando a pessoa a se manifestar em prol da sociedade. Para Kunsch (2007, p. 60), a sociedade civil tem um papel preponderante, que é “influenciar a mudança do status quo, do poder do Estado e do mercado, para atender às demandas das necessidades locais, nacionais, regionais e globais”. Para que isso seja alcançado é preciso força de vontade e determinação dos indivíduos, no sentindo de irem em busca das melhorias desejadas. O Território do Sisal é marcado pela exclusão social, pela história de lutas dos movimentos sindical, associativista, cooperativista, organização das mulheres, entre outros, e traz em si uma história de organização dos movimentos sociais e de articulação de ações visando um processo de desenvolvimento do meio rural. A partir disso, passou-se a pensar em assuntos como: agricultura familiar, educação, saúde, infra-estrutura, cultura, comunicação dentre outros. (CODES, 2008). 14 www.ibge.gov.br
  • 44. 44 Nesse contexto Gomes (2006, p.2) afirma que, a construção da região sisaleira não acontece descontextualizada. Ela emerge historicamente no movimento de profundas transformações sociais, culturais e tecnológicas do fim do Século XX, em que o avanço do processo de internacionalização da economia capitalista monopolista atinge seu ápice com o aprofundamento do fenômeno da globalização e seu discurso totalizante da ditadura do dinheiro e da informação. Isso demonstra que a população da região, através de suas organizações sociais, vem se manifestando em busca de melhoria da qualidade de vida e de benefícios em prol da sociedade, sempre com o intuito de alcançar o objetivo desejado, nesse caso, a mobilização social se destaca através da ação dos indivíduos. Mas, afinal, o que é mobilização social? Toro e Werneck (2005, p. 13) defendem que “mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados”, e acrescenta que “a mobilização ocorre quando um grupo de pessoas, uma comunidade ou uma sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, quotidianamente, resultados decididos e desejados por todos”. Assim, ao reivindicar uma causa coletiva, a sociedade civil assume um papel de destaque no processo de participação das ações e decisões que visam o bem- estar social. Para Kunsch (op.cit, p. 60), a sociedade civil hoje assume papel preponderante nos processos de participação social em defesa da democracia, dos direitos humanos e da cidadania, graças, sobretudo, à atuação dos movimentos sociais organizados, da ONGs e do terceiro setor como um todo, que extrapolam a relação de oposição ao Estado para fazer frente também ao mercado. Dessa forma, o processo de participação social é muito importante para a construção da cidadania. Para Toro e Werneck (op.cit, p. 28) “a participação, em um processo de mobilização social, é ao mesmo tempo um objetivo a ser alcançado e
  • 45. 45 um meio para realizar os outros objetivos” e acrescentam ainda que “a participação é uma aprendizagem”. Buscando entender um pouco o que é cidadania, Kunsch (2007, p. 63) afirma que “cidadania refere-se aos direitos e às obrigações nas relações entre o Estado e o cidadão”. Já segundo Morais (2009, p. 3), que reflete o pensamento de Marshall, diz que, tendo nos estudos de Marshall (1967) um de seus principais referenciais, a noção de cidadania é inicialmente composta por: conquistas e usos dos direitos civis, políticos e sociais. Um conceito amplo e em constante construção, cidadania pode ser relacionado não apenas aos direitos básicos para a sobrevivência em sociedade, mas como a capacidade de discernimento crítico que permita a participação em decisões que interfiram na vida deste mesmo indivíduo. Necessariamente, os fatores participação, mobilização e cidadania estão interligados e nesse processo de aprendizagem, ao tentar mudar algo e/ou lutar por algo, que os indivíduos aprendem a lidar com as situações adversas e a perceber a importância da união, da força daqueles que buscam algo melhor para a sociedade, sem esquecer os direitos, deveres e a igualdade social. Dagnino (2002, p. 296), afirma que “a participação da sociedade civil na publicização de um enorme número de demandas de direitos tem alterado a face de sociedade brasileira ao longo das duas ultimas décadas”. Além disso, a comunicação também contribui para o desenvolvimento e divulgação das ações promovidas pela sociedade e pelo Estado. Peruzzo (2007 p. 46) diz que, a comunicação, por meio de seus variados processos, que incluem canais de expressão e o intercâmbio de informação e de saberes, bem como os mecanismos de relacionamento entre pessoas, públicos e instituições, desempenha papel central na construção da cidadania. Assim, a comunicação, pode ser vista como “instrumento para a criação da cidadania em meio às redes sociais que hoje tomam forma na chamada era da globalização” (CÉSAR, op.cit, p. 78). A autora acrescenta que a comunicação é “um
  • 46. 46 processo de relacionamento social” que interage com outras áreas do conhecimento, aprimorando uma rede de relacionamento nos campos de trabalhos. No entanto, o real comprometimento da comunicação com as questões sociais requer o reconhecimento de que cada realidade carrega suas particularidades, merecendo, cada processo de mobilização e cidadania um caminho comunicativo específico, tendo sempre em vista os objetivos que se pretende alcançar. Refletindo sobre isso, Morais (op. cit. p. 13) coloca que Indagar sobre a que tipo de mobilização social a comunicação se presta colaborar é, portanto, uma tarefa que exige analisar o ato comunicativo através de diferentes vias, em diferentes momentos e tendo em vista os diversos elementos que dele fazem parte, tendo sempre em mente que cada contexto comunicativo, assim como cada processo de mobilização possui as suas particularidades, não existindo, portanto, um caminho modelo a ser seguido. Trazendo esse assunto para o semi-árido baiano, Ferreira e Moreira (p. 2) demonstram que os movimentos e organizações sociais que se utilizam da comunicação para promover ações coletivas parecem se preocupar com essa realidade. Os autores afirmam que, inseridos na paisagem semi-árida brasileira, que corresponde a 75% do Nordeste do país, os grupos sociais que aí se instalaram desenvolveram um sistema de comunicação específico, uma rede ou conjunto interligado de fluxos comunicativos constituído de atores, conteúdos e meios definidos a partir de princípios e propósitos. Nesse caso, os grupos sociais contam com um processo de planejamento e definição dos objetivos que pretendem buscar e utilizam a comunicação para interagir no processo, um método inteligente e abrangível. Já para Gomes (2006, p. 4), o acesso e a produção local de informação configuram-se como elemento central na disputa e na resignificação de uma cultura marcada pela oralidade, pela dominação e por imagem de “aridez” social. Aos movimentos sociais locais, a comunicação apresenta-se como estratégia de re-afirmação dos ritos, ritmos e significações locais, e transformação dos valores de subserviência, motivando a convivência emancipatória com o sertão.
  • 47. 47 Os movimentos sociais são agrupamentos coletivos organizados para atuar na sociedade e a partir disso produzir uma mudança na vida dos indivíduos inseridos nesse contexto social. Para esses movimentos serem visíveis é preciso atenção por parte dos meios de comunicação, como, mídia impressa, eletrônica e digital. Veículos como rádio, TV, jornal impresso, dentre outros são muito importantes para a visibilidade das ações da sociedade organizada. Pode-se entender, portanto, o papel a ser exercido pela comunicação em parceria com os movimentos sociais para a implementação de suas ações, diante do caráter mobilizador dessa área, seja através de veículos ou por meio da própria comunicação interpessoal. 2. 5. Organizações sociais de destaque no Território Alguns motivos retardaram o surgimento e a consolidação de movimentos e de organizações sociais na região. Um deles foi a forte presença das oligarquias que souberam, ao longo da história, controlar a população, criando situações de insegurança e medo, evitando o surgimento de forças organizadas que, enquanto buscassem objetivos específicos, pudessem trazer dificuldades para o seu projeto político, e o isolamento da região (CODES, 2008, p. 60). Porém com o tempo, a sociedade sentiu a necessidade de se organizar para resolver questões da própria comunidade. Assim, contou com o apoio das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e da Igreja Católica, que iniciaram esse processo. Segundo Santos, (2009, p. 8), as CEBs ajudaram a criar movimentos sociais para organizar sua luta: associações de moradores, luta pela terra e também o fortalecimento do movimento campesino. Na região do sisal, as CEBs influenciaram a criação de muitos movimentos sociais.
  • 48. 48 A partir dessa iniciativa surgiram várias organizações que buscam e visam à melhoria da qualidade de vida da população, como: os STR‟s (Sindicatos de Trabalhadores Rurais), a FATRES (Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal), a (APAEB) Associação dos Pequenos Produtores do Estado da Bahia, o MOC (Movimento de Organização Comunitária), o CODES (Conselho de Desenvolvimento Territorial Rural do Sisal), entre outras. Os STR‟s surgiram por volta da década de 70 a partir da mobilização de delegados de polícia incomodados com a ausência de políticas públicas de saúde nas cidades, o que mantinha a população em situação de extrema carência e alto nível de vulnerabilidade. A fundação de sindicatos com a proposta de oferecer serviços médico-odontológico à comunidade. Hoje seu principal objetivo é representar os trabalhadores rurais dos municípios, tendo como público-alvo os pequenos agricultores e agricultores familiares, meeiros, posseiros, arrendatários e comodatários (CODES, 2008, p. 60). Uma entidade importante para a região é a FATRES, fundada em 1996 com o objetivo de fortalecer as forças dos Sindicatos, e com ações voltadas aos trabalhadores rurais. De acordo com o CODES (2008, p. 61), “é uma sociedade civil, sem fins econômicos, de natureza beneficente, considerado de utilidade pública municipal e estadual”. A entidade também se relaciona com outras organizações que lutam em prol do Território. Outra organização que se destaca no território é a APAEB, que “surgiu em 1979 da luta contra a cobrança extorsiva do ICM aos pequenos produtores rurais, com atuação regional de defesa econômica e ação sócio-política” (TEIXEIRA apud SANTOS, 2009). Segundo o CODES (2008, p. 64), a entidade atua na Região do Sisal,
  • 49. 49 com um conjunto de ações voltadas para o desenvolvimento regional sustentável. Todas as ações visam a melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares. Entre essas ações, um Programa de Convivência com o Semi-Árido, junto a agricultores familiares que inclui, entre outras medidas, para assegurar a sustentabilidade, a conservação do meio ambiente e o reflorestamento. Dentre as ações da Apaeb poderemos mencionar o trabalho com cadeias produtivas importantes para a região, tais como: beneficiamento e comercialização da fibra do sisal e seus derivados, de produtos da caprinovinocultura e da apicultura. A APAEB, em parceria com a sociedade civil e outras instituições, atua ainda no campo da educação ambiental, através de capacitação de agricultores com cursos e treinamentos de conservação do solo, água e vegetação, além do repovoamento da flora regional. Atualmente, o maior foco da APAEB – Valente é o beneficiamento e a exportação do sisal. Através da fabricação de tapetes e produtos derivados da planta, gera empregos diretos e indiretos, movimentando assim a economia da cidade. Falando em organizações, entidades e movimentos, o MOC também está presente nesse contexto. Segundo Santos (op.cit, p. 8), esse movimento “foi fundado em 1967 a partir do trabalho da Igreja Católica com o objetivo de incentivar a emancipação social e a criação de grupos organizados para o exercício da cidadania”. O MOC é uma entidade civil, sem fins lucrativos, classificada como uma organização não governamental, de natureza filantrópica, que busca contribuir para o desenvolvimento integral, participativo e ecologicamente sustentável da sociedade humana. A instituição concentra sua atuação nos municípios da Região Sisaleira, mas sua metodologia de apoio à mobilização da sociedade civil na luta pelo exercício dos seus direitos se estende até mesmo para outros estados, como Sergipe. Atualmente, desenvolve ações estratégicas na área de educação rural, fortalecimento da agricultura familiar no semi-árido, gênero, comunicação e políticas
  • 50. 50 públicas. Todas buscam sempre ressaltar a questão da participação popular nas esferas de decisão, tendo em vista o desenvolvimento integrado e sustentável da Região. São cinco programas básicos de atuação: Programa de Educação do Campo, Programa de Fortalecimento da Agricultura Família no Semi-árido, Programa Água e Segurança Alimentar, Programa de Políticas Públicas, Programa de Comunicação, Programa de Criança e Adolescente e o Programa de Gênero, além de Projetos Especiais (CODES, 2008, p. 65). Falando em comunicação aplicada aos movimentos, em 2001, o Instituto Credicard lançou o Programa “Jovens Escolhas em rede com o futuro”. Tratava-se de um programa social que visava a cidadania, o empreendedorismo e buscava a autonomia do jovem, tendo sido aplicado em nove municípios do Território15. O MOC em parceria com outras instituições sociais, foi o responsável pelo programa na região. O “Jovens Escolhas” realizava capacitações para os participantes escolhidos através de uma seleção sobre temas diversos, como por exemplo: políticas públicas, cidadania, cultura e revalorização cultural, gênero, gestão e produção de projetos, educação etc., e oficinas sobre produção de rádio e boletim. Através deste programa foi criado o “Projeto Jovens Comunicadores”, onde os jovens atuavam na comunidade local dando assistência às entidades parceiras através da prática da comunicação comunitária. Cada município contava com o apoio de três jovens, que tinham o dever de produzir um boletim mensal com notícias locais, regionais e referentes aos movimentos sociais. Na cidade de Valente o boletim chamava-se Fala Sério e era produzido por Aline Araújo, Deise Morais e João Paulo Cerqueira. Esse trio também em parceria ao Colégio Estadual Wilson Lins experimentaram o 15 Araci, Conceição do Coité, Nordestina, Retirolândia, Riachão do Jacuípe, Queimadas, Santa Bárbara, Santa Luz e Valente.
  • 51. 51 fanzine, um informativo de linguagem coloquial que expressava as idéias e opiniões dos jovens daquela instituição16. Por fim, não poderia deixar de citar o CODES, um Conselho criado em 2002 a partir de uma inquietação da sociedade civil. Assim, no esforço de pensar o seu lugar, a partir de sua heterogeneidade, e de suas demandas diversas e comuns, a sociedade civil começa a discutir suas questões numa perspectiva de território, e não mais de região, o que resultou no Conselho de Desenvolvimento Territorial do Sisal (CODES) [...] é um consórcio de municípios composto paritamente por 14 representantes da sociedade civil e 14 do poder público dos municípios, com o objetivo de propor alternativas de gestão pública para a questão rural no sisal (MOREIRA apud SANTOS, 2009, p. 9). A instituição tem como slogan: “Sisal: um território de fibra e resistência”, que se refere a planta e a luta dos moradores dessa região pela sobrevivência. De acordo com Ferreira e Moreira (p. 8), a estrutura do CODES está pautada na valorização das lideranças anteriormente excluídas enquanto atores legítimos. O ambiente político deste espaço público criou condições favoráveis para uma atuação mais incisiva dos grupos populares organizados, que de maneira inédita na história local, conquistaram a possibilidade de participar como atores privilegiados da construção de uma política territorial de desenvolvimento. Dessa forma, o CODES busca inserir o indivíduo no contexto social e político sem discriminação, incentiva a participação e na luta pela conquista de ações importantes, como o curso de Comunicação Social/ Rádio e TV implantado em 2005 na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus XIV, situado na cidade de Conceição do Coité. O curso de comunicação instalado no Território do Sisal foi reflexo da efervescência do sistema comunicativo, em relação à mobilização da sociedade organizada local e seu amplo aparato comunicacional comunitário. Pode ser 16 Informações adquiridas através de uma entrevista realizada, em janeiro de 2010, com Aline Araújo, participante do programa.
  • 52. 52 considerado o primeiro produto efetivo do Plano de Comunicação do CODES que contribuiu para o re-direcionamento da atuação acadêmica no território (FERREIRA e MOREIRA, p. 10). O curso veio fortalecer o trabalho desenvolvido pelos movimentos, formando profissionais que poderão replicar seus conhecimentos nas comunidades. Trazendo novas perspectivas tanto para os movimentos sociais, quanto para a própria UNEB, no seu papel de universidade que precisa estar atrelada à comunidade, o curso de Comunicação poderá ainda representar a esperança para dezenas de jovens de Conceição do Coité e cidades circunvizinhas, que poderão ver ali outra opção de escolha em busca do conhecimento, do aperfeiçoamento e de uma nova profissão. Assim, é possível ver que a sociedade civil organizada do Território do Sisal se manifesta e luta pelo desenvolvimento e por melhores condições de vida dos indivíduos que habitam nessa região, mobilizando e estimulando as pessoas a participarem desse processo importante e significativo no contexto social. Assim, os movimentos sociais, instituições e ONGs que atuam em busca de crescimento e melhorias para a comunidade, seja no lado social, cultural ou político, merecem o verdadeiro reconhecimento e valorização por parte dos próprios indivíduos e pelo Estado.