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       UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA




                Rilzimar Carneiro Silva
                Teones Araújo Carneiro




               ESCOLA DIGITAL?

Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à
                     Educação




                   Conceição do Coité,

                          2011
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                Rilzimar Carneiro Silva

                Teones Araújo Carneiro




               ESCOLA DIGITAL?

Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à
                     Educação


                          Trabalho de conclusão apresentado ao curso de
                          Comunicação Social - Habilitação em Radialismo
                          e TV, da Universidade do Estado da Bahia, como
                          requisito parcial de obtenção do grau de bacharel
                          em Comunicação Social, sob a orientação da
                          professora Kátia Morais.




                   Conceição do Coité


                         2011
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                        Rilzimar Carneiro Silva

                        Teones Araújo Carneiro




                      ESCOLA DIGITAL?

Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à
                               Educação
                                     Trabalho de conclusão apresentado ao curso de
                                     Comunicação Social - Habilitação em Radialismo
                                     e TV, da Universidade do Estado da Bahia,
                                     Campus XIV – Conceição do Coité, como
                                     requisito parcial de obtenção do grau de bacharel
                                     em Comunicação Social, sob a orientação da
                                     professora Kátia Morais.


    Data:_______________________________________
    Resultado:___________________________________


    BANCA EXAMINADORA
    Prof. (orientador) MS.Kátia Morais
    Assinatura___________________________________


    Prof. Dr. Raimundo Cláudio Silva Xavier
    Assinatura____________________________________



    Prof. MS. Emanuel Rosário dos Santos Nonato

    Assinatura___________________________________
4




Dedicamos este trabalho aos nossos pais, irmãos, parentes,

amigos.
5



                                   AGRADECIMENTOS



A Deus...


A Terezinha Araújo Carneiro, João Ramos Carneiro, Antonia Carneiro da Silva Silva, e
Everaldo Fagundes da Silva, pelo apoio afetivo, moral e financeiro.


A professora orientadora Kátia Morais, nossa general nessa batalha...


A Carla Goveia de Melo...!


Aos professores e estudantes, protagonistas do documentário.


A todos os professores do curso.


A direção das escolas pesquisadas.


A direção do Campus XIV - UNEB, pelos suportes técnicos.
6




Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende

ensina ao aprender.

                                 Paulo Freire
7



                                           RESUMO



Por meio da produção de um vídeo-documentário, o presente trabalho busca mostrar como as
tecnologias da informação e comunicação (TIC) têm sido aplicadas no processo
ensino/aprendizagem em escolas públicas do semi-árido baiano, ressaltando as mudanças das
práticas pedagógicas em relação ao ensino tradicional, sob a perspectiva dos alunos, especialistas
e profissionais da área. O vídeo discute a inserção das TIC no universo escolar, a articulação
desses recursos com o projeto pedagógico, como o Estado tem atuado no sentido de preparar os
docentes e no investimento/manutenção em suportes tecnológicos, com ênfase para o Território
do Sisal, onde se localizam as escolas pesquisadas. Embora as TIC tenham inovado as
metodologias educacionais, entendemos, a partir dos discursos dos sujeitos expressos no vídeo,
que as Tecnologias da Informação e Comunicação são suportes que potencializam o papel do
professor e não subestimam suas funções no processo de ensino-aprendizagem.


Palavras-Chave: Tecnologia; Educação; Território; Vídeo.
8



                                         ABSTRACT



Through the production of a documentary video, this paper seeks to show how information and
communication technologies (ICTs) have been applied in the teaching / learning in public
schools in the semi-arid region of Bahia, highlighting the changes in teaching practices in
relation to    traditional methods, from        the    perspective    of    students, specialists
and professionals. The video discusses the integration of ICT in the school environment, the
articulation of these resources with the educational project, as the state has worked to
prepare teachers and investment / maintenance on media technology, with emphasis on
the Territory of Sisal, which locate the schools surveyed. Although ICTs have innovative
educational methodologies, we understand from the speeches of the subject expressed in the
video, the Information and Communication Technologies are supports that enhance the teacher's
role and do not underestimate their role in the process of teaching and learning


Key words: Education. Technology. Territory. Vídeo
9



                                         LISTA DE TABELAS E FIGURAS



Gráfico - Pesquisa “O mapa da tecnologia”........................................................................... 22

Tabela 1 - Cronograma das Atividades.................................................................................. 46

Tabela 2 - Orçamento............................................................................................................. 48
10



                             LISTA DE SIGLAS



CETIC - CENTRO DE ESTUDOS SOBRE AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA

COMUNICAÇÃO

DIREC- DIRETORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO

GC- GERADOR DE CARACTERES

GESAC - GOVERNO ELETRONICO SERVIÇO AO CIDADÃO

IAT - INSTITUTO ANISIO TEIXEIRA

IDH - INDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA

NTE - NUCLEO DE TECNOLOGIA

PAM - PLANO AMERICANO

PC - PLANO CONJUNTO

PG - PLANO GERAL

PP-PRIMEIRO PLANO

PROINFO - PROGRAMA DE INFORMATICA

TIC - TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO

TCC - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
11



                                                       SUMÁRIO



1.    INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13

1.1   ESTRUTURA DO MEMORIAL .............................................................................. 14



2.    TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR ........... 16

2.1   CONCEITOS DE ENSINO APRENDIZAGEM ..................................................... 16

2.2   A INSERÇÃO DAS TIC NO UNIVERSO EDUCACIONAL .............................. 19

      2.2.1 O papel do Estado ........................................................................................ 24

      2.2.2 Contexto regional no campo da Educação ................................................. 26

      2.2.2.1 Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido ......................... 28

      2.2.2.2 Colégio Estadual João Carneiro ................................................................. 30

      2.2.2.3 Colégio Estadual José ferreira ................................................................... 31



3.    VÍDEO DOCUMENTÁRIO: CONCEITO, LINGUAGEM, TÉCNICA ......... 32

3.1   CONCEITOS ........................................................................................................... 32

3.2   LINGUAGEM SOCIAL DO VÍDEO ..................................................................... 35

3.3   TÉCNICA: IMAGENS E SONS .............................................................................. 38

      3.3.1 Imagens ......................................................................................................... 38

      3.3.2 Enquadramento ........................................................................................... 39

      3.3.3 Movimento de câmera ................................................................................. 40

      3.3.4 Angulação ..................................................................................................... 41

      3.3.5 O Som no vídeo ............................................................................................ 41
12



      3.3.6 Roteiro .......................................................................................................... 43



4.    ESCOLA DIGITAL? - Descrevendo as etapas de realização do vídeo.................. 45
4.1   PRÉ-PRODUÇÃO .................................................................................................... 45

      4.1.1 Cronograma .................................................................................................. 46

      4.1.2 Orçamento ..................................................................................................... 48

4.2   PRODUÇÃO ............................................................................................................ 48

      4.2.1 Detalhamento das gravações ...................................................................... 49

4.3   PÓS-PRODUÇÃO ................................................................................................... 51

      4.3.1 Edição ........................................................................................................... 52

      4.3.2 Trilha Sonora ................................................................................................ 53

      4.3.3 Finalização .................................................................................................... 53

      4.3.3.1 Ficha Técnica ................................................................................................ 54



5.    CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 56


6.    REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 58

7.    ANEXOS .................................................................................................................. 61


8.    APÊNDICE ……………………………………………………………………....... 66
13



1.     INTRODUÇÃO




        Com o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) houve mudanças
importantes nos diferentes setores da sociedade. A Educação, não exclusa desse processo,
começa a usufruir esses recursos de forma sistemática, provocando inovação na aplicação das
metodologias de ensino, no final do século passado. O avento da informática alterou o modo de
disseminação da informação e a escola enquanto ambiente de construção de conhecimento passa
a utilizar as ferramentas das TIC como suporte metodológico. A atual geração de estudantes lida
diariamente com os aparatos tecnológicos e já não admite apenas aulas expositivas. É inclusive
uma exigência mercadológica, que o sistema educacional acompanhe os passos do avanço
tecnológico.
       Uma pesquisa do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da
Comunicação (CETIC), divulgada em agosto de 2011, mostra que os alunos sabem manipular as
ferramentas digitais mais do que os professores. Por isso é fundamental a capacitação dos
docentes. O Estado, na condição de gerenciador das escolas públicas, deve oferecer a preparação
conforme as demandas das escolas. No Território do Sisal, as escolas estaduais são gerenciadas
por Diretorias Regionais de Educação (DIREC), vinculadas à Secretaria de Educação do Estado.
Para manutenção dos laboratórios de informática implantados pelo Programa de Informática
(Proinfo), existem os Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE), ligados ao Instituto Anísio
Teixeira.
       Embora as tecnologias não tenham provocado uma revolução na educação, é evidente que
implicaram em mudanças relevantes nas práticas pedagógicas, sem substituir o papel do
professor, nem ignorar o modo tradicional de ensino. Percebendo essa mudança de perto, uma
vez que estamos inseridos no ambiente escolar diariamente, entendemos que este tema é
interessante para ser pesquisado, explorado e melhor compreendido.
       Diante desse cenário, este trabalho se norteia a partir do seguinte problema de pesquisa:
       De que forma tem sido o uso das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) em
escolas públicas do semi-árido baiano no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem?
14



       Por isso, o nosso objetivo geral é justamente compreender, tendo o vídeo como suporte,
de que forma as tecnologias da comunicação têm sido aplicadas no processo de ensino –
aprendizagem em escolas públicas do Território do Sisal, a partir da realidade dos municípios de
Conceição de Coité e São Domingos.
       A partir desse objetivo, surgem os objetivos específicos:

             Comparar de forma genérica os modos tradicionais de ensino com os atuais
              adotados pelos professores no contexto das novas tecnologias da informação e da
              comunicação;
             Apontar as vantagens e os limites destes recursos no processo de ensino-
              aprendizagem.
       Para formular a resposta do problema de pesquisa, bem como aos objetivos apresentados
acima, consideramos crucial a realização de uma pesquisa de campo e o registro de depoimentos
dos sujeitos envolvidos no referido contexto. Optamos por desenvolver tal investigação tendo
como suporte básico a produção de um vídeo documentário.
       A presente pesquisa pode motivar os professores das escolas públicas na busca de
qualificação inerente a adaptação das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem,
sobretudo provocar a discussão acerca da temática, que remete a aspectos tais como políticas
públicas, o papel do professor, articulação do projeto político pedagógico com as TIC, dentre
outros. A pesquisa tem como público alvo os Profissionais da Educação – professores e
diretores, alunos, gestores e estudiosos do assunto.
       A proposta do projeto nasceu do interesse de realizar um produto (vídeo) de Trabalho de
Conclusão de Curso, pois na condição de estudantes de Comunicação Social, é importante para
aperfeiçoamento dos conhecimentos práticos sobre vídeo documentário. Tal investida se dá pela
metodologia da gravação depoimentos dos sujeitos e imagens das atividades escolares.


1.1     ESTRUTURA DO MEMORIAL


       O capitulo 2 aborda a questão da relação Tecnologia/Educação, destacando a inserção e a
utilização da TIC no processo de ensino-aprendizagem em escolas públicas. Para embasar tal
discussão recorremos a pesquisadores e estudiosos como Piaget, Skinner, Vigotsky e Paulo
15



Freire pra apresentar os conceitos de aprendizagem. Ainda no mesmo capitulo, abordamos o
histórico da inserção da TIC no universo escolar, e também como tem sido o papel do Estado
nessa conjuntura, bem como o contexto regional no campo da Educação, mostrando dados e
apresentando as unidades pesquisadas.
       No capitulo seguinte, abordagem se concentra no suporte utilizado para a construção do
nosso produto TCC. É importante discutir conceitos, linguagem social e técnicas inerentes ao
documentarismo.
       No ultimo capitulo, evidenciamos como ocorreram as fases do projeto, da pré-produção a
pós-produção, ou seja, a descrição das tarefas de fomento do TCC.
       Nas considerações finais, em síntese, expressamos nossa conclusão do projeto, partindo
das pesquisas teóricas e dos discursos dos sujeitos envolvido no processo em debate.
16




2.     TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR


       Este capítulo discute a admissão das TIC no processo ensino-aprendizagem em escolas
públicas, apresentando, a priori “conceitos de aprendizagem” segundo estudiosos e
pesquisadores da área, tais como Piaget, Skinner, Vigostsky e Paulo Freire, os quais explicam a
construção do conhecimento e o desenvolvimento da aprendizagem na perspectiva da Psicologia
Educacional e do contexto sócio-histórico do individuo. Em seguida discorre-se sobre a
“inserção das TIC no universo educacional”, destacando a efetivação do uso das novas
tecnologias como suporte na prática pedagógica em escolas públicas, ressaltando a relação
tecnologia e educação, através de um recorte histórico.
       Para os docentes se adaptarem ao contexto das TIC e mediante a possibilidade de
estabelecer inovações nas metodologias de ensino, “o papel do Estado” é primordial. Esta
questão aqui abordada enfatizando-se a necessidade da ação estatal na efetivação de políticas
publicas na região, no que tange as demandas de investimentos em tecnologias na educação,
apontando-se ainda as eventuais carências e deficiências inerentes neste processo.
       O capitulo se encerra com a apresentação do cenário educacional através do qual se
desenvolve o produto descrito por esse memorial.


2.1    CONCEITOS DE ENSINO APRENDIZAGEM


         A educação já passou por diversas tendências pedagógicas em função de um dado
contexto social. Juntamente com essas tendências começam a surgir novas demandas e recursos.
Variadas metodologias de ensino vem sendo utilizadas, inclusive com uso da repressão, através
de castigos e palmatórias, segundo a história oral. Não havia intercâmbio de saberes. Neste tipo
de ensino os alunos são tidos como produtos do meio e são reativos a ele.
       Estudiosos e pesquisadores discutiram e fomentaram concepções para explicar a
construção do conhecimento e o processo de ensino-aprendizagem. Paulo Freire, educador
brasileiro do mais expoentes, define-o como um procedimento político de formação e de
transformação de pessoas aonde “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
17



aprender” (FREIRE, 1983, p.69). O pensamento pedagógico de Freire funda-se na linguagem
historiada e na experiência humana compartilhada e mediada pelo mundo histórico-social. Para
este pedagogo, o conhecimento é algo a ser construído na coletividade, com diálogo, pelo qual o
movimento da ação–reflexão é tido como primordial. “O pensar do educador somente ganha
autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos, mediatizados ambos pela realidade,
portanto, na intercomunicação” (FREIRE, 1979, p. 73).
          Freire ainda critica o método tradicional de ensino:

                                          O educador faz “depósitos” de conteúdos que devem ser arquivados pelos
                                          educandos. Desta maneira a educação se torna um ato de depositar, em que os
                                          educandos são os depositários e o educador o depositante. O educador será tanto
                                          melhor educador quanto mais conseguir “depositar” nos educandos. Os
                                          educandos, por sua vez, serão tanto melhores educados, quanto mais
                                          conseguirem arquivar os depósitos feitos. (FREIRE, 1983, p. 66)


          A metáfora do educador explica como o professor se posiciona perante o alunado:
injetava informação. Os alunos deveriam ser capazes de repetir os elementos transmitidos. Não
se estabelecia uma relação dialógica. Por oposição à educação “bancária”, a educação, segundo
Freire (2005), é libertação. Esta educação libertadora sugere compreender os sujeitos do
processo educativo como seres ativos, criativos, que possuem uma concepção de mundo, de si
mesmos e da cultura. Portanto, para Freire o conhecimento tem de constituir uma função
libertadora, na medida em que é instalado de forma dialógica e o aprendizado tem um sentido
para o individuo, a partir da sua leitura do mundo, partindo do princípio de que a comunicação é
a que transforma essencialmente os homens em sujeitos.
          Skinner, pesquisador americano, pioneiro da psicologia experimental, reformulou a teoria
do behaviorismo, desenvolvida por John Watson1, que visou estudar cientificamente o homem e
descrever comportamentos observáveis para explicar como se dá processo de aprendizagem.
Para Watson, cada comportamento é sempre uma resposta a um estímulo especifico. Em sua
tese, Skinner sugere algumas formas de controle para o processo de aprendizagem através de
situações arranjadas com o intuito de possibilitar ou aumentar a ocorrência de uma resposta a ser
aprendida-condicionada. O psicólogo realizou inúmeras experiências sobre comportamento


    1
        P sicó lo go a me r ic a no f u nd ad o r d a co rre nt e b e h a vio ri st a d e n tro d a P si co l o gi a .
18



animal, em laboratório, transferindo posteriormente suas pesquisas para a área da aprendizagem
humana, através da analogia. Segundo o pesquisador, dadas as condições adequadas o individuo
fomenta a aprendizagem, quando se obtém o chamado reforço positivo, ou seja, há um retorno.
Concluiu que o aprendizado é constante, e que o homem atua e age sobre o mundo modificando-
o, a partir da interação.
        Para Jean Piaget (1974, p.38), “o conhecimento procede a partir, não do sujeito, nem do
objeto, mas da interação entre os dois”. A aprendizagem é sempre provocada por situações
externas ao sujeito, supondo a atuação do individuo sobre o meio, mediante experiências.
Segundo a perspectiva construtivista de Piaget, conhecer consiste em operar sobre o real e
transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo que se dá a partir da ação do sujeito sobre o objeto
de conhecimento.
        Ainda refletindo o tema em discussão neste capítulo, Lev Vygotsky (1989), é outro
estudioso da área, chamado de interacionista, pois defende, assim como Piaget e Skinner, que o
desenvolvimento da aprendizagem é estabelecido pela interação entre os sujeitos e o meio. De
acordo com Vigotsky, é fundamental que o professor desperte a curiosidade dos alunos,
acompanhando suas ações no desenvolver das atividades.
        A invenção e o uso de símbolos para representação de signos, facilitou a comunicação,
permitiu ao homem selecionar, separar, conhecer, relatar e lembrar-se de situações e eventos.
Para o estudioso, a interação do individuo com mundo é mediada por signos, de natureza
simbólica, e por instrumentos, quando utiliza ferramentas para tarefas do cotidiano, uma ação
concreta sobre o meio. Por isso, alega que o aprendizado é construído pela interação, a partir de
experiências concretas e do conhecimento prévio individual.
        Na perspectiva da Psicologia Educacional, o aprender é um procedimento de descoberta:
                             A aprendizagem é processo de descoberta das relações existentes entre os
                             eventos (...) é um processo de organização das relações descobertas e não apenas
                             a soma das partes (...) a pessoa que aprende responde à situação de acordo com
                             sua interpretação e percepção dessa situação (CORIA-SABINI, 1986, p.2)



        As concepções de aprendizagem estão assentadas no Construtivismo, no qual processo
de constituição e fomento de conhecimento se concebe a partir da interação do sujeito com o
meio físico e social, de forma inacabada, ou seja, o sujeito está sempre aprendendo de modo
constante e evolutivo.
19



       Para Masetto (2000, p. 139-140) o conceito de aprender está ligado mais diretamente ao
sujeito (que é o aprendiz) que, por suas ações, envolvendo ele próprio, os outros colegas e o
professor, busca e adquire informações, dá significado ao conhecimento, produzem reflexões e
conhecimentos próprios, pesquisa, dialoga, desenvolve competências pessoais e profissionais,
atitudes éticas, política, muda comportamentos, transfere aprendizagens, integra conceitos
teóricos com realidades práticas, relaciona e contextualiza experiências, dá sentido às diferentes
práticas da vida cotidiana, desenvolve sua capacidade de considerar e olhar para os fatos e
fenômenos sob diversos ângulos, compara posições e teorias, resolve problemas.
       Portanto, partindo dessas premissas, compete aos docentes definir as tarefas e colocar à
disposição dos estudantes algumas sugestões de conteúdos, mas são os alunos que através de
pesquisas e discussões constroem o seu conhecimento, com a contribuição do mediador, do
instigador, que é justamente o professor. Partindo do pressuposto de que o processo de ensino-
aprendizagem compreende a organização do ambiente educativo, a motivação dos participantes,
a definição do plano de formação, o desenvolvimento das atividades e a avaliação do processo e
do produto, o uso das TIC vem provocar inovações nos modos de ensinar e aprender, exigindo
dos docentes uma adaptação para encarar o desafio de fomentar um aprendizado consistente,
qualificado, usando tais recursos como suporte, neste cenário que se consolida cada vez mais no
novo século.



2.2    A INSERÇÃO DAS TICS NO UNIVERSO EDUCACIONAL


       Em artigo publicado na revista TV Escola, intitulado “Educação: O que a televisão tem a
ver com isso?”, Catarina Chagas relata e contextualiza o processo historico da inserção das
Tecnologias da Informação e da Comunicação no ambiente escolar em escolas públicas no
Brasil. Em sintese, descreve que a partir da década de 1970, em pleno regime militar, a indústria
crescia de modo consistente e a produção de bens de consumo se expandia cada vez mais e
aproveitando a expansão da economia, o governo investiu nas tecnologias da comunicação, com
o intuito de propagar os ideais do poder vigente em campos estratégicos, como as escolas
públicas. Televisores com vídeo cassete começaram a compor o quadro de recursos para a
metodologia de ensino. No inicio dos anos 80 as escolas públicas brasileiras começam a utilizá-
20



lo de forma sutil, mas gradativa. Após a redemocratização, no início dos anos 90, as escolas
recebem as inovadoras antenas parabólicas com televisores mais modernos. Desde 1996, o
Ministério da Educação distribuiu kits (antena parabólica, TV e videocassete) para escolas
públicas sintonizarem a programação educativa e em 2011 alcançaram 21 mil escolas, segundo o
site do Ministério. O objetivo principal era utilizar a TV Escola como suporte de métodos e
conteúdos para professores do ensino público. A emissora de iniciativa pública, fundada
especialmente para a educação, transmite programas de debates, nos quais se discutem as novas
possibilidades de ensino-aprendizagem, e, sobretudo veicula documentário e reportagens das
diferentes disciplinas, sugerindo planejamentos de aula e interferindo na metodologia, inclusive
repassando toda grade de programação para as escolas. (CHAGAS, Catarina. Revista TV Escola,
abril de 2010, p. 32-33).
       Com o advento da informática, houve uma mudança no modo de processamento de
informação e disseminação de conhecimento. Assim a pioneira TV Escola tornou-se menos
utilizada. Para o pedagogo Arnaud Soares de Lima Júnior, “o acesso às redes digitais de
comunicação e informação é importante para o funcionamento e o desenvolvimento de qualquer
instituição social, especialmente para a educação que lida diretamente com a formação humana”
(1997, p.22).
       Partindo do pressuposto de que a educação lida com a formação intelectual e social do
individuo, na sociedade globalizada e capitalista, o acesso a essas tecnologias é fundamental para
a inclusão digital, sobretudo considerando as exigências de mercado.
       Para Manuel Castells (1999) o modo de aplicação dos recursos caracteriza a revolução da
tecnologia:
                              O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de
                              conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa
                              informação para a geração de conhecimento e de diapositivos de processamento
                              - comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativa entre a
                              inovação e seu uso. (CASTELLS, 1999. p.50)

       O argumento de Castells busca evidenciar as mudanças que as tecnologias provocaram de
modo geral na sociedade, enfatizando a questão da construção de conhecimento através do
acentuado processo de disseminação da informação, mediante o uso dos meios avançados. A
partir deste pressuposto, supõe-se que a escola enquanto espaço de propagação do saber e
geração de conhecimento, tende a acompanhar estas tecnologias, para apropriá-las ao processo
21



de ensino-aprendizagem, sem desmerecer, nem subestimar o mais importante na correlação de
ensinar/aprender: a função do professor e participação do aluno.
           Segundo Maria Luiza Belloni “modelos pedagógicos foram quebrados, tornando-se
desatualizados frente aos novos meios de armazenamento e difusão da informação”. (BELLONI,
2005, p 17). A inserção das TIC nas escolas representa desse modo, uma possibilidade de reduzir
as desigualdades de acesso, pois alunos de baixa renda passam a ter contato com os
equipamentos, com o computador, por exemplo, que fora do ambiente escolar não têm. Assim, a
priori, a inclusão digital é um aspecto relevante, enquanto resultado imediato desse processo.
Dessa potencialidade do virtual a educação passa a contar com uma poderosa aliada no processo
de ensino aprendizagem: as tecnologias digitais que, se bem aplicadas, pedagogicamente
falando, além de romperem as barreiras de espaço e tempo como é o caso da EaD.
           Segundo pesquisa do grupo CIVITA, divulgada no site da Revista Escola 2, realizada em
400 escolas públicas do Brasil, a quantidade de aparatos existentes implica no número de acesso
às mídias digitais pelos alunos. As escolas pesquisadas usam variadas tecnologias para fins
pedagógicos e administrativos. De caráter mais quantitativo do que qualitativo, não aponta dados
relevantes quanto ao ensino e aprendizagem, pois se trata de uma pesquisa objetiva, o infográfico
mostra que as escolas estão cada vez mais equipadas. Portanto, não esboça um diagnostico das
práticas pedagógicas com os recursos.
           A Revista Escola divulgou na sua edição 223, de junho de 2009, uma pesquisa que traça
um panorama quantitativo em relação ao uso das tecnologias nas escolas públicas do Brasil. Em
400 escolas públicas pesquisadas verificou que a televisão, o DVD e o computador são nesta
ordem, os equipamentos mais utilizados como suportes metodológicos. De forma objetiva, o
estudo aponta que a quantidade de aparatos nas escolas influencia na maneira da utilização: onde
existem mais de 20 computadores, verificou-se a realização de tarefas diversas e mais
complicadas. Abaixo deste número, elaboram-se tarefas mais simples. Onde há menos de 15
maquinas disponíveis, são utilizadas basicamente para funções administrativas.
           A pesquisa também cita, de forma superficial, a questão do acesso à internet em escolas
públicas, a partir da instalação da chamada banda larga. Segue abaixo, o gráfico descrito e
divulgado na citada edição da revista.

2
    www.revistaescola.abril.com.br
22




                                  Gráfico: Pesquisa “O mapa da tecnologia”




       Fonte: www.revistaescola.abril.com.br - Edição 223 | Junho 2009



       Deste modo, entende-se que o gráfico da pesquisa expressa uma realidade que se constata
na maioria das escolas públicas do país. Mas há um contraste em relação as escolas do Território
em pesquisa, pois ainda não é oferecida na região, a internet em banda larga para os laboratórios
das unidades escolares. Vale ressaltar que a pesquisa apresentada é essencialmente quantitativa,
por isso não esboça um panorama quanto à maneira pela qual as ferramentas têm sido utilizadas
no processo de ensino-aprendizagem.
23



       A fim de aproveitar os recursos existentes, as experiências que estão sendo desenvolvidas
caminham nessa direção, de fomentar metodologias adequadas, adaptadas ao contexto das TIC.
Através da integração das tecnologias de informação e comunicação ao cotidiano escolar, de
modo criativo, competente, planejado, consistente, o docente atua como instigador, adaptando-se
ao contexto, para fomentar um aprendizado qualificado, reconhecendo os limites e as
possibilidades do uso dos aparatos informatizados. Isso poderá permitir ao aluno explorar novas
linguagens, vivenciando experiências importantes para desenvolver tarefas do cotidiano, segundo
os paradigmas exigidos pela sociedade da informação, cada vez mais globalizada, digitalizada.
       A integração de novas tecnologias nas escolas precisa, reafirmando, enfatizar a
importância do contexto sócio-histórico-cultural em que os alunos vivem, bem como os aspectos
afetivos que suas linguagens representam.
                             A tecnologia posta à disposição dos estudantes tem por objetivo desenvolver as
                             possibilidades individuais, tanto cognitivas como estéticas, através das múltiplas
                             utilizações que o docente pode realizar nos espaços de interação grupal. Se nas
                             aulas resolvemos problemas autênticos e não de “brinquedo” isto é, se propomos
                             problemas reais para gerar processos de construção do conhecimento, somos
                             conscientes de que utilizamos as tecnologias que foram transformando as mentes
                             dos estudantes ao longo de sua vida (LITWIN, 1997, p. 10).



       O desafio então da atual geração de professores é como utilizar essas ferramentas no
universo escolar e instigar a construção do conhecimento, considerando a multiplicidades de
saberes intrínsecos ao sujeito. É importante ressaltar que a ligação inevitável das TIC com a
Educação deve ser compreendida e abarcada por disciplinas múltiplas, na busca de construção de
conhecimentos diversificados, e não menos relevante, para a formação pessoal e intelectual do
individuo.
                             Estamos diante de uma bela demonstração de que a modernização da educação é
                             séria demais para ser tratada somente por técnicos. É um caminho
                             interdisciplinar e a aliança da tecnologia com o humanismo é indispensável para
                             criar uma real transformação. (...) Em síntese, só terá sentido a incorporação de
                             tecnologia na educação como na escola, se forem mantidos os princípios
                             universais que regem a busca do processo de humanização, característico
                             caminho feito pelo homem até então (RENATO, 1997, p.05).



       Deste modo, o uso das TIC como ferramentas de mediação pedagógica, abarca um
dinamismo, inovação e poder de comunicação até agora pouco utilizados. Porém, essas são
suposições de um cenário pouco notório. A educação pública ainda demanda conceber e
24



vislumbrar essa realidade. O professor pode assim estar mais próximo dos alunos, receberem
mensagens via e-mail com dúvidas, passar informações complementares para os alunos, adaptar
a aula para o ritmo de cada um.
       Portanto, entende-se que o compromisso do professor é com o desenvolvimento humano
para a vida em área profissional e social, portanto sua mediação deve explorar os recursos
presentes nessa realidade para que o indivíduo saiba utilizá-los de maneira consciente, ética,
crítica e progressiva a fim de exercer efetiva participação em seu meio. Por isso é importante
buscar um método que não comprometa o aprendizado, e para não deixar o aluno se acomodar
no uso destes meios ao ponto de inibir o desenvolvimento de habilidades. Compete aos docentes
perceber os limites das TIC, incrementando-as conforme as competências individuais e coletivas
dos alunos. Para tanto é primordial a ação do Estado na medida em que precisa oferecer suporte
técnico para as escolas públicas.


2.2.1 O papel do Estado.

       No âmbito das escolas publicas dos municípios de Conceição do Coité e São Domingos,
o impacto proporcionado pelos investimentos estaduais na “modernização da educação” trouxe
uma nova perspectiva ao processo de ensino e de aprendizagem. Para as escolas, este incremento
nas tecnologias informáticas vem permitindo a busca e acesso rápido à informação, além de
servir como um meio de representação do conhecimento. Contudo, talvez uma perspectiva muito
otimista a respeito da incorporação da TIC nas escolas públicas, deixou de considerar as
dificuldades suscitadas neste processo de implementação, que dizem respeito às condições
estruturais da escola e à formação docente, o que exige investimentos significativos e
transformações profundas e radicais em espaços físicos escolar; formação de professores;
pesquisa voltada para metodologias de ensino; modos de seleção, aquisição e acessibilidade de
equipamentos; materiais didáticos e pedagógicos, além de muita criatividade.
       Netto (1987) pressupõe que a utilização generalizada da tecnologia nas escolas dependerá
do treinamento dos professores, tanto no uso como na produção de bons materiais curriculares.
Como forma de intervir no processo de melhoria da qualidade da educação, as políticas de
Informática Educativa foram inseridas a partir de 1997 nas escolas públicas da Bahia. (BRASIL,
2007, p.39) Em atendimento a estas políticas, diversos cursos têm sido oferecidos, em âmbito
25



estadual ou mesmo federal, aos professores da rede pública. As capacitações e qualificações em
serviço em cursos de formação continuada têm sido implementadas visando promover a
preparação destes profissionais para atuar com os ambientes tecnológicos de aprendizagem. Um
exemplo é o Programa Mídias na Educação, desenvolvido pela Secretaria de Educação a
Distancia do Ministério da Educação, com o objetivo de proporcionar formação a distancia, com
estrutura modular, voltada a professores da educação básica, para o uso pedagógico das
diferentes tecnologias da informação e da comunicação.
       A Secretária de Educação da Bahia oferece, em parceria com Instituto Anísio Teixeira
(IAT), curso de preparação para uso das TIC. Apesar disso, muitos professores não participam,
principalmente pela localização centralizada dos pólos das DIREC. Com vistas à inserção dos
recursos tecnológicos propiciados pelas TIC na escola, mostrou-se relevante no campo
educacional, acentuando os desafios da geração atual de professores e dos gestores da educação.
                             Compreender as diferentes formas de representação e comunicação propiciadas
                             pelas tecnologias disponíveis na escola bem como criar dinâmicas que permitam
                             estabelecer o diálogo entre as formas de linguagem das mídias são desafios para
                             a educação atual que requerem o desenvolvimento de programas de formação
                             continuada de professores (BRASIL, 2007, p. 40).


       É considerável a responsabilidade dos sistemas educativos em relação ao desafio de
formar os educadores para o fomento de disciplinas que são as ciências da informação e
comunicação. O Estado vem promovendo ações de formação e treinamentos para docentes, mas
com deficiências notáveis, como aparatos defeituosos e sem a preparação eficiente.
       A Secretaria de Educação do Estado distribuiu às unidades escolares as TVs PEN
DRIVES. Trata-se de um monitor adaptado com entrada de USB e cartão de memória. Com a
possibilidade de passar vídeos, slides, fotos, as apresentações de seminários, aulas podem ou não
se tornar mais dinâmicas e interessantes, tanto para alunos quanto para professores. Mas os
professores têm reclamado dos freqüentes defeitos destes aparelhos, fato que os obriga a recorrer
a outras ferramentas, ou ao método tradicional. Além disso, em alguns casos os equipamentos
ficam trancados, longe do manuseio de alunos e professores.
       Para que a disseminação das tecnologias nas escolas públicas brasileiras aconteça
efetivamente, o Governo Federal vem distribuindo computadores para algumas escolas através
do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo). Os Núcleos de Tecnologia
Educacional (NTE), ligados ao Instituto Anisio Teixeira, prevê a formação dos professores para
26



a utilização das TIC nas escolas. Ações conjuntas dos governos Federal e Estadual, através de
programas como o PROINFO, têm implantado nas escolas da rede pública salas de informática
com acesso à internet.
        Entre as tecnologias da comunicação, o computador aparece com ênfase, pois permite a
realização de tarefas interdisciplinares. É sem dúvida uma ferramenta muito importante,
indispensável na metodologia pedagógica contemporânea e no processo do ensino-
aprendizagem, neste novo século.
       Silva (2010), em recente pesquisa, abordou as implicações do uso das tecnologias da
informação e comunicação para a aprendizagem de alunos do ensino médio de uma escola da
rede pública estadual de Salvador. O estudo apontou que a maioria dos docentes entrevistados já
havia participado de cursos para uso pedagógico do computador e da internet. Por outro lado,
também a maioria deles informou não fazer uso destes recursos na escola, devido à falta de
condições estruturais do laboratório de informática (equipamentos com defeitos, falta de conexão
a internet, entre outras questões) ou mesmo por sentirem ainda grandes dificuldades para a
utilização principalmente do computador e seus softwares.
       A aquisição de ferramentas pelas escolas como computadores, DVDs, rádios, televisores,
maquinas fotográficas, projetores, não significa, a priori, que as instituições estão desenvolvendo
a aprendizagem adequada aos meios. Os programas têm sido importantes, mas não basta montar
salas com computadores modernos e com acesso a internet sem professores capacitados para esta
utilização.
                              Evidentemente, a simples introdução de um suporte tecnológico não significa
                              inovação educacional. Esta só ocorrerá quando houver transformação nas
                              metodologias de ensino e nas próprias finalidades de educação. (BELLON, I
                              2005, p.89)



       A apropriação das TIC por parte dos professores deve estar apoiada em um material que
instigue e o ajude a apropriar-se das mesmas. Mas esta apropriação não é passível de uma
simples leitura; para que os professores realmente assimilem esta forma de produção de
conhecimento.
                              Atrelada a esta concepção de mudança do paradigma está a compreensão de que
                              o papel do profissional de educação na atualidade é o de estimular os alunos a
                              aprenderem a buscar e selecionar as fontes de informações disponíveis para a
                              construção do conhecimento, analisando-as e reelaborando-as (PIMENTEL,
                              2007, p.37)
27




          No entanto é importante ratificar que o foco recai, em especial, na constatação de que
muitos dos profissionais que hoje atuam na docência, em escolas públicas de educação básica,
não foram preparados para os constantes avanços tecnológicos que se vivencia nos tempos
atuais.



2.2.2 Contexto regional no campo da Educação.


       Esta pesquisa se desenvolve, tendo como objeto empírico de investigação o Território do
 Sisal da Bahia, especificamente através dos municípios de Conceição do Coité e São
 Domingos, semi-árido do estado. O município de Conceição do Coité está localizado na zona
 fisiológica do nordeste, na Microrregião de Serrinha e Mesorregião Nordeste Baiano. Situado a
 240 km da capital baiana, tem uma população estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
 Geografia e Estatística), em 2010, de 62.042 habitantes. Limita-se em Serrinha (ao sul),
 Retirolândia (ao norte), Araci (ao leste). Riachão do Jacuipe (ao oeste), Ichu (ao sudeste), e
 Santa Luz (a noroeste).
       No setor educacional o município conta com escolas de 1º e 2º graus, públicas e
particulares, além da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e faculdades particulares (FTC,
UNOPAR). A rede estadual de ensino é coordenada por Diretorias Regionais de Educação
(DIREC), estando às escolas de Coité sob gerência da DIREC 12, com sede em Serrinha. Os
parâmetros curriculares, as logísticas de direção e os projetos pedagógicos seguem o padrão das
escolas do Estado da Bahia.          O município obteve a nota 3.2 do IDEB (Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica) do ano de 2009 nas escolas da rede municipal no ensino
fundamental, da 1ª a 4ª séries, tendo ultrapassado a meta de 3.0. Nos ensinos da 5ª a 8ª séries,
pertencentes à rede estadual, o município alcançou o índice de 2.9, enquanto que a meta era de
3.1.
          Já São Domingos, também localizado no nordeste Baiano, na região sisaleira, na
microrregião de Serrinha. Está situado próximo de Valente, Conceição do Coité, Retirolândia,
Gavião, Nova Fátima, Riachão do Jacuípe, Santa luz, e distante da capital em 234 km. Segundo
o IBGE, em 2010 o município teve uma população estimada em 9.195 habitantes. O município
28



superou mais uma vez as metas estabelecidas pelo Ministério da Educação relativas ao IDEB,
calculado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), através de
critérios que levam em conta a aprovação, reprovação, evasão escolar e desempenho dos alunos
de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental na Prova Brasil. Em São Domingos não há curso de
ensino superior.
      O índice atingido pelo sistema municipal de ensino nas séries iniciais - 1ª a 4ª série -
passou de 3,9 em 2007 para 4,3 em 2009, superando a meta de 3,4 estabelecida pelo MEC e
também a média da Bahia. No entanto, foi nas séries finais do ensino fundamental - 5ª a 8ª série
– que o município conquistou o maior avanço, passando de 3,4 para 4,4, superando a meta e as
médias estadual e nacional, o que fez São Domingos se destacar na 3ª posição entre os melhores
sistemas de educação municipal do estado da Bahia.
      As escolas do Território têm sido equipadas com aparatos tecnológicos tais como, TV pen
drive, aparelhos de DVD, retroprojetor, computador, câmara digital fotográfica, data show, entre
outros equipamentos tecnológicos. Porém, especificamente em escolas dos dois municípios
analisados, há um déficit no que tange a preparação técnica dos docentes para o uso das TIC na
sala de aula. O problema consiste nas condições materiais e técnicas, além da falta de preparo
dos professores para esta tarefa. A DIREC 12 oferece em parceria com o IAT, cursos de
treinamentos para uso das TIC. Mas pelo fato do difícil acesso e a localização centralizada das
DIREC, onde acontecem esses treinamentos os docentes estão poucos se preparando para este
novo cenário com a isenção das TIC. Apesar da falta de preparação dos docentes, percebe-se que
cada vez mais as tecnologias têm sido usadas para fins pedagógicos nestas escolas. Ainda não há
pesquisas concretas a cerca dos efeitos das TIC no ensino aprendizagem nessa região, mas de
forma geral, nota-se que há certa motivação por parte dos alunos e dos professores em aprender.
      Considerando que o aprendizado se dá forma dialógica, partindo da premissa freiriana, as
TIC têm sido primordiais neste processo, uma vez que estabelecem uma relação interativa entre
educador e educando, essencial no ensino-aprendizagem, sendo explorada como suporte nesse
processo.
      Para centralizar a pesquisa, três escolas dos citados municípios foram selecionadas.


2.2.2.1        Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido
29



          O Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido (CEEPS3) está localizado em
São Domingos, pequena cidade do interior da Bahia a cerca de 240 km de Salvador.
          Trata-se de uma unidade escolar de Porte Especial, pois é o único colégio da região do
Sisal que possui o ensino técnico, profissional direcionado a alunos do segundo grau. Segundo o
diretor do CEEPS, Crispim Silva, a implantação da unidade no município de São Domingos
busca articular a educação profissional de forma inovadora com a educação básica, proposta esta
de uma educação atual integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à
tecnologia, conduzindo a um processo permanente do desenvolvimento de aptidões para a vida
produtiva na perspectiva do exercício pleno da cidadania.
          O público atendido pelo Centro Estadual de Educação Profissional faz parte dos
Territórios de Identidade do Sisal e da Bacia do Jacuipe, sendo nove municípios contemplados:
São Domingos, Valente, Retirolândia, Conceição do Coité, Santaluz, Gavião, Barreiros (distrito
de Riachão do Jacuípe) e Nova Fátima. Uma boa parcela dos alunos é oriunda da zona rural. A
faixa etária vai dos quinze aos vinte e cinco anos, totalizando 410 alunos, distribuídos nos três
turnos.
          O motivo da escolha do CEEPS para integrar esta pesquisa se deve ao fato de o mesmo
contribuir com o desenvolvimento social, econômico e ambiental, bem como, a interação da
educação profissional com o mundo do trabalho e o incentivo à inovação e desenvolvimento
científico- tecnológico de uma das regiões mais carentes do país, a região do semiárido. Além
disso, o CEEPS organiza seus cursos em torno de eixos de formação, sendo um deles o eixo
“Comunicação e Informação”, que contempla, dentre outros, o curso de Técnico em Informática.
          No Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido, diretores, coordenação,
professores e alunos compartilham a busca de alternativas para enfrentar os problemas e tornar
viável a integração das TIC aos espaços da escola. Para o uso das tecnologias pelos alunos, o
CEEPS conta com vinte e cinco professores, um diretor, dois vice-diretores e três outros
funcionários que fazem parte da coordenação.




3
  O CEEPS foi instituído no âmbito do Sistema Público Estadual de Ensino pelo Decreto nº 11.355 de 04 de
dezembro de 2008 e Portaria de Criação 8.677/09 - Diário Oficial de 17 de Abril de 2009.
30



       Na parte Administrativa o CEEPS conta com oito computadores sendo sete com internet,
no laboratório de informática são vinte e duas maquinas todas com internet, espaço esse que
acaba sendo o mais utilizado pelos alunos. O Centro Estadual também possui em seu aparato de
equipamentos que fazem parte das TIC recursos educacionais como: dois aparelhos de TV, três
aparelhos de som (micro sistem), duas caixas amplificadas de som com microfone, um
retroprojetor, um notebook, duas câmeras fotográficas, uma câmera filmadora, cinco aparelho de
DVD e sete TVs pendrive que são fixas nas salas de aulas.
       É importante salientar que, segundo o diretor do colégio, desde que esses equipamentos
chegaram ao CEEPS, em 2009, nunca passaram por manutenção e alguns se encontram com
defeito e em péssimo estado de conservação. Quanto à preparação dos docentes em relação ao
uso das TIC, alguns professores foram capacitados pelo Programa Mídias na Educação,
oferecido pela SEC – BA.



2.2.2.2.        Colégio Estadual João Carneiro


       O colégio Estadual João Carneiro, situado no povoado de Vila Carneiro, município de
Conceição do Coité – BA é uma unidade de médio porte e está bem equipada com recursos
tecnológicos.
       Pelo fato de um dos autores desta pesquisa conhecer a realidade desta unidade, uma vez
que estudou todo o ensino fundamental e atualmente trabalha na função de auxiliar de secretario.
Fundado em 1987, no Colégio há três modalidades de ensino: Fundamental, Médio e Ensino de
Jovens e Adultos. Há um total de 143 alunos, divididos nos turnos vespertino (65) e noturno
(76). Doze professores lecionam nesta Unidade. Desde 2009 a Escola começou a se equipar com
ferramentas tecnologias, como a implantação do laboratório de informática através do Governo
Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão - GESAC - um programa de inclusão digital do
Governo Federal, coordenado pelo Ministério das Comunicações – através do Departamento de
Serviços de Inclusão Digital, que atende a população com baixo índice de IDH, e onde não
internet banda larga. Também adquiriu um retroprojetor digital (data show), em cada sala há uma
Tv com entrada para pendrive, há DVD e TV para passar filmes, câmara digital fotográfica,
caixa de som amplificada. Os professores não são treinados para lidar com as TICs, apesar de
31



haver curso para tal finalidade na cidade de Serrinha, oferecido pela DIREC, através do NTE –
(Núcleo de Tecnologia) em parceria com o IAT (Instituto Anisio Teixeira)
          Os equipamentos recebem manutenção quando necessário e, segundo a direção da escola,
apresentam bom estado de conservação. Na grade curricular há a disciplina Ciência e
Tecnologia, que aborda conteúdo inerente as tecnologias, inclusive as da informação e da
comunicação.


2.2.2.3         Colégio Estadual José ferreira


          Fundado em 1983, o Colégio Estadual José Ferreira está situado na rua Felipe dos Santos,
em Salgadália, Conceição do Coité - BA. Nesta Unidade são oferecidos os ensinos Fundamental,
Médio e Ensino de Jovens Adultos. Há um total de 295 alunos, na faixa etária de 10 a 65 anos.
São 26 professores que lecionam neste Colégio, que desde 2008 começou a se equipar com as
TIC, com a implantação de laboratório de informática. O motivo da escolha é pelo fato do
Colégio ter oferecido, até ano de 2010, o curso de Magistério, formação de professores, e
também por se encontrar equipado.
          No Colégio há os seguintes equipamentos: DVD, TV, TVs pen drive, câmara digital,
retroprojetor e datashow, utilizados com freqüência pelos professores e alunos de forma
complementar as tarefas das disciplinas. Conforme apuramos na visita prévia os docentes não
recebem treinamento para uso e aplicação dos meios nas salas de aula. Com auxilio do professor
de Informática, os professores planejam suas aulas com antecedência para aplicar os ferramentais
nas metodologias. Os equipamentos recebem regularmente a manutenção técnica, contratado
pela SEC. Tal como as Unidades Estaduais, há a disciplina Ciência e Tecnologia, cuja demanda
conteúdos de uso das TIC.
32



3.      VÍDEO DOCUMENTÁRIO: Conceito, Linguagem, Técnica.


        Está pesquisa de TCC é idealizada através de um produto audiovisual: um documentário,
pois na condição de estudantes de Comunicação, é interessante para aprimorar os conhecimentos
práticos sobre vídeo, para retratar, mesmo que seja um resumo de uma dada realidade, o contexto
das escolas públicas do semiárido baiano no que diz respeito a inserção da TIC para fins
pedagógicos.Por isso, este capitulo trata de vídeo e aborda as conceituações teóricas acerca de
documentário, considerando fatores relevantes que envolvem a produção audiovisual, tais como
conceitos, estilos, linguagem, técnica e a implicância sócio-cultural. Para tanto é interessante e
necessário abordar a partir de referenciais acerca do vídeo para embasar a discussão proposta no
decorrer deste capitulo. Em seguida recorrer a autores que enaltecem o potencial de vídeo
documentário, apresentando estilos e técnicas de produção que constituem a linguagem
audiovisual.


3.1. CONCEITOS


        O surgimento do termo documentário está creditado ao escocês John Grierson4 pioneiro
no estudo do documentarismo e criador da escola britânica de documentários, conhecida como a
primeira no mundo a se dedicar ao estudo do assunto. Robert Flaherty, precursor do
documentário, com o filme longa metragem “Nanook, o esquimó” em 1922, priorizava a
exploração de temas antropológicos nas suas históricas produções, um modo de produzir que se
convencionou como Cinema Direto. Mas Grierson não acreditava na abordagem “exótica”,
etnográfica e propôs a aproximação com o mundo que está à sua volta, em meio aos problemas
econômicos e sociais, inaugurando assim a corrente chamada Cinema Verdade.
        Embora os diretores, produtores e cineastas, notavelmente, venham buscando desde as
primeiras produções do documentarismo “retratar” a realidade por meio da representação, não



4
 John Grierson é considerado um dos principais nomes da história dos primórdios do documentário. Foi o fundador
da escola inglesa de documentário, na época em que trabalhou no Empire Marketing Board, agência governamental.
Tal escola foi responsável pela afirmação institucional do gênero ao lançar as bases para o que hoje se denomina
documentário clássico.
33



chegaram a uma concepção para o termo documentário. Por isso, estudiosos são unânimes ao
afirmar que não há um conceito fechado.
       Uma produção de vídeo documentário contextualiza uma dada realidade através da
representação, e não de uma reprodução da mesma. Representa uma visão de mundo, segundo a
perspectiva do realizador. O documentário busca, como o nome sugere documentar ou
representar o mundo histórico sob uma perspectiva conveniente e/ou uma proposta artística,
baseada nas convicções políticas acerca de um determinado tema, e nos contextos culturais e
sociais dos sujeitos.
       Para Sheila Curran Bernard (2008),
                              O documentário é um discurso de auto-expressão, como romances, canções ou
                              pinturas, podendo ser criado em diferentes formatos. Quando bem formulado, é
                              um instrumento que, de certa forma, compensa o descompasso entre culturas ou
                              expõe realidades desconhecidas. E, apesar de muitas vezes promover
                              entretenimento, o conteúdo deve possuir um caráter inspirador, motivador e
                              educacional (BERNARD, 2008, p.153).



       O avanço tecnológico implicou em inovações técnicas no vídeo, e interferiu na maneira
de se produzir, logo nas concepções. Embora essas tecnologias sejam influentes em tais
mudanças, é relevante ponderar, na medida em que os aspectos históricos, políticos, sociais e
culturais modelam os estilos, as linguagens e as abordagens dos documentários contemporâneos.
Os diferentes conceitos inerentes se modificaram e se adaptaram conforme tais transformações.
Assim uma definição apenas não abarca os filmes considerados documentários.
       Segundo Ramos (2008, p.21), “o conceito de documentário confunde-se com a forma
estilística da narrativa documentária em seu modo clássico, provocando confusão”. Isso ocorre
devido à generalização. O modo clássico pode ser resumido nas seguintes características
estruturais: fusão de música e ruídos, montagem rítmica e narração em voz off, a chamada “voz
de Deus”. Sua função era, a priori, educativa e social, com objetivo de formar a opinião pública.
       As produções contemporâneas incrementaram novos estilos, diferentes linguagens e
narrativas, na medida em que os aparatos técnicos mais modernos implicaram em tais avanços,
da mesma maneira que os aspectos econômicos, políticos e sócio-culturais.
       Partindo de suas formulações conceituais, Bill Nichols classificou os documentários em
seis categorias: poético, expositivo, observativo, participativo, reflexivo e performático. O autor
adota o critério do “estilo” para diferenciar os tipos de documentários: “como toda voz que fala,
34



a voz fílmica tem um estilo ou „natureza‟ própria, que funciona como uma assinatura ou
impressão digital” NICHOLS (2005, p. 135)
       Segundo Nichols, cada cineasta tem uma peculiaridade ao produzir um filme. Sendo
assim, classifica os documentários baseado na idéia de que a maneira pela qual o realizador
constrói a narrativa e constitui a voz fílmica apresenta certas distinções, gerando diferenciações
em relação aos demais modos. Mas pondera que há uma predominância de um modo, numa
composição que agrega diferentes estilos, já que “nem todos os documentários exibem um
conjunto de características comuns (...). Abordagens alternativas são constantemente tentadas e,
em seguida, adotadas por outros cineastas”, NICHOLS (2005, p.48)
       A classificação é explicada dessa forma: o documentário poético reúne fragmentos do
mundo de modo poético e teve evidencia nos anos 1920. Já o expositivo trata diretamente de
questões do mundo histórico, tendo característica didática como marca. O tipo observativo, com
ênfase nos anos 1960, evita o comentário e a encenação, observa os eventos. O modo
participativo, por sua vez, entrevista os participantes ou interage com eles. Usa imagens de
arquivo e pode ser invasivo demasiadamente. O reflexivo tem como característica marcante
questionar as demais formas de produção audiovisual, com predomínio nos anos 1980. E
finalmente, o performático, que enfatiza aspectos subjetivos de um discurso classicamente
objetivo.
       Os documentários estão em constante modificação, através de experiências inovadoras,
sejam adotadas ou não como paradigmas. Assim, entende-se que o vídeo estabelece ligações
entre os assuntos retratados e o mundo em que os espectadores estão inseridos, através de uma
conexão entre imagem e som, como afirma Ramos:
                              Documentário é uma representação narrativa que estabelece inserções com
                              imagens e sons, utilizando-se das formas habituais de linguagem falada ou
                              escrita, ruídos ou musica. As imagens predominantes na narrativa documentária
                              possuem a mediação da câmara, fazendo assim que as asserções faladas sejam
                              flexionadas pelo peso do mundo. RAMOS (2008, p.23)



       Os recursos técnicos utilizados contribuem para a formação da narrativa, mas o discurso
moldado pela historicidade dos sujeitos, pelos contextos sociais, culturais e políticos, é
primordial para a mensagem que se pretende passar, mediados pela lente da câmara, que simula
de forma alusiva (metáfora) a visão de mundo do realizador.
35



       No documentário há o entrelaçamento de histórias. Como atesta Nichols (2005, p.93)
“para cada documentário, há pelo menos três histórias que se entrelaçam: a do cineasta, a do
filme e a do público”. O cineasta deixa sua marca pela proposta de arte, pelas convicções
políticas, pela visão social, mediante o seu contexto cultural. Segundo o autor, NICHOLS (2005,
p.72) “os documentários representam questões, aspectos, características e problemas encontrados
no mundo histórico, pode-se dizer que falam desse mundo por meio de sons como de imagens”.
Ou seja, constitui e apresenta uma questão discursiva. Assim, a construção do discurso se dá por
uma “voz”, que transmite um ponto de vista, mostra um argumento, para tentar convencer,
persuadir.
       O próprio filme é carregado de significados intrínsecos, mas complementados pelo
receptor, que por sua vez, interpreta a mensagem, sabendo que vem de algum lugar e de alguém.
Esta relação constitui a narrativa fílmica. Por isso o público tende a perceber a linguagem e o
discurso através de um conhecimento antecipado.
       O autor explica: “cada expectador chega a novas experiências, como a de assistir a um
filme, com pontos de vista e motivações baseadas em experiências prévias, NICHOLS (2005,
p.26)”. Por isso o publico vai absorver o conteúdo conforme seu conhecimento, podendo se
convencer ou não pela retórica, tecer críticas, questionar, analisar, compreender as metáforas e a
alusões, adquirir novos conhecimentos. A complexidade de conceituação se reduz na medida em
que se estabelece a interação discursiva entre as três histórias, pontuadas pelo autor, pois assim a
explicação para documentário se torna mais compreensível.
       Cineastas, estudiosos, pesquisadores, estudantes têm diferentes concepções para formular
um conceito, mas de certa forma, suas considerações se complementam. Portanto, com base nas
premissas apontadas, mesmo considerando que não há um conceito convencional, nem apenas
uma definição, em síntese, pode-se afirmar genericamente: documentário é uma representação
parcial e subjetiva do mundo histórico, um fragmento temporal e espacial de uma realidade
registrada pela câmera, partindo da perspectiva de quem o produz, considerando que o
significado do vídeo será complementado tanto pelo próprio filme, quanto pelo receptor.




3.2.    LINGUAGEM SOCIAL DO VÍDEO
36




       Enquanto meio que representa o mundo histórico, o documentário é dotado, de forma
acentuada, de uma linguagem social. A Escola Griersoniana defende a tese de que o
documentário tem um potencial educacional sobre as “massas”, podendo contribuir para a
discussão acerca de problemas econômicos, sociais ou políticos através da conscientização das
pessoas a respeito de suas responsabilidades como cidadãos.
        Partindo desta afirmativa, subentende-se que o vídeo documentário pode possibilitar ao
publico, (re) conhecer uma dada realidade, refletir sobre a mesma e adotar respaldo para uma
discussão que interesse a coletividade, na medida em que carrega o potencial de expressar o
contexto social, político e cultural da sociedade, mesmo sob um ponto vista socialmente
construído, regado de ideologias e convicções políticas associado a uma estética fílmica.
       O sistema capitalista implicou mudanças importantes na sociedade pelo viés dos meios de
comunicação de massa, incrementando novos princípios, ditando normas de consumo,
interferindo nos costumes e nas relações sócio-econômicas. Sendo assim, faz-se necessário
ressaltar, neste contexto, a relação entre arte, entretenimento e sociedade com a indústria
cultural, termo primariamente utilizado pelo filósofo da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno5,
para designar a sociedade onde tudo se torna negocio. As produções culturais, antes empregadas
ao lazer, são exploradas para fins comerciais de forma sistemática.
       Para Adorno, o homem não passa de mero aparelho de trabalho e de consumo. Então o
processo de individualismo gerado deste contexto, tornou o homem tão bem manipulado que até
mesmo o seu lazer virou uma extensão do trabalho, segundo o pensador.
       A televisão e o cinema são historicamente instrumentos da indústria cultural. Desde o
inicio do século XX, quando a produção cinematográfica começava a se expandir, cada vez mais
apreciadas pela burguesia e depois pela plebe, os produtores perceberam a força de influencia do
cinema. Durante a crise de 1929, os filmes de Hollywood já enalteciam a questão do patriotismo
e a abordagem política, enfatizando as medidas do poder vigente para contornar a situação
econômica adversa. Charles Chaplin, o ícone do cinema mudo e gênio da teledramaturgia
criticou o capitalismo, a exploração da mão de obra, com o clássico “Tempos Modernos” (1936).

5
  Foi um filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão. É um dos expoentes da chamada Escola de
Frankfurt.
37



Porém, os alemães são pioneiros na utilização do cinema como um meio formador de opinião
pública. Os nazistas disseminaram a ideologia (racista) ariana, apontando Hitler como um líder e
herói, enquanto que judeus, negros, analfabetos eram os vilões da humanidade. O crescimento
político do partido nazista deveu-se a intensa utilização do cinema. O ministro da Propaganda de
Hitler, Goebbels, considerava o meio mais moderno de influenciar a população na época. Outros
governos totalitários usaram o cinema para propaganda ideológica, como o fascismo e
stalinismo.
       Nos anos 1970 e 1980, alguns filmes contestavam as ditaduras implantadas na América e
na Europa, com uma narrativa politizada. No Brasil, na mesma época, além de censurar os filmes
“subversivos”, o regime militar usou a linguagem televisiva para manter a “ordem vigente”, sob
o lema de integração e segurança nacional, através de programas como o Telecurso, pautado
numa pedagogia conservadora, pregando os valores da “moralidade civil”.
       Segundo Laurindo Leal Filho (1988, p.33) depois do golpe militar e da implantação de
uma política de controle dos meios de comunicação, o governo autoritário articulava a
apropriação da televisão para fins políticos:
                               Se Vargas soube usar com eficiência o rádio e o cinema para subordinar as
                               oligarquias regionais ao seu projeto, os generais de 64 vão montar uma
                               sofisticada rede de telecomunicações capaz de servir como um dos principais
                               sustentáculos para sua política autoritária e centralizada (FILHO 1988, p. 31 e
                               32)

       A popularização da televisão potencializou a influência do vídeo na sociedade
consumista. Os costumes, os comportamentos, a escolha de determinadas marcas começaram a
sofrer implicância da televisão. Segundo Arlindo Machado (2000), a televisão é um meio
paradoxal, pois pode ser tanto perigoso quanto indispensável para a sociedade, tanto servir de
meio de alienação quanto de educação nacional. Para o autor, o caráter coletivo da televisão
poderia ser utilizado para o convite à mobilização e participação na sociedade em torno de um
interesse comum e acrescenta que para haver qualidade nesse meio de comunicação de massa é
preciso valorizar a produção de “programas e fluxos televisuais que valorizem as diferenças, as
individualidades, as minorias, os excluídos, em vez de a integração nacional e o estímulo ao
consumo '' (MACHADO, 2000, p.25).
       As produções audiovisuais, atualmente, são na maioria realizadas para abastecer o
mercado cinematográfico. Mas, há exceções, como os vídeos institucionais ou aqueles usados
38



pelo Estado para propaganda política, embora mais discreta do que nas primeiras décadas do
século XX, em épocas de guerra. Há também os vídeos com os propósitos educativos e culturais,
nos quais se percebe o autêntico papel social do filme, seja televisivo ou de cinema.
        Mediante as novas possibilidades de reprodução e disseminação através de softwares de
regravação, da internet (download) e dos dispositivos móveis (celular, smartphone, pen drive),
conteúdos audiovisuais podem ser acessados com facilidade, sem custo direto, em detrimento à
lógica mercadológica. Entretanto, o consumismo inevitavelmente se acentua, mediante a relação
arte, entretenimento e sociedade capitalista.
        A linguagem e a narrativa do vídeo são constituídas com a contribuição de técnicas
fundamentais na produção audiovisual.


3.3.    TÉCNICAS – IMAGENS E SONS


        O registro, a organização e a relação entre o som e a imagem com o conteúdo são pontos
fundamentais na produção de um documentário, pois a forma em que os mesmos são captados,
organizados já deixa implícito o ponto de vista do autor, que dar-se inicio a partir da escolha do
tema.
        Para uma boa produção faz-se necessário recorrer a procedimentos, recursos que irão
nortear e contribuir com o vídeo. A imagem (enquadramentos, movimento de câmeras,
angulação) e o som (trilha sonora, som ambiente, silêncio, etc.).


3.3.1. Imagens


        Desde os primórdios das civilizações, o homem usava a imagem como representação para
se comunicar, através de pinturas nas pedras. Após muitos anos desenvolveu a prática de
desenhar e pintar em tecidos e papéis. Bem mais recente, com a descoberta da fotografia surgiu
uma nova forma de reproduzir figuras. Com a invenção e fomento da eletricidade surgiram
equipamentos capazes de gravar e armazenar o som e as imagens em movimentos: a câmera
filmadora. Assim inventou-se o vídeo. Para realização de uma produção audiovisual é necessário
empregar algumas técnicas principais.
39




3.3.2. Enquadramento


       É a ação de enquadrar uma imagem, dando-lhe a dimensão exata de como ela será
apresentada aos espectadores na tela. Determinar o enquadramento significa pensar sobre qual
área vai aparecer na cena e qual o ponto de vista mais indicado para que a ação seja registrada. O
enquadramento pode reforçar sentimentos e intenções da cena.
       O tamanho da figura humana dentro do quadro serve como referencial para a
classificação dos planos em se tratando do tipo de enquadramento. Santos (1993, p. 24-27)
classifica os planos cinematográficos em oito tipos, que vão desde planos que retratam o
ambiente, ate os que valorizam a ações dos personagens.
       O plano geral (PG) abrange uma vasta e distante porção de espaço, como uma paisagem.
Os personagens, quando presentes no PG, normalmente não são identificados na tela. O PG pode
ser um conjunto de casas, uma cena geral e aberta das ruas de uma cidade, um grande campo
para agricultura e outras cenas de iguais proporções. Este plano serve para contextualizar o local
onde se passa a historia; O plano conjunto (PC) é um pouco mais fechado, pode mostrar um
grupo de personagens, já reconhecíveis, e o ambiente em que se encontram. Assim como no
Plano Geral, este plano serve para contextualizar o local onde ocorrerá todo o resto da cena,
como também para mostrar quais personagens participam dela; Plano médio (PM) é um plano
muito utilizado no jornalismo televisivo. O sujeito aparece da cintura para cima, o ambiente
surge, mas não é o foco e caracteriza-se fundamentalmente pela ação da parte superior do corpo.
É um intermédio entre a ação e a expressão. Um plano médio mais aberto pode ser
considerado plano americano (PA) que é bastante utilizado no cinema e vídeo, pois enquadra o
personagem dos joelhos para cima. Facilita a visualização da movimentação e reconhecimento
dos personagens. Já o primeiro plano (PP) costuma enquadrar os personagens do busto para cima
dando destaque ao semblante do sujeito, registrando a emoção, a fisionomia, dirigindo a atenção
do espectador. O primeiríssimo plano (PPP) enquadra apenas o rosto, objetos ou qualquer outra
parte do corpo, nele a ação não é percebida, mas o espectador percebe a emoção da personagem.
Por fim o plano detalhe (PD) que enquadra e destaca partes do corpo (um olho, uma mão) ou
objetos (um lápis sobre a mesa).
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       Apesar da importância, os planos não são rigorosamente fixados por padrões e medidas
exatas. Permitem sim variações, que serão definidas pelo equilíbrio entre os elementos do quadro
e pelo bom senso do cinegrafista, pois ele é o será o responsável da escolha do melhor
enquadramento.


3.3.3. Movimento de câmera


       Diversas técnicas de filmagem são utilizadas e intercaladas em um filme. É dever de o
diretor escolher quando e como as câmeras devem realizar movimentos.
       Os movimentos de câmera são ações executadas com uma câmera cinematográfica ou de
vídeo através de trilhos, gruas e outros mecanismos para dar mais dinamicidade ao
enquadramento de uma cena ou acompanhar uma ação de personagens de um filme ou vídeo.
       A câmera pode realizar todos os movimentos que se deseje, porem eles devem ter um
motivo e uma intenção. Uma cena pode pedir ou não determinado movimento. O movimento
pode unir, separar, revelar ou esconder algo. Pode também acelerar ou não uma cena. Santos
(1993) afirma que só existem dois movimentos de câmera:
       O Travelling é o movimento físico da câmera que pode acompanhar o movimento da
personagem ou de alguma coisa que se move à mesma velocidade, podendo ser para frente (in),
para trás (out), para cima, para baixo, para os lados ou combinado.
       O outro tipo de movimento de câmera, chamado de Panorâmica ou Pan, é o movimento
de câmera a partir de uma posição fixa. A pan possui a rotação da câmera em torno de seu eixo
horizontal (para cima e para baixo) ou vertical (para um ou outro lado). Costuma ser empregado
para mostrar o ambiente ou acompanhar o movimento de um personagem ou veículo. Os
manuais de vídeo recomendam que a pan deva ser uniforme e ter a mesma velocidade do
princípio ao fim. O início e o fim do movimento devem ser estudados antecipadamente
definindo-se corretamente o enquadramento nas duas pontas.
       Santos (1993, p. 35) coloca ainda um movimento de objetiva chamado de Zoom. Nele a
variação se dá pela angulação de visão da objetiva de um enquadramento mais aberto para um
mais fechado (ZOOM IN) ou o contrário, de um enquadramento mais fechado para um mais
aberto (ZOOM OUT).
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3.3.4. Angulação


       Os ângulos de visão são determinados pela posição da câmera em relação ao assunto
tratado. A depender da intencionalidade que se tem ao produzir um vídeo, a angulação da câmera
pode influenciar para intensificar o conteúdo da cena. Santos (1993, p. 64) apresenta três ângulos
diferentes: Câmera Normal é a posição mais comum em que se aponta a câmera para a cena
numa superfície plana; Na Câmera Alta (Plongée) a objetiva enquadra as pessoas e os objetos de
cima para baixo, a pessoa filmada parece abatida, comunicando aos espectadores uma sensação
de esgotamento, como o acusado do crime, durante a mesma cena de julgamento. A Câmera
Baixa (Contre - Plongée) é usada para valorizar o assunto enquadrado, a câmera enquadra de
baixo para cima. Tomando como exemplo personagens de filmes, a câmera baixa atribui ao ator
um ar de importância, um ar dominador. Caracteriza personagens prepotentes ou tirânicos, ou
personagens que, num dado momento, estão em situação vantajosa em relação a outros, como o
promotor de acusação durante uma cena de julgamento.
       É importante frisar que essas são convenções no universo do mundo audiovisual, o que
não impede que tais angulações sejam utilizadas em sentido inverso ao apontado pelos manuais.
Pois não existe uma imposição no que diz respeito à produção audiovisual tanto no
enquadramento, nos movimentos de câmera e na angulação que são formas de construir um
sentido ao vídeo a partir das imagens.


3.3.5. O Som no vídeo


       Desde o nascimento do cinema, pretendeu-se que o som sempre estivesse unido às
imagens. Essa união só não existiu desde o início por conta de limitações técnicas. É importante
frisar este argumento, uma vez que quando se diz que o chamado "período mudo" durou cerca de
trinta anos, isso pode levar a crer que o advento do som não era desejado, quando, na verdade, se
verifica o oposto; o que nos leva à questão: por que existiam essas limitações em relação à
gravação e reprodução do som, enquanto a imagem já passava por esses processos de forma
“satisfatória,” e ainda, por que o advento do cinema sonoro quando finalmente aconteceu,
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cunhou um modo de unir os sons e as imagens que deu margem ao argumento de que o som seria
um mero acompanhamento daquelas. Ou seja, como se forjou uma hierarquização entre os dois
elementos, onde a imagem, na teoria e na análise dos filmes, seria o ator principal e o som o
coadjuvante. Mas o que parecia ser apenas um complemento ou até mesmo um retrocesso na
linguagem, já que pensava-se que ele poderia tirar a poética da construção da imagem, hoje
tornou-se indispensável em uma boa produção. Desta forma com o decorrer dos tempos o som,
não só passou a ser uma forma de se contar a história através de diálogos e narração como
também passou a ser utilizado de modo cada vez mais interessante nos filmes.
       Leal (2006) afirma que a utilização, a manipulação do som em relação com a imagem
começou a ser intensificada a partir da década de 60 e ganhou o nome de Sonoplastia por ser a
manipulação de registros sonoros, criação de ambientes musicais, de paisagens sonoras e de
efeitos sonoros.
       Não há como negar que a sonoplastia é uma parte essencial de qualquer produção
audiovisual. O ritmo e a intensidade são muitas vezes aqueles que definem o tom das imagens
que vemos, e sutilmente manipula os sentidos para gerar emoções fortes.
       O som por si só estimula a imaginar os recursos visuais em nossa mente, criando uma
experiência única para cada ouvinte. Segundo definição do Dicionário da Língua Portuguesa
Larousse Cultural (1992, p. 1048), sonoplastia é o estudo, seleção e aplicação de efeitos sonoros
em rádio, teatro, cinema e televisão. Sendo assim, é a união de sons, sejam eles na forma de
músicas ou sons ambientes, também chamados de ruídos.
       É importante trabalhar o som juntamente com a imagem, o que Salles (2002) chama de
simbiose do som e da imagem, pois manifestações de naturezas diversas se complementam,
gerando um significado único, resultante da interação de dois ou mais sistemas. Segundo o autor,
a utilização sistemática nas artes, na comunicação e nos rituais da relação som-imagem é muito
antiga e tem sido largamente explorada nos dias atuais. Na era da reprodutibilidade técnica, a
máquina reproduz indefinidamente uma gravação e com a evolução tecnológica, foi permitido
um sincronismo perfeito entre som e imagem. Mas sobre esse fato o autor comenta que gerou
certo incômodo e diversos questionamentos acerca da relação do som e da imagem. Seria ela
parasitária ou simbiótica? Vários estudos nasceram a partir daí e os profissionais de comunicação
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tentam compreender ou responder a tais perguntas. Para muitos autores é possível estabelecer
uma combinação harmônica para gerar uma confluência de sentidos.
       Beleboni (2004) contribui com a reflexão proposta acima ao relatar em seu artigo “A
difícil relação entre imagem e som no audiovisual contemporâneo” que a sociedade
contemporânea apresenta uma extensa gama de produtos audiovisuais, porém integra suas
linguagens constituintes em diferentes níveis de resolução. Na era denominada da imagem,
assistimos e escutamos a diferentes formas de relação entre som e imagem: em alguns casos há
submissão dos sons à imagem, em outros o domínio do som e, em poucos o diálogo entre essas
expressões.
       Jan Roberts-Breslin em seu livro Produção de imagem e som, fala:
                             O som mediado é uma grande parte de nossa vida – sozinho ou combinado com
                             imagens. A música, a voz e o som ambiente nos informam, nos entretêm e
                             movem as nossas emoções. Independentemente da dominância visual de nossa
                             cultura, a comunicação eficiente através do é uma poderosa ferramenta de mídia
                             (ROBERTS-BRESLIN, 2009: 147).


       De modo abarcante, o que fica explícito em todas as áreas de estudos sobre sonoplastia
(linguagem sonora) em vídeo é que faze-se necessário a harmonia entre esses dois ícones da
comunicação o som e a imagem.



3.3.6. Roteiro


       Para Puccini (2009, p.16), “roteirizar significa recortar, selecionar e estruturar eventos
dentro de uma ordem que necessariamente encontrará seu começo e seu fim”. O roteiro funciona
como uma bussola que norteia as filmagens, o caminho que as cenas têm de seguir para chegar
ao objetivo traçado.
       O autor também aponta de forma genérica como se processa o roteiro de documentário:
                             O processo de seleção se inicia já na escolha do tema, desse pedaço de mundo a
                             ser investigado e trabalhado na forma de um filme documentário. Continua com
                             a definição dos personagens e das vozes que darão corpo a essa investigação.
                             Inclui ainda a escolha de locações e cenários, a definição de cenas, seqüências,
                             até chegar uma prévia elaboração dos planos de filmagem, dos enquadramentos,
                             do trabalho de câmera e som, entre outros detalhes técnicos que podem
                             contribuir para a qualidade do filme. (PUCCINI, 2009, p.16)
44



       Baseado neste conceito, o roteiro do vídeo documentário “Escola Digital?” constitui-se
em variadas temáticas que cercam o tema central, tais como: inserção das TIC no ambiente
escolar; território; políticas publicas e práticas pedagógicas. Professores, alunos e gestores são os
protagonistas e as vozes que discursarão no documentário. Os sujeitos envolvidos no processo de
ensino e aprendizagem das escolas públicas selecionadas exprimem suas opiniões sobre uma
dada realidade que contempla a relação entre tecnologia e educação, a qual tende a se consolidar
gradativamente no âmbito regional da presente pesquisa, embora com notáveis entraves, atrasos
e desafios que permeiam o tema em discussão. O roteiro esboçado na pré-produção se formou
definitivamente após as filmagens, pois nos possibilitou ajustar os depoimentos conforme nossa
proposta, com material gravado.
45



4.     ESCOLA DIGITAL? - Descrevendo as etapas de realização do vídeo.


       Esse capítulo evidencia as etapas de pré-produção, produção e pós-produção de toda a
conjuntura de realização do Trabalho de Conclusão de Curso, como exigem as normas que
regem as atividades acadêmicas. Trata-se da descrição da diferentes etapas das tarefas realizadas.


4.1. PRÉ-PRODUÇÃO


       A pré-produção é fundamental para o desenvolvimento do produto, pois é nesta fase de
concepção de um projeto que se afirmam as questões de tipologia e finalidade. Aqui buscamos
construir a base do projeto: leitura das referências, definição de modelo de vídeo, agendar visita
nas escolas, conversa com professores e alunos sobre a proposta. Começamos a pensar no roteiro
e formular um esboço da produção do documentário. Também, a produção textual do memorial,
sob orientação da professora Kátia Morais, se iniciou nesta etapa. Fizemos reconhecimento de
campo (reco), ou seja, visitas in loco nas escolas, para observar a viabilidade das gravações
nesses locais, ver o que seria necessário de equipamento complementar, começamos a pesquisa
sobre trilha, e fizemos um esboço do cronograma e do orçamento que seria fechado após a etapa
de pós-produção do vídeo.
       Vale salientar que optamos por não realizar um roteiro durante a fase de pré-produção
por entendermos que tal recurso poderia nos levar ao risco de um maior controle durante as
gravações. E substituição ao roteiro, uma pesquisa aprofundada, acompanhada pelas visitas in
loco, e um esboço de gravações, serviram para conduzir o trabalho durante as externas. O roteiro
final foi desenvolvido após a gravação, servindo para direcionar a edição do vídeo.
       Considerando a classificação do documentário em gêneros, o produto da presente
pesquisa, se enquadra no gênero expositivo, pois demanda argumentação, com objetividade. A
montagem e a narrativa supostamente serão nos moldes desta categoria, partindo da
conceituação:
                              Os documentários expositivos dependem muito de uma lógica informativa
                              transmitida verbalmente. (...) o cineasta expositivo muitas vezes tem mais
                              liberdade na seleção e no arranjo de imagens do que o cineasta de ficção. O
                              documentário expositivo facilita a generalização e a argumentação abrangente.
                              (NICHOLS, 2005, p.143-144)
46



       O modo expositivo valoriza a objetividade e enaltece mais o discurso do que as imagens.
Bill Nichols (2005, p.143) ressalta que “os documentários expositivos dependem muito de uma
lógica informativa transmitida verbalmente”.
       Outra característica marcante é a tradição da “voz de Deus”: uma narração explicativa em
off, que busca construir credibilidade através da neutralidade. Nichols (2005, 144) explica “o
comentário com voz over parece literalmente “acima” da disputa; ele tem a capacidade de julgar
ações do mundo histórico sem se envolver nelas”.
       Apesar da voz-over caracterizar de forma marcante o modo expositivo, na nossa
produção, não será utilizado o recurso da narração. Partindo do pressuposto de que num vídeo
documentário há vários modos entrelaçados com predominância de um, a produção “Escola
Digital” segue o padrão expositivo, mas com momentos do modo participativo e observativo.
       Pretende-se através desta produção audiovisual, propor a discussão sobre o uso das
tecnologias da comunicação no ambiente educacioanal, mediante as demandas do ensino
público, num momento em que a tarefa de fomentar um ensino-aprendizado qualificado torna-se
um desafio, pois nota-se que a aprendizagem através dos aparatos tecnológicos, tem seus limites
e suas vantagens.



4.1.1. Cronograma

       O cronograma é a disposição gráfica do tempo que será gasto para a realização do
projeto, de acordo com as atividades a serem cumpridas. Serve para auxiliar no gerenciamento e
controle da produção, permitindo de forma rápida a visualização de seu andamento.
       Segue abaixo o cronograma do projeto “Escola Digital?”:


                                  Tabela 1: Cronograma das Atividades

                            2010                                  2011
      ATIVIDADES
                            Nov     Dez   Jan   Fev   Mar   Abr   Mai    Jun   Jul   Ago   Set
47



Escolha do tema                      X   X
                                 x


Seleção e leitura das fontes             X
teóricas                             x


Elaboração do pré-projeto                x
                                     x




Ajustes no projeto                               X       X
                                             x



Pesquisa exploratória                                        X   X

                                                     x       x

Entrevistas prévias                                              X   X       X       x   x

                                                             x   x   x   x

Filmagens das entrevistas e                                          X       X       X   X    X
gravações
                                                                                 x

Decupagem e edição do vídeo                                          X       X       X   X    X

                                                                                 x       x

Elaboração do Memorial                                                                   X    X

                                                                                 x       x

Entrega do produto                                                                            X

                                                                                         x

Apresentação do TCC                      X                                                    x

                                                                                         x

Fonte: Elaborado pelos autores
48



4.1.2. Orçamento


        O orçamento é a ferramenta que equaciona as fontes de receita versus custos, despesas e
investimentos. É, portanto, indispensável na tomada de decisões, pois antes de começar é
necessário documentar as premissas que envolvem o orçamento, fazendo uma análise consciente
do material que será produzido, listando suas variáveis controláveis e incontroláveis.
        No caso do vídeo documentário “Escola Digital?” os idealizadores custearam todas as
despesas não cobertas pela estrutura oferecida pela Universidade, fazendo assim com que o
produto acadêmico não ficasse dispendioso. Segue abaixo o orçamento do projeto “Escola
Digital?”:
                                            Tabela 2: Orçamento
Item                             Qtd   Contagem                     Valor unitário      Valor total
Transporte                       5     Durante a produção           10,00               50,00
Alimentação                      10    Por refeição individual      7,00                70,00
Créditos Celulares               10    Cartão                       12,00               120,00
DVD                              20    Unidade                      2,00                40,00
Capa para DVD                    20    Unidade                      1,00                20,00
Papel ofício A4                  1     ½ pacote                     7,25                7,25
Impressão do Memorial            3     Por folha                    0,50                135,00
Combustível                      20    Por litros                   3,00                60,00
           TOTAL                                                                     502,25
Fonte: Elaborado pelos autores




4.2. PRODUÇÃO


        Finalizada a etapa de pré-produção deu-se inicio a etapa de produção. A produção é
caracterizada por ser a fase onde o produto audiovisual é executado. Serão percorridas as etapas
até se obter o produto em “estado bruto”. Para a captação do material audiovisual necessário à
realização do vídeo aqui descrito, fizemos entrevistas em datas previamente agendadas nas
seguintes locações: Colégio João Carneiro, em Vila Carneiro, Conceição do Coité – BA, com as
professores Jaqueline Carneiro, Valéria Carneiro e com estudantes Douglas Cerqueira, Evanilson
Junior, José Caio Almeida e Bruna Pinheiro; no Centro Estadual de Educação Profissional do
Semiárido, em São Domingos – BA, com o professor Tony Carvalho e alunos Valdenon Oliveira
e Luiz Alberto Santos e no Colégio José Ferreira, em Salgadália, Conceição do Coité – BA, com
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Tecnologias na Educação do Semiárido

  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA Rilzimar Carneiro Silva Teones Araújo Carneiro ESCOLA DIGITAL? Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à Educação Conceição do Coité, 2011
  • 2. 2 Rilzimar Carneiro Silva Teones Araújo Carneiro ESCOLA DIGITAL? Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à Educação Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social - Habilitação em Radialismo e TV, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social, sob a orientação da professora Kátia Morais. Conceição do Coité 2011
  • 3. 3 Rilzimar Carneiro Silva Teones Araújo Carneiro ESCOLA DIGITAL? Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à Educação Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social - Habilitação em Radialismo e TV, da Universidade do Estado da Bahia, Campus XIV – Conceição do Coité, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social, sob a orientação da professora Kátia Morais. Data:_______________________________________ Resultado:___________________________________ BANCA EXAMINADORA Prof. (orientador) MS.Kátia Morais Assinatura___________________________________ Prof. Dr. Raimundo Cláudio Silva Xavier Assinatura____________________________________ Prof. MS. Emanuel Rosário dos Santos Nonato Assinatura___________________________________
  • 4. 4 Dedicamos este trabalho aos nossos pais, irmãos, parentes, amigos.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS A Deus... A Terezinha Araújo Carneiro, João Ramos Carneiro, Antonia Carneiro da Silva Silva, e Everaldo Fagundes da Silva, pelo apoio afetivo, moral e financeiro. A professora orientadora Kátia Morais, nossa general nessa batalha... A Carla Goveia de Melo...! Aos professores e estudantes, protagonistas do documentário. A todos os professores do curso. A direção das escolas pesquisadas. A direção do Campus XIV - UNEB, pelos suportes técnicos.
  • 6. 6 Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Paulo Freire
  • 7. 7 RESUMO Por meio da produção de um vídeo-documentário, o presente trabalho busca mostrar como as tecnologias da informação e comunicação (TIC) têm sido aplicadas no processo ensino/aprendizagem em escolas públicas do semi-árido baiano, ressaltando as mudanças das práticas pedagógicas em relação ao ensino tradicional, sob a perspectiva dos alunos, especialistas e profissionais da área. O vídeo discute a inserção das TIC no universo escolar, a articulação desses recursos com o projeto pedagógico, como o Estado tem atuado no sentido de preparar os docentes e no investimento/manutenção em suportes tecnológicos, com ênfase para o Território do Sisal, onde se localizam as escolas pesquisadas. Embora as TIC tenham inovado as metodologias educacionais, entendemos, a partir dos discursos dos sujeitos expressos no vídeo, que as Tecnologias da Informação e Comunicação são suportes que potencializam o papel do professor e não subestimam suas funções no processo de ensino-aprendizagem. Palavras-Chave: Tecnologia; Educação; Território; Vídeo.
  • 8. 8 ABSTRACT Through the production of a documentary video, this paper seeks to show how information and communication technologies (ICTs) have been applied in the teaching / learning in public schools in the semi-arid region of Bahia, highlighting the changes in teaching practices in relation to traditional methods, from the perspective of students, specialists and professionals. The video discusses the integration of ICT in the school environment, the articulation of these resources with the educational project, as the state has worked to prepare teachers and investment / maintenance on media technology, with emphasis on the Territory of Sisal, which locate the schools surveyed. Although ICTs have innovative educational methodologies, we understand from the speeches of the subject expressed in the video, the Information and Communication Technologies are supports that enhance the teacher's role and do not underestimate their role in the process of teaching and learning Key words: Education. Technology. Territory. Vídeo
  • 9. 9 LISTA DE TABELAS E FIGURAS Gráfico - Pesquisa “O mapa da tecnologia”........................................................................... 22 Tabela 1 - Cronograma das Atividades.................................................................................. 46 Tabela 2 - Orçamento............................................................................................................. 48
  • 10. 10 LISTA DE SIGLAS CETIC - CENTRO DE ESTUDOS SOBRE AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO DIREC- DIRETORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO GC- GERADOR DE CARACTERES GESAC - GOVERNO ELETRONICO SERVIÇO AO CIDADÃO IAT - INSTITUTO ANISIO TEIXEIRA IDH - INDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA NTE - NUCLEO DE TECNOLOGIA PAM - PLANO AMERICANO PC - PLANO CONJUNTO PG - PLANO GERAL PP-PRIMEIRO PLANO PROINFO - PROGRAMA DE INFORMATICA TIC - TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO TCC - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
  • 11. 11 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13 1.1 ESTRUTURA DO MEMORIAL .............................................................................. 14 2. TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR ........... 16 2.1 CONCEITOS DE ENSINO APRENDIZAGEM ..................................................... 16 2.2 A INSERÇÃO DAS TIC NO UNIVERSO EDUCACIONAL .............................. 19 2.2.1 O papel do Estado ........................................................................................ 24 2.2.2 Contexto regional no campo da Educação ................................................. 26 2.2.2.1 Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido ......................... 28 2.2.2.2 Colégio Estadual João Carneiro ................................................................. 30 2.2.2.3 Colégio Estadual José ferreira ................................................................... 31 3. VÍDEO DOCUMENTÁRIO: CONCEITO, LINGUAGEM, TÉCNICA ......... 32 3.1 CONCEITOS ........................................................................................................... 32 3.2 LINGUAGEM SOCIAL DO VÍDEO ..................................................................... 35 3.3 TÉCNICA: IMAGENS E SONS .............................................................................. 38 3.3.1 Imagens ......................................................................................................... 38 3.3.2 Enquadramento ........................................................................................... 39 3.3.3 Movimento de câmera ................................................................................. 40 3.3.4 Angulação ..................................................................................................... 41 3.3.5 O Som no vídeo ............................................................................................ 41
  • 12. 12 3.3.6 Roteiro .......................................................................................................... 43 4. ESCOLA DIGITAL? - Descrevendo as etapas de realização do vídeo.................. 45 4.1 PRÉ-PRODUÇÃO .................................................................................................... 45 4.1.1 Cronograma .................................................................................................. 46 4.1.2 Orçamento ..................................................................................................... 48 4.2 PRODUÇÃO ............................................................................................................ 48 4.2.1 Detalhamento das gravações ...................................................................... 49 4.3 PÓS-PRODUÇÃO ................................................................................................... 51 4.3.1 Edição ........................................................................................................... 52 4.3.2 Trilha Sonora ................................................................................................ 53 4.3.3 Finalização .................................................................................................... 53 4.3.3.1 Ficha Técnica ................................................................................................ 54 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 56 6. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 58 7. ANEXOS .................................................................................................................. 61 8. APÊNDICE ……………………………………………………………………....... 66
  • 13. 13 1. INTRODUÇÃO Com o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) houve mudanças importantes nos diferentes setores da sociedade. A Educação, não exclusa desse processo, começa a usufruir esses recursos de forma sistemática, provocando inovação na aplicação das metodologias de ensino, no final do século passado. O avento da informática alterou o modo de disseminação da informação e a escola enquanto ambiente de construção de conhecimento passa a utilizar as ferramentas das TIC como suporte metodológico. A atual geração de estudantes lida diariamente com os aparatos tecnológicos e já não admite apenas aulas expositivas. É inclusive uma exigência mercadológica, que o sistema educacional acompanhe os passos do avanço tecnológico. Uma pesquisa do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC), divulgada em agosto de 2011, mostra que os alunos sabem manipular as ferramentas digitais mais do que os professores. Por isso é fundamental a capacitação dos docentes. O Estado, na condição de gerenciador das escolas públicas, deve oferecer a preparação conforme as demandas das escolas. No Território do Sisal, as escolas estaduais são gerenciadas por Diretorias Regionais de Educação (DIREC), vinculadas à Secretaria de Educação do Estado. Para manutenção dos laboratórios de informática implantados pelo Programa de Informática (Proinfo), existem os Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE), ligados ao Instituto Anísio Teixeira. Embora as tecnologias não tenham provocado uma revolução na educação, é evidente que implicaram em mudanças relevantes nas práticas pedagógicas, sem substituir o papel do professor, nem ignorar o modo tradicional de ensino. Percebendo essa mudança de perto, uma vez que estamos inseridos no ambiente escolar diariamente, entendemos que este tema é interessante para ser pesquisado, explorado e melhor compreendido. Diante desse cenário, este trabalho se norteia a partir do seguinte problema de pesquisa: De que forma tem sido o uso das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) em escolas públicas do semi-árido baiano no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem?
  • 14. 14 Por isso, o nosso objetivo geral é justamente compreender, tendo o vídeo como suporte, de que forma as tecnologias da comunicação têm sido aplicadas no processo de ensino – aprendizagem em escolas públicas do Território do Sisal, a partir da realidade dos municípios de Conceição de Coité e São Domingos. A partir desse objetivo, surgem os objetivos específicos:  Comparar de forma genérica os modos tradicionais de ensino com os atuais adotados pelos professores no contexto das novas tecnologias da informação e da comunicação;  Apontar as vantagens e os limites destes recursos no processo de ensino- aprendizagem. Para formular a resposta do problema de pesquisa, bem como aos objetivos apresentados acima, consideramos crucial a realização de uma pesquisa de campo e o registro de depoimentos dos sujeitos envolvidos no referido contexto. Optamos por desenvolver tal investigação tendo como suporte básico a produção de um vídeo documentário. A presente pesquisa pode motivar os professores das escolas públicas na busca de qualificação inerente a adaptação das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem, sobretudo provocar a discussão acerca da temática, que remete a aspectos tais como políticas públicas, o papel do professor, articulação do projeto político pedagógico com as TIC, dentre outros. A pesquisa tem como público alvo os Profissionais da Educação – professores e diretores, alunos, gestores e estudiosos do assunto. A proposta do projeto nasceu do interesse de realizar um produto (vídeo) de Trabalho de Conclusão de Curso, pois na condição de estudantes de Comunicação Social, é importante para aperfeiçoamento dos conhecimentos práticos sobre vídeo documentário. Tal investida se dá pela metodologia da gravação depoimentos dos sujeitos e imagens das atividades escolares. 1.1 ESTRUTURA DO MEMORIAL O capitulo 2 aborda a questão da relação Tecnologia/Educação, destacando a inserção e a utilização da TIC no processo de ensino-aprendizagem em escolas públicas. Para embasar tal discussão recorremos a pesquisadores e estudiosos como Piaget, Skinner, Vigotsky e Paulo
  • 15. 15 Freire pra apresentar os conceitos de aprendizagem. Ainda no mesmo capitulo, abordamos o histórico da inserção da TIC no universo escolar, e também como tem sido o papel do Estado nessa conjuntura, bem como o contexto regional no campo da Educação, mostrando dados e apresentando as unidades pesquisadas. No capitulo seguinte, abordagem se concentra no suporte utilizado para a construção do nosso produto TCC. É importante discutir conceitos, linguagem social e técnicas inerentes ao documentarismo. No ultimo capitulo, evidenciamos como ocorreram as fases do projeto, da pré-produção a pós-produção, ou seja, a descrição das tarefas de fomento do TCC. Nas considerações finais, em síntese, expressamos nossa conclusão do projeto, partindo das pesquisas teóricas e dos discursos dos sujeitos envolvido no processo em debate.
  • 16. 16 2. TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR Este capítulo discute a admissão das TIC no processo ensino-aprendizagem em escolas públicas, apresentando, a priori “conceitos de aprendizagem” segundo estudiosos e pesquisadores da área, tais como Piaget, Skinner, Vigostsky e Paulo Freire, os quais explicam a construção do conhecimento e o desenvolvimento da aprendizagem na perspectiva da Psicologia Educacional e do contexto sócio-histórico do individuo. Em seguida discorre-se sobre a “inserção das TIC no universo educacional”, destacando a efetivação do uso das novas tecnologias como suporte na prática pedagógica em escolas públicas, ressaltando a relação tecnologia e educação, através de um recorte histórico. Para os docentes se adaptarem ao contexto das TIC e mediante a possibilidade de estabelecer inovações nas metodologias de ensino, “o papel do Estado” é primordial. Esta questão aqui abordada enfatizando-se a necessidade da ação estatal na efetivação de políticas publicas na região, no que tange as demandas de investimentos em tecnologias na educação, apontando-se ainda as eventuais carências e deficiências inerentes neste processo. O capitulo se encerra com a apresentação do cenário educacional através do qual se desenvolve o produto descrito por esse memorial. 2.1 CONCEITOS DE ENSINO APRENDIZAGEM A educação já passou por diversas tendências pedagógicas em função de um dado contexto social. Juntamente com essas tendências começam a surgir novas demandas e recursos. Variadas metodologias de ensino vem sendo utilizadas, inclusive com uso da repressão, através de castigos e palmatórias, segundo a história oral. Não havia intercâmbio de saberes. Neste tipo de ensino os alunos são tidos como produtos do meio e são reativos a ele. Estudiosos e pesquisadores discutiram e fomentaram concepções para explicar a construção do conhecimento e o processo de ensino-aprendizagem. Paulo Freire, educador brasileiro do mais expoentes, define-o como um procedimento político de formação e de transformação de pessoas aonde “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
  • 17. 17 aprender” (FREIRE, 1983, p.69). O pensamento pedagógico de Freire funda-se na linguagem historiada e na experiência humana compartilhada e mediada pelo mundo histórico-social. Para este pedagogo, o conhecimento é algo a ser construído na coletividade, com diálogo, pelo qual o movimento da ação–reflexão é tido como primordial. “O pensar do educador somente ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos, mediatizados ambos pela realidade, portanto, na intercomunicação” (FREIRE, 1979, p. 73). Freire ainda critica o método tradicional de ensino: O educador faz “depósitos” de conteúdos que devem ser arquivados pelos educandos. Desta maneira a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. O educador será tanto melhor educador quanto mais conseguir “depositar” nos educandos. Os educandos, por sua vez, serão tanto melhores educados, quanto mais conseguirem arquivar os depósitos feitos. (FREIRE, 1983, p. 66) A metáfora do educador explica como o professor se posiciona perante o alunado: injetava informação. Os alunos deveriam ser capazes de repetir os elementos transmitidos. Não se estabelecia uma relação dialógica. Por oposição à educação “bancária”, a educação, segundo Freire (2005), é libertação. Esta educação libertadora sugere compreender os sujeitos do processo educativo como seres ativos, criativos, que possuem uma concepção de mundo, de si mesmos e da cultura. Portanto, para Freire o conhecimento tem de constituir uma função libertadora, na medida em que é instalado de forma dialógica e o aprendizado tem um sentido para o individuo, a partir da sua leitura do mundo, partindo do princípio de que a comunicação é a que transforma essencialmente os homens em sujeitos. Skinner, pesquisador americano, pioneiro da psicologia experimental, reformulou a teoria do behaviorismo, desenvolvida por John Watson1, que visou estudar cientificamente o homem e descrever comportamentos observáveis para explicar como se dá processo de aprendizagem. Para Watson, cada comportamento é sempre uma resposta a um estímulo especifico. Em sua tese, Skinner sugere algumas formas de controle para o processo de aprendizagem através de situações arranjadas com o intuito de possibilitar ou aumentar a ocorrência de uma resposta a ser aprendida-condicionada. O psicólogo realizou inúmeras experiências sobre comportamento 1 P sicó lo go a me r ic a no f u nd ad o r d a co rre nt e b e h a vio ri st a d e n tro d a P si co l o gi a .
  • 18. 18 animal, em laboratório, transferindo posteriormente suas pesquisas para a área da aprendizagem humana, através da analogia. Segundo o pesquisador, dadas as condições adequadas o individuo fomenta a aprendizagem, quando se obtém o chamado reforço positivo, ou seja, há um retorno. Concluiu que o aprendizado é constante, e que o homem atua e age sobre o mundo modificando- o, a partir da interação. Para Jean Piaget (1974, p.38), “o conhecimento procede a partir, não do sujeito, nem do objeto, mas da interação entre os dois”. A aprendizagem é sempre provocada por situações externas ao sujeito, supondo a atuação do individuo sobre o meio, mediante experiências. Segundo a perspectiva construtivista de Piaget, conhecer consiste em operar sobre o real e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo que se dá a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento. Ainda refletindo o tema em discussão neste capítulo, Lev Vygotsky (1989), é outro estudioso da área, chamado de interacionista, pois defende, assim como Piaget e Skinner, que o desenvolvimento da aprendizagem é estabelecido pela interação entre os sujeitos e o meio. De acordo com Vigotsky, é fundamental que o professor desperte a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades. A invenção e o uso de símbolos para representação de signos, facilitou a comunicação, permitiu ao homem selecionar, separar, conhecer, relatar e lembrar-se de situações e eventos. Para o estudioso, a interação do individuo com mundo é mediada por signos, de natureza simbólica, e por instrumentos, quando utiliza ferramentas para tarefas do cotidiano, uma ação concreta sobre o meio. Por isso, alega que o aprendizado é construído pela interação, a partir de experiências concretas e do conhecimento prévio individual. Na perspectiva da Psicologia Educacional, o aprender é um procedimento de descoberta: A aprendizagem é processo de descoberta das relações existentes entre os eventos (...) é um processo de organização das relações descobertas e não apenas a soma das partes (...) a pessoa que aprende responde à situação de acordo com sua interpretação e percepção dessa situação (CORIA-SABINI, 1986, p.2) As concepções de aprendizagem estão assentadas no Construtivismo, no qual processo de constituição e fomento de conhecimento se concebe a partir da interação do sujeito com o meio físico e social, de forma inacabada, ou seja, o sujeito está sempre aprendendo de modo constante e evolutivo.
  • 19. 19 Para Masetto (2000, p. 139-140) o conceito de aprender está ligado mais diretamente ao sujeito (que é o aprendiz) que, por suas ações, envolvendo ele próprio, os outros colegas e o professor, busca e adquire informações, dá significado ao conhecimento, produzem reflexões e conhecimentos próprios, pesquisa, dialoga, desenvolve competências pessoais e profissionais, atitudes éticas, política, muda comportamentos, transfere aprendizagens, integra conceitos teóricos com realidades práticas, relaciona e contextualiza experiências, dá sentido às diferentes práticas da vida cotidiana, desenvolve sua capacidade de considerar e olhar para os fatos e fenômenos sob diversos ângulos, compara posições e teorias, resolve problemas. Portanto, partindo dessas premissas, compete aos docentes definir as tarefas e colocar à disposição dos estudantes algumas sugestões de conteúdos, mas são os alunos que através de pesquisas e discussões constroem o seu conhecimento, com a contribuição do mediador, do instigador, que é justamente o professor. Partindo do pressuposto de que o processo de ensino- aprendizagem compreende a organização do ambiente educativo, a motivação dos participantes, a definição do plano de formação, o desenvolvimento das atividades e a avaliação do processo e do produto, o uso das TIC vem provocar inovações nos modos de ensinar e aprender, exigindo dos docentes uma adaptação para encarar o desafio de fomentar um aprendizado consistente, qualificado, usando tais recursos como suporte, neste cenário que se consolida cada vez mais no novo século. 2.2 A INSERÇÃO DAS TICS NO UNIVERSO EDUCACIONAL Em artigo publicado na revista TV Escola, intitulado “Educação: O que a televisão tem a ver com isso?”, Catarina Chagas relata e contextualiza o processo historico da inserção das Tecnologias da Informação e da Comunicação no ambiente escolar em escolas públicas no Brasil. Em sintese, descreve que a partir da década de 1970, em pleno regime militar, a indústria crescia de modo consistente e a produção de bens de consumo se expandia cada vez mais e aproveitando a expansão da economia, o governo investiu nas tecnologias da comunicação, com o intuito de propagar os ideais do poder vigente em campos estratégicos, como as escolas públicas. Televisores com vídeo cassete começaram a compor o quadro de recursos para a metodologia de ensino. No inicio dos anos 80 as escolas públicas brasileiras começam a utilizá-
  • 20. 20 lo de forma sutil, mas gradativa. Após a redemocratização, no início dos anos 90, as escolas recebem as inovadoras antenas parabólicas com televisores mais modernos. Desde 1996, o Ministério da Educação distribuiu kits (antena parabólica, TV e videocassete) para escolas públicas sintonizarem a programação educativa e em 2011 alcançaram 21 mil escolas, segundo o site do Ministério. O objetivo principal era utilizar a TV Escola como suporte de métodos e conteúdos para professores do ensino público. A emissora de iniciativa pública, fundada especialmente para a educação, transmite programas de debates, nos quais se discutem as novas possibilidades de ensino-aprendizagem, e, sobretudo veicula documentário e reportagens das diferentes disciplinas, sugerindo planejamentos de aula e interferindo na metodologia, inclusive repassando toda grade de programação para as escolas. (CHAGAS, Catarina. Revista TV Escola, abril de 2010, p. 32-33). Com o advento da informática, houve uma mudança no modo de processamento de informação e disseminação de conhecimento. Assim a pioneira TV Escola tornou-se menos utilizada. Para o pedagogo Arnaud Soares de Lima Júnior, “o acesso às redes digitais de comunicação e informação é importante para o funcionamento e o desenvolvimento de qualquer instituição social, especialmente para a educação que lida diretamente com a formação humana” (1997, p.22). Partindo do pressuposto de que a educação lida com a formação intelectual e social do individuo, na sociedade globalizada e capitalista, o acesso a essas tecnologias é fundamental para a inclusão digital, sobretudo considerando as exigências de mercado. Para Manuel Castells (1999) o modo de aplicação dos recursos caracteriza a revolução da tecnologia: O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de conhecimento e de diapositivos de processamento - comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativa entre a inovação e seu uso. (CASTELLS, 1999. p.50) O argumento de Castells busca evidenciar as mudanças que as tecnologias provocaram de modo geral na sociedade, enfatizando a questão da construção de conhecimento através do acentuado processo de disseminação da informação, mediante o uso dos meios avançados. A partir deste pressuposto, supõe-se que a escola enquanto espaço de propagação do saber e geração de conhecimento, tende a acompanhar estas tecnologias, para apropriá-las ao processo
  • 21. 21 de ensino-aprendizagem, sem desmerecer, nem subestimar o mais importante na correlação de ensinar/aprender: a função do professor e participação do aluno. Segundo Maria Luiza Belloni “modelos pedagógicos foram quebrados, tornando-se desatualizados frente aos novos meios de armazenamento e difusão da informação”. (BELLONI, 2005, p 17). A inserção das TIC nas escolas representa desse modo, uma possibilidade de reduzir as desigualdades de acesso, pois alunos de baixa renda passam a ter contato com os equipamentos, com o computador, por exemplo, que fora do ambiente escolar não têm. Assim, a priori, a inclusão digital é um aspecto relevante, enquanto resultado imediato desse processo. Dessa potencialidade do virtual a educação passa a contar com uma poderosa aliada no processo de ensino aprendizagem: as tecnologias digitais que, se bem aplicadas, pedagogicamente falando, além de romperem as barreiras de espaço e tempo como é o caso da EaD. Segundo pesquisa do grupo CIVITA, divulgada no site da Revista Escola 2, realizada em 400 escolas públicas do Brasil, a quantidade de aparatos existentes implica no número de acesso às mídias digitais pelos alunos. As escolas pesquisadas usam variadas tecnologias para fins pedagógicos e administrativos. De caráter mais quantitativo do que qualitativo, não aponta dados relevantes quanto ao ensino e aprendizagem, pois se trata de uma pesquisa objetiva, o infográfico mostra que as escolas estão cada vez mais equipadas. Portanto, não esboça um diagnostico das práticas pedagógicas com os recursos. A Revista Escola divulgou na sua edição 223, de junho de 2009, uma pesquisa que traça um panorama quantitativo em relação ao uso das tecnologias nas escolas públicas do Brasil. Em 400 escolas públicas pesquisadas verificou que a televisão, o DVD e o computador são nesta ordem, os equipamentos mais utilizados como suportes metodológicos. De forma objetiva, o estudo aponta que a quantidade de aparatos nas escolas influencia na maneira da utilização: onde existem mais de 20 computadores, verificou-se a realização de tarefas diversas e mais complicadas. Abaixo deste número, elaboram-se tarefas mais simples. Onde há menos de 15 maquinas disponíveis, são utilizadas basicamente para funções administrativas. A pesquisa também cita, de forma superficial, a questão do acesso à internet em escolas públicas, a partir da instalação da chamada banda larga. Segue abaixo, o gráfico descrito e divulgado na citada edição da revista. 2 www.revistaescola.abril.com.br
  • 22. 22 Gráfico: Pesquisa “O mapa da tecnologia” Fonte: www.revistaescola.abril.com.br - Edição 223 | Junho 2009 Deste modo, entende-se que o gráfico da pesquisa expressa uma realidade que se constata na maioria das escolas públicas do país. Mas há um contraste em relação as escolas do Território em pesquisa, pois ainda não é oferecida na região, a internet em banda larga para os laboratórios das unidades escolares. Vale ressaltar que a pesquisa apresentada é essencialmente quantitativa, por isso não esboça um panorama quanto à maneira pela qual as ferramentas têm sido utilizadas no processo de ensino-aprendizagem.
  • 23. 23 A fim de aproveitar os recursos existentes, as experiências que estão sendo desenvolvidas caminham nessa direção, de fomentar metodologias adequadas, adaptadas ao contexto das TIC. Através da integração das tecnologias de informação e comunicação ao cotidiano escolar, de modo criativo, competente, planejado, consistente, o docente atua como instigador, adaptando-se ao contexto, para fomentar um aprendizado qualificado, reconhecendo os limites e as possibilidades do uso dos aparatos informatizados. Isso poderá permitir ao aluno explorar novas linguagens, vivenciando experiências importantes para desenvolver tarefas do cotidiano, segundo os paradigmas exigidos pela sociedade da informação, cada vez mais globalizada, digitalizada. A integração de novas tecnologias nas escolas precisa, reafirmando, enfatizar a importância do contexto sócio-histórico-cultural em que os alunos vivem, bem como os aspectos afetivos que suas linguagens representam. A tecnologia posta à disposição dos estudantes tem por objetivo desenvolver as possibilidades individuais, tanto cognitivas como estéticas, através das múltiplas utilizações que o docente pode realizar nos espaços de interação grupal. Se nas aulas resolvemos problemas autênticos e não de “brinquedo” isto é, se propomos problemas reais para gerar processos de construção do conhecimento, somos conscientes de que utilizamos as tecnologias que foram transformando as mentes dos estudantes ao longo de sua vida (LITWIN, 1997, p. 10). O desafio então da atual geração de professores é como utilizar essas ferramentas no universo escolar e instigar a construção do conhecimento, considerando a multiplicidades de saberes intrínsecos ao sujeito. É importante ressaltar que a ligação inevitável das TIC com a Educação deve ser compreendida e abarcada por disciplinas múltiplas, na busca de construção de conhecimentos diversificados, e não menos relevante, para a formação pessoal e intelectual do individuo. Estamos diante de uma bela demonstração de que a modernização da educação é séria demais para ser tratada somente por técnicos. É um caminho interdisciplinar e a aliança da tecnologia com o humanismo é indispensável para criar uma real transformação. (...) Em síntese, só terá sentido a incorporação de tecnologia na educação como na escola, se forem mantidos os princípios universais que regem a busca do processo de humanização, característico caminho feito pelo homem até então (RENATO, 1997, p.05). Deste modo, o uso das TIC como ferramentas de mediação pedagógica, abarca um dinamismo, inovação e poder de comunicação até agora pouco utilizados. Porém, essas são suposições de um cenário pouco notório. A educação pública ainda demanda conceber e
  • 24. 24 vislumbrar essa realidade. O professor pode assim estar mais próximo dos alunos, receberem mensagens via e-mail com dúvidas, passar informações complementares para os alunos, adaptar a aula para o ritmo de cada um. Portanto, entende-se que o compromisso do professor é com o desenvolvimento humano para a vida em área profissional e social, portanto sua mediação deve explorar os recursos presentes nessa realidade para que o indivíduo saiba utilizá-los de maneira consciente, ética, crítica e progressiva a fim de exercer efetiva participação em seu meio. Por isso é importante buscar um método que não comprometa o aprendizado, e para não deixar o aluno se acomodar no uso destes meios ao ponto de inibir o desenvolvimento de habilidades. Compete aos docentes perceber os limites das TIC, incrementando-as conforme as competências individuais e coletivas dos alunos. Para tanto é primordial a ação do Estado na medida em que precisa oferecer suporte técnico para as escolas públicas. 2.2.1 O papel do Estado. No âmbito das escolas publicas dos municípios de Conceição do Coité e São Domingos, o impacto proporcionado pelos investimentos estaduais na “modernização da educação” trouxe uma nova perspectiva ao processo de ensino e de aprendizagem. Para as escolas, este incremento nas tecnologias informáticas vem permitindo a busca e acesso rápido à informação, além de servir como um meio de representação do conhecimento. Contudo, talvez uma perspectiva muito otimista a respeito da incorporação da TIC nas escolas públicas, deixou de considerar as dificuldades suscitadas neste processo de implementação, que dizem respeito às condições estruturais da escola e à formação docente, o que exige investimentos significativos e transformações profundas e radicais em espaços físicos escolar; formação de professores; pesquisa voltada para metodologias de ensino; modos de seleção, aquisição e acessibilidade de equipamentos; materiais didáticos e pedagógicos, além de muita criatividade. Netto (1987) pressupõe que a utilização generalizada da tecnologia nas escolas dependerá do treinamento dos professores, tanto no uso como na produção de bons materiais curriculares. Como forma de intervir no processo de melhoria da qualidade da educação, as políticas de Informática Educativa foram inseridas a partir de 1997 nas escolas públicas da Bahia. (BRASIL, 2007, p.39) Em atendimento a estas políticas, diversos cursos têm sido oferecidos, em âmbito
  • 25. 25 estadual ou mesmo federal, aos professores da rede pública. As capacitações e qualificações em serviço em cursos de formação continuada têm sido implementadas visando promover a preparação destes profissionais para atuar com os ambientes tecnológicos de aprendizagem. Um exemplo é o Programa Mídias na Educação, desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distancia do Ministério da Educação, com o objetivo de proporcionar formação a distancia, com estrutura modular, voltada a professores da educação básica, para o uso pedagógico das diferentes tecnologias da informação e da comunicação. A Secretária de Educação da Bahia oferece, em parceria com Instituto Anísio Teixeira (IAT), curso de preparação para uso das TIC. Apesar disso, muitos professores não participam, principalmente pela localização centralizada dos pólos das DIREC. Com vistas à inserção dos recursos tecnológicos propiciados pelas TIC na escola, mostrou-se relevante no campo educacional, acentuando os desafios da geração atual de professores e dos gestores da educação. Compreender as diferentes formas de representação e comunicação propiciadas pelas tecnologias disponíveis na escola bem como criar dinâmicas que permitam estabelecer o diálogo entre as formas de linguagem das mídias são desafios para a educação atual que requerem o desenvolvimento de programas de formação continuada de professores (BRASIL, 2007, p. 40). É considerável a responsabilidade dos sistemas educativos em relação ao desafio de formar os educadores para o fomento de disciplinas que são as ciências da informação e comunicação. O Estado vem promovendo ações de formação e treinamentos para docentes, mas com deficiências notáveis, como aparatos defeituosos e sem a preparação eficiente. A Secretaria de Educação do Estado distribuiu às unidades escolares as TVs PEN DRIVES. Trata-se de um monitor adaptado com entrada de USB e cartão de memória. Com a possibilidade de passar vídeos, slides, fotos, as apresentações de seminários, aulas podem ou não se tornar mais dinâmicas e interessantes, tanto para alunos quanto para professores. Mas os professores têm reclamado dos freqüentes defeitos destes aparelhos, fato que os obriga a recorrer a outras ferramentas, ou ao método tradicional. Além disso, em alguns casos os equipamentos ficam trancados, longe do manuseio de alunos e professores. Para que a disseminação das tecnologias nas escolas públicas brasileiras aconteça efetivamente, o Governo Federal vem distribuindo computadores para algumas escolas através do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo). Os Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE), ligados ao Instituto Anisio Teixeira, prevê a formação dos professores para
  • 26. 26 a utilização das TIC nas escolas. Ações conjuntas dos governos Federal e Estadual, através de programas como o PROINFO, têm implantado nas escolas da rede pública salas de informática com acesso à internet. Entre as tecnologias da comunicação, o computador aparece com ênfase, pois permite a realização de tarefas interdisciplinares. É sem dúvida uma ferramenta muito importante, indispensável na metodologia pedagógica contemporânea e no processo do ensino- aprendizagem, neste novo século. Silva (2010), em recente pesquisa, abordou as implicações do uso das tecnologias da informação e comunicação para a aprendizagem de alunos do ensino médio de uma escola da rede pública estadual de Salvador. O estudo apontou que a maioria dos docentes entrevistados já havia participado de cursos para uso pedagógico do computador e da internet. Por outro lado, também a maioria deles informou não fazer uso destes recursos na escola, devido à falta de condições estruturais do laboratório de informática (equipamentos com defeitos, falta de conexão a internet, entre outras questões) ou mesmo por sentirem ainda grandes dificuldades para a utilização principalmente do computador e seus softwares. A aquisição de ferramentas pelas escolas como computadores, DVDs, rádios, televisores, maquinas fotográficas, projetores, não significa, a priori, que as instituições estão desenvolvendo a aprendizagem adequada aos meios. Os programas têm sido importantes, mas não basta montar salas com computadores modernos e com acesso a internet sem professores capacitados para esta utilização. Evidentemente, a simples introdução de um suporte tecnológico não significa inovação educacional. Esta só ocorrerá quando houver transformação nas metodologias de ensino e nas próprias finalidades de educação. (BELLON, I 2005, p.89) A apropriação das TIC por parte dos professores deve estar apoiada em um material que instigue e o ajude a apropriar-se das mesmas. Mas esta apropriação não é passível de uma simples leitura; para que os professores realmente assimilem esta forma de produção de conhecimento. Atrelada a esta concepção de mudança do paradigma está a compreensão de que o papel do profissional de educação na atualidade é o de estimular os alunos a aprenderem a buscar e selecionar as fontes de informações disponíveis para a construção do conhecimento, analisando-as e reelaborando-as (PIMENTEL, 2007, p.37)
  • 27. 27 No entanto é importante ratificar que o foco recai, em especial, na constatação de que muitos dos profissionais que hoje atuam na docência, em escolas públicas de educação básica, não foram preparados para os constantes avanços tecnológicos que se vivencia nos tempos atuais. 2.2.2 Contexto regional no campo da Educação. Esta pesquisa se desenvolve, tendo como objeto empírico de investigação o Território do Sisal da Bahia, especificamente através dos municípios de Conceição do Coité e São Domingos, semi-árido do estado. O município de Conceição do Coité está localizado na zona fisiológica do nordeste, na Microrregião de Serrinha e Mesorregião Nordeste Baiano. Situado a 240 km da capital baiana, tem uma população estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010, de 62.042 habitantes. Limita-se em Serrinha (ao sul), Retirolândia (ao norte), Araci (ao leste). Riachão do Jacuipe (ao oeste), Ichu (ao sudeste), e Santa Luz (a noroeste). No setor educacional o município conta com escolas de 1º e 2º graus, públicas e particulares, além da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e faculdades particulares (FTC, UNOPAR). A rede estadual de ensino é coordenada por Diretorias Regionais de Educação (DIREC), estando às escolas de Coité sob gerência da DIREC 12, com sede em Serrinha. Os parâmetros curriculares, as logísticas de direção e os projetos pedagógicos seguem o padrão das escolas do Estado da Bahia. O município obteve a nota 3.2 do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do ano de 2009 nas escolas da rede municipal no ensino fundamental, da 1ª a 4ª séries, tendo ultrapassado a meta de 3.0. Nos ensinos da 5ª a 8ª séries, pertencentes à rede estadual, o município alcançou o índice de 2.9, enquanto que a meta era de 3.1. Já São Domingos, também localizado no nordeste Baiano, na região sisaleira, na microrregião de Serrinha. Está situado próximo de Valente, Conceição do Coité, Retirolândia, Gavião, Nova Fátima, Riachão do Jacuípe, Santa luz, e distante da capital em 234 km. Segundo o IBGE, em 2010 o município teve uma população estimada em 9.195 habitantes. O município
  • 28. 28 superou mais uma vez as metas estabelecidas pelo Ministério da Educação relativas ao IDEB, calculado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), através de critérios que levam em conta a aprovação, reprovação, evasão escolar e desempenho dos alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental na Prova Brasil. Em São Domingos não há curso de ensino superior. O índice atingido pelo sistema municipal de ensino nas séries iniciais - 1ª a 4ª série - passou de 3,9 em 2007 para 4,3 em 2009, superando a meta de 3,4 estabelecida pelo MEC e também a média da Bahia. No entanto, foi nas séries finais do ensino fundamental - 5ª a 8ª série – que o município conquistou o maior avanço, passando de 3,4 para 4,4, superando a meta e as médias estadual e nacional, o que fez São Domingos se destacar na 3ª posição entre os melhores sistemas de educação municipal do estado da Bahia. As escolas do Território têm sido equipadas com aparatos tecnológicos tais como, TV pen drive, aparelhos de DVD, retroprojetor, computador, câmara digital fotográfica, data show, entre outros equipamentos tecnológicos. Porém, especificamente em escolas dos dois municípios analisados, há um déficit no que tange a preparação técnica dos docentes para o uso das TIC na sala de aula. O problema consiste nas condições materiais e técnicas, além da falta de preparo dos professores para esta tarefa. A DIREC 12 oferece em parceria com o IAT, cursos de treinamentos para uso das TIC. Mas pelo fato do difícil acesso e a localização centralizada das DIREC, onde acontecem esses treinamentos os docentes estão poucos se preparando para este novo cenário com a isenção das TIC. Apesar da falta de preparação dos docentes, percebe-se que cada vez mais as tecnologias têm sido usadas para fins pedagógicos nestas escolas. Ainda não há pesquisas concretas a cerca dos efeitos das TIC no ensino aprendizagem nessa região, mas de forma geral, nota-se que há certa motivação por parte dos alunos e dos professores em aprender. Considerando que o aprendizado se dá forma dialógica, partindo da premissa freiriana, as TIC têm sido primordiais neste processo, uma vez que estabelecem uma relação interativa entre educador e educando, essencial no ensino-aprendizagem, sendo explorada como suporte nesse processo. Para centralizar a pesquisa, três escolas dos citados municípios foram selecionadas. 2.2.2.1 Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido
  • 29. 29 O Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido (CEEPS3) está localizado em São Domingos, pequena cidade do interior da Bahia a cerca de 240 km de Salvador. Trata-se de uma unidade escolar de Porte Especial, pois é o único colégio da região do Sisal que possui o ensino técnico, profissional direcionado a alunos do segundo grau. Segundo o diretor do CEEPS, Crispim Silva, a implantação da unidade no município de São Domingos busca articular a educação profissional de forma inovadora com a educação básica, proposta esta de uma educação atual integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduzindo a um processo permanente do desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva na perspectiva do exercício pleno da cidadania. O público atendido pelo Centro Estadual de Educação Profissional faz parte dos Territórios de Identidade do Sisal e da Bacia do Jacuipe, sendo nove municípios contemplados: São Domingos, Valente, Retirolândia, Conceição do Coité, Santaluz, Gavião, Barreiros (distrito de Riachão do Jacuípe) e Nova Fátima. Uma boa parcela dos alunos é oriunda da zona rural. A faixa etária vai dos quinze aos vinte e cinco anos, totalizando 410 alunos, distribuídos nos três turnos. O motivo da escolha do CEEPS para integrar esta pesquisa se deve ao fato de o mesmo contribuir com o desenvolvimento social, econômico e ambiental, bem como, a interação da educação profissional com o mundo do trabalho e o incentivo à inovação e desenvolvimento científico- tecnológico de uma das regiões mais carentes do país, a região do semiárido. Além disso, o CEEPS organiza seus cursos em torno de eixos de formação, sendo um deles o eixo “Comunicação e Informação”, que contempla, dentre outros, o curso de Técnico em Informática. No Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido, diretores, coordenação, professores e alunos compartilham a busca de alternativas para enfrentar os problemas e tornar viável a integração das TIC aos espaços da escola. Para o uso das tecnologias pelos alunos, o CEEPS conta com vinte e cinco professores, um diretor, dois vice-diretores e três outros funcionários que fazem parte da coordenação. 3 O CEEPS foi instituído no âmbito do Sistema Público Estadual de Ensino pelo Decreto nº 11.355 de 04 de dezembro de 2008 e Portaria de Criação 8.677/09 - Diário Oficial de 17 de Abril de 2009.
  • 30. 30 Na parte Administrativa o CEEPS conta com oito computadores sendo sete com internet, no laboratório de informática são vinte e duas maquinas todas com internet, espaço esse que acaba sendo o mais utilizado pelos alunos. O Centro Estadual também possui em seu aparato de equipamentos que fazem parte das TIC recursos educacionais como: dois aparelhos de TV, três aparelhos de som (micro sistem), duas caixas amplificadas de som com microfone, um retroprojetor, um notebook, duas câmeras fotográficas, uma câmera filmadora, cinco aparelho de DVD e sete TVs pendrive que são fixas nas salas de aulas. É importante salientar que, segundo o diretor do colégio, desde que esses equipamentos chegaram ao CEEPS, em 2009, nunca passaram por manutenção e alguns se encontram com defeito e em péssimo estado de conservação. Quanto à preparação dos docentes em relação ao uso das TIC, alguns professores foram capacitados pelo Programa Mídias na Educação, oferecido pela SEC – BA. 2.2.2.2. Colégio Estadual João Carneiro O colégio Estadual João Carneiro, situado no povoado de Vila Carneiro, município de Conceição do Coité – BA é uma unidade de médio porte e está bem equipada com recursos tecnológicos. Pelo fato de um dos autores desta pesquisa conhecer a realidade desta unidade, uma vez que estudou todo o ensino fundamental e atualmente trabalha na função de auxiliar de secretario. Fundado em 1987, no Colégio há três modalidades de ensino: Fundamental, Médio e Ensino de Jovens e Adultos. Há um total de 143 alunos, divididos nos turnos vespertino (65) e noturno (76). Doze professores lecionam nesta Unidade. Desde 2009 a Escola começou a se equipar com ferramentas tecnologias, como a implantação do laboratório de informática através do Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão - GESAC - um programa de inclusão digital do Governo Federal, coordenado pelo Ministério das Comunicações – através do Departamento de Serviços de Inclusão Digital, que atende a população com baixo índice de IDH, e onde não internet banda larga. Também adquiriu um retroprojetor digital (data show), em cada sala há uma Tv com entrada para pendrive, há DVD e TV para passar filmes, câmara digital fotográfica, caixa de som amplificada. Os professores não são treinados para lidar com as TICs, apesar de
  • 31. 31 haver curso para tal finalidade na cidade de Serrinha, oferecido pela DIREC, através do NTE – (Núcleo de Tecnologia) em parceria com o IAT (Instituto Anisio Teixeira) Os equipamentos recebem manutenção quando necessário e, segundo a direção da escola, apresentam bom estado de conservação. Na grade curricular há a disciplina Ciência e Tecnologia, que aborda conteúdo inerente as tecnologias, inclusive as da informação e da comunicação. 2.2.2.3 Colégio Estadual José ferreira Fundado em 1983, o Colégio Estadual José Ferreira está situado na rua Felipe dos Santos, em Salgadália, Conceição do Coité - BA. Nesta Unidade são oferecidos os ensinos Fundamental, Médio e Ensino de Jovens Adultos. Há um total de 295 alunos, na faixa etária de 10 a 65 anos. São 26 professores que lecionam neste Colégio, que desde 2008 começou a se equipar com as TIC, com a implantação de laboratório de informática. O motivo da escolha é pelo fato do Colégio ter oferecido, até ano de 2010, o curso de Magistério, formação de professores, e também por se encontrar equipado. No Colégio há os seguintes equipamentos: DVD, TV, TVs pen drive, câmara digital, retroprojetor e datashow, utilizados com freqüência pelos professores e alunos de forma complementar as tarefas das disciplinas. Conforme apuramos na visita prévia os docentes não recebem treinamento para uso e aplicação dos meios nas salas de aula. Com auxilio do professor de Informática, os professores planejam suas aulas com antecedência para aplicar os ferramentais nas metodologias. Os equipamentos recebem regularmente a manutenção técnica, contratado pela SEC. Tal como as Unidades Estaduais, há a disciplina Ciência e Tecnologia, cuja demanda conteúdos de uso das TIC.
  • 32. 32 3. VÍDEO DOCUMENTÁRIO: Conceito, Linguagem, Técnica. Está pesquisa de TCC é idealizada através de um produto audiovisual: um documentário, pois na condição de estudantes de Comunicação, é interessante para aprimorar os conhecimentos práticos sobre vídeo, para retratar, mesmo que seja um resumo de uma dada realidade, o contexto das escolas públicas do semiárido baiano no que diz respeito a inserção da TIC para fins pedagógicos.Por isso, este capitulo trata de vídeo e aborda as conceituações teóricas acerca de documentário, considerando fatores relevantes que envolvem a produção audiovisual, tais como conceitos, estilos, linguagem, técnica e a implicância sócio-cultural. Para tanto é interessante e necessário abordar a partir de referenciais acerca do vídeo para embasar a discussão proposta no decorrer deste capitulo. Em seguida recorrer a autores que enaltecem o potencial de vídeo documentário, apresentando estilos e técnicas de produção que constituem a linguagem audiovisual. 3.1. CONCEITOS O surgimento do termo documentário está creditado ao escocês John Grierson4 pioneiro no estudo do documentarismo e criador da escola britânica de documentários, conhecida como a primeira no mundo a se dedicar ao estudo do assunto. Robert Flaherty, precursor do documentário, com o filme longa metragem “Nanook, o esquimó” em 1922, priorizava a exploração de temas antropológicos nas suas históricas produções, um modo de produzir que se convencionou como Cinema Direto. Mas Grierson não acreditava na abordagem “exótica”, etnográfica e propôs a aproximação com o mundo que está à sua volta, em meio aos problemas econômicos e sociais, inaugurando assim a corrente chamada Cinema Verdade. Embora os diretores, produtores e cineastas, notavelmente, venham buscando desde as primeiras produções do documentarismo “retratar” a realidade por meio da representação, não 4 John Grierson é considerado um dos principais nomes da história dos primórdios do documentário. Foi o fundador da escola inglesa de documentário, na época em que trabalhou no Empire Marketing Board, agência governamental. Tal escola foi responsável pela afirmação institucional do gênero ao lançar as bases para o que hoje se denomina documentário clássico.
  • 33. 33 chegaram a uma concepção para o termo documentário. Por isso, estudiosos são unânimes ao afirmar que não há um conceito fechado. Uma produção de vídeo documentário contextualiza uma dada realidade através da representação, e não de uma reprodução da mesma. Representa uma visão de mundo, segundo a perspectiva do realizador. O documentário busca, como o nome sugere documentar ou representar o mundo histórico sob uma perspectiva conveniente e/ou uma proposta artística, baseada nas convicções políticas acerca de um determinado tema, e nos contextos culturais e sociais dos sujeitos. Para Sheila Curran Bernard (2008), O documentário é um discurso de auto-expressão, como romances, canções ou pinturas, podendo ser criado em diferentes formatos. Quando bem formulado, é um instrumento que, de certa forma, compensa o descompasso entre culturas ou expõe realidades desconhecidas. E, apesar de muitas vezes promover entretenimento, o conteúdo deve possuir um caráter inspirador, motivador e educacional (BERNARD, 2008, p.153). O avanço tecnológico implicou em inovações técnicas no vídeo, e interferiu na maneira de se produzir, logo nas concepções. Embora essas tecnologias sejam influentes em tais mudanças, é relevante ponderar, na medida em que os aspectos históricos, políticos, sociais e culturais modelam os estilos, as linguagens e as abordagens dos documentários contemporâneos. Os diferentes conceitos inerentes se modificaram e se adaptaram conforme tais transformações. Assim uma definição apenas não abarca os filmes considerados documentários. Segundo Ramos (2008, p.21), “o conceito de documentário confunde-se com a forma estilística da narrativa documentária em seu modo clássico, provocando confusão”. Isso ocorre devido à generalização. O modo clássico pode ser resumido nas seguintes características estruturais: fusão de música e ruídos, montagem rítmica e narração em voz off, a chamada “voz de Deus”. Sua função era, a priori, educativa e social, com objetivo de formar a opinião pública. As produções contemporâneas incrementaram novos estilos, diferentes linguagens e narrativas, na medida em que os aparatos técnicos mais modernos implicaram em tais avanços, da mesma maneira que os aspectos econômicos, políticos e sócio-culturais. Partindo de suas formulações conceituais, Bill Nichols classificou os documentários em seis categorias: poético, expositivo, observativo, participativo, reflexivo e performático. O autor adota o critério do “estilo” para diferenciar os tipos de documentários: “como toda voz que fala,
  • 34. 34 a voz fílmica tem um estilo ou „natureza‟ própria, que funciona como uma assinatura ou impressão digital” NICHOLS (2005, p. 135) Segundo Nichols, cada cineasta tem uma peculiaridade ao produzir um filme. Sendo assim, classifica os documentários baseado na idéia de que a maneira pela qual o realizador constrói a narrativa e constitui a voz fílmica apresenta certas distinções, gerando diferenciações em relação aos demais modos. Mas pondera que há uma predominância de um modo, numa composição que agrega diferentes estilos, já que “nem todos os documentários exibem um conjunto de características comuns (...). Abordagens alternativas são constantemente tentadas e, em seguida, adotadas por outros cineastas”, NICHOLS (2005, p.48) A classificação é explicada dessa forma: o documentário poético reúne fragmentos do mundo de modo poético e teve evidencia nos anos 1920. Já o expositivo trata diretamente de questões do mundo histórico, tendo característica didática como marca. O tipo observativo, com ênfase nos anos 1960, evita o comentário e a encenação, observa os eventos. O modo participativo, por sua vez, entrevista os participantes ou interage com eles. Usa imagens de arquivo e pode ser invasivo demasiadamente. O reflexivo tem como característica marcante questionar as demais formas de produção audiovisual, com predomínio nos anos 1980. E finalmente, o performático, que enfatiza aspectos subjetivos de um discurso classicamente objetivo. Os documentários estão em constante modificação, através de experiências inovadoras, sejam adotadas ou não como paradigmas. Assim, entende-se que o vídeo estabelece ligações entre os assuntos retratados e o mundo em que os espectadores estão inseridos, através de uma conexão entre imagem e som, como afirma Ramos: Documentário é uma representação narrativa que estabelece inserções com imagens e sons, utilizando-se das formas habituais de linguagem falada ou escrita, ruídos ou musica. As imagens predominantes na narrativa documentária possuem a mediação da câmara, fazendo assim que as asserções faladas sejam flexionadas pelo peso do mundo. RAMOS (2008, p.23) Os recursos técnicos utilizados contribuem para a formação da narrativa, mas o discurso moldado pela historicidade dos sujeitos, pelos contextos sociais, culturais e políticos, é primordial para a mensagem que se pretende passar, mediados pela lente da câmara, que simula de forma alusiva (metáfora) a visão de mundo do realizador.
  • 35. 35 No documentário há o entrelaçamento de histórias. Como atesta Nichols (2005, p.93) “para cada documentário, há pelo menos três histórias que se entrelaçam: a do cineasta, a do filme e a do público”. O cineasta deixa sua marca pela proposta de arte, pelas convicções políticas, pela visão social, mediante o seu contexto cultural. Segundo o autor, NICHOLS (2005, p.72) “os documentários representam questões, aspectos, características e problemas encontrados no mundo histórico, pode-se dizer que falam desse mundo por meio de sons como de imagens”. Ou seja, constitui e apresenta uma questão discursiva. Assim, a construção do discurso se dá por uma “voz”, que transmite um ponto de vista, mostra um argumento, para tentar convencer, persuadir. O próprio filme é carregado de significados intrínsecos, mas complementados pelo receptor, que por sua vez, interpreta a mensagem, sabendo que vem de algum lugar e de alguém. Esta relação constitui a narrativa fílmica. Por isso o público tende a perceber a linguagem e o discurso através de um conhecimento antecipado. O autor explica: “cada expectador chega a novas experiências, como a de assistir a um filme, com pontos de vista e motivações baseadas em experiências prévias, NICHOLS (2005, p.26)”. Por isso o publico vai absorver o conteúdo conforme seu conhecimento, podendo se convencer ou não pela retórica, tecer críticas, questionar, analisar, compreender as metáforas e a alusões, adquirir novos conhecimentos. A complexidade de conceituação se reduz na medida em que se estabelece a interação discursiva entre as três histórias, pontuadas pelo autor, pois assim a explicação para documentário se torna mais compreensível. Cineastas, estudiosos, pesquisadores, estudantes têm diferentes concepções para formular um conceito, mas de certa forma, suas considerações se complementam. Portanto, com base nas premissas apontadas, mesmo considerando que não há um conceito convencional, nem apenas uma definição, em síntese, pode-se afirmar genericamente: documentário é uma representação parcial e subjetiva do mundo histórico, um fragmento temporal e espacial de uma realidade registrada pela câmera, partindo da perspectiva de quem o produz, considerando que o significado do vídeo será complementado tanto pelo próprio filme, quanto pelo receptor. 3.2. LINGUAGEM SOCIAL DO VÍDEO
  • 36. 36 Enquanto meio que representa o mundo histórico, o documentário é dotado, de forma acentuada, de uma linguagem social. A Escola Griersoniana defende a tese de que o documentário tem um potencial educacional sobre as “massas”, podendo contribuir para a discussão acerca de problemas econômicos, sociais ou políticos através da conscientização das pessoas a respeito de suas responsabilidades como cidadãos. Partindo desta afirmativa, subentende-se que o vídeo documentário pode possibilitar ao publico, (re) conhecer uma dada realidade, refletir sobre a mesma e adotar respaldo para uma discussão que interesse a coletividade, na medida em que carrega o potencial de expressar o contexto social, político e cultural da sociedade, mesmo sob um ponto vista socialmente construído, regado de ideologias e convicções políticas associado a uma estética fílmica. O sistema capitalista implicou mudanças importantes na sociedade pelo viés dos meios de comunicação de massa, incrementando novos princípios, ditando normas de consumo, interferindo nos costumes e nas relações sócio-econômicas. Sendo assim, faz-se necessário ressaltar, neste contexto, a relação entre arte, entretenimento e sociedade com a indústria cultural, termo primariamente utilizado pelo filósofo da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno5, para designar a sociedade onde tudo se torna negocio. As produções culturais, antes empregadas ao lazer, são exploradas para fins comerciais de forma sistemática. Para Adorno, o homem não passa de mero aparelho de trabalho e de consumo. Então o processo de individualismo gerado deste contexto, tornou o homem tão bem manipulado que até mesmo o seu lazer virou uma extensão do trabalho, segundo o pensador. A televisão e o cinema são historicamente instrumentos da indústria cultural. Desde o inicio do século XX, quando a produção cinematográfica começava a se expandir, cada vez mais apreciadas pela burguesia e depois pela plebe, os produtores perceberam a força de influencia do cinema. Durante a crise de 1929, os filmes de Hollywood já enalteciam a questão do patriotismo e a abordagem política, enfatizando as medidas do poder vigente para contornar a situação econômica adversa. Charles Chaplin, o ícone do cinema mudo e gênio da teledramaturgia criticou o capitalismo, a exploração da mão de obra, com o clássico “Tempos Modernos” (1936). 5 Foi um filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão. É um dos expoentes da chamada Escola de Frankfurt.
  • 37. 37 Porém, os alemães são pioneiros na utilização do cinema como um meio formador de opinião pública. Os nazistas disseminaram a ideologia (racista) ariana, apontando Hitler como um líder e herói, enquanto que judeus, negros, analfabetos eram os vilões da humanidade. O crescimento político do partido nazista deveu-se a intensa utilização do cinema. O ministro da Propaganda de Hitler, Goebbels, considerava o meio mais moderno de influenciar a população na época. Outros governos totalitários usaram o cinema para propaganda ideológica, como o fascismo e stalinismo. Nos anos 1970 e 1980, alguns filmes contestavam as ditaduras implantadas na América e na Europa, com uma narrativa politizada. No Brasil, na mesma época, além de censurar os filmes “subversivos”, o regime militar usou a linguagem televisiva para manter a “ordem vigente”, sob o lema de integração e segurança nacional, através de programas como o Telecurso, pautado numa pedagogia conservadora, pregando os valores da “moralidade civil”. Segundo Laurindo Leal Filho (1988, p.33) depois do golpe militar e da implantação de uma política de controle dos meios de comunicação, o governo autoritário articulava a apropriação da televisão para fins políticos: Se Vargas soube usar com eficiência o rádio e o cinema para subordinar as oligarquias regionais ao seu projeto, os generais de 64 vão montar uma sofisticada rede de telecomunicações capaz de servir como um dos principais sustentáculos para sua política autoritária e centralizada (FILHO 1988, p. 31 e 32) A popularização da televisão potencializou a influência do vídeo na sociedade consumista. Os costumes, os comportamentos, a escolha de determinadas marcas começaram a sofrer implicância da televisão. Segundo Arlindo Machado (2000), a televisão é um meio paradoxal, pois pode ser tanto perigoso quanto indispensável para a sociedade, tanto servir de meio de alienação quanto de educação nacional. Para o autor, o caráter coletivo da televisão poderia ser utilizado para o convite à mobilização e participação na sociedade em torno de um interesse comum e acrescenta que para haver qualidade nesse meio de comunicação de massa é preciso valorizar a produção de “programas e fluxos televisuais que valorizem as diferenças, as individualidades, as minorias, os excluídos, em vez de a integração nacional e o estímulo ao consumo '' (MACHADO, 2000, p.25). As produções audiovisuais, atualmente, são na maioria realizadas para abastecer o mercado cinematográfico. Mas, há exceções, como os vídeos institucionais ou aqueles usados
  • 38. 38 pelo Estado para propaganda política, embora mais discreta do que nas primeiras décadas do século XX, em épocas de guerra. Há também os vídeos com os propósitos educativos e culturais, nos quais se percebe o autêntico papel social do filme, seja televisivo ou de cinema. Mediante as novas possibilidades de reprodução e disseminação através de softwares de regravação, da internet (download) e dos dispositivos móveis (celular, smartphone, pen drive), conteúdos audiovisuais podem ser acessados com facilidade, sem custo direto, em detrimento à lógica mercadológica. Entretanto, o consumismo inevitavelmente se acentua, mediante a relação arte, entretenimento e sociedade capitalista. A linguagem e a narrativa do vídeo são constituídas com a contribuição de técnicas fundamentais na produção audiovisual. 3.3. TÉCNICAS – IMAGENS E SONS O registro, a organização e a relação entre o som e a imagem com o conteúdo são pontos fundamentais na produção de um documentário, pois a forma em que os mesmos são captados, organizados já deixa implícito o ponto de vista do autor, que dar-se inicio a partir da escolha do tema. Para uma boa produção faz-se necessário recorrer a procedimentos, recursos que irão nortear e contribuir com o vídeo. A imagem (enquadramentos, movimento de câmeras, angulação) e o som (trilha sonora, som ambiente, silêncio, etc.). 3.3.1. Imagens Desde os primórdios das civilizações, o homem usava a imagem como representação para se comunicar, através de pinturas nas pedras. Após muitos anos desenvolveu a prática de desenhar e pintar em tecidos e papéis. Bem mais recente, com a descoberta da fotografia surgiu uma nova forma de reproduzir figuras. Com a invenção e fomento da eletricidade surgiram equipamentos capazes de gravar e armazenar o som e as imagens em movimentos: a câmera filmadora. Assim inventou-se o vídeo. Para realização de uma produção audiovisual é necessário empregar algumas técnicas principais.
  • 39. 39 3.3.2. Enquadramento É a ação de enquadrar uma imagem, dando-lhe a dimensão exata de como ela será apresentada aos espectadores na tela. Determinar o enquadramento significa pensar sobre qual área vai aparecer na cena e qual o ponto de vista mais indicado para que a ação seja registrada. O enquadramento pode reforçar sentimentos e intenções da cena. O tamanho da figura humana dentro do quadro serve como referencial para a classificação dos planos em se tratando do tipo de enquadramento. Santos (1993, p. 24-27) classifica os planos cinematográficos em oito tipos, que vão desde planos que retratam o ambiente, ate os que valorizam a ações dos personagens. O plano geral (PG) abrange uma vasta e distante porção de espaço, como uma paisagem. Os personagens, quando presentes no PG, normalmente não são identificados na tela. O PG pode ser um conjunto de casas, uma cena geral e aberta das ruas de uma cidade, um grande campo para agricultura e outras cenas de iguais proporções. Este plano serve para contextualizar o local onde se passa a historia; O plano conjunto (PC) é um pouco mais fechado, pode mostrar um grupo de personagens, já reconhecíveis, e o ambiente em que se encontram. Assim como no Plano Geral, este plano serve para contextualizar o local onde ocorrerá todo o resto da cena, como também para mostrar quais personagens participam dela; Plano médio (PM) é um plano muito utilizado no jornalismo televisivo. O sujeito aparece da cintura para cima, o ambiente surge, mas não é o foco e caracteriza-se fundamentalmente pela ação da parte superior do corpo. É um intermédio entre a ação e a expressão. Um plano médio mais aberto pode ser considerado plano americano (PA) que é bastante utilizado no cinema e vídeo, pois enquadra o personagem dos joelhos para cima. Facilita a visualização da movimentação e reconhecimento dos personagens. Já o primeiro plano (PP) costuma enquadrar os personagens do busto para cima dando destaque ao semblante do sujeito, registrando a emoção, a fisionomia, dirigindo a atenção do espectador. O primeiríssimo plano (PPP) enquadra apenas o rosto, objetos ou qualquer outra parte do corpo, nele a ação não é percebida, mas o espectador percebe a emoção da personagem. Por fim o plano detalhe (PD) que enquadra e destaca partes do corpo (um olho, uma mão) ou objetos (um lápis sobre a mesa).
  • 40. 40 Apesar da importância, os planos não são rigorosamente fixados por padrões e medidas exatas. Permitem sim variações, que serão definidas pelo equilíbrio entre os elementos do quadro e pelo bom senso do cinegrafista, pois ele é o será o responsável da escolha do melhor enquadramento. 3.3.3. Movimento de câmera Diversas técnicas de filmagem são utilizadas e intercaladas em um filme. É dever de o diretor escolher quando e como as câmeras devem realizar movimentos. Os movimentos de câmera são ações executadas com uma câmera cinematográfica ou de vídeo através de trilhos, gruas e outros mecanismos para dar mais dinamicidade ao enquadramento de uma cena ou acompanhar uma ação de personagens de um filme ou vídeo. A câmera pode realizar todos os movimentos que se deseje, porem eles devem ter um motivo e uma intenção. Uma cena pode pedir ou não determinado movimento. O movimento pode unir, separar, revelar ou esconder algo. Pode também acelerar ou não uma cena. Santos (1993) afirma que só existem dois movimentos de câmera: O Travelling é o movimento físico da câmera que pode acompanhar o movimento da personagem ou de alguma coisa que se move à mesma velocidade, podendo ser para frente (in), para trás (out), para cima, para baixo, para os lados ou combinado. O outro tipo de movimento de câmera, chamado de Panorâmica ou Pan, é o movimento de câmera a partir de uma posição fixa. A pan possui a rotação da câmera em torno de seu eixo horizontal (para cima e para baixo) ou vertical (para um ou outro lado). Costuma ser empregado para mostrar o ambiente ou acompanhar o movimento de um personagem ou veículo. Os manuais de vídeo recomendam que a pan deva ser uniforme e ter a mesma velocidade do princípio ao fim. O início e o fim do movimento devem ser estudados antecipadamente definindo-se corretamente o enquadramento nas duas pontas. Santos (1993, p. 35) coloca ainda um movimento de objetiva chamado de Zoom. Nele a variação se dá pela angulação de visão da objetiva de um enquadramento mais aberto para um mais fechado (ZOOM IN) ou o contrário, de um enquadramento mais fechado para um mais aberto (ZOOM OUT).
  • 41. 41 3.3.4. Angulação Os ângulos de visão são determinados pela posição da câmera em relação ao assunto tratado. A depender da intencionalidade que se tem ao produzir um vídeo, a angulação da câmera pode influenciar para intensificar o conteúdo da cena. Santos (1993, p. 64) apresenta três ângulos diferentes: Câmera Normal é a posição mais comum em que se aponta a câmera para a cena numa superfície plana; Na Câmera Alta (Plongée) a objetiva enquadra as pessoas e os objetos de cima para baixo, a pessoa filmada parece abatida, comunicando aos espectadores uma sensação de esgotamento, como o acusado do crime, durante a mesma cena de julgamento. A Câmera Baixa (Contre - Plongée) é usada para valorizar o assunto enquadrado, a câmera enquadra de baixo para cima. Tomando como exemplo personagens de filmes, a câmera baixa atribui ao ator um ar de importância, um ar dominador. Caracteriza personagens prepotentes ou tirânicos, ou personagens que, num dado momento, estão em situação vantajosa em relação a outros, como o promotor de acusação durante uma cena de julgamento. É importante frisar que essas são convenções no universo do mundo audiovisual, o que não impede que tais angulações sejam utilizadas em sentido inverso ao apontado pelos manuais. Pois não existe uma imposição no que diz respeito à produção audiovisual tanto no enquadramento, nos movimentos de câmera e na angulação que são formas de construir um sentido ao vídeo a partir das imagens. 3.3.5. O Som no vídeo Desde o nascimento do cinema, pretendeu-se que o som sempre estivesse unido às imagens. Essa união só não existiu desde o início por conta de limitações técnicas. É importante frisar este argumento, uma vez que quando se diz que o chamado "período mudo" durou cerca de trinta anos, isso pode levar a crer que o advento do som não era desejado, quando, na verdade, se verifica o oposto; o que nos leva à questão: por que existiam essas limitações em relação à gravação e reprodução do som, enquanto a imagem já passava por esses processos de forma “satisfatória,” e ainda, por que o advento do cinema sonoro quando finalmente aconteceu,
  • 42. 42 cunhou um modo de unir os sons e as imagens que deu margem ao argumento de que o som seria um mero acompanhamento daquelas. Ou seja, como se forjou uma hierarquização entre os dois elementos, onde a imagem, na teoria e na análise dos filmes, seria o ator principal e o som o coadjuvante. Mas o que parecia ser apenas um complemento ou até mesmo um retrocesso na linguagem, já que pensava-se que ele poderia tirar a poética da construção da imagem, hoje tornou-se indispensável em uma boa produção. Desta forma com o decorrer dos tempos o som, não só passou a ser uma forma de se contar a história através de diálogos e narração como também passou a ser utilizado de modo cada vez mais interessante nos filmes. Leal (2006) afirma que a utilização, a manipulação do som em relação com a imagem começou a ser intensificada a partir da década de 60 e ganhou o nome de Sonoplastia por ser a manipulação de registros sonoros, criação de ambientes musicais, de paisagens sonoras e de efeitos sonoros. Não há como negar que a sonoplastia é uma parte essencial de qualquer produção audiovisual. O ritmo e a intensidade são muitas vezes aqueles que definem o tom das imagens que vemos, e sutilmente manipula os sentidos para gerar emoções fortes. O som por si só estimula a imaginar os recursos visuais em nossa mente, criando uma experiência única para cada ouvinte. Segundo definição do Dicionário da Língua Portuguesa Larousse Cultural (1992, p. 1048), sonoplastia é o estudo, seleção e aplicação de efeitos sonoros em rádio, teatro, cinema e televisão. Sendo assim, é a união de sons, sejam eles na forma de músicas ou sons ambientes, também chamados de ruídos. É importante trabalhar o som juntamente com a imagem, o que Salles (2002) chama de simbiose do som e da imagem, pois manifestações de naturezas diversas se complementam, gerando um significado único, resultante da interação de dois ou mais sistemas. Segundo o autor, a utilização sistemática nas artes, na comunicação e nos rituais da relação som-imagem é muito antiga e tem sido largamente explorada nos dias atuais. Na era da reprodutibilidade técnica, a máquina reproduz indefinidamente uma gravação e com a evolução tecnológica, foi permitido um sincronismo perfeito entre som e imagem. Mas sobre esse fato o autor comenta que gerou certo incômodo e diversos questionamentos acerca da relação do som e da imagem. Seria ela parasitária ou simbiótica? Vários estudos nasceram a partir daí e os profissionais de comunicação
  • 43. 43 tentam compreender ou responder a tais perguntas. Para muitos autores é possível estabelecer uma combinação harmônica para gerar uma confluência de sentidos. Beleboni (2004) contribui com a reflexão proposta acima ao relatar em seu artigo “A difícil relação entre imagem e som no audiovisual contemporâneo” que a sociedade contemporânea apresenta uma extensa gama de produtos audiovisuais, porém integra suas linguagens constituintes em diferentes níveis de resolução. Na era denominada da imagem, assistimos e escutamos a diferentes formas de relação entre som e imagem: em alguns casos há submissão dos sons à imagem, em outros o domínio do som e, em poucos o diálogo entre essas expressões. Jan Roberts-Breslin em seu livro Produção de imagem e som, fala: O som mediado é uma grande parte de nossa vida – sozinho ou combinado com imagens. A música, a voz e o som ambiente nos informam, nos entretêm e movem as nossas emoções. Independentemente da dominância visual de nossa cultura, a comunicação eficiente através do é uma poderosa ferramenta de mídia (ROBERTS-BRESLIN, 2009: 147). De modo abarcante, o que fica explícito em todas as áreas de estudos sobre sonoplastia (linguagem sonora) em vídeo é que faze-se necessário a harmonia entre esses dois ícones da comunicação o som e a imagem. 3.3.6. Roteiro Para Puccini (2009, p.16), “roteirizar significa recortar, selecionar e estruturar eventos dentro de uma ordem que necessariamente encontrará seu começo e seu fim”. O roteiro funciona como uma bussola que norteia as filmagens, o caminho que as cenas têm de seguir para chegar ao objetivo traçado. O autor também aponta de forma genérica como se processa o roteiro de documentário: O processo de seleção se inicia já na escolha do tema, desse pedaço de mundo a ser investigado e trabalhado na forma de um filme documentário. Continua com a definição dos personagens e das vozes que darão corpo a essa investigação. Inclui ainda a escolha de locações e cenários, a definição de cenas, seqüências, até chegar uma prévia elaboração dos planos de filmagem, dos enquadramentos, do trabalho de câmera e som, entre outros detalhes técnicos que podem contribuir para a qualidade do filme. (PUCCINI, 2009, p.16)
  • 44. 44 Baseado neste conceito, o roteiro do vídeo documentário “Escola Digital?” constitui-se em variadas temáticas que cercam o tema central, tais como: inserção das TIC no ambiente escolar; território; políticas publicas e práticas pedagógicas. Professores, alunos e gestores são os protagonistas e as vozes que discursarão no documentário. Os sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem das escolas públicas selecionadas exprimem suas opiniões sobre uma dada realidade que contempla a relação entre tecnologia e educação, a qual tende a se consolidar gradativamente no âmbito regional da presente pesquisa, embora com notáveis entraves, atrasos e desafios que permeiam o tema em discussão. O roteiro esboçado na pré-produção se formou definitivamente após as filmagens, pois nos possibilitou ajustar os depoimentos conforme nossa proposta, com material gravado.
  • 45. 45 4. ESCOLA DIGITAL? - Descrevendo as etapas de realização do vídeo. Esse capítulo evidencia as etapas de pré-produção, produção e pós-produção de toda a conjuntura de realização do Trabalho de Conclusão de Curso, como exigem as normas que regem as atividades acadêmicas. Trata-se da descrição da diferentes etapas das tarefas realizadas. 4.1. PRÉ-PRODUÇÃO A pré-produção é fundamental para o desenvolvimento do produto, pois é nesta fase de concepção de um projeto que se afirmam as questões de tipologia e finalidade. Aqui buscamos construir a base do projeto: leitura das referências, definição de modelo de vídeo, agendar visita nas escolas, conversa com professores e alunos sobre a proposta. Começamos a pensar no roteiro e formular um esboço da produção do documentário. Também, a produção textual do memorial, sob orientação da professora Kátia Morais, se iniciou nesta etapa. Fizemos reconhecimento de campo (reco), ou seja, visitas in loco nas escolas, para observar a viabilidade das gravações nesses locais, ver o que seria necessário de equipamento complementar, começamos a pesquisa sobre trilha, e fizemos um esboço do cronograma e do orçamento que seria fechado após a etapa de pós-produção do vídeo. Vale salientar que optamos por não realizar um roteiro durante a fase de pré-produção por entendermos que tal recurso poderia nos levar ao risco de um maior controle durante as gravações. E substituição ao roteiro, uma pesquisa aprofundada, acompanhada pelas visitas in loco, e um esboço de gravações, serviram para conduzir o trabalho durante as externas. O roteiro final foi desenvolvido após a gravação, servindo para direcionar a edição do vídeo. Considerando a classificação do documentário em gêneros, o produto da presente pesquisa, se enquadra no gênero expositivo, pois demanda argumentação, com objetividade. A montagem e a narrativa supostamente serão nos moldes desta categoria, partindo da conceituação: Os documentários expositivos dependem muito de uma lógica informativa transmitida verbalmente. (...) o cineasta expositivo muitas vezes tem mais liberdade na seleção e no arranjo de imagens do que o cineasta de ficção. O documentário expositivo facilita a generalização e a argumentação abrangente. (NICHOLS, 2005, p.143-144)
  • 46. 46 O modo expositivo valoriza a objetividade e enaltece mais o discurso do que as imagens. Bill Nichols (2005, p.143) ressalta que “os documentários expositivos dependem muito de uma lógica informativa transmitida verbalmente”. Outra característica marcante é a tradição da “voz de Deus”: uma narração explicativa em off, que busca construir credibilidade através da neutralidade. Nichols (2005, 144) explica “o comentário com voz over parece literalmente “acima” da disputa; ele tem a capacidade de julgar ações do mundo histórico sem se envolver nelas”. Apesar da voz-over caracterizar de forma marcante o modo expositivo, na nossa produção, não será utilizado o recurso da narração. Partindo do pressuposto de que num vídeo documentário há vários modos entrelaçados com predominância de um, a produção “Escola Digital” segue o padrão expositivo, mas com momentos do modo participativo e observativo. Pretende-se através desta produção audiovisual, propor a discussão sobre o uso das tecnologias da comunicação no ambiente educacioanal, mediante as demandas do ensino público, num momento em que a tarefa de fomentar um ensino-aprendizado qualificado torna-se um desafio, pois nota-se que a aprendizagem através dos aparatos tecnológicos, tem seus limites e suas vantagens. 4.1.1. Cronograma O cronograma é a disposição gráfica do tempo que será gasto para a realização do projeto, de acordo com as atividades a serem cumpridas. Serve para auxiliar no gerenciamento e controle da produção, permitindo de forma rápida a visualização de seu andamento. Segue abaixo o cronograma do projeto “Escola Digital?”: Tabela 1: Cronograma das Atividades 2010 2011 ATIVIDADES Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
  • 47. 47 Escolha do tema X X x Seleção e leitura das fontes X teóricas x Elaboração do pré-projeto x x Ajustes no projeto X X x Pesquisa exploratória X X x x Entrevistas prévias X X X x x x x x x Filmagens das entrevistas e X X X X X gravações x Decupagem e edição do vídeo X X X X X x x Elaboração do Memorial X X x x Entrega do produto X x Apresentação do TCC X x x Fonte: Elaborado pelos autores
  • 48. 48 4.1.2. Orçamento O orçamento é a ferramenta que equaciona as fontes de receita versus custos, despesas e investimentos. É, portanto, indispensável na tomada de decisões, pois antes de começar é necessário documentar as premissas que envolvem o orçamento, fazendo uma análise consciente do material que será produzido, listando suas variáveis controláveis e incontroláveis. No caso do vídeo documentário “Escola Digital?” os idealizadores custearam todas as despesas não cobertas pela estrutura oferecida pela Universidade, fazendo assim com que o produto acadêmico não ficasse dispendioso. Segue abaixo o orçamento do projeto “Escola Digital?”: Tabela 2: Orçamento Item Qtd Contagem Valor unitário Valor total Transporte 5 Durante a produção 10,00 50,00 Alimentação 10 Por refeição individual 7,00 70,00 Créditos Celulares 10 Cartão 12,00 120,00 DVD 20 Unidade 2,00 40,00 Capa para DVD 20 Unidade 1,00 20,00 Papel ofício A4 1 ½ pacote 7,25 7,25 Impressão do Memorial 3 Por folha 0,50 135,00 Combustível 20 Por litros 3,00 60,00 TOTAL 502,25 Fonte: Elaborado pelos autores 4.2. PRODUÇÃO Finalizada a etapa de pré-produção deu-se inicio a etapa de produção. A produção é caracterizada por ser a fase onde o produto audiovisual é executado. Serão percorridas as etapas até se obter o produto em “estado bruto”. Para a captação do material audiovisual necessário à realização do vídeo aqui descrito, fizemos entrevistas em datas previamente agendadas nas seguintes locações: Colégio João Carneiro, em Vila Carneiro, Conceição do Coité – BA, com as professores Jaqueline Carneiro, Valéria Carneiro e com estudantes Douglas Cerqueira, Evanilson Junior, José Caio Almeida e Bruna Pinheiro; no Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido, em São Domingos – BA, com o professor Tony Carvalho e alunos Valdenon Oliveira e Luiz Alberto Santos e no Colégio José Ferreira, em Salgadália, Conceição do Coité – BA, com