1) O documento discute as perspectivas econômicas mundiais e brasileiras diante da desaceleração global.
2) Há riscos de uma desaceleração mais acentuada na China e de uma ruptura financeira na Europa que poderiam levar a uma recessão global.
3) O Brasil deve enfrentar impactos de curto e longo prazo da desaceleração externa, mas políticas monetária e fiscal expansionistas podem amenizar os efeitos.
1. Perspectivas da Economia Mundial e
Brasileira
Ilan Goldfajn Economista-Chefe Itaú Unibanco e Sócio Itaú BBA
outubro, 2011
2. Resumo
► EUA /Europa: desaceleração na atividade ou evento de ruptura financeira?
► China: risco de hard landing?
► Cenário econômico básico: crescimento global menor que o esperado.
► Brasil:impactos de curto e longo prazo
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3. Europa: aprofundamento da crise…
CDS 5 anos
Portugal
Grécia
Irlanda
Itália
Espanha
Brasil
Fonte: Itaú e Bloomberg
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4. Crise da Europa
Situação atual
► Eurogroup irá propor novas medidas: se reúne no dia 23/10 e quer levar propostas na reunião do G20 no dia
03/11.
► Segundo declarações, proposta abordaria Grécia, bancos e eficiência do EFSF ( European Financial Stability
Fund).
► Contágio crescente da crise, intensificação da crise na Grécia.
Estratégia atual
► Reestruturação ordenada da dívida da Grécia, evitando contágio econômico e financeiro
► Grécia:
Aprovação do €8 bi referente do 1º bail-out.
Reformulação do 2º bail-out com maior haircut para o PSI.
► Recapitalização dos bancos:
Necessidade por banco determinada pela atualização do stress test da EBA .
Bancos tem entre 6-9 meses para se recapitalizar no mercado.
Se não conseguirem no mercado, os governos dos países poderiam prover recursos.
Se os governos dos países não tiverem recursos, o EFSF empresta para os governos que então fariam a
recapitalização (EFSF não fará recapitalização diretamente).
Recursos dos governos e empréstimos do EFSF teriam condicionalidades fortes.
► Aumento da eficiência do EFSF:
EFSF como segurador de investidores privados parece se uma opção com alguma chance de ser aceita .
O discurso é de aumento de eficiência o que pode envolver medidas de impacto bem menor do que qualquer
das medidas de alavancagem discutidas no mercado.
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5. De volta ao dólar?
Mercados , out 1, 2010 = 100 ( + = apreciação)
Brasil
México
Brasil
África do Sul
África do Sul
Fonte: Itaú e Bloomberg
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6. EUA:crescimento moderado
PIB Real EUA (variação em dois trimestres, com ajuste sazonal anualizada)
Fonte: Itaú e Bloomberg
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7. Queda nas projeções de crescimento do PIB global
Projeções EUA 2012 (PIB, anual %) Projeções Zona do Euro 2012 (PIB, anual %)
2.2
3.4
1.8
Consenso
3.0
1.4
Consenso
2.6 1.0
0.6
2.2
IBBA
0.2
1.8
IBBA -0.2
1.4 -0.6
mai11 jun11 jul11 ago11 set11
mai11 jun11 jul11 ago11 set11
Fonte: Haver, principais casas e Itaú
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8. China: risco de hard landing?
► Cenário básico não contempla um hard landing causado por fatores domésticos.
► Fatores de risco levantados:
1. desaceleração global;
2. possibilidade de desaceleração brusca no setor imobiliário;
3. restrição de crédito para pequenas e médias empresas (SMEs) e empresas do
setor imobiliário;
4. novas formas de financiamento e exposição dos bancos à dívida dos governos
locais.
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9. China:projeções de crescimento em linha com smooth landing
► Cenário: PIB 2011: 9.2%
PIB 2012: 7.9%
PIB, evolução trimestral Projeções crescimento do PIB em 2012, %
9.2
9.0
Consenso
8.8
8.6
8.4
8.2
IBBA
8.0
7.8
mai-11 jun-11 jul-11 ago-11 set-11
Fonte: CEIC, Itaú e reports de casas selecionadas.
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10. Riscos domésticos estão nos investimentos
► Investimentos tornaram-se ainda mais relevantes com o programa de estímulos após a crise de 2008,
passando de 41.7% do PIB em 2007 para 47.8% em 2010.
► Riscos domésticos geram incerteza quanto à intensidade da desaceleração dos investimentos.
Participação no PIB PIB (anual, demanda)
70%
60%
60% Consumo
50%
40%
Investimento
30%
20%
Exportações Líquidas
10%
0%
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
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11. China estava retirando estímulos
Desde o início de 2010, o governo vem retirando estímulos para desacelerar o crescimento:
► elevação de taxas de juros, depósitos compulsórios e imposição de quotas para empréstimos;
► medidas restritivas ao setor imobiliário;
► desaceleração nos investimentos em infra-estrutura.
Taxas de juro benchmark e compulsório Investimento fixo urbano nominal*
Taxa de compulsório bancos ( d) 60%
50%
Indústria e
outros serviços (46%)
40% Real
Estate (26%)
30%
20%
Taxa de juros de benchmark – 1 ano
10% Influenciado pelo
Governo** (28%)
0%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
* Peso no investimento total entre parênteses.
**Influenciado pelo governo (classificação Banco Mundial): transporte, energia,
Fonte: Bloomberg ,CEIC and Itaú educação, pesquisa, saúde e cultura.
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12. Qual o impacto da desaceleração global na China?
► Projetamos que o impacto da desaceleração global na atividade da China é
relativamente menor do que em 2008.
► No caso de recessão global (cenário pessimista), desaceleração será maior do que no
cenário básico, mas sem ruptura doméstica:
balanços das famílias e do governo central são saudáveis;
bons fundamentos externos.
► Exposição a choques externos é menor do que em 2008:
menor peso das exportações no PIB;
participação dos mercados desenvolvidos nas exportações recuou.
► Há espaço para estímulos monetários e fiscais.
► Entretanto, estímulos devem ser menos intensos do que em 2008, dado que os bancos
e o governo estão mais alavancados. Custos da expansão de crédito de 2008 já estão
sendo sentidos.
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12
13. Descrição dos cenários
Básico – desaceleração global
• Crescimento baixo nos EUA e recessão na Europa.
• Desaceleração na China.
• Commodities caem.
• Aversão ao risco em níveis elevados.
• Fluxos globais retraem.
Alternativo – ruptura na Europa
• Calote desorganizado em países periféricos.
• Crise bancária na Europa.
• Possível saída de um ou mais países da zona do Euro.
• Recessão global.
• Aversão ao risco domina: fuga para ativos de qualidade.
• Recuperação lenta (menos instrumentos fiscais e monetários).
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14. Cenário global de desaceleração
2011 2012
Básico Alternativo Básico Alternativo
Mundo
PIB Mundo % 3.7 3.2 3.0 -2.0
PIB EUA% 1.7 1.1 1.5 -2.7
PIB Zona do Euro % 1.5 1.0 -0.4 -6.6
PIB China % 9.2 8.9 7.9 5.8
PIB Japão % -0.8 -1.5 1.7 -6.2
Commodities USD % 28.5 18.0 -6.4 -22.0
LatAm (ex-Brasil)
PIB Argentina % 6.0 4.7 3.2 -8.0
PIB Chile % 6.4 5.9 4.0 -0.5
PIB Colômbia % 5.5 5.1 4.4 0.0
PIB México % 3.7 2.4 2.0 -7.3
PIB Peru % 6.7 6.2 4.9 -1.0
Brasil
PIB Brasil % 3.2 2.2 3.7 -2.7
Taxa Selic % 10.5 9.00 9.0 6.00
BRL/USD ( fim de período) 1.80 2.10 1.75 2.10
IPCA % 6.5 6.4 5.6 3.2
Fonte: Itaú
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15. Impactos da desaceleração global nos Emergentes
► O processo de desalavancagem será longo e turbulento, com perda de riqueza percebida ao longo dos anos.
̶ Ruim pra crescimento dos emergentes nos próximos anos (inverso dos anos 2000).
̶ Quanto mais dependente dos EUA e Europa, pior será para o país.
► A estratégia de "export-led growth", que fez tanto sucesso nas últimas décadas, ficou para trás.
̶ Busca por dinâmicas próprias de crescimento nos emergentes, inclusive na China.
̶ Bom para países com mercado interno grande e dinâmico (grande não é suficiente).
► China adaptando-se e focando no mercado interno no longo prazo,apesar da dependência atual.
Impactos no Brasil
► Pressão para absorver fluxos de capital e conviver com maiores déficits vai crescer no Brasil.
► Não parece provável o Brasil voltar a exportar poupança quando há escassez dela aqui dentro e sobra no resto do
mundo .
► O câmbio continuará apreciado, o que é consistente com a necessidade de enfraquecer o dólar e o euro.
► Difícil retomada da indústria no Brasil, principalmente para os que ainda acalentam a possibilidade de voltar a exportar
para esses países.
► Se a China for bem sucedida, a demanda por commodities se mantém alta, o que é bom para o Brasil.
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16. Atividade: sinais de desaceleração se intensificam
Conjunto Amplo de Dados (índice de Difusão) PIB: variação ante o trimestre anterior (com ajuste sazonal)
Média Móvel
3 meses
Fonte Itaú e IBGE
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17. Resposta BCB a desaceleração global: política monetária
expansionista
Expectativa de elevação esperada pelo mercado (% ao ano)
Fonte: Itaú e Bloomberg
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18. A desaceleração global e a reação do BCB
Simulações de Cenário para 2012
Reação Política
Desaceleração
Anterior Monetária+
Global
Desaceleração
PIB 3.7% 2.9% 3.7%
IPCA 5.3% 5.1% 5.6%
SELIC 12.5% 12.5% 9.0%
Fonte: Itaú
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19. E se a política fiscal melhorar?
Simulações de Cenário para 2012
Atual Fiscal Melhor
PIB 3.7% 3.7%
IPCA 5.6% 5.5%
SELIC 9.0% 7.5%
Fonte: Itaú
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20. Nossa projeção para taxa de câmbio
Trajetória cambial de curto prazo
2.50
2.40
2.30
Cenário
2.20
2.10
2.00
1.90
1.80
1.70 1.80
1.75
1.60
1.50
1.40
out- 06 out-07 out-08 out09 out-10 out-11 out-12
Fonte: Itaú e BCB
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21. Brasil: investimento e a poupança externa em elevação
Investimento e Poupança
25
% PIB
20
15
10
5
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Poupança Externa Poupança Doméstica Investimento
Fonte : IBGE, BCB e Itaú 21
22. Nosso cenário para América Latina
► Devido à desaceleração global, revisamos o crescimento nos países de Latam.
► Na Argentina, esperamos um ritmo mais rápido de depreciação do câmbio e, conseqüentemente,
aceleração da inflação.
► Nos países com meta de inflação, revisamos nossas projeções de inflação para baixo.
► Esperamos cortes na taxa de juros no México, Chile e Peru.
► Na Colômbia, esperamos manutenção de juros ao longo do horizonte de projeção.
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23. Conclusões
► Risco na Europa é o mais relevante. Crescimento moderado nos EUA nos próximos
anos.
► Impacto da desaceleração global na atividade da China é relativamente menor do que
em 2008.
► Cenário básico com menor crescimento global como um todo.
► No Brasil,o corte na taxa de juros será o instrumento usado para mitigar os risco de uma
desaceleração na atividade doméstica.
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