1. Então, Thaís, a garota contra quem eu lutara, começou a contar o que
acontecera com eles há sete anos.
“ Estávamos no ano de 2006. Fazia poucos dias desde que eu
completara 18 anos. Assim como você, eu acordei desnorteada, sem saber
nada do que estava acontecendo. Eu despertara dentro de uma espécie de
cela, em um lugar frio e amedrontador.
Nessa cela só havia eu, uma cama extremamente dura e um prato
com uma comida nojenta. Um dos lados dela era composto por grades,
pelas quais eu podia ver outros cárceres. Eram sete ao todo. Cada um com
um prisioneiro. Um deles era o Lucas. Aparentemente, estavam todos
despertando, confusos. Ainda sem entender nada, comecei a chorar.
Já aos prantos, vi uma mulher se aproximar. Ela estava do lado de
fora e portava uma espécie de arma.
Lembro-me de cada detalhe daquele dia horrendo. O sofrimento pelo
qual passei nunca me deixará esquecer.
Joguei-me contra as grades, gritando:
- O quê eu estou fazendo aqui? Quem é você? O que é esse lugar?
2. Eu chorava tanto que nem consegui perceber se os outros estavam
tendo a mesma reação. Não consegui nem perceber se ela respondeu
alguma coisa. Na verdade, pode ser que ela nem tenha entendido o que
falei. Pode ser que eu tenha só gemido alguma coisa, pois estava esgotando
todas as minhas forças ao chorar. Além disso, Minha mente não estava
funcionando direito.
Esmurrei as grades com força. Então, ela atirou em mim com aquela
arma. Continha algum tipo de sedativo muito forte, o que me fez desmaiar.
Acho que o Lucas pode contar o que aconteceu enquanto eu estava
desacordada. ”