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                            O Reino da (in) Felicidade



                                        Parte I




        Em um reino bem distante vivia Ametista. Ela fora coroada rainha com
apenas 14 anos de idade, após a morte de seus pais em um acidente de trem,
a caminho da cidade de Pedra branca, quando iam buscá-la no colégio interno.

        Ela, assim como seus irmãos, Brilhante Jr., Ágata, Safira e Diamante –
foram muito bem criados pelos pais, Brilhante e Esmeralda. Os dois eram reis
de Água-Marinha, uma pequena província [o mesmo que estado, só que com
outro nome para indicar divisões territoriais nos países] de Granada.

        A educação dos filhos foi feita no colégio interno de Pedra Branca,
onde reis, rainhas e afins eram educados para tomarem seus postos quando
assim o protocolo exigia.

        Os filhos não tinham a menor preocupação com o que fariam quando
crescessem, já que foram educados desde cedo, sabendo de suas obrigações
para com o seu reinado.

        Ametista era a filha mais velha da família. Seus pais escolheram cada
nome em comum acordo antes de terem o primeiro filho, pois eram
apaixonados por pedras preciosas, as quais eram cultivadas no reino, junto ao
povo.

        Assim que seus pais a viram, ao nascer, ficaram encantados pela bela
garotinha de cabelos castanhos claros. A filha fora muito desejada e nasceu
com lindos olhos cor de violeta, algo muito raro no mundo.

        Ametista significa o símbolo do "terceiro olho" dos místicos. Segundo a
lenda, foi criada quando o deus grego do vinho, Dionísio, ficou irado com os
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homens e jurou lançar tigres contra o primeiro ser humano que cruzasse a sua
frente.

          Uma mulher chamada Ametista, que se dirigia ao templo da deusa
grega Diana, surgiu e foi atacada pelos tigres. A deusa Diana teve piedade da
mulher e transformou-a em cristal, para que ela não sentisse mais dor.
Arrependido, Dionísio derramou vinho sobre o cristal, tornando-o violeta.

          Seu irmão, Brilhante Jr. fora o segundo a nascer. Recebera o nome do
pai por ser o primeiro filho homem. Seu nome não significava propriamente
uma pedra, mas um tipo de lapidação, que produz uma jóia de 57 faces.

          Seus pais acreditavam que, por seu significado, o menino seria capaz
de ser um Rei que saberia usar suas várias faces para saber lidar com o povo
do reino, com bastante sabedoria.

          Ágata fora a terceira filha. Seu nome fora escolhido porque nascera
com uma variedade de cores avermelhadas em sua vasta cabeleira.

          Safira foi a quarta filha. Tinha a pele branca como flocos de algodão,
porém, o que mais chamava sua atenção eram os olhos. De um azul escuro e
brilhante, eles pareciam duas safiras. Essas pedras podem ser encontradas na
natureza, sob a forma de gemas.

          Seu nome não fora escolhido apenas pela cor dos seus olhos, mas, por
ser uma das gemas mais valiosas, além de ser a cor que identifica as
atividades criadoras, por meio das quais os homens demonstram sua
capacidade de construir para o aumento de suas riquezas, tendo em vista suas
preocupações não serem especulativas.

          Diamante fora o quinto e último filho. Segundo a história, era a pedra
mais dura da natureza. Um diamante só pode ser cortado por outro diamante.
Por este motivo, é utilizado na indústria como material cortante e perfurante. Da
maior parte do diamante extraído da natureza, 80% era utilizado na indústria e
apenas 20% era utilizado na confecção de jóias.
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        Seus pais concordaram com o nome ao olhar a carinha do bebê, que
fora o único filho que não sorriu ao nascer, além do mais, eles sabiam que não
poderiam mais ter outros filhos por causa das suas idade e queriam um nome
que combinasse com o que eles queriam.

        Por isso, deu-lhe o nome de diamante, que simbolicamente, significava
a indestrutibilidade do amor, o amor que os dois sentiam um pelo outro, pelos
filhos e pelo reino.
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                                        Parte II




        Por ocasião da morte dos pais, o reinado entrou em luto por sete
longos dias. Todos amavam seu rei e rainha, pois eles tudo fizeram para que o
reinado fosse próspero e feliz.

        Todos os filhos compareceram às diversas cerimônias realizadas até o
sétimo dia, o dia em que ambos seriam cremados numa cerimônia bonita,
porém melancólica.

        O rei e a rainha foram colocados numa balsa de madeira pura, de cor
clara, ambos deitados de mãos dadas e com tecidos de seda branca cobrindo-
lhes o corpo. Ao lado dos corpos, havia diversas flores coloridas e ervas de
diferentes aromas, misturadas para que os corpos não entrassem em
decomposição antes do tempo da cremação.

        A cerimônia era realizada pelo poder maior do reino: o sacerdote,
geralmente o mais velho de todos, nomeados pelo rei e seus chanceleres. As
orações eram feitas pelo sacerdote e pelos familiares, acompanhadas pelo
povo do reino até a beira do mar, onde então, a balsa era colocada junto às
ondas, com algumas tochas acesas ao lado dos corpos.

        Na beira do penhasco de Granada, que era chamado de Rocha do
Adeus, oito arqueiros ficavam lado a lado, aguardando a balsa chegar após a
primeira onda, para então, lançarem suas flechas com a ponta molhada em
solução feita para manter o fogo aceso durante um dia inteiro.

        O número de arqueiros fazia parte da tradição da província de
Granada. Para eles, o número oito representa o que permanece em equilíbrio:
A Justiça.

        Na mitologia egípcia, Anubis é a representação máxima do número
oito. Anubis (ou saturno) faz o julgamento dos mortos através de uma enorme
balança, onde, num dos pratos, é colocado o coração do iniciado, do outro,
encontra-se uma pena.
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        Este simbolismo indica, para o bom iniciado, que o coração não pode
pesar mais que uma pena, daí a importância da pureza em nossa evolução.

        Compreende-se que a evolução do homem (quadrado) se dá no
momento em que ele completa 28 anos (4×7=28). Observamos então o
mistério do número 28 (4×7) = 2 (polaridade-equilíbrio) e 8 (justiça-julgamento),
que, curiosamente, é o ciclo de saturno.

        No aspecto da evolução da alma, o número 2 representa a polaridade
entre emoção e a mente (alma), e o 8, a consciência (espírito) que julga estes
veículos. O 8 representa também o dia da ressurreição do Senhor e também a
futura ressurreição de todos os santos .

        Daí que nas indicações junto ao título do salmo 6 consta: “Para o
oitavo”. O número oito – ensina Agostinho – simboliza o mundo futuro. Pois o
oito sucede o sete, número que representa o tempo. Após a mutabilidade desta
vida (simbolizada pelo sete), o oitavo dia é o do juízo.

        Mas a tradição do reinado de Água-marinha era utilizar o número 8 de
maneira horizontal na veste dos mortos, que também é o símbolo do infinito e
está relacionado com as serpentes entrelaçadas do Caduceu de Mercúrio,
símbolo da Ressurreição e da Eternidade.

        Logo após a cerimônia de cremação, os filhos voltaram ao palácio em
silêncio, cada um carregando sua dor no peito. Porém, Ametista, como a filha
mais velha, se sentiu responsável pelos irmãos e escondia sua dor embaixo de
uma máscara de frieza serena e calma.

        Seu coração queria gritar. Seus olhos ardiam. Ela queria chorar pela
dor da perda dos pais, mas agora ela seria coroada rainha e precisava manter
a máscara para que todos a respeitassem e pudessem contar com ela.

        Os dias e meses foram se passando e Ametista cuidou dos irmãos com
zelo. Soube comandar o castelo como sua mãe lhe ensinara, bem como
conduzir seus irmãos no caminho do bem e da educação, imposta pelos pais.
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       Porém, Ametista esqueceu-se de cuidar de si mesma. Seus cabelos
agora não eram mais penteados com esmero. Seu rosto parecia mais pálido do
que o normal e o choro e falta de sono com as preocupações, lhe deram um
par de olheiras escuras abaixo de seus belos olhos.

       Sua boca parou de sorrir. Ela não mais encomendava vestidos novos,
pois deixou de sair por causa dos irmãos. Assim, passara a usar trajes mais
sóbrios e somente nas cores negras, o que lhe conferia um ar de luto
constante.
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                                      Parte III




       Um ano após a morte dos pais, Ametista se casou com um homem
escolhido pelos chanceleres, já que ela se recusava a encontrar alguém por
conta própria. A cerimônia se realizara no salão mais discreto do Palácio,
porém, não muito menor que os imensos salões que o castelo possuía.

       Somente os familiares, o sacerdote, os chanceleres e amigos da
família compareceram à tradicional cerimônia. O povo só participaria desta,
após a saída do casal para a lua-de-mel, que se realizaria ali mesmo no
castelo, a pedido de Ametista, preocupada em deixar seus irmãos sozinhos.

       Ametista ainda não conhecia seu noivo. Para ela, tanto importava
quem seria, desde que ele realizasse suas tarefas como o escolhido para
esposo da rainha. Ele seria o rei consorte, já que não descendia da família do
rei.

       Assim que o viu, Ametista lançou-lhe um olhar frio deixando claro que
ele seria somente o “marido” da rainha, nada mais que isso. O homem, alto,
magro, cabelos castanhos e olhos verdes, parecia seguro do que estava
fazendo, porém, Ametista desconfiava que seria um belo desafio a ele.

       Ele segurou sua mão e Ametista notou-lhe-as tremendo, causando a
ela um sorriso sarcástico. Ela precisava de um marido forte, que lhe
transmitisse segurança, bem como à sua família e ao povo do reino, mas este
parecia-lhe um homem sem muita certeza do que estava fazendo. Com certeza
estava casando-se com ela somente por causa do título de nobreza e os dotes
que lhe seriam entregues após o primeiro ano de casamento.

       Quando terminou a cerimônia, os noivos foram até a sacada do castelo
e acenaram para o povo, fingindo uma felicidade que não sentiam. Ametista
então levou-o direto ao quarto preparado para os dois, onde então, os dois
pudessem desfrutar da vida de casados.
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          Assim que entraram no quarto, ele observou todos os detalhes ao
redor, em silêncio. Ametista olhou para ele, e, meio nervosa e ansiosa, deu-lhe
as costas, para, em silêncio, esperar o marido ajudá-la a tirar suas vestimentas.

          Este, também visivelmente nervoso, dedicou-se a desamarrar os
inúmeros laços que lhe cobriam as costas do vestido. Depois disso, com os
dedos trêmulos, ele abriu dezenas de botões feitos de pequeninas pérolas, que
a cobriam dos seios até o meio da cintura. Embaixo deste ainda tinha um
saiote armado e, por último, uma delicada camisola de seda branca, que
lembrava a pureza da noiva.

          Gabriel, agora seu marido, deitou-a na cama e sem muito carinho,
tirou-lhe a pureza. A princípio, Ametista detestou tudo aquilo. Com o tempo,
porém, aprendeu a sentir prazer no sexo e acostumou-se a viver bem com o
marido.

          Sua vida não era muito excitante, como um dia ela havia sonhado, mas
ela jamais reclamava. Continuava cuidando dos irmãos e do povo, junto ao
marido, continuando a trazer prosperidade ao reinado.

          Em 15 anos de casamento, Ametista não pudera ter filhos. Tivera dois
abortos e acabara desistindo por causa da sua saúde. Seu marido, com o
tempo, parou de procurá-la na intimidade e já não lhe dava o mínimo carinho.

          Deixaram de sair juntos às festas e Gabriel passou a dormir em outro
quarto, com a desculpa de deixar a esposa descansar, já que ele chegava tão
tarde e poderia fazer barulho que poderia causar-lhe mal-estar.

          E assim, Ametista passou a viver uma vida sem vida. Se dedicava
inteiramente aos irmãos e ao trabalho junto aos chanceleres e à corte, já que
seu marido preferia viver ás voltas com as belas damas ou até mesmo as
empregadas de outras damas, passando a chegar ao castelo ao amanhecer do
dia e completamente bêbado.
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                                      Parte IV




        Em seu aniversário de 30 anos, Ametista preferiu não comemorar. Ela
preferia o aconchego do castelo e à companhia dos irmãos à companhia de
outras pessoas e festas muito barulhentas.

        Gabriel esqueceu-se da data e só voltou para casa no outro dia. Assim
que acordou, Ametista ficou sabendo que ele saíra com amigos para caçar na
propriedade que eles tinham em outra cidade e não se importou. Para ela, a
companhia do marido já não era mais necessária. Ela aprendera a viver por si
mesma e pelos irmãos.

        Dois dias depois, Ametista estava deitada na bela Chaise long de
tecido avermelhado, combinando com espessas cortinas de cetim vermelho,
adornadas de dourado que enfeitavam as paredes da sala de descanso do
castelo, com um livro de romance à mão.

        Ela já estava se levantando para ir para o seu quarto quando um
empregado veio avisá-la que havia alguém que gostaria de vê-la com urgência.
Estranhando o horário, Ametista foi ao encontro do visitante e deu de cara com
Rafael, irmão de seu marido, ou seja, seu cunhado.

        Este estava suando, com pequenas gostas a escorrer-lhe da fronte e
estava muito tenso e pálido, com os lábios tremendo. Assim que viu a rainha,
este fez-lhe uma mesura, segurou suas mãos e logo narrou-lhe a história.

        Ele estava caçando com seu irmão e alguns amigos, quando um
incidente aconteceu. A arma de um amigo disparou acidentalmente, ferindo
mortalmente o peito do irmão.

        Com o susto, Ametista achou que fosse desmaiar. Sentiu-se mal e seu
cunhado a levou para um sofá na sala de descanso e chamou os empregados
dando-lhes a notícia. Todos ficaram preocupados com o estado da rainha e
alguns deles foram chamar seus irmãos, que, a esta hora, já haviam se
recolhido para dormir.
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        Ametista acordou algum tempo depois com o médico do Castelo junto
à sua cama. Ele esfregava em seu nariz um tecido com um líquido que ela não
saberia explicar o que era naquele momento, mas que a fez acordar.

        Seus irmãos estavam sentados ao lado da cama, preocupados com o
seu estado de saúde. Em prantos, Ametista tentou-lhes transmitir serenidade,
mas não conseguia. Ela se sentia culpada. De repente, achou que era a pior
esposa do mundo e que fora péssima companheira do marido, por isso ele
preferia a bebida e orgias com outras mulheres.

        Com este pensamento, Ametista entrou em profunda depressão.
Comia o mínimo possível, emagrecendo bastante em pouco tempo. Sua pele
tornara-se sem viço e seus olhos não brilhavam mais.

        Mais uma vez, tornou a vestir o luto e durante seis meses, mal se
levantava da cama. Ela não precisava mais se preocupar tanto com seus
irmãos, já que todos haviam crescido, se tornando ótimos companheiros e
trabalhadores incansáveis das causas do povo.

        Um ano após a morte do marido, Ametista pretendia narrar aos irmãos
sua decisão de deixar o reinado para Brilhante, pois ela não sentia mais
vontade de ser rainha. Seu irmão poderia fazer melhor que ela, já que ela não
deixara nenhuma lacuna na educação de todos, tornando-os pessoas
maravilhosas.

        Sempre que se aproximava dos irmãos, Ametista tentava falar, mas o
som não saía de sua boca. Ela voltava para o quarto e preferia a companhia
dos livros.

        Numa bela noite de luar, ela sonhou com sua mãe. Ela lhe dizia para
ter paciência e ficar tranquila, que logo ela teria um desafio pela frente e que
deveria abrir seu coração para as coisas boas da vida.
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                                       Parte V




       Quando ela acordou na manhã seguinte, sentia uma boa sensação e
pouco se lembrava do que sua mãe lhe dissera no sonho. Assim, ela resolveu
se levantar e fazer uma caminhada. Vestiu um traje negro, simples, calçou
luvas e botas também negras e partiu à cavalo para o campo de girassóis, o
lugar que ela mais amava no mundo, que lhe trazia paz.

       Sua figura era estranha. O negro misturado ao amarelo das folhas dos
girassóis e ao verde das folhas fazia um contraste encantador a quem pudesse
ver. E alguém viu! Era Malaquias. Um homem que, curioso, saíra para
conhecer a propriedade vizinha a dos seus tios.

       Malaquias morava a centenas de km de Água-Marinha, mas já ouvira
falar da pobre rainha que vivia em luto desde a morte dos pais e depois, após a
morte do marido. Ficara curioso em saber o quão inteligente ela era e também
bem quista pelo povo do reino. Assim, resolvera sair para conhecer o Castelo,
e, quem sabe, encontrar alguém que pudesse contar-lhe a história da rainha.

       Assim que se virou para pegar o cavalo e retornar ao castelo, Ametista
tropeçou em uma pedra e caiu de joelhos. Quando ia se levantando, ela viu
uma sombra cobrindo a sua e levantou o rosto assustada.

       Seus olhos se encontraram com os mais profundos e belos olhos
verdes que ela já vira. A íris dos seus olhos possuíam pequenas pintas
castanhas que lhe traziam um ar misterioso.

       Ele estendeu a mão e sorriu-lhe. E ela, sem demonstrar absolutamente
qualquer tipo de sentimento, rapidamente tirou sua mão da mão daquele
homem. Até então, não havia notado que ele prendia sua mão há mais tempo
que o necessário.

       - Meu nome é Malaquias. Por favor Senhora, desculpe aparecer desse
jeito, mas quando levou uma queda, eu não pensei e corri para ampará-la.
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        - Tu-tudo bem. Obrigada Senhor......

        - Malaquias. Sou sobrinho dos Kenyon, seus vizinhos do lado Sudeste
ao castelo.

        - Malaquias? Interessante.... o seu nome lembra uma pedra preciosa.
Como conhecia bastante sobre as pedras, Ametista conhecia bem a história da
origem do seu nome e comentou com ele.

        - Seu nome é de origem da Malaquita, sabia disso?

        Sorrindo, Malaquias lhe falou:

        - Sim, meus pais assim o quiseram. Malaquias vem de Malaquita como
você falou, Ela é uma pedra de aparência rosada. Meus pais fizeram essa
“brincadeira” comigo, pois desde o meu nascimento, possuo essa pele branca,
quase rosada haha!

        Sorrindo, Ametista continuou:

        - A Malaquita é conhecida por suas propriedades de alegria, felicidade
e telepatia. Essa pedra transmite sensação de conforto e renova o nosso
estado emocional. Fisicamente, ela tem efeitos terapêuticos sobre os
músculos, a coluna e o coração. Por fim, na antiguidade, era a pedra honrada
como pedra mágica.

        Terminando de falar, Ametista notou que ele fitava-lhe os lábios,
embevecido com a sua inteligência e a maneira como ela sabia sobre história e
falava com desenvoltura. Os olhos dela também eram lindos!

        Um pouco sem graça e se sentindo incomodada com aquele olhar, ela
retirou uma das luvas e estendeu-lhe a mão.

        - O meu nome é Ametista.

        - Oh, oh... Ametista, a Rainha?!

        Fazendo-lhe uma mesura, Malaquias pediu desculpas pela falta de
consciência e educação.
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       - Desculpe-me Senhora, eu não pude reconhecê-la, afinal, moro
bastante longe daqui.

       - Não tem problemas Sr. Malaquias. O que o Senhor faz aqui em
minhas terras?

       - Eu estava cavalgando e de longe, o sol lançou raios diretos sobre
este lindo campo de girassóis, me deixando encantado.

       Sorrindo pela primeira vez em um ano, Ametista disse-lhe:

       - Não há problema algum Sr. Malaquias. Eu mesma venho sempre
caminhar aqui, pois os girassóis são os meus preferidos.

       - Bom, muito bom. Agora eu preciso ir senhora e desculpe-me mais
uma vez por assustá-la.




       Despedindo-se com outra mesura, Malaquias virou-lhe as costas e saiu
em busca do cavalo que amarrara em árvore próxima. Montou-o, olhou para
trás lançando-lhe um último olhar, levantou o chapéu e deu adeus.

       Ametista ficou ali parada, sentindo a boca seca e as mãos trêmulas.
Ela não sabia o que estava acontecendo, mas algo naquele homem mexera
com ela.

       Voltando ao castelo, ela não conseguia tirar da memória os olhos e os
lábios daquele homem. Refrescou-se um pouco com um suco de frutas e foi
deitar-se em sua cama, com um romance nas mãos. Mas não conseguiu ler
mais do que uma página e já estava pensando em Malaquias novamente.

       Sentindo raiva de si mesma pelos novos sentimentos, virou-se e
apagou a luz à cabeceira da cama, no entanto, sua noite foi longa e cheia de
sonhos com Malaquias, o que a fez acordar mal-humorada pela manhã.
14

       Decidiu não sair para caminhar e passou o dia no castelo, andando de
um lado para o outro, ansiosa, sentindo que algo estava para acontecer,
fazendo seu coração bater um tanto quanto rápido.
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                                     Parte VI




         A noite chegou. Ametista se arrumou um pouco melhor e desceu para
o jantar, pois sua criada avisara-lhe que haveria um convidado à mesa.
Descendo distraída as longas escadarias que levavam até a sala de jantar,
Ametista não havia visto o cavalheiro que estava reunido com os irmãos, até
que seus olhos se encontraram.

         O susto inicial deu lugar a um sorriso falsamente tranquilo e ela foi até
ele cumprimentando-o. Malaquias segurou sua mão delicada e ali depositou
um beijo, para em seguida levantar os olhos para ela.

         Seus pensamentos foram interrompidos pela voz profunda do irmão,
Brilhante Jr.

         - Minha irmã, que bom que você desceu para jantarmos todos juntos
hoje. Quero apresentar-lhe o Senhor Malaquias, sobrinho dos Kenyon. Eu o
conheci hoje á tarde em reunião com o Chanceler Malford e achei que seria
uma boa companhia para o nosso jantar.

         - Ah sim! Senhor Malaquias, muito gosto em conhecê-lo.

         Franzindo o rosto, Malaquias entendeu que Ametista queria deixar o
encontro dos dois em segredo e murmurou:

         - Muito obrigada Senhora Rainha. Fico muito feliz e honrado pelo
convite e por estar em companhia de tão ilustre família.

         Caminhando para a mesa, Ametista sentia seus passos inseguros pelo
chão de mármore branco e preto e sentou-se à mesa, nervosa. Fez um sinal
para os empregados servirem o jantar e conversaram durante quase todo o
tempo.

         Malaquias não tirava os olhos da mulher que conhecera pela manhã.
Agora à noite, sua beleza ainda era estonteante aos seus olhos. Seus belos
16

olhos violetas agora brilhavam com a luz das velas, conferindo-lhe um ar um
tanto misterioso, que o fazia sentir arrepios.

        Por mais de duas horas, travaram uma conversa interessante e ao
mesmo tempo formal, onde Brilhante dissera a Malaquias que sua irmã estava
viúva há pouco mais de um ano e que logo deviam providenciar-lhe outro
marido – falou isso sorrindo carinhoso para a irmã.

        Ametista sorriu-lhe um pouco nervosa e respondeu:

        - Meu irmão já não se sente feliz ao meu lado. Ele acha que preciso de
um marido para tomar conta de mim para que ele não precise se tornar rei e ter
tanto trabalho não é mesmo meu irmão? [falou carinhosamente olhando para
seu irmão]

        - Você sabe minha irmã que eu só quero o seu bem e gostaria de ver-
lhe feliz novamente.

        - Eu sei, eu sei – respondeu-lhe Ametista fazendo troça do seu olhar.




        Depois do jantar, foram para a sala de descanso e conversaram por
mais uma hora e logo depois, Malaquias pediu licença e se despediu de todos,
não deixando, porém, todos notarem que seu olhar pousava sempre em
Ametista.

        Todos se recolheram indo dormir, mas Ametista passou a noite em
claro. Não conseguia tirar aquele homem da sua cabeça e um sorriso veio
brincar em seus lábios
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                                      Parte VII




        Ainda faltava mais de 1 hora para o amanhecer e Ametista não
conseguia dormir. Ela se levantou, inconscientemente se arrumou com esmero
e foi caminhar no campo de girassóis.

        Pouco tempo depois ela ouviu passos atrás de si e, sem nenhuma
surpresa, viu que se tratava de Malaquias.

        Os dois se olharam durante muito tempo, como se o tempo não mais
existisse. Ametista foi a primeira a desviar o olhar para seus pés, evitando
encarar o moço e ele achar que ela estava tendo segundas intenções.

        Envergonhada, ela o cumprimentou baixinho, com a voz trêmula.
Malaquias amarrou o cavalo à mesma árvore do dia anterior e parou ao seu
lado.

        - A senhora me desculpe, mas eu não consegui dormir pensando em
seus belos olhos e em como o seu sorriso é lindo.

        Sem graça e sem saber o que falar, ela gaguejou:

        - Por favor, eu não....

        - Por favor, me desculpe, não queria ofender-lhe.

        - Não me ofendeu, eu só....

        - A senhora só o que ?

        A pergunta direta pegou-lhe de surpresa. Ela olhou para ele com os
olhos muito abertos e respondeu:

        - Bem, na verdade – ela disse ainda olhando para o chão e sentindo o
rosto pegar fogo – eu também não dormi a noite toda e não via a hora de vir
caminhar e....

        - E.... ?
18

        - Pare! Estou confusa e você me deixa confusa! [Ela respondeu,
dando-lhe as costas]

        - Ametista, não consigo tirar-lhe da cabeça. Seus olhos me vigiam para
onde quer que eu vá. Sua voz doce e macia ressoa em meus ouvidos. O seu
sorriso me deixa tonto e não sei o que fazer. [Ele falou, com o corpo quase
colado ao dela]

        - Eu... eu... eu.....

        - Shhh não fale nada – disse-lhe Malaquias, virando o corpo dela para
si e colocando-lhe um dedo nos lábios. – Apenas olhe para mim.

        Ametista levantou os olhos com receio. Tinha medo de entregar seus
sentimentos fitando aquele homem nos olhos. Seu coração batia forte. Não
sabia o que fazer.

        Decidiu fitar-lhe os olhos. Suas pálpebras tremeram. De repente, sem
saber como, ela estava envolvida pelos braços de Malaquias. Seu beijo era
terno e profundo, cheio de carinho. Era como se Ametista estivesse beijando
de verdade pela primeira vez.

        Suas mãos másculas afastaram o cabelo que caiu em sua testa e ele
segurou seu rosto com ambas as mãos, trazendo seu rosto para mais perto e
dando-lhe outros beijos apaixonados.

        De repente, Ametista sentiu seu corpo sendo afastado por duas mãos
poderosas. Malaquias estava muito atordoado, afastara-se um pouco e dera-
lhe as costas.

        - Desculpe Ametista, eu não queria....

        - Não !! Nós queríamos.... não é verdade?

        - Sim, sim, eu queria muito !!

        - Então....
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        Virando-se novamente para Ametista, Malaquias gaguejou uma
desculpa e saiu, saltando sobre o cavalo e saindo em disparada.

        Ametista, completamente sem ação, sentiu seu coração voltando ao
normal e tocou seus lábios inchados pelos beijos de Malaquias. Sorriu consigo
mesma e voltou bem devagar para o castelo.

        Pediu para sua criada preparar-lhe um banho e deixá-la sozinha. A
criada saiu, fechando a porta atrás de si, aguardando o chamado do lado de
fora.

        Ametista não cabia em si de felicidade. Ela só pensava nos beijos de
Malaquias e em como sua pele queimava ao menor toque dele. Enquanto seus
pensamentos voavam, os cabelos de sua nuca se arrepiaram e seu corpo
implorava por mais.

        Seus olhos se fecharam e sua cabeça foi jogada para trás. Quando deu
por si, suas mãos começaram a fazer o trabalho que ela gostaria que
Malaquias houvesse feito em seu corpo.
20

                                    Parte VIII




           Nos próximos dias, Ametista e Malaquias eram sempre vistos juntos
pela família e criados. Seu riso cristalino, há muito esquecido, era ouvido de
longe. Seus olhos voltaram a brilhar e sua pele retomara o viço. Estava sempre
arrumada e perfumada, aguardando o momento de encontrar com o seu amor.

           Sim, ela sabia que o amava desde o momento em que seus olhos se
encontraram pela primeira vez. Seus olhos mergulhavam nos olhos do amado
quando trocavam carinhos. Suas mãos passeavam delicadas por seu rosto e
pescoço, indo parar atrás de sua nuca, puxando-lhe para mais um dos
inúmeros beijos que trocavam a toda hora.

           Seis meses depois, Malaquias e Ametista avisaram à família que
gostariam de jantar logo mais à noite com toda a família presente.

           Todos esperavam ansiosos pelo jantar. Os criados arrumaram a mesa
com esmero e enfeitaram-na – a pedido de Ametista –com girassóis colhidos
na hora.

           Estava tudo lindo quando todos se sentaram. Sorriram observando a
felicidade da irmã e esperaram Malaquias falar. Olhando para Brilhante, como
irmão mais velho de Esmeralda, Malaquias a pediu em casamento, provocando
lágrimas em todos, quando este falou que adoraria estar pedindo a mão de
Ametista aos pais.

           Disse-lhes também que, se pudesse, diria aos seus pais o quanto ele
era agradecido por colocar pessoa tão maravilhosa no mundo como Ametista;
que ela era linda como uma flor; que ela tinha os olhos de feiticeira, que
prendiam os deles como algemas delirantes. Disse-lhes ainda que não se
importava com títulos e dotes, pois tinha o suficiente para Ametista e toda
família.
21

        Todos se levantaram felizes, no brinde que fizeram ao aceno que
Brilhante fez com a cabeça, aceitando o futuro cunhado como parte da família.

        Malaquias pegou as mãos de Ametista e beijou na frente de todos,
colocando um lindo anel de ametista em seu dedo. Os tons violetas mudavam
de mais escuro para o mais claro dependendo do movimento que ela fizesse
com as mãos, fazendo todos ficarem mudos com o lindo presente.

        - Este anel combina com seus olhos meu amor!

        - Ah, muito obrigada Malaquias. Eu amo você!

        - Também amo você minha rainha.




        Todos sorriram e passaram boa parte da noite conversando sobre o
casamento. Nesse tipo de cerimônia o pai não pode entregar sua filha ao noivo
antes que ela seja abençoada por um sacerdote.

        A noiva usa, geralmente, vestidos azuis, pois essa cor é associada à
pureza; no entanto, essa não se trata de uma regra, podendo, a noiva, trajar
diferentes cores.

        Para a decoração, a família opta pela flor de laranjeira, e para a
comemoração são servidos banquetes com farta comida e bebida; tudo em
meio a muita diversão.

        Pouco depois, deixaram Ametista a sós com o seu amado e se
recolheram, indo dormir.

        - Minha querida, eu sou muito feliz por ter aceitado o meu pedido.

        - Eu também meu amor. Você me faz muito feliz!

        - Você é minha rainha, minha deusa, minha flor, minha pedra preciosa,
minha ametista, minha vida!
22

          Com lágrimas nos olhos, de felicidade, Ametista encostou o corpo no
de Malaquias e recostou a cabeça em seu peito.

          - Eu jamais recebi tantos elogios lindos vindo de alguém como você
meu amor.

          - E você os terá sempre! Eu a amo e tudo que eu mais quero no mundo
é viver com você para sempre, acordar todas as manhãs com o seu sorriso,
com os seus olhos me fitando, com o seu corpo encostado ao meu, com suas
pernas entrelaçadas à minha.

          - Oh Malaquias! Você me diz tanta coisa linda!

          - Eu falo isso somente para você minha querida, porque você me fez
despertar para esse novo mundo. Eu vivi boa parte da minha vida preocupado
com outras pessoas e esqueci de mim mesmo.

          Eu passei por fases difíceis, tentando encontrar um sentido na minha
vida e por algum acaso do destino, encontrei você. E você me deu tudo o que
eu sempre quis: o amor e a vida!

          Chorando, Ametista beija seu amor e o abraça forte. Estava sem
palavras. Sua voz não saía, tamanha emoção que sentia.

          - Meu amor, eu preciso ir. Tenho uma surpresa pra você logo pela
manhã.

          - Oh meu amor, então eu vou querer dormir rápido para acordar mais
rápido ainda e vê-lo assim que acordar.

          - Não tenha pressa meu amor. Logo nos casaremos e dormiremos e
acordaremos juntos todos os dias, eu prometo.

          - Você me ama mesmo?

          - Mais do que você imagina meu amor!

          Beijando-a, Malaquias acenou-lhe e saiu pela porta entreaberta por um
criado.
23

       Ametista subiu correndo as escadas e foi deitar-se, feliz, com o corpo
em chamas. Mal via a hora de se casar com o homem de sua vida.
24

                                    Parte IX




         Ametista acordou com uma algazarra que vinha logo abaixo de sua
janela. Olhou para o lado e viu suas irmãs Ágata e Safira, que ainda vestiam
trajes de dormir, acenando pela janela e o barulho que elas faziam era de
alegria, entusiasmo e surpresa.

         - Venha minha irmã, veja o que Malaquias trouxe pra você! [falou Safira
sorrindo]

         - Oh meu Deus, mas a esta hora?

         - Sim, sim, levante-se preguiçosa e venha logo até a janela. [falou
Ágata]

         - Está bem, vocês me venceram, fiquei curiosa. [Falou Ametista
levantando-se da cama].

         - Mas o que..... oh meu Deus!! O que é isso?? [Ela gritou espantada]

         - Minha irmã, não está vendo? [perguntou Safira]

         - Sim, sim, sim, mas...

         - Mas nada sua boba! Acene para ele e vamos nos trocar e descer
correndo para vermos seu presente mais de perto.

         As moças saíram correndo, deixando Ametista atordoada na janela.
Não sabia se ria ou chorava, mas se apressou em se vestir e colocar um lindo
vestido lilás de tom bem claro, que combinava maravilhosamente bem com
seus olhos e seu anel de noivado.

         Encontrou as irmãs na escada e todas desceram correndo, falando alto
com alegria. Assim que as portas do castelo se abriram, Ametista arregalou
ainda mais seus olhos lilases para o presente.
25

        Procurou os olhos de Malaquias e, assim que o viu, saiu correndo
direto para um beijo e um abraço apertado.

        - Meu amor, você é louco!!

        - Sim, por você meu amor! [falou Malaquias rindo] Ande, me diga o que
achou do seu presente!!

        - Oh, mas é.... é perfeito! Lindo! Maravilhoso! O presente mais lindo
que já ganhei na vida!

        - Então ande, mostre às suas irmãs e chegue mais perto dele
[Malaquias sorrindo]

        Andando em círculos ao redor do presente, Ametista tocou com a
ponta dos dedos uma bela parelha de cavalos de cor castanho-dourado e
crinas imensas.

        Eram de pura raça. Logo atrás, atrelada aos cavalos, uma linda
carruagem negra com as iniciais A e M pintadas de dourado e o símbolo da
realeza de Água-marinha logo abaixo.

        Abriu a portinhola da carruagem e passou as mãos pelos acentos de
couro. Tudo era lindo!

        - Meu amor, eu nem sei o que dizer!

        - Então não diga! Mas... me dá um beijo? Malaquias disse isso rindo e
correu para abraça-la e deu-lhe um beijo na boca com um certo mudo, já que
as irmãs estavam por perto, bem como os empregados.

        Virando-se para sua amada e suas irmãs, Malaquias falou:

        - Então, que tal eu e você e sus irmãs darmos uma volta no seu
presente?

        Todos subiram na carruagem, com a galante ajuda de Malaquias.
Acomodaram-se e saíram para um passeio pelo campo. Logo a carruagem
chegou perto do campo que ficava à beira-mar e todos desceram.
26

        Malaquias pegou a mão de Ametista e foram caminhar, com suas irmãs
logo atrás. Todos estavam felizes, respirando a brisa que vinha do mar. O dia
estava lindo, o céu azul claro, bem diferente dos olhos azuis escuros de Safira.

        Ágata corria dançando e fazia todos sorrirem com seus cabelos
avermelhados esvoaçando pela brisa do mar.

        - Sabe amor... eu pensei bastante e queria te falar sobre uma decisão
que eu tomei. [falou Ametista]

        - É? Do que se trata meu amor? [Malaquias]

        - Eu tinha medo de ter filhos por causa dos abortos que eu tive com o
Gabriel, mas queria saber se você aceita me dar essa felicidade de tentarmos
ter um filho, o que acha? [Ametista falou isso com medo na voz].

        - Meu amor! Essa é a melhor notícia que recebi hoje. Vamos sim! Eu
quero muito ter filhos e você será a mãe mais linda do mundo!

        - Oh meu amor! Ametista respondeu, beijando-o com ardor.




        Malaquias estava feliz em ver sua futura esposa e suas irmãs felizes. O
que ele mais queria nesse mundo era casar-se logo com ela e assim, fazerem
planos para todos os dias de suas vidas.

        Porém, uma nuvem negra fez os olhos de Malaquias cerrarem-se e
eles os fechou por alguns instantes, o que foi notado por Ametista.

        - O que foi meu amor, não se sente bem?

        - Não querida, eu estou bem, fique tranquila. [Ele falou sorrindo, mas
seus olhos não sorriam]

        - Mas sinto seus olhos um tanto preocupados hoje meu amor. Quer
conversar a respeito?
27

         - Não, não é nada. Estou feliz porque estás feliz e isso me basta. [ele
respondeu, apertando a sua mão, com carinho]

         - Então, vamos voltar para a casa, pois a modista irá levar o vestido de
casamento para que eu prove hoje ainda. Amor, estou ansiosa. Em pouco
tempo estaremos casados, já pensou nisso?

         - Já sim meu bem. Penso nisso o tempo todo!

         - Meninas, vamos! Nossos vestidos nos esperam! [Ametista chamou as
irmãs]

         As moças saíram correndo, felizes em poderem experimentar o vestido
que usariam no casamento da irmã.

         Malaquias se despediu de todos e partiu para a casa da Tia. Seu
coração estava em pedaços. Pela primeira vez na vida, ele havia se
apaixonado e queria viver esse amor com a mulher que roubara seu coração.

         Ele montou seu cavalo e saiu pensativo, com o semblante triste.

         Ametista e as irmãs nada notaram e subiram as escadas correndo
direto aos seus quartos para experimentarem os vestidos e passaram a tarde
fazendo os últimos ajustes.
28

                                     Parte X




        Faltavam somente 15 dias para o casamento. E nesse meio tempo,
Malaquias lhe dedicara total atenção. Seus irmãos estavam felizes em ver a
irmã tão feliz.

        Para eles, era a realização de um sonho, já que acreditavam que
Ametista não havia sido feliz na ocasião do primeiro casamento.

        Durante todo tempo, Malaquias encheu Ametista e os irmãos de
presentes lindos e caros. Todos estavam encantados com o carinho e
dedicação do moço.

        Quando faltavam somente dez dias para o casamento, Malaquias
chegou ao Castelo com ar de preocupação.

        - Meu amor, meu pai sofreu um acidente a cavalo e eu preciso partir
para ter certeza que ele está bem.

        - Claro meu amor! Vou aprontar tudo e partiremos ainda hoje.

        - Não Ametista. Eu já estou pronto. Vim só me despedir!

        - Mas, você acha que dá tempo de voltar para o nosso casamento?

        - Claro que sim! Confie em mim!

        - Está bem meu amor. Mas não se esqueça de mandar notícias. Diga
aos seus pais que mando lembranças e todo meu amor.

        - Eu mando sim meu amor, sabe o quanto eles a amam.

        - Sim, mas eu não vejo a hora de conhecê-los pessoalmente.

        - Você logo os conhecerá, prometo. Eu preciso somente ter certeza
que meu pai está fora de perigo e voltarei a tempo para o nosso casamento.

        - Está bem. Então vá, ande logo para voltar logo! [disse Ametista rindo]
29

       Ele já ia saindo quando parou à porta. Girou a cabeça e fitou os olhos
de sua Ametista. Ela nunca estivera mais linda!

       Ele voltou e deu-lhe um forte abraço e beijou-lhe a boca para
demonstrar todo amor que sentia por ela.
30

                                   Parte XI




        Sete dias haviam se passado. Faltavam somente três dias para o
casamento. Ametista estava inquieta. Seu coração batia diferente. Ela estava
tentando esconder a preocupação dos irmãos, mas todos conheciam muito
bem os olhos da irmã mais velha. Eles tentavam conversar com ela, mas ela se
afastava, preocupada.

        Algo em seu coração dissera que havia algo errado, mas ela não quis
dar ouvidos a nada. Só o amor que sentia por Malaquias bastava.

        Na sala, seus irmãos conversavam baixinho. Os dois saíram e
deixaram suas irmãs preocupadas. Ao anoitecer, quando chegaram, o
semblante dos dois estava fechado.

        Eles se encaminharam até a sala de descanso, onde eram esperados
por Safira e Ágata e lhes contaram o que haviam descoberto.

        Com os olhos cheios de lágrimas, Safira abraçou Ágata, não contendo
os soluços. Brilhante e Diamante fechavam os punhos, agitados.

        - Não sabemos o que fazer. Como vamos contar isso para Ametista?
[perguntou Brilhante]

        - Não sei! [ respondeu Ágata]

        - Também não sei meu irmão. [falou, baixinho, Safira]

        - Eu sei! Vamos contar a verdade. Ela precisa se preparar. Eu vou
matá-lo! [falou Diamante, levantando-se com as feições furiosas]

        - Meu irmão, não foi isso que nossos pais nos ensinaram. Primeiro
vamos conversar com Ametista e só depois, tomaremos uma decisão. O que
ela preferir, devemos fazer, pois só a ela cabe tomar esta decisão difícil
[Brilhante falou, com a mão no ombro do irmão]
31

       Com um leve movimento de cabeça, os irmãos assentiram, calados e
muito tristes. Brilhante pediu que uma criada chamasse Ametista e todos
ficaram à sua espera.

       Ametista entrou correndo na sala, feliz, imaginando que seria notícias
de Malaquias.

       - O que houve?

       Sua voz morreu aos poucos, quando viu o semblante triste dos irmãos.
Suas irmãs tentavam não chorar e os irmãos olhavam para baixo.

       - O que está acontecendo? Falou Ametista, segurando o braço de
Diamante.

       - Pergunte ao Brilhante! Respondeu Diamante, com muita raiva na voz.

       - Minha irmã, por favor, sente-se. Temos uma notícia para lhe dar.

       - Não, por favor, não! Aconteceu alguma coisa com Malaquias?

       Ametista estava pálida e as lágrimas corriam por seu rosto.

       - Minha irmã, sinto muito, mas Malaquias não é quem nós imaginamos.

       - Como assim? Então ele está vivo?

       - Sim, vivo e bem longe daqui!

       - Como assim? Não estou entendendo o que está acontecendo!

       Seu coração batia forte. Ela pedia pra saber o que havia acontecido,
mas algo em sua intuição lhe dizia que era melhor não ouvir.

       - Ametista, você tem que ser forte. Hoje pela manhã, eu e Diamante
partimos para a corte em busca de notícias sobre Malaquias. Antes disso,
passamos pela casa dos Kenyon e eles disseram não ter sobrinhos e nunca
ouviram falar no nome Malaquias.
32

        Tremendo muito, Ametista sentou-se, abaixou a cabeça e começou a
chorar. Era como se ela soubesse o que ele iria dizer.

        - Na corte, ficamos sabendo que Malaquias existia sim. Ele havia
aplicado vários golpes e prometera casamento a várias moças, como fez a
você.

        - Como.... ? E os presentes?

        - Tudo que ele nos deu, ele colocou em nossos nomes minha irmã. A
dívida deverá ser paga por nós e não por ele.

        - Nãooooooooooooooooooooo !!! [ela gritou aterrorizada]

        - Sim minha irmã. Sinto muito estar lhe dando essa notícia, mas essa é
a mais pura verdade. [Brilhante falou, com a voz desgastada]

        - Eu e Brilhante seguimos algumas pistas e enviamos uma pessoa até
o porto para saber mais notícias e o que ouvimos.... [falou Diamante]

        - O que? Falem logo! [Ametista estava com a voz desesperada]

        - Malaquias partiu para o outro lado do oceano. Ele já havia comprado
os bilhetes há meses. Tudo foi uma armação minha irmã. Ele não só enganou
a você, como nos enganou também. Nem sabemos se esse é o real nome
dele.

        Ametista estava muda. Não conseguiu articular uma só palavra.
Levantou-se, disposta a voltar para o quarto, mas de repente sua visão ficou
turva e ela caiu desmaiada aos pés dos irmãos.

        - Corram! Chamem o médico.

        As irmãs se abraçaram, chorando e preocupadas, enquanto os irmãos
levavam Ametista ao seu quarto.

        Quando o médico chegou, demorou algumas horas fazendo uns
exames. Ametista acordou e olhou para o rosto preocupado do médico em
silêncio.
33

        - Minha querida, dessa vez você demorou para acordar.

        - Doutor, onde estão os meus irmãos?

        - Eu vou mandar chamá-los.

        - Não Doutor. Eu não quero ver ninguém. Eu só quero ficar sozinha. O
senhor poderia me dar um remédio para que eu durma melhor?

        - Sim minha filha, lhe darei remédio para dormir, pois você precisa
descansar.

        - Obrigada Dr. Diga aos meus irmãos que estou bem e que amanhã
estarei melhor.

        Ametista esperou o médico sair e pegou o remédio. Ao invés da colher
receitada pelo médico, ela tomou várias. Tudo que ela queria era dormir pra
sempre.

        Não podia acreditar no que havia acontecido. Malaquias não mentira!
Ela sabia que ele a amava. Ela sentia isso. Ela via nos seus olhos que o
sentimento era real. Se ele queria somente dinheiro, ele teria muito mais se
casasse com ela, mas então, porque ele fugiu daquele jeito?

        Sem respostas, Ametista caiu num sono intranqüilo. Acordou dois dias
mais tarde e viu os olhos dos irmãos, todos sentados ao lado de sua cama,
encarando-a.

        - Por favor, não quero falar sobre Malaquias. [ela sussurrou virando o
rosto para o outro lado]

        - Não minha irmã, não falaremos mais dessa pessoa. Mas precisamos
de você. Não conseguimos seguir nossas vidas sabendo o quanto está
sofrendo.

        - Eu estou bem. Eu não vou mais chorar, eu prometo. Eu só quero
descansar por alguns dias e logo depois, me levantarei e voltarei à vida de
sempre.
34

           - Então vamos sair e deixá-la descansar, falou Ágata, com os olhos
tristes.

           Brilhante olhou bem para o rosto da sua irmã mais velha, franziu as
sobrancelhas e saiu do quarto, acompanhado por seus irmãos.

           - Eu acho que a Ametista está escondendo algo. Ela não está bem. Ela
não pode estar bem depois de tudo que ela passou.

           - Eu também acho meu irmão, mas o que faremos? [respondeu Safira]

           - Vamos dar tempo ao tempo. Enquanto isso, vamos deixá-la
descansar.
35

                                       Parte XII




          Quinze dias se passaram e Ametista não se levantava da cama. A falta
de uma boa alimentação junto à tristeza, fizeram-na emagrecer e contrair uma
gripe muito forte.

          O médico estava preocupado com o seu estado de saúde e chamou os
irmãos, pedindo-lhes que levassem Ametista para fora do castelo para tomar
sol, de preferência em outra propriedade que eles tinham à beira-mar.

          Preocupados, os irmãos trataram de arrumar tudo para a partida de
todos. Eles não iam deixá-la sozinha, doente.

          Ametista se negou a ir, mas estava tão fraca que mal conseguia falar.

          - E se ele.... voltar? [ela perguntou, fraca]

          - Minha irmã, ele não vai voltar. [ Safira]

          - Você agora precisa pensar em você! Vamos sair daqui por uns dias,
tomar um sol e irmos caminhar na praia. [Ágata falou, abraçando a irmã]

          - Não, eu não quero sair daqui.




          Seu coração queria esperar Malaquias voltar. Uma parte de si
acreditara no amor dele e tinha certeza que ele voltaria e acabaria com os
boatos.

          Mas outra parte dizia para ela parar de sofrer por uma pessoa como
Malaquias, pois ele não prestava, era um oportunista, uma pessoa fria, sem
coração e que destruíra os seus mais belos sonhos.

          Ametista pensou nisso e agarrou os lençóis, puxou-lhes pra cima da
cabeça caindo em um choro que não podia conter. Chorava pela perda, pela
dor, pela amargura, por se sentir enganada.
36

        Chorava porque relembrava cada palavra cheia de amor que Malaquias
lhe dirigia. Chorava pela mentira. Chorava por ter acreditado nas juras de amor.
E no final, sentia-se culpada como quando perdera o marido. Achava que o
erro era dela.

        Os irmãos deram-lhe o remédio para dormir que o médico receitara e
colocaram-na na carruagem. Juntos, fizeram a viagem até o castelo da outra
cidade, ironicamente chamado de Castelo da Esperança.

        Assim que chegaram, deitaram-na em seu quarto, preparado pelas
criadas e pelas irmãs e ela só acordou quando a noite caía.

        Assim que viu onde estava, ela fitou as paredes e voltou a chorar sua
amargura e dor. Ela não queria mais acordar. Sempre que acordava, lembrava-
se de como havia sido feliz com Malaquias e a tristeza tomava conta de si.

        No outro dia pela manhã, suas irmãs foram até o quarto e encontraram
uma ametista sem cor e sem brilho. Via-se em seus olhos que não havia
dormido e que havia chorado a noite inteira.

        - Minha irmã, viemos lhe buscar para passearmos à beira-mar. [Safira
falou, preocupada]

        - Não quero ir.

        - Por favor, faça isso por nós. Estamos muito preocupados com você.
[Ágata implorou]

        - Nãooooooo! Eu não quero ir. Saiam daqui e me deixem sozinha!

        Ametista nunca havia gritado com os irmãos. Sua voz assustara as
irmãs, que saíram correndo do quarto, chorando.

        Triste com toda situação, Ametista fitou o teto e viu os anjos que sua
mãe mandara pintar quando ela ainda tinha 12 anos. Sorriu, triste. Pensou
bastante e tomou uma decisão.
37

        Á noite, após os irmãos passarem em seu quarto para desejar-lhe uma
boa noite, ela levantou-se e colocou um vestido. Estava trêmula e se sentia
fraca. Seu coração estava dolorido. As lágrimas pararam de cair.

        Saiu em silêncio do castelo e caminhou até o mar. Mesmo sentindo
muito frio, tirou as roupas e colocou-as em cima de uma grande pedra. Olhou
para as mãos e, com tristeza, tirou o anel de ametista que ganhara de
Malaquias e sussurrou para si:

        - Ele me fez perder tudo. O amor, a esperança, a vontade de viver. Não
tenho mais nada a perder. Meus irmãos são maiores e viverão melhores sem
mim. Já não sou uma boa companhia e sei que essa dor jamais sairá do meu
coração.

        Colocou o anel junto às roupas em cima da pedra, soltou os cabelos
que lhe caíam sedosos pelas costas e foi caminhando devagar para a água. A
água não estava fria, mas sua alma sim.

        Seu corpo branco ia sendo banhado pela luz da lua, que beijava as
águas do mar como se estivesse chorando, misturando o reflexo da luz com a
água.

        Antes de sua cabeça sumir dentro da água, Ametista sentiu seu
coração parando de bater aos poucos. Olhou para a lua, lembrou-se do seu
amor, deixou as lágrimas correrem e afundou.

        Neste momento, uma nuvem cobriu a lua, como para escondê-la de
assistir espetáculo tão triste.




        No outro dia pela manhã, a criada foi servir-lhe o desjejum e não a vira.
Esperou algum tempo, imaginando que ela estava se banhando, porém,
quando não a viu retornar, deixou a bandeja ao lado da cama e desceu as
escadas.

        Brilhante encontrou-a ao pé da escada e perguntou:
38

       - Como ela está Azira? Ela comeu alguma coisa?

       - Senhor, eu deixei a bandeja ao lado da cama. Sua irmã não estava lá.
Vim procura-la.

       Todos subiram correndo as escadas e viram que ela havia saído do
quarto. Saíram desesperados à sua procura por todo o castelo e arredores.

       Na praia, acharam seu vestido junto ao anel

       Imaginando o que havia acontecido, os irmãos se abraçaram e
choraram pela dor da irmã.

       Como na lenda, Ametista se dirigia ao templo da deusa grega Diana e
fora atacada pelos tigres. A deusa Diana teve piedade da mulher e
transformou-a em cristal, para que ela não sentisse mais dor.
39

                                 Parte XIII [final]




          Algum tempo depois, bem longe dali, Malaquias soube da morte de
Ametista e também perdeu a vontade de viver. Ele a amava, mas não tinha
coragem de dizer-lhe toda a verdade, que sempre fora um trapaceiro e
enganava outras mulheres.

          Ele queria ter dito a ela que ela era especial e que ele jamais sentira
por outra mulher o que sentia por ela.

          Em poucos dias Malaquias chegou à praia que Ametista se afogou. Ele
esperou anoitecer e não haver ninguém por perto e ficou fitando a água por
bastante tempo. Ali ele chorou por Ametista, chorou por seu amor e chorou por
ele.

          Levantou-se, despiu-se de suas roupas e calçados e se encaminhou
para o mar. Ao sentir seu corpo afundando, olhou pela última vez para a lua e
viu os olhos de sua amada sorrindo para ele.

          Ele estendeu a mão e tocou os dedos de Ametista ao mesmo tempo
que seu corpo fora engolido pelas ondas.

          Alguns dias depois, alguns criados do Castelo entregaram as roupas
aos patrões, Brilhante e Diamante e eles concluíram que fora de Malaquias.
Um dos criados estendeu a mão e entregou uma pedra que estava ao lado das
roupas.

          Ela uma gota de cristal, em forma de lágrima, da cor da ametista...

          Ametista fora atacada por um tigre feroz, que levou seu coração e sua
alma: Malaquias. A deusa Diana, sentindo piedade da moça, transformou-a em
cristal, para que sua dor se acabasse.

          Arrependido por ter enviado os tigres, Dionísio derramou vinho sobre o
cristal, tornando-o violeta.

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O reino da (in) felicidade

  • 1. 1 O Reino da (in) Felicidade Parte I Em um reino bem distante vivia Ametista. Ela fora coroada rainha com apenas 14 anos de idade, após a morte de seus pais em um acidente de trem, a caminho da cidade de Pedra branca, quando iam buscá-la no colégio interno. Ela, assim como seus irmãos, Brilhante Jr., Ágata, Safira e Diamante – foram muito bem criados pelos pais, Brilhante e Esmeralda. Os dois eram reis de Água-Marinha, uma pequena província [o mesmo que estado, só que com outro nome para indicar divisões territoriais nos países] de Granada. A educação dos filhos foi feita no colégio interno de Pedra Branca, onde reis, rainhas e afins eram educados para tomarem seus postos quando assim o protocolo exigia. Os filhos não tinham a menor preocupação com o que fariam quando crescessem, já que foram educados desde cedo, sabendo de suas obrigações para com o seu reinado. Ametista era a filha mais velha da família. Seus pais escolheram cada nome em comum acordo antes de terem o primeiro filho, pois eram apaixonados por pedras preciosas, as quais eram cultivadas no reino, junto ao povo. Assim que seus pais a viram, ao nascer, ficaram encantados pela bela garotinha de cabelos castanhos claros. A filha fora muito desejada e nasceu com lindos olhos cor de violeta, algo muito raro no mundo. Ametista significa o símbolo do "terceiro olho" dos místicos. Segundo a lenda, foi criada quando o deus grego do vinho, Dionísio, ficou irado com os
  • 2. 2 homens e jurou lançar tigres contra o primeiro ser humano que cruzasse a sua frente. Uma mulher chamada Ametista, que se dirigia ao templo da deusa grega Diana, surgiu e foi atacada pelos tigres. A deusa Diana teve piedade da mulher e transformou-a em cristal, para que ela não sentisse mais dor. Arrependido, Dionísio derramou vinho sobre o cristal, tornando-o violeta. Seu irmão, Brilhante Jr. fora o segundo a nascer. Recebera o nome do pai por ser o primeiro filho homem. Seu nome não significava propriamente uma pedra, mas um tipo de lapidação, que produz uma jóia de 57 faces. Seus pais acreditavam que, por seu significado, o menino seria capaz de ser um Rei que saberia usar suas várias faces para saber lidar com o povo do reino, com bastante sabedoria. Ágata fora a terceira filha. Seu nome fora escolhido porque nascera com uma variedade de cores avermelhadas em sua vasta cabeleira. Safira foi a quarta filha. Tinha a pele branca como flocos de algodão, porém, o que mais chamava sua atenção eram os olhos. De um azul escuro e brilhante, eles pareciam duas safiras. Essas pedras podem ser encontradas na natureza, sob a forma de gemas. Seu nome não fora escolhido apenas pela cor dos seus olhos, mas, por ser uma das gemas mais valiosas, além de ser a cor que identifica as atividades criadoras, por meio das quais os homens demonstram sua capacidade de construir para o aumento de suas riquezas, tendo em vista suas preocupações não serem especulativas. Diamante fora o quinto e último filho. Segundo a história, era a pedra mais dura da natureza. Um diamante só pode ser cortado por outro diamante. Por este motivo, é utilizado na indústria como material cortante e perfurante. Da maior parte do diamante extraído da natureza, 80% era utilizado na indústria e apenas 20% era utilizado na confecção de jóias.
  • 3. 3 Seus pais concordaram com o nome ao olhar a carinha do bebê, que fora o único filho que não sorriu ao nascer, além do mais, eles sabiam que não poderiam mais ter outros filhos por causa das suas idade e queriam um nome que combinasse com o que eles queriam. Por isso, deu-lhe o nome de diamante, que simbolicamente, significava a indestrutibilidade do amor, o amor que os dois sentiam um pelo outro, pelos filhos e pelo reino.
  • 4. 4 Parte II Por ocasião da morte dos pais, o reinado entrou em luto por sete longos dias. Todos amavam seu rei e rainha, pois eles tudo fizeram para que o reinado fosse próspero e feliz. Todos os filhos compareceram às diversas cerimônias realizadas até o sétimo dia, o dia em que ambos seriam cremados numa cerimônia bonita, porém melancólica. O rei e a rainha foram colocados numa balsa de madeira pura, de cor clara, ambos deitados de mãos dadas e com tecidos de seda branca cobrindo- lhes o corpo. Ao lado dos corpos, havia diversas flores coloridas e ervas de diferentes aromas, misturadas para que os corpos não entrassem em decomposição antes do tempo da cremação. A cerimônia era realizada pelo poder maior do reino: o sacerdote, geralmente o mais velho de todos, nomeados pelo rei e seus chanceleres. As orações eram feitas pelo sacerdote e pelos familiares, acompanhadas pelo povo do reino até a beira do mar, onde então, a balsa era colocada junto às ondas, com algumas tochas acesas ao lado dos corpos. Na beira do penhasco de Granada, que era chamado de Rocha do Adeus, oito arqueiros ficavam lado a lado, aguardando a balsa chegar após a primeira onda, para então, lançarem suas flechas com a ponta molhada em solução feita para manter o fogo aceso durante um dia inteiro. O número de arqueiros fazia parte da tradição da província de Granada. Para eles, o número oito representa o que permanece em equilíbrio: A Justiça. Na mitologia egípcia, Anubis é a representação máxima do número oito. Anubis (ou saturno) faz o julgamento dos mortos através de uma enorme balança, onde, num dos pratos, é colocado o coração do iniciado, do outro, encontra-se uma pena.
  • 5. 5 Este simbolismo indica, para o bom iniciado, que o coração não pode pesar mais que uma pena, daí a importância da pureza em nossa evolução. Compreende-se que a evolução do homem (quadrado) se dá no momento em que ele completa 28 anos (4×7=28). Observamos então o mistério do número 28 (4×7) = 2 (polaridade-equilíbrio) e 8 (justiça-julgamento), que, curiosamente, é o ciclo de saturno. No aspecto da evolução da alma, o número 2 representa a polaridade entre emoção e a mente (alma), e o 8, a consciência (espírito) que julga estes veículos. O 8 representa também o dia da ressurreição do Senhor e também a futura ressurreição de todos os santos . Daí que nas indicações junto ao título do salmo 6 consta: “Para o oitavo”. O número oito – ensina Agostinho – simboliza o mundo futuro. Pois o oito sucede o sete, número que representa o tempo. Após a mutabilidade desta vida (simbolizada pelo sete), o oitavo dia é o do juízo. Mas a tradição do reinado de Água-marinha era utilizar o número 8 de maneira horizontal na veste dos mortos, que também é o símbolo do infinito e está relacionado com as serpentes entrelaçadas do Caduceu de Mercúrio, símbolo da Ressurreição e da Eternidade. Logo após a cerimônia de cremação, os filhos voltaram ao palácio em silêncio, cada um carregando sua dor no peito. Porém, Ametista, como a filha mais velha, se sentiu responsável pelos irmãos e escondia sua dor embaixo de uma máscara de frieza serena e calma. Seu coração queria gritar. Seus olhos ardiam. Ela queria chorar pela dor da perda dos pais, mas agora ela seria coroada rainha e precisava manter a máscara para que todos a respeitassem e pudessem contar com ela. Os dias e meses foram se passando e Ametista cuidou dos irmãos com zelo. Soube comandar o castelo como sua mãe lhe ensinara, bem como conduzir seus irmãos no caminho do bem e da educação, imposta pelos pais.
  • 6. 6 Porém, Ametista esqueceu-se de cuidar de si mesma. Seus cabelos agora não eram mais penteados com esmero. Seu rosto parecia mais pálido do que o normal e o choro e falta de sono com as preocupações, lhe deram um par de olheiras escuras abaixo de seus belos olhos. Sua boca parou de sorrir. Ela não mais encomendava vestidos novos, pois deixou de sair por causa dos irmãos. Assim, passara a usar trajes mais sóbrios e somente nas cores negras, o que lhe conferia um ar de luto constante.
  • 7. 7 Parte III Um ano após a morte dos pais, Ametista se casou com um homem escolhido pelos chanceleres, já que ela se recusava a encontrar alguém por conta própria. A cerimônia se realizara no salão mais discreto do Palácio, porém, não muito menor que os imensos salões que o castelo possuía. Somente os familiares, o sacerdote, os chanceleres e amigos da família compareceram à tradicional cerimônia. O povo só participaria desta, após a saída do casal para a lua-de-mel, que se realizaria ali mesmo no castelo, a pedido de Ametista, preocupada em deixar seus irmãos sozinhos. Ametista ainda não conhecia seu noivo. Para ela, tanto importava quem seria, desde que ele realizasse suas tarefas como o escolhido para esposo da rainha. Ele seria o rei consorte, já que não descendia da família do rei. Assim que o viu, Ametista lançou-lhe um olhar frio deixando claro que ele seria somente o “marido” da rainha, nada mais que isso. O homem, alto, magro, cabelos castanhos e olhos verdes, parecia seguro do que estava fazendo, porém, Ametista desconfiava que seria um belo desafio a ele. Ele segurou sua mão e Ametista notou-lhe-as tremendo, causando a ela um sorriso sarcástico. Ela precisava de um marido forte, que lhe transmitisse segurança, bem como à sua família e ao povo do reino, mas este parecia-lhe um homem sem muita certeza do que estava fazendo. Com certeza estava casando-se com ela somente por causa do título de nobreza e os dotes que lhe seriam entregues após o primeiro ano de casamento. Quando terminou a cerimônia, os noivos foram até a sacada do castelo e acenaram para o povo, fingindo uma felicidade que não sentiam. Ametista então levou-o direto ao quarto preparado para os dois, onde então, os dois pudessem desfrutar da vida de casados.
  • 8. 8 Assim que entraram no quarto, ele observou todos os detalhes ao redor, em silêncio. Ametista olhou para ele, e, meio nervosa e ansiosa, deu-lhe as costas, para, em silêncio, esperar o marido ajudá-la a tirar suas vestimentas. Este, também visivelmente nervoso, dedicou-se a desamarrar os inúmeros laços que lhe cobriam as costas do vestido. Depois disso, com os dedos trêmulos, ele abriu dezenas de botões feitos de pequeninas pérolas, que a cobriam dos seios até o meio da cintura. Embaixo deste ainda tinha um saiote armado e, por último, uma delicada camisola de seda branca, que lembrava a pureza da noiva. Gabriel, agora seu marido, deitou-a na cama e sem muito carinho, tirou-lhe a pureza. A princípio, Ametista detestou tudo aquilo. Com o tempo, porém, aprendeu a sentir prazer no sexo e acostumou-se a viver bem com o marido. Sua vida não era muito excitante, como um dia ela havia sonhado, mas ela jamais reclamava. Continuava cuidando dos irmãos e do povo, junto ao marido, continuando a trazer prosperidade ao reinado. Em 15 anos de casamento, Ametista não pudera ter filhos. Tivera dois abortos e acabara desistindo por causa da sua saúde. Seu marido, com o tempo, parou de procurá-la na intimidade e já não lhe dava o mínimo carinho. Deixaram de sair juntos às festas e Gabriel passou a dormir em outro quarto, com a desculpa de deixar a esposa descansar, já que ele chegava tão tarde e poderia fazer barulho que poderia causar-lhe mal-estar. E assim, Ametista passou a viver uma vida sem vida. Se dedicava inteiramente aos irmãos e ao trabalho junto aos chanceleres e à corte, já que seu marido preferia viver ás voltas com as belas damas ou até mesmo as empregadas de outras damas, passando a chegar ao castelo ao amanhecer do dia e completamente bêbado.
  • 9. 9 Parte IV Em seu aniversário de 30 anos, Ametista preferiu não comemorar. Ela preferia o aconchego do castelo e à companhia dos irmãos à companhia de outras pessoas e festas muito barulhentas. Gabriel esqueceu-se da data e só voltou para casa no outro dia. Assim que acordou, Ametista ficou sabendo que ele saíra com amigos para caçar na propriedade que eles tinham em outra cidade e não se importou. Para ela, a companhia do marido já não era mais necessária. Ela aprendera a viver por si mesma e pelos irmãos. Dois dias depois, Ametista estava deitada na bela Chaise long de tecido avermelhado, combinando com espessas cortinas de cetim vermelho, adornadas de dourado que enfeitavam as paredes da sala de descanso do castelo, com um livro de romance à mão. Ela já estava se levantando para ir para o seu quarto quando um empregado veio avisá-la que havia alguém que gostaria de vê-la com urgência. Estranhando o horário, Ametista foi ao encontro do visitante e deu de cara com Rafael, irmão de seu marido, ou seja, seu cunhado. Este estava suando, com pequenas gostas a escorrer-lhe da fronte e estava muito tenso e pálido, com os lábios tremendo. Assim que viu a rainha, este fez-lhe uma mesura, segurou suas mãos e logo narrou-lhe a história. Ele estava caçando com seu irmão e alguns amigos, quando um incidente aconteceu. A arma de um amigo disparou acidentalmente, ferindo mortalmente o peito do irmão. Com o susto, Ametista achou que fosse desmaiar. Sentiu-se mal e seu cunhado a levou para um sofá na sala de descanso e chamou os empregados dando-lhes a notícia. Todos ficaram preocupados com o estado da rainha e alguns deles foram chamar seus irmãos, que, a esta hora, já haviam se recolhido para dormir.
  • 10. 10 Ametista acordou algum tempo depois com o médico do Castelo junto à sua cama. Ele esfregava em seu nariz um tecido com um líquido que ela não saberia explicar o que era naquele momento, mas que a fez acordar. Seus irmãos estavam sentados ao lado da cama, preocupados com o seu estado de saúde. Em prantos, Ametista tentou-lhes transmitir serenidade, mas não conseguia. Ela se sentia culpada. De repente, achou que era a pior esposa do mundo e que fora péssima companheira do marido, por isso ele preferia a bebida e orgias com outras mulheres. Com este pensamento, Ametista entrou em profunda depressão. Comia o mínimo possível, emagrecendo bastante em pouco tempo. Sua pele tornara-se sem viço e seus olhos não brilhavam mais. Mais uma vez, tornou a vestir o luto e durante seis meses, mal se levantava da cama. Ela não precisava mais se preocupar tanto com seus irmãos, já que todos haviam crescido, se tornando ótimos companheiros e trabalhadores incansáveis das causas do povo. Um ano após a morte do marido, Ametista pretendia narrar aos irmãos sua decisão de deixar o reinado para Brilhante, pois ela não sentia mais vontade de ser rainha. Seu irmão poderia fazer melhor que ela, já que ela não deixara nenhuma lacuna na educação de todos, tornando-os pessoas maravilhosas. Sempre que se aproximava dos irmãos, Ametista tentava falar, mas o som não saía de sua boca. Ela voltava para o quarto e preferia a companhia dos livros. Numa bela noite de luar, ela sonhou com sua mãe. Ela lhe dizia para ter paciência e ficar tranquila, que logo ela teria um desafio pela frente e que deveria abrir seu coração para as coisas boas da vida.
  • 11. 11 Parte V Quando ela acordou na manhã seguinte, sentia uma boa sensação e pouco se lembrava do que sua mãe lhe dissera no sonho. Assim, ela resolveu se levantar e fazer uma caminhada. Vestiu um traje negro, simples, calçou luvas e botas também negras e partiu à cavalo para o campo de girassóis, o lugar que ela mais amava no mundo, que lhe trazia paz. Sua figura era estranha. O negro misturado ao amarelo das folhas dos girassóis e ao verde das folhas fazia um contraste encantador a quem pudesse ver. E alguém viu! Era Malaquias. Um homem que, curioso, saíra para conhecer a propriedade vizinha a dos seus tios. Malaquias morava a centenas de km de Água-Marinha, mas já ouvira falar da pobre rainha que vivia em luto desde a morte dos pais e depois, após a morte do marido. Ficara curioso em saber o quão inteligente ela era e também bem quista pelo povo do reino. Assim, resolvera sair para conhecer o Castelo, e, quem sabe, encontrar alguém que pudesse contar-lhe a história da rainha. Assim que se virou para pegar o cavalo e retornar ao castelo, Ametista tropeçou em uma pedra e caiu de joelhos. Quando ia se levantando, ela viu uma sombra cobrindo a sua e levantou o rosto assustada. Seus olhos se encontraram com os mais profundos e belos olhos verdes que ela já vira. A íris dos seus olhos possuíam pequenas pintas castanhas que lhe traziam um ar misterioso. Ele estendeu a mão e sorriu-lhe. E ela, sem demonstrar absolutamente qualquer tipo de sentimento, rapidamente tirou sua mão da mão daquele homem. Até então, não havia notado que ele prendia sua mão há mais tempo que o necessário. - Meu nome é Malaquias. Por favor Senhora, desculpe aparecer desse jeito, mas quando levou uma queda, eu não pensei e corri para ampará-la.
  • 12. 12 - Tu-tudo bem. Obrigada Senhor...... - Malaquias. Sou sobrinho dos Kenyon, seus vizinhos do lado Sudeste ao castelo. - Malaquias? Interessante.... o seu nome lembra uma pedra preciosa. Como conhecia bastante sobre as pedras, Ametista conhecia bem a história da origem do seu nome e comentou com ele. - Seu nome é de origem da Malaquita, sabia disso? Sorrindo, Malaquias lhe falou: - Sim, meus pais assim o quiseram. Malaquias vem de Malaquita como você falou, Ela é uma pedra de aparência rosada. Meus pais fizeram essa “brincadeira” comigo, pois desde o meu nascimento, possuo essa pele branca, quase rosada haha! Sorrindo, Ametista continuou: - A Malaquita é conhecida por suas propriedades de alegria, felicidade e telepatia. Essa pedra transmite sensação de conforto e renova o nosso estado emocional. Fisicamente, ela tem efeitos terapêuticos sobre os músculos, a coluna e o coração. Por fim, na antiguidade, era a pedra honrada como pedra mágica. Terminando de falar, Ametista notou que ele fitava-lhe os lábios, embevecido com a sua inteligência e a maneira como ela sabia sobre história e falava com desenvoltura. Os olhos dela também eram lindos! Um pouco sem graça e se sentindo incomodada com aquele olhar, ela retirou uma das luvas e estendeu-lhe a mão. - O meu nome é Ametista. - Oh, oh... Ametista, a Rainha?! Fazendo-lhe uma mesura, Malaquias pediu desculpas pela falta de consciência e educação.
  • 13. 13 - Desculpe-me Senhora, eu não pude reconhecê-la, afinal, moro bastante longe daqui. - Não tem problemas Sr. Malaquias. O que o Senhor faz aqui em minhas terras? - Eu estava cavalgando e de longe, o sol lançou raios diretos sobre este lindo campo de girassóis, me deixando encantado. Sorrindo pela primeira vez em um ano, Ametista disse-lhe: - Não há problema algum Sr. Malaquias. Eu mesma venho sempre caminhar aqui, pois os girassóis são os meus preferidos. - Bom, muito bom. Agora eu preciso ir senhora e desculpe-me mais uma vez por assustá-la. Despedindo-se com outra mesura, Malaquias virou-lhe as costas e saiu em busca do cavalo que amarrara em árvore próxima. Montou-o, olhou para trás lançando-lhe um último olhar, levantou o chapéu e deu adeus. Ametista ficou ali parada, sentindo a boca seca e as mãos trêmulas. Ela não sabia o que estava acontecendo, mas algo naquele homem mexera com ela. Voltando ao castelo, ela não conseguia tirar da memória os olhos e os lábios daquele homem. Refrescou-se um pouco com um suco de frutas e foi deitar-se em sua cama, com um romance nas mãos. Mas não conseguiu ler mais do que uma página e já estava pensando em Malaquias novamente. Sentindo raiva de si mesma pelos novos sentimentos, virou-se e apagou a luz à cabeceira da cama, no entanto, sua noite foi longa e cheia de sonhos com Malaquias, o que a fez acordar mal-humorada pela manhã.
  • 14. 14 Decidiu não sair para caminhar e passou o dia no castelo, andando de um lado para o outro, ansiosa, sentindo que algo estava para acontecer, fazendo seu coração bater um tanto quanto rápido.
  • 15. 15 Parte VI A noite chegou. Ametista se arrumou um pouco melhor e desceu para o jantar, pois sua criada avisara-lhe que haveria um convidado à mesa. Descendo distraída as longas escadarias que levavam até a sala de jantar, Ametista não havia visto o cavalheiro que estava reunido com os irmãos, até que seus olhos se encontraram. O susto inicial deu lugar a um sorriso falsamente tranquilo e ela foi até ele cumprimentando-o. Malaquias segurou sua mão delicada e ali depositou um beijo, para em seguida levantar os olhos para ela. Seus pensamentos foram interrompidos pela voz profunda do irmão, Brilhante Jr. - Minha irmã, que bom que você desceu para jantarmos todos juntos hoje. Quero apresentar-lhe o Senhor Malaquias, sobrinho dos Kenyon. Eu o conheci hoje á tarde em reunião com o Chanceler Malford e achei que seria uma boa companhia para o nosso jantar. - Ah sim! Senhor Malaquias, muito gosto em conhecê-lo. Franzindo o rosto, Malaquias entendeu que Ametista queria deixar o encontro dos dois em segredo e murmurou: - Muito obrigada Senhora Rainha. Fico muito feliz e honrado pelo convite e por estar em companhia de tão ilustre família. Caminhando para a mesa, Ametista sentia seus passos inseguros pelo chão de mármore branco e preto e sentou-se à mesa, nervosa. Fez um sinal para os empregados servirem o jantar e conversaram durante quase todo o tempo. Malaquias não tirava os olhos da mulher que conhecera pela manhã. Agora à noite, sua beleza ainda era estonteante aos seus olhos. Seus belos
  • 16. 16 olhos violetas agora brilhavam com a luz das velas, conferindo-lhe um ar um tanto misterioso, que o fazia sentir arrepios. Por mais de duas horas, travaram uma conversa interessante e ao mesmo tempo formal, onde Brilhante dissera a Malaquias que sua irmã estava viúva há pouco mais de um ano e que logo deviam providenciar-lhe outro marido – falou isso sorrindo carinhoso para a irmã. Ametista sorriu-lhe um pouco nervosa e respondeu: - Meu irmão já não se sente feliz ao meu lado. Ele acha que preciso de um marido para tomar conta de mim para que ele não precise se tornar rei e ter tanto trabalho não é mesmo meu irmão? [falou carinhosamente olhando para seu irmão] - Você sabe minha irmã que eu só quero o seu bem e gostaria de ver- lhe feliz novamente. - Eu sei, eu sei – respondeu-lhe Ametista fazendo troça do seu olhar. Depois do jantar, foram para a sala de descanso e conversaram por mais uma hora e logo depois, Malaquias pediu licença e se despediu de todos, não deixando, porém, todos notarem que seu olhar pousava sempre em Ametista. Todos se recolheram indo dormir, mas Ametista passou a noite em claro. Não conseguia tirar aquele homem da sua cabeça e um sorriso veio brincar em seus lábios
  • 17. 17 Parte VII Ainda faltava mais de 1 hora para o amanhecer e Ametista não conseguia dormir. Ela se levantou, inconscientemente se arrumou com esmero e foi caminhar no campo de girassóis. Pouco tempo depois ela ouviu passos atrás de si e, sem nenhuma surpresa, viu que se tratava de Malaquias. Os dois se olharam durante muito tempo, como se o tempo não mais existisse. Ametista foi a primeira a desviar o olhar para seus pés, evitando encarar o moço e ele achar que ela estava tendo segundas intenções. Envergonhada, ela o cumprimentou baixinho, com a voz trêmula. Malaquias amarrou o cavalo à mesma árvore do dia anterior e parou ao seu lado. - A senhora me desculpe, mas eu não consegui dormir pensando em seus belos olhos e em como o seu sorriso é lindo. Sem graça e sem saber o que falar, ela gaguejou: - Por favor, eu não.... - Por favor, me desculpe, não queria ofender-lhe. - Não me ofendeu, eu só.... - A senhora só o que ? A pergunta direta pegou-lhe de surpresa. Ela olhou para ele com os olhos muito abertos e respondeu: - Bem, na verdade – ela disse ainda olhando para o chão e sentindo o rosto pegar fogo – eu também não dormi a noite toda e não via a hora de vir caminhar e.... - E.... ?
  • 18. 18 - Pare! Estou confusa e você me deixa confusa! [Ela respondeu, dando-lhe as costas] - Ametista, não consigo tirar-lhe da cabeça. Seus olhos me vigiam para onde quer que eu vá. Sua voz doce e macia ressoa em meus ouvidos. O seu sorriso me deixa tonto e não sei o que fazer. [Ele falou, com o corpo quase colado ao dela] - Eu... eu... eu..... - Shhh não fale nada – disse-lhe Malaquias, virando o corpo dela para si e colocando-lhe um dedo nos lábios. – Apenas olhe para mim. Ametista levantou os olhos com receio. Tinha medo de entregar seus sentimentos fitando aquele homem nos olhos. Seu coração batia forte. Não sabia o que fazer. Decidiu fitar-lhe os olhos. Suas pálpebras tremeram. De repente, sem saber como, ela estava envolvida pelos braços de Malaquias. Seu beijo era terno e profundo, cheio de carinho. Era como se Ametista estivesse beijando de verdade pela primeira vez. Suas mãos másculas afastaram o cabelo que caiu em sua testa e ele segurou seu rosto com ambas as mãos, trazendo seu rosto para mais perto e dando-lhe outros beijos apaixonados. De repente, Ametista sentiu seu corpo sendo afastado por duas mãos poderosas. Malaquias estava muito atordoado, afastara-se um pouco e dera- lhe as costas. - Desculpe Ametista, eu não queria.... - Não !! Nós queríamos.... não é verdade? - Sim, sim, eu queria muito !! - Então....
  • 19. 19 Virando-se novamente para Ametista, Malaquias gaguejou uma desculpa e saiu, saltando sobre o cavalo e saindo em disparada. Ametista, completamente sem ação, sentiu seu coração voltando ao normal e tocou seus lábios inchados pelos beijos de Malaquias. Sorriu consigo mesma e voltou bem devagar para o castelo. Pediu para sua criada preparar-lhe um banho e deixá-la sozinha. A criada saiu, fechando a porta atrás de si, aguardando o chamado do lado de fora. Ametista não cabia em si de felicidade. Ela só pensava nos beijos de Malaquias e em como sua pele queimava ao menor toque dele. Enquanto seus pensamentos voavam, os cabelos de sua nuca se arrepiaram e seu corpo implorava por mais. Seus olhos se fecharam e sua cabeça foi jogada para trás. Quando deu por si, suas mãos começaram a fazer o trabalho que ela gostaria que Malaquias houvesse feito em seu corpo.
  • 20. 20 Parte VIII Nos próximos dias, Ametista e Malaquias eram sempre vistos juntos pela família e criados. Seu riso cristalino, há muito esquecido, era ouvido de longe. Seus olhos voltaram a brilhar e sua pele retomara o viço. Estava sempre arrumada e perfumada, aguardando o momento de encontrar com o seu amor. Sim, ela sabia que o amava desde o momento em que seus olhos se encontraram pela primeira vez. Seus olhos mergulhavam nos olhos do amado quando trocavam carinhos. Suas mãos passeavam delicadas por seu rosto e pescoço, indo parar atrás de sua nuca, puxando-lhe para mais um dos inúmeros beijos que trocavam a toda hora. Seis meses depois, Malaquias e Ametista avisaram à família que gostariam de jantar logo mais à noite com toda a família presente. Todos esperavam ansiosos pelo jantar. Os criados arrumaram a mesa com esmero e enfeitaram-na – a pedido de Ametista –com girassóis colhidos na hora. Estava tudo lindo quando todos se sentaram. Sorriram observando a felicidade da irmã e esperaram Malaquias falar. Olhando para Brilhante, como irmão mais velho de Esmeralda, Malaquias a pediu em casamento, provocando lágrimas em todos, quando este falou que adoraria estar pedindo a mão de Ametista aos pais. Disse-lhes também que, se pudesse, diria aos seus pais o quanto ele era agradecido por colocar pessoa tão maravilhosa no mundo como Ametista; que ela era linda como uma flor; que ela tinha os olhos de feiticeira, que prendiam os deles como algemas delirantes. Disse-lhes ainda que não se importava com títulos e dotes, pois tinha o suficiente para Ametista e toda família.
  • 21. 21 Todos se levantaram felizes, no brinde que fizeram ao aceno que Brilhante fez com a cabeça, aceitando o futuro cunhado como parte da família. Malaquias pegou as mãos de Ametista e beijou na frente de todos, colocando um lindo anel de ametista em seu dedo. Os tons violetas mudavam de mais escuro para o mais claro dependendo do movimento que ela fizesse com as mãos, fazendo todos ficarem mudos com o lindo presente. - Este anel combina com seus olhos meu amor! - Ah, muito obrigada Malaquias. Eu amo você! - Também amo você minha rainha. Todos sorriram e passaram boa parte da noite conversando sobre o casamento. Nesse tipo de cerimônia o pai não pode entregar sua filha ao noivo antes que ela seja abençoada por um sacerdote. A noiva usa, geralmente, vestidos azuis, pois essa cor é associada à pureza; no entanto, essa não se trata de uma regra, podendo, a noiva, trajar diferentes cores. Para a decoração, a família opta pela flor de laranjeira, e para a comemoração são servidos banquetes com farta comida e bebida; tudo em meio a muita diversão. Pouco depois, deixaram Ametista a sós com o seu amado e se recolheram, indo dormir. - Minha querida, eu sou muito feliz por ter aceitado o meu pedido. - Eu também meu amor. Você me faz muito feliz! - Você é minha rainha, minha deusa, minha flor, minha pedra preciosa, minha ametista, minha vida!
  • 22. 22 Com lágrimas nos olhos, de felicidade, Ametista encostou o corpo no de Malaquias e recostou a cabeça em seu peito. - Eu jamais recebi tantos elogios lindos vindo de alguém como você meu amor. - E você os terá sempre! Eu a amo e tudo que eu mais quero no mundo é viver com você para sempre, acordar todas as manhãs com o seu sorriso, com os seus olhos me fitando, com o seu corpo encostado ao meu, com suas pernas entrelaçadas à minha. - Oh Malaquias! Você me diz tanta coisa linda! - Eu falo isso somente para você minha querida, porque você me fez despertar para esse novo mundo. Eu vivi boa parte da minha vida preocupado com outras pessoas e esqueci de mim mesmo. Eu passei por fases difíceis, tentando encontrar um sentido na minha vida e por algum acaso do destino, encontrei você. E você me deu tudo o que eu sempre quis: o amor e a vida! Chorando, Ametista beija seu amor e o abraça forte. Estava sem palavras. Sua voz não saía, tamanha emoção que sentia. - Meu amor, eu preciso ir. Tenho uma surpresa pra você logo pela manhã. - Oh meu amor, então eu vou querer dormir rápido para acordar mais rápido ainda e vê-lo assim que acordar. - Não tenha pressa meu amor. Logo nos casaremos e dormiremos e acordaremos juntos todos os dias, eu prometo. - Você me ama mesmo? - Mais do que você imagina meu amor! Beijando-a, Malaquias acenou-lhe e saiu pela porta entreaberta por um criado.
  • 23. 23 Ametista subiu correndo as escadas e foi deitar-se, feliz, com o corpo em chamas. Mal via a hora de se casar com o homem de sua vida.
  • 24. 24 Parte IX Ametista acordou com uma algazarra que vinha logo abaixo de sua janela. Olhou para o lado e viu suas irmãs Ágata e Safira, que ainda vestiam trajes de dormir, acenando pela janela e o barulho que elas faziam era de alegria, entusiasmo e surpresa. - Venha minha irmã, veja o que Malaquias trouxe pra você! [falou Safira sorrindo] - Oh meu Deus, mas a esta hora? - Sim, sim, levante-se preguiçosa e venha logo até a janela. [falou Ágata] - Está bem, vocês me venceram, fiquei curiosa. [Falou Ametista levantando-se da cama]. - Mas o que..... oh meu Deus!! O que é isso?? [Ela gritou espantada] - Minha irmã, não está vendo? [perguntou Safira] - Sim, sim, sim, mas... - Mas nada sua boba! Acene para ele e vamos nos trocar e descer correndo para vermos seu presente mais de perto. As moças saíram correndo, deixando Ametista atordoada na janela. Não sabia se ria ou chorava, mas se apressou em se vestir e colocar um lindo vestido lilás de tom bem claro, que combinava maravilhosamente bem com seus olhos e seu anel de noivado. Encontrou as irmãs na escada e todas desceram correndo, falando alto com alegria. Assim que as portas do castelo se abriram, Ametista arregalou ainda mais seus olhos lilases para o presente.
  • 25. 25 Procurou os olhos de Malaquias e, assim que o viu, saiu correndo direto para um beijo e um abraço apertado. - Meu amor, você é louco!! - Sim, por você meu amor! [falou Malaquias rindo] Ande, me diga o que achou do seu presente!! - Oh, mas é.... é perfeito! Lindo! Maravilhoso! O presente mais lindo que já ganhei na vida! - Então ande, mostre às suas irmãs e chegue mais perto dele [Malaquias sorrindo] Andando em círculos ao redor do presente, Ametista tocou com a ponta dos dedos uma bela parelha de cavalos de cor castanho-dourado e crinas imensas. Eram de pura raça. Logo atrás, atrelada aos cavalos, uma linda carruagem negra com as iniciais A e M pintadas de dourado e o símbolo da realeza de Água-marinha logo abaixo. Abriu a portinhola da carruagem e passou as mãos pelos acentos de couro. Tudo era lindo! - Meu amor, eu nem sei o que dizer! - Então não diga! Mas... me dá um beijo? Malaquias disse isso rindo e correu para abraça-la e deu-lhe um beijo na boca com um certo mudo, já que as irmãs estavam por perto, bem como os empregados. Virando-se para sua amada e suas irmãs, Malaquias falou: - Então, que tal eu e você e sus irmãs darmos uma volta no seu presente? Todos subiram na carruagem, com a galante ajuda de Malaquias. Acomodaram-se e saíram para um passeio pelo campo. Logo a carruagem chegou perto do campo que ficava à beira-mar e todos desceram.
  • 26. 26 Malaquias pegou a mão de Ametista e foram caminhar, com suas irmãs logo atrás. Todos estavam felizes, respirando a brisa que vinha do mar. O dia estava lindo, o céu azul claro, bem diferente dos olhos azuis escuros de Safira. Ágata corria dançando e fazia todos sorrirem com seus cabelos avermelhados esvoaçando pela brisa do mar. - Sabe amor... eu pensei bastante e queria te falar sobre uma decisão que eu tomei. [falou Ametista] - É? Do que se trata meu amor? [Malaquias] - Eu tinha medo de ter filhos por causa dos abortos que eu tive com o Gabriel, mas queria saber se você aceita me dar essa felicidade de tentarmos ter um filho, o que acha? [Ametista falou isso com medo na voz]. - Meu amor! Essa é a melhor notícia que recebi hoje. Vamos sim! Eu quero muito ter filhos e você será a mãe mais linda do mundo! - Oh meu amor! Ametista respondeu, beijando-o com ardor. Malaquias estava feliz em ver sua futura esposa e suas irmãs felizes. O que ele mais queria nesse mundo era casar-se logo com ela e assim, fazerem planos para todos os dias de suas vidas. Porém, uma nuvem negra fez os olhos de Malaquias cerrarem-se e eles os fechou por alguns instantes, o que foi notado por Ametista. - O que foi meu amor, não se sente bem? - Não querida, eu estou bem, fique tranquila. [Ele falou sorrindo, mas seus olhos não sorriam] - Mas sinto seus olhos um tanto preocupados hoje meu amor. Quer conversar a respeito?
  • 27. 27 - Não, não é nada. Estou feliz porque estás feliz e isso me basta. [ele respondeu, apertando a sua mão, com carinho] - Então, vamos voltar para a casa, pois a modista irá levar o vestido de casamento para que eu prove hoje ainda. Amor, estou ansiosa. Em pouco tempo estaremos casados, já pensou nisso? - Já sim meu bem. Penso nisso o tempo todo! - Meninas, vamos! Nossos vestidos nos esperam! [Ametista chamou as irmãs] As moças saíram correndo, felizes em poderem experimentar o vestido que usariam no casamento da irmã. Malaquias se despediu de todos e partiu para a casa da Tia. Seu coração estava em pedaços. Pela primeira vez na vida, ele havia se apaixonado e queria viver esse amor com a mulher que roubara seu coração. Ele montou seu cavalo e saiu pensativo, com o semblante triste. Ametista e as irmãs nada notaram e subiram as escadas correndo direto aos seus quartos para experimentarem os vestidos e passaram a tarde fazendo os últimos ajustes.
  • 28. 28 Parte X Faltavam somente 15 dias para o casamento. E nesse meio tempo, Malaquias lhe dedicara total atenção. Seus irmãos estavam felizes em ver a irmã tão feliz. Para eles, era a realização de um sonho, já que acreditavam que Ametista não havia sido feliz na ocasião do primeiro casamento. Durante todo tempo, Malaquias encheu Ametista e os irmãos de presentes lindos e caros. Todos estavam encantados com o carinho e dedicação do moço. Quando faltavam somente dez dias para o casamento, Malaquias chegou ao Castelo com ar de preocupação. - Meu amor, meu pai sofreu um acidente a cavalo e eu preciso partir para ter certeza que ele está bem. - Claro meu amor! Vou aprontar tudo e partiremos ainda hoje. - Não Ametista. Eu já estou pronto. Vim só me despedir! - Mas, você acha que dá tempo de voltar para o nosso casamento? - Claro que sim! Confie em mim! - Está bem meu amor. Mas não se esqueça de mandar notícias. Diga aos seus pais que mando lembranças e todo meu amor. - Eu mando sim meu amor, sabe o quanto eles a amam. - Sim, mas eu não vejo a hora de conhecê-los pessoalmente. - Você logo os conhecerá, prometo. Eu preciso somente ter certeza que meu pai está fora de perigo e voltarei a tempo para o nosso casamento. - Está bem. Então vá, ande logo para voltar logo! [disse Ametista rindo]
  • 29. 29 Ele já ia saindo quando parou à porta. Girou a cabeça e fitou os olhos de sua Ametista. Ela nunca estivera mais linda! Ele voltou e deu-lhe um forte abraço e beijou-lhe a boca para demonstrar todo amor que sentia por ela.
  • 30. 30 Parte XI Sete dias haviam se passado. Faltavam somente três dias para o casamento. Ametista estava inquieta. Seu coração batia diferente. Ela estava tentando esconder a preocupação dos irmãos, mas todos conheciam muito bem os olhos da irmã mais velha. Eles tentavam conversar com ela, mas ela se afastava, preocupada. Algo em seu coração dissera que havia algo errado, mas ela não quis dar ouvidos a nada. Só o amor que sentia por Malaquias bastava. Na sala, seus irmãos conversavam baixinho. Os dois saíram e deixaram suas irmãs preocupadas. Ao anoitecer, quando chegaram, o semblante dos dois estava fechado. Eles se encaminharam até a sala de descanso, onde eram esperados por Safira e Ágata e lhes contaram o que haviam descoberto. Com os olhos cheios de lágrimas, Safira abraçou Ágata, não contendo os soluços. Brilhante e Diamante fechavam os punhos, agitados. - Não sabemos o que fazer. Como vamos contar isso para Ametista? [perguntou Brilhante] - Não sei! [ respondeu Ágata] - Também não sei meu irmão. [falou, baixinho, Safira] - Eu sei! Vamos contar a verdade. Ela precisa se preparar. Eu vou matá-lo! [falou Diamante, levantando-se com as feições furiosas] - Meu irmão, não foi isso que nossos pais nos ensinaram. Primeiro vamos conversar com Ametista e só depois, tomaremos uma decisão. O que ela preferir, devemos fazer, pois só a ela cabe tomar esta decisão difícil [Brilhante falou, com a mão no ombro do irmão]
  • 31. 31 Com um leve movimento de cabeça, os irmãos assentiram, calados e muito tristes. Brilhante pediu que uma criada chamasse Ametista e todos ficaram à sua espera. Ametista entrou correndo na sala, feliz, imaginando que seria notícias de Malaquias. - O que houve? Sua voz morreu aos poucos, quando viu o semblante triste dos irmãos. Suas irmãs tentavam não chorar e os irmãos olhavam para baixo. - O que está acontecendo? Falou Ametista, segurando o braço de Diamante. - Pergunte ao Brilhante! Respondeu Diamante, com muita raiva na voz. - Minha irmã, por favor, sente-se. Temos uma notícia para lhe dar. - Não, por favor, não! Aconteceu alguma coisa com Malaquias? Ametista estava pálida e as lágrimas corriam por seu rosto. - Minha irmã, sinto muito, mas Malaquias não é quem nós imaginamos. - Como assim? Então ele está vivo? - Sim, vivo e bem longe daqui! - Como assim? Não estou entendendo o que está acontecendo! Seu coração batia forte. Ela pedia pra saber o que havia acontecido, mas algo em sua intuição lhe dizia que era melhor não ouvir. - Ametista, você tem que ser forte. Hoje pela manhã, eu e Diamante partimos para a corte em busca de notícias sobre Malaquias. Antes disso, passamos pela casa dos Kenyon e eles disseram não ter sobrinhos e nunca ouviram falar no nome Malaquias.
  • 32. 32 Tremendo muito, Ametista sentou-se, abaixou a cabeça e começou a chorar. Era como se ela soubesse o que ele iria dizer. - Na corte, ficamos sabendo que Malaquias existia sim. Ele havia aplicado vários golpes e prometera casamento a várias moças, como fez a você. - Como.... ? E os presentes? - Tudo que ele nos deu, ele colocou em nossos nomes minha irmã. A dívida deverá ser paga por nós e não por ele. - Nãooooooooooooooooooooo !!! [ela gritou aterrorizada] - Sim minha irmã. Sinto muito estar lhe dando essa notícia, mas essa é a mais pura verdade. [Brilhante falou, com a voz desgastada] - Eu e Brilhante seguimos algumas pistas e enviamos uma pessoa até o porto para saber mais notícias e o que ouvimos.... [falou Diamante] - O que? Falem logo! [Ametista estava com a voz desesperada] - Malaquias partiu para o outro lado do oceano. Ele já havia comprado os bilhetes há meses. Tudo foi uma armação minha irmã. Ele não só enganou a você, como nos enganou também. Nem sabemos se esse é o real nome dele. Ametista estava muda. Não conseguiu articular uma só palavra. Levantou-se, disposta a voltar para o quarto, mas de repente sua visão ficou turva e ela caiu desmaiada aos pés dos irmãos. - Corram! Chamem o médico. As irmãs se abraçaram, chorando e preocupadas, enquanto os irmãos levavam Ametista ao seu quarto. Quando o médico chegou, demorou algumas horas fazendo uns exames. Ametista acordou e olhou para o rosto preocupado do médico em silêncio.
  • 33. 33 - Minha querida, dessa vez você demorou para acordar. - Doutor, onde estão os meus irmãos? - Eu vou mandar chamá-los. - Não Doutor. Eu não quero ver ninguém. Eu só quero ficar sozinha. O senhor poderia me dar um remédio para que eu durma melhor? - Sim minha filha, lhe darei remédio para dormir, pois você precisa descansar. - Obrigada Dr. Diga aos meus irmãos que estou bem e que amanhã estarei melhor. Ametista esperou o médico sair e pegou o remédio. Ao invés da colher receitada pelo médico, ela tomou várias. Tudo que ela queria era dormir pra sempre. Não podia acreditar no que havia acontecido. Malaquias não mentira! Ela sabia que ele a amava. Ela sentia isso. Ela via nos seus olhos que o sentimento era real. Se ele queria somente dinheiro, ele teria muito mais se casasse com ela, mas então, porque ele fugiu daquele jeito? Sem respostas, Ametista caiu num sono intranqüilo. Acordou dois dias mais tarde e viu os olhos dos irmãos, todos sentados ao lado de sua cama, encarando-a. - Por favor, não quero falar sobre Malaquias. [ela sussurrou virando o rosto para o outro lado] - Não minha irmã, não falaremos mais dessa pessoa. Mas precisamos de você. Não conseguimos seguir nossas vidas sabendo o quanto está sofrendo. - Eu estou bem. Eu não vou mais chorar, eu prometo. Eu só quero descansar por alguns dias e logo depois, me levantarei e voltarei à vida de sempre.
  • 34. 34 - Então vamos sair e deixá-la descansar, falou Ágata, com os olhos tristes. Brilhante olhou bem para o rosto da sua irmã mais velha, franziu as sobrancelhas e saiu do quarto, acompanhado por seus irmãos. - Eu acho que a Ametista está escondendo algo. Ela não está bem. Ela não pode estar bem depois de tudo que ela passou. - Eu também acho meu irmão, mas o que faremos? [respondeu Safira] - Vamos dar tempo ao tempo. Enquanto isso, vamos deixá-la descansar.
  • 35. 35 Parte XII Quinze dias se passaram e Ametista não se levantava da cama. A falta de uma boa alimentação junto à tristeza, fizeram-na emagrecer e contrair uma gripe muito forte. O médico estava preocupado com o seu estado de saúde e chamou os irmãos, pedindo-lhes que levassem Ametista para fora do castelo para tomar sol, de preferência em outra propriedade que eles tinham à beira-mar. Preocupados, os irmãos trataram de arrumar tudo para a partida de todos. Eles não iam deixá-la sozinha, doente. Ametista se negou a ir, mas estava tão fraca que mal conseguia falar. - E se ele.... voltar? [ela perguntou, fraca] - Minha irmã, ele não vai voltar. [ Safira] - Você agora precisa pensar em você! Vamos sair daqui por uns dias, tomar um sol e irmos caminhar na praia. [Ágata falou, abraçando a irmã] - Não, eu não quero sair daqui. Seu coração queria esperar Malaquias voltar. Uma parte de si acreditara no amor dele e tinha certeza que ele voltaria e acabaria com os boatos. Mas outra parte dizia para ela parar de sofrer por uma pessoa como Malaquias, pois ele não prestava, era um oportunista, uma pessoa fria, sem coração e que destruíra os seus mais belos sonhos. Ametista pensou nisso e agarrou os lençóis, puxou-lhes pra cima da cabeça caindo em um choro que não podia conter. Chorava pela perda, pela dor, pela amargura, por se sentir enganada.
  • 36. 36 Chorava porque relembrava cada palavra cheia de amor que Malaquias lhe dirigia. Chorava pela mentira. Chorava por ter acreditado nas juras de amor. E no final, sentia-se culpada como quando perdera o marido. Achava que o erro era dela. Os irmãos deram-lhe o remédio para dormir que o médico receitara e colocaram-na na carruagem. Juntos, fizeram a viagem até o castelo da outra cidade, ironicamente chamado de Castelo da Esperança. Assim que chegaram, deitaram-na em seu quarto, preparado pelas criadas e pelas irmãs e ela só acordou quando a noite caía. Assim que viu onde estava, ela fitou as paredes e voltou a chorar sua amargura e dor. Ela não queria mais acordar. Sempre que acordava, lembrava- se de como havia sido feliz com Malaquias e a tristeza tomava conta de si. No outro dia pela manhã, suas irmãs foram até o quarto e encontraram uma ametista sem cor e sem brilho. Via-se em seus olhos que não havia dormido e que havia chorado a noite inteira. - Minha irmã, viemos lhe buscar para passearmos à beira-mar. [Safira falou, preocupada] - Não quero ir. - Por favor, faça isso por nós. Estamos muito preocupados com você. [Ágata implorou] - Nãooooooo! Eu não quero ir. Saiam daqui e me deixem sozinha! Ametista nunca havia gritado com os irmãos. Sua voz assustara as irmãs, que saíram correndo do quarto, chorando. Triste com toda situação, Ametista fitou o teto e viu os anjos que sua mãe mandara pintar quando ela ainda tinha 12 anos. Sorriu, triste. Pensou bastante e tomou uma decisão.
  • 37. 37 Á noite, após os irmãos passarem em seu quarto para desejar-lhe uma boa noite, ela levantou-se e colocou um vestido. Estava trêmula e se sentia fraca. Seu coração estava dolorido. As lágrimas pararam de cair. Saiu em silêncio do castelo e caminhou até o mar. Mesmo sentindo muito frio, tirou as roupas e colocou-as em cima de uma grande pedra. Olhou para as mãos e, com tristeza, tirou o anel de ametista que ganhara de Malaquias e sussurrou para si: - Ele me fez perder tudo. O amor, a esperança, a vontade de viver. Não tenho mais nada a perder. Meus irmãos são maiores e viverão melhores sem mim. Já não sou uma boa companhia e sei que essa dor jamais sairá do meu coração. Colocou o anel junto às roupas em cima da pedra, soltou os cabelos que lhe caíam sedosos pelas costas e foi caminhando devagar para a água. A água não estava fria, mas sua alma sim. Seu corpo branco ia sendo banhado pela luz da lua, que beijava as águas do mar como se estivesse chorando, misturando o reflexo da luz com a água. Antes de sua cabeça sumir dentro da água, Ametista sentiu seu coração parando de bater aos poucos. Olhou para a lua, lembrou-se do seu amor, deixou as lágrimas correrem e afundou. Neste momento, uma nuvem cobriu a lua, como para escondê-la de assistir espetáculo tão triste. No outro dia pela manhã, a criada foi servir-lhe o desjejum e não a vira. Esperou algum tempo, imaginando que ela estava se banhando, porém, quando não a viu retornar, deixou a bandeja ao lado da cama e desceu as escadas. Brilhante encontrou-a ao pé da escada e perguntou:
  • 38. 38 - Como ela está Azira? Ela comeu alguma coisa? - Senhor, eu deixei a bandeja ao lado da cama. Sua irmã não estava lá. Vim procura-la. Todos subiram correndo as escadas e viram que ela havia saído do quarto. Saíram desesperados à sua procura por todo o castelo e arredores. Na praia, acharam seu vestido junto ao anel Imaginando o que havia acontecido, os irmãos se abraçaram e choraram pela dor da irmã. Como na lenda, Ametista se dirigia ao templo da deusa grega Diana e fora atacada pelos tigres. A deusa Diana teve piedade da mulher e transformou-a em cristal, para que ela não sentisse mais dor.
  • 39. 39 Parte XIII [final] Algum tempo depois, bem longe dali, Malaquias soube da morte de Ametista e também perdeu a vontade de viver. Ele a amava, mas não tinha coragem de dizer-lhe toda a verdade, que sempre fora um trapaceiro e enganava outras mulheres. Ele queria ter dito a ela que ela era especial e que ele jamais sentira por outra mulher o que sentia por ela. Em poucos dias Malaquias chegou à praia que Ametista se afogou. Ele esperou anoitecer e não haver ninguém por perto e ficou fitando a água por bastante tempo. Ali ele chorou por Ametista, chorou por seu amor e chorou por ele. Levantou-se, despiu-se de suas roupas e calçados e se encaminhou para o mar. Ao sentir seu corpo afundando, olhou pela última vez para a lua e viu os olhos de sua amada sorrindo para ele. Ele estendeu a mão e tocou os dedos de Ametista ao mesmo tempo que seu corpo fora engolido pelas ondas. Alguns dias depois, alguns criados do Castelo entregaram as roupas aos patrões, Brilhante e Diamante e eles concluíram que fora de Malaquias. Um dos criados estendeu a mão e entregou uma pedra que estava ao lado das roupas. Ela uma gota de cristal, em forma de lágrima, da cor da ametista... Ametista fora atacada por um tigre feroz, que levou seu coração e sua alma: Malaquias. A deusa Diana, sentindo piedade da moça, transformou-a em cristal, para que sua dor se acabasse. Arrependido por ter enviado os tigres, Dionísio derramou vinho sobre o cristal, tornando-o violeta.