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V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
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Visibilidade mediática cibercultural:
apontamentos sobre a fenomenologia do “apareSer”1
Cíntia Dal Bello 2
PUC-SP
UNINOVE
Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar a fundamentação teórico-epistemológica do fenômeno
denominado “apareSer”, apontando sua relação com os conceitos de visibilidade mediática,
espectralização e produção excessiva de simulacros no contexto de transposição da
subjetividade para as plataformas ciberculturais. Na sequência, documenta os resultados de
um evento-experimento (#apareSer: I Encontro sobre Visibilidade em Redes Sociais)
empreendido pelos alunos do Curso de Pós-Graduação em Comunicação em Redes Sociais da
Uninove, realizado em 7 de maio de 2011 com o intuito de socializar a produção de
conhecimento sobre o tema e experimentar estratégias de gestão da visibilidade no Twitter,
principal plataforma utilizada – o que conduziu a hashtag do evento aos TTs (Trend Topics)
São Paulo e Brasil.
Palavras-chave
Cibercultura; redes sociais digitais; visibilidade mediática; apareSer; Twitter.
Abstract
This article aims to present the theoretical and epistemological phenomenon called
"apareSer" (in Portuguese, the hybrid term corresponds to the junction of the verbs"appear"
and "be") and pointing out its relationship with the concepts of media visibility, spectralizing
and excessive production of simulacra in the context of implementation of subjectivity
cybercultural platforms. Further, documents the results of an experiment-event (# apareSer:
First Meeting on Social Network Visibility) performed by students of Lato Sensu
“Communication in Social Networks” (promoted by Uninove), occurred on May 7, 2011 with
the aim of socialize production of knowledge about the topic and experience visibility
management strategies on Twitter, the leading platform used - leading to the event hashtag to
TT's (Trend Topics) São Paulo and Brazil.
Key words
Cyberculture; digital social networks; media visibility; apareSer; Twitter.
1 Artigo científico apresentado ao eixo temático “Jogos, Redes Sociais, Mobilidade e Estruturas
Comunicacionais Urbanas” do V Simpósio Nacional da ABCiber.
2 Doutoranda em Comunicação e Semiótica do PEPGCOS-PUC-SP e bolsista CAPES; coordenadora, docente e
pesquisadora do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho.
Consultora de imagem em redes sociais. Associada à ABCiber e membro do grupo de pesquisa Plurimídia. Sua
pesquisa versa sobre cibercultura, subjetividade e visibilidade mediática, com interesse particular pelas
emergentes redes sociais digitais. E-mail: pubcintia@yahoo.com.br. [www.cintiadalbello.blogspot.com].
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Introdução
Durante o 1º semestre de 2011, lecionei para a 1ª turma do curso de Pós-
graduação em Comunicação em Redes Sociais da Universidade Nove de Julho. Dentro da
programação, procurei destacar os conceitos de visibilidade mediática ciberespacial
(TRIVINHO, 2010), evasão de privacidade (SIBILIA, 2008), popularidade e reputação
(RECUERO, 2009), além de apresentar o neologismo “apareSer” (utilizado em minhas
pesquisas sobre cibercultura e subjetividade desde 2007) para fomentar a reflexão e o debate
sobre a autoexposição generalizada nos palcos/ambientes hiperespetaculares da virtualidade.
Como atividade de encerramento do módulo, os alunos desenvolveram artigos
sobre a temática e organizaram um evento-experimento que pudesse socializar a produção de
conhecimento, envolvendo um número maior de pessoas no debate, e propiciar a
experimentação de estratégias de gestão da visibilidade mediática. Com apenas uma semana
de intervalo entre a concepção e a realização do evento, a hashtag #apareSer chegou ao Trend
Topics São Paulo e Brasil.
Neste artigo, deseja-se apresentar a fundamentação teórico-epistemológica que
sustenta a proposição do neologismo e registrar as contribuições que a realização do evento-
experimento #apareSer – I Encontro sobre Visibilidade em Redes Sociais propiciou sobre a
fenomenologia em questão.
1. Sobre a gênese do “apareSer”: fundamentação teórico-epistemológica
O termo “apareSer” é depositário da reflexão sobre construção, projeção e
promoção de identidades em ambientes ciberculturais de alta visibilidade, objeto de estudo
sobre o qual debrucei-me de 2007 a 2009, considerando a porosidade das subjetividades
trespassadas pelos fluxos informacionais (COUCHOT, 2003; MACHADO, 2007) e as
inúmeras tensões constantes na dinâmica relacional com a alteridade nas redes sociais digitais.
No contexto dos novos processos de subjetivação na conjunção entre aceleração, excesso e
produção de simulacros característicos da visibilidade cibercultural (BAUDRILLARD, 1991;
TRIVINHO, 2007), o neologismo foi proposto para cumprir a árdua tarefa de desfazer a
dicotomia aparência-essência e descrever, se não a natureza mesma, híbrida e complexa, do
ser/estar na transparente intermitência entre a dimensão dos lugares e a dimensão
comunicacional das redes (conforme Trivinho, 2007), ao menos a lógica reinante, coercitiva
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na medida em que a todos sujeita: para ser, ser reconhecidamente alguém, é imprescindível
aparecer, estar na mídia. Daí dizer-se que, embora o “apareSer” tenha surgido a partir da
reflexão crítica sobre cibercultura e subjetividade, apresenta vocação para abarcar tudo o que
projete visibilidade mediática (impressa, eletrônica, digital).
Mas, no que tange à virtualidade, ser/estar em ambientes digitais de alta
visibilidade implica processos de espectralização tangenciados pelos parâmetros da
representação, da simulação e da dissimulação, obliterando diferenças operacionais entre
ficcional, real e hiperreal (DAL BELLO, 2008). Cumpre salientar que tais parâmetros não são
estanques ou incomunicáveis, alternando-se e sobrepondo-se conforme os jogos sociais que se
desenrolam na rede (SANTAELLA, 2003) e transformam espaços/tempos virtuais em
interessantes laboratórios de aparição performática e celebração móvel da identidade (HALL,
2004). Tais considerações, registradas em artigo publicado em 2007, sinalizam a tentativa
inicial de apreensão da fenomenologia em questão:
A publicização, encenação e hiperespetacularização de identidades, neste contexto,
levam à crescente espectralização da existência: a lógica do hiperespetáculo é a da
apropriação pelo olhar, e nela, “deixar-se olhar significa deixar-se apropriar”
(BAITELLO Jr., 2005, p. 20), o que incide na indexação sígnica de tudo o que
constitui a pele dos espectros. Eis a lógica coercitiva do ‘apareSer’”. (DAL
BELLO, 2007, p. 9).
Por espectralização, deve-se entender a “tradução” da subjetividade em
arranjamento sígnico-imagético (corpo espectral dinâmico ou espectro virtual audiovisual) por
meio do qual o usuário transpõe a dimensão dos lugares para teleexistir em tempo real. Este
arranjamento sígnico-imagético, que confere forma e aparência ao usuário, representando-o e
presentificando-o no cyberspace, pode ser localizado em diversas interfaces de projeção
subjetiva e operacionalizado a partir de dispositivos e contextos diversos; nas redes sociais
digitais, social games e metaversos, equivalem aos perfis e avatares. Se, por um lado, tal
“tradução” do ente humano em tecnoimagem implica sua hipersimplificação, essa escalada
rumo à abstração (ou à dimensão zerodimensional, conforme Flusser, 2008) não deixa de
apresentar uma complexidade própria, sintomática de novas formas de ser, estar e relacionar-
se. Nesse sentido, “apareSer” é tornar-se espectro, ser hiperreal, desempenhar a “performance
de ser” no âmbito da visibilidade mediática (DAL BELLO, 2009, p. 39).
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
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Nas redes sociais digitais, “apareSer” implica que cada usuário inscreva-se na
plataforma, in-formando-se 3 em um perfil ou avatar que o diferenciará em relação ao meio
cibercircundante e o identificará – dinâmica que o converte em mensagem, conteúdo, objeto
de observação e especulação do outro. Este arranjamento é significativo lugar de fala a partir
do qual cada usuário pode atuar na rede, organizar o discurso sobre si e ascender ao status de
sujeito; entretanto, apesar de individualizante, não deixa de ser composto e atravessado pelas
tramas discursivas de todos os outros atores que operam na rede, estabelecendo uma relação
metafórica de fractalidade com ela: a maleável “totalidade” da rede está contida em cada
perfil-fractal que a integra, tornando-a recuperável a partir dos hiperlinks (nós) esparramados
pelas interfaces – o que indica a dimensão de trajeto que também caracteriza esse híbrido
sujeito-objeto.
“ApareSer” nas redes sociais digitais, portanto, só é possível por meio da
envergadura de perfis que, por sua natureza de interface, facultam constituição, representação,
presentificação, permanência e identidade ao indivíduo nas plataformas ciberespaciais de alta
visibilidade mediática; uma espécie de organicidade “aparente”, corpo híbrido em que
mesclam-se e confundem-se os papéis de emissor, receptor, mensagem e canal (TRIVINHO,
2001). Sob a lógica do “apareSer”:
[...] a subjetividade torna-se identidade, o conteúdo é forma, o interior está no
exterior, a essência na aparência, a realidade na representação, a imagem vira
corpo, a visibilidade confere invisibilidade (em meio ao excesso), o privado torna-
se público, a multiplicidade reune-se sob a unidade de uma identidade e a
universalidade do ser humano esparrama-se na pluralidade de formas de vir a ser e
publicizar-se. O sujeito busca seus contornos, mas confunde-se com a rede na qual
é produzido. (DAL BELLO, 2010, p. 11).
Por essa razão, pode-se afirmar que a relação cartesiana e dicotômica sujeito-
objeto comparece implodida no cyberspace (TRIVINHO, 2001) e aquilo que se designa
sujeito/objeto/trajeto será, doravante, nominado sujeito glocal. Neste ponto, cabe sublinhar
uma característica interessante – objeto de investigação do Doutorado em andamento – sobre
a inserção dos indivíduos na visibilidade cibercultural: quanto mais investimento é feito na
transposição e/ou delineamento da subjetividade nas redes (o “apareSer”), por efeito de
excesso informacional e saturação da atenção, o sujeito glocal invisibiliza-se, inviabilizando-
3 Para Flusser (2007), informar é um conceito que “significa impor forma à matéria” (p.31). Ocorre, entretanto,
que “as informações que hoje invadem nosso mundo e suplantam as coisas são de um tipo que nunca existiu
antes: são informações imateriais” (p.54), impalpáveis e inapreensíveis, embora decodificáveis (daí Flusser
chamá-las de “não-coisas” e chamar atenção para o caráter nebuloso e fantasmagórico do novo ambiente). Nesse
sentido, in-formar-se é por-se na forma desta “não-coisa” espectral, o perfil.
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
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se. Projeção e dissolução, portanto, retroalimentam-se e incitam os usuários das tecnologias
de autoexposição à convergência total entre existência e teleexistência: do glocal potencial
(TRIVINHO, 2007) ao always on.
Observa-se que o deslocamento do eixo de organização do discurso de
autoapresentação migrou do “Who?”, que se aproximava de um projeto reflexivo sobre o eu,
para o “Where? What?”. Quer seja por pressão da prática cotidiana 4 ou pela popularização de
novos formatos e dinâmicas comunicacionais 5, o fato é que a ênfase que rege o “apareSer”
está posta na documentação em tempo real da vida em movimento, geolocalizável, o que é
facilitado pelos diversos dispositivos móveis de acesso à Internet. Dado que a indexação
cotidiana da vida e do ser pelo tempo real torna toda informação, desde a origem, obsoleta, e
cada aparição ciberespacial em permanente estado de manutenção. Sob o assédio da
interatividade (que requer conexão contínua, devoção desdobrada, devolutiva veloz e
disponibilidade glocal) e a ameça da invisibilidade (que implica inenarrável morte simbólica),
configura-se a performance mediática em cujo cenário os sujeitos glocais engalfinham-se para
não definhar. Eis a dinâmica agonística (TRIVINHO, 2010) que caracteriza os jogos sociais
por reputação, audiência, visibilidade e autoridade.
“ApareSer”, por fim, não apenas designa fenômeno correlato ao uso confessional
da Internet (BAUMAN, 2008) e ao comportamento generalizado de evasão de privacidade e
de exposição da intimidade (SIBILIA, 2008) que transforma as redes sociais digitais em
“palcos hiperespetaculares de publicação de sujeitos” (DAL BELLO, 2008). O termo
denomina o fruto do processo de naturalização do desejo de autoexposição que desenvolveu-
se, paulatinamente, ao longo do século XX graças à colonização do imaginário popular pelas
indústrias cultural, da moda e da publicidade, dada a larga penetração dos meios de
comunicação de massa instituintes de uma sociedade espetacular. Nesse sentido, “apareSer”,
para além de nominar um conjunto de práticas socioculturais de autoexposição com vistas à
legitimação da existência, no caudal político-econômico que conforma as experiências
humanas para conferir sustentabilidade a um sistema permanentemente em crise, pode apontar
4 Usuários brasileiros do Orkut, desde 2004, alteravam constantemente as informações contidas no campo
“Quem sou eu”, o que possivelmente levou a plataforma a introduzir o campo “Status”; no Facebook, o campo
“Quem sou eu” não ocupa espaço privilegiado no perfil e calca-se em informações estáveis como local de
nascimento ou empresa em que trabalha.
5 Em 2009, o crescimento do Twitter – com o convite “What´s happening?” como mote para a postagem de
mensagens de 140 caracteres – levou outras redes sociais a redesenharem o layout de suas interfaces,
incorporando questões como “No que você está pensando agora?” (Facebook) ou o campo para
compartilhamento rápido de mensagens, fotos, vídeos e links (Orkut e Facebook).
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
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para um novo modus vivendi, epocal, do qual algumas características já podem ser
apreendidas.
2. #apareSer : a configuração de um evento-experimento sobre visibilidade
Pensar e implementar um evento que pudesse traduzir o conjunto de ideias
arregimentadas pelo termo “apareSer”, transformando-o em um experimento sobre
visibilidade mediática, constituiu um desafio para o grupo de alunos do curso de Pós-
graduação em Comunicação em Redes Sociais da Universidade Nove de Julho. Como dar
visibilidade às apresentações dos artigos desenvolvidos para o módulo aplicado, socializando
a discussão sobre a problemática geral e engajando um número significativo de pessoas sem
perder de vista a qualidade do debate?
Decidiu-se que o evento deveria caracterizar-se como um “encontro online” no
Twitter, agendado para 7 de maio de 2011, das 9 às 16 horas. Dessa forma, qualquer
internauta poderia acompanhar o debate utilizando a hashtag que batizou o evento: #apareSer,
pois todos os presentes (alunos, professores e convidados) fariam a cobertura da discussão
disparando tweets com essa marca. Hashtags são palavras antecedidas pelo símbolo # que
indicam o assunto em discussão no Twitter. Por meio delas, usuários não vinculados entre si
podem participar de grandes debates públicos; o acompanhamento do que é postado sobre um
determinado tema também é facultado a não-usuários do Twitter, bastando que façam a
consulta no campo Search na página inicial da plataforma. Além de transformarem-se em
hiperlinks, as hashtags são indexadas por sites de busca e facilitam a mensuração. No Twitter,
o menu Trend Topics apresenta, em tempo real, as hashtags mais comentadas (por região, país
e no mundo). Portanto, realizar o evento por meio de uma hashtag baseou-se na hipótese de
que esta seria a opção mais eficiente para viralizar o debate, ampliando-o e arregimentando
um número maior de participantes.
Além da participação dos próprios alunos, que apresentaram seus artigos,
professores, pesquisadores e profissionais da área integraram a programação 6 do encontro
tendo em vista a contribuição que poderiam dar ao grupo. Posteriormente, verificou-se que a
composição da programação (temas e convidados) constitui uma estratégia poderosa de
envolvimento e ampliação da visibilidade do evento.
6 A programação pode serconferida em: http://cintiadalbello.blogspot.com/2011/05/notas-sobre-o-evento-
experimento.html?spref=tw.
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Com apenas uma semana para divulgar o evento (de 30 de abril a 6 de maio), o
grupo realizou diversas experimentações nas redes sociais digitais, dentre elas a mobilização
das redes pessoais de amigos (no Facebook ), contatos (Linkedin) e seguidores (Twitter) por
meio do envio contínuo de mensagens sobre o evento. Além disso, foram criados: um perfil
no Twitter (@aparecer) e, no Facebook, uma página (fan-page) e um aviso de evento. Todas
as mensagens de divulgação fizeram uso de uma mesma identidade visual 7 e apontavam,
invariavelmente, para o hotsite (figura 1) com endereço eletrônico próprio
(www.apareser.com.br), de forma que o público interessado fosse direcionado para uma
interface oficial do evento.
No hotsite, todos os integrantes do grupo organizador dispuseram de espaço
próprio para divulgação de seu principal canal de relacionamento: blog, site, perfil no Twitter
ou no Facebook . A apresentação de cada integrante do grupo visou a, por um lado, consolidar
a “reputação” do evento e, por outro, aumentar o comprometimento dos participantes:
trabalhar em prol da visibilidade do projeto (coletivo) implicaria, necessariamente, projeção
individual 8.
Figura 1. Hotsite do evento #apareSer (3 mai. 2011).
A mesma lógica foi considerada ao utilizar, na página inicial do hotsite, um
aplicativo (Visible Tweets) que dá visibilidade às últimas mensagens postadas no Twitter com
a hashtag #apareSer: todo internauta que a utilizasse apareceria também no hotsite, ampliando
7 A identidade, bem como a chamada para o evento (“O que você faz para #apareSer?”), foram criados com base
no dito popular “Quer aparecer? Pendure uma melancia no pescoço!”.
8 Veja-se: http://www.apareser.com.br/conheca-os-pesquisadores-do-evento-apareser.htm.
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
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sua própria visibilidade. Essa estratégia mostrou-se bastante envolvente, como os tweets de
erickabe e vanessaperetti, na figura 2, demonstram. O aspecto lúdico conferiu ao grupo
organizador um novo mote: ao invés de “O que você faz para #apareSer?”, foi possível
utilizar: “Você quer #apareSer?”. Também na figura 2, o usuário homenagemmj ensina o que
os demais internautas devem fazer para #apareSer na home do site: usar a hashtag ou dar um
RT (retweet 9, procedimento que compartilha um tweet já postado).
Figura 2. Tweets sobre como aparecer no hotsite do #apareSer (4 e 5 mai. 2011).
Figura 3. Tweets sobre como aparecer no hotsite do #apareSer (7 mai. 2011).
Na figura 3, o usuário 95jrc faz uma reclamação sobre um erro no aplicativo mas,
logo depois, comemora sua aparição no site do #apareSer. Em todos os casos, tanto a hashtag
9 Um exemplo de retweet pode ser visto na figura 4, pois sandrobattesini (aluno do curso) publica um RT do
usuário 95jrc.
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
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do evento quando o endereço do hotsite, mesmo encurtado 10, foram amplamente divulgados
(antes e durante o evento-experimento).
O grupo também monitorou o desempenho do termo “apareSer” no Google até
que as menções feitas nos blogs pessoais 11 – e depois, o próprio hotsite – aparecessem na
primeira página do site de busca. Às vésperas do evento, conforme auferido por Ellen Aguiar
12, o #apareSer tinha 3 links na primeira página do Google: em 1º lugar, o hotsite; em 3º lugar,
o primeiro post sobre o evento e, em 7º lugar, uma divulgação feita por Tarcízio da Silva 13,
mestrando do Programa de Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA e integrante do
Grupo de Pesquisa em Interações, Tecnologias Digitais e Sociedade, que soube do evento
pelo Twitter. Em apenas quatro dias, o número de referências subiu, portanto, para 133 mil. 14
Cabe frisar que o grupo não articulou nenhuma parceria com assessorias de
imprensa, portais, blogs profissionais ou canais de comunicação tradicionais (jornais, rádio e
tv), tampouco utilizou-se dos recursos institucionais da Universidade (o que teria facultado
uso de e-mail marketing, divulgação no site oficial e por meio dos canais de social media
atualmente utilizados por ela). Portanto, ao analisar os links listados pelo Google em suas dez
primeiras páginas para o termo #apareSer, não é possível identificar outras reverberações a
não ser aquelas produzidas pelo próprio grupo, com exceção da divulgação feita pelo Tarcízio
(já mencionada) e a reprodução literal de informações sobre o evento em um blog
universitário 15.
A documentação do desempenho da hashtag, antes e durante o evento, bem como
o acompanhamento do número de visitantes do hotsite, foi feita por Fernanda Rabaglio, que
utilizou os serviços do HashTracking.com (que faz o levantamento tomando por base as
últimas 24 horas a partir da consulta) e do Google Analytics (cujos relatórios podem ser
10 Procedimento que tem por objetivo economizar caracteres em microbloggings como o Twitter, particularmente
útil nos casos de longos endereços eletrônicos. Infelizmente, o endereço encurtado perde completamente sua
identificação, embora constitua link efetivo para a página que representa.
11 A divulgação foi feita nos blogs Cibercultura, Consumo e Publicidade (Cíntia Dal Bello), Portfolio da Ellen
(Ellen Aguiar), Tatha e sua vida (Talitha Rodrigues de Souza) e Fernanda Rabaglio.
12 Veja-se “#apareSer em primeiro lugar no Google”, post de 6 mai. 2011 disponívelem:
http://portfoliodaellen.blogspot.com/2011/05/apareser-em-primeiro-lugar-no-google.html.
13 A contribuição de Tarcízio Silva retornou dois links sobre o evento:http://www.dignow.org/post/encontro-
online-apareser-1968635-40306.html e http://www.dihitt.com.br/barra/encontro-online-apareser (este último,
presente na 1ª página do Google).
14 Dois meses após o evento, exatamente em 7 de julho, constam224 mil referências quando pesquisado o termo
“apareSer” e, dos dez links listados na primeira página, oito referem-se ao evento-experimento.
15 Veja-se http://publiqeinove.blogspot.com/2011/05/apareser.html.
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
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solicitados por períodos específicos). A análise de parte dos dados indexados permitiu que se
percebesse a efetividade de determinadas estratégias, como será apresentado a seguir.
3. Análise dos dados indexados: como mensurar a visibilidade mediática?
De acordo com Recuero (2009, p.108-113), a visibilidade online pode ser
compreendida como um valor relativo à capacidade do nó ou ator de se fazer visível. Quanto
maior o número de conexões ligadas a ele, maior o seu potencial de visibilidade – o que
redunda na complexização da própria rede em que se manifesta. Além disso, a visibilidade
pode facultar outros valores, como popularidade e reputação. Embora distintos, os três valores
comparecem entremeados, já que a popularidade traduz, quantitativamente, aspectos ligados a
audiência daquilo que se faz visível e a reputação implica, qualitativamente, as percepções ou
impressões que os demais atores têm daquele que se apresenta.
No dia 7 de maio, a hashtag alcançou tanto o Trend Topics São Paulo quanto o
Brasil (figura 4) em menos de duas horas do início do evento-experimento. Tais listas
configuram, em primeira instância, um sinalizador de popularidade dos assuntos discutidos a
cada instante via Twitter. Mas, o simples fato de figurar nas listas parece contribuir
significativamente para a ampliação da visibilidade do assunto em discussão – o que não
necessariamente contribui para a reputação pretendida.
Figura 4. #apareSer nos TTs São Paulo e Brasil (7 de maio de 2011).
A partir do momento em que a hashtag passou a figurar nos TTs, um número
significativo de usuários entraram na discussão em andamento demonstrando estranhamento
em relação à grafia do termo, conforme os exemplos extraídos do monitoramento feito das
10:50 às 11:48 (quadro 1). A reação imediata do grupo foi procurar esclarecer os novos atores
sobre o termo e a razão de sua grafia com S, encaminhando para o hotsite todos os
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
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interessados em obter mais informações. Se, por um lado, tal iniciativa buscou retornar o
fluxo da timeline para o assunto em debate, por outro contribuiu para esvaziar a cobertura dos
artigos apresentados. Isso ocorreu porque a cobertura deixou de ser transcrição literal das
principais ideias apresentadas (como exemplo: “#apareSer - @tathatalitha baseou-se muito
no livro O show do eu de @paulasibilia”) se transformar em um pout pourri de mensagens
promocionais da hashtag com sinalizações do que estava acontecendo no encontro presencial
(como exemplo: “@gcavalheiro fala agora sobre #avatares nas #redessociais aqui no
#apareSer, siga e acompanhe @apareSer”), além da celebração de cada posição alcançada
pela hashtag nos TTs (“o #apareSer está em 2º lugar nos TTs Brasil. Muuuito legal!”).
Quadro 1. Tweets com a hashtag #apareSer (7 de maio de 2011).
HenRickTM: #apareSer com S nos TTs? (10:52:25).
Nataliacostatwi: Bom dia ^ ^ #apareSer, quem foi que escreveu assim? Qual foi o famoso?
euLuanMartins: Si u profeçor #apareSer, vosses vaumvêr. (10:56:40).
Thaybband: por mais que me expliquem a razão, #apareSer com S é tão estranho... (10:56:52).
Guh_severini: Bom saber que não foi um erro de grafia esse #apareSer nos TTs, e sim um
movimento. Interessante. (11:08:40).
Arianaway: me assustei coma tag #apareSer com S :O mas agora eu sei o motivo rs´ (11:11:25).
Rosihbella: eu sou estudante de Letras. Quando li #apareser nos TTs eu quase tive um treco no
coração! Agora sei o que é, rs. (11:16:55).
Dressa_favero: Gente, o #apareser nos TTs não é erro de digitação. P/ mais informações acesse o
http://www.apareser.com.br/ Iniciativa bem legal! :] (11:18:30).
Element_f: #euvou #apareSer #porque #souanalfabeto (11:23:16).
VivianSantoss: Feliz Aniversário Mãe #apareSer (11:27:43).
Juliiocsanches: Ontem eu vi uma placa escrita: VIDRAsARIA. Hoje #apareSer está nos TTs.
#comolidar?
Peohzera: #apareSer como diria minha mãe “quer aparecer bota uma melancia na cabeça e sai na
rua” (11:30:58).
PeEmanuel: Lá vai eu com minha curiosidade, descobri o que danada é esse #apareSer
(11:33:12).
Neste caso, pode-se dizer que o evento começou com a participação daqueles que,
avisados antecipadamente, sabiam quais eram os seus propósitos. Paralelamente à cobertura, o
grupo impetrou ações para envolver usuários de suas redes que estivessem online, saudaram
pesquisadores e profissionais da área (como @raquelrecuero e @marthagabriel), citaram
perfis famosos no Twitter (como @ocriador e @pecesiqueira) e usaram outras hashtags
(#cibercultura, #blogsfera, #redessociais, #socialmedia, #marketing, #propaganda, #midia)
para entrelaçar fluxos de discussões afins. Apesar dos cuidados, a ampliação da visibilidade
desvirtuou o primeiro objetivo (a promoção de um debate online que abordasse criticamente a
questão da visibilidade nas redes sociais), transformando o evento em celebração do fato de
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
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que foi possível chegar aos TTs (parâmetro de visibilidade máxima na plataforma utilizada)
sem apoio da mídia de massa ou qualquer investimento em propaganda digital.
Assim como o aumento da visibilidade não contribui, necessariamente, para a
reputação pretendida, também não significa um número muito maior de pessoas envolvidas.
Conforme dados indexados pelo HashTracking.com (tabela 1), o evento-experimento
constituiu-se de 593 tweets que geraram mais de 147 mil impressões do #apareSer,
alcançando uma audiência de 16.808 usuários. Embora o número de impressões (relativo à
visibilidade) tenha aumentado significativamente do dia 6 para o dia 7 de maio, o número de
pessoas atingidas (compreendendo-se popularidade como audiência) não aumentou na mesma
proporção. O que a relação “impressões/audiência” demonstra, entretanto, é que, na média, as
mesmas pessoas foram impactadas mais vezes durante o evento. O esvaziamento do debate
(transformado em excesso de informações redundantes e tautologia) pode ser conferido no
fato de que o percentual de retweets (44,7%) foi maior que o de tweets originais (32,9%).
Tabela 1. Quadro-resumo comparativo: desempenho da hashtag #apareSer.
06/05/2011 07/05/2011
tweets 128 593
original tweets 49,2% 32,9%
retweets 21,1% 44,7%
mentions 29,7% 22,4%
impressões 38259 147487
audiência 13840 16808
impressões/audiência 2,8 8,8
impressões/tweet 298,9 248,7
Outro dado interessante é que dentre os dez usuários que provocaram o maior
número de impressões, constam dois convidados (@marcelonomura e @gcavalheiro), cinco
integrantes do grupo organizador (@evelsonj, @cintiadalbello, @diego_oliveira, @athayde,
@ferabaglio) e o próprio @apareSer. O perfil @mafiawarsstrtgy interessou-se pelo evento
graças à divulgação feita via hashtag #mafiawars (afinal, um dos profissionais convidados
falaria sobre a comunidade brasileira desse social game durante o evento). O cruzamento
desses dados com as listas “Top 10 Tweets” e “Top 10 Followers” permite observar que a
visibilidade ampliada não está diretamente ligada nem ao número de tweets produzidos, nem
ao número de seguidores.
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
13
Tabela 2. Em destaque: usuários que produziram mais impressões (visibilidade) durante o evento.
07/05/2011 Top 10
Impressões (Visibilidade)
Top 10
Tweets
Top 10
Followers
marcelonomura 42987 69 623
evelsonj 17604 27 652
cintiadalbello 14691 83
diego_oliveira 10697 563
mafiawarsstrtgy 8732 4366
athayde 7480 22
ferabaglio 5440 20
apareser 3864 69
lidianeprod 3421
gcavalheiro 2928
calawall 44
bruckcorrea 31
carlah_alves 28
convicta 26
fabioalbukerk 2381
homenagemmj 1283
rodrigowebbr 520
kellypaiva 510
caiosenra 441
nomaia 388
Tabela 3. Dados indexados pelo Google Analytics (hotsite: de 6 a 9 de maio de 2011).
de 6 a 9 de maio
Visitas 532
Visualizaçõesde página 978,88
Páginas/visita 1,84
Taxa de rejeições 58,08%
Tempomédiode permanência 00:02:11
Novasvisitas 87,78%
País de origem 9
As mensagens promocionais do #apareSer durante o evento surtiram efeito
indexado pelo Google Analytics (tabela 3). Do total de visitas recebidas de 6 a 9 de maio,
13,72% (73) ocorreram na véspera do evento e 82,89% (441), no dia 7. 520 visitas são
oriundas do Brasil; as demais distribuem-se entre os seguintes países: Estados Unidos (3),
Alemanha (1), Japão (1), França (1), Portugal (1), Espanha (1), Itália (1) e, o nono (3), de
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
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origem desconhecida (not set). Apesar da abrangência, pode-se dizer que os usuários
estrangeiros chegaram mais por um “sopro do acaso”, embora uma parte dos tweets tenha sido
disparada em inglês.
Como pode ser observado na tabela 4, o número de novas visitas encaminhadas
por sites de referência foi bastante significativo (62,22%), com destaque para o Twitter
(51,32%); em segundo lugar, o tráfego direto (31,95%) e, em terceiro, os mecanismos de
pesquisa (5,83%). A presença do Hootsuite deve-se ao fato do grupo utilizar esta plataforma
para programar mensagens contínuas a serem publicadas tanto no Facebook quanto no
Twitter.
Tabela 4. Origem de tráfego para o hotsite (de 6 a 9 de maio de 2011).
Origemde tráfego Visitas Porcentagem
Twitter (referral) 273 51,32%
Direct(none) 170 31,95%
Google (organic) 29 5,45%
Facebook (referral) 27 5,08%
Hootsuite (referral) 14 2,63%
O baixo desempenho do Facebook como origem de tráfego para o hotsite, apesar
dos esforços empreendidos pelo grupo (criação de página e chamada de evento), foi
surpreendente. Até o dia 8 de maio, 114 novos usuários curtiram a página do #apareSer,
totalizando 124. Os esforços de divulgação do evento por meio da fan-page envolveram,
inclusive, a abordagem de usuários do Facebook via chat e ocorreram, sobretudo, de 5 a 6 de
maio, o que foi registrado com um pico de usuários que “curtiram” a página (figura 5).
Figura 5. Mapeamento da opção "Curtir" (fan-page do #apareSer no Facebook).
Entretanto, apesar do número de impressões (visibilidade) das mensagens
postadas pela fan-page ser alto (3.024 foi o número de vezes que pessoas, fãs e não-fãs,
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
15
visualizaram o histórico no Feed de Notícias), a repercussão (número de opções “curtir” e
comentários feitos no mesmo histórico) foi baixíssima: 18 apenas.
Fica patente que a opção “Curtir”, embora sinalize anuência (“gosto”,
“concordo”) ou ciência (“vi a mensagem”), ainda está longe de refletir comprometimento com
aquilo que se põe na visibilidade mediática das redes. Estar visível 3.024 vezes não significa
ter sido visto ou apreendido efetivamente 3.024 vezes. E ser visto pode não ser suficiente para
angariar a necessária simpatia para gerar engajamento.
Conclusão
Tratar do conceito “visibilidade mediática” neste experimento literalmente
laboratorial (pois as discussões ocorreram no laboratório de informática fechado para uso
exclusivo dos alunos, professores e convidados participantes do evento), permitiu que se
observasse de forma controlada os esforços empreendidos para fazer chegar o termo
#apareSer aos TTs. A despeito da singularidade do Twitter como instrumento dinâmico no
compartilhamento veloz de informações e do apoio complementar prestado por outras
plataformas, todos os integrantes do grupo organizador do evento, no período de uma semana,
sentiram esgotamento físico e mental durante o processo de divulgação - provavelmente dada
a necessidade de conexão contínua para a articulação de amigos, seguidores e contatos em
prol do evento.
Por ser um evento “fechado” 16 com objetivos de gestão de sua própria
visibilidade, muitas apresentações foram interrompidas para que os participantes pudessem
trocar impressões presenciais sobre o que estava ocorrendo na timeline do Twitter. Nesse
sentido, todos foram orientados a caracterizar tais manifestações (relativas ao experimento)
como “off-line” antes de serem enunciadas, de forma que se diferenciassem do conteúdo
publicável (relativo ao evento) e fossem trocadas apenas entre os presentes.
O evento-experimento gerou muito material para análise que não pode, neste
artigo, ser apresentado ou tratado em profundidade – e nisto, não no fato de alcançar os TTs,
reside seu valor. Durante todo o período matutino, quando a programação previu a
apresentação de artigos vinculados a temáticas ligadas às áreas de administração, propaganda
e marketing, o #apareSer manteve-se nos TTs. No período vespertino, não foi possível manter
16 Apenas algumas fotos foram disponibilizadas durante o evento via Twitpic. A opção de mostrar o evento ao
vivo via streaming foi descartada – o grupo sentiu necessidade de preservar a privacidade do “laboratório”. Para
a 2ª edição, a realizar-se no 2º semestre de 2011, essa estratégia poderá ser tentada.
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
16
a posição. Uma hipótese está ligada aos temas abordados (subjetividade, identidade,
comunidade, fake profile, morte); outra, considera que o horário da manhã (em um sábado)
tem audiência privilegiada e que a tendência é dos usuários permanecerem off-line no período
vespertino; e, por fim, a última hipótese levanta a possibilidade de que, uma vez esvaziado o
debate, os usuários impactados não encontraram razão para permanecer naquele fluxo
conversacional.
Entretanto, como conclusão preliminar, quero registrar minha impressão geral: o
“sucesso” do evento deveu-se principalmente ao aspecto lúdico conferido à questão (e,
portanto, superficial, apesar da boa vontade, do bom senso e do alto nível de criticidade dos
pesquisadores envolvidos – afinal, a cobertura do evento em uma plataforma que disponibiliza
apenas 140 caracteres por mensagem disparada tendia a ser deficitária) e da conversão da
visibilidade como moeda de troca entre os usuários do Twitter (“quem faz o #apareSer
aparecer, também aparece!”) - o que reforça todo o escopo crítico ligado ao conceito
“apareSer”. Exatamente por essa razão, este artigo procura cobrir algumas lacunas
identificadas coletivamente pelos próprios alunos da pós-graduação, principalmente no que
diz respeito a documentar o que se compreende, exatamente, por “apareSer”, para instigar a
promoção de outros experimentos dessa natureza e alardear a necessidade de se discutir o
significado da visibilidade mediática na contemporaneidade.
Referências
BAUDRILLARD,Jean. Simulacros e simulação.São Paulo: Relógio D´Água, 1991.
BAUMAN,Zygmunt. Vida para consumo:a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar,2008.
COUCHOT,Edmond. A tecnologia na arte:da fotografia à realidade virtual. Porto Alegre: Ed. da
UFRGS, 2003.
DAL BELLO,Cíntia. Espectros virtuais: a construção de corpos-sígnicos em comunidades virtuais de
relacionamento. E-Compós.Brasília: Compós, v. 10, dez-2007.
________.Espectros virtuais: as dimensões do “apareser” em comunidades virtuais de
relacionamento. Cadernos de Semiótica Aplicada. Araraquara:FCLAR-UNESP,v.6,n.1, 2008.
________. Cibercultura e subjetividade:uma investigação sobre a identidade em plataformas
virtuais de hiperespetacularização do eu, 2009. 130 p. Dissertação (Mestrado em Comunicação e
Semiótica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em:
http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/ arquivo.php? codArquivo=9410.
________. Sorria,você está sendo indexado! A questão da privacidade em plataformas ciberculturais
de relacionamento e projeção subjetiva. In: Simpósio Nacional de Cibercultura,4., 2010. Rio de
Janeiro: Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura, 2010. Disponível em:
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC
17
http://www.abciber2010.pontaodaeco.org/sites/default/files/ARTIGOS/1_REDES_SOCIAIS/C%C3%
ADntia%20Dal%20Bello_REDESSOCIAIS.pdf.
FLUSSER, Vilém. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo:
Cosac Naify, 2007.
________. O universo das imagens técnicas:elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume,
2008.
HALL,Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade.9. ed. Rio de Janeiro: DP&A,2004.
MACHADO,Arlindo. Sujeito na tela: modos de enunciação no cinema e no ciberespaço. São Paulo:
Paulus, 2007.
RECUERO,Raquel. Redes sociais na Internet. Porto Alegre:Sulina, 2009.
SANTAELLA,Lucia. Culturas e artes do pós-humano. São Paulo:Paulus, 2003.
SIBILIA, Paula. O showdo eu:a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
TRIVINHO,Eugênio. O mal-estar da teoria:a condição da crítica na sociedade tecnológica atual.
Rio de Janeiro: Quartet,2001.
________. A dromocracia cibercultural:lógica da vida humana na civilização mediática avançada.
São Paulo: Paulus, 2007.
________.Visibilidade mediática, melancolia do único e violência invisível na cibercultura:
significação social-histórica de um substrato cultural regressivo da sociabilidade em tempo real na
civilização mediática avançada. In: XIX Encontro Nacional da COMPÓS,19.,2010, Rio de Janeiro.
Disponível em: http://compos.com.puc-rio.br/media/gt1_eugenio_trivinho.pdf. Acesso em: 15 set.
2010.

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Visibilidade mediática cibercultural: apontamentos sobre a fenomenologia do "apareSer"

  • 1. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 1 Visibilidade mediática cibercultural: apontamentos sobre a fenomenologia do “apareSer”1 Cíntia Dal Bello 2 PUC-SP UNINOVE Resumo Este artigo tem por objetivo apresentar a fundamentação teórico-epistemológica do fenômeno denominado “apareSer”, apontando sua relação com os conceitos de visibilidade mediática, espectralização e produção excessiva de simulacros no contexto de transposição da subjetividade para as plataformas ciberculturais. Na sequência, documenta os resultados de um evento-experimento (#apareSer: I Encontro sobre Visibilidade em Redes Sociais) empreendido pelos alunos do Curso de Pós-Graduação em Comunicação em Redes Sociais da Uninove, realizado em 7 de maio de 2011 com o intuito de socializar a produção de conhecimento sobre o tema e experimentar estratégias de gestão da visibilidade no Twitter, principal plataforma utilizada – o que conduziu a hashtag do evento aos TTs (Trend Topics) São Paulo e Brasil. Palavras-chave Cibercultura; redes sociais digitais; visibilidade mediática; apareSer; Twitter. Abstract This article aims to present the theoretical and epistemological phenomenon called "apareSer" (in Portuguese, the hybrid term corresponds to the junction of the verbs"appear" and "be") and pointing out its relationship with the concepts of media visibility, spectralizing and excessive production of simulacra in the context of implementation of subjectivity cybercultural platforms. Further, documents the results of an experiment-event (# apareSer: First Meeting on Social Network Visibility) performed by students of Lato Sensu “Communication in Social Networks” (promoted by Uninove), occurred on May 7, 2011 with the aim of socialize production of knowledge about the topic and experience visibility management strategies on Twitter, the leading platform used - leading to the event hashtag to TT's (Trend Topics) São Paulo and Brazil. Key words Cyberculture; digital social networks; media visibility; apareSer; Twitter. 1 Artigo científico apresentado ao eixo temático “Jogos, Redes Sociais, Mobilidade e Estruturas Comunicacionais Urbanas” do V Simpósio Nacional da ABCiber. 2 Doutoranda em Comunicação e Semiótica do PEPGCOS-PUC-SP e bolsista CAPES; coordenadora, docente e pesquisadora do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho. Consultora de imagem em redes sociais. Associada à ABCiber e membro do grupo de pesquisa Plurimídia. Sua pesquisa versa sobre cibercultura, subjetividade e visibilidade mediática, com interesse particular pelas emergentes redes sociais digitais. E-mail: pubcintia@yahoo.com.br. [www.cintiadalbello.blogspot.com].
  • 2. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 2 Introdução Durante o 1º semestre de 2011, lecionei para a 1ª turma do curso de Pós- graduação em Comunicação em Redes Sociais da Universidade Nove de Julho. Dentro da programação, procurei destacar os conceitos de visibilidade mediática ciberespacial (TRIVINHO, 2010), evasão de privacidade (SIBILIA, 2008), popularidade e reputação (RECUERO, 2009), além de apresentar o neologismo “apareSer” (utilizado em minhas pesquisas sobre cibercultura e subjetividade desde 2007) para fomentar a reflexão e o debate sobre a autoexposição generalizada nos palcos/ambientes hiperespetaculares da virtualidade. Como atividade de encerramento do módulo, os alunos desenvolveram artigos sobre a temática e organizaram um evento-experimento que pudesse socializar a produção de conhecimento, envolvendo um número maior de pessoas no debate, e propiciar a experimentação de estratégias de gestão da visibilidade mediática. Com apenas uma semana de intervalo entre a concepção e a realização do evento, a hashtag #apareSer chegou ao Trend Topics São Paulo e Brasil. Neste artigo, deseja-se apresentar a fundamentação teórico-epistemológica que sustenta a proposição do neologismo e registrar as contribuições que a realização do evento- experimento #apareSer – I Encontro sobre Visibilidade em Redes Sociais propiciou sobre a fenomenologia em questão. 1. Sobre a gênese do “apareSer”: fundamentação teórico-epistemológica O termo “apareSer” é depositário da reflexão sobre construção, projeção e promoção de identidades em ambientes ciberculturais de alta visibilidade, objeto de estudo sobre o qual debrucei-me de 2007 a 2009, considerando a porosidade das subjetividades trespassadas pelos fluxos informacionais (COUCHOT, 2003; MACHADO, 2007) e as inúmeras tensões constantes na dinâmica relacional com a alteridade nas redes sociais digitais. No contexto dos novos processos de subjetivação na conjunção entre aceleração, excesso e produção de simulacros característicos da visibilidade cibercultural (BAUDRILLARD, 1991; TRIVINHO, 2007), o neologismo foi proposto para cumprir a árdua tarefa de desfazer a dicotomia aparência-essência e descrever, se não a natureza mesma, híbrida e complexa, do ser/estar na transparente intermitência entre a dimensão dos lugares e a dimensão comunicacional das redes (conforme Trivinho, 2007), ao menos a lógica reinante, coercitiva
  • 3. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 3 na medida em que a todos sujeita: para ser, ser reconhecidamente alguém, é imprescindível aparecer, estar na mídia. Daí dizer-se que, embora o “apareSer” tenha surgido a partir da reflexão crítica sobre cibercultura e subjetividade, apresenta vocação para abarcar tudo o que projete visibilidade mediática (impressa, eletrônica, digital). Mas, no que tange à virtualidade, ser/estar em ambientes digitais de alta visibilidade implica processos de espectralização tangenciados pelos parâmetros da representação, da simulação e da dissimulação, obliterando diferenças operacionais entre ficcional, real e hiperreal (DAL BELLO, 2008). Cumpre salientar que tais parâmetros não são estanques ou incomunicáveis, alternando-se e sobrepondo-se conforme os jogos sociais que se desenrolam na rede (SANTAELLA, 2003) e transformam espaços/tempos virtuais em interessantes laboratórios de aparição performática e celebração móvel da identidade (HALL, 2004). Tais considerações, registradas em artigo publicado em 2007, sinalizam a tentativa inicial de apreensão da fenomenologia em questão: A publicização, encenação e hiperespetacularização de identidades, neste contexto, levam à crescente espectralização da existência: a lógica do hiperespetáculo é a da apropriação pelo olhar, e nela, “deixar-se olhar significa deixar-se apropriar” (BAITELLO Jr., 2005, p. 20), o que incide na indexação sígnica de tudo o que constitui a pele dos espectros. Eis a lógica coercitiva do ‘apareSer’”. (DAL BELLO, 2007, p. 9). Por espectralização, deve-se entender a “tradução” da subjetividade em arranjamento sígnico-imagético (corpo espectral dinâmico ou espectro virtual audiovisual) por meio do qual o usuário transpõe a dimensão dos lugares para teleexistir em tempo real. Este arranjamento sígnico-imagético, que confere forma e aparência ao usuário, representando-o e presentificando-o no cyberspace, pode ser localizado em diversas interfaces de projeção subjetiva e operacionalizado a partir de dispositivos e contextos diversos; nas redes sociais digitais, social games e metaversos, equivalem aos perfis e avatares. Se, por um lado, tal “tradução” do ente humano em tecnoimagem implica sua hipersimplificação, essa escalada rumo à abstração (ou à dimensão zerodimensional, conforme Flusser, 2008) não deixa de apresentar uma complexidade própria, sintomática de novas formas de ser, estar e relacionar- se. Nesse sentido, “apareSer” é tornar-se espectro, ser hiperreal, desempenhar a “performance de ser” no âmbito da visibilidade mediática (DAL BELLO, 2009, p. 39).
  • 4. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 4 Nas redes sociais digitais, “apareSer” implica que cada usuário inscreva-se na plataforma, in-formando-se 3 em um perfil ou avatar que o diferenciará em relação ao meio cibercircundante e o identificará – dinâmica que o converte em mensagem, conteúdo, objeto de observação e especulação do outro. Este arranjamento é significativo lugar de fala a partir do qual cada usuário pode atuar na rede, organizar o discurso sobre si e ascender ao status de sujeito; entretanto, apesar de individualizante, não deixa de ser composto e atravessado pelas tramas discursivas de todos os outros atores que operam na rede, estabelecendo uma relação metafórica de fractalidade com ela: a maleável “totalidade” da rede está contida em cada perfil-fractal que a integra, tornando-a recuperável a partir dos hiperlinks (nós) esparramados pelas interfaces – o que indica a dimensão de trajeto que também caracteriza esse híbrido sujeito-objeto. “ApareSer” nas redes sociais digitais, portanto, só é possível por meio da envergadura de perfis que, por sua natureza de interface, facultam constituição, representação, presentificação, permanência e identidade ao indivíduo nas plataformas ciberespaciais de alta visibilidade mediática; uma espécie de organicidade “aparente”, corpo híbrido em que mesclam-se e confundem-se os papéis de emissor, receptor, mensagem e canal (TRIVINHO, 2001). Sob a lógica do “apareSer”: [...] a subjetividade torna-se identidade, o conteúdo é forma, o interior está no exterior, a essência na aparência, a realidade na representação, a imagem vira corpo, a visibilidade confere invisibilidade (em meio ao excesso), o privado torna- se público, a multiplicidade reune-se sob a unidade de uma identidade e a universalidade do ser humano esparrama-se na pluralidade de formas de vir a ser e publicizar-se. O sujeito busca seus contornos, mas confunde-se com a rede na qual é produzido. (DAL BELLO, 2010, p. 11). Por essa razão, pode-se afirmar que a relação cartesiana e dicotômica sujeito- objeto comparece implodida no cyberspace (TRIVINHO, 2001) e aquilo que se designa sujeito/objeto/trajeto será, doravante, nominado sujeito glocal. Neste ponto, cabe sublinhar uma característica interessante – objeto de investigação do Doutorado em andamento – sobre a inserção dos indivíduos na visibilidade cibercultural: quanto mais investimento é feito na transposição e/ou delineamento da subjetividade nas redes (o “apareSer”), por efeito de excesso informacional e saturação da atenção, o sujeito glocal invisibiliza-se, inviabilizando- 3 Para Flusser (2007), informar é um conceito que “significa impor forma à matéria” (p.31). Ocorre, entretanto, que “as informações que hoje invadem nosso mundo e suplantam as coisas são de um tipo que nunca existiu antes: são informações imateriais” (p.54), impalpáveis e inapreensíveis, embora decodificáveis (daí Flusser chamá-las de “não-coisas” e chamar atenção para o caráter nebuloso e fantasmagórico do novo ambiente). Nesse sentido, in-formar-se é por-se na forma desta “não-coisa” espectral, o perfil.
  • 5. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 5 se. Projeção e dissolução, portanto, retroalimentam-se e incitam os usuários das tecnologias de autoexposição à convergência total entre existência e teleexistência: do glocal potencial (TRIVINHO, 2007) ao always on. Observa-se que o deslocamento do eixo de organização do discurso de autoapresentação migrou do “Who?”, que se aproximava de um projeto reflexivo sobre o eu, para o “Where? What?”. Quer seja por pressão da prática cotidiana 4 ou pela popularização de novos formatos e dinâmicas comunicacionais 5, o fato é que a ênfase que rege o “apareSer” está posta na documentação em tempo real da vida em movimento, geolocalizável, o que é facilitado pelos diversos dispositivos móveis de acesso à Internet. Dado que a indexação cotidiana da vida e do ser pelo tempo real torna toda informação, desde a origem, obsoleta, e cada aparição ciberespacial em permanente estado de manutenção. Sob o assédio da interatividade (que requer conexão contínua, devoção desdobrada, devolutiva veloz e disponibilidade glocal) e a ameça da invisibilidade (que implica inenarrável morte simbólica), configura-se a performance mediática em cujo cenário os sujeitos glocais engalfinham-se para não definhar. Eis a dinâmica agonística (TRIVINHO, 2010) que caracteriza os jogos sociais por reputação, audiência, visibilidade e autoridade. “ApareSer”, por fim, não apenas designa fenômeno correlato ao uso confessional da Internet (BAUMAN, 2008) e ao comportamento generalizado de evasão de privacidade e de exposição da intimidade (SIBILIA, 2008) que transforma as redes sociais digitais em “palcos hiperespetaculares de publicação de sujeitos” (DAL BELLO, 2008). O termo denomina o fruto do processo de naturalização do desejo de autoexposição que desenvolveu- se, paulatinamente, ao longo do século XX graças à colonização do imaginário popular pelas indústrias cultural, da moda e da publicidade, dada a larga penetração dos meios de comunicação de massa instituintes de uma sociedade espetacular. Nesse sentido, “apareSer”, para além de nominar um conjunto de práticas socioculturais de autoexposição com vistas à legitimação da existência, no caudal político-econômico que conforma as experiências humanas para conferir sustentabilidade a um sistema permanentemente em crise, pode apontar 4 Usuários brasileiros do Orkut, desde 2004, alteravam constantemente as informações contidas no campo “Quem sou eu”, o que possivelmente levou a plataforma a introduzir o campo “Status”; no Facebook, o campo “Quem sou eu” não ocupa espaço privilegiado no perfil e calca-se em informações estáveis como local de nascimento ou empresa em que trabalha. 5 Em 2009, o crescimento do Twitter – com o convite “What´s happening?” como mote para a postagem de mensagens de 140 caracteres – levou outras redes sociais a redesenharem o layout de suas interfaces, incorporando questões como “No que você está pensando agora?” (Facebook) ou o campo para compartilhamento rápido de mensagens, fotos, vídeos e links (Orkut e Facebook).
  • 6. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 6 para um novo modus vivendi, epocal, do qual algumas características já podem ser apreendidas. 2. #apareSer : a configuração de um evento-experimento sobre visibilidade Pensar e implementar um evento que pudesse traduzir o conjunto de ideias arregimentadas pelo termo “apareSer”, transformando-o em um experimento sobre visibilidade mediática, constituiu um desafio para o grupo de alunos do curso de Pós- graduação em Comunicação em Redes Sociais da Universidade Nove de Julho. Como dar visibilidade às apresentações dos artigos desenvolvidos para o módulo aplicado, socializando a discussão sobre a problemática geral e engajando um número significativo de pessoas sem perder de vista a qualidade do debate? Decidiu-se que o evento deveria caracterizar-se como um “encontro online” no Twitter, agendado para 7 de maio de 2011, das 9 às 16 horas. Dessa forma, qualquer internauta poderia acompanhar o debate utilizando a hashtag que batizou o evento: #apareSer, pois todos os presentes (alunos, professores e convidados) fariam a cobertura da discussão disparando tweets com essa marca. Hashtags são palavras antecedidas pelo símbolo # que indicam o assunto em discussão no Twitter. Por meio delas, usuários não vinculados entre si podem participar de grandes debates públicos; o acompanhamento do que é postado sobre um determinado tema também é facultado a não-usuários do Twitter, bastando que façam a consulta no campo Search na página inicial da plataforma. Além de transformarem-se em hiperlinks, as hashtags são indexadas por sites de busca e facilitam a mensuração. No Twitter, o menu Trend Topics apresenta, em tempo real, as hashtags mais comentadas (por região, país e no mundo). Portanto, realizar o evento por meio de uma hashtag baseou-se na hipótese de que esta seria a opção mais eficiente para viralizar o debate, ampliando-o e arregimentando um número maior de participantes. Além da participação dos próprios alunos, que apresentaram seus artigos, professores, pesquisadores e profissionais da área integraram a programação 6 do encontro tendo em vista a contribuição que poderiam dar ao grupo. Posteriormente, verificou-se que a composição da programação (temas e convidados) constitui uma estratégia poderosa de envolvimento e ampliação da visibilidade do evento. 6 A programação pode serconferida em: http://cintiadalbello.blogspot.com/2011/05/notas-sobre-o-evento- experimento.html?spref=tw.
  • 7. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 7 Com apenas uma semana para divulgar o evento (de 30 de abril a 6 de maio), o grupo realizou diversas experimentações nas redes sociais digitais, dentre elas a mobilização das redes pessoais de amigos (no Facebook ), contatos (Linkedin) e seguidores (Twitter) por meio do envio contínuo de mensagens sobre o evento. Além disso, foram criados: um perfil no Twitter (@aparecer) e, no Facebook, uma página (fan-page) e um aviso de evento. Todas as mensagens de divulgação fizeram uso de uma mesma identidade visual 7 e apontavam, invariavelmente, para o hotsite (figura 1) com endereço eletrônico próprio (www.apareser.com.br), de forma que o público interessado fosse direcionado para uma interface oficial do evento. No hotsite, todos os integrantes do grupo organizador dispuseram de espaço próprio para divulgação de seu principal canal de relacionamento: blog, site, perfil no Twitter ou no Facebook . A apresentação de cada integrante do grupo visou a, por um lado, consolidar a “reputação” do evento e, por outro, aumentar o comprometimento dos participantes: trabalhar em prol da visibilidade do projeto (coletivo) implicaria, necessariamente, projeção individual 8. Figura 1. Hotsite do evento #apareSer (3 mai. 2011). A mesma lógica foi considerada ao utilizar, na página inicial do hotsite, um aplicativo (Visible Tweets) que dá visibilidade às últimas mensagens postadas no Twitter com a hashtag #apareSer: todo internauta que a utilizasse apareceria também no hotsite, ampliando 7 A identidade, bem como a chamada para o evento (“O que você faz para #apareSer?”), foram criados com base no dito popular “Quer aparecer? Pendure uma melancia no pescoço!”. 8 Veja-se: http://www.apareser.com.br/conheca-os-pesquisadores-do-evento-apareser.htm.
  • 8. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 8 sua própria visibilidade. Essa estratégia mostrou-se bastante envolvente, como os tweets de erickabe e vanessaperetti, na figura 2, demonstram. O aspecto lúdico conferiu ao grupo organizador um novo mote: ao invés de “O que você faz para #apareSer?”, foi possível utilizar: “Você quer #apareSer?”. Também na figura 2, o usuário homenagemmj ensina o que os demais internautas devem fazer para #apareSer na home do site: usar a hashtag ou dar um RT (retweet 9, procedimento que compartilha um tweet já postado). Figura 2. Tweets sobre como aparecer no hotsite do #apareSer (4 e 5 mai. 2011). Figura 3. Tweets sobre como aparecer no hotsite do #apareSer (7 mai. 2011). Na figura 3, o usuário 95jrc faz uma reclamação sobre um erro no aplicativo mas, logo depois, comemora sua aparição no site do #apareSer. Em todos os casos, tanto a hashtag 9 Um exemplo de retweet pode ser visto na figura 4, pois sandrobattesini (aluno do curso) publica um RT do usuário 95jrc.
  • 9. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 9 do evento quando o endereço do hotsite, mesmo encurtado 10, foram amplamente divulgados (antes e durante o evento-experimento). O grupo também monitorou o desempenho do termo “apareSer” no Google até que as menções feitas nos blogs pessoais 11 – e depois, o próprio hotsite – aparecessem na primeira página do site de busca. Às vésperas do evento, conforme auferido por Ellen Aguiar 12, o #apareSer tinha 3 links na primeira página do Google: em 1º lugar, o hotsite; em 3º lugar, o primeiro post sobre o evento e, em 7º lugar, uma divulgação feita por Tarcízio da Silva 13, mestrando do Programa de Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA e integrante do Grupo de Pesquisa em Interações, Tecnologias Digitais e Sociedade, que soube do evento pelo Twitter. Em apenas quatro dias, o número de referências subiu, portanto, para 133 mil. 14 Cabe frisar que o grupo não articulou nenhuma parceria com assessorias de imprensa, portais, blogs profissionais ou canais de comunicação tradicionais (jornais, rádio e tv), tampouco utilizou-se dos recursos institucionais da Universidade (o que teria facultado uso de e-mail marketing, divulgação no site oficial e por meio dos canais de social media atualmente utilizados por ela). Portanto, ao analisar os links listados pelo Google em suas dez primeiras páginas para o termo #apareSer, não é possível identificar outras reverberações a não ser aquelas produzidas pelo próprio grupo, com exceção da divulgação feita pelo Tarcízio (já mencionada) e a reprodução literal de informações sobre o evento em um blog universitário 15. A documentação do desempenho da hashtag, antes e durante o evento, bem como o acompanhamento do número de visitantes do hotsite, foi feita por Fernanda Rabaglio, que utilizou os serviços do HashTracking.com (que faz o levantamento tomando por base as últimas 24 horas a partir da consulta) e do Google Analytics (cujos relatórios podem ser 10 Procedimento que tem por objetivo economizar caracteres em microbloggings como o Twitter, particularmente útil nos casos de longos endereços eletrônicos. Infelizmente, o endereço encurtado perde completamente sua identificação, embora constitua link efetivo para a página que representa. 11 A divulgação foi feita nos blogs Cibercultura, Consumo e Publicidade (Cíntia Dal Bello), Portfolio da Ellen (Ellen Aguiar), Tatha e sua vida (Talitha Rodrigues de Souza) e Fernanda Rabaglio. 12 Veja-se “#apareSer em primeiro lugar no Google”, post de 6 mai. 2011 disponívelem: http://portfoliodaellen.blogspot.com/2011/05/apareser-em-primeiro-lugar-no-google.html. 13 A contribuição de Tarcízio Silva retornou dois links sobre o evento:http://www.dignow.org/post/encontro- online-apareser-1968635-40306.html e http://www.dihitt.com.br/barra/encontro-online-apareser (este último, presente na 1ª página do Google). 14 Dois meses após o evento, exatamente em 7 de julho, constam224 mil referências quando pesquisado o termo “apareSer” e, dos dez links listados na primeira página, oito referem-se ao evento-experimento. 15 Veja-se http://publiqeinove.blogspot.com/2011/05/apareser.html.
  • 10. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 10 solicitados por períodos específicos). A análise de parte dos dados indexados permitiu que se percebesse a efetividade de determinadas estratégias, como será apresentado a seguir. 3. Análise dos dados indexados: como mensurar a visibilidade mediática? De acordo com Recuero (2009, p.108-113), a visibilidade online pode ser compreendida como um valor relativo à capacidade do nó ou ator de se fazer visível. Quanto maior o número de conexões ligadas a ele, maior o seu potencial de visibilidade – o que redunda na complexização da própria rede em que se manifesta. Além disso, a visibilidade pode facultar outros valores, como popularidade e reputação. Embora distintos, os três valores comparecem entremeados, já que a popularidade traduz, quantitativamente, aspectos ligados a audiência daquilo que se faz visível e a reputação implica, qualitativamente, as percepções ou impressões que os demais atores têm daquele que se apresenta. No dia 7 de maio, a hashtag alcançou tanto o Trend Topics São Paulo quanto o Brasil (figura 4) em menos de duas horas do início do evento-experimento. Tais listas configuram, em primeira instância, um sinalizador de popularidade dos assuntos discutidos a cada instante via Twitter. Mas, o simples fato de figurar nas listas parece contribuir significativamente para a ampliação da visibilidade do assunto em discussão – o que não necessariamente contribui para a reputação pretendida. Figura 4. #apareSer nos TTs São Paulo e Brasil (7 de maio de 2011). A partir do momento em que a hashtag passou a figurar nos TTs, um número significativo de usuários entraram na discussão em andamento demonstrando estranhamento em relação à grafia do termo, conforme os exemplos extraídos do monitoramento feito das 10:50 às 11:48 (quadro 1). A reação imediata do grupo foi procurar esclarecer os novos atores sobre o termo e a razão de sua grafia com S, encaminhando para o hotsite todos os
  • 11. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 11 interessados em obter mais informações. Se, por um lado, tal iniciativa buscou retornar o fluxo da timeline para o assunto em debate, por outro contribuiu para esvaziar a cobertura dos artigos apresentados. Isso ocorreu porque a cobertura deixou de ser transcrição literal das principais ideias apresentadas (como exemplo: “#apareSer - @tathatalitha baseou-se muito no livro O show do eu de @paulasibilia”) se transformar em um pout pourri de mensagens promocionais da hashtag com sinalizações do que estava acontecendo no encontro presencial (como exemplo: “@gcavalheiro fala agora sobre #avatares nas #redessociais aqui no #apareSer, siga e acompanhe @apareSer”), além da celebração de cada posição alcançada pela hashtag nos TTs (“o #apareSer está em 2º lugar nos TTs Brasil. Muuuito legal!”). Quadro 1. Tweets com a hashtag #apareSer (7 de maio de 2011). HenRickTM: #apareSer com S nos TTs? (10:52:25). Nataliacostatwi: Bom dia ^ ^ #apareSer, quem foi que escreveu assim? Qual foi o famoso? euLuanMartins: Si u profeçor #apareSer, vosses vaumvêr. (10:56:40). Thaybband: por mais que me expliquem a razão, #apareSer com S é tão estranho... (10:56:52). Guh_severini: Bom saber que não foi um erro de grafia esse #apareSer nos TTs, e sim um movimento. Interessante. (11:08:40). Arianaway: me assustei coma tag #apareSer com S :O mas agora eu sei o motivo rs´ (11:11:25). Rosihbella: eu sou estudante de Letras. Quando li #apareser nos TTs eu quase tive um treco no coração! Agora sei o que é, rs. (11:16:55). Dressa_favero: Gente, o #apareser nos TTs não é erro de digitação. P/ mais informações acesse o http://www.apareser.com.br/ Iniciativa bem legal! :] (11:18:30). Element_f: #euvou #apareSer #porque #souanalfabeto (11:23:16). VivianSantoss: Feliz Aniversário Mãe #apareSer (11:27:43). Juliiocsanches: Ontem eu vi uma placa escrita: VIDRAsARIA. Hoje #apareSer está nos TTs. #comolidar? Peohzera: #apareSer como diria minha mãe “quer aparecer bota uma melancia na cabeça e sai na rua” (11:30:58). PeEmanuel: Lá vai eu com minha curiosidade, descobri o que danada é esse #apareSer (11:33:12). Neste caso, pode-se dizer que o evento começou com a participação daqueles que, avisados antecipadamente, sabiam quais eram os seus propósitos. Paralelamente à cobertura, o grupo impetrou ações para envolver usuários de suas redes que estivessem online, saudaram pesquisadores e profissionais da área (como @raquelrecuero e @marthagabriel), citaram perfis famosos no Twitter (como @ocriador e @pecesiqueira) e usaram outras hashtags (#cibercultura, #blogsfera, #redessociais, #socialmedia, #marketing, #propaganda, #midia) para entrelaçar fluxos de discussões afins. Apesar dos cuidados, a ampliação da visibilidade desvirtuou o primeiro objetivo (a promoção de um debate online que abordasse criticamente a questão da visibilidade nas redes sociais), transformando o evento em celebração do fato de
  • 12. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 12 que foi possível chegar aos TTs (parâmetro de visibilidade máxima na plataforma utilizada) sem apoio da mídia de massa ou qualquer investimento em propaganda digital. Assim como o aumento da visibilidade não contribui, necessariamente, para a reputação pretendida, também não significa um número muito maior de pessoas envolvidas. Conforme dados indexados pelo HashTracking.com (tabela 1), o evento-experimento constituiu-se de 593 tweets que geraram mais de 147 mil impressões do #apareSer, alcançando uma audiência de 16.808 usuários. Embora o número de impressões (relativo à visibilidade) tenha aumentado significativamente do dia 6 para o dia 7 de maio, o número de pessoas atingidas (compreendendo-se popularidade como audiência) não aumentou na mesma proporção. O que a relação “impressões/audiência” demonstra, entretanto, é que, na média, as mesmas pessoas foram impactadas mais vezes durante o evento. O esvaziamento do debate (transformado em excesso de informações redundantes e tautologia) pode ser conferido no fato de que o percentual de retweets (44,7%) foi maior que o de tweets originais (32,9%). Tabela 1. Quadro-resumo comparativo: desempenho da hashtag #apareSer. 06/05/2011 07/05/2011 tweets 128 593 original tweets 49,2% 32,9% retweets 21,1% 44,7% mentions 29,7% 22,4% impressões 38259 147487 audiência 13840 16808 impressões/audiência 2,8 8,8 impressões/tweet 298,9 248,7 Outro dado interessante é que dentre os dez usuários que provocaram o maior número de impressões, constam dois convidados (@marcelonomura e @gcavalheiro), cinco integrantes do grupo organizador (@evelsonj, @cintiadalbello, @diego_oliveira, @athayde, @ferabaglio) e o próprio @apareSer. O perfil @mafiawarsstrtgy interessou-se pelo evento graças à divulgação feita via hashtag #mafiawars (afinal, um dos profissionais convidados falaria sobre a comunidade brasileira desse social game durante o evento). O cruzamento desses dados com as listas “Top 10 Tweets” e “Top 10 Followers” permite observar que a visibilidade ampliada não está diretamente ligada nem ao número de tweets produzidos, nem ao número de seguidores.
  • 13. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 13 Tabela 2. Em destaque: usuários que produziram mais impressões (visibilidade) durante o evento. 07/05/2011 Top 10 Impressões (Visibilidade) Top 10 Tweets Top 10 Followers marcelonomura 42987 69 623 evelsonj 17604 27 652 cintiadalbello 14691 83 diego_oliveira 10697 563 mafiawarsstrtgy 8732 4366 athayde 7480 22 ferabaglio 5440 20 apareser 3864 69 lidianeprod 3421 gcavalheiro 2928 calawall 44 bruckcorrea 31 carlah_alves 28 convicta 26 fabioalbukerk 2381 homenagemmj 1283 rodrigowebbr 520 kellypaiva 510 caiosenra 441 nomaia 388 Tabela 3. Dados indexados pelo Google Analytics (hotsite: de 6 a 9 de maio de 2011). de 6 a 9 de maio Visitas 532 Visualizaçõesde página 978,88 Páginas/visita 1,84 Taxa de rejeições 58,08% Tempomédiode permanência 00:02:11 Novasvisitas 87,78% País de origem 9 As mensagens promocionais do #apareSer durante o evento surtiram efeito indexado pelo Google Analytics (tabela 3). Do total de visitas recebidas de 6 a 9 de maio, 13,72% (73) ocorreram na véspera do evento e 82,89% (441), no dia 7. 520 visitas são oriundas do Brasil; as demais distribuem-se entre os seguintes países: Estados Unidos (3), Alemanha (1), Japão (1), França (1), Portugal (1), Espanha (1), Itália (1) e, o nono (3), de
  • 14. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 14 origem desconhecida (not set). Apesar da abrangência, pode-se dizer que os usuários estrangeiros chegaram mais por um “sopro do acaso”, embora uma parte dos tweets tenha sido disparada em inglês. Como pode ser observado na tabela 4, o número de novas visitas encaminhadas por sites de referência foi bastante significativo (62,22%), com destaque para o Twitter (51,32%); em segundo lugar, o tráfego direto (31,95%) e, em terceiro, os mecanismos de pesquisa (5,83%). A presença do Hootsuite deve-se ao fato do grupo utilizar esta plataforma para programar mensagens contínuas a serem publicadas tanto no Facebook quanto no Twitter. Tabela 4. Origem de tráfego para o hotsite (de 6 a 9 de maio de 2011). Origemde tráfego Visitas Porcentagem Twitter (referral) 273 51,32% Direct(none) 170 31,95% Google (organic) 29 5,45% Facebook (referral) 27 5,08% Hootsuite (referral) 14 2,63% O baixo desempenho do Facebook como origem de tráfego para o hotsite, apesar dos esforços empreendidos pelo grupo (criação de página e chamada de evento), foi surpreendente. Até o dia 8 de maio, 114 novos usuários curtiram a página do #apareSer, totalizando 124. Os esforços de divulgação do evento por meio da fan-page envolveram, inclusive, a abordagem de usuários do Facebook via chat e ocorreram, sobretudo, de 5 a 6 de maio, o que foi registrado com um pico de usuários que “curtiram” a página (figura 5). Figura 5. Mapeamento da opção "Curtir" (fan-page do #apareSer no Facebook). Entretanto, apesar do número de impressões (visibilidade) das mensagens postadas pela fan-page ser alto (3.024 foi o número de vezes que pessoas, fãs e não-fãs,
  • 15. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 15 visualizaram o histórico no Feed de Notícias), a repercussão (número de opções “curtir” e comentários feitos no mesmo histórico) foi baixíssima: 18 apenas. Fica patente que a opção “Curtir”, embora sinalize anuência (“gosto”, “concordo”) ou ciência (“vi a mensagem”), ainda está longe de refletir comprometimento com aquilo que se põe na visibilidade mediática das redes. Estar visível 3.024 vezes não significa ter sido visto ou apreendido efetivamente 3.024 vezes. E ser visto pode não ser suficiente para angariar a necessária simpatia para gerar engajamento. Conclusão Tratar do conceito “visibilidade mediática” neste experimento literalmente laboratorial (pois as discussões ocorreram no laboratório de informática fechado para uso exclusivo dos alunos, professores e convidados participantes do evento), permitiu que se observasse de forma controlada os esforços empreendidos para fazer chegar o termo #apareSer aos TTs. A despeito da singularidade do Twitter como instrumento dinâmico no compartilhamento veloz de informações e do apoio complementar prestado por outras plataformas, todos os integrantes do grupo organizador do evento, no período de uma semana, sentiram esgotamento físico e mental durante o processo de divulgação - provavelmente dada a necessidade de conexão contínua para a articulação de amigos, seguidores e contatos em prol do evento. Por ser um evento “fechado” 16 com objetivos de gestão de sua própria visibilidade, muitas apresentações foram interrompidas para que os participantes pudessem trocar impressões presenciais sobre o que estava ocorrendo na timeline do Twitter. Nesse sentido, todos foram orientados a caracterizar tais manifestações (relativas ao experimento) como “off-line” antes de serem enunciadas, de forma que se diferenciassem do conteúdo publicável (relativo ao evento) e fossem trocadas apenas entre os presentes. O evento-experimento gerou muito material para análise que não pode, neste artigo, ser apresentado ou tratado em profundidade – e nisto, não no fato de alcançar os TTs, reside seu valor. Durante todo o período matutino, quando a programação previu a apresentação de artigos vinculados a temáticas ligadas às áreas de administração, propaganda e marketing, o #apareSer manteve-se nos TTs. No período vespertino, não foi possível manter 16 Apenas algumas fotos foram disponibilizadas durante o evento via Twitpic. A opção de mostrar o evento ao vivo via streaming foi descartada – o grupo sentiu necessidade de preservar a privacidade do “laboratório”. Para a 2ª edição, a realizar-se no 2º semestre de 2011, essa estratégia poderá ser tentada.
  • 16. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 16 a posição. Uma hipótese está ligada aos temas abordados (subjetividade, identidade, comunidade, fake profile, morte); outra, considera que o horário da manhã (em um sábado) tem audiência privilegiada e que a tendência é dos usuários permanecerem off-line no período vespertino; e, por fim, a última hipótese levanta a possibilidade de que, uma vez esvaziado o debate, os usuários impactados não encontraram razão para permanecer naquele fluxo conversacional. Entretanto, como conclusão preliminar, quero registrar minha impressão geral: o “sucesso” do evento deveu-se principalmente ao aspecto lúdico conferido à questão (e, portanto, superficial, apesar da boa vontade, do bom senso e do alto nível de criticidade dos pesquisadores envolvidos – afinal, a cobertura do evento em uma plataforma que disponibiliza apenas 140 caracteres por mensagem disparada tendia a ser deficitária) e da conversão da visibilidade como moeda de troca entre os usuários do Twitter (“quem faz o #apareSer aparecer, também aparece!”) - o que reforça todo o escopo crítico ligado ao conceito “apareSer”. Exatamente por essa razão, este artigo procura cobrir algumas lacunas identificadas coletivamente pelos próprios alunos da pós-graduação, principalmente no que diz respeito a documentar o que se compreende, exatamente, por “apareSer”, para instigar a promoção de outros experimentos dessa natureza e alardear a necessidade de se discutir o significado da visibilidade mediática na contemporaneidade. Referências BAUDRILLARD,Jean. Simulacros e simulação.São Paulo: Relógio D´Água, 1991. BAUMAN,Zygmunt. Vida para consumo:a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,2008. COUCHOT,Edmond. A tecnologia na arte:da fotografia à realidade virtual. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2003. DAL BELLO,Cíntia. Espectros virtuais: a construção de corpos-sígnicos em comunidades virtuais de relacionamento. E-Compós.Brasília: Compós, v. 10, dez-2007. ________.Espectros virtuais: as dimensões do “apareser” em comunidades virtuais de relacionamento. Cadernos de Semiótica Aplicada. Araraquara:FCLAR-UNESP,v.6,n.1, 2008. ________. Cibercultura e subjetividade:uma investigação sobre a identidade em plataformas virtuais de hiperespetacularização do eu, 2009. 130 p. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Semiótica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/ arquivo.php? codArquivo=9410. ________. Sorria,você está sendo indexado! A questão da privacidade em plataformas ciberculturais de relacionamento e projeção subjetiva. In: Simpósio Nacional de Cibercultura,4., 2010. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura, 2010. Disponível em:
  • 17. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2011 – UDESC/UFSC 17 http://www.abciber2010.pontaodaeco.org/sites/default/files/ARTIGOS/1_REDES_SOCIAIS/C%C3% ADntia%20Dal%20Bello_REDESSOCIAIS.pdf. FLUSSER, Vilém. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2007. ________. O universo das imagens técnicas:elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008. HALL,Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade.9. ed. Rio de Janeiro: DP&A,2004. MACHADO,Arlindo. Sujeito na tela: modos de enunciação no cinema e no ciberespaço. São Paulo: Paulus, 2007. RECUERO,Raquel. Redes sociais na Internet. Porto Alegre:Sulina, 2009. SANTAELLA,Lucia. Culturas e artes do pós-humano. São Paulo:Paulus, 2003. SIBILIA, Paula. O showdo eu:a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. TRIVINHO,Eugênio. O mal-estar da teoria:a condição da crítica na sociedade tecnológica atual. Rio de Janeiro: Quartet,2001. ________. A dromocracia cibercultural:lógica da vida humana na civilização mediática avançada. São Paulo: Paulus, 2007. ________.Visibilidade mediática, melancolia do único e violência invisível na cibercultura: significação social-histórica de um substrato cultural regressivo da sociabilidade em tempo real na civilização mediática avançada. In: XIX Encontro Nacional da COMPÓS,19.,2010, Rio de Janeiro. Disponível em: http://compos.com.puc-rio.br/media/gt1_eugenio_trivinho.pdf. Acesso em: 15 set. 2010.