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*MÓDULO 1*
Organização textual – Gêneros argumentativos
Recursos para convencer
Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem
a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso,
precisa apresentar bons argumentos, que consistem em
fatos e opiniões. É comum encontrarmos circulando no
rádio, na TV, nas revistas, nos jornais e na internet temas
polêmicos que exigem uma posição por parte dos
ouvintes, espectadores e leitores. Num jornal, por
exemplo, podemos identificar vários gêneros
argumentativos – o artigo de opinião, o editorial, a
coluna. Por vezes, alguns textos de caráter informativo,
como reportagens, podem trazer juízos de valor ou
adotar um posicionamento crítico (veja a reportagem
reproduzida em Atividades 1).
O importante, para se preparar para a prova do
ENEM, é saber reconhecer estratégias argumentativas e
procedimentos de argumentação. Os procedimentos
implicam estruturar o texto de acordo com o receptor
(uso de linguagem adequada e construção coerente da
argumentação), e as estratégias são recursos que podem
ser usados para reforçar a argumentação. Agora,
analisemos alguns gêneros que, de imediato, podem ser
identificados como argumentativos:
 Artigo opinativo: comum nos jornais e revistas, ele é,
em geral, escrito por colaboradores ou
personalidades convidadas e não reflete
necessariamente a opinião do veículo de
comunicação. Analisa um fato ou uma série de fatos
em relação ao contexto político, social, econômico ou
comportamental. Segue a estrutura de um texto
dissertativo: introdução/desenvolvimento/conclusão.
Pode ser escrito na primeira ou na terceira pessoa.
 Coluna: é um espaço dos jornais e revistas
prioritariamente destinado à informação exclusiva, ao
bastidor da notícia – comporta a manifestação do
colunista sobre aquele fato que está informando ou
analisando, muitas vezes com postura crítica em
relação aos acontecimentos. Dois exemplos:
Gustavo Ioschpe, da revista Veja, e Clóvis Rossi, do
jornal Folha de S. Paulo.
 Editorial/Carta ao leitor: espaço reservado nos
jornais e revistas para manifestar a opinião do
veículo, da instituição – opinião que, na verdade, é
definida pelos dirigentes (muitas vezes, o próprio
dono) da empresa. Diferentemente dos outros
formatos, o editorial não tem nenhuma preocupação
em informar o leitor, mas em formar opinião. Em vez
de fatos, traz argumentos, que se tornam
convincentes graças a recursos de retórica. Por
emitir a opinião do veículo, o texto pode vir sem a
assinatura do autor ou então ser assinado pelo
editor, em nome da publicação.
Esses são apenas alguns gêneros. É importante
saber que a argumentação e a persuasão estão
presentes no texto publicitário, nas cartas argumentativas
e, principalmente, em textos de caráter teoricamente
informativo.
REPRODUÇÃO
 Campanha da Prefeitura de São Paulo mostra bons motivos para
adotar um animal de estimação com responsabilidade
 Os gêneros argumentativos têm a finalidade de
persuadir e convencer o leitor a respeito de
determinado assunto.
 As estratégias argumentativas podem ser
construídas a partir de exemplos e comparação,
citações, menções a dados numéricos, uso de ironia
ou, ainda, na apresentação de uma ideia para, em
seguida, contradizê-la ou diminuir sua importância.
 A falácia é construída quando se dá segmento a um
raciocínio errado, fazendo-o aparentar verdadeiro.
Argumentos que se destinam à persuasão podem
parecer convincentes para grande parte do público
apesar de conter falácias, mas não deixam de ser
falsos.
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Articulação de ideias – Coesão e coerência
 Articular ideias é estabelecer a relação entre
palavras e frases. Devidamente conectadas, elas
formam um todo que tem sentido para determinado
grupo de pessoas em determinada situação.
 Há dois fatores importantes para tornar um texto
inteligível: coesão e coerência.
 A coesão consiste nas articulações gramaticais
existentes entre as palavras, orações, frases, e
parágrafos que garantem sua conexão textual. Um
dos recursos mais comuns é o uso de conectivos,
como as conjunções, por exemplo. Para cada tipo de
relação que se pretende estabelecer entre duas
orações, existe uma conjunção que se adapta a ela.
Algumas conjunções:
 aditivas: e, nem, não só... como também
 adversativas: mas, porém, contudo, todavia,
entretanto
 concessivas: embora, apesar de
 explicativas: pois (antes de verbo), porque
 conclusivas: portanto, logo, por isso, pois (depois de
verbo)
 Coerência é o resultado da articulação das ideias de
um texto. É a estrutura lógico-semântica que faz com
que, numa situação discursiva, palavras e frases
componham um todo significativo para os
interlocutores. Ela está, portanto, ligada à
possibilidade de compreensão daquilo que se ouve
ou lê.
 Recursos expressivos: as figuras de linguagem ou
de estilo são empregadas para valorizar o texto,
tornando a linguagem mais rica e expressiva. Usam-
se, para isso, as palavras em seu sentido conotativo,
e não com seu significado literal. As principais são:
comparação
metáfora
metonímia
ironia
Pontos de vista – Recursos persuasivos
 Para se preparar para a prova do ENEM, é
importante desenvolver a capacidade de ler,
compreender e interpretar textos de diferentes
gêneros e linguagens, como fotos, charges e poesia.
 Identificar diferentes pontos de vista – Não são
apenas os artigos opinativos das revistas e dos
jornais que apresentam uma postura sobre
determinado assunto. Ao resolver questões que
mostram pontos de vista diversos, é importante
distinguir frases ou períodos que evidenciem (ou
representem argumentos que reforcem) a opinião do
autor.
 Em questões que exigem a análise de textos
opinativos, é fundamental responder de acordo com
a opinião expressa no texto, e não a partir de sua
própria. Não há posicionamento certo ou errado, mas
maneiras de expor um ponto de vista.
 Existem duas principais estratégias de persuasão. A
explícita expõe claramente seu ponto de vista e
recorre a argumentos lógicos e racionais, às vezes
propositalmente incorretos. A implícita, mais sutil,
apela para o emocional.
Organização textual – Gêneros narrativos
 Tipos de texto – Basicamente, há seis tipos de texto:
descrição, narração, injunção, argumentação,
exposição e agrupamento tipológico “relatar”. De
modo geral, podemos dizer que a descrição se
caracteriza por ser um “retrato verbal” de pessoas,
objetos, animais, sentimentos, cenas ou ambientes;
a narração é um entrelaçamento de fatos contados
por um narrador, envolvendo personagens,
localizadas no tempo e no espaço; e a argumentação
é a expressão de opinião a respeito de um assunto.
 Elementos do texto narrativo:
 Enredo: sequência de acontecimentos narrados na
história.
 Foco narrativo (1.ª e 3.ª pessoa): presença de
narrador (narrador-personagem, narrador-
-observador).
 Personagens (protagonista, antagonista e
coadjuvante).
 Tempo (cronológico e psicológico).
 Espaço.
 Os gêneros narrativos são inúmeros; os mais
conhecidos são: romance, crônica, conto, novela,
fábula. Há ainda: piada, mito, novela etc.
 Romance: narrativa longa, de enredo normalmente
imaginário, mas verossímil. Os personagens são
mais elaborados psicologicamente.
 Crônica: narrativa curta, inspirada em algum fato
cotidiano. Pode fazer uma crítica indireta ou ter
toques de humor.
 A diferença entre antítese e paradoxo é que a
antítese se baseia na comparação por contraste ou
justaposição de contrários, enquanto o paradoxo se
reconhece como uma relação interna de contrários:
 Antítese: Eu sou tímido, você é extrovertido.
 Paradoxo: Eu sou um tímido extrovertido.
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********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para a questão 1.
Por que tantas tragédias?
Há um imenso equívoco no modo de ocupação
do solo brasileiro. Construímos casas
nas várzeas e nas encostas íngremes
O Brasil foi premiado pela natureza por rios de imenso
volume d’água e, como consequência, algumas das
maiores várzeas (áreas originalmente florestadas) do
mundo. Isso é a razão de nossa proverbial fertilidade e
explica nossa aptidão para produzir comida, a base da
nossa atual prosperidade. No entanto, há um imenso
equívoco no modo de ocupação do solo brasileiro.
Construímos nossas casas nas várzeas – que, num
ecossistema equilibrado, absorviam a água que
transbordava dos rios – e nas encostas íngremes.
Esse erro é cometido mais ou menos do mesmo jeito
no país todo, o que explica por que regiões tão diversas
como Santa Catarina, Alagoas e Pará tenham problemas
semelhantes. Várzea ocupada é aquilo que os noticiários
chamam de enchente. Encosta ocupada é mais
conhecida como deslizamento. A questão central agora é
desocupar essas regiões para que, no ano que vem,
quando chover de novo, não haja ninguém mais morando
lá.
E onde botamos as pessoas que vivem em várzeas e
encostas? Para responder a essa pergunta, é importante
antes entender por que essas regiões foram ocupadas. A
resposta é complexa, mas pode ser simplificada em duas
palavras: especulação imobiliária.
No Brasil, país de economia historicamente instável,
sempre foi ótimo negócio ser dono de terra e ficar lá
sentado nela sem fazer nada. O modelo de urbanização
do país, que concentrava a economia no centro da
cidade e ia se expandindo para fora, garantia a certeza
de que um terreno distante ontem viraria centro amanhã
e seu valor se multiplicaria. Por conta disso, há na região
central das maiores cidades brasileiras uma quantidade
imensa de terrenos vazios ou subutilizados, só
esperando valorização. Isso faz os preços de imóveis
disparar, e os trabalhadores demandados pelas cidades
acabam indo se espremer em várzeas e encostas, únicas
terras baratas.
Isso é um problema para as cidades, porque força os
trabalhadores a atravessar dezenas de quilômetros de
asfalto para chegar ao trabalho, no centro. E é aí que
mora nossa grande oportunidade.
O que o Brasil precisa fazer agora é tirar as pessoas
das encostas e várzeas e colocá-las nesses pedaços
vazios do centro da cidade (a última coisa que queremos
é colocar as pessoas ainda mais longe, aumentando
ainda mais o trânsito e os custos do transporte público).
Isso trará várias vantagens. Permitirá às cidades fazerem
grandes parques lineares em volta dos rios, onde hoje há
avenidas, com instalações esportivas e ciclovias. Levará
trabalhadores para as regiões centrais, diminuindo a
pressão no transporte público e no trânsito. Embelezará
as cidades, criará oportunidades econômicas, moverá a
economia e fará o Brasil rodar.
Mas como fazer os especuladores colaborar? O
remédio tem três doses: educação, fiscalização e
punição. Primeiro ensina-se os proprietários a adaptarem
sua situação para que os terrenos vazios parem de
prejudicar a cidade e sejam ocupados. Dá-se a eles um
prazo para se adaptar – e prazos curtos funcionam muito
melhor do que prazos longos. Quem não se adapta paga
impostos cada vez mais altos ou é desapropriado.
Precisamos começar a fazer isso rápido, assim que as
chuvas pararem. Mas o planejamento precisa ser de
longuíssimo prazo, coisa de 30 anos, para que as obras
de 2011 não sejam apenas a maquiagem de sempre
(piscinões, muros, dragas e aumentos de calha), mas o
primeiro passo de uma reforma profunda no sistema de
ocupação do Brasil.
Blog Sustentável é Pouco. Adaptado. Disponível em:
< http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo/ >.
1. (AED-SP)
O texto tem uma estrutura dissertativo-argumentativa –
há um posicionamento do autor e ele encadeia ideias
para sustentar seu ponto de vista. Quais foram os
argumentos utilizados?
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2. (ENEM-MEC)
O então presidente Lula assinou, em 29 de setembro de
2008, decreto sobre o Novo Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa. As novas regras afetam
principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do
trema e do hífen.
Longe de um consenso, muita polêmica tem-se levantado
em Macau e nos oito países de língua portuguesa: Brasil,
Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Comparando as diferentes opiniões sobre a validade de
se estabelecer o acordo para fins de unificação, o
argumento que, em grande parte, foge a essa discussão
é
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(A) “A Academia (Brasileira de Letras) encara essa
aprovação como um marco histórico. Inscreve-se,
finalmente, a Língua Portuguesa no rol daquelas que
conseguiram beneficiar-se há mais tempo da
unificação de seu sistema de grafar, numa
demonstração de consciência da política do idioma e
de maturidade na defesa, difusão e ilustração da
língua da Lusofonia.”
SANDRONI, C. Presidente da ABL. Disponível em:
< http://www.academia.org.br >.
(B) “Acordo ortográfico? Não, obrigado. Sou contra.
Visceralmente contra. Filosoficamente contra.
Linguisticamente contra. Eu gosto do ‘c’ do ‘actor’ e o
‘p’ de ‘cepticismo’. Representam um património, uma
pegada etimológica que faz parte de uma identidade
cultural. A pluralidade é um valor que deve ser
estudado e respeitado. Aceitar essa aberração
significa apenas que a irmandade entre Portugal e o
Brasil continua a ser a irmandade do atraso.”
COUTINHO, J. P. Folha de S. Paulo. Ilustrada.
28 set. 2008, E1 (adaptado).
(C) “Há um conjunto de necessidades políticas e
econômicas com vista à internacionalização do
português como identidade e marca econômica. É
possível que o [Fernando] Pessoa, como produto de
exportação, valha mais do que a PT [Portugal
Telecom]. Tem um valor econômico único.”
RIBEIRO, J. A. P. Ministro da Cultura de Portugal. Disponível em:
< http://ultimahora.publico.clix.pt >.
(D) “É um acto cívico batermo-nos contra o Acordo
Ortográfico. O acordo não leva a unidade nenhuma.
Não se pode aplicar na ordem interna um
instrumento que não está aceito internacionalmente
e nem assegura a defesa da língua como património,
como prevê a Constituição nos artigos 9.º e 68.º.”
MOURA, V. G. Escritor e eurodeputado. Disponível em:
< www.mundoportugues.org >.
(E) “Se é para ter uma lusofonia, o conceito [unificação
da língua] deve ser mais abrangente e temos de
estar em paridade. Unidade não significa que temos
que andar todos ao mesmo passo. Não é necessário
que nos tornemos homogéneos. Até porque o que
enriquece a língua portuguesa são as diversas
literaturas e formas de utilização.”
RODRIGUES, M. H. Presidente do Instituto Português
do Oriente, sediado em Macau. Disponível em:
< http://taichungpou.blogspot.com > (adaptado).
________________________________________________
*Anotações*
3. (ENEM-MEC)
A Herança Cultural da Inquisição
A Inquisição gerou uma série de comportamentos
humanos defensivos na população da época,
especialmente por ter perdurado na Espanha e em
Portugal durante quase 300 anos, ou no mínimo quinze
gerações.
Embora a Inquisição tenha terminado há mais de um
século, a pergunta que fiz a vários sociólogos,
historiadores e psicólogos era se alguns desses
comportamentos culturais não poderiam ter-se
perpetuado entre nós.
Na maioria, as respostas foram negativas, ou seja,
embora alterasse sem dúvida o comportamento da
época, nenhum comportamento permanece tanto tempo
depois, sem reforço ou estímulo continuado.
Não sou psicólogo nem sociólogo para discordar, mas
tenho a impressão de que existem alguns
comportamentos estranhos na sociedade brasileira, e
que fazem sentido se você os considerar resquícios da
era da Inquisição. […]
KANITZ, S. A Herança Cultural da Inquisição. In: Revista Veja.
Ano 38, n.º 5, 2 fev. 2005 (fragmento).
Considerando-se o posicionamento do autor do
fragmento a respeito de comportamentos humanos, o
texto
(A) enfatiza a herança da Inquisição em
comportamentos culturais observados em Portugal e
na Espanha.
(B) contesta sociólogos, psicólogos e historiadores sobre
a manutenção de comportamentos gerados pela
Inquisição.
(C) contrapõe argumentos de historiadores e sociólogos
a respeito de comportamentos culturais inquisidores.
(D) relativiza comportamentos originados na Inquisição e
observados na sociedade brasileira.
(E) questiona a existência de comportamentos culturais
brasileiros marcados pela herança da Inquisição.
Textos para as questões 4 e 5.
Texto I
É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas
sem o plástico. Ele está presente em embalagens de
alimentos, bebidas e remédios, além de
eletrodomésticos, automóveis etc. Esse uso ocorre
devido à sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em
contato com outras substâncias, o plástico não as
contamina; ao contrário, protege o produto embalado.
Outras duas grandes vantagens garantem o uso dos
plásticos em larga escala: são leves, quase não alteram
o peso do material embalado, e são 100% recicláveis,
fato que, infelizmente, não é aproveitado, visto que, em
todo o mundo, a percentagem de plástico reciclado,
quando comparado ao total produzido, ainda é
irrelevante.
Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n.º 6 (adaptado).
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Texto II
Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por
isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando
enchentes. São encontradas até no estômago de
tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos
por sufocamento.
Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os
consumidores, mas têm um custo incalculável para o
meio ambiente.
Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do
Instituto Akatu pelo Consumo Consciente.
4. (ENEM-MEC)
Na comparação dos textos, observa-se que
(A) o texto I apresenta um alerta a respeito do efeito da
reciclagem de materiais plásticos; o texto II justifica o
uso desse material reciclado.
(B) o texto I tem como objetivo precípuo apresentar a
versatilidade e as vantagens do uso do plástico na
contemporaneidade; o texto II objetiva alertar os
consumidores sobre os problemas ambientais
decorrentes de embalagens plásticas não recicladas.
(C) o texto I expõe vantagens, sem qualquer ressalva, do
uso do plástico; o texto II busca convencer o leitor a
evitar o uso de embalagens plásticas.
(D) o texto I ilustra o posicionamento de fabricantes de
embalagens plásticas, mostrando por que elas
devem ser usadas; o texto II ilustra o posicionamento
de consumidores comuns, que buscam praticidade e
conforto.
(E) o texto I apresenta um alerta a respeito da
possibilidade de contaminação de produtos
orgânicos e industrializados decorrente do uso de
plástico em suas embalagens; o texto II apresenta
vantagens do consumo de sacolas plásticas: leves,
descartáveis e gratuitas.
5. (ENEM-MEC)
Em contraste com o texto I, no texto II são empregadas,
predominantemente, estratégias argumentativas que
(A) atraem o leitor por meio de previsões para o futuro.
(B) apelam à emoção do leitor, mencionando a morte de
animais.
(C) orientam o leitor a respeito dos modos de usar
conscientemente as sacolas plásticas.
(D) intimidam o leitor com as nocivas consequências do
uso indiscriminado de sacolas plásticas.
(E) recorrem à informação, por meio de constatações,
para convencer o leitor a evitar o uso de sacolas
plásticas.
________________________________________________
*Anotações*
6. (ENEM-MEC)
Cientistas da Grã-Bretanha anunciaram ter
identificado o primeiro gene humano relacionado com o
desenvolvimento da linguagem, o FOXP2. A descoberta
pode ajudar os pesquisadores a compreender os
misteriosos mecanismos do discurso – que é uma
característica exclusiva dos seres humanos. O gene
pode indicar por que e como as pessoas aprendem a se
comunicar e a se expressar e por que algumas crianças
têm disfunções nessa área. Segundo o professor
Anthony Monaco, do Centro Wellcome Trust de Genética
Humana, de Oxford, além de ajudar a diagnosticar
desordens de discurso, o estudo do gene vai possibilitar
a descoberta de outros genes com imperfeições. Dessa
forma, o prosseguimento das investigações pode levar a
descobrir também esses genes associados e, assim,
abrir uma possibilidade de curar todos os males
relacionados à linguagem.
Disponível em: < http://www.bbc.co.uk > (adaptado).
Para convencer o leitor da veracidade das informações
contidas no texto, o autor recorre à estratégia de
(A) citar autoridade especialista no assunto em questão.
(B) destacar os cientistas da Grã-Bretanha.
(C) apresentar citações de diferentes fontes de
divulgação científica.
(D) detalhar os procedimentos efetuados durante o
processo da pesquisa.
(E) elencar as possíveis consequências positivas que a
descoberta vai trazer.
Texto para as questões 7 e 8.
Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de
vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser
aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa
aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de
hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de
pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá
asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser
brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é:
qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo?
São seus olhos? Ou é o nome da sua rua? O nome da
sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio
dentro de vocês. Para nós, o importante é que vocês
olhem para a gente como seres humanos, como pessoas
que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser
tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o
Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil
com vocês.
TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes
locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).
7. (ENEM-MEC)
Na situação de comunicação da qual o texto foi retirado,
a norma-padrão da língua portuguesa é empregada com
a finalidade de
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(A) demonstrar a clareza e a complexidade da nossa
língua materna.
(B) situar os dois lados da interlocução em posições
simétricas.
(C) comprovar a importância da correção gramatical nos
diálogos cotidianos.
(D) mostrar como as línguas indígenas foram
incorporadas à língua portuguesa.
(E) ressaltar a importância do código linguístico que
adotamos como língua nacional.
8. (ENEM-MEC)
Os procedimentos argumentativos utilizados no texto
permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o emissor
foca o seu discurso, pertence
(A) ao mesmo grupo social do falante/autor.
(B) a um grupo de brasileiros considerados como não
índios.
(C) a um grupo étnico que representa a maioria europeia
que vive no país.
(D) a um grupo formado por estrangeiros que falam
português.
(E) a um grupo sociocultural formado por brasileiros
naturalizados e imigrantes.
9. (ENEM-MEC)
DIGA NÃO AO NÃO
Quem disse que alguma coisa é impossível?
Olhe ao redor. O mundo está cheio de coisas que,
segundo os pessimistas, nunca teriam acontecido.
“Impossível.”
“Impraticável.”
“Não.”
E ainda assim, sim.
Sim, Santos Dumont foi o primeiro homem a decolar a
bordo de um avião, impulsionado por um motor
aeronáutico.
Sim, Visconde de Mauá, um dos maiores
empreendedores do Brasil, inaugurou a primeira rodovia
pavimentada do país.
Sim, uma empresa brasileira também inovou no país.
Abasteceu o primeiro voo comercial brasileiro.
Foi a primeira empresa privada a produzir petróleo na
Bacia de Campos.
Desenvolveu um óleo combustível mais limpo, o OC
Plus.
O que é necessário para transformar o não em sim?
Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar.
E quando o problema parece insolúvel, quando o desafio
é muito duro, dizer: vamos lá.
Soluções de energia para um mundo real.
Jornal da ABI. n.º 336, dez. 2008 (adaptado).
O texto publicitário apresenta a oposição entre
“impossível”, “impraticável”, “não” e “sim”, “sim”, “sim”.
Essa oposição, usada como um recurso argumentativo,
tem a função de
(A) minimizar a importância da invenção do avião por
Santos Dumont.
(B) mencionar os feitos de grandes empreendedores da
história do Brasil.
(C) ressaltar a importância do pessimismo para
promover transformações.
(D) associar os empreendimentos da empresa petrolífera
a feitos históricos.
(E) ironizar os empreendimentos rodoviários de
Visconde de Mauá no Brasil.
10. (ENEM-MEC)
Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e
sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si,
malcriados, instantes cada vez mais completos. A
cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava
estouros. O calor era forte no apartamento que estavam
aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas
que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse
podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte.
Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha
na mão, não outras, mas essas apenas.
LISPECTOR, C. Laços de família.
Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no
fragmento apresentado. Observando aspectos da
organização, estruturação e funcionalidade dos
elementos que articulam o texto, o conectivo mas
(A) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em
que aparece no texto.
(B) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão,
se usado no início da frase.
(C) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na
abertura da frase.
(D) contém uma ideia de sequência temporal que
direciona a conclusão do leitor.
(E) assume funções discursivas distintas nos dois
contextos de uso.
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*Anotações*
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11. (ENEM-MEC)
O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto
o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio-
-campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado
entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse
de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade
de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio
montado pelo Botafogo na frente da sua área.
No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o
gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga
alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área.
Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do
goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da
defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em
cima da linha: Flamengo 1 a 0.
Disponível em: < http://momentodofutebol.blogspot.com > (adaptado).
O texto, que narra uma parte do jogo final do
Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009,
contém vários conectivos, sendo que
(A) após é conectivo de causa, já que apresenta o
motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de
cabeça.
(B) enquanto tem um significado alternativo, porque
conecta duas opções possíveis para serem aplicadas
no jogo.
(C) no entanto tem significado de tempo, porque ordena
os fatos observados no jogo em ordem cronológica
de ocorrência.
(D) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais
posse de bola”, ter dificuldade não é algo
naturalmente esperado.
(E) por causa de indica consequência, porque as
tentativas de ataque do Flamengo motivaram o
Botafogo a fazer um bloqueio.
12. (ENEM-MEC)
No ano passado, o governo promoveu uma campanha a
fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato,
um jornal publicou a seguinte manchete:
CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA
DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE
A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o
entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse
problema poderia ter sido evitado com a seguinte
redação:
(A) Campanha contra o governo do Estado e a violência
entram em nova fase.
(B) A violência do governo do Estado entra em nova fase
de Campanha.
(C) Campanha contra o governo do Estado entra em
nova fase de violência.
(D) A violência da Campanha do governo do Estado
entra em nova fase.
(E) Campanha do governo do Estado contra a violência
entra em nova fase.
13. (ENEM-MEC)
Aumento do efeito estufa
ameaça plantas, diz estudo
3
6
9
O aumento de dióxido de carbono na atmosfera,
resultante do uso de combustíveis fósseis e das
queimadas, pode ter consequências calamitosas
para o clima mundial, mas também pode afetar
diretamente o crescimento das plantas. Cientistas
da Universidade de Basel, na Suíça, mostraram
que, embora o dióxido de carbono seja essencial
para o crescimento dos vegetais, quantidades
excessivas desse gás prejudicam a saúde das
plantas e têm efeitos incalculáveis na agricultura de
vários países.
O Estado de S. Paulo, 20 set. 1992, p.32.
O texto acima possui elementos coesivos que promovem
sua manutenção temática. A partir dessa perspectiva,
conclui-se que
(A) a palavra “mas”, na linha 4, contradiz a afirmação
inicial do texto: linhas de 1 a 4.
(B) a palavra “embora”, na linha 7, introduz uma
explicação que não encontra complemento no
restante do texto.
(C) as expressões “consequências calamitosas”, na linha
3, e “efeitos incalculáveis”, na linha 10, reforçam a
ideia que perpassa o texto sobre o perigo do efeito
estufa.
(D) o uso da palavra “cientistas”, na linha 5, é
desnecessário para dar credibilidade ao texto, uma
vez que se fala em “estudo” no título do texto.
(E) a palavra “gás”, na linha 9, refere-se a “combustíveis
fósseis” e “queimadas”, nas linhas 2 e 3, reforçando
a ideia de catástrofe.
14. (ENEM-MEC)
O mundo é grande
O mundo é grande e cabe
Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a
reiteração de determinadas construções e expressões
linguísticas, como o uso da mesma conjunção para
estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção
estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de
(A) oposição.
(B) comparação.
(C) conclusão.
(D) alternância.
(E) finalidade.
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15. (FUVEST-SP)
Belo Horizonte, 28 de julho de 1942.
Meu caro Mário,
Estou te escrevendo rapidamente, se bem que haja
muitíssima coisa que eu quero te falar (a respeito da
Conferência, que acabei de ler agora). Vem-me uma
vontade imensa de desabafar com você tudo o que ela
me fez sentir. Mas é longo, não tenho o direito de tomar
seu tempo e te chatear.
Fernando Sabino.
No texto, o conectivo “se bem que” estabelece relação
de:
(A) conformidade.
(B) condição.
(C) concessão.
(D) alternância.
(E) consequência.
16. (ENEM-MEC)
Texto I
Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é
muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e
rir interminavelmente das mulheres, rir como se o
ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso
irresistível.
CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS, Joaquim
Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 91.
Texto II
Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é
muito mais! É saber que todos os amigos já morreram e
os que teimam em viver são entrevados. É sorrir,
interminavelmente, não por necessidade interior, mas
porque a boca não fecha ou a dentadura é maior que a
arcada.
FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS, Joaquim Ferreira
dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 225.
Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para
definir as fases da vida, entre eles,
(A) expressões coloquiais com significados semelhantes.
(B) ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres
humanos.
(C) recursos específicos de textos escritos em linguagem
formal.
(D) termos denotativos que se realizam com sentido
objetivo.
(E) metalinguagem que explica com humor o sentido de
palavras.
Texto para as questões 17 e 18.
Cidade grande
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
17. (ENEM-MEC)
Entre os recursos expressivos empregados no texto,
destaca-se a
(A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem
referir-se à própria linguagem.
(B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora
outros textos.
(C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se
pensa, com intenção crítica.
(D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em
seu sentido próprio e objetivo.
(E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas
inanimadas, atribuindo-lhes vida.
18. (ENEM-MEC)
No trecho “Montes Claros cresceu tanto,/ (...),/ que já tem
cinco favelas”, a palavra que contribui para estabelecer
uma relação de consequência. Dos seguintes versos,
todos de Carlos Drummond de Andrade, apresentam
esse mesmo tipo de relação:
(A) “Meu Deus, por que me abandonaste / se sabias que
eu não era Deus / se sabias que eu era fraco.”
(B) “No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu /
a ninar nos longes da senzala – e nunca se
esqueceu / chamava para o café.”
(C) “Teus ombros suportam o mundo / e ele não pesa
mais que a mão de uma criança.”
(D) “A ausência é um estar em mim. / E sinto-a, branca,
tão pegada, aconchegada nos meus braços, / que rio
e danço e invento exclamações alegres.”
(E) “Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá
estão os poemas que esperam ser escritos.”
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*Anotações*
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19. (ENEM-MEC)
Metáfora
(Gilberto Gil)
Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível
Deixe a meta do poeta não discuta,
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.
Disponível em: < http://www.letras.terra.com.br >.
A metáfora é a figura de linguagem identificada pela
comparação subjetiva, pela semelhança ou analogia
entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a
linguagem remetendo-nos a essa conhecida figura. O
trecho em que se identifica a metáfora é:
(A) “Uma lata existe para conter algo”.
(B) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata’”.
(C) “Uma meta existe para ser um alvo”.
(D) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.
(E) “Que determine o conteúdo em sua lata”.
Texto para as questões 20 e 21.
A carreira do crime
Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo
Cruz sobre adolescentes recrutados pelo tráfico de
drogas nas favelas cariocas expõe as bases sociais
dessas quadrilhas, contribuindo para explicar as
dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime
organizado.
O tráfico oferece aos jovens de escolaridade precária
(nenhum dos entrevistados havia completado o ensino
fundamental) um plano de carreira bem-estruturado, com
salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000,00
mensais. Para uma base de comparação, convém notar
que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da
população brasileira com mais de dez anos que declara
ter uma atividade remunerada ganha no máximo o “piso
salarial” oferecido pelo crime. Dos traficantes ouvidos
pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000,00
mensais; já na população brasileira essa taxa não
ultrapassa 6%.
Tais rendimentos mostram que as políticas sociais
compensatórias, como o Bolsa-Escola (que paga
R$ 15,00 mensais por aluno matriculado), são por si sós
incapazes de impedir que o narcotráfico continue
aliciando crianças provenientes de estratos de baixa
renda: tais políticas aliviam um pouco o orçamento
familiar e incentivam os pais a manterem os filhos
estudando, o que de modo algum impossibilita a opção
pela delinquência. No mesmo sentido, os programas
voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado
(circo-escolas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol)
são importantes, mas não resolvem o problema.
A única maneira de reduzir a atração exercida pelo
tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os que
escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos aos
adolescentes provam isso: eles são elevados
precisamente porque a possibilidade de ser preso não é
desprezível. É preciso que o Executivo federal e os
estaduais desmontem as organizações paralelas
erguidas pelas quadrilhas, para que a certeza de punição
elimine o fascínio dos salários do crime.
Editorial. Folha de S. Paulo, 15 jan. 2003.
20. (ENEM-MEC)
No Editorial, o autor defende a tese de que “as políticas
sociais que procuram evitar a entrada dos jovens no
tráfico não terão chance de sucesso enquanto a
remuneração oferecida pelos traficantes for tão mais
compensatória que aquela oferecida pelos programas do
governo”. Para comprovar sua tese, o autor apresenta
(A) instituições que divulgam o crescimento de jovens no
crime organizado.
(B) sugestões que ajudam a reduzir a atração exercida
pelo crime organizado.
(C) políticas sociais que impedem o aliciamento de
crianças no crime organizado.
(D) pesquisadores que se preocupam com os jovens
envolvidos no crime organizado.
(E) números que comparam os valores pagos entre os
programas de governo e o crime organizado.
21. (ENEM-MEC)
Com base nos argumentos do autor, o texto aponta para
(A) uma denúncia de quadrilhas que se organizam em
torno do narcotráfico.
(B) a constatação de que o narcotráfico restringe-se aos
centros urbanos.
(C) a informação de que as políticas sociais
compensatórias eliminarão a atividade criminosa a
longo prazo.
(D) o convencimento do leitor de que para haver a
superação do problema do narcotráfico é preciso
aumentar a ação policial.
(E) uma exposição numérica realizada com o fim de
mostrar que o negócio do narcotráfico é vantajoso e
sem riscos.
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22. (ENEM-MEC)
Texto I
O professor deve ser um guia seguro, muito senhor de
sua língua; se outra for a orientação, vamos cair na
“língua brasileira”, refúgio nefasto e confissão nojenta de
ignorância do idioma pátrio, recurso vergonhoso de
homens de cultura falsa e de falso patriotismo. Como
havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade
se somos os primeiros a descuidar daquilo que exprime e
representa o idioma pátrio?
ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa.
Prefácio. São Paulo: Saraiva, 1999 (adaptado).
Texto II
Alguns leitores poderão achar que a linguagem desta
Gramática se afasta do padrão estrito usual neste tipo de
livro. Assim, o autor escreve “tenho que reformular”, e
não “tenho de reformular”; “pode-se colocar dois
constituintes”, e não “podem-se colocar dois
constituintes”; e assim por diante. Isso foi feito de caso
pensado, com a preocupação de aproximar a linguagem
da gramática do padrão atual brasileiro presente nos
textos técnicos e jornalísticos de nossa época.
REIS, N. Nota do editor. PERINI, M. A. Gramática descritiva
do português. São Paulo: Ática, 1996.
Confrontando-se as opiniões defendidas nos dois textos,
conclui-se que
(A) ambos os textos tratam da questão do uso da língua
com o objetivo de criticar a linguagem do brasileiro.
(B) os dois textos defendem a ideia de que o estudo da
gramática deve ter o objetivo de ensinar as regras
prescritivas da língua.
(C) a questão do português falado no Brasil é abordada
nos dois textos, que procuram justificar como é
correto e aceitável o uso coloquial do idioma.
(D) o primeiro texto enaltece o padrão estrito da língua,
ao passo que o segundo defende que a linguagem
jornalística deve criar suas próprias regras
gramaticais.
(E) o primeiro texto prega a rigidez gramatical no uso da
língua, enquanto o segundo defende uma
adequação da língua escrita ao padrão atual
brasileiro.
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*Anotações*
23. (ENEM-MEC)
Apesar da ciência, ainda é possível acreditar no
sopro divino – o momento em que o Criador deu vida
até ao mais insignificante dos microrganismos?
Resposta de Dom Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de
São Paulo, nomeado pelo papa Bento XVI em 2007:
“Claro que sim. Estaremos falando sempre que, em
algum momento, começou a existir algo, para poder
evoluir em seguida. O ato do Criador precede a
possibilidade de evolução: só evolui algo que existe. Do
nada, nada surge e evolui.”
LIMA, Eduardo. Testemunha de Deus. Superinteressante,
São Paulo, n.º 263-A, p. 9, mar. 2009 (com adaptações).
Resposta de Daniel Dennett, filósofo americano ateu e
evolucionista radical, formado em Harvard e Doutor por
Oxford:
“É claro que é possível, assim como se pode acreditar
que um super-homem veio para a Terra há 530 milhões
de anos e ajustou o DNA da fauna cambriana,
provocando a explosão da vida daquele período. Mas
não há razão para crer em fantasias desse tipo.”
LIMA, Eduardo. Advogado do Diabo. Superinteressante,
São Paulo, n.º 263-A, p. 11, mar. 2009 (com adaptações).
Os dois entrevistados responderam a questões idênticas,
e as respostas a uma delas foram reproduzidas aqui.
Tais respostas revelam opiniões opostas: um defende a
existência de Deus e o outro não concorda com isso.
Para defender seu ponto de vista,
(A) o religioso ataca a ciência, desqualificando a Teoria
da Evolução, e o ateu apresenta comprovações
científicas dessa teoria para derrubar a ideia de que
Deus existe.
(B) Scherer impõe sua opinião, pela expressão “claro
que sim”, por se considerar autoridade competente
para definir o assunto, enquanto Dennett expressa
dúvida, com expressões como “é possível”,
assumindo não ter opinião formada.
(C) o arcebispo critica a teoria do Design Inteligente,
pondo em dúvida a existência de Deus, e o ateu
argumenta com base no fato de que algo só pode
evoluir se, antes, existir.
(D) o arcebispo usa uma lacuna da ciência para
defender a existência de Deus, enquanto o filósofo
faz uma ironia, sugerindo que qualquer coisa
inventada poderia preencher essa lacuna.
(E) o filósofo utiliza dados históricos em sua
argumentação, ao afirmar que a crença em Deus é
algo primitivo, criado na época cambriana, enquanto
o religioso baseia sua argumentação no fato de que
algumas coisas podem “surgir do nada”.
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24. (ENEM-MEC)
Texto I
O chamado “fumante passivo” é aquele indivíduo que
não fuma, mas acaba respirando a fumaça dos cigarros
fumados ao seu redor. Até hoje, discutem-se muito os
efeitos do fumo passivo, mas uma coisa é certa: quem
não fuma não é obrigado a respirar a fumaça dos outros.
O fumo passivo é um problema de saúde pública em
todos os países do mundo. Na Europa, estima-se que
79% das pessoas estão expostas à fumaça “de segunda
mão”, enquanto, nos Estados Unidos, 88% dos não
fumantes acabam fumando passivamente. A Sociedade
do Câncer da Nova Zelândia informa que o fumo passivo
é a terceira entre as principais causas de morte no país,
depois do fumo ativo e do uso de álcool.
Disponível em: < www.terra.com.br > (fragmento).
Texto II
Disponível em: < www.rickjaimecomics.blogspot.com >.
Ao abordar a questão do tabagismo, os textos I e II
procuram demonstrar que
(A) a quantidade de cigarros consumidos por pessoa,
diariamente, excede o máximo de nicotina
recomendado para os indivíduos, inclusive para os
não fumantes.
(B) para garantir o prazer que o indivíduo tem ao fumar,
será necessário aumentar as estatísticas de fumo
passivo.
(C) a conscientização dos fumantes passivos é uma
maneira de manter a privacidade de cada indivíduo e
garantir a saúde de todos.
(D) os não fumantes precisam ser respeitados e
poupados, pois estes também estão sujeitos às
doenças causadas pelo tabagismo.
(E) o fumante passivo não é obrigado a inalar as
mesmas toxinas que um fumante, portanto depende
dele evitar ou não a contaminação proveniente da
exposição ao fumo.
25. (ENEM-MEC)
MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR
DO QUE A DE COMPUTADOR E GUARDE
ESTA CONDIÇÃO: 12 X SEM JUROS.
Campanha publicitária de loja de eletroeletrônicos. Revista Época, n.º 424, 3/7/2006.
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como
práticas de linguagem, assumindo configurações
específicas, formais e de conteúdo. Considerando o
contexto em que circula o texto publicitário, seu objetivo
básico é
(A) influenciar o comportamento do leitor, por meio de
apelos que visam à adesão ao consumo.
(B) definir regras de comportamento social pautadas no
combate ao consumismo exagerado.
(C) defender a importância do conhecimento de
informática pela população de baixo poder aquisitivo.
(D) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas
classes sociais economicamente desfavorecidas.
(E) questionar o fato de o homem ser mais inteligente
que a máquina, mesmo a mais moderna.
26. (ENEM-MEC)
Se os tubarões fossem homens
Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais
gentis com os peixes pequenos?
Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam
construir resistentes gaiolas no mar para os peixes
pequenos, com todo o tipo de alimento, tanto animal
como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem
sempre água fresca e adotariam todas as providências
sanitárias.
Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas.
Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a
goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo, a
usar a geografia para localizar os grandes tubarões
deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria,
naturalmente, a formação moral dos peixinhos. A eles
seria ensinado que o ato mais grandioso e mais sublime
é o sacrifício alegre de um peixinho e que todos deveriam
acreditar nos tubarões, sobretudo quando estes
dissessem que cuidavam de sua felicidade futura. Os
peixinhos saberiam que este futuro só estaria garantido
se aprendessem a obediência.
Cada peixinho que na guerra matasse alguns
peixinhos inimigos seria condecorado com uma pequena
Ordem das Algas e receberia o título de herói.
BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner. São Paulo:
Editora 34, 2006 (adaptado).
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Como produção humana, a literatura veicula valores que
nem sempre estão representados diretamente no texto,
mas são transfigurados pela linguagem literária e podem
até entrar em contradição com as convenções sociais e
revelar o quanto a sociedade perverteu os valores
humanos que ela própria criou. É o que ocorre na
narrativa do dramaturgo alemão Bertolt Brecht mostrada.
Por meio da hipótese apresentada, o autor
(A) demonstra o quanto a literatura pode ser alienadora
ao retratar, de modo positivo, as relações de
opressão existentes na sociedade.
(B) revela a ação predatória do homem no mar,
questionando a utilização dos recursos naturais pelo
homem ocidental.
(C) defende que a força colonizadora e civilizatória do
homem ocidental valorizou a organização das
sociedades africanas e asiáticas, elevando-as ao
modo de organização cultural e social da sociedade
moderna.
(D) questiona o modo de organização das sociedades
ocidentais capitalistas, que se desenvolveram
fundamentadas nas relações de opressão em que os
mais fortes exploram os mais fracos.
(E) evidencia a dinâmica social do trabalho coletivo em
que os mais fortes colaboram com os mais fracos, de
modo a guiá-los na realização de tarefas.
Texto para as questões 27 e 28.
Negrinha
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta?
Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos
assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus
primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da
cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre
escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do
mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e
camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas
no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali
bordava, recebia as amigas e o vigário, dando
audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora
em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio
da religião e da moral”, dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os
nervos em carne viva.
[...]
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar
de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de
escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o
bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime
novo – essa indecência de negro igual.
LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos
brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento).
27. (ENEM-MEC)
A narrativa focaliza um momento histórico-social de
valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no
contexto, pela
(A) falta de aproximação entre a menina e a senhora,
preocupada com as amigas.
(B) receptividade da senhora para com os padres, mas
deselegante para com as beatas.
(C) ironia do padre a respeito da senhora, que era
perversa com as crianças.
(D) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos
negros, evidenciada no final do texto.
(E) rejeição aos criados por parte da senhora, que
preferia tratá-los com castigos.
28. (AED-SP)
O fragmento apresenta característica marcante do
gênero narrativo conto ao:
(A) relatar um enredo imaginário, mas de caráter
verossímil, e apresentar personagens vivendo uma
sequência de conflitos, em vários capítulos.
(B) estruturar-se em uma narrativa curta, que gira em
torno de um só conflito, com poucos personagens.
(C) inspirar-se em temas do cotidiano, constituindo um
relato pessoal do autor sobre determinado fato do dia
a dia.
(D) estruturar-se exclusivamente em 1.ª pessoa: o
narrador, autor da história, relata os fatos.
(E) desenvolver uma narrativa eminentemente factual
sobre a realidade, sobrepondo o conteúdo real ao
imaginário.
29. (ENEM-MEC)
Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca,
orelha de porco e couve com angu, arroz-mole
engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo
enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e
um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um
prato fundo de canjica com torrões de açúcar, Nhô Tomé
saboreou o café forte e se estendeu na rede. A mão
direita sob a cabeça, à guisa de travesseiro, o
indefectível cigarro de palha entre as pontas do indicador
e do polegar, envernizados pela fumaça, de unhas
encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar,
modorrento, a olhar para as ripas do telhado.
Quem come e não deita, a comida não aproveita,
pensava Nhô Tomé... E pôs-se a cochilar. A sua modorra
durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou
assombrada:
— Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta...
Dá pisadêra e póde morrê de ataque de cabeça! Despois
do armoço num far-má... mais despois da janta?!
Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo:
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.
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Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente
em 1921, o narrador
(A) apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes
da época, descrevendo os pratos servidos no jantar
e a atitude de Nhô Tomé e de Tia Policena.
(B) desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora
à narrativa usos próprios da linguagem regional das
personagens.
(C) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia
Policena, que tenta impedir Nhô Tomé de deitar-se
após as refeições.
(D) utiliza a diversidade sociocultural e linguística para
demonstrar seu desrespeito às populações das
zonas rurais do início do século XX.
(E) manifesta preconceito em relação a Tia Policena ao
transcrever a fala dela com os erros próprios da
região.
Texto para as questões 30 e 31.
Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem-querer;
é solitário andar por entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(Luís de Camões)
30. (ENEM-MEC)
O poema tem como característica a figura de linguagem
denominada antítese, relação de oposição de palavras
ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz
claramente presente.
(A) “Amor é fogo que arde sem se ver”.
(B) “é um contentamento descontente”.
(C) “é servir a quem vence, o vencedor”.
(D) “Mas como causar pode seu favor”.
(E) “se tão contrário a si é o mesmo Amor?”.
31. (ENEM-MEC)
O poema pode ser considerado como um texto
(A) argumentativo.
(B) narrativo.
(C) épico.
(D) de propaganda.
(E) teatral.
32. (ENEM-MEC)
Miguilim
De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois.
Um senhor de fora, o claro de roupa. Miguilim saudou,
pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem
junto. Ele era de óculos, corado, alto, com um chapéu
diferente, mesmo.
— Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome?
— Miguilim. Eu sou irmão do Dito.
— E o seu irmão Dito é o dono daqui?
— Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.
O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era
zelado, manteúdo, formoso como nenhum outro. Redizia:
— Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda...
Mas que é que há, Miguilim?
Miguilim queria ver se o homem estava mesmo
sorrindo para ele, por isso é que o encarava.
— Por que você aperta os olhos assim? Você não é
limpo de vista? Vamos até lá. Quem é que está em tua
casa?
— É Mãe, e os meninos...
Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O
senhor alto e claro se apeou. O outro, que vinha com ele,
era um camarada.
O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do
Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: — Miguilim,
espia daí: quantos dedos da minha mão você está
enxergando? E agora?
João Guimarães Rosa. Manuelzão e Miguilim.
9.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
Essa história, com narrador-observador em terceira
pessoa, apresenta os acontecimentos da perspectiva de
Miguilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter
Miguilim como referência, inclusive espacial, fica
explicitado em
(A) “O homem trouxe o cavalo cá bem junto.”
(B) “Ele era de óculos, corado, alto (...)”
(C) “O homem esbarrava o avanço do cavalo, (...)”
(D) “Miguilim queria ver se o homem estava mesmo
sorrindo para ele, (...)”
(E) “Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos.”
________________________________________________
*Anotações*
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33. (ENEM-MEC)
Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da
atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua
relação com as pequenas e grandes cidades.
Bicho urbano
Se disser que prefiro morar em Pirapemas
ou em outra qualquer pequena cidade do país
estou mentindo
ainda que lá se possa de manhã
lavar o rosto no orvalho
e o pão preserve aquele branco
sabor de alvorada.
.....................................................................
A natureza me assusta.
Com seus matos sombrios suas águas
suas aves que são como aparições
me assusta quase tanto quanto
esse abismo
de gases e de estrelas
aberto sob minha cabeça.
Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro:
José Olympio Editora, 1991.
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o
poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das
pequenas comunidades. Para expressar a relação do
homem com alguns desses elementos, ele recorre à
sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam
impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em
que se observa esse recurso.
(A) “e o pão preserve aquele branco / sabor de
alvorada.”
(B) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no
orvalho”
(C) “A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios
suas águas”
(D) “suas aves que são como aparições / me assusta
quase tanto quanto”
(E) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de
gases e de estrelas”
________________________________________________
*Anotações*
34. (ENEM-MEC)
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
[ dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
(...)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.
A antítese que configura uma imagem da divisão social
do trabalho na sociedade brasileira é expressa
poeticamente na oposição entre a doçura do branco
açúcar e
(A) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o
açúcar.
(B) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se
dissolve na boca.
(C) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco,
onde se produz o açúcar.
(D) a beleza dos extensos canaviais que nascem no
regaço do vale.
(E) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas
escuras.
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35. (ENEM-MEC)
O jivaro
Um Sr. Matter, que fez uma viagem de exploração à
América do Sul, conta a um jornal sua conversa com um
índio jivaro, desses que sabem reduzir a cabeça de um
morto até ela ficar bem pequenina. Queria assistir a uma
dessas operações, e o índio lhe disse que exatamente
ele tinha contas a acertar com um inimigo.
O Sr. Matter:
— Não, não! Um homem, não. Faça isso com a
cabeça de um macaco.
E o índio:
— Por que um macaco? Ele não me fez nenhum mal!
(Rubem Braga)
O assunto de uma crônica pode ser uma experiência
pessoal do cronista, uma informação obtida por ele ou
um caso imaginário. O modo de apresentar o assunto
também varia: pode ser uma descrição objetiva, uma
exposição argumentativa ou uma narrativa sugestiva.
Quanto à finalidade pretendida, pode-se promover uma
reflexão, definir um sentimento ou tão somente provocar
o riso.
Na crônica “O jivaro”, escrita a partir da reportagem de
um jornal, Rubem Braga se vale dos seguintes
elementos:
ASSUNTO
MODO DE
APRESENTAR
FINALIDADE
(A) caso
imaginário
descrição
objetiva
provocar
o riso
(B) informação
colhida
narrativa
sugestiva
promover
reflexão
(C) informação
colhida
descrição
objetiva
definir um
sentimento
(D) experiência
pessoal
narrativa
sugestiva
provocar
o riso
(E) experiência
pessoal
exposição
argumentativa
promover
reflexão
________________________________________________
*Anotações*
********** ATIVIDADES 2 **********
C1
Aplicar as tecnologias da comunicação e da
informação na escola, no trabalho e em outros
contextos relevantes para sua vida.
H1
Identificar as diferentes linguagens e seus recursos
expressivos como elementos de caracterização dos
sistemas de comunicação.
36. (ENEM-MEC)
Observe a imagem:
< http://www.sunhill-phuket.com >.
O logotipo acima é da rede hoteleira Sun Hill, na
Tailândia. Ele trabalha formas que sugerem elementos
da paisagem ____________. Os traços dessas formas e
os das letras são ____________, evocando a imagem
do(a) ____________.
Qual a alternativa que completa as lacunas?
(A) campestre, arredondados, lua.
(B) marítima, irregulares, mar.
(C) campestre, irregulares, vegetação.
(D) marítima, arredondados, sol.
(E) urbana, irregulares, vegetação.
H2
Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos
sistemas de comunicação e informação para resolver
problemas sociais.
37. (ENEM-MEC)
José Dias precisa sair de sua casa e chegar até o
trabalho, conforme mostra o Quadro 1. Ele vai de ônibus
e pega três linhas: 1) de sua casa até o terminal de
integração entre a zona norte e a zona central; 2) deste
terminal até outro entre as zonas central e sul; 3) deste
último terminal até onde trabalha. Sabe-se que há uma
correspondência numérica, nominal e cromática das
linhas que José toma, conforme o Quadro 2.
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José Dias deverá, então, tomar a seguinte sequência de
linhas de ônibus, para ir de casa ao trabalho:
(A) L. 102 – Circular zona central – L. Vermelha.
(B) L. Azul – L. 101 – Circular zona norte.
(C) Circular zona norte – L. Vermelha – L. 100.
(D) L. 100 – Circular zona central – L. Azul.
(E) L. Amarela – L. 102 – Circular zona sul.
H3
Relacionar informações geradas nos sistemas de
comunicação e informação, considerando a função
social desses sistemas.
38. (ENEM-MEC)
Para verificarmos essa ideia de linguagem como forma
de representação da realidade, vamos ler os dois trechos
seguintes. Neles, dois jornais diferentes apresentam um
mesmo assunto: a presença de comerciais inseridos em
programas de televisão (o chamado merchandising), de
forma mais ou menos implícita.
Texto A – JORNAL A
MERCHANDISING
Quanto mais discreto melhor
Impulsionado pelos reality shows e novelas, o comercial
subliminar ganha novo fôlego e se adapta ao
temperamento de apresentadores e roteiristas.
O Estado de S. Paulo, São Paulo, 7 jul. 2002.
Caderno Telejornal, p. 4.
Texto B – JORNAL B
Quanto vale o show?
A publicidade invadiu programas e novelas, para alegria
das emissoras e apreensão dos que acham que a prática
extrapolou.
Folha de S. Paulo, São Paulo, 7 jul. 2002. Caderno
TVFolha, p. 6-7. Fornecido pela Agência Folha.
Tendo em vista que as duas reportagens tratam de um
mesmo assunto e foram publicadas na mesma data,
pode-se afirmar que:
(A) apenas o texto A levanta os aspectos negativos do
merchandising, a partir da opinião de roteiristas e
apresentadores.
(B) os dois textos transmitem diferentes visões sobre o
assunto: em A foram levantados os aspectos
positivos (marcados pelos termos “melhor”, “ganha” e
“se adapta”); em B, os negativos (marcados pelos
termos “invadiu”, “apreensão” e “extrapolou”).
(C) apenas o texto B levanta os aspectos positivos do
merchandising, a partir da opinião de jornalistas.
(D) os dois textos transmitem a mesma visão sobre o
assunto: em ambos, verifica-se 20% de aumento no
merchandising em programas de TV.
(E) os dois textos usam a mesma estratégia para noticiar
o merchandising e ambas as notícias são favoráveis
a ela.
H4
Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são
feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e
informação.
39. (ENEM-MEC)
Em alguns supermercados, é comum observar que
produtos como arroz, feijão, leite, carnes etc. ficam nos
últimos corredores. Na entrada e nas laterais, ficam
bolachas, biscoitos, produtos de beleza, artigos
importados, bebidas etc. Essa maneira de organizar o
espaço faz parte de uma estratégia comercial que tem
por finalidade
(A) atrair o consumidor para os gêneros de primeira
necessidade.
(B) estimular o consumo de produtos que não são de
primeira necessidade.
(C) organizar melhor o espaço para que o consumidor se
sinta satisfeito.
(D) facilitar as compras do consumidor.
(E) levar o consumidor a comprar mais arroz, feijão e
leite.
40. (ENEM-MEC)
Comunicação contra o preconceito
Imagine assistir, na TV, a uma história infantil em que
o príncipe se apaixona por uma dama do “Palácio dos
Macacos”. Ela é representada por uma atriz branca com
o rosto inteiramente pintado de preto.
Ao ser beijada pelo príncipe, selando a união sob as
benções do rei, ela se transforma: some a tinta preta e
ela agora é uma princesa toda branca.
O estarrecedor preconceito manifesto na história não
foi veiculado em programa humorístico (o que não o
tornaria menos condenável), nem em uma produção
estrangeira pobre e inconsequente, nem em produção
independente brasileira. Foi levado ao ar na maior rede
de televisão da América Latina, umas das maiores do
mundo, em um dos programas infantis de maior
audiência do Brasil.
LORENZO, Aldé. Opinião. Jornal Educação Pública, 19/11/2003.
Os termos de concessão de emissoras no Brasil preveem
compromissos com a educação, a informação e o
entretenimento. A leitura do texto anterior permite afirmar
que a emissora
(A) educou para a igualdade entre as etnias.
(B) informou sobre a cultura afro-brasileira.
(C) incorreu em manifestação de preconceito.
(D) esclareceu sobre a diversidade étnica.
(E) contou uma história isenta de preconceito.
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*Anotações*
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*MÓDULO 2*
Gêneros digitais – Comunicação e tecnologia
 A internet reúne duas características importantes:
interatividade e massividade. Nesse meio de
comunicação, diferentemente da televisão, do rádio
ou dos jornais, todos podem ser, ao mesmo tempo,
emissores e receptores da mensagem. Conectados
com o mundo por meio dos nossos computadores e
celulares, vivenciamos um processo que o sociólogo
canadense Marshall McLuhan havia previsto e
chamado de “aldeia global”.
 As Novas Tecnologias de Informação e
Comunicação (NTICs), que incluem equipamentos
como câmeras de vídeo em microcomputadores
(webcam), celulares, TV por assinatura e internet,
estão entre as principais ferramentas de troca de
informação. Pouco a pouco, elas fazem parte do
cotidiano de um número cada vez maior de pessoas
e afirmam-se como instrumentos indispensáveis às
comunicações pessoais, de trabalho e de lazer.
 Exclusão digital: grande parte da população
brasileira e mundial ainda não tem acesso às NTICs,
permanecendo à margem do processo de
informatização da sociedade. Esse fenômeno é
chamado de exclusão digital – um descompasso
entre o ritmo de desenvolvimento tecnológico e a
distribuição de seus benefícios entre todos os
setores da sociedade.
 Hipertexto é todo texto que possibilita uma leitura
não linear e uma maior interatividade e atuação
explorativa do leitor. O hipertexto permite que o leitor
desvie o fluxo da leitura para assuntos relacionados,
aprofundando sua compreensão do texto inicial. Não
raro, porém, o leitor opta por outros caminhos na
leitura e não retorna ao texto inicial.
Expressões corporais – Identidade e integração
 A dança pode ser definida como uma sequência de
movimentos com o próprio corpo que segue uma
coreografia ou é realizada de forma livre, em
harmonia com um ritmo ou mesmo sem música. No
decorrer dos séculos, a dança firmou-se como uma
das três principais artes cênicas, ao lado da música e
do teatro – elementos que muitas vezes andam
juntos.
 Folclore é o conjunto das tradições, lendas ou
crenças populares de um país. O folclore brasileiro é
rico em danças que representam as tradições e as
culturas regionais. Em geral, elas estão ligadas à
religiosidade, às festas, às lendas, aos
acontecimentos históricos e às brincadeiras.
 As principais danças folclóricas brasileiras são:
samba, samba de roda, maracatu, frevo, forró, baião,
cateretê (catira), quadrilha, congo, tambor de crioula,
bumba meu boi, bugio e fandango.
WIKIMEDIA COMMONS
 O frevo, típico de Pernambuco, caracteriza-se pelos movimentos
rápidos
 Brincadeiras e jogos são instrumentos de interação
social, pois desenvolvem tanto habilidades
perceptivo-motoras quanto habilidades sociais. A
criança, por exemplo, vivencia, na brincadeira,
situações de competição e de exclusão, preparando-
-se de forma saudável para vivências futuras.
Exemplos de brincadeiras tradicionais: jogar peteca,
pular amarelinha, empinar pipa e dançar ciranda
acompanhada de cantigas de roda,
 Grande parte da população economicamente ativa
trabalha por um longo período de tempo em frente
aos computadores (muitas vezes, sem postura nem
iluminação adequadas) ou passa longos períodos
sentada ou em pé. Alguns problemas comuns
decorrentes do estilo de vida moderno:
sedentarismo, doenças decorrentes do esforço
repetitivo, alimentação desbalanceada e estresse.
 Corpolatria é o culto exagerado do corpo, no sentido
do aperfeiçoamento estético, e não da preservação
da saúde. A mídia e a sociedade tendem a valorizar
determinados padrões de beleza, que excluem
grande parte da população.
Artes – Recursos expressivos
 As manifestações artísticas são documentos
importantes para conhecer as grandes civilizações
do passado. As pirâmides do Egito, por exemplo,
foram construídas para servir de túmulo aos faraós.
Já a arte da Antiguidade Clássica (séculos VIII a.C. a
V a.C.) se refere às civilizações grega e romana.
 O Renascimento (século XIII ao XVII) retomou
princípios da Antiguidade Clássica. Já o Barroco
(século XVII ao XVIII) foi marcado pela maior
dramaticidade em relação ao Renascimento e pela
demanda do espiritual, com grandes expressões na
arquitetura.
 Arte Moderna é a denominação genérica que
recebem os movimentos artísticos que se
desenvolveram do fim do século XIX e no decorrer
do XX. Essa denominação abarca:
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 Impressionismo: a pintura visa a captar as mudanças
da natureza. Representado por Claude Monet e
Auguste Renoir.
 Fauvismo: simplificação das formas, cores brutais e
pinceladas violentas, como se vê na obra de Paul
Gauguin.
 Cubismo: geometrização das formas e a sensação
de uma pintura escultórica, caso de Pablo Picasso.
 Expressionismo: com suas cores violentas e a sua
temática de solidão e de miséria, reflete a amargura
que invadia os círculos artísticos e intelectuais. Entre
seus nomes está o norueguês Edvard Munch.
 Surrealismo: representado pelo pintor espanhol
Salvador Dalí, enfatiza a importância do papel do
inconsciente na atividade criativa.
 Dadaísmo: baseado no nonsense e no absurdo,
como forma de contradizer a cultura estabelecida.
 Arte cinética: explora efeitos visuais por meio de
movimentos físicos ou ilusão de ótica.
 Pop Art: consiste no uso de ícones da cultura de
massa como tema. Seu maior expoente foi Andy
Warhol.
 A Semana de Arte Moderna de 1922 propunha uma
arte brasileira independente, livre das amarras e dos
complexos de inferioridade que a vinculavam aos
padrões estrangeiros. Entre seus organizadores
estavam os escritores Mário e Oswald de Andrade e
a pintora Anita Malfatti.
Culturas brasileiras – Diversidade
 Os movimentos culturais são diferentes dos gêneros
musicais porque abrangem outras propostas, de
ideologia e de comportamento. Entre os principais
movimentos culturais da história recente do Brasil
estão a Bossa Nova e o Tropicalismo.
 Entre os mais conhecidos gêneros musicais
praticados no Brasil estão choro (ou chorinho),
baião, marchinha, samba, rock, jazz, rap e MPB – a
sigla para Música Popular Brasileira abrange grande
diversidade de estilos musicais, derivados de várias
matrizes.
 Heranças culturais: nossa cultura possui tradições
herdadas dos portugueses, africanos, indígenas e
imigrantes do período de guerras na Europa. Por
isso, é mais adequado falar em “culturas brasileiras”,
no plural.
Textos codificados – Sistemas simbólicos
 Signos visuais são meios de comunicação visual,
que se subdividem em três categorias, de acordo
com a relação com o objeto representado:
 Ícones: representam um modelo imitativo de um
objeto, de uma forma, de um espaço ou de uma
situação. Exemplos: ícones de programas na tela do
computador, fotografias, mapas, objetos de arte.
 Indícios: têm origem em formas ou situações naturais
ou casuais. Exemplo: marcas dos pneus de um carro
indicam uma freada brusca.
 Símbolos: representam o objeto de maneira
totalmente livre. Sua compreensão exige certo
conhecimento de mundo. Exemplo: suástica,
bandeira.
 Os sistemas simbólicos surgiram diante da demanda
de situações específicas de interlocução. Alguns
sistemas universalmente usados são: a linguagem
de sinais ou libras, o braile, a sinalização por
bandeiras e as partituras.
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para a questão 1.
A rede mudou a amizade?
Graças às redes sociais, nunca foi tão fácil conhecer
gente nova; algo que está transformando
a própria definição de amizade
Qual é a primeira coisa que você faz quando entra na
internet? Checa seu e-mail, dá uma olhadinha no Twitter,
confere as atualizações dos seus contatos no Orkut ou
no Facebook? Há diversos estudos comprovando que
interagir com outras pessoas, principalmente com
amigos, é o que mais fazemos na internet. Só o
Facebook já tem mais de 500 milhões de usuários, que
juntos passam 700 bilhões de minutos por mês
conectados ao site – que chegou a superar o Google em
número de acessos diários. A internet é a ferramenta
mais poderosa já inventada no que diz respeito à
amizade. E está transformando nossas relações: tornou
muito mais fácil manter contato com os amigos e
conhecer gente nova. Mas será que as amizades on-line
não fazem com que as pessoas acabem se isolando e
tenham menos amigos off-line, “de verdade”? Essa tese,
geralmente citada nos debates sobre o assunto, foi
criada em 1995 pelo sociólogo norte-americano Robert
Putnam. E provavelmente está errada. Uma pesquisa
feita pela Universidade de Toronto constatou que a
internet faz você ter mais amigos – dentro e fora da rede.
Durante a década passada, período de surgimento e
ascensão dos sites de rede social, o número médio de
amizades das pessoas cresceu. E os chamados heavy
users, que passam mais tempo na internet, foram os que
ganharam mais amigos no mundo real – 38% mais. Já
quem não usava a internet ampliou suas amizades em
apenas 4,6%.
Então, as pessoas começam a se adicionar no
Facebook e no final todo mundo vira amigo? Não é bem
assim. A internet raramente cria amizades do zero – na
maior parte dos casos, ela funciona como
potencializadora de relações que já haviam se insinuado
na vida real. Um estudo feito pela Universidade de
Michigan constatou que o segundo maior uso do
Facebook, depois de interagir com amigos, é olhar os
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perfis de pessoas que acabamos de conhecer. Se você
gostar do perfil, adiciona aquela pessoa, e está formado
um vínculo. As redes sociais têm o poder de transformar
os chamados elos latentes (pessoas que frequentam o
mesmo ambiente social que você, mas não são suas
amigas) em elos fracos – uma forma superficial de
amizade. Pois é. Por mais que existam exceções a
qualquer regra, todos os estudos apontam que amizades
geradas com a ajuda da internet são mais fracas, sim, do
que aquelas que nascem e crescem fora dela.
Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito
geralmente são parecidos com você: pertencem ao
mesmo mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos
fracos não. Eles transitam por grupos diferentes do seu,
e por isso podem lhe apresentar coisas e pessoas novas
e ampliar seus horizontes – gerando uma renovação de
ideias que faz bem a todos os relacionamentos, inclusive
às amizades antigas.
Os sites sociais como Orkut e Facebook tornam mais
fácil fazer, manter e gerenciar amigos. Mas também
influem no desenvolvimento das relações – pois as
possibilidades de interagir com outras pessoas são
limitadas pelas ferramentas que os sites oferecem. “Você
entra nas redes sociais e faz o que elas querem que você
faça: escrever uma mensagem, mandar um link, cutucar”,
diz o físico e especialista em redes Augusto de Franco,
que já escreveu mais de 20 livros sobre o tema. O
problema, por assim dizer, é que a maioria das redes na
internet é simétrica: se você quiser ter acesso às
informações de uma pessoa ou mesmo falar
reservadamente com ela, é obrigado a pedir a amizade
dela, que tem de aceitar. Como é meio grosseiro dizer
“não” a alguém que você conhece, mesmo que só de
vista, todo mundo acabava adicionando todo mundo. E
isso vai levando à banalização do conceito de amizade.
“As pessoas a quem você está conectado não são
necessariamente suas amigas de verdade”, diz o
sociólogo Nicholas Christakis, da Universidade Harvard.
Superinteressante, São Paulo, fev. 2011.
1. (AED-SP)
De acordo com o texto, a afirmação de que “a internet
aumenta o número de amizades” é válida? Explique.
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2. (ENEM-MEC)
Cada vez mais, as pessoas trabalham e administram
serviços de suas casas, como mostra a pesquisa
realizada em 1993 pela Fundação Europeia para a
Melhoria da Qualidade de Vida e Ambiente de Trabalho.
Por conseguinte, a “centralidade da casa” é uma
tendência importante da nova sociedade. Porém, não
significa o fim da cidade, pois locais de trabalho, escolas,
complexos médicos, postos de atendimento ao
consumidor, áreas recreativas, ruas comerciais, shopping
centers, estádios de esportes e parques ainda existem e
continuarão existindo. E as pessoas deslocar-se-ão entre
todos esses lugares com mobilidade crescente,
exatamente devido à flexibilidade recém-conquistada
pelos sistemas de trabalho e integração social em redes:
como o tempo fica mais flexível, os lugares tornam-se
mais singulares à medida que as pessoas circulam entre
elas em um padrão cada vez mais móvel.
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede.
V. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
As tecnologias de informação e comunicação têm a
capacidade de modificar, inclusive, a forma de as
pessoas trabalharem. De acordo com o proposto pelo
autor,
(A) a “centralidade da casa” tende a concentrar as
pessoas em suas casas e, consequentemente,
reduzir a circulação das pessoas nas áreas comuns
da cidade, como ruas comerciais e shopping centers.
(B) as pessoas irão se deslocar por diversos lugares,
com mobilidade crescente, propiciada pela
flexibilidade recém-conquistada pelos sistemas de
trabalho e pela integração social em redes.
(C) cada vez mais as pessoas trabalham e administram
serviços de suas casas, tendência que deve diminuir
com o passar dos anos.
(D) o deslocamento das pessoas entre diversos lugares
é um dos fatores causadores do estresse nos
grandes centros urbanos.
(E) o fim da cidade será uma das consequências
inevitáveis da mobilidade crescente.
3. (ENEM-MEC)
O “Portal Domínio Público”, lançado em novembro de
2004, propõe o compartilhamento de conhecimentos de
forma equânime e gratuita, colocando à disposição de
todos os usuários da internet, uma biblioteca virtual que
deverá constituir referência para professores, alunos,
pesquisadores e para a população em geral.
Esse portal constitui um ambiente virtual que permite
a coleta, a integração, a preservação e o
compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal
objetivo o de promover o amplo acesso às obras
literárias, artísticas e científicas (na forma de textos,
sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que
tenham a sua divulgação devidamente autorizada.
BRASIL. Ministério da Educação. Disponível em:
< http://www.dominiopublico.gov.br > (adaptado).
LCT  Português 
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Considerando a função social das informações geradas
nos sistemas de comunicação e informação, o ambiente
virtual descrito no texto exemplifica
(A) a dependência das escolas públicas quanto ao uso
de sistemas de informação.
(B) a ampliação do grau de interação entre as pessoas,
a partir de tecnologia convencional.
(C) a democratização da informação, por meio da
disponibilização de conteúdo cultural e científico à
sociedade.
(D) a comercialização do acesso a diversas produções
culturais nacionais e estrangeiras via tecnologia da
informação e da comunicação.
(E) a produção de repertório cultural direcionado a
acadêmicos e educadores.
4. (ENEM-MEC)
É muito raro que um novo modo de comunicação ou
de expressão suplante completamente os anteriores.
Fala-se menos desde que a escrita foi inventada? Claro
que não. Contudo, a função da palavra viva mudou, uma
parte de suas missões nas culturas puramente orais
tendo sido preenchida pela escrita: transmissão dos
conhecimentos e das narrativas, estabelecimento de
contratos, realização dos principais atos rituais ou sociais
etc. Novos estilos de conhecimento (o conhecimento
“teórico”, por exemplo) e novos gêneros (o código de leis,
o romance etc.) surgiram. A escrita não fez com que a
palavra desaparecesse, ela complexificou e reorganizou
o sistema da comunicação e da memória social.
A fotografia substituiu a pintura? Não, ainda há
pintores ativos. As pessoas continuam, mais do que
nunca, a visitar museus, exposições e galerias, compram
as obras dos artistas para pendurá-las em casa. Em
contrapartida, é verdade que os pintores, os desenhistas,
os gravadores, os escultores não são mais – como foram
até o século XIX – os únicos produtores de imagens.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo:
Editora 34, 1999 (fragmento).
A substituição pura e simples do antigo pelo novo ou do
natural pelo técnico tem sido motivo de preocupação de
muita gente. O texto encaminha uma discussão em torno
desse temor ao
(A) considerar as relações entre o conhecimento teórico
e o conhecimento empírico e acrescenta que novos
gêneros textuais surgiram com o progresso.
(B) observar que a língua escrita não é uma transcrição
fiel da língua oral e explica que as palavras antigas
devem ser utilizadas para preservar a tradição.
(C) perguntar sobre a razão de as pessoas visitarem
museus, exposições etc., e reafirma que os
fotógrafos são os únicos responsáveis pela produção
de obras de arte.
(D) reconhecer que as pessoas temem que o avanço
dos meios de comunicação, inclusive on-line,
substitua o homem e leve alguns profissionais ao
esquecimento.
(E) revelar o receio das pessoas em experimentar novos
meios de comunicação, com medo de se sentirem
retrógradas.
5. (ENEM-MEC)
Texto I
Época, 12 out. 2009 (adaptado).
Texto II
CONEXÃO SEM FIO NO BRASIL
Onde haverá cobertura de telefonia celular
para baixar publicações para o Kindle
Época, 12 out. 2009.
A capa da revista Época de 12 de outubro de 2009 traz
um anúncio sobre o lançamento do livro digital no Brasil.
Já o texto II traz informações referentes à abrangência de
acessibilidade das tecnologias de comunicação e
informação nas diferentes regiões do país. A partir da
leitura dos dois textos, infere-se que o advento do livro
digital no Brasil
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Gêneros argumentativos e estratégias de persuasão

  • 1. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 154 *MÓDULO 1* Organização textual – Gêneros argumentativos Recursos para convencer Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em fatos e opiniões. É comum encontrarmos circulando no rádio, na TV, nas revistas, nos jornais e na internet temas polêmicos que exigem uma posição por parte dos ouvintes, espectadores e leitores. Num jornal, por exemplo, podemos identificar vários gêneros argumentativos – o artigo de opinião, o editorial, a coluna. Por vezes, alguns textos de caráter informativo, como reportagens, podem trazer juízos de valor ou adotar um posicionamento crítico (veja a reportagem reproduzida em Atividades 1). O importante, para se preparar para a prova do ENEM, é saber reconhecer estratégias argumentativas e procedimentos de argumentação. Os procedimentos implicam estruturar o texto de acordo com o receptor (uso de linguagem adequada e construção coerente da argumentação), e as estratégias são recursos que podem ser usados para reforçar a argumentação. Agora, analisemos alguns gêneros que, de imediato, podem ser identificados como argumentativos:  Artigo opinativo: comum nos jornais e revistas, ele é, em geral, escrito por colaboradores ou personalidades convidadas e não reflete necessariamente a opinião do veículo de comunicação. Analisa um fato ou uma série de fatos em relação ao contexto político, social, econômico ou comportamental. Segue a estrutura de um texto dissertativo: introdução/desenvolvimento/conclusão. Pode ser escrito na primeira ou na terceira pessoa.  Coluna: é um espaço dos jornais e revistas prioritariamente destinado à informação exclusiva, ao bastidor da notícia – comporta a manifestação do colunista sobre aquele fato que está informando ou analisando, muitas vezes com postura crítica em relação aos acontecimentos. Dois exemplos: Gustavo Ioschpe, da revista Veja, e Clóvis Rossi, do jornal Folha de S. Paulo.  Editorial/Carta ao leitor: espaço reservado nos jornais e revistas para manifestar a opinião do veículo, da instituição – opinião que, na verdade, é definida pelos dirigentes (muitas vezes, o próprio dono) da empresa. Diferentemente dos outros formatos, o editorial não tem nenhuma preocupação em informar o leitor, mas em formar opinião. Em vez de fatos, traz argumentos, que se tornam convincentes graças a recursos de retórica. Por emitir a opinião do veículo, o texto pode vir sem a assinatura do autor ou então ser assinado pelo editor, em nome da publicação. Esses são apenas alguns gêneros. É importante saber que a argumentação e a persuasão estão presentes no texto publicitário, nas cartas argumentativas e, principalmente, em textos de caráter teoricamente informativo. REPRODUÇÃO  Campanha da Prefeitura de São Paulo mostra bons motivos para adotar um animal de estimação com responsabilidade  Os gêneros argumentativos têm a finalidade de persuadir e convencer o leitor a respeito de determinado assunto.  As estratégias argumentativas podem ser construídas a partir de exemplos e comparação, citações, menções a dados numéricos, uso de ironia ou, ainda, na apresentação de uma ideia para, em seguida, contradizê-la ou diminuir sua importância.  A falácia é construída quando se dá segmento a um raciocínio errado, fazendo-o aparentar verdadeiro. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conter falácias, mas não deixam de ser falsos.
  • 2. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 155 Articulação de ideias – Coesão e coerência  Articular ideias é estabelecer a relação entre palavras e frases. Devidamente conectadas, elas formam um todo que tem sentido para determinado grupo de pessoas em determinada situação.  Há dois fatores importantes para tornar um texto inteligível: coesão e coerência.  A coesão consiste nas articulações gramaticais existentes entre as palavras, orações, frases, e parágrafos que garantem sua conexão textual. Um dos recursos mais comuns é o uso de conectivos, como as conjunções, por exemplo. Para cada tipo de relação que se pretende estabelecer entre duas orações, existe uma conjunção que se adapta a ela. Algumas conjunções:  aditivas: e, nem, não só... como também  adversativas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto  concessivas: embora, apesar de  explicativas: pois (antes de verbo), porque  conclusivas: portanto, logo, por isso, pois (depois de verbo)  Coerência é o resultado da articulação das ideias de um texto. É a estrutura lógico-semântica que faz com que, numa situação discursiva, palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores. Ela está, portanto, ligada à possibilidade de compreensão daquilo que se ouve ou lê.  Recursos expressivos: as figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais rica e expressiva. Usam- se, para isso, as palavras em seu sentido conotativo, e não com seu significado literal. As principais são: comparação metáfora metonímia ironia Pontos de vista – Recursos persuasivos  Para se preparar para a prova do ENEM, é importante desenvolver a capacidade de ler, compreender e interpretar textos de diferentes gêneros e linguagens, como fotos, charges e poesia.  Identificar diferentes pontos de vista – Não são apenas os artigos opinativos das revistas e dos jornais que apresentam uma postura sobre determinado assunto. Ao resolver questões que mostram pontos de vista diversos, é importante distinguir frases ou períodos que evidenciem (ou representem argumentos que reforcem) a opinião do autor.  Em questões que exigem a análise de textos opinativos, é fundamental responder de acordo com a opinião expressa no texto, e não a partir de sua própria. Não há posicionamento certo ou errado, mas maneiras de expor um ponto de vista.  Existem duas principais estratégias de persuasão. A explícita expõe claramente seu ponto de vista e recorre a argumentos lógicos e racionais, às vezes propositalmente incorretos. A implícita, mais sutil, apela para o emocional. Organização textual – Gêneros narrativos  Tipos de texto – Basicamente, há seis tipos de texto: descrição, narração, injunção, argumentação, exposição e agrupamento tipológico “relatar”. De modo geral, podemos dizer que a descrição se caracteriza por ser um “retrato verbal” de pessoas, objetos, animais, sentimentos, cenas ou ambientes; a narração é um entrelaçamento de fatos contados por um narrador, envolvendo personagens, localizadas no tempo e no espaço; e a argumentação é a expressão de opinião a respeito de um assunto.  Elementos do texto narrativo:  Enredo: sequência de acontecimentos narrados na história.  Foco narrativo (1.ª e 3.ª pessoa): presença de narrador (narrador-personagem, narrador- -observador).  Personagens (protagonista, antagonista e coadjuvante).  Tempo (cronológico e psicológico).  Espaço.  Os gêneros narrativos são inúmeros; os mais conhecidos são: romance, crônica, conto, novela, fábula. Há ainda: piada, mito, novela etc.  Romance: narrativa longa, de enredo normalmente imaginário, mas verossímil. Os personagens são mais elaborados psicologicamente.  Crônica: narrativa curta, inspirada em algum fato cotidiano. Pode fazer uma crítica indireta ou ter toques de humor.  A diferença entre antítese e paradoxo é que a antítese se baseia na comparação por contraste ou justaposição de contrários, enquanto o paradoxo se reconhece como uma relação interna de contrários:  Antítese: Eu sou tímido, você é extrovertido.  Paradoxo: Eu sou um tímido extrovertido.
  • 3. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 156 ********** ATIVIDADES 1 ********** Texto para a questão 1. Por que tantas tragédias? Há um imenso equívoco no modo de ocupação do solo brasileiro. Construímos casas nas várzeas e nas encostas íngremes O Brasil foi premiado pela natureza por rios de imenso volume d’água e, como consequência, algumas das maiores várzeas (áreas originalmente florestadas) do mundo. Isso é a razão de nossa proverbial fertilidade e explica nossa aptidão para produzir comida, a base da nossa atual prosperidade. No entanto, há um imenso equívoco no modo de ocupação do solo brasileiro. Construímos nossas casas nas várzeas – que, num ecossistema equilibrado, absorviam a água que transbordava dos rios – e nas encostas íngremes. Esse erro é cometido mais ou menos do mesmo jeito no país todo, o que explica por que regiões tão diversas como Santa Catarina, Alagoas e Pará tenham problemas semelhantes. Várzea ocupada é aquilo que os noticiários chamam de enchente. Encosta ocupada é mais conhecida como deslizamento. A questão central agora é desocupar essas regiões para que, no ano que vem, quando chover de novo, não haja ninguém mais morando lá. E onde botamos as pessoas que vivem em várzeas e encostas? Para responder a essa pergunta, é importante antes entender por que essas regiões foram ocupadas. A resposta é complexa, mas pode ser simplificada em duas palavras: especulação imobiliária. No Brasil, país de economia historicamente instável, sempre foi ótimo negócio ser dono de terra e ficar lá sentado nela sem fazer nada. O modelo de urbanização do país, que concentrava a economia no centro da cidade e ia se expandindo para fora, garantia a certeza de que um terreno distante ontem viraria centro amanhã e seu valor se multiplicaria. Por conta disso, há na região central das maiores cidades brasileiras uma quantidade imensa de terrenos vazios ou subutilizados, só esperando valorização. Isso faz os preços de imóveis disparar, e os trabalhadores demandados pelas cidades acabam indo se espremer em várzeas e encostas, únicas terras baratas. Isso é um problema para as cidades, porque força os trabalhadores a atravessar dezenas de quilômetros de asfalto para chegar ao trabalho, no centro. E é aí que mora nossa grande oportunidade. O que o Brasil precisa fazer agora é tirar as pessoas das encostas e várzeas e colocá-las nesses pedaços vazios do centro da cidade (a última coisa que queremos é colocar as pessoas ainda mais longe, aumentando ainda mais o trânsito e os custos do transporte público). Isso trará várias vantagens. Permitirá às cidades fazerem grandes parques lineares em volta dos rios, onde hoje há avenidas, com instalações esportivas e ciclovias. Levará trabalhadores para as regiões centrais, diminuindo a pressão no transporte público e no trânsito. Embelezará as cidades, criará oportunidades econômicas, moverá a economia e fará o Brasil rodar. Mas como fazer os especuladores colaborar? O remédio tem três doses: educação, fiscalização e punição. Primeiro ensina-se os proprietários a adaptarem sua situação para que os terrenos vazios parem de prejudicar a cidade e sejam ocupados. Dá-se a eles um prazo para se adaptar – e prazos curtos funcionam muito melhor do que prazos longos. Quem não se adapta paga impostos cada vez mais altos ou é desapropriado. Precisamos começar a fazer isso rápido, assim que as chuvas pararem. Mas o planejamento precisa ser de longuíssimo prazo, coisa de 30 anos, para que as obras de 2011 não sejam apenas a maquiagem de sempre (piscinões, muros, dragas e aumentos de calha), mas o primeiro passo de uma reforma profunda no sistema de ocupação do Brasil. Blog Sustentável é Pouco. Adaptado. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo/ >. 1. (AED-SP) O texto tem uma estrutura dissertativo-argumentativa – há um posicionamento do autor e ele encadeia ideias para sustentar seu ponto de vista. Quais foram os argumentos utilizados? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 2. (ENEM-MEC) O então presidente Lula assinou, em 29 de setembro de 2008, decreto sobre o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. As novas regras afetam principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do trema e do hífen. Longe de um consenso, muita polêmica tem-se levantado em Macau e nos oito países de língua portuguesa: Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Comparando as diferentes opiniões sobre a validade de se estabelecer o acordo para fins de unificação, o argumento que, em grande parte, foge a essa discussão é
  • 4. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 157 (A) “A Academia (Brasileira de Letras) encara essa aprovação como um marco histórico. Inscreve-se, finalmente, a Língua Portuguesa no rol daquelas que conseguiram beneficiar-se há mais tempo da unificação de seu sistema de grafar, numa demonstração de consciência da política do idioma e de maturidade na defesa, difusão e ilustração da língua da Lusofonia.” SANDRONI, C. Presidente da ABL. Disponível em: < http://www.academia.org.br >. (B) “Acordo ortográfico? Não, obrigado. Sou contra. Visceralmente contra. Filosoficamente contra. Linguisticamente contra. Eu gosto do ‘c’ do ‘actor’ e o ‘p’ de ‘cepticismo’. Representam um património, uma pegada etimológica que faz parte de uma identidade cultural. A pluralidade é um valor que deve ser estudado e respeitado. Aceitar essa aberração significa apenas que a irmandade entre Portugal e o Brasil continua a ser a irmandade do atraso.” COUTINHO, J. P. Folha de S. Paulo. Ilustrada. 28 set. 2008, E1 (adaptado). (C) “Há um conjunto de necessidades políticas e econômicas com vista à internacionalização do português como identidade e marca econômica. É possível que o [Fernando] Pessoa, como produto de exportação, valha mais do que a PT [Portugal Telecom]. Tem um valor econômico único.” RIBEIRO, J. A. P. Ministro da Cultura de Portugal. Disponível em: < http://ultimahora.publico.clix.pt >. (D) “É um acto cívico batermo-nos contra o Acordo Ortográfico. O acordo não leva a unidade nenhuma. Não se pode aplicar na ordem interna um instrumento que não está aceito internacionalmente e nem assegura a defesa da língua como património, como prevê a Constituição nos artigos 9.º e 68.º.” MOURA, V. G. Escritor e eurodeputado. Disponível em: < www.mundoportugues.org >. (E) “Se é para ter uma lusofonia, o conceito [unificação da língua] deve ser mais abrangente e temos de estar em paridade. Unidade não significa que temos que andar todos ao mesmo passo. Não é necessário que nos tornemos homogéneos. Até porque o que enriquece a língua portuguesa são as diversas literaturas e formas de utilização.” RODRIGUES, M. H. Presidente do Instituto Português do Oriente, sediado em Macau. Disponível em: < http://taichungpou.blogspot.com > (adaptado). ________________________________________________ *Anotações* 3. (ENEM-MEC) A Herança Cultural da Inquisição A Inquisição gerou uma série de comportamentos humanos defensivos na população da época, especialmente por ter perdurado na Espanha e em Portugal durante quase 300 anos, ou no mínimo quinze gerações. Embora a Inquisição tenha terminado há mais de um século, a pergunta que fiz a vários sociólogos, historiadores e psicólogos era se alguns desses comportamentos culturais não poderiam ter-se perpetuado entre nós. Na maioria, as respostas foram negativas, ou seja, embora alterasse sem dúvida o comportamento da época, nenhum comportamento permanece tanto tempo depois, sem reforço ou estímulo continuado. Não sou psicólogo nem sociólogo para discordar, mas tenho a impressão de que existem alguns comportamentos estranhos na sociedade brasileira, e que fazem sentido se você os considerar resquícios da era da Inquisição. […] KANITZ, S. A Herança Cultural da Inquisição. In: Revista Veja. Ano 38, n.º 5, 2 fev. 2005 (fragmento). Considerando-se o posicionamento do autor do fragmento a respeito de comportamentos humanos, o texto (A) enfatiza a herança da Inquisição em comportamentos culturais observados em Portugal e na Espanha. (B) contesta sociólogos, psicólogos e historiadores sobre a manutenção de comportamentos gerados pela Inquisição. (C) contrapõe argumentos de historiadores e sociólogos a respeito de comportamentos culturais inquisidores. (D) relativiza comportamentos originados na Inquisição e observados na sociedade brasileira. (E) questiona a existência de comportamentos culturais brasileiros marcados pela herança da Inquisição. Textos para as questões 4 e 5. Texto I É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas sem o plástico. Ele está presente em embalagens de alimentos, bebidas e remédios, além de eletrodomésticos, automóveis etc. Esse uso ocorre devido à sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em contato com outras substâncias, o plástico não as contamina; ao contrário, protege o produto embalado. Outras duas grandes vantagens garantem o uso dos plásticos em larga escala: são leves, quase não alteram o peso do material embalado, e são 100% recicláveis, fato que, infelizmente, não é aproveitado, visto que, em todo o mundo, a percentagem de plástico reciclado, quando comparado ao total produzido, ainda é irrelevante. Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n.º 6 (adaptado).
  • 5. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 158 Texto II Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando enchentes. São encontradas até no estômago de tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos por sufocamento. Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os consumidores, mas têm um custo incalculável para o meio ambiente. Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. 4. (ENEM-MEC) Na comparação dos textos, observa-se que (A) o texto I apresenta um alerta a respeito do efeito da reciclagem de materiais plásticos; o texto II justifica o uso desse material reciclado. (B) o texto I tem como objetivo precípuo apresentar a versatilidade e as vantagens do uso do plástico na contemporaneidade; o texto II objetiva alertar os consumidores sobre os problemas ambientais decorrentes de embalagens plásticas não recicladas. (C) o texto I expõe vantagens, sem qualquer ressalva, do uso do plástico; o texto II busca convencer o leitor a evitar o uso de embalagens plásticas. (D) o texto I ilustra o posicionamento de fabricantes de embalagens plásticas, mostrando por que elas devem ser usadas; o texto II ilustra o posicionamento de consumidores comuns, que buscam praticidade e conforto. (E) o texto I apresenta um alerta a respeito da possibilidade de contaminação de produtos orgânicos e industrializados decorrente do uso de plástico em suas embalagens; o texto II apresenta vantagens do consumo de sacolas plásticas: leves, descartáveis e gratuitas. 5. (ENEM-MEC) Em contraste com o texto I, no texto II são empregadas, predominantemente, estratégias argumentativas que (A) atraem o leitor por meio de previsões para o futuro. (B) apelam à emoção do leitor, mencionando a morte de animais. (C) orientam o leitor a respeito dos modos de usar conscientemente as sacolas plásticas. (D) intimidam o leitor com as nocivas consequências do uso indiscriminado de sacolas plásticas. (E) recorrem à informação, por meio de constatações, para convencer o leitor a evitar o uso de sacolas plásticas. ________________________________________________ *Anotações* 6. (ENEM-MEC) Cientistas da Grã-Bretanha anunciaram ter identificado o primeiro gene humano relacionado com o desenvolvimento da linguagem, o FOXP2. A descoberta pode ajudar os pesquisadores a compreender os misteriosos mecanismos do discurso – que é uma característica exclusiva dos seres humanos. O gene pode indicar por que e como as pessoas aprendem a se comunicar e a se expressar e por que algumas crianças têm disfunções nessa área. Segundo o professor Anthony Monaco, do Centro Wellcome Trust de Genética Humana, de Oxford, além de ajudar a diagnosticar desordens de discurso, o estudo do gene vai possibilitar a descoberta de outros genes com imperfeições. Dessa forma, o prosseguimento das investigações pode levar a descobrir também esses genes associados e, assim, abrir uma possibilidade de curar todos os males relacionados à linguagem. Disponível em: < http://www.bbc.co.uk > (adaptado). Para convencer o leitor da veracidade das informações contidas no texto, o autor recorre à estratégia de (A) citar autoridade especialista no assunto em questão. (B) destacar os cientistas da Grã-Bretanha. (C) apresentar citações de diferentes fontes de divulgação científica. (D) detalhar os procedimentos efetuados durante o processo da pesquisa. (E) elencar as possíveis consequências positivas que a descoberta vai trazer. Texto para as questões 7 e 8. Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é: qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos? Ou é o nome da sua rua? O nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês. Para nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil com vocês. TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado). 7. (ENEM-MEC) Na situação de comunicação da qual o texto foi retirado, a norma-padrão da língua portuguesa é empregada com a finalidade de
  • 6. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 159 (A) demonstrar a clareza e a complexidade da nossa língua materna. (B) situar os dois lados da interlocução em posições simétricas. (C) comprovar a importância da correção gramatical nos diálogos cotidianos. (D) mostrar como as línguas indígenas foram incorporadas à língua portuguesa. (E) ressaltar a importância do código linguístico que adotamos como língua nacional. 8. (ENEM-MEC) Os procedimentos argumentativos utilizados no texto permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o emissor foca o seu discurso, pertence (A) ao mesmo grupo social do falante/autor. (B) a um grupo de brasileiros considerados como não índios. (C) a um grupo étnico que representa a maioria europeia que vive no país. (D) a um grupo formado por estrangeiros que falam português. (E) a um grupo sociocultural formado por brasileiros naturalizados e imigrantes. 9. (ENEM-MEC) DIGA NÃO AO NÃO Quem disse que alguma coisa é impossível? Olhe ao redor. O mundo está cheio de coisas que, segundo os pessimistas, nunca teriam acontecido. “Impossível.” “Impraticável.” “Não.” E ainda assim, sim. Sim, Santos Dumont foi o primeiro homem a decolar a bordo de um avião, impulsionado por um motor aeronáutico. Sim, Visconde de Mauá, um dos maiores empreendedores do Brasil, inaugurou a primeira rodovia pavimentada do país. Sim, uma empresa brasileira também inovou no país. Abasteceu o primeiro voo comercial brasileiro. Foi a primeira empresa privada a produzir petróleo na Bacia de Campos. Desenvolveu um óleo combustível mais limpo, o OC Plus. O que é necessário para transformar o não em sim? Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar. E quando o problema parece insolúvel, quando o desafio é muito duro, dizer: vamos lá. Soluções de energia para um mundo real. Jornal da ABI. n.º 336, dez. 2008 (adaptado). O texto publicitário apresenta a oposição entre “impossível”, “impraticável”, “não” e “sim”, “sim”, “sim”. Essa oposição, usada como um recurso argumentativo, tem a função de (A) minimizar a importância da invenção do avião por Santos Dumont. (B) mencionar os feitos de grandes empreendedores da história do Brasil. (C) ressaltar a importância do pessimismo para promover transformações. (D) associar os empreendimentos da empresa petrolífera a feitos históricos. (E) ironizar os empreendimentos rodoviários de Visconde de Mauá no Brasil. 10. (ENEM-MEC) Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas. LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no fragmento apresentado. Observando aspectos da organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que articulam o texto, o conectivo mas (A) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto. (B) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase. (C) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase. (D) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor. (E) assume funções discursivas distintas nos dois contextos de uso. ________________________________________________ *Anotações*
  • 7. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 160 11. (ENEM-MEC) O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio- -campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área. No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima da linha: Flamengo 1 a 0. Disponível em: < http://momentodofutebol.blogspot.com > (adaptado). O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vários conectivos, sendo que (A) após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de cabeça. (B) enquanto tem um significado alternativo, porque conecta duas opções possíveis para serem aplicadas no jogo. (C) no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados no jogo em ordem cronológica de ocorrência. (D) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmente esperado. (E) por causa de indica consequência, porque as tentativas de ataque do Flamengo motivaram o Botafogo a fazer um bloqueio. 12. (ENEM-MEC) No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete: CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação: (A) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase. (B) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha. (C) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência. (D) A violência da Campanha do governo do Estado entra em nova fase. (E) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase. 13. (ENEM-MEC) Aumento do efeito estufa ameaça plantas, diz estudo 3 6 9 O aumento de dióxido de carbono na atmosfera, resultante do uso de combustíveis fósseis e das queimadas, pode ter consequências calamitosas para o clima mundial, mas também pode afetar diretamente o crescimento das plantas. Cientistas da Universidade de Basel, na Suíça, mostraram que, embora o dióxido de carbono seja essencial para o crescimento dos vegetais, quantidades excessivas desse gás prejudicam a saúde das plantas e têm efeitos incalculáveis na agricultura de vários países. O Estado de S. Paulo, 20 set. 1992, p.32. O texto acima possui elementos coesivos que promovem sua manutenção temática. A partir dessa perspectiva, conclui-se que (A) a palavra “mas”, na linha 4, contradiz a afirmação inicial do texto: linhas de 1 a 4. (B) a palavra “embora”, na linha 7, introduz uma explicação que não encontra complemento no restante do texto. (C) as expressões “consequências calamitosas”, na linha 3, e “efeitos incalculáveis”, na linha 10, reforçam a ideia que perpassa o texto sobre o perigo do efeito estufa. (D) o uso da palavra “cientistas”, na linha 5, é desnecessário para dar credibilidade ao texto, uma vez que se fala em “estudo” no título do texto. (E) a palavra “gás”, na linha 9, refere-se a “combustíveis fósseis” e “queimadas”, nas linhas 2 e 3, reforçando a ideia de catástrofe. 14. (ENEM-MEC) O mundo é grande O mundo é grande e cabe Nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe Na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe No breve espaço de beijar. ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983. Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas construções e expressões linguísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de (A) oposição. (B) comparação. (C) conclusão. (D) alternância. (E) finalidade.
  • 8. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 161 15. (FUVEST-SP) Belo Horizonte, 28 de julho de 1942. Meu caro Mário, Estou te escrevendo rapidamente, se bem que haja muitíssima coisa que eu quero te falar (a respeito da Conferência, que acabei de ler agora). Vem-me uma vontade imensa de desabafar com você tudo o que ela me fez sentir. Mas é longo, não tenho o direito de tomar seu tempo e te chatear. Fernando Sabino. No texto, o conectivo “se bem que” estabelece relação de: (A) conformidade. (B) condição. (C) concessão. (D) alternância. (E) consequência. 16. (ENEM-MEC) Texto I Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e rir interminavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível. CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 91. Texto II Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é muito mais! É saber que todos os amigos já morreram e os que teimam em viver são entrevados. É sorrir, interminavelmente, não por necessidade interior, mas porque a boca não fecha ou a dentadura é maior que a arcada. FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 225. Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para definir as fases da vida, entre eles, (A) expressões coloquiais com significados semelhantes. (B) ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres humanos. (C) recursos específicos de textos escritos em linguagem formal. (D) termos denotativos que se realizam com sentido objetivo. (E) metalinguagem que explica com humor o sentido de palavras. Texto para as questões 17 e 18. Cidade grande Que beleza, Montes Claros. Como cresceu Montes Claros. Quanta indústria em Montes Claros. Montes Claros cresceu tanto, ficou urbe tão notória, prima-rica do Rio de Janeiro, que já tem cinco favelas por enquanto, e mais promete. ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983. 17. (ENEM-MEC) Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a (A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem. (B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos. (C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica. (D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo. (E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida. 18. (ENEM-MEC) No trecho “Montes Claros cresceu tanto,/ (...),/ que já tem cinco favelas”, a palavra que contribui para estabelecer uma relação de consequência. Dos seguintes versos, todos de Carlos Drummond de Andrade, apresentam esse mesmo tipo de relação: (A) “Meu Deus, por que me abandonaste / se sabias que eu não era Deus / se sabias que eu era fraco.” (B) “No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu / a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu / chamava para o café.” (C) “Teus ombros suportam o mundo / e ele não pesa mais que a mão de uma criança.” (D) “A ausência é um estar em mim. / E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, / que rio e danço e invento exclamações alegres.” (E) “Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá estão os poemas que esperam ser escritos.” ________________________________________________ *Anotações*
  • 9. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 162 19. (ENEM-MEC) Metáfora (Gilberto Gil) Uma lata existe para conter algo, Mas quando o poeta diz: “Lata” Pode estar querendo dizer o incontível Uma meta existe para ser um alvo, Mas quando o poeta diz: “Meta” Pode estar querendo dizer o inatingível Por isso não se meta a exigir do poeta Que determine o conteúdo em sua lata Na lata do poeta tudonada cabe, Pois ao poeta cabe fazer Com que na lata venha caber O incabível Deixe a meta do poeta não discuta, Deixe a sua meta fora da disputa Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-a simplesmente metáfora. Disponível em: < http://www.letras.terra.com.br >. A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação subjetiva, pela semelhança ou analogia entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é: (A) “Uma lata existe para conter algo”. (B) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata’”. (C) “Uma meta existe para ser um alvo”. (D) “Por isso não se meta a exigir do poeta”. (E) “Que determine o conteúdo em sua lata”. Texto para as questões 20 e 21. A carreira do crime Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz sobre adolescentes recrutados pelo tráfico de drogas nas favelas cariocas expõe as bases sociais dessas quadrilhas, contribuindo para explicar as dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime organizado. O tráfico oferece aos jovens de escolaridade precária (nenhum dos entrevistados havia completado o ensino fundamental) um plano de carreira bem-estruturado, com salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000,00 mensais. Para uma base de comparação, convém notar que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da população brasileira com mais de dez anos que declara ter uma atividade remunerada ganha no máximo o “piso salarial” oferecido pelo crime. Dos traficantes ouvidos pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000,00 mensais; já na população brasileira essa taxa não ultrapassa 6%. Tais rendimentos mostram que as políticas sociais compensatórias, como o Bolsa-Escola (que paga R$ 15,00 mensais por aluno matriculado), são por si sós incapazes de impedir que o narcotráfico continue aliciando crianças provenientes de estratos de baixa renda: tais políticas aliviam um pouco o orçamento familiar e incentivam os pais a manterem os filhos estudando, o que de modo algum impossibilita a opção pela delinquência. No mesmo sentido, os programas voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado (circo-escolas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol) são importantes, mas não resolvem o problema. A única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os que escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos aos adolescentes provam isso: eles são elevados precisamente porque a possibilidade de ser preso não é desprezível. É preciso que o Executivo federal e os estaduais desmontem as organizações paralelas erguidas pelas quadrilhas, para que a certeza de punição elimine o fascínio dos salários do crime. Editorial. Folha de S. Paulo, 15 jan. 2003. 20. (ENEM-MEC) No Editorial, o autor defende a tese de que “as políticas sociais que procuram evitar a entrada dos jovens no tráfico não terão chance de sucesso enquanto a remuneração oferecida pelos traficantes for tão mais compensatória que aquela oferecida pelos programas do governo”. Para comprovar sua tese, o autor apresenta (A) instituições que divulgam o crescimento de jovens no crime organizado. (B) sugestões que ajudam a reduzir a atração exercida pelo crime organizado. (C) políticas sociais que impedem o aliciamento de crianças no crime organizado. (D) pesquisadores que se preocupam com os jovens envolvidos no crime organizado. (E) números que comparam os valores pagos entre os programas de governo e o crime organizado. 21. (ENEM-MEC) Com base nos argumentos do autor, o texto aponta para (A) uma denúncia de quadrilhas que se organizam em torno do narcotráfico. (B) a constatação de que o narcotráfico restringe-se aos centros urbanos. (C) a informação de que as políticas sociais compensatórias eliminarão a atividade criminosa a longo prazo. (D) o convencimento do leitor de que para haver a superação do problema do narcotráfico é preciso aumentar a ação policial. (E) uma exposição numérica realizada com o fim de mostrar que o negócio do narcotráfico é vantajoso e sem riscos.
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(ENEM-MEC) Texto I O professor deve ser um guia seguro, muito senhor de sua língua; se outra for a orientação, vamos cair na “língua brasileira”, refúgio nefasto e confissão nojenta de ignorância do idioma pátrio, recurso vergonhoso de homens de cultura falsa e de falso patriotismo. Como havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade se somos os primeiros a descuidar daquilo que exprime e representa o idioma pátrio? ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa. Prefácio. São Paulo: Saraiva, 1999 (adaptado). Texto II Alguns leitores poderão achar que a linguagem desta Gramática se afasta do padrão estrito usual neste tipo de livro. Assim, o autor escreve “tenho que reformular”, e não “tenho de reformular”; “pode-se colocar dois constituintes”, e não “podem-se colocar dois constituintes”; e assim por diante. Isso foi feito de caso pensado, com a preocupação de aproximar a linguagem da gramática do padrão atual brasileiro presente nos textos técnicos e jornalísticos de nossa época. REIS, N. Nota do editor. PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. São Paulo: Ática, 1996. Confrontando-se as opiniões defendidas nos dois textos, conclui-se que (A) ambos os textos tratam da questão do uso da língua com o objetivo de criticar a linguagem do brasileiro. (B) os dois textos defendem a ideia de que o estudo da gramática deve ter o objetivo de ensinar as regras prescritivas da língua. (C) a questão do português falado no Brasil é abordada nos dois textos, que procuram justificar como é correto e aceitável o uso coloquial do idioma. (D) o primeiro texto enaltece o padrão estrito da língua, ao passo que o segundo defende que a linguagem jornalística deve criar suas próprias regras gramaticais. (E) o primeiro texto prega a rigidez gramatical no uso da língua, enquanto o segundo defende uma adequação da língua escrita ao padrão atual brasileiro. ________________________________________________ *Anotações* 23. (ENEM-MEC) Apesar da ciência, ainda é possível acreditar no sopro divino – o momento em que o Criador deu vida até ao mais insignificante dos microrganismos? Resposta de Dom Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo, nomeado pelo papa Bento XVI em 2007: “Claro que sim. Estaremos falando sempre que, em algum momento, começou a existir algo, para poder evoluir em seguida. O ato do Criador precede a possibilidade de evolução: só evolui algo que existe. Do nada, nada surge e evolui.” LIMA, Eduardo. Testemunha de Deus. Superinteressante, São Paulo, n.º 263-A, p. 9, mar. 2009 (com adaptações). Resposta de Daniel Dennett, filósofo americano ateu e evolucionista radical, formado em Harvard e Doutor por Oxford: “É claro que é possível, assim como se pode acreditar que um super-homem veio para a Terra há 530 milhões de anos e ajustou o DNA da fauna cambriana, provocando a explosão da vida daquele período. Mas não há razão para crer em fantasias desse tipo.” LIMA, Eduardo. Advogado do Diabo. Superinteressante, São Paulo, n.º 263-A, p. 11, mar. 2009 (com adaptações). Os dois entrevistados responderam a questões idênticas, e as respostas a uma delas foram reproduzidas aqui. Tais respostas revelam opiniões opostas: um defende a existência de Deus e o outro não concorda com isso. Para defender seu ponto de vista, (A) o religioso ataca a ciência, desqualificando a Teoria da Evolução, e o ateu apresenta comprovações científicas dessa teoria para derrubar a ideia de que Deus existe. (B) Scherer impõe sua opinião, pela expressão “claro que sim”, por se considerar autoridade competente para definir o assunto, enquanto Dennett expressa dúvida, com expressões como “é possível”, assumindo não ter opinião formada. (C) o arcebispo critica a teoria do Design Inteligente, pondo em dúvida a existência de Deus, e o ateu argumenta com base no fato de que algo só pode evoluir se, antes, existir. (D) o arcebispo usa uma lacuna da ciência para defender a existência de Deus, enquanto o filósofo faz uma ironia, sugerindo que qualquer coisa inventada poderia preencher essa lacuna. (E) o filósofo utiliza dados históricos em sua argumentação, ao afirmar que a crença em Deus é algo primitivo, criado na época cambriana, enquanto o religioso baseia sua argumentação no fato de que algumas coisas podem “surgir do nada”.
  • 11. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 164 24. (ENEM-MEC) Texto I O chamado “fumante passivo” é aquele indivíduo que não fuma, mas acaba respirando a fumaça dos cigarros fumados ao seu redor. Até hoje, discutem-se muito os efeitos do fumo passivo, mas uma coisa é certa: quem não fuma não é obrigado a respirar a fumaça dos outros. O fumo passivo é um problema de saúde pública em todos os países do mundo. Na Europa, estima-se que 79% das pessoas estão expostas à fumaça “de segunda mão”, enquanto, nos Estados Unidos, 88% dos não fumantes acabam fumando passivamente. A Sociedade do Câncer da Nova Zelândia informa que o fumo passivo é a terceira entre as principais causas de morte no país, depois do fumo ativo e do uso de álcool. Disponível em: < www.terra.com.br > (fragmento). Texto II Disponível em: < www.rickjaimecomics.blogspot.com >. Ao abordar a questão do tabagismo, os textos I e II procuram demonstrar que (A) a quantidade de cigarros consumidos por pessoa, diariamente, excede o máximo de nicotina recomendado para os indivíduos, inclusive para os não fumantes. (B) para garantir o prazer que o indivíduo tem ao fumar, será necessário aumentar as estatísticas de fumo passivo. (C) a conscientização dos fumantes passivos é uma maneira de manter a privacidade de cada indivíduo e garantir a saúde de todos. (D) os não fumantes precisam ser respeitados e poupados, pois estes também estão sujeitos às doenças causadas pelo tabagismo. (E) o fumante passivo não é obrigado a inalar as mesmas toxinas que um fumante, portanto depende dele evitar ou não a contaminação proveniente da exposição ao fumo. 25. (ENEM-MEC) MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12 X SEM JUROS. Campanha publicitária de loja de eletroeletrônicos. Revista Época, n.º 424, 3/7/2006. Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo configurações específicas, formais e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula o texto publicitário, seu objetivo básico é (A) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos que visam à adesão ao consumo. (B) definir regras de comportamento social pautadas no combate ao consumismo exagerado. (C) defender a importância do conhecimento de informática pela população de baixo poder aquisitivo. (D) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas classes sociais economicamente desfavorecidas. (E) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a máquina, mesmo a mais moderna. 26. (ENEM-MEC) Se os tubarões fossem homens Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os peixes pequenos? Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam construir resistentes gaiolas no mar para os peixes pequenos, com todo o tipo de alimento, tanto animal como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adotariam todas as providências sanitárias. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia para localizar os grandes tubarões deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. A eles seria ensinado que o ato mais grandioso e mais sublime é o sacrifício alegre de um peixinho e que todos deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando estes dissessem que cuidavam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos seria condecorado com uma pequena Ordem das Algas e receberia o título de herói. BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner. São Paulo: Editora 34, 2006 (adaptado).
  • 12. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 165 Como produção humana, a literatura veicula valores que nem sempre estão representados diretamente no texto, mas são transfigurados pela linguagem literária e podem até entrar em contradição com as convenções sociais e revelar o quanto a sociedade perverteu os valores humanos que ela própria criou. É o que ocorre na narrativa do dramaturgo alemão Bertolt Brecht mostrada. Por meio da hipótese apresentada, o autor (A) demonstra o quanto a literatura pode ser alienadora ao retratar, de modo positivo, as relações de opressão existentes na sociedade. (B) revela a ação predatória do homem no mar, questionando a utilização dos recursos naturais pelo homem ocidental. (C) defende que a força colonizadora e civilizatória do homem ocidental valorizou a organização das sociedades africanas e asiáticas, elevando-as ao modo de organização cultural e social da sociedade moderna. (D) questiona o modo de organização das sociedades ocidentais capitalistas, que se desenvolveram fundamentadas nas relações de opressão em que os mais fortes exploram os mais fracos. (E) evidencia a dinâmica social do trabalho coletivo em que os mais fortes colaboram com os mais fracos, de modo a guiá-los na realização de tarefas. Texto para as questões 27 e 28. Negrinha Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo. Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. [...] A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual. LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento). 27. (ENEM-MEC) A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no contexto, pela (A) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas. (B) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas. (C) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças. (D) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto. (E) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos. 28. (AED-SP) O fragmento apresenta característica marcante do gênero narrativo conto ao: (A) relatar um enredo imaginário, mas de caráter verossímil, e apresentar personagens vivendo uma sequência de conflitos, em vários capítulos. (B) estruturar-se em uma narrativa curta, que gira em torno de um só conflito, com poucos personagens. (C) inspirar-se em temas do cotidiano, constituindo um relato pessoal do autor sobre determinado fato do dia a dia. (D) estruturar-se exclusivamente em 1.ª pessoa: o narrador, autor da história, relata os fatos. (E) desenvolver uma narrativa eminentemente factual sobre a realidade, sobrepondo o conteúdo real ao imaginário. 29. (ENEM-MEC) Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca, orelha de porco e couve com angu, arroz-mole engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um prato fundo de canjica com torrões de açúcar, Nhô Tomé saboreou o café forte e se estendeu na rede. A mão direita sob a cabeça, à guisa de travesseiro, o indefectível cigarro de palha entre as pontas do indicador e do polegar, envernizados pela fumaça, de unhas encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar, modorrento, a olhar para as ripas do telhado. Quem come e não deita, a comida não aproveita, pensava Nhô Tomé... E pôs-se a cochilar. A sua modorra durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou assombrada: — Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta... Dá pisadêra e póde morrê de ataque de cabeça! Despois do armoço num far-má... mais despois da janta?! Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.
  • 13. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 166 Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente em 1921, o narrador (A) apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes da época, descrevendo os pratos servidos no jantar e a atitude de Nhô Tomé e de Tia Policena. (B) desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora à narrativa usos próprios da linguagem regional das personagens. (C) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia Policena, que tenta impedir Nhô Tomé de deitar-se após as refeições. (D) utiliza a diversidade sociocultural e linguística para demonstrar seu desrespeito às populações das zonas rurais do início do século XX. (E) manifesta preconceito em relação a Tia Policena ao transcrever a fala dela com os erros próprios da região. Texto para as questões 30 e 31. Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem-querer; é solitário andar por entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é cuidar que se ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? (Luís de Camões) 30. (ENEM-MEC) O poema tem como característica a figura de linguagem denominada antítese, relação de oposição de palavras ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz claramente presente. (A) “Amor é fogo que arde sem se ver”. (B) “é um contentamento descontente”. (C) “é servir a quem vence, o vencedor”. (D) “Mas como causar pode seu favor”. (E) “se tão contrário a si é o mesmo Amor?”. 31. (ENEM-MEC) O poema pode ser considerado como um texto (A) argumentativo. (B) narrativo. (C) épico. (D) de propaganda. (E) teatral. 32. (ENEM-MEC) Miguilim De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor de fora, o claro de roupa. Miguilim saudou, pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era de óculos, corado, alto, com um chapéu diferente, mesmo. — Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome? — Miguilim. Eu sou irmão do Dito. — E o seu irmão Dito é o dono daqui? — Não, meu senhor. O Ditinho está em glória. O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era zelado, manteúdo, formoso como nenhum outro. Redizia: — Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda... Mas que é que há, Miguilim? Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, por isso é que o encarava. — Por que você aperta os olhos assim? Você não é limpo de vista? Vamos até lá. Quem é que está em tua casa? — É Mãe, e os meninos... Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro se apeou. O outro, que vinha com ele, era um camarada. O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: — Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está enxergando? E agora? João Guimarães Rosa. Manuelzão e Miguilim. 9.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. Essa história, com narrador-observador em terceira pessoa, apresenta os acontecimentos da perspectiva de Miguilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter Miguilim como referência, inclusive espacial, fica explicitado em (A) “O homem trouxe o cavalo cá bem junto.” (B) “Ele era de óculos, corado, alto (...)” (C) “O homem esbarrava o avanço do cavalo, (...)” (D) “Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, (...)” (E) “Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos.” ________________________________________________ *Anotações*
  • 14. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 167 33. (ENEM-MEC) Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua relação com as pequenas e grandes cidades. Bicho urbano Se disser que prefiro morar em Pirapemas ou em outra qualquer pequena cidade do país estou mentindo ainda que lá se possa de manhã lavar o rosto no orvalho e o pão preserve aquele branco sabor de alvorada. ..................................................................... A natureza me assusta. Com seus matos sombrios suas águas suas aves que são como aparições me assusta quase tanto quanto esse abismo de gases e de estrelas aberto sob minha cabeça. Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1991. Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso. (A) “e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.” (B) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho” (C) “A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas” (D) “suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto” (E) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas” ________________________________________________ *Anotações* 34. (ENEM-MEC) O açúcar O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim. Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, [ dono da mercearia. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina. Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale. (...) Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8. A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e (A) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar. (B) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca. (C) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar. (D) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale. (E) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.
  • 15. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 168 35. (ENEM-MEC) O jivaro Um Sr. Matter, que fez uma viagem de exploração à América do Sul, conta a um jornal sua conversa com um índio jivaro, desses que sabem reduzir a cabeça de um morto até ela ficar bem pequenina. Queria assistir a uma dessas operações, e o índio lhe disse que exatamente ele tinha contas a acertar com um inimigo. O Sr. Matter: — Não, não! Um homem, não. Faça isso com a cabeça de um macaco. E o índio: — Por que um macaco? Ele não me fez nenhum mal! (Rubem Braga) O assunto de uma crônica pode ser uma experiência pessoal do cronista, uma informação obtida por ele ou um caso imaginário. O modo de apresentar o assunto também varia: pode ser uma descrição objetiva, uma exposição argumentativa ou uma narrativa sugestiva. Quanto à finalidade pretendida, pode-se promover uma reflexão, definir um sentimento ou tão somente provocar o riso. Na crônica “O jivaro”, escrita a partir da reportagem de um jornal, Rubem Braga se vale dos seguintes elementos: ASSUNTO MODO DE APRESENTAR FINALIDADE (A) caso imaginário descrição objetiva provocar o riso (B) informação colhida narrativa sugestiva promover reflexão (C) informação colhida descrição objetiva definir um sentimento (D) experiência pessoal narrativa sugestiva provocar o riso (E) experiência pessoal exposição argumentativa promover reflexão ________________________________________________ *Anotações* ********** ATIVIDADES 2 ********** C1 Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida. H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação. 36. (ENEM-MEC) Observe a imagem: < http://www.sunhill-phuket.com >. O logotipo acima é da rede hoteleira Sun Hill, na Tailândia. Ele trabalha formas que sugerem elementos da paisagem ____________. Os traços dessas formas e os das letras são ____________, evocando a imagem do(a) ____________. Qual a alternativa que completa as lacunas? (A) campestre, arredondados, lua. (B) marítima, irregulares, mar. (C) campestre, irregulares, vegetação. (D) marítima, arredondados, sol. (E) urbana, irregulares, vegetação. H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais. 37. (ENEM-MEC) José Dias precisa sair de sua casa e chegar até o trabalho, conforme mostra o Quadro 1. Ele vai de ônibus e pega três linhas: 1) de sua casa até o terminal de integração entre a zona norte e a zona central; 2) deste terminal até outro entre as zonas central e sul; 3) deste último terminal até onde trabalha. Sabe-se que há uma correspondência numérica, nominal e cromática das linhas que José toma, conforme o Quadro 2.
  • 16. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 169 José Dias deverá, então, tomar a seguinte sequência de linhas de ônibus, para ir de casa ao trabalho: (A) L. 102 – Circular zona central – L. Vermelha. (B) L. Azul – L. 101 – Circular zona norte. (C) Circular zona norte – L. Vermelha – L. 100. (D) L. 100 – Circular zona central – L. Azul. (E) L. Amarela – L. 102 – Circular zona sul. H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas. 38. (ENEM-MEC) Para verificarmos essa ideia de linguagem como forma de representação da realidade, vamos ler os dois trechos seguintes. Neles, dois jornais diferentes apresentam um mesmo assunto: a presença de comerciais inseridos em programas de televisão (o chamado merchandising), de forma mais ou menos implícita. Texto A – JORNAL A MERCHANDISING Quanto mais discreto melhor Impulsionado pelos reality shows e novelas, o comercial subliminar ganha novo fôlego e se adapta ao temperamento de apresentadores e roteiristas. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 7 jul. 2002. Caderno Telejornal, p. 4. Texto B – JORNAL B Quanto vale o show? A publicidade invadiu programas e novelas, para alegria das emissoras e apreensão dos que acham que a prática extrapolou. Folha de S. Paulo, São Paulo, 7 jul. 2002. Caderno TVFolha, p. 6-7. Fornecido pela Agência Folha. Tendo em vista que as duas reportagens tratam de um mesmo assunto e foram publicadas na mesma data, pode-se afirmar que: (A) apenas o texto A levanta os aspectos negativos do merchandising, a partir da opinião de roteiristas e apresentadores. (B) os dois textos transmitem diferentes visões sobre o assunto: em A foram levantados os aspectos positivos (marcados pelos termos “melhor”, “ganha” e “se adapta”); em B, os negativos (marcados pelos termos “invadiu”, “apreensão” e “extrapolou”). (C) apenas o texto B levanta os aspectos positivos do merchandising, a partir da opinião de jornalistas. (D) os dois textos transmitem a mesma visão sobre o assunto: em ambos, verifica-se 20% de aumento no merchandising em programas de TV. (E) os dois textos usam a mesma estratégia para noticiar o merchandising e ambas as notícias são favoráveis a ela. H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação. 39. (ENEM-MEC) Em alguns supermercados, é comum observar que produtos como arroz, feijão, leite, carnes etc. ficam nos últimos corredores. Na entrada e nas laterais, ficam bolachas, biscoitos, produtos de beleza, artigos importados, bebidas etc. Essa maneira de organizar o espaço faz parte de uma estratégia comercial que tem por finalidade (A) atrair o consumidor para os gêneros de primeira necessidade. (B) estimular o consumo de produtos que não são de primeira necessidade. (C) organizar melhor o espaço para que o consumidor se sinta satisfeito. (D) facilitar as compras do consumidor. (E) levar o consumidor a comprar mais arroz, feijão e leite. 40. (ENEM-MEC) Comunicação contra o preconceito Imagine assistir, na TV, a uma história infantil em que o príncipe se apaixona por uma dama do “Palácio dos Macacos”. Ela é representada por uma atriz branca com o rosto inteiramente pintado de preto. Ao ser beijada pelo príncipe, selando a união sob as benções do rei, ela se transforma: some a tinta preta e ela agora é uma princesa toda branca. O estarrecedor preconceito manifesto na história não foi veiculado em programa humorístico (o que não o tornaria menos condenável), nem em uma produção estrangeira pobre e inconsequente, nem em produção independente brasileira. Foi levado ao ar na maior rede de televisão da América Latina, umas das maiores do mundo, em um dos programas infantis de maior audiência do Brasil. LORENZO, Aldé. Opinião. Jornal Educação Pública, 19/11/2003. Os termos de concessão de emissoras no Brasil preveem compromissos com a educação, a informação e o entretenimento. A leitura do texto anterior permite afirmar que a emissora (A) educou para a igualdade entre as etnias. (B) informou sobre a cultura afro-brasileira. (C) incorreu em manifestação de preconceito. (D) esclareceu sobre a diversidade étnica. (E) contou uma história isenta de preconceito. ________________________________________________ *Anotações*
  • 17. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 170 *MÓDULO 2* Gêneros digitais – Comunicação e tecnologia  A internet reúne duas características importantes: interatividade e massividade. Nesse meio de comunicação, diferentemente da televisão, do rádio ou dos jornais, todos podem ser, ao mesmo tempo, emissores e receptores da mensagem. Conectados com o mundo por meio dos nossos computadores e celulares, vivenciamos um processo que o sociólogo canadense Marshall McLuhan havia previsto e chamado de “aldeia global”.  As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs), que incluem equipamentos como câmeras de vídeo em microcomputadores (webcam), celulares, TV por assinatura e internet, estão entre as principais ferramentas de troca de informação. Pouco a pouco, elas fazem parte do cotidiano de um número cada vez maior de pessoas e afirmam-se como instrumentos indispensáveis às comunicações pessoais, de trabalho e de lazer.  Exclusão digital: grande parte da população brasileira e mundial ainda não tem acesso às NTICs, permanecendo à margem do processo de informatização da sociedade. Esse fenômeno é chamado de exclusão digital – um descompasso entre o ritmo de desenvolvimento tecnológico e a distribuição de seus benefícios entre todos os setores da sociedade.  Hipertexto é todo texto que possibilita uma leitura não linear e uma maior interatividade e atuação explorativa do leitor. O hipertexto permite que o leitor desvie o fluxo da leitura para assuntos relacionados, aprofundando sua compreensão do texto inicial. Não raro, porém, o leitor opta por outros caminhos na leitura e não retorna ao texto inicial. Expressões corporais – Identidade e integração  A dança pode ser definida como uma sequência de movimentos com o próprio corpo que segue uma coreografia ou é realizada de forma livre, em harmonia com um ritmo ou mesmo sem música. No decorrer dos séculos, a dança firmou-se como uma das três principais artes cênicas, ao lado da música e do teatro – elementos que muitas vezes andam juntos.  Folclore é o conjunto das tradições, lendas ou crenças populares de um país. O folclore brasileiro é rico em danças que representam as tradições e as culturas regionais. Em geral, elas estão ligadas à religiosidade, às festas, às lendas, aos acontecimentos históricos e às brincadeiras.  As principais danças folclóricas brasileiras são: samba, samba de roda, maracatu, frevo, forró, baião, cateretê (catira), quadrilha, congo, tambor de crioula, bumba meu boi, bugio e fandango. WIKIMEDIA COMMONS  O frevo, típico de Pernambuco, caracteriza-se pelos movimentos rápidos  Brincadeiras e jogos são instrumentos de interação social, pois desenvolvem tanto habilidades perceptivo-motoras quanto habilidades sociais. A criança, por exemplo, vivencia, na brincadeira, situações de competição e de exclusão, preparando- -se de forma saudável para vivências futuras. Exemplos de brincadeiras tradicionais: jogar peteca, pular amarelinha, empinar pipa e dançar ciranda acompanhada de cantigas de roda,  Grande parte da população economicamente ativa trabalha por um longo período de tempo em frente aos computadores (muitas vezes, sem postura nem iluminação adequadas) ou passa longos períodos sentada ou em pé. Alguns problemas comuns decorrentes do estilo de vida moderno: sedentarismo, doenças decorrentes do esforço repetitivo, alimentação desbalanceada e estresse.  Corpolatria é o culto exagerado do corpo, no sentido do aperfeiçoamento estético, e não da preservação da saúde. A mídia e a sociedade tendem a valorizar determinados padrões de beleza, que excluem grande parte da população. Artes – Recursos expressivos  As manifestações artísticas são documentos importantes para conhecer as grandes civilizações do passado. As pirâmides do Egito, por exemplo, foram construídas para servir de túmulo aos faraós. Já a arte da Antiguidade Clássica (séculos VIII a.C. a V a.C.) se refere às civilizações grega e romana.  O Renascimento (século XIII ao XVII) retomou princípios da Antiguidade Clássica. Já o Barroco (século XVII ao XVIII) foi marcado pela maior dramaticidade em relação ao Renascimento e pela demanda do espiritual, com grandes expressões na arquitetura.  Arte Moderna é a denominação genérica que recebem os movimentos artísticos que se desenvolveram do fim do século XIX e no decorrer do XX. Essa denominação abarca:
  • 18. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 171  Impressionismo: a pintura visa a captar as mudanças da natureza. Representado por Claude Monet e Auguste Renoir.  Fauvismo: simplificação das formas, cores brutais e pinceladas violentas, como se vê na obra de Paul Gauguin.  Cubismo: geometrização das formas e a sensação de uma pintura escultórica, caso de Pablo Picasso.  Expressionismo: com suas cores violentas e a sua temática de solidão e de miséria, reflete a amargura que invadia os círculos artísticos e intelectuais. Entre seus nomes está o norueguês Edvard Munch.  Surrealismo: representado pelo pintor espanhol Salvador Dalí, enfatiza a importância do papel do inconsciente na atividade criativa.  Dadaísmo: baseado no nonsense e no absurdo, como forma de contradizer a cultura estabelecida.  Arte cinética: explora efeitos visuais por meio de movimentos físicos ou ilusão de ótica.  Pop Art: consiste no uso de ícones da cultura de massa como tema. Seu maior expoente foi Andy Warhol.  A Semana de Arte Moderna de 1922 propunha uma arte brasileira independente, livre das amarras e dos complexos de inferioridade que a vinculavam aos padrões estrangeiros. Entre seus organizadores estavam os escritores Mário e Oswald de Andrade e a pintora Anita Malfatti. Culturas brasileiras – Diversidade  Os movimentos culturais são diferentes dos gêneros musicais porque abrangem outras propostas, de ideologia e de comportamento. Entre os principais movimentos culturais da história recente do Brasil estão a Bossa Nova e o Tropicalismo.  Entre os mais conhecidos gêneros musicais praticados no Brasil estão choro (ou chorinho), baião, marchinha, samba, rock, jazz, rap e MPB – a sigla para Música Popular Brasileira abrange grande diversidade de estilos musicais, derivados de várias matrizes.  Heranças culturais: nossa cultura possui tradições herdadas dos portugueses, africanos, indígenas e imigrantes do período de guerras na Europa. Por isso, é mais adequado falar em “culturas brasileiras”, no plural. Textos codificados – Sistemas simbólicos  Signos visuais são meios de comunicação visual, que se subdividem em três categorias, de acordo com a relação com o objeto representado:  Ícones: representam um modelo imitativo de um objeto, de uma forma, de um espaço ou de uma situação. Exemplos: ícones de programas na tela do computador, fotografias, mapas, objetos de arte.  Indícios: têm origem em formas ou situações naturais ou casuais. Exemplo: marcas dos pneus de um carro indicam uma freada brusca.  Símbolos: representam o objeto de maneira totalmente livre. Sua compreensão exige certo conhecimento de mundo. Exemplo: suástica, bandeira.  Os sistemas simbólicos surgiram diante da demanda de situações específicas de interlocução. Alguns sistemas universalmente usados são: a linguagem de sinais ou libras, o braile, a sinalização por bandeiras e as partituras. ********** ATIVIDADES 1 ********** Texto para a questão 1. A rede mudou a amizade? Graças às redes sociais, nunca foi tão fácil conhecer gente nova; algo que está transformando a própria definição de amizade Qual é a primeira coisa que você faz quando entra na internet? Checa seu e-mail, dá uma olhadinha no Twitter, confere as atualizações dos seus contatos no Orkut ou no Facebook? Há diversos estudos comprovando que interagir com outras pessoas, principalmente com amigos, é o que mais fazemos na internet. Só o Facebook já tem mais de 500 milhões de usuários, que juntos passam 700 bilhões de minutos por mês conectados ao site – que chegou a superar o Google em número de acessos diários. A internet é a ferramenta mais poderosa já inventada no que diz respeito à amizade. E está transformando nossas relações: tornou muito mais fácil manter contato com os amigos e conhecer gente nova. Mas será que as amizades on-line não fazem com que as pessoas acabem se isolando e tenham menos amigos off-line, “de verdade”? Essa tese, geralmente citada nos debates sobre o assunto, foi criada em 1995 pelo sociólogo norte-americano Robert Putnam. E provavelmente está errada. Uma pesquisa feita pela Universidade de Toronto constatou que a internet faz você ter mais amigos – dentro e fora da rede. Durante a década passada, período de surgimento e ascensão dos sites de rede social, o número médio de amizades das pessoas cresceu. E os chamados heavy users, que passam mais tempo na internet, foram os que ganharam mais amigos no mundo real – 38% mais. Já quem não usava a internet ampliou suas amizades em apenas 4,6%. Então, as pessoas começam a se adicionar no Facebook e no final todo mundo vira amigo? Não é bem assim. A internet raramente cria amizades do zero – na maior parte dos casos, ela funciona como potencializadora de relações que já haviam se insinuado na vida real. Um estudo feito pela Universidade de Michigan constatou que o segundo maior uso do Facebook, depois de interagir com amigos, é olhar os
  • 19. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 172 perfis de pessoas que acabamos de conhecer. Se você gostar do perfil, adiciona aquela pessoa, e está formado um vínculo. As redes sociais têm o poder de transformar os chamados elos latentes (pessoas que frequentam o mesmo ambiente social que você, mas não são suas amigas) em elos fracos – uma forma superficial de amizade. Pois é. Por mais que existam exceções a qualquer regra, todos os estudos apontam que amizades geradas com a ajuda da internet são mais fracas, sim, do que aquelas que nascem e crescem fora dela. Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito geralmente são parecidos com você: pertencem ao mesmo mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos fracos não. Eles transitam por grupos diferentes do seu, e por isso podem lhe apresentar coisas e pessoas novas e ampliar seus horizontes – gerando uma renovação de ideias que faz bem a todos os relacionamentos, inclusive às amizades antigas. Os sites sociais como Orkut e Facebook tornam mais fácil fazer, manter e gerenciar amigos. Mas também influem no desenvolvimento das relações – pois as possibilidades de interagir com outras pessoas são limitadas pelas ferramentas que os sites oferecem. “Você entra nas redes sociais e faz o que elas querem que você faça: escrever uma mensagem, mandar um link, cutucar”, diz o físico e especialista em redes Augusto de Franco, que já escreveu mais de 20 livros sobre o tema. O problema, por assim dizer, é que a maioria das redes na internet é simétrica: se você quiser ter acesso às informações de uma pessoa ou mesmo falar reservadamente com ela, é obrigado a pedir a amizade dela, que tem de aceitar. Como é meio grosseiro dizer “não” a alguém que você conhece, mesmo que só de vista, todo mundo acabava adicionando todo mundo. E isso vai levando à banalização do conceito de amizade. “As pessoas a quem você está conectado não são necessariamente suas amigas de verdade”, diz o sociólogo Nicholas Christakis, da Universidade Harvard. Superinteressante, São Paulo, fev. 2011. 1. (AED-SP) De acordo com o texto, a afirmação de que “a internet aumenta o número de amizades” é válida? Explique. ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 2. (ENEM-MEC) Cada vez mais, as pessoas trabalham e administram serviços de suas casas, como mostra a pesquisa realizada em 1993 pela Fundação Europeia para a Melhoria da Qualidade de Vida e Ambiente de Trabalho. Por conseguinte, a “centralidade da casa” é uma tendência importante da nova sociedade. Porém, não significa o fim da cidade, pois locais de trabalho, escolas, complexos médicos, postos de atendimento ao consumidor, áreas recreativas, ruas comerciais, shopping centers, estádios de esportes e parques ainda existem e continuarão existindo. E as pessoas deslocar-se-ão entre todos esses lugares com mobilidade crescente, exatamente devido à flexibilidade recém-conquistada pelos sistemas de trabalho e integração social em redes: como o tempo fica mais flexível, os lugares tornam-se mais singulares à medida que as pessoas circulam entre elas em um padrão cada vez mais móvel. CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. V. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2002. As tecnologias de informação e comunicação têm a capacidade de modificar, inclusive, a forma de as pessoas trabalharem. De acordo com o proposto pelo autor, (A) a “centralidade da casa” tende a concentrar as pessoas em suas casas e, consequentemente, reduzir a circulação das pessoas nas áreas comuns da cidade, como ruas comerciais e shopping centers. (B) as pessoas irão se deslocar por diversos lugares, com mobilidade crescente, propiciada pela flexibilidade recém-conquistada pelos sistemas de trabalho e pela integração social em redes. (C) cada vez mais as pessoas trabalham e administram serviços de suas casas, tendência que deve diminuir com o passar dos anos. (D) o deslocamento das pessoas entre diversos lugares é um dos fatores causadores do estresse nos grandes centros urbanos. (E) o fim da cidade será uma das consequências inevitáveis da mobilidade crescente. 3. (ENEM-MEC) O “Portal Domínio Público”, lançado em novembro de 2004, propõe o compartilhamento de conhecimentos de forma equânime e gratuita, colocando à disposição de todos os usuários da internet, uma biblioteca virtual que deverá constituir referência para professores, alunos, pesquisadores e para a população em geral. Esse portal constitui um ambiente virtual que permite a coleta, a integração, a preservação e o compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de promover o amplo acesso às obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente autorizada. BRASIL. Ministério da Educação. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br > (adaptado).
  • 20. LCT  Português  _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCT  Português 173 Considerando a função social das informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, o ambiente virtual descrito no texto exemplifica (A) a dependência das escolas públicas quanto ao uso de sistemas de informação. (B) a ampliação do grau de interação entre as pessoas, a partir de tecnologia convencional. (C) a democratização da informação, por meio da disponibilização de conteúdo cultural e científico à sociedade. (D) a comercialização do acesso a diversas produções culturais nacionais e estrangeiras via tecnologia da informação e da comunicação. (E) a produção de repertório cultural direcionado a acadêmicos e educadores. 4. (ENEM-MEC) É muito raro que um novo modo de comunicação ou de expressão suplante completamente os anteriores. Fala-se menos desde que a escrita foi inventada? Claro que não. Contudo, a função da palavra viva mudou, uma parte de suas missões nas culturas puramente orais tendo sido preenchida pela escrita: transmissão dos conhecimentos e das narrativas, estabelecimento de contratos, realização dos principais atos rituais ou sociais etc. Novos estilos de conhecimento (o conhecimento “teórico”, por exemplo) e novos gêneros (o código de leis, o romance etc.) surgiram. A escrita não fez com que a palavra desaparecesse, ela complexificou e reorganizou o sistema da comunicação e da memória social. A fotografia substituiu a pintura? Não, ainda há pintores ativos. As pessoas continuam, mais do que nunca, a visitar museus, exposições e galerias, compram as obras dos artistas para pendurá-las em casa. Em contrapartida, é verdade que os pintores, os desenhistas, os gravadores, os escultores não são mais – como foram até o século XIX – os únicos produtores de imagens. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999 (fragmento). A substituição pura e simples do antigo pelo novo ou do natural pelo técnico tem sido motivo de preocupação de muita gente. O texto encaminha uma discussão em torno desse temor ao (A) considerar as relações entre o conhecimento teórico e o conhecimento empírico e acrescenta que novos gêneros textuais surgiram com o progresso. (B) observar que a língua escrita não é uma transcrição fiel da língua oral e explica que as palavras antigas devem ser utilizadas para preservar a tradição. (C) perguntar sobre a razão de as pessoas visitarem museus, exposições etc., e reafirma que os fotógrafos são os únicos responsáveis pela produção de obras de arte. (D) reconhecer que as pessoas temem que o avanço dos meios de comunicação, inclusive on-line, substitua o homem e leve alguns profissionais ao esquecimento. (E) revelar o receio das pessoas em experimentar novos meios de comunicação, com medo de se sentirem retrógradas. 5. (ENEM-MEC) Texto I Época, 12 out. 2009 (adaptado). Texto II CONEXÃO SEM FIO NO BRASIL Onde haverá cobertura de telefonia celular para baixar publicações para o Kindle Época, 12 out. 2009. A capa da revista Época de 12 de outubro de 2009 traz um anúncio sobre o lançamento do livro digital no Brasil. Já o texto II traz informações referentes à abrangência de acessibilidade das tecnologias de comunicação e informação nas diferentes regiões do país. A partir da leitura dos dois textos, infere-se que o advento do livro digital no Brasil