O documento descreve a expansão marítima portuguesa entre os séculos XV e XVI, quando Portugal estabeleceu novas rotas comerciais diretas para a Ásia para contornar intermediários, descobrindo novas terras como o Brasil e chegando à Índia sob a liderança de navegadores como Vasco da Gama.
2. Expansão Marítima Portuguesa
Após a deflagração da Revolução de Avis, Portugal passou por um processo de mudanças
onde a nacionalização dos impostos, leis e exércitos favoreceram a ascendência das
actividades comerciais de sua burguesia mercantil. A prosperidade material alcançada por
meio desse conjunto de medidas ofereceu condições para o investimento em novas
empreitadas mercantis.
Nesse período, as principais rotas comerciais estavam voltadas no trânsito entre a Ásia
(China, Pérsia, Japão e Índia) e as nações mercantilistas europeias. Parte desse câmbio de
mercadorias era intermediada pelos muçulmanos que, via Mar Mediterrâneo, introduziam as
especiarias orientais na Europa. Pelas vias terrestres, os comerciantes italianos
monopolizavam a entrada de produtos orientais no continente.
A burguesia portuguesa, buscando se livrar dos altos preços cobrados por esses
intermediários e almejando maiores lucros, tentaram consolidar novas rotas marítimas que
fizessem o contacto directo com os comerciantes orientais. Patrocinados pelo interesse do
infante Dom Henrique, vários navegadores, cartógrafos, cosmógrafos e homens do mar
foram reunidos na região de Sagres, que se tornou um grande centro da tecnologia marítima
da época.
3. • Em 1415, a Conquista de Ceuta iniciou um processo de consolidação de colónias
portuguesas na costa africana e de algumas ilhas do Oceano Atlântico. Esse primeiro
momento da expansão marítima portuguesa alcançou seu ápice quando os navios
portugueses ultrapassaram o Cabo das Tormentas (actual Cabo da Boa Esperança),
que até então era um dos limites do mundo conhecido.
É interessante notar que mesmo com as inovações tecnológicas e o grande interesse
comercial do mundo moderno, vários mitos Antigos e Medievais faziam da experiência
ultramarina um grande desafio. Os marinheiros e navegadores da época temiam a
brutalidade dos mares além das Tormentas. Diversos relatos fazem referência sobre as
temperaturas escaldantes e as feras do mar que habitavam tais regiões marítimas.
No ano de 1497, o navegador Vasco da Gama empreendeu as últimas explorações que
concretizaram a rota rumo às Índias, via a circunvagarão do continente africano. Com essa
descoberta o projecto de expansão marítima de Portugal parecia ter concretizado seus
planos. No entanto, o início das explorações marítimas espanholas firmou uma
concorrência entre Portugal e Espanha que abriu caminho para um conjunto de acordos
diplomáticos (Bula Intercorrera e Tratado de Tordesilhas) que preestabeleceram os
territórios a serem explorados por ambas as nações.
O processo de expansão marítima português chegou ao seu auge quando, em 1500, o
navegador Pedro Álvares Cabral anunciou a descoberta das terras brasileiras. Mesmo
alegando a descoberta nessa época, alguns historiadores defendem que essa descoberta
foi estabelecida anteriormente. Anos depois, com a ascensão do processo de expansão
marítima de outras nações europeias e a decadência dos empreendimentos comercias
portugueses no Oriente, as terras do Brasil tornaram-se o principal foco do
mercantilismo português.