SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 21
Descargar para leer sin conexión
A EVOLUÇÃO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
*Daniel Valente Batista

                                   ‘In god we trust, all others show data’

MÓDULO – TERAPIA INTENSIVA
         A Evolução Médica na UTI é cercada por uma série de particularidades que a diferem
da evolução habitual do paciente em leito de Enfermaria. A primeira delas é devido a , em
geral, maior gravidade do paciente e ,assim, a necessidade de uma melhor avaliação dos
órgãos e sistemas para determinação de índices prognósticos e definições de conduta. Outro
ponto importantíssimo é o fato de que o seu exame físico e os exames complementares muitas
vezes serão a única forma de obter dados do seu paciente, haja vista o freqüente número dos
que estão Sedo-analgesiados e Intubados.Também é digno de nota a maior freqüência com
que o paciente é avaliado.Apesar de haver protocolos específicos em cada Unidade de Terapia
Intensiva, o paciente é avaliado, em média, 2 vezes por dia. A Evolução abaixo proposto é
estratificada por sistemas e há uma mescla de achados de história, exame físico e laboratoriais
em um mesmo item, o que diferencia, em parte, da evolução do paciente em Enfermaria.
Contudo, esse modelo foi baseado no fato de que, muitas vezes, o paciente em UTI encontra-
se sedo-analgesiado, em ventilação mecânica e não tem condições de se comunicar com o
médico assistente. Sempre que possível deve-se falar com o paciente, anotar e valorizar suas
queixas, pois elas podem falar muito mais do que achados laboratoriais.

Evolução                                             de                                       UTI
GERAL: Começa com o Nome, Idade e Sexo do paciente,os dias de internação no Hospital e os
dias de internação na UTI, os seus principais diagnósticos e/ou hipóteses . Além
disso,COLOCAR DATA E HORÁRIO DA HISTÓRIA sempre!Exemplo:

12/03/2008 19:00

       Fulano de Tal, 63 anos, masculino. 14° de Internação Hospitalar e 4° dia na UTI por:

       - Pneumonia Comunitária Grave

       - Choque Séptico

       - IRA oligo-anúrica dialítica



SONDAS E CATETERES: Descrever a presença de Sondas Vesical, Nasogástrica, Orogástrica,
Sonda de Gastrostomia, bem como a quantos dias. Presença de Cateter Venoso Central, bem
como sua localização, número de lumens, função( para diálise, por exemplo), a quantos dias
foi colocado e se há alguma complicação relacionada

*Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Ceará e Membro Integrante da Liga do
Coração
ao mesmo. (Hiperemia e aumento de temperatura no local da inserção, por
exemplo).Descrever ,também, presença de medida da PA invasiva, presença de Swan-Ganz,
Drenos ,etc. Da mesma forma que é importante relatar a presença de algum desses materiais é
IMPRESCINDÍVEL relatar quando você solicitar ou tiver passado qualquer um deles precisando
sempre o dia,a hora, a indicação e qualquer possível complicação nesse interi. Por exemplo,
sabe-se que a febre relacionada a bacteremia após passagem de Cateter Central é incomum
antes de 48h pós procedimento.

       Portanto, em paciente com febre e cateter central instalado há 6 horas muito
provavelmente deverá ter outra causa febril.

         Sondas e Cateteres: Portador de Sonda Vesical de Demora há 8 dias, Cateter Venoso Central (há
3 dias) em Subclávia Direita Monolúmen, sem sinais de hiperemia ou aumento de temperatura, Sonda
Nasogástrica para dieta enteral.

ESTADO GERAL: Pesquisar,Icterícia, Palidez, Cianose, Febre, Ano/hiporexia, Ganho ou Perda de
Peso, Orientação no tempo e no espaço, Cooperação. Lembrar que mais de 80% dos pacientes
em UTI sofrem de Estado Confusional Agudo, também conhecido como Delirum, que se
manifesta por uma alteração súbita no status mental manifestada por agitação ou sonolência
(hiper ou hipoativo), com déficit principalmente da atenção e que flutua durante o dia.

        Estado Geral: EGR, anictérico, normocorado,acianótico, afebril nas últimas 24hs,com perda de
630g de ontem p/ hoje.




NEURO/SEDAÇÃO: Veja que no exame físico da UTI há uma mescla de parâmetros do desse e
de aspectos farmacológicos e laboratoriais. Nessa parte do exame é importaníssimo saber se
há o uso de drogas sedo-analgésicas ( benzodiazepínicos, propofol, opióides, etc) qual a sua
taxa de infusão e termos noção de há quanto tempo. O primeiro motivo disso é saber qual
escala de avaliação do nível de consciência iremos utilizar. Em pacientes sem sedo-analgesia a
utilizada é a Escala de Coma de Glasgow ( O; 4 V:5 M: 6) que varia de 3 a 15. (ver Anexos) e em
pacientes sob efeito de sedo-analgesia utilizaremos a Escala de Ramsay ( 1 a 6),Escala de
Sedação e Agitação de Richmond (ver Anexos, ao final do texto) .Além disso, é importantes
sabermos da presença de Sedo-analgésicos para termos um noção do quão o estado do
paciente se deve há uma patologia primária ( um AVC, por exemplo) ou apenas do efeito
farmacológico das drogas.Idealmente, todo paciente deveria ter suas drogas desmamadas
diariamente para uma melhor avaliação do sue Estado Geral.Reflexos superficiais e Profundos,
Posição de Flexão ou Extensão?, Pupilas ( simetria, fotoreagentes?), Letargia, sonolência,
insônia

        Neuro/Sedação: Sedo analgesiado com Fentanil 3 ml/h e midazolam 3ml/h.

Ramsay 3. Pupilas mióticas, com 3 mm de diâmetro, isocóricas e fotoreagentes. Sem déficits focais.




CARDIO: Ritmo Cardíaco, Tempo, Fonese de bulhas, Freqüência Cardíaca, PA em ambos os
Membros Superiores, Pressão de Pulso, Anotar os extremos da variação da pressão( P.E.= PAS
variou de 130 a 90mmHg e PAD de 90 a 60mmHg) .Uso de drogas Vasoativas ( Noradrenalina,
Dopamina, Dobutamina, Nitroglicerina, Nitroprussiato, Vasopressina, etc) anotar
posologia.Anotar se foi feita alguma manobra de Reanimação desde a última evolução,tempo
de parada e por qual arritmia, se possível. Medidas hemodinâmicas (PAi, PVC, CAV, débito
cardíaco, resistência periférica , etc...) e dados sobre perfusão tecidual (tonômetro e lactato).
Dados laboratóriais: enzimas ( troponina, CK-MB massa), lactato, acidose metabólica,
alterações importantes no ECG ou ECO, CAT / CINE.



        Cardio/Vascular: RCR, 2T, BNF,s/s. Em uso de noradrenalina 20 ml/h por cateter central.
PAinvasiva ( 2° dia) em artéria radial esquerda 103x56 mmHg ( PAM= 72 mmHg). Enzimas cardíacas
negativas.

ECG: taquicardia sinusal

PULMONAR: Freqüência Respiratória, Ausculta Pulmonar, Oferta de O2: venturi?Cateter
Nasal?Ventilação Mecânica?(Qual modo?Ciclado a Pressão,a Volume (calcule o volume de
acordo com o peso ideal e NÃO COM O PESO REAL, ver parte de Anexos),
SIMV?FR?PEEP?Pressão de Suporte?FiO2?Verificar também pressão de pico e platô, bem
como presença de pausa inspiratória). Balonete Insuflado?Verificar a pressão no Cuff do
balonete. Idealmente deve estar entre 17 e 23 mmHg. Níveis pressóricos acima de 25mmHg
podem ser maiores do que a nutrição arterial da traquéia e podem levar a dados a este órgão e
seqüelas pós-extubção, como a traqueomalácia. Dreno de Tórax? Anotar procedimentos
realizados no Tórax desde a última evolução (Pericardiocentese?, toracocentese?outros).
Gasometria arterial ou venosa, propedêutica pulmonar e RX de tórax. Outros exames de Tórax
e laudos.

       Pulmonar: IOT (D 4), número 8, com 22 cm , FR= 18(12), Assistido/Controlado,Ciclado a
Volume,VC= 480 ml, Fluxo= 60L/min, onda de fluxo desacelerada ,FiO2=45 %, Pressão de Pico= 31
cmH20 e Platô = 22 cmH20.Balonete insuflado e com pressão de 20 mmHg. Gaso de 14 h: Ph= 7,32 ,
PaO2= 110 mmHg PaCO2 = 33 mmHg Sat02= 95%

HCO3= 13 mEq:L Lactato = 2,3mEq/L. Feita TCAR de Toráx janela pra pulmão hoje ás 9:00hs que mostrou
infiltrado alveolar em lobo inferior direito, aguardo laudo definitivo.

ABDMONIAL: Exame físico( Inspeção, Ausculta, Palpação e Percussão), Há drenos?
Sangramento Digestivo alto ou baixo? Débito por SNG, evacuações. Relatar alguma alteração
importante em exame por imagem (tomografia, ultrassonografia, endoscopia, etc...)

        Abdome: Abdome simétrico, levemente distendido.Sem cicatrizes ,abaulamentos ou
retrações.RHA presentes,mas diminuídos. Sem VMG. 2 evacuações pastosas nas últimas 24h. Sem sinais
de sangramentos ativos.




RENAL e HIDROELETROLÍTICO: Uréia, Creatinina, Clearance Estimado, Sódio, Potássio, Cálcio,
Magnésio. Anotar diurese das últimas 24h ( oligo/anúria?), Em diálise(Hemodiálise( Anotar
veia do acesso central)e Peritonial) anotar perdas, horário da diálise e dias da aplicação (
diária?alternada?). Em sonda vesical?Débito por hora. Balanço Hídrico, Uso de Drogas com
potencial nefrotóxico: Aminoglicosídeios, AINEs, diuréticos,etc. Uso de procedimentos
contrastados no dia (Angiografia, TC , etc).

        Renal/Metabólico: Ur= 33mg/dl, Cr=1,4 mg/dl, Na= 142mEq/L, K= 3,8 mEq/L

Gaso Arterial as 5:00h: Ph= 7,32 , PaO2= 110 mmHg PaCO2 = 33 mmHg (FiO2= 45%) HCO3=
13mEq/L BE= - 4

HEMATOLÓGICO/INFECCIOSO: Transfundido?(Concentrado de Hemácias, Plaquetas, Plasma
Fresco?)(Anotar quantas Unidades de cada um). Anotar: Hb, Plaquetas, Leucócitos ( Desvio à
esquerda). Culturas em andamento?Resultado de alguma?(Hemocultura, Urinocultura, Cultura
do Aspirado, outros locais). Curva térmica nas últimas 24 horas.

NUTRIÇÃO: Tipo de suporte nutricional introduzido, complicações referentes a ele
(hiperglicemia , uremia, vômitos, diarréia), avaliação da eficiência do suporte nutricional
(balanço nitrogenado, curva ponderal ).


MEMBROS: Condição dos membros (pulsos, perfusão, edema, TVP, etc....)

PARECER: Averiguar a necessidade de Parecer de Nefrologistas, CCIH, Hematologista,
Cirurgião, dentre outros.

CHECAR EXAMES: Anotar os resultados dos últimos exames do dia e os laudos. É comum em
Hospitais Escola que Profissionais assistentes ou acadêmicos de medicina se interessem por
resultados de exames complementares que mostrem achados interessantes ou raros. Por isso,
não é raro que, com o passar do tempo,alguns ‘ECGs’ interessantes ou ‘Raios-X’ raros sejam
retirados do prontuário do paciente para fins acadêmicos. Lembre-se que o prontuário é do
paciente, e não seu. Retirar exames do prontuário além de má prática médica é crime. Não
esqueça que a comparação de resultados de exames ao longo da internação é fundamental
para se ter noção da evolução clínico-laboratorial do paciente e,assim, termos noção
prognóstica do paciente. Portanto, para aqueles que gostam da ciência sugere-se o uso de
outros meios para registrar achados como, por exemplo, um máquina fotográfica.

-Hemograma, contagem de Reticulócitos

-Sumário de Urina

-Bioquímica (Ur,Cr,TGO,TGP,Gama Gt, Fosfatase Alcalina, Glicemia, Hemoglobina
Glicada,Vitamina B12, Ácido Fólico,Amilase, Lipase,Albumina,Globulina, Proteínas Totais,
Bilirrubina Total, Bilirrubina Direta, Bilirrubina Indireta, Na, K, Mg, Ca,Litio, PCR,VHS,LDH, Ferro
sérico, Ferritina, Saturação da Transferrina, Capacidade Total e latente de ligação, TAP,
TPTA,outros exames)

-Gasometria Arterial ou Venosa ( pH, PaCO2, Pa02, Sat 02, HCO3, Base Excess)

-Resultado de Culturas feitas

-Endoscopia Digestiva Alta
-Mielograma

-Broncoscopia

-Raio-X

-Ultra-som

-EcoCardiograma Transtorácico ou Transesofágico

-Tomografia Computadorizada com ou sem contraste, TCAR

-Ressonância Magnética

- Cintilografia

-Angiografia/Angioplastia

-Outros

SOLICITO:

- Escrever qualquer tipo de exame que vai ser solicitado.Lembrar que dependendo do serviço
há sempre exames de rotina que são pedidos numa freqüência de 24h,12h, 6h ou outros
horários a depender do serviço. É de fundamental importância, então, que você se familiarize
com os exames que são feitos de rotina no seu serviço e quais não são. Além disso, se possível,
colocar o motivo da solicitação dos exames.

ANOTAR A CONDUTA:

-Vai manter conduta?Vai pedir mais exames?Vai iniciar ou mudar algum dos itens da
prescrição( Hidratação, ATB, drogas vasoativas, sedação, transfusão, anticoagulação,
etc)?Transferir pra semi-intensiva ou enfermaria?Vai pedir parecer de alguma especialidade?

ASSINAR!!!!!!!!!

Lembre-se: O prontuário é a sua Defesa!

Ficha de Prescrição

Nome: João da Silva

Leito: 12

Unidade: UTI Geral Adulto

Itens de Prescrição:

A prescrição, geralmente, segue uma sequencia baseada na seguinte ordem:

    1) Tipo de Dieta: Enteral ou Paraenteral. Especificar alguns tipos clássicos: geral,
       branda,hipossódica, hipocalórica, etc. Lembre-se que em algumas situações pode ser
       necessária dieta zero. De preferência deve ser priorizada a dieta por via enteral em
comparação com a parenteral. Uma discussão com a Nutrição ou com o médico
   Nutrilogista sempre é recomendada.

2) Corresponde a Hidratação: Ringer Lactato, Soro Fisiológico, Soro Glicosado, Soro
   Glicofisiológico, Ringer Simples. Lembre-se que nem todo paciente necessita de
   hidratação endovenosa. Os pacientes que tolerarem ingesta de fluidos via oral e que
   não tenham nenhuma contra-indicação para essa conduta devem ter a ingesta oral
   priorizada. É pratica comum vermos ‘’vamos manter esse sorinho’’ pra hidratar o
   paciente. Lembre-se que as condutas no paciente grave devem ser baseadas em
   evidências e aliadas a uma raciocínio crítico do ‘porque’ de cada medida e não
   simplismente ‘fazer por que todos fazem’.

3) Drogas que vão atuar mais ‘diretamente’ no tratamento. É interessante que se coloque
   ao lado desses itens o dia de uso. Por exemplo:

   ‘Moxifloxacina, 400mg, EV, 1 x/dia – D1’

       a. Antibióticos

       b. Drogas Vasoativas

       c. Hemocomponentes ou Hemoderivados

       d. Antiarritmicos

       e. Trombolíticos

       f. Anti-Coagulantes

       g. Anti-Neoplásicos

       h. Drogas Sedo-Analgésicas

       Dentre outros

4) Sintomáticos:

       a. Antitérmicos

       b. Analgésicos

       c. Anti-Inflamatórios

       d. Anti-eméticos

       e. Anti-diarréicos

       f. Esquemas de Insulina Regular ou Glicose 50%

       g. O2 por cateter nasal ou mascara laríngea

       Dentre Outros
5) Outros: Faz parte da prescrição médica e deve ser relatado, sempre, os procedimentos
   a serem tomados em relação ao paciente, p.e, passar um CVC ou uma sonda urinária,
   bem como quaisquer outra condição que façam parte da prescrição médica.

       a. Passar Sonda Vesical de Demora ou Alívio

       b. Passar Cateter Venoso Central

       c. Instituir Pressão Venosa Central

       d. Passar cateter de Swan Ganz

       e. Instituir Marca-Passo Transcutâneo ou Transvenoso

       f. Colher Gasometrial Arterial e respectivos intervalos

       g. Monitorização Eletrocardiográfica

       h. Oximetria de Pulso

       i.   Curva Pressórica, Glicêmica ou Térmica e respectivos intervalos

       j.   Intubação Orotraqueal

       k. Solicitação de Parecer

       l.   Solicitação de Transferência

       m. Horário do óbito

   Dentre Outros


   FAST HUG
           Uma regra para Lembrar da Sua prescrição BÁSICA em todo paciente em UTI é
   a Mnemônica: FAST HUG. O autor que preconiza esse uso recomenda que seja dado
   um Fast Hug (Abraço rápido, tradução livre) no paciente de UTI pelo menos 1 vez ao
   dia. É importante frisar que toda a equipe que trabalha na unidade deve estar
   familiarizada com estes sete tópicos ( principalmente a equipe de enfermagem) e
   alertar o médico sobre eventuais ausências dos itens prescritos ou de trocas recentes
   para que possa entender o porque das mudanças. Seria o FAST HUG uma espécie de
   check-list do seu paciente. Há outras menmônicas também utilizadas para que não se
   deixem passar em brancos itens fundamentais da prescrição como a SUSPEITA PARA O
   BEM, apresentada no final desse texto.


   F- Tipo de Alimentação: Por SNG, via oral, branda, hipossódica(...). Avalie qualquer
   tipo de intolerância a dieta (diarréia?vômitos?), se há possibilidade sair da enteral para
   oral,etc( Feeding)
A    – Analgesia: Avaliar dor do paciente associada ou não a procedimentos, avaliar
       analgesia profilática. Lembrar que prevenir a dor é melhor do que tratar a sua
       existência.

       S- Sedação: Se seu paciente está Sedado avaliar grau de Sedação. Avalie se há na sua
       Unidade protocolos para retirada de sedação diária e reavaliação do paciente



        T- Profilaxia da TVP e TEP: Considerar o uso de heparinização profilática no seu
       doente com o Uso de Heparina Não-Fracionada ou da Heparina de Baixo Peso
       Molecular. ( Thrombo profilaxy)

       H:   Cabeceira elevada a 30°: para previnir aspiração e pneumonite química e
       pneumonia aspirativa. (Head Elevated)

       U: Prevenção de úlcera de stress: avaliar se o paciente está em uso de inibidores do
receptor H2 da histamina ( Ranitidina) ou de bloqueadores de bomba de prótons para prevenir
as lesões decorrentes do stress gástrico.

       G: Controle de Glicose: avaliar níveis glicêmicos e indicar,ou não, controle de glicemia.
       Algumas considerações devem ser feitas a Respeito de alguns itens descritos no FAST
HUG:

         Cabeceira Elevada: A Colocação de Pacientes em decúbito dorsal com cabeceira
elevada( entre 30° e 45° mostrou ser um fator de impacto significativo na diminuição da
incidência de Pneumonia associada ao Ventilador Mecânico bem como de qualquer tipo de
Pneumonia Hospitalar. É recomendada em todo paciente de UTI por diversas sociedades e
diretrizes, inclusive o Surviving Sepsis 2008. Além de ter mostrado diminuir taxas de
Pneumonia, é um método inócuo e ,praticamente, sem custos. A presença dessa medida,
inclusive, é um indicador de qualidade das instituições que recebem pacientes sob Ventilação
Mecânica.

         Drakulovic MB, Torres A, Bauer TT,Nicolas JM, Nogue S, Ferrer M. Supine body position
as risk factor for nosocomial pneumonia in mechanically ventilated patients: randomised Trial.
Lancet 1999;27;354 (9193):1851-8.

        Sedação: O paciente sedado não pode ter seu sensório ou mesmo o nível de sedação
avaliado pela Escala de Coma de Glasgow. Para esse procedimento deverão ser utilizadas
escalas feitas para essa função. A Escala de Ramsay, de 1974, foi consagrada pelo seu uso e
hoje é utlizada em mais de 70% das UTIs, apesar da ausência de validação científica (ver
Anexos).Ela varia de 1 a 6 e o objetivo é que se consigam valores entre 2 e 3. Valores menores
suscitam mais sedativo e maiores a reavaliação e,possivelmente, diminuição dos valores. Há
outras Escalas de Sedação disponíveis no meio médico e que, talvez, reflitam melhor o estado
do paciente sob influência de drogas sedativas ( ver Anexos, ao final do texto). Estudo recente
publicado no Critical Care Medicine – 2009 avaliou os pacientes quanto a utilização de
Sedação Superficial e Profunda e foi visto que, nos pacientes em sedação superficial, foram
menores as taxas de permanência na UTI e de dias de VM, e não afetaram o paciente quanto
as taxas de stress pós-traumático ou outras perturbações mentais. Já se sabe que a
administração contínua de sedativos é um preditor independente de maior duração da
ventilação mecânica, maior permanência na UTI e no Hospital e é recomendação do último
Consenso Brasileiro de VM que seja tentada a interrupção diária da mesma.Por isso, é
importante, também, que seja verificado o protocolo de sua unidade e discutido com o Médico
Coordenador ou Diarista a possibilidade de Desmame da Sedação diária para novas avaliações
do Status Menta e re-titulação da droga infundidade.l. Importante lembrar que os Protocolos
da Unidade de UTI devem ser, sempre que possível, implementados de acordo com as
peculiaridades do serviço e com uma participação multiprofissional.

        Miriam M. Treggiari et al.Randomized trial of light versus deep sedation on mental
health after critical illness* Crit Care Med 2009 Vol. 37, No. 9
        Kollef MH, Levy NT, Ahrens TS, Schaiff R, Prentice D, Sherman G. The use of continuous
i.v. sedation is associated with prolongation of mechanical ventilation. Chest.
1998;114(2):5418.

        III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica 2007 – Desmame e Interrupção da
Ventilação Mecânica. J Bras Pneumol, 2007; 33(Supl 2):S 128-S 136


       Profilaxia de Úlcera de Stress:

        ''São contadas as mais fantásticas lendas biológicas. Por exemplo, que é perigoso ter
ácido no estômago.''

       J.B.S. Haldane (1939)

        O uso indiscriminado da profilaxia para úlcera de stress ( um dos itens preconizados
pelo FAST HUG) também tem sido alvo de algumas críticas por parte de sociedades e
pesquisadores alertando no sentido de que, fisiopatologicamente, é a hipoperfusão da mucosa
gástrica, secundária ao desvio do fluxo sanguíneo para órgãos nobres, e não a acidez
estomacal, a responsável pela produção de úlceras gástricas de stress. Esses autores também
relacionam o aumento do pH estomacal como responsável por um aumento das taxas de
Pneumonias Hospitalares secundárias a menores taxas de mortes de patógenos pela acidez
gástrica, facilitando a contaminação de vias aéreas inferiores.Tentando, em parte, responder
essa pergunta foi desenhado um estudo de prospectivo, de Coorte com mais de 60000
pacientes, unicêntrico, que mostrou ,significativamente, um aumento das taxas de Pnemonia
associada ao uso de Proteção Gástrica. Contudo, em análises de sub-grupo, só quem tem
aumento foram os pacientes que usaram inibidores de bomba de prótons e não os que usaram
bloqueador H2 da Histamina. É importante salientar, que esse estudo, no entanto, abordou os
pacientes do Hospital como um todo e não utilizou, especificamente, os que se encontravam
na Unidade de Terapia intensiva.No entanto, o estudo corrobora uma nova linha que sugere
que seja feita uma análise mais critica de quando se iniciar a profilaxia para úlcera de stress
e,se essa for ser feita, qual agente escolher.Uma revisão recente do Critical Care mostrou que
não há evidência científica que comprove o benefício da profilaxia da úlcera de stress em todo
paciente que está em UTI, mas sim naqueles onde há fator de risco para que ela ocorra, como
sepse, hipotensão,falência renal, respiratória, etc.(Por sorte, a maioria dos pacientes em UTI,
geralmente, tem um fator de risco que o encaixa na condição para receber profilaxia) (vide
referência abaixo). De qualquer forma, se for feita a opção pela profilaxia a literatura mostra
que, até o momento, e com baixa evidência, a escolha poderia recair sobre bloqueadores H2
ao invés de inibidores de bomba.

        Para melhor avaliação das recomendações em questão sugere-se a leitura dos artigos
originais que estão disponibilizados abaixo:

        Shoshana J. Herzig; Michael D. Howell; Long H. Ngo; et AL Acid-Suppressive Medication
Use and the Risk for Hospital-Acquired Pneumonia. JAMA. 2009;301(20):2120-2128
(doi:10.1001/jama.2009.722)

       Jean-Pierre Quenot, Nadiejda Thiery and Saber Barbar. When should stress ulcer
prophylaxis be used in the ICU. Current Opinion in Critical Care 2009,15:139–143


        Controle Glicêmico : É pratica comum nas prescrições médicas em diversos Hospitais
da cidade e nos diversos ambientes hospitalares (enfermarias, UTIs, unidades semi-
intensivas,etc) a utilização do ‘Esquema de Insulina Regular conforme Glicemia’ como forma
de controle glicêmico baseado em aferições seqüenciadas da glicemia capilar (4/4h , 6/6h a
depender do Médico Assistente). Essa medida é utilizada principalmente quando o paciente
tem história prévia de Diabetes Mellitus. Esse esquema geralmente usa valores de Glicemia
sobre os quais deverão ser aplicados, ou não, doses de insulina.Por exemplo, se glicemia entre
0 e 150 mg/Dl: não aplicar, se entre 150 e 200: aplicar 2 unidades e assim por diante.

        É IMPORTANTÍSSIMO frisar que essa prática NÃO É BASEADA EM NENHUMA
EVIDÊNCIA científica e fundamenta-se unicamente no empirismo. Em todos os Estudos já
publicados que avaliaram a eficácia e os efeitos em relação a morbi-mortalidade relacionadas
ao Controle de Glicemia foram usados protocolos de aplicação de Insulina Regular EV de
maneira contínua sob Bomba de Infusão Contínua (BIC) e não aplicados em de maneira
temoral.Portanto, NÃO HÁ evidência que suporte o uso desse Esquema na prática médica.
Portanto, se for decidido pelo controle de glicemia deverão ser utilizados protocolos com
infusão contínua da glicose.

        Uma vez decido pelo controle glicêmico há um grande dilema sobre qual deverá ser a
melhor forma de fazê-lo. Em 2001, Van den Berghe e cols, mostraram uma redução de
mortalidade em pacientes cirúrgicos de uma única instituição com o uso de controle glicêmico
para alvos de glicemia baixos (entre 80-110mg/dl mg/dl) comparados com pacientes
randomizados para níveis ais altos (180-200mg/dl). Esse trabalho revolucionou a comunidade
intensivista haja vista que até aquela época era freqüente se afirmar que a hiperglicemia era
uma resposta fisiológica e benigna ao stress ao qual o paciente estava sendo submetido
(trauma, sepse, cirurgia, etc..). Contudo, algumas críticas foram feitas ao trabalho em relação a
‘capacidade’ de generalização dessa conclusão para população geral atendida em UTI. A base
dessas críticas era relacionado ao fato de a pesquisa ser unicêntrica, ‘n’ relativamente
pequeno e também de só ter incluído pacientes cirúrgicos.

        Para tentar entender melhor a relação entre controle glicêmico e morbi-mortalidade
foi elaborado um Estudo Randomizado Controlado Multicêntrico Internacional (Nova Zelândia,
Austrália e Canadá) (NICE SUGAR, NEJM, 2009), utilizando mais de 6000 pacientes, que
mostrou que controles glicêmicos estritos de glicemia ( em torno de 80-110 mg/dl) via infusão
contínua de insulina,aumentaram taxas de mortalidade e de hipoglicemia severa (<40mg/Dl)
em pacientes de UTI. Mudando um conceito recente que afirmava que o controle estrito da
Glicemia seria favorável em termos de morbi-mortalidade para todos os pacientes em UTI.
Esse estudo associado a uma meta-análise de 29 estudos publicada em 2008 no JAMA, ambos
estudos nível de evidência A, mostraram não haver benefício na redução de mortalidade dos
pacientes submetidos a controle estrito de glicemia. Essas publicações, inclusive, modificaram
as recomendações do Surviving Sepsis 2008 em relação ao nível glicêmico ideal de
manutenção. Baseado nesses estudos os revisores da seção de controle glicêmico do Surviving
Sepsis, em junho de 2009, caracterizam como SUGESTÃO FORTE NÃO fazer controles
glicêmicos em torno de 80-100mg/Dl e recomendam que só seja iniciado um controle
glicêmico através de bomba de insulina quando os níveis Glicêmicos forem maiores do que 180
mg/dL e o nível alvo seria por volta de 150mg/Dl. Essa mesma recomendação é endossada por
outras sociedades médicas importantes que podem ser vistas também no site
http://www.glycemiccontrol.net/.

        Para melhor avaliação das recomendações em questão sugere-se a leitura dos artigos
originais que estão disponibilizados abaixo:

       Jean-Louis Vincent. Give your patient a fast hug (at least) once a day*.Crit Care Med
2005 Vol. 33, No. 6

         The Nice Sugar Investigators. Intensive versus Conventional Glucose Control in
Critically ill Patientes. N Eng J Med 360:13. March 2009.

        Renda Soylemez Wiener; Daniel C. Wiener; Robin J. Larson. Benefits and Risks of Tight
Glucose Control in Critically Ill Adults: A Meta-analysis. JAMA. 2008;300(8):933-944
(doi:10.1001/jama.300.8.933)

          Griesdale DE, de Souza RJ, van Dam RM, Heyland DK, Cook DJ, Malhotra A, Dhaliwal R,
Henderson WR, Chittock DR, Finfer S, Talmor D. Intensive insulin therapy and mortality among
critically ill patients: a meta-analysis including NICE-SUGAR study data. CMAJ. 2009 Apr
14;180(8):799-800.

       Van den Berghe G et al. Intensive insulin theraphy in critically ill patients.N Eng J Med
2001; 345:1359-67.

         Surviving Sepsis Campaign Statement on Glucose Control in Severe Sepsis (June
2009*). Surviving Sepsis Campaign (SSC) Guidelines Committee Subgroup for Glucose Control;
R. Phillip Dellinger, MD, FCCM, the 2008 SSC Guidelines Chair; and the SSC Executive
Committee.         Acessado      em        Junho      2009      no       link      abaixo:
http://www.survivingsepsis.org/system/files/images/tatement_on_Glucose_Control_in_Sever
e_Sepsis.pdf
Diabetes Experts Issue New Recommendations for Inpatient Glycemic Control - Call for
Systemic Changes in Hospitals Nationwide http://www.glycemiccontrol.net/



         Protocolo de Controle Glicêmico: Um dos primeiros protocolos para manejo da
glicemia por meio de infusão contínua de insulina foi o conhecido protocolo de Yale e foi
lançado em 2004 na Diabete Care. O protocolo teve uso extenso em diversas unidades de
terapia intensiva e tem sido validado por diversos autores, inclusive nacionais por Diener e
cols, na Revista Brasileira de Terapia Intensiva, em 2006. Segue abaixo o protocolo Yale.

        Note que o protocolo abaixo exposto vem com medidas que servem apenas de
exemplo e você, futuro médico ou médico intensivista, é autônomo para mudar algumas
configurações baseado na literatura mais atual. Por exemplo, no item Faixa Alvo onde no
protocolo se vê 80-140mg/dl, hoje sabe-se que os valores devem ser maiores e próximos a 150
mg/dl.Por isso, o que se deve é absorver o ‘esqueleto’ do protocolo e ajustá-lo continuamente
em sintonia com a literatura.
Retirado de Diener e cols 2006:18:3:268-275 RBTI

Para melhor estudo dos métodos de controle glicêmico sugerimos:

        DIENER, José Roberto Carvalho; PRAZERES, Carlos Eduardo Elias dos; ROSA, Cilmar
Mello da and ALBERTON, Urubatan Collaço. Avaliação da efetividade e segurança do
protocolo de infusão de insulina de Yale para o controle glicêmico intensivo. Rev. bras. ter.
intensiva [online]. 2006, vol.18, n.3, pp. 268-275. ISSN 0103-507X.

         Goldberg PA, Siegel MD, Sherwin RS et al – Implementation of a safe and effective
insulin infusion protocol in a medical intensive care unit. Diabetes Care, 2004;27:461-467.

www.glycemiccontrol.net acessado em julho 2009
SUSPEITA PARA O BEM
Baseado no FAST HUG e Elaborado por Filho e Westphal e cols em Manual Prático de Medicina
Intensiva- 5ª Edição - 2008

Sedação – Avaliar necessidade, grau, ciclo-vigília, tipo de sedativo, retirada
diária

Úlcera- Necessidade para profilaxia de úlcera gástrica por stress
Suspensão- Elevação da Cabeceira em 30° de pacientes em VM
Períneo – Examinar períneo e verificar sonda vesical
Escara – avaliar a presença de úlceras de decúbito e a necessidade de profilaxia
Infecção do Cateter – Busca por sinais flogísticcos
TVP – Avaliar a profilaxia farmacológica ou mecânica
Alimentação – Tipo de dieta, intolerância, diarréia

Pressão de vias aéreas – pressão de platô < 30cmH20
Analgesia – Avaliar dor
Retirar do leito – Avaliar possibilidade de deambular
Antibiótico – Checar hemoculturas, duração, dose,ajuste para Insf.Renal

Oftalmoproteção – Profilaxia para úlceras na córnea

Balonete – Verificar pressão do balonete.Manter entre 20 e 34 cmH20
Extubação – Avaliar possibilidade de desmame ou realização                            de
traqueostomia

Metabólico – Avaliar e corrigir distúrbios
O Check-List SUSPEITA PARA O BEM acaba englobando todos os itens do FAST HUG e
uma série de outros, o que o torna mais completo,mas, talvez, um pouco mais difícil de ser
memorizado. No entanto, muitas Unidades de Terapia Intensiva ou mesmo de Semi-Intensiva
tem usado esse Método através da elaboração de uma planilha onde todos os dados são
checados (geralmente pela Equipe de Enfermagem) diariamente e repassados para o Médico
Plantonista que irá decidir sobre o que foi visto. O interessante dessa mnemônica é que ela
contempla itens que são ROTINEIRAMENTE esquecidos na avaliação do paciente grave e
também merecem alguns comentários (alguns itens já foram contemplados anteriormente no
texto, veja FAST HUG).

         Alimentação: Verifique diariamente como anda a alimentação do paciente. Há várias
maneiras de se nutrir uma pessoa em UTI: Via Oral, por Sonda Nasogástrica, Orogástrica,
Sonda Nasoenteral, Gastrostomia ou Jejunostomia, essas duas últimas são abordagens
cirúrgicas. Essas cinco abordagens são ditas ‘enterais’. Caso o paciente esteja recebendo a sua
dieta através de acesso venoso esta será dita ‘paraenteral’. Idealmente, todos os pacientes
deveriam ter condições de se alimentar por via oral, mas isso, principalmente no ambiente da
UTI, é mais difícil devido a condição crítica dos mesmos. Por isso, nós lançamos mão do uso de
sondas. As sondas nasogástricas e nasoenteral são utilizadas, geralmente, por até 3 semanas.
Pacientes que necessitarem dessa assistência por maiores períodos devem ser submetidos a
gastro ou jejunostomias. Isso ocorre para prevenção das complicações do uso das sondas. Por
exemplo, sondas nasogástricas acarretam má drenagem dos óstios dos seios paranasais e
podem causar sinusite e outras irritações na mucosa. Além disso, impedem o funcionamento
perfeito do esfíncter esofágico e podem predispor a aspiração e,se mantidas em aspiração
constante, podem ser causa de alcalose metabólica.
         Outrossim, deve-se também avaliar a presença de vômitos,diarréia ou outro sinal de
intolerância alimentar ou disfunção do TGI.
         Portanto, sempre que possível avalie a possibilidade da retirada de sondas e
transferência para dieta oral, bem como o início da dieta oral em pacientes que estavam em
‘dieta zero’, por exemplo, na pancreatite aguda ou apendicite.

        Pressão de Vias Aéreas: É recomendação da Campanha Sobrevivendo à Sepse 2008
que todos os pacientes submetidos à VM , independente do modo ventilatório escolhido,
tenham sua Pressão de Platô avaliada ,ao menos diariamente, e que sejam feitas todas as
medidas necessárias para que ela fique ≤ 30 cmH20. A pressão de platô é obtida através do
fechamento da válvula inspiratória do Ventilador através do fenômeno de Pausa Inspiratória e
se relaciona diretamente com a complacência das Vias Aéreas. Em geral, ela é dada pelo
próprio ventilador e deve ser mantida ≤ 30 cmH20 para diminuir as chances de barotrauma ou,
melhor dizendo, da Lesão Pulmonar Induzida pelo Ventilador (VILI, em inglês). Se a pressão de
platô medida estiver maior que 30 devem ser consideradas medidas para baixá-la, como, por
exemplo, diminuição do volume corrente, aumento da PEEP ou diminuição da Freqüência
Respiratória.

         Surviving Sepsis Campaign Statement on Glucose Control in Severe Sepsis (June
2009*). Surviving Sepsis Campaign (SSC) Guidelines Committee Subgroup for Glucose Control;
R. Phillip Dellinger, MD, FCCM, the 2008 SSC Guidelines Chair; and the SSC Executive
Committee.

        III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica 2007 – Ventilação mecânica: princípios,
análise gráfica e modalidades ventilatórias. J Bras Pneumol, 2007;

       Deambulação Precoce: O paciente deve ser avaliado em relação a possibilidade de
poder deambular na própria unidade de terapia intensiva o mais rápido possível. O Decúbito
dorsal está associado a diversas complicações nesses pacientes, como a formação de escaras, a
atrofia muscular e ao risco aumento de Trombose Venosa Profunda e Tromboembolismo
Pulmonar. Portanto, avalie diariamente seu paciente quanto a esse quesito.


        Antibiótico: Os antibióticos foram descritos (na verdade a Penicilina) como uma das 10
maiores descobertas médicas. Na UTI, o uso de antioticoterapia é freqüente. Por isso, avalie o
seu paciente quanto a necessidade de iniciar, suspender, mudar ou acrescentar antibióticos ao
seu manejo clínico. Não considere febre sinônimo de infecção. Muito longe disso. Busque
saber sobre a realização de culturas (hemoculturas, cultura de cateter, urinocultura...) e dos
possíveis resultados, bem como da necessidade de solicitação de novas. Avalie, sempre, após o
isolamente de um germe e da realização do antibiograma, a possibilidade de reduzir o seu
espectro para um antibiótico mais específico para o microorganismo isolado.
        Tenha uma relação estreita com a CCIH e saiba quais os germes da sua flora
hospitalar,bem como sobre o perfil de resistência dos mesmos.

         Pressão do Balonete: Os tubos dos pacientes submetidos à VM geralmente possuem
um balonete (cuff) que é insuflado na porção proximal e fica em contato com a Traquéia. A
função desse mecanismo é evitar a movimentação do tubo e a aspiração de conteúdo gástrico
para vias aéreas inferiores. Esse balonete é inflado no momento da IOT com a ajuda de uma
seringa com ar. No entanto os níveis pressóricos nele tem de ser controlados e mantido numa
faixa entre 20 a 34 cmH20 (15 a 25 mmHg). Níveis pressóricos maiores que isso irão
dificultar/impedir a perfusão da mucosa traqueal, haja vista que ela é de geralmente 30-40
mmHg. Níveis mais baixos, no entanto, não fixaram o tubo e podem facilitar o seu
deslocamento bem como a aspirações de secreções, o que poderia levar a um aumento das
taxas de Pneumonia Associada à VM. Por isso, é recomendação do Consenso Brasileiro de VM,
de 2007, que a pressão do cuff seja avaliada 3 vezes ao dia para prevenir lesões isquêmicas de
traquéia. Essa verificação pode ser feita através de um aparelho chamado cuffômetro(nome
comercial Posey Cufflator ou através um método alternativo e eficaz que usa uma seringa de
5mL, uma torneira de três vias, um esfingnomanômetro de mercúrio e 5 cm de um tubo de
aspiração. (a demonstração da técnica encontra-se na parte de Anexos, ao final do texto)
        Por fim, as complicações mais graves da intubação orotraqueal (IOT) incluem
ulceração, traqueomalácia ou estenose traqueal, todas relacionadas com intubação
prolongada e pressões elevadas dos balonetes. O uso de tubos traqueais com balonete sob
pressão numa faixa de 20 a 34 cmH2O permite a perfusão traqueal além de vedar a via aérea
de modo eficaz, diminuindo as possibilidades destas complicações.

        III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica 2007 – Fisioterapia no paciente sob
Ventilação Mecânica. J Bras Pneumol, 2007; 33(Supl 2):S 142-S 150
        Reader JC, Borchgrevink PC, Silevold OM - Tracheal tube cuff pressures. Anesthesia,
1985;40:444-447.
        Seegobin RD, Hasselt GL - Endotracheal cuff pressure and tracheal mucosal blood flow:
endoscopic study of effects of four volume cuffs. Br Med J, 1984;288:965-968
        Armando Carlos Franco de GODOY e Ronan José VIEIRA, PRESSÕES INTRACUFF:
MÉTODO ECONÔMICO PARA CALIBRAGEM. Rev. Ciênc. Méd., Campinas, 15(3):267-269,
maio/jun., 2006

       Extubação: Todos os pacientes que estejam em uso de Ventilação Mecânica e uso de
Tubo orotraqueal devem ser submetidos a avaliação para possível extubação e, de preferência,
essa avaliação deve ser diária e acontecer de maneira sistemática, ou seja, um protocolo da
Unidade de Terapia Intensiva como um todo e não uma posição de uma ou outra equipe.
Lembre-se que a Ventilação Mecânica não é um processo isento de riscos e quanto mais
tempo de uso da mesma aumentam os risco de Pneumonia Associada ao Ventilador Mecânico
e seqüelas na traquéia em relação a permanência do Tubo Orotraqueal. Por sinal, em
pacientes que tem a previsão de uso de tubo por mais de 14 dias devem ser submetidos a
traqueostomia. Alguns critérios devem ser,portanto, preenchidos e pesquisados para essa
possibilidade, são eles:

- Condição Médica do Paciente que levou a Intubação resolvida ou em processo avançado de
resolução.
- Sem instabilidade hemodinâmica
- Distúrbios Ácido-Base e Hidroeletrolíticos corrigidos.
- PaO2 > 60 mmHg, com uso de FiO2 ≤ 40% e PEEP ≤ 5 cmH20
- Sem uso de musculatura acessória
- Correção do Balanço Hídrico
- Paciente ACORDADO e CONSCIENTE (lembre-se que a indicação de intubação não é só por
problemas da mecânica pulmonar ou ventilação, mas também para proteção das vias aéreas!
Por isso, o paciente tem de estar acordado e consciente.
- Reflexo da tosse presente

         Grosso modo, os pacientes que preencherem os itens acima devem ter discutida a
possibilidade de testes para desmame da Ventilação. O III Consenso Brasileiro de Ventilação
Mecânica, 2007, mais uma vez, apresenta um texto mais detalhado sobre ‘como fazer’ a
extubação.

        III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica 2007 – Desmame e Interrupção da
Ventilação Mecânica. J Bras Pneumol, 2007
ANEXOS
Tabela 1 - Escala de Coma de Glasgow - ECG
Variáveis                                                               Escore
Ocular                 Espontânea                                       4
                       Á voz                                            3
                       A dor                                            2
                       Nenhuma                                          1
Verbal                 Orientada                                        5
                       Confusa                                          4
                       Inapropriada                                     3
                       Incompreensivas                                  2
                       Nenhuma                                          1
Motora                 Obedece comandos                                 6
                       Localiza dor                                     5
                       Localiza retirada da dor                         4
                       Flexão Anormal                                   3
                       Extensão Anormal                                 2
                       Nenhuma                                          1

         A Escala de Coma de Glasgow foi inicialmente desenvolvida no âmbito do Traumatismo
Crânio-Encefálico. Por sua utilização simples, é também utilizada como avaliadora do sensório
em pacientes com Outros quadros, não obrigatoriamente relacionados a patologias
neurológicas. A concordância inter-observador (ou seja, entre dois profissionais treinados
para realização do exame) é relativamente boa e gira em torno de 70-80%.
         Deve-se frisar que ela avalia SEMPRE a MELHOR resposta em cada quesito e deve ser
repetida com freqüência para ser utilizada como parâmetro evolutivo do paciente.
         Varia de 3 a 15. O valor de 8 tem sido tradicionalmente relacionado a necessidade de
Intubação Orotraqueal em razão da maior chance de perda de patência de via aérea no
indivíduo com ECG ≤8. Há uma tendência a se elevar esse valor para ≤ 9.
         Como a grande maioria dos métodos em Medicina a Escala não é 100% específica nem
sensível e deve ser tomada em conta sempre em co-relação com a clínica do paciente.
         Por exemplo, uma pessoa com lesão na área de Broca (lobo frontal) cursa com uma
Afasia Motora e, apesar de compreender o que está sendo dito, não conseguirá falar. Contudo,
poderá obedecer a um comando mostrando que a capacidade de entendimento está
preservada. Se não levada em conta a clínica dessa paciente, por exemplo, ela teria sua ECG
sub-estimada de maneira errada com a perda de pontos da avaliação verbal.
         A ECG não deve ser utilizada em pacientes SOB SEDAÇÃO (neste caso, utilize outra
escala, como a de Ramsay ou a RASS)
         Em resumo, a ECG pode ser utilizada para as seguintes funções:
         1) Para definir coma ( ECG ≤8 )
         2) Para estratificar gravidade do Traumatismo Craniano (leve:13-15, moderado:9-12,
             grave ≤ 8)
         3) Para os candidatos à intabução (Glasgow ≤ 8. Há uma tendência a aumentar esse
             valor para 9)
         4) Como indicador prognóstico na avaliação do paciente. A persistência de baixos
             valores é sinal de má evolução.
(Adaptado de Paul Marino. Compêndio de UTI. 3ª Edição, 2008. Artmed. Capítulo 50, pág 749)
Tabela 2 - ESCALA DE RAMSAY
Ramsay    Avaliação
1         Acordado e agitado, ansioso ou inquieto
2         Paciente acordado e colaborativo
3         Dormindo, despertável com estímulo verbal, responsivo a comandos
4         Paciente dormindo, despertável com estímulo verbal vigoroso ou leve toque da glabela
5         Paciente dormindo, despertável com estímulo álgico leve (compressão glabelar)
6         Paciente dormindo sem resposta a compressão glabelas
       A escala de sedação de Ramsay foi desenvolvida em 1974 para avaliar o nível
de sedação em pacientes submetidos à ventilação mecânica. Contudo, ela se presta
mais a avaliar o grau de consciência do que a agitação. Os níveis 1 e 2 relacionam-se ao
paciente acordado e os 3-6 ao paciente não desperto. Apesar da ausência de uma
validação científica específica essa é a Escala mais difundida nas unidades de Terapia
Intensiva em todo mundo, com utilização superior à 70%. No entanto, já estão se
tornando de uso mais corrente alguns outras formas mais precisas de se avaliar o
doente sob efeito de drogas sedativas. Dentre esses novas escalas encontra-se a Escala
de Sedação e Agitação de Richmond, que foi validade e protocolada em um estudo de
2003 publicado no JAMA.
       Ramsay MA e Cols. Controlled sedation with alphaxalone-alphadolone. Br Med J
1974;2:656-659

Tabela 3 - Escala de Sedação e Agitação de Richmond ( RASS)
ESCORE     TERMO                    DESCRIÇÃO
+4         Combativo                Combativo, violento, perigo para Equipe
+3         Muito Agitado            Agressivo, remoção de sondas e cateteres
+2         Agitado                  Movimentos freqüentes não intencionais, Briga com
                                    o ventilador
+1         Inquieto                 Ansioso, mas sem movimentações perigosas
0          Calmo e Alerta
-1         Sonolento                Não completamente alerta, mas facilmente
                                    despertado ao comando verbal. Abertura ocular
                                    sustentada > 10 seg e mantém contato ocular
-2         Leve Sedação             Levemente sonolento. Abertura ocular a voz < 10 seg
                                    e mantém contato ocular
-3         Moderada Sedação         Sonolento. Abertura ocular ao estimulo verbal, mas
                                    não mantém contato ocular (não fixa olhar, olhar
                                    perdido)
-4         Profunda Sedação         Não responde à voz, mas abre ou movimenta o olho
                                    em resposta a dor.
-5         Não Responde             Não responde a estimulo verbal ou doloroso
     Ely EW, Truman B, Shintani A, e AL. Monitoring sedation status over time in ICU patients:
reability and validity of the Richmond Agitation-Sedation Scale( RASS). JAMA 2003;289:2983-
2991
     Sessler CN, Gosnell M, Grap MJ, Brophy GT, O'Neal PV, Keane KA et al. The Richmond
Agitation- Sedation Scale: validity and reliability in adult intensive care patients. Am J Respir
Crit Care Med 2002; 166:1338-1344.
A sequência para realização da RASS deverá ser a seguinte:

   1) Observe o paciente:
         a. Ele está alerta, inquieto ou agitado.                        Escore ai de 0 a +4.

   2) Se não está alerta diga o Nome do Paciente e peça para abrir os olhos e acompanhar o
      movimento de sua mão com os olhos:
          a. Abre os olhos e mantém > 10 seg                              Escore -1
          b. Abre os olhos e mantém < 10 seg                                Escore -2
          c. Movimenta os olhos mas não mantém contato ocular               Escore -3

   3) Se não há resposta verbal parta para resposta dolorosa:
          a. Há qualquer tipo de movimento com o estímulo                    Escore -4
          b. Não há qualquer tipo de movimento com o estímulo                Escore -5


Tabela 4- Peso Ideal
Sexo         Cálculo do Peso Ideal – Em Kg
Masculino    50 + 2,3(altura( cm)/2,54 -60)

Feminino     45,5 + 2,3( altura(cm)/2,54 -60)


         É importantíssimo o cálculo do peso ideal E NÃO DO PESO REAL, em todos os
pacientes, sejam eles de UTI, da Emergência ou mesmo de um enfermaria comum. É baseado
no peso ideal que devem ser administradas e calculadas a grande maioria das drogas que
precisam ser tituladas por kg ( drogas vasoativas,por exemplo) e também é baseado nele que é
ajustado o Volume Corrente na Ventilação Mecânica.
O cálculo do peso ideal leva em consideração o tamanho e o sexo da pessoa. CUIDADO: A
tabela disponibilizada nesse texto foi adaptada para o cálculo da altura em cm. A tabela
original, de fonte americana, usa a polegada como medida padrão. Como uma polegada
equivale a 2,54cm, foi adicionada a divisão da H(altura)por 2,54cm para manter a validade da
tabela.

Por exemplo,
       Um Homem de 150cm terá um peso ideal de aproximadamente 47,83 kg, podendo se
arredondadar para 48kg.


Aferindo a Pressão no Balonete

        Para calibrar a pressão intracuff com esse conjunto de peças, o profissional retira o
manguito de látex do esfigmomanômetro de coluna de mercúrio (F) e pode adaptar em seu
lugar (D) um pedaço da sonda de aspiração (C), a qual está ligada à torneira de três vias que
também está ligada à seringa de 5mL (A); o outro ramo da torneira de três vias (B) liga-se ao
balonete-piloto (E) do tubo endotraqueal do paciente. Dessa forma ao se manipular a seringa o
profissional pode calibrar a pressão intracuff no valor desejável. Nesse caso, a pressão
apontada no aparelho de pressão será dada em mmHg. Portanto, deverá ficar entre 15 e 25
mmHg. É importante ressaltar que esse método alternativo custa cerca de 300x menos do que
o Cuffômetro ($300) e pode ser feito em qualquer lugar.
Retirado de Armando Carlos Franco de GODOY e Ronan José VIEIRA, PRESSÕES
INTRACUFF: MÉTODO ECONÔMICO PARA CALIBRAGEM. Rev. Ciênc. Méd., Campinas,
15(3):267-269, maio/jun., 2006

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Avaliação e o processo de Enfermagem
Avaliação e o processo de EnfermagemAvaliação e o processo de Enfermagem
Avaliação e o processo de Enfermagem
resenfe2013
 
Exame Físico
Exame FísicoExame Físico
Exame Físico
lacmuam
 
Evolução de enfermagem
Evolução de enfermagemEvolução de enfermagem
Evolução de enfermagem
Jonathan Silva
 
Hemodiálise e diálise peritoneal
Hemodiálise e diálise peritonealHemodiálise e diálise peritoneal
Hemodiálise e diálise peritoneal
Sonara Pereira
 

La actualidad más candente (20)

Aula de cuidados com drenos
Aula de cuidados com drenosAula de cuidados com drenos
Aula de cuidados com drenos
 
Curativos
CurativosCurativos
Curativos
 
Assistência de enfermagem ao paciente com IAM com SST: estudo de caso
Assistência de enfermagem ao paciente com IAM com SST: estudo de casoAssistência de enfermagem ao paciente com IAM com SST: estudo de caso
Assistência de enfermagem ao paciente com IAM com SST: estudo de caso
 
Sinais Vitais
Sinais VitaisSinais Vitais
Sinais Vitais
 
Estudo de caso SAE
Estudo de caso SAEEstudo de caso SAE
Estudo de caso SAE
 
Aula anotação de enfermagem
Aula anotação de enfermagem Aula anotação de enfermagem
Aula anotação de enfermagem
 
Clínica Cirúrgica AULA 1
Clínica Cirúrgica AULA 1Clínica Cirúrgica AULA 1
Clínica Cirúrgica AULA 1
 
Cateterismo vesical
Cateterismo vesicalCateterismo vesical
Cateterismo vesical
 
Avaliação e o processo de Enfermagem
Avaliação e o processo de EnfermagemAvaliação e o processo de Enfermagem
Avaliação e o processo de Enfermagem
 
Balanco hidrico
Balanco hidricoBalanco hidrico
Balanco hidrico
 
Clínica Médica II (parte 1)
Clínica Médica II (parte 1)Clínica Médica II (parte 1)
Clínica Médica II (parte 1)
 
Choque
Choque Choque
Choque
 
Aula sinais vitais
Aula sinais vitaisAula sinais vitais
Aula sinais vitais
 
Exame Físico
Exame FísicoExame Físico
Exame Físico
 
Relatórios de enfermegem
Relatórios de enfermegemRelatórios de enfermegem
Relatórios de enfermegem
 
Sae aula .. (1)
Sae aula .. (1)Sae aula .. (1)
Sae aula .. (1)
 
Evolução pós parto
Evolução pós partoEvolução pós parto
Evolução pós parto
 
Evolução de enfermagem
Evolução de enfermagemEvolução de enfermagem
Evolução de enfermagem
 
SAE aplicada ao DPOC - Enfermagem
SAE aplicada ao DPOC - EnfermagemSAE aplicada ao DPOC - Enfermagem
SAE aplicada ao DPOC - Enfermagem
 
Hemodiálise e diálise peritoneal
Hemodiálise e diálise peritonealHemodiálise e diálise peritoneal
Hemodiálise e diálise peritoneal
 

Destacado (6)

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENFERMAGEM E A INSERÇÃO MASCULINA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENFERMAGEM E A INSERÇÃO MASCULINAEVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENFERMAGEM E A INSERÇÃO MASCULINA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENFERMAGEM E A INSERÇÃO MASCULINA
 
Histórico de enfermagem
Histórico de enfermagemHistórico de enfermagem
Histórico de enfermagem
 
Exame fisico enfermagem
Exame fisico enfermagemExame fisico enfermagem
Exame fisico enfermagem
 
Ficha anamnese idoso ok
Ficha anamnese idoso okFicha anamnese idoso ok
Ficha anamnese idoso ok
 
Ficha - Coleta de dados de enfermagem TIME DA ENFERMAGEM
Ficha - Coleta de dados de enfermagem TIME DA ENFERMAGEMFicha - Coleta de dados de enfermagem TIME DA ENFERMAGEM
Ficha - Coleta de dados de enfermagem TIME DA ENFERMAGEM
 
Plano assistencial, prescrições, evolução e prognóstico
Plano assistencial, prescrições, evolução e prognósticoPlano assistencial, prescrições, evolução e prognóstico
Plano assistencial, prescrições, evolução e prognóstico
 

Similar a Evolução de UTI

Artigo_SVcO2 e lactato na CEC_Associação c/ resultados C.C.Pediátrica
Artigo_SVcO2 e lactato na CEC_Associação c/ resultados C.C.PediátricaArtigo_SVcO2 e lactato na CEC_Associação c/ resultados C.C.Pediátrica
Artigo_SVcO2 e lactato na CEC_Associação c/ resultados C.C.Pediátrica
Paulo Sérgio
 
Artigo diagnóstico inicial e manejo da sepse grave e choque séptico
Artigo  diagnóstico inicial e manejo da sepse grave e choque sépticoArtigo  diagnóstico inicial e manejo da sepse grave e choque séptico
Artigo diagnóstico inicial e manejo da sepse grave e choque séptico
Erick Bragato
 

Similar a Evolução de UTI (20)

EVOLUÇÃO CLINICA em UTI (1).pdf
EVOLUÇÃO CLINICA em  UTI (1).pdfEVOLUÇÃO CLINICA em  UTI (1).pdf
EVOLUÇÃO CLINICA em UTI (1).pdf
 
Artigo_SVcO2 e lactato na CEC_Associação c/ resultados C.C.Pediátrica
Artigo_SVcO2 e lactato na CEC_Associação c/ resultados C.C.PediátricaArtigo_SVcO2 e lactato na CEC_Associação c/ resultados C.C.Pediátrica
Artigo_SVcO2 e lactato na CEC_Associação c/ resultados C.C.Pediátrica
 
Tetano - Caso Clinico
Tetano - Caso Clinico Tetano - Caso Clinico
Tetano - Caso Clinico
 
Sinais vitais
Sinais vitaisSinais vitais
Sinais vitais
 
Estudo de caso: Assistência de Enfermagem ao portador de Transposição de Gran...
Estudo de caso: Assistência de Enfermagem ao portador de Transposição de Gran...Estudo de caso: Assistência de Enfermagem ao portador de Transposição de Gran...
Estudo de caso: Assistência de Enfermagem ao portador de Transposição de Gran...
 
Simpósio de Plantonista Veterinário
Simpósio de Plantonista VeterinárioSimpósio de Plantonista Veterinário
Simpósio de Plantonista Veterinário
 
Sessão trale
Sessão traleSessão trale
Sessão trale
 
Profilaxia de TEV
Profilaxia de TEVProfilaxia de TEV
Profilaxia de TEV
 
Em Tempos De Dengue II
Em Tempos De Dengue IIEm Tempos De Dengue II
Em Tempos De Dengue II
 
Em Tempos De Dengue
Em Tempos De DengueEm Tempos De Dengue
Em Tempos De Dengue
 
Artigo diagnóstico inicial e manejo da sepse grave e choque séptico
Artigo  diagnóstico inicial e manejo da sepse grave e choque sépticoArtigo  diagnóstico inicial e manejo da sepse grave e choque séptico
Artigo diagnóstico inicial e manejo da sepse grave e choque séptico
 
Admissão do doente do foro cirurgico
Admissão do doente do foro cirurgicoAdmissão do doente do foro cirurgico
Admissão do doente do foro cirurgico
 
Fast Hug
Fast HugFast Hug
Fast Hug
 
PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade
PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade
PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade
 
Sessão caso
Sessão  casoSessão  caso
Sessão caso
 
Exame Físico Multidisciplinar
Exame Físico MultidisciplinarExame Físico Multidisciplinar
Exame Físico Multidisciplinar
 
InsuficiêNcia CardíAca Descompensada
InsuficiêNcia CardíAca DescompensadaInsuficiêNcia CardíAca Descompensada
InsuficiêNcia CardíAca Descompensada
 
exames
examesexames
exames
 
Sessão caso
Sessão  casoSessão  caso
Sessão caso
 
OFICINA DE SSVV - AULA 1.pdf
OFICINA DE SSVV - AULA 1.pdfOFICINA DE SSVV - AULA 1.pdf
OFICINA DE SSVV - AULA 1.pdf
 

Más de Daniel Valente

Roteiro prática no atendimento pré hospitalar ao trauma baseado na 7 edição p...
Roteiro prática no atendimento pré hospitalar ao trauma baseado na 7 edição p...Roteiro prática no atendimento pré hospitalar ao trauma baseado na 7 edição p...
Roteiro prática no atendimento pré hospitalar ao trauma baseado na 7 edição p...
Daniel Valente
 

Más de Daniel Valente (12)

Comunicação de má notícias - Como sistematizar?
Comunicação de má notícias - Como sistematizar?Comunicação de má notícias - Como sistematizar?
Comunicação de má notícias - Como sistematizar?
 
Passagem de plantão correção final
Passagem de plantão correção finalPassagem de plantão correção final
Passagem de plantão correção final
 
Roteiro prática no atendimento pré hospitalar ao trauma baseado na 7 edição p...
Roteiro prática no atendimento pré hospitalar ao trauma baseado na 7 edição p...Roteiro prática no atendimento pré hospitalar ao trauma baseado na 7 edição p...
Roteiro prática no atendimento pré hospitalar ao trauma baseado na 7 edição p...
 
Índice Tornozelo-Braquial (ITB)
Índice Tornozelo-Braquial (ITB)Índice Tornozelo-Braquial (ITB)
Índice Tornozelo-Braquial (ITB)
 
Diagnóstico eletrocardiográfico da artéria culpada no Infarto
Diagnóstico eletrocardiográfico da artéria culpada no InfartoDiagnóstico eletrocardiográfico da artéria culpada no Infarto
Diagnóstico eletrocardiográfico da artéria culpada no Infarto
 
Suporte avançado de vida em cardiologia
Suporte avançado de vida em cardiologiaSuporte avançado de vida em cardiologia
Suporte avançado de vida em cardiologia
 
Suporte avançado de vida em cardiologia aesp e assistolia
Suporte avançado de vida em cardiologia aesp e assistoliaSuporte avançado de vida em cardiologia aesp e assistolia
Suporte avançado de vida em cardiologia aesp e assistolia
 
Pericardite aguda
Pericardite agudaPericardite aguda
Pericardite aguda
 
Cuidados Pós Parada Cardiorespiratória
Cuidados Pós Parada CardiorespiratóriaCuidados Pós Parada Cardiorespiratória
Cuidados Pós Parada Cardiorespiratória
 
Campanha sobrevivendo à sepse 2012 mais atualizado
Campanha sobrevivendo à sepse 2012   mais atualizadoCampanha sobrevivendo à sepse 2012   mais atualizado
Campanha sobrevivendo à sepse 2012 mais atualizado
 
Bloqueios de ramo final
Bloqueios de ramo finalBloqueios de ramo final
Bloqueios de ramo final
 
Abordagem da cefaléia no ps
Abordagem da cefaléia no psAbordagem da cefaléia no ps
Abordagem da cefaléia no ps
 

Último

Último (8)

Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 
HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.ppt
HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.pptHIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.ppt
HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.ppt
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 

Evolução de UTI

  • 1. A EVOLUÇÃO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA *Daniel Valente Batista ‘In god we trust, all others show data’ MÓDULO – TERAPIA INTENSIVA A Evolução Médica na UTI é cercada por uma série de particularidades que a diferem da evolução habitual do paciente em leito de Enfermaria. A primeira delas é devido a , em geral, maior gravidade do paciente e ,assim, a necessidade de uma melhor avaliação dos órgãos e sistemas para determinação de índices prognósticos e definições de conduta. Outro ponto importantíssimo é o fato de que o seu exame físico e os exames complementares muitas vezes serão a única forma de obter dados do seu paciente, haja vista o freqüente número dos que estão Sedo-analgesiados e Intubados.Também é digno de nota a maior freqüência com que o paciente é avaliado.Apesar de haver protocolos específicos em cada Unidade de Terapia Intensiva, o paciente é avaliado, em média, 2 vezes por dia. A Evolução abaixo proposto é estratificada por sistemas e há uma mescla de achados de história, exame físico e laboratoriais em um mesmo item, o que diferencia, em parte, da evolução do paciente em Enfermaria. Contudo, esse modelo foi baseado no fato de que, muitas vezes, o paciente em UTI encontra- se sedo-analgesiado, em ventilação mecânica e não tem condições de se comunicar com o médico assistente. Sempre que possível deve-se falar com o paciente, anotar e valorizar suas queixas, pois elas podem falar muito mais do que achados laboratoriais. Evolução de UTI GERAL: Começa com o Nome, Idade e Sexo do paciente,os dias de internação no Hospital e os dias de internação na UTI, os seus principais diagnósticos e/ou hipóteses . Além disso,COLOCAR DATA E HORÁRIO DA HISTÓRIA sempre!Exemplo: 12/03/2008 19:00 Fulano de Tal, 63 anos, masculino. 14° de Internação Hospitalar e 4° dia na UTI por: - Pneumonia Comunitária Grave - Choque Séptico - IRA oligo-anúrica dialítica SONDAS E CATETERES: Descrever a presença de Sondas Vesical, Nasogástrica, Orogástrica, Sonda de Gastrostomia, bem como a quantos dias. Presença de Cateter Venoso Central, bem como sua localização, número de lumens, função( para diálise, por exemplo), a quantos dias foi colocado e se há alguma complicação relacionada *Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Ceará e Membro Integrante da Liga do Coração
  • 2. ao mesmo. (Hiperemia e aumento de temperatura no local da inserção, por exemplo).Descrever ,também, presença de medida da PA invasiva, presença de Swan-Ganz, Drenos ,etc. Da mesma forma que é importante relatar a presença de algum desses materiais é IMPRESCINDÍVEL relatar quando você solicitar ou tiver passado qualquer um deles precisando sempre o dia,a hora, a indicação e qualquer possível complicação nesse interi. Por exemplo, sabe-se que a febre relacionada a bacteremia após passagem de Cateter Central é incomum antes de 48h pós procedimento. Portanto, em paciente com febre e cateter central instalado há 6 horas muito provavelmente deverá ter outra causa febril. Sondas e Cateteres: Portador de Sonda Vesical de Demora há 8 dias, Cateter Venoso Central (há 3 dias) em Subclávia Direita Monolúmen, sem sinais de hiperemia ou aumento de temperatura, Sonda Nasogástrica para dieta enteral. ESTADO GERAL: Pesquisar,Icterícia, Palidez, Cianose, Febre, Ano/hiporexia, Ganho ou Perda de Peso, Orientação no tempo e no espaço, Cooperação. Lembrar que mais de 80% dos pacientes em UTI sofrem de Estado Confusional Agudo, também conhecido como Delirum, que se manifesta por uma alteração súbita no status mental manifestada por agitação ou sonolência (hiper ou hipoativo), com déficit principalmente da atenção e que flutua durante o dia. Estado Geral: EGR, anictérico, normocorado,acianótico, afebril nas últimas 24hs,com perda de 630g de ontem p/ hoje. NEURO/SEDAÇÃO: Veja que no exame físico da UTI há uma mescla de parâmetros do desse e de aspectos farmacológicos e laboratoriais. Nessa parte do exame é importaníssimo saber se há o uso de drogas sedo-analgésicas ( benzodiazepínicos, propofol, opióides, etc) qual a sua taxa de infusão e termos noção de há quanto tempo. O primeiro motivo disso é saber qual escala de avaliação do nível de consciência iremos utilizar. Em pacientes sem sedo-analgesia a utilizada é a Escala de Coma de Glasgow ( O; 4 V:5 M: 6) que varia de 3 a 15. (ver Anexos) e em pacientes sob efeito de sedo-analgesia utilizaremos a Escala de Ramsay ( 1 a 6),Escala de Sedação e Agitação de Richmond (ver Anexos, ao final do texto) .Além disso, é importantes sabermos da presença de Sedo-analgésicos para termos um noção do quão o estado do paciente se deve há uma patologia primária ( um AVC, por exemplo) ou apenas do efeito farmacológico das drogas.Idealmente, todo paciente deveria ter suas drogas desmamadas diariamente para uma melhor avaliação do sue Estado Geral.Reflexos superficiais e Profundos, Posição de Flexão ou Extensão?, Pupilas ( simetria, fotoreagentes?), Letargia, sonolência, insônia Neuro/Sedação: Sedo analgesiado com Fentanil 3 ml/h e midazolam 3ml/h. Ramsay 3. Pupilas mióticas, com 3 mm de diâmetro, isocóricas e fotoreagentes. Sem déficits focais. CARDIO: Ritmo Cardíaco, Tempo, Fonese de bulhas, Freqüência Cardíaca, PA em ambos os Membros Superiores, Pressão de Pulso, Anotar os extremos da variação da pressão( P.E.= PAS
  • 3. variou de 130 a 90mmHg e PAD de 90 a 60mmHg) .Uso de drogas Vasoativas ( Noradrenalina, Dopamina, Dobutamina, Nitroglicerina, Nitroprussiato, Vasopressina, etc) anotar posologia.Anotar se foi feita alguma manobra de Reanimação desde a última evolução,tempo de parada e por qual arritmia, se possível. Medidas hemodinâmicas (PAi, PVC, CAV, débito cardíaco, resistência periférica , etc...) e dados sobre perfusão tecidual (tonômetro e lactato). Dados laboratóriais: enzimas ( troponina, CK-MB massa), lactato, acidose metabólica, alterações importantes no ECG ou ECO, CAT / CINE. Cardio/Vascular: RCR, 2T, BNF,s/s. Em uso de noradrenalina 20 ml/h por cateter central. PAinvasiva ( 2° dia) em artéria radial esquerda 103x56 mmHg ( PAM= 72 mmHg). Enzimas cardíacas negativas. ECG: taquicardia sinusal PULMONAR: Freqüência Respiratória, Ausculta Pulmonar, Oferta de O2: venturi?Cateter Nasal?Ventilação Mecânica?(Qual modo?Ciclado a Pressão,a Volume (calcule o volume de acordo com o peso ideal e NÃO COM O PESO REAL, ver parte de Anexos), SIMV?FR?PEEP?Pressão de Suporte?FiO2?Verificar também pressão de pico e platô, bem como presença de pausa inspiratória). Balonete Insuflado?Verificar a pressão no Cuff do balonete. Idealmente deve estar entre 17 e 23 mmHg. Níveis pressóricos acima de 25mmHg podem ser maiores do que a nutrição arterial da traquéia e podem levar a dados a este órgão e seqüelas pós-extubção, como a traqueomalácia. Dreno de Tórax? Anotar procedimentos realizados no Tórax desde a última evolução (Pericardiocentese?, toracocentese?outros). Gasometria arterial ou venosa, propedêutica pulmonar e RX de tórax. Outros exames de Tórax e laudos. Pulmonar: IOT (D 4), número 8, com 22 cm , FR= 18(12), Assistido/Controlado,Ciclado a Volume,VC= 480 ml, Fluxo= 60L/min, onda de fluxo desacelerada ,FiO2=45 %, Pressão de Pico= 31 cmH20 e Platô = 22 cmH20.Balonete insuflado e com pressão de 20 mmHg. Gaso de 14 h: Ph= 7,32 , PaO2= 110 mmHg PaCO2 = 33 mmHg Sat02= 95% HCO3= 13 mEq:L Lactato = 2,3mEq/L. Feita TCAR de Toráx janela pra pulmão hoje ás 9:00hs que mostrou infiltrado alveolar em lobo inferior direito, aguardo laudo definitivo. ABDMONIAL: Exame físico( Inspeção, Ausculta, Palpação e Percussão), Há drenos? Sangramento Digestivo alto ou baixo? Débito por SNG, evacuações. Relatar alguma alteração importante em exame por imagem (tomografia, ultrassonografia, endoscopia, etc...) Abdome: Abdome simétrico, levemente distendido.Sem cicatrizes ,abaulamentos ou retrações.RHA presentes,mas diminuídos. Sem VMG. 2 evacuações pastosas nas últimas 24h. Sem sinais de sangramentos ativos. RENAL e HIDROELETROLÍTICO: Uréia, Creatinina, Clearance Estimado, Sódio, Potássio, Cálcio, Magnésio. Anotar diurese das últimas 24h ( oligo/anúria?), Em diálise(Hemodiálise( Anotar veia do acesso central)e Peritonial) anotar perdas, horário da diálise e dias da aplicação ( diária?alternada?). Em sonda vesical?Débito por hora. Balanço Hídrico, Uso de Drogas com
  • 4. potencial nefrotóxico: Aminoglicosídeios, AINEs, diuréticos,etc. Uso de procedimentos contrastados no dia (Angiografia, TC , etc). Renal/Metabólico: Ur= 33mg/dl, Cr=1,4 mg/dl, Na= 142mEq/L, K= 3,8 mEq/L Gaso Arterial as 5:00h: Ph= 7,32 , PaO2= 110 mmHg PaCO2 = 33 mmHg (FiO2= 45%) HCO3= 13mEq/L BE= - 4 HEMATOLÓGICO/INFECCIOSO: Transfundido?(Concentrado de Hemácias, Plaquetas, Plasma Fresco?)(Anotar quantas Unidades de cada um). Anotar: Hb, Plaquetas, Leucócitos ( Desvio à esquerda). Culturas em andamento?Resultado de alguma?(Hemocultura, Urinocultura, Cultura do Aspirado, outros locais). Curva térmica nas últimas 24 horas. NUTRIÇÃO: Tipo de suporte nutricional introduzido, complicações referentes a ele (hiperglicemia , uremia, vômitos, diarréia), avaliação da eficiência do suporte nutricional (balanço nitrogenado, curva ponderal ). MEMBROS: Condição dos membros (pulsos, perfusão, edema, TVP, etc....) PARECER: Averiguar a necessidade de Parecer de Nefrologistas, CCIH, Hematologista, Cirurgião, dentre outros. CHECAR EXAMES: Anotar os resultados dos últimos exames do dia e os laudos. É comum em Hospitais Escola que Profissionais assistentes ou acadêmicos de medicina se interessem por resultados de exames complementares que mostrem achados interessantes ou raros. Por isso, não é raro que, com o passar do tempo,alguns ‘ECGs’ interessantes ou ‘Raios-X’ raros sejam retirados do prontuário do paciente para fins acadêmicos. Lembre-se que o prontuário é do paciente, e não seu. Retirar exames do prontuário além de má prática médica é crime. Não esqueça que a comparação de resultados de exames ao longo da internação é fundamental para se ter noção da evolução clínico-laboratorial do paciente e,assim, termos noção prognóstica do paciente. Portanto, para aqueles que gostam da ciência sugere-se o uso de outros meios para registrar achados como, por exemplo, um máquina fotográfica. -Hemograma, contagem de Reticulócitos -Sumário de Urina -Bioquímica (Ur,Cr,TGO,TGP,Gama Gt, Fosfatase Alcalina, Glicemia, Hemoglobina Glicada,Vitamina B12, Ácido Fólico,Amilase, Lipase,Albumina,Globulina, Proteínas Totais, Bilirrubina Total, Bilirrubina Direta, Bilirrubina Indireta, Na, K, Mg, Ca,Litio, PCR,VHS,LDH, Ferro sérico, Ferritina, Saturação da Transferrina, Capacidade Total e latente de ligação, TAP, TPTA,outros exames) -Gasometria Arterial ou Venosa ( pH, PaCO2, Pa02, Sat 02, HCO3, Base Excess) -Resultado de Culturas feitas -Endoscopia Digestiva Alta
  • 5. -Mielograma -Broncoscopia -Raio-X -Ultra-som -EcoCardiograma Transtorácico ou Transesofágico -Tomografia Computadorizada com ou sem contraste, TCAR -Ressonância Magnética - Cintilografia -Angiografia/Angioplastia -Outros SOLICITO: - Escrever qualquer tipo de exame que vai ser solicitado.Lembrar que dependendo do serviço há sempre exames de rotina que são pedidos numa freqüência de 24h,12h, 6h ou outros horários a depender do serviço. É de fundamental importância, então, que você se familiarize com os exames que são feitos de rotina no seu serviço e quais não são. Além disso, se possível, colocar o motivo da solicitação dos exames. ANOTAR A CONDUTA: -Vai manter conduta?Vai pedir mais exames?Vai iniciar ou mudar algum dos itens da prescrição( Hidratação, ATB, drogas vasoativas, sedação, transfusão, anticoagulação, etc)?Transferir pra semi-intensiva ou enfermaria?Vai pedir parecer de alguma especialidade? ASSINAR!!!!!!!!! Lembre-se: O prontuário é a sua Defesa! Ficha de Prescrição Nome: João da Silva Leito: 12 Unidade: UTI Geral Adulto Itens de Prescrição: A prescrição, geralmente, segue uma sequencia baseada na seguinte ordem: 1) Tipo de Dieta: Enteral ou Paraenteral. Especificar alguns tipos clássicos: geral, branda,hipossódica, hipocalórica, etc. Lembre-se que em algumas situações pode ser necessária dieta zero. De preferência deve ser priorizada a dieta por via enteral em
  • 6. comparação com a parenteral. Uma discussão com a Nutrição ou com o médico Nutrilogista sempre é recomendada. 2) Corresponde a Hidratação: Ringer Lactato, Soro Fisiológico, Soro Glicosado, Soro Glicofisiológico, Ringer Simples. Lembre-se que nem todo paciente necessita de hidratação endovenosa. Os pacientes que tolerarem ingesta de fluidos via oral e que não tenham nenhuma contra-indicação para essa conduta devem ter a ingesta oral priorizada. É pratica comum vermos ‘’vamos manter esse sorinho’’ pra hidratar o paciente. Lembre-se que as condutas no paciente grave devem ser baseadas em evidências e aliadas a uma raciocínio crítico do ‘porque’ de cada medida e não simplismente ‘fazer por que todos fazem’. 3) Drogas que vão atuar mais ‘diretamente’ no tratamento. É interessante que se coloque ao lado desses itens o dia de uso. Por exemplo: ‘Moxifloxacina, 400mg, EV, 1 x/dia – D1’ a. Antibióticos b. Drogas Vasoativas c. Hemocomponentes ou Hemoderivados d. Antiarritmicos e. Trombolíticos f. Anti-Coagulantes g. Anti-Neoplásicos h. Drogas Sedo-Analgésicas Dentre outros 4) Sintomáticos: a. Antitérmicos b. Analgésicos c. Anti-Inflamatórios d. Anti-eméticos e. Anti-diarréicos f. Esquemas de Insulina Regular ou Glicose 50% g. O2 por cateter nasal ou mascara laríngea Dentre Outros
  • 7. 5) Outros: Faz parte da prescrição médica e deve ser relatado, sempre, os procedimentos a serem tomados em relação ao paciente, p.e, passar um CVC ou uma sonda urinária, bem como quaisquer outra condição que façam parte da prescrição médica. a. Passar Sonda Vesical de Demora ou Alívio b. Passar Cateter Venoso Central c. Instituir Pressão Venosa Central d. Passar cateter de Swan Ganz e. Instituir Marca-Passo Transcutâneo ou Transvenoso f. Colher Gasometrial Arterial e respectivos intervalos g. Monitorização Eletrocardiográfica h. Oximetria de Pulso i. Curva Pressórica, Glicêmica ou Térmica e respectivos intervalos j. Intubação Orotraqueal k. Solicitação de Parecer l. Solicitação de Transferência m. Horário do óbito Dentre Outros FAST HUG Uma regra para Lembrar da Sua prescrição BÁSICA em todo paciente em UTI é a Mnemônica: FAST HUG. O autor que preconiza esse uso recomenda que seja dado um Fast Hug (Abraço rápido, tradução livre) no paciente de UTI pelo menos 1 vez ao dia. É importante frisar que toda a equipe que trabalha na unidade deve estar familiarizada com estes sete tópicos ( principalmente a equipe de enfermagem) e alertar o médico sobre eventuais ausências dos itens prescritos ou de trocas recentes para que possa entender o porque das mudanças. Seria o FAST HUG uma espécie de check-list do seu paciente. Há outras menmônicas também utilizadas para que não se deixem passar em brancos itens fundamentais da prescrição como a SUSPEITA PARA O BEM, apresentada no final desse texto. F- Tipo de Alimentação: Por SNG, via oral, branda, hipossódica(...). Avalie qualquer tipo de intolerância a dieta (diarréia?vômitos?), se há possibilidade sair da enteral para oral,etc( Feeding)
  • 8. A – Analgesia: Avaliar dor do paciente associada ou não a procedimentos, avaliar analgesia profilática. Lembrar que prevenir a dor é melhor do que tratar a sua existência. S- Sedação: Se seu paciente está Sedado avaliar grau de Sedação. Avalie se há na sua Unidade protocolos para retirada de sedação diária e reavaliação do paciente T- Profilaxia da TVP e TEP: Considerar o uso de heparinização profilática no seu doente com o Uso de Heparina Não-Fracionada ou da Heparina de Baixo Peso Molecular. ( Thrombo profilaxy) H: Cabeceira elevada a 30°: para previnir aspiração e pneumonite química e pneumonia aspirativa. (Head Elevated) U: Prevenção de úlcera de stress: avaliar se o paciente está em uso de inibidores do receptor H2 da histamina ( Ranitidina) ou de bloqueadores de bomba de prótons para prevenir as lesões decorrentes do stress gástrico. G: Controle de Glicose: avaliar níveis glicêmicos e indicar,ou não, controle de glicemia. Algumas considerações devem ser feitas a Respeito de alguns itens descritos no FAST HUG: Cabeceira Elevada: A Colocação de Pacientes em decúbito dorsal com cabeceira elevada( entre 30° e 45° mostrou ser um fator de impacto significativo na diminuição da incidência de Pneumonia associada ao Ventilador Mecânico bem como de qualquer tipo de Pneumonia Hospitalar. É recomendada em todo paciente de UTI por diversas sociedades e diretrizes, inclusive o Surviving Sepsis 2008. Além de ter mostrado diminuir taxas de Pneumonia, é um método inócuo e ,praticamente, sem custos. A presença dessa medida, inclusive, é um indicador de qualidade das instituições que recebem pacientes sob Ventilação Mecânica. Drakulovic MB, Torres A, Bauer TT,Nicolas JM, Nogue S, Ferrer M. Supine body position as risk factor for nosocomial pneumonia in mechanically ventilated patients: randomised Trial. Lancet 1999;27;354 (9193):1851-8. Sedação: O paciente sedado não pode ter seu sensório ou mesmo o nível de sedação avaliado pela Escala de Coma de Glasgow. Para esse procedimento deverão ser utilizadas escalas feitas para essa função. A Escala de Ramsay, de 1974, foi consagrada pelo seu uso e hoje é utlizada em mais de 70% das UTIs, apesar da ausência de validação científica (ver Anexos).Ela varia de 1 a 6 e o objetivo é que se consigam valores entre 2 e 3. Valores menores suscitam mais sedativo e maiores a reavaliação e,possivelmente, diminuição dos valores. Há outras Escalas de Sedação disponíveis no meio médico e que, talvez, reflitam melhor o estado
  • 9. do paciente sob influência de drogas sedativas ( ver Anexos, ao final do texto). Estudo recente publicado no Critical Care Medicine – 2009 avaliou os pacientes quanto a utilização de Sedação Superficial e Profunda e foi visto que, nos pacientes em sedação superficial, foram menores as taxas de permanência na UTI e de dias de VM, e não afetaram o paciente quanto as taxas de stress pós-traumático ou outras perturbações mentais. Já se sabe que a administração contínua de sedativos é um preditor independente de maior duração da ventilação mecânica, maior permanência na UTI e no Hospital e é recomendação do último Consenso Brasileiro de VM que seja tentada a interrupção diária da mesma.Por isso, é importante, também, que seja verificado o protocolo de sua unidade e discutido com o Médico Coordenador ou Diarista a possibilidade de Desmame da Sedação diária para novas avaliações do Status Menta e re-titulação da droga infundidade.l. Importante lembrar que os Protocolos da Unidade de UTI devem ser, sempre que possível, implementados de acordo com as peculiaridades do serviço e com uma participação multiprofissional. Miriam M. Treggiari et al.Randomized trial of light versus deep sedation on mental health after critical illness* Crit Care Med 2009 Vol. 37, No. 9 Kollef MH, Levy NT, Ahrens TS, Schaiff R, Prentice D, Sherman G. The use of continuous i.v. sedation is associated with prolongation of mechanical ventilation. Chest. 1998;114(2):5418. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica 2007 – Desmame e Interrupção da Ventilação Mecânica. J Bras Pneumol, 2007; 33(Supl 2):S 128-S 136 Profilaxia de Úlcera de Stress: ''São contadas as mais fantásticas lendas biológicas. Por exemplo, que é perigoso ter ácido no estômago.'' J.B.S. Haldane (1939) O uso indiscriminado da profilaxia para úlcera de stress ( um dos itens preconizados pelo FAST HUG) também tem sido alvo de algumas críticas por parte de sociedades e pesquisadores alertando no sentido de que, fisiopatologicamente, é a hipoperfusão da mucosa gástrica, secundária ao desvio do fluxo sanguíneo para órgãos nobres, e não a acidez estomacal, a responsável pela produção de úlceras gástricas de stress. Esses autores também relacionam o aumento do pH estomacal como responsável por um aumento das taxas de Pneumonias Hospitalares secundárias a menores taxas de mortes de patógenos pela acidez gástrica, facilitando a contaminação de vias aéreas inferiores.Tentando, em parte, responder essa pergunta foi desenhado um estudo de prospectivo, de Coorte com mais de 60000 pacientes, unicêntrico, que mostrou ,significativamente, um aumento das taxas de Pnemonia associada ao uso de Proteção Gástrica. Contudo, em análises de sub-grupo, só quem tem aumento foram os pacientes que usaram inibidores de bomba de prótons e não os que usaram bloqueador H2 da Histamina. É importante salientar, que esse estudo, no entanto, abordou os pacientes do Hospital como um todo e não utilizou, especificamente, os que se encontravam na Unidade de Terapia intensiva.No entanto, o estudo corrobora uma nova linha que sugere que seja feita uma análise mais critica de quando se iniciar a profilaxia para úlcera de stress
  • 10. e,se essa for ser feita, qual agente escolher.Uma revisão recente do Critical Care mostrou que não há evidência científica que comprove o benefício da profilaxia da úlcera de stress em todo paciente que está em UTI, mas sim naqueles onde há fator de risco para que ela ocorra, como sepse, hipotensão,falência renal, respiratória, etc.(Por sorte, a maioria dos pacientes em UTI, geralmente, tem um fator de risco que o encaixa na condição para receber profilaxia) (vide referência abaixo). De qualquer forma, se for feita a opção pela profilaxia a literatura mostra que, até o momento, e com baixa evidência, a escolha poderia recair sobre bloqueadores H2 ao invés de inibidores de bomba. Para melhor avaliação das recomendações em questão sugere-se a leitura dos artigos originais que estão disponibilizados abaixo: Shoshana J. Herzig; Michael D. Howell; Long H. Ngo; et AL Acid-Suppressive Medication Use and the Risk for Hospital-Acquired Pneumonia. JAMA. 2009;301(20):2120-2128 (doi:10.1001/jama.2009.722) Jean-Pierre Quenot, Nadiejda Thiery and Saber Barbar. When should stress ulcer prophylaxis be used in the ICU. Current Opinion in Critical Care 2009,15:139–143 Controle Glicêmico : É pratica comum nas prescrições médicas em diversos Hospitais da cidade e nos diversos ambientes hospitalares (enfermarias, UTIs, unidades semi- intensivas,etc) a utilização do ‘Esquema de Insulina Regular conforme Glicemia’ como forma de controle glicêmico baseado em aferições seqüenciadas da glicemia capilar (4/4h , 6/6h a depender do Médico Assistente). Essa medida é utilizada principalmente quando o paciente tem história prévia de Diabetes Mellitus. Esse esquema geralmente usa valores de Glicemia sobre os quais deverão ser aplicados, ou não, doses de insulina.Por exemplo, se glicemia entre 0 e 150 mg/Dl: não aplicar, se entre 150 e 200: aplicar 2 unidades e assim por diante. É IMPORTANTÍSSIMO frisar que essa prática NÃO É BASEADA EM NENHUMA EVIDÊNCIA científica e fundamenta-se unicamente no empirismo. Em todos os Estudos já publicados que avaliaram a eficácia e os efeitos em relação a morbi-mortalidade relacionadas ao Controle de Glicemia foram usados protocolos de aplicação de Insulina Regular EV de maneira contínua sob Bomba de Infusão Contínua (BIC) e não aplicados em de maneira temoral.Portanto, NÃO HÁ evidência que suporte o uso desse Esquema na prática médica. Portanto, se for decidido pelo controle de glicemia deverão ser utilizados protocolos com infusão contínua da glicose. Uma vez decido pelo controle glicêmico há um grande dilema sobre qual deverá ser a melhor forma de fazê-lo. Em 2001, Van den Berghe e cols, mostraram uma redução de mortalidade em pacientes cirúrgicos de uma única instituição com o uso de controle glicêmico para alvos de glicemia baixos (entre 80-110mg/dl mg/dl) comparados com pacientes randomizados para níveis ais altos (180-200mg/dl). Esse trabalho revolucionou a comunidade intensivista haja vista que até aquela época era freqüente se afirmar que a hiperglicemia era uma resposta fisiológica e benigna ao stress ao qual o paciente estava sendo submetido (trauma, sepse, cirurgia, etc..). Contudo, algumas críticas foram feitas ao trabalho em relação a ‘capacidade’ de generalização dessa conclusão para população geral atendida em UTI. A base
  • 11. dessas críticas era relacionado ao fato de a pesquisa ser unicêntrica, ‘n’ relativamente pequeno e também de só ter incluído pacientes cirúrgicos. Para tentar entender melhor a relação entre controle glicêmico e morbi-mortalidade foi elaborado um Estudo Randomizado Controlado Multicêntrico Internacional (Nova Zelândia, Austrália e Canadá) (NICE SUGAR, NEJM, 2009), utilizando mais de 6000 pacientes, que mostrou que controles glicêmicos estritos de glicemia ( em torno de 80-110 mg/dl) via infusão contínua de insulina,aumentaram taxas de mortalidade e de hipoglicemia severa (<40mg/Dl) em pacientes de UTI. Mudando um conceito recente que afirmava que o controle estrito da Glicemia seria favorável em termos de morbi-mortalidade para todos os pacientes em UTI. Esse estudo associado a uma meta-análise de 29 estudos publicada em 2008 no JAMA, ambos estudos nível de evidência A, mostraram não haver benefício na redução de mortalidade dos pacientes submetidos a controle estrito de glicemia. Essas publicações, inclusive, modificaram as recomendações do Surviving Sepsis 2008 em relação ao nível glicêmico ideal de manutenção. Baseado nesses estudos os revisores da seção de controle glicêmico do Surviving Sepsis, em junho de 2009, caracterizam como SUGESTÃO FORTE NÃO fazer controles glicêmicos em torno de 80-100mg/Dl e recomendam que só seja iniciado um controle glicêmico através de bomba de insulina quando os níveis Glicêmicos forem maiores do que 180 mg/dL e o nível alvo seria por volta de 150mg/Dl. Essa mesma recomendação é endossada por outras sociedades médicas importantes que podem ser vistas também no site http://www.glycemiccontrol.net/. Para melhor avaliação das recomendações em questão sugere-se a leitura dos artigos originais que estão disponibilizados abaixo: Jean-Louis Vincent. Give your patient a fast hug (at least) once a day*.Crit Care Med 2005 Vol. 33, No. 6 The Nice Sugar Investigators. Intensive versus Conventional Glucose Control in Critically ill Patientes. N Eng J Med 360:13. March 2009. Renda Soylemez Wiener; Daniel C. Wiener; Robin J. Larson. Benefits and Risks of Tight Glucose Control in Critically Ill Adults: A Meta-analysis. JAMA. 2008;300(8):933-944 (doi:10.1001/jama.300.8.933) Griesdale DE, de Souza RJ, van Dam RM, Heyland DK, Cook DJ, Malhotra A, Dhaliwal R, Henderson WR, Chittock DR, Finfer S, Talmor D. Intensive insulin therapy and mortality among critically ill patients: a meta-analysis including NICE-SUGAR study data. CMAJ. 2009 Apr 14;180(8):799-800. Van den Berghe G et al. Intensive insulin theraphy in critically ill patients.N Eng J Med 2001; 345:1359-67. Surviving Sepsis Campaign Statement on Glucose Control in Severe Sepsis (June 2009*). Surviving Sepsis Campaign (SSC) Guidelines Committee Subgroup for Glucose Control; R. Phillip Dellinger, MD, FCCM, the 2008 SSC Guidelines Chair; and the SSC Executive Committee. Acessado em Junho 2009 no link abaixo: http://www.survivingsepsis.org/system/files/images/tatement_on_Glucose_Control_in_Sever e_Sepsis.pdf
  • 12. Diabetes Experts Issue New Recommendations for Inpatient Glycemic Control - Call for Systemic Changes in Hospitals Nationwide http://www.glycemiccontrol.net/ Protocolo de Controle Glicêmico: Um dos primeiros protocolos para manejo da glicemia por meio de infusão contínua de insulina foi o conhecido protocolo de Yale e foi lançado em 2004 na Diabete Care. O protocolo teve uso extenso em diversas unidades de terapia intensiva e tem sido validado por diversos autores, inclusive nacionais por Diener e cols, na Revista Brasileira de Terapia Intensiva, em 2006. Segue abaixo o protocolo Yale. Note que o protocolo abaixo exposto vem com medidas que servem apenas de exemplo e você, futuro médico ou médico intensivista, é autônomo para mudar algumas configurações baseado na literatura mais atual. Por exemplo, no item Faixa Alvo onde no protocolo se vê 80-140mg/dl, hoje sabe-se que os valores devem ser maiores e próximos a 150 mg/dl.Por isso, o que se deve é absorver o ‘esqueleto’ do protocolo e ajustá-lo continuamente em sintonia com a literatura.
  • 13. Retirado de Diener e cols 2006:18:3:268-275 RBTI Para melhor estudo dos métodos de controle glicêmico sugerimos: DIENER, José Roberto Carvalho; PRAZERES, Carlos Eduardo Elias dos; ROSA, Cilmar Mello da and ALBERTON, Urubatan Collaço. Avaliação da efetividade e segurança do protocolo de infusão de insulina de Yale para o controle glicêmico intensivo. Rev. bras. ter. intensiva [online]. 2006, vol.18, n.3, pp. 268-275. ISSN 0103-507X. Goldberg PA, Siegel MD, Sherwin RS et al – Implementation of a safe and effective insulin infusion protocol in a medical intensive care unit. Diabetes Care, 2004;27:461-467. www.glycemiccontrol.net acessado em julho 2009
  • 14. SUSPEITA PARA O BEM Baseado no FAST HUG e Elaborado por Filho e Westphal e cols em Manual Prático de Medicina Intensiva- 5ª Edição - 2008 Sedação – Avaliar necessidade, grau, ciclo-vigília, tipo de sedativo, retirada diária Úlcera- Necessidade para profilaxia de úlcera gástrica por stress Suspensão- Elevação da Cabeceira em 30° de pacientes em VM Períneo – Examinar períneo e verificar sonda vesical Escara – avaliar a presença de úlceras de decúbito e a necessidade de profilaxia Infecção do Cateter – Busca por sinais flogísticcos TVP – Avaliar a profilaxia farmacológica ou mecânica Alimentação – Tipo de dieta, intolerância, diarréia Pressão de vias aéreas – pressão de platô < 30cmH20 Analgesia – Avaliar dor Retirar do leito – Avaliar possibilidade de deambular Antibiótico – Checar hemoculturas, duração, dose,ajuste para Insf.Renal Oftalmoproteção – Profilaxia para úlceras na córnea Balonete – Verificar pressão do balonete.Manter entre 20 e 34 cmH20 Extubação – Avaliar possibilidade de desmame ou realização de traqueostomia Metabólico – Avaliar e corrigir distúrbios
  • 15. O Check-List SUSPEITA PARA O BEM acaba englobando todos os itens do FAST HUG e uma série de outros, o que o torna mais completo,mas, talvez, um pouco mais difícil de ser memorizado. No entanto, muitas Unidades de Terapia Intensiva ou mesmo de Semi-Intensiva tem usado esse Método através da elaboração de uma planilha onde todos os dados são checados (geralmente pela Equipe de Enfermagem) diariamente e repassados para o Médico Plantonista que irá decidir sobre o que foi visto. O interessante dessa mnemônica é que ela contempla itens que são ROTINEIRAMENTE esquecidos na avaliação do paciente grave e também merecem alguns comentários (alguns itens já foram contemplados anteriormente no texto, veja FAST HUG). Alimentação: Verifique diariamente como anda a alimentação do paciente. Há várias maneiras de se nutrir uma pessoa em UTI: Via Oral, por Sonda Nasogástrica, Orogástrica, Sonda Nasoenteral, Gastrostomia ou Jejunostomia, essas duas últimas são abordagens cirúrgicas. Essas cinco abordagens são ditas ‘enterais’. Caso o paciente esteja recebendo a sua dieta através de acesso venoso esta será dita ‘paraenteral’. Idealmente, todos os pacientes deveriam ter condições de se alimentar por via oral, mas isso, principalmente no ambiente da UTI, é mais difícil devido a condição crítica dos mesmos. Por isso, nós lançamos mão do uso de sondas. As sondas nasogástricas e nasoenteral são utilizadas, geralmente, por até 3 semanas. Pacientes que necessitarem dessa assistência por maiores períodos devem ser submetidos a gastro ou jejunostomias. Isso ocorre para prevenção das complicações do uso das sondas. Por exemplo, sondas nasogástricas acarretam má drenagem dos óstios dos seios paranasais e podem causar sinusite e outras irritações na mucosa. Além disso, impedem o funcionamento perfeito do esfíncter esofágico e podem predispor a aspiração e,se mantidas em aspiração constante, podem ser causa de alcalose metabólica. Outrossim, deve-se também avaliar a presença de vômitos,diarréia ou outro sinal de intolerância alimentar ou disfunção do TGI. Portanto, sempre que possível avalie a possibilidade da retirada de sondas e transferência para dieta oral, bem como o início da dieta oral em pacientes que estavam em ‘dieta zero’, por exemplo, na pancreatite aguda ou apendicite. Pressão de Vias Aéreas: É recomendação da Campanha Sobrevivendo à Sepse 2008 que todos os pacientes submetidos à VM , independente do modo ventilatório escolhido, tenham sua Pressão de Platô avaliada ,ao menos diariamente, e que sejam feitas todas as medidas necessárias para que ela fique ≤ 30 cmH20. A pressão de platô é obtida através do fechamento da válvula inspiratória do Ventilador através do fenômeno de Pausa Inspiratória e se relaciona diretamente com a complacência das Vias Aéreas. Em geral, ela é dada pelo próprio ventilador e deve ser mantida ≤ 30 cmH20 para diminuir as chances de barotrauma ou, melhor dizendo, da Lesão Pulmonar Induzida pelo Ventilador (VILI, em inglês). Se a pressão de platô medida estiver maior que 30 devem ser consideradas medidas para baixá-la, como, por exemplo, diminuição do volume corrente, aumento da PEEP ou diminuição da Freqüência Respiratória. Surviving Sepsis Campaign Statement on Glucose Control in Severe Sepsis (June 2009*). Surviving Sepsis Campaign (SSC) Guidelines Committee Subgroup for Glucose Control; R. Phillip Dellinger, MD, FCCM, the 2008 SSC Guidelines Chair; and the SSC Executive Committee. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica 2007 – Ventilação mecânica: princípios, análise gráfica e modalidades ventilatórias. J Bras Pneumol, 2007; Deambulação Precoce: O paciente deve ser avaliado em relação a possibilidade de poder deambular na própria unidade de terapia intensiva o mais rápido possível. O Decúbito
  • 16. dorsal está associado a diversas complicações nesses pacientes, como a formação de escaras, a atrofia muscular e ao risco aumento de Trombose Venosa Profunda e Tromboembolismo Pulmonar. Portanto, avalie diariamente seu paciente quanto a esse quesito. Antibiótico: Os antibióticos foram descritos (na verdade a Penicilina) como uma das 10 maiores descobertas médicas. Na UTI, o uso de antioticoterapia é freqüente. Por isso, avalie o seu paciente quanto a necessidade de iniciar, suspender, mudar ou acrescentar antibióticos ao seu manejo clínico. Não considere febre sinônimo de infecção. Muito longe disso. Busque saber sobre a realização de culturas (hemoculturas, cultura de cateter, urinocultura...) e dos possíveis resultados, bem como da necessidade de solicitação de novas. Avalie, sempre, após o isolamente de um germe e da realização do antibiograma, a possibilidade de reduzir o seu espectro para um antibiótico mais específico para o microorganismo isolado. Tenha uma relação estreita com a CCIH e saiba quais os germes da sua flora hospitalar,bem como sobre o perfil de resistência dos mesmos. Pressão do Balonete: Os tubos dos pacientes submetidos à VM geralmente possuem um balonete (cuff) que é insuflado na porção proximal e fica em contato com a Traquéia. A função desse mecanismo é evitar a movimentação do tubo e a aspiração de conteúdo gástrico para vias aéreas inferiores. Esse balonete é inflado no momento da IOT com a ajuda de uma seringa com ar. No entanto os níveis pressóricos nele tem de ser controlados e mantido numa faixa entre 20 a 34 cmH20 (15 a 25 mmHg). Níveis pressóricos maiores que isso irão dificultar/impedir a perfusão da mucosa traqueal, haja vista que ela é de geralmente 30-40 mmHg. Níveis mais baixos, no entanto, não fixaram o tubo e podem facilitar o seu deslocamento bem como a aspirações de secreções, o que poderia levar a um aumento das taxas de Pneumonia Associada à VM. Por isso, é recomendação do Consenso Brasileiro de VM, de 2007, que a pressão do cuff seja avaliada 3 vezes ao dia para prevenir lesões isquêmicas de traquéia. Essa verificação pode ser feita através de um aparelho chamado cuffômetro(nome comercial Posey Cufflator ou através um método alternativo e eficaz que usa uma seringa de 5mL, uma torneira de três vias, um esfingnomanômetro de mercúrio e 5 cm de um tubo de aspiração. (a demonstração da técnica encontra-se na parte de Anexos, ao final do texto) Por fim, as complicações mais graves da intubação orotraqueal (IOT) incluem ulceração, traqueomalácia ou estenose traqueal, todas relacionadas com intubação prolongada e pressões elevadas dos balonetes. O uso de tubos traqueais com balonete sob pressão numa faixa de 20 a 34 cmH2O permite a perfusão traqueal além de vedar a via aérea de modo eficaz, diminuindo as possibilidades destas complicações. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica 2007 – Fisioterapia no paciente sob Ventilação Mecânica. J Bras Pneumol, 2007; 33(Supl 2):S 142-S 150 Reader JC, Borchgrevink PC, Silevold OM - Tracheal tube cuff pressures. Anesthesia, 1985;40:444-447. Seegobin RD, Hasselt GL - Endotracheal cuff pressure and tracheal mucosal blood flow: endoscopic study of effects of four volume cuffs. Br Med J, 1984;288:965-968 Armando Carlos Franco de GODOY e Ronan José VIEIRA, PRESSÕES INTRACUFF: MÉTODO ECONÔMICO PARA CALIBRAGEM. Rev. Ciênc. Méd., Campinas, 15(3):267-269, maio/jun., 2006 Extubação: Todos os pacientes que estejam em uso de Ventilação Mecânica e uso de Tubo orotraqueal devem ser submetidos a avaliação para possível extubação e, de preferência, essa avaliação deve ser diária e acontecer de maneira sistemática, ou seja, um protocolo da Unidade de Terapia Intensiva como um todo e não uma posição de uma ou outra equipe. Lembre-se que a Ventilação Mecânica não é um processo isento de riscos e quanto mais
  • 17. tempo de uso da mesma aumentam os risco de Pneumonia Associada ao Ventilador Mecânico e seqüelas na traquéia em relação a permanência do Tubo Orotraqueal. Por sinal, em pacientes que tem a previsão de uso de tubo por mais de 14 dias devem ser submetidos a traqueostomia. Alguns critérios devem ser,portanto, preenchidos e pesquisados para essa possibilidade, são eles: - Condição Médica do Paciente que levou a Intubação resolvida ou em processo avançado de resolução. - Sem instabilidade hemodinâmica - Distúrbios Ácido-Base e Hidroeletrolíticos corrigidos. - PaO2 > 60 mmHg, com uso de FiO2 ≤ 40% e PEEP ≤ 5 cmH20 - Sem uso de musculatura acessória - Correção do Balanço Hídrico - Paciente ACORDADO e CONSCIENTE (lembre-se que a indicação de intubação não é só por problemas da mecânica pulmonar ou ventilação, mas também para proteção das vias aéreas! Por isso, o paciente tem de estar acordado e consciente. - Reflexo da tosse presente Grosso modo, os pacientes que preencherem os itens acima devem ter discutida a possibilidade de testes para desmame da Ventilação. O III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica, 2007, mais uma vez, apresenta um texto mais detalhado sobre ‘como fazer’ a extubação. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica 2007 – Desmame e Interrupção da Ventilação Mecânica. J Bras Pneumol, 2007
  • 18. ANEXOS Tabela 1 - Escala de Coma de Glasgow - ECG Variáveis Escore Ocular Espontânea 4 Á voz 3 A dor 2 Nenhuma 1 Verbal Orientada 5 Confusa 4 Inapropriada 3 Incompreensivas 2 Nenhuma 1 Motora Obedece comandos 6 Localiza dor 5 Localiza retirada da dor 4 Flexão Anormal 3 Extensão Anormal 2 Nenhuma 1 A Escala de Coma de Glasgow foi inicialmente desenvolvida no âmbito do Traumatismo Crânio-Encefálico. Por sua utilização simples, é também utilizada como avaliadora do sensório em pacientes com Outros quadros, não obrigatoriamente relacionados a patologias neurológicas. A concordância inter-observador (ou seja, entre dois profissionais treinados para realização do exame) é relativamente boa e gira em torno de 70-80%. Deve-se frisar que ela avalia SEMPRE a MELHOR resposta em cada quesito e deve ser repetida com freqüência para ser utilizada como parâmetro evolutivo do paciente. Varia de 3 a 15. O valor de 8 tem sido tradicionalmente relacionado a necessidade de Intubação Orotraqueal em razão da maior chance de perda de patência de via aérea no indivíduo com ECG ≤8. Há uma tendência a se elevar esse valor para ≤ 9. Como a grande maioria dos métodos em Medicina a Escala não é 100% específica nem sensível e deve ser tomada em conta sempre em co-relação com a clínica do paciente. Por exemplo, uma pessoa com lesão na área de Broca (lobo frontal) cursa com uma Afasia Motora e, apesar de compreender o que está sendo dito, não conseguirá falar. Contudo, poderá obedecer a um comando mostrando que a capacidade de entendimento está preservada. Se não levada em conta a clínica dessa paciente, por exemplo, ela teria sua ECG sub-estimada de maneira errada com a perda de pontos da avaliação verbal. A ECG não deve ser utilizada em pacientes SOB SEDAÇÃO (neste caso, utilize outra escala, como a de Ramsay ou a RASS) Em resumo, a ECG pode ser utilizada para as seguintes funções: 1) Para definir coma ( ECG ≤8 ) 2) Para estratificar gravidade do Traumatismo Craniano (leve:13-15, moderado:9-12, grave ≤ 8) 3) Para os candidatos à intabução (Glasgow ≤ 8. Há uma tendência a aumentar esse valor para 9) 4) Como indicador prognóstico na avaliação do paciente. A persistência de baixos valores é sinal de má evolução. (Adaptado de Paul Marino. Compêndio de UTI. 3ª Edição, 2008. Artmed. Capítulo 50, pág 749)
  • 19. Tabela 2 - ESCALA DE RAMSAY Ramsay Avaliação 1 Acordado e agitado, ansioso ou inquieto 2 Paciente acordado e colaborativo 3 Dormindo, despertável com estímulo verbal, responsivo a comandos 4 Paciente dormindo, despertável com estímulo verbal vigoroso ou leve toque da glabela 5 Paciente dormindo, despertável com estímulo álgico leve (compressão glabelar) 6 Paciente dormindo sem resposta a compressão glabelas A escala de sedação de Ramsay foi desenvolvida em 1974 para avaliar o nível de sedação em pacientes submetidos à ventilação mecânica. Contudo, ela se presta mais a avaliar o grau de consciência do que a agitação. Os níveis 1 e 2 relacionam-se ao paciente acordado e os 3-6 ao paciente não desperto. Apesar da ausência de uma validação científica específica essa é a Escala mais difundida nas unidades de Terapia Intensiva em todo mundo, com utilização superior à 70%. No entanto, já estão se tornando de uso mais corrente alguns outras formas mais precisas de se avaliar o doente sob efeito de drogas sedativas. Dentre esses novas escalas encontra-se a Escala de Sedação e Agitação de Richmond, que foi validade e protocolada em um estudo de 2003 publicado no JAMA. Ramsay MA e Cols. Controlled sedation with alphaxalone-alphadolone. Br Med J 1974;2:656-659 Tabela 3 - Escala de Sedação e Agitação de Richmond ( RASS) ESCORE TERMO DESCRIÇÃO +4 Combativo Combativo, violento, perigo para Equipe +3 Muito Agitado Agressivo, remoção de sondas e cateteres +2 Agitado Movimentos freqüentes não intencionais, Briga com o ventilador +1 Inquieto Ansioso, mas sem movimentações perigosas 0 Calmo e Alerta -1 Sonolento Não completamente alerta, mas facilmente despertado ao comando verbal. Abertura ocular sustentada > 10 seg e mantém contato ocular -2 Leve Sedação Levemente sonolento. Abertura ocular a voz < 10 seg e mantém contato ocular -3 Moderada Sedação Sonolento. Abertura ocular ao estimulo verbal, mas não mantém contato ocular (não fixa olhar, olhar perdido) -4 Profunda Sedação Não responde à voz, mas abre ou movimenta o olho em resposta a dor. -5 Não Responde Não responde a estimulo verbal ou doloroso Ely EW, Truman B, Shintani A, e AL. Monitoring sedation status over time in ICU patients: reability and validity of the Richmond Agitation-Sedation Scale( RASS). JAMA 2003;289:2983- 2991 Sessler CN, Gosnell M, Grap MJ, Brophy GT, O'Neal PV, Keane KA et al. The Richmond Agitation- Sedation Scale: validity and reliability in adult intensive care patients. Am J Respir Crit Care Med 2002; 166:1338-1344.
  • 20. A sequência para realização da RASS deverá ser a seguinte: 1) Observe o paciente: a. Ele está alerta, inquieto ou agitado. Escore ai de 0 a +4. 2) Se não está alerta diga o Nome do Paciente e peça para abrir os olhos e acompanhar o movimento de sua mão com os olhos: a. Abre os olhos e mantém > 10 seg Escore -1 b. Abre os olhos e mantém < 10 seg Escore -2 c. Movimenta os olhos mas não mantém contato ocular Escore -3 3) Se não há resposta verbal parta para resposta dolorosa: a. Há qualquer tipo de movimento com o estímulo Escore -4 b. Não há qualquer tipo de movimento com o estímulo Escore -5 Tabela 4- Peso Ideal Sexo Cálculo do Peso Ideal – Em Kg Masculino 50 + 2,3(altura( cm)/2,54 -60) Feminino 45,5 + 2,3( altura(cm)/2,54 -60) É importantíssimo o cálculo do peso ideal E NÃO DO PESO REAL, em todos os pacientes, sejam eles de UTI, da Emergência ou mesmo de um enfermaria comum. É baseado no peso ideal que devem ser administradas e calculadas a grande maioria das drogas que precisam ser tituladas por kg ( drogas vasoativas,por exemplo) e também é baseado nele que é ajustado o Volume Corrente na Ventilação Mecânica. O cálculo do peso ideal leva em consideração o tamanho e o sexo da pessoa. CUIDADO: A tabela disponibilizada nesse texto foi adaptada para o cálculo da altura em cm. A tabela original, de fonte americana, usa a polegada como medida padrão. Como uma polegada equivale a 2,54cm, foi adicionada a divisão da H(altura)por 2,54cm para manter a validade da tabela. Por exemplo, Um Homem de 150cm terá um peso ideal de aproximadamente 47,83 kg, podendo se arredondadar para 48kg. Aferindo a Pressão no Balonete Para calibrar a pressão intracuff com esse conjunto de peças, o profissional retira o manguito de látex do esfigmomanômetro de coluna de mercúrio (F) e pode adaptar em seu lugar (D) um pedaço da sonda de aspiração (C), a qual está ligada à torneira de três vias que também está ligada à seringa de 5mL (A); o outro ramo da torneira de três vias (B) liga-se ao balonete-piloto (E) do tubo endotraqueal do paciente. Dessa forma ao se manipular a seringa o profissional pode calibrar a pressão intracuff no valor desejável. Nesse caso, a pressão apontada no aparelho de pressão será dada em mmHg. Portanto, deverá ficar entre 15 e 25 mmHg. É importante ressaltar que esse método alternativo custa cerca de 300x menos do que o Cuffômetro ($300) e pode ser feito em qualquer lugar.
  • 21. Retirado de Armando Carlos Franco de GODOY e Ronan José VIEIRA, PRESSÕES INTRACUFF: MÉTODO ECONÔMICO PARA CALIBRAGEM. Rev. Ciênc. Méd., Campinas, 15(3):267-269, maio/jun., 2006