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Felicidade -
Como os grandes sábios podem nos ajudar a viver melhor
PROFESSORA DANIELA RODRIGUES
A filosofia existe para que as pessoas possam viver melhores. Sofrer menos. Lidar mais
serenamente com as adversidades. Enfrentar com coragem o "perpétuo vai-e-vem de elevações e quedas",
para citar uma frase do romano Sêneca (4 a.C.-65 d.C.), um dos grandes filósofos da Antiguidade. A missão
essencial da filosofia é tornar viável a busca da felicidade. Todos os grandes pensadores sublinharam esse
ponto. A filosofia que não é útil na vida prática pode ser jogada no lixo. Alguém definiu os filósofos como
os amigos eternos da humanidade. Nas noites frias e escuras que enfrentamos no correr dos longos dias, eles
podem iluminar e aquecer. A filosofia apóia e consola. "O ofício da filosofia é serenar as tempestades da
alma", escreveu o sábio francês Montaigne (1533-1592). Numa definição magistral, Montaigne definiu a
filosofia como a "ciência de viver bem".
Considere o caso do aristocrata romano Boécio (480 d.C.-524 d.C.). Boécio era rico, influente,
poderoso. Era dono de uma inteligência colossal: traduziu para o latim toda a obra de Aristóteles (384 a.C.-
322 a.C.) e Platão (427 a.C. ou 428 a.C.-347 a.C.). Tudo ia bem. Até o dia em que foi acusado de traição
pelo imperador e condenado à morte. Foi torturado. Recebeu a marca dos condenados à morte de então: a
letra grega theta queimada na carne. Boécio recorreu à filosofia, em que era mestre, para enfrentar o
suplício. Tinha na memória tudo o que lera. Naqueles dias, a elite intelectual costumava decorar os livros,
lidos em voz alta desde a infância. Formava-se uma espécie de "biblioteca invisível". Entre a sentença e a
morte, Boécio escreveu em condições precárias um livro que se tornaria um clássico da literatura ocidental:
A Consolação da Filosofia. Tudo de que ele dispunha, para escrevê-lo, eram pequenas tábuas e estiletes. Isso
lhe foi passado, para dentro da cela, por amigos. "A felicidade pode entrar em toda parte se suportarmos
tudo sem queixas", escreveu ele. A filosofia consola, mostrou em situação extrema Boécio, ensina. E inspira.
Sim, os filósofos são os eternos amigos da humanidade. Observe Demócrito (460 a.c.-370 a.C.), pensador
grego do século V a.C. Ele escreveu um livro chamado Sobre o Prazer. Primeira frase do livro: "Ocupe-se de
pouco para ser feliz". Ninguém com múltiplas tarefas podem aspirar à felicidade. A palavra grega para
tranqüilidade da alma é euthymia. A recomendação básica de Demócrito é encontrada em muitos outros
filósofos. Sobrecarregar a agenda equivale a sobrecarregar o espírito, e traz inevitavelmente angústia. Um
sábio da Antiguidade não abria nenhuma correspondência depois das 4 horas da tarde. Era uma forma de não
encontrar mais motivo de inquietação no resto do dia, que ele dedicava a recuperar a calma perdida ao
entregar-se a seu trabalho. E nós? Quantos de nós não abrimos mensagens de trabalho no computador às
vezes de madrugada? Muitas vezes o conteúdo dessa mensagem perturba o espírito. O único resultado disso
é a perda de sono.
Epicuro
(341 a.C.-270 a.C.)
Grego do período helenístico, defendia a
liberdade e o prazer. Isso fez que sua doutrina
fosse muitas vezes confundida com o
hedonismo. Mas o prazer pregado por Epicuro
era a quietude da mente e o domínio das
emoções. Para ele, a função principal da filosofia é libertar o
espírito
Esqueça o passado - e não se atormente com
o futuro
O dia de amanhã é fonte permanente de
inquietação para as pessoas. Viva o presente.
"Para que tantos planos em vida tão curta?",
disse Horácio. Não se preocupar com o que
vem pela frente é "uma das maiores marcas de sabedoria", segundo
Epicuro.
Outra etapa crucial para a vida feliz, e nisso concordam todas as escolas filosóficas, é lidar bem com
a idéia da morte. Montaigne disse que quando queria lidar com o medo da morte recorria a Sêneca. Não por
acaso. Ninguém se deteve de forma tão profunda e brilhante sobre a maior das aflições humanas: o medo da
morte. Sêneca, numa carta a um discípulo, escreveu uma frase célebre: "E por mais que te espantes aprender
a viver não é mais que aprender a morrer”. Sêneca pregava o desprezo pela morte. Não por morbidez ou por
pessimismo. É que quem despreza a morte vive, paradoxalmente, melhor. Sobre sua alma não pesa o terror
supremo da humanidade: o fim da vida. "Parece inacreditável, mas muita gente morre do medo de morrer",
escreveu Sêneca. "Imagine que cada dia vai ser o último, e assim você aceitará com gratidão aquilo que não
mais esperava” disse outro sábio da Antiguidade.
Pensar na morte, regularmente, é a primeira e maior recomendação de Sêneca. Os romanos tinham o
seguinte provérbio: "Memento mori", que quer dizer: lembre-se de que vai morrer. Não há como escapar. E,
no entanto, nos atormentamos o tempo todo por algo que com certeza, um dia, se realizará. Esse tormento
contínuo nos impede de viver bem. Outro romano, Lucrécio (98 a.C.-55 a.C.), escreveu: "Onde a morte está
não estou. Onde estou a morte não está”. Encontramos uma maneira similar de lidar com a morte nas
filosofias orientais. O asceta Milarepa, uma das maiores figuras do Budismo, vivia perto de um cemitério
para jamais esquecer que um dia iria morrer. "O remédio do homem vulgar consiste em não pensar na
morte”, escreveu Montaigne. "Isso é uma demonstração de cegueira e de estupidez." Fato: quanto menos
pensamos na morte, mais somos assombrados por ela.
Ter vigor para saltar assim é a essência do bem estar para a filosofia
epicurista
Quando sinto qualquer mal estar físico, me ocorre Epicuro. Epicuro dizia que felicidade é,
essencialmente, ausência de dor. Saúde. Isso para pessoas normais como você eu, não para sábios de
extraordinária musculatura interior como ele. Epicuro sofreu dores excruciantes em seus últimos dias, e
suportou-as com firmeza. A um amigo que o visitou a beira da morte, disse que a alegria de recebê-lo
suplantava todo sofrimento que ele pudesse ter. Epicuro foi vítima de uma monstruosa injustiça da
posteridade. Ele tinha uma vida de extrema frugalidade. Comia queijo, pão, tomava água. Basicamente, esta
era sua dieta. E, no entanto seu nome ficou associado ao hedonismo, à gula, a excessos de variada natureza.
Nada mais contrário do que à vida que Epicuro levava e pregava aos discípulos. Quanto não desprezou a
saúde quando a temos?
Poder caminhar, respirar sem dificuldade: o significado de coisas como essas só descobrimos quando
as perdemos. Não há dinheiro que compense uma saúde precária. Os bilhões de dólares de Steven Jobs não
lhe devolveram a vigor e nem evitaram uma morte na iminência da qual ele diria, segundo o relato da irmã:
“Uau, uau, uau.” Meu ídolo George Harrison morreu aos 58 anos, rico e consagrado, sem conseguir respirar
por causa de um câncer no pulmão provocado pelos cigarros que fumou a vida toda.
Numa de suas melhores frases, Nelson Rodrigues escreveu que o dinheiro compra até o amor
verdadeiro. Pode ser. Mas não compra a saúde. O bilionário doente é um miserável diante de um mendigo
vigoroso. Parece tolice, mas seremos menos atormentados se nos lembrarmos, todos os dias, da sabedoria
prática de Epicuro – e assim termos consciência da graça imensa que reside em simplesmente gozar de uma
boa saúde. Os filósofos também apontam a aceitação dos tropeços, porque é inevitável, ensinado pelo
filósofo Zenão, que fundou o estoicismo. É o equilíbrio, a calma diante do revés ou da vitória. O estoicismo
defendia uma vida natural e simples no estilo e comportamento de vida. E tinha a lógica da aceitação e
resignação, pois agastar-se com os fatos, pioravam o espírito da pessoa. Zenão não deixou livros para hoje,
mas ótimas frases, como “A natureza nos deu dois ouvidos e apenas uma boca para que ouvíssemos mais e
falássemos menos”. Aceitar as coisas como elas são, é ingrediente para ser feliz.
Descarte também disse “É mais fácil mudar seus desejos do que mudar a ordem do mundo”.
Exemplo: no meio de um congestionamento, não há o que ser feito, ouça uma música então. Epíteto também
diz que devemos ocupar somente com o que está sobre nosso controle. O nosso estado de espírito é moldado
pela forma como encaramos fatos. A vida feliz também é conturbada pelo medo da morte.
Sêneca desprezava a morte não por morbidez, mas sim porque quem despreza vive, paradoxalmente,
melhor, não pesa o terror. “Imagine que cada dia vai ser o último, e assim você aceitará com gratidão aquilo
que não mais esperava”, sábio da Antiguidade.
Falam também do medo do envelhecimento e a luta inútil pela juventude eterna. Segundo Cícero
“Todos os homens desejam alcançar a velhice, mas ao ficarem velhos se lamentam. Eis aí a conseqüência da
estupidez”. E arremata “Os velhos inteligentes, agradáveis e divertidos suportam facilmente a idade, ao
passo que a acrimônia, o temperamento triste e a rabugice são deploráveis em qualquer idade”. Cícero
ajudou a enxergar a velhice com bons olhos, mostrando que devemos permanecer intelectualmente ativos e
mostra a beleza de cada fase da vida: a fraqueza das crianças, o ímpeto dos jovens, a seriedade dos adultos, a
maturidade da velhice. Para ele, “a memória declina se não a cultivamos ou se carecemos de vivacidade de
espírito”.
• Epicurismo=busca do prazer (como objetivo maior de vida), através da moderação.
• Estoicismo=encara o sofrimento como inseparável da condição humana, e procura ignorar o
sofrimento alheio (justamente por esse ser inevitável).
• Epicurismo é a busca pelo prazer, segundo Epicuro: "Quem menos sente a necessidade do amanhã mais
alegremente se prepara para o amanhã". Nesse caso o prazer está acima de tudo, diferentemente do
• Estoicismo, onde existe a crença do mundo ser governado por uma lógica divina, assim sendo é mais
importante estar em comunhão com a natureza, mesmo que isso implique em desconforto mental ou físico.
A euthymia, palavra grega que expressa a harmonia da alma.
Letra grega theta: Θθ Teta
A felicidade não se encontra nos bens exteriores
Aristóteles

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Como os filósofos podem ajudar a viver melhor

  • 1. Felicidade - Como os grandes sábios podem nos ajudar a viver melhor PROFESSORA DANIELA RODRIGUES A filosofia existe para que as pessoas possam viver melhores. Sofrer menos. Lidar mais serenamente com as adversidades. Enfrentar com coragem o "perpétuo vai-e-vem de elevações e quedas", para citar uma frase do romano Sêneca (4 a.C.-65 d.C.), um dos grandes filósofos da Antiguidade. A missão essencial da filosofia é tornar viável a busca da felicidade. Todos os grandes pensadores sublinharam esse ponto. A filosofia que não é útil na vida prática pode ser jogada no lixo. Alguém definiu os filósofos como os amigos eternos da humanidade. Nas noites frias e escuras que enfrentamos no correr dos longos dias, eles podem iluminar e aquecer. A filosofia apóia e consola. "O ofício da filosofia é serenar as tempestades da alma", escreveu o sábio francês Montaigne (1533-1592). Numa definição magistral, Montaigne definiu a filosofia como a "ciência de viver bem". Considere o caso do aristocrata romano Boécio (480 d.C.-524 d.C.). Boécio era rico, influente, poderoso. Era dono de uma inteligência colossal: traduziu para o latim toda a obra de Aristóteles (384 a.C.- 322 a.C.) e Platão (427 a.C. ou 428 a.C.-347 a.C.). Tudo ia bem. Até o dia em que foi acusado de traição pelo imperador e condenado à morte. Foi torturado. Recebeu a marca dos condenados à morte de então: a letra grega theta queimada na carne. Boécio recorreu à filosofia, em que era mestre, para enfrentar o suplício. Tinha na memória tudo o que lera. Naqueles dias, a elite intelectual costumava decorar os livros, lidos em voz alta desde a infância. Formava-se uma espécie de "biblioteca invisível". Entre a sentença e a morte, Boécio escreveu em condições precárias um livro que se tornaria um clássico da literatura ocidental: A Consolação da Filosofia. Tudo de que ele dispunha, para escrevê-lo, eram pequenas tábuas e estiletes. Isso lhe foi passado, para dentro da cela, por amigos. "A felicidade pode entrar em toda parte se suportarmos tudo sem queixas", escreveu ele. A filosofia consola, mostrou em situação extrema Boécio, ensina. E inspira. Sim, os filósofos são os eternos amigos da humanidade. Observe Demócrito (460 a.c.-370 a.C.), pensador grego do século V a.C. Ele escreveu um livro chamado Sobre o Prazer. Primeira frase do livro: "Ocupe-se de pouco para ser feliz". Ninguém com múltiplas tarefas podem aspirar à felicidade. A palavra grega para tranqüilidade da alma é euthymia. A recomendação básica de Demócrito é encontrada em muitos outros filósofos. Sobrecarregar a agenda equivale a sobrecarregar o espírito, e traz inevitavelmente angústia. Um sábio da Antiguidade não abria nenhuma correspondência depois das 4 horas da tarde. Era uma forma de não encontrar mais motivo de inquietação no resto do dia, que ele dedicava a recuperar a calma perdida ao entregar-se a seu trabalho. E nós? Quantos de nós não abrimos mensagens de trabalho no computador às vezes de madrugada? Muitas vezes o conteúdo dessa mensagem perturba o espírito. O único resultado disso é a perda de sono. Epicuro (341 a.C.-270 a.C.) Grego do período helenístico, defendia a liberdade e o prazer. Isso fez que sua doutrina fosse muitas vezes confundida com o hedonismo. Mas o prazer pregado por Epicuro era a quietude da mente e o domínio das emoções. Para ele, a função principal da filosofia é libertar o espírito
  • 2. Esqueça o passado - e não se atormente com o futuro O dia de amanhã é fonte permanente de inquietação para as pessoas. Viva o presente. "Para que tantos planos em vida tão curta?", disse Horácio. Não se preocupar com o que vem pela frente é "uma das maiores marcas de sabedoria", segundo Epicuro. Outra etapa crucial para a vida feliz, e nisso concordam todas as escolas filosóficas, é lidar bem com a idéia da morte. Montaigne disse que quando queria lidar com o medo da morte recorria a Sêneca. Não por acaso. Ninguém se deteve de forma tão profunda e brilhante sobre a maior das aflições humanas: o medo da morte. Sêneca, numa carta a um discípulo, escreveu uma frase célebre: "E por mais que te espantes aprender a viver não é mais que aprender a morrer”. Sêneca pregava o desprezo pela morte. Não por morbidez ou por pessimismo. É que quem despreza a morte vive, paradoxalmente, melhor. Sobre sua alma não pesa o terror supremo da humanidade: o fim da vida. "Parece inacreditável, mas muita gente morre do medo de morrer", escreveu Sêneca. "Imagine que cada dia vai ser o último, e assim você aceitará com gratidão aquilo que não mais esperava” disse outro sábio da Antiguidade. Pensar na morte, regularmente, é a primeira e maior recomendação de Sêneca. Os romanos tinham o seguinte provérbio: "Memento mori", que quer dizer: lembre-se de que vai morrer. Não há como escapar. E, no entanto, nos atormentamos o tempo todo por algo que com certeza, um dia, se realizará. Esse tormento contínuo nos impede de viver bem. Outro romano, Lucrécio (98 a.C.-55 a.C.), escreveu: "Onde a morte está não estou. Onde estou a morte não está”. Encontramos uma maneira similar de lidar com a morte nas filosofias orientais. O asceta Milarepa, uma das maiores figuras do Budismo, vivia perto de um cemitério para jamais esquecer que um dia iria morrer. "O remédio do homem vulgar consiste em não pensar na morte”, escreveu Montaigne. "Isso é uma demonstração de cegueira e de estupidez." Fato: quanto menos pensamos na morte, mais somos assombrados por ela. Ter vigor para saltar assim é a essência do bem estar para a filosofia epicurista Quando sinto qualquer mal estar físico, me ocorre Epicuro. Epicuro dizia que felicidade é, essencialmente, ausência de dor. Saúde. Isso para pessoas normais como você eu, não para sábios de extraordinária musculatura interior como ele. Epicuro sofreu dores excruciantes em seus últimos dias, e suportou-as com firmeza. A um amigo que o visitou a beira da morte, disse que a alegria de recebê-lo suplantava todo sofrimento que ele pudesse ter. Epicuro foi vítima de uma monstruosa injustiça da posteridade. Ele tinha uma vida de extrema frugalidade. Comia queijo, pão, tomava água. Basicamente, esta era sua dieta. E, no entanto seu nome ficou associado ao hedonismo, à gula, a excessos de variada natureza. Nada mais contrário do que à vida que Epicuro levava e pregava aos discípulos. Quanto não desprezou a saúde quando a temos? Poder caminhar, respirar sem dificuldade: o significado de coisas como essas só descobrimos quando as perdemos. Não há dinheiro que compense uma saúde precária. Os bilhões de dólares de Steven Jobs não lhe devolveram a vigor e nem evitaram uma morte na iminência da qual ele diria, segundo o relato da irmã: “Uau, uau, uau.” Meu ídolo George Harrison morreu aos 58 anos, rico e consagrado, sem conseguir respirar por causa de um câncer no pulmão provocado pelos cigarros que fumou a vida toda. Numa de suas melhores frases, Nelson Rodrigues escreveu que o dinheiro compra até o amor verdadeiro. Pode ser. Mas não compra a saúde. O bilionário doente é um miserável diante de um mendigo vigoroso. Parece tolice, mas seremos menos atormentados se nos lembrarmos, todos os dias, da sabedoria
  • 3. prática de Epicuro – e assim termos consciência da graça imensa que reside em simplesmente gozar de uma boa saúde. Os filósofos também apontam a aceitação dos tropeços, porque é inevitável, ensinado pelo filósofo Zenão, que fundou o estoicismo. É o equilíbrio, a calma diante do revés ou da vitória. O estoicismo defendia uma vida natural e simples no estilo e comportamento de vida. E tinha a lógica da aceitação e resignação, pois agastar-se com os fatos, pioravam o espírito da pessoa. Zenão não deixou livros para hoje, mas ótimas frases, como “A natureza nos deu dois ouvidos e apenas uma boca para que ouvíssemos mais e falássemos menos”. Aceitar as coisas como elas são, é ingrediente para ser feliz. Descarte também disse “É mais fácil mudar seus desejos do que mudar a ordem do mundo”. Exemplo: no meio de um congestionamento, não há o que ser feito, ouça uma música então. Epíteto também diz que devemos ocupar somente com o que está sobre nosso controle. O nosso estado de espírito é moldado pela forma como encaramos fatos. A vida feliz também é conturbada pelo medo da morte. Sêneca desprezava a morte não por morbidez, mas sim porque quem despreza vive, paradoxalmente, melhor, não pesa o terror. “Imagine que cada dia vai ser o último, e assim você aceitará com gratidão aquilo que não mais esperava”, sábio da Antiguidade. Falam também do medo do envelhecimento e a luta inútil pela juventude eterna. Segundo Cícero “Todos os homens desejam alcançar a velhice, mas ao ficarem velhos se lamentam. Eis aí a conseqüência da estupidez”. E arremata “Os velhos inteligentes, agradáveis e divertidos suportam facilmente a idade, ao passo que a acrimônia, o temperamento triste e a rabugice são deploráveis em qualquer idade”. Cícero ajudou a enxergar a velhice com bons olhos, mostrando que devemos permanecer intelectualmente ativos e mostra a beleza de cada fase da vida: a fraqueza das crianças, o ímpeto dos jovens, a seriedade dos adultos, a maturidade da velhice. Para ele, “a memória declina se não a cultivamos ou se carecemos de vivacidade de espírito”. • Epicurismo=busca do prazer (como objetivo maior de vida), através da moderação. • Estoicismo=encara o sofrimento como inseparável da condição humana, e procura ignorar o sofrimento alheio (justamente por esse ser inevitável). • Epicurismo é a busca pelo prazer, segundo Epicuro: "Quem menos sente a necessidade do amanhã mais alegremente se prepara para o amanhã". Nesse caso o prazer está acima de tudo, diferentemente do • Estoicismo, onde existe a crença do mundo ser governado por uma lógica divina, assim sendo é mais importante estar em comunhão com a natureza, mesmo que isso implique em desconforto mental ou físico. A euthymia, palavra grega que expressa a harmonia da alma. Letra grega theta: Θθ Teta A felicidade não se encontra nos bens exteriores Aristóteles