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Armação:
caráter e sentido
Deborah Cattani
Metafísica ocidental
• É, em si mesma, humanista  pretende definir a
  essência do homem
  • Não está em busca do que é a verdade
  • Nem da história e do modo de ser do ente
• Romanos  redefinição do homem como
  ANIMAL RACIONAL
  • Onde ANIMAL vem de ANIMA (alma) e RAZÃO
    de RATIO (cálculo)
  • Ao invés do animal que fala (zoológico)
  • Heidegger vai além dessa proposta limitada
Para Heidegger…
• Não somos animais
  racionais, apenas  somos
  seres com capacidade de
  questionar
   • Essência humana –
     capacidade de empregar
     pensamento  CRIAR e
     PERGUNTAR forte e
     radicalmente
• Na metafísica ocidental o humano não tem
  essência  a existência do homem ocorre
  através de mundos que o interpelam
  historicamente
  • Humano é o PASTOR DO SER  veículo das
    interpelações
  • Nietzsche  a humanidade existe e nada mais
• Heidegger diz que primeiro é preciso definir o
  homem em sua essência para depois entender
  seu sentido no mundo
Violência
• Quando a metafísica é dependente ou subordinada ao
  império da armação tecnológica  fim da
  HUMANIDADE
• O mundo é a totalidade daquilo que nos interpela
• Conferências de Bremen  Armação  essência da
  técnica moderna  ato fundador (COMANDO) 
  assegura que a natureza tenha condição de recurso
   • A metafísica ocidental trata do SER como algo
     estável, fixo  mas não deveria
   • Heidegger explica que a armação não é a essência
     da técnica como um gênero, mas, sim, como um
     princípio de instituição do humano  DESTINO
O risco da armação
 • Consiste na exigência que nos coloca
    • Pode levar ao esquecimento da essência da verdade (abertura e
      fechamento) ou a supressão do próprio ser humano


“Desejamos sem parar produzir algo
que possa funcionar sem nós e
nossa assistência, criar instrumentos
que nos tornem supérfluos, através
dos quais nos eliminemos, nós nos
liquidemos. Pouco importa se essa
meta final esteja longe de ser
concretizada, importante é a
tendência e seu motto é: sem nós
(Anders apud Van Dijk, 2000, p. 34)”
• Heidegger  o pensamento poético corresponde mais
  ao apelo do ser
  • O pensamento tecnológico provém da reinterpelação
    do homem pela armação
  • ARMAÇÃO  é perigosa porque é MISTERIOSA
• No entanto, o império da técnica favorece o pensamento
  em torno da essência do homem
  • Mas o homem se torna cada vez mais inútil
• A armação possui um aspecto poético  o pensamento
  meditativo
  • Pensamento poético (da presença) X pensamento
    tecnológico (da armação)
Poética e armação
• Produtor  poético
• Explorador  armador
   • A armação se superpõe ao SER e é veiculada pela técnica
      • Modo de revelação do SER  A revelação depende
        de vários processos
      • Vontade de vontade  destino CONVOCADO pelo ser
   • SER é o que oculta-se na técnica
• Seria o fim da metafísica?
   • Transferência para o pensamento tecnológico
   • Visões de mundo
   • Conversão do mundo em imagens
      • TECNIFICAÇÃO das atividades cotidianas
Metafísica (logos)
• A moral jamais controlará a técnica  seu sentido não é
  humano
• O homem tem poder, graças a armação, mas não
  dominará
  • A vontade de poder é a essência de um mundo em
     que o homem vive tecnicamente em unidade com essa
     mesma vontade
  • Nesse mundo, o homem jamais encontra realização
      • O cálculo se autonomiza  torna-se impulsivo e
        TOTALITÁRIO
• A técnica, em si mesma, é qualquer coisa que o homem
  não domina
Evento apropriador ou
apropriação
• Ser e ente se apropriam mutuamente, indicando
  a proveniência de um e de outro
• A apropriação não é uma espécie de ser, nem
  vice-versa  não é sua forma de expressão
• O reposicionamento do homem e a
  reconfiguração do mundo são efeitos de um
  evento que acontece ao ser, mas que não lhe
  corresponde
• O fato tem origem no ente  aciona a figura do
  homem, mas não é de responsabilidade deste
A técnica




A questão da técnica é, pois, se seremos, alguns de nós pelo
menos, capazes de voltar a pensar livremente o ser, isto é, não
metafisicamente, mantendo nossa condição ainda metafísica
(misteriosa, diria o filósofo) de entidades pensantes; ou se, ao invés
disso, seremos, virtualmente todos, convertidos em um organismo
cibernético, cujo destino final é a obediência a um modo de vida
totalmente programado e maquinístico (Rüdiger, 2006, 155-156)
A solução
• Livre relacionamento com a técnica
• Voltar a meditar sobre o SER
   • A essência do humano não condiz com sua
     humanização  a essência pode ser atribuída a outras
     entidades que não o homem (Nietzsche)
• Metafísica consumada  conversão do mundo em
  organismo maquinístico
• O problema?
   • Kant  o que é o homem?
   • Heidegger  o que é a humanidade?
• Evitar a perda da humanidade
• A técnica moderna tem por essência a revelação da
  armação
   • A produção artística e a maquinística têm algo em
     comum  ambos são MODOS de produção, modos de
     DESVELAMENTO
• As épocas encobrem a distinção inicial do SER como
  presença
• A fenda entre a metafísica da presença e a da armação
  que permite a meditação sobre o perigo chamado
  homem
   • Corremos o risco de perdermos a capacidade de
     mutação  de nos revelarmos distintos no futuro
• Não deve-se estarrecer diante da técnica e suas
  realizações
   • Nem, tampouco, tentar dominar a técnica
Então…
• A armação pode ser
  entendida como uma estação
  intermediária entre o fim da
  metafísica ocidental e o que
  está por vir  talvez não haja
  mais nem ser nem ente
  chamado homem
• A armação faz o homem
  calcular o ser  reuni homem
  e ser, a fim de que se
  provoquem reciprocamente
• A história do ser toca seu final
Armação heideggeriana

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Armação heideggeriana

  • 2. Metafísica ocidental • É, em si mesma, humanista  pretende definir a essência do homem • Não está em busca do que é a verdade • Nem da história e do modo de ser do ente • Romanos  redefinição do homem como ANIMAL RACIONAL • Onde ANIMAL vem de ANIMA (alma) e RAZÃO de RATIO (cálculo) • Ao invés do animal que fala (zoológico) • Heidegger vai além dessa proposta limitada
  • 3. Para Heidegger… • Não somos animais racionais, apenas  somos seres com capacidade de questionar • Essência humana – capacidade de empregar pensamento  CRIAR e PERGUNTAR forte e radicalmente
  • 4. • Na metafísica ocidental o humano não tem essência  a existência do homem ocorre através de mundos que o interpelam historicamente • Humano é o PASTOR DO SER  veículo das interpelações • Nietzsche  a humanidade existe e nada mais • Heidegger diz que primeiro é preciso definir o homem em sua essência para depois entender seu sentido no mundo
  • 5. Violência • Quando a metafísica é dependente ou subordinada ao império da armação tecnológica  fim da HUMANIDADE • O mundo é a totalidade daquilo que nos interpela • Conferências de Bremen  Armação  essência da técnica moderna  ato fundador (COMANDO)  assegura que a natureza tenha condição de recurso • A metafísica ocidental trata do SER como algo estável, fixo  mas não deveria • Heidegger explica que a armação não é a essência da técnica como um gênero, mas, sim, como um princípio de instituição do humano  DESTINO
  • 6. O risco da armação • Consiste na exigência que nos coloca • Pode levar ao esquecimento da essência da verdade (abertura e fechamento) ou a supressão do próprio ser humano “Desejamos sem parar produzir algo que possa funcionar sem nós e nossa assistência, criar instrumentos que nos tornem supérfluos, através dos quais nos eliminemos, nós nos liquidemos. Pouco importa se essa meta final esteja longe de ser concretizada, importante é a tendência e seu motto é: sem nós (Anders apud Van Dijk, 2000, p. 34)”
  • 7. • Heidegger  o pensamento poético corresponde mais ao apelo do ser • O pensamento tecnológico provém da reinterpelação do homem pela armação • ARMAÇÃO  é perigosa porque é MISTERIOSA • No entanto, o império da técnica favorece o pensamento em torno da essência do homem • Mas o homem se torna cada vez mais inútil • A armação possui um aspecto poético  o pensamento meditativo • Pensamento poético (da presença) X pensamento tecnológico (da armação)
  • 8. Poética e armação • Produtor  poético • Explorador  armador • A armação se superpõe ao SER e é veiculada pela técnica • Modo de revelação do SER  A revelação depende de vários processos • Vontade de vontade  destino CONVOCADO pelo ser • SER é o que oculta-se na técnica • Seria o fim da metafísica? • Transferência para o pensamento tecnológico • Visões de mundo • Conversão do mundo em imagens • TECNIFICAÇÃO das atividades cotidianas
  • 9. Metafísica (logos) • A moral jamais controlará a técnica  seu sentido não é humano • O homem tem poder, graças a armação, mas não dominará • A vontade de poder é a essência de um mundo em que o homem vive tecnicamente em unidade com essa mesma vontade • Nesse mundo, o homem jamais encontra realização • O cálculo se autonomiza  torna-se impulsivo e TOTALITÁRIO • A técnica, em si mesma, é qualquer coisa que o homem não domina
  • 10. Evento apropriador ou apropriação • Ser e ente se apropriam mutuamente, indicando a proveniência de um e de outro • A apropriação não é uma espécie de ser, nem vice-versa  não é sua forma de expressão • O reposicionamento do homem e a reconfiguração do mundo são efeitos de um evento que acontece ao ser, mas que não lhe corresponde • O fato tem origem no ente  aciona a figura do homem, mas não é de responsabilidade deste
  • 11. A técnica A questão da técnica é, pois, se seremos, alguns de nós pelo menos, capazes de voltar a pensar livremente o ser, isto é, não metafisicamente, mantendo nossa condição ainda metafísica (misteriosa, diria o filósofo) de entidades pensantes; ou se, ao invés disso, seremos, virtualmente todos, convertidos em um organismo cibernético, cujo destino final é a obediência a um modo de vida totalmente programado e maquinístico (Rüdiger, 2006, 155-156)
  • 12. A solução • Livre relacionamento com a técnica • Voltar a meditar sobre o SER • A essência do humano não condiz com sua humanização  a essência pode ser atribuída a outras entidades que não o homem (Nietzsche) • Metafísica consumada  conversão do mundo em organismo maquinístico • O problema? • Kant  o que é o homem? • Heidegger  o que é a humanidade? • Evitar a perda da humanidade
  • 13. • A técnica moderna tem por essência a revelação da armação • A produção artística e a maquinística têm algo em comum  ambos são MODOS de produção, modos de DESVELAMENTO • As épocas encobrem a distinção inicial do SER como presença • A fenda entre a metafísica da presença e a da armação que permite a meditação sobre o perigo chamado homem • Corremos o risco de perdermos a capacidade de mutação  de nos revelarmos distintos no futuro • Não deve-se estarrecer diante da técnica e suas realizações • Nem, tampouco, tentar dominar a técnica
  • 14. Então… • A armação pode ser entendida como uma estação intermediária entre o fim da metafísica ocidental e o que está por vir  talvez não haja mais nem ser nem ente chamado homem • A armação faz o homem calcular o ser  reuni homem e ser, a fim de que se provoquem reciprocamente • A história do ser toca seu final