O documento discute diferentes formas de racismo, incluindo: 1) racismo científico que afirma a superioridade de raças brancas; 2) racismo institucional que mantém negros em situação de inferioridade através de mecanismos não percebidos; 3) novo racismo que legitima a discriminação baseada em diferenças culturais em vez de atributos biológicos.
2. • O racismo consiste em caracterizar um
conjunto humano por atributos naturais
associados por seu turno a características
intelectuais e morais que valem para cada
individuo que releva desse conjunto e, a
partir daí, em instaurar eventualmente
práticas de inferiorização e de exclusão.
3. O Racismo científico é claramente uma
ideologia que afirma a superioridade cultural
indiscutível da raça branca, uma vez que a
civilização está associada aos brancos e aos
seus atributos físicos, ao passo que a
barbárie e a selvageria estão a outras raças.
4. • O racismo científico propõe, sob diversas
variantes, uma pretensa demonstração do
fato de que existem “raças” cujas
características biológicas ou físicas
corresponderiam e a capacidades
psicológicas e intelectuais, ao mesmo tempo
coletivas e validas para cada individuo.
5. A raça, nesta perspectiva, é uma construção
social e política, baseada em atributos
fenotípicos, a partir da qual se entabulam
relações entre grupos raciais.
6. Nos EUA, o racismo institucional é descrito
como mantendo os negros numa situação de
inferioridade graças a mecanismos não –
percebidos socialmente.
7. A utilidade do racismo institucional talvez
seja antes do mais o facto de reclamar que
ouçamos a voz dos que sofrem
discriminação e a segregação e que exigem
transformações políticas e institucionais que
corrijam as desigualdades e as injustiças de
que sofrem.
8. É um convite debater, a inquirir, a recusar uma cegueira
que, graças à espessura e à opacidade dos mecanismos
próprios ao funcionamento das instituições, permite a
amplas faixas população beneficiar das vantagens
econômicas ou estatutárias que o racismo ativo pode trazer
e, ao mesmo tempo, evitar ter de assumir os seus
inconvenientes morais.
9. Barker trata do novo racismo, quer dizer da passagem
da inferioridade biológica à diferença cultural na
legitimação do discurso racista. Doravante, a
argumentação racista já não assenta na hierarquia mas
na “ diferença”, já não nos atributos naturais imputados
ao grupo “racializado “, mas na sua cultura, na sua
língua, na sua religião, nas suas tradições, nos seus
costumes.
10. A fórmula designa as formas menos ostensivas ou
flagrantes do fenômeno, em particular as variantes
contemporâneas do preconceito perante os negro.
Nesta perspectiva, trata-se doravante, para os racistas,
de evocar já não a sua inferioridade biológica, física e
intelectual, mas o fato de, comprazendo-se nas
facilidades da proteção social ou deixando
decomporem-se as suas famílias, espezinharem os
valores culturais e morais da nação, a começar pelo
trabalho e o sentido da responsabilidade individual e do
esforço.
11. O colonialismo procedeu em larga medida de um
racismo que pôde ser qualificado de universalista,
veiculado por elites políticas ou atores econômicos,
culturais ou religiosos exibindo perante os povos
colonizados ( que resistiam à colonização) ou
sobretudo uma lógica de diferenciação, que se
saldava por vezes por violências aterradoras, ou
sobretudo uma lógica de inferiorização.