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2012
Leonardo de Arruda Delgado
Curso de Licenciatura em Educação Física
Barra do Corda - 2012
FUNDAMENTOS
METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA
FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
DELGADO
2012
Índice
PALAVRAS DO PROFESSOR......................................................................................................3
UNIDADE I: NATUREZA, HISTÓRIA E GÊNESE DA GINÁSTICA....................................................5
SEÇÃO 1: Conceitos..................................................................................................................6
SEÇÃO 2: Conhecendo a História da Ginástica.........................................................................7
Ginástica na Pré-História......................................................................................................7
A Ginástica na Antiguidade ..................................................................................................8
A Ginástica no Oriente Próximo.........................................................................................10
A Ginástica na Grécia..........................................................................................................12
A Ginástica em Roma..........................................................................................................16
A Ginástica na Idade Média (395-1453)..............................................................................18
A Ginástica no Renascimento ............................................................................................20
A Ginástica na Idade Contemporânea................................................................................21
SEÇÃO 3: A Inclusão das Ginásticas na Escola e nas Escolas Brasileiras..................................38
A Formação para o Trabalho com as Ginásticas No Brasil..................................................41
Considerações Finais do Capitulo ......................................................................................42
UNIDADE II: MÉTODOS GINÁSTICOS......................................................................................43
SEÇÃO 1: Classificação da Ginástica.......................................................................................44
Ginástica de Condicionamento Físico.................................................................................44
Ginástica Geral (Gymnaestrada).........................................................................................45
Ginástica Formativa............................................................................................................45
Ginástica Natural ..............................................................................................................46
Ginástica Competitiva ........................................................................................................46
SEÇÃO 2: Classificação Geral dos Exercícios Físicos................................................................46
SEÇÃO 1: Ginástica de Condicionamento Físico.....................................................................49
Ginástica Calistênica...........................................................................................................50
Ginástica Aeróbica..............................................................................................................56
Ginástica Localizada............................................................................................................68
Hidroginástica.....................................................................................................................77
Musculação........................................................................................................................84
Seção 2: Ginástica Médica ou Fisioterápica ...........................................................................93
UNIDADE IV: GINÁSTICA DE COMPETIÇÃO OU DESPORTIVA..................................................94
SEÇÃO 1: Ginástica Artística...................................................................................................94
Definição:...........................................................................................................................95
História...............................................................................................................................96
A Ginástica Olímpica na escola: possibilidades de trabalho...............................................96
Segurança na GO/GA e prevenção de acidentes................................................................98
Modalidades.......................................................................................................................99
Referencial Bibliográfico......................................................................................................115
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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
DELGADO
2012
PALAVRAS DO PROFESSOR
“Todas as partes do corpo que possuem uma função, se usadas com moderação e
exercitadas em algum trabalho físico, se conservam sadias, bem desenvolvidas e
envelhecem lentamente, porém se não são trabalhadas, deixam de funcionar, se convertem
em enfermidades, defeituosas em seu crescimento e envelhecem antes do tempo“
(HIPÓCRATES, 460 A.C. a 377 A.C.)
Prezado Acadêmico:
Você deve estar pensando, que será que vou aprender com meus estudos na
disciplina de fundamentos Metodológicos da Ginástica?, será que vou estudar os exercícios
físicos e os assuntos pertinentes a ele?, com um pensamento de hipócrates (o pai da
Medicina) que está remontando em quase 2.500 anos, iniciamos essa discussão.
Mas, para isso leia atentamente o que está escrito e reflita sobre a verdade
em cada palavra com relação ao organismo humano e a necessidade primordial que seus
ossos, músculos, articulações, sistemas e aparelhos possuem de constante movimento. E o
mais importante é que esse movimento precisa ser dimensionado, constantemente avaliado
e principalmente prescrito e aplicado de maneira correta, constituindo-se em exercícios
físicos, que venham a desenvolver as qualidades físicas inerentes ao corpo humano.
A disciplina Fundamentos Metodológicos da Ginástica visam realizar descreva de
forma clara e resumida alguns dos conteúdos que podem ser abordados no contexto escolar,
seja na aula de educação física, no desporto escolar ou nas aulas de formação técnica, sobre a
modalidade de ginástica.
Veja que ao se falar sobre a Educação Física, faz-se necessário caracterizar o
homem como um ser holístico e que, dessa forma, ele necessita desenvolver-se em três níveis
de conhecimento:
- Sócio-Afetivo, que visa o desenvolvimento do indivíduo como um ser humano
social, buscando estímulo para formação de sua cidadania e de sua ética;
- Cognitivo, relacionado com seu desenvolvimento intelectual e seus processos
reflexivos ;
- Motor, que enfoca o movimento humano em todas as suas áreas de
estudo.
O Professor de Educação Física é o grande facilitador para que os três níveis de
conhecimento anteriormente citados, se desenvolvam de forma harmoniosa e em sua
plenitude, e dessa forma, faz-se necessário que em nosso curso de graduação tenhamos
conhecimento do corpo humano nos aspectos biológicos em disciplinas como Anatomia e
Histologia. O conhecimento do homem enquanto ser é de fundamental importância, portanto,
as disciplinas de História, Filosofia e Antropologia são estudadas já nos primeiros semestres.
Complementando esta tríade, temos disciplinas que estudam e mensuram o corpo
humano a partir dos movimentos que o mesmo executa (Cinesiologia) e de suas variáveis
antropométricas (Medidas e Avaliação).
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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
DELGADO
2012
No caso específico de nossa disciplina - Fundamentos Metodológicos da Ginástica
- ela é um dos primeiros momentos na carreira de um Profissional de Educação Física, em que
se conseguem subsídios técnico-científicos, visando possibilitar a esse futuro profissional a
condição de prescrever e aplicar exercícios físicos em classes de alunos com condições físicas e
de saúde de um modo geral, muitas vezes um tanto heterogêneas.
Nossos futuros alunos de instituições públicas e particulares estarão, por certo,
esperando que tenhamos condições técnico-didáticas de sugerir movimentos, que
poderão, dos mais simples aos mais complexos, melhorar as diversas funções orgânicas,
ajudando a construir gerações mais saudáveis e mais comprometidas com a manutenção da
saúde e também utilização da ginástica e do exercício físico como elementos de prevenção
contra patologias diversas.
Nosso desafio foi tornar a tarefa da abordagem da Ginástica, disciplina na qual o
eixo teoria-prática é bastante representativo nos cursos de graduação presencial, em um
processo significativo e vivo no módulo a distancia. Buscamos para isso integrar o texto do
fascículo aos outros textos produzidos sobre o tema e aos vídeos que abordam o assunto.
Sugerimos também algumas atividades que os professores poderão incluir em suas aulas ou
simplesmente realizá-las, caso se sinta à vontade para isso. Pensamos que o estudo da
Ginástica nas aulas de Educação Física Escolar pode ser realizado de forma lúdica e prazerosa,
despertando nos alunos o gosto pelo belo, pelos desafios corporais e pela criatividade.
O material que ora apresentamos, delimita o conteúdo GINÁSTICA, de forma a
facilitar sua aplicação nas aulas de Educação Física. A Estrutura Básica consiste no histórico,
definição e classificação da ginástica, utilizando uma linguagem simples e informações
atualizadas. A fim de subsidiar os professores de educação física no município de Barra do
Corda/MA.
Caro acadêmico do Curso de Graduação de Licenciatura em Educação Física,
tenha bom proveito em seus estudos.
Leonardo de Arruda Delgado
Ementa
Natureza, história e gênese da ginástica. Conceituação, generalidades e
classificação da Ginástica e suas variações. Surgimento e evolução dos métodos Ginásticos.
Estrutura da aula de ginástica.
Objetivos
- Compreender a linha do tempo da história da ginástica.
- Identificar as principais formas de ginástica existentes.
- Diferenciar as diferentes formas de se realizar exercícios físicos.
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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
DELGADO
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UNIDADE I: NATUREZA, HISTÓRIA E
GÊNESE DA GINÁSTICA
Você pode achar que o pensamento constante no tópico Palavras do Professor,
de autoria do Pai da Medicina - Hipócrates (460 A.C - 377 A.C.), está um tanto quanto antigo
ou ainda defasado. Porém, perceba que ele apresenta, de forma simplificada, toda a
necessidade de que o corpo humano possui de se manter fisicamente ativo, executando
movimentos naturais ou de maneira disciplinada e contínua da prática da ginástica.
Certamente, lhe atinge-lhe o fato de que uma das características da vida
humana no mundo moderno e tecnológico é a falta ou a drástica redução da quantidade dos
movimentos naturais executados pelo ser humano, caracterizando-se no que
denominamos por Sedentarismo.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), são sedentários todos os indivíduos
que tiverem um gasto calórico inferior a 500 kcal por semana com atividades ocupacionais.
A presença constante do automóvel, dos controles remotos e das escadas
rolantes, faz com que o homem, nos dias de hoje, execute caminhadas em menor quantidade,
dificilmente corre e os demais exercícios naturais como saltar, lançar, arremessar, saltitar e
outros tantos são movimentos de uma raridade ímpar no cotidiano de um ser humano nos dias
atuais.
Em contraponto, perceba que durante as últimas décadas, estamos vendo a
constante relação feita entre a manter-se fisicamente ativo e a saúde, isto se deve a
preocupação, por parte da sociedade, na promoção e manutenção da saúde no seu amplo
espectro conceitual, ou seja, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é o
completo bem-estar físico, mental e social.
Portanto, quando em atuação profissional, tome a precaução de não iniciar
ou elaborar um programa de exercícios físicos e unicamente relacioná-los com a perfeição
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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
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de linhas, mas principalmente, com a melhora ou manutenção da qualidade de vida dos mais
variados tipos e biotipos de indivíduos, desde crianças até a terceira idade.
Procure habilitar-se para prescrever atividades físicas para os obesos que hoje já
são parcela considerável da população principalmente nos países desenvolvidos, para os
indivíduos portadores de necessidades especiais, que no caso do Brasil, estão próximos dos
15 milhões de pessoas, e um dos grandes campos de trabalho que se desenvolve atualmente,
é a prescrição da ginástica laboral que funcionaria como uma espécie de compensação às
atividades normalmente estressantes relacionadas ao trabalho diário.
Para concluir, perceba que é notório e ao mesmo tempo paradoxal, os médicos
recomendarem repouso absoluto para a maioria das enfermidades desenvolvidas pelo
organismo humano, porém, são extremamente entusiastas na recomendação de atividades
físicas regulares e orientadas, para a prevenção, controle e tratamento de inúmeras moléstias,
fazendo-nos perceber claramente o quanto hipócrates estava com a razão.
SEÇÃO 1: Conceitos
A ginástica é um conceito que engloba modalidades competitivas e não
cooperativas e envolve a prática de uma série de movimentos exigentes de força, flexibilidade
e coordenação motora para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental.
GYMNKOS = Origem grega, adjetivo relativo ao exercício do corpo
GYMNASTIQUE= Origem da língua francesa.
Segundo BARBANTI (2003), o termo ginástica originou-se aproximadamente em
400 a.C. É derivado de GYMNOS , que significa "nú", levemente vestido e geralmente se refere
a todo tipo de exercícios físicos para as quais se tem de tirar as roupas de uso diário. Durante o
curso da História as interpretações de Ginástica variaram. Atualmente o termo esta perdendo
o seu uso e tem sido substituído por outras nomenclaturas de exercícios e/ou modalidades
específicas.
Conforme Aurélio (Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 2000), o termo
ginástica é etimologicamente: o conjunto de exercícios sistematizados; o conjunto de
movimentos, psicomotores para um objetivo.
Desenvolveu-se, efetivamente, a partir dos exercícios físicos realizados pelos
soldados da Grécia Antiga, incluindo habilidades para montar e desmontar um cavalo e
habilidades semelhantes a executadas em um circo, como fazem os chamados acrobatas.
Naquela época, os ginastas praticavam o exercício nu (gymnos – do grego, nu), nos chamados
gymnasios, patronados pelo deus Apolo. A prática só voltou a ser retomada - com ênfase
desportiva e militar - no final do século XVIII, na Europa, através de Jean Jacques Rousseau, do
posterior nascimento da escola alemã de Friedrich Ludwig Jahn - de movimentos lentos,
ritmados, de flexibilidade e de força - e da escola sueca, de Pehr Henrik Ling, que introduziu a
melhoria dos aparelhos na prática do esporte. Tais avanços geraram a chamada ginástica
moderna, agora subdividida.
Anos mais tarde, a Federação Internacional de Ginástica foi fundada, para
regulamentar, sistematizar e organizar todas as suas ramificações surgidas posteriormente. Já
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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
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as práticas não competitivas, popularizaram-se e difundiram-se pelo mundo de diferentes
formas e com diversas finalidades e praticantes.
SEÇÃO 2: Conhecendo a História da Ginástica
Nesta seção iremos estudar os papéis da Ginástica, suas denominações e seus
objetivos no decorrer da história. Conforme Pereira (1988) a cultura física (terminologia
utilizada para designar toda a parceria de cultura universal que envolve o exercício físico, como
a Educação Física, a Ginástica, o Treinamento Desportivo e a Dança) caracterizou-se por ser um
fenômeno universal, pois existem vários exemplos de exercícios físicos em várias civilizações,
em diversas regiões do planeta.
Nesse sentido, podemos dizer que a Ginástica formou-se a partir de diferentes
conceitos, assumindo diversas funções, através dos tempos (desde 3.000 anos a.C. até hoje),
nas diferentes culturas, obtendo diversos significados e objetivos, de acordo com a
comunidade em que estava inserida e sua época.
Ginástica na Pré-História
É claro que a expressão
"Ginástica" aplicada ao homem pré-
histórico é um tanto forçada, pois o
exercício físico não estava
sistematizado, regulamentado,
metodizado, estudado cientificamente,
etc.. Mas tudo isso que nós hoje
procuramos atingir cientificamente
(bem estar físico, saúde, força,
velocidade, resistência,
aperfeiçoamento das funções
fisiológicas, etc.), o homem primitivo atingiu e ultrapassou em muito. É que, pelas condições
de vida, um dia na pré-história, era uma contínua e completa aula de educação física. Para
sobreviver ao perigo das feras e inimigos, para fugir as intempéries, para conseguir o alimento,
para homenagear os deuses, para festejar vitórias, etc., o homem, em pleno contato com a
natureza, precisava correr, saltar, marchar, arremessar, na dar, mergulhar, lutar, levantar e
transportar ,equilibrar, trepar, quadrupedar, dançar, jogar, etc.
Para fins de estudo, podemos classificar as atividades físicas na pré-história
dentro dos aspectos: Natural, Utilitário, Guerreiro, Recreativo, Religioso.
1 - ASPECTO NATURAL: Aqui colocamos as atividades físicas feitas instintivamente, como
meio de sobrevivência: Correr para fugir ao perigo ou para alcançar a caça; Nadar para
atravessar os rios; Marchar (caminhar) a procura da caça, da pesca, do abrigo; Arremessar a
pedra, a lança, para caçar, pescar, guerrear e ai sim por diante.
2 - ASPECTO UTILITÁRIO: Na caça ou na pesca, quantas vezes a lança foi atirada
imperfeitamente, deixando o homem sem a sua desejada alimentação. Ele percebeu que
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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
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precisava "treinar" aquele gesto para que, quando surgisse a situação real frente a sua presa,
pudesse ter êxito no lance. Esse treino, essa atividade intencional, essa "evolução técnica" já
não mais apenas instintiva, caracteriza o aspecto utilitário.
3- ASPECTO GUERREIRO: Aos poucos, vai o homem dominando a natureza: alguns grupos
desenvolvem o pastoreio e a agricultura e já podem abandonar a vida nômade. Mas outros
grupos, que ainda vivem da caça e da coleta de frutos silvestres, percebem a fartura daqueles
e adestram-se no manejo das armas para atacar e apossar-se do excelente estoque de
alimentos. Os sobreviventes do grupo atacado, por sua vez, percebem que não basta criar o
gado e armazenar os cereais: é preciso dedicar muita atenção ao preparo para luta e às
medidas de segurança. É a educação física sob o aspecto guerreiro. Mais tarde, o crescimento
dos aglomerados humanos exige a especialização do trabalho e surgem os homens dedicados
exclusivamente à segurança: os soldados. E é na caserna que a Educação Física, através de
todos os tempos, encontra apoio enfático e perene.
4 - ASPECTO RECREATIVO: Os homens primitivos brincavam de correr, saltar em altura e
extensão; lutavam, dançavam, atiravam ao alvo faziam encenações representando episódios
de caça, cenas cômicas, simulações de combates e etc.
5 - ASPECTO RELIGIOSO: Para aplacar a ira dos deuses, ou para homenageá-los, o homem pré-
histórico realizava atividades rítmicas e danças. Ao ritmo de bastões, tambores, palmas, gritos
e outros ruídos, executavam movimentos simbólicos de braços mãos, dedos, cabeça, tronco,
balanceamentos, saltitamentos, passos e corridas, batidas de pés e etc.
A Ginástica na Antiguidade
Na Antigüidade, principalmente no Oriente, os exercícios físicos aparecem nas
várias formas de luta, na natação, no remo, no hipismo, na arte de atirar com o arco, como
exercícios utilitários, nos jogos, nos rituais religiosos e na preparação guerreira de maneira
geral.
A ginástica aparece aqui como elemento sinônimo de um conjunto de atividades
físicas, baseada na massagem e nos movimentos respiratórios, com uma freqüência diária, e
com objetivos médicos e morais. Com algumas particularidades, praticamente todas as
civilizações antigas a que temos acesso, a partir de quarenta séculos antes de Cristo (através
de desenhos, escrituras, etc.), tinham esta concepção.
Chineses:
a) Os chineses constituem um dos povos mais
antigos da terra. Sua história perde-se na bruma dos
tempos e no terreno lendário.
Pode-se, no entanto dizer que já há 3.000 anos
A.C. possuíam uma educação organizada, com escolas de
nível primário, médio e superior.
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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
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b) A Ginástica não se restringia ao currículo escolar, e por isso alcançou alto nível
entre os chineses, é que ela estava englobada nos preceitos morais e religiosos. Assim, graças
aos sacerdotes e também aos filósofos (entre estes destacamos Confúcio que foi um grande
ginasta) a Educação Física era encarada com muita seriedade pelo povo chinês.
c) O Kong-Fu era um notável tratado de Ginástica elaborado pelos monges da
seita Tao-Tse.
Continha exercícios ativos, passivos e mistos; determinava a manutenção de
posturas, as mudanças de posturas, os modos de respirar; explicava os vários tipos de
massagens; indicava os benefícios fisiológicos e curativos de cada exercício. São famosas as "7
Regras de Saúde de Kong-Fu": levantar cedo, purificar a boca, exercitar-se, massagear-se,
banhar-se, repousar, alimentar-se.
d) Além das práticas morais e higiênicas aconselhadas pelos filósofos e pelo Kong-
Fu, os chineses praticavam muitas outras atividades físicas: o arco e a flexa, a luta, o box, os
jogos imitativos, a esgrima de sabre, o Tsu-Chu (semelhante ao futebol), o voador (peteca) , a
caça, danças religiosas e pantominas.
e) A introdução do Budismo e a influência de alguns filósofos que pregavam a
"inanição e a meditação para alcançar a sabedoria e a felicidade, prejudicaram o progresso da
educação física e da própria China a partir de uns 2 séculos antes de Cristo.
Na atualidade, o povo chinês reage aos séculos de obscurantismo e já comparece
nas competições mundiais de basquete, atletismo, natação, ping-pong, tênis, futebol.
Hindus:
a) A Índia se originou há uns 2.000 anos A.C
com a invasão dos ários que dominaram a
vasta península triangular que vai do Himalaia
ao Oceano Indico. Os hindus estavam
organizados em 4 castas hierarquizadas: os
brâmanes (sacerdotes, poetas, juízes,
médicos); os guerreiros; os negociantes,
pastores e agricultores; e os servos. Havia
ainda os sem classe ou parias, desprezados e
sem quaisquer direitos.
b) As principais fontes históricas para
estudo deste povo são os livros Vedas (livros
sagrados do Bramanismo); Mahabárata
(poema que relata uma guerra civil);
Ramayana (poema épico que descreve as
lutas de Rama para reaver sua esposa Sita) e
as Leis da Manu, o celebre legislador da índia.
c) Os livros mencionados nos dão conta de que os hindus praticavam ginástica,
exercícios respiratórios? Massagens, hidroterapia, a equitação, o box, lutas, corrida, natação,
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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
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dança, pólo, esgrima, lançamentos. Eram guerreiros temíveis. Possuíam cidades fortificadas;
usavam os elefantes nas batalhas colocando no dorso desses animais dezenas de arqueiros
que espalhavam a morte e a destruição entre seus inimigos.
A Ginástica tinha grande destaque no sistema escolar e ainda recebia especial
atenção no culto familiar e nos templos. Os preceitos higiênicos faziam parte da essência
moral e religiosa do povo.
Manu preconizava: “Para a sociedade a hierarquia das castas e para o indivíduo a
pureza física e moral”. A purificação era feita pelo fogo, (fumigações) pela respiração e pela
água.
A Ioga é uma interessante prática que nos legaram os hindus. Ela consiste em
técnicas respiratórias, manutenção de posições do corpo, exercícios feitos suavemente e
atitude mental em busca da tranqüilidade interior e das "forças cósmicas”.
d) Na atualidade, após longo domínio e por influencia inglesa, os hindus praticam
futebol, tênis, pólo, hockey, cricket, golf, atletismo.
A Ginástica no Oriente Próximo
Egípcios, caldeus, assírios, hebreus, medos, persas, fenícios e insulares, são os
grupos mais conhecidos entre os povos da antigüidade, no Oriente Próximo. Vamos dizer
apenas que os fenícios eram hábeis navegadores; que os assírios e caldeus eram guerreiros
cruéis; que os hebreus legaram preciosos princípios higiênicos; que os medos e os persas eram
inteligentes, dinâmicos, honrados e guerreiros.
Detenhamo-nos um pouco mais nos Egípcios e nos Cretenses.
Egípcios:
Através de escavações realizadas pelos
pesquisadores franceses Champollion e Botta e o
inglês Rawilson no Egito, encontraram nas paredes
das tumbas e hipogeus, pinturas e desenhos que
revelaram as práticas físicas que faziam parte do
ume egípcio, dentre os quais, os exercícios
gímnicos. MALTA (1994), declara a existência de
uma ginástica egípcia, devido a grande variedade
de atividades físicas praticadas no Egito,
destacando a constatação do trabalho de algumas
qualidades físicas (equilíbrio, força, resistência
muscular e flexibilidade) como também a utilização
de alguns materiais de apoio {árvore, lança e
pesos).
a) No vale do rio Nilo, nordeste da África,
floreceu, há mais de 4.000 A.C., a civilização
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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
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egípcia.Os egípcios eram altos, de ombros largos, de quadris estreitos, pernas e braços longos,
peles amorenada pelo sol, alegres, trabalhadores, cultos e religiosos.
b) Vivendo em país de clima quente e recebendo as cheias periódicas do Nilo, era
natural que os egípcios desenvolvessem adequadamente seus preceitos higiênicos, exercícios,
hábitos alimentares e vestuário.
c) Assim, a natação era bastante praticada por homens e mulheres (lembram-se
do episódio bíblico que narra o achado de Moisés pela filha do Faraó durante um banho no rio
Nilo?). O remo, a navegação e a caça de aves e animais selvagens nos rios e pântanos eram
muito apreciados (hipopótamos, gazelas, bois selvagens, raposas, lebres, leões, leopardos,
crocodilos). Os jovens perseguiam a nado os crocodilos levavam na mão um bastão ponte
agudo nos dois extremos e ofereciam o ante-braço ao animal; quando este tentava abocanhá-
lo nada conseguia além de ficar espetado.
A ginástica rítmica e as danças tiveram alta expressão no Egito, seja sob o aspecto
religioso, como sob o profano e militar.
Desenvolveram a arte da luta. Nos túmulos de Beni-Hasan foram encontradas
figuras de lutadores, pintadas em verme lho e preto, para melhor compreensão da técnica dos
golpes,em que aparecem mais de uma centena de fases de luta.
Sob o aspecto militar, além do manejo do arco e da flexa, praticavam a corrida de
carros de guerra, o arremesso de lança, a esgrima com um bastão numa das mãos e com
escudo na outra, corridas de velocidade e resistência.
d) Em tão alto conceito tinham os egípcios a educação física que o próprio
herdeiro do trono se exercitava junto com os demais membros da nobreza. E todo o
juramento feito em nome do Faraó, terminava com a expressão “Vida, Saúde, Força”.
Nos Locais dos exercícios físicos, assim como fazemos hoje nos estádios e
vestiários, havia frases de incentivos aos praticantes: "Teu braço é mais forte que o dele; não
cedas"; "Nosso grupo é mais forte que o deles; força, companheiros”.
Cretenses:
a) Entre os insulares, ou povos do mar, brilhou, há
mais de 2.000 anos A.C., a civilização cretense. Embora ainda não
tenha sido possível decifrar os signos da escrita cretense, pelas
ruínas, quadros, pinturas e esculturas, pode-se conhecer algo deste
povo extraordinário, precursor e inspirador da civilização grega no
campo da Educação Física.
b) Os cretenses eram baixos, morenos, queimados
pelo sol, esbeltos, ágeis, enérgicos, usavam roupas leves (uma
simples tanga e saiote ricamente bordado, com uma cinta que
ressaltava o talhe atlético); as mulheres usavam saias soltas,
camisas rendadas, elegantes chapéus, colares, jóias e braceletes.
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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
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c) Seus templos e palácios possuíam inteligente distribuição de ar, luz, água,
drenagens, instalações sanitárias e salas de banho.
d) Hábeis marinheiros e possuindo um tipo de barco guarda-costas muito veloz,
não precisavam de muros e fortificações para guarnecer seu litoral.
Eram apaixonados pelos exercícios de força e destreza. Para seus espetáculos,
construíram os primeiros teatros e estádios do mundo. Apreciavam as lutas de gladiadores e
os combates de homens e mulheres contra as feras. A coragem e a habilidade acrobática dos
cretenses se desenvolveram a tal ponto que casais de toureiros, desarmados, brincavam com o
touro furioso, dando cambalhotas e saltos sobre o dorso do animal.
Conheciam o pugilismo e já dividiam os lutadores nas três clássicas categorias:
leves, médios e pesados. Os lutadores cobriam o corpo com óleo. Como outros povos, os
cretenses também praticaram as danças religiosas e recreativas, as corridas, natação e
massagem.
A Ginástica na Grécia
Na Grécia, definiu-se o primeiro conceito de Ginástica. Os exercícios ginásticos
tinham de ser praticados com o corpo nú, banhados com óleo, nos ginásios, sob uma
orientação determinada por preparadores físicos e filósofos, objetivando a formação do ser
humano, no seu aspecto físico, intelectual, filosófico, artístico (vinculado à estética e à música),
e moral, desenvolvidos a partir do seu método, “a orquestrica e a palestrica”:
“Pouco antes de Platão a ginástica foi erigida em instituição nacional. Foi
metodizada e codificada, juntamente com a instituição dos atletas, e com a dos pedotribas
(professores) que se consagravam exclusivamente nos exercícios corporais, com o fim de
concorrerem aos jogos públicos....
A Ginástica foi dividida em dois grupos:
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FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
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- A orquestrica (formação cultural e moral dos jovens, atitudes por meio de
gestos, música, caráter, dignidade do cidadão, danças rítmicas)
- A palestrica (preparo de atletas para os jogos públicos, diversas modalidades
de exercícios físicos e eram realizados nos ginásios)” (BONORINO, op.cit., p.19
e 20)
A Grécia antiga compreendia a extremidade da península balcânica, uma serie de
ilhas nos mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo e alguns pontos nas costas da Ásia Menor.
Vários povos cruzaram a Grécia, mas é com os Helenos, que a invadiram no século
XVI A.C., que o povo grego surge ante a face da História. Os helenos se dividiam em quatro
tribos: aqueus, eólios, dórios e jônios. Os dórios se estabeleceram em Esparta e os jônios em
Atenas e essas duas cidades-estado lideraram por largos períodos a vida dos povos gregos.
Embora da mesma raça, os gregos não possuíam unidade política. Apenas em casos de guerras
com outros povos havia uma união temporária entre algumas cidades.
Somente o desporto e a religião, através dos jogos Pan-helênicos, conseguiam
uma efetiva unidade nacional.
Os gregos, pela harmonia de suas linhas, proporção de seus segmentos e
delicadeza de semblante, inteligência, coragem e cultura, foram considerados o protótipo da
beleza humana.
Separados política e geograficamente, era natural que diferentes fossem os tipos
de educação dos Gregos.
Os espartanos eram rudes, fortes, enérgicos, belicosos, colocando o amor a Pátria
acima de tudo.
Por isso a educação espartana visava a formar soldados eficientes e prontos a
morrer pela Pátria.
Até os 7 anos a criança ficava com a mãe; era então entregue ao Estado passando
a viver em comum com outras crianças, tendo uma alimentação sóbria, realizando exercícios
violentos e habituando-se aos rigores da natureza. Aos 13 anos ingressava em regime ainda
mais violento, praticando exercícios militares como equitação, funda, arco e flexa, manejo da
lança. Formavam bandos de adolescentes e eram mandados a assaltar sítios e viajantes para
prover sua própria alimentação. Se não conseguissem atingir seu intuito eram severamente
castigados.
Dos 18 aos 20 anos o jovem espartano passava a guardar a cidade e a treinar os
grupos mais jovens nos exercícios físicos e militares.
Dos 20 aos 30 anos entrava nos plenos poderes militares, podendo comandar
tropas. Depois dos 30 gozava de privilégios políticos; após os 60 podia aspirar os mais altos
postos da vida política.
Por tudo isso, é fácil concluir-se que a Educação consistia quase que
exclusivamente na Educação Física. Afora, e a educação cívica, os jovens recebiam apenas
alguns rudimentos de aritmética, leitura, e poesia. As meninas também recebiam uma
educação física intensa e, para escândalo dos de mais gregos, participavam dos jogos públicos;
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corriam, manejavam o arco e a flecha, dirigiam um carro de guerra e lutavam como qualquer
homem; tinham obrigação de manter-se belas, fortes e saudáveis a fim de que aos 20 anos
fossem desposadas e pudessem gerar filhos saudáveis. Eram educadas a colocar o amor a
Pátria acima do amor maternal.
Já a educação em Atenas era diferente. Até aos 7 anos os meninos ficavam ao
inteiro cuidado materno, brincando livremente.
Aos 7 anos ingressavam na escola onde aprendiam as primeiras letras, canto,
musica, jogos, como comportar-se em sociedade. Vemos, então que os atenienses buscavam a
formação integral do indivíduo: alma; corpo, mente. Dos 12 anos aos 15 estudos se
aprofundavam (Desenho, Astronomia, Matemática, Legislação, Literatura e etc.) e a ginástica
ia se tornando cada vez mais dura.
Dos 15 anos aos 18, recebiam a ginástica mais difícil e dedicavam-se ao atletismo.
Dos 18 aos 20 ingressavam na efebia, espécie de aspiração militar. Além do treinamento cívico
e militar, recebiam ensinamentos sobre política, administração e oratória. As meninas eram
educadas pela mãe Sua educação era voltada para o lar; aprendiam a fiar, coser, bordar, ler,
escrever, tocar citara, dançar e praticar alguns jogos.
Por esse tipo de educação compreende-se porque o ateniense era forte, bravo,
amante da sua Pátria, do seu lar, da sua liberdade, e tenha atingido altos níveis em todos os
ramos das ciências e das artes, causando admiração e servindo de exemplo para todos nós.
Os gregos possuíam excelentes locais para as práticas gimnicas e desportivas:
a) Estádio - local onde se realizavam as corridas de velocidade e resistência.
Ficava na planície junto ou entre morros nos quais construiam-se arquibancadas. "Estádio" é
uma medida grega que corresponde mais ou menos a 192 metros.
No estádio realizavam-se as corridas, lutas saltos e arremessos.
b) Palestra - (palé = luta) - recinto destinado às lutas. Alem do local das lutas havia
vestiários, salas de ginástica, banheiros frios e quentes, salas de reuniões e salas de
massagens.
c) Hipódromo - local destinado às corridas à cavalo e de carro.
d) Ginásio – Local destinado à prática da ginástica e dos jogos, englobando às
vezes também à educação intelectual. Com o tempo, o ginásio passou a constituir um conjunto
desportivo completo (hoje, nós usamos a palavra “estádio” para designar o conjunto
desportivo).
Assim como em nossos dias, também na velha Grécia o desporto exerceu
extraordinária missão de paz.
Nem sábios, nem políticos conseguiram unir os gregos; isso só o desporto o fez.
Por ocasião dos jogos Pan-helêmcos, toda a Grécia se reunia e confraternizava, ressaltando o
valor do povo grego e homenageando a seus deuses.
Os mais célebres jogos foram os Olímpicos, Nemeus, Píticos e Istmicos.
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Os Istmicos eram realizados em Corinto; os Píticos em Delfos; os Nemeus em
Neméia; e os Olímpicos em Olímpia, (em Élis). Além desses Jogos de caráter geral, cada cidade-
estado tinha seus próprios "jogos municipais".
Pelo seu esplendor e importância, detenhamo-nos um pouco mais nos Jogos
Olímpicos.
Eram celebrados de 4 em 4 anos, em honra de Zeus, o rei dos deuses. Tiveram
início em 776 A.C. e foram extintos em 394 D.C. pelo imperador romano Teodósio, tendo sido
celebradas 291 Olimpíadas ao longo de um período de quase 1.200 anos! Os jogos eram
organizados e dirigidos pelos 10 helanoicas, homens da mais destacada envergadura moral e
social de Elis. Em junho saiam os arautos por toda a Grécia pregando a Trégua Sagrada e
convidando para os Jogos. Cessavam então todas as guerras entre os Gregos! As cidades se
reconciliavam; todos tinham livre trânsito para Olímpia e ninguém podia ser molestado; as
armas não entravam na cidade no período dos Jogos. Na noite de 27 de julho realizavam-se
banquetes, procissões e ritos sagrados e ao alvorecer o dia 28, com um majestoso desfile,
preces e apresentação dos atletas, iniciavam-se os Jogos. Uma entusiástica multidão de 40.000
pessoas, (só homens) vibrava com os feitos dos atletas, considerados como semi-deuses.
Para participar dos jogos o atleta passava por severos testes e provas: ter sido
vencedor em sua cidade, submeter-se a estágio em Olímpia, ser grego de nascimento, ser do
sexo masculino, não ter sido concebido na velhice dos pais, não ter cometido crimes contra o
Estado ou a Religião, não chegar atrasado, jurar obedecer às regras e às autoridades.
A primeira Olimpíada constou apenas da corrida de um estádio; depois foram
incluídas outras provas e a programação passou a durar uma semana: corridas de
resistência,arremesses de disco e dardo, lutas, saltos em distância, corridas à cavaIo e de carro,
pentatlo. O pentatlo consistia em corrida, salto, arremesso de dardo, arremesso de disco e
luta. Os pentatletas iam sendo em parte eliminados, a medida que se realizavam as provas, até
que na última prova, a luta,ficassem somente dois concorrentes.
Terminadas as disputas, os atletas eram coroados com uma coroa de louros
diante do templo de Zeus e recebiam um ramo de Oliveira.
Seguiam-se outras solenidades religiosas, banquetes e comemorações.
Que a contemplação dessa magnífica época e o exemplo que ela nos dá nos ajude
a levar nossa Pátria pelos caminhos do desenvolvimento sem perda dos padrões morais e
espirituais.
Com o tempo, especialmente após a invasão romana, a Olimpíada foi perdendo
seu caráter espiritual e de pureza moral. Surgiram o profissionalismo disfarçado, a corrupção,
as apostas; os atletas recebiam grandes vantagens materiais em suas cidades; os romanos
viam nos jogos apenas um divertimento. Esse afrouxamento, como é fácil de se concluir,
trouxe consigo a decadência para a própria Grécia.
Sócrates (468-399 a.C), Aristócles, mas conhecido pelo cognome Platão ( 429-347
a.C), Hipócrates (430-377 a.C.) e Aristóteles (348-322 a.C.) deixaram grandes contribuições no
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que se refere às atividades físicas. Por exemplo as idéias pedagógicas sobre ginástica para o
corpos música para a alma, que influenciaram as bases educacionais defendidas por Platão.
Segundo Oliveira (1987), as artes da Ginástica (todos os exercícios físicos, inclusive
o esporte) e da Música (cultura espiritual) formaram o que os gregos chamavam de Paidéia, o
que hoje é entendido corno tradição, cultura, educação, enfim, a própria formação do Homem
PEREIRA (1988), relata que na cultura grega, foi a primeira prática de atividades físicas
realizadas em grupos, de forma consciente, metodizada e intencional. A cultura física era
marcante no universo grego, sendo usual a exercitação física conjunta, entre amigos, em suas
próprias residências, de cunho físico e social; Na vida atlética dos cidadãos gregos estendia-se
até a velhice; os ginásios viviam tomados de pessoas exercitando se... .
A Ginástica em Roma
Com a derrota militarista da Grécia (145 a.C), na passa a combater a ginástica
grega, pois achavam imoral e repulsiva a nudez dos atletas e ginastas gregos (MARINHO
1981). TUBINO (1992) descreve que as atividades físicas romanas possuíam características
militaristas bem marcantes, porém com a decadência do império Romano foi aos poucos elo
cruéis espetáculos circenses de gladiadores, pugilatos, luta livre e naumaquias. Deste período
romano surgiu a frase "Mens sana in corpore sano'', que até hoje está relacionada aos estudos
dos problemas da Educação Física.
Guerreiros, e de espírito prático, os romano
viam na educação física apenas o instrumento
para adestrar suas aguerridas legiões. A
educação física tinha, portanto, um caráter
eminentemente militar. Como em Esparta e
Atenas, o pai tinha plenos poderes sobre a
família, podendo aceitar ou recusar e filho
recém-nascido. Se aceita, a criança ficava aos
cuidados da mãe até 7 anos. Dos 7 anos aos
12, o menino era entregue ao "Ludus
Magister", ou a um preceptor particular se a
família tivesse maiores posses. Nessa fase a
educação limitava-se a rudimentos de ler,
escrever, contar e jogar, e pequenas
tarefas agrícolas ou militares. Dos 12 aos
16 anos ia para a escola do "grammaticus" onde avançava mais na literatura, na gramática e
estudava um pouco de ciências. Dos 16 aos 18 anos ia para a escola de "Retórica", ande
aprendia direito, filosofia, retórica e uma esmerada educação militar; Aos 18 anos tornava-se
cidadão, trocando a Toga Pretexta pela Toga Viril em bela cerimônia pública.
Os romanos de todas as idades praticavam diariamente a educação física no
campo de Marte, situado às margens do Tibre. Era uma bela planície, rodeada de bosques e
monumentos nacionais. Eles corriam, nadavam, saltavam, transportava pesos, arremessavam
a lança, lutavam, esgrimiam, jogavam harpastum (espécie de antepassado do futebol),
praticavam a equitação.
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Nos primeiros tempos não praticavam a ginástica por considerar imoral o nú dos
ginastas gregos e não ver nela uma direta preparação para a guerra; também não apreciavam
a dança que julgavam um divertimento muito baixo.
Os romanos apreciavam grandes espetáculos públicos onde houvesse perigo de
vida e corresse sangue. Construíram notáveis anfiteatros (Coliseu) e circos (Máximus). Aí
realizavam as lutas de gladiadores, veação, condenação às feras, naumaquias, corridas de
carros.
Os gladiadores eram em geral escravos que lutavam por dinheiro ou pela
liberdade. Havia vários tipos: Mirmilões (pesadamente protegidos e levando lanças e escude),
Reciários (rede, tridente e punhal), Laceários (laço com nó corrediço), Andábatos (à cavalo).
Veaçao era o combate de feras contra homens, ou de feras contra feras. Milhares
de animais africanos eram trazidos pelos imperadores e jogados nas arenas romanas.
Condenação às feras era o castigo imposto aos primitivos cristãos que morriam
despedaçados pelas feras famintas, sob o gargalhar e o deboche das multidões.
A Naumaquia consistia na luta entre barcos cheios de escravos armados. Cada
barco era embandeirado com cores diferentes do outro.
Transformava-se a arena em lago artificial e aí travava-se a naumaquia. Depois de
certo tempo, os promotores da luta davam o sinal de suspensão das hostilidades. O barco que
tivesse maior número de homens vivos era considerado vencedor e eles ganhavam a
liberdade.
As corridas de carros eram espetáculos empolgantes. Nos frágeis carros, puxados
por dois (bigas) ou quatro (quádrigas) cavalos os áurigas realizavam prodígios de equilíbrio,
coragem, destreza, força e resistência. O Circo Máximo era o mais importante, com capacidade
para 400.000 espectadores. O Coliseu, o mais famoso anfiteatro, tinha capacidade para....
100.000 pessoas.
Os romanos também realizavam jogos de estádio, como as competições atléticas
e eqüestres, mas sem o entusiasmo pelos jogos de circo e anfiteatro.
Também realizavam jogos e festas em homenagem aos deuses e em
comemoração às datas significativas na vida da cidade. Os imperadores, na ânsia de agradar o
povo para se manter no poder, aumentavam cada vez mais o número de jogos e dias feriados,
e distribuíam alimento para a população. Houve um tempo em que o ano tinha mais dias
feriados que dias úteis. Juvenal, o célebre poeta satírico, sentindo a decadência de sua Pátria,
publica, no século II, as suas "Sátiras”, onde crítica a educação e a vida romana. Nessa obra é
que encontramos a frase tão divulgada por nós da Educação Física: Mente sã em corpo forte.
Eis o verso de Juvenal: “Orandem est ut sit mens sana in corpore sano, Fortem posce animum,
mortis terrore ca-rentem" (Ora por uma mente sã em corpo sadio, Alma forte que, friamente,
a morte enfrenta). E o poeta diz com amargura: "onde está aquele povo que lutava por um
lugar de perigo na frente de combate e conquistava impérios? Agora se contenta com pão e
circo”.
Esse afrouxamento físico e moral, aliado a outras causas, foi o germe da
decadência de Roma.
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Mas antes de concluir este ponto,permitam que eu lhes diga algo sobre uma
belíssima contribuição romana ã Educação Física: as Termas eram as casas de banho dos
romanos.
Eles espalharam o hábito salutar do banho por todo o seu vasto império. As
Termas eram edifícios imponentes, muito ricamente decorados e construídos em mármore. As
principais de pendências eram: vestiários, salas de ar quente ou morno (seco ou úmido),
piscinas quentes e frias, salas de refeição, de leitura, de jogos sociais e desportivos, salas de
massagem. As principais Termas foram as de Agripa, de Nero, de Caracala, de Trajano. Havia
Termas com mais de 8.000 banheiros separados.
Roma chegou a ter mais de 800 Termas além de mil piscinas para o banho público.
Até os escravos, mediante uma módica taxa, podiam participar dos banhos.
A Ginástica na Idade Média (395-1453)
Com a morte do imperador Teodósio e a divisão do império Romano (395)
começa, segundo alguns historiadores, a Idade Média.
Esse período caracteriza-se pela quebra do poder real de
Roma, surgindo pequenos reinos e senhores em toda a
Europa. Assim surgiu o feudalismo, regime em que um
senhor mais forte reunia em torno de si senhores mais
fracos e dava-lhes domínio hereditário sobre certas terras
em troca de obediência e ajuda em caso de guerra (os
primeiros eram os "suzeranos" e os segundos os
"vassalos").
Aqueles vassalos, por sua vez, dominavam sobre pessoas
mais humildes, chamadas "servos da gleba". Os servos da
gleba utilizavam as terras dando uma parte do produto
para o seu senhor; também combatiam a serviço do
senhor.
Um castelo forte, com terras cultivadas, algumas habitações e campos de criação
ao redor é a paisagem característica da Idade Média.
Isso constituía um feudo.
Como os jogos na velha Grécia eram uma oferenda a deuses pagãos e como em
Roma eram espetáculos sanguinários nos quais os cristãos foram muitas vezes sacrificados, o
cristianismo, dominando o mundo, exterminou com eles e acabou com todas as suas
manifestações. E ainda mais, pregando que o corpo era vil e fonte de muitos pecados, a Igreja
combatia toda a atenção que se pudesse a ele dedicar, para que as atenções se voltassem
exclusivamente para a parte espiritual.
Essa atitude negativa da Igreja em relação à E.F. prejudicou a evolução da E.F. por
muito tempo, somente se modificando com o surgimento da Cavalaria e das Cruzadas.
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Nos feudos, as atividades físicas consistiam na caça, pesca, jogos infantis (as
crianças daquela época tinham mais jogos e brincadeiras que as nossas), danças a jogos
populares, lutas e arremessos.
Um dos jogos mais populares era a "soule" antepassado do futebol. Até os padres,
após a missa dominical, se misturavam com o povo e jogavam a "soule".
Consistia em atingir com a bola, jogada de qualquer maneira, um alvo defendido
pela equipe contrária. Havia “soles” entre povoados vizinho. A vitória consistia em levar a bola
até à praça do povoado adversária.
A nobreza
participava das Justas e
dos Torneios e do jogo da
"paume”, jogo da
"palma", antepassado, do
tênis, ou "pela" além das
danças. A Justa consistia
numa disputa “amistosa”
entre dois cavaleiros que,
à cavalo, protegidos por
armaduras, munidos de
lança e espada, investiam
um contra o outro,
tentando derrubar e
dominar o adversário. No
inicio, não havia muitas regras, e a Justa era quase igual a uma batalha real, havendo,
seguidamente, mortes.
Mais tarde criaram-se as "armas de cortesia", isto é, a lança de ferro foi
substituída pela de madeira com um florão na ponta.
Também surgiram regras mais amenas: bastava derrubar o adversário da sela, ou
quebrar a própria lança no impacto contra o adversário para ser considerado vencedor.
As justas eram realizadas em campo aberto, ou com um muro, (liça) à altura do
peito do cavalo. Consta que a última Justa realizou-se em 1559 para festejar o casamento de
Margarida, lrmã do rei Henrique II da França.
O Rei participou da festa "justando" com o conde de Montqomery. Na primeira
lança, o rei venceu facilmente, derrubando o conde; na segunda, ambos atingem o alvo e as
lanças voaram em estilhaços, mas o conde de Montgomery, com o impulso da arremetida e
com o pedaço de lança que sobrara atravessou a viseira do rei ferindo-lhe o olho esquerdo.
Dez dias de pois, com grande sofrimento, falece o rei e as Justas se apagam.
Os Torneios obedeciam aos mesmos princípios das Justas, porém eram disputados
por duas equipes. A codificação dos torneios foi feita pelo cavaleiro francês Geoffroy de
Preuilly, no século XI. Um senhor feudal promovia a festa, convidando tantos cavaleiros
quantos pudesse, ou convidando um outro senhor feudal e sua equipe.
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Formavam-se dois partidos: armavam-se as tribunas e arquibancadas; escolhiam-
se os juizes; embandeiravam-se os Iocais da disputa, os animais, as armas e os cavaleiros;
realizavam-se treinamentos; os disputantes faziam os juramentos de lealdade às regras e aos
adversários; havia homenagens, danças e banquetes; e quando o entusiasmo popular estava
no auge, realizava-se o Torneio. Às vezes o combate ia de sol a sol. Ao final, todos
confraternizavam e os esfalfados combatentes, com toda a dignidade e cortesia, participavam
das festas e danças que eram realizadas em sua homenagem. Os torneios evoluíram
desportivamente até ao ponto de originar o "carrossel" e as "cavalhadas" onde havia apenas
combates simulados e demonstração de habilidade eqüestre.
A Cavalaria, nobreza dentro da nobreza é o facho luminoso da Educação Física na
Idade Média. O cavaleiro cultivava o ideal de defender à Igreja, à Pátria, as mulheres, os fracos
e os oprimidos.
A Igreja apóia a cavalaria e assim começa a modificar sua atitude em relação à
Educação Física. O jovem nobre desde pequeno vai se preparando física, moral e
espiritualmente para se tornar cavaleiro. E então, em plena mocidade, em bela cerimônia
cívica e espiritual, recebe as armas de cavaleiro. Ate chegar a esse momento, ele passou
muitos anos adestrando-se na Luta, natação, arremessos, Levantamento de pesos, boas
maneiras, conhecimento de Leis, exercício das práticas religiosas e etc.
A Ginástica no Renascimento
Com o Renascimento (1400 a 1727), período de transformações e despertamento
cultural e ideológico, que além de libertar as ciências e as artes também serviu para o
ressurgimento da cultura física.
Como o homem sempre teve interesse no seu próprio corpo, o período da
Renascença fez explodir novamente a cultura física, as artes, a música, a ciência e a literatura.
A beleza do corpo, antes pecaminosa, é novamente explorada surgindo grandes artistas como
Leonardo da Vinci (1452-1519), responsável pela criação utilizada até hoje das regras
proporcionais do corpo humano.
Consta desse período o estudo da anatomia e a escultura de estátuas famosas
como por exemplo a de Davi, esculpida por Michelângelo Buonarroti (1475 - 1564).
Considerada tão perfeita que os músculos parecem ter movimentos. A dissecação de
cadáveres humanos deu origem à Anatomia como a obra clássica "De Humani Corporis
Fábrica" de Andrea Vesalius (1514-1564).
A volta de Educação Física escolar se deve também nesse período a Vitorio de
Feltre (1378-1466) que em 1423 fundou a escola "La Casa Giocosa" onde o conteúdo
programático incluía os exercícios físicos.
O Renascimento foi um período marcante e positivista para a cultura física,
fazendo renascer o interesse e o prazer pela prática de atividades físicas o verdadeiro
renascimento da cultura em geral e da Educação Física.
O movimento contra o abuso do poder no campo social chamado de iluminismo
surgido na Inglaterra no século XVII deu origem a novas idéias. Como destaque dessa época os
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alfarrábios apontam: Jean-Jaques Rousseau (1712-1778) e Johann Pestalozzi (1746-1827).
Rousseau propôs a Educação Física como necessária à educação infantil. Segundo ele, pensar
dependia extrair energia do corpo em movimento.
Pestalozzi foi precursor da escola primária popular e sua atenção estava focada na
execução correta dos exercícios.
Atividade
1. Dividir os alunos em 4 Grupos, disponibilizar os nomes dos grupos e seus componentes e
representante.
2. Sorteio de 4 temas ( 1 Pré-história, 2 Antiguidade, 3 Idade Média e 4 Renascimento)
Edificar um trabalho de pesquisa sobre a relação e aspectos evolutivos da Ginástica e o tema
sorteado.
Apresentação oral/escrita por ordem dos temas dia (-------), tempo máximo por grupo 15
minutos.
Obs.: O trabalho escrito deverá apresentar a bibliografia utilizada.
A Ginástica na Idade Contemporânea
É na Idade Contemporânea que ocorre o aparecimento do esporte moderno, a
sistematização da ginástica e o amadurecimento da educação física escolar. Por esse motivo, é
à luz do estudo dos princípios doutrinários que marcaram essa época que poderemos
compreender e analisar as atuais tendências da educação física mundial.
A Situação Política e Social da Europa
O século XVIII caracterizou-se pelo regime político batizado de "Despotismo
Esclarecido", o qual foi influenciado pelas idéias do Iluminismo. As últimas décadas do século
desenrolaram-se sob a marca da Revolução Francesa (1789), que derrubou o absolutismo,
implantou a República, levou o povo ao poder político na França e semeou uma onda de
revoluções liberais na Europa. Entre 1803 e 1815 a Europa toda envolveu-se nas Guerras
Napoleônicas.
O século XIX é o século da formação dos Estados Nacionais. A Europa nele
adentrou sob a influência política do liberalismo e do nacionalismo, e economicamente, da
Revolução Industrial, iniciada por volta de 1760 na Inglaterra, e que se espalhou por toda a
Europa a partir de 1850, promovendo grande desenvolvimento econômico e transformações
sociais.
O movimento nacionalista, aliado ao desenvolvimento econômico, cresceu muito
na segunda metade do século XIX. Entre 1830 e 1870 transformou-se num movimento
agressivo em favor da grandeza nacional e do direito de cada povo cultural e racialmente
unido governar a si próprio (Burns, 1948). A partir de 1871 a Europa viveu em permanente
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estado de tensão por questões territoriais. A crise política levou à deflagração da I Grande
Guerra, em 1914.
Foi neste tempo de guerras e revoluções que a Educação Física de nossos dias
assentou suas bases.
Situação das Instituições Educacionais
Entende Luzuriaga (1979) que o século XVIII é o século pedagógico por excelência.
A educação tornou-se uma das mais importantes preocupações de reis, pensadores e políticos.
Surgiram duas das maiores figuras da Pedagogia: Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Foi neste século que se desenvolveu a educação
pública estatal e iniciou-se a educação nacional. Ainda segundo Luzuriaga, na educação do
século XVIII observam-se os seguintes movimentos:
1. Desenvolvimento da educação estatal, da educação do Estado, com maior
participação das autoridades oficiais no ensino.
2. Começo da educação nacional, da educação do povo pelo povo ou por seus
representantes políticos.
3. Princípio da educação universal, gratuita e obrigatória, no grau da escola
primária, que fica estabelecida em linhas gerais.
4. Iniciação do laicismo no ensino, com a substituição do ensino da religião pela
instrução moral e cívica.
5. Organização da instrução pública em unidade orgânica, da escola primária à
universidade.
6. Acentuação do espírito cosmopolita, universalista, que une pensadores e
educadores de todos os países.
7. Sobretudo, a primazia da razão, a crença no poder racional na vida dos
indivíduos e dos povos.
8. Ao mesmo tempo, reconhecimento da natureza e da intuição na educação, (p.
151)
Ao final do século XVIII a educação européia modificou-se radicalmente com a
Revolução Francesa, que fez com que a educação estatal, do súdito, própria da monarquia
absolutista e do despotismo esclarecido, se convertesse na educação nacional, na educação do
cidadão participante do governo do país (Luzuriaga, 1979). A Revolução Francesa deixou
assentada as bases da nova educação nacional, que da França estendeu-se depois por toda a
Europa e América.
A educação no século XIX liga-se estreitamente aos acontecimentos políticos e
econômicos. A Revolução Política, principiada em 1789 com a Revolução Francesa, completou-
se com a vitória da soberania popular e das idéias liberais, constitucionalistas e
parlamentaristas, impondo-se a necessidade de educar o "povo soberano" (Luzuriaga, 1979, p.
180). A Revolução Industrial, que alcançou grande intensidade naquele século, levou a um
aumento populacional nas cidades e à necessidade de cuidar da educação desta grande massa.
Para Luzuriaga (1979) "todo século XIX foi um contínuo esforço por efetivar a
educação do ponto de vista nacional" (p. 180), o que é bastante coerente com o momento
político de afirmação dos Estados Nacionais que vivia a Europa. Os países europeus
estruturaram, naquele século, seus sistemas nacionais de educação. A escola primária foi
universalizada, em caráter obrigatório e gratuito, estabeleceram-se escolas normais para a
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preparação do magistério. A escola secundária também se afirmou, mas limitada ao
atendimento da burguesia, e considerada apenas como preparação para a Universidade.
Os Sistemas Ginásticos e o Nacionalismo
A história da elaboração e institucionalização dos, chamados "sis-temas
ginásticos" confunde-se com a própria história do nacionalismo europeu e do militarismo
sempre presente nos séculos XVIII e XIX. Originários da Alemanha, Dinamarca, Suécia e França,
vinculam-se aos processos da afirmação da nacionalidade nestes países e à constante
preocupação de preparação para guerra. Alguns autores (Marinho, s.d.a; Ramos, 1982)
rotularam de “doutrinários” os movimentos de Educação Física surgidos naqueles países.
Ginástica Alemã
O seu desenvolvimento foi dirigido por intelectuais e médicos, mas o
impulso decisivo para a implantação dos alicerces da Escola Alemã veio da pedagogia.
Inicialmente, podemos citar os alemães Basedow e Salzmann, que, com suas instituições
escolares denominadas "Philantropinum", abriram as portas para a implantação da educação
física escolar. Foi também decisiva a influência sobre os autores citados do suíço Jean Jacques
Rousseau que, ao escrever o Emílio, em 1762, muito acentuou a tendência humanista do
"Philantropinum" do pedagogo Johann Bernhard Basedow (1723-1790) e, posteriormente, do
de Salzmann.
Basedow dava grande importância à saúde e à educação física, e sua escola iniciou
o primeiro programa moderno de Educação Física (Van Dalen & Bennet, 1971). Este programa
compreendia corridas, saltos, arremessos e lutas semelhantes às que se praticavam na Antiga
Grécia: jogos de peteca, de bola, de pinos e pelota; natação; arco e flecha; marchas; excursões
no campo, caminhada e suspensão em escadas oblíquas e transporte de sacolas cheias de
areia (Marinho, s.d.a; Van Dalen & Bennet, 1971).
Não podemos esquecer também a influência de outro suíço: Johann Heinrich
Pestalozzi, “o maior gênio, a figura mais nobre da educação e da pedagogia, o educador por
excelência e o fundador da escola primária popular". Assinale-se que Pestalozzi foi seguidor
das idéias de Rousseau.
Em 1784 foi fundado um instituto educacional semelhante ao Philanthropinum
também colocando em prática idéias educacionais naturalistas, onde Cristoph Friedrich
GutsMuths (1759-1839), assumindo as aulas de ginástica, experimentou novas atividades e
aparatos e elaborou um sistema de trabalho que ficou conhecido como "ginástica natural" ou
"método natural". Ele dividiu as atividades em três classes: exercícios ginásticos, trabalhos
manuais e jogos sociais (Van Dalen & Bennet, 1971). Admirador de Rousseau, sua ginástica
compreendia todas as variações de exercícios corporais, sem nunca ir contra a natureza.
Incluía a ginástica entre os deveres da vida humana e, sob este aspecto, muito lembrava os
princípios da educação grega.
Segundo Van Dalen e Bennet (1971), o programa de GutsMuths harmonizava com
os ideais de Rousseau. Ele acreditava firmemente na influência do corpo sobre a mente e o
caráter; e que a saúde, mais do que o conhecimento, deveria ser o objetivo básico da
educação. Moolenijizer (1973) entende que GutsMuths ganhou grande importância como o
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autor da primeira abordagem metódica para planejar intencionalmente a educação física e
também por introduzir o jogo como meio justificado de educação.
O período de gestação do sistema de ginástica de GutsMuths não coincidiu com a
exacerbação do espírito nacional alemão, o que ocorreu apenas a partir de 1806 com a invasão
francesa. Contudo, ele não ficou isento de influência do nacionalismo e da política de
intervenção estatal na educação. Considerava a ginástica de alta significação social e patriótica,
e meio educativo fundamental para a nação, e pediu que o Estado assumisse a organização e
divulgação da ginástica (Marinho, s.d.a).
A derrota que Napoleão infligiu aos alemães em Jena, em 1805, a Prússia em
bloco desejou a desforra. Impõem-se, então, um sistema de educação tendente a
potencializar, ao máximo, o espírito e o corpo provocou o despertar de um profundo
sentimento nacionalista popular.
A nova ginástica alemã - Jahn havia substituído a palavra ginástica por Turnkunst,
em 1811 - ia ao encontro das necessidades do povo, pois Jahn não teve, "durante toda sua
existência, outra aspiração senão despertar o sentimento nacional e a realização da unidade
alemã" (30, pág. 56). Jahn somente queria formar o forte. "Viver quem pode viver", era o seu
lema. Para ele, os exercícios físicos não eram meios de educação escolar, mas sim da educação
do povo. Inventou aparelhos como a barra fixa, barras paralelas e o cavalo, sendo, portanto o
precursor do esporte que hoje se chama ginástica olímpica. Registramos que, até a I Guerra
Mundial, o sistema nacional de ginástica adotado na Alemanha foi o de Jahn.
Diz Pepe: "Antes da invasão napoleônica o sentimento nacional era muito mais
um patriotismo intelectual, representado por grandes estudiosos como Lessing, Herder,
Gorthe, Kant, Fichte, etc. que intencionava impor a cultura e não a potência militar". Foram
as humilhações sofridas nas várias batalhas durante a dominação napoleônica que
despertaram os sentimentos patrióticos dos alemães. Foi então que Fichte afirmou que o
espírito alemão "é uma águia que com força levanta o seu corpo poderoso para aproximar-
se do sol". Korner incitou a Alemanha a construir um único Estado da Europa, e a fundação da
Universidade de Berlim teve um objetivo, sobretudo, patriótico. Fichte, como primeiro reitor,
fez o "Apelo à nação alemã", no qual afirmava a bem conhecida teoria que "Deus tinha
confiado ao povo alemão a missão de civilizar o mundo". Conseqüentemente os mestres da
ginástica, como Jahn, Eiselen, Frieser, Massmann e muitos outros começaram a reunir em
ginásios esportivos e em associações, a juventude para educá-la e prepará-la física e
moralmente a fim de fazer renascer a nação alemã. Foram estes os mestres que adestraram a
juventude sob o gímnico-militar, que enrubusteceram seus membros e endureceram os seus
caracteres, preparando-os para darem tudo à Pátria, até a vida. Foram eles também, que
deixados os ginásios esportivos, guiaram - como Jahn - os batalhões dos seus alunos
voluntários rumo às estradas da vitória, levando-os da planície de Hasenheide ao triunfo de
Paris.
Mas com a França já derrotada e expulsa, o governo alemão passou a temer os
movimentos de massas liderados por Jahn, de forte conteúdo político. As autoridades temiam
que o Turnen servisse difusão das doutrinas liberais então em voga, e proscreveram as
sociedades ginásticas. O próprio Jahn foi preso em 1819, acusado de traição. Segundo Roberts
(1973), o governo prussiano até mesmo incorporou o sistema ginástico na escola formal, num
esforço para frustrar as sociedades ginásticas. Mas a repressão oficial não conseguiu impedir o
crescimento do Turnen que recuperou o seu vigor no reinado de Frederico Guilherme IV. Em
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1868 organizou-se o Deutsche Turnerschaft, uma federação de todas as sociedades ginásticas
alemãs. Durante a guerra franco-prussiana de 1870-71, quinze mil de seus membros
apresentaram-se ao serviço militar. A guerra propiciou a unificação da Alemanha - o grande
ideal de Jahn e seus seguidores - e isto levou valorização da ginástica, que passou a receber o
apoio estatal.
Nas escolas alemãs, a Educação Física foi introduzida na forma do sistema
ginástico de Adolph Spiess (1810-1858). Em 1842, o governo prussiano reconheceu
oficialmente a Educação Física como uma função do Estado, e após o fracasso em introduzir a
ginástica de Jahn, Spiess foi convidado a implantar o seu sistema.
Spiess estudou e trabalhou em escola suíças que sofreram a influência de
Pestalozzi. L , criou um sistema de ginástica adaptado a objetivos pedagógicos e integrado no
currículo escolar. Segundo Van Dalen e Bennet (1971 ) Spiess foi bem sucedido em introduzir a
Educação Física nas escolas da Alemanha porque seus objetivos harmonizavam com a política
autocrática e a filosofia educacional da época. Ele dava bastante ênfase disciplina, e embora
seu sistema buscasse um desenvolvimento eficiente e completo de todas as partes do corpo,
tais objetivos eram alcançados através de submissão, treino da memória e respostas rápidas e
precisas ao comando.
Roberts (1973), após estudar o processo histórico do surgimento e
desenvolvimento da Educação Física na Alemanha, concluiu que ela desenvolveu-se de duas
diferentes formas: como um sistema escolar regular de educação física e como um sistema
extra-curricular politicamente orientado que acabou por tornar-se uma força auxiliar de Adolf
Hitler, chamada de "Movimento Jovem Hitleriano".
É evidente, que assim, na Alemanha, a ginástica não pode ter, neste período,
outro endereço senão aquele militar, com fundo nacionalista, mesmo se não faltaram
interessantes e valiosas alternativas. Outras nações européias condividiram com a Alemanha
as mesmas paixões nacionalísticas, o ódio pela opressão estrangeira e o mesmo desejo de
renascer, assim que a difusão do pensamento e das idéias da escola alemã encontrou um
terreno favorável nas condições históricas do século XIX.
A ginástica alemã de 1800 teve, como dizíamos acima, também características
educativas comuns aos demais métodos de educação física que se estavam,
contemporaneamente, afirmando na Europa: em efeitos, não se pode, certamente, afirmar
que a atividade física da Alemanha tenha ficado alheia e avulsa ao valor pedagógico e daquele
médico-científico: somente que, por razões históricas e políticas, a ginástica alemã reforçou
aquele seu endereço militarista que influenciará posteriormente, uma boa parte do ensino
tradicional da educação física, também nos demais países europeus.
A difusão do exercício físico nas escolas e nas sociedades de ginástica levará a
uma inevitável diversidade de endereços assumindo novas formas, ficando em inércia a veia
patriótica suscitada pelo pai da ginástica alemã (Jahn).
O endereço gímnico da escola alemã teve, portanto, origens patriótico-militar
com Jahn, assumiu com Spiess um caráter escolástico-educativo, com Rothstein racional-
higiênico influenciado pela escola sueca, inclinando-se então ao ecletismo com Jager, por sua
vez inspirado pelas origens clássicas do exercício físico, mas sempre com escasso sucesso.
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Próximo ao fim de 1800 desenvolveu-se o momento dos jogos ao ar livre e o
advento dos esportes sem, porém que esta grande atividade se afirme; no inicio de 1900
existiu um aceno estético-rítmico com Jacques Dalcroze, Bode e outros; entre as duas guerras,
no clima do estado hitleriano, o exercício físico retornou o fim nacional e patriótico, permeado
de princípios biológicos com endereço natural e bélico. No período nazista, a atividade física
foi integrada ao sistema político; mais que de educação física tratou-se de uma atividade que,
partindo do corpo e servindo-se desse, mirou infundir, na criança, os dotes da obediência
absoluta e o hábito à ordem. A educação do corpo foi, sobretudo, duro treinamento para
reforçar a vontade ê o caráter do futuro soldado.
No segundo após guerra, com Diem, a educação física tornar-se-á um meio
essencial e indispensável do inteiro complexo educativo. De qualquer maneira, a difusão do
método ginástico alemão favoreceu o desenvolvimento, não somente da educação física na
Alemanha, mas também no resto da Europa, até na América, tanto no século XIX que na
primeira metade do século XX.
A única diferença entre a ginástica da escola alemã e aquela das demais escolas
(suecas, inglesas, francesas), é que a primeira tinha limitadas capacidades de difusão pelas
próprias condições históricas ambientais da Alemanha antes de 1870, enquanto que as outras
não conheceram tais limitações ou obstáculos para os fins universais que se tinham prefixadas.
Método Natural Austríaco
O desenvolvimento do Método Natural Austríaco deve-se basicamente aos
educadores Gaullhofer e Streicher, ambos convidados pelo governo austríaco para
participar da reforma de ensino naquele país. Tais educadores partiam das premissas que
era necessário “fornecer bases científicas para a Educação física” e “criar um método natural
de Educação física”.
Apesar do grande trabalho desenvolvido por ambos na criação do método, o
período compreendido pelas duas guerras mundiais, fez com que este método fosse
esquecido, visto o domínio da Alemanha sobre a Áustria. No pós-guerra, outros dois
educadores - Burguer e Groll - resgataram o método, introduzindo sua finalidade maior
que era o desenvolvimento pleno da força corporal, espiritual e moral de um povo.
O Método Natural Austríaco, pela própria nomenclatura, propõe uma pedagogia
de desenvolvimento natural e ativa, valorizando atividades próximas da natureza. Dessa
forma, as atividades devem ser executadas ao ar livre e englobar atividades como marchar,
correr, saltar, lançar, arremessar, quadrupedar e outros.
Também para buscar o interesse na execução do método por parte das classes ou
turmas, os idealizadores do método propuseram a utilização de pequenos e grandes jogos e de
aparelhos como: cordas, bastões, colchões, medicine-ball, bancos suecos, elevações naturais,
plintons, espaldares e outros.
Busca-se na execução dos exercícios físicos e atividades desse método,
atingir as grandes funções orgânicas, quer sejam: o sistema respiratório, o sistema
circulatório e o sistema cardíaco. Para tais situações, pode-se empregar exercícios físicos de
força pura, força dinâmica, força explosiva e de resistência geral.
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É muito comum no desenvolvimento de uma sessão desse método, de que as
atividades sejam desenvolvidas em duplas, trios e quartetos, onde se preconiza o
sentido de auxílio e cooperação na execução dos exercícios e das atividades.
Na execução dos exercícios do Método Natural Austríaco, busca-se a execução de
movimentos globais e naturais, buscando com os mesmos atingir a grande maioria dos grupos
musculares do corpo humano, tendo por principais objetivos:
- Desenvolver de forma harmônica as qualidades físicas do organismo
humano, buscando de forma paralela também a otimização das
características sócio-psíquicas e morais do indivíduo;
- Buscar através da execução de pequenos e grandes jogos o
desenvolvimento emocional do indivíduo, visando o trabalho em grupos e o
comportamento equilibrado diante de vitórias e derrotas;
- Aperfeiçoar o indivíduo na dosagem da força e da resistência, treinando-o
no sentido de utilizar as suas energias na execução das atividades.
Para finalizar, percebe-se uma grande utilidade na execução desse método para
treinamento de militares, onde muitas características são utilizadas nos treinamentos
atuais das academias e quartéis. Para sua efetiva aplicação nas escolas, existe a natural
necessidade de adaptações no volume e na intensidade dos exercícios propostos.
Sobre a Áustria Wikipédia
As origens da Áustria remetem-se ao tempo do Império Romano, quando um
reino celta foi conquistado pelos romanos em 15 a.C., aproximadamente, e mais tarde tornou-
se Noricum, uma província romana, em meados do século I d.C.,[6] em uma área que abrangia
a maior parte da Áustria atual. Em 788 d.C., o rei franco Carlos Magno conquistou a área e
introduziu o cristianismo. Sob a dinastia nativa dos Habsburgo, a Áustria tornou-se uma das
grandes potências da Europa. Em 1867, o Império Austríaco foi incorporado pela Áustria-
Hungria. O Império Austro-Húngaro desmoronou em 1918 com o fim da Primeira Guerra
Mundial. Depois de estabelecer a Primeira República Austríaca, em 1919, a Áustria foi, de fato,
anexada à Grande Alemanha pelo regime nazista no chamado Anschluss, em 1938.[7] Isto
durou até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, depois que a Áustria foi ocupada pelos
Aliados. Em 1955, o Tratado do Estado Austríaco restabeleceu a Áustria como um Estado
soberano e o fim da ocupação. No mesmo ano, o Parlamento austríaco criou a Declaração de
Neutralidade, que estabeleceu que o país se tornaria neutro.
Método Natural de Georges Hébert
O idealizador deste método - Georges Hébert - possuía patente militar de
oficial da marinha e desenvolveu um método que, por muito tempo, foi aplicado como
treinamento para militares.
Esse método consistia na realização de exercícios naturais como a corrida, a
marcha, os saltos e saltitos, a natação, as lutas, os lançamentos e os arremessos e o transporte
de objetos e/ou companheiros. Todos esses exercícios eram realizados ao ar livre e de forma
contínua por cerca de cinquenta minutos e muitos estudiosos atestam que desse método
surgiu o tempo médio de duração de uma aula ou sessão de Educação Física.
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A fundamentação do Método Natural de Hébert se encontra no fato de que
todo grupo muscular utilizado desenvolve-se e pode vir a suprir necessidades do ser
humano, ou seja, através da execução de exercícios naturais poderei vir a desenvolver
todas as qualidades físicas do organismo.
Para Hébert, as aulas de Educação física possuíam função médica, social e
principalmente pedagógica, fazendo com que o professor fosse antes de mais nada um modelo
a ser seguido. Em contrapartida, Hébert era contra a utilização dos esportes e de
quaisquer tipos de jogos, pois entendia que os mesmos eram atividades antipedagógicas,
sem vínculo ou apelo psicológico e ainda possuíam caráter viciante.
Outra característica proposta por hébert refere-se a necessidade de que todo
exercício físico fosse desenvolvido de forma alegre e ininterrupta, passando-se de um exercício
para outro de forma contínua, buscando-se através dos mesmos atingir a maior parte dos
grupos musculares do corpo humano.
A constante correção dos movimentos executados, também faz parte das
características desse método. Para operacionalizar tal situação, nas aulas ou sessões de
utilização desse método é bastante comum a utilização de monitores que observam a
execução dos movimentos do grupo, buscando sempre a proposição da correção através da
execução do exercício ou atividade por parte do monitor.
Dada a sua grande influência sobre a juventude, o Método Natural de Hébert foi
utilizado como modelo de formação moral dos jovens. De forma genérica sobre seu método,
Hébert teria dito que os habitantes de um país desenvolvido e civilizado deveriam destinar um
tempo suficiente e diário para cultuar o corpo e utilizar o restante das horas do dia para
atividades úteis, afastando-se de todos os vícios e malefícios possíveis.
De forma específica, o método desenvolvido em uma sessão, pode ser dividido
nas seguintes partes:
a) Parte Educativa: que consiste na execução de exercícios e atividades que venham a
produzir bons efeitos sobre o organismo, tais como:
- Correção postural;
- Melhora da capacidade cardiorrespiratória;
- Desenvolvimento muscular como um todo e em especial da musculatura
abdominal;
- Ampliação do volume e da mobilidade da caixa torácica;
b) Parte Aplicativa: que consiste na execução de exercícios e atividades que venham a
desenvolver as aptidões gerais, sendo composta por atividades e exercícios, tais como:
- Movimentos básicos dos membros superiores (braços), membros inferiores
(pernas) e tronco, como as elevações frontais e laterais, as flexões e as
extensões.
- Elevação do corpo (suspensão) com a utilização das mãos.
- Movimentos diversos do corpo com equilíbrio em apenas um dos membros
inferiores.
- Execução de grandes e pequenos saltos sobre um ou dois pés de forma
estacionária e com progressão frontal e lateral.
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- Movimentos de inspiração e expiração realizados de forma contínua e
progressiva.
- Execução de exercícios naturais (locomoção), onde os mesmos devem ser
executados em ordem progressiva de dificuldade.
- Exercícios utilitários como a natação, a escalada, os lançamentos e os
movimentos básicos de defesa pessoal.
Para efeito de controle do método, o professor de Educação física deverá
proceder a verificação dos rendimentos dos seus alunos, através da comparação da execução
dos exercícios, quer no sentido de número de repetições ou ainda na qualidade de execução
dos exercícios, sempre levando em conta a progressividade das aulas.
No sentido da organização das aulas de Educação física, a grande contribuição de
Hébert refere-se a padronização dos exercícios naturais em dez grupos ou famílias, conforme
abaixo:
1) Marchar;
2) Correr;
3) Quadrupedar;
4) Trepar ou Escalar;
5) Saltar ou Saltitar;
6) Equilibrar;
7) Lançar ou Arremesar;
8) Levantar ou Transportar;
9) Atividades de Defesa;
10) Natação.
Ginástica Nórdica
Foi nos países nórdicos que mais frutificaram as idéias de Guts Muths.
Inicialmente na Dinamarca - considerada na época a metrópole intelectual dos países nórdicos
-, com Franz Nachtegall (1777-1847), fundador da ginástica no seu país. O pioneirismo é a
marca fundamental de seu currículo. Em 1799 funda o seu próprio instituto de ginástica; em
1801 consegue que se inclua a ginástica na escola primária; em 1804 é o responsável pela
fundação de um instituto militar de ginástica, o mais antigo instituto especializado do mundo;
em 1808 inaugura um instituto civil de ginástica, para formação de professores de educação
física; em 1828, como coroamento de seu trabalho, implanta-se obrigatoriamente a ginástica
nas escolas, fazendo com que a Dinamarca adiante-se de alguns decênios a outros países
europeus. Sua obra identifica-se com a de Spiess, na Alemanha, pois além de ser o responsável
pela criação da educação física escolar dinamarquesa, a educação física feminina foi outra de
suas grandes preocupações.
Em 1799, chega em Copenhague o sueco Pedro Enrique Ling (1776-1839) e, no
Instituto de Nachtegall, entra em contato com as idéias de Guts Muths. Assim como
Nachtegall, Ling havia chegado à conclusão de que:
"Uma educação física harmônica do corpo humano e de suas faculdades
dinâmicas, em completa dependência de correlação com todas as forças
físicas e espirituais do corpo, tinha que ser uma parte essencial da formação
do povo" (16, pág. 149).
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Ling voltou à Suécia em 1804 e, neste momento, tem início, efetivamente, a
história da ginástica sueca. A Suécia encontrava-se arrasada em virtude da guerra com a Rússia
e, assim como Jahn na Alemanha, Ling era possuído de um enorme sentimento patriótico.
Pretendia que a ginástica colaborasse para elevar o moral do povo sueco. Além disso,
"esperava obter, através de uma ginástica racional e científica, uma raça liberta do alcoolismo
e da tuberculose" (7, pág. 6). Em 1813, Ling conseguiu autorização do Rei Carlos XIII para
fundar o Real Instituto Central de Ginástica de Estocolmo (hoje Escola Superior de Ginástica e
Esporte), instituição que dirigiu até o fim da vida. Ling preocupou-se com a execução correta
dos exercícios, emprestando-lhes um espírito corretivo, como já o havia feito Pestalozzi. Com
esta idéia de conferir uma finalidade corretiva aos exercícios, Ling acaba por cimentar as bases
da ginástica sueca.
Seu principal seguidor foi o filho Hjalmar Ling (1820-1886). Sistematizou a obra do
pai e distinguiu-se como o verdadeiro criador da educação física escolar sueca, pois seu pai
não havia incluído as crianças nos seus estudos. Até a I Guerra Mundial, nenhuma outra
influência fora da órbita lingiana acrescenta algo significativo à educação física sueca.
Ginástica Francesa
É da maior importância o estudo dessa escola, pois dela chegaram os primeiros
estímulos que vieram a constituir os alicerces da educação física brasileira. Neste período
realça a figura de Dom Francisco Amoros y Ondeano (1770-1848), militar espanhol que chega
à França em 1814 e, em 1816, adquire a cidadania francesa. A sua figura é de grande
relevância histórica, pois foi quem introduziu a ginástica naquele país, sendo conhecido como
o "pai da ginástica francesa".
A sua ginástica reflete influências que podem ser definidas a partir da fórmula:
Rabelais/Guts Muths/Jahn/Pestalozzi. Pode-se considerar que era uma ginástica utilitária
(Rabelais), com intenção pedagógica (Guts Muths), acrobática (Jahn) e atrativa (Pestalozzi).
Mas o que caracterizava a ginástica amorosiana era o seu marcante espírito militar e "nunca
poderíamos admiti-la como um método de ginástica escolar" (4, pág. 98). Langlade
compartilha dessa opinião quando afirma que a citada ginástica "não tinha uma finalidade
escolar ainda que as crianças também a praticassem" (42, pág. 28). Apesar disso, foi
introduzida nas escolas francesas em 1850, sendo ministrada quase sempre por suboficiais do
exército, sem cultura geral e com deficiências de formação pedagógica. Somente no final do
século, por influência de Pierre de Coubertin, inicia-se uma campanha para que se crie uma
autêntica educação física escolar francesa.
Registramos, ainda, a presença menos marcante, mas também influente, de
Phoktion Heinrich Clias (1782-1854) que, entre outras iniciativas, cria a calistenia, em 1829 -
como ginástica feminina com tendências estéticas e derivadas dos gestos de dança -, de tão
larga divulgação no Brasil.
É importante assinalar, em virtude da influência que exerceu sobre a educação
física brasileira, a criação do Instituto de Ginástica do Exército Francês, em 1852, na Escola de
Joinville-le-Pont.
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CARACTERÍSTICAS SOBRE A ORIGEM DO MÉTODO
- A Escola de Joinville-le-Pont foi fundada em 15 de julho de 1852, no mesmo
local onde ainda se encontra.
- A Escola adotou então o Regulamento Francês de Ginástica, aprovado em 24
de agosto de 1846, pelo Ministro da Guerra, como o título “Instrução para o
Ensino da Ginástica nos Corpos de Tropa e nos Estabelecimentos Militares”,
que foi elaborado por uma comissão: General Aupik, Coronel Amoros, Capitão
D’Argy, Napoleão Laisné e outros.
- Em 1815 o comandante D’Argy publicou “Instruções para o Ensino da
Ginástica”, que se fazia acompanhar de um plano e de uma relação de
aparelhos usados no exército.
- A 22 de dezembro de 1904, por decreto do Presidente da República Francesa,
foi instituída uma comissão interministerial para tratar da unificação dos
métodos nas escolas, ginásios e regimentos, onde presidiu o General Castex e
outros 13 membros, resultando no “Manual d’Exercices Physiques et de Jeux
Scolaires”
- Após várias tentativas, ensaios em alguns novos regulamentos, baseados
sempre nos anteriores, com pequenas modificações, que fizeram parte Tissié
e Herbert, com a experiência da guerra de 1914-18, então surgiu em 1919 um
complemento ao “Manual d’Exercices Physiques et de Jeux Scolaires”. Era um
manual completamente novo de título “Projet de Réglement General
d’Education Physique”. Tal projeto foi consolidado em 1927, sendo reeditado
em 1932.
ANÁLISE GERAL DO MÉTODO FRANCÊS
O Método francês possui sua fundamentação voltada para as ciências médicas,
tais como a fisiologia e a Anatomia, possuindo um fulcro na Mecânica. Com a contribuição
do professor e fisiologista francês Georges Dêmeny (1850 – 1917), considerado por muitos
como o grande patriarca do Método francês, o método buscou um embasamento maior nas
leis da física e da Biologia, aplicando exercícios físicos e atividades com base científica.
Bases Fisiológicas - A educação física deverá ser orientada pelos princípios de fisiologia.
Durante a infância a educação física deve visar ao desenvolvimento harmônico do corpo,
enquanto na idade adulta o seu papel é manter e melhorar o funcionamento dos órgãos,
aumentar o poder do coração e dos vasos sangüíneos, o valor funcional do aparelho
respiratório, a precisão e eficácia dos movimentos e pelo conjunto desses meios, assegurar a
saúde.
Bases Pedagógicas - segundo a definição do método, a educação física compreende o conjunto
de exercícios cuja prática racional e metódica é susceptível de fazer o homem atingir o mais
alto grau de aperfeiçoamento físico, compatível com sua natureza, e utilizando-se de várias
formas de trabalho: jogos, flexionamentos, exercícios educativos, aplicações (as grandes
famílias - marchar, trepar, saltar, levantar e transportar, correr, lançar e atacar, e defender-se),
desportos individuais, desportos coletivos.
REGRAS GERAIS PARA APLICAÇÃO DO MÉTODO FRANCÊS
1. Grupamento dos Indivíduos - baseado na fisiologia e na experiência, adotou a classificação
racional em grupos de valor fisiológico sensivelmente equivalente: educação física elementar
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ou pré-pubertária (crianças de 4 a 13 anos); educação física secundária ou pubertária e pós-
pubertária (adolescentes de 13 a 18 anos); educação física superior ou desportiva e atlética
(adultos de ambos os sexos de 18 a 35 anos); e ginástica de conservação para a idade madura
(adultos de ambos os sexos com mais de 35 anos).
2. Adaptação ao Exercício - o regime de trabalho físico a que serão submetidos depende: do
fim a atingir, da dificuldade e da intensidade dos exercícios e das qualidades que estes
exercícios são susceptíveis de desenvolver ou de aperfeiçoar. Para compor o programa de
exercícios foram elaborados quadros de exercícios por ciclos (elementar, secundário e
superior) e que constava de: grupamento, fim a atingir (objetivo), o programa de exercício e
regime de trabalho.
3. Atração do Exercício - os exercícios físicos devem ser higiênicos e salutar quanto maior o
prazer com que for praticado. O instrutor deverá esforçar-se para tornar a sessão atraente,
pela escolha judiciosa dos exercícios que variará, freqüentemente, pela introdução de jogos
em momento oportuno no decorrer da lição e, principalmente, pela emulação e disposição
para o trabalho que provocará em sua classe.
4. Verificação Periódica da Instrução - a verificação periódica dos exercícios físicos é realizada
pelo médico e pelo professor e repousa nos exames fisiológicos e práticos. A verificação
médica é efetuada no início e final do ano letivo, seguido de exame prático de dificuldade
compatível com o valor físico dos concorrentes.
UMA SESSÃO COMPREENDE TRÊS PARTES
De forma genérica, o método buscava ordenar e aplicar um grupo racionalizado
de exercícios e atividades que compreendiam os saltos e saltitos, os lançamentos, os
arremessos, as corridas, as marchas e com sua aplicação militar também utilizavam-se de
esportes como a esgrima, a natação e a equitação.
1. Preparatória - duração de 2/10 do tempo total da sessão. Comporta evoluções e
flexionamentos dos braços, pernas, tronco, combinados, assimétricos e de caixa torácica.
2. Lição Propriamente Dita - duração de 7/10 da sessão. Abrange exercícios grupados nas sete
famílias: marchar, trepar e equilibrar-se, saltar, levantar e transportar, correr, lançar e atacar e
defender-se.
3. Volta á Calma - duração de 1/10 da sessão. Contém: marcha lenta com exercícios
respiratórios, marcha com canto ou assobio e exercícios de ordem.
O Movimento Esportivo Inglês
A Situação Política e Social
As revoluções inglesas do século XVII deram à Inglaterra um regime
parlamentarista estável, livrando-a das agitações que perturbaram a Europa continental nos
séculos XVIII e XIX. Durante os séculos XVI e XVII a Inglaterra experimentou grande
desenvolvimento comercial, que aumentou com a adoção do liberalismo econômico no século
XVIII e com a formação de um vasto império colonial. A partir de 1760 a Inglaterra passou a
sediar a Revolução Industrial, acontecimento que - ao lado da Revolução Francesa - modelou a
história da civilização ocidental.
Vários fatores foram decisivos para que a Revolução Industrial se desenrolasse
entre os ingleses. A Inglaterra expandiu o seu comércio e assegurou mercado consumidor e
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mercado fornecedor de matérias-primas já no século XVIII. O desenvolvimento comercial
possibilitou também a acumulação de capital, e além disso a Inglaterra dispunha de bastante
carvão e ferro. As revoluções do século XVII haviam tirado poder da aristocracia em favor da
burguesia, desejosa de promover o desenvolvimento econômico. Por outro lado, a doutrina do
puritanismo e do calvinismo inglês estimularam o enriquecimento e a acumulação de riquezas.
A Revolução Industrial significou a passagem do trabalho artesanal para o
trabalho industrial, do trabalho doméstico para o trabalho fabril e transformação do artesão
em trabalhador assalariado. A Revolução Industrial mudou radicalmente o regime de produção
econômica, proporcionando uma inédita acumulação de riquezas e gerando transformações
em todas as instâncias da sociedade inglesa dos séculos XVIIl e XIX. Desenvolveu-se a
tecnologia industrial, a população urbana cresceu muito nas grandes cidades, a classe média
tornou-se mais numerosa e mais rica, o proletariado a partir de certo momento organiza-se
para lutar contra as péssimas condições de trabalho e os baixos salários, e a agricultura
moderniza-se para atender a um crescente consumo.
A partir de 1850, a Revolução Industrial foi exportada para outros países da
Europa e da América, iniciando pela Bélgica, França, Alemanha, Itália e Estados Unidos, após a
estabilização de seus quadros políticos.
Situação das Instituições Educacionais
A Inglaterra foi mais demorada - em comparação com outros países europeus -
em estabelecer uma educação pública nacional controlada pelo Estado. Segundo Luzuriaga
(1979) os ingleses consideravam a educação mais como responsabilidade da sociedade civil
que do Estado.
Até as primeiras décadas do século XIX, a educação esteve exclusivamente nas
mãos da Igreja e de entidades particulares de caráter beneficente. As classes média e alta
financiavam sua própria educação, enquanto que a educação elementar para os pobres era
paroquial ou beneficente.
As transformações produzidas pela Revolução Industrial, o crescimento e a
concentração da população nos centros fabris e mineiros levaram gradualmente à intervenção
do Estado na educação (Luzuriaga, 1979; Mclntosh, 1973). Em 1833 o Parlamento concedeu
uma subvenção às sociedades filantrópicas para construção de prédios escolares. O
Departamento de Educação foi criado em 1856 para administrar os fundos governamentais. O
Ato de Educação de 1870 formou a base da educação primária mantida pelo Estado, e em
1876 foi introduzida a obrigatoriedade escolar.
O Esporte como Meio de Educação
A Educação Física inglesa do século XIX não foi muito influenciada pela filosofia
nacionalista, tendo um desenvolvimento diferenciado em relação ao restante da Europa. A
disciplina e o treinamento físico impostos ao povo nos países continentais, visando a defesa
nacional, não se fizeram necessários na Inglaterra, pois sua posição geográfica isolada e sua
poderosa marinha livraram-na de invasões estrangeiras. Por isso, sua maior contribuição não
foi no campo da ginástica, mas do esporte.
O movimento esportivo inglês do século XIX formou o outro pilar da
sistematização da moderna Educação Física, e guarda relação com as transformações sócio-
Página 33
FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA
DELGADO
2012
econômicas produzidas pela Revolução Industrial naquele país a partir de 1760 (Eyler, 1969;
Mclntosh, 1975; Rouyer, 1977). Até o final do século XVIII o esporte era uma prática
tipicamente aristocrática na Inglaterra, tendo este panorama se modificado substancialmente
no decorrer do século seguinte, com a proliferação do esporte em outras camadas sociais e
sua institucionalização em órgãos diretivos.
As tradicionais Escolas Públicas (PiMic-Schools), fundadas entre os séculos XIV e
XVII, as Universidades e a classe média emergente da Revolução Industrial tiveram
participação fundamental neste processo.Os estudantes das Public-Schools promoviam seus
próprios jogos - futebol, caça e tiro - desafiando às vezes a proibição das autoridades
educacionais que os consideravam perigosos e violentos.
A partir de 1832, a classe média, que ascendera a uma posição de poder político e
influência social por conta do desenvolvimento industrial, passou a reivindicar maiores
privilégios educacionais, o que conseguiu efetivamente por volta de 1860, e fez erguer muitas
novas escolas públicas espelhadas no modelo das antigas (Mclntosh, 1973, 1975). Esta
conquista revelou-se decisiva para a proliferação dos jogos esportivos. Mclntosh (1975)
entende que a obtenção de privilégios educacionais Peia classe média "coincidiu e foi
responsável pelo desenvolvimento dos jogos organizados, particularmente o críquete e o
futebol" (p. 88).
Em meados do século XIX o modelo esportivo predominante era o da classe
média, que deu aos vários jogos esportivos, alguns descobertos em estado embrionário,
organização, regras, técnicas e padrões de conduta para os praticantes, em grande parte
vigentes até hoje. A partir de 1857 e até o final do século fundaram-se dezenas de associações
esportivas nacionais na Inglaterra.
Para Eyler (1969) parece existir uma relação entre o aumento do tempo de lazer,
em parte induzido pela Revolução Industrial, e o desenvolvimento esportivo. Rouyer (1977)
analisou o esporte com relação ao lazer e ao trabalho no quadro do emergente capitalismo
inglês; constatou que o esporte era uma atividade de ócio da aristocracia e da alta burguesia e
um meio de educação social de seus filhos, e que a Inglaterra era o primeiro caso típico da
realidade do esporte num país capitalista.
A Inglaterra foi pioneira em divulgar o esporte entre uma população industrial e
urbana (Mclntosh, 1975). O esporte tornou-se acessível às classes trabalhadoras inglesas
depois de ter surgido pra a classe média, em decorrência de conquistas trabalhistas. Por volta
de 1870 os trabalhadores passaram a reivindicar - e obtiveram - uma redução da jornada de
trabalho. Segundo Mclntosh (1975) "Foi então, e só então que se deu a grande proliferação de
clubes desportivos e organizações distritais" (p. 38).
A Inglaterra foi também pioneira em aceitar e utilizar o esperte como um meio de
educação. O exemplo da Escola de Rugby onde seu diretor Thomas Arnold (1795-1842)
suprimiu a ilegalidade de alguns jogos esportivos, generalizou-se nas demais Escolas Públicas
na segunda metade do século XIX, que tradicionalmente dedicavam parte da vida escolar à
organização e supervisão de atividades pelos próprios estudantes, e o auto-governo foi
altamente desenvolvido nos jogos e esportes. A "capacidade de governar outros e controlar a
si próprio, a atitude de combinar liberdade com ordem" (Comissão Real das Escolas Públicas,
citado por Mclntosh, 1973, p. 119) era o modelo aceito da Educação Física nas Escolas
Públicas.
Página 34
Apostila fundamentos da ginástica
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Apostila fundamentos da ginástica

  • 1. 2012 Leonardo de Arruda Delgado Curso de Licenciatura em Educação Física Barra do Corda - 2012 FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA
  • 2. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 Índice PALAVRAS DO PROFESSOR......................................................................................................3 UNIDADE I: NATUREZA, HISTÓRIA E GÊNESE DA GINÁSTICA....................................................5 SEÇÃO 1: Conceitos..................................................................................................................6 SEÇÃO 2: Conhecendo a História da Ginástica.........................................................................7 Ginástica na Pré-História......................................................................................................7 A Ginástica na Antiguidade ..................................................................................................8 A Ginástica no Oriente Próximo.........................................................................................10 A Ginástica na Grécia..........................................................................................................12 A Ginástica em Roma..........................................................................................................16 A Ginástica na Idade Média (395-1453)..............................................................................18 A Ginástica no Renascimento ............................................................................................20 A Ginástica na Idade Contemporânea................................................................................21 SEÇÃO 3: A Inclusão das Ginásticas na Escola e nas Escolas Brasileiras..................................38 A Formação para o Trabalho com as Ginásticas No Brasil..................................................41 Considerações Finais do Capitulo ......................................................................................42 UNIDADE II: MÉTODOS GINÁSTICOS......................................................................................43 SEÇÃO 1: Classificação da Ginástica.......................................................................................44 Ginástica de Condicionamento Físico.................................................................................44 Ginástica Geral (Gymnaestrada).........................................................................................45 Ginástica Formativa............................................................................................................45 Ginástica Natural ..............................................................................................................46 Ginástica Competitiva ........................................................................................................46 SEÇÃO 2: Classificação Geral dos Exercícios Físicos................................................................46 SEÇÃO 1: Ginástica de Condicionamento Físico.....................................................................49 Ginástica Calistênica...........................................................................................................50 Ginástica Aeróbica..............................................................................................................56 Ginástica Localizada............................................................................................................68 Hidroginástica.....................................................................................................................77 Musculação........................................................................................................................84 Seção 2: Ginástica Médica ou Fisioterápica ...........................................................................93 UNIDADE IV: GINÁSTICA DE COMPETIÇÃO OU DESPORTIVA..................................................94 SEÇÃO 1: Ginástica Artística...................................................................................................94 Definição:...........................................................................................................................95 História...............................................................................................................................96 A Ginástica Olímpica na escola: possibilidades de trabalho...............................................96 Segurança na GO/GA e prevenção de acidentes................................................................98 Modalidades.......................................................................................................................99 Referencial Bibliográfico......................................................................................................115 Página 2
  • 3. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 PALAVRAS DO PROFESSOR “Todas as partes do corpo que possuem uma função, se usadas com moderação e exercitadas em algum trabalho físico, se conservam sadias, bem desenvolvidas e envelhecem lentamente, porém se não são trabalhadas, deixam de funcionar, se convertem em enfermidades, defeituosas em seu crescimento e envelhecem antes do tempo“ (HIPÓCRATES, 460 A.C. a 377 A.C.) Prezado Acadêmico: Você deve estar pensando, que será que vou aprender com meus estudos na disciplina de fundamentos Metodológicos da Ginástica?, será que vou estudar os exercícios físicos e os assuntos pertinentes a ele?, com um pensamento de hipócrates (o pai da Medicina) que está remontando em quase 2.500 anos, iniciamos essa discussão. Mas, para isso leia atentamente o que está escrito e reflita sobre a verdade em cada palavra com relação ao organismo humano e a necessidade primordial que seus ossos, músculos, articulações, sistemas e aparelhos possuem de constante movimento. E o mais importante é que esse movimento precisa ser dimensionado, constantemente avaliado e principalmente prescrito e aplicado de maneira correta, constituindo-se em exercícios físicos, que venham a desenvolver as qualidades físicas inerentes ao corpo humano. A disciplina Fundamentos Metodológicos da Ginástica visam realizar descreva de forma clara e resumida alguns dos conteúdos que podem ser abordados no contexto escolar, seja na aula de educação física, no desporto escolar ou nas aulas de formação técnica, sobre a modalidade de ginástica. Veja que ao se falar sobre a Educação Física, faz-se necessário caracterizar o homem como um ser holístico e que, dessa forma, ele necessita desenvolver-se em três níveis de conhecimento: - Sócio-Afetivo, que visa o desenvolvimento do indivíduo como um ser humano social, buscando estímulo para formação de sua cidadania e de sua ética; - Cognitivo, relacionado com seu desenvolvimento intelectual e seus processos reflexivos ; - Motor, que enfoca o movimento humano em todas as suas áreas de estudo. O Professor de Educação Física é o grande facilitador para que os três níveis de conhecimento anteriormente citados, se desenvolvam de forma harmoniosa e em sua plenitude, e dessa forma, faz-se necessário que em nosso curso de graduação tenhamos conhecimento do corpo humano nos aspectos biológicos em disciplinas como Anatomia e Histologia. O conhecimento do homem enquanto ser é de fundamental importância, portanto, as disciplinas de História, Filosofia e Antropologia são estudadas já nos primeiros semestres. Complementando esta tríade, temos disciplinas que estudam e mensuram o corpo humano a partir dos movimentos que o mesmo executa (Cinesiologia) e de suas variáveis antropométricas (Medidas e Avaliação). Página 3
  • 4. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 No caso específico de nossa disciplina - Fundamentos Metodológicos da Ginástica - ela é um dos primeiros momentos na carreira de um Profissional de Educação Física, em que se conseguem subsídios técnico-científicos, visando possibilitar a esse futuro profissional a condição de prescrever e aplicar exercícios físicos em classes de alunos com condições físicas e de saúde de um modo geral, muitas vezes um tanto heterogêneas. Nossos futuros alunos de instituições públicas e particulares estarão, por certo, esperando que tenhamos condições técnico-didáticas de sugerir movimentos, que poderão, dos mais simples aos mais complexos, melhorar as diversas funções orgânicas, ajudando a construir gerações mais saudáveis e mais comprometidas com a manutenção da saúde e também utilização da ginástica e do exercício físico como elementos de prevenção contra patologias diversas. Nosso desafio foi tornar a tarefa da abordagem da Ginástica, disciplina na qual o eixo teoria-prática é bastante representativo nos cursos de graduação presencial, em um processo significativo e vivo no módulo a distancia. Buscamos para isso integrar o texto do fascículo aos outros textos produzidos sobre o tema e aos vídeos que abordam o assunto. Sugerimos também algumas atividades que os professores poderão incluir em suas aulas ou simplesmente realizá-las, caso se sinta à vontade para isso. Pensamos que o estudo da Ginástica nas aulas de Educação Física Escolar pode ser realizado de forma lúdica e prazerosa, despertando nos alunos o gosto pelo belo, pelos desafios corporais e pela criatividade. O material que ora apresentamos, delimita o conteúdo GINÁSTICA, de forma a facilitar sua aplicação nas aulas de Educação Física. A Estrutura Básica consiste no histórico, definição e classificação da ginástica, utilizando uma linguagem simples e informações atualizadas. A fim de subsidiar os professores de educação física no município de Barra do Corda/MA. Caro acadêmico do Curso de Graduação de Licenciatura em Educação Física, tenha bom proveito em seus estudos. Leonardo de Arruda Delgado Ementa Natureza, história e gênese da ginástica. Conceituação, generalidades e classificação da Ginástica e suas variações. Surgimento e evolução dos métodos Ginásticos. Estrutura da aula de ginástica. Objetivos - Compreender a linha do tempo da história da ginástica. - Identificar as principais formas de ginástica existentes. - Diferenciar as diferentes formas de se realizar exercícios físicos. Página 4
  • 5. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 UNIDADE I: NATUREZA, HISTÓRIA E GÊNESE DA GINÁSTICA Você pode achar que o pensamento constante no tópico Palavras do Professor, de autoria do Pai da Medicina - Hipócrates (460 A.C - 377 A.C.), está um tanto quanto antigo ou ainda defasado. Porém, perceba que ele apresenta, de forma simplificada, toda a necessidade de que o corpo humano possui de se manter fisicamente ativo, executando movimentos naturais ou de maneira disciplinada e contínua da prática da ginástica. Certamente, lhe atinge-lhe o fato de que uma das características da vida humana no mundo moderno e tecnológico é a falta ou a drástica redução da quantidade dos movimentos naturais executados pelo ser humano, caracterizando-se no que denominamos por Sedentarismo. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), são sedentários todos os indivíduos que tiverem um gasto calórico inferior a 500 kcal por semana com atividades ocupacionais. A presença constante do automóvel, dos controles remotos e das escadas rolantes, faz com que o homem, nos dias de hoje, execute caminhadas em menor quantidade, dificilmente corre e os demais exercícios naturais como saltar, lançar, arremessar, saltitar e outros tantos são movimentos de uma raridade ímpar no cotidiano de um ser humano nos dias atuais. Em contraponto, perceba que durante as últimas décadas, estamos vendo a constante relação feita entre a manter-se fisicamente ativo e a saúde, isto se deve a preocupação, por parte da sociedade, na promoção e manutenção da saúde no seu amplo espectro conceitual, ou seja, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é o completo bem-estar físico, mental e social. Portanto, quando em atuação profissional, tome a precaução de não iniciar ou elaborar um programa de exercícios físicos e unicamente relacioná-los com a perfeição Página 5
  • 6. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 de linhas, mas principalmente, com a melhora ou manutenção da qualidade de vida dos mais variados tipos e biotipos de indivíduos, desde crianças até a terceira idade. Procure habilitar-se para prescrever atividades físicas para os obesos que hoje já são parcela considerável da população principalmente nos países desenvolvidos, para os indivíduos portadores de necessidades especiais, que no caso do Brasil, estão próximos dos 15 milhões de pessoas, e um dos grandes campos de trabalho que se desenvolve atualmente, é a prescrição da ginástica laboral que funcionaria como uma espécie de compensação às atividades normalmente estressantes relacionadas ao trabalho diário. Para concluir, perceba que é notório e ao mesmo tempo paradoxal, os médicos recomendarem repouso absoluto para a maioria das enfermidades desenvolvidas pelo organismo humano, porém, são extremamente entusiastas na recomendação de atividades físicas regulares e orientadas, para a prevenção, controle e tratamento de inúmeras moléstias, fazendo-nos perceber claramente o quanto hipócrates estava com a razão. SEÇÃO 1: Conceitos A ginástica é um conceito que engloba modalidades competitivas e não cooperativas e envolve a prática de uma série de movimentos exigentes de força, flexibilidade e coordenação motora para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental. GYMNKOS = Origem grega, adjetivo relativo ao exercício do corpo GYMNASTIQUE= Origem da língua francesa. Segundo BARBANTI (2003), o termo ginástica originou-se aproximadamente em 400 a.C. É derivado de GYMNOS , que significa "nú", levemente vestido e geralmente se refere a todo tipo de exercícios físicos para as quais se tem de tirar as roupas de uso diário. Durante o curso da História as interpretações de Ginástica variaram. Atualmente o termo esta perdendo o seu uso e tem sido substituído por outras nomenclaturas de exercícios e/ou modalidades específicas. Conforme Aurélio (Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 2000), o termo ginástica é etimologicamente: o conjunto de exercícios sistematizados; o conjunto de movimentos, psicomotores para um objetivo. Desenvolveu-se, efetivamente, a partir dos exercícios físicos realizados pelos soldados da Grécia Antiga, incluindo habilidades para montar e desmontar um cavalo e habilidades semelhantes a executadas em um circo, como fazem os chamados acrobatas. Naquela época, os ginastas praticavam o exercício nu (gymnos – do grego, nu), nos chamados gymnasios, patronados pelo deus Apolo. A prática só voltou a ser retomada - com ênfase desportiva e militar - no final do século XVIII, na Europa, através de Jean Jacques Rousseau, do posterior nascimento da escola alemã de Friedrich Ludwig Jahn - de movimentos lentos, ritmados, de flexibilidade e de força - e da escola sueca, de Pehr Henrik Ling, que introduziu a melhoria dos aparelhos na prática do esporte. Tais avanços geraram a chamada ginástica moderna, agora subdividida. Anos mais tarde, a Federação Internacional de Ginástica foi fundada, para regulamentar, sistematizar e organizar todas as suas ramificações surgidas posteriormente. Já Página 6
  • 7. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 as práticas não competitivas, popularizaram-se e difundiram-se pelo mundo de diferentes formas e com diversas finalidades e praticantes. SEÇÃO 2: Conhecendo a História da Ginástica Nesta seção iremos estudar os papéis da Ginástica, suas denominações e seus objetivos no decorrer da história. Conforme Pereira (1988) a cultura física (terminologia utilizada para designar toda a parceria de cultura universal que envolve o exercício físico, como a Educação Física, a Ginástica, o Treinamento Desportivo e a Dança) caracterizou-se por ser um fenômeno universal, pois existem vários exemplos de exercícios físicos em várias civilizações, em diversas regiões do planeta. Nesse sentido, podemos dizer que a Ginástica formou-se a partir de diferentes conceitos, assumindo diversas funções, através dos tempos (desde 3.000 anos a.C. até hoje), nas diferentes culturas, obtendo diversos significados e objetivos, de acordo com a comunidade em que estava inserida e sua época. Ginástica na Pré-História É claro que a expressão "Ginástica" aplicada ao homem pré- histórico é um tanto forçada, pois o exercício físico não estava sistematizado, regulamentado, metodizado, estudado cientificamente, etc.. Mas tudo isso que nós hoje procuramos atingir cientificamente (bem estar físico, saúde, força, velocidade, resistência, aperfeiçoamento das funções fisiológicas, etc.), o homem primitivo atingiu e ultrapassou em muito. É que, pelas condições de vida, um dia na pré-história, era uma contínua e completa aula de educação física. Para sobreviver ao perigo das feras e inimigos, para fugir as intempéries, para conseguir o alimento, para homenagear os deuses, para festejar vitórias, etc., o homem, em pleno contato com a natureza, precisava correr, saltar, marchar, arremessar, na dar, mergulhar, lutar, levantar e transportar ,equilibrar, trepar, quadrupedar, dançar, jogar, etc. Para fins de estudo, podemos classificar as atividades físicas na pré-história dentro dos aspectos: Natural, Utilitário, Guerreiro, Recreativo, Religioso. 1 - ASPECTO NATURAL: Aqui colocamos as atividades físicas feitas instintivamente, como meio de sobrevivência: Correr para fugir ao perigo ou para alcançar a caça; Nadar para atravessar os rios; Marchar (caminhar) a procura da caça, da pesca, do abrigo; Arremessar a pedra, a lança, para caçar, pescar, guerrear e ai sim por diante. 2 - ASPECTO UTILITÁRIO: Na caça ou na pesca, quantas vezes a lança foi atirada imperfeitamente, deixando o homem sem a sua desejada alimentação. Ele percebeu que Página 7
  • 8. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 precisava "treinar" aquele gesto para que, quando surgisse a situação real frente a sua presa, pudesse ter êxito no lance. Esse treino, essa atividade intencional, essa "evolução técnica" já não mais apenas instintiva, caracteriza o aspecto utilitário. 3- ASPECTO GUERREIRO: Aos poucos, vai o homem dominando a natureza: alguns grupos desenvolvem o pastoreio e a agricultura e já podem abandonar a vida nômade. Mas outros grupos, que ainda vivem da caça e da coleta de frutos silvestres, percebem a fartura daqueles e adestram-se no manejo das armas para atacar e apossar-se do excelente estoque de alimentos. Os sobreviventes do grupo atacado, por sua vez, percebem que não basta criar o gado e armazenar os cereais: é preciso dedicar muita atenção ao preparo para luta e às medidas de segurança. É a educação física sob o aspecto guerreiro. Mais tarde, o crescimento dos aglomerados humanos exige a especialização do trabalho e surgem os homens dedicados exclusivamente à segurança: os soldados. E é na caserna que a Educação Física, através de todos os tempos, encontra apoio enfático e perene. 4 - ASPECTO RECREATIVO: Os homens primitivos brincavam de correr, saltar em altura e extensão; lutavam, dançavam, atiravam ao alvo faziam encenações representando episódios de caça, cenas cômicas, simulações de combates e etc. 5 - ASPECTO RELIGIOSO: Para aplacar a ira dos deuses, ou para homenageá-los, o homem pré- histórico realizava atividades rítmicas e danças. Ao ritmo de bastões, tambores, palmas, gritos e outros ruídos, executavam movimentos simbólicos de braços mãos, dedos, cabeça, tronco, balanceamentos, saltitamentos, passos e corridas, batidas de pés e etc. A Ginástica na Antiguidade Na Antigüidade, principalmente no Oriente, os exercícios físicos aparecem nas várias formas de luta, na natação, no remo, no hipismo, na arte de atirar com o arco, como exercícios utilitários, nos jogos, nos rituais religiosos e na preparação guerreira de maneira geral. A ginástica aparece aqui como elemento sinônimo de um conjunto de atividades físicas, baseada na massagem e nos movimentos respiratórios, com uma freqüência diária, e com objetivos médicos e morais. Com algumas particularidades, praticamente todas as civilizações antigas a que temos acesso, a partir de quarenta séculos antes de Cristo (através de desenhos, escrituras, etc.), tinham esta concepção. Chineses: a) Os chineses constituem um dos povos mais antigos da terra. Sua história perde-se na bruma dos tempos e no terreno lendário. Pode-se, no entanto dizer que já há 3.000 anos A.C. possuíam uma educação organizada, com escolas de nível primário, médio e superior. Página 8
  • 9. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 b) A Ginástica não se restringia ao currículo escolar, e por isso alcançou alto nível entre os chineses, é que ela estava englobada nos preceitos morais e religiosos. Assim, graças aos sacerdotes e também aos filósofos (entre estes destacamos Confúcio que foi um grande ginasta) a Educação Física era encarada com muita seriedade pelo povo chinês. c) O Kong-Fu era um notável tratado de Ginástica elaborado pelos monges da seita Tao-Tse. Continha exercícios ativos, passivos e mistos; determinava a manutenção de posturas, as mudanças de posturas, os modos de respirar; explicava os vários tipos de massagens; indicava os benefícios fisiológicos e curativos de cada exercício. São famosas as "7 Regras de Saúde de Kong-Fu": levantar cedo, purificar a boca, exercitar-se, massagear-se, banhar-se, repousar, alimentar-se. d) Além das práticas morais e higiênicas aconselhadas pelos filósofos e pelo Kong- Fu, os chineses praticavam muitas outras atividades físicas: o arco e a flexa, a luta, o box, os jogos imitativos, a esgrima de sabre, o Tsu-Chu (semelhante ao futebol), o voador (peteca) , a caça, danças religiosas e pantominas. e) A introdução do Budismo e a influência de alguns filósofos que pregavam a "inanição e a meditação para alcançar a sabedoria e a felicidade, prejudicaram o progresso da educação física e da própria China a partir de uns 2 séculos antes de Cristo. Na atualidade, o povo chinês reage aos séculos de obscurantismo e já comparece nas competições mundiais de basquete, atletismo, natação, ping-pong, tênis, futebol. Hindus: a) A Índia se originou há uns 2.000 anos A.C com a invasão dos ários que dominaram a vasta península triangular que vai do Himalaia ao Oceano Indico. Os hindus estavam organizados em 4 castas hierarquizadas: os brâmanes (sacerdotes, poetas, juízes, médicos); os guerreiros; os negociantes, pastores e agricultores; e os servos. Havia ainda os sem classe ou parias, desprezados e sem quaisquer direitos. b) As principais fontes históricas para estudo deste povo são os livros Vedas (livros sagrados do Bramanismo); Mahabárata (poema que relata uma guerra civil); Ramayana (poema épico que descreve as lutas de Rama para reaver sua esposa Sita) e as Leis da Manu, o celebre legislador da índia. c) Os livros mencionados nos dão conta de que os hindus praticavam ginástica, exercícios respiratórios? Massagens, hidroterapia, a equitação, o box, lutas, corrida, natação, Página 9
  • 10. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 dança, pólo, esgrima, lançamentos. Eram guerreiros temíveis. Possuíam cidades fortificadas; usavam os elefantes nas batalhas colocando no dorso desses animais dezenas de arqueiros que espalhavam a morte e a destruição entre seus inimigos. A Ginástica tinha grande destaque no sistema escolar e ainda recebia especial atenção no culto familiar e nos templos. Os preceitos higiênicos faziam parte da essência moral e religiosa do povo. Manu preconizava: “Para a sociedade a hierarquia das castas e para o indivíduo a pureza física e moral”. A purificação era feita pelo fogo, (fumigações) pela respiração e pela água. A Ioga é uma interessante prática que nos legaram os hindus. Ela consiste em técnicas respiratórias, manutenção de posições do corpo, exercícios feitos suavemente e atitude mental em busca da tranqüilidade interior e das "forças cósmicas”. d) Na atualidade, após longo domínio e por influencia inglesa, os hindus praticam futebol, tênis, pólo, hockey, cricket, golf, atletismo. A Ginástica no Oriente Próximo Egípcios, caldeus, assírios, hebreus, medos, persas, fenícios e insulares, são os grupos mais conhecidos entre os povos da antigüidade, no Oriente Próximo. Vamos dizer apenas que os fenícios eram hábeis navegadores; que os assírios e caldeus eram guerreiros cruéis; que os hebreus legaram preciosos princípios higiênicos; que os medos e os persas eram inteligentes, dinâmicos, honrados e guerreiros. Detenhamo-nos um pouco mais nos Egípcios e nos Cretenses. Egípcios: Através de escavações realizadas pelos pesquisadores franceses Champollion e Botta e o inglês Rawilson no Egito, encontraram nas paredes das tumbas e hipogeus, pinturas e desenhos que revelaram as práticas físicas que faziam parte do ume egípcio, dentre os quais, os exercícios gímnicos. MALTA (1994), declara a existência de uma ginástica egípcia, devido a grande variedade de atividades físicas praticadas no Egito, destacando a constatação do trabalho de algumas qualidades físicas (equilíbrio, força, resistência muscular e flexibilidade) como também a utilização de alguns materiais de apoio {árvore, lança e pesos). a) No vale do rio Nilo, nordeste da África, floreceu, há mais de 4.000 A.C., a civilização Página 10
  • 11. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 egípcia.Os egípcios eram altos, de ombros largos, de quadris estreitos, pernas e braços longos, peles amorenada pelo sol, alegres, trabalhadores, cultos e religiosos. b) Vivendo em país de clima quente e recebendo as cheias periódicas do Nilo, era natural que os egípcios desenvolvessem adequadamente seus preceitos higiênicos, exercícios, hábitos alimentares e vestuário. c) Assim, a natação era bastante praticada por homens e mulheres (lembram-se do episódio bíblico que narra o achado de Moisés pela filha do Faraó durante um banho no rio Nilo?). O remo, a navegação e a caça de aves e animais selvagens nos rios e pântanos eram muito apreciados (hipopótamos, gazelas, bois selvagens, raposas, lebres, leões, leopardos, crocodilos). Os jovens perseguiam a nado os crocodilos levavam na mão um bastão ponte agudo nos dois extremos e ofereciam o ante-braço ao animal; quando este tentava abocanhá- lo nada conseguia além de ficar espetado. A ginástica rítmica e as danças tiveram alta expressão no Egito, seja sob o aspecto religioso, como sob o profano e militar. Desenvolveram a arte da luta. Nos túmulos de Beni-Hasan foram encontradas figuras de lutadores, pintadas em verme lho e preto, para melhor compreensão da técnica dos golpes,em que aparecem mais de uma centena de fases de luta. Sob o aspecto militar, além do manejo do arco e da flexa, praticavam a corrida de carros de guerra, o arremesso de lança, a esgrima com um bastão numa das mãos e com escudo na outra, corridas de velocidade e resistência. d) Em tão alto conceito tinham os egípcios a educação física que o próprio herdeiro do trono se exercitava junto com os demais membros da nobreza. E todo o juramento feito em nome do Faraó, terminava com a expressão “Vida, Saúde, Força”. Nos Locais dos exercícios físicos, assim como fazemos hoje nos estádios e vestiários, havia frases de incentivos aos praticantes: "Teu braço é mais forte que o dele; não cedas"; "Nosso grupo é mais forte que o deles; força, companheiros”. Cretenses: a) Entre os insulares, ou povos do mar, brilhou, há mais de 2.000 anos A.C., a civilização cretense. Embora ainda não tenha sido possível decifrar os signos da escrita cretense, pelas ruínas, quadros, pinturas e esculturas, pode-se conhecer algo deste povo extraordinário, precursor e inspirador da civilização grega no campo da Educação Física. b) Os cretenses eram baixos, morenos, queimados pelo sol, esbeltos, ágeis, enérgicos, usavam roupas leves (uma simples tanga e saiote ricamente bordado, com uma cinta que ressaltava o talhe atlético); as mulheres usavam saias soltas, camisas rendadas, elegantes chapéus, colares, jóias e braceletes. Página 11
  • 12. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 c) Seus templos e palácios possuíam inteligente distribuição de ar, luz, água, drenagens, instalações sanitárias e salas de banho. d) Hábeis marinheiros e possuindo um tipo de barco guarda-costas muito veloz, não precisavam de muros e fortificações para guarnecer seu litoral. Eram apaixonados pelos exercícios de força e destreza. Para seus espetáculos, construíram os primeiros teatros e estádios do mundo. Apreciavam as lutas de gladiadores e os combates de homens e mulheres contra as feras. A coragem e a habilidade acrobática dos cretenses se desenvolveram a tal ponto que casais de toureiros, desarmados, brincavam com o touro furioso, dando cambalhotas e saltos sobre o dorso do animal. Conheciam o pugilismo e já dividiam os lutadores nas três clássicas categorias: leves, médios e pesados. Os lutadores cobriam o corpo com óleo. Como outros povos, os cretenses também praticaram as danças religiosas e recreativas, as corridas, natação e massagem. A Ginástica na Grécia Na Grécia, definiu-se o primeiro conceito de Ginástica. Os exercícios ginásticos tinham de ser praticados com o corpo nú, banhados com óleo, nos ginásios, sob uma orientação determinada por preparadores físicos e filósofos, objetivando a formação do ser humano, no seu aspecto físico, intelectual, filosófico, artístico (vinculado à estética e à música), e moral, desenvolvidos a partir do seu método, “a orquestrica e a palestrica”: “Pouco antes de Platão a ginástica foi erigida em instituição nacional. Foi metodizada e codificada, juntamente com a instituição dos atletas, e com a dos pedotribas (professores) que se consagravam exclusivamente nos exercícios corporais, com o fim de concorrerem aos jogos públicos.... A Ginástica foi dividida em dois grupos: Página 12
  • 13. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 - A orquestrica (formação cultural e moral dos jovens, atitudes por meio de gestos, música, caráter, dignidade do cidadão, danças rítmicas) - A palestrica (preparo de atletas para os jogos públicos, diversas modalidades de exercícios físicos e eram realizados nos ginásios)” (BONORINO, op.cit., p.19 e 20) A Grécia antiga compreendia a extremidade da península balcânica, uma serie de ilhas nos mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo e alguns pontos nas costas da Ásia Menor. Vários povos cruzaram a Grécia, mas é com os Helenos, que a invadiram no século XVI A.C., que o povo grego surge ante a face da História. Os helenos se dividiam em quatro tribos: aqueus, eólios, dórios e jônios. Os dórios se estabeleceram em Esparta e os jônios em Atenas e essas duas cidades-estado lideraram por largos períodos a vida dos povos gregos. Embora da mesma raça, os gregos não possuíam unidade política. Apenas em casos de guerras com outros povos havia uma união temporária entre algumas cidades. Somente o desporto e a religião, através dos jogos Pan-helênicos, conseguiam uma efetiva unidade nacional. Os gregos, pela harmonia de suas linhas, proporção de seus segmentos e delicadeza de semblante, inteligência, coragem e cultura, foram considerados o protótipo da beleza humana. Separados política e geograficamente, era natural que diferentes fossem os tipos de educação dos Gregos. Os espartanos eram rudes, fortes, enérgicos, belicosos, colocando o amor a Pátria acima de tudo. Por isso a educação espartana visava a formar soldados eficientes e prontos a morrer pela Pátria. Até os 7 anos a criança ficava com a mãe; era então entregue ao Estado passando a viver em comum com outras crianças, tendo uma alimentação sóbria, realizando exercícios violentos e habituando-se aos rigores da natureza. Aos 13 anos ingressava em regime ainda mais violento, praticando exercícios militares como equitação, funda, arco e flexa, manejo da lança. Formavam bandos de adolescentes e eram mandados a assaltar sítios e viajantes para prover sua própria alimentação. Se não conseguissem atingir seu intuito eram severamente castigados. Dos 18 aos 20 anos o jovem espartano passava a guardar a cidade e a treinar os grupos mais jovens nos exercícios físicos e militares. Dos 20 aos 30 anos entrava nos plenos poderes militares, podendo comandar tropas. Depois dos 30 gozava de privilégios políticos; após os 60 podia aspirar os mais altos postos da vida política. Por tudo isso, é fácil concluir-se que a Educação consistia quase que exclusivamente na Educação Física. Afora, e a educação cívica, os jovens recebiam apenas alguns rudimentos de aritmética, leitura, e poesia. As meninas também recebiam uma educação física intensa e, para escândalo dos de mais gregos, participavam dos jogos públicos; Página 13
  • 14. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 corriam, manejavam o arco e a flecha, dirigiam um carro de guerra e lutavam como qualquer homem; tinham obrigação de manter-se belas, fortes e saudáveis a fim de que aos 20 anos fossem desposadas e pudessem gerar filhos saudáveis. Eram educadas a colocar o amor a Pátria acima do amor maternal. Já a educação em Atenas era diferente. Até aos 7 anos os meninos ficavam ao inteiro cuidado materno, brincando livremente. Aos 7 anos ingressavam na escola onde aprendiam as primeiras letras, canto, musica, jogos, como comportar-se em sociedade. Vemos, então que os atenienses buscavam a formação integral do indivíduo: alma; corpo, mente. Dos 12 anos aos 15 estudos se aprofundavam (Desenho, Astronomia, Matemática, Legislação, Literatura e etc.) e a ginástica ia se tornando cada vez mais dura. Dos 15 anos aos 18, recebiam a ginástica mais difícil e dedicavam-se ao atletismo. Dos 18 aos 20 ingressavam na efebia, espécie de aspiração militar. Além do treinamento cívico e militar, recebiam ensinamentos sobre política, administração e oratória. As meninas eram educadas pela mãe Sua educação era voltada para o lar; aprendiam a fiar, coser, bordar, ler, escrever, tocar citara, dançar e praticar alguns jogos. Por esse tipo de educação compreende-se porque o ateniense era forte, bravo, amante da sua Pátria, do seu lar, da sua liberdade, e tenha atingido altos níveis em todos os ramos das ciências e das artes, causando admiração e servindo de exemplo para todos nós. Os gregos possuíam excelentes locais para as práticas gimnicas e desportivas: a) Estádio - local onde se realizavam as corridas de velocidade e resistência. Ficava na planície junto ou entre morros nos quais construiam-se arquibancadas. "Estádio" é uma medida grega que corresponde mais ou menos a 192 metros. No estádio realizavam-se as corridas, lutas saltos e arremessos. b) Palestra - (palé = luta) - recinto destinado às lutas. Alem do local das lutas havia vestiários, salas de ginástica, banheiros frios e quentes, salas de reuniões e salas de massagens. c) Hipódromo - local destinado às corridas à cavalo e de carro. d) Ginásio – Local destinado à prática da ginástica e dos jogos, englobando às vezes também à educação intelectual. Com o tempo, o ginásio passou a constituir um conjunto desportivo completo (hoje, nós usamos a palavra “estádio” para designar o conjunto desportivo). Assim como em nossos dias, também na velha Grécia o desporto exerceu extraordinária missão de paz. Nem sábios, nem políticos conseguiram unir os gregos; isso só o desporto o fez. Por ocasião dos jogos Pan-helêmcos, toda a Grécia se reunia e confraternizava, ressaltando o valor do povo grego e homenageando a seus deuses. Os mais célebres jogos foram os Olímpicos, Nemeus, Píticos e Istmicos. Página 14
  • 15. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 Os Istmicos eram realizados em Corinto; os Píticos em Delfos; os Nemeus em Neméia; e os Olímpicos em Olímpia, (em Élis). Além desses Jogos de caráter geral, cada cidade- estado tinha seus próprios "jogos municipais". Pelo seu esplendor e importância, detenhamo-nos um pouco mais nos Jogos Olímpicos. Eram celebrados de 4 em 4 anos, em honra de Zeus, o rei dos deuses. Tiveram início em 776 A.C. e foram extintos em 394 D.C. pelo imperador romano Teodósio, tendo sido celebradas 291 Olimpíadas ao longo de um período de quase 1.200 anos! Os jogos eram organizados e dirigidos pelos 10 helanoicas, homens da mais destacada envergadura moral e social de Elis. Em junho saiam os arautos por toda a Grécia pregando a Trégua Sagrada e convidando para os Jogos. Cessavam então todas as guerras entre os Gregos! As cidades se reconciliavam; todos tinham livre trânsito para Olímpia e ninguém podia ser molestado; as armas não entravam na cidade no período dos Jogos. Na noite de 27 de julho realizavam-se banquetes, procissões e ritos sagrados e ao alvorecer o dia 28, com um majestoso desfile, preces e apresentação dos atletas, iniciavam-se os Jogos. Uma entusiástica multidão de 40.000 pessoas, (só homens) vibrava com os feitos dos atletas, considerados como semi-deuses. Para participar dos jogos o atleta passava por severos testes e provas: ter sido vencedor em sua cidade, submeter-se a estágio em Olímpia, ser grego de nascimento, ser do sexo masculino, não ter sido concebido na velhice dos pais, não ter cometido crimes contra o Estado ou a Religião, não chegar atrasado, jurar obedecer às regras e às autoridades. A primeira Olimpíada constou apenas da corrida de um estádio; depois foram incluídas outras provas e a programação passou a durar uma semana: corridas de resistência,arremesses de disco e dardo, lutas, saltos em distância, corridas à cavaIo e de carro, pentatlo. O pentatlo consistia em corrida, salto, arremesso de dardo, arremesso de disco e luta. Os pentatletas iam sendo em parte eliminados, a medida que se realizavam as provas, até que na última prova, a luta,ficassem somente dois concorrentes. Terminadas as disputas, os atletas eram coroados com uma coroa de louros diante do templo de Zeus e recebiam um ramo de Oliveira. Seguiam-se outras solenidades religiosas, banquetes e comemorações. Que a contemplação dessa magnífica época e o exemplo que ela nos dá nos ajude a levar nossa Pátria pelos caminhos do desenvolvimento sem perda dos padrões morais e espirituais. Com o tempo, especialmente após a invasão romana, a Olimpíada foi perdendo seu caráter espiritual e de pureza moral. Surgiram o profissionalismo disfarçado, a corrupção, as apostas; os atletas recebiam grandes vantagens materiais em suas cidades; os romanos viam nos jogos apenas um divertimento. Esse afrouxamento, como é fácil de se concluir, trouxe consigo a decadência para a própria Grécia. Sócrates (468-399 a.C), Aristócles, mas conhecido pelo cognome Platão ( 429-347 a.C), Hipócrates (430-377 a.C.) e Aristóteles (348-322 a.C.) deixaram grandes contribuições no Página 15
  • 16. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 que se refere às atividades físicas. Por exemplo as idéias pedagógicas sobre ginástica para o corpos música para a alma, que influenciaram as bases educacionais defendidas por Platão. Segundo Oliveira (1987), as artes da Ginástica (todos os exercícios físicos, inclusive o esporte) e da Música (cultura espiritual) formaram o que os gregos chamavam de Paidéia, o que hoje é entendido corno tradição, cultura, educação, enfim, a própria formação do Homem PEREIRA (1988), relata que na cultura grega, foi a primeira prática de atividades físicas realizadas em grupos, de forma consciente, metodizada e intencional. A cultura física era marcante no universo grego, sendo usual a exercitação física conjunta, entre amigos, em suas próprias residências, de cunho físico e social; Na vida atlética dos cidadãos gregos estendia-se até a velhice; os ginásios viviam tomados de pessoas exercitando se... . A Ginástica em Roma Com a derrota militarista da Grécia (145 a.C), na passa a combater a ginástica grega, pois achavam imoral e repulsiva a nudez dos atletas e ginastas gregos (MARINHO 1981). TUBINO (1992) descreve que as atividades físicas romanas possuíam características militaristas bem marcantes, porém com a decadência do império Romano foi aos poucos elo cruéis espetáculos circenses de gladiadores, pugilatos, luta livre e naumaquias. Deste período romano surgiu a frase "Mens sana in corpore sano'', que até hoje está relacionada aos estudos dos problemas da Educação Física. Guerreiros, e de espírito prático, os romano viam na educação física apenas o instrumento para adestrar suas aguerridas legiões. A educação física tinha, portanto, um caráter eminentemente militar. Como em Esparta e Atenas, o pai tinha plenos poderes sobre a família, podendo aceitar ou recusar e filho recém-nascido. Se aceita, a criança ficava aos cuidados da mãe até 7 anos. Dos 7 anos aos 12, o menino era entregue ao "Ludus Magister", ou a um preceptor particular se a família tivesse maiores posses. Nessa fase a educação limitava-se a rudimentos de ler, escrever, contar e jogar, e pequenas tarefas agrícolas ou militares. Dos 12 aos 16 anos ia para a escola do "grammaticus" onde avançava mais na literatura, na gramática e estudava um pouco de ciências. Dos 16 aos 18 anos ia para a escola de "Retórica", ande aprendia direito, filosofia, retórica e uma esmerada educação militar; Aos 18 anos tornava-se cidadão, trocando a Toga Pretexta pela Toga Viril em bela cerimônia pública. Os romanos de todas as idades praticavam diariamente a educação física no campo de Marte, situado às margens do Tibre. Era uma bela planície, rodeada de bosques e monumentos nacionais. Eles corriam, nadavam, saltavam, transportava pesos, arremessavam a lança, lutavam, esgrimiam, jogavam harpastum (espécie de antepassado do futebol), praticavam a equitação. Página 16
  • 17. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 Nos primeiros tempos não praticavam a ginástica por considerar imoral o nú dos ginastas gregos e não ver nela uma direta preparação para a guerra; também não apreciavam a dança que julgavam um divertimento muito baixo. Os romanos apreciavam grandes espetáculos públicos onde houvesse perigo de vida e corresse sangue. Construíram notáveis anfiteatros (Coliseu) e circos (Máximus). Aí realizavam as lutas de gladiadores, veação, condenação às feras, naumaquias, corridas de carros. Os gladiadores eram em geral escravos que lutavam por dinheiro ou pela liberdade. Havia vários tipos: Mirmilões (pesadamente protegidos e levando lanças e escude), Reciários (rede, tridente e punhal), Laceários (laço com nó corrediço), Andábatos (à cavalo). Veaçao era o combate de feras contra homens, ou de feras contra feras. Milhares de animais africanos eram trazidos pelos imperadores e jogados nas arenas romanas. Condenação às feras era o castigo imposto aos primitivos cristãos que morriam despedaçados pelas feras famintas, sob o gargalhar e o deboche das multidões. A Naumaquia consistia na luta entre barcos cheios de escravos armados. Cada barco era embandeirado com cores diferentes do outro. Transformava-se a arena em lago artificial e aí travava-se a naumaquia. Depois de certo tempo, os promotores da luta davam o sinal de suspensão das hostilidades. O barco que tivesse maior número de homens vivos era considerado vencedor e eles ganhavam a liberdade. As corridas de carros eram espetáculos empolgantes. Nos frágeis carros, puxados por dois (bigas) ou quatro (quádrigas) cavalos os áurigas realizavam prodígios de equilíbrio, coragem, destreza, força e resistência. O Circo Máximo era o mais importante, com capacidade para 400.000 espectadores. O Coliseu, o mais famoso anfiteatro, tinha capacidade para.... 100.000 pessoas. Os romanos também realizavam jogos de estádio, como as competições atléticas e eqüestres, mas sem o entusiasmo pelos jogos de circo e anfiteatro. Também realizavam jogos e festas em homenagem aos deuses e em comemoração às datas significativas na vida da cidade. Os imperadores, na ânsia de agradar o povo para se manter no poder, aumentavam cada vez mais o número de jogos e dias feriados, e distribuíam alimento para a população. Houve um tempo em que o ano tinha mais dias feriados que dias úteis. Juvenal, o célebre poeta satírico, sentindo a decadência de sua Pátria, publica, no século II, as suas "Sátiras”, onde crítica a educação e a vida romana. Nessa obra é que encontramos a frase tão divulgada por nós da Educação Física: Mente sã em corpo forte. Eis o verso de Juvenal: “Orandem est ut sit mens sana in corpore sano, Fortem posce animum, mortis terrore ca-rentem" (Ora por uma mente sã em corpo sadio, Alma forte que, friamente, a morte enfrenta). E o poeta diz com amargura: "onde está aquele povo que lutava por um lugar de perigo na frente de combate e conquistava impérios? Agora se contenta com pão e circo”. Esse afrouxamento físico e moral, aliado a outras causas, foi o germe da decadência de Roma. Página 17
  • 18. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 Mas antes de concluir este ponto,permitam que eu lhes diga algo sobre uma belíssima contribuição romana ã Educação Física: as Termas eram as casas de banho dos romanos. Eles espalharam o hábito salutar do banho por todo o seu vasto império. As Termas eram edifícios imponentes, muito ricamente decorados e construídos em mármore. As principais de pendências eram: vestiários, salas de ar quente ou morno (seco ou úmido), piscinas quentes e frias, salas de refeição, de leitura, de jogos sociais e desportivos, salas de massagem. As principais Termas foram as de Agripa, de Nero, de Caracala, de Trajano. Havia Termas com mais de 8.000 banheiros separados. Roma chegou a ter mais de 800 Termas além de mil piscinas para o banho público. Até os escravos, mediante uma módica taxa, podiam participar dos banhos. A Ginástica na Idade Média (395-1453) Com a morte do imperador Teodósio e a divisão do império Romano (395) começa, segundo alguns historiadores, a Idade Média. Esse período caracteriza-se pela quebra do poder real de Roma, surgindo pequenos reinos e senhores em toda a Europa. Assim surgiu o feudalismo, regime em que um senhor mais forte reunia em torno de si senhores mais fracos e dava-lhes domínio hereditário sobre certas terras em troca de obediência e ajuda em caso de guerra (os primeiros eram os "suzeranos" e os segundos os "vassalos"). Aqueles vassalos, por sua vez, dominavam sobre pessoas mais humildes, chamadas "servos da gleba". Os servos da gleba utilizavam as terras dando uma parte do produto para o seu senhor; também combatiam a serviço do senhor. Um castelo forte, com terras cultivadas, algumas habitações e campos de criação ao redor é a paisagem característica da Idade Média. Isso constituía um feudo. Como os jogos na velha Grécia eram uma oferenda a deuses pagãos e como em Roma eram espetáculos sanguinários nos quais os cristãos foram muitas vezes sacrificados, o cristianismo, dominando o mundo, exterminou com eles e acabou com todas as suas manifestações. E ainda mais, pregando que o corpo era vil e fonte de muitos pecados, a Igreja combatia toda a atenção que se pudesse a ele dedicar, para que as atenções se voltassem exclusivamente para a parte espiritual. Essa atitude negativa da Igreja em relação à E.F. prejudicou a evolução da E.F. por muito tempo, somente se modificando com o surgimento da Cavalaria e das Cruzadas. Página 18
  • 19. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 Nos feudos, as atividades físicas consistiam na caça, pesca, jogos infantis (as crianças daquela época tinham mais jogos e brincadeiras que as nossas), danças a jogos populares, lutas e arremessos. Um dos jogos mais populares era a "soule" antepassado do futebol. Até os padres, após a missa dominical, se misturavam com o povo e jogavam a "soule". Consistia em atingir com a bola, jogada de qualquer maneira, um alvo defendido pela equipe contrária. Havia “soles” entre povoados vizinho. A vitória consistia em levar a bola até à praça do povoado adversária. A nobreza participava das Justas e dos Torneios e do jogo da "paume”, jogo da "palma", antepassado, do tênis, ou "pela" além das danças. A Justa consistia numa disputa “amistosa” entre dois cavaleiros que, à cavalo, protegidos por armaduras, munidos de lança e espada, investiam um contra o outro, tentando derrubar e dominar o adversário. No inicio, não havia muitas regras, e a Justa era quase igual a uma batalha real, havendo, seguidamente, mortes. Mais tarde criaram-se as "armas de cortesia", isto é, a lança de ferro foi substituída pela de madeira com um florão na ponta. Também surgiram regras mais amenas: bastava derrubar o adversário da sela, ou quebrar a própria lança no impacto contra o adversário para ser considerado vencedor. As justas eram realizadas em campo aberto, ou com um muro, (liça) à altura do peito do cavalo. Consta que a última Justa realizou-se em 1559 para festejar o casamento de Margarida, lrmã do rei Henrique II da França. O Rei participou da festa "justando" com o conde de Montqomery. Na primeira lança, o rei venceu facilmente, derrubando o conde; na segunda, ambos atingem o alvo e as lanças voaram em estilhaços, mas o conde de Montgomery, com o impulso da arremetida e com o pedaço de lança que sobrara atravessou a viseira do rei ferindo-lhe o olho esquerdo. Dez dias de pois, com grande sofrimento, falece o rei e as Justas se apagam. Os Torneios obedeciam aos mesmos princípios das Justas, porém eram disputados por duas equipes. A codificação dos torneios foi feita pelo cavaleiro francês Geoffroy de Preuilly, no século XI. Um senhor feudal promovia a festa, convidando tantos cavaleiros quantos pudesse, ou convidando um outro senhor feudal e sua equipe. Página 19
  • 20. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 Formavam-se dois partidos: armavam-se as tribunas e arquibancadas; escolhiam- se os juizes; embandeiravam-se os Iocais da disputa, os animais, as armas e os cavaleiros; realizavam-se treinamentos; os disputantes faziam os juramentos de lealdade às regras e aos adversários; havia homenagens, danças e banquetes; e quando o entusiasmo popular estava no auge, realizava-se o Torneio. Às vezes o combate ia de sol a sol. Ao final, todos confraternizavam e os esfalfados combatentes, com toda a dignidade e cortesia, participavam das festas e danças que eram realizadas em sua homenagem. Os torneios evoluíram desportivamente até ao ponto de originar o "carrossel" e as "cavalhadas" onde havia apenas combates simulados e demonstração de habilidade eqüestre. A Cavalaria, nobreza dentro da nobreza é o facho luminoso da Educação Física na Idade Média. O cavaleiro cultivava o ideal de defender à Igreja, à Pátria, as mulheres, os fracos e os oprimidos. A Igreja apóia a cavalaria e assim começa a modificar sua atitude em relação à Educação Física. O jovem nobre desde pequeno vai se preparando física, moral e espiritualmente para se tornar cavaleiro. E então, em plena mocidade, em bela cerimônia cívica e espiritual, recebe as armas de cavaleiro. Ate chegar a esse momento, ele passou muitos anos adestrando-se na Luta, natação, arremessos, Levantamento de pesos, boas maneiras, conhecimento de Leis, exercício das práticas religiosas e etc. A Ginástica no Renascimento Com o Renascimento (1400 a 1727), período de transformações e despertamento cultural e ideológico, que além de libertar as ciências e as artes também serviu para o ressurgimento da cultura física. Como o homem sempre teve interesse no seu próprio corpo, o período da Renascença fez explodir novamente a cultura física, as artes, a música, a ciência e a literatura. A beleza do corpo, antes pecaminosa, é novamente explorada surgindo grandes artistas como Leonardo da Vinci (1452-1519), responsável pela criação utilizada até hoje das regras proporcionais do corpo humano. Consta desse período o estudo da anatomia e a escultura de estátuas famosas como por exemplo a de Davi, esculpida por Michelângelo Buonarroti (1475 - 1564). Considerada tão perfeita que os músculos parecem ter movimentos. A dissecação de cadáveres humanos deu origem à Anatomia como a obra clássica "De Humani Corporis Fábrica" de Andrea Vesalius (1514-1564). A volta de Educação Física escolar se deve também nesse período a Vitorio de Feltre (1378-1466) que em 1423 fundou a escola "La Casa Giocosa" onde o conteúdo programático incluía os exercícios físicos. O Renascimento foi um período marcante e positivista para a cultura física, fazendo renascer o interesse e o prazer pela prática de atividades físicas o verdadeiro renascimento da cultura em geral e da Educação Física. O movimento contra o abuso do poder no campo social chamado de iluminismo surgido na Inglaterra no século XVII deu origem a novas idéias. Como destaque dessa época os Página 20
  • 21. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 alfarrábios apontam: Jean-Jaques Rousseau (1712-1778) e Johann Pestalozzi (1746-1827). Rousseau propôs a Educação Física como necessária à educação infantil. Segundo ele, pensar dependia extrair energia do corpo em movimento. Pestalozzi foi precursor da escola primária popular e sua atenção estava focada na execução correta dos exercícios. Atividade 1. Dividir os alunos em 4 Grupos, disponibilizar os nomes dos grupos e seus componentes e representante. 2. Sorteio de 4 temas ( 1 Pré-história, 2 Antiguidade, 3 Idade Média e 4 Renascimento) Edificar um trabalho de pesquisa sobre a relação e aspectos evolutivos da Ginástica e o tema sorteado. Apresentação oral/escrita por ordem dos temas dia (-------), tempo máximo por grupo 15 minutos. Obs.: O trabalho escrito deverá apresentar a bibliografia utilizada. A Ginástica na Idade Contemporânea É na Idade Contemporânea que ocorre o aparecimento do esporte moderno, a sistematização da ginástica e o amadurecimento da educação física escolar. Por esse motivo, é à luz do estudo dos princípios doutrinários que marcaram essa época que poderemos compreender e analisar as atuais tendências da educação física mundial. A Situação Política e Social da Europa O século XVIII caracterizou-se pelo regime político batizado de "Despotismo Esclarecido", o qual foi influenciado pelas idéias do Iluminismo. As últimas décadas do século desenrolaram-se sob a marca da Revolução Francesa (1789), que derrubou o absolutismo, implantou a República, levou o povo ao poder político na França e semeou uma onda de revoluções liberais na Europa. Entre 1803 e 1815 a Europa toda envolveu-se nas Guerras Napoleônicas. O século XIX é o século da formação dos Estados Nacionais. A Europa nele adentrou sob a influência política do liberalismo e do nacionalismo, e economicamente, da Revolução Industrial, iniciada por volta de 1760 na Inglaterra, e que se espalhou por toda a Europa a partir de 1850, promovendo grande desenvolvimento econômico e transformações sociais. O movimento nacionalista, aliado ao desenvolvimento econômico, cresceu muito na segunda metade do século XIX. Entre 1830 e 1870 transformou-se num movimento agressivo em favor da grandeza nacional e do direito de cada povo cultural e racialmente unido governar a si próprio (Burns, 1948). A partir de 1871 a Europa viveu em permanente Página 21
  • 22. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 estado de tensão por questões territoriais. A crise política levou à deflagração da I Grande Guerra, em 1914. Foi neste tempo de guerras e revoluções que a Educação Física de nossos dias assentou suas bases. Situação das Instituições Educacionais Entende Luzuriaga (1979) que o século XVIII é o século pedagógico por excelência. A educação tornou-se uma das mais importantes preocupações de reis, pensadores e políticos. Surgiram duas das maiores figuras da Pedagogia: Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Foi neste século que se desenvolveu a educação pública estatal e iniciou-se a educação nacional. Ainda segundo Luzuriaga, na educação do século XVIII observam-se os seguintes movimentos: 1. Desenvolvimento da educação estatal, da educação do Estado, com maior participação das autoridades oficiais no ensino. 2. Começo da educação nacional, da educação do povo pelo povo ou por seus representantes políticos. 3. Princípio da educação universal, gratuita e obrigatória, no grau da escola primária, que fica estabelecida em linhas gerais. 4. Iniciação do laicismo no ensino, com a substituição do ensino da religião pela instrução moral e cívica. 5. Organização da instrução pública em unidade orgânica, da escola primária à universidade. 6. Acentuação do espírito cosmopolita, universalista, que une pensadores e educadores de todos os países. 7. Sobretudo, a primazia da razão, a crença no poder racional na vida dos indivíduos e dos povos. 8. Ao mesmo tempo, reconhecimento da natureza e da intuição na educação, (p. 151) Ao final do século XVIII a educação européia modificou-se radicalmente com a Revolução Francesa, que fez com que a educação estatal, do súdito, própria da monarquia absolutista e do despotismo esclarecido, se convertesse na educação nacional, na educação do cidadão participante do governo do país (Luzuriaga, 1979). A Revolução Francesa deixou assentada as bases da nova educação nacional, que da França estendeu-se depois por toda a Europa e América. A educação no século XIX liga-se estreitamente aos acontecimentos políticos e econômicos. A Revolução Política, principiada em 1789 com a Revolução Francesa, completou- se com a vitória da soberania popular e das idéias liberais, constitucionalistas e parlamentaristas, impondo-se a necessidade de educar o "povo soberano" (Luzuriaga, 1979, p. 180). A Revolução Industrial, que alcançou grande intensidade naquele século, levou a um aumento populacional nas cidades e à necessidade de cuidar da educação desta grande massa. Para Luzuriaga (1979) "todo século XIX foi um contínuo esforço por efetivar a educação do ponto de vista nacional" (p. 180), o que é bastante coerente com o momento político de afirmação dos Estados Nacionais que vivia a Europa. Os países europeus estruturaram, naquele século, seus sistemas nacionais de educação. A escola primária foi universalizada, em caráter obrigatório e gratuito, estabeleceram-se escolas normais para a Página 22
  • 23. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 preparação do magistério. A escola secundária também se afirmou, mas limitada ao atendimento da burguesia, e considerada apenas como preparação para a Universidade. Os Sistemas Ginásticos e o Nacionalismo A história da elaboração e institucionalização dos, chamados "sis-temas ginásticos" confunde-se com a própria história do nacionalismo europeu e do militarismo sempre presente nos séculos XVIII e XIX. Originários da Alemanha, Dinamarca, Suécia e França, vinculam-se aos processos da afirmação da nacionalidade nestes países e à constante preocupação de preparação para guerra. Alguns autores (Marinho, s.d.a; Ramos, 1982) rotularam de “doutrinários” os movimentos de Educação Física surgidos naqueles países. Ginástica Alemã O seu desenvolvimento foi dirigido por intelectuais e médicos, mas o impulso decisivo para a implantação dos alicerces da Escola Alemã veio da pedagogia. Inicialmente, podemos citar os alemães Basedow e Salzmann, que, com suas instituições escolares denominadas "Philantropinum", abriram as portas para a implantação da educação física escolar. Foi também decisiva a influência sobre os autores citados do suíço Jean Jacques Rousseau que, ao escrever o Emílio, em 1762, muito acentuou a tendência humanista do "Philantropinum" do pedagogo Johann Bernhard Basedow (1723-1790) e, posteriormente, do de Salzmann. Basedow dava grande importância à saúde e à educação física, e sua escola iniciou o primeiro programa moderno de Educação Física (Van Dalen & Bennet, 1971). Este programa compreendia corridas, saltos, arremessos e lutas semelhantes às que se praticavam na Antiga Grécia: jogos de peteca, de bola, de pinos e pelota; natação; arco e flecha; marchas; excursões no campo, caminhada e suspensão em escadas oblíquas e transporte de sacolas cheias de areia (Marinho, s.d.a; Van Dalen & Bennet, 1971). Não podemos esquecer também a influência de outro suíço: Johann Heinrich Pestalozzi, “o maior gênio, a figura mais nobre da educação e da pedagogia, o educador por excelência e o fundador da escola primária popular". Assinale-se que Pestalozzi foi seguidor das idéias de Rousseau. Em 1784 foi fundado um instituto educacional semelhante ao Philanthropinum também colocando em prática idéias educacionais naturalistas, onde Cristoph Friedrich GutsMuths (1759-1839), assumindo as aulas de ginástica, experimentou novas atividades e aparatos e elaborou um sistema de trabalho que ficou conhecido como "ginástica natural" ou "método natural". Ele dividiu as atividades em três classes: exercícios ginásticos, trabalhos manuais e jogos sociais (Van Dalen & Bennet, 1971). Admirador de Rousseau, sua ginástica compreendia todas as variações de exercícios corporais, sem nunca ir contra a natureza. Incluía a ginástica entre os deveres da vida humana e, sob este aspecto, muito lembrava os princípios da educação grega. Segundo Van Dalen e Bennet (1971), o programa de GutsMuths harmonizava com os ideais de Rousseau. Ele acreditava firmemente na influência do corpo sobre a mente e o caráter; e que a saúde, mais do que o conhecimento, deveria ser o objetivo básico da educação. Moolenijizer (1973) entende que GutsMuths ganhou grande importância como o Página 23
  • 24. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 autor da primeira abordagem metódica para planejar intencionalmente a educação física e também por introduzir o jogo como meio justificado de educação. O período de gestação do sistema de ginástica de GutsMuths não coincidiu com a exacerbação do espírito nacional alemão, o que ocorreu apenas a partir de 1806 com a invasão francesa. Contudo, ele não ficou isento de influência do nacionalismo e da política de intervenção estatal na educação. Considerava a ginástica de alta significação social e patriótica, e meio educativo fundamental para a nação, e pediu que o Estado assumisse a organização e divulgação da ginástica (Marinho, s.d.a). A derrota que Napoleão infligiu aos alemães em Jena, em 1805, a Prússia em bloco desejou a desforra. Impõem-se, então, um sistema de educação tendente a potencializar, ao máximo, o espírito e o corpo provocou o despertar de um profundo sentimento nacionalista popular. A nova ginástica alemã - Jahn havia substituído a palavra ginástica por Turnkunst, em 1811 - ia ao encontro das necessidades do povo, pois Jahn não teve, "durante toda sua existência, outra aspiração senão despertar o sentimento nacional e a realização da unidade alemã" (30, pág. 56). Jahn somente queria formar o forte. "Viver quem pode viver", era o seu lema. Para ele, os exercícios físicos não eram meios de educação escolar, mas sim da educação do povo. Inventou aparelhos como a barra fixa, barras paralelas e o cavalo, sendo, portanto o precursor do esporte que hoje se chama ginástica olímpica. Registramos que, até a I Guerra Mundial, o sistema nacional de ginástica adotado na Alemanha foi o de Jahn. Diz Pepe: "Antes da invasão napoleônica o sentimento nacional era muito mais um patriotismo intelectual, representado por grandes estudiosos como Lessing, Herder, Gorthe, Kant, Fichte, etc. que intencionava impor a cultura e não a potência militar". Foram as humilhações sofridas nas várias batalhas durante a dominação napoleônica que despertaram os sentimentos patrióticos dos alemães. Foi então que Fichte afirmou que o espírito alemão "é uma águia que com força levanta o seu corpo poderoso para aproximar- se do sol". Korner incitou a Alemanha a construir um único Estado da Europa, e a fundação da Universidade de Berlim teve um objetivo, sobretudo, patriótico. Fichte, como primeiro reitor, fez o "Apelo à nação alemã", no qual afirmava a bem conhecida teoria que "Deus tinha confiado ao povo alemão a missão de civilizar o mundo". Conseqüentemente os mestres da ginástica, como Jahn, Eiselen, Frieser, Massmann e muitos outros começaram a reunir em ginásios esportivos e em associações, a juventude para educá-la e prepará-la física e moralmente a fim de fazer renascer a nação alemã. Foram estes os mestres que adestraram a juventude sob o gímnico-militar, que enrubusteceram seus membros e endureceram os seus caracteres, preparando-os para darem tudo à Pátria, até a vida. Foram eles também, que deixados os ginásios esportivos, guiaram - como Jahn - os batalhões dos seus alunos voluntários rumo às estradas da vitória, levando-os da planície de Hasenheide ao triunfo de Paris. Mas com a França já derrotada e expulsa, o governo alemão passou a temer os movimentos de massas liderados por Jahn, de forte conteúdo político. As autoridades temiam que o Turnen servisse difusão das doutrinas liberais então em voga, e proscreveram as sociedades ginásticas. O próprio Jahn foi preso em 1819, acusado de traição. Segundo Roberts (1973), o governo prussiano até mesmo incorporou o sistema ginástico na escola formal, num esforço para frustrar as sociedades ginásticas. Mas a repressão oficial não conseguiu impedir o crescimento do Turnen que recuperou o seu vigor no reinado de Frederico Guilherme IV. Em Página 24
  • 25. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 1868 organizou-se o Deutsche Turnerschaft, uma federação de todas as sociedades ginásticas alemãs. Durante a guerra franco-prussiana de 1870-71, quinze mil de seus membros apresentaram-se ao serviço militar. A guerra propiciou a unificação da Alemanha - o grande ideal de Jahn e seus seguidores - e isto levou valorização da ginástica, que passou a receber o apoio estatal. Nas escolas alemãs, a Educação Física foi introduzida na forma do sistema ginástico de Adolph Spiess (1810-1858). Em 1842, o governo prussiano reconheceu oficialmente a Educação Física como uma função do Estado, e após o fracasso em introduzir a ginástica de Jahn, Spiess foi convidado a implantar o seu sistema. Spiess estudou e trabalhou em escola suíças que sofreram a influência de Pestalozzi. L , criou um sistema de ginástica adaptado a objetivos pedagógicos e integrado no currículo escolar. Segundo Van Dalen e Bennet (1971 ) Spiess foi bem sucedido em introduzir a Educação Física nas escolas da Alemanha porque seus objetivos harmonizavam com a política autocrática e a filosofia educacional da época. Ele dava bastante ênfase disciplina, e embora seu sistema buscasse um desenvolvimento eficiente e completo de todas as partes do corpo, tais objetivos eram alcançados através de submissão, treino da memória e respostas rápidas e precisas ao comando. Roberts (1973), após estudar o processo histórico do surgimento e desenvolvimento da Educação Física na Alemanha, concluiu que ela desenvolveu-se de duas diferentes formas: como um sistema escolar regular de educação física e como um sistema extra-curricular politicamente orientado que acabou por tornar-se uma força auxiliar de Adolf Hitler, chamada de "Movimento Jovem Hitleriano". É evidente, que assim, na Alemanha, a ginástica não pode ter, neste período, outro endereço senão aquele militar, com fundo nacionalista, mesmo se não faltaram interessantes e valiosas alternativas. Outras nações européias condividiram com a Alemanha as mesmas paixões nacionalísticas, o ódio pela opressão estrangeira e o mesmo desejo de renascer, assim que a difusão do pensamento e das idéias da escola alemã encontrou um terreno favorável nas condições históricas do século XIX. A ginástica alemã de 1800 teve, como dizíamos acima, também características educativas comuns aos demais métodos de educação física que se estavam, contemporaneamente, afirmando na Europa: em efeitos, não se pode, certamente, afirmar que a atividade física da Alemanha tenha ficado alheia e avulsa ao valor pedagógico e daquele médico-científico: somente que, por razões históricas e políticas, a ginástica alemã reforçou aquele seu endereço militarista que influenciará posteriormente, uma boa parte do ensino tradicional da educação física, também nos demais países europeus. A difusão do exercício físico nas escolas e nas sociedades de ginástica levará a uma inevitável diversidade de endereços assumindo novas formas, ficando em inércia a veia patriótica suscitada pelo pai da ginástica alemã (Jahn). O endereço gímnico da escola alemã teve, portanto, origens patriótico-militar com Jahn, assumiu com Spiess um caráter escolástico-educativo, com Rothstein racional- higiênico influenciado pela escola sueca, inclinando-se então ao ecletismo com Jager, por sua vez inspirado pelas origens clássicas do exercício físico, mas sempre com escasso sucesso. Página 25
  • 26. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 Próximo ao fim de 1800 desenvolveu-se o momento dos jogos ao ar livre e o advento dos esportes sem, porém que esta grande atividade se afirme; no inicio de 1900 existiu um aceno estético-rítmico com Jacques Dalcroze, Bode e outros; entre as duas guerras, no clima do estado hitleriano, o exercício físico retornou o fim nacional e patriótico, permeado de princípios biológicos com endereço natural e bélico. No período nazista, a atividade física foi integrada ao sistema político; mais que de educação física tratou-se de uma atividade que, partindo do corpo e servindo-se desse, mirou infundir, na criança, os dotes da obediência absoluta e o hábito à ordem. A educação do corpo foi, sobretudo, duro treinamento para reforçar a vontade ê o caráter do futuro soldado. No segundo após guerra, com Diem, a educação física tornar-se-á um meio essencial e indispensável do inteiro complexo educativo. De qualquer maneira, a difusão do método ginástico alemão favoreceu o desenvolvimento, não somente da educação física na Alemanha, mas também no resto da Europa, até na América, tanto no século XIX que na primeira metade do século XX. A única diferença entre a ginástica da escola alemã e aquela das demais escolas (suecas, inglesas, francesas), é que a primeira tinha limitadas capacidades de difusão pelas próprias condições históricas ambientais da Alemanha antes de 1870, enquanto que as outras não conheceram tais limitações ou obstáculos para os fins universais que se tinham prefixadas. Método Natural Austríaco O desenvolvimento do Método Natural Austríaco deve-se basicamente aos educadores Gaullhofer e Streicher, ambos convidados pelo governo austríaco para participar da reforma de ensino naquele país. Tais educadores partiam das premissas que era necessário “fornecer bases científicas para a Educação física” e “criar um método natural de Educação física”. Apesar do grande trabalho desenvolvido por ambos na criação do método, o período compreendido pelas duas guerras mundiais, fez com que este método fosse esquecido, visto o domínio da Alemanha sobre a Áustria. No pós-guerra, outros dois educadores - Burguer e Groll - resgataram o método, introduzindo sua finalidade maior que era o desenvolvimento pleno da força corporal, espiritual e moral de um povo. O Método Natural Austríaco, pela própria nomenclatura, propõe uma pedagogia de desenvolvimento natural e ativa, valorizando atividades próximas da natureza. Dessa forma, as atividades devem ser executadas ao ar livre e englobar atividades como marchar, correr, saltar, lançar, arremessar, quadrupedar e outros. Também para buscar o interesse na execução do método por parte das classes ou turmas, os idealizadores do método propuseram a utilização de pequenos e grandes jogos e de aparelhos como: cordas, bastões, colchões, medicine-ball, bancos suecos, elevações naturais, plintons, espaldares e outros. Busca-se na execução dos exercícios físicos e atividades desse método, atingir as grandes funções orgânicas, quer sejam: o sistema respiratório, o sistema circulatório e o sistema cardíaco. Para tais situações, pode-se empregar exercícios físicos de força pura, força dinâmica, força explosiva e de resistência geral. Página 26
  • 27. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 É muito comum no desenvolvimento de uma sessão desse método, de que as atividades sejam desenvolvidas em duplas, trios e quartetos, onde se preconiza o sentido de auxílio e cooperação na execução dos exercícios e das atividades. Na execução dos exercícios do Método Natural Austríaco, busca-se a execução de movimentos globais e naturais, buscando com os mesmos atingir a grande maioria dos grupos musculares do corpo humano, tendo por principais objetivos: - Desenvolver de forma harmônica as qualidades físicas do organismo humano, buscando de forma paralela também a otimização das características sócio-psíquicas e morais do indivíduo; - Buscar através da execução de pequenos e grandes jogos o desenvolvimento emocional do indivíduo, visando o trabalho em grupos e o comportamento equilibrado diante de vitórias e derrotas; - Aperfeiçoar o indivíduo na dosagem da força e da resistência, treinando-o no sentido de utilizar as suas energias na execução das atividades. Para finalizar, percebe-se uma grande utilidade na execução desse método para treinamento de militares, onde muitas características são utilizadas nos treinamentos atuais das academias e quartéis. Para sua efetiva aplicação nas escolas, existe a natural necessidade de adaptações no volume e na intensidade dos exercícios propostos. Sobre a Áustria Wikipédia As origens da Áustria remetem-se ao tempo do Império Romano, quando um reino celta foi conquistado pelos romanos em 15 a.C., aproximadamente, e mais tarde tornou- se Noricum, uma província romana, em meados do século I d.C.,[6] em uma área que abrangia a maior parte da Áustria atual. Em 788 d.C., o rei franco Carlos Magno conquistou a área e introduziu o cristianismo. Sob a dinastia nativa dos Habsburgo, a Áustria tornou-se uma das grandes potências da Europa. Em 1867, o Império Austríaco foi incorporado pela Áustria- Hungria. O Império Austro-Húngaro desmoronou em 1918 com o fim da Primeira Guerra Mundial. Depois de estabelecer a Primeira República Austríaca, em 1919, a Áustria foi, de fato, anexada à Grande Alemanha pelo regime nazista no chamado Anschluss, em 1938.[7] Isto durou até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, depois que a Áustria foi ocupada pelos Aliados. Em 1955, o Tratado do Estado Austríaco restabeleceu a Áustria como um Estado soberano e o fim da ocupação. No mesmo ano, o Parlamento austríaco criou a Declaração de Neutralidade, que estabeleceu que o país se tornaria neutro. Método Natural de Georges Hébert O idealizador deste método - Georges Hébert - possuía patente militar de oficial da marinha e desenvolveu um método que, por muito tempo, foi aplicado como treinamento para militares. Esse método consistia na realização de exercícios naturais como a corrida, a marcha, os saltos e saltitos, a natação, as lutas, os lançamentos e os arremessos e o transporte de objetos e/ou companheiros. Todos esses exercícios eram realizados ao ar livre e de forma contínua por cerca de cinquenta minutos e muitos estudiosos atestam que desse método surgiu o tempo médio de duração de uma aula ou sessão de Educação Física. Página 27
  • 28. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 A fundamentação do Método Natural de Hébert se encontra no fato de que todo grupo muscular utilizado desenvolve-se e pode vir a suprir necessidades do ser humano, ou seja, através da execução de exercícios naturais poderei vir a desenvolver todas as qualidades físicas do organismo. Para Hébert, as aulas de Educação física possuíam função médica, social e principalmente pedagógica, fazendo com que o professor fosse antes de mais nada um modelo a ser seguido. Em contrapartida, Hébert era contra a utilização dos esportes e de quaisquer tipos de jogos, pois entendia que os mesmos eram atividades antipedagógicas, sem vínculo ou apelo psicológico e ainda possuíam caráter viciante. Outra característica proposta por hébert refere-se a necessidade de que todo exercício físico fosse desenvolvido de forma alegre e ininterrupta, passando-se de um exercício para outro de forma contínua, buscando-se através dos mesmos atingir a maior parte dos grupos musculares do corpo humano. A constante correção dos movimentos executados, também faz parte das características desse método. Para operacionalizar tal situação, nas aulas ou sessões de utilização desse método é bastante comum a utilização de monitores que observam a execução dos movimentos do grupo, buscando sempre a proposição da correção através da execução do exercício ou atividade por parte do monitor. Dada a sua grande influência sobre a juventude, o Método Natural de Hébert foi utilizado como modelo de formação moral dos jovens. De forma genérica sobre seu método, Hébert teria dito que os habitantes de um país desenvolvido e civilizado deveriam destinar um tempo suficiente e diário para cultuar o corpo e utilizar o restante das horas do dia para atividades úteis, afastando-se de todos os vícios e malefícios possíveis. De forma específica, o método desenvolvido em uma sessão, pode ser dividido nas seguintes partes: a) Parte Educativa: que consiste na execução de exercícios e atividades que venham a produzir bons efeitos sobre o organismo, tais como: - Correção postural; - Melhora da capacidade cardiorrespiratória; - Desenvolvimento muscular como um todo e em especial da musculatura abdominal; - Ampliação do volume e da mobilidade da caixa torácica; b) Parte Aplicativa: que consiste na execução de exercícios e atividades que venham a desenvolver as aptidões gerais, sendo composta por atividades e exercícios, tais como: - Movimentos básicos dos membros superiores (braços), membros inferiores (pernas) e tronco, como as elevações frontais e laterais, as flexões e as extensões. - Elevação do corpo (suspensão) com a utilização das mãos. - Movimentos diversos do corpo com equilíbrio em apenas um dos membros inferiores. - Execução de grandes e pequenos saltos sobre um ou dois pés de forma estacionária e com progressão frontal e lateral. Página 28
  • 29. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 - Movimentos de inspiração e expiração realizados de forma contínua e progressiva. - Execução de exercícios naturais (locomoção), onde os mesmos devem ser executados em ordem progressiva de dificuldade. - Exercícios utilitários como a natação, a escalada, os lançamentos e os movimentos básicos de defesa pessoal. Para efeito de controle do método, o professor de Educação física deverá proceder a verificação dos rendimentos dos seus alunos, através da comparação da execução dos exercícios, quer no sentido de número de repetições ou ainda na qualidade de execução dos exercícios, sempre levando em conta a progressividade das aulas. No sentido da organização das aulas de Educação física, a grande contribuição de Hébert refere-se a padronização dos exercícios naturais em dez grupos ou famílias, conforme abaixo: 1) Marchar; 2) Correr; 3) Quadrupedar; 4) Trepar ou Escalar; 5) Saltar ou Saltitar; 6) Equilibrar; 7) Lançar ou Arremesar; 8) Levantar ou Transportar; 9) Atividades de Defesa; 10) Natação. Ginástica Nórdica Foi nos países nórdicos que mais frutificaram as idéias de Guts Muths. Inicialmente na Dinamarca - considerada na época a metrópole intelectual dos países nórdicos -, com Franz Nachtegall (1777-1847), fundador da ginástica no seu país. O pioneirismo é a marca fundamental de seu currículo. Em 1799 funda o seu próprio instituto de ginástica; em 1801 consegue que se inclua a ginástica na escola primária; em 1804 é o responsável pela fundação de um instituto militar de ginástica, o mais antigo instituto especializado do mundo; em 1808 inaugura um instituto civil de ginástica, para formação de professores de educação física; em 1828, como coroamento de seu trabalho, implanta-se obrigatoriamente a ginástica nas escolas, fazendo com que a Dinamarca adiante-se de alguns decênios a outros países europeus. Sua obra identifica-se com a de Spiess, na Alemanha, pois além de ser o responsável pela criação da educação física escolar dinamarquesa, a educação física feminina foi outra de suas grandes preocupações. Em 1799, chega em Copenhague o sueco Pedro Enrique Ling (1776-1839) e, no Instituto de Nachtegall, entra em contato com as idéias de Guts Muths. Assim como Nachtegall, Ling havia chegado à conclusão de que: "Uma educação física harmônica do corpo humano e de suas faculdades dinâmicas, em completa dependência de correlação com todas as forças físicas e espirituais do corpo, tinha que ser uma parte essencial da formação do povo" (16, pág. 149). Página 29
  • 30. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 Ling voltou à Suécia em 1804 e, neste momento, tem início, efetivamente, a história da ginástica sueca. A Suécia encontrava-se arrasada em virtude da guerra com a Rússia e, assim como Jahn na Alemanha, Ling era possuído de um enorme sentimento patriótico. Pretendia que a ginástica colaborasse para elevar o moral do povo sueco. Além disso, "esperava obter, através de uma ginástica racional e científica, uma raça liberta do alcoolismo e da tuberculose" (7, pág. 6). Em 1813, Ling conseguiu autorização do Rei Carlos XIII para fundar o Real Instituto Central de Ginástica de Estocolmo (hoje Escola Superior de Ginástica e Esporte), instituição que dirigiu até o fim da vida. Ling preocupou-se com a execução correta dos exercícios, emprestando-lhes um espírito corretivo, como já o havia feito Pestalozzi. Com esta idéia de conferir uma finalidade corretiva aos exercícios, Ling acaba por cimentar as bases da ginástica sueca. Seu principal seguidor foi o filho Hjalmar Ling (1820-1886). Sistematizou a obra do pai e distinguiu-se como o verdadeiro criador da educação física escolar sueca, pois seu pai não havia incluído as crianças nos seus estudos. Até a I Guerra Mundial, nenhuma outra influência fora da órbita lingiana acrescenta algo significativo à educação física sueca. Ginástica Francesa É da maior importância o estudo dessa escola, pois dela chegaram os primeiros estímulos que vieram a constituir os alicerces da educação física brasileira. Neste período realça a figura de Dom Francisco Amoros y Ondeano (1770-1848), militar espanhol que chega à França em 1814 e, em 1816, adquire a cidadania francesa. A sua figura é de grande relevância histórica, pois foi quem introduziu a ginástica naquele país, sendo conhecido como o "pai da ginástica francesa". A sua ginástica reflete influências que podem ser definidas a partir da fórmula: Rabelais/Guts Muths/Jahn/Pestalozzi. Pode-se considerar que era uma ginástica utilitária (Rabelais), com intenção pedagógica (Guts Muths), acrobática (Jahn) e atrativa (Pestalozzi). Mas o que caracterizava a ginástica amorosiana era o seu marcante espírito militar e "nunca poderíamos admiti-la como um método de ginástica escolar" (4, pág. 98). Langlade compartilha dessa opinião quando afirma que a citada ginástica "não tinha uma finalidade escolar ainda que as crianças também a praticassem" (42, pág. 28). Apesar disso, foi introduzida nas escolas francesas em 1850, sendo ministrada quase sempre por suboficiais do exército, sem cultura geral e com deficiências de formação pedagógica. Somente no final do século, por influência de Pierre de Coubertin, inicia-se uma campanha para que se crie uma autêntica educação física escolar francesa. Registramos, ainda, a presença menos marcante, mas também influente, de Phoktion Heinrich Clias (1782-1854) que, entre outras iniciativas, cria a calistenia, em 1829 - como ginástica feminina com tendências estéticas e derivadas dos gestos de dança -, de tão larga divulgação no Brasil. É importante assinalar, em virtude da influência que exerceu sobre a educação física brasileira, a criação do Instituto de Ginástica do Exército Francês, em 1852, na Escola de Joinville-le-Pont. Página 30
  • 31. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 CARACTERÍSTICAS SOBRE A ORIGEM DO MÉTODO - A Escola de Joinville-le-Pont foi fundada em 15 de julho de 1852, no mesmo local onde ainda se encontra. - A Escola adotou então o Regulamento Francês de Ginástica, aprovado em 24 de agosto de 1846, pelo Ministro da Guerra, como o título “Instrução para o Ensino da Ginástica nos Corpos de Tropa e nos Estabelecimentos Militares”, que foi elaborado por uma comissão: General Aupik, Coronel Amoros, Capitão D’Argy, Napoleão Laisné e outros. - Em 1815 o comandante D’Argy publicou “Instruções para o Ensino da Ginástica”, que se fazia acompanhar de um plano e de uma relação de aparelhos usados no exército. - A 22 de dezembro de 1904, por decreto do Presidente da República Francesa, foi instituída uma comissão interministerial para tratar da unificação dos métodos nas escolas, ginásios e regimentos, onde presidiu o General Castex e outros 13 membros, resultando no “Manual d’Exercices Physiques et de Jeux Scolaires” - Após várias tentativas, ensaios em alguns novos regulamentos, baseados sempre nos anteriores, com pequenas modificações, que fizeram parte Tissié e Herbert, com a experiência da guerra de 1914-18, então surgiu em 1919 um complemento ao “Manual d’Exercices Physiques et de Jeux Scolaires”. Era um manual completamente novo de título “Projet de Réglement General d’Education Physique”. Tal projeto foi consolidado em 1927, sendo reeditado em 1932. ANÁLISE GERAL DO MÉTODO FRANCÊS O Método francês possui sua fundamentação voltada para as ciências médicas, tais como a fisiologia e a Anatomia, possuindo um fulcro na Mecânica. Com a contribuição do professor e fisiologista francês Georges Dêmeny (1850 – 1917), considerado por muitos como o grande patriarca do Método francês, o método buscou um embasamento maior nas leis da física e da Biologia, aplicando exercícios físicos e atividades com base científica. Bases Fisiológicas - A educação física deverá ser orientada pelos princípios de fisiologia. Durante a infância a educação física deve visar ao desenvolvimento harmônico do corpo, enquanto na idade adulta o seu papel é manter e melhorar o funcionamento dos órgãos, aumentar o poder do coração e dos vasos sangüíneos, o valor funcional do aparelho respiratório, a precisão e eficácia dos movimentos e pelo conjunto desses meios, assegurar a saúde. Bases Pedagógicas - segundo a definição do método, a educação física compreende o conjunto de exercícios cuja prática racional e metódica é susceptível de fazer o homem atingir o mais alto grau de aperfeiçoamento físico, compatível com sua natureza, e utilizando-se de várias formas de trabalho: jogos, flexionamentos, exercícios educativos, aplicações (as grandes famílias - marchar, trepar, saltar, levantar e transportar, correr, lançar e atacar, e defender-se), desportos individuais, desportos coletivos. REGRAS GERAIS PARA APLICAÇÃO DO MÉTODO FRANCÊS 1. Grupamento dos Indivíduos - baseado na fisiologia e na experiência, adotou a classificação racional em grupos de valor fisiológico sensivelmente equivalente: educação física elementar Página 31
  • 32. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 ou pré-pubertária (crianças de 4 a 13 anos); educação física secundária ou pubertária e pós- pubertária (adolescentes de 13 a 18 anos); educação física superior ou desportiva e atlética (adultos de ambos os sexos de 18 a 35 anos); e ginástica de conservação para a idade madura (adultos de ambos os sexos com mais de 35 anos). 2. Adaptação ao Exercício - o regime de trabalho físico a que serão submetidos depende: do fim a atingir, da dificuldade e da intensidade dos exercícios e das qualidades que estes exercícios são susceptíveis de desenvolver ou de aperfeiçoar. Para compor o programa de exercícios foram elaborados quadros de exercícios por ciclos (elementar, secundário e superior) e que constava de: grupamento, fim a atingir (objetivo), o programa de exercício e regime de trabalho. 3. Atração do Exercício - os exercícios físicos devem ser higiênicos e salutar quanto maior o prazer com que for praticado. O instrutor deverá esforçar-se para tornar a sessão atraente, pela escolha judiciosa dos exercícios que variará, freqüentemente, pela introdução de jogos em momento oportuno no decorrer da lição e, principalmente, pela emulação e disposição para o trabalho que provocará em sua classe. 4. Verificação Periódica da Instrução - a verificação periódica dos exercícios físicos é realizada pelo médico e pelo professor e repousa nos exames fisiológicos e práticos. A verificação médica é efetuada no início e final do ano letivo, seguido de exame prático de dificuldade compatível com o valor físico dos concorrentes. UMA SESSÃO COMPREENDE TRÊS PARTES De forma genérica, o método buscava ordenar e aplicar um grupo racionalizado de exercícios e atividades que compreendiam os saltos e saltitos, os lançamentos, os arremessos, as corridas, as marchas e com sua aplicação militar também utilizavam-se de esportes como a esgrima, a natação e a equitação. 1. Preparatória - duração de 2/10 do tempo total da sessão. Comporta evoluções e flexionamentos dos braços, pernas, tronco, combinados, assimétricos e de caixa torácica. 2. Lição Propriamente Dita - duração de 7/10 da sessão. Abrange exercícios grupados nas sete famílias: marchar, trepar e equilibrar-se, saltar, levantar e transportar, correr, lançar e atacar e defender-se. 3. Volta á Calma - duração de 1/10 da sessão. Contém: marcha lenta com exercícios respiratórios, marcha com canto ou assobio e exercícios de ordem. O Movimento Esportivo Inglês A Situação Política e Social As revoluções inglesas do século XVII deram à Inglaterra um regime parlamentarista estável, livrando-a das agitações que perturbaram a Europa continental nos séculos XVIII e XIX. Durante os séculos XVI e XVII a Inglaterra experimentou grande desenvolvimento comercial, que aumentou com a adoção do liberalismo econômico no século XVIII e com a formação de um vasto império colonial. A partir de 1760 a Inglaterra passou a sediar a Revolução Industrial, acontecimento que - ao lado da Revolução Francesa - modelou a história da civilização ocidental. Vários fatores foram decisivos para que a Revolução Industrial se desenrolasse entre os ingleses. A Inglaterra expandiu o seu comércio e assegurou mercado consumidor e Página 32
  • 33. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 mercado fornecedor de matérias-primas já no século XVIII. O desenvolvimento comercial possibilitou também a acumulação de capital, e além disso a Inglaterra dispunha de bastante carvão e ferro. As revoluções do século XVII haviam tirado poder da aristocracia em favor da burguesia, desejosa de promover o desenvolvimento econômico. Por outro lado, a doutrina do puritanismo e do calvinismo inglês estimularam o enriquecimento e a acumulação de riquezas. A Revolução Industrial significou a passagem do trabalho artesanal para o trabalho industrial, do trabalho doméstico para o trabalho fabril e transformação do artesão em trabalhador assalariado. A Revolução Industrial mudou radicalmente o regime de produção econômica, proporcionando uma inédita acumulação de riquezas e gerando transformações em todas as instâncias da sociedade inglesa dos séculos XVIIl e XIX. Desenvolveu-se a tecnologia industrial, a população urbana cresceu muito nas grandes cidades, a classe média tornou-se mais numerosa e mais rica, o proletariado a partir de certo momento organiza-se para lutar contra as péssimas condições de trabalho e os baixos salários, e a agricultura moderniza-se para atender a um crescente consumo. A partir de 1850, a Revolução Industrial foi exportada para outros países da Europa e da América, iniciando pela Bélgica, França, Alemanha, Itália e Estados Unidos, após a estabilização de seus quadros políticos. Situação das Instituições Educacionais A Inglaterra foi mais demorada - em comparação com outros países europeus - em estabelecer uma educação pública nacional controlada pelo Estado. Segundo Luzuriaga (1979) os ingleses consideravam a educação mais como responsabilidade da sociedade civil que do Estado. Até as primeiras décadas do século XIX, a educação esteve exclusivamente nas mãos da Igreja e de entidades particulares de caráter beneficente. As classes média e alta financiavam sua própria educação, enquanto que a educação elementar para os pobres era paroquial ou beneficente. As transformações produzidas pela Revolução Industrial, o crescimento e a concentração da população nos centros fabris e mineiros levaram gradualmente à intervenção do Estado na educação (Luzuriaga, 1979; Mclntosh, 1973). Em 1833 o Parlamento concedeu uma subvenção às sociedades filantrópicas para construção de prédios escolares. O Departamento de Educação foi criado em 1856 para administrar os fundos governamentais. O Ato de Educação de 1870 formou a base da educação primária mantida pelo Estado, e em 1876 foi introduzida a obrigatoriedade escolar. O Esporte como Meio de Educação A Educação Física inglesa do século XIX não foi muito influenciada pela filosofia nacionalista, tendo um desenvolvimento diferenciado em relação ao restante da Europa. A disciplina e o treinamento físico impostos ao povo nos países continentais, visando a defesa nacional, não se fizeram necessários na Inglaterra, pois sua posição geográfica isolada e sua poderosa marinha livraram-na de invasões estrangeiras. Por isso, sua maior contribuição não foi no campo da ginástica, mas do esporte. O movimento esportivo inglês do século XIX formou o outro pilar da sistematização da moderna Educação Física, e guarda relação com as transformações sócio- Página 33
  • 34. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO 2012 econômicas produzidas pela Revolução Industrial naquele país a partir de 1760 (Eyler, 1969; Mclntosh, 1975; Rouyer, 1977). Até o final do século XVIII o esporte era uma prática tipicamente aristocrática na Inglaterra, tendo este panorama se modificado substancialmente no decorrer do século seguinte, com a proliferação do esporte em outras camadas sociais e sua institucionalização em órgãos diretivos. As tradicionais Escolas Públicas (PiMic-Schools), fundadas entre os séculos XIV e XVII, as Universidades e a classe média emergente da Revolução Industrial tiveram participação fundamental neste processo.Os estudantes das Public-Schools promoviam seus próprios jogos - futebol, caça e tiro - desafiando às vezes a proibição das autoridades educacionais que os consideravam perigosos e violentos. A partir de 1832, a classe média, que ascendera a uma posição de poder político e influência social por conta do desenvolvimento industrial, passou a reivindicar maiores privilégios educacionais, o que conseguiu efetivamente por volta de 1860, e fez erguer muitas novas escolas públicas espelhadas no modelo das antigas (Mclntosh, 1973, 1975). Esta conquista revelou-se decisiva para a proliferação dos jogos esportivos. Mclntosh (1975) entende que a obtenção de privilégios educacionais Peia classe média "coincidiu e foi responsável pelo desenvolvimento dos jogos organizados, particularmente o críquete e o futebol" (p. 88). Em meados do século XIX o modelo esportivo predominante era o da classe média, que deu aos vários jogos esportivos, alguns descobertos em estado embrionário, organização, regras, técnicas e padrões de conduta para os praticantes, em grande parte vigentes até hoje. A partir de 1857 e até o final do século fundaram-se dezenas de associações esportivas nacionais na Inglaterra. Para Eyler (1969) parece existir uma relação entre o aumento do tempo de lazer, em parte induzido pela Revolução Industrial, e o desenvolvimento esportivo. Rouyer (1977) analisou o esporte com relação ao lazer e ao trabalho no quadro do emergente capitalismo inglês; constatou que o esporte era uma atividade de ócio da aristocracia e da alta burguesia e um meio de educação social de seus filhos, e que a Inglaterra era o primeiro caso típico da realidade do esporte num país capitalista. A Inglaterra foi pioneira em divulgar o esporte entre uma população industrial e urbana (Mclntosh, 1975). O esporte tornou-se acessível às classes trabalhadoras inglesas depois de ter surgido pra a classe média, em decorrência de conquistas trabalhistas. Por volta de 1870 os trabalhadores passaram a reivindicar - e obtiveram - uma redução da jornada de trabalho. Segundo Mclntosh (1975) "Foi então, e só então que se deu a grande proliferação de clubes desportivos e organizações distritais" (p. 38). A Inglaterra foi também pioneira em aceitar e utilizar o esperte como um meio de educação. O exemplo da Escola de Rugby onde seu diretor Thomas Arnold (1795-1842) suprimiu a ilegalidade de alguns jogos esportivos, generalizou-se nas demais Escolas Públicas na segunda metade do século XIX, que tradicionalmente dedicavam parte da vida escolar à organização e supervisão de atividades pelos próprios estudantes, e o auto-governo foi altamente desenvolvido nos jogos e esportes. A "capacidade de governar outros e controlar a si próprio, a atitude de combinar liberdade com ordem" (Comissão Real das Escolas Públicas, citado por Mclntosh, 1973, p. 119) era o modelo aceito da Educação Física nas Escolas Públicas. Página 34