O documento discute diversos gêneros literários infantis, incluindo fábulas, contos de fadas, lendas e poesia. Fábulas usam animais para transmitir lições morais de forma alegórica, enquanto contos de fadas misturam fantasia e realidade para explorar temas universais. Lendas são narrativas baseadas na tradição oral que misturam fatos históricos e imaginários. A poesia infantil usa recursos como rimas e ritmo para cativar as crianças.
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
Modalidades textos infantis
1. Estudo das diversas modalidades de textos infantis
Fábulas (do latim- fari - falar e do grego - Phao - contar algo)
Narrativa alegórica de uma situação vivida por animais, que referencia uma situação
humana e tem por objetivo transmitir moralidade. A exemplaridade desses textos espelha
a moralidade social da época e o caráter pedagógico que encerram. É oferecido, então,
um modelo de comportamento maniqueísta; em que o "certo" deve ser copiado e o
"errado", evitado. A importância dada à moralidade era tanta que os copistas da Idade
Média escreviam as lições finais das fábulas com letras vermelhas ou douradas para
destacar.
A presença dos animais deve-se, sobretudo, ao convívio mais efetivo entre homens e
animais naquela época. O uso constante da natureza e dos animais para a alegorização
da existência humana aproximam o público das "moralidades". Assim apresentam
similaridade com a proposta das parábolas bíblicas.
Algumas associações entre animais e características humanas, feitas pelas fábulas,
mantiveram-se fixas em várias histórias e permanecem até os dias de hoje.
• leão - poder real
• lobo - dominação do mais forte
• raposa - astúcia e esperteza
• cordeiro - ingenuidade
A proposta principal da fábula é a fusão de dois elementos: o lúdico e o pedagógico. As
histórias, ao mesmo tempo que distraem o leitor, apresentam as virtudes e os defeitos
humanos através de animais. Acreditavam que a moral, para ser assimilada, precisava da
alegria e distração contida na história dos animais que possuem características humanas.
Desta maneira, a aparência de entretenimento camufla a proposta didática presente.
A fabulação ou afabulação é a lição moral apresentada através da narrativa. O epitímio
constitui o texto que explicita a moral da fábula, sendo o cerne da transmissão dos valores
ideológicos sociais.
Acredita-se que esse tipo de texto tenha nascido no século XVIII a.C., na Suméria. Há
registros de fábulas egípsias e hindus, mas atribui-se à Grécia a criação efetiva desse
gênero narrativo. Nascido no Oriente, vai ser reinventado no Ocidente por Esopo (Séc. V
a.C.) e aperfeiçoado, séculos mais tarde, pelo escravo romano Fedro (Séc. I a.C.) que o
enriqueceu estilisticamente. Entretanto, somente no século X, começaram a ser
conhecidas as fábulas latinas de Fedro.
Ao francês Jean La Fontaine (1621/1692) coube o mérito de dar a forma definitiva a uma
das espécies literárias mais resistentes ao desgaste dos tempos: a fábula, introduzindo-a
definitivamente na literatura ocidental. Embora tenha escrito originalmente para
adultos, La Fontaine tem sido leitura obrigatória para crianças de todo mundo.
Podem-se citar algumas fábulas imortalizadas por La Fontaine: "O lobo e o cordeiro", "A
raposa e o esquilo", "Animais enfermos da peste", "A corte do leão", "O leão e o rato", "O
2. pastor e o rei", "O leão, o lobo e a raposa", "A cigarra e a formiga", "O leão doente e a
raposa", "A corte e o leão", "Os funerais da leoa", "A leiteira e o pote de leite".
O brasileiro Monteiro Lobato dedica um volume de sua produção literária para crianças às
fábulas, muitas delas adaptadas de Fontaine. Dessa coletânea, destacam-se os seguintes
textos: "A cigarra e a formiga", "A coruja e a águia", "O lobo e o cordeiro", "A galinha dos
ovos de ouro" e "A raposa e as uvas".
Contos de Fadas
Quem lê "Cinderela" não imagina que há registros de que essa história já era contada na
China, durante o século IX d. C.. E, assim como tantas outras, tem-se perpetuado há
milênios, atravessando toda a força e a perenidade do folclore dos povos, sobretudo,
através da tradição oral.
Pode-se dizer que os contos de fadas, na versão literária, atualizam ou reinterpretam, em
suas variantes questões universais, como os conflitos do poder e a formação dos valores,
misturando realidade e fantasia, no clima do "Era uma vez...".
Por lidarem com conteúdos da sabedoria popular, com conteúdos essenciais da condição
humana, é que esses contos de fadas são importantes, perpetuando-se até hoje. Neles
encontramos o amor, os medos, as dificuldades de ser criança, as carências (materiais e
afetivas), as auto-descobertas, as perdas, as buscas, a solidão e o encontro.
Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento "fada". Etimologicamente,
a palavra fada vem do latim fatum (destino, fatalidade, oráculo).
Tornaram-se conhecidas como seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, que se
apresentavam sob forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes sobrenaturais,
interferem na vida dos homens, para auxiliá-los em situações-limite, quando já nenhuma
solução natural seria possível.
Podem, ainda, encarnar o Mal e apresentarem-se como o avesso da imagem anterior, isto
é, como bruxas. Vulgarmente, se diz que fada e bruxa são formas simbólicas da eterna
dualidade da mulher, ou da condição feminina.
O enredo básico dos contos de fadas expressa os obstáculos, ou provas, que precisam
ser vencidas, como um verdadeiro ritual iniciático, para que o herói alcance sua auto-
realização existencial, seja pelo encontro de seu verdadeiro "eu", seja pelo encontro da
princesa, que encarna o ideal a ser alcançado.
Estrutura básica dos contos de fadas
• Início - nele aparece o herói (ou heroína) e sua dificuldade ou restrição. Problemas
vinculados à realidade, como estados de carência, penúria, conflitos, etc., que
desequilibram a tranqüilidade inicial;
• Ruptura - é quando o herói se desliga de sua vida concreta, sai da proteção e
mergulha no completo desconhecido;
• Confronto e superação de obstáculos e perigos - busca de soluções no plano da
fantasia com a introdução de elementos imaginários;
3. • Restauração - início do processo de descobrir o novo, possibilidades,
potencialidades e polaridades opostas;
• Desfecho - volta à realidade. União dos opostos, germinação, florescimento,
colheita e transcendência.
Lendas (do latim legenda/legen - ler)
Nas primeiras idades do mundo, os seres humanos não escreviam, mas conservavam
suas lembranças na tradição oral. Onde a memória falhava, entrava a imaginação para
suprir-lhe a falta. Assim, esse tipo de texto constitui o resumo do assombro e do temor dos
seres humanos diante do mundo e uma explicação necessária das coisas da vida.
A lenda é uma narrativa baseada na tradição oral e de caráter maravilhoso, cujo
argumento é tirado da tradição de um dado lugar. Sendo assim, relata os acontecimentos
numa mistura entre referenciais históricos e imaginários. Um sistema de lendas que
tratem de um mesmo tema central constiruem um mito (mais abrangente geograficamente
e sem fixação no tempo e no espaço).
A respeito das lendas, registra o folclorista brasileiro Câmara Cascudo no livro Literatura
Oral no Brasil:
Iguais em várias partes do mundo, semelhantes há dezenas de séculos, diferem em
pormenores, e essa diferenciação caracteriza, sinalando o típico, imobilizando-a num
ponto certo da terra. Sem que o documento histórico garanta veracidade, o povo
ressuscita o passado, indicando as passagens, mostrando, como referências indiscutíveis
para a verificação racionalista, os lugares onde o fato ocorreu.
CASCUDO, 1978 , p. 51
A lenda tem caráter anônimo e, geralmente, está marcada por um profundo sentimento de
fatalidade. Tal sentimento é importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o
que não se pode lutar e demonstra o pensamento humano dominado pela força do
desconhecido.
O folclore brasileiro é rico em lendas regionais. Destacam-se entre as lendas brasileiras
os seguintes títulos: "Boitatá", "Boto cor-de-rosa", "Caipora ou Curupira", "Iara",
"Lobisomem", "Mula-sem-cabeça", "Negrinho do Pastoreio", "Saci Pererê" e "Vitória
Régia".
Nas primeiras idades do mundo, os homens não escreviam. Conservavam suas
lembranças na tradição oral. Onde a memória falhava, entrava a imaginação para supri-la
e a imaginação era o que povoava de seres o seu mundo.
Todas as formas expressivas nasceram, certamente, a partir do momento em que o
homem sentiu necessidade de procurar uma explicação qualquer para os fatos que
aconteciam a seu redor: os sucessos de sua luta contra a natureza, os animais e as
inclemências do meio ambiente, uma espécie de exorcismo para espantar os espíritos do
mal e trazer para sua vida os atos dos espíritos do bem.
A lenda, em especial as mitológicas, constitui o resumo do assombro e do temor do
homem diante do mundo e uma explicação necessária das coisas. A lenda, assim, não é
mais do que o pensamento infantil da humanidade, em sua primeira etapa, refletindo o