SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 26
Descargar para leer sin conexión
BRASIL
PROJETO CORREDORES ECOLÓGICOS




     Esboço de Projeto Piloto de
 Pagamento por Serviços Ambientais
      para Produtores Rurais no
  Corredor Central da Mata Atlântica
         (Versão para discussão)




                 por
         Susan Edda Seehusen




                                       i
ÍNDICE
1      INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
2      OBJETIVOS ......................................................................................................... 5
3      METODOLOGIA .................................................................................................. 5
    3.1          ENTREVISTAS COM PESSOAS CHAVE E ANÁLISE DE PROJETOS ......................................... 5
    3.2          PESQUISA SOBRE LEGISLAÇÕES E PROGRAMAS DE PSA NO BRASIL ................................. 6
    3.3          ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL PARA A SELEÇÃO DAS ÁREAS .......................................... 6
4      RESULTADOS ...................................................................................................... 7
    4.1     ÁREAS PROPOSTAS PARA OS PSA PILOTOS ............................................................... 7
       4.1.1 Bacia Hidrográfica Rio Santana – Sub-bacia do Rio Santa Maria .............. 7
       4.1.2 Áreas do entorno da Estação Ecológica Wenceslau Guimarães ................ 7
    4.2     RELEVÂNCIA DA BACIA DO RIO SANTANA PARA OS SERVIÇOS AMBIENTAIS ....................... 8
    4.3     ADICIONALIDADE DO PROJETO ............................................................................... 9
    4.4     ATIVIDADES ELEGÍVEIS .......................................................................................... 9
       4.4.1 Conservação da biodiversidade ................................................................. 9
       4.4.2 Proteção dos recursos hídricos e do solo ................................................. 10
    4.5     PROVEDORES DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS ............................................................... 10
    4.6     MONITORAMENTO E CERTIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS .................................. 11
    4.7     PROPOSTA DE VALORAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS ............................................. 12
       4.7.1 Proteção da Biodiversidade ..................................................................... 12
       4.7.2 Proteção dos recursos hídricos................................................................. 13
    4.8     ESTIMATIVA PRELIMINAR DE CUSTOS COM O PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS
          PARA O EXEMPLO PROTEÇÃO DA BIODIVERSIDADE ....................................................... 14
       4.8.1 Valores médios de pagamento ao ano por família .................................. 14
    4.9     VOLUME POTENCIAL DE SERVIÇOS AMBIENTAIS ASSEGURADOS PELO PROJETO ................ 15
    4.10    IMPACTOS SOCIAIS E DE REDUÇÃO DA POBREZA ....................................................... 15
    4.11    POTENCIAIS COMPRADORES E FONTES DE FINANCIAMENTO ........................................ 16
5      PRÓXIMOS PASSOS .......................................................................................... 17
6      REFERÊNCIAS .................................................................................................... 18
7         ANEXOS ........................................................................................................... 19




                                                                                                                     ii
LISTA DE TABELAS

TABELA 1: LEIS E PROGRAMAS DE PSA NO BRASIL ....................................................................... 4
TABELA 2: PESSOAS ENTREVISTADAS......................................................................................... 6
TABELA 3: COEFICIENTES DE EROSÃO DAS COBERTURAS DO SOLO ................................................. 14


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: PRINCIPAIS INICIATIVAS DE PSAS GOVERNAMENTAIS NO BRASIL                                3




                                                                                                                iii
ABREVIACõES


ANA        Agência Nacional das Águas
APP        Área de Preservação Permanente
ARL / RL   Área de Reserva Legal
BA         Estado da Bahia
CCMA       Corredor Central da Mata Atlântica
CEPLAC     Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
C.O.       Custo de oportunidade
CONERH     Conselho Estadual de Recursos Hídricos
ES         Estado do Espírito Santo
ESALQ      Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
GEF        Global Environment Facility (Banco Mundial)
IBio       Instituto Bioatlântica
IEF        Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais
IESB       Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia
IEMA       Instituto Estadual de Meio Ambiente (ES)
INGÁ       Instituto de Gestão das Águas (antiga Secretaria de
           Recursos Hídricos – SRH)
MDA        Ministério de Desenvolvimento Agrário
MMA        Ministério do Meio Ambiente
ONG        Organização Não Governamental
PAE        Potencial de abatimento da erosao
PCE        Projeto Corredores Ecológicos
PSA        Pagamentos por Serviços Ambientais
SAF        Sistemas Agroflorestais
SEMA       Secretária Estadual de Meio Ambiente (BA)
SIG        Sistema de Informações Geográficas
TdR        Termos de Referência
UCE        Unidade de Coordenação Estadual
UCG        Unidade de Coordenação Geral




                                                       iv
1          INTRODUÇÃO

O Projeto Corredores Ecológicos - Componente Corredor Central
da Mata Atlântica (CCMA) visa criar e estabilizar uma rede interco-
nectada de núcleos e elos de floresta de forma a garantir a sobrevi-
vência da fauna e da flora no bioma Mata Atlântica e assim contri-
buir para a conservação da biodiversidade na área definida pelo
corredor.

Isso depende de um lado da conservação de remanescentes flores-
tais através da ampliação e fortalecimento de Unidades de Conser-
vação e de outras formas de áreas protegidas (APPs, RLs, TIs,
etc.). Por outro lado requer a criação e manutenção de uma rede de
mini-corredores para a conectividade ecológica entre as Unidades
de Conservação, nos quais a matriz de uso do solo seja mais ade-
quada ao fluxo gênico.

Nos mini-corredores é preciso atuar principalmente em áreas priva-
das, em muitos casos de pequenos produtores rurais, onde são
necessárias diversas atividades de reflorestamento, enriquecimento
de áreas degradadas, uso sustentável do solo e proteção ambiental
de forma a restabelecer ou manter a conectividade. Essas ativida-
des garantem a proteção dos ecossistemas e da biodiversidade,
que por sua vez garantem o provimento dos serviços ambientais
para a sociedade.

Segundo a Análise Ecossistêmica do Milênio, os serviços ambien-
tais são os “benefícios que a humanidade obtém dos ecossistemas”
(MEA, 2005). Ecossistemas como a Mata Atlântica provém benefí-
cios como o armazenamento de carbono, a proteção da biodiversi-
dade, a manutenção dos ciclos hídricos e a beleza cênica. A ado-
ção de certos usos da terra influencia a capacidade da paisagem de
prover estes serviços ambientais.

A despeito da relevância dos serviços ambientais, há ainda hoje
forte tendência à conversão e à degradação dos ecossistemas le-
vando à suboferta dos serviços ambientais. Isso acontece porque a
decisão de proteger ecossistemas ou adotar técnicas de uso da
terra mais compatíveis com a conservação da biodiversidade e a
manutenção das funções ecológicas da paisagem implicam aos
produtores rurais altos custos de oportunidade relacionados à res-
trição a possíveis usos da terra com maiores ganhos econômicos
potenciais.

A suboferta de serviços ambientais ocorre principalmente, porque
não há mercados para estes serviços e sua importância e escassez
não se refletem em preços, pois são em geral bens públicos, para
os quais é difícil ou proibitivamente caro se estabelecerem direitos
de propriedade. Portanto, nenhum ator da sociedade pode ser ex-
cluído de seu uso. Em decorrência disso o mercado falha em prover
estímulos econômicos ao provedor do serviço ambiental e falha em
cobrar do usuário deste serviço.



                                 1
Para lidar com esta falha de mercado a política ambiental tem a
                princípio duas opções de resposta a) instrumentos de comando e
                controle e b) os instrumentos econômicos e/ou de mercado. A ex-
                periência recente mostra que os instrumentos atuais de controle
                (sozinhos) não conseguiram reduzir suficientemente a tendência de
                redução dos serviços ambientais na Mata Atlântica da Bahia (MPE
                2009). Por isso, além de contribuir para a melhoria da fiscalização e
                controle, o Projeto Corredores Ecológicos busca promover instru-
                mentos econômicos de forma a alterar a rentabilidade relativa das
                atividades sustentáveis e assim estimular a adoção de atividades
                de uso da terra mais sustentáveis na área dos mini-corredores eco-
                lógicos.

                Um dos instrumentos econômicos que têm sido cada vez mais usa-
                dos atualmente no mundo é o pagamento por serviços ambientais
                (PSA). PSA é definido por Wunder como “uma transação voluntária
                onde um serviço ambiental bem definido (ou uma forma de uso da
                terra capaz de prover o serviço) está sendo “comprado” por no mí-
                nimo um comprador de no mínimo um vendedor se e somente se o
                vendedor garantir em prover o serviço (condicionalidade)” (Wunder,
                2005).

                O PSA reconhece o valor econômico da proteção e do manejo sus-
                tentável dos ecossistemas e visa promover um incentivo econômico
                aos “provedores” de serviços ambientais para que estes assegurem
                a provisão do serviço, assim como visa cobrar do usuário do servi-
                ço seguindo os conceitos de protetor-recebedor e usuário-pagador.


PSA no Brasil   A tendência do uso de PSAs também tem se mostrado em forte
                ascensão no Brasil. Desde a primeira iniciativa de PSA, o Proambi-
                ente que foi aprovado em 2003, muitas novas iniciativas já foram
                lançadas e estão sendo implementadas no território brasileiro. Há
                iniciativas privadas, que são coordenadas e financiadas com recur-
                sos de empresas e/ou de ONGs, como há projetos oficiais de PSA,
                que contam com governos em seus diversos níveis (municipal, es-
                tadual e federal) atuando como os impulsionadores e coordenado-
                res assim como financiadores ou captadores de recursos para os
                projetos e programas.

                Podem ser citados como exemplos de PSAs governamentais no
                Brasil o projeto ProdutorES de Água no Espírito Santo, o Bolsa Flo-
                resta no Amazonas, o Proambiente em diversos pólos pilotos na
                Amazônia Legal, o Bolsa Verde em Minas Gerais, o Conservador
                das Águas em Extrema (MG), entre outros. A figura 1 oferece um
                panorama sobre as principais iniciativas governamentais de PSA no
                Brasil.




                                                 2
FIGURA 1: PRINCIPAIS INICIATIVAS DE PSAS GOVERNAMENTAIS NO BRASIL




A maioria dos projetos de PSA em implementação no Brasil rela-
ciona-se ao serviço ambiental proteção dos recursos hídricos e está
inserida no Programa Produtor de Água da Agência Nacional das
Águas (ANA). O Brasil segue a tendência mundial, na qual existe
maior número de PSAs para água. Nesses sistemas os beneficiá-
rios do serviço ambiental podem ser identificados de forma mais
direta e, ao se provar o benefício econômico ao beneficiário, esti-
mular para que estes paguem para que o serviço ambiental seja
prestado.

Ademais, o Brasil conta com a Lei da Política Nacional dos Recur-
sos Hídricos, Lei 9433/97, que é uma base relevante para a imple-
mentação de PSAs de recursos hídricos. A lei provém o marco legal
para a cobrança pelo uso da água, uma potencial fonte de recursos
para o pagamento por serviços ambientais. A cobrança pelo uso da
água foi implementada até o momento em poucos lugares no País,
mas há tendência de ampliação do uso do mecanismo.

PSAs governamentais exigem um marco legal para embasar os
pagamentos. Por isso, foram aprovadas nos últimos anos diversas
leis em estados e municípios que consideram o PSA. Exemplos são
a Lei de Mudanças Climáticas do Estado do Amazonas (Lei
3135/2007) e a Lei de PSA do Estado do Espírito Santo (lei
8995/2009). No âmbito nacional está em tramitação um projeto de
lei de pagamentos por serviços ambientais (PL 5487/2009). A tabe-
la 1 mostra as diversas leis que consideram PSA nos âmbitos na-
cional, estadual e municipal.




                                          3
Tabela 1: Leis e programas de PSA no Brasil

Nível                 Lei / Programa
Nacional
                      Projeto de Lei para Programa Federal de PSA (PL 5487/2009)
                      Programa Produtor de Água (ANA)
Estadual
AM                    Lei de Mudanças Climáticas (Lei 3135/2007)
ES                    Lei de PSA (Lei 8995/2009)
MG                    Lei Bolsa Verde (Lei 17.727/2008)
SP                    Lei da Política Estadual de Mudanças Climáticas (Lei 1/2009)
Municipal
Extrema - MG          Projeto Conservador das Águas (Lei 2100/2005)
São Paulo - SP        Lei de Mudança do Clima (Lei 14.933/2009)
Apucarana - PR        Lei do Projeto Oasis – PSA (Lei 058/2009)


O momento político atual é bastante propício para a implementação
de projetos de PSA. Os temas ambientais vêm ganhando grande
espaço na mídia e cada vez mais interesse dos cidadãos1. Consi-
derando este potencial, leis de PSA têm sido aprovadas com bas-
tante rapidez em todo o País. Um exemplo é a lei de mudanças
climáticas do Estado de São Paulo, que foi aprovada às pressas em
novembro de 2009 para que já estivesse em vigor durante a Confe-
rência do Clima em Copenhague em dezembro de 2009.

O projeto corredores Ecológicos pretende implementar um projeto
piloto de pagamento por serviços ambientais na porção baiana do
Corredor Central da Mata Atlântica que remunere produtores rurais
que protejam florestas nativas primárias e secundárias ou que ado-
tem técnicas de uso da terra sustentáveis que assegurem o provi-
mento dos serviços ambientais para toda a sociedade. A partir des-
se projeto visa-se subsidiar a formulação de políticas públicas ao
demonstrar a viabilidade do instrumento de PSA para:
           1. Assegurar o fornecimento de serviços ambientais de pro-
           teção da biodiversidade e proteção dos serviços hidrológicos
           para a sociedade, e;
           2. Induzir os agentes econômicos a adotar ou manter as ati-
           vidades de uso da terra mais sustentáveis através da remu-
           neração pelo provimento dos serviços ambientais.




1   Estatísticas mostram que os cidadãos têm demonstrado cada vez mais
     interesse pelos temas ambientais. Em dezembro de 2009, por exemplo,
     durante a última Conferência do Clima em Copenhague (COP 15), a
     palavra Copenhague passou a ser a mais procurada do site de busca
     Google.

                                       4
2 OBJETIVO

O objetivo deste esboço de projeto piloto é prover um documento
simples e conciso que possa ser apresentado para instituições com
potencial de implementar e financiar um PSA piloto na Bahia. O
papel do documento é ser uma base para a discussão a ser apro-
fundada para levar a uma proposta de projeto piloto a ser imple-
mentada.



3 METODOLOGIA

Para a elaboração desta proposta de projeto piloto foram estudados
projetos de PSA em implementação no Brasil, foram conduzidas
entrevistas com pessoas chave responsáveis por estes projetos e
foi feita uma análise das legislações em PSA vigentes ou em pro-
cesso de aprovação no Brasil.

Foram estudadas questões quanto à área envolvida nos projetos
pilotos, o número de participantes do projeto, o nível dos pagamen-
tos, a fonte de recursos, a forma de valoração econômica dos ser-
viços ambientais assim como o método de cálculo para os paga-
mentos, o marco legal envolvido, as práticas a serem remuneradas
e os respectivos serviços ambientais reconhecidos.



3.1 Entrevistas com pessoas                         chave        e
    análise de projetos

Visando conhecer as experiências brasileiras de sistemas de PSA,
foram conduzidas entrevistas com responsáveis pela concepção e
implementação destes sistemas no Brasil. Foram selecionados pro-
jetos chave, principalmente (mas não exclusivamente) projetos fi-
nanciados e implementados com fundos oficiais, dado que o objeti-
vo a intenção do Projeto Corredores Ecológicos é que o projeto de
PSA na Bahia se torne uma política pública.

Desta maneira, foram entrevistados responsáveis pelos projetos
brasileiros ProdutorES de Água, Florestas para a Vida, Bolsa Verde
e Projeto Oasis. Também foi entrevistado um dos responsáveis
pela implementação de um projeto de PSA na República Dominica-
na. Na tabela abaixo são listadas as pessoas entrevistadas, sua
instituição e o projeto pelo qual são responsáveis.




                                5
Tabela 2: Pessoas entrevistadas

Nome                Instituição                Projeto de PSA
Rafael Zenni        Fundação O Boticário       Projeto Oasis – SP
Thiago Belote       IBio cedido ao IEMA (ES)   Projeto ProdutorES de Água-ES
Marco Sossai        IEMA - ES                  Florestas para a Vida (GEF) –ES
Eduardo Grossi      IEF-MG                     Bolsa Verde – MG
Ricardo Galeno      IEF-MG                     Bolsa Verde – MG
Matthias Müller     GFA - PROGEREN             Progeren
                    (República Dominicana)     PSA República Dominicana
Paulo Villa Nova    IESB

Após as entrevistas foram estudados e analisados os documentos
dos projetos citados, assim como estudados outros projetos de PSA
inseridos no Progama Produtores de Água da ANA.

3.2 Pesquisa   sobre  legislações                                      e
    programas de PSA no Brasil

Para conhecer e entender os marcos legais dos projetos de PSA
governamentais no País foi conduzida uma pesquisa sobre legisla-
ções de PSA através entrevistas com pessoas chave e busca na
internet. Em seguida, as legislações (conforme tabela 1) foram es-
tudadas e analisadas. Ademais, foi estudado o Programa Produto-
res de Água da ANA.

3.3 Articulação  institucional                            para         a
    seleção das áreas

Em reuniões com o INGÁ, a SEMA e o IESB discutiu-se possíveis
áreas para o projeto piloto.




                                  6
4 RESULTADOS

4.1 Áreas   Propostas                    para        os      PSA
    Pilotos

Para os primeiros projetos piloto de PSA são propostas duas áreas
no CCMA, a primeira na Bacia do Rio Santana e a segunda nas
áreas do entorno da Estação Ecológica Wenceslau Guimarães. A
pré-seleção das áreas seguiu critérios ecológicos, sociais e estraté-
gicos.

4.1.1  Bacia Hidrográfica Rio Santana                              –
     Sub-bacia do Rio Santa Maria
A bacia hidrográfica do Rio Santana fica localizada no Sul da Bahia,
área predominantemente agrícola, sendo as principais atividades
produtivas rurais da região a produção de cacau, principalmente no
sistema de cacau-cabruca, a pecuária de corte e a agricultura de
subsistência de mandioca (MARQUES, 2008).

Sob a ótica ecológica, a bacia do Rio Santana é extremamente re-
levante. Ela fornece água para cerca de 100 mil pessoas dos muni-
cípios de Buerarema e Ilhéus (MARQUES, 2008). Além disso, ela
está situada entre dois Mini-Corredores ecológicos de Conduru-Boa
Esperança e Una-Lontras e também é categorizada como área prio-
ritária para a conservação pela classificação do MMA (veja localiza-
ção da bacia no anexo 1). A bacia tem, portanto, grande relevância
para a proteção da biodiversidade.

Sob a ótica estratégica, a região da bacia oferece grande potencial
de apoio institucional na elaboração e na implementação de um
sistema de PSA. O Diálogo do Cacau, um fórum de discussão do
qual fazem parte diversas instituições privadas e não governamen-
tais do sul da Bahia, já vêm trabalhando a temática na região atra-
vés do Grupo de Trabalho (GT) de PSA, composto por organiza-
ções como o IESB, CEPLAC, TNC, Floresta Viva, ASPAC, CARE,
APC, Fazenda Juliana, TNC e o Instituto Cabruca. Além disso, lá
está situada a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), que
pode oferecer apoio técnico e científico.

4.1.2  Áreas   do entorno  da  Estação
     Ecológica Wenceslau Guimarães
A Estação Ecológica Wenceslau Guimarães possui uma área total
de 2.418 hectares e está localizada ao noroeste do CCMA. A reser-
va integra o ecossistema de Mata Atlântica e foi reconhecida pela
UNESCO como zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlân-
tica. Nela há enorme diversidade biológica, elevado número de es-
pécies endêmicas e a ocorrência de espécies ameaçadas de extin-
ção como o tamanduá-mirim e o bicho preguiça. Também podem
ser encontradas aves raras como o gavião-pombo (SEMA, 2009).

A estação ecológica fica inserida na sub-bacia Rio das Almas ou
Jequié, parte da Bacia Hidrográfica Recôncavo Sul, e destaca-se

                                 7
sua relevância para proteção dos mananciais hídricos da bacia do
Rio das Almas, que abastece a população local e atividades agro-
pecuárias na região (SEMA, 2009).

Como unidade de conservação pequena, a Estação Ecológica de-
pende de uma zona de amortecimento conservada e com conecti-
vidade para garantir a viabilidade ecológica a médio e longo prazos.
Hoje ainda existe uma forte pressão sobre os fragmentos florestais
do entorno, havendo extração ilegal para madeira e para lenha.
Portanto, o projeto deve incentivar um uso de solo que valorize a
floresta em pé e fortalecer a população local na busca de atividades
sustentáveis que garantam renda sem exercer pressão sobre os
recursos naturais da reserva e de seu entorno.

Nos próximos itens a descrição geral do projeto se dará para a Ba-
cia do Rio Santana com base nos dados já disponíveis para esta
área. Em um segundo momento a metodologia e os cálculos podem
ser ajustados para a região da Estação Ecológica Venceslau Gui-
marães. Para esse detalhamento do trabalho será necessário cole-
tar dados e estudar o histórico de uso da terra e o padrão atual de
uso da terra na região, rentabilidade das principais atividades eco-
nômicas e sua importância na renda das famílias, problemas ecoló-
gicos, tamanho médio das propriedades, etc.

4.2 Relevância                     da             Bacia             do   Rio
    Santana                       para             os               serviços
    ambientais

A bacia do Rio Santana fica localizada no Sul da Bahia dentro do
Corredor Central da Mata Atlântica. A Mata Atlântica é um dos
“hotspots de biodiversidade” e o Sul da Bahia se destaca nesse
contexto. Lá são registrados os mais elevados níveis de diversidade
e endemismo de plantas no bioma (Thomas et al. 2003; Amorim et
al 2008). Entretanto, o bioma corre alto risco de perdas irreversí-
veis. Dentro do CCMA, a região do Sul da Bahia, onde a Bacia do
Rio Santana situa-se, tem especial relevância para a biodiversida-
de, pois é uma das regiões mais florestadas do Estado.

Uma das grandes razões para isso é o uso da terra baseado princi-
palmente na produção de Cacau Cabruca. Esse método de produ-
ção tradicionalmente mantém o dossel com árvores (nativas e exó-
ticas), que são usadas para o sombreamento da plantação de ca-
cau que se dá no sub-bosque. Dado que diversas plantas e animais
têm o dossel como habitat, a manutenção de muitos desses siste-
mas é de extrema relevância para a conectividade entre fragmentos
florestais2. Além disso, a cobertura florestal protege os solos contra
a erosão e contra a conseqüente sedimentação das águas.




2 Há diferentes tipos de cabruca que impactam de formas diferentes para a conectividade.
   Ainda é preciso determinar quais formas de cabruca devem ser elegíveis no âmbito do
   proejto.

                                           8
4.3 Adicionalidade do projeto

Com a perda de competitividade do cacau por causa da diminuição
dos preços no mercado global a partir dos anos 80 e da drástica
diminuição da produção por causa da praga da vassoura da bruxa a
partir de 1989, existe uma clara tendência de transformar cacau
cabruca em outros usos (pasto, café ou plantio de eucalipto) menos
compatíveis com a conservação da biodiversidade e das funções
hidrológicas.

MARQUES (2008) mostra que os produtores da Bacia do Rio San-
tana pesquisados confirmaram ter convertido parte de suas flores-
tas nos últimos anos e que pretendem converter novas áreas nos
próximos anos. Caso não existam iniciativas contrárias, é de se
esperar que no cenário sem intervenção do projeto, “business as
usual”- BAU, a tendência atual de empobrecimento de fragmentos
florestais pela extração seletiva de madeira e de conversão de flo-
restas e áreas de cacau cabruca em outros usos continue.

A iniciativa de pagamento por serviços ambientais vem no sentido
de frear essa tendência e dessa maneira contribuir para a manu-
tenção do fornecimento de serviços ambientais.

Em um segundo momento, será preciso estimar a adicionalidade do
projeto com maior precisão. É necessário estabelecer a linha de
base do projeto baseada em um modelo que estime a evolução
esperada das taxas de desmatamento através da extrapolação de
dados históricos como parâmetro de referência a ser comparado
com a evolução efetiva. Dessa forma pode-se calcular os ganhos
obtidos com o projeto.

4.4 Atividades elegíveis

Esse projeto piloto reconhece três principais serviços ambientais
que são propiciados pela proteção de florestas e por usos sustentá-
veis do solo: 1. conservação da biodiversidade, 2. proteção dos
ciclos hidrológicos e 3. armazenamento de carbono.

4.4.1      Conservação da biodiversidade
A conservação da biodiversidade está diretamente relacionada com
a preservação de florestas e vegetações nativas, assim como com
usos sustentáveis da terra. Nesse contexto, serão reconhecidas as
seguintes práticas como provedoras do serviço ambiental de prote-
ção da biodiversidade:
   1. Proteção de florestas primárias
   2. Proteção de florestas secundárias em estágios médio e a-
      vançado de regeneração.
   3. Adoção de atividades produtivas sustentáveis para a manu-
      tenção da biodiversidade, ou seja, adoção de usos da terra
      que contribuam para a proteção da biodiversidade e para a
      conectividade entre fragmentos florestais. Serão considera-
      das primeiramente:


                                9
a. o cultivo de cacau cabruca sob dossel de espécies
                             predominantemente nativas3, e;
                          b. sistemas agroflorestais.
            Em função da estimativa de contribuição de cada uso para a prote-
            ção da biodiversidade e para a conectividade, foi dado um peso a
            cada uso da terra descrito acima. A soma das áreas usadas con-
            forme acima, ponderadas pelos seus respectivos pesos consistirão
            na área natural equivalente para a biodiversidade. O peso dado a
            cada atividade é descrito no anexo 2.


            4.4.2  Proteção dos recursos hídricos e
                 do solo
            Seguindo o manual operativo do Programa Produtor de Água da
            ANA, serão reconhecidos como provedores do serviço ambiental
            proteção dos recursos hídricos aqueles produtores em bacias hi-
            drográficas que adotarem atividades que reduzam a erosão dos
            solos, contribuindo dessa maneira ao abatimento da sedimentação
            dos corpos d’água (ANA, 2009). Neste contexto, serão elegíveis em
            um primeiro momento práticas e manejos conservacionistas de pro-
            teção de vegetação nativa (a partir do estágio médio de sucessão)
            em áreas de APP4.

Adequação   Primeiramente não será exigido que as propriedades estejam ade-
ambiental   quadas ambientalmente para que possam participar do projeto. No
            entanto, os proprietários deverão assinar um termo de compromis-
            so de que adequará sua propriedade em um prazo de até 2 anos
            após a entrada no projeto. A adequação trará ao proprietário um
            bônus de pagamento (com base no índice de adequação ambien-
            tal). Caso a adequação não ocorra em 2 anos o proprietário não
            poderá receber mais o pagamento por serviços ambientais até que
            sua propriedade se adéqüe.

            4.5 Provedores                                  dos                   serviços
                ambientais

            O público alvo foco do projeto serão produtores rurais vivendo nas
            áreas do projeto que protejam remanescentes de Mata Atlântica ou
            usem a terra em suas propriedades de forma a contribuir para a
            proteção da biodiversidade e para a conectividade.


            3 É necessário aqui um estudo mais detalhado sobre quais formas de cabruca devem ser
               elegíveis. Hádiferentes sistemas de cabruca com diferentes números de espécies nativas
               por hectare, assim como há cabrucas com plantas frutíferas exóticas, que sao relevantes
               para a segurança alimentar local. É preciso equacionar uma cabruca produtiva, mas que
               forneça uma condição mínima de conectividade Sem uma luminosidade de 70% o cacau
               não produz. Portanto, sugere-se primeiramente densidade de no máximo 40 – 60 árvo-
               res/hectare, variando em função da arquitetura da copa das árvores, tamanho e disposi-
               ção da folhas assim como da topografia (em locais mais acidentados deve haver menos
               árvores, devido a maior projeção da sombra). Sugere-se primeiramente uma densidade
               de 700 – 800 plantas de cacau.
            4 Sugere-se aqui considerar ,num primeiro instante, as APPs ao redor de nascentes e às
            margens de rios, dado que estas são fáceis de localizar em campo e em mapas. APPs nas
            encostas íngremes e nos topos de morro poderiam ser determinadas posteriormente com
            apoio de um Modelo Digital do Terreno.

                                                       10
Critérios de seleção das famílias

Para a seleção de famílias a participar do projeto será feita uma
chamada para o cadastramento das propriedades, coletando dados
de uso da terra e dados socioeconômicos buscando beneficiar tanto
famílias rurais mais carentes, assim como famílias que protejam em
maior medida a biodiversidade.

Para isso, a seleção das famílias a serem beneficiadas no primeiro
momento se dará seguindo os seguintes critérios:
   1. elegibilidade ou não ao Pronaf (B, A/C e Pronaf Floresta).
   2. mais alta relação entre area natural e área total da proprie-
      dade
Uma vez selecionadas, as famílias deverão assinar um contrato
assumindo o compromisso de que o desenvolvimento do uso da
terra em suas propriedades deve ocorrer conforme estipulado em
contrato.

4.6    Monitoramento e certificação                            dos
      serviços ambientais

Nas propriedades selecionadas deve ser feito um diagnóstico am-
biental no início do projeto, que irá identificar as áreas elegíveis
para o fornecimento dos serviços ambientais e também servirá de
base para o monitoramento posterior das propriedades. O diagnós-
tico pode ser realizado por técnicos das autoridades ambientais do
Estado em convênio com uma ONG local.

De forma a minimizar os custos de monitoramento e a potencializar
os objetivos almejados no longo prazo através do controle social, é
proposto que seja adotado um sistema de monitoramento através
da certificação participativa. Nela os participantes do projeto devem,
além do compromisso individual, assumir um compromisso coletivo.
Neste, cada participante aceita que o benefício individual só existi-
rá, caso todos participantes de uma área cumpra suas metas indivi-
duais. Caso contrário, todos produtores serão prejudicados. As me-
tas coletivas devem ser adotadas em grupos de quinze a vinte pro-
priedades situadas em um raio de cinco Kilômetros.

O monitoramento ocorre em uma amostra de propriedades. Caso
todas propriedades estejam de acordo com seus compromissos
individuais e, conseqüentemente, o compromisso coletivo seja atin-
gido, todas propriedades recebem a certificação. Caso a algumas
propriedades da amostra não estejam de acordo, nenhuma proprie-
dade recebe a certificação. Dessa maneira estimula-se o controle
entre os vizinhos, dado que se o vizinho não atingir a meta, o pro-
prietário também será prejudicado.

Além da certificação participativa em campo haverá a cada dois
anos o monitoramento da evolução da cobertura florestal através de
imagens de satélite em escala 1:25000.



                                 11
4.7 Proposta    de    valoração                                                  dos
    serviços ambientais

Abaixo são propostas formas de cálculo para determinar a grande-
za dos pagamentos por serviços ambientais para a proteção da
biodiversidade e para a proteção dos recursos hídricos.


4.7.1          Proteção da Biodiversidade
O nível de pagamento anual para o serviço de proteção da biodi-
versidade é dado pela seguinte fórmula:


            PSABiodiv = C.O. Biodiv x ANEB x ISE x IAA

Em que:
C.O. Biodiv é o custo de oportunidade para o serviço ambiental pro-
teção da biodiversidade
ANEB é a área natural equivalente com relevância para a proteção
da biodiversidade
ISE é o Índice Socioeconômico
IAA é o Índice de adequação ambiental

Cada um dos parâmetros é descrito brevemente abaixo. Para maior
detalhamento, favor consultar o anexo 2.

O custo de oportunidade total é dado pela rentabilidade bruta em
R$/ha das duas principais atividades produtivas na bacia em ques-
tão que concorrem em área com florestas nativas: cacauicultura5 e
a pecuária de corte extensiva. Cada uma das duas culturas respon-
de por percentuais similares no uso da terra na região, por isso foi
adotado como custo de oportunidade médio da região a média sim-
ples. Considerando-se que são reconhecidos três serviços ambien-
tais, o custo de oportunidade da proteção da biodiversidade é
dado pelo custo de oportunidade total dividido por três.

A área natural equivalente (ANEB) de uma propriedade, ou seja, a
área calculatória com eficácia para a preservação da biodiversida-
de, é dada pela somatória das áreas sob cada um dos usos da terra
multiplicada pelos seus respectivos pesos de “naturalidade”. Estes
pesos dependem da relevância de cada uso da terra para a manu-
tenção da biodiversidade.

O índice socioeconômico se dá em função das características
socioeconômicas das famílias rurais. Serão usados como base os
critérios do Pronaf.

O índice de adequação ambiental é dado em função da adequa-
ção da propriedade à legislação ambiental.

5 Considera-se o custo de oportunidade da cacauicultura, pois a nova conversão de áreas de
florestas em cacauicultura não é desejada.

                                           12
4.7.2      Proteção dos recursos hídricos
Consideram-se primeiramente como elegíveis para pagamento por
serviços ambientais de proteção dos recursos hídricos as práticas
de proteção da vegetação nativa (a partir do estágio médio de su-
cessão) e práticas de apoio à regeneração em áreas de APP.

Em um segundo momento poderão ser consideradas também prati-
cas de conservação do solo em áreas cultivadas como sugere o
Programa Produtores de Água da ANA. Isso demandará uma nova
forma de valoração não baseada no custo de oportunidade.

O nível de pagamento por propriedade por práticas de proteção de
vegetação nativa é baseado na seguinte fórmula:


           PSARH = C.O. RH x ANERH x ISE x IAA


Em que:
C.O. RH é o custo de oportunidade para o serviço ambiental prote-
ção dos recursos hídricos
ANE RH é a área natural equivalente relevante para a proteção dos
recursos hídricos
ISE é o índice socioeconômico
IAA é o índice de adequação ambiental

Cada um dos parâmetros é descrito brevemente abaixo. Para maior
detalhamento, favor consultar o anexo 2.

Considerando-se que são reconhecidos três serviços ambientais, o
custo de oportunidade da proteção dos recursos hídricos é
dado pelo custo de oportunidade total (conforme descrito no item
acima) dividido por três.

A Área Natural Equivalente relevante para a proteção dos recur-
sos hídricos (ANERH) é dada pela somatória das áreas em APPs
onde são adotadas práticas ou manejos conservacionistas ponde-
radas por sua relevância no abatimento de erosão de cada prática
(PAE).

O PAE, por sua vez, é calculado através da fórmula

                         PAE = 1- Φ1/ Φ0,

Φ1/ Φ0 é o coeficiente de potencial erosivo das coberturas do solo,
onde Φ é o fator de risco de erosão nos momentos t1 (depois de
adotada a prática ou manejo conservacionistas) e t0 (antes da ado-
ção da prática ou manejo) (ANA 2009).

São propostos no âmbito dessa proposta os seguintes coeficientes
de erosão conforme tabela abaixo.



                                13
Tabela 3: Coeficientes erosivos das coberturas do solo
Coberturas de uso do solo                           Φ1/ Φ0
Mata primária ou secundária em estágios médio
                                                   0,01
e avançado de regeneração
Mata secundária inicial protegida                  0,15
Mata em estágio inicial de regeneração               0,25
Fonte: Adaptado de Silva et al (2008)


Índice Socioeconômico se dá em função das características so-
cioeconômicas das famílias rurais. Serão usados como base os
critérios do Pronaf.

O índice de adequação ambiental é dado em função da adequa-
ção da propriedade à legislação ambiental.


4.8 Estimativa  preliminar   de   custos
    com   o  pagamento   por    serviços
    ambientais    para     o    exemplo
    proteção da Biodiversidade

A estimativa de custos com os pagamentos por serviços ambientais
para o serviço proteção da biodiversidade será feita com base em
propriedades médias de 20 hectares, com índice socioeconômico e
índice de adequação ambiental iguais a 1.

4.8.1  Valores médios                        de   pagamento     ao
     ano por família
Segundo (MARQUES, 2008), a composição média de usos da terra
da Bacia do Rio Santana é dada por 13% de florestas primárias,
21% de florestas secundárias, 35% de agricultura perene (predomi-
nantemente o cacau) e 31% entre pastagens, cultivos cíclicos e
outros. Isso corresponde em uma propriedade média de 20 hecta-
res a 2,7 ha de florestas primárias, 4,1 ha de florestas secundárias,
6,9 ha de agricultura perene e 6,3 ha de pastagem.

Essa composição de usos da terra produz uma área relevante para
a biodiversidade de 7,9. Ao custo de oportunidade de um serviço a
93 reais, considerando-se os índices socioeconômico e índice de
adequação ambiental iguais a 1, a propriedade média receberia
cerca de 740,00 reais por ano ou 61 reais por mês somente pela
conservação da biodiversidade.

Em um projeto de cinco anos isso corresponderia a custos de apro-
ximadamente R$ 3.700 por propriedade. Ou seja, com R$ 3.700 em
5 anos em uma propriedade de 20 hectares seriam mantidos 6,8
hectares entre florestas primárias e secundárias e 6,9 hectares em
formas de usos da terra mais condizentes com a proteção da biodi-
versidade que contribuem para a conectividade entre fragmentos
florestais.



                                        14
4.9 Volume   potencial de    serviços
    ambientais   assegurados     pelo
    projeto

A média de áreas relevantes para a biodiversidade protegidas por
cada projeto piloto pode ser estimada baseada no número de pro-
dutores participantes no projeto, na área média estimada das pro-
priedades desses produtores e no percentual médio de florestas
nativas e secundárias em estágios médio e avançado de sucessão
preservadas em cada projeto. Em um primeiro momento, cada pro-
jeto piloto visa trabalhar com 100 pequenos e médios produtores
rurais com propriedades de em média 20 hectares6, totalizando
2000 hectares.

Neste caso, a projeção é de que o projeto assegure que 681 hecta-
res entre florestas nativas primárias e secundárias sejam protegidos
e 690 hectares sejam manejados de forma mais condizente com a
biodiversidade e que ofereçam níveis de conectividade entre os
fragmentos florestais ao custo total em pagamentos de R$ 370.000
reais em 5 anos.

Com esse valor, ao custo médio de restauração de florestas de a-
proximadamente 10.000 reais por hectare, poderiam ser restaura-
dos apenas 37 hectares de florestas, que ainda demorariam deze-
nas de anos para ter a mesma relevância para a conservação da
biodiversidade que florestas primárias e secundárias avançadas
bem conectadas.

4.10   Impactos sociais e de redução
   da pobreza

O projeto visa beneficiar principalmente pequenos agricultores ru-
rais, pois são estes que dependem fortemente da produção em á-
reas marginais (APPs, beira de rio, encostas) relevantes para pro-
teção do solo e dos recursos hídricos e da biodiversidade para sua
subsistência e renda familiar. Muitas vezes o uso da terra não é
condizente com a proteção dos serviços ambientais, entretanto,
esses pequenos agricultores nem sempre têm outras alternativas
de renda ou estas são mais custosas ou menos rentáveis, provendo
renda insuficiente para os produtores. Esses produtores serão o
foco principal dos projetos. Haverá também a possibilidade de co-
munidades tradicionais ou grupos, tais como assentados, de leva-
rem propostas coletivas para participar do programa.

No entanto, reconhece-se também que grandes produtores também
podem ter papel relevante no fornecimento dos serviços ambientais
por oferecerem maiores áreas para a conservação e os conseqüen-
tes ganhos relacionados devido a maior conectividade entre as
manchas florestais possível. Propriedades maiores poderão partici-

6   A mediana das áreas das propriedades na regiao cacaueira é menor que
     20 hectares. O foco principal do trabalho se dará, com esses 50% dos
     produtores que têm menos de 20 hectares. Por razoes de simplificacao
     os cálculos serao feitos para uma propriedade de 20 hectares.

                                    15
par do programa, mas o pagamento por área elegível será menor
em comparação com o dos pequenos produtores. A renda por hec-
tare será ajustada pelo índice socioeconômico.

O projeto visa ter um componente de apoio às associações de pro-
dutores para gastos com investimentos em infra-estrutura para de-
senvolver as cadeias de valor sustentáveis da biodiversidade, tais
como a promoção de cadeias de sementes e mudas, e promover
possibilidade de agregação de valor aos produtos rurais de forma a
complementar a renda dos produtores.

4.11   Potenciais    compradores                               e
   fontes de financiamento

Foram identificados preliminarmente potenciais financiadores e
compradores para o projeto:

   1. Recursos orçamentários das SEMA e do INGÁ em uma fase
      inicial
   2. Fundo de combate à pobreza do Estado da Bahia (SEPLAN)
   3. Empresa Baiana de Saneamento Ambiental – Embasa
   4. Empresas atuantes na bacia que pretendem realizar proje-
      tos de responsabilidade socioambiental (ex. Petrobras, Tri-
      Fil, Mars )




                               16
5 PRÓXIMOS PASSOS

O objetivo desta proposta de projeto piloto é prover um documento
simples e conciso que possa ser apresentado para instituições com
potencial de implementar e financiar um PSA piloto na Bahia. Ela é
uma base para a discussão a ser aprofundada e discutida com ato-
res envolvidos de produtores rurais bem como com atores gover-
namentais e seus cálculos devem ser refinados de forma que possa
se tornar uma estratégia de projeto de projeto piloto a ser imple-
mentada.

Previamente à implementação do projeto piloto os seguintes passos
são necessários:

       Refinar a proposta e adaptar a metodologia envolvendo a
       população local e as instituições interessadas na
       implementação do projeto;
       Contatar os possíveis interessados em financiar o sistema
       de pagamento por serviços ambientais;
       Buscar parcerias técnicas e financeiras para implementação
       do projeto;
       Elaborar estudo mais aprofundado sobre adicionalidade do
       projeto;
       Determinar quais tipos de cabruca e de SAFs serão
       elegíveis segundo suas contribuiçoes à proteção da
       biodiversidade e proteção dos recursos hídricos;
       Acessar interesse por parte dos Municipios envolvidos na
       construção do projeto de PSA;
       Calcular o valor dos pagamentos para o serviço de
       conservação dos recursos hídricos.




                               17
6     REFERÊN1CIAS

AMORIM, A.M.; THOMAS, W.W.; CARVALHO, A.M.V.; JARDIM,
J.G. (2008). Floristic of the Una Biological Reserve, Bahia, Brazil. In
The Atlantic Coastal Forests of Northeastern Brazil (W.W. Thomas,
ed.). Mem. New York Bot. Gard. 100:67-146.
ANA. (2009). Programa Produtor de Água: Manual Operativo.
Agência Nacional das Águas, Brasília .
BNDES. (2010). Pronaf - Critérios de elegibilidade. Site:
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/A
poio_Financeiro/Linhas_Programas_e_Fundos/pronaf.html
(consultado em 08.02.2010) .
CEPEA. (2008). Novos Caminhos na Análise de Rentabilidade da
Pecuária. CEPEA, Esalq - USP .
FAEB. (2009). www.faeb.org.br. site consultado em 30.11.2009 .
MARQUES, A. C. (2008). Bacia Hodrográfica do Rio Santana:
Influência das atividades antrópicas na dinâmica hidrológica.
Dissertaçãode mestrado, Programa Regional de Pós-graduação em
Desenvolvimento e Meio Ambiente, UESC .
MDA. (2008). Manual de Crédito Rural. Brasília .
MEA. (2005). Millenium Ecossystem Assessment. Ecosystems and
Human Well-being: Synthesis. Island Press, Washington DC.
SEMA. (2009). www.meioambiente.ba.gov.br. site consultado em
30.11.2009 .
ZUGAIB, A. C.; SANTOS, A. M.; NASCIMENTO, V. A. (2008). O
nível ótimo de produção, lucratividade e a relação custo benefício
na cultura do cacau. CEPLAC, UESC .
SILVA, T. et al (2008). Projeto Produtores de Água: Uma nova es-
tratégia de gestão dos recursos hídricos através do mecanismo de
pagamentos por serviços ambientais. OLAM - Ciência & Tecnologi-
a, Rio Claro, SP, Brasil – eISSN: 1982-7784
THOMAS, W.W., CARVALHO, A.M.V., AMORIM, A.M.,
GARRISON, J. & ARBELÁEZ, A.L. (1998). Plant endemism in two
forests in southern Bahia, Brazil. Biodivers. Conserv. 7(3):311-322.




                                  18
7                  ANEXOS

Anexo 1: Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Santana




 Fonte: Marques 2008




 A bacia hidrográfica do Rio Santana fica localizada em uma área prioritária para a conservação segundo o MMA.




                                                                 19
Fonte: Projeto Corredores Ecológicos




                                2
Anexo 2: Cálculo dos Parâmetros

Abaixo são descritos os pesos e critérios usados para calcular os valores e parâme-
tros das fórmulas para o cálculo dos níveis de pagamento por serviços ambientais.

Custo de Oportunidade total

O custo de oportunidade (C.O.) total por hectare é dado pela média entre os custos
de oportunidade das duas principais atividades produtivas que causam pressão por
conversão das áreas de remanescentes de florestas na bacia em questão, a ca-
cauicultura e a pecuária de corte extensiva. As duas culturas respondem por per-
centuais similares no uso da terra na região, por esta razão considera-se que o cus-
to de oportunidade é a média simples entre elas e corresponde a R$ 280,00/ha/ano.

Custos de                 R$/ha/ano                   Fonte de dados
oportunidade (C.O.)
Cacau                       420,00*        (Zugaib, Santos, & Nascimento, 2008)
Pecuária                     140,00                    (CEPEA, 2008)
C.O. para os três            280,00
servicos ambientais
* média das rendas brutas por hectare das diferentes tecnologias aplicadas para o ano
2008.

Custo de oportunidade de cada serviço ambiental

Considerando-se que são reconhecidos três serviços ambientais, o custo de opor-
tunidade para cada serviço ambiental será dado pelo custo de oportunidade total
dividido por três.

ANE = Área natural equivalente

A área natural equivalente de uma propriedade é dado pela somatória das áreas
sob cada um dos usos da terra multiplicadas pelos seus respectivos pesos de natu-
ralidade. O peso para cada atividade é dado em função da sua importância para
biodiversidade ou para a proteção dos recursos hídricos.

Atividades                                                          Pesos
Proteção de florestas nativas primárias                                1
Proteção de florestas secundárias (estágios médio e avan-
                                                                       0,6
çado de regeneração)
Atividades produtivas sustentáveis para a biodiversidade               0,4
Pecuária e outros                                                      0




                                            3
ISE = Índice Socioeconômico

Índice Socioeconômico se dá em função das características socioeconômicas das
famílias rurais. Serão usados como base os critérios do Pronaf. O índice socioeco-
nômico terá a seguinte graduação:

                                                                  Índice Socio-
Famílias
                                                                   econômico
Elegíveis ao
                                                                       1,0
Pronaf B*
Elegíveis ao
                                                                       0,8
Pronaf A/C**
Não elegíveis ao Pronaf                                                0,5

* são categorizados no Pronaf Grupo B aqueles agricultores familiares com parcelas de
terra menores que 4 módulos fiscais e com renda bruta anual que não exceda 5 mil reais
(MDA, 2008).
** são categorizados como beneficiários do Pronaf Grupo A agricultores familiares assenta-
dos pelo Programa Nacional de Reforma Agrária ou beneficiários do Programa Nacional de
Crédito Fundiário, que não tenham mais de um módulo fiscal e cuja renda bruta anual não
ultrapasse 14 mil reais. Como Grupo C são categorizados aqueles agricultores familiares
cuja propriedade seja menor que 4 módulos fiscais, 70% de sua renda advenha de explora-
ção agropecuária e não agropecuária do estabelecimento, tenham trabalho familiar como
predominante no estabelecimento e sua renda bruta familiar seja acima de 5 mil reais e
menor que 110 mil reais. Também são beneficiários pescadores artesanais, extrativistas,
silvicultores, aqüicultores, comunidades quilombolas, povos indígenas e agricultores familia-
res (MDA, 2008). Para informações detalhadas, consultar o Manual de Crédito Rural do
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA, 2008).

IAA = Índice de adequação ambiental

O índice de adequação ambiental é dado em função da adequação da propriedade
à legislação ambiental, considerando se a reserva legal e as áreas de proteção
permanente (APPs) foram demarcadas e averbadas ou estão em processo de a-
verbação. O índice é dado conforme tabela abaixo.

                                                                    Índice de
Reserva legal                                                      Adequação
                                                                   Ambiental
Averbada em cartório                                                   1,0
Processo protocolado no IMA/BA                                         0,8
Demarcação iniciada                                                    0,5
Termo de compromisso assinado                                          0,3




                                              4

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

27 apresentacao-cristovao-vicente-scapulatempo-fernandes
27 apresentacao-cristovao-vicente-scapulatempo-fernandes27 apresentacao-cristovao-vicente-scapulatempo-fernandes
27 apresentacao-cristovao-vicente-scapulatempo-fernandesAnne Bezerra
 
Revista Águas do Rio Taquaraçu
Revista Águas do Rio TaquaraçuRevista Águas do Rio Taquaraçu
Revista Águas do Rio TaquaraçuCBH Rio das Velhas
 
LAB.RIO - Desafio Ágora Rio - Caderno de Resultados
LAB.RIO - Desafio Ágora Rio - Caderno de ResultadosLAB.RIO - Desafio Ágora Rio - Caderno de Resultados
LAB.RIO - Desafio Ágora Rio - Caderno de ResultadosColaborativismo
 
Apresentacaoumberto
ApresentacaoumbertoApresentacaoumberto
ApresentacaoumbertoPET Ecologia
 
AGB Peixe Vivo contratos demanda espontanea
AGB Peixe Vivo contratos demanda espontaneaAGB Peixe Vivo contratos demanda espontanea
AGB Peixe Vivo contratos demanda espontaneaCBH Rio das Velhas
 
açoes prioritarias - seplan 30.03
açoes prioritarias - seplan 30.03açoes prioritarias - seplan 30.03
açoes prioritarias - seplan 30.03Romeu Temporal
 
Encontro dos produtores rurais - UTE Poderoso Vermelho
Encontro dos produtores rurais - UTE Poderoso VermelhoEncontro dos produtores rurais - UTE Poderoso Vermelho
Encontro dos produtores rurais - UTE Poderoso VermelhoCBH Rio das Velhas
 
PROJETO VIVEIRO DE MUDAS - VEREDAS DO CERRADO - MANANCIAL DE VIDA
PROJETO VIVEIRO DE MUDAS - VEREDAS DO CERRADO - MANANCIAL DE VIDA PROJETO VIVEIRO DE MUDAS - VEREDAS DO CERRADO - MANANCIAL DE VIDA
PROJETO VIVEIRO DE MUDAS - VEREDAS DO CERRADO - MANANCIAL DE VIDA PauloSergioGomes7
 
PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS...
PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS...PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS...
PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS...Sócrates Azevedo Cardoso
 

La actualidad más candente (20)

27 apresentacao-cristovao-vicente-scapulatempo-fernandes
27 apresentacao-cristovao-vicente-scapulatempo-fernandes27 apresentacao-cristovao-vicente-scapulatempo-fernandes
27 apresentacao-cristovao-vicente-scapulatempo-fernandes
 
Revista Águas do Rio Taquaraçu
Revista Águas do Rio TaquaraçuRevista Águas do Rio Taquaraçu
Revista Águas do Rio Taquaraçu
 
Uberaba em Dados - 2/7 - Infraestrutura
Uberaba em Dados - 2/7 - InfraestruturaUberaba em Dados - 2/7 - Infraestrutura
Uberaba em Dados - 2/7 - Infraestrutura
 
Corredor ecológico serra do lopo
Corredor ecológico serra do lopoCorredor ecológico serra do lopo
Corredor ecológico serra do lopo
 
LAB.RIO - Desafio Ágora Rio - Caderno de Resultados
LAB.RIO - Desafio Ágora Rio - Caderno de ResultadosLAB.RIO - Desafio Ágora Rio - Caderno de Resultados
LAB.RIO - Desafio Ágora Rio - Caderno de Resultados
 
Apresentacaoumberto
ApresentacaoumbertoApresentacaoumberto
Apresentacaoumberto
 
Ccma florestas tropicais
Ccma florestas tropicaisCcma florestas tropicais
Ccma florestas tropicais
 
AGB Peixe Vivo contratos demanda espontanea
AGB Peixe Vivo contratos demanda espontaneaAGB Peixe Vivo contratos demanda espontanea
AGB Peixe Vivo contratos demanda espontanea
 
Car cbh velhas
Car cbh velhasCar cbh velhas
Car cbh velhas
 
Anexo b
Anexo bAnexo b
Anexo b
 
açoes prioritarias - seplan 30.03
açoes prioritarias - seplan 30.03açoes prioritarias - seplan 30.03
açoes prioritarias - seplan 30.03
 
Informativo insp 43
Informativo insp   43Informativo insp   43
Informativo insp 43
 
Subcomite ribeirão onça
Subcomite ribeirão onça Subcomite ribeirão onça
Subcomite ribeirão onça
 
Encontro dos produtores rurais - UTE Poderoso Vermelho
Encontro dos produtores rurais - UTE Poderoso VermelhoEncontro dos produtores rurais - UTE Poderoso Vermelho
Encontro dos produtores rurais - UTE Poderoso Vermelho
 
Informativo insp 53
Informativo insp   53Informativo insp   53
Informativo insp 53
 
PROJETO VIVEIRO DE MUDAS - VEREDAS DO CERRADO - MANANCIAL DE VIDA
PROJETO VIVEIRO DE MUDAS - VEREDAS DO CERRADO - MANANCIAL DE VIDA PROJETO VIVEIRO DE MUDAS - VEREDAS DO CERRADO - MANANCIAL DE VIDA
PROJETO VIVEIRO DE MUDAS - VEREDAS DO CERRADO - MANANCIAL DE VIDA
 
Edital chamamento final
Edital chamamento finalEdital chamamento final
Edital chamamento final
 
Informativo insp 65
Informativo insp   65Informativo insp   65
Informativo insp 65
 
PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS...
PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS...PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS...
PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS...
 
Informativo insp 18
Informativo insp   18Informativo insp   18
Informativo insp 18
 

Destacado (10)

Minist. do meio amb. 6
Minist. do meio amb. 6Minist. do meio amb. 6
Minist. do meio amb. 6
 
Minist. do meio amb. 8
Minist. do meio amb. 8Minist. do meio amb. 8
Minist. do meio amb. 8
 
Minist. do meio amb. 3
Minist. do meio amb. 3Minist. do meio amb. 3
Minist. do meio amb. 3
 
Minist. do meio amb. 7
Minist. do meio amb. 7Minist. do meio amb. 7
Minist. do meio amb. 7
 
Minist. do meio amb. 5
Minist. do meio amb. 5Minist. do meio amb. 5
Minist. do meio amb. 5
 
Minist. do meio amb. 9
Minist. do meio amb. 9Minist. do meio amb. 9
Minist. do meio amb. 9
 
Minist. do meio amb. 2
Minist. do meio amb. 2Minist. do meio amb. 2
Minist. do meio amb. 2
 
Minist. do meio amb. 4
Minist. do meio amb. 4Minist. do meio amb. 4
Minist. do meio amb. 4
 
Bsa vossenaar-revised
Bsa vossenaar-revisedBsa vossenaar-revised
Bsa vossenaar-revised
 
Porto sul-2012
Porto sul-2012Porto sul-2012
Porto sul-2012
 

Similar a Projeto piloto de PSA para conservação da biodiversidade em corredor ecológico na Mata Atlântica

Adequção ambiental
Adequção ambientalAdequção ambiental
Adequção ambientalBoris Marinho
 
Livro praticas restauracao_mata_ciliar-copiar
Livro praticas restauracao_mata_ciliar-copiarLivro praticas restauracao_mata_ciliar-copiar
Livro praticas restauracao_mata_ciliar-copiarmeliscamargo
 
Projeto prda repaq
Projeto prda   repaqProjeto prda   repaq
Projeto prda repaqws_mathues
 
Práticas conservacionistas na gestão de recursos hídricos - Rubens de Souza
Práticas conservacionistas na gestão de recursos hídricos - Rubens de SouzaPráticas conservacionistas na gestão de recursos hídricos - Rubens de Souza
Práticas conservacionistas na gestão de recursos hídricos - Rubens de SouzaNativa Socioambiental
 
Apresentação Aurélio Padovezi (TNC)
Apresentação Aurélio Padovezi (TNC)Apresentação Aurélio Padovezi (TNC)
Apresentação Aurélio Padovezi (TNC)PET Ecologia
 
Manual de gerenciamento de consumo de água
Manual de gerenciamento de consumo de águaManual de gerenciamento de consumo de água
Manual de gerenciamento de consumo de águacipasap
 
Arborização Urbana - Um Sinal Verde Para a Qualidade de Vida
Arborização Urbana - Um Sinal Verde Para a Qualidade de VidaArborização Urbana - Um Sinal Verde Para a Qualidade de Vida
Arborização Urbana - Um Sinal Verde Para a Qualidade de VidaBruno Pinheiro
 
4 projeto prda alternativas energéticas sustentáveis para amazônia 2
4 projeto  prda   alternativas energéticas sustentáveis para amazônia 24 projeto  prda   alternativas energéticas sustentáveis para amazônia 2
4 projeto prda alternativas energéticas sustentáveis para amazônia 2ws_mathues
 
Projeto prda energia
Projeto prda   energiaProjeto prda   energia
Projeto prda energiaws_mathues
 
Apresentação Programa Serviços Ambientais
Apresentação Programa Serviços AmbientaisApresentação Programa Serviços Ambientais
Apresentação Programa Serviços AmbientaisReservadaBiosferadaM
 

Similar a Projeto piloto de PSA para conservação da biodiversidade em corredor ecológico na Mata Atlântica (20)

Adequção ambiental
Adequção ambientalAdequção ambiental
Adequção ambiental
 
Sapucai
SapucaiSapucai
Sapucai
 
Livro praticas restauracao_mata_ciliar-copiar
Livro praticas restauracao_mata_ciliar-copiarLivro praticas restauracao_mata_ciliar-copiar
Livro praticas restauracao_mata_ciliar-copiar
 
Livro praticas-restauracao-mata-ciliar
Livro praticas-restauracao-mata-ciliarLivro praticas-restauracao-mata-ciliar
Livro praticas-restauracao-mata-ciliar
 
Águas Suberráneas
Águas SuberráneasÁguas Suberráneas
Águas Suberráneas
 
Biodigestores030
Biodigestores030Biodigestores030
Biodigestores030
 
Projeto prda repaq
Projeto prda   repaqProjeto prda   repaq
Projeto prda repaq
 
Práticas conservacionistas na gestão de recursos hídricos - Rubens de Souza
Práticas conservacionistas na gestão de recursos hídricos - Rubens de SouzaPráticas conservacionistas na gestão de recursos hídricos - Rubens de Souza
Práticas conservacionistas na gestão de recursos hídricos - Rubens de Souza
 
PES COURSE - PORTO SEGURO (Ecosystem services in Mata Atlântica / ANTONIO TAF...
PES COURSE - PORTO SEGURO (Ecosystem services in Mata Atlântica / ANTONIO TAF...PES COURSE - PORTO SEGURO (Ecosystem services in Mata Atlântica / ANTONIO TAF...
PES COURSE - PORTO SEGURO (Ecosystem services in Mata Atlântica / ANTONIO TAF...
 
Programa Produtor de Água_Devanir Garcia dos Santos
Programa Produtor de Água_Devanir Garcia dos SantosPrograma Produtor de Água_Devanir Garcia dos Santos
Programa Produtor de Água_Devanir Garcia dos Santos
 
Apresentação Aurélio Padovezi (TNC)
Apresentação Aurélio Padovezi (TNC)Apresentação Aurélio Padovezi (TNC)
Apresentação Aurélio Padovezi (TNC)
 
Manual de gerenciamento de consumo de água
Manual de gerenciamento de consumo de águaManual de gerenciamento de consumo de água
Manual de gerenciamento de consumo de água
 
Link 1
Link 1Link 1
Link 1
 
Arborização Urbana - Um Sinal Verde Para a Qualidade de Vida
Arborização Urbana - Um Sinal Verde Para a Qualidade de VidaArborização Urbana - Um Sinal Verde Para a Qualidade de Vida
Arborização Urbana - Um Sinal Verde Para a Qualidade de Vida
 
4 projeto prda alternativas energéticas sustentáveis para amazônia 2
4 projeto  prda   alternativas energéticas sustentáveis para amazônia 24 projeto  prda   alternativas energéticas sustentáveis para amazônia 2
4 projeto prda alternativas energéticas sustentáveis para amazônia 2
 
Projeto prda energia
Projeto prda   energiaProjeto prda   energia
Projeto prda energia
 
Aguas subterraneas
Aguas subterraneasAguas subterraneas
Aguas subterraneas
 
Aquicultura
AquiculturaAquicultura
Aquicultura
 
Sustentabilidade
SustentabilidadeSustentabilidade
Sustentabilidade
 
Apresentação Programa Serviços Ambientais
Apresentação Programa Serviços AmbientaisApresentação Programa Serviços Ambientais
Apresentação Programa Serviços Ambientais
 

Más de EsperancaConduru

Programacao Encontro de Gestores de Unidade Conservação
Programacao Encontro de Gestores de Unidade ConservaçãoProgramacao Encontro de Gestores de Unidade Conservação
Programacao Encontro de Gestores de Unidade ConservaçãoEsperancaConduru
 
CCMA Mini corredores - 2008
CCMA Mini corredores - 2008CCMA Mini corredores - 2008
CCMA Mini corredores - 2008EsperancaConduru
 
Projeto demonstrativo plano pmma
Projeto demonstrativo plano pmmaProjeto demonstrativo plano pmma
Projeto demonstrativo plano pmmaEsperancaConduru
 
Relatorio oficina de atualizacao plan estrategico pce fev 2011 final
Relatorio oficina de atualizacao plan estrategico pce fev 2011 finalRelatorio oficina de atualizacao plan estrategico pce fev 2011 final
Relatorio oficina de atualizacao plan estrategico pce fev 2011 finalEsperancaConduru
 
Relatorio final histórico minicorredores
Relatorio final histórico minicorredoresRelatorio final histórico minicorredores
Relatorio final histórico minicorredoresEsperancaConduru
 
Area focal ccma_camamu_cabruca_conduru
Area focal ccma_camamu_cabruca_conduruArea focal ccma_camamu_cabruca_conduru
Area focal ccma_camamu_cabruca_conduruEsperancaConduru
 
Pesquisa Monitoramento Corredor
Pesquisa Monitoramento CorredorPesquisa Monitoramento Corredor
Pesquisa Monitoramento CorredorEsperancaConduru
 
Pesquisa população rural e mamíferos
Pesquisa população rural e mamíferosPesquisa população rural e mamíferos
Pesquisa população rural e mamíferosEsperancaConduru
 
Decreto de ampliação 2003
Decreto de ampliação  2003Decreto de ampliação  2003
Decreto de ampliação 2003EsperancaConduru
 

Más de EsperancaConduru (20)

Minist. do meio amb. 1
Minist. do meio amb. 1Minist. do meio amb. 1
Minist. do meio amb. 1
 
Programacao Encontro de Gestores de Unidade Conservação
Programacao Encontro de Gestores de Unidade ConservaçãoProgramacao Encontro de Gestores de Unidade Conservação
Programacao Encontro de Gestores de Unidade Conservação
 
CCMA UC´s -2008
CCMA UC´s -2008CCMA UC´s -2008
CCMA UC´s -2008
 
CCMA Mini corredores - 2008
CCMA Mini corredores - 2008CCMA Mini corredores - 2008
CCMA Mini corredores - 2008
 
CCMA BAHIA 2008
CCMA BAHIA 2008CCMA BAHIA 2008
CCMA BAHIA 2008
 
Ccma 2008
Ccma 2008Ccma 2008
Ccma 2008
 
Projeto demonstrativo plano pmma
Projeto demonstrativo plano pmmaProjeto demonstrativo plano pmma
Projeto demonstrativo plano pmma
 
Biodivbr 341 sintese
Biodivbr 341 sinteseBiodivbr 341 sintese
Biodivbr 341 sintese
 
Biodivbr 341 sintese
Biodivbr 341 sinteseBiodivbr 341 sintese
Biodivbr 341 sintese
 
Serie corredores 1
Serie corredores 1Serie corredores 1
Serie corredores 1
 
Relatorio oficina de atualizacao plan estrategico pce fev 2011 final
Relatorio oficina de atualizacao plan estrategico pce fev 2011 finalRelatorio oficina de atualizacao plan estrategico pce fev 2011 final
Relatorio oficina de atualizacao plan estrategico pce fev 2011 final
 
Relatorio final histórico minicorredores
Relatorio final histórico minicorredoresRelatorio final histórico minicorredores
Relatorio final histórico minicorredores
 
Livro marinho
Livro marinhoLivro marinho
Livro marinho
 
Ccma 2008
Ccma 2008Ccma 2008
Ccma 2008
 
Area focal ccma_camamu_cabruca_conduru
Area focal ccma_camamu_cabruca_conduruArea focal ccma_camamu_cabruca_conduru
Area focal ccma_camamu_cabruca_conduru
 
Pesquisa Monitoramento Corredor
Pesquisa Monitoramento CorredorPesquisa Monitoramento Corredor
Pesquisa Monitoramento Corredor
 
Pesquisa população rural e mamíferos
Pesquisa população rural e mamíferosPesquisa população rural e mamíferos
Pesquisa população rural e mamíferos
 
Decreto de criação PESC
Decreto de criação PESCDecreto de criação PESC
Decreto de criação PESC
 
Decreto de criação 1997
Decreto de criação  1997Decreto de criação  1997
Decreto de criação 1997
 
Decreto de ampliação 2003
Decreto de ampliação  2003Decreto de ampliação  2003
Decreto de ampliação 2003
 

Projeto piloto de PSA para conservação da biodiversidade em corredor ecológico na Mata Atlântica

  • 1. BRASIL PROJETO CORREDORES ECOLÓGICOS Esboço de Projeto Piloto de Pagamento por Serviços Ambientais para Produtores Rurais no Corredor Central da Mata Atlântica (Versão para discussão) por Susan Edda Seehusen i
  • 2. ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 5 3 METODOLOGIA .................................................................................................. 5 3.1 ENTREVISTAS COM PESSOAS CHAVE E ANÁLISE DE PROJETOS ......................................... 5 3.2 PESQUISA SOBRE LEGISLAÇÕES E PROGRAMAS DE PSA NO BRASIL ................................. 6 3.3 ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL PARA A SELEÇÃO DAS ÁREAS .......................................... 6 4 RESULTADOS ...................................................................................................... 7 4.1 ÁREAS PROPOSTAS PARA OS PSA PILOTOS ............................................................... 7 4.1.1 Bacia Hidrográfica Rio Santana – Sub-bacia do Rio Santa Maria .............. 7 4.1.2 Áreas do entorno da Estação Ecológica Wenceslau Guimarães ................ 7 4.2 RELEVÂNCIA DA BACIA DO RIO SANTANA PARA OS SERVIÇOS AMBIENTAIS ....................... 8 4.3 ADICIONALIDADE DO PROJETO ............................................................................... 9 4.4 ATIVIDADES ELEGÍVEIS .......................................................................................... 9 4.4.1 Conservação da biodiversidade ................................................................. 9 4.4.2 Proteção dos recursos hídricos e do solo ................................................. 10 4.5 PROVEDORES DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS ............................................................... 10 4.6 MONITORAMENTO E CERTIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS .................................. 11 4.7 PROPOSTA DE VALORAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS ............................................. 12 4.7.1 Proteção da Biodiversidade ..................................................................... 12 4.7.2 Proteção dos recursos hídricos................................................................. 13 4.8 ESTIMATIVA PRELIMINAR DE CUSTOS COM O PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS PARA O EXEMPLO PROTEÇÃO DA BIODIVERSIDADE ....................................................... 14 4.8.1 Valores médios de pagamento ao ano por família .................................. 14 4.9 VOLUME POTENCIAL DE SERVIÇOS AMBIENTAIS ASSEGURADOS PELO PROJETO ................ 15 4.10 IMPACTOS SOCIAIS E DE REDUÇÃO DA POBREZA ....................................................... 15 4.11 POTENCIAIS COMPRADORES E FONTES DE FINANCIAMENTO ........................................ 16 5 PRÓXIMOS PASSOS .......................................................................................... 17 6 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 18 7 ANEXOS ........................................................................................................... 19 ii
  • 3. LISTA DE TABELAS TABELA 1: LEIS E PROGRAMAS DE PSA NO BRASIL ....................................................................... 4 TABELA 2: PESSOAS ENTREVISTADAS......................................................................................... 6 TABELA 3: COEFICIENTES DE EROSÃO DAS COBERTURAS DO SOLO ................................................. 14 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: PRINCIPAIS INICIATIVAS DE PSAS GOVERNAMENTAIS NO BRASIL 3 iii
  • 4. ABREVIACõES ANA Agência Nacional das Águas APP Área de Preservação Permanente ARL / RL Área de Reserva Legal BA Estado da Bahia CCMA Corredor Central da Mata Atlântica CEPLAC Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira C.O. Custo de oportunidade CONERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos ES Estado do Espírito Santo ESALQ Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz GEF Global Environment Facility (Banco Mundial) IBio Instituto Bioatlântica IEF Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais IESB Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia IEMA Instituto Estadual de Meio Ambiente (ES) INGÁ Instituto de Gestão das Águas (antiga Secretaria de Recursos Hídricos – SRH) MDA Ministério de Desenvolvimento Agrário MMA Ministério do Meio Ambiente ONG Organização Não Governamental PAE Potencial de abatimento da erosao PCE Projeto Corredores Ecológicos PSA Pagamentos por Serviços Ambientais SAF Sistemas Agroflorestais SEMA Secretária Estadual de Meio Ambiente (BA) SIG Sistema de Informações Geográficas TdR Termos de Referência UCE Unidade de Coordenação Estadual UCG Unidade de Coordenação Geral iv
  • 5. 1 INTRODUÇÃO O Projeto Corredores Ecológicos - Componente Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA) visa criar e estabilizar uma rede interco- nectada de núcleos e elos de floresta de forma a garantir a sobrevi- vência da fauna e da flora no bioma Mata Atlântica e assim contri- buir para a conservação da biodiversidade na área definida pelo corredor. Isso depende de um lado da conservação de remanescentes flores- tais através da ampliação e fortalecimento de Unidades de Conser- vação e de outras formas de áreas protegidas (APPs, RLs, TIs, etc.). Por outro lado requer a criação e manutenção de uma rede de mini-corredores para a conectividade ecológica entre as Unidades de Conservação, nos quais a matriz de uso do solo seja mais ade- quada ao fluxo gênico. Nos mini-corredores é preciso atuar principalmente em áreas priva- das, em muitos casos de pequenos produtores rurais, onde são necessárias diversas atividades de reflorestamento, enriquecimento de áreas degradadas, uso sustentável do solo e proteção ambiental de forma a restabelecer ou manter a conectividade. Essas ativida- des garantem a proteção dos ecossistemas e da biodiversidade, que por sua vez garantem o provimento dos serviços ambientais para a sociedade. Segundo a Análise Ecossistêmica do Milênio, os serviços ambien- tais são os “benefícios que a humanidade obtém dos ecossistemas” (MEA, 2005). Ecossistemas como a Mata Atlântica provém benefí- cios como o armazenamento de carbono, a proteção da biodiversi- dade, a manutenção dos ciclos hídricos e a beleza cênica. A ado- ção de certos usos da terra influencia a capacidade da paisagem de prover estes serviços ambientais. A despeito da relevância dos serviços ambientais, há ainda hoje forte tendência à conversão e à degradação dos ecossistemas le- vando à suboferta dos serviços ambientais. Isso acontece porque a decisão de proteger ecossistemas ou adotar técnicas de uso da terra mais compatíveis com a conservação da biodiversidade e a manutenção das funções ecológicas da paisagem implicam aos produtores rurais altos custos de oportunidade relacionados à res- trição a possíveis usos da terra com maiores ganhos econômicos potenciais. A suboferta de serviços ambientais ocorre principalmente, porque não há mercados para estes serviços e sua importância e escassez não se refletem em preços, pois são em geral bens públicos, para os quais é difícil ou proibitivamente caro se estabelecerem direitos de propriedade. Portanto, nenhum ator da sociedade pode ser ex- cluído de seu uso. Em decorrência disso o mercado falha em prover estímulos econômicos ao provedor do serviço ambiental e falha em cobrar do usuário deste serviço. 1
  • 6. Para lidar com esta falha de mercado a política ambiental tem a princípio duas opções de resposta a) instrumentos de comando e controle e b) os instrumentos econômicos e/ou de mercado. A ex- periência recente mostra que os instrumentos atuais de controle (sozinhos) não conseguiram reduzir suficientemente a tendência de redução dos serviços ambientais na Mata Atlântica da Bahia (MPE 2009). Por isso, além de contribuir para a melhoria da fiscalização e controle, o Projeto Corredores Ecológicos busca promover instru- mentos econômicos de forma a alterar a rentabilidade relativa das atividades sustentáveis e assim estimular a adoção de atividades de uso da terra mais sustentáveis na área dos mini-corredores eco- lógicos. Um dos instrumentos econômicos que têm sido cada vez mais usa- dos atualmente no mundo é o pagamento por serviços ambientais (PSA). PSA é definido por Wunder como “uma transação voluntária onde um serviço ambiental bem definido (ou uma forma de uso da terra capaz de prover o serviço) está sendo “comprado” por no mí- nimo um comprador de no mínimo um vendedor se e somente se o vendedor garantir em prover o serviço (condicionalidade)” (Wunder, 2005). O PSA reconhece o valor econômico da proteção e do manejo sus- tentável dos ecossistemas e visa promover um incentivo econômico aos “provedores” de serviços ambientais para que estes assegurem a provisão do serviço, assim como visa cobrar do usuário do servi- ço seguindo os conceitos de protetor-recebedor e usuário-pagador. PSA no Brasil A tendência do uso de PSAs também tem se mostrado em forte ascensão no Brasil. Desde a primeira iniciativa de PSA, o Proambi- ente que foi aprovado em 2003, muitas novas iniciativas já foram lançadas e estão sendo implementadas no território brasileiro. Há iniciativas privadas, que são coordenadas e financiadas com recur- sos de empresas e/ou de ONGs, como há projetos oficiais de PSA, que contam com governos em seus diversos níveis (municipal, es- tadual e federal) atuando como os impulsionadores e coordenado- res assim como financiadores ou captadores de recursos para os projetos e programas. Podem ser citados como exemplos de PSAs governamentais no Brasil o projeto ProdutorES de Água no Espírito Santo, o Bolsa Flo- resta no Amazonas, o Proambiente em diversos pólos pilotos na Amazônia Legal, o Bolsa Verde em Minas Gerais, o Conservador das Águas em Extrema (MG), entre outros. A figura 1 oferece um panorama sobre as principais iniciativas governamentais de PSA no Brasil. 2
  • 7. FIGURA 1: PRINCIPAIS INICIATIVAS DE PSAS GOVERNAMENTAIS NO BRASIL A maioria dos projetos de PSA em implementação no Brasil rela- ciona-se ao serviço ambiental proteção dos recursos hídricos e está inserida no Programa Produtor de Água da Agência Nacional das Águas (ANA). O Brasil segue a tendência mundial, na qual existe maior número de PSAs para água. Nesses sistemas os beneficiá- rios do serviço ambiental podem ser identificados de forma mais direta e, ao se provar o benefício econômico ao beneficiário, esti- mular para que estes paguem para que o serviço ambiental seja prestado. Ademais, o Brasil conta com a Lei da Política Nacional dos Recur- sos Hídricos, Lei 9433/97, que é uma base relevante para a imple- mentação de PSAs de recursos hídricos. A lei provém o marco legal para a cobrança pelo uso da água, uma potencial fonte de recursos para o pagamento por serviços ambientais. A cobrança pelo uso da água foi implementada até o momento em poucos lugares no País, mas há tendência de ampliação do uso do mecanismo. PSAs governamentais exigem um marco legal para embasar os pagamentos. Por isso, foram aprovadas nos últimos anos diversas leis em estados e municípios que consideram o PSA. Exemplos são a Lei de Mudanças Climáticas do Estado do Amazonas (Lei 3135/2007) e a Lei de PSA do Estado do Espírito Santo (lei 8995/2009). No âmbito nacional está em tramitação um projeto de lei de pagamentos por serviços ambientais (PL 5487/2009). A tabe- la 1 mostra as diversas leis que consideram PSA nos âmbitos na- cional, estadual e municipal. 3
  • 8. Tabela 1: Leis e programas de PSA no Brasil Nível Lei / Programa Nacional Projeto de Lei para Programa Federal de PSA (PL 5487/2009) Programa Produtor de Água (ANA) Estadual AM Lei de Mudanças Climáticas (Lei 3135/2007) ES Lei de PSA (Lei 8995/2009) MG Lei Bolsa Verde (Lei 17.727/2008) SP Lei da Política Estadual de Mudanças Climáticas (Lei 1/2009) Municipal Extrema - MG Projeto Conservador das Águas (Lei 2100/2005) São Paulo - SP Lei de Mudança do Clima (Lei 14.933/2009) Apucarana - PR Lei do Projeto Oasis – PSA (Lei 058/2009) O momento político atual é bastante propício para a implementação de projetos de PSA. Os temas ambientais vêm ganhando grande espaço na mídia e cada vez mais interesse dos cidadãos1. Consi- derando este potencial, leis de PSA têm sido aprovadas com bas- tante rapidez em todo o País. Um exemplo é a lei de mudanças climáticas do Estado de São Paulo, que foi aprovada às pressas em novembro de 2009 para que já estivesse em vigor durante a Confe- rência do Clima em Copenhague em dezembro de 2009. O projeto corredores Ecológicos pretende implementar um projeto piloto de pagamento por serviços ambientais na porção baiana do Corredor Central da Mata Atlântica que remunere produtores rurais que protejam florestas nativas primárias e secundárias ou que ado- tem técnicas de uso da terra sustentáveis que assegurem o provi- mento dos serviços ambientais para toda a sociedade. A partir des- se projeto visa-se subsidiar a formulação de políticas públicas ao demonstrar a viabilidade do instrumento de PSA para: 1. Assegurar o fornecimento de serviços ambientais de pro- teção da biodiversidade e proteção dos serviços hidrológicos para a sociedade, e; 2. Induzir os agentes econômicos a adotar ou manter as ati- vidades de uso da terra mais sustentáveis através da remu- neração pelo provimento dos serviços ambientais. 1 Estatísticas mostram que os cidadãos têm demonstrado cada vez mais interesse pelos temas ambientais. Em dezembro de 2009, por exemplo, durante a última Conferência do Clima em Copenhague (COP 15), a palavra Copenhague passou a ser a mais procurada do site de busca Google. 4
  • 9. 2 OBJETIVO O objetivo deste esboço de projeto piloto é prover um documento simples e conciso que possa ser apresentado para instituições com potencial de implementar e financiar um PSA piloto na Bahia. O papel do documento é ser uma base para a discussão a ser apro- fundada para levar a uma proposta de projeto piloto a ser imple- mentada. 3 METODOLOGIA Para a elaboração desta proposta de projeto piloto foram estudados projetos de PSA em implementação no Brasil, foram conduzidas entrevistas com pessoas chave responsáveis por estes projetos e foi feita uma análise das legislações em PSA vigentes ou em pro- cesso de aprovação no Brasil. Foram estudadas questões quanto à área envolvida nos projetos pilotos, o número de participantes do projeto, o nível dos pagamen- tos, a fonte de recursos, a forma de valoração econômica dos ser- viços ambientais assim como o método de cálculo para os paga- mentos, o marco legal envolvido, as práticas a serem remuneradas e os respectivos serviços ambientais reconhecidos. 3.1 Entrevistas com pessoas chave e análise de projetos Visando conhecer as experiências brasileiras de sistemas de PSA, foram conduzidas entrevistas com responsáveis pela concepção e implementação destes sistemas no Brasil. Foram selecionados pro- jetos chave, principalmente (mas não exclusivamente) projetos fi- nanciados e implementados com fundos oficiais, dado que o objeti- vo a intenção do Projeto Corredores Ecológicos é que o projeto de PSA na Bahia se torne uma política pública. Desta maneira, foram entrevistados responsáveis pelos projetos brasileiros ProdutorES de Água, Florestas para a Vida, Bolsa Verde e Projeto Oasis. Também foi entrevistado um dos responsáveis pela implementação de um projeto de PSA na República Dominica- na. Na tabela abaixo são listadas as pessoas entrevistadas, sua instituição e o projeto pelo qual são responsáveis. 5
  • 10. Tabela 2: Pessoas entrevistadas Nome Instituição Projeto de PSA Rafael Zenni Fundação O Boticário Projeto Oasis – SP Thiago Belote IBio cedido ao IEMA (ES) Projeto ProdutorES de Água-ES Marco Sossai IEMA - ES Florestas para a Vida (GEF) –ES Eduardo Grossi IEF-MG Bolsa Verde – MG Ricardo Galeno IEF-MG Bolsa Verde – MG Matthias Müller GFA - PROGEREN Progeren (República Dominicana) PSA República Dominicana Paulo Villa Nova IESB Após as entrevistas foram estudados e analisados os documentos dos projetos citados, assim como estudados outros projetos de PSA inseridos no Progama Produtores de Água da ANA. 3.2 Pesquisa sobre legislações e programas de PSA no Brasil Para conhecer e entender os marcos legais dos projetos de PSA governamentais no País foi conduzida uma pesquisa sobre legisla- ções de PSA através entrevistas com pessoas chave e busca na internet. Em seguida, as legislações (conforme tabela 1) foram es- tudadas e analisadas. Ademais, foi estudado o Programa Produto- res de Água da ANA. 3.3 Articulação institucional para a seleção das áreas Em reuniões com o INGÁ, a SEMA e o IESB discutiu-se possíveis áreas para o projeto piloto. 6
  • 11. 4 RESULTADOS 4.1 Áreas Propostas para os PSA Pilotos Para os primeiros projetos piloto de PSA são propostas duas áreas no CCMA, a primeira na Bacia do Rio Santana e a segunda nas áreas do entorno da Estação Ecológica Wenceslau Guimarães. A pré-seleção das áreas seguiu critérios ecológicos, sociais e estraté- gicos. 4.1.1 Bacia Hidrográfica Rio Santana – Sub-bacia do Rio Santa Maria A bacia hidrográfica do Rio Santana fica localizada no Sul da Bahia, área predominantemente agrícola, sendo as principais atividades produtivas rurais da região a produção de cacau, principalmente no sistema de cacau-cabruca, a pecuária de corte e a agricultura de subsistência de mandioca (MARQUES, 2008). Sob a ótica ecológica, a bacia do Rio Santana é extremamente re- levante. Ela fornece água para cerca de 100 mil pessoas dos muni- cípios de Buerarema e Ilhéus (MARQUES, 2008). Além disso, ela está situada entre dois Mini-Corredores ecológicos de Conduru-Boa Esperança e Una-Lontras e também é categorizada como área prio- ritária para a conservação pela classificação do MMA (veja localiza- ção da bacia no anexo 1). A bacia tem, portanto, grande relevância para a proteção da biodiversidade. Sob a ótica estratégica, a região da bacia oferece grande potencial de apoio institucional na elaboração e na implementação de um sistema de PSA. O Diálogo do Cacau, um fórum de discussão do qual fazem parte diversas instituições privadas e não governamen- tais do sul da Bahia, já vêm trabalhando a temática na região atra- vés do Grupo de Trabalho (GT) de PSA, composto por organiza- ções como o IESB, CEPLAC, TNC, Floresta Viva, ASPAC, CARE, APC, Fazenda Juliana, TNC e o Instituto Cabruca. Além disso, lá está situada a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), que pode oferecer apoio técnico e científico. 4.1.2 Áreas do entorno da Estação Ecológica Wenceslau Guimarães A Estação Ecológica Wenceslau Guimarães possui uma área total de 2.418 hectares e está localizada ao noroeste do CCMA. A reser- va integra o ecossistema de Mata Atlântica e foi reconhecida pela UNESCO como zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlân- tica. Nela há enorme diversidade biológica, elevado número de es- pécies endêmicas e a ocorrência de espécies ameaçadas de extin- ção como o tamanduá-mirim e o bicho preguiça. Também podem ser encontradas aves raras como o gavião-pombo (SEMA, 2009). A estação ecológica fica inserida na sub-bacia Rio das Almas ou Jequié, parte da Bacia Hidrográfica Recôncavo Sul, e destaca-se 7
  • 12. sua relevância para proteção dos mananciais hídricos da bacia do Rio das Almas, que abastece a população local e atividades agro- pecuárias na região (SEMA, 2009). Como unidade de conservação pequena, a Estação Ecológica de- pende de uma zona de amortecimento conservada e com conecti- vidade para garantir a viabilidade ecológica a médio e longo prazos. Hoje ainda existe uma forte pressão sobre os fragmentos florestais do entorno, havendo extração ilegal para madeira e para lenha. Portanto, o projeto deve incentivar um uso de solo que valorize a floresta em pé e fortalecer a população local na busca de atividades sustentáveis que garantam renda sem exercer pressão sobre os recursos naturais da reserva e de seu entorno. Nos próximos itens a descrição geral do projeto se dará para a Ba- cia do Rio Santana com base nos dados já disponíveis para esta área. Em um segundo momento a metodologia e os cálculos podem ser ajustados para a região da Estação Ecológica Venceslau Gui- marães. Para esse detalhamento do trabalho será necessário cole- tar dados e estudar o histórico de uso da terra e o padrão atual de uso da terra na região, rentabilidade das principais atividades eco- nômicas e sua importância na renda das famílias, problemas ecoló- gicos, tamanho médio das propriedades, etc. 4.2 Relevância da Bacia do Rio Santana para os serviços ambientais A bacia do Rio Santana fica localizada no Sul da Bahia dentro do Corredor Central da Mata Atlântica. A Mata Atlântica é um dos “hotspots de biodiversidade” e o Sul da Bahia se destaca nesse contexto. Lá são registrados os mais elevados níveis de diversidade e endemismo de plantas no bioma (Thomas et al. 2003; Amorim et al 2008). Entretanto, o bioma corre alto risco de perdas irreversí- veis. Dentro do CCMA, a região do Sul da Bahia, onde a Bacia do Rio Santana situa-se, tem especial relevância para a biodiversida- de, pois é uma das regiões mais florestadas do Estado. Uma das grandes razões para isso é o uso da terra baseado princi- palmente na produção de Cacau Cabruca. Esse método de produ- ção tradicionalmente mantém o dossel com árvores (nativas e exó- ticas), que são usadas para o sombreamento da plantação de ca- cau que se dá no sub-bosque. Dado que diversas plantas e animais têm o dossel como habitat, a manutenção de muitos desses siste- mas é de extrema relevância para a conectividade entre fragmentos florestais2. Além disso, a cobertura florestal protege os solos contra a erosão e contra a conseqüente sedimentação das águas. 2 Há diferentes tipos de cabruca que impactam de formas diferentes para a conectividade. Ainda é preciso determinar quais formas de cabruca devem ser elegíveis no âmbito do proejto. 8
  • 13. 4.3 Adicionalidade do projeto Com a perda de competitividade do cacau por causa da diminuição dos preços no mercado global a partir dos anos 80 e da drástica diminuição da produção por causa da praga da vassoura da bruxa a partir de 1989, existe uma clara tendência de transformar cacau cabruca em outros usos (pasto, café ou plantio de eucalipto) menos compatíveis com a conservação da biodiversidade e das funções hidrológicas. MARQUES (2008) mostra que os produtores da Bacia do Rio San- tana pesquisados confirmaram ter convertido parte de suas flores- tas nos últimos anos e que pretendem converter novas áreas nos próximos anos. Caso não existam iniciativas contrárias, é de se esperar que no cenário sem intervenção do projeto, “business as usual”- BAU, a tendência atual de empobrecimento de fragmentos florestais pela extração seletiva de madeira e de conversão de flo- restas e áreas de cacau cabruca em outros usos continue. A iniciativa de pagamento por serviços ambientais vem no sentido de frear essa tendência e dessa maneira contribuir para a manu- tenção do fornecimento de serviços ambientais. Em um segundo momento, será preciso estimar a adicionalidade do projeto com maior precisão. É necessário estabelecer a linha de base do projeto baseada em um modelo que estime a evolução esperada das taxas de desmatamento através da extrapolação de dados históricos como parâmetro de referência a ser comparado com a evolução efetiva. Dessa forma pode-se calcular os ganhos obtidos com o projeto. 4.4 Atividades elegíveis Esse projeto piloto reconhece três principais serviços ambientais que são propiciados pela proteção de florestas e por usos sustentá- veis do solo: 1. conservação da biodiversidade, 2. proteção dos ciclos hidrológicos e 3. armazenamento de carbono. 4.4.1 Conservação da biodiversidade A conservação da biodiversidade está diretamente relacionada com a preservação de florestas e vegetações nativas, assim como com usos sustentáveis da terra. Nesse contexto, serão reconhecidas as seguintes práticas como provedoras do serviço ambiental de prote- ção da biodiversidade: 1. Proteção de florestas primárias 2. Proteção de florestas secundárias em estágios médio e a- vançado de regeneração. 3. Adoção de atividades produtivas sustentáveis para a manu- tenção da biodiversidade, ou seja, adoção de usos da terra que contribuam para a proteção da biodiversidade e para a conectividade entre fragmentos florestais. Serão considera- das primeiramente: 9
  • 14. a. o cultivo de cacau cabruca sob dossel de espécies predominantemente nativas3, e; b. sistemas agroflorestais. Em função da estimativa de contribuição de cada uso para a prote- ção da biodiversidade e para a conectividade, foi dado um peso a cada uso da terra descrito acima. A soma das áreas usadas con- forme acima, ponderadas pelos seus respectivos pesos consistirão na área natural equivalente para a biodiversidade. O peso dado a cada atividade é descrito no anexo 2. 4.4.2 Proteção dos recursos hídricos e do solo Seguindo o manual operativo do Programa Produtor de Água da ANA, serão reconhecidos como provedores do serviço ambiental proteção dos recursos hídricos aqueles produtores em bacias hi- drográficas que adotarem atividades que reduzam a erosão dos solos, contribuindo dessa maneira ao abatimento da sedimentação dos corpos d’água (ANA, 2009). Neste contexto, serão elegíveis em um primeiro momento práticas e manejos conservacionistas de pro- teção de vegetação nativa (a partir do estágio médio de sucessão) em áreas de APP4. Adequação Primeiramente não será exigido que as propriedades estejam ade- ambiental quadas ambientalmente para que possam participar do projeto. No entanto, os proprietários deverão assinar um termo de compromis- so de que adequará sua propriedade em um prazo de até 2 anos após a entrada no projeto. A adequação trará ao proprietário um bônus de pagamento (com base no índice de adequação ambien- tal). Caso a adequação não ocorra em 2 anos o proprietário não poderá receber mais o pagamento por serviços ambientais até que sua propriedade se adéqüe. 4.5 Provedores dos serviços ambientais O público alvo foco do projeto serão produtores rurais vivendo nas áreas do projeto que protejam remanescentes de Mata Atlântica ou usem a terra em suas propriedades de forma a contribuir para a proteção da biodiversidade e para a conectividade. 3 É necessário aqui um estudo mais detalhado sobre quais formas de cabruca devem ser elegíveis. Hádiferentes sistemas de cabruca com diferentes números de espécies nativas por hectare, assim como há cabrucas com plantas frutíferas exóticas, que sao relevantes para a segurança alimentar local. É preciso equacionar uma cabruca produtiva, mas que forneça uma condição mínima de conectividade Sem uma luminosidade de 70% o cacau não produz. Portanto, sugere-se primeiramente densidade de no máximo 40 – 60 árvo- res/hectare, variando em função da arquitetura da copa das árvores, tamanho e disposi- ção da folhas assim como da topografia (em locais mais acidentados deve haver menos árvores, devido a maior projeção da sombra). Sugere-se primeiramente uma densidade de 700 – 800 plantas de cacau. 4 Sugere-se aqui considerar ,num primeiro instante, as APPs ao redor de nascentes e às margens de rios, dado que estas são fáceis de localizar em campo e em mapas. APPs nas encostas íngremes e nos topos de morro poderiam ser determinadas posteriormente com apoio de um Modelo Digital do Terreno. 10
  • 15. Critérios de seleção das famílias Para a seleção de famílias a participar do projeto será feita uma chamada para o cadastramento das propriedades, coletando dados de uso da terra e dados socioeconômicos buscando beneficiar tanto famílias rurais mais carentes, assim como famílias que protejam em maior medida a biodiversidade. Para isso, a seleção das famílias a serem beneficiadas no primeiro momento se dará seguindo os seguintes critérios: 1. elegibilidade ou não ao Pronaf (B, A/C e Pronaf Floresta). 2. mais alta relação entre area natural e área total da proprie- dade Uma vez selecionadas, as famílias deverão assinar um contrato assumindo o compromisso de que o desenvolvimento do uso da terra em suas propriedades deve ocorrer conforme estipulado em contrato. 4.6 Monitoramento e certificação dos serviços ambientais Nas propriedades selecionadas deve ser feito um diagnóstico am- biental no início do projeto, que irá identificar as áreas elegíveis para o fornecimento dos serviços ambientais e também servirá de base para o monitoramento posterior das propriedades. O diagnós- tico pode ser realizado por técnicos das autoridades ambientais do Estado em convênio com uma ONG local. De forma a minimizar os custos de monitoramento e a potencializar os objetivos almejados no longo prazo através do controle social, é proposto que seja adotado um sistema de monitoramento através da certificação participativa. Nela os participantes do projeto devem, além do compromisso individual, assumir um compromisso coletivo. Neste, cada participante aceita que o benefício individual só existi- rá, caso todos participantes de uma área cumpra suas metas indivi- duais. Caso contrário, todos produtores serão prejudicados. As me- tas coletivas devem ser adotadas em grupos de quinze a vinte pro- priedades situadas em um raio de cinco Kilômetros. O monitoramento ocorre em uma amostra de propriedades. Caso todas propriedades estejam de acordo com seus compromissos individuais e, conseqüentemente, o compromisso coletivo seja atin- gido, todas propriedades recebem a certificação. Caso a algumas propriedades da amostra não estejam de acordo, nenhuma proprie- dade recebe a certificação. Dessa maneira estimula-se o controle entre os vizinhos, dado que se o vizinho não atingir a meta, o pro- prietário também será prejudicado. Além da certificação participativa em campo haverá a cada dois anos o monitoramento da evolução da cobertura florestal através de imagens de satélite em escala 1:25000. 11
  • 16. 4.7 Proposta de valoração dos serviços ambientais Abaixo são propostas formas de cálculo para determinar a grande- za dos pagamentos por serviços ambientais para a proteção da biodiversidade e para a proteção dos recursos hídricos. 4.7.1 Proteção da Biodiversidade O nível de pagamento anual para o serviço de proteção da biodi- versidade é dado pela seguinte fórmula: PSABiodiv = C.O. Biodiv x ANEB x ISE x IAA Em que: C.O. Biodiv é o custo de oportunidade para o serviço ambiental pro- teção da biodiversidade ANEB é a área natural equivalente com relevância para a proteção da biodiversidade ISE é o Índice Socioeconômico IAA é o Índice de adequação ambiental Cada um dos parâmetros é descrito brevemente abaixo. Para maior detalhamento, favor consultar o anexo 2. O custo de oportunidade total é dado pela rentabilidade bruta em R$/ha das duas principais atividades produtivas na bacia em ques- tão que concorrem em área com florestas nativas: cacauicultura5 e a pecuária de corte extensiva. Cada uma das duas culturas respon- de por percentuais similares no uso da terra na região, por isso foi adotado como custo de oportunidade médio da região a média sim- ples. Considerando-se que são reconhecidos três serviços ambien- tais, o custo de oportunidade da proteção da biodiversidade é dado pelo custo de oportunidade total dividido por três. A área natural equivalente (ANEB) de uma propriedade, ou seja, a área calculatória com eficácia para a preservação da biodiversida- de, é dada pela somatória das áreas sob cada um dos usos da terra multiplicada pelos seus respectivos pesos de “naturalidade”. Estes pesos dependem da relevância de cada uso da terra para a manu- tenção da biodiversidade. O índice socioeconômico se dá em função das características socioeconômicas das famílias rurais. Serão usados como base os critérios do Pronaf. O índice de adequação ambiental é dado em função da adequa- ção da propriedade à legislação ambiental. 5 Considera-se o custo de oportunidade da cacauicultura, pois a nova conversão de áreas de florestas em cacauicultura não é desejada. 12
  • 17. 4.7.2 Proteção dos recursos hídricos Consideram-se primeiramente como elegíveis para pagamento por serviços ambientais de proteção dos recursos hídricos as práticas de proteção da vegetação nativa (a partir do estágio médio de su- cessão) e práticas de apoio à regeneração em áreas de APP. Em um segundo momento poderão ser consideradas também prati- cas de conservação do solo em áreas cultivadas como sugere o Programa Produtores de Água da ANA. Isso demandará uma nova forma de valoração não baseada no custo de oportunidade. O nível de pagamento por propriedade por práticas de proteção de vegetação nativa é baseado na seguinte fórmula: PSARH = C.O. RH x ANERH x ISE x IAA Em que: C.O. RH é o custo de oportunidade para o serviço ambiental prote- ção dos recursos hídricos ANE RH é a área natural equivalente relevante para a proteção dos recursos hídricos ISE é o índice socioeconômico IAA é o índice de adequação ambiental Cada um dos parâmetros é descrito brevemente abaixo. Para maior detalhamento, favor consultar o anexo 2. Considerando-se que são reconhecidos três serviços ambientais, o custo de oportunidade da proteção dos recursos hídricos é dado pelo custo de oportunidade total (conforme descrito no item acima) dividido por três. A Área Natural Equivalente relevante para a proteção dos recur- sos hídricos (ANERH) é dada pela somatória das áreas em APPs onde são adotadas práticas ou manejos conservacionistas ponde- radas por sua relevância no abatimento de erosão de cada prática (PAE). O PAE, por sua vez, é calculado através da fórmula PAE = 1- Φ1/ Φ0, Φ1/ Φ0 é o coeficiente de potencial erosivo das coberturas do solo, onde Φ é o fator de risco de erosão nos momentos t1 (depois de adotada a prática ou manejo conservacionistas) e t0 (antes da ado- ção da prática ou manejo) (ANA 2009). São propostos no âmbito dessa proposta os seguintes coeficientes de erosão conforme tabela abaixo. 13
  • 18. Tabela 3: Coeficientes erosivos das coberturas do solo Coberturas de uso do solo Φ1/ Φ0 Mata primária ou secundária em estágios médio 0,01 e avançado de regeneração Mata secundária inicial protegida 0,15 Mata em estágio inicial de regeneração 0,25 Fonte: Adaptado de Silva et al (2008) Índice Socioeconômico se dá em função das características so- cioeconômicas das famílias rurais. Serão usados como base os critérios do Pronaf. O índice de adequação ambiental é dado em função da adequa- ção da propriedade à legislação ambiental. 4.8 Estimativa preliminar de custos com o pagamento por serviços ambientais para o exemplo proteção da Biodiversidade A estimativa de custos com os pagamentos por serviços ambientais para o serviço proteção da biodiversidade será feita com base em propriedades médias de 20 hectares, com índice socioeconômico e índice de adequação ambiental iguais a 1. 4.8.1 Valores médios de pagamento ao ano por família Segundo (MARQUES, 2008), a composição média de usos da terra da Bacia do Rio Santana é dada por 13% de florestas primárias, 21% de florestas secundárias, 35% de agricultura perene (predomi- nantemente o cacau) e 31% entre pastagens, cultivos cíclicos e outros. Isso corresponde em uma propriedade média de 20 hecta- res a 2,7 ha de florestas primárias, 4,1 ha de florestas secundárias, 6,9 ha de agricultura perene e 6,3 ha de pastagem. Essa composição de usos da terra produz uma área relevante para a biodiversidade de 7,9. Ao custo de oportunidade de um serviço a 93 reais, considerando-se os índices socioeconômico e índice de adequação ambiental iguais a 1, a propriedade média receberia cerca de 740,00 reais por ano ou 61 reais por mês somente pela conservação da biodiversidade. Em um projeto de cinco anos isso corresponderia a custos de apro- ximadamente R$ 3.700 por propriedade. Ou seja, com R$ 3.700 em 5 anos em uma propriedade de 20 hectares seriam mantidos 6,8 hectares entre florestas primárias e secundárias e 6,9 hectares em formas de usos da terra mais condizentes com a proteção da biodi- versidade que contribuem para a conectividade entre fragmentos florestais. 14
  • 19. 4.9 Volume potencial de serviços ambientais assegurados pelo projeto A média de áreas relevantes para a biodiversidade protegidas por cada projeto piloto pode ser estimada baseada no número de pro- dutores participantes no projeto, na área média estimada das pro- priedades desses produtores e no percentual médio de florestas nativas e secundárias em estágios médio e avançado de sucessão preservadas em cada projeto. Em um primeiro momento, cada pro- jeto piloto visa trabalhar com 100 pequenos e médios produtores rurais com propriedades de em média 20 hectares6, totalizando 2000 hectares. Neste caso, a projeção é de que o projeto assegure que 681 hecta- res entre florestas nativas primárias e secundárias sejam protegidos e 690 hectares sejam manejados de forma mais condizente com a biodiversidade e que ofereçam níveis de conectividade entre os fragmentos florestais ao custo total em pagamentos de R$ 370.000 reais em 5 anos. Com esse valor, ao custo médio de restauração de florestas de a- proximadamente 10.000 reais por hectare, poderiam ser restaura- dos apenas 37 hectares de florestas, que ainda demorariam deze- nas de anos para ter a mesma relevância para a conservação da biodiversidade que florestas primárias e secundárias avançadas bem conectadas. 4.10 Impactos sociais e de redução da pobreza O projeto visa beneficiar principalmente pequenos agricultores ru- rais, pois são estes que dependem fortemente da produção em á- reas marginais (APPs, beira de rio, encostas) relevantes para pro- teção do solo e dos recursos hídricos e da biodiversidade para sua subsistência e renda familiar. Muitas vezes o uso da terra não é condizente com a proteção dos serviços ambientais, entretanto, esses pequenos agricultores nem sempre têm outras alternativas de renda ou estas são mais custosas ou menos rentáveis, provendo renda insuficiente para os produtores. Esses produtores serão o foco principal dos projetos. Haverá também a possibilidade de co- munidades tradicionais ou grupos, tais como assentados, de leva- rem propostas coletivas para participar do programa. No entanto, reconhece-se também que grandes produtores também podem ter papel relevante no fornecimento dos serviços ambientais por oferecerem maiores áreas para a conservação e os conseqüen- tes ganhos relacionados devido a maior conectividade entre as manchas florestais possível. Propriedades maiores poderão partici- 6 A mediana das áreas das propriedades na regiao cacaueira é menor que 20 hectares. O foco principal do trabalho se dará, com esses 50% dos produtores que têm menos de 20 hectares. Por razoes de simplificacao os cálculos serao feitos para uma propriedade de 20 hectares. 15
  • 20. par do programa, mas o pagamento por área elegível será menor em comparação com o dos pequenos produtores. A renda por hec- tare será ajustada pelo índice socioeconômico. O projeto visa ter um componente de apoio às associações de pro- dutores para gastos com investimentos em infra-estrutura para de- senvolver as cadeias de valor sustentáveis da biodiversidade, tais como a promoção de cadeias de sementes e mudas, e promover possibilidade de agregação de valor aos produtos rurais de forma a complementar a renda dos produtores. 4.11 Potenciais compradores e fontes de financiamento Foram identificados preliminarmente potenciais financiadores e compradores para o projeto: 1. Recursos orçamentários das SEMA e do INGÁ em uma fase inicial 2. Fundo de combate à pobreza do Estado da Bahia (SEPLAN) 3. Empresa Baiana de Saneamento Ambiental – Embasa 4. Empresas atuantes na bacia que pretendem realizar proje- tos de responsabilidade socioambiental (ex. Petrobras, Tri- Fil, Mars ) 16
  • 21. 5 PRÓXIMOS PASSOS O objetivo desta proposta de projeto piloto é prover um documento simples e conciso que possa ser apresentado para instituições com potencial de implementar e financiar um PSA piloto na Bahia. Ela é uma base para a discussão a ser aprofundada e discutida com ato- res envolvidos de produtores rurais bem como com atores gover- namentais e seus cálculos devem ser refinados de forma que possa se tornar uma estratégia de projeto de projeto piloto a ser imple- mentada. Previamente à implementação do projeto piloto os seguintes passos são necessários: Refinar a proposta e adaptar a metodologia envolvendo a população local e as instituições interessadas na implementação do projeto; Contatar os possíveis interessados em financiar o sistema de pagamento por serviços ambientais; Buscar parcerias técnicas e financeiras para implementação do projeto; Elaborar estudo mais aprofundado sobre adicionalidade do projeto; Determinar quais tipos de cabruca e de SAFs serão elegíveis segundo suas contribuiçoes à proteção da biodiversidade e proteção dos recursos hídricos; Acessar interesse por parte dos Municipios envolvidos na construção do projeto de PSA; Calcular o valor dos pagamentos para o serviço de conservação dos recursos hídricos. 17
  • 22. 6 REFERÊN1CIAS AMORIM, A.M.; THOMAS, W.W.; CARVALHO, A.M.V.; JARDIM, J.G. (2008). Floristic of the Una Biological Reserve, Bahia, Brazil. In The Atlantic Coastal Forests of Northeastern Brazil (W.W. Thomas, ed.). Mem. New York Bot. Gard. 100:67-146. ANA. (2009). Programa Produtor de Água: Manual Operativo. Agência Nacional das Águas, Brasília . BNDES. (2010). Pronaf - Critérios de elegibilidade. Site: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/A poio_Financeiro/Linhas_Programas_e_Fundos/pronaf.html (consultado em 08.02.2010) . CEPEA. (2008). Novos Caminhos na Análise de Rentabilidade da Pecuária. CEPEA, Esalq - USP . FAEB. (2009). www.faeb.org.br. site consultado em 30.11.2009 . MARQUES, A. C. (2008). Bacia Hodrográfica do Rio Santana: Influência das atividades antrópicas na dinâmica hidrológica. Dissertaçãode mestrado, Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, UESC . MDA. (2008). Manual de Crédito Rural. Brasília . MEA. (2005). Millenium Ecossystem Assessment. Ecosystems and Human Well-being: Synthesis. Island Press, Washington DC. SEMA. (2009). www.meioambiente.ba.gov.br. site consultado em 30.11.2009 . ZUGAIB, A. C.; SANTOS, A. M.; NASCIMENTO, V. A. (2008). O nível ótimo de produção, lucratividade e a relação custo benefício na cultura do cacau. CEPLAC, UESC . SILVA, T. et al (2008). Projeto Produtores de Água: Uma nova es- tratégia de gestão dos recursos hídricos através do mecanismo de pagamentos por serviços ambientais. OLAM - Ciência & Tecnologi- a, Rio Claro, SP, Brasil – eISSN: 1982-7784 THOMAS, W.W., CARVALHO, A.M.V., AMORIM, A.M., GARRISON, J. & ARBELÁEZ, A.L. (1998). Plant endemism in two forests in southern Bahia, Brazil. Biodivers. Conserv. 7(3):311-322. 18
  • 23. 7 ANEXOS Anexo 1: Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Santana Fonte: Marques 2008 A bacia hidrográfica do Rio Santana fica localizada em uma área prioritária para a conservação segundo o MMA. 19
  • 24. Fonte: Projeto Corredores Ecológicos 2
  • 25. Anexo 2: Cálculo dos Parâmetros Abaixo são descritos os pesos e critérios usados para calcular os valores e parâme- tros das fórmulas para o cálculo dos níveis de pagamento por serviços ambientais. Custo de Oportunidade total O custo de oportunidade (C.O.) total por hectare é dado pela média entre os custos de oportunidade das duas principais atividades produtivas que causam pressão por conversão das áreas de remanescentes de florestas na bacia em questão, a ca- cauicultura e a pecuária de corte extensiva. As duas culturas respondem por per- centuais similares no uso da terra na região, por esta razão considera-se que o cus- to de oportunidade é a média simples entre elas e corresponde a R$ 280,00/ha/ano. Custos de R$/ha/ano Fonte de dados oportunidade (C.O.) Cacau 420,00* (Zugaib, Santos, & Nascimento, 2008) Pecuária 140,00 (CEPEA, 2008) C.O. para os três 280,00 servicos ambientais * média das rendas brutas por hectare das diferentes tecnologias aplicadas para o ano 2008. Custo de oportunidade de cada serviço ambiental Considerando-se que são reconhecidos três serviços ambientais, o custo de opor- tunidade para cada serviço ambiental será dado pelo custo de oportunidade total dividido por três. ANE = Área natural equivalente A área natural equivalente de uma propriedade é dado pela somatória das áreas sob cada um dos usos da terra multiplicadas pelos seus respectivos pesos de natu- ralidade. O peso para cada atividade é dado em função da sua importância para biodiversidade ou para a proteção dos recursos hídricos. Atividades Pesos Proteção de florestas nativas primárias 1 Proteção de florestas secundárias (estágios médio e avan- 0,6 çado de regeneração) Atividades produtivas sustentáveis para a biodiversidade 0,4 Pecuária e outros 0 3
  • 26. ISE = Índice Socioeconômico Índice Socioeconômico se dá em função das características socioeconômicas das famílias rurais. Serão usados como base os critérios do Pronaf. O índice socioeco- nômico terá a seguinte graduação: Índice Socio- Famílias econômico Elegíveis ao 1,0 Pronaf B* Elegíveis ao 0,8 Pronaf A/C** Não elegíveis ao Pronaf 0,5 * são categorizados no Pronaf Grupo B aqueles agricultores familiares com parcelas de terra menores que 4 módulos fiscais e com renda bruta anual que não exceda 5 mil reais (MDA, 2008). ** são categorizados como beneficiários do Pronaf Grupo A agricultores familiares assenta- dos pelo Programa Nacional de Reforma Agrária ou beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário, que não tenham mais de um módulo fiscal e cuja renda bruta anual não ultrapasse 14 mil reais. Como Grupo C são categorizados aqueles agricultores familiares cuja propriedade seja menor que 4 módulos fiscais, 70% de sua renda advenha de explora- ção agropecuária e não agropecuária do estabelecimento, tenham trabalho familiar como predominante no estabelecimento e sua renda bruta familiar seja acima de 5 mil reais e menor que 110 mil reais. Também são beneficiários pescadores artesanais, extrativistas, silvicultores, aqüicultores, comunidades quilombolas, povos indígenas e agricultores familia- res (MDA, 2008). Para informações detalhadas, consultar o Manual de Crédito Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA, 2008). IAA = Índice de adequação ambiental O índice de adequação ambiental é dado em função da adequação da propriedade à legislação ambiental, considerando se a reserva legal e as áreas de proteção permanente (APPs) foram demarcadas e averbadas ou estão em processo de a- verbação. O índice é dado conforme tabela abaixo. Índice de Reserva legal Adequação Ambiental Averbada em cartório 1,0 Processo protocolado no IMA/BA 0,8 Demarcação iniciada 0,5 Termo de compromisso assinado 0,3 4