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1Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal
de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar
condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas
neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta
a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente.
Autoria: Sociedade Brasileira de Medicina de
Família e Comunidade
Academia Brasileira de Neurologia
Demência do Idoso: Diagnóstico na
Atenção Primária à Saúde
Elaboração Final: 8 de julho de 2009
Participantes: Ramos AM, Stein AT, Castro Filho ED, Chaves MLF,
Okamato I, Nitrini R
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
2 Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde
DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:
Foram consultadas as bases de dados MEDLINE, por meio do PubMed, a
base de dados da Cochrane de Revisões Sistemáticas e o Registro de Ensaios
Controlados da Colaboração Cochrane através da BVS. A estratégia de busca
foi baseada em perguntas estruturadas na forma de PICO (Paciente, Intervenção,
Controle, Outcome). A sintaxe de busca resultante foi (“Mass Screening AND
Dementia AND Primary Health Care”; “Etiology AND Dementia AND Primary
Health Care”; “Referral and Consultation AND Dementia”; “Risk Factor AND
Prevention and Control AND Dementia”), Field: All Fields.”Foram encontrados
1000 artigos. Em seguida, foram acrescentados os seguintes filtros: Limits:
Aged 65+ years, Randomized Controlled Trial, Meta-Analysis, Review, sendo
encontrados 183 artigos. Desses, pelo abstract, foram selecionados 75 artigos
que foram avaliados em relação a sua força de evidência pela classificação
do Oxford Centre for Evidence Based Medicine. Também foram consultadas
diretrizes sobre o assunto. Por fim, foram definidos os artigos que embasaram
as recomendações dessa diretriz.
GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA:
A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.
B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.
C: Relatos de casos (estudos não controlados).
D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos
fisiológicos ou modelos animais.
OBJETIVO:
Orientar os Médicos de Família e Comunidade no reconhecimento e diagnóstico
da demência do idoso.
CONFLITO DE INTERESSE:
Nenhum conflito de interesse declarado.
3Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
INTRODUÇÃO
A demência pode ser definida como o comprometimento
adquirido da memória associado a um prejuízo em pelo menos
uma das outras funções cognitivas da linguagem, gnosias,
praxias ou funções executivas, que interferem na capacidade
funcional, desempenho social ou profissional do indivíduo.
Vários estudos avaliaram a frequência de demências em
países dominantes. Ela varia de 3% aos 70 anos até 20% a
30% aos 85 anos, dobrando a cada cinco anos com o aumento
de idade. Apresenta grande variação, de acordo com os critérios
utilizados para o diagnóstico. No Brasil, a maioria dos dados
não é muito fidedigna, devido a dificuldades metodológicas nos
estudos que foram realizados com esse propósito. A prevalência
varia de 1,6%, na faixa de 65 a 69 anos, até 38,9%, acima de
84 anos, em população de zona urbana do interior de São
Paulo1
(B).
Existem vários tipos de demências: as primárias, que são
decorrentes de atrofia cortical, sendo o exemplo mais comum
a de Alzheimer; as vasculares, que são decorrentes de atrofia
subcortical e com a informação de ataques isquêmicos com
breve alteração da consciência e as secundárias que seriam
decorrentes de outras doenças, como hipotireoidismo, AIDS,
consumo excessivo de álcool, deficiência de vitamina B12
, sífilis,
entre outras.
É fundamental uma detalhada história clínica do paciente,
confirmada por algum parente, amigo ou cuidador. O
diagnóstico também está baseado em uma avaliação objetiva
do funcionamento cognitivo e das atividades de vida diárias. A
avaliação cognitiva pode ser feita por testes de rastreamento,
que, se houver necessidade, podem ser complementados por
outros testes mais extensos e detalhados. As atividades de vida
diárias básicas, ou instrumentais, podem ser avaliadas por
escalas ou questionários aplicados ao familiar, parente ou
cuidador.
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
4 Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde
ESTÁ INDICADO REALIZAR O
RASTREAMENTO PARA DÉFICIT COGNITIVO
ENTRE OS IDOSOS ATENDIDOS EM ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE?
Não foi encontrada evidência suficiente para
recomendar ou não o rastreamento rotineiro de
déficit cognitivo entre os idosos assinto-
máticos2,3
(D). Devido ao ônus que representa
um quadro demencial para o paciente e seus
familiares e na tentativa de melhorar o
prognóstico pelo diagnóstico precoce, é
fundamental manter um elevado índice de
suspeita para quadros demenciais, levando-se em
consideração qualquer declínio funcional e/ou
perda de memória. O paciente que apresenta
queixas de esquecimento deveria ser avaliado e
acompanhado para observar sua evolução.
Quando seus familiares ou cuidadores
relatarem declínio cognitivo ou algum
profissional da saúde suspeitar dele, essas
observações deveriam ser valorizadas, tendo
indicação a avaliação cognitiva e cuidadoso
seguimento. Pacientes com déficit cognitivo leve
deveriam ser reconhecidos e acompanhados, já
que possuem maior risco para o desenvolvimento
de demência. Não foram encontrados estudos
que tenham avaliado o custo efetividade do
rastreamento para demências em atenção
primária à saúde2-6
(D).
QUAL O MELHOR MÉTODO PARA SE
REALIZAR O RASTREAMENTO DE DÉFICIT
COGNITIVO OU DEMÊNCIAS EM ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE?
A grande maioria dos testes disponíveis é
útil. Nenhum deles é claramente superior ao
outro. Evidências de revisões sistemáticas têm
demonstrado que o Mini Exame do Estado
Mental (MEEM) é adequado para a detecção
de demência entre os indivíduos com suspeita
de déficit cognitivo. O MEEM tem sido
amplamente aplicado, sendo, portanto, o melhor
estudado. A sua acurácia depende da idade e do
nível educacional do paciente. A utilização de
um ponto de corte arbitrário pode conduzir a
falso-positivos entre os pacientes com baixos
níveis de escolaridade e resultados falso-negativos
entre aqueles com elevado nível educacional6-8
(D).
Os pontos de corte do MEEM para o Brasil, de
acordo com o nível de escolaridade, são: 13 para
analfabetos, 18 para até oito anos de instrução e
26 para os com mais de oito anos de escolaridade.
A sensibilidade para analfabetos foi de 82,4%,
para indivíduos de escolaridade elementar ou
média de 75,6% e para os de alta escolaridade
80% e especificidade de 97,5% para os
analfabetos, 96,6% para os de escolaridade
elementar ou média e de 95,6% para os de alta
escolaridade9
(B).
Entre indivíduos com suspeita clínica de
déficit cognitivo, o MEEM deveria ser usado
para o diagnóstico de demência. Avaliação da
cognição é útil tanto para o diagnóstico inicial
quanto para o diagnóstico diferencial de
demências10
(D).
Existe uma boa correlação (0,7) entre a escala
de avaliação das atividades da vida diária com testes
cognitivos como o Mini-Mental11
(B). Essa escala
tem como vantagens o fato de ser breve e de fácil
aplicação para clínicos no contexto de atenção
primáriaàsaúde,tantoparaorastreamentoquanto
para o registro dos efeitos do tratamento e da
progressão da doença de Alzheimer12
(B).
5Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
Para os indivíduos com suspeita de síndrome
demencial, a combinação de uma escala
funcional que avalia atividades da vida diária e
um teste cognitivo aumenta a acurácia para o
diagnóstico dessa doença em uma população
como a nossa, ou seja, heterogênea do ponto de
vista social e cultural. O Clinical Dementia
Rating (CDR) avalia a cognição e o compor-
tamento, além da influência das perdas
cognitivas na capacidade de realizar adequa-
damente as atividades da vida diária. Esse
instrumento pode evitar o viés da utilização do
desempenho populacional como referência, já
que compara cada indivíduo consigo mesmo e é
válido para classificar o grau de demência entre
os idosos13
(D).
A sequência de testes neuropsicológicos que
avaliam a cognição e o comportamento, como
o Wechsler Adult Intelligence Scale Revised (Wais-
R) e o Consortium to Establish a Registry for
Alzheimer´s Disease (CERAD), poderia ser
utilizada para o diagnóstico de demências,
principalmente para os pacientes entre os quais
permanecem dúvidas após a avaliação inicial e
que possuem risco elevado para declínio
cognitivo. No entanto, o valor adicional desses
testes para pacientes já submetidos a uma
compreensiva avaliação por meio de
instrumentos mais simples ainda não está bem
definido7,10
(D).
Para avaliação cognitiva tem sido utilizado
o MMSE, Severe Impairment Battery (SIB) e
principalmente a subescala cognitiva da escala
de avaliação da doença de Alzheimer (ADAS-
cog). Para avaliação global do médico sobre o
quadro clínico têm sido utilizadas a Clinician’s
Interview-based Impression of Change (CIBIC) e
a CIBIC-plus, que também utiliza informações
dos cuidadores para avaliar o desfecho global.
Para avaliação funcional ou das atividades da
vida diária têm sido utilizados instrumentos
como a escala de deterioração progressiva (PDS).
Para avaliação das alterações do comportamento
e dos sintomas psiquiátricos têm sido utilizadas
cada vez mais escalas como Neuropsychiatric
Inventory (NPI) e o Behavioral Pathology in
Alzheimer’s Disease Rating Scale (BEHAVE-
AD). Esses testes são muito utilizados em
estudos (pesquisas), especialmente para avaliar
a resposta ao tratamento medicamentoso. Não
são utilizados por médicos em atenção primária
à saúde, sendo na maioria das vezes aplicados
por outros profissionais, como psicólogos.
ESTÁ INDICADO REALIZAR A INVESTIGAÇÃO
DE DEMÊNCIAS COM EXAMES
COMPLEMENTARES EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À
SAÚDE?
Existem controvérsias em relação à
investigação complementar de demências.
Causas reversíveis de demência, como
hipotiroidismo e déficit de vitamina B12
, são
raras, representando menos de 1%. Não foi
encontrada evidência suficiente para a solicitação
rotineira de exames como sorologia para sífilis
ou testes genéticos, já que não se modificou o
valor preditivo do diagnóstico de demência com
esses procedimentos14
(B).
De acordo com o Consenso Canadense de
Demências (CCD), para todos pacientes que
apresentam clínica típica de doença de
Alzheimer, os seguintes exames laboratoriais
deveriam ser solicitados: hemograma completo,
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
6 Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde
hormônio tireoestimulante (TSH), eletrólitos
séricos, glicemia e cálcio sérico4
(D).
Segundo a Academia Americana de
Neurologia, os pacientes com demência deveriam
ser submetidos apenas a provas funcionais da
tireoide e vitamina B12
. Testes laboratoriais, como
função hepática, ácido fólico, HIV, sorologia para
sífilis, entre outros, só deveriam ser realizados de
acordo com a clínica.
Em países em desenvolvimento como o
Brasil, a presença de condições mórbidas
associadas é uma situação mais comum do que
em países desenvolvidos, justificando avaliação
laboratorial mais ampla de causas poten-
cialmente reversíveis de demência15
(D). A
avaliação compreende: hemograma completo,
concentrações séricas de ureia, creatinina, TSH,
enzimas hepáticas TGO, TGP, gama GT,
vitamina B12
e cálcio. Reações sorológicas para
sífilis e sorologia para HIV devem ser solicitadas
apenas para os pacientes com idade inferior a
60 anos. Não há informação sobre o custo-
efetividade da realização desses exames.
Segundo o CCD, em atenção primária à
saúde, exames de imagem, como a tomografia
computadorizada de crânio (TCC), deveriam ser
solicitados apenas em casos atípicos, ou seja,
que apresentem um ou mais dos seguintes
critérios: idade menor que 60 anos; declínio
cognitivo ou funcional de início rápido, em um
ou dois meses; período inferior a dois anos de
duração da demência; trauma cranioencefálico
importante e recente; sintomas neurológicos
inexplicados, como início recente de cefaleia
importante ou convulsões; história de câncer,
especialmente em sítios ou tipos que possam
desenvolver metástases no cérebro; uso de
anticoagulantes ou doença da coagulação;
história de incontinência urinária e distúrbio
da marcha que podem representar hidrocefalia
de pressão normal; qualquer novo sinal de
localização, como hemiparesia ou reflexo de
Babinski; sintomas cognitivos atípicos ou não
usuais, como afasia progressiva4
(D).
Na maioria dos casos de demência, a
ressonância magnética (RM) não oferece
benefícios adicionais, quando comparada à
TCC. De acordo com a Academia Americana
de Radiologia, a RM deveria ser preferida em
relação à TCC, caso uma delas deva ser
escolhida16
(D). A Academia Americana de
Neurologia recomenda que todos os pacientes
tenham uma RM ou uma TCC não contrastada
como avaliação inicial. O Departamento
Científico de Neurologia Cognitiva e do
Envelhecimento da Academia Brasileira de
Neurologia recomenda a TCC, ou de
preferência a RM, quando disponível, para
todos os pacientes com provável doença de
Alzheimer com a finalidade de afastar outras
causas17
(D). Para afastar causas potencialmente
reversíveis, como hematomas, hidrocefalia e
neoplasias, a TCC tem desempenho
semelhante à RM, com mais acessibilidade e
menor custo.
Considerando o contexto social e econô-
mico de nosso país, da maioria dos pacientes
atendidos em atenção primária à saúde e da
própria disponibilidade de recursos, nossa
posição é a de seguir a recomendação do CCD.
Além disso, em somente 5% dos casos pode
haver lesões não sugeridas previamente pela
clínica, sendo questionável a cura ou a
resolução de várias delas.
Segundo a Academia Brasileira de
Neurologia e a Academia Americana de
7Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
Neurologia, a punção lombar deveria ser
considerada apenas para pacientes com
demência de início antes dos 65 anos,
apresentação ou curso clínico atípico, hidrocefalia
comunicante, e ainda qualquer evidência ou
suspeita de doença inflamatória ou infecciosa do
sistema nervoso central15
(D). Punção lombar,
eletroencefalograma e testes genéticos como a
dosagem da apolipoproteína E não estão
recomendados como rotina na investigação de
demências3,4,15
(D).
No entanto, na solicitação desses exames
sempre devem ser levados em consideração as
limitações, os recursos disponíveis e os custos
do meio em que nos encontramos.
QUANDO SE DEVE ENCAMINHAR UM
PACIENTE COM DEMÊNCIA PARA NÍVEIS
SECUNDÁRIOS OU TERCIÁRIOS DE ATENÇÃO
À SAÚDE?
A maioria dos pacientes com demência
pode ser avaliada, tratada e medicada
adequadamente por médicos em atenção
primária à saúde4,7,18
(D).
O encaminhamento para um outro nível de
atenção em saúde deve ser considerado nas
seguintes condições: quando houver dúvidas
sobre o diagnóstico após avaliação e seguimento,
exigência pela família ou paciente de outra
opinião, presença de depressão importante, sem
resposta ao tratamento, falha no tratamento
específico para doença de Alzheimer, diante de
quadros atípicos ou sugestivos de etiologias
menos comuns e quando se considerar o
aconselhamento genético para a realização de
estudos científicos4,7,10
(D).
GENÉTICA
A doença de Alzheimer é uma doença
heterogênea, apresentando forma familiar
(transtorno autossômico dominante) e
esporádica. A esporádica está associada à
apolipoproteína E (apoE). O alelo epsilon 4
aumenta o risco de doença de Alzheimer em
três vezes nos heterozigotos e em 15 vezes nos
homozigotos19
(A). No entanto, assim como a
idade, ela ainda é um fator de risco imutável.
ÁLCOOL
Quando consumido exageradamente é um
fator bem estabelecido de risco para
demências. No entanto, a literatura tem
divulgado alguns estudos sugerindo que o
consumo moderado de vinho20
(A), ou de
outras bebidas alcoólicas21
(A), parece estar
associado com a redução de risco para doença
de Alzheimer, embora essa associação ainda
seja inconclusiva.
ÁCIDO FÓLICO E VITAMINA B12
Níveis diminuídos de vitamina B12
ou ácido
fólico estão associados com aumento de
homocisteína plasmática. Em estudos
observacionais22
(B), a hiperhomocisteinemia
tem sido descrita como um fator de risco
independente para acidente vascular cerebral,
podendo também ser um fator de risco para
doença de Alzheimer. No entanto, não foram
encontradas evidências suficientes em ensaios
clínicos randomizados para o uso de folato e
vitamina B12
com o objetivo de diminuir a
homocisteína, reduzindo o risco de declínio
cognitivo23
(D).
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
8 Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde
ANTIOXIDANTES
Como o estresse oxidativo é um possível
fator patogênico da doença de Alzheimer, tem
sido sugerido que vitaminas antioxidantes,
como C e E, poderiam ter algum efeito
benéfico na redução do dano causado pela
beta-amiloide. No entanto, os resultados
ainda são controversos aguardando uma
definição24
(D).
DEPRESSÃO E FATORES PSICOSSOCIAIS
As doenças depressivas podem causar
sintomas cognitivos, inclusive com manifes-
tações em testes psicométricos25
(D).
Os pacientes com depressão e déficit
cognitivo apresentam maior risco de
desenvolver demência, existindo evidência de
que a depressão poderia ser um pródromo ou
fator de risco para demência26
(B). Além disso,
ela pode complicar um quadro demencial já
estabelecido. A depressão deveria ser tratada
com as medicações, devendo-se evitar o uso
de antidepressivos tricíclicos, já que pelos seus
efeitos anticolinérgicos poderiam agravar o
déficit cognitivo. No entanto, se o paciente
já é portador de doença de Alzheimer, o
tratamento da depressão não irá melhorar o
déficit cognitivo.
Fatores psicossociais, como morar sozinho,
baixa atividade, baixa integração social, nunca
ter casado27
(B) e características do trabalho28
(B)
parecem estar associados com doença de
Alzheimer. O estímulo à integração social é uma
estratégia interessante de ser aplicada em atenção
primária à saúde.
BAIXO NÍVEL EDUCACIONAL E TRAUMATISMO
CRANIOENCEFÁLICO
Evidências de estudos epidemiológicos
sugerem que baixo nível educacional, inferior a
seis anos29
(B), ou traumatismo cranio-
encefálico30
(B) podem aumentar o risco de
doença de Alzheimer.
COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE
Idosos com comprometimento cognitivo leve
mostram um prejuízo objetivo na memória
(testes com escore de no mínimo 1,5 DP abaixo
dos seus controles pareados pela idade e nível
educacional), no entanto, não apresentam
declínio nas atividades da vida diária e nem
poderiam ser diagnosticados como portadores
de demência. O acompanhamento desses
pacientes mostra taxa de conversão para
demência que varia de 1% a 30% ao ano31,32
(B).
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES
Emboraestudosobservacionaispossamsugerir
proteção dos anti-inflamatórios para doença de
Alzheimer33
(B), essa condição não foi confirmada
por ensaios clínicos randomizados23
(D).
Considerando os diversos riscos associados, não
se deve utilizar anti-inflamatórios para tratamento
ou prevenção do declínio cognitivo.
TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL
Estudos observacionais sugeriram neuropro-
teção estrogênica, que não foi confirmada por
ensaios clínicos randomizados. Inclusive
demonstrou-sequemulherestratadastiveramrisco
duas vezes maior de desenvolver declínio cognitivo
e demência do que o grupo controle34
(A).
9Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
BENZODIAZEPÍNICOS
Esse grupo de medicamentos tem
apresentado resultados conflitantes quanto ao
risco do desenvolvimento de déficit cognitivo.
Isso provavelmente se deva ao fato de que tais
estudos apresentam diferenças metodológicas
quanto à exposição e aos desfechos cognitivos.
Considerando o seu amplo uso e prescrição, um
pequeno aumento no risco de comprometimento
cognitivo pode trazer consequências deletérias
à saúde35
(B).
FATORES VASCULARES
Na fisiopatologia das demências, incluindo
a doença de Alzheimer, parecem estar envolvidos
fatores vasculares. De modo que fatores de risco
cardiovasculares, como hipertensão arterial
sistêmica, diabetes, dieta aterogênica, obesidade,
elevados níveis de lipídios plasmáticos, quando
presentes na meia idade, parecem estar
associados com maior incidência de
demência36
(B). Estudos sobre os efeitos da
intervenção terapêutica ou preventiva devem ser
melhor avaliados.
POSSÍVEIS FATORES DE RISCO NO INÍCIO DA
VIDA
Há possibilidade de que os quadros
demenciais apenas se manifestem na velhice,
tendo origem décadas atrás. Além disso, alguns
estudos sugerem a presença de um componente
não genético da doença de Alzheimer entre
gêmeos monozigóticos37
(D).Dados da literatura
sugerem que a doença de Alzheimer resultaria
de uma complexa interação entre fatores
genéticos e ambientais durante todo o período
de vida. Então existem estudos tentando verificar
a correlação de fatores da infância, como
condições perinatais, desenvolvimento cerebral
e corporal, condições socioeconômicas,
condições ambientais na infância e reserva
cognitiva com fisiopatologia da doença de
Alzheimer38
(D).
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
10 Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde
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31. Bowen J, Teri L, Kukull W, McCormick
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32. Daly E, Zaitchik D, Copeland M,
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33. Etminan M, Gill S, Samii A. Effect of
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34. Shumaker SA, Legault C, Kuller L, Rapp
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35. Verdoux H, Lagnaoui R, Begaud B. Is
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36. Whitmer RA, Sidney S, Selby J, Johnston
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37. Tanzi RE. A genetic dichotomy model for
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Diagnóstico de demência em idosos na APS

  • 1. 1Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. Autoria: Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade Academia Brasileira de Neurologia Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde Elaboração Final: 8 de julho de 2009 Participantes: Ramos AM, Stein AT, Castro Filho ED, Chaves MLF, Okamato I, Nitrini R
  • 2. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 2 Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA: Foram consultadas as bases de dados MEDLINE, por meio do PubMed, a base de dados da Cochrane de Revisões Sistemáticas e o Registro de Ensaios Controlados da Colaboração Cochrane através da BVS. A estratégia de busca foi baseada em perguntas estruturadas na forma de PICO (Paciente, Intervenção, Controle, Outcome). A sintaxe de busca resultante foi (“Mass Screening AND Dementia AND Primary Health Care”; “Etiology AND Dementia AND Primary Health Care”; “Referral and Consultation AND Dementia”; “Risk Factor AND Prevention and Control AND Dementia”), Field: All Fields.”Foram encontrados 1000 artigos. Em seguida, foram acrescentados os seguintes filtros: Limits: Aged 65+ years, Randomized Controlled Trial, Meta-Analysis, Review, sendo encontrados 183 artigos. Desses, pelo abstract, foram selecionados 75 artigos que foram avaliados em relação a sua força de evidência pela classificação do Oxford Centre for Evidence Based Medicine. Também foram consultadas diretrizes sobre o assunto. Por fim, foram definidos os artigos que embasaram as recomendações dessa diretriz. GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA: A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência. B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência. C: Relatos de casos (estudos não controlados). D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. OBJETIVO: Orientar os Médicos de Família e Comunidade no reconhecimento e diagnóstico da demência do idoso. CONFLITO DE INTERESSE: Nenhum conflito de interesse declarado.
  • 3. 3Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina INTRODUÇÃO A demência pode ser definida como o comprometimento adquirido da memória associado a um prejuízo em pelo menos uma das outras funções cognitivas da linguagem, gnosias, praxias ou funções executivas, que interferem na capacidade funcional, desempenho social ou profissional do indivíduo. Vários estudos avaliaram a frequência de demências em países dominantes. Ela varia de 3% aos 70 anos até 20% a 30% aos 85 anos, dobrando a cada cinco anos com o aumento de idade. Apresenta grande variação, de acordo com os critérios utilizados para o diagnóstico. No Brasil, a maioria dos dados não é muito fidedigna, devido a dificuldades metodológicas nos estudos que foram realizados com esse propósito. A prevalência varia de 1,6%, na faixa de 65 a 69 anos, até 38,9%, acima de 84 anos, em população de zona urbana do interior de São Paulo1 (B). Existem vários tipos de demências: as primárias, que são decorrentes de atrofia cortical, sendo o exemplo mais comum a de Alzheimer; as vasculares, que são decorrentes de atrofia subcortical e com a informação de ataques isquêmicos com breve alteração da consciência e as secundárias que seriam decorrentes de outras doenças, como hipotireoidismo, AIDS, consumo excessivo de álcool, deficiência de vitamina B12 , sífilis, entre outras. É fundamental uma detalhada história clínica do paciente, confirmada por algum parente, amigo ou cuidador. O diagnóstico também está baseado em uma avaliação objetiva do funcionamento cognitivo e das atividades de vida diárias. A avaliação cognitiva pode ser feita por testes de rastreamento, que, se houver necessidade, podem ser complementados por outros testes mais extensos e detalhados. As atividades de vida diárias básicas, ou instrumentais, podem ser avaliadas por escalas ou questionários aplicados ao familiar, parente ou cuidador.
  • 4. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 4 Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde ESTÁ INDICADO REALIZAR O RASTREAMENTO PARA DÉFICIT COGNITIVO ENTRE OS IDOSOS ATENDIDOS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE? Não foi encontrada evidência suficiente para recomendar ou não o rastreamento rotineiro de déficit cognitivo entre os idosos assinto- máticos2,3 (D). Devido ao ônus que representa um quadro demencial para o paciente e seus familiares e na tentativa de melhorar o prognóstico pelo diagnóstico precoce, é fundamental manter um elevado índice de suspeita para quadros demenciais, levando-se em consideração qualquer declínio funcional e/ou perda de memória. O paciente que apresenta queixas de esquecimento deveria ser avaliado e acompanhado para observar sua evolução. Quando seus familiares ou cuidadores relatarem declínio cognitivo ou algum profissional da saúde suspeitar dele, essas observações deveriam ser valorizadas, tendo indicação a avaliação cognitiva e cuidadoso seguimento. Pacientes com déficit cognitivo leve deveriam ser reconhecidos e acompanhados, já que possuem maior risco para o desenvolvimento de demência. Não foram encontrados estudos que tenham avaliado o custo efetividade do rastreamento para demências em atenção primária à saúde2-6 (D). QUAL O MELHOR MÉTODO PARA SE REALIZAR O RASTREAMENTO DE DÉFICIT COGNITIVO OU DEMÊNCIAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE? A grande maioria dos testes disponíveis é útil. Nenhum deles é claramente superior ao outro. Evidências de revisões sistemáticas têm demonstrado que o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) é adequado para a detecção de demência entre os indivíduos com suspeita de déficit cognitivo. O MEEM tem sido amplamente aplicado, sendo, portanto, o melhor estudado. A sua acurácia depende da idade e do nível educacional do paciente. A utilização de um ponto de corte arbitrário pode conduzir a falso-positivos entre os pacientes com baixos níveis de escolaridade e resultados falso-negativos entre aqueles com elevado nível educacional6-8 (D). Os pontos de corte do MEEM para o Brasil, de acordo com o nível de escolaridade, são: 13 para analfabetos, 18 para até oito anos de instrução e 26 para os com mais de oito anos de escolaridade. A sensibilidade para analfabetos foi de 82,4%, para indivíduos de escolaridade elementar ou média de 75,6% e para os de alta escolaridade 80% e especificidade de 97,5% para os analfabetos, 96,6% para os de escolaridade elementar ou média e de 95,6% para os de alta escolaridade9 (B). Entre indivíduos com suspeita clínica de déficit cognitivo, o MEEM deveria ser usado para o diagnóstico de demência. Avaliação da cognição é útil tanto para o diagnóstico inicial quanto para o diagnóstico diferencial de demências10 (D). Existe uma boa correlação (0,7) entre a escala de avaliação das atividades da vida diária com testes cognitivos como o Mini-Mental11 (B). Essa escala tem como vantagens o fato de ser breve e de fácil aplicação para clínicos no contexto de atenção primáriaàsaúde,tantoparaorastreamentoquanto para o registro dos efeitos do tratamento e da progressão da doença de Alzheimer12 (B).
  • 5. 5Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Para os indivíduos com suspeita de síndrome demencial, a combinação de uma escala funcional que avalia atividades da vida diária e um teste cognitivo aumenta a acurácia para o diagnóstico dessa doença em uma população como a nossa, ou seja, heterogênea do ponto de vista social e cultural. O Clinical Dementia Rating (CDR) avalia a cognição e o compor- tamento, além da influência das perdas cognitivas na capacidade de realizar adequa- damente as atividades da vida diária. Esse instrumento pode evitar o viés da utilização do desempenho populacional como referência, já que compara cada indivíduo consigo mesmo e é válido para classificar o grau de demência entre os idosos13 (D). A sequência de testes neuropsicológicos que avaliam a cognição e o comportamento, como o Wechsler Adult Intelligence Scale Revised (Wais- R) e o Consortium to Establish a Registry for Alzheimer´s Disease (CERAD), poderia ser utilizada para o diagnóstico de demências, principalmente para os pacientes entre os quais permanecem dúvidas após a avaliação inicial e que possuem risco elevado para declínio cognitivo. No entanto, o valor adicional desses testes para pacientes já submetidos a uma compreensiva avaliação por meio de instrumentos mais simples ainda não está bem definido7,10 (D). Para avaliação cognitiva tem sido utilizado o MMSE, Severe Impairment Battery (SIB) e principalmente a subescala cognitiva da escala de avaliação da doença de Alzheimer (ADAS- cog). Para avaliação global do médico sobre o quadro clínico têm sido utilizadas a Clinician’s Interview-based Impression of Change (CIBIC) e a CIBIC-plus, que também utiliza informações dos cuidadores para avaliar o desfecho global. Para avaliação funcional ou das atividades da vida diária têm sido utilizados instrumentos como a escala de deterioração progressiva (PDS). Para avaliação das alterações do comportamento e dos sintomas psiquiátricos têm sido utilizadas cada vez mais escalas como Neuropsychiatric Inventory (NPI) e o Behavioral Pathology in Alzheimer’s Disease Rating Scale (BEHAVE- AD). Esses testes são muito utilizados em estudos (pesquisas), especialmente para avaliar a resposta ao tratamento medicamentoso. Não são utilizados por médicos em atenção primária à saúde, sendo na maioria das vezes aplicados por outros profissionais, como psicólogos. ESTÁ INDICADO REALIZAR A INVESTIGAÇÃO DE DEMÊNCIAS COM EXAMES COMPLEMENTARES EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE? Existem controvérsias em relação à investigação complementar de demências. Causas reversíveis de demência, como hipotiroidismo e déficit de vitamina B12 , são raras, representando menos de 1%. Não foi encontrada evidência suficiente para a solicitação rotineira de exames como sorologia para sífilis ou testes genéticos, já que não se modificou o valor preditivo do diagnóstico de demência com esses procedimentos14 (B). De acordo com o Consenso Canadense de Demências (CCD), para todos pacientes que apresentam clínica típica de doença de Alzheimer, os seguintes exames laboratoriais deveriam ser solicitados: hemograma completo,
  • 6. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 6 Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde hormônio tireoestimulante (TSH), eletrólitos séricos, glicemia e cálcio sérico4 (D). Segundo a Academia Americana de Neurologia, os pacientes com demência deveriam ser submetidos apenas a provas funcionais da tireoide e vitamina B12 . Testes laboratoriais, como função hepática, ácido fólico, HIV, sorologia para sífilis, entre outros, só deveriam ser realizados de acordo com a clínica. Em países em desenvolvimento como o Brasil, a presença de condições mórbidas associadas é uma situação mais comum do que em países desenvolvidos, justificando avaliação laboratorial mais ampla de causas poten- cialmente reversíveis de demência15 (D). A avaliação compreende: hemograma completo, concentrações séricas de ureia, creatinina, TSH, enzimas hepáticas TGO, TGP, gama GT, vitamina B12 e cálcio. Reações sorológicas para sífilis e sorologia para HIV devem ser solicitadas apenas para os pacientes com idade inferior a 60 anos. Não há informação sobre o custo- efetividade da realização desses exames. Segundo o CCD, em atenção primária à saúde, exames de imagem, como a tomografia computadorizada de crânio (TCC), deveriam ser solicitados apenas em casos atípicos, ou seja, que apresentem um ou mais dos seguintes critérios: idade menor que 60 anos; declínio cognitivo ou funcional de início rápido, em um ou dois meses; período inferior a dois anos de duração da demência; trauma cranioencefálico importante e recente; sintomas neurológicos inexplicados, como início recente de cefaleia importante ou convulsões; história de câncer, especialmente em sítios ou tipos que possam desenvolver metástases no cérebro; uso de anticoagulantes ou doença da coagulação; história de incontinência urinária e distúrbio da marcha que podem representar hidrocefalia de pressão normal; qualquer novo sinal de localização, como hemiparesia ou reflexo de Babinski; sintomas cognitivos atípicos ou não usuais, como afasia progressiva4 (D). Na maioria dos casos de demência, a ressonância magnética (RM) não oferece benefícios adicionais, quando comparada à TCC. De acordo com a Academia Americana de Radiologia, a RM deveria ser preferida em relação à TCC, caso uma delas deva ser escolhida16 (D). A Academia Americana de Neurologia recomenda que todos os pacientes tenham uma RM ou uma TCC não contrastada como avaliação inicial. O Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia recomenda a TCC, ou de preferência a RM, quando disponível, para todos os pacientes com provável doença de Alzheimer com a finalidade de afastar outras causas17 (D). Para afastar causas potencialmente reversíveis, como hematomas, hidrocefalia e neoplasias, a TCC tem desempenho semelhante à RM, com mais acessibilidade e menor custo. Considerando o contexto social e econô- mico de nosso país, da maioria dos pacientes atendidos em atenção primária à saúde e da própria disponibilidade de recursos, nossa posição é a de seguir a recomendação do CCD. Além disso, em somente 5% dos casos pode haver lesões não sugeridas previamente pela clínica, sendo questionável a cura ou a resolução de várias delas. Segundo a Academia Brasileira de Neurologia e a Academia Americana de
  • 7. 7Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Neurologia, a punção lombar deveria ser considerada apenas para pacientes com demência de início antes dos 65 anos, apresentação ou curso clínico atípico, hidrocefalia comunicante, e ainda qualquer evidência ou suspeita de doença inflamatória ou infecciosa do sistema nervoso central15 (D). Punção lombar, eletroencefalograma e testes genéticos como a dosagem da apolipoproteína E não estão recomendados como rotina na investigação de demências3,4,15 (D). No entanto, na solicitação desses exames sempre devem ser levados em consideração as limitações, os recursos disponíveis e os custos do meio em que nos encontramos. QUANDO SE DEVE ENCAMINHAR UM PACIENTE COM DEMÊNCIA PARA NÍVEIS SECUNDÁRIOS OU TERCIÁRIOS DE ATENÇÃO À SAÚDE? A maioria dos pacientes com demência pode ser avaliada, tratada e medicada adequadamente por médicos em atenção primária à saúde4,7,18 (D). O encaminhamento para um outro nível de atenção em saúde deve ser considerado nas seguintes condições: quando houver dúvidas sobre o diagnóstico após avaliação e seguimento, exigência pela família ou paciente de outra opinião, presença de depressão importante, sem resposta ao tratamento, falha no tratamento específico para doença de Alzheimer, diante de quadros atípicos ou sugestivos de etiologias menos comuns e quando se considerar o aconselhamento genético para a realização de estudos científicos4,7,10 (D). GENÉTICA A doença de Alzheimer é uma doença heterogênea, apresentando forma familiar (transtorno autossômico dominante) e esporádica. A esporádica está associada à apolipoproteína E (apoE). O alelo epsilon 4 aumenta o risco de doença de Alzheimer em três vezes nos heterozigotos e em 15 vezes nos homozigotos19 (A). No entanto, assim como a idade, ela ainda é um fator de risco imutável. ÁLCOOL Quando consumido exageradamente é um fator bem estabelecido de risco para demências. No entanto, a literatura tem divulgado alguns estudos sugerindo que o consumo moderado de vinho20 (A), ou de outras bebidas alcoólicas21 (A), parece estar associado com a redução de risco para doença de Alzheimer, embora essa associação ainda seja inconclusiva. ÁCIDO FÓLICO E VITAMINA B12 Níveis diminuídos de vitamina B12 ou ácido fólico estão associados com aumento de homocisteína plasmática. Em estudos observacionais22 (B), a hiperhomocisteinemia tem sido descrita como um fator de risco independente para acidente vascular cerebral, podendo também ser um fator de risco para doença de Alzheimer. No entanto, não foram encontradas evidências suficientes em ensaios clínicos randomizados para o uso de folato e vitamina B12 com o objetivo de diminuir a homocisteína, reduzindo o risco de declínio cognitivo23 (D).
  • 8. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 8 Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde ANTIOXIDANTES Como o estresse oxidativo é um possível fator patogênico da doença de Alzheimer, tem sido sugerido que vitaminas antioxidantes, como C e E, poderiam ter algum efeito benéfico na redução do dano causado pela beta-amiloide. No entanto, os resultados ainda são controversos aguardando uma definição24 (D). DEPRESSÃO E FATORES PSICOSSOCIAIS As doenças depressivas podem causar sintomas cognitivos, inclusive com manifes- tações em testes psicométricos25 (D). Os pacientes com depressão e déficit cognitivo apresentam maior risco de desenvolver demência, existindo evidência de que a depressão poderia ser um pródromo ou fator de risco para demência26 (B). Além disso, ela pode complicar um quadro demencial já estabelecido. A depressão deveria ser tratada com as medicações, devendo-se evitar o uso de antidepressivos tricíclicos, já que pelos seus efeitos anticolinérgicos poderiam agravar o déficit cognitivo. No entanto, se o paciente já é portador de doença de Alzheimer, o tratamento da depressão não irá melhorar o déficit cognitivo. Fatores psicossociais, como morar sozinho, baixa atividade, baixa integração social, nunca ter casado27 (B) e características do trabalho28 (B) parecem estar associados com doença de Alzheimer. O estímulo à integração social é uma estratégia interessante de ser aplicada em atenção primária à saúde. BAIXO NÍVEL EDUCACIONAL E TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO Evidências de estudos epidemiológicos sugerem que baixo nível educacional, inferior a seis anos29 (B), ou traumatismo cranio- encefálico30 (B) podem aumentar o risco de doença de Alzheimer. COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE Idosos com comprometimento cognitivo leve mostram um prejuízo objetivo na memória (testes com escore de no mínimo 1,5 DP abaixo dos seus controles pareados pela idade e nível educacional), no entanto, não apresentam declínio nas atividades da vida diária e nem poderiam ser diagnosticados como portadores de demência. O acompanhamento desses pacientes mostra taxa de conversão para demência que varia de 1% a 30% ao ano31,32 (B). ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES Emboraestudosobservacionaispossamsugerir proteção dos anti-inflamatórios para doença de Alzheimer33 (B), essa condição não foi confirmada por ensaios clínicos randomizados23 (D). Considerando os diversos riscos associados, não se deve utilizar anti-inflamatórios para tratamento ou prevenção do declínio cognitivo. TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL Estudos observacionais sugeriram neuropro- teção estrogênica, que não foi confirmada por ensaios clínicos randomizados. Inclusive demonstrou-sequemulherestratadastiveramrisco duas vezes maior de desenvolver declínio cognitivo e demência do que o grupo controle34 (A).
  • 9. 9Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina BENZODIAZEPÍNICOS Esse grupo de medicamentos tem apresentado resultados conflitantes quanto ao risco do desenvolvimento de déficit cognitivo. Isso provavelmente se deva ao fato de que tais estudos apresentam diferenças metodológicas quanto à exposição e aos desfechos cognitivos. Considerando o seu amplo uso e prescrição, um pequeno aumento no risco de comprometimento cognitivo pode trazer consequências deletérias à saúde35 (B). FATORES VASCULARES Na fisiopatologia das demências, incluindo a doença de Alzheimer, parecem estar envolvidos fatores vasculares. De modo que fatores de risco cardiovasculares, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes, dieta aterogênica, obesidade, elevados níveis de lipídios plasmáticos, quando presentes na meia idade, parecem estar associados com maior incidência de demência36 (B). Estudos sobre os efeitos da intervenção terapêutica ou preventiva devem ser melhor avaliados. POSSÍVEIS FATORES DE RISCO NO INÍCIO DA VIDA Há possibilidade de que os quadros demenciais apenas se manifestem na velhice, tendo origem décadas atrás. Além disso, alguns estudos sugerem a presença de um componente não genético da doença de Alzheimer entre gêmeos monozigóticos37 (D).Dados da literatura sugerem que a doença de Alzheimer resultaria de uma complexa interação entre fatores genéticos e ambientais durante todo o período de vida. Então existem estudos tentando verificar a correlação de fatores da infância, como condições perinatais, desenvolvimento cerebral e corporal, condições socioeconômicas, condições ambientais na infância e reserva cognitiva com fisiopatologia da doença de Alzheimer38 (D).
  • 10. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 10 Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde REFERÊNCIAS 1. Herrera Jr E, Caramelli P, Nitrini R. Estudo epidemiológico populacional de demência na cidade de Catanduva - Estado de São Paulo - Brasil. Rev Psiquiatr Clín 1998;25:70-3. 2. Registered Nurses Association of Ontario (RNAO). Screening for delirium, dementia and depression in older adults. Toron- to:Registered Nurses Association of Ontario (RNAO);2003. 88p. 3. U.S.PreventiveServicesTaskForce.Screening for dementia: recommendation and rationale. Ann Intern Med 2003;138: 925-6. 4. Patterson CJ, Gauthier S, Bergman H, Cohen CA, Feightner JW, Feldman H, et al. The recognition, assessment and management of dementing disorders: conclusions from the Canadian Consensus Conference on Dementia. CMAJ 1999;160(12 Suppl):S1-15. 5. Patterson CJ, Gass DA. Screening for cognitive impairment and dementia in the elderly. Can J Neurol Sci 2001;28(Suppl I):S42-51. 6. Petersen RC, Stevens JC, Ganguli M, Tangalos EG, Cummings JL, DeKosky ST. Practice parameter: early detection of dementia: mild cognitive impairment (an evidence-based review). Report of the Quality Standards Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology 2001;56:1133-42. 7. Adelman AM, Daly MP. Initial evaluation of the patient with suspected dementia. Am Fam Physician 2005;71:1745-50. 8. Folstein MF, Folstein SE, McHugh PR. “Mini-mental state”. A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Phsychiatr Res 1975;12: 189-98. 9. Bertolucci PH, Brucki SM, Campacci SR, Juliano Y. The Mini-Mental State Examination in a general population: impact of educational status. Arq Neu- ropsiquiatr 1994;52:1-7. 10. Management of patients with dementia. A national clinical guideline. Edin- burgh:Scottish Intercollegiate Guidelines Network;2006. p.1-53. 11. Lehfeld H, Reisberg B, Finkel S, Kanowski S, Wied V, Pittas J, et al. Informant-rated activities-of-daily-living (ADL) assessments: results of a study of 141 items in the U.S.A., Germany, Russia, and Greece from the International ADL Scale Development Project. Alzheimer Dis Assoc Disord 1997;11(Suppl 4):S39-44. 12. Hindmarch I, Lehfeld H, de Jongh P, Erzigkeit H. The Bayer Activities of Daily Living Scale (B-ADL). Dement Geriatr Cogn Disord 1998;9(Suppl 2):20-6. 13. Mackinnon A, Mulligan R. Combining cognitive testing and informant report to increase accuracy in screening for demen- tia. Am J Phsychiatry 1998;155:1529-35.
  • 11. 11Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 14. Clarfield AM. The decreasing prevalence of reversible dementias: an updated meta- analysis. Arch Intern Med 2003;163: 2219-29. 15. Nitrini R, Caramelli P, Bottino CM, Damasceno BP, Brucki SM, Anghinah R, et al. Diagnosis of Alzheimer’s disease in Brazil: diagnostic criteria and auxiliary tests. Recommendations of the Scientific Department of Cognitive Neurology and AgingoftheBrazilianAcademyofNeurology. Arq Neuropsiquiatr 2005;63:713-9. 16. Braffman B, Drayer BP, Anderson RE, Davis PC, Deck MD, Hasso AN, et al. Dementia. American College of Radiology. ACR Appropriateness Criteria. Radiology 2000;215(Suppl):525-33. 17. Kantarci K, Jack CR Jr. Neuroimaging in Alzheimer disease: an evidence-based review. NeuroimagingClinNAm2003;13:197-209. 18. Cummings JL, Frank JC, Cherry D, Kohatsu ND, Kemp B, Hewett L, el at. Guidelines for managing Alzheimer’s disease: part I. Assessment. Am Fam Physician 2002;65:2263-72. 19. Farrer LA, Cupples LA, Haines JL, Hyman B, Kukull WA, Mayeux R, et al. Effects of age, sex, and ethnicity on the association between apolipoprotein E genotype and Alzheimer disease. A meta-analysis. APOE and Alzheimer Disease Meta Analysis Consortium. JAMA 1997;278:1349-56. 20. Luchsinger JA, Tang MX, Siddiqui M, Shea S, Mayeux R. Alcohol intake and risk of dementia. J Am Geriatr Soc 2004;52:540-6. 21. Ruitenberg A, van Swieten JC, Witteman JC, Mehta KM, van Duijn CM, Hofman A, et al. Alcohol consumption and risk of dementia: the Rotterdam Study. Lancet 2002;359:281-6. 22. Clarke R, Daly L, Robinson K, Naughten E, Cahalane S, Fowler B, et al. Hyperhomocysteinemia: an independent risk factor for vascular disease. N Engl J Med 1991;324:1149-55. 23. Almeida OP. Can we prevent Alzheimer´s disease? Rev Bras Psiquiatr 2005;27: 264-5. 24. Frank B, Gupta S. A review of antioxidants and Alzheimer’s disease. Ann Clin Phsychiatry 2005;17:269-86. 25. Avila R, Bottino CM. Cognitive changes update among elderly with depressive syndrome. Rev Bras Psiquiatr 2006;28: 316-20. 26. Wilson RS, Barnes LL, Mendes de Leon CF, Aggarwal NT, Schneider JS, Bach J, et al. Depressive symptoms, cognitive decline, and risk of AD in older persons. Neurology 2002;59:364-70. 27. Seidler A, Bernhardt T, Nienhaus A, Frölich L. Association between the phsychosocial network and dementia: a case-control study. J Psychiatr Res 2003;37:89-98. 28. Seidler A, Nienhaus A, Bernhardt T, Kauppinen T, Elo AL, Frölich L.
  • 12. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 12 Demência do Idoso: Diagnóstico na Atenção Primária à Saúde Phsychosocial work factors and dementia. Occup Environ Med 2004;61:962-71. 29. The Canadian Study of Health and Aging: risk factors for Alzheimer’s disease in Canada. Neurology 1994;44:2073-80. 30. Mortimer JA, van Duijn CM, Chandra V, Fratiglioni L, Graves AB, Heyman A, et al. Head trauma as a risk factor for Alzheimer’s disease: a collaborative re-analysis of case-control studies. EURODEM Risk Factors Research Group. Int J Epidemiol 1991;20(Suppl 2):S28-35. 31. Bowen J, Teri L, Kukull W, McCormick W, McCurry SM, Larson EB. Progression to dementia in patients with isolated memory loss. Lancet 1997;349:763-5. 32. Daly E, Zaitchik D, Copeland M, Schmahmann J, Gunther J, Albert M. Predicting conversion to Alzheimer disease using standardized clinical information. Arch Neurol 2000;57:675-80. 33. Etminan M, Gill S, Samii A. Effect of non-steroidal anti-inflammatory drugs on risk of Alzheimer’s disease: systematic review and meta-analysis of observational studies. BMJ 2003;327:128. 34. Shumaker SA, Legault C, Kuller L, Rapp SR, Thal L, Lane DS, et al. Conjugated equine estrogens and incidence of probable dementia and mild cognitive impairment in postmenopausal women: Women’s Health Initiative Memory Study. JAMA 2004;291:2947-58. 35. Verdoux H, Lagnaoui R, Begaud B. Is benzodiazepine use a risk factor for cognitive decline and dementia? A literature review of epidemiological studies. Psychol Med 2005;35:307-15. 36. Whitmer RA, Sidney S, Selby J, Johnston SC, Yaffe K. Midlife cardiovascular risk factors and risk of dementia in late life. Neurology 2005;64:277-81. 37. Tanzi RE. A genetic dichotomy model for the inheritance of Alzheimer’s disease and common age-related disorders. J Clin Invest 1999;104:1175-9. 38. Borenstein AR, Copenhaver CI, Mortimer JA.Early-liferiskfactorsforAlzheimerdisease. AlzheimerDisAssocDisord2006;20:63-72.