1. Ánalise da Evolução da taxa básica da economia e da formação bruta de capital fixo para o Brasil
2005 até 2012
Orlandi, Filipe de S. F.
1. Introdução:
Nesta oportunidade faço o a apresentação de séries de dados referentes a economia
brasileira. Ainda estudando os ciclos econômicos, característica inerente ao capitalismo,
buscamos agora evidenciar o elo entre os dois circuítos de circulação monetária, de acordo com
keynes, o circuito industrial-produtivo, por um lado e por outro o circuito financeiro.
Como importante indicador para o círculo financeiro, observarei a evolução da taxa básica
da economia, balizador de decisões de investimento em capitais produtivos, por ser uma
importante referência para a tomada de decisão por parte dos empresários condicionando
parcialmente a decisão entre investimentos produtivos ou alocações em ativos financeiros.
Por outro lado, para a observação do nível de atividade no circuito industrial-produtivo,
investigarei a evolução dos investimentos em capital fixo, que refletem o grau de confiança dos
agentes na perspectiva de crescimento da economia.
O trabalho foi conduzido e será apresentado na seguinte ordem, na seção 2 apresentarei as
variáveis analisadas. Na seção 3 apresentarei as séries utilizadas para análise das variáveis nas
quais me foco. A seção 4 está dividida em duas seções, cada uma destinada a apresentação das
séries graficamente, e as respectivas análises. Por fim na seção 5 apresentarei as considerações
finais.
2. Variáveis Analisadas:
Analisarei a evolução da taxa básica da economia, através da taxa Overnight / Selic que é a
média dos juros que o Governo paga aos bancos que lhe emprestaram dinheiro, está taxa será
apresentada em frequência mensal para o período de Janeiro de 2005 até o período de Dezembro
de 2012. Esta taxa é relevante por representar o “custo” do dinheiro para os bancos, suas
variações tem certa influência na variação das taxas cobradas pelos bancos, estas últimas, são
importantes por apresentarem-se favoráveis à implementação de investimentos produtivos ou por
outro lado por se constituirem em uma barreira a tomada de empréstimos para a inversão em
projetos produtivos, acarretando assim uma redução na atividade econômica, advinda do ciclo, 1)
preferência pela liquidez dos bancos (aumento de suas margems de segurança) 2) Redução na
disponibilidade de crédito e aumento das taxas 3) retração no ritmo da implementação de
investimentos ou paralisia destes 3) redução da demanda efetiva 4) redução dos ganhos de
capitais produtivos esperados, apartir daqui inicia-se portanto uma nova rodada cíclica.
Para analisarmos a evolução do nível de atividade na esfera produtiva da economia,
lançaremos mão da Formação Bruta de Capital Fixo como variável que capta o nível de
investimentos produtivos na economia. Os dados serão apresentados em frequência trimestral e
em valores absolutos em moeda nacional, deflacionada pelo IGP-DI, o período analisado é o
mesmo, do primeiro trimestre de 2005 até o último trimestre de 2012. Vale lembrar que os juros
de mercado são importantes na determinação do ritmo dos investimentos, juntamente com as
espectativas de retorno do capital e o preço de oferta do capital, enfatizando as espectativas de
retorno do capital como posicionamentos especultativos, ou seja, projeções para o futuro
baseados nas condições recentes de evolução do cenário econômico.
3. 4. Apresentação Gráfica e Interpretação:
4.1. Evolução da taxa básica de Juros:
Fonte de dados: www.ipeadata.gov.br; elaboração prória.
Com o controle inflacionário alcançado pelo plano real, por do regime de metas de inflação
para a plítica monetária, associado à adoção do cãmbio flutuante e a melhora da balança
comercial puxada pela alta das commodities, tendo superado também a grande volatilidade
provocada pela incertaza do novo governo “efeito Lula”, estabelecem-se condições para a
redução dos juros pagos pelos títulos públicos, uma redução da Selic, que se apresenta de forma
consistente, com maior ou menor volatilidade, apartir de julho de 2005 até as primeiras “marolas”
da crise financeira internacional, repercutirem na economia nacional pela fuga para qualidade
(alta evasão dos capitais especultativos), e retração dos crédito a nível nacional, impulsionado
pela preferência pela liquidez dos bancos privados, associado ao estancamento de créditos
internacionais para as empresas nacionais.
Diante da evasão do capital especulativo e possibilidade de ressurgimento de
constrangimentos do balnaço de pagamentos, o governo inícia em fevereiro de 2008 um
movimento de alta dos juros. Está atitude foi típica de todo o período de estabilização econômica
na década de 90 e início da década passada. Essa iniciativa estanca um processo de redução dos
juros e agrava a situação de retração de créditos diante da crise, implicando em abandono de
projetos de investimento dando-se início ao ciclo perverso que se estabelece nas crises, onde a
situação de retração econômica e produtiva se estende para as espectativas futuras dos agentes, de
forma que o abandono dos investimentos diante da retração do crédito e a busca por situações
dívida/ativos mais favoráveis e menos alavancadas levam a venda dos ativos mais líquidos para
os pagamentos de dívida, e no extremo aos ativos menos líquidos, ocasionando uma deflação de
ativos generalizada, o que gerando um “efeito pobreza” reduz o consumo e investimento e
portanto a capacidade de tomada de empréstimos por parte das empresas em função de
espectativas de receitas futuras, isso reforça o posicionamento restritivo à concessão creditícia
por parte dos bancos alimentando assim nova rodada de contração da atividade produtiva.
Logo, ao notar as possibilidades acima descritas, o governo altera seu posicionamento
conservador de aumento das taxas de juros, e inicia um movimento contrário, afim de favorecer a
liquidez dos bancos e sua propensão a emprestar. Não obstante, essa intevenção tardia, permitiu
a retração do produto interno em 2009.
4. 4.2. Evolução da formação bruta de capital fixo:
Fonte de dados: www.ipeadata.org.br; elaboração própria.
Neste gráfico vemos como se comportava o investimento no Braisl. Podemos observar que
este se ampliava em termos absolutos a uma taxa estável. Observamos também que a tendência
de expansão dos investimentos eram mais intensa nos dois primeiros trimestres de cada ano, e
apresenteva uma tendência de estabilização ou crescimento a taxas menores, nos dois últimos
semestres de cada ano. Essa relação se mantém válida até o 3 trimestre de 2008 onde se observa
uma grande retração na formação bruta de capital fixo, desencadeada pela ampliação das
incertezas que se refletiram em aumento da preferência pela liquidez dos agentes, que
desmontaram posições em diversos ativos financeiros, como observado na queda da bolsa, e
também diversos ativos de investimentos prodututivos, que foram paralisados, além de haver
retração na formação bruta de capital fixo.
Um ano após a queda na formação bruta de capital fixo vemos que este retorna a magnitude
que tinha atingido antes da crise. Contudo esta marca é superada apenas pontualmente, no
terceiro trimestre de 2010, e no 3 trimestre de 2011, apartir de então os investimentos observam
uma relativa estabilização na marca dos 200 bilhões de reais. Como interpretar esta relutãncia em
ultrapassar tal marca? Será resultado do empoçamento da liquidez promovida pelos cortes nas
taxas de juros mas manutenção da resistência em emprestar por parte dos bancos privados? Em
parte, pode se argumentar que sim, contudo a ampla atuação dos bancos públicos em sentido
anti-cíclico, ampliando e diversificando suas linhas de crédito, limitam este argumento.
Outro argumento se pode tecer apartir da análise do desenvolvimento produtivo do Brasil e
sua inserção no mercado internacional. Sabemos que esta última se da de forma que nossa pauta
de exportações apresentam baixa elasticidade renda, e nossa pauta de importações apresenta alta
elasticidade renda, admitindo que grande parte da produção dinâmica do Brasil se faz com vistas
ao mercado internacional, podemos argumentar que um maior investimento nos segmentos mais
dinamicos da economia ainda dependerão do desenrolar da crise a nível mundial, onde esta, ainda
vem fazendo vítimas como a grécia, que são obrigadas a se posicionar na busca de um ajuste por
meio de arroxos fiscais, como tantas vezes impostos ao Brasil,condicionando assim a baixa
atividade produtiva e reprodução das incertezas nos agentes.
Diante disso torna-se imperativo ao Brasil abandonar suas ambiguidades entre a busca de
distribuição de renda afim de ampliação e consolidação do mercado interno e a insistếncia em
políticas que visam a construção de uma imagem confiável do Brasil ao capital internacional. O
país precisa aproveitar a janela que se apresenta pela ascenção da China como grande parceira
comercial, promovendo uma folga em nossa contas externas, e buscar meios de superar as
limitações que um desenvolvimento produtivo voltado para fora, e sem sustentação interna
5. produzem, precisamos avançar nas políticas de redistribuição de renda e consolidação do
mercado interno, para que as decisões internas de investir se vejam livres da necessidade de
condições favoráveis externas.
5. Considerações Finais
Dentro das variáveis analisadas aqui, podemos observar a importãncia da atuação ativa do
estado afim de contrabalancear as tendências pró-cíclicas miskyanas do sistema capitalista,
superando as ideologias impostas pelos países centrais consolidadas no Consenso de Washington,
que estabelecem o mercado como força suprema das relações econômicas e do caminho para a
estabilidade e desenvolvimento.
Diante disso, e da atuação observado do estado, especificamente na manipulação da taxa
básica de juros da economia, afim de estimular a atividade econômica, ganha força a discussão
sobre a manutenção da política monetária apenas com fins a estabilização de preços, nesta
discussão deve-se ter especial atenção que a estabilidade macroecônomica não se limita a
estabilidade de preços, mas envolve outras variáveis, como desenvolvimento e crescimento
econômico.
Além disso, se tornam cada vez mais explícitas as contradições de um desenvolvimento
produtivo voltado para fora, que impedem o crescimento e desenvolvimento apartir de estímulos
exclusivamente endógenos, e coloca esses quesitos (crescimento e desenvolvimento) como
função da situação econômica internacional.
Contudo, a despeito dessas contradiçoes e ambiguidades da política econômica brasileira, o
que se coloca de forma mais urgente é o desmonte da noção de que a atuação do estado é
despresível, noção esta que foi implantada na era de avanço das políticas neoliberais que se
fizeram acompanhadas de forte teor ideológico, condicionando as incertezas de muitos agentes ás
intervenções do estado. Um exemplo disso é a política monetária, cuja atuação deve se dar de
forma independente à do estado, uma mudança nesse paradigma pode trazer uma grande carga de
incertezas quanto ao retorno da inflação, tendo reflexos contrários aos desejados, a saber a busca
do desenvolvimento e crescimento ecônomico, associados a estabilidade de preços (ou seja
estabilidade macroeconomica). Por essas razões uma mudança sobre a opinião dos agentes a
respeito da atuação do estado precisa ocorrer, contudo isso é possível apenas quando os agentes
confiam no Governo, assim torna-se imperativo que o atual governo apresente respostas
satisfatórias às exigências da população, conduzindo sua política econômica da maneira mais
soberana possível. O posicionamento político internacional também tem grande influência na
opinião pública e confiança no Governo, este posicionamento deve se dar de forma firme, e a dar
primazia e força para os países de economias emergentes. O avanço das políticas de
redistribuição de renda são seguramente um importante caminho a ser trilhado, com vistas a
autonomia sobre a dinamica de desenvolvimento.
Referência Bibliogŕafica:
www.ipeadata.org.br
Associação Keynesiana Brasileira (2008) Dossiê da Crise. Novembro de 2008. Disponível em
http://www.ppge.ufrgs.br/akb.
Associação Keynesiana Brasileira (2010) Dossiê da Crise II. Agosto de 2011. Disponível em
http://www.ppge.ufrgs.br/akb.