Jean Rouch foi um cineasta e etnólogo francês pioneiro no cinema etnográfico e direto. Filmou mais de 120 documentários na África retratando rituais e culturas locais com técnicas inovadoras para a época. Foi reconhecido internacionalmente por seu trabalho que fundiu documentário e ficção influenciando gerações de cineastas.
1. Jean Rouch
Filipe José Borges de Carvalho
21/02/2013
Universidade de Trás os Monte e Alto Douro
2. Biografia:
- Filho de Jules Rouch, director do Museu Oceanográfico do Mónaco;
- Formado em Engenharia Civil;
- Mais tarde vai estudar etnologia, depois de assistir à morte de operários atingidos por um
raio durante as obras;
- Frequentou em França os curso de Marcel Mauss e de Marcel Griaule;
- Regressa a África para descer em piroga os 4200 km do Rio Niger, desde a nascente até
ao oceano;
- Defende tese com o mestre, o também pioneiro do filme etnográfico Marcel Griaulle;
- Em 1953 cria em Paris o Comité do Filme Etnográfico sendo a sua sede no museu do
Homem.
- Na cidade do Porto constitui um atelier de formação na área do filme documental com
recurso a uma pedagogia simples: «filmar de manhã, revelar ao meio-dia, projectar à
tarde»;
- Faleceu em 18 de Fevereiro de 2004 num acidente de automóvel no Níger com 86 anos.
3. Técnicas e Trabalho:
- Usava câmaras leves de 16 min.;
- Foi reconhecido em todo o mundo pelo seu trabalho;
- Possui grande liberdade de expressão em relação a outros cineastas;
- Alterna o documentário e a ficção;
- Foi fundador da antropologia visual;
- Ensinou a fazer cinema em África e nos E.U.A onde realizou mais de 120 filmes;
- Teve inspiração em Dziga Vertov e Robert Flaherty sendo considerado um dos
fundadores do cinema verdade;
- Foi uma grande inspiração para os realizadores da “Nouvelle Vague” .
4. Longas metragens:
- 1952 : Bataille sur le grand fleuve (Batalha no Rio Grande);
- 1955 : Les Fils de l'eau (Os Filhos da Água);
- 1957 : Jaguar;
- 1958 : Moi un noir, (Eu, um Negro) - prémio Louis-Delluc, 1958;
- 1959 : La pyramide humaine (A Pirâmide Humana);
- 1961 : Chronique d'un été (Crónica de um Verão) Prémio da Crítica do Festival de
Cannes;
- 1965 : Chasse au léon à l'arc (Caça ao Leão com Arco) Leão de Ouro do Festival de
Veneza;
- 1967 : Les fêtes du Sigui (As Festas do Sigui)
- 1970 : Petit à Petit (Pouco a Pouco)
- 1974 : Cocorico Monsieur Poulet (Cócórócó, o Senhor Frango)
- 1979 : Bougo, les funérailles du vieil Anaï (Bougo, o Funeral do Velho Anaï)
- 2003 : Le Rêve Plus Fort que la Mort (O Sonho, mais forte do que a Morte)
5. Chronique d'un été (Crónica de um Verão) Prémio da Crítica do Festival de Cannes
Paris, verão de 1960. O quotidiano, as suas
cineasta e etnólogo Jean dúvidas e angústias, as
Rouch, acompanhado do suas concepções sobre
sociólogo Edgar Morin, a política e a vida. Em
leva a câmara às ruas seguida, os
para colher respostas à realizadores registam
seguinte pergunta: as reacções deles à
"Você é feliz?" O que projeção do material
tem início como um filmado, momento em
simples inquérito logo se que as fronteiras entre
transforma num verdade e ficção são
ambicioso e imprevisível postas em crise. Unindo
retrato de um grupo o método de Flaherty às
heterogéneo de teorias de Vertov, este
estudantes, operários e filme-ensaio-manifesto
imigrantes que expõem inaugura o cinema-
o seu verdade.
6. Chasse au léon à l'arc (Caça ao Leão com Arco) Leão de Ouro do Festival de Veneza
"Os caçadores Songhay, uma casta episódios desta caça na qual técnica e magia
hereditária, são os únicos que possuem o estão intimamente ligadas: fabricação dos
direito de matar leões. Aos pastores só é arcos e flechas, preparação do veneno,
permitido jogar pedras para afugentá-los. Os rastreamento e ritual de sacrifício. Mas o
Peul [povo nômade africano] estimam que o velho leão assassino, denominado «
leão seja necessário ao rebanho, e sabem Americano », conseguirá evitar todas as
identificar cada leão por seus traços. Mas, armadilhas, e os Gaos apenas aprisionarão
quando um leão mata demasiado gado, é duas de suas fêmeas. Após a caça, os
preciso suprimi-lo, pois este é um leão homens contam a seus filhos a história de «
assassino" (J. Rouch). De 1957 à 1964, gaway gawey », a maravilhosa caça aos
Rouch seguiu os caçadores Gaos da região leões.
de Yatakala e o filme retraça os
7. Curtas e médias metragens:
- 1948 Les Magiciens de Wanzerbe (Os Mágicos de Wanzerbe).
- 1949 Circoncision (Circuncisão).
- 1948 Initiation à la danse des possédés (Iniciação à dança dos possuídos) Primeiro prémio no
Festival do Filme Maldito em Biarritz.
- 1951 : Batia-lhe sur le grand fleuve (Batalha no Rio Grande).
- 1954 : Les Maîtres fous (Os Mestres Loucos) Grande Prémio do Festival de Veneza.
- 1962 : Abidjan, port de pêche (Adidjan, Porto de Pesca).
- 1962 : Les veuves de quinze ans (As Viúvas de Quinze Anos)
- 1964 : La Gare du nord (A Gare do Norte).
- 1987 : Brise-glace (Quebra-Gelos).
8. Initiation à la danse des possédés (Iniciação à dança dos possuídos) - Primeiro prémio no
Festival do Filme Maldito em Biarritz.
Puro exemplo de cinema etnográfico,
"Initiation à la Danse des Possédés"
foi o terceiro filme realizado por
Rouch durante a sua missão a África
em 1947-49. Mostra (de modo
incompleto, porque não foi possível
filmar à noite) o ritual de iniciação de
uma jovem possuída por dois
espíritos.
9. Les Maîtres fous (Os Mestres Loucos) - Grande Prémio do Festival de Veneza.
Filmado em apenas um dia, o filme revela da chegada dos ‘espíritos da força’,
as práticas rituais Hauka. Os praticantes personificações emblemáticas da dominação
do culto Hauka, trabalhadores nigerienses colonial: o cabo da polícia, o governador, o
reunidos em Accra, reúnem-se à ocasião doutor, a mulher do capitão, o general, o
da sua grande cerimónia anual. Na condutor da locomotiva, etc… A cerimónia
‘concessão’ do grande sacerdote atinge seu ápice com o sacrifício de um cão,
Mountbyéba, após uma confissão pública, o qual será devorado pelos possuídos. No
começa o rito da possessão. Saliva, dia seguinte, os iniciados retornam às suas
tremedeiras, respiração ofegante… são os atividades quotidianas.
signos