O documento discute diferentes tipos de variações linguísticas, incluindo linguagem verbal vs não-verbal, dialetos, registros, geração e sexo. Apresenta exemplos de como essas variações se manifestam na pronúncia, vocabulário e estrutura gramatical dependendo do contexto social ou regional.
5. VARIEDADE LINGUÍSTICA
Em uma língua podemos encontrar
variações no que se refere ao modo como
ela é utilizada pelos falantes. É isso que
caracteriza as variações linguísticas.
6. Tipos de variedades:
1. Os dialetos - ocorrem em função das
pessoas que usam a língua, ou seja, dos
emissores. (regional, social, idade, sexo,
geração, função);
2. Os registros - ocorrem em função do uso
que se faz da língua, da mensagem, da
situação. (grau de formalismo).
7. VARIAÇÕES DIALETAIS
IDADE:
Dois bons filhos Paulo Mendes Campos
Outro dia um senhor de cinqüenta anos me falava da mãe
dele mais ou menos assim:
- Se há alguém que eu adoro neste mundo é minha
mãezinha. Ela vai fazer 73 anos no dia 19 de maio. Está
forte, graças a Deus e muito lúcida. Há 41 anos que está
viúva, papai, coitado, faleceu muito moço, com uma espinha
de peixe atravessada no esôfago: pois não há dia em que
mãezinha não se lembre dele com um amor tão bonito, com
um respeito...
8. Deu-se que no mesmo dia encontrei um rapaz de dezoito
anos, que me contou mais ou menos assim:
- Velha bacaninha é a minha. Quando ela está meio
adernada, mais pra lá do que pra cá, ela ainda me dá uma
broncazinha. Bronca de mãe não pega, meu chapa. Eu manjo
ela todinha: lá em casa só tem bronca quando ela encheu a
cara demais. A velha toma pra valer! Ou então foi um troço
em que eu não meto a cara. Que é que eu tenho com a vida
da velha? Pensa que eu me manco. Quando ela tá de bronca,
o titio aqui já sabe: taco-lhe três equanil. É batata. Daí a
pouco ela fica macia e vai soltando o tutu...
9. SEXO:
Homem: - Cara, preciso te contar o que
aconteceu ontem na festa...
Mulher: - Ai, menino! Preciso te contar o que
aconteceu ontem na festa...
Homem: - Comprei uma camisa legal.
Mulher: - Comprei uma blusinha linda!
10. REGIÃO:
Dentro do próprio Brasil:
Mandioca, aipim, macaxeira.
Entre Brasil e Portugal:
“(...) numa revista portuguesa, vê-se um anúncio de um
refrigerante, mundialmente conhecido (...) Ao lado da
famosa marca, a única frase da peça publicitária: “A vida
sabe bem”. Que se entende disso? Em português e em
outras línguas latinas, o verbo “saber” (que vem do latim
“sapere”, que significa justamente “ter sabor”) pode ser
usado com a idéia de “ter gosto”, “ter saber” (...) Esse uso é
vivíssimo no italiano, no espanhol, no português de Portugal.
No do Brasil, parece que se restringiu aos textos
literários.”
Pasquale Cipro Neto: “A vida sabe bem”. Revista Cult, nº 56.
11. GERAÇÃO, ÉPOCA:
“Exmo. Sr.
Unicamente a necessidade me sujerio a publicação deste
punhado de rimas (...) Eu e minha esposa, moça
igualmente enferma, desde que entramos no hospital, há
quasi dois annos que, por exclusiva injustiça, estamos
privados das quotas dos donativos feitos pela caridade
aos que, como nós, vieram esconder seu infortúnio sob o
tecto hospitalar. E nem roupa nem um lençol recebemos
do estabelecimento estipendiado pela municipalidade,
cujo prefeito Dr. Miguel Penteado não se dignou prestar
attenção às minhas queixas. Resumindo, somos víctimas
de vezano pouco caso pelo direito dos fracos (...)”
Firmo Anônio. Argueiros, 1924.
12. SÓCIO-ECONÔMICA:
VÁRIAS IDÉIAS FERRÉZ
Acordou cedo, gritou: “Zica maldita!”. Rapaz, o
vocabulário do tranca-ruas é ziquizira. “Rapaz, num vacila
de madruga, entendeu?” “Entendi, os P.M. sobe o gás.
Então vamos sumariar. Quantos de nóis cê quer matar?
Grota, granja, boca, biqueira, movimento, verme, milho a
vida inteira. Mil grau, frenético, qual que é a urucubaca?
Que cê faz se não tiver que voltar para casa? Quem te
deu um sorriso hoje, pique pá alguém de longe (...) Muitos
sofre, eta que sofre, mas poucos lembra. Povo gado, voto
mal dado, fila quilométrica para encher prato de
deputado. Picha os muro, xinga os putos, mete a boca,
depois cheira dentro da goma. (...)
Caros Amigos nº 89.
13. NORMA CULTA E LÍNGUA
COLOQUIAL
A Norma ou Língua Culta é um tipo de variação
lingüística que se caracteriza por seguir as
normas estabelecidas de acordo com a gramática
normativa. Ela é falada e escrita em situações que
exigem formalidade.
A Língua Coloquial é a variação lingüística utilizada
em situações informais. É a língua do cotidiano.
14. DISTINÇÕES ENTRE A NORMA CULTA E A LÍNGUA
COLOQUIAL
USO COLOQUIAL USO CULTO
Pronúncia descuidada de Maior cuidado com a
certas palavras pronúncia
Uso de a gente Uso de nós
Né, aí, pois é...
Uso de gírias e palavrões
15. USO COLOQUIAL USO CULTO
Não utilização das Utilização das marcas
marcas de concordância de concordância
Indevida colocação Devida colocação
pronominal segundo a pronominal segundo a
gramática gramática
Repetições
Uso excessivo de Uso moderado de
gerúndio e gerúndio e
estrangeirismos estrangeirismos