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PSICANÁLISE E DROGAS
Gabriela Haack
Psicóloga
Freud usava cocaína?
Profissionalmente. Saiba como isso influenciou a psicanálise
Aos 28 anos, o médico vienense Sigmund Freud (1856-1939) tinha
uma certeza: a cocaína era fundamental para curar as "doenças da alma" -
ele inclusive usava a droga, diluída em água. Os primeiros resultados foram
animadores, mas aos poucos ele percebeu que os pacientes estavam
virando viciados. A coisa já estava saindo do controle quando Freud deu
uma guinada: largou a droga para investigar o inconsciente de cara limpa.
CURIOSIDADE
Empenhado em tratar as "doenças da alma", Freud ouve falar da cocaína, então uma poderosa
droga lícita, usada para aliviar dores.
TESTE
Freud passa a experimentar e prescrever cocaína em 1884. No artigo Sobre a Coca, fala sobre
efeitos da droga e seus possíveis usos terapêuticos.
HÁBITO
O pai da psicanálise também fazia uso pessoal da droga, em épocas de crise pessoal.
Importante: ele não cheirava, consumia cocaína diluída em água.
EUFORIA
Entusiasmado com resultados iniciais, Freud usa cocaína em casos de
hipocondria, neurastenia, histeria, melancolia e prostração nervosa.
RESSACA
A longo prazo, a cocaína mostra-se mais maléfica que benéfica: Freud para de consumi-la em
1895 e de prescrevê-la em 1899. Sua decepção com drogas o leva a estudar um tratamento
alternativo, sem medicamentos, baseado na fala. Daí surgiria a psicanálise.
http://super.abril.com.br/cultura/freud-usava-cocaina-614472.shtml
Psicodinâmica
 À medida que uma pessoa se torna
dependente de uma SPA, vai se instalando um
processo que poderia ser chamado de
“dependógeno”.
 Aí se instala a questão da gratificação sem o
outro, ou a falta que é saciada em qualquer
lugar e a qualquer hora, com todo o seu
componente oral e narcisístico
 O terapeuta precisa trabalhar essas
questões, venham elas antes ou depois da
dependência;
 Se isso não for trabalhado, o paciente pode
até atingir a abstinência, mas correrá o risco
de apresentar outras formas de
comportamento dependente-oral-
narcisístico, como transtornos
alimentares, jogos, compras ou sexo
compulsivo.
 A figura paterna:
 O pai “suficientemente bom” é considerado um
elemento protetor;
 O pai não “suficientemente bom” é considerado
fator de risco para alcoolismo;
 O caráter transgressor do DQ, em especial em
relação às drogas ilícitas, é entendido como uma
conclamação da figura paterna;
 Um pai que não cumpre sua função, não
auxilia na separação mãe-bebê, fazendo com
que este possa ficar fixado em fases mais
precoces do desenvolvimento, potencializando
a manutenção do narcisismo (eu me basto /
droga dá prazer sem precisar do outro)
 Estudos contemporâneos: sindromes são
multifatoriais
 Vulnerabilidades:
biogenéticas, sociais, étnicas, antropológicas
e a PSICOLÓGICA
 (caso do paciente que por não ter tido um pai
suficientemente bom para se
identificar, apresenta o ego fragilizado)
- Falta controlada de maneira onipotente
O vazio e as patologias
decorrentes
 DQ: relação simbiotizada que perpetua o
funcionamento narcisista;
 A geração de um terreno favorável para o
desenvolvimento da dependência química
estaria inscrita em um ponto entre Narciso e
Édipo;
 As falhas na passagem da relação diádica
para triádica podem ocorrer por dificuldades
(reais ou fantasiadas) tanto da dupla
mãe/bebê quanto do pai
O vazio e as patologias
decorrentes
 O mundo interno é sentido como oco e
vazio, no qual a mãe passa a ser
intensamente odiada tanto por manter o
paciente cativo na simbiose quanto por ter
sido incapaz de lhe prover um pai adequado;
 Na técnica: figuras terapêuticas sentidas como
maternas serão odiadas e paternas tratadas
com intensa desconfiança;
O vazio e as patologias
decorrentes
 Abstinência: “a vida está sem graça”; “sinto
um enorme vazio dentro de mim”, “quando me
drogava não sentia essa tremenda angústia”;
 migram para outros comportamentos aditivos ou
comportamentos de risco
O vazio e as patologias
decorrentes
• Tentativa de preencher o vazio (oceânico e
avassalador) com comida, compras, etc. Mas isso é
fugaz como a droga
• Esse mundo interno empobrecido de objetos gera o
sentimento de morte, de morto-vivo
• Através dos comportamentos de risco, então, são
tentativas de comprovar a vida (“se não
morro, estou vivo”)
• Droga injetável e também automutilação
O vazio e as patologias
decorrentes
 Resumindo: o sentimento de vazio, causado
pela introjeção de uma mãe simbiotizada e um
pai ausente (real ou imaginário), cria
necessidades.
 A primeira delas aparece na busca compulsiva
por recheios.
 As demais são transgredir e correr riscos.
 Fonte: Psicodinâmica- Sérgio de Paula
Ramos, em Dependência Química:
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Alessandra Diehl et al. Porto
Alegre, Artmed, 2011.

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  • 2. Freud usava cocaína? Profissionalmente. Saiba como isso influenciou a psicanálise Aos 28 anos, o médico vienense Sigmund Freud (1856-1939) tinha uma certeza: a cocaína era fundamental para curar as "doenças da alma" - ele inclusive usava a droga, diluída em água. Os primeiros resultados foram animadores, mas aos poucos ele percebeu que os pacientes estavam virando viciados. A coisa já estava saindo do controle quando Freud deu uma guinada: largou a droga para investigar o inconsciente de cara limpa. CURIOSIDADE Empenhado em tratar as "doenças da alma", Freud ouve falar da cocaína, então uma poderosa droga lícita, usada para aliviar dores. TESTE Freud passa a experimentar e prescrever cocaína em 1884. No artigo Sobre a Coca, fala sobre efeitos da droga e seus possíveis usos terapêuticos. HÁBITO O pai da psicanálise também fazia uso pessoal da droga, em épocas de crise pessoal. Importante: ele não cheirava, consumia cocaína diluída em água. EUFORIA Entusiasmado com resultados iniciais, Freud usa cocaína em casos de hipocondria, neurastenia, histeria, melancolia e prostração nervosa. RESSACA A longo prazo, a cocaína mostra-se mais maléfica que benéfica: Freud para de consumi-la em 1895 e de prescrevê-la em 1899. Sua decepção com drogas o leva a estudar um tratamento alternativo, sem medicamentos, baseado na fala. Daí surgiria a psicanálise. http://super.abril.com.br/cultura/freud-usava-cocaina-614472.shtml
  • 3.
  • 4. Psicodinâmica  À medida que uma pessoa se torna dependente de uma SPA, vai se instalando um processo que poderia ser chamado de “dependógeno”.  Aí se instala a questão da gratificação sem o outro, ou a falta que é saciada em qualquer lugar e a qualquer hora, com todo o seu componente oral e narcisístico
  • 5.  O terapeuta precisa trabalhar essas questões, venham elas antes ou depois da dependência;  Se isso não for trabalhado, o paciente pode até atingir a abstinência, mas correrá o risco de apresentar outras formas de comportamento dependente-oral- narcisístico, como transtornos alimentares, jogos, compras ou sexo compulsivo.
  • 6.  A figura paterna:  O pai “suficientemente bom” é considerado um elemento protetor;  O pai não “suficientemente bom” é considerado fator de risco para alcoolismo;  O caráter transgressor do DQ, em especial em relação às drogas ilícitas, é entendido como uma conclamação da figura paterna;
  • 7.  Um pai que não cumpre sua função, não auxilia na separação mãe-bebê, fazendo com que este possa ficar fixado em fases mais precoces do desenvolvimento, potencializando a manutenção do narcisismo (eu me basto / droga dá prazer sem precisar do outro)  Estudos contemporâneos: sindromes são multifatoriais
  • 8.  Vulnerabilidades: biogenéticas, sociais, étnicas, antropológicas e a PSICOLÓGICA  (caso do paciente que por não ter tido um pai suficientemente bom para se identificar, apresenta o ego fragilizado) - Falta controlada de maneira onipotente
  • 9. O vazio e as patologias decorrentes  DQ: relação simbiotizada que perpetua o funcionamento narcisista;  A geração de um terreno favorável para o desenvolvimento da dependência química estaria inscrita em um ponto entre Narciso e Édipo;  As falhas na passagem da relação diádica para triádica podem ocorrer por dificuldades (reais ou fantasiadas) tanto da dupla mãe/bebê quanto do pai
  • 10. O vazio e as patologias decorrentes  O mundo interno é sentido como oco e vazio, no qual a mãe passa a ser intensamente odiada tanto por manter o paciente cativo na simbiose quanto por ter sido incapaz de lhe prover um pai adequado;  Na técnica: figuras terapêuticas sentidas como maternas serão odiadas e paternas tratadas com intensa desconfiança;
  • 11. O vazio e as patologias decorrentes  Abstinência: “a vida está sem graça”; “sinto um enorme vazio dentro de mim”, “quando me drogava não sentia essa tremenda angústia”;  migram para outros comportamentos aditivos ou comportamentos de risco
  • 12. O vazio e as patologias decorrentes • Tentativa de preencher o vazio (oceânico e avassalador) com comida, compras, etc. Mas isso é fugaz como a droga • Esse mundo interno empobrecido de objetos gera o sentimento de morte, de morto-vivo • Através dos comportamentos de risco, então, são tentativas de comprovar a vida (“se não morro, estou vivo”) • Droga injetável e também automutilação
  • 13. O vazio e as patologias decorrentes  Resumindo: o sentimento de vazio, causado pela introjeção de uma mãe simbiotizada e um pai ausente (real ou imaginário), cria necessidades.  A primeira delas aparece na busca compulsiva por recheios.  As demais são transgredir e correr riscos.
  • 14.  Fonte: Psicodinâmica- Sérgio de Paula Ramos, em Dependência Química: prevenção, tratamento e políticas públicas. Alessandra Diehl et al. Porto Alegre, Artmed, 2011.