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CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO PARADIGMA DE
                            FORMAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL


                                                                Maria Graciana Espellet de Deus Vieira
                                                                             gracianaedv@gmail.com
                                                                 Departamento de Geografia – UDESC
                                                                               Santa Catarina – Brasil


        Pretendemos aqui desenvolver algumas considerações a respeito do paradigma de
formação sócio-espacial, explicitado teoricamente pelo geógrafo Milton Santos em seu artigo
de 1977, intitulado Sociedade e Espaço: A Formação Social como Teoria e como Método.
Escrito ainda no exílio, este trabalho foi editado, no espaço de um ano (l977-1978), em
revistas científicas pertencentes a cinco países (França, Brasil, EUA, Venezuela, México), ou
seja, em francês, português, inglês e espanhol, simultaneamente)1. Não podemos deixar de
lembrar que os anos de 77 e 78 são marcantes para a vida política do Brasil, em verdadeira
comoção pela "reabertura", que assinala o início do retorno dos brasileiros exilados pela
ditadura militar. É nesta conjuntura que Milton Santos volta ao Brasil, quando é também
publicado seu livro Por Uma Geografia Nova2, de grande influência então entre os geógrafos
de ambas as áreas, - natural e social. Passados mais de 30 anos desta proposta teórica para a
geografia, em especial para a geografia humana, percebemos que apesar dos avanços
encontrados em relação à sua operacionalização no desvendar de uma determinada realidade
histórico-geográfica, a sua importância e o seu debate, ainda hoje, se encontram velados no
ambiente acadêmico geográfico (MAMIGONIAN,1996, VIEIRA, 1992) . Considerado por
A. Mamigonian (1996, p.198) como o mais importante texto teórico de M. Santos, Sociedade
e Espaço: A Formação Social como Teoria e como Método é “marco fundamental da
renovação marxista da geografia humana atual”. Certamente a adoção deste paradigma,
implica em posicionamentos a respeito de questões referentes à geografia propriamente dita,
assim como ao debate marxista. É, pois, uma perspectiva que aproxima geografia e
materialismo histórico e dialético, decorrendo desta característica, exigências de
posicionamento teórico/empírico frente a ambos, na busca de desvendar, através desta
aproximação, uma realidade histórica e geograficamente localizada, em que as diferentes
escalas, temporais e espaciais se relacionem - uma formação sócio-espacial.

                                                            1

        A geografia é um conhecimento que tem o mérito, desde a sua gênese como ciência,
com Heródoto e Tucídides, na antiguidade grega, - em transição da barbárie para a
escravidão - de tentar responder à necessidade humana de explicar o Mundo, como natureza
(seja a primeira ou a segunda, ambas determinadas por leis naturais) e ou como sociedade,
que segue leis de temporalidades distintas, históricas (MAMIGONIAN,1999). Quando na
idade moderna, com Humboldt e Ritter, a geografia se reaviva como ciência - após os
avanços frente ao obscurantismo do período feudal-cristão, quando o universo das idéias era
1
 Santos, Milton. Societé et Espace: La Formation Social comme Théorie et comme Méthode, publicado nos
Cahiers Internationaux de Sociologie, Paris, 1977, em português no Boletim Paulista de Geografia, 1977, n.34,
em espanhol nos Cuadernos Venezolanos da Planificación, 1978, e na Revista Latino Americana de Economia,
México, 1977, e em inglês na revista Antípoda, vo l .9, n.l, fev . 1977. (Estas informações constam no livro Por
Uma Geografia Nova, p.199).
2
    Santos, Milton. Por Uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, 1986. A primeira edição é de 1978.
regido por uma visão de mundo unilateral e cristalizada, ditada pela Igreja – o faz
reafirmando a visão globalizante, de multilateralidade, de processo, presente na antiguidade
grega ((ENGELS, 1985, 1986) e revigorada filosoficamente, no período moderno por Kant e
Hegel. É interessante ressaltar que é na formação social da Alemanha, atrasada frente à
transição feudalismo / capitalismo, que nasce a geografia moderna, se recusando a seguir no
pensamento a especialização em processo, decorrente da divisão científica do trabalho,
determinada pelo capitalismo. (PEREIRA, 1989, MAMIGONIAN, 1999)
        Natureza e sociedade seguem sendo objeto desta área do conhecimento, mas agora
com uma expressiva vantagem, a possibilidade de relacionar a geografia geral, que coloca
questões referentes à dinâmica da natureza, de forma matemática (circunferência terrestre,
zonas climáticas, rítmo das cheias etc) com a geografia regional (MARTONNE, 1953,
MAMIGONIAN, 1999a, 1997). Somente o conhecimento empírico do globo, que os gregos
não possuíam, permite atestar a questão da totalidade e unidade terrestre, um princípio
fundamental da geografia (Humboldt). Tudo está interligado, como nos diz Humboldt. Mas
este princípio aliado ao da localização ou extensão (Ratzel), garantem a apropriação da
diversidade manifesta em diferentes espaços e tempos, fruto de uma múltipla causalidade,
factível de análise, através de comparações e analogias. Temos aí outros dois princípios
fundamentais à geografia, o da causalidade (Humboldt) e o da comparação/analogia (Ritter),
que permitirão o relacionamento entre o geral e o particular. (PEREIRA, 1989). Este mútuo
enriquecimento entre a unidade e a diversidade, o geral e o regional, entre o gênero e a
espécie (SANTOS, 1982), é o que embasa a estruturação dialética deste pensamento
científico.
        Estes princípios apontam, mas não desvelam a essência da geografia como realidade e
como conhecimento. A de ser uma ciência que abrange a sociedade e a natureza, como
complexos particulares, regidos por leis históricas e naturais, relacionadas numa totalidade,
fruto de combinações de elementos de ordem física, biológica e humana – localizadas no
espaço e no tempo - das quais decorrem, com o desenrolar do processo de desenvolvimento
da humanidade, grandes complexidades. (CHOLLEY, 1964)

                                                 2

       A questão da relação sociedade/natureza é uma riqueza, mas ao mesmo tempo, um
dilema da geografia. Quantos debates? Quantos posicionamentos? Certamente o principal, ou
o mais difundido, foi o que se travou envolvendo pensadores de três grandes áreas do
conhecimento, pertencentes a duas formações sócio-espaciais distintas, a alemã e a francesa:
Antropogeografia (Ratzel), Sociologia (Durkheim) e História (Lucien Febvre).
(FEBVRE,1991, BERGEVIN, 1992, CHOLLEY, 1964) Nele é de grande esclarecimento a
máxima de Ratzel em relação à sociologia francesa: para os sociólogos, as relações sociais
se dão no ar. O que nos ensina isto? A fundamentabilidade para o conhecimento de uma
sociedade, da sua localização no espaço. Na localização geográfica está implícita "a unidade
contraditória entre o social e o natural" (MAMIGONIAN, 1999a, VIEIRA, 1992). Disto não
se deve esquecer, pois caso contrário como poderíamos falar em formações sócio-espaciais?
       Mas a apropriação deste debate - que em geral é visto de forma a omitir as querelas
entre sociologia e geografia, inclusive entre as quais poderíamos inferir, a não menos
importante, de que à geografia não interessariam as questões relativas às relações sociais de
produção – se deu através da redução do nosso leque de preocupação à relação homem-meio,
perdendo de certa forma a visão global dos dois grandes complexos e ficando restritos aos
fenômenos de intersecção dos mesmos. A preocupação por causalidade se prende à “rigidez
do esquema possibilismo-determinismo nas relações homem-meio”. (MAMIGONIAN, 1999,
1999a) É determinista, é possibilista? Como se a realidade geográfica se explicasse somente
pela intersecção entre natureza e sociedade, como se não houvesse uma complexidade maior,
exigindo que as combinações naturais e sociais sejam tomadas também em sua autonomia.
Quando se explicita a existência de leis ou múltiplas determinações (Marx) – causalidades
múltiplas (Humboldt) - que tem caráter natural e histórico, se subentende que os processos
também devem ser analisados em separado. Desta forma chegamos à geografia humana e ao
paradigma de formação sócio-espacial (M. Santos), assim como poderíamos chegar à
geografia física e ao paradigma de geossistema (Sotchava, C. A. Monteiro) ou de ecossistema
(Tricart, Ab´Saber). Em ambos, a intersecção entre sociedade e natureza, é uma parte
fundamental, mas não o todo.

                                                   3

        Importa ressaltar que, assim como a geografia clássica (Humboldt, Ritter), as
geografias conhecidas como tradicionais, tanto a da escola regional francesa (Vidal de la
Blache), quanto a da antropogeografia alemã (Ratzel), têm um olhar que contempla tanto a
sociedade, quanto a natureza. A ruptura é frente a busca da causalidade, que acaba,
incautamente, se restringindo à relação homem-meio, ferindo desta forma o princípio da
causalidade múltipla e garantindo um olhar aprisionado por um tempo histórico em que as
forças produtivas pertenciam, significativamente, ao mundo natural. O conceito de gênero
de vida tem este viés pré-capitalista. Daí a sua recusa em adentrar o universo das relações
entre os homens, em suas diferentes manifestações históricas e geográficas, limitando-se a
geografia às permanências, às descrições, já que se esvai a visão de processo.
(MAMIGONIAN, 2003) A geografia, respondendo a medidas bem determinadas com relação
ao espaço e ao tempo não pode limitar-se a ser puramente descritiva, ela é também genética.
(CHOLLEY, 1964)). Na genética encontra-se a elucidação dos processos da realidade
geográfica, levados a efeito por fenômenos de convergência. A consideração dos elementos
que entram na combinação e nas modificações de estrutura que daí resultam não é senão
relativa.(CHOLLEY, 1964)
    Certamente a cada estrutura corresponde um meio geográfico, que, se restrito à
combinação de elementos naturais, tem no tempo geológico, um referencial de periodização
dos processos; já no caso de um meio resultante de combinações mais complexas – aquelas
que resultam da convergência de elementos físicos, naturais e humanos, a consideração do
tempo histórico é fundamental.

                                                   4

        Assim como à geografia, é central ao materialismo histórico e dialético, a relação
sociedade-natureza. Para desvendá-la é necessária a localização no tempo e no espaço.
Ambas as visões tem a mesma origem filosófica alemã, sendo frutos do mesmo século. São
materialistas e são dialéticas, mas só o marxismo tem instrumental conceitual que contempla
a elucidação do histórico, da formação social, do mundo humano em sua dinâmica. É esta a
aproximação entre geografia e marxismo, entre espaço e sociedade, que justifica a
importância do paradigma de formação sócio-espacial.
                             "Como pudemos esquecer por tanto tempo esta inseparabilidade das
                             realidades e das noções de sociedade e de espaço inerentes à categoria de
                             formação social? Só o atraso teórico conhecido por essas duas noções pode
                             explicar que não se tenha procurado reuni-las num conceito único. Não se
                             pode falar de uma lei separada da evolução das formações espaciais. De
                             fato, é de formações sócio espaciais que se trata”.(SANTOS, M., 1982,
                             p.19)
Isto significa encontrar uma explicação que contenha a sincronia da sociedade em
escala planetária, se quisermos em escala universal, sem jamais perder de vista a
especificidade do "lugar". Nas palavras de Milton Santos, "o dado global, que é o conjunto
de relações que caracterizam uma dada sociedade, tem um significado particular para cada
lugar, mas este significado não pode ser apreendido senão ao nível da totalidade."(SANTOS,
1982, p. 23)


                                                  5

        Ao discutir a relação entre a categoria de formação social e geografia – ciência
definida pela diversidade dos homens e dos lugares – importa retomar os vários pontos de
aproximação entre geografia e marxismo, entre eles: preocupação pela totalidade, relação
sociedade/natureza, relação geral/regional ou unidade e diversidade, localização no tempo e
no espaço, inter-relação de múltiplos elementos ou múltiplas determinações . Para prosseguir
é necessário também resgatar o debate sobre a categoria de formação social, quando então se
impõe, para aprofundamento da investigação, a categoria de modo de produção. A definição
por oposição destes dois conceitos, um relativo à diversidade e unidade no tempo, o outro à
diversidade e unidade no espaço, ressaltou a interdependência destas categorias na análise de
qualquer realidade histórico-geográfica, ou seja, na análise das formações sócio-espaciais. O
conceito de modo de produção, inerente ao desvendar de uma formação social, ou melhor,
uma formação localizada no tempo e no espaço, ou seja, sócio-espacial, reacende “antigos” e
“calorosos” debates, apesar de ser considerado, por alguns, que sobre esta temática já “se
jogou uma pá de cal”.
        Como desvendar um processo histórico, seja na grande escala da história da formação
mundial, seja na escala regional das formações particulares, sem considerar os distintos
modos de produção, que traduzem distintos momentos da relação sociedade – natureza?
Incorporando a relação estabelecida entre modo de produção e formação social, a categoria
de formação sócio-espacial, não se identifica, per si, com nenhuma das duas e é ambas ao
mesmo tempo e no mesmo espaço. A independência relativa das categorias de modo de
produção, formação social e formação sócio-espacial, se contrapõe a sua total
interdependência na interpretação efetiva de uma dada realidade histórico-geográfica. Isto
quer dizer que sua dissociação só pode e deve ocorrer como procedimento metodológico
SANTOS, 1982, VIEIRA, 1992).
        A centralidade da relação sociedade/natureza tanto na geografia, quanto no
materialismo histórico e dialético, aprofunda a proximidade entre estes dois pensamentos de
"preocupações globalizantes",          que por isso mesmo trazem de origem a
interdisciplinaridade.Esta identidade faz com que a perspectiva teórica materialista histórica
e dialética seja a chave da síntese que a geografia tanto tem procurado. O espaço deve ser
tomado como encontro do social e do natural; como sociedade, que implica na relação
orgânica entre homem/natureza e como natureza, que existe independente do homem.
(SCHMIDT, 1976) Para concretizar interpretativamente este encontro, a geografia tem que
assumir que o seu ponto de partida, a localização física no espaço, contém a força do
"empírico", que não se explica por si mesmo, mas que é o que deve ser explicado. Este
empírico visto concretamente na especificidade dos lugares, não se explica por mais detalhes
que tenhamos em sua descrição, mas sem ele, sem o seu conhecimento, o único lugar a que
podemos chegar é o de generalizações apressadas. Não podemos correr este risco, perder a
essência, a diversidade dos homens e dos lugares, em nome de uma unidade vazia, sem
concretude. Se a localização contém o ponto de partida, assim como o ponto de chegada da
geografia, o materialismo histórico e dialético pode ser definido como uma teoria empírica
(SHAW, 1979, VIEIRA 1992), ou seja uma teoria que se realiza na interpretação de uma
realidade espacial e temporalmente localizada.
        Marxismo e geografia - nos seus princípios– são perfeitamente compatíveis. É esta
compatibilidade, dada pelo mesmo enfoque globalizante, pela relação entre o geral e o
particular, que coloca à prova a real apreensão da realidade, na análise de um espaço
geográfico específico, sem barreiras entre o geral e o particular. Esta proximidade entre
geografia e marxismo permite a elucidação da categoria de formação sócio-espacial, baseada
nos princípios da geografia como ciência da diversidade dos homens e dos lugares. Como
contribuição ao aprofundamento teórico e metodológico da geografia, e, em particular da
geografia humana, o debate sobre o paradigma de formação sócio-espacial deve ser
retomado, lembrando que este está impregnado de conteúdo geográfico e materialista
histórico e dialético, permitindo romper com o lugar como parte isolada do mundo, assim
como impedindo que as diferenças e potencialidades dos lugares se desvaneçam em nome,
não de um Mundo Só, mas de um mundo de dinâmica exclusiva dos países do centro do
sistema capitalista.


       Referências Bibliográficas

CHOLLEY, André (1964). Observações Sobre Alguns Pontos de Vista Geográficos. Boletim
Geográfico, n° 179 e 180. CNG: Rio de Janeiro.

BERGEVIN, Jean (1992). Determinisme et Géographie. Sainte – Foy (Canadá): Les Presses
de L’ Université Laval.

ENGELS, Friedrich (1985). Prefácio. In: A Dialética da Natureza. Rio de Janeiro: Paz e
Terra.

______ (1986). Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico. São Paulo/Rio de janeiro:
Global.

FEBVRE, Lucien (1991). A Terra e a Evolução Humana. Lisboa: Cosmos.

MAMIGONIAN, Armen (1999). Gênese e Objeto da Geografia: Passado e Presente. In:
Geosul, n.28, jul./dez..

_____(1996). A geografia e “A formação social como teoria e como método”. In: Souza,
Maria Adélia A. de (org.). O Mundo do Cidadão – Um Cidadão do Mundo. São Paulo:
Hucitec.

_____(1999a).Tendências Atuais da Geografia. In: Geosul, n.28, jul./dez.

_____(1997). Desenvolvimento Econômico e Questão Ambiental. Anais Semana de
Geografia Maringá/ PR.

_____(2003) . A Escola Francesa de Geografia e o Papel de A. Cholley. Cadernos
Geográficos (6). GCN:UFSC,2003.

PEREIRA, Raquel M. Fontes (1989). Da Geografia que se Ensina à Gênese da Geografia
Moderna.Florianópolis: UFSC.
SANTOS, Milton (1982). Espaço e Sociedade. Petrópolis: Vozes.

______(1986). Por uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, 1986.

SHAW, William H. (1979). Teoria Marxista da História. Rio de Janeiro:Zahar.

SCHMIDT, Alfred (1976). El Concepto de Naturaleza en Marx. México: Siglo Veintuno
Editores.

VIEIRA, Maria Graciana Espellet de Deus (1992). Formação Social Brasileira e Geografia:
reflexões sobre um debate interrompido. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Centro de
Filosofia e Ciências Humanas, UFSC, Florianópolis, 1992.

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Considerações a respeito do paradigma de formação sócio-espacial

  • 1. CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO PARADIGMA DE FORMAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL Maria Graciana Espellet de Deus Vieira gracianaedv@gmail.com Departamento de Geografia – UDESC Santa Catarina – Brasil Pretendemos aqui desenvolver algumas considerações a respeito do paradigma de formação sócio-espacial, explicitado teoricamente pelo geógrafo Milton Santos em seu artigo de 1977, intitulado Sociedade e Espaço: A Formação Social como Teoria e como Método. Escrito ainda no exílio, este trabalho foi editado, no espaço de um ano (l977-1978), em revistas científicas pertencentes a cinco países (França, Brasil, EUA, Venezuela, México), ou seja, em francês, português, inglês e espanhol, simultaneamente)1. Não podemos deixar de lembrar que os anos de 77 e 78 são marcantes para a vida política do Brasil, em verdadeira comoção pela "reabertura", que assinala o início do retorno dos brasileiros exilados pela ditadura militar. É nesta conjuntura que Milton Santos volta ao Brasil, quando é também publicado seu livro Por Uma Geografia Nova2, de grande influência então entre os geógrafos de ambas as áreas, - natural e social. Passados mais de 30 anos desta proposta teórica para a geografia, em especial para a geografia humana, percebemos que apesar dos avanços encontrados em relação à sua operacionalização no desvendar de uma determinada realidade histórico-geográfica, a sua importância e o seu debate, ainda hoje, se encontram velados no ambiente acadêmico geográfico (MAMIGONIAN,1996, VIEIRA, 1992) . Considerado por A. Mamigonian (1996, p.198) como o mais importante texto teórico de M. Santos, Sociedade e Espaço: A Formação Social como Teoria e como Método é “marco fundamental da renovação marxista da geografia humana atual”. Certamente a adoção deste paradigma, implica em posicionamentos a respeito de questões referentes à geografia propriamente dita, assim como ao debate marxista. É, pois, uma perspectiva que aproxima geografia e materialismo histórico e dialético, decorrendo desta característica, exigências de posicionamento teórico/empírico frente a ambos, na busca de desvendar, através desta aproximação, uma realidade histórica e geograficamente localizada, em que as diferentes escalas, temporais e espaciais se relacionem - uma formação sócio-espacial. 1 A geografia é um conhecimento que tem o mérito, desde a sua gênese como ciência, com Heródoto e Tucídides, na antiguidade grega, - em transição da barbárie para a escravidão - de tentar responder à necessidade humana de explicar o Mundo, como natureza (seja a primeira ou a segunda, ambas determinadas por leis naturais) e ou como sociedade, que segue leis de temporalidades distintas, históricas (MAMIGONIAN,1999). Quando na idade moderna, com Humboldt e Ritter, a geografia se reaviva como ciência - após os avanços frente ao obscurantismo do período feudal-cristão, quando o universo das idéias era 1 Santos, Milton. Societé et Espace: La Formation Social comme Théorie et comme Méthode, publicado nos Cahiers Internationaux de Sociologie, Paris, 1977, em português no Boletim Paulista de Geografia, 1977, n.34, em espanhol nos Cuadernos Venezolanos da Planificación, 1978, e na Revista Latino Americana de Economia, México, 1977, e em inglês na revista Antípoda, vo l .9, n.l, fev . 1977. (Estas informações constam no livro Por Uma Geografia Nova, p.199). 2 Santos, Milton. Por Uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, 1986. A primeira edição é de 1978.
  • 2. regido por uma visão de mundo unilateral e cristalizada, ditada pela Igreja – o faz reafirmando a visão globalizante, de multilateralidade, de processo, presente na antiguidade grega ((ENGELS, 1985, 1986) e revigorada filosoficamente, no período moderno por Kant e Hegel. É interessante ressaltar que é na formação social da Alemanha, atrasada frente à transição feudalismo / capitalismo, que nasce a geografia moderna, se recusando a seguir no pensamento a especialização em processo, decorrente da divisão científica do trabalho, determinada pelo capitalismo. (PEREIRA, 1989, MAMIGONIAN, 1999) Natureza e sociedade seguem sendo objeto desta área do conhecimento, mas agora com uma expressiva vantagem, a possibilidade de relacionar a geografia geral, que coloca questões referentes à dinâmica da natureza, de forma matemática (circunferência terrestre, zonas climáticas, rítmo das cheias etc) com a geografia regional (MARTONNE, 1953, MAMIGONIAN, 1999a, 1997). Somente o conhecimento empírico do globo, que os gregos não possuíam, permite atestar a questão da totalidade e unidade terrestre, um princípio fundamental da geografia (Humboldt). Tudo está interligado, como nos diz Humboldt. Mas este princípio aliado ao da localização ou extensão (Ratzel), garantem a apropriação da diversidade manifesta em diferentes espaços e tempos, fruto de uma múltipla causalidade, factível de análise, através de comparações e analogias. Temos aí outros dois princípios fundamentais à geografia, o da causalidade (Humboldt) e o da comparação/analogia (Ritter), que permitirão o relacionamento entre o geral e o particular. (PEREIRA, 1989). Este mútuo enriquecimento entre a unidade e a diversidade, o geral e o regional, entre o gênero e a espécie (SANTOS, 1982), é o que embasa a estruturação dialética deste pensamento científico. Estes princípios apontam, mas não desvelam a essência da geografia como realidade e como conhecimento. A de ser uma ciência que abrange a sociedade e a natureza, como complexos particulares, regidos por leis históricas e naturais, relacionadas numa totalidade, fruto de combinações de elementos de ordem física, biológica e humana – localizadas no espaço e no tempo - das quais decorrem, com o desenrolar do processo de desenvolvimento da humanidade, grandes complexidades. (CHOLLEY, 1964) 2 A questão da relação sociedade/natureza é uma riqueza, mas ao mesmo tempo, um dilema da geografia. Quantos debates? Quantos posicionamentos? Certamente o principal, ou o mais difundido, foi o que se travou envolvendo pensadores de três grandes áreas do conhecimento, pertencentes a duas formações sócio-espaciais distintas, a alemã e a francesa: Antropogeografia (Ratzel), Sociologia (Durkheim) e História (Lucien Febvre). (FEBVRE,1991, BERGEVIN, 1992, CHOLLEY, 1964) Nele é de grande esclarecimento a máxima de Ratzel em relação à sociologia francesa: para os sociólogos, as relações sociais se dão no ar. O que nos ensina isto? A fundamentabilidade para o conhecimento de uma sociedade, da sua localização no espaço. Na localização geográfica está implícita "a unidade contraditória entre o social e o natural" (MAMIGONIAN, 1999a, VIEIRA, 1992). Disto não se deve esquecer, pois caso contrário como poderíamos falar em formações sócio-espaciais? Mas a apropriação deste debate - que em geral é visto de forma a omitir as querelas entre sociologia e geografia, inclusive entre as quais poderíamos inferir, a não menos importante, de que à geografia não interessariam as questões relativas às relações sociais de produção – se deu através da redução do nosso leque de preocupação à relação homem-meio, perdendo de certa forma a visão global dos dois grandes complexos e ficando restritos aos fenômenos de intersecção dos mesmos. A preocupação por causalidade se prende à “rigidez do esquema possibilismo-determinismo nas relações homem-meio”. (MAMIGONIAN, 1999, 1999a) É determinista, é possibilista? Como se a realidade geográfica se explicasse somente
  • 3. pela intersecção entre natureza e sociedade, como se não houvesse uma complexidade maior, exigindo que as combinações naturais e sociais sejam tomadas também em sua autonomia. Quando se explicita a existência de leis ou múltiplas determinações (Marx) – causalidades múltiplas (Humboldt) - que tem caráter natural e histórico, se subentende que os processos também devem ser analisados em separado. Desta forma chegamos à geografia humana e ao paradigma de formação sócio-espacial (M. Santos), assim como poderíamos chegar à geografia física e ao paradigma de geossistema (Sotchava, C. A. Monteiro) ou de ecossistema (Tricart, Ab´Saber). Em ambos, a intersecção entre sociedade e natureza, é uma parte fundamental, mas não o todo. 3 Importa ressaltar que, assim como a geografia clássica (Humboldt, Ritter), as geografias conhecidas como tradicionais, tanto a da escola regional francesa (Vidal de la Blache), quanto a da antropogeografia alemã (Ratzel), têm um olhar que contempla tanto a sociedade, quanto a natureza. A ruptura é frente a busca da causalidade, que acaba, incautamente, se restringindo à relação homem-meio, ferindo desta forma o princípio da causalidade múltipla e garantindo um olhar aprisionado por um tempo histórico em que as forças produtivas pertenciam, significativamente, ao mundo natural. O conceito de gênero de vida tem este viés pré-capitalista. Daí a sua recusa em adentrar o universo das relações entre os homens, em suas diferentes manifestações históricas e geográficas, limitando-se a geografia às permanências, às descrições, já que se esvai a visão de processo. (MAMIGONIAN, 2003) A geografia, respondendo a medidas bem determinadas com relação ao espaço e ao tempo não pode limitar-se a ser puramente descritiva, ela é também genética. (CHOLLEY, 1964)). Na genética encontra-se a elucidação dos processos da realidade geográfica, levados a efeito por fenômenos de convergência. A consideração dos elementos que entram na combinação e nas modificações de estrutura que daí resultam não é senão relativa.(CHOLLEY, 1964) Certamente a cada estrutura corresponde um meio geográfico, que, se restrito à combinação de elementos naturais, tem no tempo geológico, um referencial de periodização dos processos; já no caso de um meio resultante de combinações mais complexas – aquelas que resultam da convergência de elementos físicos, naturais e humanos, a consideração do tempo histórico é fundamental. 4 Assim como à geografia, é central ao materialismo histórico e dialético, a relação sociedade-natureza. Para desvendá-la é necessária a localização no tempo e no espaço. Ambas as visões tem a mesma origem filosófica alemã, sendo frutos do mesmo século. São materialistas e são dialéticas, mas só o marxismo tem instrumental conceitual que contempla a elucidação do histórico, da formação social, do mundo humano em sua dinâmica. É esta a aproximação entre geografia e marxismo, entre espaço e sociedade, que justifica a importância do paradigma de formação sócio-espacial. "Como pudemos esquecer por tanto tempo esta inseparabilidade das realidades e das noções de sociedade e de espaço inerentes à categoria de formação social? Só o atraso teórico conhecido por essas duas noções pode explicar que não se tenha procurado reuni-las num conceito único. Não se pode falar de uma lei separada da evolução das formações espaciais. De fato, é de formações sócio espaciais que se trata”.(SANTOS, M., 1982, p.19)
  • 4. Isto significa encontrar uma explicação que contenha a sincronia da sociedade em escala planetária, se quisermos em escala universal, sem jamais perder de vista a especificidade do "lugar". Nas palavras de Milton Santos, "o dado global, que é o conjunto de relações que caracterizam uma dada sociedade, tem um significado particular para cada lugar, mas este significado não pode ser apreendido senão ao nível da totalidade."(SANTOS, 1982, p. 23) 5 Ao discutir a relação entre a categoria de formação social e geografia – ciência definida pela diversidade dos homens e dos lugares – importa retomar os vários pontos de aproximação entre geografia e marxismo, entre eles: preocupação pela totalidade, relação sociedade/natureza, relação geral/regional ou unidade e diversidade, localização no tempo e no espaço, inter-relação de múltiplos elementos ou múltiplas determinações . Para prosseguir é necessário também resgatar o debate sobre a categoria de formação social, quando então se impõe, para aprofundamento da investigação, a categoria de modo de produção. A definição por oposição destes dois conceitos, um relativo à diversidade e unidade no tempo, o outro à diversidade e unidade no espaço, ressaltou a interdependência destas categorias na análise de qualquer realidade histórico-geográfica, ou seja, na análise das formações sócio-espaciais. O conceito de modo de produção, inerente ao desvendar de uma formação social, ou melhor, uma formação localizada no tempo e no espaço, ou seja, sócio-espacial, reacende “antigos” e “calorosos” debates, apesar de ser considerado, por alguns, que sobre esta temática já “se jogou uma pá de cal”. Como desvendar um processo histórico, seja na grande escala da história da formação mundial, seja na escala regional das formações particulares, sem considerar os distintos modos de produção, que traduzem distintos momentos da relação sociedade – natureza? Incorporando a relação estabelecida entre modo de produção e formação social, a categoria de formação sócio-espacial, não se identifica, per si, com nenhuma das duas e é ambas ao mesmo tempo e no mesmo espaço. A independência relativa das categorias de modo de produção, formação social e formação sócio-espacial, se contrapõe a sua total interdependência na interpretação efetiva de uma dada realidade histórico-geográfica. Isto quer dizer que sua dissociação só pode e deve ocorrer como procedimento metodológico SANTOS, 1982, VIEIRA, 1992). A centralidade da relação sociedade/natureza tanto na geografia, quanto no materialismo histórico e dialético, aprofunda a proximidade entre estes dois pensamentos de "preocupações globalizantes", que por isso mesmo trazem de origem a interdisciplinaridade.Esta identidade faz com que a perspectiva teórica materialista histórica e dialética seja a chave da síntese que a geografia tanto tem procurado. O espaço deve ser tomado como encontro do social e do natural; como sociedade, que implica na relação orgânica entre homem/natureza e como natureza, que existe independente do homem. (SCHMIDT, 1976) Para concretizar interpretativamente este encontro, a geografia tem que assumir que o seu ponto de partida, a localização física no espaço, contém a força do "empírico", que não se explica por si mesmo, mas que é o que deve ser explicado. Este empírico visto concretamente na especificidade dos lugares, não se explica por mais detalhes que tenhamos em sua descrição, mas sem ele, sem o seu conhecimento, o único lugar a que podemos chegar é o de generalizações apressadas. Não podemos correr este risco, perder a essência, a diversidade dos homens e dos lugares, em nome de uma unidade vazia, sem concretude. Se a localização contém o ponto de partida, assim como o ponto de chegada da geografia, o materialismo histórico e dialético pode ser definido como uma teoria empírica
  • 5. (SHAW, 1979, VIEIRA 1992), ou seja uma teoria que se realiza na interpretação de uma realidade espacial e temporalmente localizada. Marxismo e geografia - nos seus princípios– são perfeitamente compatíveis. É esta compatibilidade, dada pelo mesmo enfoque globalizante, pela relação entre o geral e o particular, que coloca à prova a real apreensão da realidade, na análise de um espaço geográfico específico, sem barreiras entre o geral e o particular. Esta proximidade entre geografia e marxismo permite a elucidação da categoria de formação sócio-espacial, baseada nos princípios da geografia como ciência da diversidade dos homens e dos lugares. Como contribuição ao aprofundamento teórico e metodológico da geografia, e, em particular da geografia humana, o debate sobre o paradigma de formação sócio-espacial deve ser retomado, lembrando que este está impregnado de conteúdo geográfico e materialista histórico e dialético, permitindo romper com o lugar como parte isolada do mundo, assim como impedindo que as diferenças e potencialidades dos lugares se desvaneçam em nome, não de um Mundo Só, mas de um mundo de dinâmica exclusiva dos países do centro do sistema capitalista. Referências Bibliográficas CHOLLEY, André (1964). Observações Sobre Alguns Pontos de Vista Geográficos. Boletim Geográfico, n° 179 e 180. CNG: Rio de Janeiro. BERGEVIN, Jean (1992). Determinisme et Géographie. Sainte – Foy (Canadá): Les Presses de L’ Université Laval. ENGELS, Friedrich (1985). Prefácio. In: A Dialética da Natureza. Rio de Janeiro: Paz e Terra. ______ (1986). Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico. São Paulo/Rio de janeiro: Global. FEBVRE, Lucien (1991). A Terra e a Evolução Humana. Lisboa: Cosmos. MAMIGONIAN, Armen (1999). Gênese e Objeto da Geografia: Passado e Presente. In: Geosul, n.28, jul./dez.. _____(1996). A geografia e “A formação social como teoria e como método”. In: Souza, Maria Adélia A. de (org.). O Mundo do Cidadão – Um Cidadão do Mundo. São Paulo: Hucitec. _____(1999a).Tendências Atuais da Geografia. In: Geosul, n.28, jul./dez. _____(1997). Desenvolvimento Econômico e Questão Ambiental. Anais Semana de Geografia Maringá/ PR. _____(2003) . A Escola Francesa de Geografia e o Papel de A. Cholley. Cadernos Geográficos (6). GCN:UFSC,2003. PEREIRA, Raquel M. Fontes (1989). Da Geografia que se Ensina à Gênese da Geografia Moderna.Florianópolis: UFSC.
  • 6. SANTOS, Milton (1982). Espaço e Sociedade. Petrópolis: Vozes. ______(1986). Por uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, 1986. SHAW, William H. (1979). Teoria Marxista da História. Rio de Janeiro:Zahar. SCHMIDT, Alfred (1976). El Concepto de Naturaleza en Marx. México: Siglo Veintuno Editores. VIEIRA, Maria Graciana Espellet de Deus (1992). Formação Social Brasileira e Geografia: reflexões sobre um debate interrompido. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, UFSC, Florianópolis, 1992.