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                      MATERIAL DE GEOGRAFIA

                                                     UDESC – SEGUNDA FASE



      Caro aluno(a), abaixo você irá encontrar dados, notícias, textos e
informações que poderão lhe auxiliar nesta segunda fase da UDESC.
Disponibilizo este material, formado com compilação de várias fontes, para todos
os candidatos que terão a prova de Geografia nesta última etapa do vestibular. Para
facilitar os seus estudos de revisão procurei disponibilizar mapas, tabelas e
gráficos. O meu objetivo com o uso desta linguagem é lhe proporcionar o máximo
de informações sobre assuntos importantes da Geografia neste tempo que nos
resta. Os textos que acompanham o material são de assuntos atuais que podem ser
contemplados em algumas provas
      Para relembrar os assuntos pertinentes ao estudo de Santa Catarina, acesse
as aulas em Power Point na internet. O endereço é www.slideshare.net/GeoStudos
Procure explorar ao máximo as informações e textos disponibilizados no material
e na internet.
      Por enquanto, dedique-se e tenha bons estudos. A persistência é o segredo
do sucesso.
      No seu processo seletivo, faça a prova com muita tranqüilidade e confiança.
Desejo boa sorte e uma excelente prova.
                                                                      Atenciosamente
                                                                          André Peron
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Apagao Energetico
1. O Brasil corre o risco de sofrer um novo apagão?
Sim. A oferta de eletricidade no país, por exemplo, vem crescendo num ritmo inferior ao do consumo. Segundo os
números disponíveis, as duas taxas se equilibram atualmente - ou seja, estamos no limite. Por isso, é provável que o
fantasma do apagão volte em 2010, considerando-se um crescimento do PIB de 4,5% ao ano até lá.

2. O que pode ser feito a curto prazo?
Segundo especialistas do setor, é possível adotar medidas positivas em várias áreas, tais como:
- simplificar os procedimentos para a instalação de novas usinas hidrelétricas, principal fonte de energia do país;
- estimular a concorrência no fornecimento de gás natural, atualmente sob monopólio da Petrobras;
- tornar atrativo o preço da energia gerada pelas usinas de bagaço de cana.

3. Qual a responsabilidade do governo no tema?
Estudos mostram que o governo Lula não iniciou nenhuma grande obra de geração de energia. Mais de 90% das
usinas inauguradas pelo petista foram licitadas nos anos de Fernando Henrique Cardoso. Desde 2003, 17.500
megawatts foram acrescentados à matriz energética. Desses, apenas 1.700 megawatts foram contratados durante a
atual administração, energia suficiente para abastecer não mais do que 5 milhões de residências.

4. Qual o peso do gás na matriz energética brasileira?
Desde o apagão de 2001, os governos procuram convencer os brasileiros de que o gás natural é um ótimo substituto
para a energia hidrelétrica e a gasolina. Seu consumo foi largamente estimulado. Deu certo. Desde 2000, sua
utilização cresceu 120%; em 2006, o produto já respondia por cerca de 10% de toda a matriz energética nacional.
Seu uso é atualmente imprescindível não apenas no 1,5 milhão de veículos e nas dezenas de fábricas que o utilizam,
mas também, de forma emergencial, na geração de energia elétrica. Durante os períodos de estiagem, quando cai o
nível dos reservatórios, são acionadas as cerca de vinte usinas termelétricas movidas a gás inauguradas depois do
apagão.

5. De onde vem o gás que o Brasil utiliza?
Todo o gás natural no Brasil é fornecido pela Petrobras. Metade dele vem da Bolívia, e o restante, de poços
brasileiros. O fornecimento aos consumidores finais, como indústrias, é feito por meio de distribuidoras privadas.

6. O que ocasionou o corte no fornecimento de gás?
O racionamento de outubro de 2007 decorre pura e simplesmente da falta de planejamento de longo prazo e do
baixo nível de investimento em infra-estrutura no país. Ninguém se importaria com a escassez de gás se os projetos
de novas usinas hidrelétricas tivessem saído do papel. Como questões ambientais e regulatórias travam esses
investimentos, ampliou-se a necessidade do gás de origem termelétrica. Já o baixo nível dos reservatórios não seria
tão dramático em tempos de seca se houvesse mais fontes de gás no país. Mas não há uma coisa nem outra.

7. O setor do gás enfrenta outros problemas?
O gasoduto Brasil-Bolívia, que representa metade do consumo nacional, está no seu limite. O projeto de ampliá-lo
não foi adiante nem será agora com o risco político representado pelo fanfarrão presidente boliviano Evo Morales.
A Petrobras preferiu dedicar-se de corpo e alma à meta de atingir a auto-suficiência em petróleo. Outro ponto a ser
considerado é a falta de concorrência no fornecimento do combustível. Em tese, qualquer empresa privada poderia
competir com a Petrobras na produção de gás. O problema é que os gasodutos existentes estão nas mãos da
Petrobras. Haveria a possibilidade de importar gás liquefeito, mas a infra-estrutura portuária necessária para isso
ainda não existe. Na prática, o fornecimento de gás no país depende apenas do planejamento de uma única empresa.

8. A megajazida de petróleo e gás de Tupi, na Bacia de Santos, pode resolver o problema do gás no Brasil?
Ainda é cedo para saber. Por enquanto, a certeza é de que as reservas de petróleo são realmente gigantes - cerca de
8 bilhões de barris, o que eleva em mais de 50% o estoque brasileiro, atualmente nos 14 bilhões. Mas a Petrobras,
responsável pelas pesquisas, ainda não precisou o tamanho das reservas de gás. De qualquer forma, mesmo no caso
do petróleo, os benefícios econômicos da descoberta só virão literalmente à superfície por volta de 2013, quando
deve começar a exploração em escala comercial da megajazida de Tupi.

9. Um eventual apagão energético pode colocar em risco o crescimento do país?
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Sim. Nos últimos quinze anos, o país vem se integrando cada vez mais à economia mundial, e nunca antes o acesso
a bens foi tão disseminado. O consumo avançou tão rapidamente que o Brasil começa a trombar cada vez mais em
seus limites. As reformas foram feitas pela metade, ainda falta muito a privatizar e inexiste planejamento de longo
prazo. Enquanto não houver investimentos em hidrelétricas e em novas fontes de gás, esse mesmo roteiro virá
sempre à tona. Até lá, a sorte do país estará nas mãos das chuvas de São Pedro e do gás de Evo Morales.

10. A escassez de energia pode provocar um aumento de tarifas?
Sim. Logo após o corte de fornecimento de gás no Rio e em São Paulo, em outubro de 2007, a Petrobras avisou que
estimava um aumento de 25% no produto no ano seguinte. Mas o quadro já é ruim. Comparando-se o preço da
eletricidade para novos projetos industriais no Brasil às tarifas do resto do mundo, chega-se a uma conclusão
surpreendente. Embora consumam sobretudo energia de fonte hídrica, 25% mais barata do que a nuclear, os
brasileiros pagam tarifas mais caras do que na França, onde a energia nuclear reina absoluta. Isso ocorre por causa
de uma série de fatores, todos desastrosos. O maior deles é a carga tributária. Ela representa metade do valor da
conta de luz dos brasileiros
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         OBSTÁCULO AO CRESCIMENTO ECONÔMICO?
          O desequilíbrio da matriz brasileira de transportes acarreta altíssimos custos de circulação da mercadoria,
que repercutem tanto nas exportações, interferindo na competitividade do produto nacional no exterior, quanto no
preço final do produto dentro do país. Esta última conseqüência acarreta a diminuição do consumo e, por tabela, a
retração da economia.
          Além dos altos custos, a malha rodoviária apresenta problemas relacionados à própria estrutura: segundo
dados de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em 2006, 78% das rodovias
brasileiras são classificadas como péssimas, ruins ou deficientes. As rodovias de melhor qualidade são as que foram
submetidas à exploração de concessionárias. Os trechos explorados por consórcios privados já somam cerca de 10
mil quilômetros de rodovias.
          O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) implantado no país com o objetivo de melhorias
estruturais capazes de dar suporte ao crescimento econômico, pressupõe modificações nos diversos setores sociais.
Uma parte dos investimentos, suficiente para tornar razoável o estado das rodovias do país, foi prevista pelo PAC
para que seja aplicada até o ano de 2009.
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        Qualquer meta de crescimento nacional está atrelada a uma maior necessidade de escoamento de
mercadorias, a exemplo do crescimento nos setores agrícolas, e a um fluxo mais intenso de pessoas, o que torna de
fundamental importância os investimentos nas melhorias das matrizes de transporte do país.

  CONCESSÕES DE RODOVIAS FEDERAIS




          O mapa acima mostra o lote de concessão de rodovias federais no Brasil. É importante uma
  análise deste lote, pois pela primeira vez será cobrado pedágio nas rodovias federais em Santa
  Catarina. A ampliação do setor de transportes do Brasil é fundamental para o crescimento econômico
  do Brasil. A privatização, por meio de concessões, é a estratégia para manutenção e ampliação da
  infra-estrutura dos meios de transporte no Brasil.

        O USO DO SOLO
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            O mapa abaixo apresenta a ocupação do solo no Brasil. Analise as informações e procure
    lembrar dos seguintes aspectos:
            - Megalópole é o conceito que utilizamos para explicar a união do espaço urbano, ou seja, o
    processo de conurbação, de duas ou mais metrópoles. A megalópole nacional é formada por SP1 e
    RJ. Em categorias diferentes, estas cidades também são “cidades globais”, pela conexão econômica,
    cultural e informacional que possuem com o espaço mundial. Além disso pelo tamanho de sua
    população, que ultrapassa 10 milhões de habitantes, também são consideradas Megacidades. Os
    problemas urbanos, como o trânsito, a poluição do ar, da água, do solo, o acúmulo de lixo, que
    também é comum em outras metrópoles e centros urbanos do Brasil, se torna mais intenso nas
    megacidades brasileiras devido ao tamanho e a complexidade de suas atividades.
            - A área adjacente da megalópole, na Região Sudeste e Sul do Brasil, é assinalada no mapa
    como uma área mais urbanizada e industrializada. É importante lembrar que este fato é conseqüência
    do processo de concentração e desconcentração industrial que marcou a economia brasileira na
    segunda metade do século XX. A infra-estrutura em transportes e energia, a disponibilidade de
    matéria-prima o mercado consumidor, o acordo comercial do MERCOSUL e os avanços no meios de
    transportes e comunicação foram fatores que determinaram essa dinâmica espacial no país.
            - As áreas modernas de agricultura e pecuária que o mapa apresenta são as produções com
    emprego de alta tecnologia. Soja, , café, algodão, laranja, arroz, fumo, animais, etc. são produções
    para a exportação que se destacam nessas áreas. A expansão dessas atividades econômicas é chamada
    de fronteiras agrícolas. Atualmente esta é mais uma ameaça ao espaço da Amazônia, o que também
    pode ser observado no mapa. A cana-de-açucar está em áreas modernas e de agricultura tradicional.
    A maior parte do alimentos que o brasileiro consome vem das áreas de cultivo tradicional e de
    pequenas e médias propriedades do Brasil.




1
 Há um erro de edição no mapa. O centro econômico do Brasil é SP e não o interior do Paraná como aparece
quando a legenda é analisada.
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        A REFORMA AGRÁRIA
             A modificação da estrutura agrária de um país ou região, com vista a uma distribuição
mais eqüitativa da terra e da renda agrícola, é a definição mais usual de reforma agrária. Como
geralmente acontece com as conceituações sintéticas, nela está apenas implícita uma idéia-chave para
o seu entendimento: de que se trata de uma intervenção deliberada do Estado nos alicerces do setor
agrícola. Para corrigir a disparidade social que opõe a enorme massa dos que trabalham a terra a um
pequeno número de grandes proprietários, é necessário que se faça uma opção governamental por
uma determinada linha de desenvolvimento econômico.
             Assim, uma reforma agrária não surge nunca de uma decisão repentina de um general,
de um partido, de uma equipe governamental, ou mesmo de uma classe social. Ela é sempre o
resultado de pressões sociais contrárias e, ao mesmo tempo, é limitada por essas mesmas pressões.
Em outras palavras, depende diretamente da evolução da conjuntura política do país.
             Desde o final da Segunda Guerra Mundial a reforma agrária passou a ser um dos
elementos essenciais das estratégias de desenvolvimento econômico. Todas as organizações
econômicas, a começar pela ONU (Organização das Nações Unidas), incentivam a sua realização. Os
relatórios do Banco Mundial não desistem de chamar a atenção para a “urgência” de se executar
reformas agrárias nos países subdesenvolvidos que lhe solicitam empréstimos. Enfim, há uma
surpreendente unanimidade quanto à tese de que a reforma agrária é um requisito essencial do
desenvolvimento econômico, e em todas essas recomendações está presente o adágio tornado célebre
por John Kennedy: “Aqueles que fazem a reforma pacífica impossível tornam a mudança violenta
inevitável”.
             A reforma só se colocou verdadeiramente como uma exigência social premente em
países ou regiões em que existia uma grande massa de lavradores impedidos de ter acesso à
propriedade da terra. Só em situações desse tipo é que ganhou força social a idéia de que a terra deve
pertencer a quem trabalha. Nos dias de hoje, o que mais impede que os lavradores tenham acesso à
terra é a concentração da propriedade fundiária nas mãos das chamadas “oligarquias”, isto é, um
pequeno número de famílias ricas, influentes e poderosas. Esses grandes proprietários, ao invés de se
dedicarem à exploração produtiva, detêm grandes áreas com fins meramente especulativos. Essa é
uma característica bastante comum nos países do Terceiro Mundo, em que os latifúndios se
constituíram durante a época colonial. O Brasil, como muitas outras nações latino-americanas,
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oferece um bom exemplo. Sua formação econômica acabou favorecendo a permanência de enormes
domínios nas mãos de poucas famílias.
             Até hoje, todas as tentativas feitas no Brasil para se optar por uma saída democrática
para a questão agrária acabam sendo frustradas por uma reação autoritária e violenta das classes
dominantes. A realização de uma reforma agrária neste país está, nesse sentido, intimamente ligada
aos chamados “caminhos da transição” do regime ditatorial a um regime democrático. O quadro atual
da vida brasileira aponta para uma urgência de mudanças no sentido de se encontrar soluções que não
excluam, mais uma vez, a participação dos segmentos populares da sociedade. E a participação da
cidadania exige também o estabelecimento de um novo modelo econômico, destinado a uma
distribuição menos desigual da renda nacional, de tal modo que o Estado desenvolva uma política
social que beneficie concretamente o conjunto dos trabalhadores, em especial rurais.
             (VEIGA, José Eli. O que é reforma agrária. São Paulo, Brasiliense, 1981.)
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    A GRANDE NOVIDADE...



                                                              As rochas pré-sal situam-
                                                              se a mais de 5000 metros
                                                              de     profundidade     e
                                                              estendem-se do Espírito
                                                              Santo a Santa Catarina.




                                                                                 2.140m Bacia de
                                                                                         Santos
• Só com tecnologia avançada é possível dar
viabilidade econômica a reservas localizadas a
1 000 metros, o que é mais de três vezes a
maior profundidade operada anteriormente
pela Petrobras.

•  O primeiro poço perfurado pela empresa em
rocha pré-sal custou 240 milhões de dólares e
levou um ano para ser feito.

• Atualmente, esse custo caiu para 60 milhões
de dólares e o prazo para 60 dias.

                                                                       7.000m Petróleo na área de
                                                                                            Tupi




  Santa Catarina acompanha com interesse redobrado o debate em torno do potencial
petrolífero da camada pré-sal. O Estado, que vive há 17 anos uma briga com o Paraná
pelos royalties do petróleo, vê nesta nova fase do mercado nacional a oportunidade de
resgatar para os catarinenses um patrimônio que parecia perdido.
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QUALIDADE DE VIDA NO BRASIL
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                                                                            O Pnud considera, em sua
                                                                    base de dados referente a 2004,
                                                                    que os brasileiros têm uma
                                                                    esperança de vida ao nascer de
                                                                    70,8 anos. Mas o IBGE, em 2005,
calculou que esse índice já chegou a 71,9 anos. A esperança de vida é a estimativa do número de anos
que vão viver, em média, as pessoas nascidas em um determinado ano.
        Também houve avanços ainda não medidos no campo da educação. A taxa de alfabetização
da população com 15 anos ou mais subiu de 88,6% em 2004 para 88,9% em 2005. Outro indicador
considerado é a taxa bruta de matrículas, que estima o percentual de cidadãos excluídos do sistema
educacional. Nesse caso ainda não há números atualizados, mas a tendência tem sido de melhora nos
últimos anos.
        O novo IDH não significa que, de um dia para o outro, o Brasil se transformou em paraíso
social. O corte de 0,800 é arbitrário e o conceito de desenvolvimento humano é subjetivo. Estatísticas
às vezes ocultam aspectos da realidade - dois países com a mesma renda per capita podem ser
completamente distintos se, em um deles, a elite abocanha a maior parte da riqueza.
        Mesmo com as ressalvas, não há como negar que o IDH é um dos melhores parâmetros de
avaliação da eficácia das políticas públicas. E ele mostra que o país está avançando, há muito tempo.
Se a miséria não foi eliminada, é cada vez menor seu peso relativo no conjunto da sociedade.
        No ano passado, mesmo antes do recálculo do PIB, o Brasil já foi apontado no Relatório de
Desenvolvimento Humano do Pnud como exemplo de melhoria na distribuição de renda. quot;A boa
notícia é que a desigualdade extrema não é algo imutável. Nos últimos cinco anos, o Brasil, um dos
países mais desiguais do mundo, tem combinado um sólido desempenho econômico com declínio na
desigualdade de rendimentos (...) e na pobrezaquot;, dizia o texto.
        Certamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva relacionará a melhora do índice aos
programas sociais de seu governo. Terá bons argumentos: com Bolsa-Família, valorização do salário
mínimo e quase 5 milhões de novos empregos formais, a renda dos mais pobres de fato cresceu, o que
amplia acesso a alimentos e remédios e tem impacto direto no aumento da longevidade. Mas foi no
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  governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, que a educação básica foi praticamente
  universalizada.




SAIBA MAIS SOBRE AS USINAS DO RIO MADEIRA
O processo de licitação da usina hidrelétrica de Santo Antônio (RO) foi
marcado por polêmicas relacionadas às condições de concorrência e aos
impactos ambientais e sociais.
Por que a iniciativa é tão polêmica?
Ambientalistas e o Ministério Público se dizem preocupados com o impacto
da obra sobre uma região tão rica em biodiversidade e sobre as populações
ribeirinhas.
Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) considerou os custos
da obra superestimados e, além disso, contratos de exclusividade da
Odebrecht com a estatal Furnas e com fornecedores de equipamentos
levantaram suspeitas sobre as condições de concorrência.                     Ambientalistas se dizem preocupados
Críticos também questionam se uma obra desse porte tão longe dos com impacto sobre biodiversidade da
principais centros consumidores de energia seria a melhor opção para o região
país.
Por que as usinas são importantes?                                           www.bbc.co.uk/portuguese
A capacidade de produção de energia elétrica do país está próxima do limite
e existe risco de desabastecimento se a economia crescer de forma mais acelerada.
A garantia de fornecimento de energia futura também dá segurança a empresários que planejam investir no país.
Os defensores do projeto dizem que o Brasil precisa dessa energia e que tem de buscá-la na Amazônia porque é lá
que está 60% do potencial hídrico do país.
As novas usinas acabam com o risco de apagão elétrico?
Não acabam com o risco de falta de energia nos próximos anos, mas diminuem os riscos de falta de energia mais
para a frente, especialmente a partir de 2012.
Qual são as principais preocupações com o meio ambiente?
Evitar o desaparecimento de determinadas espécies de peixe, que terão a sua rota migratória interrompida pelas
barragens, evitar o acúmulo de sedimentos na represa e diminuir o impacto para as populações ribeirinhas que
vivem da pesca e da agricultura nas áreas de várzea durante a época da seca.
Qual foi a polêmica em torno da licença ambiental?
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O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) concedeu a licença prévia
para os dois empreendimentos em julho deste ano, após ter feito uma série de questionamentos e pedidos de
complementação nos estudos de impacto ambiental, concluídos em maio de 2006.
A demora incomodou setores do governo como a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A licença acabou
saindo com 33 condicionantes.
Quais são as condicionantes?
O Ibama exige, por exemplo, que as ensecadeiras (paredões de concreto) construídas durante a obra sejam
demolidas, para facilitar o fluxo de sedimentos e larvas de peixes.
Outra condicionante é a construção de um canal artificial para os peixes continuem subindo o rio para se reproduzir.
Também estão previstos programas de monitoramento para avaliar o risco de uma acumulação excessiva de
mercúrio nos reservatórios e o dépósito de sedimentos.
Quais são as principais críticas ambientais ao projeto?
Os ambientalistas também dizem que os estudos avaliaram uma parte muito pequena do rio, a do trecho
imediatamente afetado pelas usinas, e não permitem antever os efeitos que as obras poderão ter em toda a dinâmica
do rio.
Segundo eles, as análises deveriam ter coberto toda a bacia do Madeira.
Como os empreendedores respondem a essas críticas?
O consórcio Furnas Odebrecht, que realizou os estudos de impacto ambiental, afirma que a lei não determinava que
o estudo fosse feito em toda a bacia.
Eles dizem ainda que a tecnologia prevista no projeto minimiza o impacto ambiental em relação a outras
hidrelétricas.
Como funciona essa tecnologia?
Nas chamadas usinas a fio d'água, as turbinas estão deitadas e são movidas pela correnteza, não por uma queda
d'água, o que, segundo o consórcio, não altera muito a velocidade normal da água e por isso reduz a acumulação de
matéria orgânica.
Segundo Furnas/Odebrecht, esse sistema torna nulos os riscos de assoreamento do rio e do acúmulo de níveis
perigosos de mercúrio.
As hidrelétricas não são consideradas uma fonte de energia limpa?
Alguns ambientalistas questionam isso por causa das emissões de metano que elas geram e do alagamento, que
interfere na dinâmica de cheia e seca, da qual dependem diversas espécies.
Além disso, pelo deslocamento de pessoas que essas obras envolvem, o impacto social também é considerado
grande. Essa corrente defende usinas menores, com menor impacto no meio ambiente, uso de fontes alternativas de
energia como o sol e o vento e diminuição do o desperdício de energia.
Outros dizem que a energia hidrelética ainda é preferível a fontes mais poluentes como o carvão e óleo diesel.
Por que o leilão foi adiado tantas vezes?
O governo argumentava que a concorrência precisava ser assegurada para garantir um menor preço da energia ao
consumidor.
Até setembro, o único consórcio que se manifestava interessado em participar da licitação era o formado por
Furnas, subsidiária da Eletrobras, com a construtora Norberto Odebrecht.
Outras empresas diziam relutar entrar na disputa por causa de um contrato de exclusividade do consórcio com
fornecedores de geradores e turbinas previstos no projeto.
Como essa questão foi resolvida?
A Odebrecht abriu mão do contrato de exclusividade com o argumento de que não queria ser mais responsabilizada
pelos atrasos no leilão, embora tenha defendido os contratos como quot;plenamente legítimos e prática usual de
mercadoquot;.
Quem vai participar do leilão?
Três consórcios. O primeiro liderado por Furnas/Odebrecht (Consórcio Madeira Energia, com participação de
Andrade Gutierrez, Cemig e Fundo de Investimentos, Banif e Santander); o segundo por Chesf e Camargo Corrêa
(Consórcio de Empresas Investimentos de Santo Antonio, com participação da CPFL Energia e da Endesa); e o
terceiro composto por Suez e Eletrosul.
Como será definido o vencedor?
Será um leilão reverso, ou seja, foi estabelecida uma tarifa-teto de R$ 122 MW/hora e quem apresentar o mesmo
preço, desde que cumpra outras condições previstas no edital, ganha o direito de construir e explorar a usina.
Qual é a capacidade das usinas?
Juntas, as duas usinas terão capacidade de produzir 6.450 megawatts – o equivalente a metade da potência de Itaipu
e 8% da demanda nacional, de acordo com o governo.
Quando as usinas serão construídas?
A construção de Santo Antônio deverá começar entre o final de 2008 e o início de 2009.
A usina deverá começar a funcionar com capacidade parcial em 2012, de acordo com o cronograma, e com
capacidade total em dois ou três anos.
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Entrevista: Pedro de Camargo Neto

A bolha da Rodada Doha
Para o empresário e negociador externo, o agronegócio teria muito mais a ganhar se
cuidasse das mazelas internase parasse de se iludir com soluções externas mágicas

Giuliano Guandalini


O governo brasileiro quebrou a cara com o fracasso das negociações da Rodada Doha, da
Organização Mundial do Comércio (OMC). E não apenas por ter negligenciado acordos
bilaterais na esperança de que os países ricos diminuíssem de uma só vez os subsídios
bilionários. O principal problema foi ter relegado a um segundo plano a solução de mazelas
internas bem mais determinantes para o desenvolvimento do agronegócio. Essa avaliação é do
empresário e negociador externo Pedro de Camargo Neto, que participou do lançamento da
Rodada Doha, na capital do Catar, no fim de 2001. quot;Nos últimos cinco anos, Doha passou a ser
vista como uma espécie de remédio mágico contra as doenças endêmicas da agricultura
brasileira. Esse simplismo prestou-se a esconder deficiências internas muito piores que os
efeitos do protecionismo de países ricosquot;, diz Camargo Neto. quot;Se resolvesse as suas fragilidades
domésticas, como a vigilância sanitária deficiente, o país ganharia muito mais do que estava
posto na mesa em Doha.quot; Camargo Neto foi secretário de produção e comercialização do
Ministério da Agricultura (2001-2002). Aos 59 anos, ele hoje preside a Associação Brasileira da
Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).
O que significa o fracasso de Doha?
Não é nenhuma tragédia. No Brasil, houve uma glamourização do tema. Doha ganhou uma
importância desproporcional ao seu alcance. Durante as negociações, a culpa pelas mazelas
agrícolas brasileiras foi convenientemente depositada sobre o protecionismo dos países ricos.
Nos últimos cinco anos, Doha foi vista como uma espécie de remédio mágico contra as doenças
endêmicas do agronegócio. Esse simplismo prestou-se a esconder deficiências internas muito
piores que os efeitos do protecionismo de países ricos.
Que deficiências são essas?
Acima de tudo, o controle sanitário frágil e a infra-estrutura deficiente. Veja o exemplo da carne
suína. Durante as conversas na sede da OMC, em Genebra, na Suíça, a União Européia oferecia
uma cota de 200 000 toneladas ao ano, o que representa 1% do consumo europeu. O Brasil
ganharia aproximadamente metade dessa cota, ou 100 000 toneladas do volume oferecido. Se
erradicasse de vez a febre aftosa, o país poderia elevar em 1 milhão de toneladas suas vendas de
carne de porco – o equivalente a dez vezes o ganho potencial com Doha. Por culpa única e
exclusiva do Brasil, hoje não podemos vender um único quilo de carne suína para grandes
mercados consumidores como Japão, Coréia do Sul e México. Em relação às carnes bovinas é o
mesmo cenário. Prometemos aos europeus rastrear os animais, mas montamos um sistema sem
nenhuma credibilidade. Nossas exportações de frutas também são pífias, mais uma vez por
motivos sanitários. O sucesso futuro de nossa agricultura não dependerá exclusivamente de
negociações comerciais complexas e intricadas, como as da Rodada Doha. Ele ocorrerá com a
solução de problemas criados por nós mesmos. Curiosamente, ninguém trata desses aspectos.
Doha, então, não tinha importância?
Não quero aqui reduzir a relevância de um eventual acordo. Em Doha, os exportadores de carne
bovina, suína e de aves certamente teriam a chance de aumentar a presença no protegido
mercado europeu. Havia também a perspectiva de conquistarmos cotas para a venda de etanol na
União Européia, além de solucionarmos de vez disputas antigas, como a que abrimos contra os
subsídios americanos aos produtores de algodão. Sob esse aspecto, o Brasil e o resto do mundo
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em desenvolvimento certamente perderam. Mas é preciso pôr fim ao cinismo. Impomos a nós
mesmos a maior parte das barreiras.
Como o senhor analisa a atuação do chanceler Celso Amorim e dos demais negociadores
do país? Houve um erro claro de estratégia da delegação brasileira nas conversas de Genebra.
Saímos enfraquecidos desse episódio. Ao ter assumido a liderança do G20, grupo de países em
desenvolvimento criado há cinco anos, o Brasil teria de arcar com o ônus dessa posição. Um
verdadeiro líder deve consultar os parceiros e até convencê-los a recuar, se for o caso. O Brasil,
no entanto, se antecipou e aprovou a proposta de acordo apresentada pelo diretor-geral da OMC,
Pascal Lamy, mesmo sabendo da discordância de alguns de seus aliados no G20. Como
resultado, a proposta foi simultaneamente aprovada pelo Brasil e rejeitada pela Índia. Isso diante
de todos os negociadores. O que isso significa? Que a diplomacia brasileira apostou todas as
suas fichas no G20 e em Doha. E falhou duplamente.
Mas o Brasil não acertou ao se distanciar da intransigência da Índia, da China e da
Argentina? Em tese, sim, pois a economia brasileira, cada vez mais diversificada, merece uma
representação menos maniqueísta. O país já não cabe na cômoda posição de vítima. Fico com a
impressão, no entanto, de que o distanciamento brasileiro retratou mais uma ânsia de fechar logo
um acordo, qualquer acordo, mesmo que tímido, do que um amadurecimento. Na pressa, o
chanceler Amorim talvez tenha aprovado um texto que deixava os americanos numa situação
extremamente confortável. Lamy propunha a mesma redução de subsídios que a negociadora
americana, Susan Schwab, oferecera um dia antes. Em um acordo em que se exige o consenso
de 153 nações, é necessário que todos estejam igualmente infelizes. Pelo texto de Lamy, os
americanos estavam bastante satisfeitos. Assim seria difícil convencer os aliados do Brasil no
G20. Falhou Lamy. Falhou mais ainda o Brasil, que ficou esperando que Doha nos alçasse ao
Primeiro Mundo.
As conversas em Genebra acabaram marcadas por duas declarações inoportunas do
chanceler Celso Amorim. Ele comparou a retórica dos negociadores americanos à do
ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels. Disse ainda esperar que não seja
necessário um quot;novo 11 de Setembroquot; para que as negociações sejam retomadas. Qual foi
o impacto dessas gafes?
Não imagino que essas afirmações tenham influído nas conversas da rodada de maneira
determinante. Mas com certeza não fizeram bem à imagem do chanceler brasileiro. O corpo
técnico do Itamaraty é competente. O grande erro foi ter misturado objetivos políticos a
negociações comerciais. A rodada da OMC deveria ter como prioridade a liberdade econômica,
e não servir de palco a interesses políticos.
Embora o Brasil não tenha fechado nenhum acordo comercial significativo, as exportações do
agronegócio triplicaram nos últimos cinco anos. A que se deve esse salto? O setor passou por
transformações profundas em seu sistema produtivo a partir de 1990, com a abertura comercial e
a eliminação de políticas cartoriais absurdas. No caso do açúcar, o aumento nas vendas externas
só veio com o fim do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), que tinha o monopólio das
exportações até 1990. São Paulo, a região mais eficiente do mundo na produção de álcool e
açúcar, não podia exportar. Era uma situação esdrúxula, supostamente destinada a promover o
desenvolvimento do Nordeste. Quando essa barreira caiu, o Brasil tornou-se uma potência no
setor. Também foi positivo o progresso no controle da sanidade animal, apesar de não termos
ainda nos livrado da febre aftosa. Em 1994, registraram-se mais de 2 000 focos dessa doença.
Agora os casos são cada vez mais raros e isolados. Os avanços são inegáveis, mas há muito a
percorrer.
Como superar os atuais obstáculos que emperram o aumento das exportações do
agronegócio?
O setor privado cresceu muito, e rapidamente. Todo o aparato institucional e regulatório ficou
obsoleto. Temos governo demais onde não é preciso e pouco governo onde ele se mostra
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necessário. Para promover as alterações urgentes, têm faltado visão e liderança. Estamos sempre
correndo atrás do prejuízo e sem tempo de olhar o futuro. Além disso, prometemos sempre o que
não podemos cumprir – um defeito fatal em se tratando de comércio internacional. O atual
sistema de fiscalização dos animais, o Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva
de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), administrado pelo Ministério da Agricultura, é uma caricatura
do que não se deve fazer. O sistema não conta com credibilidade. Há 10 000 fazendas
cadastradas e, pelas regras vigentes, todas deveriam ser fiscalizadas pelo menos uma vez ao ano.
Isso nunca ocorre. Diante de tamanha incompetência, fica difícil condenar o embargo da União
Européia à importação de carne brasileira.
O agronegócio costuma se queixar do câmbio. Mas, curiosamente, o aumento das
exportações ocorreu entre 2003 e 2007, quando houve uma forte desvalorização do dólar...
Não há como negar que a cotação cambial desfavorável reduz a rentabilidade dos agricultores.
Mas isso foi, em parte, compensado pelo forte aumento da demanda dos países emergentes. A
China, a Rússia e o Oriente Médio vêm crescendo a um ritmo acelerado. A população desses
países passou a consumir mais alimentos, e o Brasil estava preparado para tornar-se um
fornecedor de peso. Houve também, obviamente, ganhos na produtividade. Com a mesma área
plantada conseguimos hoje colher 60% mais soja do que em 1990. Há duas décadas,
produzíamos 4 600 litros de etanol por hectare, e agora o volume alcança 6 700 litros – um
avanço de quase 50%. Graças a esses ganhos, resultado de uma pesquisa tecnológica de décadas,
os produtores nacionais conseguem contornar dificuldades como o câmbio desfavorável, a infra-
estrutura precária e também os subsídios dos países ricos.
Existe uma crítica recorrente segundo a qual as exportações do país dependem cada vez
mais de produtos básicos, dotados de baixo valor agregado. O senhor concorda?
É uma tremenda bobagem. Agricultura não é extrativismo. Não existe um processo industrial
que crie tanto valor quanto a fotossíntese, que, graças a muita tecnologia, transforma energia
solar, água e mão-de-obra em alimento. Até a década de 70, o cerrado era tido como uma terra
improdutiva. Só foi possível conquistar essa fronteira agrícola com o desenvolvimento científico
de novas variedades de soja. Todos os ganhos de produtividade obtidos pelo agronegócio só
foram possíveis pelo investimento maciço em pesquisa.
E quais são as perspectivas nessa área?
Precisamos de uma nova onda de ousadia e criatividade na pesquisa científica. Vivemos
atualmente dos investimentos realizados no passado. Os avanços recentes em biotecnologia têm
sido morosos. O país corre o risco de ficar para trás na produção de etanol a partir da celulose. A
pesquisa nesse campo tem atraído investimentos bilionários nos Estados Unidos e na Europa, e o
Brasil, pioneiro no uso do etanol em automóveis, corre o risco de ter de pagar royalties para
importar tecnologia.
Se a agricultura brasileira avançou tanto, por que ainda depende do crédito favorecido do
governo? O agronegócio depende cada vez menos do financiamento oficial. Hoje, boa parte do
crédito aos produtores é oferecida pelas empresas de exportação. Quem depende do crédito
oficial é a agricultura familiar. No que diz respeito à chamada dívida agrícola, um assunto
correlato, existe um passivo histórico que não foi devidamente enfrentado. Planos econômicos
do passado manipularam o sistema de indexação, descolando o ativo do passivo do agricultor.
Um problema semelhante ocorreu com o sistema financeiro da habitação. O desequilíbrio foi
empurrado para a frente ano após ano, sem que se alcançasse uma solução definitiva. Criou-se a
cultura de postergar esse acerto. Espero que, desta vez, se chegue a uma solução final.
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O SÉCULO DAS CIDADES

Clube das megalópoles cada vez mais é terceiro-mundista

        Um milhão de pessoas a mais por semana. É esse o ritmo do crescimento das cidades do
mundo. Em 1950, havia 86 cidades com mais de 1 milhão de habitantes; atualmente há 400.
Naquele ano, Nova York era uma megacidade solitária no planeta; hoje há 25, dois terços delas
concentrados nos países em desenvolvimento. Foram necessários 100 mil anos para que, em
2008, a população urbana - cerca de 3,4 bilhões - superasse a do campo. Mas em 2025 o
porcentual da população urbana já será de 61%, segundo projeções da Organização das Nações
Unidas (ONU).
        A parte mais vistosa desse processo de urbanização é a explosão das megacidades. Pela
definição da ONU, as megalópoles têm mais de 10 milhões de habitantes em seus limites
geográficos formais. E uma voracidade que cria manchas urbanas que podem englobar dezenas
de municípios. Nas últimas décadas, a conurbação de São Paulo a Campinas, por exemplo, foi
tão intensa que criou a primeira macrometrópole do Hemisfério Sul, superando as previsões de
que Lagos, na Nigéria, chegaria antes.
         Nas próximas décadas, nada deverá frear o Terceiro Mundo como o maior gerador de
megalópoles. A indiana Mumbai saltou do 14o lugar no ranking mundial em 1975 para 4o em
2007 e será, em 2025, a 2a megacidade da Terra, com 26,3 milhões de habitantes. No ano
passado, Karachi, no Paquistão, entrou direto no 12o lugar, com 12,1 milhões; o mesmo ocorreu
com Istambul, na Turquia, Lagos, na Nigéria, e Guangdong, na China. Já o clube das
megacidades do Primeiro Mundo tende à estabilização. Em 1975, Paris era a 7a mancha urbana
do mundo, com 8,5 milhões de habitantes. Em 2005, já tinha caído para a 21a posição e em 2025
será a 23a, com 10 milhões. Londres, megacidade do século 19, deixou o grupo, porque cresceu
muito menos que as outras.
         São Paulo está exatamente entre esses extremos. No passado, cresceu
desmesuradamente em meio a dois choques de petróleo, à crise da dívida externa e à
hiperinflação. Em 1975, já ocupava o 5o lugar no ranking de cidades mais populosas. Foram
anos terríveis para o processo de urbanização. Em 1970, 1 em cada 100 paulistanos vivia em
favelas, segundo dados da Prefeitura. Em 2005, os favelados eram 1 em cada 5 moradores da
cidade. Os empregos de massa, o principal ímã de atração populacional, sumiram. A indústria,
que gerava 40% dos postos de trabalho na capital em 1980, teve sua participação encolhida para
15% em 2004 e a tendência continua de queda.
         O modelo de urbanização (ou a falta dele), com o inchaço das periferias, obrigou São
Paulo a conviver com problemas gigantescos. Morar longe do trabalho, e sem contar com
transporte eficiente, cria um trânsito infernal que insulta a idéia de cidade organizada. A oferta
de água segue perigosamente limitada. A poluição lança seguidas advertências. A violência,
apesar de ter despencado, ainda assusta a população e a elite dos negócios. A Grande São Paulo,
como outras regiões metropolitanas de porte, é o quot;lugar geométrico dos problemasquot;, define o
governador José Serra, em artigo publicado nesta edição, quot;o espaço sobre o qual convergem com
intensidade máxima desemprego, poluição, trânsito, violência, déficits de transporte público,
saneamento, saúde e ensino básico de qualidadequot;. Há soluções à vista, mas elas dependem da
atração de capital privado e externo: pelo menos R$ 176 bilhões seriam necessários para
resolver os gargalos de infra-estrutura só da capital.

       A boa notícia é que São Paulo vem crescendo menos. Em 2025, quando o planeta das
megacidades terá uma cara terceiro-mundista, ela estará no mesmo 5o lugar, com 21,4 milhões
de habitantes. Rio, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre seguem na mesma trilha e registraram
aumento demográfico menor que o da média nacional, de 1,6%, nos anos 1990. Pesquisa do
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Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo indicou que só 38% dos novos
moradores se instalaram nos grandes centros nessa década, ante os 60% registrados nos anos
1970 e 1980.
         Além do crescimento demográfico menor, São Paulo mantém o poderio econômico. A
migração das indústrias - característica das metrópoles do Primeiro Mundo como Nova York,
Londres, Frankfurt e Tóquio - ocorre porque as fábricas exigem terrenos grandes, e eles são
mais baratos no interior. Mas o comando estratégico permanece na cidade, onde há tecnologia e
mão-de-obra especializada. Cerca de 90% das atividades industriais do Estado ainda estão no
quadrilátero Grande São Paulo, Campinas, São José dos Campos e Baixada Santista. É uma
expansão absolutamente natural.
         Nos últimos 30 anos, a megacidade venceu a disputa com Buenos Aires e Rio e se
tornou a cidade global por excelência na América do Sul. Reúne qualidades que tornam
metrópoles referências para a elite dos negócios internacionais: é o grande centro financeiro do
continente, a principal conexão da malha aérea do País, tem excelente oferta de assistência
médica, é cercada por universidades e pólos de pesquisas, desenvolveu uma ampla estrutura de
telecomunicações e serviços de apoio a negócios.
         São Paulo venceu porque foi melhor e as concorrentes fracassaram. Buenos Aires foi
tragada pela crise econômica argentina e o Rio, pela imagem negativa do crime organizado. A
consagração da hegemonia foi a transferência das negociações com ações da Bolsa do Rio para a
de São Paulo, em 2000.
        Redução do crescimento demográfico, controle da inflação, economia do País em
trajetória ascendente e orçamentos públicos que estão deixando de ser peças de ficção. Graças a
esses fatores, pela primeira vez em décadas São Paulo retomou a capacidade de planejar seu
futuro. Em abril, foi sede da 1a Conferência de Regiões Metropolitanas, promovida pela
Associação Metrópolis, que sustenta discussões permanentes sobre megacidades. Em dezembro,
receberá o Urban Age, grupo criado pela London School of Economics (LSE) que reúne alguns
dos maiores pensadores urbanos do mundo - entre eles a socióloga americana Saskia Sassen,
criadora do conceito de cidades globais, entrevistada nesta edição.
         Concebido para discutir soluções para as megacidades, o Urban Age estudou os casos de
Nova York, Londres, Cidade do México, Mumbai, Xangai, Berlim e Johannesburgo. Os
especialistas da LSE já vêm a São Paulo desde 2005. Conheceram favelas (Paraisópolis e
Heliópolis, zona sul), a periferia (Cidade Tiradentes, zona leste) e cidades da região
metropolitana (Osasco e Guarulhos). Gostaram do que viram, segundo Maria Helena Gasparian,
assessora de Relações Internacionais do governo estadual. quot;Eles se entusiasmaram com alguns
aspectos da vida em São Paulo, como as políticas de reurbanização de favelas e a oferta de
alimentos de qualidade por toda a cidade, mesmo em feiras livres e açougues da periferiaquot;,
conta. quot;Disseram que costumamos exagerar os defeitos de São Paulo, mas somos experts em
manter nossos sucessos em segredo.quot;
         Outro motivo de otimismo em relação ao futuro não diz respeito só a São Paulo, mas a
todas as megalópoles. De vilãs ambientais, elas agora são vistas como aliadas na luta pela
sustentabilidade, por concentrar uma população que, dispersa, disputaria espaço com a
biodiversidade na natureza. quot;Boas cidades são parte da soluçãoquot;, diz o brasileiro Oliver Hillel,
coordenador do programa de Biodiversidade e Cidades da Convenção sobre Diversidade
Biológica das Nações Unidas, entrevistado nesta edição. Para ele, ter uma São Paulo na
Amazônia facilitaria a preservação da floresta. quot;Do ponto de vista do uso dos recursos naturais,
é melhor ter uma cidade com 10 milhões de habitantes do que dez com 1 milhão.quot;
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Energia

70 questões para entender o etanol
Ronaldo França




O barril de petróleo bateu em 109 dólares na semana passada. O consumo mundial chegou
a 1 000 barris por segundo. A combinação desses dois números é o melhor indicador de
que a busca por combustíveis alternativos deixou de ser uma atividade pitoresca para se
elevar ao centro das atenções das empresas, dos governos e das instituições
internacionais. Entre todos os combustíveis alternativos, o mais viável atualmente, do
ponto de vista econômico e ambiental, é o etanol. Entre todos os tipos de etanol, o de
cana-de-açúcar é o que tem maiores chances de participar substancialmente da matriz
energética planetária. Entre todos os países produtores de etanol, o Brasil é aquele que
apresenta as melhores condições geográficas, climáticas, culturais, econômicas e
tecnológicas para liderar a produção do etanol, nome pelo qual é mais chamado hoje no
planeta o álcool combustível, velho conhecido dos brasileiros desde a iniciativa pioneira dos
anos 70, desencadeada pela primeira crise do petróleo.

Desde seu ressurgimento meteórico no cenário mundial, o álcool/etanol tornou-se alvo de
todo tipo de especulação, sendo motivo de projeções nacionalistas gloriosas. Foi motivo
também de outro tipo de especulação, muito mais pessimista: para manter a frota global
de carros rodando, o planeta seria obrigado a abandonar o cultivo de alimentos para
plantar cana-de-açúcar e produzir etanol. Para colocar a questão do etanol na perspectiva
correta, VEJA organizou o questionário das páginas seguintes. São setenta perguntas e
respostas que cobrem todas as principais questões levantadas pela entrada do etanol no
foco dos holofotes. Nessa tarefa, VEJA valeu-se de inúmeras fontes e teve o privilégio de
contar com a dedicação especial de um dos maiores especialistas no assunto, Luiz Augusto
Horta Nogueira, engenheiro mecânico e doutor pela Universidade Estadual de Campinas.
Nogueira é pioneiro nos estudos que levaram à criação da área de biocombustíveis da
Agência Nacional do Petróleo, da qual foi diretor de 1998 a 2004. Hoje é professor titular do
Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá e consultor para
bioenergias de diversos órgãos internacionais, entre eles o Banco Mundial e a FAO, a
divisão de agricultura e alimentação das Nações Unidas.

PANORAMA

1 O que são os combustíveis quot;verdesquot;? São aqueles cuja emissão de CO2 durante o processo de
produção ou no cano de descarga dos carros é menor que a proveniente do diesel e da gasolina.

2 Quais são os combustíveis quot;verdesquot;? Os mais viáveis são o etanol e o biodiesel. O hidrogênio líquido
e a eletricidade produzida por baterias não emitem nenhum tipo de fumaça quando utilizados como
combustíveis de automóveis. Seu uso, porém, ainda é restrito por problemas de distribuição e de pouca
autonomia.

3 Qual o menos poluidor? A forma como os combustíveis são produzidos deve ser levada em conta na
resposta e não apenas o que escapa do cano de descarga. A produção de hidrogênio exige gasto de
eletricidade, o que, por sua vez, requer a queima de carvão e petróleo em termelétricas. Em termos
globais, 60% da energia elétrica vem do carvão, a mais poluente das fontes energéticas.
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4 Por que o etanol e o biodiesel são os mais viáveis? O etanol e o biodiesel têm a vantagem de, por ser
líquidos, aproveitar toda a estrutura logística da gasolina e do diesel. O etanol tem uma equação
econômica ainda mais favorável, em razão da produtividade. Com 1 hectare de terra se consegue
produzir 7 500 litros de etanol. No caso do biodiesel de soja, obtêm-se 600 litros por hectare. O etanol
continuará atraente mesmo que o preço do barril de petróleo caia a 35 dólares. Todas as demais
alternativas energéticas quot;verdesquot; só se tornam economicamente atraentes quando o barril de petróleo está
valendo, no mínimo, 80 dólares.

5 Quanto esses combustíveis representam hoje no consumo mundial? São utilizados 600 bilhões de
litros de combustível por ano no mundo. O consumo de biocombustíveis (etanol de cana, etanol de milho
e biodiesel) é de 10% disso, algo em torno de 60 bilhões de litros.

6 Qual é a parcela de etanol no consumo mundial? O mundo utilizou, em 2007, 54 bilhões de litros de
etanol. O país produziu, na última safra (parte da qual será vendida ao longo deste ano), 21,5 bilhões de
litros. Desse total, pouco mais de 3 bilhões deverão ser exportados.

7 Quanto o etanol pode representar no futuro? A estimativa é de que o etanol chegue a prover 20% de
todo o combustível líquido usado no mundo. Em valores de hoje, 120 bilhões de litros.

8 O etanol brasileiro, em particular, que fatia terá? O Brasil, por suas características de clima, área
agricultável, teria condições de suprir 10% da demanda mundial. A questão é que a próxima fronteira
tecnológica já se anuncia. Está em desenvolvimento o etanol de celulose, obtido a partir de uma
variedade maior de plantas e gramíneas. Já há fábricas em teste no mundo, mas ainda não se aperfeiçoou
o processo para torná-lo comercialmente viável. Ele pode vir a ser tão ou mais rentável que o etanol feito
de cana-de-açúcar.

9 Que países estão adiantados na corrida pelo etanol de celulose? Os Estados Unidos lideram as
pesquisas e o Brasil vem logo atrás. Calcula-se que leve ainda entre cinco e dez anos para os primeiros
litros chegarem ao mercado.

10 Além da ainda relativa abundância, que outras vantagens tem o petróleo? Ainda não está
inteiramente resolvido o problema da padronização internacional do combustível verde. Além disso, se
queimar petróleo polui, tirar petróleo da terra ou do mar é uma atividade limpa, enquanto produzir etanol
exige ocupação de vastas áreas de terreno, irrigação e uso de químicos agrícolas. A falta de um mercado
mundial é um entrave ao etanol.

11 Um dia a eletricidade vai aposentar o etanol? No Brasil as hidrelétricas produzem de forma limpa
mais de 90% de toda a energia elétrica. Na maior parte dos países, porém, a eletricidade é obtida com a
queima de carvão. Portanto, o processo de produção da eletricidade é muito poluente. No futuro, a
energia nuclear poderá substituir o carvão e – caso esteja resolvido o problema da destinação final do lixo
atômico – será possível obter eletricidade sem poluição.

12 Como se posiciona o hidrogênio nessa corrida? Vale o mesmo raciocínio usado para a eletricidade.
Quando o processo de produção do hidrogênio líquido for limpo, ele será o menos poluente de todos os
combustíveis.

13 A partir de quais matérias-primas se pode produzir etanol hoje no mundo? As mais
desenvolvidas são o milho e a cana. Alguns países utilizam também a beterraba, o trigo e a mandioca.
Brasil e EUA produzem 85% do etanol mundial (O Brasil produziu 21,5 bilhões de litros e os EUA, 24,5
bilhões de litros, na última safra). O terceiro colocado é a China, com 2,7% de participação nesse
mercado. Em quarto lugar está a União Européia, com 2,5%.

14 Quais são os principais países produtores de etanol? Brasil (cana-de-açúcar), Estados Unidos
(principalmente milho, mas com boa perspectiva de chegar primeiro ao etanol de celulose), Canadá (trigo
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e milho), China (mandioca), Índia (cana, melaço) e Colômbia (cana e óleo de palma). A Alemanha
produz metade do biodiesel do mundo.

15 Quais as vantagens do etanol produzido a partir de cana-de-açúcar sobre os demais tipos de
etanol? A primeira é a limpeza. Para cada litro de gasolina utilizado na lavoura ou na indústria, são
produzidos 9,2 litros de etanol. No caso do etanol de milho, essa relação cai para 1,4 litro de etanol para
cada litro de combustível fóssil empregado no processo. A segunda é a produtividade. No Brasil, são
produzidos 7 500 litros de etanol por hectare plantado de cana. No caso do milho, cada hectare produz 3
000 litros.

16 Como se compara o etanol com os demais combustíveis verdes? O etanol é o único que alia
maturidade tecnológica e baixo custo de produção.

17 Que outros países produzem etanol de cana-de-açúcar? A cana-de-açúcar se desenvolve melhor
nas regiões entre os trópicos. Isso compreende a porção norte da América do Sul, África, sul da Ásia,
norte da Oceania, América Central e sul da América do Norte. Mas hoje só China, Colômbia, Tailânda,
Índia e Austrália têm produção regular.

18 Por que o etanol despertou a atenção mundial? Porque os Estados Unidos se renderam às
evidências e, como são o maior consumidor de combustível do planeta, chamaram a atenção de todos
para a inevitabilidade de conseguir um combustível limpo em curto prazo.

19 Os combustíveis verdes – e o etanol em especial – podem substituir o petróleo em outros usos
que não o transporte? Quais são esses usos? A alcoolquímica, o equivalente do etanol para a
petroquímica, já desenvolveu alguns produtos, como plásticos e resinas. Ainda são experimentais, mas
começam a surgir negócios como a substituição de nafta por etanol na fabricação de tubos de PVC. É
grande a expectativa sobre o plástico de etanol, que tem a vantagem de ser biodegradável.

20 O etanol se presta a usos como eletrificação e aquecimento? Isso é possível com a utilização do
bagaço de cana que sobra na fabricação do etanol. Se todas as 336 usinas brasileiras estivessem
produzindo eletricidade, trabalhando com a tecnologia mais avançada já disponível, o potencial de
geração seria de 12 000 megawatts, em 2015, similar à capacidade da usina de Itaipu. Esse potencial
poderá triplicar, nos próximos dez anos, com os novos processos em desenvolvimento.

21 Quando começou a produção de etanol a partir de cana-de-açúcar? As primeiras experiências no
Brasil foram feitas na década de 20, mas o grande impulso se deu na década de 70, quando foi criado o
programa nacional do álcool.

22 Qual a parcela da frota brasileira que utiliza etanol? Dos 19 milhões de automóveis, cerca de 13,6
milhões são movidos a gasolina. Há 200 000 carros movidos a álcool. Outros 5,2 milhões são flex. No
ano passado, 85% dos veículos novos saíram de fábrica com motor flex. A continuar assim, em 2015,
quando a frota brasileira de automóveis estiver em 30 milhões de unidades, 19 milhões serão
bicombustíveis.

23 O etanol poderá substituir a gasolina como o combustível mais usado no mundo? Não. Calcula-
se que toda a disponibilidade de terras e condições climáticas seja suficiente apenas para a produção de
20% do combustível utilizado no mundo.



CONSUMIDOR

24 Quais as vantagens do etanol sobre a gasolina para os consumidores? O álcool é menos
econômico, mas dá mais potência ao motor. O benefício ambiental, no entanto, é o grande atrativo.
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25 A partir de que diferença de preço o etanol passa a ser economicamente compensador? Como
tem rendimento inferior ao da gasolina (é preciso mais álcool para o veículo percorrer a mesma
distância), o álcool tem de custar, no máximo, 70% do valor da gasolina. Com o litro de gasolina a 2,50
reais, vale a pena usar o álcool se ele estiver, no máximo, a 1,75 real.

26 Existe uma proporção ideal de mistura de etanol e gasolina? Não. Com os carros flex, pode-se
usar qualquer proporção desses combustíveis no tanque.

27 É melhor usar etanol puro ou misturado A gasolina? Não há diferença. Do ponto de vista
econômico, a escolha depende do preço desses combustíveis na bomba.

28 É verdade que se deve intercalar o abastecimento de álcool com gasolina para manter o motor
lubrificado? Não há necessidade. Os motores são feitos de ligas preparadas para trabalhar a vida inteira
com álcool.

29 Deve-se optar pela gasolina no inverno? Os carros a álcool têm mais dificuldade para começar a
funcionar em ambientes mais frios. Mas não é necessário substituir o combustível. Basta ter o
reservatório de gasolina, localizado junto ao motor, sempre abastecido.

30 O etanol pode trazer danos ao motor? Pelo fato de o etanol ser mais corrosivo do que a gasolina, os
motores dos carros flex e a álcool têm de ser fabricados com ligas especiais, mais resistentes.

31 O que muda no motor flex em relação aos convencionais, a álcool ou a gasolina? Ele tem sensores
que identificam o tipo de combustível que se está usando (ou a proporção de cada um no tanque) e
regulam o motor automaticamente.

32 Um motor a etanol tem a mesma durabilidade dos motores a diesel ou a gasolina? Não há
diferença quanto à durabilidade.

33 Há o risco de comprar etanol adulterado, assim como ocorre com a gasolina? Sim, da mesma
forma que acontece com a gasolina.

34 O que pode provocar variações no preço do etanol? Por ser um produto de base agrícola, o etanol
está sujeito às variações de preço em razão da safra e de fenômenos climáticos. Essa situação só será
resolvida quando for criado um estoque regulador. O preço do petróleo também influencia. Vira uma
referência para o revendedor, que pode tentar aumentar sua margem de lucro.

35 O etanol brasileiro é caro ou barato, comparado ao de outros países? O etanol do Brasil é o mais
barato do mundo. Essa é a razão dos altos impostos de importação mantidos pelos Estados Unidos, que
chegam a dobrar o preço do etanol brasileiro importado.

36 Quem tem carro a álcool corre o risco de ficar sem combustível, por problemas na produção, a
exemplo do que aconteceu recentemente com o veículo a gás no Rio de Janeiro e em São Paulo? O
risco é baixo. O mercado de etanol já se desenvolveu a um ponto em que se tornou mais difícil aos
usineiros reduzir sua produção de álcool para priorizar a exportação de açúcar, como ocorreu na década
de 80. Mas o governo não deve abrir mão dos mecanismos de controle.

37 Veículos pesados, como caminhões, poderão usar o etanol como combustível? Para os veículos
pesados, o mais indicado é o diesel. Nesse caso, a melhor alternativa energética seria o biodiesel, que
ainda não conseguiu alcançar o mesmo patamar de produtividade que o etanol de cana-de-açúcar.

38 O automóvel perde força e velocidade? Ao contrário, ganha mais força de arranque e velocidade
final.
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MEIO AMBIENTE

39 O etanol ajuda mesmo no combate ao aquecimento global? A adoção do etanol é considerada um
dos principais mecanismos de combate ao aquecimento global, pois reduz as emissões de CO2.

40 De que forma? Todo o gás carbônico emitido pelos veículos movidos a álcool é reabsorvido pelas
plantações de cana-de-açúcar. Isso faz com que as emissões do gás sejam reduzidas. Além disso, a
grande diferença em relação ao petróleo é que o etanol usa o gás carbônico retirado da atmosfera pelas
plantas. O petróleo joga na atmosfera o gás carbônico armazenado no solo e não o reabsorve (veja
quadro).

41 A cadeia produtiva do etanol – plantio, colheita, industrialização e distribuição – causa
prejuízos ao meio ambiente? Há, sim, alguns impactos ambientais que ainda precisam ser eliminados.
As queimadas são um exemplo. Em São Paulo, elas deverão ser totalmente abolidas até 2017. A vinhaça,
o principal rejeito industrial da fabricação do etanol, também precisa ter destinação adequada para não
contaminar os mananciais. Algumas usinas já a utilizam como adubo natural na lavoura de cana – não
apenas por consciência ambiental, mas porque há uma redução de custos com fertilizantes.

42 A plantação de cana-de-açúcar consome água a ponto de afetar os mananciais? Esse é um risco.
É necessário adotar mecanismos de reciclagem da água empregada no processo de fabricação. A
produção de etanol em usinas mais ultrapassadas consome 21 000 litros de água por tonelada de cana.
Hoje, as melhores usinas usam entre 5 000 e 1 000 litros. A sorte é que elas são maioria no país.

43 A plantação de cana pode provocar desmatamento na Amazônia e no cerrado? As entidades de
produtores de etanol alegam que, embora o solo da Amazônia seja favorável à cana, o regime de chuvas
da região Norte não é compatível com essa cultura. Isso, no entanto, não elimina o risco de que a
expansão da lavoura de cana quot;empurrequot; em direção à Amazônia outras atividades igualmente indutoras
do desmatamento, como a pecuária e a produção de soja.

44 O plantio da cana degrada o solo? Sim, pode reduzir a fertilidade da terra. Daí a necessidade de
fazer o rodízio com a cultura de leguminosas, como feijão, amendoim e soja. A cana tem de ser
replantada a cada seis anos. No intervalo de seis meses entre a retirada das plantas antigas e o replantio é
que se alterna a cultura.

45 Por que muitos produtores de cana-de-açúcar queimam a lavoura antes da colheita? Para
eliminar as folhas, o que abre espaço entre as plantas e evita que os trabalhadores se cortem com as
folhas afiadas. A prática, no entanto, está condenada e terá de ser totalmente abolida no estado de São
Paulo até 2017.

46 Qual é a destinação dos rejeitos da produção de cana? Além da vinhaça, usada na fertilização do
solo, há o bagaço. Parte dele é empregada nas caldeiras para gerar energia. O que sobra é vendido às
indústrias. Quase todo o suco de laranja produzido no Brasil utiliza o bagaço como fonte de energia. A
palha (folhas secas) é usada também nas caldeiras. O que sobra fica no campo, como adubo.



47 As usinas de etanol utilizam combustíveis fósseis para funcionar? Para gerarem a própria energia,
elas usam o bagaço de cana como combustível nas caldeiras. Entretanto, como toda atividade produtiva,
o sistema de transportes que abastece as usinas utiliza combustíveis fósseis, como o diesel e a gasolina.
Além disso, os defensivos agrícolas e adubos têm substâncias derivadas de petróleo em sua composição.
Até o óleo usado nas máquinas entra na conta do balanço ambiental.
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48 As usinas criam transtornos para a vizinhança? Um dos principais problemas é o odor que se
espalha pelo ar, proveniente da fermentação natural do bagaço da cana e da vinhaça.

49 Quanto das emissões de gases de efeito estufa a produção de etanol poderá reduzir no futuro?
Ela já reduz hoje entre 60% e 90% das emissões (dependendo da eficiência do processo de fabricação).
Não há estudos que indiquem uma redução ainda maior.



IMPACTO SOCIAL

50 Há risco de que a produção de etanol prejudique a produção de alimentos no mundo? Parte da
alta de preços de alimentos no mundo, no ano passado, pode ser atribuída à expansão da lavoura de milho
voltada para a produção de etanol nos Estados Unidos, mas o mundo produz mais alimento do que
consome. Em São Paulo a plantação de cana ocupou o espaço de pastagens, nos últimos anos, sem que a
produção de carne bovina tenha diminuído.

51 Se isso acontecer, quais serão os efeitos? No Brasil, dificilmente isso ocorrerá. Dos 340 milhões de
hectares disponíveis para plantio (aráveis) no país, somente 90 milhões seriam adequados à cultura de
cana, que atualmente ocupa apenas 7 milhões de hectares (metade deles para a produção de açúcar). O
que tem mais chance de acontecer é um deslocamento das lavouras à medida que a cana dominar os
espaços antes ocupados por outras culturas. Pode haver ajustes de preços regionais por causa de
mudanças na logística de abastecimento.

52 As relações de trabalho na indústria da cana-de-açúcar respeitam o trabalhador? Em geral, a
realidade do cortador de cana ainda é muito difícil, com jornadas excessivas, baixa remuneração e
condições sanitárias ruins.

53 O que gera mais empregos, a indústria de petróleo ou a de etanol? O etanol emprega vinte vezes
mais mão-de-obra por litro produzido do que o combustível fóssil e alternativas energéticas como o
hidrogênio e a eletricidade.

54 Em números absolutos, o que isso significa? São Paulo emprega 400 000 pessoas diretamente na
produção do açúcar e do álcool atualmente. Mas, com o avanço das técnicas e a mecanização da lavoura,
esse número pode cair à metade. Em outras regiões produtoras a tendência é a mesma, mas em ritmo
menor.

ECONOMIA

55 Qual é o limite máximo da produção de etanol além do qual se pode prejudicar a
disponibilidade de terras para outras culturas? Em tese, há ainda 77 milhões de hectares a ser
ocupados no Brasil sem afetar o espaço dedicado a outras culturas. Atualmente, a cana-de-açúcar ocupa 7
milhões de hectares, menos do que a soja (22 milhões) e o milho (13 milhões).

 56 Há no Brasil mão-de-obra qualificada para a produção de etanol em larga escala? Faltam,
principalmente, profissionais de nível superior com qualificação específica, como engenheiros. Não há
cálculos exatos desse déficit.

57 O Brasil compete em condições de igualdade no mercado internacional de etanol? O preço do
etanol brasileiro é bastante competitivo. É até 50% mais baixo do que o do etanol de milho, o que explica
o fato de o Brasil deter hoje 40% da produção mundial de etanol.
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58 O Brasil subsidia os produtores de álcool? Não. Os subsídios foram pesados no passado, na
primeira fase do programa do álcool, mas hoje não há nenhum subsídio aos produtores. O que existe é
uma tributação diferenciada, que é maior para a gasolina do que para o etanol, por suas qualidades
ambientais. A mesma política é adotada para o gás liquefeito de petróleo (GLP) e o diesel.

59 Quando começou a produção a sério de etanol nos Estados Unidos? Nos últimos três anos, o
governo americano passou a dar mais ênfase à produção de etanol, como alternativa à dependência de
petróleo e ao aquecimento global.

TECNOLOGIA

60 Existem alternativas para aumentar a produtividade da cana-de-açúcar? A principal delas é o
desenvolvimento das novas tecnologias de extração de etanol das plantas. Os estudos indicam que se
poderá até triplicar a quantidade de álcool se se passar a aproveitar o bagaço e as folhas da planta no
processo de produção.

61 Por que o etanol produzido pelo Brasil, a partir da cana-de-açúcar, é melhor do que o
produzido pelos Estados Unidos? A qualidade do produto final é igual. O que os diferencia é a
produtividade. Um hectare de cana-de-açúcar produz 7 500 litros, enquanto 1 hectare de milho produz 3
000 litros.

62 O que o Brasil precisa fazer para obter e manter a liderança tecnológica? Investir pelo menos
quinze vezes mais do que o atual patamar de 100 milhões de dólares por ano somente em pequisa para a
obtenção da tecnologia de produção do etanol de celulose, que, além de aumentar a produtividade por
hectare, possibilita a utilização de outras plantas e até mesmo de madeira.

63 O padrão técnico do etanol já faz dele um produto tão regular quanto a gasolina? Embora já se
tenha avançado nesse campo, falta uma padronização mais rígida para que o etanol se torne um produto
de consumo mundial e ganhe mercado.

64 Quantas variedades de cana-de-açúcar existem e qual é a mais produtiva para o etanol? São
mais de 5 000 no banco de espécies para pesquisa, das quais 100 já têm uso comercial. Não existe aquela
que se possa considerar a melhor. As grandes usinas chegam a trabalhar com dezenas de variedades
simultaneamente, usando uma para cada espécie de solo e de topografia.

65 Quais os principais desafios do etanol? A padronização técnica, o zoneamento econômico-
ecológico, em que se delimitarão as áreas de produção de forma que não afetem outras culturas nem a
mata nativa da Amazônia e do cerrado, e a expansão do mercado internacional.

66 A produção de etanol por hectare plantado aumentou 40% nos últimos vinte anos. Quanto mais
poderá aumentar? A perspectiva é que o melhoramento genético e a hidrólise (extração de etanol
também das folhas e do bagaço) produzam ganhos de produtividade da ordem de 50%.

67 Quais são as próximas barreiras tecnológicas? O aprimoramento genético da cana e o
desenvolvimento da tecnologia de lignocelulose, por meio da qual se poderá obter etanol de diversos
outros tipos de plantas.

68 Quanto o Brasil está investindo em tecnologia? O Brasil investe 100 milhões de dólares por ano,
enquanto os Estados Unidos investem 1,5 bilhão de dólares por ano somente em pesquisa.

69 Quanto seria o investimento ideal? O Brasil precisaria investir pelo menos quinze vezes mais do
que isso para empatar com os Estados Unidos e se manter na disputa pela posição de liderança.
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70 Caso os estados unidos cheguem antes ao Etanol de celulose, o Brasil estará ultrapassado? Não
totalmente. Bons acordos podem garantir acesso à tecnologia. As plantas tropicais oferecem mais
quantidade de biomassa do que as plantas de regiões temperadas. Até essa vantagem a natureza deu ao
Brasil na corrida pelo combustível do futuro




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Material de Geografia para 2a Fase da UDESC

  • 1. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. MATERIAL DE GEOGRAFIA UDESC – SEGUNDA FASE Caro aluno(a), abaixo você irá encontrar dados, notícias, textos e informações que poderão lhe auxiliar nesta segunda fase da UDESC. Disponibilizo este material, formado com compilação de várias fontes, para todos os candidatos que terão a prova de Geografia nesta última etapa do vestibular. Para facilitar os seus estudos de revisão procurei disponibilizar mapas, tabelas e gráficos. O meu objetivo com o uso desta linguagem é lhe proporcionar o máximo de informações sobre assuntos importantes da Geografia neste tempo que nos resta. Os textos que acompanham o material são de assuntos atuais que podem ser contemplados em algumas provas Para relembrar os assuntos pertinentes ao estudo de Santa Catarina, acesse as aulas em Power Point na internet. O endereço é www.slideshare.net/GeoStudos Procure explorar ao máximo as informações e textos disponibilizados no material e na internet. Por enquanto, dedique-se e tenha bons estudos. A persistência é o segredo do sucesso. No seu processo seletivo, faça a prova com muita tranqüilidade e confiança. Desejo boa sorte e uma excelente prova. Atenciosamente André Peron
  • 2. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Apagao Energetico 1. O Brasil corre o risco de sofrer um novo apagão? Sim. A oferta de eletricidade no país, por exemplo, vem crescendo num ritmo inferior ao do consumo. Segundo os números disponíveis, as duas taxas se equilibram atualmente - ou seja, estamos no limite. Por isso, é provável que o fantasma do apagão volte em 2010, considerando-se um crescimento do PIB de 4,5% ao ano até lá. 2. O que pode ser feito a curto prazo? Segundo especialistas do setor, é possível adotar medidas positivas em várias áreas, tais como: - simplificar os procedimentos para a instalação de novas usinas hidrelétricas, principal fonte de energia do país; - estimular a concorrência no fornecimento de gás natural, atualmente sob monopólio da Petrobras; - tornar atrativo o preço da energia gerada pelas usinas de bagaço de cana. 3. Qual a responsabilidade do governo no tema? Estudos mostram que o governo Lula não iniciou nenhuma grande obra de geração de energia. Mais de 90% das usinas inauguradas pelo petista foram licitadas nos anos de Fernando Henrique Cardoso. Desde 2003, 17.500 megawatts foram acrescentados à matriz energética. Desses, apenas 1.700 megawatts foram contratados durante a atual administração, energia suficiente para abastecer não mais do que 5 milhões de residências. 4. Qual o peso do gás na matriz energética brasileira? Desde o apagão de 2001, os governos procuram convencer os brasileiros de que o gás natural é um ótimo substituto para a energia hidrelétrica e a gasolina. Seu consumo foi largamente estimulado. Deu certo. Desde 2000, sua utilização cresceu 120%; em 2006, o produto já respondia por cerca de 10% de toda a matriz energética nacional. Seu uso é atualmente imprescindível não apenas no 1,5 milhão de veículos e nas dezenas de fábricas que o utilizam, mas também, de forma emergencial, na geração de energia elétrica. Durante os períodos de estiagem, quando cai o nível dos reservatórios, são acionadas as cerca de vinte usinas termelétricas movidas a gás inauguradas depois do apagão. 5. De onde vem o gás que o Brasil utiliza? Todo o gás natural no Brasil é fornecido pela Petrobras. Metade dele vem da Bolívia, e o restante, de poços brasileiros. O fornecimento aos consumidores finais, como indústrias, é feito por meio de distribuidoras privadas. 6. O que ocasionou o corte no fornecimento de gás? O racionamento de outubro de 2007 decorre pura e simplesmente da falta de planejamento de longo prazo e do baixo nível de investimento em infra-estrutura no país. Ninguém se importaria com a escassez de gás se os projetos de novas usinas hidrelétricas tivessem saído do papel. Como questões ambientais e regulatórias travam esses investimentos, ampliou-se a necessidade do gás de origem termelétrica. Já o baixo nível dos reservatórios não seria tão dramático em tempos de seca se houvesse mais fontes de gás no país. Mas não há uma coisa nem outra. 7. O setor do gás enfrenta outros problemas? O gasoduto Brasil-Bolívia, que representa metade do consumo nacional, está no seu limite. O projeto de ampliá-lo não foi adiante nem será agora com o risco político representado pelo fanfarrão presidente boliviano Evo Morales. A Petrobras preferiu dedicar-se de corpo e alma à meta de atingir a auto-suficiência em petróleo. Outro ponto a ser considerado é a falta de concorrência no fornecimento do combustível. Em tese, qualquer empresa privada poderia competir com a Petrobras na produção de gás. O problema é que os gasodutos existentes estão nas mãos da Petrobras. Haveria a possibilidade de importar gás liquefeito, mas a infra-estrutura portuária necessária para isso ainda não existe. Na prática, o fornecimento de gás no país depende apenas do planejamento de uma única empresa. 8. A megajazida de petróleo e gás de Tupi, na Bacia de Santos, pode resolver o problema do gás no Brasil? Ainda é cedo para saber. Por enquanto, a certeza é de que as reservas de petróleo são realmente gigantes - cerca de 8 bilhões de barris, o que eleva em mais de 50% o estoque brasileiro, atualmente nos 14 bilhões. Mas a Petrobras, responsável pelas pesquisas, ainda não precisou o tamanho das reservas de gás. De qualquer forma, mesmo no caso do petróleo, os benefícios econômicos da descoberta só virão literalmente à superfície por volta de 2013, quando deve começar a exploração em escala comercial da megajazida de Tupi. 9. Um eventual apagão energético pode colocar em risco o crescimento do país?
  • 3. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Sim. Nos últimos quinze anos, o país vem se integrando cada vez mais à economia mundial, e nunca antes o acesso a bens foi tão disseminado. O consumo avançou tão rapidamente que o Brasil começa a trombar cada vez mais em seus limites. As reformas foram feitas pela metade, ainda falta muito a privatizar e inexiste planejamento de longo prazo. Enquanto não houver investimentos em hidrelétricas e em novas fontes de gás, esse mesmo roteiro virá sempre à tona. Até lá, a sorte do país estará nas mãos das chuvas de São Pedro e do gás de Evo Morales. 10. A escassez de energia pode provocar um aumento de tarifas? Sim. Logo após o corte de fornecimento de gás no Rio e em São Paulo, em outubro de 2007, a Petrobras avisou que estimava um aumento de 25% no produto no ano seguinte. Mas o quadro já é ruim. Comparando-se o preço da eletricidade para novos projetos industriais no Brasil às tarifas do resto do mundo, chega-se a uma conclusão surpreendente. Embora consumam sobretudo energia de fonte hídrica, 25% mais barata do que a nuclear, os brasileiros pagam tarifas mais caras do que na França, onde a energia nuclear reina absoluta. Isso ocorre por causa de uma série de fatores, todos desastrosos. O maior deles é a carga tributária. Ela representa metade do valor da conta de luz dos brasileiros
  • 4. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. OBSTÁCULO AO CRESCIMENTO ECONÔMICO? O desequilíbrio da matriz brasileira de transportes acarreta altíssimos custos de circulação da mercadoria, que repercutem tanto nas exportações, interferindo na competitividade do produto nacional no exterior, quanto no preço final do produto dentro do país. Esta última conseqüência acarreta a diminuição do consumo e, por tabela, a retração da economia. Além dos altos custos, a malha rodoviária apresenta problemas relacionados à própria estrutura: segundo dados de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em 2006, 78% das rodovias brasileiras são classificadas como péssimas, ruins ou deficientes. As rodovias de melhor qualidade são as que foram submetidas à exploração de concessionárias. Os trechos explorados por consórcios privados já somam cerca de 10 mil quilômetros de rodovias. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) implantado no país com o objetivo de melhorias estruturais capazes de dar suporte ao crescimento econômico, pressupõe modificações nos diversos setores sociais. Uma parte dos investimentos, suficiente para tornar razoável o estado das rodovias do país, foi prevista pelo PAC para que seja aplicada até o ano de 2009.
  • 5. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Qualquer meta de crescimento nacional está atrelada a uma maior necessidade de escoamento de mercadorias, a exemplo do crescimento nos setores agrícolas, e a um fluxo mais intenso de pessoas, o que torna de fundamental importância os investimentos nas melhorias das matrizes de transporte do país. CONCESSÕES DE RODOVIAS FEDERAIS O mapa acima mostra o lote de concessão de rodovias federais no Brasil. É importante uma análise deste lote, pois pela primeira vez será cobrado pedágio nas rodovias federais em Santa Catarina. A ampliação do setor de transportes do Brasil é fundamental para o crescimento econômico do Brasil. A privatização, por meio de concessões, é a estratégia para manutenção e ampliação da infra-estrutura dos meios de transporte no Brasil. O USO DO SOLO
  • 6. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. O mapa abaixo apresenta a ocupação do solo no Brasil. Analise as informações e procure lembrar dos seguintes aspectos: - Megalópole é o conceito que utilizamos para explicar a união do espaço urbano, ou seja, o processo de conurbação, de duas ou mais metrópoles. A megalópole nacional é formada por SP1 e RJ. Em categorias diferentes, estas cidades também são “cidades globais”, pela conexão econômica, cultural e informacional que possuem com o espaço mundial. Além disso pelo tamanho de sua população, que ultrapassa 10 milhões de habitantes, também são consideradas Megacidades. Os problemas urbanos, como o trânsito, a poluição do ar, da água, do solo, o acúmulo de lixo, que também é comum em outras metrópoles e centros urbanos do Brasil, se torna mais intenso nas megacidades brasileiras devido ao tamanho e a complexidade de suas atividades. - A área adjacente da megalópole, na Região Sudeste e Sul do Brasil, é assinalada no mapa como uma área mais urbanizada e industrializada. É importante lembrar que este fato é conseqüência do processo de concentração e desconcentração industrial que marcou a economia brasileira na segunda metade do século XX. A infra-estrutura em transportes e energia, a disponibilidade de matéria-prima o mercado consumidor, o acordo comercial do MERCOSUL e os avanços no meios de transportes e comunicação foram fatores que determinaram essa dinâmica espacial no país. - As áreas modernas de agricultura e pecuária que o mapa apresenta são as produções com emprego de alta tecnologia. Soja, , café, algodão, laranja, arroz, fumo, animais, etc. são produções para a exportação que se destacam nessas áreas. A expansão dessas atividades econômicas é chamada de fronteiras agrícolas. Atualmente esta é mais uma ameaça ao espaço da Amazônia, o que também pode ser observado no mapa. A cana-de-açucar está em áreas modernas e de agricultura tradicional. A maior parte do alimentos que o brasileiro consome vem das áreas de cultivo tradicional e de pequenas e médias propriedades do Brasil. 1 Há um erro de edição no mapa. O centro econômico do Brasil é SP e não o interior do Paraná como aparece quando a legenda é analisada.
  • 7. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. A REFORMA AGRÁRIA A modificação da estrutura agrária de um país ou região, com vista a uma distribuição mais eqüitativa da terra e da renda agrícola, é a definição mais usual de reforma agrária. Como geralmente acontece com as conceituações sintéticas, nela está apenas implícita uma idéia-chave para o seu entendimento: de que se trata de uma intervenção deliberada do Estado nos alicerces do setor agrícola. Para corrigir a disparidade social que opõe a enorme massa dos que trabalham a terra a um pequeno número de grandes proprietários, é necessário que se faça uma opção governamental por uma determinada linha de desenvolvimento econômico. Assim, uma reforma agrária não surge nunca de uma decisão repentina de um general, de um partido, de uma equipe governamental, ou mesmo de uma classe social. Ela é sempre o resultado de pressões sociais contrárias e, ao mesmo tempo, é limitada por essas mesmas pressões. Em outras palavras, depende diretamente da evolução da conjuntura política do país. Desde o final da Segunda Guerra Mundial a reforma agrária passou a ser um dos elementos essenciais das estratégias de desenvolvimento econômico. Todas as organizações econômicas, a começar pela ONU (Organização das Nações Unidas), incentivam a sua realização. Os relatórios do Banco Mundial não desistem de chamar a atenção para a “urgência” de se executar reformas agrárias nos países subdesenvolvidos que lhe solicitam empréstimos. Enfim, há uma surpreendente unanimidade quanto à tese de que a reforma agrária é um requisito essencial do desenvolvimento econômico, e em todas essas recomendações está presente o adágio tornado célebre por John Kennedy: “Aqueles que fazem a reforma pacífica impossível tornam a mudança violenta inevitável”. A reforma só se colocou verdadeiramente como uma exigência social premente em países ou regiões em que existia uma grande massa de lavradores impedidos de ter acesso à propriedade da terra. Só em situações desse tipo é que ganhou força social a idéia de que a terra deve pertencer a quem trabalha. Nos dias de hoje, o que mais impede que os lavradores tenham acesso à terra é a concentração da propriedade fundiária nas mãos das chamadas “oligarquias”, isto é, um pequeno número de famílias ricas, influentes e poderosas. Esses grandes proprietários, ao invés de se dedicarem à exploração produtiva, detêm grandes áreas com fins meramente especulativos. Essa é uma característica bastante comum nos países do Terceiro Mundo, em que os latifúndios se constituíram durante a época colonial. O Brasil, como muitas outras nações latino-americanas,
  • 8. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. oferece um bom exemplo. Sua formação econômica acabou favorecendo a permanência de enormes domínios nas mãos de poucas famílias. Até hoje, todas as tentativas feitas no Brasil para se optar por uma saída democrática para a questão agrária acabam sendo frustradas por uma reação autoritária e violenta das classes dominantes. A realização de uma reforma agrária neste país está, nesse sentido, intimamente ligada aos chamados “caminhos da transição” do regime ditatorial a um regime democrático. O quadro atual da vida brasileira aponta para uma urgência de mudanças no sentido de se encontrar soluções que não excluam, mais uma vez, a participação dos segmentos populares da sociedade. E a participação da cidadania exige também o estabelecimento de um novo modelo econômico, destinado a uma distribuição menos desigual da renda nacional, de tal modo que o Estado desenvolva uma política social que beneficie concretamente o conjunto dos trabalhadores, em especial rurais. (VEIGA, José Eli. O que é reforma agrária. São Paulo, Brasiliense, 1981.)
  • 9. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. A GRANDE NOVIDADE... As rochas pré-sal situam- se a mais de 5000 metros de profundidade e estendem-se do Espírito Santo a Santa Catarina. 2.140m Bacia de Santos • Só com tecnologia avançada é possível dar viabilidade econômica a reservas localizadas a 1 000 metros, o que é mais de três vezes a maior profundidade operada anteriormente pela Petrobras. • O primeiro poço perfurado pela empresa em rocha pré-sal custou 240 milhões de dólares e levou um ano para ser feito. • Atualmente, esse custo caiu para 60 milhões de dólares e o prazo para 60 dias. 7.000m Petróleo na área de Tupi Santa Catarina acompanha com interesse redobrado o debate em torno do potencial petrolífero da camada pré-sal. O Estado, que vive há 17 anos uma briga com o Paraná pelos royalties do petróleo, vê nesta nova fase do mercado nacional a oportunidade de resgatar para os catarinenses um patrimônio que parecia perdido.
  • 10. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUALIDADE DE VIDA NO BRASIL
  • 11. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. O Pnud considera, em sua base de dados referente a 2004, que os brasileiros têm uma esperança de vida ao nascer de 70,8 anos. Mas o IBGE, em 2005, calculou que esse índice já chegou a 71,9 anos. A esperança de vida é a estimativa do número de anos que vão viver, em média, as pessoas nascidas em um determinado ano. Também houve avanços ainda não medidos no campo da educação. A taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais subiu de 88,6% em 2004 para 88,9% em 2005. Outro indicador considerado é a taxa bruta de matrículas, que estima o percentual de cidadãos excluídos do sistema educacional. Nesse caso ainda não há números atualizados, mas a tendência tem sido de melhora nos últimos anos. O novo IDH não significa que, de um dia para o outro, o Brasil se transformou em paraíso social. O corte de 0,800 é arbitrário e o conceito de desenvolvimento humano é subjetivo. Estatísticas às vezes ocultam aspectos da realidade - dois países com a mesma renda per capita podem ser completamente distintos se, em um deles, a elite abocanha a maior parte da riqueza. Mesmo com as ressalvas, não há como negar que o IDH é um dos melhores parâmetros de avaliação da eficácia das políticas públicas. E ele mostra que o país está avançando, há muito tempo. Se a miséria não foi eliminada, é cada vez menor seu peso relativo no conjunto da sociedade. No ano passado, mesmo antes do recálculo do PIB, o Brasil já foi apontado no Relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud como exemplo de melhoria na distribuição de renda. quot;A boa notícia é que a desigualdade extrema não é algo imutável. Nos últimos cinco anos, o Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, tem combinado um sólido desempenho econômico com declínio na desigualdade de rendimentos (...) e na pobrezaquot;, dizia o texto. Certamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva relacionará a melhora do índice aos programas sociais de seu governo. Terá bons argumentos: com Bolsa-Família, valorização do salário mínimo e quase 5 milhões de novos empregos formais, a renda dos mais pobres de fato cresceu, o que amplia acesso a alimentos e remédios e tem impacto direto no aumento da longevidade. Mas foi no
  • 12. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, que a educação básica foi praticamente universalizada. SAIBA MAIS SOBRE AS USINAS DO RIO MADEIRA O processo de licitação da usina hidrelétrica de Santo Antônio (RO) foi marcado por polêmicas relacionadas às condições de concorrência e aos impactos ambientais e sociais. Por que a iniciativa é tão polêmica? Ambientalistas e o Ministério Público se dizem preocupados com o impacto da obra sobre uma região tão rica em biodiversidade e sobre as populações ribeirinhas. Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) considerou os custos da obra superestimados e, além disso, contratos de exclusividade da Odebrecht com a estatal Furnas e com fornecedores de equipamentos levantaram suspeitas sobre as condições de concorrência. Ambientalistas se dizem preocupados Críticos também questionam se uma obra desse porte tão longe dos com impacto sobre biodiversidade da principais centros consumidores de energia seria a melhor opção para o região país. Por que as usinas são importantes? www.bbc.co.uk/portuguese A capacidade de produção de energia elétrica do país está próxima do limite e existe risco de desabastecimento se a economia crescer de forma mais acelerada. A garantia de fornecimento de energia futura também dá segurança a empresários que planejam investir no país. Os defensores do projeto dizem que o Brasil precisa dessa energia e que tem de buscá-la na Amazônia porque é lá que está 60% do potencial hídrico do país. As novas usinas acabam com o risco de apagão elétrico? Não acabam com o risco de falta de energia nos próximos anos, mas diminuem os riscos de falta de energia mais para a frente, especialmente a partir de 2012. Qual são as principais preocupações com o meio ambiente? Evitar o desaparecimento de determinadas espécies de peixe, que terão a sua rota migratória interrompida pelas barragens, evitar o acúmulo de sedimentos na represa e diminuir o impacto para as populações ribeirinhas que vivem da pesca e da agricultura nas áreas de várzea durante a época da seca. Qual foi a polêmica em torno da licença ambiental?
  • 13. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) concedeu a licença prévia para os dois empreendimentos em julho deste ano, após ter feito uma série de questionamentos e pedidos de complementação nos estudos de impacto ambiental, concluídos em maio de 2006. A demora incomodou setores do governo como a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A licença acabou saindo com 33 condicionantes. Quais são as condicionantes? O Ibama exige, por exemplo, que as ensecadeiras (paredões de concreto) construídas durante a obra sejam demolidas, para facilitar o fluxo de sedimentos e larvas de peixes. Outra condicionante é a construção de um canal artificial para os peixes continuem subindo o rio para se reproduzir. Também estão previstos programas de monitoramento para avaliar o risco de uma acumulação excessiva de mercúrio nos reservatórios e o dépósito de sedimentos. Quais são as principais críticas ambientais ao projeto? Os ambientalistas também dizem que os estudos avaliaram uma parte muito pequena do rio, a do trecho imediatamente afetado pelas usinas, e não permitem antever os efeitos que as obras poderão ter em toda a dinâmica do rio. Segundo eles, as análises deveriam ter coberto toda a bacia do Madeira. Como os empreendedores respondem a essas críticas? O consórcio Furnas Odebrecht, que realizou os estudos de impacto ambiental, afirma que a lei não determinava que o estudo fosse feito em toda a bacia. Eles dizem ainda que a tecnologia prevista no projeto minimiza o impacto ambiental em relação a outras hidrelétricas. Como funciona essa tecnologia? Nas chamadas usinas a fio d'água, as turbinas estão deitadas e são movidas pela correnteza, não por uma queda d'água, o que, segundo o consórcio, não altera muito a velocidade normal da água e por isso reduz a acumulação de matéria orgânica. Segundo Furnas/Odebrecht, esse sistema torna nulos os riscos de assoreamento do rio e do acúmulo de níveis perigosos de mercúrio. As hidrelétricas não são consideradas uma fonte de energia limpa? Alguns ambientalistas questionam isso por causa das emissões de metano que elas geram e do alagamento, que interfere na dinâmica de cheia e seca, da qual dependem diversas espécies. Além disso, pelo deslocamento de pessoas que essas obras envolvem, o impacto social também é considerado grande. Essa corrente defende usinas menores, com menor impacto no meio ambiente, uso de fontes alternativas de energia como o sol e o vento e diminuição do o desperdício de energia. Outros dizem que a energia hidrelética ainda é preferível a fontes mais poluentes como o carvão e óleo diesel. Por que o leilão foi adiado tantas vezes? O governo argumentava que a concorrência precisava ser assegurada para garantir um menor preço da energia ao consumidor. Até setembro, o único consórcio que se manifestava interessado em participar da licitação era o formado por Furnas, subsidiária da Eletrobras, com a construtora Norberto Odebrecht. Outras empresas diziam relutar entrar na disputa por causa de um contrato de exclusividade do consórcio com fornecedores de geradores e turbinas previstos no projeto. Como essa questão foi resolvida? A Odebrecht abriu mão do contrato de exclusividade com o argumento de que não queria ser mais responsabilizada pelos atrasos no leilão, embora tenha defendido os contratos como quot;plenamente legítimos e prática usual de mercadoquot;. Quem vai participar do leilão? Três consórcios. O primeiro liderado por Furnas/Odebrecht (Consórcio Madeira Energia, com participação de Andrade Gutierrez, Cemig e Fundo de Investimentos, Banif e Santander); o segundo por Chesf e Camargo Corrêa (Consórcio de Empresas Investimentos de Santo Antonio, com participação da CPFL Energia e da Endesa); e o terceiro composto por Suez e Eletrosul. Como será definido o vencedor? Será um leilão reverso, ou seja, foi estabelecida uma tarifa-teto de R$ 122 MW/hora e quem apresentar o mesmo preço, desde que cumpra outras condições previstas no edital, ganha o direito de construir e explorar a usina. Qual é a capacidade das usinas? Juntas, as duas usinas terão capacidade de produzir 6.450 megawatts – o equivalente a metade da potência de Itaipu e 8% da demanda nacional, de acordo com o governo. Quando as usinas serão construídas? A construção de Santo Antônio deverá começar entre o final de 2008 e o início de 2009. A usina deverá começar a funcionar com capacidade parcial em 2012, de acordo com o cronograma, e com capacidade total em dois ou três anos.
  • 14. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Entrevista: Pedro de Camargo Neto A bolha da Rodada Doha Para o empresário e negociador externo, o agronegócio teria muito mais a ganhar se cuidasse das mazelas internase parasse de se iludir com soluções externas mágicas Giuliano Guandalini O governo brasileiro quebrou a cara com o fracasso das negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC). E não apenas por ter negligenciado acordos bilaterais na esperança de que os países ricos diminuíssem de uma só vez os subsídios bilionários. O principal problema foi ter relegado a um segundo plano a solução de mazelas internas bem mais determinantes para o desenvolvimento do agronegócio. Essa avaliação é do empresário e negociador externo Pedro de Camargo Neto, que participou do lançamento da Rodada Doha, na capital do Catar, no fim de 2001. quot;Nos últimos cinco anos, Doha passou a ser vista como uma espécie de remédio mágico contra as doenças endêmicas da agricultura brasileira. Esse simplismo prestou-se a esconder deficiências internas muito piores que os efeitos do protecionismo de países ricosquot;, diz Camargo Neto. quot;Se resolvesse as suas fragilidades domésticas, como a vigilância sanitária deficiente, o país ganharia muito mais do que estava posto na mesa em Doha.quot; Camargo Neto foi secretário de produção e comercialização do Ministério da Agricultura (2001-2002). Aos 59 anos, ele hoje preside a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). O que significa o fracasso de Doha? Não é nenhuma tragédia. No Brasil, houve uma glamourização do tema. Doha ganhou uma importância desproporcional ao seu alcance. Durante as negociações, a culpa pelas mazelas agrícolas brasileiras foi convenientemente depositada sobre o protecionismo dos países ricos. Nos últimos cinco anos, Doha foi vista como uma espécie de remédio mágico contra as doenças endêmicas do agronegócio. Esse simplismo prestou-se a esconder deficiências internas muito piores que os efeitos do protecionismo de países ricos. Que deficiências são essas? Acima de tudo, o controle sanitário frágil e a infra-estrutura deficiente. Veja o exemplo da carne suína. Durante as conversas na sede da OMC, em Genebra, na Suíça, a União Européia oferecia uma cota de 200 000 toneladas ao ano, o que representa 1% do consumo europeu. O Brasil ganharia aproximadamente metade dessa cota, ou 100 000 toneladas do volume oferecido. Se erradicasse de vez a febre aftosa, o país poderia elevar em 1 milhão de toneladas suas vendas de carne de porco – o equivalente a dez vezes o ganho potencial com Doha. Por culpa única e exclusiva do Brasil, hoje não podemos vender um único quilo de carne suína para grandes mercados consumidores como Japão, Coréia do Sul e México. Em relação às carnes bovinas é o mesmo cenário. Prometemos aos europeus rastrear os animais, mas montamos um sistema sem nenhuma credibilidade. Nossas exportações de frutas também são pífias, mais uma vez por motivos sanitários. O sucesso futuro de nossa agricultura não dependerá exclusivamente de negociações comerciais complexas e intricadas, como as da Rodada Doha. Ele ocorrerá com a solução de problemas criados por nós mesmos. Curiosamente, ninguém trata desses aspectos. Doha, então, não tinha importância? Não quero aqui reduzir a relevância de um eventual acordo. Em Doha, os exportadores de carne bovina, suína e de aves certamente teriam a chance de aumentar a presença no protegido mercado europeu. Havia também a perspectiva de conquistarmos cotas para a venda de etanol na União Européia, além de solucionarmos de vez disputas antigas, como a que abrimos contra os subsídios americanos aos produtores de algodão. Sob esse aspecto, o Brasil e o resto do mundo
  • 15. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. em desenvolvimento certamente perderam. Mas é preciso pôr fim ao cinismo. Impomos a nós mesmos a maior parte das barreiras. Como o senhor analisa a atuação do chanceler Celso Amorim e dos demais negociadores do país? Houve um erro claro de estratégia da delegação brasileira nas conversas de Genebra. Saímos enfraquecidos desse episódio. Ao ter assumido a liderança do G20, grupo de países em desenvolvimento criado há cinco anos, o Brasil teria de arcar com o ônus dessa posição. Um verdadeiro líder deve consultar os parceiros e até convencê-los a recuar, se for o caso. O Brasil, no entanto, se antecipou e aprovou a proposta de acordo apresentada pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, mesmo sabendo da discordância de alguns de seus aliados no G20. Como resultado, a proposta foi simultaneamente aprovada pelo Brasil e rejeitada pela Índia. Isso diante de todos os negociadores. O que isso significa? Que a diplomacia brasileira apostou todas as suas fichas no G20 e em Doha. E falhou duplamente. Mas o Brasil não acertou ao se distanciar da intransigência da Índia, da China e da Argentina? Em tese, sim, pois a economia brasileira, cada vez mais diversificada, merece uma representação menos maniqueísta. O país já não cabe na cômoda posição de vítima. Fico com a impressão, no entanto, de que o distanciamento brasileiro retratou mais uma ânsia de fechar logo um acordo, qualquer acordo, mesmo que tímido, do que um amadurecimento. Na pressa, o chanceler Amorim talvez tenha aprovado um texto que deixava os americanos numa situação extremamente confortável. Lamy propunha a mesma redução de subsídios que a negociadora americana, Susan Schwab, oferecera um dia antes. Em um acordo em que se exige o consenso de 153 nações, é necessário que todos estejam igualmente infelizes. Pelo texto de Lamy, os americanos estavam bastante satisfeitos. Assim seria difícil convencer os aliados do Brasil no G20. Falhou Lamy. Falhou mais ainda o Brasil, que ficou esperando que Doha nos alçasse ao Primeiro Mundo. As conversas em Genebra acabaram marcadas por duas declarações inoportunas do chanceler Celso Amorim. Ele comparou a retórica dos negociadores americanos à do ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels. Disse ainda esperar que não seja necessário um quot;novo 11 de Setembroquot; para que as negociações sejam retomadas. Qual foi o impacto dessas gafes? Não imagino que essas afirmações tenham influído nas conversas da rodada de maneira determinante. Mas com certeza não fizeram bem à imagem do chanceler brasileiro. O corpo técnico do Itamaraty é competente. O grande erro foi ter misturado objetivos políticos a negociações comerciais. A rodada da OMC deveria ter como prioridade a liberdade econômica, e não servir de palco a interesses políticos. Embora o Brasil não tenha fechado nenhum acordo comercial significativo, as exportações do agronegócio triplicaram nos últimos cinco anos. A que se deve esse salto? O setor passou por transformações profundas em seu sistema produtivo a partir de 1990, com a abertura comercial e a eliminação de políticas cartoriais absurdas. No caso do açúcar, o aumento nas vendas externas só veio com o fim do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), que tinha o monopólio das exportações até 1990. São Paulo, a região mais eficiente do mundo na produção de álcool e açúcar, não podia exportar. Era uma situação esdrúxula, supostamente destinada a promover o desenvolvimento do Nordeste. Quando essa barreira caiu, o Brasil tornou-se uma potência no setor. Também foi positivo o progresso no controle da sanidade animal, apesar de não termos ainda nos livrado da febre aftosa. Em 1994, registraram-se mais de 2 000 focos dessa doença. Agora os casos são cada vez mais raros e isolados. Os avanços são inegáveis, mas há muito a percorrer. Como superar os atuais obstáculos que emperram o aumento das exportações do agronegócio? O setor privado cresceu muito, e rapidamente. Todo o aparato institucional e regulatório ficou obsoleto. Temos governo demais onde não é preciso e pouco governo onde ele se mostra
  • 16. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. necessário. Para promover as alterações urgentes, têm faltado visão e liderança. Estamos sempre correndo atrás do prejuízo e sem tempo de olhar o futuro. Além disso, prometemos sempre o que não podemos cumprir – um defeito fatal em se tratando de comércio internacional. O atual sistema de fiscalização dos animais, o Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), administrado pelo Ministério da Agricultura, é uma caricatura do que não se deve fazer. O sistema não conta com credibilidade. Há 10 000 fazendas cadastradas e, pelas regras vigentes, todas deveriam ser fiscalizadas pelo menos uma vez ao ano. Isso nunca ocorre. Diante de tamanha incompetência, fica difícil condenar o embargo da União Européia à importação de carne brasileira. O agronegócio costuma se queixar do câmbio. Mas, curiosamente, o aumento das exportações ocorreu entre 2003 e 2007, quando houve uma forte desvalorização do dólar... Não há como negar que a cotação cambial desfavorável reduz a rentabilidade dos agricultores. Mas isso foi, em parte, compensado pelo forte aumento da demanda dos países emergentes. A China, a Rússia e o Oriente Médio vêm crescendo a um ritmo acelerado. A população desses países passou a consumir mais alimentos, e o Brasil estava preparado para tornar-se um fornecedor de peso. Houve também, obviamente, ganhos na produtividade. Com a mesma área plantada conseguimos hoje colher 60% mais soja do que em 1990. Há duas décadas, produzíamos 4 600 litros de etanol por hectare, e agora o volume alcança 6 700 litros – um avanço de quase 50%. Graças a esses ganhos, resultado de uma pesquisa tecnológica de décadas, os produtores nacionais conseguem contornar dificuldades como o câmbio desfavorável, a infra- estrutura precária e também os subsídios dos países ricos. Existe uma crítica recorrente segundo a qual as exportações do país dependem cada vez mais de produtos básicos, dotados de baixo valor agregado. O senhor concorda? É uma tremenda bobagem. Agricultura não é extrativismo. Não existe um processo industrial que crie tanto valor quanto a fotossíntese, que, graças a muita tecnologia, transforma energia solar, água e mão-de-obra em alimento. Até a década de 70, o cerrado era tido como uma terra improdutiva. Só foi possível conquistar essa fronteira agrícola com o desenvolvimento científico de novas variedades de soja. Todos os ganhos de produtividade obtidos pelo agronegócio só foram possíveis pelo investimento maciço em pesquisa. E quais são as perspectivas nessa área? Precisamos de uma nova onda de ousadia e criatividade na pesquisa científica. Vivemos atualmente dos investimentos realizados no passado. Os avanços recentes em biotecnologia têm sido morosos. O país corre o risco de ficar para trás na produção de etanol a partir da celulose. A pesquisa nesse campo tem atraído investimentos bilionários nos Estados Unidos e na Europa, e o Brasil, pioneiro no uso do etanol em automóveis, corre o risco de ter de pagar royalties para importar tecnologia. Se a agricultura brasileira avançou tanto, por que ainda depende do crédito favorecido do governo? O agronegócio depende cada vez menos do financiamento oficial. Hoje, boa parte do crédito aos produtores é oferecida pelas empresas de exportação. Quem depende do crédito oficial é a agricultura familiar. No que diz respeito à chamada dívida agrícola, um assunto correlato, existe um passivo histórico que não foi devidamente enfrentado. Planos econômicos do passado manipularam o sistema de indexação, descolando o ativo do passivo do agricultor. Um problema semelhante ocorreu com o sistema financeiro da habitação. O desequilíbrio foi empurrado para a frente ano após ano, sem que se alcançasse uma solução definitiva. Criou-se a cultura de postergar esse acerto. Espero que, desta vez, se chegue a uma solução final.
  • 17. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. O SÉCULO DAS CIDADES Clube das megalópoles cada vez mais é terceiro-mundista Um milhão de pessoas a mais por semana. É esse o ritmo do crescimento das cidades do mundo. Em 1950, havia 86 cidades com mais de 1 milhão de habitantes; atualmente há 400. Naquele ano, Nova York era uma megacidade solitária no planeta; hoje há 25, dois terços delas concentrados nos países em desenvolvimento. Foram necessários 100 mil anos para que, em 2008, a população urbana - cerca de 3,4 bilhões - superasse a do campo. Mas em 2025 o porcentual da população urbana já será de 61%, segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU). A parte mais vistosa desse processo de urbanização é a explosão das megacidades. Pela definição da ONU, as megalópoles têm mais de 10 milhões de habitantes em seus limites geográficos formais. E uma voracidade que cria manchas urbanas que podem englobar dezenas de municípios. Nas últimas décadas, a conurbação de São Paulo a Campinas, por exemplo, foi tão intensa que criou a primeira macrometrópole do Hemisfério Sul, superando as previsões de que Lagos, na Nigéria, chegaria antes. Nas próximas décadas, nada deverá frear o Terceiro Mundo como o maior gerador de megalópoles. A indiana Mumbai saltou do 14o lugar no ranking mundial em 1975 para 4o em 2007 e será, em 2025, a 2a megacidade da Terra, com 26,3 milhões de habitantes. No ano passado, Karachi, no Paquistão, entrou direto no 12o lugar, com 12,1 milhões; o mesmo ocorreu com Istambul, na Turquia, Lagos, na Nigéria, e Guangdong, na China. Já o clube das megacidades do Primeiro Mundo tende à estabilização. Em 1975, Paris era a 7a mancha urbana do mundo, com 8,5 milhões de habitantes. Em 2005, já tinha caído para a 21a posição e em 2025 será a 23a, com 10 milhões. Londres, megacidade do século 19, deixou o grupo, porque cresceu muito menos que as outras. São Paulo está exatamente entre esses extremos. No passado, cresceu desmesuradamente em meio a dois choques de petróleo, à crise da dívida externa e à hiperinflação. Em 1975, já ocupava o 5o lugar no ranking de cidades mais populosas. Foram anos terríveis para o processo de urbanização. Em 1970, 1 em cada 100 paulistanos vivia em favelas, segundo dados da Prefeitura. Em 2005, os favelados eram 1 em cada 5 moradores da cidade. Os empregos de massa, o principal ímã de atração populacional, sumiram. A indústria, que gerava 40% dos postos de trabalho na capital em 1980, teve sua participação encolhida para 15% em 2004 e a tendência continua de queda. O modelo de urbanização (ou a falta dele), com o inchaço das periferias, obrigou São Paulo a conviver com problemas gigantescos. Morar longe do trabalho, e sem contar com transporte eficiente, cria um trânsito infernal que insulta a idéia de cidade organizada. A oferta de água segue perigosamente limitada. A poluição lança seguidas advertências. A violência, apesar de ter despencado, ainda assusta a população e a elite dos negócios. A Grande São Paulo, como outras regiões metropolitanas de porte, é o quot;lugar geométrico dos problemasquot;, define o governador José Serra, em artigo publicado nesta edição, quot;o espaço sobre o qual convergem com intensidade máxima desemprego, poluição, trânsito, violência, déficits de transporte público, saneamento, saúde e ensino básico de qualidadequot;. Há soluções à vista, mas elas dependem da atração de capital privado e externo: pelo menos R$ 176 bilhões seriam necessários para resolver os gargalos de infra-estrutura só da capital. A boa notícia é que São Paulo vem crescendo menos. Em 2025, quando o planeta das megacidades terá uma cara terceiro-mundista, ela estará no mesmo 5o lugar, com 21,4 milhões de habitantes. Rio, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre seguem na mesma trilha e registraram aumento demográfico menor que o da média nacional, de 1,6%, nos anos 1990. Pesquisa do
  • 18. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo indicou que só 38% dos novos moradores se instalaram nos grandes centros nessa década, ante os 60% registrados nos anos 1970 e 1980. Além do crescimento demográfico menor, São Paulo mantém o poderio econômico. A migração das indústrias - característica das metrópoles do Primeiro Mundo como Nova York, Londres, Frankfurt e Tóquio - ocorre porque as fábricas exigem terrenos grandes, e eles são mais baratos no interior. Mas o comando estratégico permanece na cidade, onde há tecnologia e mão-de-obra especializada. Cerca de 90% das atividades industriais do Estado ainda estão no quadrilátero Grande São Paulo, Campinas, São José dos Campos e Baixada Santista. É uma expansão absolutamente natural. Nos últimos 30 anos, a megacidade venceu a disputa com Buenos Aires e Rio e se tornou a cidade global por excelência na América do Sul. Reúne qualidades que tornam metrópoles referências para a elite dos negócios internacionais: é o grande centro financeiro do continente, a principal conexão da malha aérea do País, tem excelente oferta de assistência médica, é cercada por universidades e pólos de pesquisas, desenvolveu uma ampla estrutura de telecomunicações e serviços de apoio a negócios. São Paulo venceu porque foi melhor e as concorrentes fracassaram. Buenos Aires foi tragada pela crise econômica argentina e o Rio, pela imagem negativa do crime organizado. A consagração da hegemonia foi a transferência das negociações com ações da Bolsa do Rio para a de São Paulo, em 2000. Redução do crescimento demográfico, controle da inflação, economia do País em trajetória ascendente e orçamentos públicos que estão deixando de ser peças de ficção. Graças a esses fatores, pela primeira vez em décadas São Paulo retomou a capacidade de planejar seu futuro. Em abril, foi sede da 1a Conferência de Regiões Metropolitanas, promovida pela Associação Metrópolis, que sustenta discussões permanentes sobre megacidades. Em dezembro, receberá o Urban Age, grupo criado pela London School of Economics (LSE) que reúne alguns dos maiores pensadores urbanos do mundo - entre eles a socióloga americana Saskia Sassen, criadora do conceito de cidades globais, entrevistada nesta edição. Concebido para discutir soluções para as megacidades, o Urban Age estudou os casos de Nova York, Londres, Cidade do México, Mumbai, Xangai, Berlim e Johannesburgo. Os especialistas da LSE já vêm a São Paulo desde 2005. Conheceram favelas (Paraisópolis e Heliópolis, zona sul), a periferia (Cidade Tiradentes, zona leste) e cidades da região metropolitana (Osasco e Guarulhos). Gostaram do que viram, segundo Maria Helena Gasparian, assessora de Relações Internacionais do governo estadual. quot;Eles se entusiasmaram com alguns aspectos da vida em São Paulo, como as políticas de reurbanização de favelas e a oferta de alimentos de qualidade por toda a cidade, mesmo em feiras livres e açougues da periferiaquot;, conta. quot;Disseram que costumamos exagerar os defeitos de São Paulo, mas somos experts em manter nossos sucessos em segredo.quot; Outro motivo de otimismo em relação ao futuro não diz respeito só a São Paulo, mas a todas as megalópoles. De vilãs ambientais, elas agora são vistas como aliadas na luta pela sustentabilidade, por concentrar uma população que, dispersa, disputaria espaço com a biodiversidade na natureza. quot;Boas cidades são parte da soluçãoquot;, diz o brasileiro Oliver Hillel, coordenador do programa de Biodiversidade e Cidades da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas, entrevistado nesta edição. Para ele, ter uma São Paulo na Amazônia facilitaria a preservação da floresta. quot;Do ponto de vista do uso dos recursos naturais, é melhor ter uma cidade com 10 milhões de habitantes do que dez com 1 milhão.quot;
  • 19. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Energia 70 questões para entender o etanol Ronaldo França O barril de petróleo bateu em 109 dólares na semana passada. O consumo mundial chegou a 1 000 barris por segundo. A combinação desses dois números é o melhor indicador de que a busca por combustíveis alternativos deixou de ser uma atividade pitoresca para se elevar ao centro das atenções das empresas, dos governos e das instituições internacionais. Entre todos os combustíveis alternativos, o mais viável atualmente, do ponto de vista econômico e ambiental, é o etanol. Entre todos os tipos de etanol, o de cana-de-açúcar é o que tem maiores chances de participar substancialmente da matriz energética planetária. Entre todos os países produtores de etanol, o Brasil é aquele que apresenta as melhores condições geográficas, climáticas, culturais, econômicas e tecnológicas para liderar a produção do etanol, nome pelo qual é mais chamado hoje no planeta o álcool combustível, velho conhecido dos brasileiros desde a iniciativa pioneira dos anos 70, desencadeada pela primeira crise do petróleo. Desde seu ressurgimento meteórico no cenário mundial, o álcool/etanol tornou-se alvo de todo tipo de especulação, sendo motivo de projeções nacionalistas gloriosas. Foi motivo também de outro tipo de especulação, muito mais pessimista: para manter a frota global de carros rodando, o planeta seria obrigado a abandonar o cultivo de alimentos para plantar cana-de-açúcar e produzir etanol. Para colocar a questão do etanol na perspectiva correta, VEJA organizou o questionário das páginas seguintes. São setenta perguntas e respostas que cobrem todas as principais questões levantadas pela entrada do etanol no foco dos holofotes. Nessa tarefa, VEJA valeu-se de inúmeras fontes e teve o privilégio de contar com a dedicação especial de um dos maiores especialistas no assunto, Luiz Augusto Horta Nogueira, engenheiro mecânico e doutor pela Universidade Estadual de Campinas. Nogueira é pioneiro nos estudos que levaram à criação da área de biocombustíveis da Agência Nacional do Petróleo, da qual foi diretor de 1998 a 2004. Hoje é professor titular do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá e consultor para bioenergias de diversos órgãos internacionais, entre eles o Banco Mundial e a FAO, a divisão de agricultura e alimentação das Nações Unidas. PANORAMA 1 O que são os combustíveis quot;verdesquot;? São aqueles cuja emissão de CO2 durante o processo de produção ou no cano de descarga dos carros é menor que a proveniente do diesel e da gasolina. 2 Quais são os combustíveis quot;verdesquot;? Os mais viáveis são o etanol e o biodiesel. O hidrogênio líquido e a eletricidade produzida por baterias não emitem nenhum tipo de fumaça quando utilizados como combustíveis de automóveis. Seu uso, porém, ainda é restrito por problemas de distribuição e de pouca autonomia. 3 Qual o menos poluidor? A forma como os combustíveis são produzidos deve ser levada em conta na resposta e não apenas o que escapa do cano de descarga. A produção de hidrogênio exige gasto de eletricidade, o que, por sua vez, requer a queima de carvão e petróleo em termelétricas. Em termos globais, 60% da energia elétrica vem do carvão, a mais poluente das fontes energéticas.
  • 20. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 4 Por que o etanol e o biodiesel são os mais viáveis? O etanol e o biodiesel têm a vantagem de, por ser líquidos, aproveitar toda a estrutura logística da gasolina e do diesel. O etanol tem uma equação econômica ainda mais favorável, em razão da produtividade. Com 1 hectare de terra se consegue produzir 7 500 litros de etanol. No caso do biodiesel de soja, obtêm-se 600 litros por hectare. O etanol continuará atraente mesmo que o preço do barril de petróleo caia a 35 dólares. Todas as demais alternativas energéticas quot;verdesquot; só se tornam economicamente atraentes quando o barril de petróleo está valendo, no mínimo, 80 dólares. 5 Quanto esses combustíveis representam hoje no consumo mundial? São utilizados 600 bilhões de litros de combustível por ano no mundo. O consumo de biocombustíveis (etanol de cana, etanol de milho e biodiesel) é de 10% disso, algo em torno de 60 bilhões de litros. 6 Qual é a parcela de etanol no consumo mundial? O mundo utilizou, em 2007, 54 bilhões de litros de etanol. O país produziu, na última safra (parte da qual será vendida ao longo deste ano), 21,5 bilhões de litros. Desse total, pouco mais de 3 bilhões deverão ser exportados. 7 Quanto o etanol pode representar no futuro? A estimativa é de que o etanol chegue a prover 20% de todo o combustível líquido usado no mundo. Em valores de hoje, 120 bilhões de litros. 8 O etanol brasileiro, em particular, que fatia terá? O Brasil, por suas características de clima, área agricultável, teria condições de suprir 10% da demanda mundial. A questão é que a próxima fronteira tecnológica já se anuncia. Está em desenvolvimento o etanol de celulose, obtido a partir de uma variedade maior de plantas e gramíneas. Já há fábricas em teste no mundo, mas ainda não se aperfeiçoou o processo para torná-lo comercialmente viável. Ele pode vir a ser tão ou mais rentável que o etanol feito de cana-de-açúcar. 9 Que países estão adiantados na corrida pelo etanol de celulose? Os Estados Unidos lideram as pesquisas e o Brasil vem logo atrás. Calcula-se que leve ainda entre cinco e dez anos para os primeiros litros chegarem ao mercado. 10 Além da ainda relativa abundância, que outras vantagens tem o petróleo? Ainda não está inteiramente resolvido o problema da padronização internacional do combustível verde. Além disso, se queimar petróleo polui, tirar petróleo da terra ou do mar é uma atividade limpa, enquanto produzir etanol exige ocupação de vastas áreas de terreno, irrigação e uso de químicos agrícolas. A falta de um mercado mundial é um entrave ao etanol. 11 Um dia a eletricidade vai aposentar o etanol? No Brasil as hidrelétricas produzem de forma limpa mais de 90% de toda a energia elétrica. Na maior parte dos países, porém, a eletricidade é obtida com a queima de carvão. Portanto, o processo de produção da eletricidade é muito poluente. No futuro, a energia nuclear poderá substituir o carvão e – caso esteja resolvido o problema da destinação final do lixo atômico – será possível obter eletricidade sem poluição. 12 Como se posiciona o hidrogênio nessa corrida? Vale o mesmo raciocínio usado para a eletricidade. Quando o processo de produção do hidrogênio líquido for limpo, ele será o menos poluente de todos os combustíveis. 13 A partir de quais matérias-primas se pode produzir etanol hoje no mundo? As mais desenvolvidas são o milho e a cana. Alguns países utilizam também a beterraba, o trigo e a mandioca. Brasil e EUA produzem 85% do etanol mundial (O Brasil produziu 21,5 bilhões de litros e os EUA, 24,5 bilhões de litros, na última safra). O terceiro colocado é a China, com 2,7% de participação nesse mercado. Em quarto lugar está a União Européia, com 2,5%. 14 Quais são os principais países produtores de etanol? Brasil (cana-de-açúcar), Estados Unidos (principalmente milho, mas com boa perspectiva de chegar primeiro ao etanol de celulose), Canadá (trigo
  • 21. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. e milho), China (mandioca), Índia (cana, melaço) e Colômbia (cana e óleo de palma). A Alemanha produz metade do biodiesel do mundo. 15 Quais as vantagens do etanol produzido a partir de cana-de-açúcar sobre os demais tipos de etanol? A primeira é a limpeza. Para cada litro de gasolina utilizado na lavoura ou na indústria, são produzidos 9,2 litros de etanol. No caso do etanol de milho, essa relação cai para 1,4 litro de etanol para cada litro de combustível fóssil empregado no processo. A segunda é a produtividade. No Brasil, são produzidos 7 500 litros de etanol por hectare plantado de cana. No caso do milho, cada hectare produz 3 000 litros. 16 Como se compara o etanol com os demais combustíveis verdes? O etanol é o único que alia maturidade tecnológica e baixo custo de produção. 17 Que outros países produzem etanol de cana-de-açúcar? A cana-de-açúcar se desenvolve melhor nas regiões entre os trópicos. Isso compreende a porção norte da América do Sul, África, sul da Ásia, norte da Oceania, América Central e sul da América do Norte. Mas hoje só China, Colômbia, Tailânda, Índia e Austrália têm produção regular. 18 Por que o etanol despertou a atenção mundial? Porque os Estados Unidos se renderam às evidências e, como são o maior consumidor de combustível do planeta, chamaram a atenção de todos para a inevitabilidade de conseguir um combustível limpo em curto prazo. 19 Os combustíveis verdes – e o etanol em especial – podem substituir o petróleo em outros usos que não o transporte? Quais são esses usos? A alcoolquímica, o equivalente do etanol para a petroquímica, já desenvolveu alguns produtos, como plásticos e resinas. Ainda são experimentais, mas começam a surgir negócios como a substituição de nafta por etanol na fabricação de tubos de PVC. É grande a expectativa sobre o plástico de etanol, que tem a vantagem de ser biodegradável. 20 O etanol se presta a usos como eletrificação e aquecimento? Isso é possível com a utilização do bagaço de cana que sobra na fabricação do etanol. Se todas as 336 usinas brasileiras estivessem produzindo eletricidade, trabalhando com a tecnologia mais avançada já disponível, o potencial de geração seria de 12 000 megawatts, em 2015, similar à capacidade da usina de Itaipu. Esse potencial poderá triplicar, nos próximos dez anos, com os novos processos em desenvolvimento. 21 Quando começou a produção de etanol a partir de cana-de-açúcar? As primeiras experiências no Brasil foram feitas na década de 20, mas o grande impulso se deu na década de 70, quando foi criado o programa nacional do álcool. 22 Qual a parcela da frota brasileira que utiliza etanol? Dos 19 milhões de automóveis, cerca de 13,6 milhões são movidos a gasolina. Há 200 000 carros movidos a álcool. Outros 5,2 milhões são flex. No ano passado, 85% dos veículos novos saíram de fábrica com motor flex. A continuar assim, em 2015, quando a frota brasileira de automóveis estiver em 30 milhões de unidades, 19 milhões serão bicombustíveis. 23 O etanol poderá substituir a gasolina como o combustível mais usado no mundo? Não. Calcula- se que toda a disponibilidade de terras e condições climáticas seja suficiente apenas para a produção de 20% do combustível utilizado no mundo. CONSUMIDOR 24 Quais as vantagens do etanol sobre a gasolina para os consumidores? O álcool é menos econômico, mas dá mais potência ao motor. O benefício ambiental, no entanto, é o grande atrativo.
  • 22. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 25 A partir de que diferença de preço o etanol passa a ser economicamente compensador? Como tem rendimento inferior ao da gasolina (é preciso mais álcool para o veículo percorrer a mesma distância), o álcool tem de custar, no máximo, 70% do valor da gasolina. Com o litro de gasolina a 2,50 reais, vale a pena usar o álcool se ele estiver, no máximo, a 1,75 real. 26 Existe uma proporção ideal de mistura de etanol e gasolina? Não. Com os carros flex, pode-se usar qualquer proporção desses combustíveis no tanque. 27 É melhor usar etanol puro ou misturado A gasolina? Não há diferença. Do ponto de vista econômico, a escolha depende do preço desses combustíveis na bomba. 28 É verdade que se deve intercalar o abastecimento de álcool com gasolina para manter o motor lubrificado? Não há necessidade. Os motores são feitos de ligas preparadas para trabalhar a vida inteira com álcool. 29 Deve-se optar pela gasolina no inverno? Os carros a álcool têm mais dificuldade para começar a funcionar em ambientes mais frios. Mas não é necessário substituir o combustível. Basta ter o reservatório de gasolina, localizado junto ao motor, sempre abastecido. 30 O etanol pode trazer danos ao motor? Pelo fato de o etanol ser mais corrosivo do que a gasolina, os motores dos carros flex e a álcool têm de ser fabricados com ligas especiais, mais resistentes. 31 O que muda no motor flex em relação aos convencionais, a álcool ou a gasolina? Ele tem sensores que identificam o tipo de combustível que se está usando (ou a proporção de cada um no tanque) e regulam o motor automaticamente. 32 Um motor a etanol tem a mesma durabilidade dos motores a diesel ou a gasolina? Não há diferença quanto à durabilidade. 33 Há o risco de comprar etanol adulterado, assim como ocorre com a gasolina? Sim, da mesma forma que acontece com a gasolina. 34 O que pode provocar variações no preço do etanol? Por ser um produto de base agrícola, o etanol está sujeito às variações de preço em razão da safra e de fenômenos climáticos. Essa situação só será resolvida quando for criado um estoque regulador. O preço do petróleo também influencia. Vira uma referência para o revendedor, que pode tentar aumentar sua margem de lucro. 35 O etanol brasileiro é caro ou barato, comparado ao de outros países? O etanol do Brasil é o mais barato do mundo. Essa é a razão dos altos impostos de importação mantidos pelos Estados Unidos, que chegam a dobrar o preço do etanol brasileiro importado. 36 Quem tem carro a álcool corre o risco de ficar sem combustível, por problemas na produção, a exemplo do que aconteceu recentemente com o veículo a gás no Rio de Janeiro e em São Paulo? O risco é baixo. O mercado de etanol já se desenvolveu a um ponto em que se tornou mais difícil aos usineiros reduzir sua produção de álcool para priorizar a exportação de açúcar, como ocorreu na década de 80. Mas o governo não deve abrir mão dos mecanismos de controle. 37 Veículos pesados, como caminhões, poderão usar o etanol como combustível? Para os veículos pesados, o mais indicado é o diesel. Nesse caso, a melhor alternativa energética seria o biodiesel, que ainda não conseguiu alcançar o mesmo patamar de produtividade que o etanol de cana-de-açúcar. 38 O automóvel perde força e velocidade? Ao contrário, ganha mais força de arranque e velocidade final.
  • 23. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. MEIO AMBIENTE 39 O etanol ajuda mesmo no combate ao aquecimento global? A adoção do etanol é considerada um dos principais mecanismos de combate ao aquecimento global, pois reduz as emissões de CO2. 40 De que forma? Todo o gás carbônico emitido pelos veículos movidos a álcool é reabsorvido pelas plantações de cana-de-açúcar. Isso faz com que as emissões do gás sejam reduzidas. Além disso, a grande diferença em relação ao petróleo é que o etanol usa o gás carbônico retirado da atmosfera pelas plantas. O petróleo joga na atmosfera o gás carbônico armazenado no solo e não o reabsorve (veja quadro). 41 A cadeia produtiva do etanol – plantio, colheita, industrialização e distribuição – causa prejuízos ao meio ambiente? Há, sim, alguns impactos ambientais que ainda precisam ser eliminados. As queimadas são um exemplo. Em São Paulo, elas deverão ser totalmente abolidas até 2017. A vinhaça, o principal rejeito industrial da fabricação do etanol, também precisa ter destinação adequada para não contaminar os mananciais. Algumas usinas já a utilizam como adubo natural na lavoura de cana – não apenas por consciência ambiental, mas porque há uma redução de custos com fertilizantes. 42 A plantação de cana-de-açúcar consome água a ponto de afetar os mananciais? Esse é um risco. É necessário adotar mecanismos de reciclagem da água empregada no processo de fabricação. A produção de etanol em usinas mais ultrapassadas consome 21 000 litros de água por tonelada de cana. Hoje, as melhores usinas usam entre 5 000 e 1 000 litros. A sorte é que elas são maioria no país. 43 A plantação de cana pode provocar desmatamento na Amazônia e no cerrado? As entidades de produtores de etanol alegam que, embora o solo da Amazônia seja favorável à cana, o regime de chuvas da região Norte não é compatível com essa cultura. Isso, no entanto, não elimina o risco de que a expansão da lavoura de cana quot;empurrequot; em direção à Amazônia outras atividades igualmente indutoras do desmatamento, como a pecuária e a produção de soja. 44 O plantio da cana degrada o solo? Sim, pode reduzir a fertilidade da terra. Daí a necessidade de fazer o rodízio com a cultura de leguminosas, como feijão, amendoim e soja. A cana tem de ser replantada a cada seis anos. No intervalo de seis meses entre a retirada das plantas antigas e o replantio é que se alterna a cultura. 45 Por que muitos produtores de cana-de-açúcar queimam a lavoura antes da colheita? Para eliminar as folhas, o que abre espaço entre as plantas e evita que os trabalhadores se cortem com as folhas afiadas. A prática, no entanto, está condenada e terá de ser totalmente abolida no estado de São Paulo até 2017. 46 Qual é a destinação dos rejeitos da produção de cana? Além da vinhaça, usada na fertilização do solo, há o bagaço. Parte dele é empregada nas caldeiras para gerar energia. O que sobra é vendido às indústrias. Quase todo o suco de laranja produzido no Brasil utiliza o bagaço como fonte de energia. A palha (folhas secas) é usada também nas caldeiras. O que sobra fica no campo, como adubo. 47 As usinas de etanol utilizam combustíveis fósseis para funcionar? Para gerarem a própria energia, elas usam o bagaço de cana como combustível nas caldeiras. Entretanto, como toda atividade produtiva, o sistema de transportes que abastece as usinas utiliza combustíveis fósseis, como o diesel e a gasolina. Além disso, os defensivos agrícolas e adubos têm substâncias derivadas de petróleo em sua composição. Até o óleo usado nas máquinas entra na conta do balanço ambiental.
  • 24. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 48 As usinas criam transtornos para a vizinhança? Um dos principais problemas é o odor que se espalha pelo ar, proveniente da fermentação natural do bagaço da cana e da vinhaça. 49 Quanto das emissões de gases de efeito estufa a produção de etanol poderá reduzir no futuro? Ela já reduz hoje entre 60% e 90% das emissões (dependendo da eficiência do processo de fabricação). Não há estudos que indiquem uma redução ainda maior. IMPACTO SOCIAL 50 Há risco de que a produção de etanol prejudique a produção de alimentos no mundo? Parte da alta de preços de alimentos no mundo, no ano passado, pode ser atribuída à expansão da lavoura de milho voltada para a produção de etanol nos Estados Unidos, mas o mundo produz mais alimento do que consome. Em São Paulo a plantação de cana ocupou o espaço de pastagens, nos últimos anos, sem que a produção de carne bovina tenha diminuído. 51 Se isso acontecer, quais serão os efeitos? No Brasil, dificilmente isso ocorrerá. Dos 340 milhões de hectares disponíveis para plantio (aráveis) no país, somente 90 milhões seriam adequados à cultura de cana, que atualmente ocupa apenas 7 milhões de hectares (metade deles para a produção de açúcar). O que tem mais chance de acontecer é um deslocamento das lavouras à medida que a cana dominar os espaços antes ocupados por outras culturas. Pode haver ajustes de preços regionais por causa de mudanças na logística de abastecimento. 52 As relações de trabalho na indústria da cana-de-açúcar respeitam o trabalhador? Em geral, a realidade do cortador de cana ainda é muito difícil, com jornadas excessivas, baixa remuneração e condições sanitárias ruins. 53 O que gera mais empregos, a indústria de petróleo ou a de etanol? O etanol emprega vinte vezes mais mão-de-obra por litro produzido do que o combustível fóssil e alternativas energéticas como o hidrogênio e a eletricidade. 54 Em números absolutos, o que isso significa? São Paulo emprega 400 000 pessoas diretamente na produção do açúcar e do álcool atualmente. Mas, com o avanço das técnicas e a mecanização da lavoura, esse número pode cair à metade. Em outras regiões produtoras a tendência é a mesma, mas em ritmo menor. ECONOMIA 55 Qual é o limite máximo da produção de etanol além do qual se pode prejudicar a disponibilidade de terras para outras culturas? Em tese, há ainda 77 milhões de hectares a ser ocupados no Brasil sem afetar o espaço dedicado a outras culturas. Atualmente, a cana-de-açúcar ocupa 7 milhões de hectares, menos do que a soja (22 milhões) e o milho (13 milhões). 56 Há no Brasil mão-de-obra qualificada para a produção de etanol em larga escala? Faltam, principalmente, profissionais de nível superior com qualificação específica, como engenheiros. Não há cálculos exatos desse déficit. 57 O Brasil compete em condições de igualdade no mercado internacional de etanol? O preço do etanol brasileiro é bastante competitivo. É até 50% mais baixo do que o do etanol de milho, o que explica o fato de o Brasil deter hoje 40% da produção mundial de etanol.
  • 25. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 58 O Brasil subsidia os produtores de álcool? Não. Os subsídios foram pesados no passado, na primeira fase do programa do álcool, mas hoje não há nenhum subsídio aos produtores. O que existe é uma tributação diferenciada, que é maior para a gasolina do que para o etanol, por suas qualidades ambientais. A mesma política é adotada para o gás liquefeito de petróleo (GLP) e o diesel. 59 Quando começou a produção a sério de etanol nos Estados Unidos? Nos últimos três anos, o governo americano passou a dar mais ênfase à produção de etanol, como alternativa à dependência de petróleo e ao aquecimento global. TECNOLOGIA 60 Existem alternativas para aumentar a produtividade da cana-de-açúcar? A principal delas é o desenvolvimento das novas tecnologias de extração de etanol das plantas. Os estudos indicam que se poderá até triplicar a quantidade de álcool se se passar a aproveitar o bagaço e as folhas da planta no processo de produção. 61 Por que o etanol produzido pelo Brasil, a partir da cana-de-açúcar, é melhor do que o produzido pelos Estados Unidos? A qualidade do produto final é igual. O que os diferencia é a produtividade. Um hectare de cana-de-açúcar produz 7 500 litros, enquanto 1 hectare de milho produz 3 000 litros. 62 O que o Brasil precisa fazer para obter e manter a liderança tecnológica? Investir pelo menos quinze vezes mais do que o atual patamar de 100 milhões de dólares por ano somente em pequisa para a obtenção da tecnologia de produção do etanol de celulose, que, além de aumentar a produtividade por hectare, possibilita a utilização de outras plantas e até mesmo de madeira. 63 O padrão técnico do etanol já faz dele um produto tão regular quanto a gasolina? Embora já se tenha avançado nesse campo, falta uma padronização mais rígida para que o etanol se torne um produto de consumo mundial e ganhe mercado. 64 Quantas variedades de cana-de-açúcar existem e qual é a mais produtiva para o etanol? São mais de 5 000 no banco de espécies para pesquisa, das quais 100 já têm uso comercial. Não existe aquela que se possa considerar a melhor. As grandes usinas chegam a trabalhar com dezenas de variedades simultaneamente, usando uma para cada espécie de solo e de topografia. 65 Quais os principais desafios do etanol? A padronização técnica, o zoneamento econômico- ecológico, em que se delimitarão as áreas de produção de forma que não afetem outras culturas nem a mata nativa da Amazônia e do cerrado, e a expansão do mercado internacional. 66 A produção de etanol por hectare plantado aumentou 40% nos últimos vinte anos. Quanto mais poderá aumentar? A perspectiva é que o melhoramento genético e a hidrólise (extração de etanol também das folhas e do bagaço) produzam ganhos de produtividade da ordem de 50%. 67 Quais são as próximas barreiras tecnológicas? O aprimoramento genético da cana e o desenvolvimento da tecnologia de lignocelulose, por meio da qual se poderá obter etanol de diversos outros tipos de plantas. 68 Quanto o Brasil está investindo em tecnologia? O Brasil investe 100 milhões de dólares por ano, enquanto os Estados Unidos investem 1,5 bilhão de dólares por ano somente em pesquisa. 69 Quanto seria o investimento ideal? O Brasil precisaria investir pelo menos quinze vezes mais do que isso para empatar com os Estados Unidos e se manter na disputa pela posição de liderança.
  • 26. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 70 Caso os estados unidos cheguem antes ao Etanol de celulose, o Brasil estará ultrapassado? Não totalmente. Bons acordos podem garantir acesso à tecnologia. As plantas tropicais oferecem mais quantidade de biomassa do que as plantas de regiões temperadas. Até essa vantagem a natureza deu ao Brasil na corrida pelo combustível do futuro Foto Silvestre Machado/Opção Brasil
  • 27. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.