2. Conceito de Rastreamento
(screening):
• Exames são aplicados em pessoas sadias → benefícios relevantes
frente aos riscos e danos previsíveis e imprevisíveis da intervenção.
• Exame positivo X diagnóstico. Teste confirmatório ↑ especificidade
para a doença + rastreamento positivo = diagnóstico definitivo.
• Ex.: MMG sugestiva de neoplasia → biópsia → histopatologia.
MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica RASTREAMENTO Série
A. Normas e Manuais Técnicos Cadernos de Atenção Primária, n. 29
3. Conceito de Rastreamento
(screening):
Objetivo: Prevenir o início ou eliminar as consequências da
doença.
Características da doença
Problema de saúde pública
Fase pré-clínica identificável
Melhores resultados com tratamento em estágio inicial
MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica
RASTREAMENTO Série A. Normas e Manuais Técnicos Cadernos de Atenção Primária, n. 29
4. Avaliação dos Testes de
Rastreamento:
•
•
•
•
•
•
Risco relativo e redução do risco relativo;
Ganho na expectativa de vida;
Custo por caso detectado;
Custo por vida salva;
Ganho em qualidade, ajustado aos anos de vida;
Número necessário para rastrear (NNR).
• Ensaios clínicos controlados randomizados
• Padrão-ouro para avaliação de eficácia
• Limitações
5. Câncer de Mama:
• Mais incidente em mulheres e causa mais frequente de morte por
câncer.
• 2º tipo mais frequente mundialmente e 5ᵅ
causa de morte por
câncer.
• Brasil:
- 2012: estimados 52680 casos novos (incidência de 52,5 casos por
100.000)
1ᵅ
causa de morte por câncer na população
feminina brasileira, com 11,3 óbitos/100.000
mulheres em 2009
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Estimativa 2012. Incidência do Câncer no Brasil. Rio
de Janeiro: INCA, 2011
6. Rastreio Mamográfico:
• Limites etários do Rastreio?
• Intervalo entre exames?
• Idade de término do Rastreio?
• Task Force x INCA x SBM…?
7. Diretrizes Atuais
•US Preventive Services Task
Force (USPSTF)
• Não há radiologistas ou mastologistas no grupo
• Especialistas em medicina preventiva que analisam
pesquisas publicadas e fazem recomendações sobre
questões relativas aos cuidados de saúde.
11. Task Force:
• MMG ↓ mortalidade por câncer de mama em 15% para as mulheres de
39 anos a 49 anos (risco relativo 0.85 [95% ic).
• Exposição à radiação da MMG é baixa. Experiências adversas do paciente
são comuns e transitórios e não afetam as práticas de rastreio.
• Estimativa do overdiagnosis varia de 1 % a 10 %. As mulheres mais jovens
têm mais resultados falso-positivos e de imagem adicional, mas menos
biópsias do que as mulheres mais velhas.
• Ensaios para o auto-exame não mostrarou reduções na mortalidade, mas
aumenta em resultado de biópsia benigna.
Screening for Breast Cancer: U.S. Preventive Services Task Force Recommendation Statement U.S. Preventive Services Task Force
12. Task Force: recomendações
• MMG bienal < 50 anos: considerar contexto do paciente - benefícios e
malefícios específicos (Grau C recomendação)
• MMG bienal para as mulheres entre 50 e 74 anos. (Grau B recomendação)
• A evidência atual é insuficiente para avaliar os benefícios e danos adicionais
da MMG em ≥ 75anos (Declaração I)
• Recomenda a médicos que ensinem as mulheres como realizarem o autoexame (Grau de recomendação D)
• A evidência atual é insuficiente para avaliar os benefícios e danos adicionais
de qualquer mamografia digital ou RNM em vez de MMG filme como
rastreamento para o câncer de mama (Declaração I)
•
Screening for Breast Cancer: U.S. Preventive Services Task Force Recommendation Statement U.S. Preventive Services Task Force*
13. Malefícios do Rastreamento:
• Dor
• Poucas mulheres consideram como fator determinante
para um rastreamento futuro
• Exposição à radiação (baixa dose)
• Falso-positivos (0,9-6,5%)
• Exames de imagem adicionais e biópsias desnecessárias
• Ansiedade, estresse e danos psicológicos
•
¹Nelson HD et al. Screening for Breast Cancer: na Update for the US Preventive Services Task Force. Annals of Internal
Medicine. 2009;151:727-737
14. Malefícios do Rastreamento
• Falso-negativos
• Taxas relativamente baixas (pouco maiores em mulheres
acima de 70 anos)
• “Overdiagnosis” e “overtreatment” (1-10%)
• Custos financeiros
•
¹Nelson HD et al. Screening for Breast Cancer: na Update for the US Preventive Services Task Force. Annals of Internal
Medicine. 2009;151:727-737
15. Ensaios Clínicos Randomizados
Divisão aleatória para triagem periódica:
- MMG (grupo com intervenção)
- Acompanhamento (grupo controle)
Semelhanças metodológicas
Comparar mortalidade por câncer de mama
Determinar condições de saúde e causa de morte de todas as pacientes
Relatar elementos clínicos específicos dos casos de câncer de mama
(incidência, tempo de aparecimento, classificação histológica)
Diferenças metodológicas
Diversidade de faixa etária
Inclusão do ECM no protocolo
Quantidade de incidências mamográficas
Duração do intervalo entre os exames
Seleção em grupos x Randomização individual
17. Análise crítica dos resultados:
HIP
Primeiro ensaio clínico randomizado controlado
Críticas
Tecnologia ultrapassada (MMG)
Contribuição independente do ECM e da MMG na detecção do
câncer
MMG: 33%; ECM: 45%; MMG+ECM: 22%
Malmö
Contaminação (?)
Rastreamento de 25% do grupo controle
Parte do grupo de intervenção não rastreado
18. Análise crítica dos resultados:
• Gothenburg
• Redução significativa em jovens
• Intervalo de rastreamento mais curto
• 2 incidências mamográficas
• CNBSS- 1 (Críticas)
•
•
•
•
Desenho do estudo (ECM antes da randomização)
Qualidade da mamografia
Preocupações quanto ao processo randomização
Excesso de paciente com tumores avançados no grupo de
intervenção
• Exclusão do CNBSS-1 aumentaria a redução da mortalidade
para 26-30%.
•
¹Jatoi,I. Clínicas Cirúrgicas da América do Norte: Condutas no Câncer de Mama. Vol.79. Nº5.WB Saunders Company: Outubro, 1999.
• ²Harris, JR et al. Diseases of the breast. 4ª edição. Lippincott Williams & Wilkins, 2009
19. Análise crítica dos resultados:
• United Kingdom Age Trial (Críticas)
•
•
•
•
Apenas 1 incidência MMG
Altas taxas de falha em biópsias de calcificações
Taxas insuficientes de seguimento
Baixas taxas de complacência (68%)
•
¹Jatoi,I. Clínicas Cirúrgicas da América do Norte: Condutas no Câncer de Mama. Vol.79. Nº5.WB Saunders Company:
Outubro, 1999.
• ²Harris, JR et al. Diseases of the breast. 4ª edição. Lippincott Williams & Wilkins, 2009
20. • Mulheres com 40 anos ou mais rastreadas por SMPBC entre janeiro de
1988 e dezembro de 2003
• 598.690 mulheres no grupo que sofreu um total de 2.196.441 mamografias
no período de 1988-2003 para uma média de 3,7 filmes por mulher.
• O número observado de câncer que ocorre na coorte antes dos 50 anos de
idade, 2469, ultrapassou o esperado, 1492, refletindo o efeito de detecção
precoce.
22. • A Figura 3 mostra que as taxas de mortalidade observadas são
inferiores às taxas esperadas após limitando mortes para mulheres
nas quais o diagnóstico ocorreu antes de 50 anos de idade.
23. • Em contraste, observou números ( Tabela III) e taxas ( Fig. 3) , das
mortes por câncer de mama para os casos diagnosticados antes 50
anos foram menores que o esperado.
24. • Resultados:
- De 40-49 anos são compatíveis para vantagem de mortalidade de
26%
- O benefício absoluto de triagem para as mulheres de 40-49 é menor
porque o risco de câncer de mama, e posterior morte , é menor do
que para as mulheres mais velhas. No entanto , a sua expectativa de
vida é maior, de modo que mais anos de vida são potencialmente
salvos para cada morte evitada.
25. Câncer é a principal causa de morte prematura em mulheres na faixa dos 40
anos.
• USPSTF: ?Benefício absoluto de rastreamento mamográfico de rotina de
mulheres na faixa dos 40 era demasiado baixo para compensar os danos?
• ECR avaliam a redução da mortalidade entre as mulheres randomizados
para o grupo convidado para ser rastreado e não aqueles que realmente
participaram da triagem. Uma mulher convidada que nunca tem uma MMG
e morre de câncer de mama é considerada como tendo sido rastreada,
assim como uma mulher no grupo controle que decide ter uma MMG fora
do julgamento é contada como não selecionada.
26. - Vários ensaios clínicos randomizados , a qualidade mamográfica foi bastante
pobre ou apenas uma visão única mamográfica.
-
Dois estudos observacionais entre as mulheres que se submeteram à
MMG (2 visões de cada mama ) = ↓ 30% a 40% na mortalidade por câncer
de mama para as mulheres em seus 40 anos. (Não foram considerados
pelo USPSTF).
-
Incidência de CA mama de 45 a 49 anos ≈ de 50 a 54 anos
-
Rastreamento mamográfico aumenta chance de detectar câncer inicial
para ser tratado por segmentectomia e não mastectomia, reduzindo
necessidade de QT.
27. - USPSFT: Triagem só
para mulheres na faixa dos 40 que estão em
maior risco
X
- 75% do câncer de mama é diagnosticado em mulheres sem
fatores de risco óbvios para o câncer de mama
28. • Triagem anual ou bienal:
• Câncer de mama em mulheres jovens tende a ser mais agressivo.
• Ca mama pré-clínicos tem 16 % de chance de espalhar para os
nódulos linfáticos dentro de 1 ano em mulher de 40 anos X 7% em
mulher de 50 anos X 5% em mulher 60 anos.
• Benefício ideal: mulher de 40 anos = MMG anual.
29. • Mulheres preferem se submeter a outros exames
para afastar o diagnóstico do câncer do que não
participarem do screening. Aceitam as
desvantagens como parte do processo de salvar
vidas.
30. Análise dos Estudos: Rastreamento
a partir dos 40 anos
1/3 das mortes precoces ocorre em mulheres
diagnosticadas entre 40-49 anos
20% das mortes por câncer de mama
40% dos anos perdidos para o câncer de mama
Estudos mostram redução de 30 a 40% na mortalidade
•
¹Feig, Stephen A. U.S. Preventive Services Task Force Screening Recommendations: A Step Backwards to
Less Effective Screening.Breast Diseases: A Year Book Quaterly. Vol 21. Nº 2, 2010.²Harris, JR et al.
Diseases of the breast. 4ª edição. Lippincott Williams & Wilkins, 2009
31. Análise dos Estudos: Rastreamento
a partir dos 40 anos
Baixa sensibilidade mamográfica ?
Mamas densas limitando visualização tumoral
Maior agressividade da doença ?
Diferenças na biologia tumoral e do meio hormonal
Baixa incidência de câncer de mama (1,5 x 2,5/1000)
Necessidade de maiores taxas de seguimento de mulheres-ano
•
¹Feig, Stephen A. U.S. Preventive Services Task Force Screening Recommendations: A Step Backwards to Less
Effective Screening.Breast Diseases: A Year Book Quaterly. Vol 21. Nº 2, 2010.²Harris, JR et al. Diseases of the
breast. 4ª edição. Lippincott Williams & Wilkins, 2009
32. Análise dos Estudos:
Rastreamento após 75 anos
• Contra o rastreamento:
• Ausência de estudos com mulheres > 75 anos
• Baixa taxa de participação nos programas das mulheres mais idosas (obstáculo
para os ensaios clínicos)
• Fatos que sugerem diminuição do benefício do rastreamento
• Visualização dos benefícios anos após o início do programa
• Alta porcentagem de tumores receptores hormonais positivos
• Maior risco de morte por outras condições
• Aumento da probabilidade de “overdiagnosis” e
“overtreatment”
•
¹U.S. Preventive Services Task Force. Screening for breast cancer: US Preventive Services Task Force Recommendation Statement.
• Annals of Internal Medicine. 2009; 151:716-726
33. Análise dos Estudos:
Rastreamento após 75 anos
• A favor do rastreamento
• Altas taxas de incidência da doença
• Altas taxa de detecção no rastreamento
• Maior sensibilidade mamográfica
• Maior VPP dos achados anormais da MMG
• Início do benefício do rastreamento -> 5 anos
• Expectativa de vida feminina nos EUA
• 70 anos: 15 / 80 anos: 9 / 85 anos: 5
• Mulheres sem comorbidades -> aumento da expectativa de vida
•
¹U.S. Preventive Services Task Force. Screening for breast cancer: US Preventive Services Task Force Recommendation Statement.
• Annals of Internal Medicine. 2009; 151:716-726
34. Rastreamento após 75 anos
• Em resumo:
• Triagem pode ser continuada enquanto a mulher está em
boa saúde e iria prosseguir o tratamento se o câncer é
identificado (considerando a expectativa de vida da
paciente sem o câncer).
35. Intervalo do Rastreamento:
• Sem estudos randomizados que comparem ↓ mortalidade em diferentes
intervalos
• Rastreamento bienal
• USPTF: rastreamento anual ↑ n º de mortes evitadas, enquanto dobra a taxa de
biópsias
• Rastreamento anual
• Detecta tumores mais precocemente, de menores dimensões e mais baixo
estadiamento.
• Importância em mulheres na pré-menopausa (altas taxas de crescimento
tumoral)
• Gothenburg: resultados significativos com rastreamento anual
• Gothenburg (18 meses)
• 39-49 anos: 45% x 65%
36. Recomendações:
• Rastreio anual a partir dos 40 anos:
- Sociedade Brasileira de Mastologia
- Principais Sociedades Médicas Norte-Americana, seguindo
orientações da American Cancer Society
• Rastreio bienal apartir dos 50 anos:
- INCA
- OMS
- Principais Programas de Rastreamento de Câncer de Mama na
Europa e Oceania
37. Considerações Finais:
• Estudos mostram a eficácia do rastreio mamográfico na
redução da mortalidade do câncer de mama.
• Existe benefício com o rastreio anual a partir dos 40 anos,
sendo bastante toleráveis os malefícios do mesmo.
• O rastreamento após os 75 anos deve levar em conta as
condições de saúde da paciente e sua expectativa de vida.
• À luz da reforma de saúde americana que amplia a cobertura
de assistência a 30 milhões de pessoas, as recomendações
da USPSTF devem ser analisadas com muita cautela.
38. 1) Effect of Service Screening Mammography on Population Mortality from Breast Carcinoma
-Stephen A. Feig, M.D. Department of Radiology, The Mount Sinai Hospital, New York, New
York
2) Breast cancer mortality after screening mammography in British Columbia women
- Andrew Coldman, Norm Phillips, Linda Warren and Lisa Kan Surveillance and Outcomes
Unit, British Columbia Cancer Agency, Vancouver, BC, Canada
3) JAMA. 2010The Benefits and Harms of Mammography Screening;303(2):164-165
(doi:10.1001/jama.2009.2007)
Steven Woloshin; Lisa M. Schwartz Understanding the Trade-offs
4) Screening for Breast Cancer: U.S. Preventive Services Task Force
- Recommendation Statement U.S. Preventive Services Task Force*
5) INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil).
- Estimativa 2012. Incidência do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2011
6) Doenças da Mama, baseado em evidência
7) JAMA. 2010;303(2):168-169 (doi:10.1001/jama.2009.1993) Benefits of Screening
Mammography
- Wendie A. Ber