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Oficinas em dinâmica de grupo:
um método de intervenção
psicossocial
Lucia AFONSO
O que é “Oficina”?
 Um trabalho estruturado com grupos,
independentemente do número de encontros,
sendo focalizado em torno de uma questão
central que o grupo se propõe a elaborar, em um
contexto social.
 A elaboração que se busca na Oficina não se
restringe a uma reflexão racional mas envolve os
sujeitos de maneira integral, formas de pensar,
sentir e agir
O que é “Oficina”?
 Útil na área da saúde, educação e ações
comunitárias. Usa informação e reflexão, mas se
distingue de um processo apenas pedagógico,
trabalha os significados afetivos e as vivências
relacionadas com o tema a ser discutido.
Origens teóricas - forma de intervenção
psicossocial com pequenos grupos
 Kurt Lewin  tradição  pesquisa ação
 Não se opõe a outras formas de trabalhos
com grupos. Não pretende superá-las nem
substituí-las.
 O profissional não pode prescindir de
outros estudos em teoria de grupo
Kurt Lewin e a Pesquisa-Ação com
pequenos grupos
 Estudo sobre as minorias sociais dentro de
um contexto psicossocial
 Realidade social é multidimensional e na
mudança social o pesquisador deve partir da
compreensão, consentimento e participação
dos grupos envolvidos
 A mudança social envolve um compromisso
tanto desses grupos quanto do próprio
pesquisador  PESQUISA AÇÃO, cuja base
é o pequeno grupo
 Três idéias essenciais para uma aprendizagem
social ativa e participativa (Lewin)
 1- a importância do papel ativo do indivíduo
na descoberta do conhecimento
 2- a importância de uma abordagem
compreensiva na intervenção, que incluía
aspectos cognitivos e afetivos
 3- a importância do campo social para
constituir e transformar a percepção social e
o processo mesmo de construção de
conhecimento.
A abordagem psicodinâmica do grupo e a
Oficina
 Motivações inconscientes
 Reflexão  Elaboração do grupo
depende dos insights sobre a própria
experiência e da articulação de sua
reflexão aos conflitos e realizações
vividos no grupo
 Reflexão consciente, racional
desenvolvida no grupo + emoções e
vínculos com a experiência = efeitos de
mudança , transferências psíquicas entre
os membros e a coordenação
Identificação e identidade do grupo
 Papel do outro constituição do
psiquismo do sujeito (Freud)
 Sentimento do grupo primeiras
experiências familiares
 Sentimentos básicos a união do grupo
identificação e a sublimação
 Identificação núcleo dos mecanismos
psicológicos que formam a identidade
grupal
 Processo de sublimação
 Identificação como um processo
ambivalente  esta ambivalência pode
ser fonte de tensão/dispersão no grupo.
Bion e as hipóteses de bases nos grupos
restritos
 Nível da tarefa objetivos e regras
conscientes
 Nível da valência esfera afetiva e
inconsciente do grupo
 Formas que o grupo adota para defender
sua angústia e assim se preservar  sem
elaborar sua angústia o grupo faz tudo
para se afastar de sua tarefa
 Esfera afetiva pode bloquear/facilitar a realização
da tarefa
 1- Dependência proteção no líder, defesa
contra sua própria angústia através da atitude
dependente
 2- Ataque e fuga  alterna movimentos de fuga e
agressão, em relação ao coordenador ou aos
próprios problemas do grupo
 3- Acasalamento  não conseguindo realizar
suas ações o grupo se sente culpado, posterga
suas atividades no ‘algo’ ou ‘alguém’ que virá
resolver a dificuldade, negando suas dificuldades
internas, racionalizando sobre elas
 Suposições básicas  estados emocionais
que evitam a frustração com o trabalho,
sofrimento e contato com a realidade
 Enquanto o grupo está dominado por
uma das suposições básicas, sua
possibilidade de percepção e elaboração
fica comprometida
 A medida que é capaz de elaborar sua
angústia e caminha na realização de seus
objetivos, o grupo pode incorporar essa
experiência à compreensão que tem de si
e das suas realizações
Foulkes e a matriz de comunicação grupal
 No grupo existe uma rede de elementos
transferênciais dirigidos:
 1- De cada participante para o analista
 2- De cada participante para o grupo
 3- De cada participante para casa
participante
 4- Do grupo como um todo para o
analista
 O processo grupal se dá no aqui e agora
do grupo tudo é trazido para o grupo
 A “grupoanálise” de Foulkes centra-se no
processo grupal, nas interações e em cada
individuo tomado não de maneira isolada,
mas como contexto no grupo
 3 fases comuns a todos os grupos:
 1- Fase de tomada de posição e
conscientização do seu processo.
 2- Fase intermediária ou de integração
 3- Fase final ou do encontro com a
realidade
 Fantasias individuais inconscientes e
coletivas modificam os propósitos lógicos
e racionais da aprendizagem humana
 O grupo é uma matriz de experiências e
processos interpessoais uma
mentalidade grupal englobando
consciente e inconsciente  rede de
comunicação dos grupos
 Condensação emergência súbita de um
material profundoacumulação de idéias
associadas ao grupo nem sempre com
razões conscientemente percebidas
 Associação em cadeia  o grupo
sustenta uma livre associação em seu
diálogo, produzindo material relevante
 O grupo analítico vive em tríplice nível de
comunicação:
 Consciente, Pré-consciente, Inconsciente
  Resultante das variantes de matriz de
comunicação grupal
 *Conteúdos da comunicação,
comportamento dos indivíduos do grupo,
relações interpessoais e rede de
transferências.
Pichon-Rivière e o Grupo Operativo
 Gruporede de relações com base em:
 A)Vínculos entre cada componente e o
grupo como um todo
 B)Vínculos interpessoais entre os
participantes
 Tarefa + Afeto = um é racional e lógico o
outro é intensamente carregado de
emoção (dinâmica psíquica dos
participantes)
 Tarefa externa objetivos conscientes que
o grupo assumiu
 Tarefa interna trabalhar com todos os
processos vividos pelo grupo consciente e
inconsciente  realizando a tarefa externa
 Grupo Operativo modalidade de
processo grupal dinâmico – flui da interação
e da comunicação para fomentar o
pensamento reflexivo - sobre o próprio
processo grupal os fatores que obstruem a
tarefa e democrático quanto a tarefa –
originando suas próprias ações e
pensamentos.
 Espiral dialética  Situação grupal  uma
interpretação é gerada e provoca
desestruturação  o grupo responde
tentando se transformar para dar conta
de seu processo, passando a uma
reestruturação, em uma nova situação.
Cada ciclo abrange e supera o anterior
 A “espiral dialética” abrange todo o
processo grupal, como um movimento
constante entre processos internos ao
grupo, quais sejam: afiliação/pertença,
comunicação,cooperação,tele,aprendizage
m e pertinência.
Paulo Freire e os Círculos de Cultura
 Concepção de aprendizagem dinâmica
“ninguém educa ninguém, as pessoas se
educam umas as outras, mediatizadas pelo
mundo”
  aprender e ensinar, dentro do campo
operativo do grupo e a partir da sua rede
de transferências.
 A aprendizagem é uma realização de um
sujeito da linguagem, em interação social
 ‘Círculo de cultura’  vencer obstáculos não
apenas cognitivos mas também ideológicos.
Vencer uma visão ingênua de seu estar no
mundo, problematizando esse mundo e
expressando-o em uma nova linguagem-
compreensão
 Possibilidade de sensibilizar e refletir em torno
de situações existenciais do grupo: situações
problemas, desafiando o grupo à reflexão e
aprendizagem
 Segundo Freire a aprendizagem só se realiza
com o processo de problematização do mundo
e, assim, a arte de associar idéias era tão
importante quanto a arte de dissociar idéias,
essencial para uma crítica de ideologias.
 Entre o grupo operativo e o círculo de cultura,
há afinidades ligadas a uma compreensão da
aprendizagem como um processo dialógico,
onde os processos de comunicação e seus
entraves precisam ser objetos de análise.
Grupo e Contexto: a vertente institucional
 Impacto que as pressões e os atravessamentos
institucionais trazem para a dinâmica interna do
grupo
 A instancia do grupo pode, em um trabalho de
análise, se constituir no foco onde as outras
instâncias se articulem
 Na medida em que é portador de um projeto, o
pequeno grupo é ao mesmo tempo analista e
ator de sua ação e da produção de sua
consciência no contexto de sua ação
 Transversalidade  idéias que um
membro tem sobre o projeto do grupo
que estão correlacionadas com a
ideologias e discursos sociais que
expressam os conflitos dessas ideologias
e discursos tanto quanto a subjetividade
do membro em questão
 Reconhecer que a elaboração no grupo
pode atingir o nível da ideologia e das
instituições é apenas um pressuposto
teórico que não define o âmbito das
intervenções particulares
 Diferentes focos de intervenção podem
levar a diferentes produções, sendo isto
um produto do grupo
 A rede de relações institucionais onde o
grupo está inserido estabelece limites e
possibilidades, faz pressões, tenta negociar,
trata de desconhecer, boicota ou apoia
 A elaboração do grupo pode alcançar o
nível da instituição e da sociedade,
procedendo uma crítica ideológica, mas
sempre sustenta um ponto de vista
particular e jamais deixa de reconhecer o
seu caráter local e imaginário
 O que o grupo produz não é uma
verdade absoluta mas uma forma de
representar e recriar a sua identidade e
suas relações com o seu contexto 
trabalhado com Oficinas
Construindo a Oficina: demanda, foco,
enquadre e flexibilidade
 A aceitação, e não imposição da Oficina
pelo grupo, é fundamental
 Sua coordenação tem um papel
importante, de escuta e adequação da
proposta ao grupo
 4 momentos de preparação da Oficina:
demanda, pré-análise, foco e enquadre, e
planejamento flexível.
Demanda
 “Encomenda” ao profissional para definir com
maior ou menor dificuldade outras demandas
implícitas ou inconscientes dos
grupos/indivíduos
 A Oficina vai se articular em torno de um
contrato inicial  foco de trabalho, ainda que
este venha a ser reformulado
 Uma situação que envolva elementos sociais,
culturais e subjetivos, e que precisa ser
trabalhada em um dado grupo social
 Nem sempre se pode trabalhar com o ideal de
uma demanda formulada pelo próprio grupo
atendido. É preciso que necessidades tenham
tido alguma forma de expressão e possam ser
traduzidas da forma próxima à realidade do
grupo.
 O profissional precisa ter, dessa ‘necessidade’,
uma escuta articulada ao contexto sócio-
cultural, para nomeá-la como ‘demanda’, a partir
de um diálogo com o grupo atendido, na medida
em que procura construir com esse grupo, uma
proposta de ‘Oficina’.
Pré-análise
 Pré-análise inclui um levantamento de dados e
aspectos importantes de uma demanda, que
poderão ser relevantes para a oficina
 Na pré-análise o coordenador deve inteirar-se
da problemática a ser discutida, refletir, estudar,
coletar dados e informações
 Essa reflexão não criará um programa rígido
para o grupo e sim qualificará o coordenador
para o seu encontro com o grupo
Foco e enquadre
 O tema da Oficina é o foco em torno do qual o
trabalho será deslanchado
 Cada tema-gerador pode ser trabalhado em um
encontro ou em vários, dependendo dos
encontros propostos e do interesse do grupo
 O enquadre diz respeito ao número e tipo de
participantes, o contexto institucional, o local,
os recursos disponíveis, o número de encontros
 estrutura para o trabalho
 Como método de intervenção
psicossocial, a Oficina busca suas bases na
teoria dos grupos dento de um contexto
sócio-cultural.
 Ela não é um grupo de psicoterapia e nem
um grupo de ensino. A oficina pretende
realizar um trabalho de elaboração sobre
a interrelação entre cultura e
subjetividade
 Na oficina, a circunscrição de tempo e a
definição de foco evitam uma excessiva
mobilização afetiva e fortalecem a relação
com o coordenador.
 O trabalho do coordenador deve ser
sensível a esta dinâmica mas restrito
quanto a interpretação, para não levantar
conflitos de forma indiscriminada na
estrutura defensiva dos participantes e do
grupo
 O sujeito social e o sujeito psíquico são
vistos como dimensões presentes no
mesmo processo
 O coordenador deve sempre recusar a
postura de quem detém o saber,
assumindo o lugar de dinamizador e
facilitador do processo grupal
Planejamento Flexível
 O planejamento de cada encontro resulta
do desdobramento do foco ou tema e
está relacionado à discussão dos temas
geradores
 Planejamento flexível  O coordenador
se prepara para a ação, antecipa temas e
estratégias, como uma forma para se
qualificar para a condução da Oficina
 Tem que estar ciente que cada encontro
pode e vai significar mudanças em seu
planejamento inicial  Planejamento
Flexível
 Definição com o grupo do “contrato”:
combinações como horário e local.
Esclarecer a regra do sigilo, a da palavra
livre, etc.
 O número e duração dos encontros varia.
Porém, é interessante que cada encontro
tenha pelo menos 3 momentos básicos:
-momento inicial: preparação do grupo.
-momento intermediário: envolvimento
com atividades variadas  reflexão e
elaboração do tema.
-momento de sistematização e avaliação do
trabalho do dia.
Ver exemplo da pág 39.
Conduzindo a Oficina
 Papel do coordenador
 Fases e processos grupais
 Processos intersubjetivos no grupo
 Técnica como linguagem
3.1 A coordenação da Oficina
 O coordenador não pode assumir o lugar
de quem detém a verdade ou de quem
decide pelo grupo
 Precisa estar atento para as dimensões
consciente e inconsciente do grupo
procurando suas interrelações
 Terá um papel ativo, mas não intrusivo
 Papel de acolhimento e incentivo ao
grupo, que esse se constitua como grupo,
buscando sua identidade
 Precisará estar atento para as dimensões da
Oficina, potencialidade pedagógica e
potencialidade terapêutica
 Precisa estar atento a rede de transferências,
em especial a sua relação com o grupo
 A contratransferência do coordenador do
grupo também existe e pode ser entendida
como o sentimento do terapeuta sobre a
partir das identificações projetivas que o
grupo nele deposita
 O coordenador deve estar atento às fases e
processos do grupo, pois na Oficina, eles
assumem especial relevância
3.2 Fases do processo grupal
 A)Formação de sentimento e identidade
de grupo
 B)Surgimento de diferenças e construção
de condições de produtividade do grupo
 C) final de grupo
 Mesmo não seguindo uma sequência
rígida, o coordenador precisa estar atento
a esses movimentos, para caminhar com o
grupo
a) Formação de sentimento e
identidade de grupo
 Estabelecer uma rede de identificações e
seus objetivos
 Construir uma coesão entre os membros
 Coordenador assumir sua função e se
colocar a disposição para facilitar a
responsabilidade por seu processo,
apontando laços que se formam dentro do
grupo
 Por em prática técnicas que facilitem a
formação de um sentimento de grupo, e a
comunicação entre os participantes
 Estimular a troca de experiências e o
trabalho coletivo
 Evitar personalizar suas intervenções ou
tornar-se o centro delas
 Reenviar as questões do grupo para o grupo
 O grupo deve construir uma rede de
identificações e incrementar os seus
processos de cooperação e comunicação
 Para a oficina o grupo deve ser ajudado no
momento que envolve o medo de mudança,
sendo envolvido numa rede de relações que
possibilitará a existência de uma disposição
comum entre os membros
b) Aparecimento de diferenças e
construção de condições de
produtividade do grupo
 Desejo de fazer parte  não se pode
abrir mão de suas singularidades
 Desejo de reconhecimento 
reconhecer as singularidades
 Evidenciar pontos de vistas nas atividades
realizadas
 Cabe ao coordenador sublinhar as
diferenças enfatizando o que trazem de
produtivo para o grupo
 Recobrar a riqueza da interação
 Trabalhar a matriz de comunicação dentro
do processo grupal
 Aparecimento da diferença  defesas e
angústias
 Coordenador  escolher a forma e o
momento de interpretação, que só opera
sendo ouvida e processada
 Incentivar o grupo a ser mais independente,
sendo que os membros podem atuar como
“interpretadores” uns para os outros
fortalecendo a rede e incrementando o
estabelecimento de transferências
c) Final de grupo: elaboração do
luto e avaliação do processo grupal
 O final de um grupo pode estar associado
com sentimentos de satisfação ou
insatisfação com a produtividade em
torno da tarefa
 É importante que o grupo saiba quantos
encontros poderão ter e serem
lembrados da aproximação do final da
Oficina
 O coordenador da Oficina tratará de
abrir espaços para que o grupo perceba a
sua gama de sentimentos e possa elaborar
seus ganhos e perdas, seu processo de
crescimento, o que foi incorporado, o que
será transportado para certas vivências e
contextos, refletindo sobre os horizontes
abertos e avaliando o trabalho grupal.
3.3 Comunicação e processos
intersubjetivos na Oficina
 Oficina  local de elaboração onde os
sujeitos trabalharão a experiência, através
da comunicação, e envolvidos de maneira
integral: sentir, pensar e agir
 Comunicação no grupo  níveis
conscientes e inconscientes, vinculados as
realizações das tarefas
 Processo coletivo ao mesmo tempo que
individual
a) Campo grupal e campo social
 O grupo se constitui em um circuito de
trocas sociais, simbólicas e afetivas que
envolve relação e comunicação. Sendo
preciso abordar e analisar os elementos
que dificultam essas trocas  filtros
ideológicos, tabus, zonas de silêncio 
dimensões conscientes e inconscientes
 O grupo é contexto da intervenção e
matriz de comunicação
 O grupo oferece a possibilidade de
sensibilização e revivência de situações e
relações
 Na “Oficina” trabalha-se as censuras
psíquicas e psicossociais
 A comunicação só se realiza através da
interação, o que implica em buscar
determinações de contexto, papéis e
expectativas sobre as subjetividades dos
participantes e suas relações, para que
possam refletir sobre as censuras
impostas à sua comunicação
b) O trabalho no grupo interliga a
linguagem e a identidade
 Consciência  parte importante da relação
de co-construção do mundo a qual está
implicada nas ações e instituições humanas
 Campo grupal  se faz presente os papéis
sociais, as ideologias, as instiruições e a
identidade social do sujeito
 Ao desempenhar papéis o indivíduo participa
de um mundo social. Ao interiorizar esses
papéis, o mesmo mundo torna-se
subjetivamente real para ele.
 Seu desempenho nas várias esferas da
vida social coloca, para o indivíduo, um
problema de integração de seus papéis,
necessitando reunir várias representações
em um todo coerente  uma
representação de si que lhe pareça
coerente  uma identidade
 A identidade é uma construção e como
construção ela se faz linguagem  uma
narrativa que fazemos de nós  uma
forma de contar para nós mesmos e para
os outros quem somos.
 Tomando narrativa como uma questão
simbólica, também a teremos como
consciente e inconsciente
 Matriz grupal  diversas narrativas que
se entrecruzam e se confrontam
buscando construir uma identidade grupal
que facilite as identificações interpessoais
c) Uma progressão em processo, a
partir da espiral dialética do grupo
 O trabalho de intervenção na Oficina
reconhece a relação essencial entre o
vínculo afetivo e o vínculo social no
processo de expressão, sistematização,
desconstrução e reconstrução de
significados no grupo
 Intervenção  mobilizam e canalizam as
potencialidades do grupo porém não é
natural, já que tem a intervenção do
coordenador
 Sensibilização dos participantes sobre o
trabalho com a Oficina
 Esclarecimento e sistematização dos
participantes sobre suas experiências
 Elaboração da experiência na medida em
que mobiliza as narrativas e que essas são
sistematizadas
 Desconstrução e reconstrução de
representações e identidades sociais
 Processos de decisão em relação às
relações interpessoais e sociais
3.4 A técnica como linguagem
 Resultado das técnicas derivado de
valores dialógicos que são adquiridos em
campos grupais a partir de escolhas,
adaptações, etc.
 Técnica como linguagem  continuar
investindo no processo de reflexão e
elaboração do tema da Oficina
 As técnicas (dinâmicas) devem ser
adequadas ao processo do grupo e o
coordenador deve respeitar o andar do
processo grupal
 Técnicas  meios que servem para
expandir o conhecimento no grupo e
abrir possibilidades de interações
 Linguagem verbal; não verbal; metafórica;
discursiva  possibilidades de linguagem
no grupo  universo de significados
 Uso das técnicas deve estar conectado ao
processo grupal, a reflexão central do
grupo, à tarefa
 Não se deve esperar um dado resultado a
partir de uma técnica, pois não se obterá
um resultado e sim um processo.
A Leitura do grupo: uma oficina de
alfabetização de adultos articulando
Paulo Freire e Pichon-Rivière
Lucia AFONSO
Stefânie Arca LOUREIRO
Maria Amélia THOMAZ
1. O Contexto da Experiência
 Alfabetização de adultos em Oficinas de
dinâmica de grupo
 Abordagem teórica que combina Paulo
Freire e Pichon-Rivière (Círculo de
Cultura e Grupo Operativo)
 22 encontros de 90 minutos, grupo de 6
pessoas
 Teve início como estágio supervisionado
em dinâmica de grupo no curso de
Psicologia da UFMG -1999
 Trabalho integrado com a Equipe Técnica do
Programa de Abrigos da Prefeitura Municipal
de Belo Horizonte
 Grupo de Alfabetização funcionou em um dos
cômodos do Abrigo Pompéia
 Uma população de passagem com renda
familiar de até 2 salários mínimos
 Com grau de instrução que raramente
ultrapassa as 4 primeiras séries do ensino
fundamental
 Trabalho de alfabetização foi recebido com
entusiasmo
 Dividido em 5 momentos, pontuando seu
desenvolvimento
2.A Oficina no encontro de Freire e
Pichon-Rivière
 Abordar a alfabetização como um
processo que envolve o sujeito em suas
dimensões subjetiva, interacional e política
 Método dialógico e participativo 
questões emocionais dos educandos e
voltado para a função mobilizadora do
campo grupal
 Pichon-Rivière grupo como um
conjunto de pessoas ligadas no tempo e
espaço, articuladas por sua mútua
representação interna, que se propõem
explicita ou implicitamente a uma tarefa,
interatuando para isto em uma rede de
papéis, com o estabelecimento de
vínculos entre sí  importância aos
vínculos sociais  sujeitos sociais 
relação com o outro.
 Tarefa consciente (objetivos) + elementos
inconscientes (emocionais)  rede grupal
 interdependentes
 O grupo operativo propõe trabalhar as
interrelações da tarefa e do afeto para
que o grupo venha realizar seus objetivos
 Coordenador  facilitador desse
processo
 Dificuldades de aprendizagem 
relacionadas a medos de caráter
psicológico e interacionais  tratar nos
grupos
 O coordenador cria uma atmosfera onde
os participantes se sintam pertencentes a
rede grupal e possam se identificar,
comunicar e elaborar essas dificuldades
 Matriz de comunicação  serve de
referência para a comunicação no grupo,
visando a tarefa
 Espiral dialética  grupo passa por
momentos de estruturação,
desestruturação, reestruturação  cada
ciclo traz mudanças
 Identificações entre os membros, respeito
às diferenças e histórias de cada um e a
relação com a coordenação são essenciais
 A aprendizagem está interrelacionada à
comunicação e o grupo precisa
compreender seus obstáculos à
comunicação para analisar os obstáculos a
aprendizagem
 Paulo Freire chamou de “círculo de
cultura” o seu método de alfabetização
 Defende a concepção de uma
aprendizagem dinâmica onde a motivação
do educando e a relação da aprendizagem
com a vida são fundamentais, e essa
dinâmica é empreendida pela ação de
sujeitos sociais
 1950  compreensão crítica do sujeito
sobre seu contexto e de si próprio nesse
contexto
 Enfoque dialógico e reflexivo 
aprendizagem  realização do sujeito da
linguagem em interação social
 Vencer aspectos não só cognitivos, mas
ideológicos  visão ingênua de mundo
para problematizá-lo e expressa-lo em
uma nova linguagem-compreensão
 Método: formas linguísticas e questões
relevantes da cultura e da vida dos
educandos. Uma palavra geradora,
codificava os aspectos mais importantes
da cultura do educando
 Uma leitura crítica da mesma, uma
situação problema, retorno a palavra-
geradora, trabalho com as sílabas, criação
de novas palavras, e exercícios de escrita
faziam parte do círculo da cultura
 Enquanto uma habilidade era adquirida
um processo ativo/dialogal/crítico e
criticizador acontecia
 Possibilidade de sensibilizar e refletir em
torno de situações problemas
 Grupo operativo e círculo de cultura 
afinidades ligadas a uma compreensão da
aprendizagem como processo dialógico
baseado no desejo e autonomia dos
educandos
 Metodologia do estudo realizado: técnicas
lúdicas de dinâmica de grupo  abertura
perceptual, mobilizam as relações no
grupo, facilitam os vínculos e
comunicações
 O grupo aparece como matriz de trocas
simbólicas que favorecem a aprendizagem 
o desejo do educando
 A escrita e a leitura tem valor simbólico de
inclusão social/construção de
identidade/fortalecimento da auto-estima
 Os encontros foram organizados em 3
momentos: mobilização, tarefa e reflexão e
síntese
 Observando as fases do grupo: formação de
identidade e vínculos, comunicação em
torno da tarefa , descobertas de diferenças e
semelhanças, aprendizagem e elaboração, e o
trabalho de luto, ao final do grupo
3. Demanda e composicão do
Grupo de Alfabetização
 Início em abril de 1999
 Ocorreram visitas aos Abrigos e formação
dos grupos
 Sessões de supervisão das duas estágiárias
integradas, a professora se reunia
quinzenalmente com a Equipe Técnica
 3 planárias durante o semestre reunindo
Equipe Técnica, professoras e estagiárias
 10 adultos entre 21 e 70 anos se mostraram
interessados
 No primeiro encontro apenas 4
compareceram
 Poucos recursos  livros de literatura e
poesia infantil a disposição
 Duas estagiárias coordenadoras, uma com
experiência como professora de português
de ensino fundamental e médio
 Sr. Alberto, 72 anos aparentava vigor,
dinamismo e grande simpatia, aprendera a
escrever seu nome no garimpo
 Crianças ao redor eram permitidas
participar desde que o próprio grupo
permitisse  Sr. Alberto as repreendeu no
primeiro encontro por tirar-lhe a
concentração
 Ana Alice, esposa do Sr. Alberto, 27 anos
também freqüentou, tinha conhecimento
sobre leitura e escrita que ela mesmo
conquistou
 Ela e o Sr. Alberto saiam de casa somente
para ir a igreja, tinham vontade de ler a
Bíblia, durante o culto seguravam-na aberta
como se estivessem lendo
 Joana, 50 anos queria aprender a ler e
escrever  já conhecia alguma sílabas,
poucas palavras e assinava seu nome
 Aprender a ler e escrever estava associado a
uma melhoria de vida
 Imaculada, 40 anos, muito risonha sabia
escrever seu nome e sabia algumas letras
 Queria ler e escrever pois trabalhava em um
restaurante e guardava suas receitas na
cabeça, querendo então guardá-las num
papel
 No dia do quarto encontro o grupo ganhou
mais duas participantes.
 Rosa, que trabalhava na pequena oficina de
vassouras do Abrigo  participou de apenas
dois encontros
 Simone, 20 anos  sabia ler e escrever mas
queria aprender mais
 O desejos se entrelaçavam havendo a
possibilidade de identificação e uma base
para troca de experiências  transferência
grupal
 No primeiro encontro foi utilizada a técnica
“nomes e características”  sentados em
círculos os alunos se apresentavam e diziam o
nome de alguma coisa importante para eles
 A palavra era repetida de forma cumulativa
pelos participantes
 As coordenadoras entravam na brincadeira
dizendo palavras como “companheirismo” e
“amizade”  estava se efetuando uma
transferência negativa
 Joana citou que tinha sido traída por uma
amiga e que esta tinha acabado com seu
casamento de 30 anos
 Imaculada disse a Joana que esta não gostava
de amizade. Joana discordou  houve então
uma troca importante
 Fora feita outra atividade  cada um
escrevia seu nome em um papel e eles
encontravam de forma lúdica as vogais
presentes nos nomes
 Começava a tomar outro sentido  sentir a
escrita no mundo
 Primeiras palavras geradoras  cada um
escolheu uma palavra com um significado
pessoal
 As palavras-geradoras mostravam uma
disposição grupal para a tarefa
 Trabalhos com essas palavras foram
desenvolvidos  letras avulsas foram
cortadas e montadas numa cartolina
facilitando o conhecimento visual e auditivo
 Foram feitas fichas com o nome de cada um
e as palavras que tinham escolhidos e levadas
para casa para que pudessem ver o apelo do
“gostar” e “identificar-se” foi mobilizada e
mobilizou o grupo
 A técnica “dar e receber” também foi
utilizada sugeria o vínculo grupal
 Dando-se as mãos, uma por cima da mão do
parceiro e outra por baixo, depois o sentido
foi invertido
 Essa técnica foi repetida diversas vezes de
tanto que o grupo gostou
 É uma operação contida no vínculo social e
está associada tanto ao prazer quantoao
conflito
 As coordenadoras sem ultrapassar o
movimento do grupo podem lembrar-lhes
que dar e receber está envolvido nem
nossas relações e nos traz tristezas e alegrias
 No final do encontro de grupo marca-se a
alegria da tarefa  elemento indispensável
para ‘mobilizar’ o desejo na relação com os
coordenadores
 No início de cada encontro revisavam as
palavras geradoras de diversas formas e era
feitos comentários, reflexões e emoções 
a tarefa e tudo mais o que ela traz para a
vida
5. O processo grupal: comunicação
e aprendizagem no campo grupal
 Os participantes já estavam sendo
capazes de formar pequenas frases e
descobrir novas palavras  coesos na sua
tarefa de aprender
 Fora prorrogado o trabalho até o final de
setembro
 A proposta de montar um livro com os
trabalhos produzidos foi aceita pelo grupo
 combinando elementos do processo
grupal com o novo projeto
 Técnica espaço comum  sentados em
círculos bem próximos de pernas e braços
abertos mexendo para um lado e para o
outro  mostra como é difícil a
proximidade assim como a distância na
relação das pessoas
 Continuação com as palavras geradoras
 Sr.Alberto pede para trabalhar a Bíblia
 Em outro encontro técnica “igualdades e
diferenças”  os participantes se olham e
dizem uma semelhança e uma diferença ao
mesmo tempo trabalhado a motricidade fina
 Discutiu-se as igualdades e diferenças do
grupo  procurando trabalhar a
identidade do grupo
 Ao final de cada encontro um “para casa”
era passado, focalizando as palavras
trabalhadas e acrescentando um
pouquinho de dificuldade, considerando o
desenvolvimento de cada pessoa
 Depois as coordenadoras viam o “para
casa” e pediam para cada um ler no seu
ritmo  anotavam parabéns ou ótimo
6. O processo grupal: tele,
cooperação e operatividade no
grupo
 Os encontros iniciava como nas fases
anteriores, com uma brincadeira que tinha
como objetivo mobilizar os temas do grupo
 Depois o “para casa” era revisto
 O oitavo encontro foi iniciado com a técnica
“estrela de cinco pontas”  numa estrela de
cartolina eram postas duas palavras em cada
ponta um aspecto era estimulado  o que
penso, o que faço e como eu gostaria que
fosse
 Cada um falou sobre seus sentimentos e
pensamentos, suas formas de agir, suas
esperanças
 Nesse dia foi usado a técnica “dar e receber”
para finalizar o encontro, que havia sido
muito emocionante
 Joana que nos primeiros encontros
apresentava uma resistência a palavra amigo
disse “Como é bom ter amigos”
 Como estava próxima a festa junina o grupo
mostrou-se interessado a colaborar
 Foram feitas plaquinhas de ‘lixo, plástico,
vidro e papel’ em comum acordo
 Um encontro fora dedicado para a
confecção dessa tarefa
 Começou o encontro com um abraço
coletivo e as placas foram confeccionadas
com entusiasmo
 O grupo se mostrou satisfeito em participar
dessa maneira da festa junina
 Procurando trabalhar a auto-estima
trabalhou-se a técnica “rasgar papel”
escolhiam-se coisas que abalavam a auto
estima e picavam o papel de acordo com a
relevância que davam sobre isso
 No final, com o papel todo picado discutiam
a relevância das frases ditas e teciam
comentários sobre a auto-estima
 Trabalhada a família do P. com diversas
palavras que os alunos tinham curiosidade
em escrever  a parte disso ocorriam
diversos comentários sobre experiências,
como o de fazer pipoca
 No encontro seguinte combinaram de fazer
pipoca e assim foi feito  cada um
colaborando com alguma coisa para o
encontro (panelas, sal, milho)
7. O processo grupal: Luto e
Elaboração no grupo
 Movimento visível de abertura e
crescimento grupal
 Ana Alice, que só saia de casa para ir a igreja,
tornou-se monitora do Abrigo
 Joana, que em algumas reuniões chegara
alcoolizada, parou de beber e separou-se do
marido que a agredia
 Todos estavam lendo e escrevendo, usando
memórias e fatos do cotidiano
 Imaculada passou a escrever suas receitas
 Era preciso preparar o grupo com um mês
de antecedência que estava no final: seria
preciso viver o luto pela perda do grupo e a
elaboração pela tarefa realizada
 Ao explicar ao grupo que teriam mais só
quatro encontros a reação foi mútua
 Eles se mostraram regredidos, revoltados e
magoados
 As coordenadoras procuraram estimular
com que eles falassem mais de seus
sentimentos
 Recordaram as contribuições de cada um
pelo grupo
 Fizeram novamente o “dar e receber”
 Depois uma experiência com argila fora feita,
cada um escrevia uma palavra com ela
 Todos expressaram seus sentimentos em
relação ao término do grupo
 Levaram para casa as letras feitas de argila
 um objeto para lembrar
 Mais 2 sessões de trabalho com os
sentimentos de perda e realização do grupo
foram feitas
 Pensaram em alternativas para que eles
continuassem a aprender  grupos de
educação de adultos e supletivos de 1º grau
 Lembraram os alunos que em breve estariam
se mudando do Abrigo e que teriam um
papel a viver nas suas novas casas e
comunidades
 No ultimo encontro, todos compareceram e
foram presenteados com brindes
 A regressão provocada pela emoção final do
grupo ainda se mostrava
 As coordenadoras também estavam
emocionadas com o final do curso

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Oficinas em dinamica_de_grupo

  • 1. Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial Lucia AFONSO
  • 2. O que é “Oficina”?  Um trabalho estruturado com grupos, independentemente do número de encontros, sendo focalizado em torno de uma questão central que o grupo se propõe a elaborar, em um contexto social.  A elaboração que se busca na Oficina não se restringe a uma reflexão racional mas envolve os sujeitos de maneira integral, formas de pensar, sentir e agir
  • 3. O que é “Oficina”?  Útil na área da saúde, educação e ações comunitárias. Usa informação e reflexão, mas se distingue de um processo apenas pedagógico, trabalha os significados afetivos e as vivências relacionadas com o tema a ser discutido.
  • 4. Origens teóricas - forma de intervenção psicossocial com pequenos grupos  Kurt Lewin  tradição  pesquisa ação  Não se opõe a outras formas de trabalhos com grupos. Não pretende superá-las nem substituí-las.  O profissional não pode prescindir de outros estudos em teoria de grupo
  • 5. Kurt Lewin e a Pesquisa-Ação com pequenos grupos  Estudo sobre as minorias sociais dentro de um contexto psicossocial  Realidade social é multidimensional e na mudança social o pesquisador deve partir da compreensão, consentimento e participação dos grupos envolvidos  A mudança social envolve um compromisso tanto desses grupos quanto do próprio pesquisador  PESQUISA AÇÃO, cuja base é o pequeno grupo
  • 6.  Três idéias essenciais para uma aprendizagem social ativa e participativa (Lewin)  1- a importância do papel ativo do indivíduo na descoberta do conhecimento  2- a importância de uma abordagem compreensiva na intervenção, que incluía aspectos cognitivos e afetivos  3- a importância do campo social para constituir e transformar a percepção social e o processo mesmo de construção de conhecimento.
  • 7. A abordagem psicodinâmica do grupo e a Oficina  Motivações inconscientes  Reflexão  Elaboração do grupo depende dos insights sobre a própria experiência e da articulação de sua reflexão aos conflitos e realizações vividos no grupo  Reflexão consciente, racional desenvolvida no grupo + emoções e vínculos com a experiência = efeitos de mudança , transferências psíquicas entre os membros e a coordenação
  • 8. Identificação e identidade do grupo  Papel do outro constituição do psiquismo do sujeito (Freud)  Sentimento do grupo primeiras experiências familiares  Sentimentos básicos a união do grupo identificação e a sublimação
  • 9.  Identificação núcleo dos mecanismos psicológicos que formam a identidade grupal  Processo de sublimação  Identificação como um processo ambivalente  esta ambivalência pode ser fonte de tensão/dispersão no grupo.
  • 10. Bion e as hipóteses de bases nos grupos restritos  Nível da tarefa objetivos e regras conscientes  Nível da valência esfera afetiva e inconsciente do grupo  Formas que o grupo adota para defender sua angústia e assim se preservar  sem elaborar sua angústia o grupo faz tudo para se afastar de sua tarefa
  • 11.  Esfera afetiva pode bloquear/facilitar a realização da tarefa  1- Dependência proteção no líder, defesa contra sua própria angústia através da atitude dependente  2- Ataque e fuga  alterna movimentos de fuga e agressão, em relação ao coordenador ou aos próprios problemas do grupo  3- Acasalamento  não conseguindo realizar suas ações o grupo se sente culpado, posterga suas atividades no ‘algo’ ou ‘alguém’ que virá resolver a dificuldade, negando suas dificuldades internas, racionalizando sobre elas
  • 12.  Suposições básicas  estados emocionais que evitam a frustração com o trabalho, sofrimento e contato com a realidade  Enquanto o grupo está dominado por uma das suposições básicas, sua possibilidade de percepção e elaboração fica comprometida  A medida que é capaz de elaborar sua angústia e caminha na realização de seus objetivos, o grupo pode incorporar essa experiência à compreensão que tem de si e das suas realizações
  • 13. Foulkes e a matriz de comunicação grupal  No grupo existe uma rede de elementos transferênciais dirigidos:  1- De cada participante para o analista  2- De cada participante para o grupo  3- De cada participante para casa participante  4- Do grupo como um todo para o analista  O processo grupal se dá no aqui e agora do grupo tudo é trazido para o grupo
  • 14.  A “grupoanálise” de Foulkes centra-se no processo grupal, nas interações e em cada individuo tomado não de maneira isolada, mas como contexto no grupo  3 fases comuns a todos os grupos:  1- Fase de tomada de posição e conscientização do seu processo.  2- Fase intermediária ou de integração  3- Fase final ou do encontro com a realidade
  • 15.  Fantasias individuais inconscientes e coletivas modificam os propósitos lógicos e racionais da aprendizagem humana  O grupo é uma matriz de experiências e processos interpessoais uma mentalidade grupal englobando consciente e inconsciente  rede de comunicação dos grupos  Condensação emergência súbita de um material profundoacumulação de idéias associadas ao grupo nem sempre com razões conscientemente percebidas
  • 16.  Associação em cadeia  o grupo sustenta uma livre associação em seu diálogo, produzindo material relevante  O grupo analítico vive em tríplice nível de comunicação:  Consciente, Pré-consciente, Inconsciente   Resultante das variantes de matriz de comunicação grupal  *Conteúdos da comunicação, comportamento dos indivíduos do grupo, relações interpessoais e rede de transferências.
  • 17. Pichon-Rivière e o Grupo Operativo  Gruporede de relações com base em:  A)Vínculos entre cada componente e o grupo como um todo  B)Vínculos interpessoais entre os participantes  Tarefa + Afeto = um é racional e lógico o outro é intensamente carregado de emoção (dinâmica psíquica dos participantes)
  • 18.  Tarefa externa objetivos conscientes que o grupo assumiu  Tarefa interna trabalhar com todos os processos vividos pelo grupo consciente e inconsciente  realizando a tarefa externa  Grupo Operativo modalidade de processo grupal dinâmico – flui da interação e da comunicação para fomentar o pensamento reflexivo - sobre o próprio processo grupal os fatores que obstruem a tarefa e democrático quanto a tarefa – originando suas próprias ações e pensamentos.
  • 19.  Espiral dialética  Situação grupal  uma interpretação é gerada e provoca desestruturação  o grupo responde tentando se transformar para dar conta de seu processo, passando a uma reestruturação, em uma nova situação. Cada ciclo abrange e supera o anterior  A “espiral dialética” abrange todo o processo grupal, como um movimento constante entre processos internos ao grupo, quais sejam: afiliação/pertença, comunicação,cooperação,tele,aprendizage m e pertinência.
  • 20. Paulo Freire e os Círculos de Cultura  Concepção de aprendizagem dinâmica “ninguém educa ninguém, as pessoas se educam umas as outras, mediatizadas pelo mundo”   aprender e ensinar, dentro do campo operativo do grupo e a partir da sua rede de transferências.  A aprendizagem é uma realização de um sujeito da linguagem, em interação social
  • 21.  ‘Círculo de cultura’  vencer obstáculos não apenas cognitivos mas também ideológicos. Vencer uma visão ingênua de seu estar no mundo, problematizando esse mundo e expressando-o em uma nova linguagem- compreensão  Possibilidade de sensibilizar e refletir em torno de situações existenciais do grupo: situações problemas, desafiando o grupo à reflexão e aprendizagem
  • 22.  Segundo Freire a aprendizagem só se realiza com o processo de problematização do mundo e, assim, a arte de associar idéias era tão importante quanto a arte de dissociar idéias, essencial para uma crítica de ideologias.  Entre o grupo operativo e o círculo de cultura, há afinidades ligadas a uma compreensão da aprendizagem como um processo dialógico, onde os processos de comunicação e seus entraves precisam ser objetos de análise.
  • 23. Grupo e Contexto: a vertente institucional  Impacto que as pressões e os atravessamentos institucionais trazem para a dinâmica interna do grupo  A instancia do grupo pode, em um trabalho de análise, se constituir no foco onde as outras instâncias se articulem  Na medida em que é portador de um projeto, o pequeno grupo é ao mesmo tempo analista e ator de sua ação e da produção de sua consciência no contexto de sua ação
  • 24.  Transversalidade  idéias que um membro tem sobre o projeto do grupo que estão correlacionadas com a ideologias e discursos sociais que expressam os conflitos dessas ideologias e discursos tanto quanto a subjetividade do membro em questão  Reconhecer que a elaboração no grupo pode atingir o nível da ideologia e das instituições é apenas um pressuposto teórico que não define o âmbito das intervenções particulares
  • 25.  Diferentes focos de intervenção podem levar a diferentes produções, sendo isto um produto do grupo  A rede de relações institucionais onde o grupo está inserido estabelece limites e possibilidades, faz pressões, tenta negociar, trata de desconhecer, boicota ou apoia
  • 26.  A elaboração do grupo pode alcançar o nível da instituição e da sociedade, procedendo uma crítica ideológica, mas sempre sustenta um ponto de vista particular e jamais deixa de reconhecer o seu caráter local e imaginário  O que o grupo produz não é uma verdade absoluta mas uma forma de representar e recriar a sua identidade e suas relações com o seu contexto  trabalhado com Oficinas
  • 27. Construindo a Oficina: demanda, foco, enquadre e flexibilidade  A aceitação, e não imposição da Oficina pelo grupo, é fundamental  Sua coordenação tem um papel importante, de escuta e adequação da proposta ao grupo  4 momentos de preparação da Oficina: demanda, pré-análise, foco e enquadre, e planejamento flexível.
  • 28. Demanda  “Encomenda” ao profissional para definir com maior ou menor dificuldade outras demandas implícitas ou inconscientes dos grupos/indivíduos  A Oficina vai se articular em torno de um contrato inicial  foco de trabalho, ainda que este venha a ser reformulado  Uma situação que envolva elementos sociais, culturais e subjetivos, e que precisa ser trabalhada em um dado grupo social
  • 29.  Nem sempre se pode trabalhar com o ideal de uma demanda formulada pelo próprio grupo atendido. É preciso que necessidades tenham tido alguma forma de expressão e possam ser traduzidas da forma próxima à realidade do grupo.  O profissional precisa ter, dessa ‘necessidade’, uma escuta articulada ao contexto sócio- cultural, para nomeá-la como ‘demanda’, a partir de um diálogo com o grupo atendido, na medida em que procura construir com esse grupo, uma proposta de ‘Oficina’.
  • 30. Pré-análise  Pré-análise inclui um levantamento de dados e aspectos importantes de uma demanda, que poderão ser relevantes para a oficina  Na pré-análise o coordenador deve inteirar-se da problemática a ser discutida, refletir, estudar, coletar dados e informações  Essa reflexão não criará um programa rígido para o grupo e sim qualificará o coordenador para o seu encontro com o grupo
  • 31. Foco e enquadre  O tema da Oficina é o foco em torno do qual o trabalho será deslanchado  Cada tema-gerador pode ser trabalhado em um encontro ou em vários, dependendo dos encontros propostos e do interesse do grupo  O enquadre diz respeito ao número e tipo de participantes, o contexto institucional, o local, os recursos disponíveis, o número de encontros  estrutura para o trabalho
  • 32.  Como método de intervenção psicossocial, a Oficina busca suas bases na teoria dos grupos dento de um contexto sócio-cultural.  Ela não é um grupo de psicoterapia e nem um grupo de ensino. A oficina pretende realizar um trabalho de elaboração sobre a interrelação entre cultura e subjetividade
  • 33.  Na oficina, a circunscrição de tempo e a definição de foco evitam uma excessiva mobilização afetiva e fortalecem a relação com o coordenador.  O trabalho do coordenador deve ser sensível a esta dinâmica mas restrito quanto a interpretação, para não levantar conflitos de forma indiscriminada na estrutura defensiva dos participantes e do grupo
  • 34.  O sujeito social e o sujeito psíquico são vistos como dimensões presentes no mesmo processo  O coordenador deve sempre recusar a postura de quem detém o saber, assumindo o lugar de dinamizador e facilitador do processo grupal
  • 35. Planejamento Flexível  O planejamento de cada encontro resulta do desdobramento do foco ou tema e está relacionado à discussão dos temas geradores  Planejamento flexível  O coordenador se prepara para a ação, antecipa temas e estratégias, como uma forma para se qualificar para a condução da Oficina
  • 36.  Tem que estar ciente que cada encontro pode e vai significar mudanças em seu planejamento inicial  Planejamento Flexível  Definição com o grupo do “contrato”: combinações como horário e local. Esclarecer a regra do sigilo, a da palavra livre, etc.
  • 37.  O número e duração dos encontros varia. Porém, é interessante que cada encontro tenha pelo menos 3 momentos básicos: -momento inicial: preparação do grupo. -momento intermediário: envolvimento com atividades variadas  reflexão e elaboração do tema. -momento de sistematização e avaliação do trabalho do dia. Ver exemplo da pág 39.
  • 38. Conduzindo a Oficina  Papel do coordenador  Fases e processos grupais  Processos intersubjetivos no grupo  Técnica como linguagem
  • 39. 3.1 A coordenação da Oficina  O coordenador não pode assumir o lugar de quem detém a verdade ou de quem decide pelo grupo  Precisa estar atento para as dimensões consciente e inconsciente do grupo procurando suas interrelações  Terá um papel ativo, mas não intrusivo  Papel de acolhimento e incentivo ao grupo, que esse se constitua como grupo, buscando sua identidade
  • 40.  Precisará estar atento para as dimensões da Oficina, potencialidade pedagógica e potencialidade terapêutica  Precisa estar atento a rede de transferências, em especial a sua relação com o grupo  A contratransferência do coordenador do grupo também existe e pode ser entendida como o sentimento do terapeuta sobre a partir das identificações projetivas que o grupo nele deposita  O coordenador deve estar atento às fases e processos do grupo, pois na Oficina, eles assumem especial relevância
  • 41. 3.2 Fases do processo grupal  A)Formação de sentimento e identidade de grupo  B)Surgimento de diferenças e construção de condições de produtividade do grupo  C) final de grupo  Mesmo não seguindo uma sequência rígida, o coordenador precisa estar atento a esses movimentos, para caminhar com o grupo
  • 42. a) Formação de sentimento e identidade de grupo  Estabelecer uma rede de identificações e seus objetivos  Construir uma coesão entre os membros  Coordenador assumir sua função e se colocar a disposição para facilitar a responsabilidade por seu processo, apontando laços que se formam dentro do grupo  Por em prática técnicas que facilitem a formação de um sentimento de grupo, e a comunicação entre os participantes
  • 43.  Estimular a troca de experiências e o trabalho coletivo  Evitar personalizar suas intervenções ou tornar-se o centro delas  Reenviar as questões do grupo para o grupo  O grupo deve construir uma rede de identificações e incrementar os seus processos de cooperação e comunicação  Para a oficina o grupo deve ser ajudado no momento que envolve o medo de mudança, sendo envolvido numa rede de relações que possibilitará a existência de uma disposição comum entre os membros
  • 44. b) Aparecimento de diferenças e construção de condições de produtividade do grupo  Desejo de fazer parte  não se pode abrir mão de suas singularidades  Desejo de reconhecimento  reconhecer as singularidades  Evidenciar pontos de vistas nas atividades realizadas  Cabe ao coordenador sublinhar as diferenças enfatizando o que trazem de produtivo para o grupo
  • 45.  Recobrar a riqueza da interação  Trabalhar a matriz de comunicação dentro do processo grupal  Aparecimento da diferença  defesas e angústias  Coordenador  escolher a forma e o momento de interpretação, que só opera sendo ouvida e processada  Incentivar o grupo a ser mais independente, sendo que os membros podem atuar como “interpretadores” uns para os outros fortalecendo a rede e incrementando o estabelecimento de transferências
  • 46. c) Final de grupo: elaboração do luto e avaliação do processo grupal  O final de um grupo pode estar associado com sentimentos de satisfação ou insatisfação com a produtividade em torno da tarefa  É importante que o grupo saiba quantos encontros poderão ter e serem lembrados da aproximação do final da Oficina
  • 47.  O coordenador da Oficina tratará de abrir espaços para que o grupo perceba a sua gama de sentimentos e possa elaborar seus ganhos e perdas, seu processo de crescimento, o que foi incorporado, o que será transportado para certas vivências e contextos, refletindo sobre os horizontes abertos e avaliando o trabalho grupal.
  • 48. 3.3 Comunicação e processos intersubjetivos na Oficina  Oficina  local de elaboração onde os sujeitos trabalharão a experiência, através da comunicação, e envolvidos de maneira integral: sentir, pensar e agir  Comunicação no grupo  níveis conscientes e inconscientes, vinculados as realizações das tarefas  Processo coletivo ao mesmo tempo que individual
  • 49. a) Campo grupal e campo social  O grupo se constitui em um circuito de trocas sociais, simbólicas e afetivas que envolve relação e comunicação. Sendo preciso abordar e analisar os elementos que dificultam essas trocas  filtros ideológicos, tabus, zonas de silêncio  dimensões conscientes e inconscientes  O grupo é contexto da intervenção e matriz de comunicação
  • 50.  O grupo oferece a possibilidade de sensibilização e revivência de situações e relações  Na “Oficina” trabalha-se as censuras psíquicas e psicossociais  A comunicação só se realiza através da interação, o que implica em buscar determinações de contexto, papéis e expectativas sobre as subjetividades dos participantes e suas relações, para que possam refletir sobre as censuras impostas à sua comunicação
  • 51. b) O trabalho no grupo interliga a linguagem e a identidade  Consciência  parte importante da relação de co-construção do mundo a qual está implicada nas ações e instituições humanas  Campo grupal  se faz presente os papéis sociais, as ideologias, as instiruições e a identidade social do sujeito  Ao desempenhar papéis o indivíduo participa de um mundo social. Ao interiorizar esses papéis, o mesmo mundo torna-se subjetivamente real para ele.
  • 52.  Seu desempenho nas várias esferas da vida social coloca, para o indivíduo, um problema de integração de seus papéis, necessitando reunir várias representações em um todo coerente  uma representação de si que lhe pareça coerente  uma identidade  A identidade é uma construção e como construção ela se faz linguagem  uma narrativa que fazemos de nós  uma forma de contar para nós mesmos e para os outros quem somos.
  • 53.  Tomando narrativa como uma questão simbólica, também a teremos como consciente e inconsciente  Matriz grupal  diversas narrativas que se entrecruzam e se confrontam buscando construir uma identidade grupal que facilite as identificações interpessoais
  • 54. c) Uma progressão em processo, a partir da espiral dialética do grupo  O trabalho de intervenção na Oficina reconhece a relação essencial entre o vínculo afetivo e o vínculo social no processo de expressão, sistematização, desconstrução e reconstrução de significados no grupo  Intervenção  mobilizam e canalizam as potencialidades do grupo porém não é natural, já que tem a intervenção do coordenador
  • 55.  Sensibilização dos participantes sobre o trabalho com a Oficina  Esclarecimento e sistematização dos participantes sobre suas experiências  Elaboração da experiência na medida em que mobiliza as narrativas e que essas são sistematizadas  Desconstrução e reconstrução de representações e identidades sociais  Processos de decisão em relação às relações interpessoais e sociais
  • 56. 3.4 A técnica como linguagem  Resultado das técnicas derivado de valores dialógicos que são adquiridos em campos grupais a partir de escolhas, adaptações, etc.  Técnica como linguagem  continuar investindo no processo de reflexão e elaboração do tema da Oficina  As técnicas (dinâmicas) devem ser adequadas ao processo do grupo e o coordenador deve respeitar o andar do processo grupal
  • 57.  Técnicas  meios que servem para expandir o conhecimento no grupo e abrir possibilidades de interações  Linguagem verbal; não verbal; metafórica; discursiva  possibilidades de linguagem no grupo  universo de significados  Uso das técnicas deve estar conectado ao processo grupal, a reflexão central do grupo, à tarefa  Não se deve esperar um dado resultado a partir de uma técnica, pois não se obterá um resultado e sim um processo.
  • 58. A Leitura do grupo: uma oficina de alfabetização de adultos articulando Paulo Freire e Pichon-Rivière Lucia AFONSO Stefânie Arca LOUREIRO Maria Amélia THOMAZ
  • 59. 1. O Contexto da Experiência  Alfabetização de adultos em Oficinas de dinâmica de grupo  Abordagem teórica que combina Paulo Freire e Pichon-Rivière (Círculo de Cultura e Grupo Operativo)  22 encontros de 90 minutos, grupo de 6 pessoas  Teve início como estágio supervisionado em dinâmica de grupo no curso de Psicologia da UFMG -1999
  • 60.  Trabalho integrado com a Equipe Técnica do Programa de Abrigos da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte  Grupo de Alfabetização funcionou em um dos cômodos do Abrigo Pompéia  Uma população de passagem com renda familiar de até 2 salários mínimos  Com grau de instrução que raramente ultrapassa as 4 primeiras séries do ensino fundamental  Trabalho de alfabetização foi recebido com entusiasmo  Dividido em 5 momentos, pontuando seu desenvolvimento
  • 61. 2.A Oficina no encontro de Freire e Pichon-Rivière  Abordar a alfabetização como um processo que envolve o sujeito em suas dimensões subjetiva, interacional e política  Método dialógico e participativo  questões emocionais dos educandos e voltado para a função mobilizadora do campo grupal
  • 62.  Pichon-Rivière grupo como um conjunto de pessoas ligadas no tempo e espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõem explicita ou implicitamente a uma tarefa, interatuando para isto em uma rede de papéis, com o estabelecimento de vínculos entre sí  importância aos vínculos sociais  sujeitos sociais  relação com o outro.
  • 63.  Tarefa consciente (objetivos) + elementos inconscientes (emocionais)  rede grupal  interdependentes  O grupo operativo propõe trabalhar as interrelações da tarefa e do afeto para que o grupo venha realizar seus objetivos  Coordenador  facilitador desse processo
  • 64.  Dificuldades de aprendizagem  relacionadas a medos de caráter psicológico e interacionais  tratar nos grupos  O coordenador cria uma atmosfera onde os participantes se sintam pertencentes a rede grupal e possam se identificar, comunicar e elaborar essas dificuldades  Matriz de comunicação  serve de referência para a comunicação no grupo, visando a tarefa
  • 65.  Espiral dialética  grupo passa por momentos de estruturação, desestruturação, reestruturação  cada ciclo traz mudanças  Identificações entre os membros, respeito às diferenças e histórias de cada um e a relação com a coordenação são essenciais  A aprendizagem está interrelacionada à comunicação e o grupo precisa compreender seus obstáculos à comunicação para analisar os obstáculos a aprendizagem
  • 66.  Paulo Freire chamou de “círculo de cultura” o seu método de alfabetização  Defende a concepção de uma aprendizagem dinâmica onde a motivação do educando e a relação da aprendizagem com a vida são fundamentais, e essa dinâmica é empreendida pela ação de sujeitos sociais  1950  compreensão crítica do sujeito sobre seu contexto e de si próprio nesse contexto
  • 67.  Enfoque dialógico e reflexivo  aprendizagem  realização do sujeito da linguagem em interação social  Vencer aspectos não só cognitivos, mas ideológicos  visão ingênua de mundo para problematizá-lo e expressa-lo em uma nova linguagem-compreensão  Método: formas linguísticas e questões relevantes da cultura e da vida dos educandos. Uma palavra geradora, codificava os aspectos mais importantes da cultura do educando
  • 68.  Uma leitura crítica da mesma, uma situação problema, retorno a palavra- geradora, trabalho com as sílabas, criação de novas palavras, e exercícios de escrita faziam parte do círculo da cultura  Enquanto uma habilidade era adquirida um processo ativo/dialogal/crítico e criticizador acontecia  Possibilidade de sensibilizar e refletir em torno de situações problemas
  • 69.  Grupo operativo e círculo de cultura  afinidades ligadas a uma compreensão da aprendizagem como processo dialógico baseado no desejo e autonomia dos educandos  Metodologia do estudo realizado: técnicas lúdicas de dinâmica de grupo  abertura perceptual, mobilizam as relações no grupo, facilitam os vínculos e comunicações
  • 70.  O grupo aparece como matriz de trocas simbólicas que favorecem a aprendizagem  o desejo do educando  A escrita e a leitura tem valor simbólico de inclusão social/construção de identidade/fortalecimento da auto-estima  Os encontros foram organizados em 3 momentos: mobilização, tarefa e reflexão e síntese  Observando as fases do grupo: formação de identidade e vínculos, comunicação em torno da tarefa , descobertas de diferenças e semelhanças, aprendizagem e elaboração, e o trabalho de luto, ao final do grupo
  • 71. 3. Demanda e composicão do Grupo de Alfabetização  Início em abril de 1999  Ocorreram visitas aos Abrigos e formação dos grupos  Sessões de supervisão das duas estágiárias integradas, a professora se reunia quinzenalmente com a Equipe Técnica  3 planárias durante o semestre reunindo Equipe Técnica, professoras e estagiárias  10 adultos entre 21 e 70 anos se mostraram interessados
  • 72.  No primeiro encontro apenas 4 compareceram  Poucos recursos  livros de literatura e poesia infantil a disposição  Duas estagiárias coordenadoras, uma com experiência como professora de português de ensino fundamental e médio  Sr. Alberto, 72 anos aparentava vigor, dinamismo e grande simpatia, aprendera a escrever seu nome no garimpo
  • 73.  Crianças ao redor eram permitidas participar desde que o próprio grupo permitisse  Sr. Alberto as repreendeu no primeiro encontro por tirar-lhe a concentração  Ana Alice, esposa do Sr. Alberto, 27 anos também freqüentou, tinha conhecimento sobre leitura e escrita que ela mesmo conquistou  Ela e o Sr. Alberto saiam de casa somente para ir a igreja, tinham vontade de ler a Bíblia, durante o culto seguravam-na aberta como se estivessem lendo
  • 74.  Joana, 50 anos queria aprender a ler e escrever  já conhecia alguma sílabas, poucas palavras e assinava seu nome  Aprender a ler e escrever estava associado a uma melhoria de vida  Imaculada, 40 anos, muito risonha sabia escrever seu nome e sabia algumas letras  Queria ler e escrever pois trabalhava em um restaurante e guardava suas receitas na cabeça, querendo então guardá-las num papel
  • 75.  No dia do quarto encontro o grupo ganhou mais duas participantes.  Rosa, que trabalhava na pequena oficina de vassouras do Abrigo  participou de apenas dois encontros  Simone, 20 anos  sabia ler e escrever mas queria aprender mais  O desejos se entrelaçavam havendo a possibilidade de identificação e uma base para troca de experiências  transferência grupal
  • 76.  No primeiro encontro foi utilizada a técnica “nomes e características”  sentados em círculos os alunos se apresentavam e diziam o nome de alguma coisa importante para eles  A palavra era repetida de forma cumulativa pelos participantes  As coordenadoras entravam na brincadeira dizendo palavras como “companheirismo” e “amizade”  estava se efetuando uma transferência negativa  Joana citou que tinha sido traída por uma amiga e que esta tinha acabado com seu casamento de 30 anos
  • 77.  Imaculada disse a Joana que esta não gostava de amizade. Joana discordou  houve então uma troca importante  Fora feita outra atividade  cada um escrevia seu nome em um papel e eles encontravam de forma lúdica as vogais presentes nos nomes  Começava a tomar outro sentido  sentir a escrita no mundo  Primeiras palavras geradoras  cada um escolheu uma palavra com um significado pessoal
  • 78.  As palavras-geradoras mostravam uma disposição grupal para a tarefa  Trabalhos com essas palavras foram desenvolvidos  letras avulsas foram cortadas e montadas numa cartolina facilitando o conhecimento visual e auditivo  Foram feitas fichas com o nome de cada um e as palavras que tinham escolhidos e levadas para casa para que pudessem ver o apelo do “gostar” e “identificar-se” foi mobilizada e mobilizou o grupo
  • 79.  A técnica “dar e receber” também foi utilizada sugeria o vínculo grupal  Dando-se as mãos, uma por cima da mão do parceiro e outra por baixo, depois o sentido foi invertido  Essa técnica foi repetida diversas vezes de tanto que o grupo gostou  É uma operação contida no vínculo social e está associada tanto ao prazer quantoao conflito
  • 80.  As coordenadoras sem ultrapassar o movimento do grupo podem lembrar-lhes que dar e receber está envolvido nem nossas relações e nos traz tristezas e alegrias  No final do encontro de grupo marca-se a alegria da tarefa  elemento indispensável para ‘mobilizar’ o desejo na relação com os coordenadores  No início de cada encontro revisavam as palavras geradoras de diversas formas e era feitos comentários, reflexões e emoções  a tarefa e tudo mais o que ela traz para a vida
  • 81. 5. O processo grupal: comunicação e aprendizagem no campo grupal  Os participantes já estavam sendo capazes de formar pequenas frases e descobrir novas palavras  coesos na sua tarefa de aprender  Fora prorrogado o trabalho até o final de setembro  A proposta de montar um livro com os trabalhos produzidos foi aceita pelo grupo  combinando elementos do processo grupal com o novo projeto
  • 82.  Técnica espaço comum  sentados em círculos bem próximos de pernas e braços abertos mexendo para um lado e para o outro  mostra como é difícil a proximidade assim como a distância na relação das pessoas  Continuação com as palavras geradoras  Sr.Alberto pede para trabalhar a Bíblia  Em outro encontro técnica “igualdades e diferenças”  os participantes se olham e dizem uma semelhança e uma diferença ao mesmo tempo trabalhado a motricidade fina
  • 83.  Discutiu-se as igualdades e diferenças do grupo  procurando trabalhar a identidade do grupo  Ao final de cada encontro um “para casa” era passado, focalizando as palavras trabalhadas e acrescentando um pouquinho de dificuldade, considerando o desenvolvimento de cada pessoa  Depois as coordenadoras viam o “para casa” e pediam para cada um ler no seu ritmo  anotavam parabéns ou ótimo
  • 84. 6. O processo grupal: tele, cooperação e operatividade no grupo  Os encontros iniciava como nas fases anteriores, com uma brincadeira que tinha como objetivo mobilizar os temas do grupo  Depois o “para casa” era revisto  O oitavo encontro foi iniciado com a técnica “estrela de cinco pontas”  numa estrela de cartolina eram postas duas palavras em cada ponta um aspecto era estimulado  o que penso, o que faço e como eu gostaria que fosse
  • 85.  Cada um falou sobre seus sentimentos e pensamentos, suas formas de agir, suas esperanças  Nesse dia foi usado a técnica “dar e receber” para finalizar o encontro, que havia sido muito emocionante  Joana que nos primeiros encontros apresentava uma resistência a palavra amigo disse “Como é bom ter amigos”  Como estava próxima a festa junina o grupo mostrou-se interessado a colaborar  Foram feitas plaquinhas de ‘lixo, plástico, vidro e papel’ em comum acordo
  • 86.  Um encontro fora dedicado para a confecção dessa tarefa  Começou o encontro com um abraço coletivo e as placas foram confeccionadas com entusiasmo  O grupo se mostrou satisfeito em participar dessa maneira da festa junina  Procurando trabalhar a auto-estima trabalhou-se a técnica “rasgar papel” escolhiam-se coisas que abalavam a auto estima e picavam o papel de acordo com a relevância que davam sobre isso
  • 87.  No final, com o papel todo picado discutiam a relevância das frases ditas e teciam comentários sobre a auto-estima  Trabalhada a família do P. com diversas palavras que os alunos tinham curiosidade em escrever  a parte disso ocorriam diversos comentários sobre experiências, como o de fazer pipoca  No encontro seguinte combinaram de fazer pipoca e assim foi feito  cada um colaborando com alguma coisa para o encontro (panelas, sal, milho)
  • 88. 7. O processo grupal: Luto e Elaboração no grupo  Movimento visível de abertura e crescimento grupal  Ana Alice, que só saia de casa para ir a igreja, tornou-se monitora do Abrigo  Joana, que em algumas reuniões chegara alcoolizada, parou de beber e separou-se do marido que a agredia  Todos estavam lendo e escrevendo, usando memórias e fatos do cotidiano  Imaculada passou a escrever suas receitas
  • 89.  Era preciso preparar o grupo com um mês de antecedência que estava no final: seria preciso viver o luto pela perda do grupo e a elaboração pela tarefa realizada  Ao explicar ao grupo que teriam mais só quatro encontros a reação foi mútua  Eles se mostraram regredidos, revoltados e magoados  As coordenadoras procuraram estimular com que eles falassem mais de seus sentimentos
  • 90.  Recordaram as contribuições de cada um pelo grupo  Fizeram novamente o “dar e receber”  Depois uma experiência com argila fora feita, cada um escrevia uma palavra com ela  Todos expressaram seus sentimentos em relação ao término do grupo  Levaram para casa as letras feitas de argila  um objeto para lembrar  Mais 2 sessões de trabalho com os sentimentos de perda e realização do grupo foram feitas
  • 91.  Pensaram em alternativas para que eles continuassem a aprender  grupos de educação de adultos e supletivos de 1º grau  Lembraram os alunos que em breve estariam se mudando do Abrigo e que teriam um papel a viver nas suas novas casas e comunidades  No ultimo encontro, todos compareceram e foram presenteados com brindes  A regressão provocada pela emoção final do grupo ainda se mostrava  As coordenadoras também estavam emocionadas com o final do curso