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               LABORATÓRIO SOCIAL
                      III               HNA
                  (com a colaboração de Lorena Freitas, ISMT 2005)




 Coimbra,
Maio de 2008


                                                                     1
INTERVENÇÃO EM REDE




Dumoulin, P.H.; Dumont, R.; Bross, N.; Masclet, G. (2004):
“Travailler en Réseau – méthode et pratique en intervention sociale,
Paris: Dunod.

Almeida, Helena (2001). Conceptions et Pratiques de la Médiation
Sociale. Les Modèles de Médiation dans le quotidien professionnel des
Assistans Sociaux. Coimbra: FBB/ISBB.



                                                                        2
NOTA BIOGRÁFICA DOS AUTORES



Philippe Dumoulin é de formação filosófico e educador especializado , é director-
assistente do Instituto Regional do Trabalho Social (IRTS) do Nord/Pas-de-Calais

Régis Dumont é educador especializado, é responsável pelo Departamento da
Intervenção Socio Educativa ao IRTS do Nord/Pas-de-Calais

Nicole Bross Assistente Social, é responsável por um Serviço Social local do Conselho
geral do Pas-de-Calais.

George Masclet é professor universitário na Universidade Charles-de-Gaulle Lille 3.
Intervem no IRST do Nord/Pas-de-Calais no âmbito da formação e no enquadramento.

Helena Almeida é professora universitária na Universidade de Coimbra.




                                                                                        3
«O TRABALHO EM REDE SERÁ UM CAMINHO
       DE FUTURO PARA A INTERVENÇÃO SOCIAL»


O TRABALHO SOCIAL, tradicionalmente construído sobre a abordagem das
deficiências e sobre o elencar as faltas dos utentes hoje é legitimamente reinterrogado
sobre a sua capacidade de fazer emergir e valorizar os recursos das pessoas.



A hipótese central desta obra apoia-se na dificuldade recorrente da coordenação entre
os interventores sociais.



A rede define-se como instrumento essencial da parceria.




                                                                                          4
RISCOS QUE PODEM COMPROMETER O
                          TRABALHO EM REDES


    Ao nível ético, consiste em enquadrar mais a liberdade do utente por uma
optimização das coordenações: a rede no seu sentido etimológico "rede" pode apertar as
suas malhas sobre a pessoa.

    Este risco de controlo social está também no centro da informatização (a Internet) e
a comunicação dos processos das pessoas

    Reforço do profissionalismo dos interventores sociais em detrimento da
mobilização das redes primárias dos utentes

    Efeitos de derrapagem centrífuga e de autolégitimação, ou ainda encerramento da
rede sobre ela própria.


                                                                                           5
REDE PROFISSIONAL




A rede profissional é sobretudo um modo de organização do trabalho que
implica os actores da rede secundária, e que é destinada a facilitar a
coordenação entre profissionais de primeira linha que intervêm no âmbito
das suas missões, no dispositivo colocado a cargo do utente.




                                                                           6
INTERVENÇÃO EM REDE




Se a intervenção em rede pode revelar-se uma resposta relevante a
comprometer numa acção a longo prazo junto de um utente, o profissional não
deve negligenciar o recurso aos modos de intervenção mais clássicos,
nomeadamente em situações de emergência ou de perigo.



A originalidade da intervenção em rede, advém do facto de poder permitir pôr
imediatamente as condições de uma retirada harmoniosa da intervenção
secundária, em proveito de uma retransmissão progressiva pelo ambiente da
pessoa.

                                                                               7
INTERVENÇÃO EM REDE



A intervenção em rede consiste em agir sobre a rede primária de um indivíduo, de uma
família, de grupo, ou de uma comunidade a fim de restabelecer um equilíbrio perdido após
dificuldades de múltiplas ordens, que são justificadas de acordo com os interesses dos seus
intervenientes e a sua especialidade.Devido ao carácter multifacetado da intervenção em rede
serão feitas tantas adaptações e diversificações quantas sejam necessárias a este modo de
intervenção/ modo de acção:

A intervenção em rede é uma maneira de pensar e fazer, que consiste em observar os
problemas da sociedade como problemas gerados por relações sociais e aspira a resolvê-los,
não apenas acente sobre factores meramente individuais ou ao contrario os meramente
colectivos e/ ou estruturais, mas através de novas relações sociais e de novas reorganizações
destas relações, trata-se mais de uma teoria do que de uma prática "_ (Dicionário de acção
social).."                                                                                  8
REDE



Os autores descrevem a rede como um instrumento de intervenção que deixa um
lugar importante à humanidade. "A intervenção em rede", "o trabalho social em
rede", "as redes de trocas de conhecimentos", "as redes profissionais" na sua
utilização óptima, são instrumentos, que colocam o utente ou o profissional em
posição de actor capaz de desenvolver e mobilizar recursos para encontrar
soluções adaptados às situações com as quais são confrontados.



O conceito de trabalho em rede designa o conjunto dos instrumentos de
intervenção concebidos para "fazer a parte da humanidade".


                                                                                 9
NOVA EXCLUSÃO SOCIAL




A nova temática sobre a exclusão leva a definir uma nova abordagem dos efeitos
da pobreza e da precariedade. Remete-nos a uma análise da perda das relações
sociais, para além da simples perda dos meios económicos.

Serge Paugam (1991): Desqualificação social - ruptura das relações sociais




                                                                                 10
ABORDAGEM CLÁSSICA DO TRABALHO SOCIAL




Focalizada sobre uma intervenção dupla que põe em jogo o interveniente social
susceptível de prestar uma ajuda a uma pessoa com dificuldade para exprimir mesmo
directamente o seu pedido. A assimetria caracterizava esta relação entre quem "ajuda:"
e o "ajudado".

Do lado das pessoas ajudadas, a conformismo com as expectativas e perspectivas
propostas pelo trabalhador social revelam frequentemente serem um efeito perverso
da assistência.




                                                                                         11
ABORDAGEM SISTÉMICA




Os modelos de intervenção em rede aparecem relacionados com o que podemos
denominar de “Revolução Sistémica”, com o movimento da “Anti-Psiquiatria” e da
Psiquiatria Comunitária. Importa realçar que existem neste contexto, inúmeros marcos
que vêm permitir o desenvolvimento de um novo modelo teórico e de intervenção,
nomeadamente na abordagem e tratamento das doenças mentais.
Esta vertente – abordagem sistémica - recusa a abordagem que pretende reduzir a
análise dos fenómenos psicopatologicos a uma dimensão puramente individual e,
mais tarde, familiar, conduz ao alargamento de todo um contexto que atribuí ao
“desvio” e ao “desviante” uma dimensão social, politica, económica e cultural que
nunca mais foi posta em causa pelos cientistas sociais.
A intervenção em rede respeita exactamente a visão do indivíduo como sistema uno,
inserido num sistema particular, que por sua vez está inseridos noutros sistemas cada
vez mais vastos, isto é, num domínio da complexidade e da multidimensionalidade.

                                                                                        12
INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS



REDE PRIMÁRIA

A rede primária, "é constituída pelas relações vividas pelo sujeito ao longo da sua
existência, não somente no seio da sua família, mas também com os seus vizinhos, os
seus amigos e os seus camaradas de trabalho". (Sanicola, 1994, p. 28).

A rede primária de uma pessoa é constituída pelo grupo de pessoas activas, possíveis
de se mobilizar para prestar-lhe uma ajuda se necessário.

Os vínculos numa rede primária são fundamentalmente de natureza afectiva, podendo
estes assumir uma carga negativa ou positiva, não havendo qualquer sentido de
obrigação na relação ou formalidade.


                                                                                       13
INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS (CONT.)


O carácter dinâmico neste tipo de redes é também uma característica
fundamental, dado que estas não têm sempre a mesma composição ou
configuração, flutuando e modificando-se com o tempo e com a mobilidade
das relações inerentes aos próprios indivíduos.

Assim sendo, as redes primárias têm, por conseguinte, uma dimensão espacio-
temporal, mudando segundo os contextos e circunstâncias, isto é, conforme as
escolhas e segundo os constrangimentos pessoais e sociais, partindo da
selecção que o individuo faz do leque das relações que lhe são oferecidas nas
suas vivências quotidianas.

                     REDES PRIMÁRIAS SÃO INFORMAIS;

             AS RELAÇÕES ENTRE AS PESSOAS SÃO NATURAIS.                         14
INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS (CONT.)



Paralelamente a estas redes primárias, existem redes mais elaboradas que
chamamos redes secundárias não formais. Lia Sanicola observa que "são
erigidos por iniciativa de certos membros das redes primárias para responder às
suas próprias necessidades, para encontrar soluções para as dificuldades
comuns sem que adquiram um estatuto verdadeiramente institucional" (cf.
Sanicola, 1994 p. 193 e 194).

Na intervenção em rede, o trabalhador social deve estar atento à existência
destas redes secundárias não formais que podem trazer-lhe um apoio precioso
na procura de soluções destinadas ao utente.

                                                                                  15
INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS (CONT.)



Distinguem-se por não terem um carácter oficial estruturado e pela não
existência de uma divisão rígida de papéis, embora tenham um papel
essencialmente funcional com vista a responder a uma procura ou a fornecer
determinados serviços.

Têm uma menor durabilidade, a população alvo da sua intervenção é mais
restrita, por conseguinte, mais adaptadas às necessidades dos indivíduos.




                                                                             16
INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS (CONT.)



Redes secundárias formais: são as que constituem as instituições sociais
que têm uma existência oficial; "são estruturadas de modo preciso,
preenchem funções específicas ou fornecem serviços particulares“ (Sanicola,
1994)

Estas redes, referem-se a laços institucionais, num âmbito estruturado e de
existência oficial, destinados a cumprir funções ou a fornecer serviços, isto é,
são todas as instituições ou as relações estabelecidas no seu enquadramento.




                                                                                   17
INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS (CONT.)



As relações são relativamente estáveis e estruturadas, segundo normas
precisas ditadas pelo papel e função atribuído ao indivíduo, não dependendo,
para tal, do individuo em si.

Em resposta a um pedido de ajuda formulado por um utente, na intervenção
em rede a acção do interveniente social consistirá em activar estas diferentes
redes para tentar aqui encontrar os recursos necessários à resolução dos
problemas colocados




                                                                                 18
TERAPIA DE APOIO



"TERAPIAS DE REDE": este modo de acção considera que se o círculo de parentes
pode ser a origem das perturbações no indivíduo e na família, ele possui também, em si,
soluções criativas para os problemas colocados. A acção do interveniente, antes de
qualquer terapeuta, consiste em estimular a "rede primária" para que os seus membros
desempenhem um papel mais activo na investigação, a escolha. e a aplicação das
soluções, ajudando "o doente a se reintegrar no seu meio de vida" (Besson, p.173).

“Terapia de apoio" é uma intervenção apresentada com algumas nuances perto das
mesmas características. É fundada sobre as capacidades da rede social de um indivíduo ou
de uma família a prestar-lhe uma ajuda. Estas "intervenções em rede" estão largamente
sustentadas pela corrente sistémica.


                                                                                           19
A INTERVENÇÃO DE REDE APLICADA AO SOCIAL



O sistema social de apoio é considerado como uma das funções primordiais das redes sociais
já que envolve transacções interpessoais e engloba um ou diversos tipos de apoio específicos
prestados por indivíduos, grupos ou instituições.

Trata-se também, de elaborar uma intervenção tendo em conta a qualidade da rede primaria.
As estratégias consistem então a ter em conta a existência da rede primária (vasta, limitada),
do seu efeito (positivo ou negativo), os seus recursos próprios (capaz de fazer frente ao
problema colocado ou não), os valores mobilizados que poderão entrar em conflito com os de
outras redes. Com base nesta análise, a intervenção é então decidida, a partir da rede
primária existente, ou tecendo outra rede para a circunstância.



                                                                                          20
A INTERVENÇÃO DE REDE APLICADA AO SOCIAL



A intervenção de rede aparece como um instrumento privilegiado de desenvolvimento ao
serviço das políticas urbanas, o desenvolvimento social local (ISIC: intervenção social de
interesse colectivo) e/ou do trabalho social com os grupos (TSG).




                                                                                      21

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Intervenção em rede

  • 1. 3 LABORATÓRIO SOCIAL III HNA (com a colaboração de Lorena Freitas, ISMT 2005) Coimbra, Maio de 2008 1
  • 2. INTERVENÇÃO EM REDE Dumoulin, P.H.; Dumont, R.; Bross, N.; Masclet, G. (2004): “Travailler en Réseau – méthode et pratique en intervention sociale, Paris: Dunod. Almeida, Helena (2001). Conceptions et Pratiques de la Médiation Sociale. Les Modèles de Médiation dans le quotidien professionnel des Assistans Sociaux. Coimbra: FBB/ISBB. 2
  • 3. NOTA BIOGRÁFICA DOS AUTORES Philippe Dumoulin é de formação filosófico e educador especializado , é director- assistente do Instituto Regional do Trabalho Social (IRTS) do Nord/Pas-de-Calais Régis Dumont é educador especializado, é responsável pelo Departamento da Intervenção Socio Educativa ao IRTS do Nord/Pas-de-Calais Nicole Bross Assistente Social, é responsável por um Serviço Social local do Conselho geral do Pas-de-Calais. George Masclet é professor universitário na Universidade Charles-de-Gaulle Lille 3. Intervem no IRST do Nord/Pas-de-Calais no âmbito da formação e no enquadramento. Helena Almeida é professora universitária na Universidade de Coimbra. 3
  • 4. «O TRABALHO EM REDE SERÁ UM CAMINHO DE FUTURO PARA A INTERVENÇÃO SOCIAL» O TRABALHO SOCIAL, tradicionalmente construído sobre a abordagem das deficiências e sobre o elencar as faltas dos utentes hoje é legitimamente reinterrogado sobre a sua capacidade de fazer emergir e valorizar os recursos das pessoas. A hipótese central desta obra apoia-se na dificuldade recorrente da coordenação entre os interventores sociais. A rede define-se como instrumento essencial da parceria. 4
  • 5. RISCOS QUE PODEM COMPROMETER O TRABALHO EM REDES Ao nível ético, consiste em enquadrar mais a liberdade do utente por uma optimização das coordenações: a rede no seu sentido etimológico "rede" pode apertar as suas malhas sobre a pessoa. Este risco de controlo social está também no centro da informatização (a Internet) e a comunicação dos processos das pessoas Reforço do profissionalismo dos interventores sociais em detrimento da mobilização das redes primárias dos utentes Efeitos de derrapagem centrífuga e de autolégitimação, ou ainda encerramento da rede sobre ela própria. 5
  • 6. REDE PROFISSIONAL A rede profissional é sobretudo um modo de organização do trabalho que implica os actores da rede secundária, e que é destinada a facilitar a coordenação entre profissionais de primeira linha que intervêm no âmbito das suas missões, no dispositivo colocado a cargo do utente. 6
  • 7. INTERVENÇÃO EM REDE Se a intervenção em rede pode revelar-se uma resposta relevante a comprometer numa acção a longo prazo junto de um utente, o profissional não deve negligenciar o recurso aos modos de intervenção mais clássicos, nomeadamente em situações de emergência ou de perigo. A originalidade da intervenção em rede, advém do facto de poder permitir pôr imediatamente as condições de uma retirada harmoniosa da intervenção secundária, em proveito de uma retransmissão progressiva pelo ambiente da pessoa. 7
  • 8. INTERVENÇÃO EM REDE A intervenção em rede consiste em agir sobre a rede primária de um indivíduo, de uma família, de grupo, ou de uma comunidade a fim de restabelecer um equilíbrio perdido após dificuldades de múltiplas ordens, que são justificadas de acordo com os interesses dos seus intervenientes e a sua especialidade.Devido ao carácter multifacetado da intervenção em rede serão feitas tantas adaptações e diversificações quantas sejam necessárias a este modo de intervenção/ modo de acção: A intervenção em rede é uma maneira de pensar e fazer, que consiste em observar os problemas da sociedade como problemas gerados por relações sociais e aspira a resolvê-los, não apenas acente sobre factores meramente individuais ou ao contrario os meramente colectivos e/ ou estruturais, mas através de novas relações sociais e de novas reorganizações destas relações, trata-se mais de uma teoria do que de uma prática "_ (Dicionário de acção social).." 8
  • 9. REDE Os autores descrevem a rede como um instrumento de intervenção que deixa um lugar importante à humanidade. "A intervenção em rede", "o trabalho social em rede", "as redes de trocas de conhecimentos", "as redes profissionais" na sua utilização óptima, são instrumentos, que colocam o utente ou o profissional em posição de actor capaz de desenvolver e mobilizar recursos para encontrar soluções adaptados às situações com as quais são confrontados. O conceito de trabalho em rede designa o conjunto dos instrumentos de intervenção concebidos para "fazer a parte da humanidade". 9
  • 10. NOVA EXCLUSÃO SOCIAL A nova temática sobre a exclusão leva a definir uma nova abordagem dos efeitos da pobreza e da precariedade. Remete-nos a uma análise da perda das relações sociais, para além da simples perda dos meios económicos. Serge Paugam (1991): Desqualificação social - ruptura das relações sociais 10
  • 11. ABORDAGEM CLÁSSICA DO TRABALHO SOCIAL Focalizada sobre uma intervenção dupla que põe em jogo o interveniente social susceptível de prestar uma ajuda a uma pessoa com dificuldade para exprimir mesmo directamente o seu pedido. A assimetria caracterizava esta relação entre quem "ajuda:" e o "ajudado". Do lado das pessoas ajudadas, a conformismo com as expectativas e perspectivas propostas pelo trabalhador social revelam frequentemente serem um efeito perverso da assistência. 11
  • 12. ABORDAGEM SISTÉMICA Os modelos de intervenção em rede aparecem relacionados com o que podemos denominar de “Revolução Sistémica”, com o movimento da “Anti-Psiquiatria” e da Psiquiatria Comunitária. Importa realçar que existem neste contexto, inúmeros marcos que vêm permitir o desenvolvimento de um novo modelo teórico e de intervenção, nomeadamente na abordagem e tratamento das doenças mentais. Esta vertente – abordagem sistémica - recusa a abordagem que pretende reduzir a análise dos fenómenos psicopatologicos a uma dimensão puramente individual e, mais tarde, familiar, conduz ao alargamento de todo um contexto que atribuí ao “desvio” e ao “desviante” uma dimensão social, politica, económica e cultural que nunca mais foi posta em causa pelos cientistas sociais. A intervenção em rede respeita exactamente a visão do indivíduo como sistema uno, inserido num sistema particular, que por sua vez está inseridos noutros sistemas cada vez mais vastos, isto é, num domínio da complexidade e da multidimensionalidade. 12
  • 13. INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS REDE PRIMÁRIA A rede primária, "é constituída pelas relações vividas pelo sujeito ao longo da sua existência, não somente no seio da sua família, mas também com os seus vizinhos, os seus amigos e os seus camaradas de trabalho". (Sanicola, 1994, p. 28). A rede primária de uma pessoa é constituída pelo grupo de pessoas activas, possíveis de se mobilizar para prestar-lhe uma ajuda se necessário. Os vínculos numa rede primária são fundamentalmente de natureza afectiva, podendo estes assumir uma carga negativa ou positiva, não havendo qualquer sentido de obrigação na relação ou formalidade. 13
  • 14. INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS (CONT.) O carácter dinâmico neste tipo de redes é também uma característica fundamental, dado que estas não têm sempre a mesma composição ou configuração, flutuando e modificando-se com o tempo e com a mobilidade das relações inerentes aos próprios indivíduos. Assim sendo, as redes primárias têm, por conseguinte, uma dimensão espacio- temporal, mudando segundo os contextos e circunstâncias, isto é, conforme as escolhas e segundo os constrangimentos pessoais e sociais, partindo da selecção que o individuo faz do leque das relações que lhe são oferecidas nas suas vivências quotidianas. REDES PRIMÁRIAS SÃO INFORMAIS; AS RELAÇÕES ENTRE AS PESSOAS SÃO NATURAIS. 14
  • 15. INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS (CONT.) Paralelamente a estas redes primárias, existem redes mais elaboradas que chamamos redes secundárias não formais. Lia Sanicola observa que "são erigidos por iniciativa de certos membros das redes primárias para responder às suas próprias necessidades, para encontrar soluções para as dificuldades comuns sem que adquiram um estatuto verdadeiramente institucional" (cf. Sanicola, 1994 p. 193 e 194). Na intervenção em rede, o trabalhador social deve estar atento à existência destas redes secundárias não formais que podem trazer-lhe um apoio precioso na procura de soluções destinadas ao utente. 15
  • 16. INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS (CONT.) Distinguem-se por não terem um carácter oficial estruturado e pela não existência de uma divisão rígida de papéis, embora tenham um papel essencialmente funcional com vista a responder a uma procura ou a fornecer determinados serviços. Têm uma menor durabilidade, a população alvo da sua intervenção é mais restrita, por conseguinte, mais adaptadas às necessidades dos indivíduos. 16
  • 17. INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS (CONT.) Redes secundárias formais: são as que constituem as instituições sociais que têm uma existência oficial; "são estruturadas de modo preciso, preenchem funções específicas ou fornecem serviços particulares“ (Sanicola, 1994) Estas redes, referem-se a laços institucionais, num âmbito estruturado e de existência oficial, destinados a cumprir funções ou a fornecer serviços, isto é, são todas as instituições ou as relações estabelecidas no seu enquadramento. 17
  • 18. INTERVIR EM REDE: OS CONCEITOS (CONT.) As relações são relativamente estáveis e estruturadas, segundo normas precisas ditadas pelo papel e função atribuído ao indivíduo, não dependendo, para tal, do individuo em si. Em resposta a um pedido de ajuda formulado por um utente, na intervenção em rede a acção do interveniente social consistirá em activar estas diferentes redes para tentar aqui encontrar os recursos necessários à resolução dos problemas colocados 18
  • 19. TERAPIA DE APOIO "TERAPIAS DE REDE": este modo de acção considera que se o círculo de parentes pode ser a origem das perturbações no indivíduo e na família, ele possui também, em si, soluções criativas para os problemas colocados. A acção do interveniente, antes de qualquer terapeuta, consiste em estimular a "rede primária" para que os seus membros desempenhem um papel mais activo na investigação, a escolha. e a aplicação das soluções, ajudando "o doente a se reintegrar no seu meio de vida" (Besson, p.173). “Terapia de apoio" é uma intervenção apresentada com algumas nuances perto das mesmas características. É fundada sobre as capacidades da rede social de um indivíduo ou de uma família a prestar-lhe uma ajuda. Estas "intervenções em rede" estão largamente sustentadas pela corrente sistémica. 19
  • 20. A INTERVENÇÃO DE REDE APLICADA AO SOCIAL O sistema social de apoio é considerado como uma das funções primordiais das redes sociais já que envolve transacções interpessoais e engloba um ou diversos tipos de apoio específicos prestados por indivíduos, grupos ou instituições. Trata-se também, de elaborar uma intervenção tendo em conta a qualidade da rede primaria. As estratégias consistem então a ter em conta a existência da rede primária (vasta, limitada), do seu efeito (positivo ou negativo), os seus recursos próprios (capaz de fazer frente ao problema colocado ou não), os valores mobilizados que poderão entrar em conflito com os de outras redes. Com base nesta análise, a intervenção é então decidida, a partir da rede primária existente, ou tecendo outra rede para a circunstância. 20
  • 21. A INTERVENÇÃO DE REDE APLICADA AO SOCIAL A intervenção de rede aparece como um instrumento privilegiado de desenvolvimento ao serviço das políticas urbanas, o desenvolvimento social local (ISIC: intervenção social de interesse colectivo) e/ou do trabalho social com os grupos (TSG). 21