A importância do meio no seu potencial explicativo para os
comportamentos do indivíduo, há muito é objecto de estudo
por parte das Ciências Sociais. As características de uma dada
comunidade e as relações de identificação e apropriação que
estabelece com o espaço que ocupa nas suas cambiantes físicas,
político-administrativas económicas e sociais, configuram a
existência de territórios mais ou menos formalizados passíveis
de representação geográfica
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Da Investigação à Intervenção -Sistemas de Informação Geográfica e Acção Social
1. SOCIAL SIG
Da
Investigação Texto de LUÍS CONCEIÇÃO* e JOÃO FERNANDES**
àIntervenção A
importância do meio no seu potencial
explicativo para os comportamentos do
indivíduo, há muito é objecto de estudo
por parte das Ciências Sociais. As característi-
cas de uma dada comunidade e as relações de
identificação e apropriação que estabelece com
o espaço que ocupa nas suas cambiantes físicas,
político-administrativas, económicas e sociais,
configuram a existência de territórios mais ou
menos formalizados passíveis de representação
geográfica.
A Acção Social, partindo da identificação das
necessidades de indivíduos, famílias e comuni-
dades necessita, de modo a produzir respostas
eficientes e articuladas, de um conhecimento Os Sistemas de Informação, sejam
profundo acerca da distribuição e configuração
dos seus territórios de intervenção preferencial. estes de que natureza forem, nascem
Ao seu dispor, os Sistemas de Informação Ge- com o objectivo de responder
ográfica, constituem potentes ferramentas de
integração de variáveis de múltiplas proveniên- a questões concretas
cias, que variam desde os aspectos mais quali-
tativos e subjectivos da auto-percepção de uma
Foto Banco de Imagem
comunidade, passando pelos próprios indicado-
res de avaliação e monitorização de programas
e medidas sociais, até aos indicadores globais e
normalizados como são os fornecidos pelas cam-
Sistemas de Informação Geográfica panhas de Recenseamento Geral da População
(Censos).
Ao longo deste artigo reflectir-se-á acerca da
e Acção Social natureza e evolução dos Sistemas de Informação
Geográfica enquanto informação para a acção
nas mais diversas áreas de aplicação (As aplica-
A importância do meio no seu potencial explicativo para os ções tradicionais dos Sistemas de Informação
comportamentos do indivíduo, há muito é objecto de estudo Geográfica) e a sua relação com a Acção Social a
diferentes níveis: no Apoio à Investigação Fun-
por parte das Ciências Sociais. As características de uma dada damental; em todas as dimensões do apoio à
comunidade e as relações de identificação e apropriação que intervenção, dimensão estratégica, dimensão
táctica da gestão e planeamento operacional
estabelece com o espaço que ocupa nas suas cambiantes físicas, da intervenção e far-se-á ainda uma breve in-
político-administrativas económicas e sociais, configuram a trodução aos sistemas de Informação Geográfica
existência de territórios mais ou menos formalizados passíveis enquanto instrumento da intervenção propria-
mente dita.
de representação geográfica
46 JULHO 2010 CIDADE SOLIDÁRIA CIDADE SOLIDÁRIA JULHO 2010 47
2. SOCIAL SIG
O actual conceito de “Sistema
Florestal em 1963 e, durante várias décadas os de tecnologias de recolha de dados e orientação mento já realizado em hardware e software, com-
de Informação Geográfica” encontrou Sistemas de Informação Geográfica encontra- geográfica, cujo exemplo paradigmático será o plementando o ensino de disciplinas de análise
a sua primeira aplicação massiva ram o seu “território” de aplicação preferencial GPS2, estimulou a proliferação, quer da procu- estatística, com uma disciplina introdutória aos
no Planeamento e Ordenamento do Território e ra, quer da oferta formativa, com uma redução Sistemas de Informação Geográfica, com custos
no projecto nacional canadiano Ambiente, até que a melhoria drástica das con- de custos ao nível da componente Recursos Hu- comportáveis quer ao nível dos Recursos Huma-
de Cadastro Florestal em 1963 dições tecnológicas de base, nomeadamente ao manos. Paralelamente os SIG preparam-se para, nos, quer ao nível do licenciamento de software.
nível da capacidade de processamento, ocorridas em pouco mais de uma década, atravessar uma
na década de 90 possibilitaram um alargamento segunda mudança de paradigma com vantagens
INFORMAÇÃO PARA A ACÇÃO extraordinário do âmbito temático de aplicação importantes para a sua competitividade no do- Para além da estrita representação
Os Sistemas de Informação, sejam estes de que dos Sistemas de Informação Geográfica. mínio dos sistemas de informação.
natureza forem, nascem com o objectivo de res- Em 2007 no seu artigo “Why Social Work A utilização de ferramentas em ambiente
geográfica de dados previamente
ponder a questões concretas. Quando em 1849 needs Mapping”, Amy HILLIER, Professora na desktop, com base em software e dados instala- analisados, a produção de informação
o medico britânico John Snow defendeu, através Universidade da Pensilvânia, escrevia o seguinte: dos em computadores pessoais, está a ser pro-
da publicação de um pequeno panfleto intitula- “No decorrer da última década os SIG emergiram gressivamente substituída por uma arquitectura
com metodologias apoiadas no software
do “On the Mode of Communication of Cholera” como ferramentas indispensáveis da prática e inves- Cliente-Servidor, em que toda a base de dados se dos sistemas de informação geográfica
(Acerca do meio de propagação da Cólera), que tigação ao nível do planeamento urbano, Ciência encontra centralizada num ou mais servidores, permite, entre outros aspectos, proceder
a Cólera se propagava através da contaminação Ambiental, Arquitectura Paisagista, Saúde Públi- sendo acedida em rede através de software desktop
de comida ou água e não através da inalação de ca, Arqueologia, Sociologia e Negócios. Contudo o instalado nos diferentes computadores pessoais. à identificação de clusters geográficos
“vapores contaminados”, conforme era comum- Serviço Social tem sido mais lento do que outras Pese embora as suas vantagens relativamente ao
mente aceite à época, não possuía qualquer ins- áreas a adoptar os SIG” 1. modelo anterior, este sistema de trabalho encon-
trumento válido para provar a sua teoria. As causas do atraso na introdução desta meto- tra-se ainda assim associado a custos elevados de OS SIG NA ACÇÃO SOCIAL
Em 1854, no auge de uma epidemia de cóle- dologia, quer na investigação, quer na prática do licenciamento em relação ao número de utiliza- Pese embora a utilização dos Sistemas de Infor-
ra, ocorreu-lhe assinalar num mapa os locais de Serviço Social, variam em função de especifici- dores directos da tecnologia. Assim sendo as en- mação Geográfica, enquanto tal, não possua uma
ocorrência de óbitos relacionados com a cólera, dades nacionais, como os critérios para aprova- tidades que visam a disseminação transversal da longa tradição na área da Acção Social, a utiliza-
bem como a localização dos pontos públicos de ção de projectos com financiamento público na utilização de informação geográfica relativa à sua ção de técnicas cartográficas em Trabalho Social
abastecimento de água, que à época serviam área social, a dimensão média das instituições de actividade com vista à rentabilização máxima do tem uma longa e nobre tradição que remonta pelo
quase toda a população de Londres. Descobriu serviço social e das prioridades ao nível da polí- investimento já efectuado, optaram por adoptar menos aos finais do século XIX e aos trabalhos de
que numa dada localização, o número de óbitos tica de Ensino. Apesar da sociologia urbana e do um paradigma de “Produção” de ferramentas de Booth, Kelley ou Du Bois3. A sua utilização nasce da
aproximava-se dos 500 num período de dez dias território produzir, desde há longa data, estudos informação geográfica. evidência de que quer indivíduos quer comunida-
e sugeriu às autoridades públicas que retirassem a que contemplam as dimensões da análise e da Este paradigma de trabalho descentralizado des são simultaneamente produtos e produtores do
alavanca que permitia a retirada de água naquele representação geográfica dos fenómenos sociais, orientado não para a produção de cartografia meio em que se inserem e que esse “meio” assume
ponto. Como resultado a epidemia foi contida em Portugal, os Planos de Estudos dos cursos mas para disponibilização de ferramentas de frequentemente fronteiras bem delimitadas no “es-
e John Snow ficou para sempre conhecido como de Licenciatura, quer em Serviço Social quer em análise e visualização de informação geográfica paço”.
um eminente epidemiologista e o precursor dos Sociologia não contemplam, na generalidade, abriu a possibilidade de disponibilizar online (na O conhecimento desses territórios, sejam eles
modernos Sistemas de Informação Geográfica qualquer disciplina introdutória aos Sistemas de intranet ou na internet) e de forma interactiva, a delimitados por variáveis administrativas, eco-
(SIG). Informação Geográfica, ao invés do que aconte- um número muito maior de utilizadores e sem nómicas, urbanísticas ou sociológicas, permite
ce relativamente ferramentas de análise estatísti- um acréscimo significativo de custos, uma parte direccionar a intervenção, gerir recursos e avaliar
AS APLICAÇÕES TRADICIONAIS ca univariada e multivariada de dados alfanumé- importante das funcionalidades até agora dispo- resultados. Enquanto instrumento, os Sistemas de
DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ricos. A este facto não serão alheios os custos até níveis apenas a um reduzido número de utiliza- Informação Geográfica têm apoiado quer a inves-
GEOGRÁFICA agora desencorajadores ao nível do licenciamento dores em ambiente desktop. tigação fundamental4, quer acima de tudo, a inves-
O actual conceito de “Sistema de Informação de software, aquisição de hardware e contratação Para as Universidades, e em particular aquelas tigação-acção5, constituindo-se como elemento de
Geográfica” enquanto Sistema Computorizado de recursos humanos especializados. onde existe o Curso de Serviço Social, abriu-se suporte à decisão, quer no âmbito do planeamento
de Integração, Armazenamento, Manipulação O crescente interesse pelo uso quotidiano de assim a oportunidade de rentabilizar o investi- estratégico, quer no âmbito do planeamento opera-
e Visualização de informação georreferencia- tecnologias de informação geográfica, dispo-
3. HILLIER, Amy; “Why Social Service Needs Mapping”; Journal of Social Work Education; Universidade da Pensilvânia, Vol. 43, Nº
da encontrou a sua primeira aplicação massiva níveis através da Internet, cujo exemplo mais 2; Julho de 2007; pp. 205-221.
no projecto nacional canadiano de Cadastro paradigmático será o GoogleMaps, bem como 4. Por “investigação fundamental” entende-se aquela que visa fazer progredir o conhecimento humano independentemente da sua apli-
cação imediata.
5. Entendida como “processo no qual os investigadores e os actores conjuntamente investigam sistematicamente um dado e põem questões
1. (Trad. Nossa) HILLIER, Amy; “Why Social Service Needs Mapping”; Journal of Social Work Education; Universidade da Pensilvânia, com vista a solucionar um problema imediato vivido pelos actores e enriquecer o saber cognitivo, o saber-fazer e o saber-ser, num quadro
Vol. 43, Nº 2; Julho de 2007; pp. 205-221. ético mutuamente aceite”. Alcides Monteiro (1998), citado por GUERRA, Isabel; Fundamentos e processos de uma sociologia da acção;
2. Global Positioning System. Cascais, Principia, 2000; p. 53.
48 JULHO 2010 CIDADE SOLIDÁRIA CIDADE SOLIDÁRIA JULHO 2010 49
3. SOCIAL SIG
Percentagem na População Idosa Residente (2011) de Utentes
Uma dimensão ainda menos explorada com Pedido de Equipamentos e Serviços para Idosos (2009)
gação Fundamental na área das Ciências Sociais Procedendo num só “pacote”,
dos sistemas de informação geográfica, são incontáveis, de entre os mais interessantes segundo modelos previamente
ao nível da Acção Social, é a produção destaque para a modelação de comportamen- construídos, à análise simultâ-
tos criminais7 (que tem auxiliado a captura de nea de informação demográfi-
de informação de apoio à intervenção diversos autores de crimes em série), a identifi- ca, social, económica e física,
directa, quer em situações pontuais, cação de áreas de maior vulnerabilidade social os SIG podem disponibilizar às
com base em variáveis predictoras8, a modelação organizações não apenas infor-
quer para a actividade diária de fenómenos demográficos como a imigração mação e conhecimento sobre
dos equipamentos que implicam a ou o envelhecimento9 e socioeconómicos como os cenários em que actuam ou
deslocação de clientes e/ou o comportamento do mercado de trabalho10 ou onde, prospectivamente, pode-
do mercado imobiliário. rão vir a actuar, mas sobretudo
de prestadores de serviços A tendência crescente para a adopção de uma soluções alternativas de respos-
perspectiva ecológica ou sistémica, necessaria- ta a esses mesmos contextos.
mente transdisciplinar, na investigação de fe- Por exemplo, os SIG podem
cional. O seu potencial didáctico, e o seu carácter nómenos identificados originalmente na esfera apoiar o redesenho de áreas de
visualmente apelativo, têm, contudo, em anos re- das Ciências Sociais, poderá simultaneamente intervenção de Equipamentos
centes aberto uma nova perspectiva sobre os SIG, contribuir para a difusão e beneficiar da utili- Sociais, em função da acessi-
para além da investigação e do planeamento. Com zação dos SIG nesta área, contribuindo para a bilidade da população alvo e a
efeito, já é comum a utilização de SIG enquanto constituição de um corpo teórico enriquecido à A procura de equipamentos e serviços para idosos sua relação espacial com outros
instrumentos de intervenção directa em processos disposição da Investigação Aplicada. A representação geográfica da relação de proporção entre a equipamentos congéneres, ou a
de desenvolvimento comunitário e empowerment6 procura de serviços e a população residente é uma informação localização óptima de equipa-
das populações. OS SIG NO APOIO AO PLANEAMENTO fundamental para o apoio à decisão quanto ao desenvolvimento mentos, em função da sua ca-
DA ACÇÃO SOCIAL e localização de respostas adaptadas a essa procura.Na figura pacidade, da acessibilidade de
OS SIG NO APOIO À INVESTIGAÇÃO Uma das áreas de trabalho mais promissoras acima representa-se a proporção, no total da população idosa e à população-alvo, a existência
FUNDAMENTAL dos sistemas de informação geográfica na área da projectada para 2011, por freguesia de Lisboa, dos utentes que de edificado disponível ou o
Juntando-se ao uso tradicional dos Sistemas Acção Social é o tratamento geográfico das in- em 2009 apresentaram à SCML pedidos de apoio por respos- preço do solo.
de Informação Geográfica na Investigação nas formações recolhidas desde o início da interven- tas sociais destinadas à população idosa. Na produção de informação
áreas da Saúde (por exemplo na epidemiologia), ção, devidamente analisadas na sua relação com É possível conhecer, assim, de que forma a dimensão da po- de apoio à decisão no domínio
das Ciências da Terra (como na modelação de variáveis de contexto e associadas a dados pas- pulação idosa residente em cada freguesia afecta a procura da Acção Social, os SIG podem
alterações climáticas) ou das Ciências Históri- síveis de georreferenciação11 - moradas ou áreas de equipamentos e serviços destinados a esse segmento, de concretizar a sua acção essen-
cas (na Arqueologia), os Sistemas de Informação geográficas delimitadas, como as unidades ter- forma a melhor planear as respostas e a sua localização ge- cialmente a quatro níveis dis-
Geográfica têm igualmente um papel importan- ritoriais administrativas ou as construídas para ográfica. tintos: a produção de informa-
te na resposta a questões fundamentais das Ci- efeitos do Recenceamento Geral da População, ção de apoio ao planeamento
Fonte Cartográfica: IGP, CAOP 2008; Fonte de dados: Aplicação de Indicadores
ências Sociais. O carácter territorializado, passí- nos seus diferentes níveis de agregação. do Atendimento social da SCML, Censos 2001 (INE) e Estudo de Caracterização
estratégico, no apoio à dimen-
vel de agregação a diferentes escalas, dos dados Para além da estrita representação geográfica do Envelhecimento na cidade de Lisboa (SCML 2006) são táctica da gestão, no apoio
recolhidos por meio dos Inquéritos de Recense- de dados previamente analisados, a produção ao planeamento operacional da
amento Geral da População e da Habitação, um de informação com metodologias apoiadas no intervenção e enquanto instru-
pouco por todo o mundo permite o cruzamento software dos sistemas de informação geográfica mentos de intervenção, propriamente ditos.
de variáveis de natureza completamente distinta, permite, entre outros aspectos, proceder à iden- riáveis ou conjuntos de variáveis associadas (ter-
com base num denominador mínimo comum: a tificação de clusters geográficos. Esta análise ritórios com perfis idênticos quanto às variáveis OS SIG NA PRODUÇÃO DE INFORMAÇÃO DE
localização. pode ser feita quer com base na identificação de em análise), quer através da identificação de uni- APOIO AO PLANEAMENTO ESTRATÉGICO
Os exemplos de aplicação dos SIG na Investi- territórios similares quanto às mais diversas va- dades territoriais associadas entre si, com base No primeiro nível, os SIG visam apoiar o
em critérios como os da acessibilidade ou a con- planeamento estratégico das organizações com
6. Empowerment – Capacitação, no sentido de promover os recursos e competências de alguém ou de uma comunidade para o exercício tiguidade, de acordo com a respectiva densidade informação geográfica sobre a procura e oferta
de um maior controlo sobre a sua vida ou situação.
7. CHAYNEY, Spencer e RATTCLIFFE, Jerry; “GIS & Crime Mapping”; Lavoisier; Paris, 2005.
populacional, a densidade, a idade do edificado e as tendências da evolução destas: Quais as ca-
8. FREISHTLER, Bridget; “A spatial analysis of social disorganization, alcohol access, and rates of child maltreatment in neighborhoo- ou a altimetria ou a inexistência de obstáculos racterísticas da procura actual e potencial, qual
ds”; Children and Youth Services Review, Vol. 26, 2004; pp 803-819. ou elementos físicos dificultadores da deslocação a relação entre uma e outra e qual a distribuição
9. FERREIRA, Frederico; “Evolução urbana e demográfica do envelhecimento em Belo Horizonte”;1999.
de viaturas e de pessoas, como barreiras arqui- territorial da procura assim caracterizada? Qual
10. BALLAS, Dimitris. e CLARKE, Graham.; “GIS and microsimulation for local labour market analysis”; Computers, Environment and
Urban Systems, nº 24, School of Geography, University of Leeds, Leeds, 2004; pp. 305-330. tectónicas ou naturais, o declive do terreno ou a a adequação da alocação territorial de recursos
11. Definição da localização de um objecto através das suas coordenadas num dado sistema/matriz/grelha de coordenadas geográficas. densidade do tráfego automóvel. à distribuição da procura actual e potencial?
50 JULHO 2010 CIDADE SOLIDÁRIA CIDADE SOLIDÁRIA JULHO 2010 51
4. SOCIAL SIG
Potencialidades da Área de Residência dos utentes Como deverá evoluir a população-alvo em ter- LOCALIZAÇÃO DAS POTENCIALIDADES DA CIDADE Densidade Populacional de Imigrantes atendidos
Percentagem de Diagnósticos (2007-2009) mos de diferenciação de perfis relevantes para As freguesias de Lisboa que apresentam maio- pelo Acolhimento Residencial da SCML
a identificação das respostas mais adequadas? res percentagens de diagnósticos com essa as-
Qual a distribuição ou redistribuição territorial sociação de potencialidades são Castelo (30%),
expectável destes perfis ao fim de um determi- Pena (25%), Campolide e Carnide (ambas com
nado período? 16 a 20%).
O nível estratégico de gestão das organizações Na SCML, a investigação para apoio à tomada
poderá assim dispor de informação que lhe permi- de decisão estratégica com recurso a instrumen-
tirá planear a médio e longo prazo o tipo de res- tos de produção de informação geográfica tem
postas a desenvolver e a alocação de recursos para dados os primeiros passos no sentido de articular
assegurar a oferta planeada. e de explorar articulação entre diferentes meto-
Frequentemente, para este nível de gestão, a in- dologias disciplinares para a análise de informa-
formação abrange unidades territoriais mais latas, ção proveniente de diversas fontes, tanto exter-
como grandes áreas urbanas diferenciadas com nas, como o Instituto Nacional de Estatística e
base na história do crescimento da cidade e nos entidades governamentais, como as bases de da-
principais zonamentos sociais e funcionais resul- dos da Instituição referentes à procura, aos uten-
tantes desse processo. Esta caracterização de áreas tes de equipamentos e serviços e às actividades,
mais latas prende-se, por um lado, com as espe- nos seus diferentes domínios de intervenção.
Localização das potencialidades da cidade cificidades da gestão estratégica das organizações, Na produção deste tipo de informação e co-
A par da identificação dos problemas, a identificação das po- designadamente a definição de grandes objectivos nhecimento, cabe destacar a estreita colaboração
tencialidades do local de residência dos utentes constitui uma a prazo e, por outro, com as limitações técnicas à entre geógrafos e sociólogos e a importância da A procura por imigrantes do Atendimento Social da SCML
dimensão importante do diagnóstico individual e familiar, no prospectiva socio-demográfica para áreas geográfi- articulação das competências próprias de cada A representação da densidade populacional de grupos específicos
âmbito do apoio social. Com base num elevado número destes cas de pequena dimensão, relacionadas quer com a uma das respectivas áreas disciplinares no de- que compõem a procura de um serviço social, como é o caso dos
diagnósticos particulares, é possível construir um diagnóstico indisponibilidade de informação a essa escala, quer senvolvimento de todo este trabalho. imigrantes relativamente ao Atendimento Social da SCML, constitui
da própria cidade, aos olhos dos Técnicos que acompanham com o menor grau de certeza estatística na inferên- Refira-se, a título de exemplo, dois estudos informação geográfica de particular utilidade para conhecer, de for-
esses utentes. cia de tendências com base em pequenos números. efectuados em 2008 e no 1º semestre de 2009. ma territorializada, a concentração dessa procura.
Os dados representados na figura respeitam a 38.247 diagnós- Um exemplo concreto de decisão estratégica No primeiro desses estudos fez-se uma análi- No exemplo acima, representa-se a densidade populacional dos
ticos de Atendimento Social registados no período de 2007 a apoiada em informação geográfica pode ser en- se do fenómeno do envelhecimento da cidade de imigrantes atendidos pela SCML em 2009, que se distribuem por
2009, depois das últimas operações de realojamento em Lis- contrado no início da década de 90 no condado Lisboa13, identificando prospectivamente as áreas duas grandes áreas da Lisboa: a freguesia de Ameixoeira a nor-
boa, em 2006. de South Dade, estado da Florida, nos Estados da cidade onde esse fenómeno deverá ter maior deste (101 a 150 habitantes por Km2) e, sobretudo, uma área no
Através da análise destes dados foi possível identificar qua- Unidos da América. Com o objectivo de apoiar repercussão e as características socio-demográficas sul da cidade em torno das duas freguesias que apresentam maior
tro grandes associações entre diagnósticos de potencialidades a fundamentação de políticas públicas de Acção expectáveis dessas áreas ao longo do período inter- concentração residencial da procura, Socorro (601-650 residentes
das áreas de residência, representando-se acima a dimen- Social, através da implementação de uma estraté- censitário 2001-2011. por km2) e Anjos (351-400 residentes por km2).
são que associa a existência de oportunidades de emprego, gia de intervenção territorializada começou-se pela No exemplo acima, representa-se a densidade populacional dos
de Equipamentos Sociais e de habitação a preços acessíveis delimitação de fronteiras de bairro e comunidade A PROCURA POR IMIGRANTES imigrantes atendidos pela SCML em 2009, que se distribuem por
como potencialidades dessas áreas geográficas para apoio à utilizando ferramentas geográficas. A agregação DO ATENDIMENTO SOCIAL DA SCML duas grandes áreas da Lisboa: a freguesia de Ameixoeira a nor-
intervenção social. destas áreas em 10 unidades territoriais maiores, No segundo, procedeu-se à análise da intersecção deste (101 a 150 habitantes por Km2) e, sobretudo, uma área no
configurou a gestão de fundos públicos, bem como entre as áreas geográficas de influência (territórios sul da cidade em torno das duas freguesias que apresentam maior
Fonte Cartográfica: IGP, CAOP 2008; Fonte de dados: Aplicação de Indicadores
do Atendimento social da SCML
a monitorização de programas e medidas, também formalmente instituídos) e de intervenção de facto concentração residencial da procura, Socorro (601-650 residentes
apoiada em SIG, no que ficou conhecido como Life (em função da adequação das respostas da SCML por km2) e Anjos (351-400 residentes por km2).
Zone Project12. às necessidades dos utentes) e o local de residência
dos utentes dos Serviços de Apoio Domiciliário14,
Fonte Cartográfica: IGP, CAOP 2008; Fonte de dados: Aplicação de Indicadores
com vista a apoiar a decisão quanto à eventual re- do Atendimento social da SCML e Censos 2001 (INE).
definição das suas áreas de intervenção.
13. LIN, Chung-Chih; CHIU, Ming-Jang; HSIAO, Chun-Chieh; LEE, Ren-Guey e TSAI, Yuh-Show; “Wireless Health Care Service
System for Elderly With Dementia”; IEEE Transactions on Information Technology in Biomedicine, V. 10, Nº. 4, Outubro de 2006.
14. Este projecto teve origem num estudo realizado em 2009, enquadrado por uma parceria no âmbito da Iniciativa Comunitária EQUAL.
12. MATHER, Charles; “Restructuring Rural Education and the FERNANDES, João, CONCEIÇÃO, Luís e SANTOS, Maria João; Estudo para a Construção e Implementação de um Sistema de Lo-
politics of GIS in post-apartheid South-Africa”; Area - V. 27 – Nº calização e Avaliação da Vulnerabilidade dos Utentes Idosos da SCML em Situações de Anomalia Climática Térmica; Lisboa, Santa Casa
1, Março de 1995; pp 12-22. da Misericórdia de Lisboa, 2009.
52 JULHO 2010 CIDADE SOLIDÁRIA CIDADE SOLIDÁRIA JULHO 2010 53
5. SOCIAL SIG
OS SIG NO APOIO À DIMENSÃO TÁCTICA Há questões de segurança que se colocam à des-
Na Santa Casa da Misericórdia DA GESTÃO locação pedonal dos utentes? Quais são e onde
A dimensão táctica da gestão das organizações se localizam os elementos da rede complementar
de Lisboa, encontra-se em precisa normalmente de informação actualizada de recursos?
desenvolvimento o projecto de um para decidir quanto às melhores formas de im-
plementar no terreno as decisões do nível estra- OS SIG NO APOIO À INTERVENÇÃO DIRECTA
Sistema Geográfico de Apoio à Gestão tégico. Uma dimensão ainda menos explorada dos
de Situações de Emergência Trata-se de organizar e alocar os recursos que sistemas de informação geográfica, ao nível da
vão operacionalizar as respostas planeadas a Acção Social, é a produção de informação de
prazo. Já não se trata de identificar as grandes apoio à intervenção directa, quer em situações
tendências de distribuição territorial dos grupos- pontuais, quer para a actividade diária dos equi-
alvo e dos respectivos perfis sociais pertinentes pamentos que implicam a deslocação de clientes
para o desenho e planeamento das respostas, e/ou de prestadores de serviços.
mas de identificar em territórios de escala mais No entanto, é com elevado grau de rigor e por-
reduzida todos os elementos que permitem de- menor que os sistemas de informação geográfica
cidir quanto aos melhores locais para a imple- podem apoiar a prestação directa e diária de ser-
mentação de equipamentos e serviços, do redi- viços como, por exemplo, serviços de apoio do-
mensionamento destas unidades em função da miciliário. Aumentando ainda mais a escala da
procura efectiva ou potencial do seu território de cartografia, os SIG podem produzir informação
intervenção ou o redesenho desses territórios em detalhada quanto à identificação e morada dos
função dessas mesmas procuras e, mesmo, dos utentes, optimização de percursos de deslocação Prestação de serviços de Apoio Domiciliário
recursos necessários para levar a cabo a activida- entre domicílios, distribuição geográfica opti- Na figura acima estão representadas os locais de residência fic-
de nos territórios assim desenhados. mizada de domicílios por prestador de serviços, tícios de utentes de Apoio Domiciliário da SCML que vivem numa
Os exemplos da aplicação de SIG ao nível da características desses mesmos utentes relevantes pequena área e que têm programados serviços diários de apoio
dimensão táctica da gestão estendem-se por vá- para a prestação do serviço, tipo de serviços a matinal à higiene pessoal, com informação quanto ao nível de de-
rias áreas. A programação de equipamentos so- prestar por utente e período do dia para além de pendência desses utentes (Índice de Katz).
Recursos locais ciais é um dos aspectos recorrentes na bibliogra- outras informações facilitadoras da coordenação Cartas geográficas desta natureza podem apoiar os Serviços de
Aos equipamentos e serviços de âmbito local, é particularmente fia da especialidade. Entre os mais interessantes diária de um serviço dessa natureza e, em última Apoio Domiciliário na distribuição de domicílios por Ajudante Fa-
útil dispor de informação geográfica actualizada relativamente exemplos encontrados destaque para a utilização análise, da qualidade da prestação do mesmo. miliar e nas orientações quanto á respectiva sequência, tendo em
aos recursos de que pode dispor no âmbito do seu território de desta tecnologia na reestruturação de equipa- A produção de informação útil desta natureza atenção a distância entre as residências e os níveis de dependência
intervenção, com os quais articula frequentemente. mentos escolares, em meio rural, na África do para o nível operacional da intervenção exige, no dos utentes, que afectam o tempo médio de prestação dos serviços
Na imagem está representado o detalhe de um mapa onde fi- Sul dos finais da década de 9015. entanto, a actualização diária dos sistemas de in- pessoais.
guram os símbolos de localização de um Equipamento da SCML A este nível, os SIG procuram responder formação das organizações referentes aos clientes Pode ainda ser acrescentada aos mapas informação útil para o as-
(casinha a vermelho), uma Estação de Correios, três Esquadras a questões que se colocam sobre a relação dos e à actividade e, sobretudo, a ligação dessas bases sistência em cada dia, como os horários da medicação, o material
de Polícia, duas Farmácias e um Hospital Público. equipamentos, actuais ou planeados, não apenas de dados ao software de produção de informação descartável que é necessário levar para cada utente ou eventuais
Com recurso a WebSIG é possível disponibilizar esta informação com a população a que se dirigem, mas com a geográfica para que este possa, segundo modelos alterações à situação do utente com relevância para a prestação do
on line aos utilizadores, com outros elementos de identificação configuração geográfica do território em di- e processos previamente definidos, produzir com serviço, o que pode ser feito de forma manuscrita ou com recurso
e caracterização desses recursos, legíveis com a colocação do versas dimensões, incluindo a própria rede de a mesma periodicidade e de forma automática a software SIG. A localização da morada dos utentes é fictícia, uma
rato em cima dos referidos símbolos. equipamentos em cuja constelação geográfica se informação fiável para o apoio à intervenção. vez que se trata de um dado pessoal protegido por lei.
inserem. Quais as áreas do terreno que se en-
Fonte Cartográfica: IGP, CAOP 2008; Fonte de dados: Aplicação de Indicadores
contram a descoberto, em termos de capacidade do Atendimento social da SCML e Censos 2001 (INE).
e de acessibilidade dos/aos utentes? Face à geo-
grafia do terreno e aos perfis dos clientes, é mais
adequado definir territórios de intervenção com
base em deslocações pedonais ou com base em
deslocações motorizadas? É necessário planear 16. Para uma síntese das questões associadas à Integração dos SIG em projectos de desenvolvimento Comunitário, sugere-se a consulta de:
recursos para assegurar o transporte dos utentes VAJJHALA, Shalini P.: “Integrating GIS and Participatory Mapping in Community Development Planning” Artigo para a Conferência
Internacional de utilizadores da ESRI, Desenvolvimento Sustentável e Assuntos Humanitários, San Diego, Califórnia, 2005.
ou dos prestadores de serviço, ou é mais adequa-
17. Conforme atesta a experiência relatada no artigo “Diário de um Professor” de Madalena Mota, publicado na revisa NOESIS de Setem-
do que se desloquem pelos seus próprios meios? bro de 2006, no qual se descreve o desenvolvimento de um projecto pedagógico assente em ferramentas SIG, com alunos do 3º ciclo na
15. Do Inglês “Participatory Mapping”. escola Secundária do Pinhal Novo, concelho de Palmela.
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6. SOCIAL SIG
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE APOIO fia, quer no reforço de competências ao nível das
DOMICILIÁRIO Tecnologias de Informação e Comunicação. A aplicação do princípio da “Cartografia
Um dos exemplos mais emblemáticos do re- No que se refere especificamente aos projec-
curso a informação geográfica actualizada é a de tos de intervenção local, de promoção social e Participativa” demonstrou igualmente
utilização de GPS em percursos motorizados, desenvolvimento comunitário das áreas urbanas a sua validade pedagógica , quer no
com informação sobre a intensidade do tráfego geradas por processos de realojamento, os SIG
com base em imagens vídeo. A localização em podem constituir uma ferramenta particular- ensino da Geografia, quer no reforço
tempo real de pessoas em particular situação de mente rica para a construção/reconstrução de de competências ao nível das Tecnologias
risco constitui uma das aplicações mais promis- identidades locais, na identificação e reconheci-
soras para a actividade diária de prestação de mento do território social, das suas fronteiras e de Informação e Comunicação
serviços pessoais, de que é exemplo o Projecto dos seus elementos constituintes, dos seus sím-
da Universidade de Taiwan de localização remo- bolos, problemas e potencialidades. À semel-
ta com recursos a bio-sensores e dispositivos de hança da metodologia de alfabetização de Paulo que é plausível prever um aumento exponencial
GPS, com vista à activação de serviços de res- Freire, a geografia e o software SIG podem ser desta interacção. A razão é simples: a produção
posta rápida a pessoas com demência, como a concebidos e operacionalizados como instru- de conteúdos geográficos, até agora centrada
doença de Alzheimer16. mentos de “consciencialização”, entendida como num número reduzido de utilizadores, ameaça
Na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, en- processo de reconhecimento do eu, do seu lugar e tornar-se tão simples como utilizar um site de
contra-se em desenvolvimento o projecto de um do seu papel na transformação do mundo21. Partil- uma rede social na Internet. ■
Sistema Geográfico de Apoio à Gestão de Situações hando a perspectiva de SOUSA e PEDON22,
de Emergência, cujo objectivo é manter perma- Ao buscar compreender o movimento que faz *Geógrafo, ** Sociólogo, do Gabinete
Assistência a utentes em situações de emergência nentemente actualizada uma base de dados ge- com que o território constitua o locus da vivência, de Investigação e Monitorização, SCML
Na carta acima estão assinaladas as moradas fictícias de uten- orreferenciada de locais de residência de utentes da experiência do indivíduo com seu entorno com
tes de equipamentos sociais de idosos da SCML, com a identi- das respostas sociais para idosos da Instituição, os outros homens, fazemos isso tendo a identidade Agradecimento especial a Igor Boieiro e a Ricardo Brasil, geógra-
ficação do respectivo grau de vulnerabilidade face a situações classificados segundo a sua vulnerabilidade, de como factor de aglutinação, de mobilização para a fos em estágio no Gabinete de Investigação e Monitorização, pelo
de emergência, como as ondas de calor que nos últimos verões modo a priorizar a assistência na ocorrência de acção colectiva. Essa relação identidade-território trabalho desenvolvido na preparação dos dados geográficos e na
têm afectado o território do Continente. uma situação de catástrofe natural ou tecnoló- toma a forma de um processo em movimento, que elaboração de cartografia que ilustra este artigo.
Esta cartografia pretende apoiar a assistência directa aos gica17. se constitui ao longo do tempo tendo como princi-
utentes no seu domicílio no caso de ocorrência desse tipo de pal elemento o sentido de pertença do indivíduo ou
situações, permitindo priorizar a assistência aos utentes com OS SIG COMO INSTRUMENTO grupo ao seu espaço de vivência.
maior vulnerabilidade. DA INTERVENÇÃO Esse sentimento de pertencer ao espaço em que
A cartografia é objecto de actualização periódica, numa activi- A utilização da geografia e de software de produção se vive, de conceber o espaço como locus das práti-
dade bastante exigente, que impõe a georreferenciação caso a de informação geográfica como instrumento de cas, onde se tem o enraizamento de uma complexa
caso de todas as moradas que não são objecto de georreferen- acção social no âmbito de projectos de desenvol- trama de sociabilidade é que dá a esse espaço o ca-
ciação automática com base em software SIG. A localização da vimento local constitui uma das potencialidades rácter de território. O território de alguém ou de
morada dos utentes é fictícia, uma vez que se trata de um dado mais interessantes dos SIG na sua relação com a in- algum grupo, seja este último uma classe social ou
pessoal protegido por lei tervenção social. Através das mais variadas técnicas um grupo étnico…, seja no caso de uma associação
de “Cartografia Participativa”18, as populações são de bairro, enfim, nas múltiplas formas que toma
chamadas ao exercício de cidadania19, aumentando esse processo.
a influência da comunidade junto dos decisores do Da Investigação Fundamental ao Desenvolvi-
poder político e simultaneamente desenvolvendo mento Comunitário, os Sistemas de Informação
competências aos mais diversos níveis. Geográfica têm crescido na sua interacção com
A aplicação do princípio da “Cartografia Par- a acção social. O potencial de utilização destas
ticipativa” demonstrou igualmente a sua vali- ferramentas nesta área beneficiará significativa-
dade pedagógica 20, quer no ensino da Geogra- mente com a sua disponibilização online, pelo
18. GUERRA, Isabel; Fundamentos e processos de uma sociologia da acção; Cascais, Principia, 2000; pp. 22-23.
19. SOUZA, Edevaldo Aparecido e PEDON, Nelson Rodrigo; “Território e Identidade”; Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos
Brasileiros – Secção Três Lagoas; Três Lagoas - MS, V 1 – n.º6 - ano 4, Novembro de 2007; pp. 126-148.
20. Conforme atesta a experiência relatada no artigo “Diário de um Professor” de Madalena Mota, publicado na revisa NOESIS de Setem- 21. GUERRA, Isabel; Fundamentos e processos de uma sociologia da acção; Cascais, Principia, 2000; pp. 22-23.
bro de 2006, no qual se descreve o desenvolvimento de um projecto pedagógico assente em ferramentas SIG, com alunos do 3º ciclo na 22. SOUZA, Edevaldo Aparecido e PEDON, Nelson Rodrigo; “Território e Identidade”; Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos
escola Secundária do Pinhal Novo, concelho de Palmela. Brasileiros – Secção Três Lagoas; Três Lagoas - MS, V 1 – n.º6 - ano 4, Novembro de 2007; pp. 126-148.
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