O documento discute a importância do brincar na educação infantil e o papel fundamental do educador durante as brincadeiras. O educador deve observar as crianças brincando para entender suas dificuldades e pode participar ativamente das brincadeiras desde que aceito pelas crianças. É essencial respeitar o brincar livre e espontâneo das crianças.
1. O papel do educador no brincar
"É possível descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira
do que em um ano de conversa"
Platão
Compreender a importância do brincar passa não só pela criação de tempos e espaços para as
brincadeiras, mas também pelo entendimento de que o educador desempenha papel fundamental
nesses momentos.
É importante ressaltar que o brincar espontâneo, dirigido pela criança, já tem valor em si. É nas
brincadeiras que ela exercita a imaginação e a criatividade, além de aprender a se relacionar com
outras crianças.
"Por trás do brincar há inúmeras mensagens que falam do ser e do estado de cada indivíduo, das
suas emoções, das suas vivências, medos, valores, formas de ver o mundo e do seu estado de
desenvolvimentos físico, mental e emocional", explica a educadora Adriana Friedmann, autora de
diversos livros sobre o tema, como "O brincar no cotidiano da criança" (Ed. Moderna, 2006), onde
enfatiza a importância dos momentos de prática nessas formações. Por isso, é importante que o
professor utilize esses momentos para observação.
"Se existe a preocupação de se ajudar no desenvolvimento daquela criança, é esse o momento
de observar as dificuldades que ela apresenta, de relacionamento, de lidar com a frustração quando
perde o jogo, essa questão do controle das emoções, da tristeza, da raiva... É o momento certo, no qual
a criança está ali desnudada, inteira colocada no brincar", enfatiza Marilena Flores Martins,
presidente da Associação Brasileira pela Direito de Brincar (IPA Brasil), que lançou recentemente
o guia "Brincar é Preciso"(Ed. Evoluir Cultural).
"O educador não pode aproveitar a "hora do brinquedo" para realizar outras atividades. Pelo
contrário. Em nenhum momento da rotina na escola ele deve estar tão inteiro e ser tão rigoroso - no
sentido de atento aos alunos e aos seus próprios conhecimentos e sentimentos - quanto nesta hora",
reforça a pedagoga Tânia Ramos Fortuna, que dirige o Programa de Extensão Universitária "Quem
quer brincar?", na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Alguns especialistas acreditam que o professor pode ainda desempenhar papel ainda mais ativo,
utilizando as brincadeiras como instrumento pedagógico. Pode propor brincadeiras que permitam
trabalhar determinados conteúdos ou que desenvolvam determinadas habilidades. Pode organizar o
espaço de modo a propiciar determinadas brincadeiras, oferecer diferentes materiais de acordo com
o desenvolvimento da criança.
O educador pode ir além, participando das brincadeiras, desde que aceito pelas crianças. Não
há uma medida certa sobre qual o limite de interferência do educador, mas a ideia é que ele se
desarme, mergulhe na brincadeira e renuncie ao controle, de modo a não coibir a imaginação e a
criatividade da criança.
Vale ressaltar ainda que é possível lançar mão do brincar para ensinar, mas o tempo dedicado a
ele não pode ser utilizado integralmente com esse fim. É preciso que as crianças também possam
brincar livremente.
2. Para Adriana, gradativamente, vem havendo um processo de retomada do brincar nas escolas,
motivado pelas "inquietações das crianças e percepções dos professores, por um “boom” nas pesquisas
e publicações na área do brincar" e também pela recomendação do brincar nos PCNs. Mas adverte: "O
grande perigo, porém, é a pedagogização deste brincar, uma excessiva instrumentalização de uma
atividade que deveria ser respeitada como sendo, ao mesmo tempo, da natureza das crianças e
construída e ressignificada por elas, necessária para a convivência e o desenvolvimento integral".
http://www.cenpec.org.br/noticias/ler/Brincando-e-aprendendo
Brincadeiras individuais e coletivas
As crianças brincam sozinhas ou em grupos em qualquer lugar, inclusive na creche. É importante
ter um tempo individual para “pensar” sozinho, para “falar” com seu amigo imaginário, ou explorar um
brinquedo. Uma educação de qualidade deve ofertar tempos para brincadeiras individuais e grupais.
Valorizar a organização da sala depois da brincadeira contribui para a construção da
autoestima e da identidade da criança e do grupo. A partir de um ano e meio, as crianças
começam a gostar de organizar seus brinquedos. Criar com elas sistemas de organização
faz parte da brincadeira, pegando, brincando e depois guardando os brinquedos
.
Toda situação nova pode trazer um pouco de tensão. O desconhecimento de brincadeiras
pode levar a criança a se afastar do grupo, por isso, para uma boa integração, nada
melhor do que iniciar com brincadeiras conhecidas por todas.
Brincadeiras tradicionais como esconde-esconde, pique, pular corda, amarelinha,
brincadeira de roda, facilitam a integração no grupo.
Depois de integradas, elas adquirem confiança e pode-se ensinar novos jogos.
Nas atividades individuais, pode-se oferecer a diversidade de materiais e brinquedos
interessantes para as crianças. Um bom exemplo é o recipiente com materiais de uso
cotidiano, em que as crianças podem manipular e explorar num mesmo lugar vários
objetos que lhes interessem, de acordo com seu ritmo.
Para grandes agrupamentos, deve-se prever não só a diversidade, mas a quantidade de
materiais e brinquedos para garantir o brincar de cada um e ampliar contatos sociais.
O clima de confiança se estabelece quando se criam momentos em que as crianças
ensinam as brincadeiras que conhecem aos novos coleguinhas, em situações de
cumplicidade entre crianças de idades iguais e diferentes.
ATENÇÃO: Cada criança é diferente da outra. Uma vive no centro, outra na periferia,
em bairros nobres ou populares. Algumas vivem em famílias que falam outras línguas, tem hábitos
3. alimentares e formas de brincar que são diferentes, porque trazem a cultura de outros países.
Enfim, todas são crianças, mas diferentes na forma de falar, pensar, relacionar-se e até de
brincar. Desta forma, um agrupamento da mesma faixa etária pode ter interesses comuns
específicos, mas a singularidade de cada criança precisa ser respeitada. Para aprender novas
formas de brincar, as crianças precisam ter contato diário com outras crianças não só do seu
agrupamento, mas com as mais velhas em espaços de dentro e fora da instituição infantil.
file:///C:/Users/coordenadora/Downloads/PublicacaoBrinquedosBrincadeirasCreches1.pdf-ultima-
versao-10-04-12.pdf
Os 10 mandamentos do brincar
Brincar é importante porque...
1. Combate a obesidade, o sedentarismo e desenvolve a motricidade. Meia hora de pega-pega e
amarelinha consome, respectivamente, 224 e 135 calorias.
2. Promove o autoconhecimento corporal. Correr, pular, cair, levantar… Ações que auxiliam a
criança a se perceber e conhecer seus limites e potenciais.
3. Estimula competências socioemocionais. A brincadeira é uma necessidade biológica que
ajuda a moldar o cérebro e que, nos diversos contextos, fortalece as relações socioafetivas,
explorando aspectos como autocontrole, cooperação e negociação.
4. Gera resiliência. Esta é uma das mais importantes habilidades para se viver. A frustração de
perder um jogo ou de o colega não querer brincar do jeito proposto pela criança irá ajudá-la a se
adaptar a uma realidade inesperada, administrando melhor as decepções.
5. Ensina o respeito ao outro. A criança aprende a ouvir, a relacionar-se, aceitando as
diferenças.
6. Desenvolve a atenção e o autocontrole. Montar um quebra-cabeça ou empilhar blocos é um
desafio que, a cada vez, será resolvido de um jeito melhor. Esse aprendizado é uma ferramenta para
superar vários desafios na vida.
7. Incentiva o trabalho em equipe. Os jogos e brincadeiras coletivos são verdadeiras escolas
de convivência, cooperação, respeito, trocas, limites, essenciais à vida e ao mundo do trabalho.
8. Estimula o raciocínio estratégico. Jogos com regras criam impasses que são vencidos por
meio da análise, da argumentação, do momento certo de agir, da avaliação do resultado. Os erros
servirão como ponto de partida para novos acertos.
9. Promove a criatividade e a imaginação. Baldes, potes, caixas nas mãos de uma criança se
transformam em robôs, aviões, pessoas, casas. Por isso, estimular a criatividade com objetos simples
traz mais ganhos à criança do que com brinquedos prontos e caros.
10. Estabelece regras e limites. A criança aprende a respeitar o espaço e o limite do outro,
lidando com regras, questionando-as para entendê-las ou para sugerir mudanças, postura essencial
para viver pro ativamente na sociedade.