O documento discute a abordagem familiar na Estratégia de Saúde da Família. Ele descreve a família como um sistema complexo que passa por diferentes fases ao longo do ciclo de vida e é influenciado por fatores internos e externos. Também aborda como a doença pode afetar a dinâmica familiar e como o profissional de saúde deve avaliar a estrutura e função familiar para melhor atender as necessidades de cada família.
1. Abordagem Familiar na
Estratégia de Saúde da Família
Angela Machado
Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde
LIPAPS/FCM/HUPE/ UERJ
2. “A unidade familiar pode ser vista como uma
grande fundição emocional, um cadinho cheio de
paixão na qual nossas realidades mais profundas, o
sentido de quem somos e do mundo à nossa volta
começam a se estabelecer e tomar forma.
É dentro do enclave da família de nossos
primeiros anos que aprendemos os padrões de ser,
tanto de natureza saudável quanto psicológica, que
serão gradualmente assimilados e se tornarão parte
fundamental de nossa própria experiência interior”.
3.
4.
5. FAMÍLIA é a reunião de 2 ou mais pessoas
relacionadas ou ligadas biológica, emocional ou
legalmente (Carter e McGoldrick, 1989; McDaniel et al., 1990).
O conceito pode se estender abrangendo
uniões como casais de gays ou lésbicas,
relacionamentos fora do casamento, famílias
de pais/mães solteiros, casais sem filhos ou
ambientes domésticos compostos de amigos.
A função permaneceu constante: fornecer um
ambiente seguro para o crescimento, que
promova bem-estar físico, psicológico e
social de seus membros (Berzof et al., 1996; Woods e
Hollis, 1990).
6. FAMÍLIA – definições
Trata-se de um sistema de indivíduos que mantém
consigo alguma relação de vínculo e compromisso
necessários à sobrevivência, como alimentação, abrigo,
proteção, afeto e socialização, no todo ou em parte,
sendo parentes consanguíneos ou não.
“a experiência humana de identidade tem dois
elementos: um sentido de pertencimento e um sentido
de ser separado. O laboratório em que estes
ingredientes são misturados e administrados é a
família, a matriz da identidade”. Minuchin
“a família é um sistema movendo-se através do tempo”.
McGoldrick e Carter
7. TEORIA SISTÊMICA
•Etiologia das enfermidades é circular,
não linear.
•Mudanças em parte do sistema
produzem mudanças em todo o sistema.
•Família influi na doença, e a doença influi
na família
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
8.
9. • Funções da família
- Promover um ambiente suficientemente bom para o
caminhar em direção à independência
- Matriz do desenvolvimento de vínculos afetivos e
sociais
- Modelagem dos papéis sexuais
Abordagem Familiar na ESF
10. MATERNAGEM = Espaço de mediação
Inclui holding, satisfação das necessidades fisiológicas
e provisão ambiental que organiza o meio ambiente de
acordo com as necessidades daquele bebê.
Necessidade x desejo
11. FUNÇÃO PATERNA
•Proteger a díade mãe-bebê do meio
externo
•Ajudar na ruptura do cordão umbilical
simbólico da relação anterior, através do
estabelecimento das relações triangulares
•Estabelecimento de limites adequados
12. O CICLO DE VIDA DA FAMÍLIA
• processo complexo envolvendo três ou quatro
gerações que se movimentam juntas ao longo do
tempo
• mudanças ocorrem simultaneamente no ciclo de
vida de duas ou mais gerações
• eventos que geram perturbações em um
determinado subsistema afetam os demais
• vive sob um fluxo constante de ansiedade
(vertical e horizontalmente)
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
14. FLUXO VERTICAL
•padrões de relacionamento
transmitidos através de gerações
(atitudes, expectativas, valores e regras)
levados de uma geração à seguinte,
mantendo vivos os “temas” familiares
•orienta as vidas de seus membros
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
15. FLUXO HORIZONTAL
•ansiedade provocada pelos estresses que
afetam a família ao longo do tempo
•são eventos imprevisíveis que podem romper
o equilíbrio e atingir o processo do ciclo vital
(adoecimento crônico, nascimento de uma
criança deficiente, etc.)
•excesso de estresse no eixo horizontal = forte
tendência à disfunção
•pressão no eixo vertical = ruptura brusca em
um sistema sobrecarregado de estresse
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
16. EVENTOS NORMAIS FASES DO CICLO FAMILIAR
Casamento
Nascimento do primeiro filho
Nascimento do último filho
Filhos em idade escolar*
Adolescência dos filhos*
Saída do primeiro filho
Aposentadoria*
Saída do último filho
Velhice*
Morte do primeiro cônjuge
Morte do cônjuge restante
FASE I: Formação
FASE II: Expansão
FASE III: Final da Expansão
FASE IV: Contração
FASE V: Final da Contração
FASE V: Dissolução
17. CICLO DA VIDA FAMILIAR
- Formação do casal:
Compromisso na relação
Redefinir relação com a família extensa
- Gravidez e Parto
Acolher a criança
Ser pais e esposos
18. CICLO DA VIDA FAMILIAR
- Famílias com crianças pequenas
> formar equipe parental
> negociar relação com a família extensa
- Famílias com adolescentes
> relação com o filho para movimentar-se dentro
e fora da família
- Adultos jovens
> reenfocar assuntos maritais e profissionais
> enfrentar incapacidade/morte dos pais
> “ninho vazio”
19. CICLO DA VIDA FAMILIAR
- Contração familiar
> manter o funcionamento apesar das
perdas
- Morte e luto
> enfrentar perda de esposo, família e
amigos
> preparação para a própria morte
20. Elementos que devem ser valorizados pelo
médico : DINÂMICA FAMILIAR
• REGRAS: Normas implícitas/explícitas arcabouço das
relações.
• CRENÇAS. Ideologia familiar que dá sentido às
normas.
• LIMITES: Pertencimento ao sistema
. TRÍADES: Relações baseadas em semelhanças e
diferenças (alianças e coligações).
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
21. Elementos que devem ser valorizados pelo
médico : ESTRUTURAFAMILIAR
• COESÃO: Intensidade do vínculo emocional
(fusionada>conectada>separada>desligada).
• ADAPTABILIDADE: Equílibrio entre necessidade,
mudança e visão do mundo
(rígida>flexível>estruturada>caótica).
• COMUNICACÃO: Base da relação (clara e direta vs
distorcidas).
• ALIANÇA (proximidade) e COLIGAÇÃO (aliança em
conflito).
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
22. Percepção do contexto
familiar
• Qual a realidade em que vive
a família?
• Como funcionam as ligações
e os vínculos que a família
apresenta?
• Que crenças podem ser
identificadas na família?
• É possível perceber um
projeto ou sonho de futuro na
família?
23. Percepção do contexto
familiar
• Qual a realidade em que
vive a família?
• Como funcionam as
ligações e os vínculos que a
família apresenta?
• Que crenças podem ser
identificadas na família?
• É possível perceber um
projeto ou sonho de futuro
na família?
24. Comportamento em Relação
à Saúde-Doença
• O Sentido de Controle da Doença
• Crenças sobre a Etiologia da Doença
• A Suscetibilidade à Doença e o
Estresse Familiar
• O Impacto da Doença
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
25. COMO A DOENÇA CRÔNICA AFETA A FAMÍLIA?
• Mudanças na rotina diária
• Compartilhar responsabilidade por cuidados
• Experiência de fortes emoções: culpa, raiva, tristeza,
medo, ansiedade e depressão
• Manter um senso de vida “normal”, permitindo a
integração do paciente na vida familiar sem se sentir
culpado por estar doente
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
26. PERGUNTAS CIRCULARES COM
AS FAMÍLIAS: ATRIBUIÇÃO
•O que pensam ser a causa da doença?
•O que faria melhorar a doença?
•Seria igual se tivesse acontecido com
outra pessoa da família?
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
27. IMPACTO DA DOENÇA SOBRE A
FAMÍLIA
•O que mudou no ambiente familiar ?
. A doença afetou seus planos de vida (de que
abriram mão por causa da doença)?
•Quem mais é afetado pela doença ?
•Como seria a vida se a doença não tivesse
ocorrido?
•Seria igual se tivesse acontecido com outra
pessoa da família? Quem sofre mais com a
doença e como sofrem os outros membros?
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
28. IMPACTO DA DOENÇA SOBRE A
FAMÍLIA
•De que maneira vocês se ajudam uns aos
outros?
•Vocês costumam conversar sobre sentimentos
(medo, insegurança, tristeza, culpa)?
•Que funções (quem é o cuidador, quem é
cuidado, o provedor, o dependente, etc.) e
papéis (a vítima, o culpado, o preocupado, o
eficiente, etc.) mudaram depois da doença ?
•O que acreditam que melhoraria a situação da
família em relação a lidar com a doença?
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
29. CLASSIFICAÇÃO
Famílias Funcionais
(onde o desenvolvimento do casal e filhos se faz de forma
harmônica, os conflitos superados – indivíduos autônomos
com capacidade de compartilhar);
Famílias Disfuncionais
(estruturas rígidas,sem intimidade, sem flexibilidade, sem
divisão de poder – adultos deprimidos, transtornos
psiquiátricos, crianças com transtornos de conduta);
Famílias Severamente Disfuncionais – (comunicação
difícil, são gravemente desorganizadas e isoladas – suscetível
ao aparecimento de transtornos graves – desesperança,
depressão, cinismo,...)
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
30. INVESTIGAÇÃO FAMILIAR NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA
•Investigação de Rotina
• Relação Médico-Paciente
• Utilização do Genograma
Javier García-Campayo
Hospital Miguel Servet
Universidad de Zaragoza, Espanha
31. DEFINIÇÂO de RISCO
Identificação de fatores que acentuam distúrbios,
problemas e respostas desadaptadas.
(Garmezy, 1996)
FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE RISCO
> Escala de Risco Familiar (Escala de
Coelho)
> Genograma / Ecomapa
36. PADRÕES ORGANIZACIONAIS
• Flexibilidade
• capacidade adaptativa
• Vínculos
• Suporte mútuo, colaboração e
envolvimento
• Recursos sociais e econômicos
• Mobilização de redes familiares, sociais e
comunitárias
37. Família é uma pequena sociedade composta
por um homem que não ganha o suficiente,
de uma mulher que não cuida da casa como
devia cuidar e de alguns filhos que estão
cada vez mais impossíveis.
Millôr Fernandes