1. O documento analisa as interpretações da Revolução de 1930 no Brasil.
2. Duas principais interpretações são discutidas: a visão dos contemporâneos que defendiam a situação ou a aliança liberal, e a interpretação da década de 1970 que via o embate entre a aristocracia cafeeira e a nova elite industrial.
3. Uma terceira interpretação é apresentada por Boris Fausto, que revisa o papel das elites industriais paulistas, vendo-as como menos influentes do que pensado anteriormente.
1. Interpretações da Revolução de 30
Profª Isabel Aguiar
http://www.profisabelaguiar.blogspot.com.br/
1. Recapitular principais pontos da
Primeira República com imagens.
2. Analisar interpretações da Revolução
de 30.
“Primeira República”
República República
da Espada Oligárquica
1889 1894 1930
Proclamação Rev. 30
da República
2. Deodoro
(1889- 1889
1891) Instalação do governo provisório da República.
1891 É promulgada a primeira Constituição da República.
Marechal Deodoro da Fonseca é eleito, pelo Congresso Nacional,
Floriano Presidente da República. Em novembro desse ano, renuncia
Peixoto ao cargo e Floriano Peixoto assume o poder.
(1891- 1892 Primeira Revolta da Armada.
1894)
1893 Explode a Segunda Revolta da Armada. Tem início a
Prudente
Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul.
de Morais
(1894- 1894 Tem início o governo de Prudente de Morais. Antônio
1898) Conselheiro começa a organizar o arraial de Canudos.
1897 O arraial de Canudos é destruído por tropas federais.
Campos
Sales 1898
(1898- Têm início o governo de Campos Salles e a montagem da
“Política dos Governadores”.
1902)
1903 O Acre é incorporado ao Brasil, pelo Tratado de Petrópolis.
Rodrigues
1904 Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro.
Alves(1902
-1906)
3. Afonso
Pena 1906 O Convênio de Taubaté
(1906- 1910 Revolta da Chibata, no Rio de Janeiro.
1909):
1912- 16 Guerra do Contestado, movimento messiânico.
1914-18 Primeira Guerra Mundial. Nesse período, o processo industrial
Nilo brasileiro recebe grande impulso.
Peçanha
1917-19 Greves RJ e SP
(1909-
1910) 1920 Cresce o descontentamento social contra o tradicional sistema
oligárquico que dominava o país.
Hermes da 1922 Revolta do Forte de Copacabana (Os 18 do Forte),. Semana de
Fonseca(19 Arte Moderna. Fundação do Partido Comunista.
10-1914)
1924 Eclode em São Paulo outra revolta tenentista contra o governo
federal. (Isidoro)Tem início a Coluna Prestes.
Venceslau
Brás(1914- 1925-27 Coluna Prestes
1918 1929 Crise de 29. Queda dos preços do café. Formação da Aliança
Liberal (Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba).
Epitácio 1930 Estoura no Rio Grande do Sul a Revolução de 1930, que forçou
Pessoa(1919- a deposição de Washington Luís, dando um fim à República
1922): Velha.Instala-se o governo revolucionário de Getúlio Vargas.
Arthur
Bernardes Washington
(1922-1926) Luís(1926-
1930):
4. Clube Militar
Associação civil com sede Rio de Janeiro, fundada em 26 de junho de 1887. Tem entre outros objetivos
“incentivar as manifestações cívicas e patrióticas e interessar-se pelas questões que firam ou possam ferir
a honra nacional e militar”.
No governo de Epitácio Pessoa (1919-1922), as relações entre os militares e o governo tornaram-se
bastante tensas. Tudo começou com a nomeação de dois civis — Pandiá Calógeras e Raul Soares — para
as pastas da Guerra e da Marinha, respectivamente.
No auge da carnpanha eleitoral de 1922 o jornal Correio da Manhã publicou duas cartas apócrifas,
atribuídas a Artur Bernardes, nas quais este se referia de forma injuriosa aos militares.
Em junho de 1922 em Pernambuco, os dois candidatos, da situação e da oposição, declararam-se
vencedores, deflagrando uma série de choques armados e crimes políticos dos quais participaram várias
guarnições do Exército atingindo o Clube Militar devido a um telegrama de oficiais que serviam naquele
estado dirigido ao clube, protestando contra a situação. Em resposta, Herrnes da Fonseca, na condição de
presidente do clube, enviou telegrama ao comandante da guarnição federal em Pernambuco, coronel
Jaime Pessoa, no qual acusava o governo de colocar o Exército na “odiosa posição de algoz do povo
pernambucano”.
A repercussão do comunicado do marechal foi enorme e, no dia 3 de julho, o presidente Epitácio Pessoa
não hesitou em mandar prendê-lo e em fechar o Clube Militar.
A punição a Hermes da Fonseca e o fechamento do clube, somados ao clima de intranqüilidade reinante
no Exército, desencadearam uma reação armada conhecida como a Revolta dos 18 do Forte, que eclodiu
em 5 de julho de 1922 no forte Copacabana. A rebelião de julho de 1922 deu início ao ciclo de levantes
militares na década de 1920 — o movimento tenentista — que resultariam na Revolução de 1930.
5. Contestações na Primeira República
Guerra de Canudos:
1893-1897
Revolta da Vacina:
1904
Guerra do Contestado:
1912-1916
Revolta da Chibata: 1910
9. A Oposição na década de 20 A2.avi
1. Na década de 1920 aparecem mais claramente os efeitos
políticos do processo de urbanização e de
industrialização e quando novas forças sociais,
principalmente as camadas médias e as massas urbanas,
começaram a exigir uma participação política que até
então lhes fora vedada.
2. A oposição da jovem oficialidade do Exército — os
“tenentes” — ao sistema político expressavam, embora
de forma vaga, idéias de regeneração do sistema jurídico-
político, atacavam as oligarquias, defendiam o equilíbrio
entre os três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário,
e pleiteavam um vago nacionalismo econômico, bem
como a modemização da sociedade. O tenentismo pode
ser entendido como uma tentativa de quebra da rígida
estratificação hierárquica e de luta pela participação no
sistema de poder.
10. Conquistas Rio Branco
Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Júnior), diplomata e
historiador, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 20 de abril de 1845, e faleceu na
mesma cidade, em 10 de fevereiro de 1912.
5 de fevereiro de 1895 direitos do Brasil ao territórios das Missões
reivindicada pela Argentina.
1o de dezembro de 1900, Amapá com a França.
Tratado de Petrópolis, assinado em 1903 a questão do Acre. ( Bolívia)
Em seguida, uma série de importantes tratados: em 1904, com o Equador;
em 1907, com a Colômbia; em 1904 e 1909, com o Peru; em 1909 assinou
tratado do condomínio da Lagoa-Mirim com o Uruguai; em 1910, com a
Argentina. Ficavam definidos, de um modo geral, os contornos do
território brasileiro, que, com pequenas alterações, ainda hoje subsistem.
Além da solução dos problemas de fronteira, Rio Branco lançou as bases
de uma nova política internacional, adaptada às necessidades do Brasil de
então e acentuando a cooperação com os Estados Unidos.
13. Efeitos da Crise de 29
A crise de 29 recrudesceu
a insatisfação desses
setores. A valorização do
café havia atingido níveis
absurdos, a ponto de o
Brasil produzir quase duas
vezes mais do que a
capacidade de absorção do
mercado mundial.
O movimento do comércio
internacional caiu no
mundo inteiro de 68,8
para 26,2 bilhões de
dólares. No Brasil entre,
1929 e 1932 o preço da
saca de café desabou
quase exatamente na
mesma proporção: de 67,3
para 26,2 libras por saca.
14. Origens da Revolução de 30
1. As motivações, idéias e objetivos que
levaram ao movimento armado de 1930
devem ser buscados na década de 1920.
2. As causas imediatas da revolução de 30
devem ser buscadas na disputa eleitoral de
1930 a 1934.
15. A Revolução de 1930 (1)
• Os mineiros e gaúchos se uniram na
chamada Aliança Liberal, que reunia
também outros setores da elite não
pertencentes ao núcleo da oligarquia
cafeeira, e lançaram Getúlio Vargas
para concorrer a presidência da
República tendo por vice João Pessoa.
16. A morte do Vice de Vargas, João Pessoa
serviu de estopim da Revolução
A morte de João Pessoa, o funeral
de João Pessoa na Paraíba, Getúlio
Vargas e Oswaldo Aranha visitam
o túmulo de João Pessoa.
17. Participação tenentista em 30
Os tenentes revolucionários
foram abordados pela ala
radical da Aliança, onde
figuravam, entre outros
líderes, Virgílio de Melo
Franco, João Neves da
Fontoura e Flores da Cunha
Gen. Flores da Cunha
Miguel Costa preparou-se para
desfechar o ataque a Itararé. Entre
as conversações que se seguiram
ao ultimato de Miguel Costa,
chegou a confirmação da ordem
da Junta Governativa instalada no
Rio de Janeiro para a imediata
cessação das hostilidades.
Gen. Miguel Costa
18. A Revolução de 1930 (2)
1. As elites tradicionais paulistas
conseguiram impor a vitória do
candidato do governo, o
paulista Júlio Prestes, apesar de
toda crise interna e a grave crise
mundial de 1929 que abalou a
economia cafeeira.
2. Os formadores da Aliança
Liberal resolvem então tomar o
poder pelo golpe.
(Fotos: Forças revoltosas em 30 e
Getúlio Vargas no Paraná)
19. A Revolução de 1930 (2)
1. O movimento que segue
vitorioso, no entanto antes
da vitória final uma junta
militar depõe o presidente
Washington Luís e após
alguma reticência resolve
entregar o poder a Getúlio
Vargas, encerrando-se
assim a primeira república.
(Fotos: Junta Governativa
reunida com Oswaldo
Aranha e Washington Luiz
a caminho do exílio)
20. Getúlio Vargas na Campanha de 30
De Alegrete no RGS pelo Paraná, Santa Catarina até...
22. Rio de Janeiro, 28 de junho, 2006. 1. Recapitular principais pontos da
História do Brasil Primeira República com imagens.
Aula de Encerramento da Unidade “A Primeira República” 2. Analisar interpretações da Revolução
de 30.
2. Analisar interpretações da
Revolução de 30.
23. Criticar pretensos liberais
Defensores da
A Revolução de Situação Predominância de São
30 Segundo Paulo “natural”.
contemporâneos
Criticavam Poder
executivo, Fraude
Defensores da eleitoral, Esquema de
Aliança Liberal escolha de Candidatos.
Movimento baseado na
coligação de três estados
liberais sem quaisquer
Reflexão Políticos e conotações regionalistas.
Letrados da época
Pretendiam corrigir Sistema
Político, renovar costumes,
restaurar práticas
democráticas
Salvar a República
24. •setor representante das heranças
Aristocracia de um sistema agrário feudal
Interpretação da Cafeeira
Revolução de 30
na Década de 70
• representante do
Elite industrial capitalismo imperialista
que começava a vigorar
após a Primeira Guerra
Mundial e possuia sua
maior representação no
estado de São Paulo.
Tese de um embate de
forças entre a
Aristocracia Cafeeira, e a
nova Elite Industrial.
25. Releitura do papel das elites segundo
Boris Fausto
Interpretação da
Revolução é a influência das elites industriais paulistanas era restrita à
revista por Boris época, pois estas não possuíam tamanha força e coesão
Fausto capaz de promover um arranjo revolucionário que visasse
desbancar a elite agrária.
a indústria se caracteriza nesta época, pela dependência
A dualidade do setor agrário exportador, pela insignificância dos
Latifúndio-burguesia ramos básicos, pela baixa capitalização, pelo grau
não corresponde incipiente de concentração
exatamente a uma
oposição fundamental:
trata-se na verdade de " (...) a burguesia industrial, esta não oferece qualquer
um rearranjo da programa industrialista, como alternativa a um sistema
política nacional sem o cujo eixo é constituído pelos interesses cafeeiros."
privilégio significativo
desta ou de outra
classe.
26. Releitura do papel dos militares
Interpretação da
Revolução é Uma contribuição do tenentismo foi nos anos 20, com a
revista por Boris pequena-burguesia da época (especialmente no
Fausto movimento revolucionário de São Paulo, em 1924), que
não vingou, mas trouxe à tona algumas proximidades de
interesses entre as classes, como a defesa do voto secreto,
das liberdades individuais e o nacionalismo difuso.
Anos 20, formou-se
Ao mesmo tempo que valoriza o papel dos militares no
uma corrente de
processo, Fausto desmistifica a representação das classes
caráter mais
médias na Revolução. Seu surgimento como setor
progressista no
detentor de poder na classe governamental, em seu alto
Exército brasileiro,
escalão, é muito posterior a 30.
formada por jovens
oficiais que visavam,
num desejo " (...) a burguesia industrial, esta não oferece qualquer
nacionalista, resgatar o programa industrialista, como alternativa a um sistema
país da República cujo eixo é constituído pelos interesses cafeeiros."
Velha e das estruturas
oligárquicas.
27. Conclusão
A Revolução de 30 não se caracterizou pela alteração das relações de produção na
esfera econômica, nem mesmo pela substituição imediata de uma classe ou fração
de classe na instância política, por quê, para Fausto, estas não se alteraram.
O colapso da hegemonia da elite cafeeira não conduz ao poder político outra classe
ou fração de classe com exclusividade.
Neste quadro, a revolução de 30 somente pode ser entendida com um olhar crítico e
histórico sobre a década de 20, na qual o desequilíbrio que se revela no
inconformismo das novas classes médias e sobretudo nas revoltas tenentistas ficam
evidentes.
A ausência de predomínio entre uma classe e outra gera uma situação em que
o Estado se torna o intermediador destas.
A margem do compromisso básico fica a classe operária, pois o estabelecimento de
novas relações com a classe não significa qualquer concessão política apreciável.
Boris Fausto demonstra que a Revolução de 30 foi o ápice da decadência e fim da
hegemonia cafeeira, mas sem a sua substituição por uma suposta classe média ou
industrial.
E para terminar..... uma pergrunta: A história é um elemento do presente?
28. MÚSICA DE JOÃO BOSCO E
ALDIR BLANC EM
HOMENAGEM A REVOLTA DA
CHIBATA
Mestre-Sala dos Mares", de João
Bosco e Aldir Blanc, composto nos
anos 70, imortalizou João Cândido e a
Revolta da Chibata. Sobre a censura à
música, o compositor Aldir Blanc
conta: "Tivemos diversos problemas
com a censura. Ouvimos ameaças
veladas de que a Marinha não toleraria
loas e um marinheiro que quebrou a
hierarquia e matou oficiais, etc. Fomos
várias vezes censurados.(...) Vocês não
então entendendo... Estão trocando as
palavras como revolta, sangue, etc. e
não é aí que a coisa tá pegando... Eu,
claro, perguntei educadamente se ele
poderia me esclarecer melhor. E, como
se tivesse levado um "telefone" nos
tímpanos, ouvi, estarrecido a resposta,
em voz mais baixa, gutural, cheia de
mistério, como quem dá uma dica
perigosa:- O problema é essa história
de negro, negro, negro..."Site:
http://www.cefetsp.br/edu/eso/patric
ia/mestresalamares.html
29. Em 2002 saiu decreto anistiando os
revoltosos permitindo o recebimento
por parte dos seus descententes das
pensões devidas. Atualmente corre no
Congresso projeto para transformar o
Almirante Negro em herói nacional.