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CHAPTER 
FONTE: Beard, William Holbrook (1823–1900). New York Historical Society/The Bridgeman Art Library 
International, Ltd. 
6 
Análise de Investimentos com Risco 
CAPÍTULO No Excel e na HP-12C
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 2 - 
Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC 
Uma das responsabilidades dos administradores financeiros é estimar o valor de propostas de 
investimentos, como fizemos no nosso capítulo anterior sobre orçamento de capital. Ocorre que o retorno 
que exigimos de uma proposta de investimento NÃO FINANCEIRO precisa ser, no mínimo, tão alto 
quanto o que podemos obter comprando ativos FINANCEIROS de risco semelhante. Também, em 
orçamento de capital, não há projetos livres de risco. Isto porque o futuro é incerto e daí, também, os 
fluxos de caixa futuros gerados pelo projeto. Estes fluxos de caixa, inesperadamente, podem aumentar ou 
diminuir. A taxa pela qual os futuros fluxos de caixa foram investidos pode não permanecer a mesma. 
Existem muitos fatores que podem reduzir os fluxos de caixa esperados: perda de participação no 
mercado, aumento no custo das mercadorias vendidas, novas regulamentações ambientais, aumento no 
custo do financiamento. Como sempre há risco no orçamento de capital, a principal tarefa dos analistas de 
investimentos é selecionar projetos sob condições de incerteza. 
O que é retorno elevado? O que é retorno baixo? Mais genericamente, qual é o retorno que devemos 
esperar de ATIVOS FINANCEIROS, e qual é o risco desses investimentos? Essa perspectiva é essencial 
para entender como analisar e avaliar projetos de investimentos e o que vamos fazer agora é encarar de 
frente o assunto de risco em projetos, inicialmente em ativos financeiros. 
Risco, para a maioria de nós, refere-se à probabilidade que nos jogos de sorte da vida se conseguir um 
resultado que nós não gostaríamos que acontecesse. Por exemplo, o risco de dirigir um carro muito rápido 
é conseguirmos uma multa por excesso de velocidade, ou pior ainda, sofrermos um acidente. O dicionário 
Webster, de fato, define o risco como “exposição ao perigo ou ao azar”. Assim, risco é percebido quase 
que completamente em termos negativos. Se você pratica pára-quedismo, você está arriscando sua vida – 
o pára-quedismo é arriscado. Se você aposta em cavalos, está arriscando seu dinheiro. Se você investe em 
ações especulativas (ou, para dizer a verdade, em qualquer ação), está assumindo um risco na esperança 
de obter um retorno apreciável. 
Em finanças, nossa definição de risco é diferente e mais ampla. Risco, como se vê, refere-se à 
probabilidade de recebermos um retorno sobre um investimento que seja diferente do retorno esperado. 
Assim, o risco inclui não somente os resultados ruins, isto é, retornos que estão abaixo daqueles 
esperados, mas também resultados bons, isto é, retornos que são maiores que os esperados. De fato, 
podemos nos referir aos primeiros como risco do lado inferior, os últimos como do lado superior; mas 
consideraremos ambos quando medimos o risco. De fato, o espírito da nossa definição de risco em 
finanças é capturado melhor pelos símbolos Chineses para o risco, que estão reproduzidos abaixo: 
O primeiro símbolo é o símbolo do “perigo”, enquanto o segundo é o símbolo da “oportunidade”, 
tornando o risco uma mistura de perigo e oportunidade. Ele ilustra muito claramente o tradeoff que cada 
investidor e negócio têm de fazer – entre o maior prêmio que vem da oportunidade e o maior risco que 
tem nascido como uma conseqüência do perigo. 
CAPRICHOS DOS DEUSES? 
O que é que distingue as centenas de anos de história daquilo que pensamos como tempos modernos? A resposta vai além do 
progresso da ciência, tecnologia, capitalismo e democracia. 
O passado distante estava repleto de brilhantes cientistas, matemáticos, inventores, tecnólogos e filósofos políticos. Centenas 
de anos antes do nascimento de Cristo, os céus tinham sido mapeados, a grande biblioteca de Alexandria construída e a 
geometria de Euclides ensinada. Demanda por inovações tecnológicas nas guerras era tão insaciável quanto é hoje em dia. 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 3 - 
Carvão, óleo, ferro e cobre, estiveram a serviço dos seres humanos por milênios, e viajar e comunicar estão marcados nos 
registros muito do início da civilização. 
A idéia revolucionária que define o limite entre os tempos modernos e o passado é o domínio do risco: a noção de que o futuro 
é mais que um capricho dos deuses e que o homem e a mulher não são passivos ante a natureza. Até os seres humanos 
descobrirem uma maneira de atravessar este limite, o futuro foi um espelho do passado ou o domínio turvo dos santuários e 
profetas que mantiveram um monopólio sobre o conhecimento de eventos antecipados. 
Peter Bernstein em Against The Gods, the Remarkable Story of Risk, John Wiley & Sons (Outubro 1996) 
Muito deste capítulo pode ser visto como uma tentativa de sugerir um modelo que melhor meça o 
“perigo” em qualquer investimento e daí então tentar converter isto em “oportunidade” que precisaríamos 
para compensar o perigo. Em termos financeiros, chamamos o perigo de “risco” e a oportunidade de 
“retorno esperado”. 
Alguns riscos afetam diretamente tanto os administradores financeiros como os acionistas. Na tabela 
abaixo são descritas resumidamente as fontes comuns de risco para as empresas e seus acionistas. 
Fontes populares de risco para administradores financeiros e acionistas 
Fonte de risco Descrição 
Riscos específicos da empresa 
Risco Operacional A possibilidade de que a empresa não seja capaz de cobrir seus custos de operação. Seu nível é 
determinado pela estabilidade das receitas da empresa (fixos) e pela estrutura de seus custos 
operacionais (variáveis) 
Risco Financeiro A possibilidade que a empresa não seja capaz de saldar suas obrigações financeiras. Seu nível 
é determinado pela previsibilidade dos fluxos de caixa operacionais da empresa e suas 
obrigações financeiras com encargos fixos. 
Riscos específicos dos acionistas 
Risco de taxa de juros A possibilidade de que as variações das taxas de juros afetem negativamente o valor de um 
investimento. A maioria dos investimentos perde valor quando a taxa de juros sobe e ganha 
valor quando ela cai. 
Risco de liquidez A possibilidade de que um ativo não possa ser liquidado com facilidade a um preço razoável. 
A liquidez é significativamente afetada pelo porte e pela profundidade do mercado no qual o 
ativo é costumeiramente negociado. 
Risco de mercado A possibilidade de que o valor de um ativo caia por causa de fatores de mercado 
independentes do ativo (como eventos econômicos, políticos e sociais). Em geral, quanto mais 
o valor do ativo reage ao comportamento do mercado, maior é seu risco; quanto menos reage, 
menor é seu risco. 
Riscos para empresas e acionistas 
Risco de evento A possibilidade de que um evento totalmente inesperado exerça efeito significativo sobre o 
valor da empresa ou um ativo específico. Esses eventos raros, como a decisão do governo de 
mandar recolher do mercado um medicamento popular, costumam afetar somente um pequeno 
grupo de empresas ou ativos. 
Risco de câmbio A exposição dos fluxos de caixa esperados para o futuro a flutuações das taxas de câmbio. 
Quanto maior a possibilidade de flutuações cambiais indesejáveis, maior o risco dos fluxos de 
caixa e, portanto, menor o valor da empresa ou do ativo. 
Risco de poder aquisitivo A possibilidade de que a variação dos níveis gerais de preços, causadas por inflação ou 
deflação na economia, afete desfavoravelmente os fluxos de caixa e o valor da empresa ou de 
um ativo. Normalmente, as empresas ou os ativos com fluxos de caixa que variam com os 
níveis gerais de preços apresentam risco mais baixo de variação de poder aquisitivo. Ao 
contrário, se os fluxos de caixa não variarem de acordo com os níveis gerais de preços, 
oferecem maior risco de poder aquisitivo. 
Risco de tributação A possibilidade de que mudanças adversas na legislação tributária venham a ocorrer. 
Empresas e ativos cujos valores são sensíveis a essas mudanças implicam maior risco. 
Extraído do livro Princípios de Administração Financeira do Gitman, L.J. (p. 185 – Ed. Pearson – 10ª Ed.) 
Risco do Capital Próprio e Retorno Esperado 
Para demonstrar como o risco é visto em finanças corporativas, apresentaremos a análise de risco em três 
passos. Primeiro, definiremos o risco em termos da distribuição dos retornos reais ao redor de um retorno 
esperado. Segundo, diferenciaremos entre risco que é específico para um ou uns poucos investimentos e o 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 4 - 
risco que afetam a área alvo dos investimentos. Arguiremos que num mercado onde os investidores 
marginais são bem diversificados, é somente o último risco, o chamado risco de mercado que será 
recompensado. Terceiro, observaremos que modelos alternativos para medidas do risco e dos retornos 
esperados os acompanham. 
I. Definindo o Risco 
Investidores que compram ativos esperam ganhar retornos durante o horizonte de tempo que eles 
mantiverem o ativo. O seu ganho (ou perda) no investimento será denominado retorno sobre o 
investimento. Frequentemente, esse retorno terá dois componentes. Em primeiro lugar, você receberá 
algum dinheiro enquanto possuir o ativo. Isso é denominado rendimento corrente. Em segundo lugar, o 
valor dos ativos adquiridos geralmente variará. Nesse caso, você terá um ganho ou uma perda de capital 
em seu investimento. 
Seus retornos reais durante este holding period1 podem ser muito diferentes dos retornos esperados e é 
está diferença entre o retorno real e esperado que é a fonte do risco. 
Para ilustrar graficamente, temos: 
Portanto, a porcentagem do retorno sobre o investimento chamada HPR será: 
ܪܴܲ ൌ 
ܩ݄ܽ݊݋ ݀݁ ܥܽ݌݅ݐ݈ܽ ൅ ܦ݅ݒ݅݀݁݊݀݋ݏ 
ܫ݊ݒ݁ݏݐ݅݉݁݊ݐ݋ ܫ݈݊݅ܿ݅ܽ 
EXEMPLO 
Suponhamos que você tenha tido a sorte de comprar ações da General Electric no início de 1999, quando 
cada ação custava aproximadamente $ 102. No final do ano, o valor desse investimento havia valorizado 
para $ 155, dando um ganho de capital de $ 155 - $ 102 = $ 53. Além disso, em 1999 a General Electric 
pagou dividendo (rendimento corrente) de $ 1,46 por ação. 
ܪܴܲ ൌ 
53 ൅ 1,46 
102 
ൌ 0,534 ݋ݑ 53,4% 
Não se esqueça da inflação. Para isso resolva o exercício de fixação: 
EXERCÍCIO de FIXAÇÃO 
Suponhamos que você tenha comprado uma obrigação (bonds) por $ 1.020, com vencimento em 15 anos, 
pagando um cupom anual de $ 80. Um ano depois, as taxas de juros caíram, e o preço da obrigação 
aumentou para $ 1.050. Quais são suas taxas de retorno nominal e real? Suponha que a taxa de inflação 
tenha sido 4% neste ano. Resp: 6,5% 
1 Em finanças, holding period return (HPR) é uma medida do retorno sobre um ativo ou carteira. É uma das mais simples 
medidas da performance do investimento. 
HPR é a porcentagem pela qual o valor de uma carteira (ou ativo) cresceu num período particular. Ele é a soma do lucro 
líquido (rendimento corrente) e ganho de capital dividido pelo valor no início do período (valor do ativo no início do período). 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 5 - 
DADO: 1 ൅ taxa de retorno real anual ൌ ଵା୲ୟ୶ୟ ୢୣ ୰ୣ୲୭୰୬୭ ୬୭୫୧୬ୟ୪ ୟ୬୳ୟ୪ 
ଵା୲ୟ୶ୟ ୢୣ ୧୬ϐ୪ୟçã୭ ୟ୬୳ୟ୪ 
EXERCÍCIOS 
1. Mr. X comprou uma ação por R$ 15,60. Passada uma hora vendeu-a por R$15,80. Qual o retorno 
porcentual obtido nessa hora sem considerar os dividendos. Fazer direto na HP-12C. 
2. Suponha que um ano atrás Mr X. comprou 100 ações da Companhia Inventada, SA por R$ 25. O 
dividendo pago por ação foi de 20 centavos. Suponha que acaba de vender a sua ação por R$ 30 (ex-dividendo). 
Qual foi o seu retorno? Qual o ganho de capital? 
3. No início do ano uma ação está sendo vendida a $ 37. Se você comprar um lote de 100 ações e, 
durante o ano, a ação pague um dividendo de $ 1,85 e, no final do ano, o seu valor aumente para $ 
40,33. Pede-se: 
a. Qual o rendimento corrente de dividendos? Resp: $ 185 e 
b. Qual o ganho de capital? Resp: $ 333 
c. Se o preço da ação cair para $ 34,78, responda os itens anteriores. Resp: $ 185 e -$ 222 
d. Quais os retornos monetários totais nos dois casos? Resp: $ 518 e -$ 37 
4. Suponha que você tivesse comprado ações a $ 25. Ao final do ano, o preço é $ 35. Ao longo do ano, 
você recebeu um dividendo por ação de $ 2. Qual é a taxa de dividendo? Qual é a taxa de ganho de 
capital? Qual é o retorno percentual? Se você tivesse aplicado um total de $ 1.000, quanto teria no 
final do ano? Resp: 8%; 40%; 48%; 480 
5. Em 2 de janeiro você comprou ações de uma determinada companhia a R$ 33,00 cada uma e, um ano 
depois, vendeu-as por R$ 38,00 cada uma. Durante o ano, você recebeu um dividendo em dinheiro de 
R$ 1,50 por ação. Calcule: 
a. o ganho de capital por ação. Resp: R$ 5,00/ação 
b. o retorno total por ação em R$. Resp: R$ 6,50 
c. A taxa de retorno obtida no seu investimento.? Resp: 19,7% 
6. No início do ano passado você investiu R$ 48.000,00 em 4.000 ações da Cia. Céu Azul Transportes 
Aéreos S.A.. Durante o ano, a companhia pagou dividendos de R$ 1,20 por ação. No final do ano, 
você vendeu as 4.000 ações a R$ 14,61. 
a. Calcule o retorno total em R$ obtido em seu investimento. Resp: R$ 15.240,00 
b. Identifique o quanto do retorno total deve-se ao ganho de capital e o quanto se deve ao rendimento 
obtido. Resp: R$ 10.440,00 são ganhos de capital e R$ 4.800,00 são os dividendos 
recebidos 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 6 - 
Preferências em relação ao risco 
As atitudes em relação a risco diferem entre os administradores (e as empresas). Por isso, é importante 
delimitar um nível geralmente aceitável de risco. 
 Para o administrador indiferente ao risco, o retorno exigido não varia quando o nível de risco vai 
de x1 para x2. Essencialmente, não haveria nenhuma variação de retorno exigida em razão do 
aumento de risco. É claro que essa atitude não faz sentido em quase nenhuma situação 
empresarial. 
 Para o administrador avesso ao risco, o retorno exigido aumenta quando o risco se eleva. Como 
esse administrador tem medo do risco, exige um retorno esperado mais alto para compensar o 
risco mais elevado. 
 Para o administrador propenso ao risco, o retorno exigido cai se o risco aumenta. Teoricamente, 
como gosta de correr riscos, esse tipo de administrador está disposto a abrir mão de algum retorno 
para assumir maiores riscos. Entretanto, esse comportamento não tenderia a beneficiar a empresa. 
Em sua maioria, os administradores são avessos ao risco. Para certo aumento de risco, exigem aumento de 
retorno. Geralmente, tendem a serem conservadores, e não agressivos, ao assumir riscos em nome de suas 
empresas. Portanto, neste livro será feita a suposição de que o administrador financeiro tem aversão a 
risco e exige retornos maiores para correr riscos mais altos. 
QUESTÕES CONCEITUAIS 
1. Quais são os dois componentes do retorno total? Resp: Dividendos e Ganhos 
2. Por que os ganhos ou perdas de capital não realizados são incluídos no cálculo de retornos? Resp: 
Pois poderão ser convertidos em caixa se desejarmos. 
3. Qual é a diferença entre retorno monetário e porcentual? Por que os retornos percentuais são mais 
convenientes? Resp: Não dependem da magnitude do investimento. 
4. O que é risco, no contexto da tomada de decisões financeiras? Resp: Risco é definido como a 
chance de perda financeira, quando medido pela variabilidade dos retornos 
esperados associado com um dado ativo. Um tomador de decisão deverá avaliar um 
investimento medindo a chance de perda, ou risco, e comparando o risco esperado 
ao retorno esperado. Alguns ativos são considerados livres de risco; os exemplos 
mais comuns são U. S. Treasury em circulação. 
5. Defina retorno e descreva como calcular a taxa de retorno de um investimento. Resp:O retorno 
sobre um investimento (ganho ou perda total) é a variação do valor mais qualquer 
distribuições de caixa durante um período de tempo definido. É expresso como uma 
porcentagem do investimento no início do período. A fórmula é: 
  
Retorno= (valorf inal- valori nicial)+distribuição de caixa 
valori nicial 
Retorno realizado exige que o ativo seja comprado e vendido durante o período de 
tempo em que o retorno é medido. Retorno não realizado é o retorno que poderia 
ter sido realizado se o ativo tivesse sido comprado e vendido durante o período 
de tempo em que o retorno foi medido. 
6. Compare as seguintes atitudes em relação ao risco: (a) aversão, (b) indiferença, e (c) propensão. Qual 
delas é mais comum entre os administradores financeiros? Resp: 
a) O gestor financeiro avesso ao risco exige um aumento no retorno para um dado 
aumento no risco. 
b) O gestor indiferente ao risco exige nenhuma variação no retorno para um aumento 
no risco. 
c) O gestor propenso ao risco aceita uma diminuição do retorno para um dado 
aumento no risco. 
A maioria dos gestores financeiros é avessa ao risco. 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 7 - 
RETROSPECTIVA HISTÓRICA DO MERCADO DE CAPITAIS 
Faremos agora uma análise estatística numa série histórica de dados de retornos e suas taxas de retorno 
dos principais ativos do mercado financeiro. 
Esta análise é importante, pois, com ela poderemos traçar as expectativas futuras. 
É claro que o passado não determina o futuro, mas indica alguma chance ou probabilidade de ocorrência. 
Caso contrário não tem jeito de se fazer prognósticos. 
Nesta primeira análise temos à disposição os dados coletados nos diversos anos e vamos fazer uma 
análise desses dados. Como a análise será estatística, obviamente, usaremos a Estatística Descritiva. 
Numa segunda etapa, que para nós é a mais importante, usaremos probabilidades para estimarmos os 
resultados possíveis. Lembrando que nestas projeções existirão sempre margens de erros que também 
deverão ser determinadas. 
Voltemos, portanto, nossa atenção ao passado. 
Histórico das Taxas de Retorno 
Se você tivesse investido $ 1 em 1926, em 2000, você teria2: 
Os retornos de investimentos variam no tempo e entre tipos distintos de investimentos. Calculando as 
médias de retornos históricos em períodos longos é possível eliminar o impacto do risco de mercado e de 
outros tipos de risco. Isso permite ao tomador de decisões financeiras focalizar sua atenção nas diferenças 
de retorno atribuíveis principalmente aos tipos de investimento. 
O gráfico mostra diferenças significativas entre as taxas anuais médias de retorno dos vários tipos de 
ações, obrigações (títulos de longo prazo) e letras (T-Bills). Mais adiante, neste capítulo, veremos como as 
diferenças de retorno podem ser relacionadas a diferenças quanto ao risco de cada um desses 
investimentos. 
2 Os dados para a montagem deste gráfico encontram-se na planilha Gráfico Slide 29.xlsx. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 8 - 
Ações Ordinárias: A carteira de ações ordinárias é composta por ações das 500 maiores empresas dos 
U.S.A. que formam o Standard & Poor´s Composite Index (em termos de valor de mercado total das 
ações). 
Ações de empresas Pequenas: Essa carteira é composta por ações de empresas menores, ou seja, pelos 
20% das empresas de menor porte negociadas na Bolsa de Valores de New York (NYSE), novamente 
medidas pelo valor de mercado do total de ações. 
Obrigações a longo prazo: emitidas por empresas. É uma carteira formada por obrigações de baixo risco, 
com prazo de vencimento de 20 anos. 
Obrigações a longo prazo emitidas pelo governo dos Estados Unidos. É uma carteira formada por 
obrigações do governo dos Estados Unidos, com prazo de vencimento de 20 anos. 
Letras do tesouro americano (T-Bills). É uma carteira formada por letras do tesouro americano, com prazo 
de vencimento de três meses e emitidas semanalmente. 
Esses retornos não foram ajustados por inflação ou impostos; portanto, são retornos brutos e nominais. 
Se alguém tivesse investido $ 1.000 numa carteira de ações de grandes empresas em 1925 e depois, reinvestidos 
todos os dividendos recebidos, o seu investimento teria crescido para $ 2.845.697 em 1999. Durante este mesmo 
período, uma carteira de ações de pequenas empresas cresceu mais do que $ 6.641.505. Porém se em vez disto ele 
ou ela tivesse investido em títulos do governo de longo prazo, os $ 1.000 teriam crescidos para apenas $ 40.219, e 
para um miserável $ 15.642 para títulos de curto prazo. 
Dados estes números, por que alguém investiria em títulos? A resposta é, “porque os títulos são menos arriscados”. 
Enquanto as ações ordinárias durante os 74 anos passados produziram retornos consideravelmente superiores, (1) 
não podemos garantir que o passado é um prólogo para o futuro, e (2) os valores das ações são mais prováveis a 
experimentarem declínios impetuosos do que os títulos, assim têm-se uma chance maior de se perder dinheiro com 
um investimento em ações. Por exemplo, em 1990 as ações de pequenas empresas perderam em média 21,6% do 
seu valor, e as ações das grandes empresas sofreram também perdas. Títulos de longo prazo (obrigações), 
entretanto, forneceram retornos positivos naquele ano, como eles quase sempre fazem. E o setembro de 2008? 
É claro, alguns títulos são mais arriscados do que outros, e mesmo assim em anos quando o mercado todo de ações 
sobe, muitas ações individuais caem. Portanto, colocar todo o seu dinheiro numa única ação é extremamente 
arriscado. De acordo com o artigo da Business Week, a melhor arma simples contra o risco é a diversificação: 
“espalhando seu dinheiro, você não ficará amarrado às instabilidades de um dado mercado, ação, ou setor... 
Correlação, na linguagem de gestão de carteiras, ajuda-o a diversificar apropriadamente porque ela descreve o 
quanto dois investimentos seguem um ao outro. Se eles se moverem emparelhados, eles provavelmente sofrerão as 
mesmas más notícias. Então, você deve combinar ativos com baixas correlações”. 
Os investidores dos U.S.A. tendem a pensar no “mercado de ações” como o mercado de ações dos U.S.A.. 
Entretanto, as ações dos U.S.A. chegam a 35% do valor de todas as ações. Mercados estrangeiros tem sido muito 
lucrativos, e eles não estão perfeitamente correlacionados com os mercados dos U.S.A. Portanto, a diversificação 
global oferece aos investidores dos U.S.A. uma oportunidade para aumentarem seus retornos e ao mesmo tempo 
reduzirem o risco. Entretanto, investir no estrangeiro leva a alguns riscos próprios, notavelmente “taxa de risco de 
câmbio” que é o perigo de que as taxas de câmbio mudem diminuindo o número de dólares que uma moeda 
estrangeira comprará. 
Embora a verdade central do artigo Business Week, foi a maneira de se medir e daí reduzir o risco, ele não apontou 
que alguns instrumentos criados recentemente que são realmente extremamente arriscados foram negociados como 
investimentos de baixo risco para os investidores ingênuos. Por exemplo, muitos fundos mútuos foram advertidos 
que suas carteiras “contendo somente títulos bancados pelo governo dos U.S.A.”, mas, então falharam ao destacar 
que os fundos por si mesmos estavam usando alavancagem financeira, estavam investindo em “derivativos”, ou 
fazendo alguma outra ação que chuta os rendimentos correntes mas expõe a imensos riscos. 
Quando você terminar este capítulo, você deverá entender qual é o risco, quando for medido, e que ações podem 
ser levadas a efeito para minimizá-los, ou no mínimo garantir que você compensou adequadamente a sua 
influência. 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 9 - 
ESTATÍSTICAS DOS RETORNOS 
O risco de um ativo pode ser analisado de duas maneiras: 
(1) como risco de um único ativo, em que o ativo é considerado isoladamente, e 
(2) em uma base de carteira, em que o ativo é um entre muitos outros em um portfólio (carteira). 
RISCO ISOLADO 
O risco isolado é o risco a que o investidor estaria exposto se ele ou ela tivessem somente um único ativo. 
Obviamente, a maioria dos ativos é mantida em carteiras, mas é necessário compreender o risco isolado a 
fim de compreender o risco em um contexto de carteira. 
Para aprendermos alguma coisa sobre comportamento dos ativos financeiros, comecemos degustando os 
dados históricos apresentados na seção anterior. 
Calculando os retornos médios dos diferentes investimentos, temos a tabela abaixo3: 
Aplicação Retorno % 
médio 
Ações Ordinárias 13,0% 
Ações de empresas pequenas 17,7 
Obrigações de empresas a longo prazo 6,1 
Obrigações do governo a longo prazo 5,6 
Letras do Tesouro dos Estados Unidos 3,8 
Inflação 3,2 
Nesta tabela os valores do retorno % médio foram encontrados pela média aritmética, assim: 
ܴത 
ൌ 
ܴଵ ൅ ܴଶ ൅ … ൅ ்ܴ 
ܶ 
Lembremos a Estatística Descritiva onde a média de um conjunto de dados coletados é definida como 
uma medida de tendência central (a medida mais comumente usada). O seu valor é calculado como a 
soma de todos os pontos dados, dividida pelo número de pontos dados. 
A tabela mostra quão elevados são os retornos em ações, em comparação, aos retornos de títulos de longo 
prazo (obrigações). 
Essas médias, naturalmente, são nominais, porque não nos preocupamos com a inflação. Note que a 
inflação média foi de 3,2% ao ano no período que calculamos. A taxa de retorno nominal sobre as letras 
do tesouro dos Estados Unidos (T-bills) foi de 3,8% ao ano, sendo então o retorno real médio das letras do 
tesouro aproximadamente 0,6% ao ano; enquanto que o das ações de pequenas empresas foi de 17,7% - 
3,2% = 14,5%, o que é relativamente elevado. Isto significa que a sua riqueza real é praticamente 
duplicada a cada 5 anos. 
A MÉDIA NA HP-12C 
Na HP-12C, os dados estatísticos são armazenados como um conjunto de somatórios resultantes dos 
dados coletados originalmente. Este conjunto de dados coletados originalmente deve ser digitado antes de 
se usar quaisquer características estatísticas disponíveis na HP-12C, porque todos os valores produzidos 
por estas ferramentas estatísticas dependem deles. 
A organização da memória da HP-12C permite o estudo dos dados estatísticos organizados como 
amostras de uma ou duas variáveis. 
Para limparmos os registros estatísticos da HP-12C, pressionamos f  
3 Stocks, bonds, bills, and inflation 1997 yearbook, Ibbotson Associates, Inc., Chicago. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 10 - 
A introdução dos dados é feita pressionando a tecla + após a digitação do dado (ou par de dados 
separados pelo ENTER). O visor mostra 
Após a introdução dos dados a HP-12C calcula as seguintes somas e armazenas nos registradores R1 a 
R6: 
Registrador 1 .... n 
Registrador 2 ...Σ ݔ௡ 
Registrador 3.... Σ ݔ௡ 
ଶ 
Registrador 4 ... Σ ݕ௡ 
Registrador 5 ... Σ ݕ௡ 
ଶ 
Registrador 6 ... Σ ݔ௡ . ݕ௡ 
Portanto, não armazene nenhum dado nestas memórias enquanto estiver fazendo cálculos estatísticos. 
Por exemplo, para um par de dados digita-se o dado y ENTER, o dado x e, depois pressione a tecla +. 
Os somatórios acima são calculados e armazenados automaticamente e o visor mostrará o número de 
dados digitados até ser pressionado o último +. 
EXEMPLO 
Os 10 últimos preços de venda da ação XYZ foram: $19,80; $18,50; $20,52; $22,53; $20,67; $20,18; 
$20,00; $18,90; $19,21; $20,04. Qual foi a média destes preços de venda? 
Solução 
Certifique-se em apagar os registros estatísticos antes de iniciar os 
cálculos. Para isso, pressione f  antes de tudo. 
Daí comece a digitação: 
19.80 + ....o visor mostrará 1 (o primeiro dado) 
20,52 + e assim até o último dado. 
Para se calcular a média aperte g ࢞ഥ aparecerá 20.04, no visor, 
representando o preço médio da ação XYZ. 
RETORNO HISTORICO ACUMULADO 
É o retorno que um investidor obteria se permanecesse com as ações por n períodos de tempo. Se 
medirmos o tempo em anos e chamando de Ri a taxa de retorno obtida no ano i, a taxa de retorno 
acumulada, Racum, no final de n períodos de tempo é dada pela expressão: 
ܴ௔௖௨௠௨௟௔ௗ௢ ൌ ሼሺ1 ൅ ܴଵሻݔሺ1 ൅ ܴଶሻݔሺ1 ൅ ܴଷሻݔ … ሺ1 ൅ ܴ௡ሻ െ 1ሽݔ100 
EXEMPLO 
A tabela 1.1, a seguir, mostra as taxas anuais de retorno das ações da Cia. Alfa S.A., verificadas em 4 
anos. Qual a taxa de retorno acumulada? 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 11 - 
Solução 
ܴ௔௖௨௠௨௟௔ௗ௢ ൌ ሼሺ1 ൅ ܴଵሻݔሺ1 ൅ ܴଶሻݔሺ1 ൅ ܴଷሻݔ … ሺ1 ൅ ܴ௡ሻ െ 1ሽݔ100 
ܴ௔௖௨௠௨௟௔ௗ௢ ൌ ሼሺ1 ൅ 0,10ሻݔሺ1 ൅ 0,06ሻݔሺ1 െ 0,03ሻݔሺ1 ൅ 0,025ሻ െ 1ሽݔ100 ൌ 15,92% 
Para fazer isso na HP12-C, digite: 
100 ENTER 10 % + ENTER 6 % + ENTER 3 CHS % + ENTER 2.5 % + 100 – 
Obtemos 15.9296 % 
Iniciamos introduzindo 100, para trabalharmos em porcentagem. Este “truque” é 
bom! 
Para fazer isso no Excel, existe a função embutida VFPlano: 
RETORNO MÉDIO GEOMÉTRICO 
Uma medida muito utilizada em análise de retornos acumulados é a MÉDIA GEOMÉTRICA, sobretudo 
em problemas que envolvam valores que crescem exponencialmente, como é o caso do retorno de 
carteiras de investimentos: 
ܴ௚௘௢௠ തതതതതതതത ൌ ඥሼሺ1 ൅ ܴଵሻݔሺ1 ൅ ܴଶሻݔሺ1 ൅ ܴଷሻݔ … ሺ1 ൅ ܴ௡ ೙ ሻሽ െ 1 
Uma aplicação desta média seria calcular o valor final de um produto que custa R$ 100,00 e tenha 
aumentos em cada um dos três meses seguintes de 15%, 20% e, uma redução de 5%, respectivamente, e 
queremos encontrar sua taxa média mensal equivalente. 
EXEMPLO 
A tabela 1.1, a seguir, mostra as taxas anuais de retorno das ações da Cia. Alfa S.A., verificadas em 4 
anos. Qual a taxa média geométrica de retorno? 
Na HP-12C, faríamos: 
Solução 
ܴ௚௘௢௠ തതതതതതതത ൌ ೙ඥሼሺ1 ൅ ܴଵሻݔሺ1 ൅ ܴଶሻݔሺ1 ൅ ܴଷሻݔ …ሺ1 ൅ ܴ௡ሻሽ െ 1 ൌ 
= రඥሼሺ1 ൅ 0,10ሻݔሺ1 ൅ 0,06ሻݔሺ1 െ 0,03ሻݔ …ሺ1 ൅ 0,025ሻሽ െ 1 = 0,0376 ou 3,76% 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 12 - 
1.10 ENTER 1.06 x 0.97 x 1.025 x 4 1/x Yx ENTER 1 - ..... 0.03764 
No Excel, temos uma função embutida chamada MÉDIA.GEOMÉTRICA para realizar 
este cálculo. 
Esta função do Excel não aceita valores 
negativos e por conseguinte, 
acrescentei 1 a cada valor e subtraí 1 
no final. Se a célula estivesse 
formatada para porcentagem, o resultado 
seria 3,764%. 
A média aritmética neste exercício 
dará: 3,7625%. 
No longo prazo recomenda-se a média 
geométrica 
O que estudamos até agora foi uma das medidas de tendência central, a média. As outras medidas: 
mediana e a moda não foram tratadas, pois, não contribuem em grande parte ao estudo ou análise de 
retornos totais ou porcentuais. 
O que iremos abordar a seguir são as medidas de espalhamento ou dispersão dos retornos em torno da 
média, quais sejam: desvio padrão, variância e coeficiente de variação das taxas de retorno. 
Estas medidas são de extrema importância porque estão intimamente relacionadas ao risco. Aliás, são elas 
que medem o risco do(s) ativo(s) financeiro(s). 
ESTATÍSTICA DESCRITIVA DO RISCO 
Depois de calculados alguns dos retornos médios, parece lógico compararmos uns aos outros. Olhando o 
gráfico dos retornos históricos dos diversos ativos4, vemos que os T-bills não apresentaram grande parte 
da variabilidade que observamos, por exemplo, no mercado de ações. Isto porque o governo toma 
dinheiro emprestado, emitindo títulos da dívida. Os T-bills possuem menor prazo de vencimento entre 
todas as dívidas do governo. Como o governo sempre pode cobrar impostos para pagar as suas contas, sua 
dívida é virtualmente livre de risco de inadimplência a curto prazo. Por isso, a taxa de retorno de tais 
dívidas é chamadas taxa de retorno livre de risco e é utilizadas como padrão de referência. 
60 
40 
20 
0 
-20 
-40 
-60 
Taxas de Retorno 1926-1999 
Ações Ordinárias 
Títulos de Longo Prazo 
T-Bills 
26 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 
4 Os dados utilizados para a montagem deste gráfico podem ser encontrados na pasta Gráfico Slide 43.xlsx 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 13 - 
Fonte: © Stocks, Bonds, Bills, and Inflation 2000 Yearbook™, Ibbotson Associates, Inc., Chicago (annually updates work by Roger G. Ibbotson and Rex A. 
Sinquefield). All rights reserved. 
Chama-se prêmio por risco o retorno excedente exigido, de uma aplicação em um ativo com risco, acima 
do exigido uma aplicação livre de risco. Assim 
Prêmio por risco = Ri - Rfree 
A tabela abaixo mostra o prêmio por risco dos ativos históricos que estamos discutindo. 
Aplicação Retorno % 
médio 
Prêmio por 
risco 
Ações Ordinárias 13,0% 9,2% 
Ações de empresas pequenas 17,7 13,9 
Obrigações de empresas a longo prazo 6,1 2,3 
Obrigações do governo a longo prazo 5,6 1,6 
Letras do Tesouro dos Estados Unidos 3,8 0 
Inflação 3,2 
Nela observamos que o prêmio médio por risco produzido por uma ação típica de grande empresa é 
13,0% - 3,8% = 9,2%. Essa é uma recompensa significativa. 
Tiramos daqui a nossa primeira lição dos dados históricos: ativos com risco, em média, geram prêmios 
por risco. Em outras palavras, existe uma recompensa por assumir riscos. 
A pergunta é: o que determina a magnitude relativa de prêmios por riscos de diferentes ativos? A 
resposta constitui a base da moderna teoria de finanças e dedicaremos uma boa parte do nosso estudo a 
ela, posteriormente. Por ora, vamos encontrar partes da resposta examinando as variações históricas dos 
diferentes investimentos, voltando atenção à medida da variabilidade dos retornos, isto é, porque os 
retornos anuais de ações ordinárias tendem a ser mais voláteis que, digamos, os retornos de obrigações do 
governo. 
60 
50 
40 
30 
20 
10 
0 
1926 
1935 
1940 
1945 
1960 
1965 
1950 
1955 
1975 
1980 
1970 
1985 
1990 
1995 
1998 
Distribuição de frequências dos retornos das ações ordinárias: 1926 - 1997 
Para começar, podemos desenhar a distribuição de frequências dos retornos de ações ordinárias (grandes 
empresas) como mostra a figura abaixo. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 14 - 
Média 
Fonte: Stocks, bonds, bills, and inflation 1997 yearbook, Ibbotson Associates, Inc., Chicago. 
Observe que os retornos mais frequentes (moda) estão nos intervalos entre 10% e 20% e entre 30% e 40% 
(distribuição bimodal). Em ambos os casos, a frequência do retorno da carteira de aços ordinárias foi 
igual a 13, em 72 anos. 
O que precisamos agora é medir a dispersão efetiva entre os retornos. Sabemos, por exemplo, que o 
retorno de ações ordinárias em um ano típico foi 13,0%. Agora desejamos saber em quanto o retorno real 
desviou-se desta média de um ano típico. Em outras palavras precisamos medir quão volátil o retorno é. 
Mediremos esta volatilidade pela variância e sua raiz quadrada, o desvio-padrão. 
Variância = É a média do quadrado da diferença entre o retorno verdadeiro e o retorno médio. 
Σ ೙ ߪଶ ൌ ೔సభ 
ሺோ೔ ିோതሻమ 
௡ ... para uma população 
ݏଶ ൌ Σ೙ ሺோ೔ିோതሻమ 
೔సభ 
௡ିଵ ... ... para uma amostra 
EXEMPLO 
A tabela 1.1, a seguir, mostra as taxas anuais de retorno das ações da Cia. Alfa S.A., verificadas em 4 
anos. Qual a variância da taxa de retorno? 
Solução 
Aplicando a fórmula da variância amostral, temos: 
,︶,% , ︵ ︶ 
10  388 2  6  388 2   3  388 2  2 5  
388 2 
, 
︵ ︶ 
, 
︵ ︶ 
, 
︵ 
2 
VARs 
ou 
30 36 
4 1 
 
 
Na HP-12C introduzimos os dados como antes (cálculo do retorno médio): 
f  10 + 6 + 3 CHS + 2.5 + g s ENTER 2 yx … 30.3958 
No Excel, temos a função VAR.A para a realização deste cálculo no caso de uma 
amostra5: 
5 No caso de uma população, usamos a função VAR.P 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 15 - 
Quando trabalhamos com valores em 
porcentagens, devemos multiplicar por 
100, pois na fórmula os valores 
porcentuais (divididos por 100) são 
elevados ao quadrado, resultando 
10.000 menores. Ao multiplicarmos por 
100, recuperamos o valor porcentual. 
Outro conceito importantíssimo para nós em análise de risco é o DESVIO-PADRÃO. 
Desvio-padrão = É a raiz quadrada da variância. 
೙ ߪ ൌ √ߪଶ ൌ ටΣ ೔సభ 
ሺோ೔ ିோതሻమ 
௡ para uma população 
ݏ ൌ √ݏଶ ൌ ටΣ ሺோ೔ିோതሻమ ೙ 
೔సభ 
௡ିଵ para uma amostra 
A propriedade do desvio padrão é tal que quando os dados subjacentes estão normalmente distribuídos, 
aproximadamente 68% de todos eles caem dentro de um desvio padrão em cada lado da média, e 
aproximadamente 95% de todos os valores caem dentro de dois desvios padrões de cada lado da média6. 
Isto tem aplicação em muitos campos, particularmente quando se tenta decidir se um valor observado não 
é usual de ser significativamente diferente da média. 
Até o momento, enfatizamos a variabilidade anual dos retornos. Devemos observar que, mesmo os 
movimentos diários podem apresentar uma volatilidade considerável. Por exemplo, recentemente, em 27 
de outubro de 1997, o Índice Down Jones apresentou a drástica variação de 554,26 pontos. De acordo 
com os padrões históricos, esse foi um dos piores dias para as 30 ações que compõem o índice (assim 
como para a maior parte das ações no mercado). Mesmo assim, embora a queda tenha sido a maior que o 
Índice Dow Jones sofreu em termos de pontos, foi na realidade a 12ª maior queda percentual da história 
em um dia, como mostra a tabela a seguir: 
Maiores Variações Percentuais do Índice 
Dow Jones em um diaResultado 
19 de outubro de 1987 -22,6% 
28 de outubro de 1929 -12,8 
29 de outubro de 1929 -11,7 
6 de novembro de 1929 -9,9 
18 de dezembro de 1899 -8,7 
12 de agosto de 1932 -8,4 
14 de março de 1907 -8,3 
26 de outubro de 1987 -8,0 
21 de julho de 1933 -7,8 
18 de outubro de 1937 -7,7 
1 de fevereiro -7,2 
27 de outubro de 1997 -7,2 
6 Isto será visto em detalhes adiante. Não se preocupe por enquanto. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 16 - 
Esta discussão enfatiza a importância de se examinar retornos em termos percentuais em vez de valores 
em dólares ou números de pontos do índice 
O DESVIO PADRÃO NA HP-12C 
Após ter introduzidos os dados como fizemos para a média, simplesmente pressione g s. 
EXEMPLO 
Os 10 últimos preços de venda da ação XYZ foram: $19,80; $18,50; $20,52; $22,53; $20,67; $20,18; 
$20,00; $18,90; $19,21; $20,04. Qual foi o desvio padrão e a variância destes preços de venda? 
Solução 
Certifique-se em apagar os registros estatísticos antes de iniciar os 
cálculos. Para isso, pressione f  antes de tudo. 
Daí comece a digitação: 
19.80 + ....o visor mostrará 1 (o primeiro dado) 
20,52 + e assim até o último dado. 
Para se calcular o desvio padrão aperte g s aparecerá 1,12, no visor, 
representando a volatilidade da ação XYZ. 
A seguir pressione ENTER 2 e yx 
e encontre a variância da amostra s2 = 
. 
Baseado nestes números, aproximadamente 68% dos preços está no intervalo de $20,04 $1,12. Ou seja, 
entre $ 18,92 e $ 21,16. 
OBSERVAÇÃO: Ao desejarmos o desvio-padrão da população, basta calcular a média e introduzir a 
média novamente como um novo elemento no conjunto de dados e repetir o cálculo g s, obtendo o desvio 
padrão da população. 
O efeito da introdução da média como elemento aumenta o conjunto de dados, mas não afeta a soma dos 
desvios em relação à média, pois quando se subtrair a média dela mesma, o resultado será nulo. 
No Excel o desvio padrão dos valores da tabela 1.1 é encontrado com a função DESVPAD.A(intervalo de 
valores), assim 
O desvio padrão aceita os valores porcentuais e realiza 
o cálculo normalmente, isto é não precisamos 
multiplicar o resultado por 100. 
Usando a calculadora (ou o Excel) podemos obter os retornos históricos de 1926- 1999: 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 17 - 
Retorno Desvio 
Séries Anual Médio Padrão Distribução 
Ações de Grandes Empresas 13.0% 20.3% 
Ações de Pequenas Empresas 17.7 33.9 
Títulos Empresariais de Longo Prazo 6.1 8.7 
Títulos do Governo de Longo Prazo 5.6 9.2 
U.S. Treasury Bills 3.8 3.2 
Inflação 3.2 4.5 
Fonte: © Stocks, Bonds, Bills, and Inflation 2000 Yearbook™, Ibbotson Associates, Inc., Chicago (trabalho anualmente atualizado por Roger 
G. Ibbotson and Rex A. Sinquefield). All rights reserved. 
A figura acima resume várias das discussões mantidas até agora sobre a história do mercado de capitais. 
Mostra os retornos médios, desvios padrões e distribuições de frequências de retornos anuais em uma 
escala comum. Observe nela que o desvio padrão da carteira de ações de pequenas empresas, por 
exemplo, é (33,9% a.a.) quase 10 vezes maior que o desvio-padrão das T-bills (3,2% a.a.). 
Uma segunda lição extraída da análise destes retornos históricos de diversos ativos financeiros é que 
quanto maior a recompensa em potencial, maior é o risco em potencial. 
O trade-off Risco-Retorno será: 
18% 
16% 
14% 
12% 
10% 
8% 
6% 
4% 
2% 
Ações de Pequenas Empresas 
Ações de Grandes Empresas 
Títulos de Longo Prazo 
T-Bills 
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 
Retorno Médio Anual 
Podemos observar que: 
Desvio Padrão do Retorno Anual 
 Taxa de retorno sobre T-bills é essencialmente livre de risco. 
 Investir em ações é arriscado. 
 Para os investidores tolerarem este risco, eles precisam ser compensados – eles exigem um prêmio 
de risco. 
 A diferença entre o retorno sobre os T-bills e ações é o prêmio de risco por se investir em ações. 
 Um velho ditado da Wall Street é “Você pode ou dormir bem ou comer bem”. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 18 - 
Não existe uma definição universalmente aceita para o risco. As medidas do risco que discutimos são a 
variância e o desvio padrão. 
O desvio padrão é a medida estatística padrão do espalhamento de uma amostra, e ela será a medida que 
usaremos na maioria das vezes. 
QUESTÃO: O retorno esperado das ações deveria ser uma função da variância ou do desvio padrão 
das ações? 
Um importante atributo do desvio padrão como uma medida de espalhamento é que se a média e o desvio 
padrão de uma distribuição normal são conhecidos, é possível calcular o percentil associado com qualquer 
resultado dado. Numa distribuição normal, cerca de 68% dos resultados estão dentro de um desvio padrão 
da média e cerca de 95% dos resultados estão dentro de dois desvios padrões da média. 
O desvio padrão tem sido comprovado uma medida extremamente útil do espalhamento em parte porque 
ele é matematicamente tratável. Muitas fórmulas de estatística inferencial usam o desvio padrão. 
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV) 
O coeficiente de variação é uma medida estatística que indica a dispersão relativa, isto é, o risco unitário 
de um ativo. É calculada pela seguinte expressão: 
ܥܸ ൌ ఙ 
ఓ ....para a população 
ܥܸ ൌ ௦ 
௫̅ ....para a amostra 
Por ser uma medida relativa e não absoluta, como o desvio padrão, o CV é um indicador mais exato na 
comparação de riscos de ativos com diferentes retornos esperados. Ele indica a dispersão relativa, ou seja, 
o risco por unidade de retorno esperada. 
Quanto maior o coeficiente de variação, maior será o risco do ativo. 
EXEMPLO 
Os retornos mensais dos investimentos em ações A e B durante os últimos 6 meses estão apresentados na 
tabela seguinte: 
A B 
5% 6% 
9% 7% 
15% 9% 
12% 7% 
9% 6% 
6% 8% 
a. Calcule os retornos médios de A e B. 
b. Calcule os desvios padrões de A e B. 
c. Qual dos dois apresenta maior dispersão? 
Solução 
Certifique-se em apagar os registros estatísticos antes de iniciar os 
cálculos. Para isso, pressione f  antes de tudo. 
Daí comece a digitação: 
5 + ....o visor mostrará 1 (o primeiro dado) 
9 + e assim até o último dado. 
Para se calcular a média dos retornos da Ação A pressionamos g ࢞ഥ , o 
visor mostrará 9,33, a seguir, para o cálculo do desvio padrão da Ação 
A, aperte g s aparecerá 3,72, no visor, representando a sua 
volatilidade. 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 19 - 
A seguir, fazendo a mesma coisa para a Ação B e calculando o CV de 
ambas as ações, ficamos com: 
A B 
xmédio 9,33% 7,17% 
s 3,72% 1,17% 
CV 39,9% 16,9% 
O coeficiente de variação CV mede a variabilidade 
(em Finanças = RISCO do investimento). 
Neste exemplo temos que o CV (risco) da Ação A é 
MAIOR que o da ação B. 
EXERCÍCIO de FIXAÇÃO 
Os retornos anuais das ações X e Y durante os últimos 5 anos foram: 
X Y 
12% 12% 
15% 16% 
12% 15% 
11% 9% 
14% 13% 
a. Quais os retornos médios das ações X e Y? Resp: XMédio = 12,80 e Ymédio =13%. 
b. Quais os desvios padrões dos retornos das ações X e Y? SX = 1,64 e SY = 2,74. 
c. Quais os coeficientes de variações das ações X e Y? CVX = 0,13 e CVY =0,21 
d. Qual ação apresenta maior risco? A ação Y 
EXERCÍCIOS 
1. Suponha que a Capivara Co. e a Berts Co., tenham apresentado os seguintes retornos nos últimos 
quatro anos: 
Ano Capivara 
Co. 
Berts 
Co. 
2006 12% 12% 
2007 15% 16% 
2008 12% 15% 
2009 11% 9% 
2. 
a. Quais os retornos médios? Resp: CapivaraMédio = 17,50 e Bertsmédio =5,5%. 
b. Quais os desvios padrões dos retornos?SCapivara = 0,2987 e SBerts = 0,1327. 
c. Quais as variâncias dos retornos? S2 
capivara = 0,0892 e S2 
Berts = 0,0176 
d. Qual empresa apresenta maior risco? A Berts é um investimento mais volátil 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 20 - 
RISCOS E RETORNOS ESPERADOS 
CONTEMPLANDO O FUTURO 
Até agora ficamos focado no passado e aprendemos algumas lições sobre a história dos mercados de 
capitais: 
1ª lição – Existe uma recompensa, na média, por assumir risco, chamada de prêmio por risco. 
2ª lição – O prêmio por risco é maior nos investimentos mais arriscados. 
Vamos agora explorar as implicações econômicas e gerenciais desta ideia básica. 
Até agora, nas nossas análises, concentramo-nos principalmente no comportamento do retorno de 
algumas carteiras amplas. Precisamos expandir nossas considerações para incluir títulos individuais. 
Temos então duas tarefas: 
1ª tarefa – Precisamos definir risco e discutir como medi-lo. 
2ª tarefa – Necessitamos quantificar a relação entre os riscos e os retornos exigidos dos ativos. 
Como dissemos, anteriormente discutimos como calcular retornos médios e variâncias utilizando dados 
históricos. Comecemos agora a discutir como analisar retornos e variâncias quando as informações 
disponíveis dizem respeito a possíveis retornos futuros e suas possibilidades de ocorrência. 
Para tanto precisamos de uma nova medida estatística, chamada média ponderada. 
MÉDIA PONDERADA 
Numa média aritmética simples, os valores individuais são adicionados e divididos pelo número de 
valores envolvidos. Com efeito, cada peso do valor ou contribuição à média é 1/n, onde n é o número de 
valores na amostra. 
Comparativamente, uma média ponderada é uma média calculada dando diferentes pesos a alguns dos 
valores individuais. 
Exemplos: 
Uma média simples dos três números 5, 10 e 15 aplica-se um peso igual a (1/3) para cada valor e a uma 
média simples dos três números 5, 10 e 15 aplica-se um peso igual a (1/3) para cada valor e a média 
resultante é 10. 
Uma média ponderada ou média poderá aplicar um peso de 50% a 5 e 25% para cada um dos 10 e 15, 
resultando numa média ponderada de 8,75. 
Existem muitas situações onde um cálculo de média ponderada economiza uma grande porção de tempo 
do que usar uma abordagem de média simples. 
Dado um conjunto de dados coletados onde valores repetidos vn ocorrem kn vezes (peso), a média 
ponderada é calculada como: 
(k . v ) 
n n 
 
  
n 
w k 
x 
MÉDIA PONDERADA NA HP-12C 
Na HP-12C a média ponderada é calculada com o uso das teclas g ࢞ഥ࢝ e os conteúdos de dois somatórios 
são usados. 
  
w x 
 
w 
x w 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 21 - 
EXEMPLO 
Um grande shopping center quer saber a média ponderada dos preços de venda de 2.000 unidades de um 
produto que tem o seu preço final ajustado de acordo com os primeiros dez dias de vendas. Calcule o 
preço médio e a média ponderada dos preços de vendas deste produto. 
Preço por 
# de unidades 
Preço por unidade # de unidades 
unidade 
vendidas 
vendidas 
R$ 24,20 354 R$ 24,14 288 
R$ 24,10 258 R$ 24,06 240 
R$ 24,00 209 R$23,95 186 
R$ 23,90 133 R$ 23,84 121 
R$ 23,82 110 R$ 23,75 101 
Solução 
Certifique-se em apagar as memórias estatísticas/somatório antes de iniciar o 
problema. 
f  
Médias regulares e médias ponderadas podem ser calculadas dos mesmos dados 
acumulados na HP12C, desde que a ordem dos valores seja entrada correta-mente: 
valor ENTER peso. 
24.20 ENTER 354 + 24.14 ENTER 288 + 24.10 ENTER 258 + 
24.06 ENTER 240 + 24.00 ENTER 209 + 23.95 ENTER 186 + 
23.90 ENTER 133 + 23.84 ENTER 121 + 23.82 ENTER 110 + 
23.75 ENTER 101 + 
Para calcular a média ponderada dos preços de venda: g ࢞ഥ࢝ 24,03 
Para calcular o preço médio: 
g ࢞ഥ R 23,98 
Note que a tecla R é pressionada porque o valor que aparece no visor após g 
࢞ഥ ser pressionados é a média dos pesos e não será de nenhuma utilidade neste 
exemplo. 
O Excel dispõe de uma função fantástica para encontrarmos a média ponderada, trata-se de função 
SOMARPRODUTO(matriz1;matriz2). 
Vejamos como fica o exemplo anterior no Excel: 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 22 - 
RETORNO ESPERADO 
É a expectativa futura de retorno de um ativo com risco. Este será a primeira medida importante para o 
estudo do risco e representa a média dos vários resultados (outcomes) esperados ponderados pela 
probabilidade atribuída a cada um desses valores. Assim 
௡ 
ܧሺܴሻ ൌ ෍ሺܲ௞ ݔ ܴ௞ሻ 
௞ୀଵ 
Onde E(R) = retorno esperado 
Pk = probabilidade de ocorrência de cada evento 
Rk = valor de cada resultado considerado 
EXEMPLO 1 
Admita que você esteja avaliando dois investimentos: A e B. Baseando-se em sua experiência de mercado 
e em projeções econômicas, você desenvolve a seguinte distribuição de probabilidades dos resultados 
monetários previstos: 
Investimento A Investimento B 
Resultados 
esperados 
Probabilidades Resultados 
esperados 
Probabilidades 
$ 650 25% $ 500 30% 
$ 700 50% $ 700 40% 
$ 750 25% $ 900 30% 
Solução 
Substituindo-se estes dados na expressão do E(R)acima, ficamos: 
E(RA) = (0,25 x $ 650) + (0,50 x $ 700) + (0,25 x $ 750) = $ 700 
E(RA) = (0,30 x $ 500) + (0,40 x $ 700) + (0,30 x $ 900) = $ 700 
As duas alternativas investimentos apresentam o mesmo valor esperado de $ 
700, podendo-se considerar, em termos de retorno prometido, como indiferente 
a implementação de uma ou de outra. 
Na HP-12C, faríamos: 
f  650 ENTER 0,25 + 700 ENTER 0,50 + 750 ENTER 0,25 + g ࢞ഥ࢝ 
f  500 ENTER 0,30 + 700 ENTER 0,40 + 900 ENTER 0,30 + g ࢞ഥ࢝ 
No Excel temos: 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 23 - 
No exemplo anterior você estabeleceu a distribuição de probabilidades dos resultados monetários baseado 
na sua experiência. 
EXERCÍCIO de FIXAÇÃO 
1. Com base nas informações a seguir, calcule o retorno esperado. 
Estados da 
Economia 
Probabilidade do 
estado 
Retorno do título de 
acordo com o Estado 
Crescimento 0,30 26% 
Recessão 0,70 8% 
EXEMPLO 2 
Considere um único período, digamos, um ano. Temos duas ações, a LMTC10 com expectativa de 
retorno de 70% se a economia se aquecer e -20% se houver recessão. A UDNZ15 com expectativa de 
retorno de 10% se a economia se aquecer e 30% se houver recessão, no mesmo período. Suponha ainda 
que você acredita que haverá um crescimento na economia em apenas 20% das ocasiões. Quais os 
retornos esperados das ações LMTC10 e UDNZ15? 
Solução 
Em primeiro lugar, consideremos apenas dois estados da natureza (crescimento 
e recessão). Haverá crescimento em 20% das ocasiões e recessão em 80% das 
ocasiões. Assim 
Estados da 
Economia 
Probabilidade do 
estado 
Retorno dos títulos de acordo com 
o Estado 
Resultados 
esperados da 
Ação LMTC10 
Resultados 
esperados da 
Ação UDNZ15 
Crescimento 0,20 70% 10% 
Recessão 0,80 -20% 30% 
Substituindo-se estes dados na expressão do E(R)acima, ficamos: 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 24 - 
E(RLMTC10) = (0,20 x 70%) + (0,80 x (-20%)) = -2% 
E(RUDZN15) = (0,20 x 30%) + (0,80 x 10%) = 14% 
Na HP-12C 
f  70 ENTER 0,20 + 20 CHS ENTER 0,80 + g ࢞ഥ࢝ .... -2.00 
f  30 ENTER 0,30 + 10 ENTER 0,80 + g ࢞ഥ࢝ .... 14 
No Excel, temos: 
Retorno 
Esperado 
E(RA) 
‐2% 
Retorno 
Esperado 
E(RB) 
maneira 1 maneira 2 
=A3*B3+A4*B4+A5*B5 =SOMARPRODUTO($A$3:$A$5;$B$3:$B$5) 
14% =C3*D3+C4*D4+C5*D5 =SOMARPRODUTO($C$3:$C$5;$D$3:$D$5) 
Neste exemplo supusemos que há apenas duas condições econômicas possíveis: expansão e recessão. É 
claro que, na verdade, a condição econômica pode variar de uma profunda depressão até uma expansão 
fantástica, e há um número ilimitado de possibilidades entre os extremos. Suponha que tivéssemos tempo 
e paciência para determinar uma probabilidade para cada possível condição econômica (com a soma das 
probabilidades ainda sendo igual a 1,0) e para determinar uma taxa de retorno para cada ação e em cada 
condição. 
Poderíamos também fazer simulações de Monte Carlo para incorporar inúmeros cenários futuros (5.000 
ou mais cenários). 
EXERCÍCIO de FIXAÇÃO 
1. Com base nas informações a seguir, calcule o retorno esperado: 
Estados da 
Economia 
Probabilidade do 
estado 
Retorno do 
título de acordo 
com o Estado 
Recessão 0,10 -0,09 
Normal 0,70 0,11 
Crescimento 0,20 0,28 
Uma forma bem ilustrativa de representar os vários retornos esperados (para vários estados da natureza) é 
efetuada por meio de um gráfico que envolva as distribuições de probabilidades das alternativas, como 
mostra a figura 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 25 - 
Distribuições discretas de probabilidades 
Distribuições contínuas de probabilidades 
A medida que o valor esperado NÃO demonstra o risco associado a cada proposta de investimento, o que 
faz que seja necessário conhecer o grau de dispersão dos resultados em relação à média. Essa 
quantificação, que denota o risco do investimento, pode ser efetuada mediante os cálculos do desvio-padrão 
e variância. 
A mais elevada medida de dispersão (variação e desvio-padrão) do ativo B, visualizada no gráfico acima, 
revela seu maior grau de risco em relação ao ativo A. Ou seja, a variabilidade maior da média (retorno 
esperado) do ativo B em relação aos possíveis resultados evidencia mais alta expectativa de risco desse 
ativo. 
CÁLCULO DO DESVIO-PADRÃO E DA VARIÂNCIA 
Essas medidas de dispersão indicam como os valores de um conjunto se dispersam em relação a seu ponto 
central, a média. Quanto maior se apresenta o intervalo entre os valores extremos de um conjunto, menor 
é a representatividade estatística da média, pois os valores em observação encontram-se mais distantes 
dessa medida central. 
Tanto o desvio-padrão como a variância têm por objetivo medir estatisticamente a variabilidade (grau de 
dispersão) dos possíveis resultados em termos de valor esperado. Representam como visto, em outras 
palavras, medidas de risco, e são determinados pelas seguintes expressões de cálculo7: 
7 As calculadoras não têm nenhuma função embutida para encontrar o desvio padrão e a variância quando se trata 
de dados probabilísticos; nesse caso você precisa executar o processo através de tabelas, manualmente. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 26 - 
௡ 
ߪ ൌ ඩ෍ ܲ௞ ݔ ሺܴ௞ െ ܴതሻଶ 
௞ୀଵ 
VAR = 2 
EXEMPLO 1 
As distribuições de probabilidades das taxas de retorno para duas empresas a Capivara Co. e a Berts 
Co.estão mostradas abaixo: 
Estados da 
Economia 
Probabilidade do 
estado 
Retorno dos títulos de acordo com o 
Estado 
Resultados 
esperados da 
Capivara Co. 
Resultados 
esperados da 
Berts Co. 
Expansão 0,30 100% 20% 
Normal 0,40 15% 15% 
Recessão 0,30 (70%) 10% 
Encontre: 
a. O retorno médio de cada empresa 
b. O desvio padrão de cada empresa 
c. A variância de cada empresa 
Solução 
O retorno médio é encontrado na HP-12C como 
f  100 ENTER 0,30 + 15 ENTER 0,40 + 70 CHS ENTER 0,30 + g ࢞ഥ࢝ 15% 
f  20 ENTER 0,30 + 15 ENTER 0,40 + 10 ENTER 0,30 + g ࢞ഥ࢝ 15% 
A variância8 é encontrada como 
ߪଶ ൌ 0,3 ݔ ሺ100 െ 15ሶ 
ሻଶ ൅ 0,4 ݔ ሺ15 െ 15ሶ 
ሻଶ ൅ 0,3 ݔ ሺെ70 െ 15ሶሻଶ 
ൌ 0,3 ݔ 7.225 ൅ 0,4 ݔ 0 ൅ 0,3 ݔ 7.225 ൌ 2.167,5 ൅ 0,0 ൅ 2.167,5 ൌ 4.335,0 
ߪଶ ൌ 0,3 ݔ ሺ20 െ 15ሶ 
ሻଶ ൅ 0,4 ݔ ሺ15 െ 15ሶ 
ሻଶ ൅ 0,3 ݔ ሺ10 െ 15ሶ 
ሻଶ ൌ 0,3 ݔ 25 ൅ 0,4 ݔ 0 ൅ 0,3 ݔ 25 
ൌ 7,5 ൅ 0,0 ൅ 7,5 ൌ 15,0 
Os desvios padrões são encontrados como: 
ߪ ൌ ඥߪଶ ൌ √4.335 ൌ 65,84% 
ߪ ൌ ඥߪଶ ൌ √15 ൌ 3,873% 
No Excel, teríamos: 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 27 - 
EXERCÍCIOS 
1. Para você praticar o cálculo de medidas prospectivas de desempenho de carteiras, considere dois 
ativos e três estados da economia. 
Estados da 
Economia 
Probabilidade do 
estado 
Taxa de Retorno dos Ativos de 
acordo com o Estado 
Resultados 
esperados da 
Ação A 
Resultados 
esperados da 
Ação B 
Recessão 0,10 -0,20 0,30 
Normal 0,60 0,10 0,20 
Crescimento 0,30 0,70 0,50 
Quais são os retornos esperados e desvios-padrões destes dois ativos? Respostas: E(RA) = 25% e E(RB) = 30%; 
2 A 
= 0,0945 e 2 B 
= 0,0180; A = 30,74% e B = 13,42%. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 28 - 
2. Com base nas seguintes informações, calcule os retornos e desvios-padrões das duas ações 
Estados da 
Economia 
Probabilidade do 
estado 
Taxa de Retorno dos Ativos de 
acordo com o Estado 
Resultados 
esperados da 
Ação A 
Resultados 
esperados da 
Ação B 
Recessão 0,20 0,04 -0,20 
Normal 0,60 0,08 0,20 
Crescimento 0,20 0,16 0,60 
3. Com base nas informações a seguir, calcule os riscos das companhias A e B 
Estado da 
economia Probabilidades 
Taxa de retorno 
projetada para as ações 
Cia A Cia B 
Recessão 5% -2,3% -1,5% 
Estagnação 10% 1,5% 2,4% 
Crescimento 
25% 4,5% 5,6% 
Moderado 
Crescimento 
Elevado 
60% 6,8% 7,5% 
Resp: A = 2,09% e B = 2,06% 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 29 - 
4. Suponhamos que um investidor, ao avaliar as ações das companhias Alfa e Beta, estime os 
seguintes fluxos de caixa futuros com suas respectivas probabilidades de ocorrência, conforme 
indicados na tabela abaixo: 
Cia. Alfa Cia. Beta 
Dividendos 
esperados 
Probabilidades Dividendos 
Esperados 
Probabilidades 
$ 729 0,10 360 0,10 
$ 780 0,15 600 0,20 
$ 840 0,50 840 0,40 
$ 900 0,15 1.080 0,20 
$ 960 0,10 1.329 0,10 
Avalie os retornos esperados e os riscos das ações 
Resp: E(RA) = $ 840,90 E(RB) = $ 840,90 A = $ 61,25 B = $ 264,56 
Observe que ambos os investimentos fornecem o mesmo valor esperado, sendo ao 
investidor indiferente comprar as ações de uma ou outra companhia. Todavia, 
as ações da companhia Alfa exibem um risco mais baixo (menor desvio-padrão) 
que as ações da companhia Beta. Se o investidor tiver aversão ao risco, 
certamente ele comprará as ações da companhia Alfa. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 30 - 
Desvio Padrão é importante? 
Um importante atributo do desvio padrão como uma medida de espalhamento é que se a média e o desvio 
padrão de uma distribuição normal são conhecidos, é possível calcular o percentil associado com 
qualquer resultado dado. Numa distribuição normal, cerca de 68% dos resultados estão dentro de um 
desvio padrão da média e cerca de 95% dos resultados estão dentro de dois desvios padrões da média. 
O desvio padrão tem sido comprovado uma medida extremamente útil do espalhamento em parte porque 
ele é matematicamente tratável. Muitas fórmulas de estatística inferencial usam o desvio padrão. 
A DISTRIBUIÇÃO NORMAL 
O conceito básico de probabilidade refere-se à possibilidade (ou chance), expressa normalmente em 
porcentagem, de ocorrer determinado evento. Por exemplo, uma previsão do tempo poderia dizer: “Há 
40% de chance de chover hoje e 60% de chance de não chover”. Se todos os eventos (ou resultados) 
possíveis, são relacionados, e se é atribuída uma probabilidade para cada evento, essa listagem é chamada 
de distribuição de probabilidades. Assim 
Resultado (Evento) Probabilidade 
Chover 0,4 = 40% 
Não Chover 0,6 = 60% 
1 =100% 
As probabilidades também podem ser atribuídas aos resultados (ou retornos) possíveis de um 
investimento. Por exemplo, ao assumir uma probabilidade de 70% de que ocorra um fluxo de caixa de $ 
800 em determinado período de projeto, está-se, na verdade, introduzindo um risco de 30% de que tal não 
se verifique (1 – 0,70), dada sua chance conhecida de 70%. 
Vejamos a frequência (probabilidades) dos retornos da S&P 500 (variável aleatória): 
0 
2 
5 
Freqüência dos Retornos da S&P 500 
11 
16 
9 
12 12 
1 
Aproximação Normal 
Média = 12.8% 
Desvio Padrão = 20.4% 
2 
1 1 
0 
16 
14 
12 
10 
8 
6 
4 
2 
0 
62% 
52% 
42% 
32% 
22% 
12% 
2% 
-8% 
-18% 
-28% 
-38% 
-48% 
-58% 
Freqüência do Retorno 
Retornos anuais 
Fonte© Stocks, Bonds, Bills, and Inflation 2000 Yearbook™, Ibbotson Associates, Inc., Chicago (trabalho anualmente atualizado porRoger G. Ibbotson and 
Rex A. Sinquefield). All rights reserved. 
Para diversos eventos aleatórios na natureza, determinada distribuição de probabilidades, é usada para 
descrever a probabilidade de se ter um valor dentro de um intervalo. Por exemplo, a idéia de dar notas em 
escala numa prova resulta do fato de que as notas de provas se assemelham frequentemente à curva da 
chamada distribuição normal. 
A distribuição normal é simétrica em forma de sino, que é definida completamente pela média e pelo 
desvio-padrão. 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 31 - 
A diferença nas duas figuras acima é que a primeira figura temos uma distribuição de apenas um número 
finito de observações, enquanto a segunda figura está baseada em um número infinito de observações. 
A utilidade da distribuição normal consiste no fato de que ela pode ser completamente descrita pela média 
e pelo desvio-padrão. Se você tiver estes dois dados, não precisará conhecer mais nada 
Uma variável estatística pode ser classificada como discreta ou contínua. Uma variável é discreta quando 
assume um número finito de valores e contínua quando assume um número infinito de valores. 
Ao assumir valores infinitos é definida para a variável uma distribuição de probabilidades normal, 
representada por uma curva contínua e simétrica na forma de sino. Essa curva é chamada de curva normal 
ou curva de Gauss, em homenagem ao seu criador Johann Carl Friedrich Gauss. 
Ela é amplamente usada em Finanças pelo fato da grande aproximação à curva normal dos retornos 
esperados e outros eventos financeiros. 
Na distribuição contínua, o valor da probabilidade é calculada unicamente para determinado intervalo de 
valores. A equação da curva normal para esses cálculos é expressa da seguinte forma: 
݂ሺݔሻ ൌ 
1 
ߪ√2ߨ 
ିିሺ௫ି௫̅ሻమ 
݁ଶఙమ 
Onde f(x) = frequência de determinado valor 
ݔ̅ = média da distribuição 
 = desvio-padrão da distribuição 
Felizmente, não é necessário processarem-se os cálculos dessa fórmula para se determinar as áreas sob a 
curva normal que ela gera. Seus resultados estão tabelados (ver Tabela abaixo) 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 32 - 
Distribuição Normal – Valores P(0 ≤ Z ≤ z0) 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 33 - 
Para utilizar essas tabelas de cálculo, é necessário determinar uma variável padronizada Z. Sua expressão 
de cálculo é a seguinte: 
ܼ ൌ 
ݔ െ ߤ 
ߪ 
Onde Z é a variável padrão que significa o número de desvio-padrão existente a partir da média. 
EXEMPLO 
Considere um ativo (uma ação, por exemplo) que tenha retorno esperado de ܧሺܴሻ =  = 30% e risco 
(desvio-padrão)  = 12%. Encontre o valor da variável padrão Z para R1 = 30% e R2 = 48%. 
Solução 
ܼ ൌ 
ݔ െ ߤ 
ߪ 
ൌ 
30% െ 30% 
12% 
ൌ 0 
ܼ ൌ 
ݔ െ ߤ 
ߪ 
ൌ 
48% െ 30% 
12% 
ൌ 1,50 
LEITURA DA TABELA 
A leitura desta tabela é feita identificando-se na primeira coluna z0 as duas primeiras casas do valor de Z 
calculado, a terceira casa deve ser observada na coluna. Por exemplo, para um valor Z = 1,50, o valor da 
área estará na linha 1,5 (as duas primeiras casas de Z) e na coluna 0 (terceira decimal), que corresponderá 
a 0,4332. 
No exemplo acima temos para Z = 0 o valor 0,00, e para Z = 1,50, o valor 0,4332. Isto significa que 
existem 43,32% de probabilidade da taxa de retorno R esperado do ativo situar-se entre 30% e 48%. 
Cabe lembrar que a Tabela acima é válida também para valores negativos de Z, uma v ez que os seus 
valores são simétricos em relação à média. 
EXEMPLO 
Considere um ativo (uma ação, por exemplo) que tenha retorno esperado de ܧሺܴሻ =  = 30% e risco 
(desvio-padrão)  = 12%. Encontre a probabilidade do retorno esperado deste ativo ficar entre 24% e 
36%, no período. 
Solução 
ܼ ൌ 
ݔ െ ߤ 
ߪ 
ൌ 
24% െ 30% 
12% 
ൌ െ0,500 
ܼ ൌ 
ݔ െ ߤ 
ߪ 
ൌ 
36% െ 30% 
12% 
ൌ 0,500 
O valor tabelado para Z = 0,500 é 0,1915, a direita e à esquerda, ou seja, positivo e negativo. Dessa 
forma a probabilidade será a soma das áreas do lado positivo e negativo [0,1915 – (-0,1915) =0,3830]. 
Assim, a probabilidade do retorno esperado do ativo ficar entre 24% e 36% , no período, é de 38,30% . 
A DISTRIBUIÇÃO NORMAL NO EXCEL 
Isso tudo poderia ser feito direto no Excel ................... 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 34 - 
EXERCÍCIOS 
1. Uma empresa deseja realizar investimentos no mercado financeiro utilizando seus excedentes de 
caixa. O gerente financeiro selecionou dois ativos A e B, para serem analisados. O ativo A apresenta 
um retorno esperado de 20% e o desvio-padrão do retorno de 16%. O ativo B tem um retorno 
esperado de 26% e desvio-padrão do retorno de 25%. O gerente financeiro decidiu investir no ativo 
B. Analise a decisão de investimento tomada. 
2. Abaixo, são apresentados os retornos esperados da ação de uma empresa de capital aberto e do 
mercado, considerando três cenários prováveis: 
Cenários Probabilidades Retorno de 
mercado 
Retorno da ação 
da empresa 
Otimista 30% 24% 18% 
Mais 
50% 16% 12% 
provável 
Pessimista 20% 6% -3% 
Pede-se apurar: 
a. Retorno esperado da ação da empresa; 
b. Retorno esperado do mercado; 
c. Desvio-padrão e variância dos retornos da ação da empresa. 
3. Determinar o desvio-padrão dos títulos A e B, cujos retornos e respectivas probabilidades são dados a 
seguir: 
Título A Título B 
Retorno Probabilidades Retorno Probabilidade 
8% 15% 5% 40% 
10% 20% 10% 30% 
11% 30% 15% 20% 
18% 35% 22% 10 
4. Calcular o retorno esperado, o desvio-padrão e o coeficiente de variação dos investimentos que 
oferecem os seguintes resultados e probabilidades: 
Investimento A Investimento B 
Retorno 
Esperado 
Probabilidades Retorno 
Esperado 
Probabilidade 
$ 300 25% $ 600 26% 
$ 400 25% $ 700 23% 
$ 500 18% $ 200 19% 
$ 450 22% $ 100 15% 
$ 200 10% $ 150 17% 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 35 - 
A TEORIA DE CARTEIRA (PORTFOLIO) DE MARKOWITZ 
Até agora consideramos o grau de risco dos ativos tomados isoladamente! Agora vamos estudar o 
comportamento de uma carteira composta de vários ativos. 
Uma carteira (portfólio, em inglês) é uma combinação de ativos, tais como investimentos, ações, 
obrigações, commodities, investimentos em imóveis, títulos com liquidez imediata ou outros ativos em 
que uma pessoa física ou jurídica possa investir e que possa manter. Acontece que o grau de risco de um 
ativo mantido como parte de uma carteira (portfólio), como veremos, é menor. Por isso, a maioria dos 
ativos financeiros é mantida como parte de carteiras. Os bancos, fundos de investimentos e de pensão, 
seguradoras, fundos mútuos, etc. têm carteiras bem diversificadas. Mas o que é, na verdade, uma 
diversificação? É o que veremos pormenorizadamente mais adiante. Antes, porém vamos a alguns 
conceitos preliminares e fundamentais para o entendimento de como a diversificação pode reduzir o risco 
total. 
RETORNO ESPERADO DE UMA CARTEIRA 
Define-se o retorno esperado9 E(R) de uma carteira (portfólio) composta por vários ativos como a 
média ponderada do retorno esperado de cada ativo individual E(Rk), em relação a sua participação10 
(peso) no total da carteira. 
Para uma carteira constituída por n ativos, o retorno esperado da carteira é dado por: 
௡ 
ܧሺܴ௉ሻ ൌ ෍ ܧሺܴ௄ሻ ݔ ܲ݁ݏ݋௄ 
௞ୀଵ 
Uma maneira alternativa de se fazer os cálculos seria encontrarmos o retorno observado da carteira em 
cada estado por meio da média ponderada dos n ativos com o peso igual à participação de cada um na 
carteira. Depois, então, fazemos outra média ponderada desses retornos observados da carteira com o 
peso igual à probabilidade de ocorrência de cada estado j. 
O retorno observado da carteira no estado j é: 
௡ 
ை௕௦௘௥௩௔ௗ௢ ௝ ൌ ෍ ݓ௜ . ܴ௜ 
ܴ஼௔௥௧௘௜௥௔ 
௜ୀଵ 
Onde wi representa a participação (pesos) de cada um dos n ativos na carteira. 
O valor esperado destes retornos observados da carteira nos m estados da natureza dará o retorno 
esperado da carteira propriamente dito: 
௠ 
ை௕௦௘௥௩௔ௗ௢ ௝൯ ൌ ෍݌௝ . 
ܴ஼ തതതത ൌ ܧ൫ܴ஼௔௥௧௘௜௥௔ 
௝ୀଵ 
ை௕௦௘௥௩௔ௗ௢ ௝ 
ܴ஼௔௥௧௘௜௥௔ 
Onde pj é a probabilidade de ocorrência do estado j. 
Faremos isto nos exercícios. 
9 É a expectância. 
10 Percentuais do valor da carteira total correspondentes a cada ativo específico. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 36 - 
EXEMPLO 1 
Admita uma carteira composta por duas ações (A e B). O retorno esperado da ação A, RA, é de 20% e o 
da ação B, RB, é de 40%. Suponha também que 40% da carteira estejam aplicados na ação A, sendo, 
portanto, os 60% restantes aplicados na ação B. Calcule o retorno esperado RP desta carteira. 
Solução 
E(RP) = (peso de A) x E(RA) + (peso de B) x E(RB) = 0,40 x 20% + 0,6 x 40% = 
8% + 24% = 32%. 
Na HP-12C, temos: 
f  20 ENTER 0,40 + 40 ENTER 0,60 + g ࢞ഥ࢝ 32% 
Conclusão: Se a carteira fosse composta apenas pela ação A, o retorno 
esperado RA seria 20%, subindo para 40% se ela fosse composta apenas da ação 
B. Assim o retorno esperado da carteira toda, 32%, depende da proporção 
investida em cada ativo que a compõe. 
EXEMPLO 2 
O investidor Mr. Bolsa deseja montar uma carteira com dois ativos financeiros: ações A e ações B. Ele 
tem a expectativa dos estados j da economia e dos retornos Ri correspondentes dados por: 
Probabilidade Retorno dos Títulos de Acordo com o Estado 
do Estado 
Retornos Esperados 
da Ação A 
Retornos Esperados 
da Ação B 
Estados da 
Economia 
pj 
Recessão 20% 10% 20% 
Normal 60% 20% 40% 
Crescimento 20% 30% 60% 
a. Encontre para o Mr. Bolsa o retorno esperado da carteira, തܴതതܿത, composta com igual participação 
de ambas as ações. 
b. Encontre para o Mr. Bolsa o retorno esperado da carteira, തܴതതܿത, composta com 20% de 
participação das ações A e 80% de participação das ações B. 
Solução 
Os cálculos na HP-12C é com você. 
No Excel, a coisa fica assim: 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 37 - 
EXERCÍCIO de FIXAÇÃO 
1. Retornemos ao caso das ações LMTC10 e UDNZ15 do exemplo 1 e suponha que você colocou metade 
do seu dinheiro em cada uma. Qual o retorno esperado desta carteira para dois estados da economia: 
crescimento (probabilidade = 20%) e recessão (probabilidade = 80%). 
Sugestão: Calcule os retornos esperados de cada ação nos dois estados da economia e depois calcule a média ponderada (50% de cada um) 
dos ativos na carteira para encontrar o retorno esperado da carteira. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 38 - 
2. Considere os portfolios seguintes e seus respectivos retornos (em porcentagem) durante os últimos seis 
meses. 
Ambos os portfólios terminam o período aumentando em valor de $1.000 para $1.058. Entretanto, eles 
diferem claramente na volatilidade. Os retornos mensais do Portfólio A variam de -1,5% a 3,0% 
enquanto os do Portfólio B variam de -9,0% a 12,0%. 
O desvio padrão dos retornos é uma medida melhor da volatilidade daquele intervalo porque ele leva 
em conta todos os valores. Assim o desvio padrão dos seis retornos para o Portfólio A é 1,52; para o 
Portfolio B é 7,24. 
EXERCÍCIOS 
1. Quais são os pesos de uma carteira com 50 ações que estão sendo negociadas a $ 45 cada uma e 30 
ações vendidas a $ 65 cada? 
2. Você tem uma carteira com $ 1.000 investidos na ação A e $ 2.000 na ação B. Se os retornos 
esperados destas ações forem 18% e 12%, respectivamente, qual será o retorno esperado da carteira? 
3. Você possui uma carteira que tem 40% investidos na ação X, 35% na ação Y e 25% na ação Z. Os 
retornos esperados dessas três ações são iguais a 10%, 16% e 23%, respectivamente. Qual é o retorno 
esperado dessa carteira? 
4. Você tem $ 100.000 para aplicar em uma carteira de ações. Suas opções são a ação H, com retorno 
esperado de 20% e a ação L, com retorno esperado de 12%. Sendo seu objetivo criar uma carteira 
com retorno esperado de 17%, quanto dinheiro você deveria investir na ação H? E na ação L? 
5. Uma carteira tem 40% investidos na ação G, 40% na ação J e 20% na ação K. Os retornos esperados 
dessas ações são iguais a 12%, 18% e 34%, respectivamente. Qual é o retorno esperado da carteira? 
Como você interpreta a sua resposta? 
VARIÂNCIA DE UMA CARTEIRA 
A variância de uma carteira (portfólio) de n ativos é simplesmente o valor esperado (ou expectância) dos 
quadrados dos desvios dos retornos observados da carteira em torno do retorno do retorno esperado da 
carteira: 
ଶ ൌ ܧሺܴ௉ െ ܴത௉ሻଶ 
ߪ௣௢௥௧௙ó௟௜௢ 
௡ 
ଶ ൌ ܧ ൭෍ ݓ௜ܴ௜ 
ߪ௣௢௥௧௙ó௟௜௢ 
௜ୀଵ 
௡ 
െ ෍ ݓ௜ 
௜ୀଵ 
ܴప ഥ ൱ 
ଶ 
௡ 
ൌ ܧ ൭෍ሺܴ௜ െ ܴప ഥ ሻݓ௜ 
௜ୀଵ 
൱ 
ଶ 
Onde os wi são as participações dos ativos na carteira. 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 39 - 
Pode-se demonstrar para o caso de n ativos que esta expressão fica: 
௡ 
ଶ ൌ ෍ ݓ௜ 
ߪ௣௢௥௧௙ó௟௜௢ 
ଶ 
௜ୀଵ 
௡ 
௡ 
ଶ ൅ ෍෍ݓ௜ݓ௝ ߪ௜௝ 
. ߪ௜ 
௝ୀଵ 
௝ஷ௜ 
௜ୀଵ 
ଶ é a variância do ativo i e ߪ௜௝ é a 
Aqui wi e wj são as participações dos ativos i e j na carteira, ߪ௜ 
covariância dos ativos i e j. 
Para o caso de uma carteira com 3 ativos, esta expressão se reduz a: 
ଷ 
ଶ ൌ ෍ ݓ௜ 
ߪ௣௢௥௧௙ó௟௜௢ 
ଶ 
௜ୀଵ 
ଷ 
ଷ 
ଶ ൅ ෍෍ݓ௜ݓ௝ ߪ௜௝ 
. ߪ௜ 
௝ୀଵ 
௝ஷ௜ 
௜ୀଵ 
ଶ ൌ ݓଵ 
ଶߪଵ 
ߪ௣௢௥௧௙௢௟௜௢ 
ଶ ൅ ݓଶ 
ଶߪଶ 
ଶ ൅ ݓଷ 
ଶߪଷ 
ଶ ൅ 2 ݓଵݓଶߪଵଶ ൅ 2 ݓଵݓଷߪଵଷ ൅ 2 ݓଶݓଷߪଶଷ 
O símbolo ≠ indica que i deve ser diferente. Tem-se também que: ߪଵଶ = ߪଶଵ; ߪଵଷ = ߪଷଵ e ߪଶଷ = ߪଷଶ. Estas 
são as covariâncias entre os ativos i e j que veremos a seguir. 
Lembrando que a raiz quadrada da variância nos dá o desvio padrão. 
Podemos, ainda, escrever a variância de uma carteira com n ativos na forma matricial: 
ଶ ൌ ሾݓଵ ݓଶ ⋯ ݓ௡ሿ ൥ 
ߪ௣௢௥௧௙௢௟௜௢ 
ߪଵଵ 
ଶ ߪଵଶ ⋯ ߪଵ௡ 
⋮ ⋱ ⋮ 
ߪ௡ଵ ߪ௡ଶ ⋯ ߪ௡௡ 
ଶ 
ݓଵ 
ݓଶ⋮ 
ݓ௡ 
൩ ቎ 
቏ 
ଶ as variâncias do ativo i e ߪ௜௝ as covariâncias entre i e j. 
Sendo ߪ௜௜ 
A matriz central é chamada de matriz variâncias-covariâncias. É uma matriz quadrada composta ao todo 
por n2 elementos. Como a sua diagonal está formada pelas variâncias dos ativos (n variâncias), o número 
de covariâncias será igual ao número total de elementos menos o número de variâncias, isto é, n2 – n 
elementos. 
EXEMPLO 
As distribuições de probabilidades das taxas de retorno para três empresas, a Capivara Co., a Berts Co., e 
a Guaraná Brasil Co., estão mostradas abaixo: 
Estados da 
Economia 
Probabilidade do 
estado 
Retorno dos títulos de acordo com o Estado 
Resultados 
esperados da 
Capivara Co. 
Resultados 
esperados da 
Berts Co. 
Resultados 
esperados da 
Guaraná Brasil Co. 
Expansão 0,30 100% 20% 50% 
Normal 0,40 15% 15% 15% 
Recessão 0,30 (70%) 10% 0 
Encontre: 
a. O retorno esperado, o desvio padrão e a variância de uma carteira com um montante igual 
investidos em cada uma das três empresas. 
b. O retorno esperado, o desvio padrão e a variância da carteira, se metade do investimento total 
tivesse sido na Capivara Co e o restante dividido igualmente entre a Berts Co. e a Guaraná Brasil 
Co. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 40 - 
Solução 
O retorno esperado, para os 3 estados da economia, de cada ativo da carteira 
será: 
E(Rcapivara) = 0,3 x 100% + 0,4 x 15% + 0,3 x (-70%) = 30+6+(-21)= 15% 
E(Rberts) = 0,3 x 20% + 0,4 x 15% + 0,3 x 10% = 6+6+3= 15% 
E(Rguaraná) = 0,3 x 50% + 0,4 x 15% + 0,3 x 0 = 15+6= 21% 
a. O retorno esperado da carteira com igual montante investidos em cada uma 
das três empresas: 
E(Rcarteira) = 1/3 x 15% + 1/3 x 15% + 1/3 x 21% = 5% + 5% + 7% = 17% 
Outra maneira de fazer este cálculo seria: 
Expansão...E(Rcarteira) = 1/3 x 100% + 1/3 x 20% + 1/3 x 50% = 1/3 x 170% 
Normal...E(Rcarteira) = 1/3 x 15% + 1/3 x 15% + 1/3 x 15% = 1/3 x 45% 
Recessão...E(Rcarteira) = 1/3 x (-70%) + 1/3 x 10% + 1/3 x 0% = -1/3 x 60% 
Para os três estados da economia, teríamos o retorno esperado da carteira 
com igual montante investidos em cada uma das três empresas: 
E(Rcarteira) = 0,3 x 1/3 x 170% + 0,4 x 1/3 x 45% + 0,3 x (-1/3 x 60%) = 
= 17 + 6 -6 = 17% 
A simples intuição poderia sugerir que a variância de uma carteira é uma 
combinação simples das variâncias dos ativos componentes da carteira. 
Assim, a variância esperada da carteira com igual montante investidos em 
cada uma das três empresas seria: 
Var(Rcarteira) = 1/3 x (0,15 – 0,17)2 + 1/3 x (0,15 – 0,17)2 + 1/3 x(0,21 – 
0,17)2 = 0,000133 + 0,000133 + 0,000533 = 0,000799 
Isto é, a variância dos retornos esperados de cada empresa daquele da 
carteira, ponderado pela participação de cada empresa na carteira. 
Infelizmente, essa abordagem está completamente errada! 
A verdadeira variância é calculada como segue 
Var(Rcarteira) = 0,3 x (1/3 x 0,17 – 0,17)2 + 0,4 x (0,15 – 0,17)2 + 0,3 
x(-0,20 – 0,17)2 = 0,3 x 0,0128 + 0,4 x 0,0004 + 0,3 x 0,1369 = 0,00384 
+ 0,00016 + 0,04107 = 0,04507 
O desvio padrão é dado por 
 = √ଶ ൌ ඥ0,04507 ൌ 0,212297 ou 21,23% 
b. O retorno esperado da carteira com metade do investimento na Capivara e o 
restante na Berts e na Guaraná Brasil será: 
E(Rcarteira) = 0,5 x 15% + 0,25 x 15% + 0,25 x 21% = 7,5% + 3,75% + 5,25% = 
16,5% 
Outra maneira de fazer este cálculo seria: 
Expansão...E(Rcarteira) = 0,5 x 100% + 0,25 x 20% + 0,25 x 50% = 67,5% 
Normal...E(Rcarteira) = 0,5 x 15% + 0,25 x 15% + 0,25 x 15% = 15% 
Recessão...E(Rcarteira) = 0,5 x (-70%) + 0,25 x 10% + 0,25 x 0% = -32,5% 
Para os três estados da economia, teríamos o retorno esperado da carteira 
com igual montante investidos em cada uma das três empresas: 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 41 - 
E(Rcarteira) = 0,3 x 67,5+ 0,4 x 15% + 0,3 x (-32,5%) = 
= 20,25 + 6 -9,75 = 16,5% 
A verdadeira variância é calculada como segue 
Var(Rcarteira) = 0,3 x (0,675 – 0,165)2 + 0,4 x (0,15 – 0,165)2 + 0,3 x(- 
0,325 – 0,165)2 = 0,3 x 0,2601 + 0,4 x 0,000225 + 0,3 x 0,2401 = 0,07803 + 
0,00009 + 0,07203 = 0,15015 
O desvio padrão é dado por 
 = √ଶ ൌ ඥ0,15015 ൌ 0,387492 ou 38,75% 
EXERCÍCIOS 
1. Dadas as informações: 
Estados da 
Economia 
Probabilidade do 
estado 
Taxa de Retorno dos Ativos de 
acordo com o Estado 
Resultados 
esperados da 
Ação A 
Resultados 
esperados da 
Ação B 
Recessão 0,10 -0,20 0,30 
Normal 0,60 0,10 0,20 
Crescimento 0,30 0,70 0,50 
2 = 0,0945 e B 
Com os retornos esperados E(RA) = 25% e E(RB) = 30%; variâncias A 
2 = 0,0180 e 
desvios-padrões A = 30,74% e B = 13,42%. Suponha que você disponha de $ 20.000, no total. Se 
você tivesse aplicado $ 6.000 na ação A e o restante na ação B, quais teriam sido o retorno esperado e 
o desvio-padrão de sua carteira? Respostas: E(RP) = 28,50%; a variância P 
2 = 0,03245 e desvio-padrão  = 18,01%. 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 42 - 
2. Considere as seguintes informações: 
Estados da 
Economia 
Probabilidade do 
estado 
Taxa de Retorno dos Ativos de acordo com o Estado 
Resultados 
esperados da 
Ação A 
Resultados 
esperados da 
Ação B 
Resultados 
esperados da 
Ação C 
Expansão 0,65 0,14 0,18 0,26 
Recessão 0,35 0,08 0,02 -0,02 
a. Qual é o retorno esperado de uma carteira composta por essas três ações com pesos iguais? 
b. Qual a variância de uma carteira que tem 25% investidos em A e B e 50% investidos em C? 
3. Considere as seguintes informações: 
Estados da 
Economia 
Probabilidade do 
estado 
Taxa de Retorno dos Ativos de acordo com o Estado 
Resultados 
esperados da 
Ação A 
Resultados 
esperados da 
Ação B 
Resultados 
esperados da 
Ação C 
Expansão 0,20 0,11 0,35 0,18 
Bom 0,50 0,06 0,15 0,11 
Mau 0,25 0,04 -0,05 0,02 
Recessão 0,05 0,00 -0,40 0,06 
a. Sua carteira tem 30% investidos nas ações B e C e 40% na ação A. Qual é o retorno esperado da 
carteira? 
b. Qual é a variância da carteira? E o desvio-padrão? 
CONCLUSÕES 
Anteriormente, estudamos o risco de apenas um ativo. A orientação formulada na análise de risco de uma 
carteira composta por n ativos é selecionar alternativas que levem à melhor diversificação e, 
consequentemente, redução do risco dos investimentos e, produza, ao mesmo tempo, um retorno admitido 
como aceitável no âmbito dos investidores de mercado. 
Entende-se por diversificação a estratégia destinada à redução do risco de uma carteira pela diluição do 
capital em muitos ativos. Para exemplificar, uma empresa que mantenha produtos direcionados a 
diferentes mercados consumidores, pode compensar eventuais prejuízos em alguns produtos por 
resultados favoráveis em outros. 
O risco de uma carteira é eliminado quando os investimentos apresentarem comportamentos opostos. Para 
entendermos melhor isto, vamos às outras medidas estatísticas. 
COVARIÂNCIA DE CARTEIRAS COM DOIS ATIVOS 
As medidas estatísticas que procuram relacionar duas variáveis aleatórias com objetivo de identificar o 
comportamento das mesmas são a covariância e a correlação. 
A covariância procura identificar como os valores se correlacionam entre si. Em outras palavras, medem 
como X e Y, movimentam-se ao mesmo tempo em relação a seus valores médios. 
A expressão de cálculo da covariância é 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 43 - 
ܥܱܸ௑ൌ Σ ಿ ೔సభ 
ሺோ೉ିோത೉ሻሺோೊିோതೊ ሻ 
,௒ ேିଵ ...para amostras 
ܥܱܸ௑ൌ Σಿ ೔సభ 
ሺோ೉ିோത೉ሻሺோೊିோതೊሻ 
,௒ ே ...para população 
O valor real da covariância não é significante porque ele não é afetado pela a escala das duas variáveis. 
Isto é o porquê de se calcular o coeficiente de correlação (que veremos posteriormente) – para tornar algo 
interpretável da informação da covariância. 
Se a COVX,Y dos ativos X e Y for positiva (COVX,Y >0), significa que os retornos esperados apresentam 
a mesma tendência, isto é, o desempenho de um acompanha o do outro. A valorização de um reflete 
tendência de valorização do outro, e vice-versa. Neste caso, diz-se que os ativos são positivamente 
correlacionados. 
Se a COVX,Y dos ativos X e Y for negativa (COVX,Y <0), significa que os retornos esperados apresentam 
relações inversas. Assim, se o retorno de um deles aumentar o do outro diminuirá. 
Se a COVX,Y dos ativos X e Y for nula (COVX,Y = 0), significa que não existe associação alguma entre os 
dois ativos 
ܻത 
ܺത 
ܻത 
ܺത 
A covariância resume num único número a tendência e a força da relação linear entre 2 variáveis. 
EXEMPLO 
Considere o retorno do Ibovespa e da taxa de câmbio nos últimos cinco anos no Brasil dada por: 
Ano Dólar (X) Ibovespa(Y) (X - ) (Y - ) (X - ሻݔ (Y - ) 
2002 24,6% -17% 25,2% -48,7% -12,3% 
2003 4,8% 97,30% 5,3% 65,6% 3,5% 
2004 -4,7% 17,80% -4,2% -13,9% 0,6% 
2005 -16,8% 27,70% -16,3% -4,0% 0,7% 
2005 -10,6% 32,90% -10,0% 1,2% -0,1% 
Média ܺത 
= -0,5% ܻത = 31,7% SOMA = -7,63% 
Calcule a COVX,Y. 
Solução 
ܥܱܸ௑,௒ ൌ 
ே ሻ 
௜ୀଵ 
Σ ሺܺ െܺത 
ሻݔሺܻ െܻത 
ܰ 
ൌ 
െ7,63% 
5 
ൌ െ1,526% 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 44 - 
A covariância calculada entre o Ibovespa e o dólar é negativa, indicando 
associação inversa entre os ativos. A tendência esperada é o retorno de um 
ativo se valorizar acima do seu valor médio quando o resultado de outro ficar 
abaixo. 
Como aconteceu com os ativos do exemplo acima, com COV < 0, haverá uma redução no risco de uma 
carteira contendo apenas eles dois. Ocorrendo a desvalorização de um ativo, é esperada a valorização do 
outro. A essa situação dá-se o nome de HEDGING. 
COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO 
Vamos agora nos concentrar à correlação simples11, tratando de apenas duas variáveis. 
A medida da intensidade da relação entre as variáveis aleatórias dispostas por meio de valores de X e Y, 
pelo coeficiente de correlação12, que varia de -1 a +1. 
coef. correlação ൌ 
covariância entre x e y 
ቀୈୣୱ୴୧୭ ୮ୟୢ୰ã୭ 
ୢୣ ୶ ቁ ቀୈୣୱ୴୧୭ ୮ୟୢ୰ã୭ 
ୢୣ ୷ ቁ 
ݎ௑,௒ ൌ ஼ை௏೉,ೊ 
௦೉ ௦ೊ 
.....para amostras 
ߩ௑,௒ ൌ ஼ை௏೉,ೊ 
ఙ೉ ఙೊ 
....para populações 
ܻത 
Vale a ܺത 
pena ressaltar ܻത 
ܺത 
que a divisão da covariância pelo produto dos desvios padrão não modifica as suas 
propriedades; simplesmente a normaliza para que assuma valores entre -1 e +1. 
EXEMPLO 
Considere o retorno do Ibovespa e da taxa de câmbio nos últimos cinco anos no Brasil dada por: 
Ano Dólar (X) Ibovespa(Y) (X - )2 (Y - )2 (X - ሻݔሺܻ - ) 
2002 24,6% -17% 25,2% -48,7% -12,3% 
2003 4,8% 97,30% 5,3% 65,6% 3,5% 
2004 -4,7% 17,80% -4,2% -13,9% 0,6% 
2005 -16,8% 27,70% -16,3% -4,0% 0,7% 
2005 -10,6% 32,90% -10,0% 1,2% -0,1% 
Média ܺത 
= -0,5% ܻത 
= 31,7% SOMA=10,44% SOMA=68,86% SOMA = -7,63% 
Calcule o coeficiente de correlação 
Solução 
ݎ௑,௒ ൌ 
െ7,63% 
√10,44%√68,86% 
ൌ െ0,28464 
11 Quando se relacionam apenas duas variáveis. Quando se relacionam mais de duas variáveis, tem-se a 
correlação múltipla 
12 A correlação não implica que um causa o outro. Podemos dizer que duas variáveis X e Y estão correlacionadas, 
mas não que X causa Y ou que Y causa X, na média – eles simplesmente estão relacionados ou associados um 
com o outro. 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 45 - 
Investimentos em ativos com coeficientes de correlação semelhantes não contribuem para redução do 
risco total, visto que todos eles convergem para ganhos quando a situação econômica lhes for favorável, e 
para perdas e, épocas desfavoráveis. Para redução do risco de carteiras de investimentos, é importante 
selecionar ativos com diferentes magnitudes de correlação. Ao diversificar a natureza das aplicações, o 
risco do portfólio reduz-se, sendo os prejuízos eventualmente apurados no setor absorvidos por somente 
uma parte das aplicações realizadas, e não pelo seu total. 
O tipo de relação está representado pelo coeficiente de correlação: 
r =+1 correlação perfeitamente positiva 
0 < r < +1 relação positiva 
r = 0 nenhuma relação 
-1 < r < 0 relação negativa 
r = -1 correlação perfeitamente negativa 
Você pode determinar o grau de correlação observando o gráfico de espalhamento. 
 Se a relação é para cima existe correlação positiva. 
 Se a relação é para baixo existe correlação negativa. 
O coeficiente de correlação está limitado por –1 e +1. Quanto mais próximo o coeficiente estiver de –1 ou 
+1, mais forte é a correlação. 
EXEMPLO 
Suponhamos que os retornos de dois ativos durante 10 meses sejam dados como a 2ª e 3ª coluna da tabela 
a seguir. Quais os valores de xMédio, yMédio, das variâncias sx 
2, sy 
2 e do coeficiente de correlação rX,Y? 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 46 - 
Observação x y 
Desvio 
de x 
x ‐ xMédio 
Desvio 
Quadrado 
de x 
(x ‐ xMédio)2 
Desvio 
de y 
y ‐ yMédio 
Desvio 
Quadrado 
de y 
(y ‐ yMédio)2 
Produto 
dos desvios 
(x ‐ xMédio)(y ‐ yMédio) 
1 12 50 ‐1,50 2,25 8,40 70,56 ‐12,60 
2 13 54 ‐0,50 0,25 12,40 153,76 ‐6,20 
3 10 48 ‐3,50 12,25 6,40 40,96 ‐22,40 
4 9 47 ‐4,50 20,25 5,40 29,16 ‐24,30 
5 20 70 6,50 42,25 28,40 806,56 184,60 
6 7 20 ‐6,50 42,25 ‐21,60 466,56 140,40 
7 4 15 ‐9,50 90,25 ‐26,60 707,56 252,70 
8 22 40 8,50 72,25 ‐1,60 2,56 ‐13,60 
9 15 35 1,50 2,25 ‐6,60 43,56 ‐9,90 
10 23 37 9,50 90,25 ‐4,60 21,16 ‐43,70 
Soma 135 416 0,00 374,50 0,00 2342,40 445,00 
Cálculos 
xMédio= 135/10 = 13,5 
yMédio= 416/10 = 41,6 
s2 
x= 374,5/9 = 41,611 
s2 
y= 2.342,4/9 = 260,267 
r = (445/9)/((41,611)1/2(260,267)1/2) = 49,444/(6,451*16,133) = 0,475 
DIVERSIFICAÇÃO DE ATIVOS NA CARTEIRA 
O risco de uma carteira é eliminado quando os investimentos apresentarem comportamentos opostos, ou 
seja, coeficiente de correlação igual a -1. Um resultado negativo de um investimento é perfeitamente 
compensado pelos lucros do outro, como vimos acima. 
A existência de aplicações perfeita e negativamente correlacionadas indica a formação de carteiras com 
investimentos que produzem retornos inversamente proporcionais, isto é, quando o retorno de um deles 
decrescer, o retorno do outro ativo se elevará na mesma intensidade, anulando os reflexos negativos 
produzidos. 
Em resumo, o objetivo básico do estudo de carteiras de ativos, de acordo com a moderna teoria do 
portfólio, é selecionar a carteira definida como ótima com base no critério de investimento proposto, ou 
seja: 
 Selecionar a carteira que oferece o maior retorno possível para determinado grau de risco; ou, de 
forma idêntica; 
 Selecionar a carteira que produza o menor risco possível para determinado nível de retorno 
esperado. 
A ideia fundamental inserida nessa teoria do portfólio é que o risco particular de um único ativo é 
diferente de seu risco quando mantido em carteira. Uma grande vantagem das carteiras é que elas 
permitem que se reduza o risco mediante um processo de diversificação dos ativos que as compõem. 
Como já foi insistentemente dito, o risco de um ativo qualquer é medido pelo grau de dispersão dos 
retornos em relação à média e, portanto, a medida estatística usualmente adotada para quantificar o risco 
de um ativo é o desvio-padrão. 
Por meio da diversificação, é possível esperar que ativos com risco possam ser combinados numa carteira 
de forma que se apure um risco menor do que aquele calculado para cada um de seus componentes. No 
entanto, isto ocorre até certo limite, sendo impraticável a eliminação total do risco da carteira. Isto é 
Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 47 - 
explicado pela enorme dificuldade em encontra-se na prática investimentos com correlação perfeitamente 
negativa. 
O que se consegue é minimizar o risco e não eliminá-lo. 
Há duas classes importantes de risco associadas a um ativo: 
 Risco sistemático, ou não diversificável, e 
 Risco diversificável, ou não sistemático. 
RISCO SISTEMÁTICO ou CONJUNTURAL OU NÃO DIVERSIFICÁVEL 
Está presente em todos os ativos negociados no mercado, sendo determinado por eventos de ordem 
política, econômica e social, por exemplo, inflação, crises políticas, desequilíbrios conjunturais, etc.. Não 
há como evitá-lo, porém, mediante a diversificação da carteira de ativos, é possível reduzi-lo. 
RISCO NÃO SISTEMÁTICO ou CARACTERÍSTICO ou DIVERSIFICÁVEL 
É a componente do risco total que pode ser total ou parcialmente diluído de uma carteira através da 
combinação de ativos que não possuam correlação positiva entre si (como veremos mais adiante). Por 
exemplo, comumente as carteiras diversificadas contêm títulos de renda fixa e de renda variável, os quais 
sofrem impactos diferentes de medidas de política econômica, como elevação das taxas de juros; ações de 
empresas cíclicas (montadoras de veículos, empresas de construção civil), de maior risco, são 
frequentemente combinadas com ações de empresas cujos negócios são menos afetados por flutuações 
econômicas, como indústria de alimentos. Este tipo de risco está diretamente relacionado com as 
características específicas do título ou da empresa. Por exemplo, uma carteira como a Bovespa pode não 
conter risco diversificável. 
Observe que, conforme se amplia a diversificação da carteira por meio da inclusão de mais títulos, seu 
risco total decresce em função da eliminação do risco não sistemático (diversificável). Esse processo é, 
conforme colocado, limitado pela presença do risco sistemático, comum a todos os títulos. A partir de 
certo número de títulos, o risco da carteira se mantém praticamente estável, correspondendo unicamente a 
sua parte não diversificável ou sistemática. 
Assim num portfólio grande os termos da variância são efetivamente diversificados, mas os termos da 
covariância não são. 
EXEMPLO 
Admita os seguintes retornos dos ativos X e Y para os cenários considerados 
Estados da Probabilidade do Retorno dos Ativos 
4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
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  • 1. CHAPTER FONTE: Beard, William Holbrook (1823–1900). New York Historical Society/The Bridgeman Art Library International, Ltd. 6 Análise de Investimentos com Risco CAPÍTULO No Excel e na HP-12C
  • 2. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 2 - Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC Uma das responsabilidades dos administradores financeiros é estimar o valor de propostas de investimentos, como fizemos no nosso capítulo anterior sobre orçamento de capital. Ocorre que o retorno que exigimos de uma proposta de investimento NÃO FINANCEIRO precisa ser, no mínimo, tão alto quanto o que podemos obter comprando ativos FINANCEIROS de risco semelhante. Também, em orçamento de capital, não há projetos livres de risco. Isto porque o futuro é incerto e daí, também, os fluxos de caixa futuros gerados pelo projeto. Estes fluxos de caixa, inesperadamente, podem aumentar ou diminuir. A taxa pela qual os futuros fluxos de caixa foram investidos pode não permanecer a mesma. Existem muitos fatores que podem reduzir os fluxos de caixa esperados: perda de participação no mercado, aumento no custo das mercadorias vendidas, novas regulamentações ambientais, aumento no custo do financiamento. Como sempre há risco no orçamento de capital, a principal tarefa dos analistas de investimentos é selecionar projetos sob condições de incerteza. O que é retorno elevado? O que é retorno baixo? Mais genericamente, qual é o retorno que devemos esperar de ATIVOS FINANCEIROS, e qual é o risco desses investimentos? Essa perspectiva é essencial para entender como analisar e avaliar projetos de investimentos e o que vamos fazer agora é encarar de frente o assunto de risco em projetos, inicialmente em ativos financeiros. Risco, para a maioria de nós, refere-se à probabilidade que nos jogos de sorte da vida se conseguir um resultado que nós não gostaríamos que acontecesse. Por exemplo, o risco de dirigir um carro muito rápido é conseguirmos uma multa por excesso de velocidade, ou pior ainda, sofrermos um acidente. O dicionário Webster, de fato, define o risco como “exposição ao perigo ou ao azar”. Assim, risco é percebido quase que completamente em termos negativos. Se você pratica pára-quedismo, você está arriscando sua vida – o pára-quedismo é arriscado. Se você aposta em cavalos, está arriscando seu dinheiro. Se você investe em ações especulativas (ou, para dizer a verdade, em qualquer ação), está assumindo um risco na esperança de obter um retorno apreciável. Em finanças, nossa definição de risco é diferente e mais ampla. Risco, como se vê, refere-se à probabilidade de recebermos um retorno sobre um investimento que seja diferente do retorno esperado. Assim, o risco inclui não somente os resultados ruins, isto é, retornos que estão abaixo daqueles esperados, mas também resultados bons, isto é, retornos que são maiores que os esperados. De fato, podemos nos referir aos primeiros como risco do lado inferior, os últimos como do lado superior; mas consideraremos ambos quando medimos o risco. De fato, o espírito da nossa definição de risco em finanças é capturado melhor pelos símbolos Chineses para o risco, que estão reproduzidos abaixo: O primeiro símbolo é o símbolo do “perigo”, enquanto o segundo é o símbolo da “oportunidade”, tornando o risco uma mistura de perigo e oportunidade. Ele ilustra muito claramente o tradeoff que cada investidor e negócio têm de fazer – entre o maior prêmio que vem da oportunidade e o maior risco que tem nascido como uma conseqüência do perigo. CAPRICHOS DOS DEUSES? O que é que distingue as centenas de anos de história daquilo que pensamos como tempos modernos? A resposta vai além do progresso da ciência, tecnologia, capitalismo e democracia. O passado distante estava repleto de brilhantes cientistas, matemáticos, inventores, tecnólogos e filósofos políticos. Centenas de anos antes do nascimento de Cristo, os céus tinham sido mapeados, a grande biblioteca de Alexandria construída e a geometria de Euclides ensinada. Demanda por inovações tecnológicas nas guerras era tão insaciável quanto é hoje em dia. Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 3. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 3 - Carvão, óleo, ferro e cobre, estiveram a serviço dos seres humanos por milênios, e viajar e comunicar estão marcados nos registros muito do início da civilização. A idéia revolucionária que define o limite entre os tempos modernos e o passado é o domínio do risco: a noção de que o futuro é mais que um capricho dos deuses e que o homem e a mulher não são passivos ante a natureza. Até os seres humanos descobrirem uma maneira de atravessar este limite, o futuro foi um espelho do passado ou o domínio turvo dos santuários e profetas que mantiveram um monopólio sobre o conhecimento de eventos antecipados. Peter Bernstein em Against The Gods, the Remarkable Story of Risk, John Wiley & Sons (Outubro 1996) Muito deste capítulo pode ser visto como uma tentativa de sugerir um modelo que melhor meça o “perigo” em qualquer investimento e daí então tentar converter isto em “oportunidade” que precisaríamos para compensar o perigo. Em termos financeiros, chamamos o perigo de “risco” e a oportunidade de “retorno esperado”. Alguns riscos afetam diretamente tanto os administradores financeiros como os acionistas. Na tabela abaixo são descritas resumidamente as fontes comuns de risco para as empresas e seus acionistas. Fontes populares de risco para administradores financeiros e acionistas Fonte de risco Descrição Riscos específicos da empresa Risco Operacional A possibilidade de que a empresa não seja capaz de cobrir seus custos de operação. Seu nível é determinado pela estabilidade das receitas da empresa (fixos) e pela estrutura de seus custos operacionais (variáveis) Risco Financeiro A possibilidade que a empresa não seja capaz de saldar suas obrigações financeiras. Seu nível é determinado pela previsibilidade dos fluxos de caixa operacionais da empresa e suas obrigações financeiras com encargos fixos. Riscos específicos dos acionistas Risco de taxa de juros A possibilidade de que as variações das taxas de juros afetem negativamente o valor de um investimento. A maioria dos investimentos perde valor quando a taxa de juros sobe e ganha valor quando ela cai. Risco de liquidez A possibilidade de que um ativo não possa ser liquidado com facilidade a um preço razoável. A liquidez é significativamente afetada pelo porte e pela profundidade do mercado no qual o ativo é costumeiramente negociado. Risco de mercado A possibilidade de que o valor de um ativo caia por causa de fatores de mercado independentes do ativo (como eventos econômicos, políticos e sociais). Em geral, quanto mais o valor do ativo reage ao comportamento do mercado, maior é seu risco; quanto menos reage, menor é seu risco. Riscos para empresas e acionistas Risco de evento A possibilidade de que um evento totalmente inesperado exerça efeito significativo sobre o valor da empresa ou um ativo específico. Esses eventos raros, como a decisão do governo de mandar recolher do mercado um medicamento popular, costumam afetar somente um pequeno grupo de empresas ou ativos. Risco de câmbio A exposição dos fluxos de caixa esperados para o futuro a flutuações das taxas de câmbio. Quanto maior a possibilidade de flutuações cambiais indesejáveis, maior o risco dos fluxos de caixa e, portanto, menor o valor da empresa ou do ativo. Risco de poder aquisitivo A possibilidade de que a variação dos níveis gerais de preços, causadas por inflação ou deflação na economia, afete desfavoravelmente os fluxos de caixa e o valor da empresa ou de um ativo. Normalmente, as empresas ou os ativos com fluxos de caixa que variam com os níveis gerais de preços apresentam risco mais baixo de variação de poder aquisitivo. Ao contrário, se os fluxos de caixa não variarem de acordo com os níveis gerais de preços, oferecem maior risco de poder aquisitivo. Risco de tributação A possibilidade de que mudanças adversas na legislação tributária venham a ocorrer. Empresas e ativos cujos valores são sensíveis a essas mudanças implicam maior risco. Extraído do livro Princípios de Administração Financeira do Gitman, L.J. (p. 185 – Ed. Pearson – 10ª Ed.) Risco do Capital Próprio e Retorno Esperado Para demonstrar como o risco é visto em finanças corporativas, apresentaremos a análise de risco em três passos. Primeiro, definiremos o risco em termos da distribuição dos retornos reais ao redor de um retorno esperado. Segundo, diferenciaremos entre risco que é específico para um ou uns poucos investimentos e o 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 4. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 4 - risco que afetam a área alvo dos investimentos. Arguiremos que num mercado onde os investidores marginais são bem diversificados, é somente o último risco, o chamado risco de mercado que será recompensado. Terceiro, observaremos que modelos alternativos para medidas do risco e dos retornos esperados os acompanham. I. Definindo o Risco Investidores que compram ativos esperam ganhar retornos durante o horizonte de tempo que eles mantiverem o ativo. O seu ganho (ou perda) no investimento será denominado retorno sobre o investimento. Frequentemente, esse retorno terá dois componentes. Em primeiro lugar, você receberá algum dinheiro enquanto possuir o ativo. Isso é denominado rendimento corrente. Em segundo lugar, o valor dos ativos adquiridos geralmente variará. Nesse caso, você terá um ganho ou uma perda de capital em seu investimento. Seus retornos reais durante este holding period1 podem ser muito diferentes dos retornos esperados e é está diferença entre o retorno real e esperado que é a fonte do risco. Para ilustrar graficamente, temos: Portanto, a porcentagem do retorno sobre o investimento chamada HPR será: ܪܴܲ ൌ ܩ݄ܽ݊݋ ݀݁ ܥܽ݌݅ݐ݈ܽ ൅ ܦ݅ݒ݅݀݁݊݀݋ݏ ܫ݊ݒ݁ݏݐ݅݉݁݊ݐ݋ ܫ݈݊݅ܿ݅ܽ EXEMPLO Suponhamos que você tenha tido a sorte de comprar ações da General Electric no início de 1999, quando cada ação custava aproximadamente $ 102. No final do ano, o valor desse investimento havia valorizado para $ 155, dando um ganho de capital de $ 155 - $ 102 = $ 53. Além disso, em 1999 a General Electric pagou dividendo (rendimento corrente) de $ 1,46 por ação. ܪܴܲ ൌ 53 ൅ 1,46 102 ൌ 0,534 ݋ݑ 53,4% Não se esqueça da inflação. Para isso resolva o exercício de fixação: EXERCÍCIO de FIXAÇÃO Suponhamos que você tenha comprado uma obrigação (bonds) por $ 1.020, com vencimento em 15 anos, pagando um cupom anual de $ 80. Um ano depois, as taxas de juros caíram, e o preço da obrigação aumentou para $ 1.050. Quais são suas taxas de retorno nominal e real? Suponha que a taxa de inflação tenha sido 4% neste ano. Resp: 6,5% 1 Em finanças, holding period return (HPR) é uma medida do retorno sobre um ativo ou carteira. É uma das mais simples medidas da performance do investimento. HPR é a porcentagem pela qual o valor de uma carteira (ou ativo) cresceu num período particular. Ele é a soma do lucro líquido (rendimento corrente) e ganho de capital dividido pelo valor no início do período (valor do ativo no início do período). Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 5. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 5 - DADO: 1 ൅ taxa de retorno real anual ൌ ଵା୲ୟ୶ୟ ୢୣ ୰ୣ୲୭୰୬୭ ୬୭୫୧୬ୟ୪ ୟ୬୳ୟ୪ ଵା୲ୟ୶ୟ ୢୣ ୧୬ϐ୪ୟçã୭ ୟ୬୳ୟ୪ EXERCÍCIOS 1. Mr. X comprou uma ação por R$ 15,60. Passada uma hora vendeu-a por R$15,80. Qual o retorno porcentual obtido nessa hora sem considerar os dividendos. Fazer direto na HP-12C. 2. Suponha que um ano atrás Mr X. comprou 100 ações da Companhia Inventada, SA por R$ 25. O dividendo pago por ação foi de 20 centavos. Suponha que acaba de vender a sua ação por R$ 30 (ex-dividendo). Qual foi o seu retorno? Qual o ganho de capital? 3. No início do ano uma ação está sendo vendida a $ 37. Se você comprar um lote de 100 ações e, durante o ano, a ação pague um dividendo de $ 1,85 e, no final do ano, o seu valor aumente para $ 40,33. Pede-se: a. Qual o rendimento corrente de dividendos? Resp: $ 185 e b. Qual o ganho de capital? Resp: $ 333 c. Se o preço da ação cair para $ 34,78, responda os itens anteriores. Resp: $ 185 e -$ 222 d. Quais os retornos monetários totais nos dois casos? Resp: $ 518 e -$ 37 4. Suponha que você tivesse comprado ações a $ 25. Ao final do ano, o preço é $ 35. Ao longo do ano, você recebeu um dividendo por ação de $ 2. Qual é a taxa de dividendo? Qual é a taxa de ganho de capital? Qual é o retorno percentual? Se você tivesse aplicado um total de $ 1.000, quanto teria no final do ano? Resp: 8%; 40%; 48%; 480 5. Em 2 de janeiro você comprou ações de uma determinada companhia a R$ 33,00 cada uma e, um ano depois, vendeu-as por R$ 38,00 cada uma. Durante o ano, você recebeu um dividendo em dinheiro de R$ 1,50 por ação. Calcule: a. o ganho de capital por ação. Resp: R$ 5,00/ação b. o retorno total por ação em R$. Resp: R$ 6,50 c. A taxa de retorno obtida no seu investimento.? Resp: 19,7% 6. No início do ano passado você investiu R$ 48.000,00 em 4.000 ações da Cia. Céu Azul Transportes Aéreos S.A.. Durante o ano, a companhia pagou dividendos de R$ 1,20 por ação. No final do ano, você vendeu as 4.000 ações a R$ 14,61. a. Calcule o retorno total em R$ obtido em seu investimento. Resp: R$ 15.240,00 b. Identifique o quanto do retorno total deve-se ao ganho de capital e o quanto se deve ao rendimento obtido. Resp: R$ 10.440,00 são ganhos de capital e R$ 4.800,00 são os dividendos recebidos 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 6. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 6 - Preferências em relação ao risco As atitudes em relação a risco diferem entre os administradores (e as empresas). Por isso, é importante delimitar um nível geralmente aceitável de risco.  Para o administrador indiferente ao risco, o retorno exigido não varia quando o nível de risco vai de x1 para x2. Essencialmente, não haveria nenhuma variação de retorno exigida em razão do aumento de risco. É claro que essa atitude não faz sentido em quase nenhuma situação empresarial.  Para o administrador avesso ao risco, o retorno exigido aumenta quando o risco se eleva. Como esse administrador tem medo do risco, exige um retorno esperado mais alto para compensar o risco mais elevado.  Para o administrador propenso ao risco, o retorno exigido cai se o risco aumenta. Teoricamente, como gosta de correr riscos, esse tipo de administrador está disposto a abrir mão de algum retorno para assumir maiores riscos. Entretanto, esse comportamento não tenderia a beneficiar a empresa. Em sua maioria, os administradores são avessos ao risco. Para certo aumento de risco, exigem aumento de retorno. Geralmente, tendem a serem conservadores, e não agressivos, ao assumir riscos em nome de suas empresas. Portanto, neste livro será feita a suposição de que o administrador financeiro tem aversão a risco e exige retornos maiores para correr riscos mais altos. QUESTÕES CONCEITUAIS 1. Quais são os dois componentes do retorno total? Resp: Dividendos e Ganhos 2. Por que os ganhos ou perdas de capital não realizados são incluídos no cálculo de retornos? Resp: Pois poderão ser convertidos em caixa se desejarmos. 3. Qual é a diferença entre retorno monetário e porcentual? Por que os retornos percentuais são mais convenientes? Resp: Não dependem da magnitude do investimento. 4. O que é risco, no contexto da tomada de decisões financeiras? Resp: Risco é definido como a chance de perda financeira, quando medido pela variabilidade dos retornos esperados associado com um dado ativo. Um tomador de decisão deverá avaliar um investimento medindo a chance de perda, ou risco, e comparando o risco esperado ao retorno esperado. Alguns ativos são considerados livres de risco; os exemplos mais comuns são U. S. Treasury em circulação. 5. Defina retorno e descreva como calcular a taxa de retorno de um investimento. Resp:O retorno sobre um investimento (ganho ou perda total) é a variação do valor mais qualquer distribuições de caixa durante um período de tempo definido. É expresso como uma porcentagem do investimento no início do período. A fórmula é:   Retorno= (valorf inal- valori nicial)+distribuição de caixa valori nicial Retorno realizado exige que o ativo seja comprado e vendido durante o período de tempo em que o retorno é medido. Retorno não realizado é o retorno que poderia ter sido realizado se o ativo tivesse sido comprado e vendido durante o período de tempo em que o retorno foi medido. 6. Compare as seguintes atitudes em relação ao risco: (a) aversão, (b) indiferença, e (c) propensão. Qual delas é mais comum entre os administradores financeiros? Resp: a) O gestor financeiro avesso ao risco exige um aumento no retorno para um dado aumento no risco. b) O gestor indiferente ao risco exige nenhuma variação no retorno para um aumento no risco. c) O gestor propenso ao risco aceita uma diminuição do retorno para um dado aumento no risco. A maioria dos gestores financeiros é avessa ao risco. Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 7. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 7 - RETROSPECTIVA HISTÓRICA DO MERCADO DE CAPITAIS Faremos agora uma análise estatística numa série histórica de dados de retornos e suas taxas de retorno dos principais ativos do mercado financeiro. Esta análise é importante, pois, com ela poderemos traçar as expectativas futuras. É claro que o passado não determina o futuro, mas indica alguma chance ou probabilidade de ocorrência. Caso contrário não tem jeito de se fazer prognósticos. Nesta primeira análise temos à disposição os dados coletados nos diversos anos e vamos fazer uma análise desses dados. Como a análise será estatística, obviamente, usaremos a Estatística Descritiva. Numa segunda etapa, que para nós é a mais importante, usaremos probabilidades para estimarmos os resultados possíveis. Lembrando que nestas projeções existirão sempre margens de erros que também deverão ser determinadas. Voltemos, portanto, nossa atenção ao passado. Histórico das Taxas de Retorno Se você tivesse investido $ 1 em 1926, em 2000, você teria2: Os retornos de investimentos variam no tempo e entre tipos distintos de investimentos. Calculando as médias de retornos históricos em períodos longos é possível eliminar o impacto do risco de mercado e de outros tipos de risco. Isso permite ao tomador de decisões financeiras focalizar sua atenção nas diferenças de retorno atribuíveis principalmente aos tipos de investimento. O gráfico mostra diferenças significativas entre as taxas anuais médias de retorno dos vários tipos de ações, obrigações (títulos de longo prazo) e letras (T-Bills). Mais adiante, neste capítulo, veremos como as diferenças de retorno podem ser relacionadas a diferenças quanto ao risco de cada um desses investimentos. 2 Os dados para a montagem deste gráfico encontram-se na planilha Gráfico Slide 29.xlsx. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 8. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 8 - Ações Ordinárias: A carteira de ações ordinárias é composta por ações das 500 maiores empresas dos U.S.A. que formam o Standard & Poor´s Composite Index (em termos de valor de mercado total das ações). Ações de empresas Pequenas: Essa carteira é composta por ações de empresas menores, ou seja, pelos 20% das empresas de menor porte negociadas na Bolsa de Valores de New York (NYSE), novamente medidas pelo valor de mercado do total de ações. Obrigações a longo prazo: emitidas por empresas. É uma carteira formada por obrigações de baixo risco, com prazo de vencimento de 20 anos. Obrigações a longo prazo emitidas pelo governo dos Estados Unidos. É uma carteira formada por obrigações do governo dos Estados Unidos, com prazo de vencimento de 20 anos. Letras do tesouro americano (T-Bills). É uma carteira formada por letras do tesouro americano, com prazo de vencimento de três meses e emitidas semanalmente. Esses retornos não foram ajustados por inflação ou impostos; portanto, são retornos brutos e nominais. Se alguém tivesse investido $ 1.000 numa carteira de ações de grandes empresas em 1925 e depois, reinvestidos todos os dividendos recebidos, o seu investimento teria crescido para $ 2.845.697 em 1999. Durante este mesmo período, uma carteira de ações de pequenas empresas cresceu mais do que $ 6.641.505. Porém se em vez disto ele ou ela tivesse investido em títulos do governo de longo prazo, os $ 1.000 teriam crescidos para apenas $ 40.219, e para um miserável $ 15.642 para títulos de curto prazo. Dados estes números, por que alguém investiria em títulos? A resposta é, “porque os títulos são menos arriscados”. Enquanto as ações ordinárias durante os 74 anos passados produziram retornos consideravelmente superiores, (1) não podemos garantir que o passado é um prólogo para o futuro, e (2) os valores das ações são mais prováveis a experimentarem declínios impetuosos do que os títulos, assim têm-se uma chance maior de se perder dinheiro com um investimento em ações. Por exemplo, em 1990 as ações de pequenas empresas perderam em média 21,6% do seu valor, e as ações das grandes empresas sofreram também perdas. Títulos de longo prazo (obrigações), entretanto, forneceram retornos positivos naquele ano, como eles quase sempre fazem. E o setembro de 2008? É claro, alguns títulos são mais arriscados do que outros, e mesmo assim em anos quando o mercado todo de ações sobe, muitas ações individuais caem. Portanto, colocar todo o seu dinheiro numa única ação é extremamente arriscado. De acordo com o artigo da Business Week, a melhor arma simples contra o risco é a diversificação: “espalhando seu dinheiro, você não ficará amarrado às instabilidades de um dado mercado, ação, ou setor... Correlação, na linguagem de gestão de carteiras, ajuda-o a diversificar apropriadamente porque ela descreve o quanto dois investimentos seguem um ao outro. Se eles se moverem emparelhados, eles provavelmente sofrerão as mesmas más notícias. Então, você deve combinar ativos com baixas correlações”. Os investidores dos U.S.A. tendem a pensar no “mercado de ações” como o mercado de ações dos U.S.A.. Entretanto, as ações dos U.S.A. chegam a 35% do valor de todas as ações. Mercados estrangeiros tem sido muito lucrativos, e eles não estão perfeitamente correlacionados com os mercados dos U.S.A. Portanto, a diversificação global oferece aos investidores dos U.S.A. uma oportunidade para aumentarem seus retornos e ao mesmo tempo reduzirem o risco. Entretanto, investir no estrangeiro leva a alguns riscos próprios, notavelmente “taxa de risco de câmbio” que é o perigo de que as taxas de câmbio mudem diminuindo o número de dólares que uma moeda estrangeira comprará. Embora a verdade central do artigo Business Week, foi a maneira de se medir e daí reduzir o risco, ele não apontou que alguns instrumentos criados recentemente que são realmente extremamente arriscados foram negociados como investimentos de baixo risco para os investidores ingênuos. Por exemplo, muitos fundos mútuos foram advertidos que suas carteiras “contendo somente títulos bancados pelo governo dos U.S.A.”, mas, então falharam ao destacar que os fundos por si mesmos estavam usando alavancagem financeira, estavam investindo em “derivativos”, ou fazendo alguma outra ação que chuta os rendimentos correntes mas expõe a imensos riscos. Quando você terminar este capítulo, você deverá entender qual é o risco, quando for medido, e que ações podem ser levadas a efeito para minimizá-los, ou no mínimo garantir que você compensou adequadamente a sua influência. Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 9. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 9 - ESTATÍSTICAS DOS RETORNOS O risco de um ativo pode ser analisado de duas maneiras: (1) como risco de um único ativo, em que o ativo é considerado isoladamente, e (2) em uma base de carteira, em que o ativo é um entre muitos outros em um portfólio (carteira). RISCO ISOLADO O risco isolado é o risco a que o investidor estaria exposto se ele ou ela tivessem somente um único ativo. Obviamente, a maioria dos ativos é mantida em carteiras, mas é necessário compreender o risco isolado a fim de compreender o risco em um contexto de carteira. Para aprendermos alguma coisa sobre comportamento dos ativos financeiros, comecemos degustando os dados históricos apresentados na seção anterior. Calculando os retornos médios dos diferentes investimentos, temos a tabela abaixo3: Aplicação Retorno % médio Ações Ordinárias 13,0% Ações de empresas pequenas 17,7 Obrigações de empresas a longo prazo 6,1 Obrigações do governo a longo prazo 5,6 Letras do Tesouro dos Estados Unidos 3,8 Inflação 3,2 Nesta tabela os valores do retorno % médio foram encontrados pela média aritmética, assim: ܴത ൌ ܴଵ ൅ ܴଶ ൅ … ൅ ்ܴ ܶ Lembremos a Estatística Descritiva onde a média de um conjunto de dados coletados é definida como uma medida de tendência central (a medida mais comumente usada). O seu valor é calculado como a soma de todos os pontos dados, dividida pelo número de pontos dados. A tabela mostra quão elevados são os retornos em ações, em comparação, aos retornos de títulos de longo prazo (obrigações). Essas médias, naturalmente, são nominais, porque não nos preocupamos com a inflação. Note que a inflação média foi de 3,2% ao ano no período que calculamos. A taxa de retorno nominal sobre as letras do tesouro dos Estados Unidos (T-bills) foi de 3,8% ao ano, sendo então o retorno real médio das letras do tesouro aproximadamente 0,6% ao ano; enquanto que o das ações de pequenas empresas foi de 17,7% - 3,2% = 14,5%, o que é relativamente elevado. Isto significa que a sua riqueza real é praticamente duplicada a cada 5 anos. A MÉDIA NA HP-12C Na HP-12C, os dados estatísticos são armazenados como um conjunto de somatórios resultantes dos dados coletados originalmente. Este conjunto de dados coletados originalmente deve ser digitado antes de se usar quaisquer características estatísticas disponíveis na HP-12C, porque todos os valores produzidos por estas ferramentas estatísticas dependem deles. A organização da memória da HP-12C permite o estudo dos dados estatísticos organizados como amostras de uma ou duas variáveis. Para limparmos os registros estatísticos da HP-12C, pressionamos f  3 Stocks, bonds, bills, and inflation 1997 yearbook, Ibbotson Associates, Inc., Chicago. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 10. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 10 - A introdução dos dados é feita pressionando a tecla + após a digitação do dado (ou par de dados separados pelo ENTER). O visor mostra Após a introdução dos dados a HP-12C calcula as seguintes somas e armazenas nos registradores R1 a R6: Registrador 1 .... n Registrador 2 ...Σ ݔ௡ Registrador 3.... Σ ݔ௡ ଶ Registrador 4 ... Σ ݕ௡ Registrador 5 ... Σ ݕ௡ ଶ Registrador 6 ... Σ ݔ௡ . ݕ௡ Portanto, não armazene nenhum dado nestas memórias enquanto estiver fazendo cálculos estatísticos. Por exemplo, para um par de dados digita-se o dado y ENTER, o dado x e, depois pressione a tecla +. Os somatórios acima são calculados e armazenados automaticamente e o visor mostrará o número de dados digitados até ser pressionado o último +. EXEMPLO Os 10 últimos preços de venda da ação XYZ foram: $19,80; $18,50; $20,52; $22,53; $20,67; $20,18; $20,00; $18,90; $19,21; $20,04. Qual foi a média destes preços de venda? Solução Certifique-se em apagar os registros estatísticos antes de iniciar os cálculos. Para isso, pressione f  antes de tudo. Daí comece a digitação: 19.80 + ....o visor mostrará 1 (o primeiro dado) 20,52 + e assim até o último dado. Para se calcular a média aperte g ࢞ഥ aparecerá 20.04, no visor, representando o preço médio da ação XYZ. RETORNO HISTORICO ACUMULADO É o retorno que um investidor obteria se permanecesse com as ações por n períodos de tempo. Se medirmos o tempo em anos e chamando de Ri a taxa de retorno obtida no ano i, a taxa de retorno acumulada, Racum, no final de n períodos de tempo é dada pela expressão: ܴ௔௖௨௠௨௟௔ௗ௢ ൌ ሼሺ1 ൅ ܴଵሻݔሺ1 ൅ ܴଶሻݔሺ1 ൅ ܴଷሻݔ … ሺ1 ൅ ܴ௡ሻ െ 1ሽݔ100 EXEMPLO A tabela 1.1, a seguir, mostra as taxas anuais de retorno das ações da Cia. Alfa S.A., verificadas em 4 anos. Qual a taxa de retorno acumulada? Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 11. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 11 - Solução ܴ௔௖௨௠௨௟௔ௗ௢ ൌ ሼሺ1 ൅ ܴଵሻݔሺ1 ൅ ܴଶሻݔሺ1 ൅ ܴଷሻݔ … ሺ1 ൅ ܴ௡ሻ െ 1ሽݔ100 ܴ௔௖௨௠௨௟௔ௗ௢ ൌ ሼሺ1 ൅ 0,10ሻݔሺ1 ൅ 0,06ሻݔሺ1 െ 0,03ሻݔሺ1 ൅ 0,025ሻ െ 1ሽݔ100 ൌ 15,92% Para fazer isso na HP12-C, digite: 100 ENTER 10 % + ENTER 6 % + ENTER 3 CHS % + ENTER 2.5 % + 100 – Obtemos 15.9296 % Iniciamos introduzindo 100, para trabalharmos em porcentagem. Este “truque” é bom! Para fazer isso no Excel, existe a função embutida VFPlano: RETORNO MÉDIO GEOMÉTRICO Uma medida muito utilizada em análise de retornos acumulados é a MÉDIA GEOMÉTRICA, sobretudo em problemas que envolvam valores que crescem exponencialmente, como é o caso do retorno de carteiras de investimentos: ܴ௚௘௢௠ തതതതതതതത ൌ ඥሼሺ1 ൅ ܴଵሻݔሺ1 ൅ ܴଶሻݔሺ1 ൅ ܴଷሻݔ … ሺ1 ൅ ܴ௡ ೙ ሻሽ െ 1 Uma aplicação desta média seria calcular o valor final de um produto que custa R$ 100,00 e tenha aumentos em cada um dos três meses seguintes de 15%, 20% e, uma redução de 5%, respectivamente, e queremos encontrar sua taxa média mensal equivalente. EXEMPLO A tabela 1.1, a seguir, mostra as taxas anuais de retorno das ações da Cia. Alfa S.A., verificadas em 4 anos. Qual a taxa média geométrica de retorno? Na HP-12C, faríamos: Solução ܴ௚௘௢௠ തതതതതതതത ൌ ೙ඥሼሺ1 ൅ ܴଵሻݔሺ1 ൅ ܴଶሻݔሺ1 ൅ ܴଷሻݔ …ሺ1 ൅ ܴ௡ሻሽ െ 1 ൌ = రඥሼሺ1 ൅ 0,10ሻݔሺ1 ൅ 0,06ሻݔሺ1 െ 0,03ሻݔ …ሺ1 ൅ 0,025ሻሽ െ 1 = 0,0376 ou 3,76% 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 12. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 12 - 1.10 ENTER 1.06 x 0.97 x 1.025 x 4 1/x Yx ENTER 1 - ..... 0.03764 No Excel, temos uma função embutida chamada MÉDIA.GEOMÉTRICA para realizar este cálculo. Esta função do Excel não aceita valores negativos e por conseguinte, acrescentei 1 a cada valor e subtraí 1 no final. Se a célula estivesse formatada para porcentagem, o resultado seria 3,764%. A média aritmética neste exercício dará: 3,7625%. No longo prazo recomenda-se a média geométrica O que estudamos até agora foi uma das medidas de tendência central, a média. As outras medidas: mediana e a moda não foram tratadas, pois, não contribuem em grande parte ao estudo ou análise de retornos totais ou porcentuais. O que iremos abordar a seguir são as medidas de espalhamento ou dispersão dos retornos em torno da média, quais sejam: desvio padrão, variância e coeficiente de variação das taxas de retorno. Estas medidas são de extrema importância porque estão intimamente relacionadas ao risco. Aliás, são elas que medem o risco do(s) ativo(s) financeiro(s). ESTATÍSTICA DESCRITIVA DO RISCO Depois de calculados alguns dos retornos médios, parece lógico compararmos uns aos outros. Olhando o gráfico dos retornos históricos dos diversos ativos4, vemos que os T-bills não apresentaram grande parte da variabilidade que observamos, por exemplo, no mercado de ações. Isto porque o governo toma dinheiro emprestado, emitindo títulos da dívida. Os T-bills possuem menor prazo de vencimento entre todas as dívidas do governo. Como o governo sempre pode cobrar impostos para pagar as suas contas, sua dívida é virtualmente livre de risco de inadimplência a curto prazo. Por isso, a taxa de retorno de tais dívidas é chamadas taxa de retorno livre de risco e é utilizadas como padrão de referência. 60 40 20 0 -20 -40 -60 Taxas de Retorno 1926-1999 Ações Ordinárias Títulos de Longo Prazo T-Bills 26 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 4 Os dados utilizados para a montagem deste gráfico podem ser encontrados na pasta Gráfico Slide 43.xlsx Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 13. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 13 - Fonte: © Stocks, Bonds, Bills, and Inflation 2000 Yearbook™, Ibbotson Associates, Inc., Chicago (annually updates work by Roger G. Ibbotson and Rex A. Sinquefield). All rights reserved. Chama-se prêmio por risco o retorno excedente exigido, de uma aplicação em um ativo com risco, acima do exigido uma aplicação livre de risco. Assim Prêmio por risco = Ri - Rfree A tabela abaixo mostra o prêmio por risco dos ativos históricos que estamos discutindo. Aplicação Retorno % médio Prêmio por risco Ações Ordinárias 13,0% 9,2% Ações de empresas pequenas 17,7 13,9 Obrigações de empresas a longo prazo 6,1 2,3 Obrigações do governo a longo prazo 5,6 1,6 Letras do Tesouro dos Estados Unidos 3,8 0 Inflação 3,2 Nela observamos que o prêmio médio por risco produzido por uma ação típica de grande empresa é 13,0% - 3,8% = 9,2%. Essa é uma recompensa significativa. Tiramos daqui a nossa primeira lição dos dados históricos: ativos com risco, em média, geram prêmios por risco. Em outras palavras, existe uma recompensa por assumir riscos. A pergunta é: o que determina a magnitude relativa de prêmios por riscos de diferentes ativos? A resposta constitui a base da moderna teoria de finanças e dedicaremos uma boa parte do nosso estudo a ela, posteriormente. Por ora, vamos encontrar partes da resposta examinando as variações históricas dos diferentes investimentos, voltando atenção à medida da variabilidade dos retornos, isto é, porque os retornos anuais de ações ordinárias tendem a ser mais voláteis que, digamos, os retornos de obrigações do governo. 60 50 40 30 20 10 0 1926 1935 1940 1945 1960 1965 1950 1955 1975 1980 1970 1985 1990 1995 1998 Distribuição de frequências dos retornos das ações ordinárias: 1926 - 1997 Para começar, podemos desenhar a distribuição de frequências dos retornos de ações ordinárias (grandes empresas) como mostra a figura abaixo. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 14. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 14 - Média Fonte: Stocks, bonds, bills, and inflation 1997 yearbook, Ibbotson Associates, Inc., Chicago. Observe que os retornos mais frequentes (moda) estão nos intervalos entre 10% e 20% e entre 30% e 40% (distribuição bimodal). Em ambos os casos, a frequência do retorno da carteira de aços ordinárias foi igual a 13, em 72 anos. O que precisamos agora é medir a dispersão efetiva entre os retornos. Sabemos, por exemplo, que o retorno de ações ordinárias em um ano típico foi 13,0%. Agora desejamos saber em quanto o retorno real desviou-se desta média de um ano típico. Em outras palavras precisamos medir quão volátil o retorno é. Mediremos esta volatilidade pela variância e sua raiz quadrada, o desvio-padrão. Variância = É a média do quadrado da diferença entre o retorno verdadeiro e o retorno médio. Σ ೙ ߪଶ ൌ ೔సభ ሺோ೔ ିோതሻమ ௡ ... para uma população ݏଶ ൌ Σ೙ ሺோ೔ିோതሻమ ೔సభ ௡ିଵ ... ... para uma amostra EXEMPLO A tabela 1.1, a seguir, mostra as taxas anuais de retorno das ações da Cia. Alfa S.A., verificadas em 4 anos. Qual a variância da taxa de retorno? Solução Aplicando a fórmula da variância amostral, temos: ,︶,% , ︵ ︶ 10  388 2  6  388 2   3  388 2  2 5  388 2 , ︵ ︶ , ︵ ︶ , ︵ 2 VARs ou 30 36 4 1   Na HP-12C introduzimos os dados como antes (cálculo do retorno médio): f  10 + 6 + 3 CHS + 2.5 + g s ENTER 2 yx … 30.3958 No Excel, temos a função VAR.A para a realização deste cálculo no caso de uma amostra5: 5 No caso de uma população, usamos a função VAR.P Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 15. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 15 - Quando trabalhamos com valores em porcentagens, devemos multiplicar por 100, pois na fórmula os valores porcentuais (divididos por 100) são elevados ao quadrado, resultando 10.000 menores. Ao multiplicarmos por 100, recuperamos o valor porcentual. Outro conceito importantíssimo para nós em análise de risco é o DESVIO-PADRÃO. Desvio-padrão = É a raiz quadrada da variância. ೙ ߪ ൌ √ߪଶ ൌ ටΣ ೔సభ ሺோ೔ ିோതሻమ ௡ para uma população ݏ ൌ √ݏଶ ൌ ටΣ ሺோ೔ିோതሻమ ೙ ೔సభ ௡ିଵ para uma amostra A propriedade do desvio padrão é tal que quando os dados subjacentes estão normalmente distribuídos, aproximadamente 68% de todos eles caem dentro de um desvio padrão em cada lado da média, e aproximadamente 95% de todos os valores caem dentro de dois desvios padrões de cada lado da média6. Isto tem aplicação em muitos campos, particularmente quando se tenta decidir se um valor observado não é usual de ser significativamente diferente da média. Até o momento, enfatizamos a variabilidade anual dos retornos. Devemos observar que, mesmo os movimentos diários podem apresentar uma volatilidade considerável. Por exemplo, recentemente, em 27 de outubro de 1997, o Índice Down Jones apresentou a drástica variação de 554,26 pontos. De acordo com os padrões históricos, esse foi um dos piores dias para as 30 ações que compõem o índice (assim como para a maior parte das ações no mercado). Mesmo assim, embora a queda tenha sido a maior que o Índice Dow Jones sofreu em termos de pontos, foi na realidade a 12ª maior queda percentual da história em um dia, como mostra a tabela a seguir: Maiores Variações Percentuais do Índice Dow Jones em um diaResultado 19 de outubro de 1987 -22,6% 28 de outubro de 1929 -12,8 29 de outubro de 1929 -11,7 6 de novembro de 1929 -9,9 18 de dezembro de 1899 -8,7 12 de agosto de 1932 -8,4 14 de março de 1907 -8,3 26 de outubro de 1987 -8,0 21 de julho de 1933 -7,8 18 de outubro de 1937 -7,7 1 de fevereiro -7,2 27 de outubro de 1997 -7,2 6 Isto será visto em detalhes adiante. Não se preocupe por enquanto. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 16. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 16 - Esta discussão enfatiza a importância de se examinar retornos em termos percentuais em vez de valores em dólares ou números de pontos do índice O DESVIO PADRÃO NA HP-12C Após ter introduzidos os dados como fizemos para a média, simplesmente pressione g s. EXEMPLO Os 10 últimos preços de venda da ação XYZ foram: $19,80; $18,50; $20,52; $22,53; $20,67; $20,18; $20,00; $18,90; $19,21; $20,04. Qual foi o desvio padrão e a variância destes preços de venda? Solução Certifique-se em apagar os registros estatísticos antes de iniciar os cálculos. Para isso, pressione f  antes de tudo. Daí comece a digitação: 19.80 + ....o visor mostrará 1 (o primeiro dado) 20,52 + e assim até o último dado. Para se calcular o desvio padrão aperte g s aparecerá 1,12, no visor, representando a volatilidade da ação XYZ. A seguir pressione ENTER 2 e yx e encontre a variância da amostra s2 = . Baseado nestes números, aproximadamente 68% dos preços está no intervalo de $20,04 $1,12. Ou seja, entre $ 18,92 e $ 21,16. OBSERVAÇÃO: Ao desejarmos o desvio-padrão da população, basta calcular a média e introduzir a média novamente como um novo elemento no conjunto de dados e repetir o cálculo g s, obtendo o desvio padrão da população. O efeito da introdução da média como elemento aumenta o conjunto de dados, mas não afeta a soma dos desvios em relação à média, pois quando se subtrair a média dela mesma, o resultado será nulo. No Excel o desvio padrão dos valores da tabela 1.1 é encontrado com a função DESVPAD.A(intervalo de valores), assim O desvio padrão aceita os valores porcentuais e realiza o cálculo normalmente, isto é não precisamos multiplicar o resultado por 100. Usando a calculadora (ou o Excel) podemos obter os retornos históricos de 1926- 1999: Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 17. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 17 - Retorno Desvio Séries Anual Médio Padrão Distribução Ações de Grandes Empresas 13.0% 20.3% Ações de Pequenas Empresas 17.7 33.9 Títulos Empresariais de Longo Prazo 6.1 8.7 Títulos do Governo de Longo Prazo 5.6 9.2 U.S. Treasury Bills 3.8 3.2 Inflação 3.2 4.5 Fonte: © Stocks, Bonds, Bills, and Inflation 2000 Yearbook™, Ibbotson Associates, Inc., Chicago (trabalho anualmente atualizado por Roger G. Ibbotson and Rex A. Sinquefield). All rights reserved. A figura acima resume várias das discussões mantidas até agora sobre a história do mercado de capitais. Mostra os retornos médios, desvios padrões e distribuições de frequências de retornos anuais em uma escala comum. Observe nela que o desvio padrão da carteira de ações de pequenas empresas, por exemplo, é (33,9% a.a.) quase 10 vezes maior que o desvio-padrão das T-bills (3,2% a.a.). Uma segunda lição extraída da análise destes retornos históricos de diversos ativos financeiros é que quanto maior a recompensa em potencial, maior é o risco em potencial. O trade-off Risco-Retorno será: 18% 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% Ações de Pequenas Empresas Ações de Grandes Empresas Títulos de Longo Prazo T-Bills 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% Retorno Médio Anual Podemos observar que: Desvio Padrão do Retorno Anual  Taxa de retorno sobre T-bills é essencialmente livre de risco.  Investir em ações é arriscado.  Para os investidores tolerarem este risco, eles precisam ser compensados – eles exigem um prêmio de risco.  A diferença entre o retorno sobre os T-bills e ações é o prêmio de risco por se investir em ações.  Um velho ditado da Wall Street é “Você pode ou dormir bem ou comer bem”. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 18. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 18 - Não existe uma definição universalmente aceita para o risco. As medidas do risco que discutimos são a variância e o desvio padrão. O desvio padrão é a medida estatística padrão do espalhamento de uma amostra, e ela será a medida que usaremos na maioria das vezes. QUESTÃO: O retorno esperado das ações deveria ser uma função da variância ou do desvio padrão das ações? Um importante atributo do desvio padrão como uma medida de espalhamento é que se a média e o desvio padrão de uma distribuição normal são conhecidos, é possível calcular o percentil associado com qualquer resultado dado. Numa distribuição normal, cerca de 68% dos resultados estão dentro de um desvio padrão da média e cerca de 95% dos resultados estão dentro de dois desvios padrões da média. O desvio padrão tem sido comprovado uma medida extremamente útil do espalhamento em parte porque ele é matematicamente tratável. Muitas fórmulas de estatística inferencial usam o desvio padrão. COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV) O coeficiente de variação é uma medida estatística que indica a dispersão relativa, isto é, o risco unitário de um ativo. É calculada pela seguinte expressão: ܥܸ ൌ ఙ ఓ ....para a população ܥܸ ൌ ௦ ௫̅ ....para a amostra Por ser uma medida relativa e não absoluta, como o desvio padrão, o CV é um indicador mais exato na comparação de riscos de ativos com diferentes retornos esperados. Ele indica a dispersão relativa, ou seja, o risco por unidade de retorno esperada. Quanto maior o coeficiente de variação, maior será o risco do ativo. EXEMPLO Os retornos mensais dos investimentos em ações A e B durante os últimos 6 meses estão apresentados na tabela seguinte: A B 5% 6% 9% 7% 15% 9% 12% 7% 9% 6% 6% 8% a. Calcule os retornos médios de A e B. b. Calcule os desvios padrões de A e B. c. Qual dos dois apresenta maior dispersão? Solução Certifique-se em apagar os registros estatísticos antes de iniciar os cálculos. Para isso, pressione f  antes de tudo. Daí comece a digitação: 5 + ....o visor mostrará 1 (o primeiro dado) 9 + e assim até o último dado. Para se calcular a média dos retornos da Ação A pressionamos g ࢞ഥ , o visor mostrará 9,33, a seguir, para o cálculo do desvio padrão da Ação A, aperte g s aparecerá 3,72, no visor, representando a sua volatilidade. Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 19. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 19 - A seguir, fazendo a mesma coisa para a Ação B e calculando o CV de ambas as ações, ficamos com: A B xmédio 9,33% 7,17% s 3,72% 1,17% CV 39,9% 16,9% O coeficiente de variação CV mede a variabilidade (em Finanças = RISCO do investimento). Neste exemplo temos que o CV (risco) da Ação A é MAIOR que o da ação B. EXERCÍCIO de FIXAÇÃO Os retornos anuais das ações X e Y durante os últimos 5 anos foram: X Y 12% 12% 15% 16% 12% 15% 11% 9% 14% 13% a. Quais os retornos médios das ações X e Y? Resp: XMédio = 12,80 e Ymédio =13%. b. Quais os desvios padrões dos retornos das ações X e Y? SX = 1,64 e SY = 2,74. c. Quais os coeficientes de variações das ações X e Y? CVX = 0,13 e CVY =0,21 d. Qual ação apresenta maior risco? A ação Y EXERCÍCIOS 1. Suponha que a Capivara Co. e a Berts Co., tenham apresentado os seguintes retornos nos últimos quatro anos: Ano Capivara Co. Berts Co. 2006 12% 12% 2007 15% 16% 2008 12% 15% 2009 11% 9% 2. a. Quais os retornos médios? Resp: CapivaraMédio = 17,50 e Bertsmédio =5,5%. b. Quais os desvios padrões dos retornos?SCapivara = 0,2987 e SBerts = 0,1327. c. Quais as variâncias dos retornos? S2 capivara = 0,0892 e S2 Berts = 0,0176 d. Qual empresa apresenta maior risco? A Berts é um investimento mais volátil 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 20. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 20 - RISCOS E RETORNOS ESPERADOS CONTEMPLANDO O FUTURO Até agora ficamos focado no passado e aprendemos algumas lições sobre a história dos mercados de capitais: 1ª lição – Existe uma recompensa, na média, por assumir risco, chamada de prêmio por risco. 2ª lição – O prêmio por risco é maior nos investimentos mais arriscados. Vamos agora explorar as implicações econômicas e gerenciais desta ideia básica. Até agora, nas nossas análises, concentramo-nos principalmente no comportamento do retorno de algumas carteiras amplas. Precisamos expandir nossas considerações para incluir títulos individuais. Temos então duas tarefas: 1ª tarefa – Precisamos definir risco e discutir como medi-lo. 2ª tarefa – Necessitamos quantificar a relação entre os riscos e os retornos exigidos dos ativos. Como dissemos, anteriormente discutimos como calcular retornos médios e variâncias utilizando dados históricos. Comecemos agora a discutir como analisar retornos e variâncias quando as informações disponíveis dizem respeito a possíveis retornos futuros e suas possibilidades de ocorrência. Para tanto precisamos de uma nova medida estatística, chamada média ponderada. MÉDIA PONDERADA Numa média aritmética simples, os valores individuais são adicionados e divididos pelo número de valores envolvidos. Com efeito, cada peso do valor ou contribuição à média é 1/n, onde n é o número de valores na amostra. Comparativamente, uma média ponderada é uma média calculada dando diferentes pesos a alguns dos valores individuais. Exemplos: Uma média simples dos três números 5, 10 e 15 aplica-se um peso igual a (1/3) para cada valor e a uma média simples dos três números 5, 10 e 15 aplica-se um peso igual a (1/3) para cada valor e a média resultante é 10. Uma média ponderada ou média poderá aplicar um peso de 50% a 5 e 25% para cada um dos 10 e 15, resultando numa média ponderada de 8,75. Existem muitas situações onde um cálculo de média ponderada economiza uma grande porção de tempo do que usar uma abordagem de média simples. Dado um conjunto de dados coletados onde valores repetidos vn ocorrem kn vezes (peso), a média ponderada é calculada como: (k . v ) n n    n w k x MÉDIA PONDERADA NA HP-12C Na HP-12C a média ponderada é calculada com o uso das teclas g ࢞ഥ࢝ e os conteúdos de dois somatórios são usados.   w x  w x w Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 21. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 21 - EXEMPLO Um grande shopping center quer saber a média ponderada dos preços de venda de 2.000 unidades de um produto que tem o seu preço final ajustado de acordo com os primeiros dez dias de vendas. Calcule o preço médio e a média ponderada dos preços de vendas deste produto. Preço por # de unidades Preço por unidade # de unidades unidade vendidas vendidas R$ 24,20 354 R$ 24,14 288 R$ 24,10 258 R$ 24,06 240 R$ 24,00 209 R$23,95 186 R$ 23,90 133 R$ 23,84 121 R$ 23,82 110 R$ 23,75 101 Solução Certifique-se em apagar as memórias estatísticas/somatório antes de iniciar o problema. f  Médias regulares e médias ponderadas podem ser calculadas dos mesmos dados acumulados na HP12C, desde que a ordem dos valores seja entrada correta-mente: valor ENTER peso. 24.20 ENTER 354 + 24.14 ENTER 288 + 24.10 ENTER 258 + 24.06 ENTER 240 + 24.00 ENTER 209 + 23.95 ENTER 186 + 23.90 ENTER 133 + 23.84 ENTER 121 + 23.82 ENTER 110 + 23.75 ENTER 101 + Para calcular a média ponderada dos preços de venda: g ࢞ഥ࢝ 24,03 Para calcular o preço médio: g ࢞ഥ R 23,98 Note que a tecla R é pressionada porque o valor que aparece no visor após g ࢞ഥ ser pressionados é a média dos pesos e não será de nenhuma utilidade neste exemplo. O Excel dispõe de uma função fantástica para encontrarmos a média ponderada, trata-se de função SOMARPRODUTO(matriz1;matriz2). Vejamos como fica o exemplo anterior no Excel: 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 22. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 22 - RETORNO ESPERADO É a expectativa futura de retorno de um ativo com risco. Este será a primeira medida importante para o estudo do risco e representa a média dos vários resultados (outcomes) esperados ponderados pela probabilidade atribuída a cada um desses valores. Assim ௡ ܧሺܴሻ ൌ ෍ሺܲ௞ ݔ ܴ௞ሻ ௞ୀଵ Onde E(R) = retorno esperado Pk = probabilidade de ocorrência de cada evento Rk = valor de cada resultado considerado EXEMPLO 1 Admita que você esteja avaliando dois investimentos: A e B. Baseando-se em sua experiência de mercado e em projeções econômicas, você desenvolve a seguinte distribuição de probabilidades dos resultados monetários previstos: Investimento A Investimento B Resultados esperados Probabilidades Resultados esperados Probabilidades $ 650 25% $ 500 30% $ 700 50% $ 700 40% $ 750 25% $ 900 30% Solução Substituindo-se estes dados na expressão do E(R)acima, ficamos: E(RA) = (0,25 x $ 650) + (0,50 x $ 700) + (0,25 x $ 750) = $ 700 E(RA) = (0,30 x $ 500) + (0,40 x $ 700) + (0,30 x $ 900) = $ 700 As duas alternativas investimentos apresentam o mesmo valor esperado de $ 700, podendo-se considerar, em termos de retorno prometido, como indiferente a implementação de uma ou de outra. Na HP-12C, faríamos: f  650 ENTER 0,25 + 700 ENTER 0,50 + 750 ENTER 0,25 + g ࢞ഥ࢝ f  500 ENTER 0,30 + 700 ENTER 0,40 + 900 ENTER 0,30 + g ࢞ഥ࢝ No Excel temos: Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 23. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 23 - No exemplo anterior você estabeleceu a distribuição de probabilidades dos resultados monetários baseado na sua experiência. EXERCÍCIO de FIXAÇÃO 1. Com base nas informações a seguir, calcule o retorno esperado. Estados da Economia Probabilidade do estado Retorno do título de acordo com o Estado Crescimento 0,30 26% Recessão 0,70 8% EXEMPLO 2 Considere um único período, digamos, um ano. Temos duas ações, a LMTC10 com expectativa de retorno de 70% se a economia se aquecer e -20% se houver recessão. A UDNZ15 com expectativa de retorno de 10% se a economia se aquecer e 30% se houver recessão, no mesmo período. Suponha ainda que você acredita que haverá um crescimento na economia em apenas 20% das ocasiões. Quais os retornos esperados das ações LMTC10 e UDNZ15? Solução Em primeiro lugar, consideremos apenas dois estados da natureza (crescimento e recessão). Haverá crescimento em 20% das ocasiões e recessão em 80% das ocasiões. Assim Estados da Economia Probabilidade do estado Retorno dos títulos de acordo com o Estado Resultados esperados da Ação LMTC10 Resultados esperados da Ação UDNZ15 Crescimento 0,20 70% 10% Recessão 0,80 -20% 30% Substituindo-se estes dados na expressão do E(R)acima, ficamos: 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 24. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 24 - E(RLMTC10) = (0,20 x 70%) + (0,80 x (-20%)) = -2% E(RUDZN15) = (0,20 x 30%) + (0,80 x 10%) = 14% Na HP-12C f  70 ENTER 0,20 + 20 CHS ENTER 0,80 + g ࢞ഥ࢝ .... -2.00 f  30 ENTER 0,30 + 10 ENTER 0,80 + g ࢞ഥ࢝ .... 14 No Excel, temos: Retorno Esperado E(RA) ‐2% Retorno Esperado E(RB) maneira 1 maneira 2 =A3*B3+A4*B4+A5*B5 =SOMARPRODUTO($A$3:$A$5;$B$3:$B$5) 14% =C3*D3+C4*D4+C5*D5 =SOMARPRODUTO($C$3:$C$5;$D$3:$D$5) Neste exemplo supusemos que há apenas duas condições econômicas possíveis: expansão e recessão. É claro que, na verdade, a condição econômica pode variar de uma profunda depressão até uma expansão fantástica, e há um número ilimitado de possibilidades entre os extremos. Suponha que tivéssemos tempo e paciência para determinar uma probabilidade para cada possível condição econômica (com a soma das probabilidades ainda sendo igual a 1,0) e para determinar uma taxa de retorno para cada ação e em cada condição. Poderíamos também fazer simulações de Monte Carlo para incorporar inúmeros cenários futuros (5.000 ou mais cenários). EXERCÍCIO de FIXAÇÃO 1. Com base nas informações a seguir, calcule o retorno esperado: Estados da Economia Probabilidade do estado Retorno do título de acordo com o Estado Recessão 0,10 -0,09 Normal 0,70 0,11 Crescimento 0,20 0,28 Uma forma bem ilustrativa de representar os vários retornos esperados (para vários estados da natureza) é efetuada por meio de um gráfico que envolva as distribuições de probabilidades das alternativas, como mostra a figura Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 25. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 25 - Distribuições discretas de probabilidades Distribuições contínuas de probabilidades A medida que o valor esperado NÃO demonstra o risco associado a cada proposta de investimento, o que faz que seja necessário conhecer o grau de dispersão dos resultados em relação à média. Essa quantificação, que denota o risco do investimento, pode ser efetuada mediante os cálculos do desvio-padrão e variância. A mais elevada medida de dispersão (variação e desvio-padrão) do ativo B, visualizada no gráfico acima, revela seu maior grau de risco em relação ao ativo A. Ou seja, a variabilidade maior da média (retorno esperado) do ativo B em relação aos possíveis resultados evidencia mais alta expectativa de risco desse ativo. CÁLCULO DO DESVIO-PADRÃO E DA VARIÂNCIA Essas medidas de dispersão indicam como os valores de um conjunto se dispersam em relação a seu ponto central, a média. Quanto maior se apresenta o intervalo entre os valores extremos de um conjunto, menor é a representatividade estatística da média, pois os valores em observação encontram-se mais distantes dessa medida central. Tanto o desvio-padrão como a variância têm por objetivo medir estatisticamente a variabilidade (grau de dispersão) dos possíveis resultados em termos de valor esperado. Representam como visto, em outras palavras, medidas de risco, e são determinados pelas seguintes expressões de cálculo7: 7 As calculadoras não têm nenhuma função embutida para encontrar o desvio padrão e a variância quando se trata de dados probabilísticos; nesse caso você precisa executar o processo através de tabelas, manualmente. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 26. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 26 - ௡ ߪ ൌ ඩ෍ ܲ௞ ݔ ሺܴ௞ െ ܴതሻଶ ௞ୀଵ VAR = 2 EXEMPLO 1 As distribuições de probabilidades das taxas de retorno para duas empresas a Capivara Co. e a Berts Co.estão mostradas abaixo: Estados da Economia Probabilidade do estado Retorno dos títulos de acordo com o Estado Resultados esperados da Capivara Co. Resultados esperados da Berts Co. Expansão 0,30 100% 20% Normal 0,40 15% 15% Recessão 0,30 (70%) 10% Encontre: a. O retorno médio de cada empresa b. O desvio padrão de cada empresa c. A variância de cada empresa Solução O retorno médio é encontrado na HP-12C como f  100 ENTER 0,30 + 15 ENTER 0,40 + 70 CHS ENTER 0,30 + g ࢞ഥ࢝ 15% f  20 ENTER 0,30 + 15 ENTER 0,40 + 10 ENTER 0,30 + g ࢞ഥ࢝ 15% A variância8 é encontrada como ߪଶ ൌ 0,3 ݔ ሺ100 െ 15ሶ ሻଶ ൅ 0,4 ݔ ሺ15 െ 15ሶ ሻଶ ൅ 0,3 ݔ ሺെ70 െ 15ሶሻଶ ൌ 0,3 ݔ 7.225 ൅ 0,4 ݔ 0 ൅ 0,3 ݔ 7.225 ൌ 2.167,5 ൅ 0,0 ൅ 2.167,5 ൌ 4.335,0 ߪଶ ൌ 0,3 ݔ ሺ20 െ 15ሶ ሻଶ ൅ 0,4 ݔ ሺ15 െ 15ሶ ሻଶ ൅ 0,3 ݔ ሺ10 െ 15ሶ ሻଶ ൌ 0,3 ݔ 25 ൅ 0,4 ݔ 0 ൅ 0,3 ݔ 25 ൌ 7,5 ൅ 0,0 ൅ 7,5 ൌ 15,0 Os desvios padrões são encontrados como: ߪ ൌ ඥߪଶ ൌ √4.335 ൌ 65,84% ߪ ൌ ඥߪଶ ൌ √15 ൌ 3,873% No Excel, teríamos: Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 27. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 27 - EXERCÍCIOS 1. Para você praticar o cálculo de medidas prospectivas de desempenho de carteiras, considere dois ativos e três estados da economia. Estados da Economia Probabilidade do estado Taxa de Retorno dos Ativos de acordo com o Estado Resultados esperados da Ação A Resultados esperados da Ação B Recessão 0,10 -0,20 0,30 Normal 0,60 0,10 0,20 Crescimento 0,30 0,70 0,50 Quais são os retornos esperados e desvios-padrões destes dois ativos? Respostas: E(RA) = 25% e E(RB) = 30%; 2 A = 0,0945 e 2 B = 0,0180; A = 30,74% e B = 13,42%. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 28. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 28 - 2. Com base nas seguintes informações, calcule os retornos e desvios-padrões das duas ações Estados da Economia Probabilidade do estado Taxa de Retorno dos Ativos de acordo com o Estado Resultados esperados da Ação A Resultados esperados da Ação B Recessão 0,20 0,04 -0,20 Normal 0,60 0,08 0,20 Crescimento 0,20 0,16 0,60 3. Com base nas informações a seguir, calcule os riscos das companhias A e B Estado da economia Probabilidades Taxa de retorno projetada para as ações Cia A Cia B Recessão 5% -2,3% -1,5% Estagnação 10% 1,5% 2,4% Crescimento 25% 4,5% 5,6% Moderado Crescimento Elevado 60% 6,8% 7,5% Resp: A = 2,09% e B = 2,06% Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 29. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 29 - 4. Suponhamos que um investidor, ao avaliar as ações das companhias Alfa e Beta, estime os seguintes fluxos de caixa futuros com suas respectivas probabilidades de ocorrência, conforme indicados na tabela abaixo: Cia. Alfa Cia. Beta Dividendos esperados Probabilidades Dividendos Esperados Probabilidades $ 729 0,10 360 0,10 $ 780 0,15 600 0,20 $ 840 0,50 840 0,40 $ 900 0,15 1.080 0,20 $ 960 0,10 1.329 0,10 Avalie os retornos esperados e os riscos das ações Resp: E(RA) = $ 840,90 E(RB) = $ 840,90 A = $ 61,25 B = $ 264,56 Observe que ambos os investimentos fornecem o mesmo valor esperado, sendo ao investidor indiferente comprar as ações de uma ou outra companhia. Todavia, as ações da companhia Alfa exibem um risco mais baixo (menor desvio-padrão) que as ações da companhia Beta. Se o investidor tiver aversão ao risco, certamente ele comprará as ações da companhia Alfa. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 30. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 30 - Desvio Padrão é importante? Um importante atributo do desvio padrão como uma medida de espalhamento é que se a média e o desvio padrão de uma distribuição normal são conhecidos, é possível calcular o percentil associado com qualquer resultado dado. Numa distribuição normal, cerca de 68% dos resultados estão dentro de um desvio padrão da média e cerca de 95% dos resultados estão dentro de dois desvios padrões da média. O desvio padrão tem sido comprovado uma medida extremamente útil do espalhamento em parte porque ele é matematicamente tratável. Muitas fórmulas de estatística inferencial usam o desvio padrão. A DISTRIBUIÇÃO NORMAL O conceito básico de probabilidade refere-se à possibilidade (ou chance), expressa normalmente em porcentagem, de ocorrer determinado evento. Por exemplo, uma previsão do tempo poderia dizer: “Há 40% de chance de chover hoje e 60% de chance de não chover”. Se todos os eventos (ou resultados) possíveis, são relacionados, e se é atribuída uma probabilidade para cada evento, essa listagem é chamada de distribuição de probabilidades. Assim Resultado (Evento) Probabilidade Chover 0,4 = 40% Não Chover 0,6 = 60% 1 =100% As probabilidades também podem ser atribuídas aos resultados (ou retornos) possíveis de um investimento. Por exemplo, ao assumir uma probabilidade de 70% de que ocorra um fluxo de caixa de $ 800 em determinado período de projeto, está-se, na verdade, introduzindo um risco de 30% de que tal não se verifique (1 – 0,70), dada sua chance conhecida de 70%. Vejamos a frequência (probabilidades) dos retornos da S&P 500 (variável aleatória): 0 2 5 Freqüência dos Retornos da S&P 500 11 16 9 12 12 1 Aproximação Normal Média = 12.8% Desvio Padrão = 20.4% 2 1 1 0 16 14 12 10 8 6 4 2 0 62% 52% 42% 32% 22% 12% 2% -8% -18% -28% -38% -48% -58% Freqüência do Retorno Retornos anuais Fonte© Stocks, Bonds, Bills, and Inflation 2000 Yearbook™, Ibbotson Associates, Inc., Chicago (trabalho anualmente atualizado porRoger G. Ibbotson and Rex A. Sinquefield). All rights reserved. Para diversos eventos aleatórios na natureza, determinada distribuição de probabilidades, é usada para descrever a probabilidade de se ter um valor dentro de um intervalo. Por exemplo, a idéia de dar notas em escala numa prova resulta do fato de que as notas de provas se assemelham frequentemente à curva da chamada distribuição normal. A distribuição normal é simétrica em forma de sino, que é definida completamente pela média e pelo desvio-padrão. Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 31. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 31 - A diferença nas duas figuras acima é que a primeira figura temos uma distribuição de apenas um número finito de observações, enquanto a segunda figura está baseada em um número infinito de observações. A utilidade da distribuição normal consiste no fato de que ela pode ser completamente descrita pela média e pelo desvio-padrão. Se você tiver estes dois dados, não precisará conhecer mais nada Uma variável estatística pode ser classificada como discreta ou contínua. Uma variável é discreta quando assume um número finito de valores e contínua quando assume um número infinito de valores. Ao assumir valores infinitos é definida para a variável uma distribuição de probabilidades normal, representada por uma curva contínua e simétrica na forma de sino. Essa curva é chamada de curva normal ou curva de Gauss, em homenagem ao seu criador Johann Carl Friedrich Gauss. Ela é amplamente usada em Finanças pelo fato da grande aproximação à curva normal dos retornos esperados e outros eventos financeiros. Na distribuição contínua, o valor da probabilidade é calculada unicamente para determinado intervalo de valores. A equação da curva normal para esses cálculos é expressa da seguinte forma: ݂ሺݔሻ ൌ 1 ߪ√2ߨ ିିሺ௫ି௫̅ሻమ ݁ଶఙమ Onde f(x) = frequência de determinado valor ݔ̅ = média da distribuição  = desvio-padrão da distribuição Felizmente, não é necessário processarem-se os cálculos dessa fórmula para se determinar as áreas sob a curva normal que ela gera. Seus resultados estão tabelados (ver Tabela abaixo) 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 32. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 32 - Distribuição Normal – Valores P(0 ≤ Z ≤ z0) Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 33. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 33 - Para utilizar essas tabelas de cálculo, é necessário determinar uma variável padronizada Z. Sua expressão de cálculo é a seguinte: ܼ ൌ ݔ െ ߤ ߪ Onde Z é a variável padrão que significa o número de desvio-padrão existente a partir da média. EXEMPLO Considere um ativo (uma ação, por exemplo) que tenha retorno esperado de ܧሺܴሻ =  = 30% e risco (desvio-padrão)  = 12%. Encontre o valor da variável padrão Z para R1 = 30% e R2 = 48%. Solução ܼ ൌ ݔ െ ߤ ߪ ൌ 30% െ 30% 12% ൌ 0 ܼ ൌ ݔ െ ߤ ߪ ൌ 48% െ 30% 12% ൌ 1,50 LEITURA DA TABELA A leitura desta tabela é feita identificando-se na primeira coluna z0 as duas primeiras casas do valor de Z calculado, a terceira casa deve ser observada na coluna. Por exemplo, para um valor Z = 1,50, o valor da área estará na linha 1,5 (as duas primeiras casas de Z) e na coluna 0 (terceira decimal), que corresponderá a 0,4332. No exemplo acima temos para Z = 0 o valor 0,00, e para Z = 1,50, o valor 0,4332. Isto significa que existem 43,32% de probabilidade da taxa de retorno R esperado do ativo situar-se entre 30% e 48%. Cabe lembrar que a Tabela acima é válida também para valores negativos de Z, uma v ez que os seus valores são simétricos em relação à média. EXEMPLO Considere um ativo (uma ação, por exemplo) que tenha retorno esperado de ܧሺܴሻ =  = 30% e risco (desvio-padrão)  = 12%. Encontre a probabilidade do retorno esperado deste ativo ficar entre 24% e 36%, no período. Solução ܼ ൌ ݔ െ ߤ ߪ ൌ 24% െ 30% 12% ൌ െ0,500 ܼ ൌ ݔ െ ߤ ߪ ൌ 36% െ 30% 12% ൌ 0,500 O valor tabelado para Z = 0,500 é 0,1915, a direita e à esquerda, ou seja, positivo e negativo. Dessa forma a probabilidade será a soma das áreas do lado positivo e negativo [0,1915 – (-0,1915) =0,3830]. Assim, a probabilidade do retorno esperado do ativo ficar entre 24% e 36% , no período, é de 38,30% . A DISTRIBUIÇÃO NORMAL NO EXCEL Isso tudo poderia ser feito direto no Excel ................... 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 34. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 34 - EXERCÍCIOS 1. Uma empresa deseja realizar investimentos no mercado financeiro utilizando seus excedentes de caixa. O gerente financeiro selecionou dois ativos A e B, para serem analisados. O ativo A apresenta um retorno esperado de 20% e o desvio-padrão do retorno de 16%. O ativo B tem um retorno esperado de 26% e desvio-padrão do retorno de 25%. O gerente financeiro decidiu investir no ativo B. Analise a decisão de investimento tomada. 2. Abaixo, são apresentados os retornos esperados da ação de uma empresa de capital aberto e do mercado, considerando três cenários prováveis: Cenários Probabilidades Retorno de mercado Retorno da ação da empresa Otimista 30% 24% 18% Mais 50% 16% 12% provável Pessimista 20% 6% -3% Pede-se apurar: a. Retorno esperado da ação da empresa; b. Retorno esperado do mercado; c. Desvio-padrão e variância dos retornos da ação da empresa. 3. Determinar o desvio-padrão dos títulos A e B, cujos retornos e respectivas probabilidades são dados a seguir: Título A Título B Retorno Probabilidades Retorno Probabilidade 8% 15% 5% 40% 10% 20% 10% 30% 11% 30% 15% 20% 18% 35% 22% 10 4. Calcular o retorno esperado, o desvio-padrão e o coeficiente de variação dos investimentos que oferecem os seguintes resultados e probabilidades: Investimento A Investimento B Retorno Esperado Probabilidades Retorno Esperado Probabilidade $ 300 25% $ 600 26% $ 400 25% $ 700 23% $ 500 18% $ 200 19% $ 450 22% $ 100 15% $ 200 10% $ 150 17% Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 35. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 35 - A TEORIA DE CARTEIRA (PORTFOLIO) DE MARKOWITZ Até agora consideramos o grau de risco dos ativos tomados isoladamente! Agora vamos estudar o comportamento de uma carteira composta de vários ativos. Uma carteira (portfólio, em inglês) é uma combinação de ativos, tais como investimentos, ações, obrigações, commodities, investimentos em imóveis, títulos com liquidez imediata ou outros ativos em que uma pessoa física ou jurídica possa investir e que possa manter. Acontece que o grau de risco de um ativo mantido como parte de uma carteira (portfólio), como veremos, é menor. Por isso, a maioria dos ativos financeiros é mantida como parte de carteiras. Os bancos, fundos de investimentos e de pensão, seguradoras, fundos mútuos, etc. têm carteiras bem diversificadas. Mas o que é, na verdade, uma diversificação? É o que veremos pormenorizadamente mais adiante. Antes, porém vamos a alguns conceitos preliminares e fundamentais para o entendimento de como a diversificação pode reduzir o risco total. RETORNO ESPERADO DE UMA CARTEIRA Define-se o retorno esperado9 E(R) de uma carteira (portfólio) composta por vários ativos como a média ponderada do retorno esperado de cada ativo individual E(Rk), em relação a sua participação10 (peso) no total da carteira. Para uma carteira constituída por n ativos, o retorno esperado da carteira é dado por: ௡ ܧሺܴ௉ሻ ൌ ෍ ܧሺܴ௄ሻ ݔ ܲ݁ݏ݋௄ ௞ୀଵ Uma maneira alternativa de se fazer os cálculos seria encontrarmos o retorno observado da carteira em cada estado por meio da média ponderada dos n ativos com o peso igual à participação de cada um na carteira. Depois, então, fazemos outra média ponderada desses retornos observados da carteira com o peso igual à probabilidade de ocorrência de cada estado j. O retorno observado da carteira no estado j é: ௡ ை௕௦௘௥௩௔ௗ௢ ௝ ൌ ෍ ݓ௜ . ܴ௜ ܴ஼௔௥௧௘௜௥௔ ௜ୀଵ Onde wi representa a participação (pesos) de cada um dos n ativos na carteira. O valor esperado destes retornos observados da carteira nos m estados da natureza dará o retorno esperado da carteira propriamente dito: ௠ ை௕௦௘௥௩௔ௗ௢ ௝൯ ൌ ෍݌௝ . ܴ஼ തതതത ൌ ܧ൫ܴ஼௔௥௧௘௜௥௔ ௝ୀଵ ை௕௦௘௥௩௔ௗ௢ ௝ ܴ஼௔௥௧௘௜௥௔ Onde pj é a probabilidade de ocorrência do estado j. Faremos isto nos exercícios. 9 É a expectância. 10 Percentuais do valor da carteira total correspondentes a cada ativo específico. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 36. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 36 - EXEMPLO 1 Admita uma carteira composta por duas ações (A e B). O retorno esperado da ação A, RA, é de 20% e o da ação B, RB, é de 40%. Suponha também que 40% da carteira estejam aplicados na ação A, sendo, portanto, os 60% restantes aplicados na ação B. Calcule o retorno esperado RP desta carteira. Solução E(RP) = (peso de A) x E(RA) + (peso de B) x E(RB) = 0,40 x 20% + 0,6 x 40% = 8% + 24% = 32%. Na HP-12C, temos: f  20 ENTER 0,40 + 40 ENTER 0,60 + g ࢞ഥ࢝ 32% Conclusão: Se a carteira fosse composta apenas pela ação A, o retorno esperado RA seria 20%, subindo para 40% se ela fosse composta apenas da ação B. Assim o retorno esperado da carteira toda, 32%, depende da proporção investida em cada ativo que a compõe. EXEMPLO 2 O investidor Mr. Bolsa deseja montar uma carteira com dois ativos financeiros: ações A e ações B. Ele tem a expectativa dos estados j da economia e dos retornos Ri correspondentes dados por: Probabilidade Retorno dos Títulos de Acordo com o Estado do Estado Retornos Esperados da Ação A Retornos Esperados da Ação B Estados da Economia pj Recessão 20% 10% 20% Normal 60% 20% 40% Crescimento 20% 30% 60% a. Encontre para o Mr. Bolsa o retorno esperado da carteira, തܴതതܿത, composta com igual participação de ambas as ações. b. Encontre para o Mr. Bolsa o retorno esperado da carteira, തܴതതܿത, composta com 20% de participação das ações A e 80% de participação das ações B. Solução Os cálculos na HP-12C é com você. No Excel, a coisa fica assim: Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 37. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 37 - EXERCÍCIO de FIXAÇÃO 1. Retornemos ao caso das ações LMTC10 e UDNZ15 do exemplo 1 e suponha que você colocou metade do seu dinheiro em cada uma. Qual o retorno esperado desta carteira para dois estados da economia: crescimento (probabilidade = 20%) e recessão (probabilidade = 80%). Sugestão: Calcule os retornos esperados de cada ação nos dois estados da economia e depois calcule a média ponderada (50% de cada um) dos ativos na carteira para encontrar o retorno esperado da carteira. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 38. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 38 - 2. Considere os portfolios seguintes e seus respectivos retornos (em porcentagem) durante os últimos seis meses. Ambos os portfólios terminam o período aumentando em valor de $1.000 para $1.058. Entretanto, eles diferem claramente na volatilidade. Os retornos mensais do Portfólio A variam de -1,5% a 3,0% enquanto os do Portfólio B variam de -9,0% a 12,0%. O desvio padrão dos retornos é uma medida melhor da volatilidade daquele intervalo porque ele leva em conta todos os valores. Assim o desvio padrão dos seis retornos para o Portfólio A é 1,52; para o Portfolio B é 7,24. EXERCÍCIOS 1. Quais são os pesos de uma carteira com 50 ações que estão sendo negociadas a $ 45 cada uma e 30 ações vendidas a $ 65 cada? 2. Você tem uma carteira com $ 1.000 investidos na ação A e $ 2.000 na ação B. Se os retornos esperados destas ações forem 18% e 12%, respectivamente, qual será o retorno esperado da carteira? 3. Você possui uma carteira que tem 40% investidos na ação X, 35% na ação Y e 25% na ação Z. Os retornos esperados dessas três ações são iguais a 10%, 16% e 23%, respectivamente. Qual é o retorno esperado dessa carteira? 4. Você tem $ 100.000 para aplicar em uma carteira de ações. Suas opções são a ação H, com retorno esperado de 20% e a ação L, com retorno esperado de 12%. Sendo seu objetivo criar uma carteira com retorno esperado de 17%, quanto dinheiro você deveria investir na ação H? E na ação L? 5. Uma carteira tem 40% investidos na ação G, 40% na ação J e 20% na ação K. Os retornos esperados dessas ações são iguais a 12%, 18% e 34%, respectivamente. Qual é o retorno esperado da carteira? Como você interpreta a sua resposta? VARIÂNCIA DE UMA CARTEIRA A variância de uma carteira (portfólio) de n ativos é simplesmente o valor esperado (ou expectância) dos quadrados dos desvios dos retornos observados da carteira em torno do retorno do retorno esperado da carteira: ଶ ൌ ܧሺܴ௉ െ ܴത௉ሻଶ ߪ௣௢௥௧௙ó௟௜௢ ௡ ଶ ൌ ܧ ൭෍ ݓ௜ܴ௜ ߪ௣௢௥௧௙ó௟௜௢ ௜ୀଵ ௡ െ ෍ ݓ௜ ௜ୀଵ ܴప ഥ ൱ ଶ ௡ ൌ ܧ ൭෍ሺܴ௜ െ ܴప ഥ ሻݓ௜ ௜ୀଵ ൱ ଶ Onde os wi são as participações dos ativos na carteira. Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 39. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 39 - Pode-se demonstrar para o caso de n ativos que esta expressão fica: ௡ ଶ ൌ ෍ ݓ௜ ߪ௣௢௥௧௙ó௟௜௢ ଶ ௜ୀଵ ௡ ௡ ଶ ൅ ෍෍ݓ௜ݓ௝ ߪ௜௝ . ߪ௜ ௝ୀଵ ௝ஷ௜ ௜ୀଵ ଶ é a variância do ativo i e ߪ௜௝ é a Aqui wi e wj são as participações dos ativos i e j na carteira, ߪ௜ covariância dos ativos i e j. Para o caso de uma carteira com 3 ativos, esta expressão se reduz a: ଷ ଶ ൌ ෍ ݓ௜ ߪ௣௢௥௧௙ó௟௜௢ ଶ ௜ୀଵ ଷ ଷ ଶ ൅ ෍෍ݓ௜ݓ௝ ߪ௜௝ . ߪ௜ ௝ୀଵ ௝ஷ௜ ௜ୀଵ ଶ ൌ ݓଵ ଶߪଵ ߪ௣௢௥௧௙௢௟௜௢ ଶ ൅ ݓଶ ଶߪଶ ଶ ൅ ݓଷ ଶߪଷ ଶ ൅ 2 ݓଵݓଶߪଵଶ ൅ 2 ݓଵݓଷߪଵଷ ൅ 2 ݓଶݓଷߪଶଷ O símbolo ≠ indica que i deve ser diferente. Tem-se também que: ߪଵଶ = ߪଶଵ; ߪଵଷ = ߪଷଵ e ߪଶଷ = ߪଷଶ. Estas são as covariâncias entre os ativos i e j que veremos a seguir. Lembrando que a raiz quadrada da variância nos dá o desvio padrão. Podemos, ainda, escrever a variância de uma carteira com n ativos na forma matricial: ଶ ൌ ሾݓଵ ݓଶ ⋯ ݓ௡ሿ ൥ ߪ௣௢௥௧௙௢௟௜௢ ߪଵଵ ଶ ߪଵଶ ⋯ ߪଵ௡ ⋮ ⋱ ⋮ ߪ௡ଵ ߪ௡ଶ ⋯ ߪ௡௡ ଶ ݓଵ ݓଶ⋮ ݓ௡ ൩ ቎ ቏ ଶ as variâncias do ativo i e ߪ௜௝ as covariâncias entre i e j. Sendo ߪ௜௜ A matriz central é chamada de matriz variâncias-covariâncias. É uma matriz quadrada composta ao todo por n2 elementos. Como a sua diagonal está formada pelas variâncias dos ativos (n variâncias), o número de covariâncias será igual ao número total de elementos menos o número de variâncias, isto é, n2 – n elementos. EXEMPLO As distribuições de probabilidades das taxas de retorno para três empresas, a Capivara Co., a Berts Co., e a Guaraná Brasil Co., estão mostradas abaixo: Estados da Economia Probabilidade do estado Retorno dos títulos de acordo com o Estado Resultados esperados da Capivara Co. Resultados esperados da Berts Co. Resultados esperados da Guaraná Brasil Co. Expansão 0,30 100% 20% 50% Normal 0,40 15% 15% 15% Recessão 0,30 (70%) 10% 0 Encontre: a. O retorno esperado, o desvio padrão e a variância de uma carteira com um montante igual investidos em cada uma das três empresas. b. O retorno esperado, o desvio padrão e a variância da carteira, se metade do investimento total tivesse sido na Capivara Co e o restante dividido igualmente entre a Berts Co. e a Guaraná Brasil Co. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 40. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 40 - Solução O retorno esperado, para os 3 estados da economia, de cada ativo da carteira será: E(Rcapivara) = 0,3 x 100% + 0,4 x 15% + 0,3 x (-70%) = 30+6+(-21)= 15% E(Rberts) = 0,3 x 20% + 0,4 x 15% + 0,3 x 10% = 6+6+3= 15% E(Rguaraná) = 0,3 x 50% + 0,4 x 15% + 0,3 x 0 = 15+6= 21% a. O retorno esperado da carteira com igual montante investidos em cada uma das três empresas: E(Rcarteira) = 1/3 x 15% + 1/3 x 15% + 1/3 x 21% = 5% + 5% + 7% = 17% Outra maneira de fazer este cálculo seria: Expansão...E(Rcarteira) = 1/3 x 100% + 1/3 x 20% + 1/3 x 50% = 1/3 x 170% Normal...E(Rcarteira) = 1/3 x 15% + 1/3 x 15% + 1/3 x 15% = 1/3 x 45% Recessão...E(Rcarteira) = 1/3 x (-70%) + 1/3 x 10% + 1/3 x 0% = -1/3 x 60% Para os três estados da economia, teríamos o retorno esperado da carteira com igual montante investidos em cada uma das três empresas: E(Rcarteira) = 0,3 x 1/3 x 170% + 0,4 x 1/3 x 45% + 0,3 x (-1/3 x 60%) = = 17 + 6 -6 = 17% A simples intuição poderia sugerir que a variância de uma carteira é uma combinação simples das variâncias dos ativos componentes da carteira. Assim, a variância esperada da carteira com igual montante investidos em cada uma das três empresas seria: Var(Rcarteira) = 1/3 x (0,15 – 0,17)2 + 1/3 x (0,15 – 0,17)2 + 1/3 x(0,21 – 0,17)2 = 0,000133 + 0,000133 + 0,000533 = 0,000799 Isto é, a variância dos retornos esperados de cada empresa daquele da carteira, ponderado pela participação de cada empresa na carteira. Infelizmente, essa abordagem está completamente errada! A verdadeira variância é calculada como segue Var(Rcarteira) = 0,3 x (1/3 x 0,17 – 0,17)2 + 0,4 x (0,15 – 0,17)2 + 0,3 x(-0,20 – 0,17)2 = 0,3 x 0,0128 + 0,4 x 0,0004 + 0,3 x 0,1369 = 0,00384 + 0,00016 + 0,04107 = 0,04507 O desvio padrão é dado por  = √ଶ ൌ ඥ0,04507 ൌ 0,212297 ou 21,23% b. O retorno esperado da carteira com metade do investimento na Capivara e o restante na Berts e na Guaraná Brasil será: E(Rcarteira) = 0,5 x 15% + 0,25 x 15% + 0,25 x 21% = 7,5% + 3,75% + 5,25% = 16,5% Outra maneira de fazer este cálculo seria: Expansão...E(Rcarteira) = 0,5 x 100% + 0,25 x 20% + 0,25 x 50% = 67,5% Normal...E(Rcarteira) = 0,5 x 15% + 0,25 x 15% + 0,25 x 15% = 15% Recessão...E(Rcarteira) = 0,5 x (-70%) + 0,25 x 10% + 0,25 x 0% = -32,5% Para os três estados da economia, teríamos o retorno esperado da carteira com igual montante investidos em cada uma das três empresas: Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 41. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 41 - E(Rcarteira) = 0,3 x 67,5+ 0,4 x 15% + 0,3 x (-32,5%) = = 20,25 + 6 -9,75 = 16,5% A verdadeira variância é calculada como segue Var(Rcarteira) = 0,3 x (0,675 – 0,165)2 + 0,4 x (0,15 – 0,165)2 + 0,3 x(- 0,325 – 0,165)2 = 0,3 x 0,2601 + 0,4 x 0,000225 + 0,3 x 0,2401 = 0,07803 + 0,00009 + 0,07203 = 0,15015 O desvio padrão é dado por  = √ଶ ൌ ඥ0,15015 ൌ 0,387492 ou 38,75% EXERCÍCIOS 1. Dadas as informações: Estados da Economia Probabilidade do estado Taxa de Retorno dos Ativos de acordo com o Estado Resultados esperados da Ação A Resultados esperados da Ação B Recessão 0,10 -0,20 0,30 Normal 0,60 0,10 0,20 Crescimento 0,30 0,70 0,50 2 = 0,0945 e B Com os retornos esperados E(RA) = 25% e E(RB) = 30%; variâncias A 2 = 0,0180 e desvios-padrões A = 30,74% e B = 13,42%. Suponha que você disponha de $ 20.000, no total. Se você tivesse aplicado $ 6.000 na ação A e o restante na ação B, quais teriam sido o retorno esperado e o desvio-padrão de sua carteira? Respostas: E(RP) = 28,50%; a variância P 2 = 0,03245 e desvio-padrão  = 18,01%. 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 42. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 42 - 2. Considere as seguintes informações: Estados da Economia Probabilidade do estado Taxa de Retorno dos Ativos de acordo com o Estado Resultados esperados da Ação A Resultados esperados da Ação B Resultados esperados da Ação C Expansão 0,65 0,14 0,18 0,26 Recessão 0,35 0,08 0,02 -0,02 a. Qual é o retorno esperado de uma carteira composta por essas três ações com pesos iguais? b. Qual a variância de uma carteira que tem 25% investidos em A e B e 50% investidos em C? 3. Considere as seguintes informações: Estados da Economia Probabilidade do estado Taxa de Retorno dos Ativos de acordo com o Estado Resultados esperados da Ação A Resultados esperados da Ação B Resultados esperados da Ação C Expansão 0,20 0,11 0,35 0,18 Bom 0,50 0,06 0,15 0,11 Mau 0,25 0,04 -0,05 0,02 Recessão 0,05 0,00 -0,40 0,06 a. Sua carteira tem 30% investidos nas ações B e C e 40% na ação A. Qual é o retorno esperado da carteira? b. Qual é a variância da carteira? E o desvio-padrão? CONCLUSÕES Anteriormente, estudamos o risco de apenas um ativo. A orientação formulada na análise de risco de uma carteira composta por n ativos é selecionar alternativas que levem à melhor diversificação e, consequentemente, redução do risco dos investimentos e, produza, ao mesmo tempo, um retorno admitido como aceitável no âmbito dos investidores de mercado. Entende-se por diversificação a estratégia destinada à redução do risco de uma carteira pela diluição do capital em muitos ativos. Para exemplificar, uma empresa que mantenha produtos direcionados a diferentes mercados consumidores, pode compensar eventuais prejuízos em alguns produtos por resultados favoráveis em outros. O risco de uma carteira é eliminado quando os investimentos apresentarem comportamentos opostos. Para entendermos melhor isto, vamos às outras medidas estatísticas. COVARIÂNCIA DE CARTEIRAS COM DOIS ATIVOS As medidas estatísticas que procuram relacionar duas variáveis aleatórias com objetivo de identificar o comportamento das mesmas são a covariância e a correlação. A covariância procura identificar como os valores se correlacionam entre si. Em outras palavras, medem como X e Y, movimentam-se ao mesmo tempo em relação a seus valores médios. A expressão de cálculo da covariância é Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 43. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 43 - ܥܱܸ௑ൌ Σ ಿ ೔సభ ሺோ೉ିோത೉ሻሺோೊିோതೊ ሻ ,௒ ேିଵ ...para amostras ܥܱܸ௑ൌ Σಿ ೔సభ ሺோ೉ିோത೉ሻሺோೊିோതೊሻ ,௒ ே ...para população O valor real da covariância não é significante porque ele não é afetado pela a escala das duas variáveis. Isto é o porquê de se calcular o coeficiente de correlação (que veremos posteriormente) – para tornar algo interpretável da informação da covariância. Se a COVX,Y dos ativos X e Y for positiva (COVX,Y >0), significa que os retornos esperados apresentam a mesma tendência, isto é, o desempenho de um acompanha o do outro. A valorização de um reflete tendência de valorização do outro, e vice-versa. Neste caso, diz-se que os ativos são positivamente correlacionados. Se a COVX,Y dos ativos X e Y for negativa (COVX,Y <0), significa que os retornos esperados apresentam relações inversas. Assim, se o retorno de um deles aumentar o do outro diminuirá. Se a COVX,Y dos ativos X e Y for nula (COVX,Y = 0), significa que não existe associação alguma entre os dois ativos ܻത ܺത ܻത ܺത A covariância resume num único número a tendência e a força da relação linear entre 2 variáveis. EXEMPLO Considere o retorno do Ibovespa e da taxa de câmbio nos últimos cinco anos no Brasil dada por: Ano Dólar (X) Ibovespa(Y) (X - ) (Y - ) (X - ሻݔ (Y - ) 2002 24,6% -17% 25,2% -48,7% -12,3% 2003 4,8% 97,30% 5,3% 65,6% 3,5% 2004 -4,7% 17,80% -4,2% -13,9% 0,6% 2005 -16,8% 27,70% -16,3% -4,0% 0,7% 2005 -10,6% 32,90% -10,0% 1,2% -0,1% Média ܺത = -0,5% ܻത = 31,7% SOMA = -7,63% Calcule a COVX,Y. Solução ܥܱܸ௑,௒ ൌ ே ሻ ௜ୀଵ Σ ሺܺ െܺത ሻݔሺܻ െܻത ܰ ൌ െ7,63% 5 ൌ െ1,526% 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 44. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 44 - A covariância calculada entre o Ibovespa e o dólar é negativa, indicando associação inversa entre os ativos. A tendência esperada é o retorno de um ativo se valorizar acima do seu valor médio quando o resultado de outro ficar abaixo. Como aconteceu com os ativos do exemplo acima, com COV < 0, haverá uma redução no risco de uma carteira contendo apenas eles dois. Ocorrendo a desvalorização de um ativo, é esperada a valorização do outro. A essa situação dá-se o nome de HEDGING. COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO Vamos agora nos concentrar à correlação simples11, tratando de apenas duas variáveis. A medida da intensidade da relação entre as variáveis aleatórias dispostas por meio de valores de X e Y, pelo coeficiente de correlação12, que varia de -1 a +1. coef. correlação ൌ covariância entre x e y ቀୈୣୱ୴୧୭ ୮ୟୢ୰ã୭ ୢୣ ୶ ቁ ቀୈୣୱ୴୧୭ ୮ୟୢ୰ã୭ ୢୣ ୷ ቁ ݎ௑,௒ ൌ ஼ை௏೉,ೊ ௦೉ ௦ೊ .....para amostras ߩ௑,௒ ൌ ஼ை௏೉,ೊ ఙ೉ ఙೊ ....para populações ܻത Vale a ܺത pena ressaltar ܻത ܺത que a divisão da covariância pelo produto dos desvios padrão não modifica as suas propriedades; simplesmente a normaliza para que assuma valores entre -1 e +1. EXEMPLO Considere o retorno do Ibovespa e da taxa de câmbio nos últimos cinco anos no Brasil dada por: Ano Dólar (X) Ibovespa(Y) (X - )2 (Y - )2 (X - ሻݔሺܻ - ) 2002 24,6% -17% 25,2% -48,7% -12,3% 2003 4,8% 97,30% 5,3% 65,6% 3,5% 2004 -4,7% 17,80% -4,2% -13,9% 0,6% 2005 -16,8% 27,70% -16,3% -4,0% 0,7% 2005 -10,6% 32,90% -10,0% 1,2% -0,1% Média ܺത = -0,5% ܻത = 31,7% SOMA=10,44% SOMA=68,86% SOMA = -7,63% Calcule o coeficiente de correlação Solução ݎ௑,௒ ൌ െ7,63% √10,44%√68,86% ൌ െ0,28464 11 Quando se relacionam apenas duas variáveis. Quando se relacionam mais de duas variáveis, tem-se a correlação múltipla 12 A correlação não implica que um causa o outro. Podemos dizer que duas variáveis X e Y estão correlacionadas, mas não que X causa Y ou que Y causa X, na média – eles simplesmente estão relacionados ou associados um com o outro. Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 45. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 45 - Investimentos em ativos com coeficientes de correlação semelhantes não contribuem para redução do risco total, visto que todos eles convergem para ganhos quando a situação econômica lhes for favorável, e para perdas e, épocas desfavoráveis. Para redução do risco de carteiras de investimentos, é importante selecionar ativos com diferentes magnitudes de correlação. Ao diversificar a natureza das aplicações, o risco do portfólio reduz-se, sendo os prejuízos eventualmente apurados no setor absorvidos por somente uma parte das aplicações realizadas, e não pelo seu total. O tipo de relação está representado pelo coeficiente de correlação: r =+1 correlação perfeitamente positiva 0 < r < +1 relação positiva r = 0 nenhuma relação -1 < r < 0 relação negativa r = -1 correlação perfeitamente negativa Você pode determinar o grau de correlação observando o gráfico de espalhamento.  Se a relação é para cima existe correlação positiva.  Se a relação é para baixo existe correlação negativa. O coeficiente de correlação está limitado por –1 e +1. Quanto mais próximo o coeficiente estiver de –1 ou +1, mais forte é a correlação. EXEMPLO Suponhamos que os retornos de dois ativos durante 10 meses sejam dados como a 2ª e 3ª coluna da tabela a seguir. Quais os valores de xMédio, yMédio, das variâncias sx 2, sy 2 e do coeficiente de correlação rX,Y? 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo
  • 46. Capítulo 06 – Análise de Investimentos com Riscos - 46 - Observação x y Desvio de x x ‐ xMédio Desvio Quadrado de x (x ‐ xMédio)2 Desvio de y y ‐ yMédio Desvio Quadrado de y (y ‐ yMédio)2 Produto dos desvios (x ‐ xMédio)(y ‐ yMédio) 1 12 50 ‐1,50 2,25 8,40 70,56 ‐12,60 2 13 54 ‐0,50 0,25 12,40 153,76 ‐6,20 3 10 48 ‐3,50 12,25 6,40 40,96 ‐22,40 4 9 47 ‐4,50 20,25 5,40 29,16 ‐24,30 5 20 70 6,50 42,25 28,40 806,56 184,60 6 7 20 ‐6,50 42,25 ‐21,60 466,56 140,40 7 4 15 ‐9,50 90,25 ‐26,60 707,56 252,70 8 22 40 8,50 72,25 ‐1,60 2,56 ‐13,60 9 15 35 1,50 2,25 ‐6,60 43,56 ‐9,90 10 23 37 9,50 90,25 ‐4,60 21,16 ‐43,70 Soma 135 416 0,00 374,50 0,00 2342,40 445,00 Cálculos xMédio= 135/10 = 13,5 yMédio= 416/10 = 41,6 s2 x= 374,5/9 = 41,611 s2 y= 2.342,4/9 = 260,267 r = (445/9)/((41,611)1/2(260,267)1/2) = 49,444/(6,451*16,133) = 0,475 DIVERSIFICAÇÃO DE ATIVOS NA CARTEIRA O risco de uma carteira é eliminado quando os investimentos apresentarem comportamentos opostos, ou seja, coeficiente de correlação igual a -1. Um resultado negativo de um investimento é perfeitamente compensado pelos lucros do outro, como vimos acima. A existência de aplicações perfeita e negativamente correlacionadas indica a formação de carteiras com investimentos que produzem retornos inversamente proporcionais, isto é, quando o retorno de um deles decrescer, o retorno do outro ativo se elevará na mesma intensidade, anulando os reflexos negativos produzidos. Em resumo, o objetivo básico do estudo de carteiras de ativos, de acordo com a moderna teoria do portfólio, é selecionar a carteira definida como ótima com base no critério de investimento proposto, ou seja:  Selecionar a carteira que oferece o maior retorno possível para determinado grau de risco; ou, de forma idêntica;  Selecionar a carteira que produza o menor risco possível para determinado nível de retorno esperado. A ideia fundamental inserida nessa teoria do portfólio é que o risco particular de um único ativo é diferente de seu risco quando mantido em carteira. Uma grande vantagem das carteiras é que elas permitem que se reduza o risco mediante um processo de diversificação dos ativos que as compõem. Como já foi insistentemente dito, o risco de um ativo qualquer é medido pelo grau de dispersão dos retornos em relação à média e, portanto, a medida estatística usualmente adotada para quantificar o risco de um ativo é o desvio-padrão. Por meio da diversificação, é possível esperar que ativos com risco possam ser combinados numa carteira de forma que se apure um risco menor do que aquele calculado para cada um de seus componentes. No entanto, isto ocorre até certo limite, sendo impraticável a eliminação total do risco da carteira. Isto é Bertolo 4º Ano Ciências Contábeis
  • 47. Capítulo 06 – Riscos, Custo de Capital, CAPM e CMPC - 47 - explicado pela enorme dificuldade em encontra-se na prática investimentos com correlação perfeitamente negativa. O que se consegue é minimizar o risco e não eliminá-lo. Há duas classes importantes de risco associadas a um ativo:  Risco sistemático, ou não diversificável, e  Risco diversificável, ou não sistemático. RISCO SISTEMÁTICO ou CONJUNTURAL OU NÃO DIVERSIFICÁVEL Está presente em todos os ativos negociados no mercado, sendo determinado por eventos de ordem política, econômica e social, por exemplo, inflação, crises políticas, desequilíbrios conjunturais, etc.. Não há como evitá-lo, porém, mediante a diversificação da carteira de ativos, é possível reduzi-lo. RISCO NÃO SISTEMÁTICO ou CARACTERÍSTICO ou DIVERSIFICÁVEL É a componente do risco total que pode ser total ou parcialmente diluído de uma carteira através da combinação de ativos que não possuam correlação positiva entre si (como veremos mais adiante). Por exemplo, comumente as carteiras diversificadas contêm títulos de renda fixa e de renda variável, os quais sofrem impactos diferentes de medidas de política econômica, como elevação das taxas de juros; ações de empresas cíclicas (montadoras de veículos, empresas de construção civil), de maior risco, são frequentemente combinadas com ações de empresas cujos negócios são menos afetados por flutuações econômicas, como indústria de alimentos. Este tipo de risco está diretamente relacionado com as características específicas do título ou da empresa. Por exemplo, uma carteira como a Bovespa pode não conter risco diversificável. Observe que, conforme se amplia a diversificação da carteira por meio da inclusão de mais títulos, seu risco total decresce em função da eliminação do risco não sistemático (diversificável). Esse processo é, conforme colocado, limitado pela presença do risco sistemático, comum a todos os títulos. A partir de certo número de títulos, o risco da carteira se mantém praticamente estável, correspondendo unicamente a sua parte não diversificável ou sistemática. Assim num portfólio grande os termos da variância são efetivamente diversificados, mas os termos da covariância não são. EXEMPLO Admita os seguintes retornos dos ativos X e Y para os cenários considerados Estados da Probabilidade do Retorno dos Ativos 4º Ano Ciências Contábeis Bertolo