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Universidade do Sul de Santa Catarina

Ciência e Pesquisa
Disciplina na modalidade a distância

2ª edição revista e atualizada

Palhoça
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2007
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Tecnologia
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(Coordenador)
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18/6/2007 14:07:44
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7:44

Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Ciência e Pesquisa.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma,
abordando conteúdos especialmente selecionados e adotando uma
linguagem que facilite seu estudo a distância.
Por falar em distância, isto não significa que você estará sozinho.
Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina também
será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da
UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade.
Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois sua
aprendizagem é nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual.
Vilson Leonel
Alexandre de Medeiros Motta

Ciência e Pesquisa
Livro didático

Design instrucional
Viviane Bastos
2ª edição revista e atualizada

Palhoça
UnisulVirtual
2007
Copyright © UnisulVirtual 2007
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Edição – Livro Didático
Professores Conteudistas
Alexandre de Medeiros Motta
Vilson Leonel
Design Instrucional
Viviane Bastos
Projeto Gráfico e Capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramação
Pedro Teixeira
Revisão Ortográfica
B2B

001.42
L61	
Leonel, Vilson
Ciência e Pesquisa : livro didático / Vilson Leonel, Alexandre de
Medeiros Motta ; design instrucional Viviane Bastos. 2ª. ed. rev. atual. –
Palhoça : UnisulVirtual, 2007.
230 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-116-2
1. Ciência. 2. Pesquisa - Metodologia. I. Motta, Alexandre Medeiros. II.
Bastos, Viviane. III. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Sumário
Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE
UNIDADE
UNIDADE
UNIDADE
UNIDADE
UNIDADE

1
2
3
4
5
6

–
–
–
–
–
–

Conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Ciência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Método científico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Produção acadêmica: tipos de trabalhos científicos . . . 151
Redação científica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191

Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
Sobre os professores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 221
Palavras dos professores
É imprescindível entender a educação universitária como um
processo de mediação e facilitação da aprendizagem, lugar de
excelência do saber, capaz de permitir ao aluno a compreensão
dos fundamentos da ciência e o desenvolvimento de uma
postura crítica diante da sociedade em que vive.
Assim, a disciplina Ciência e Pesquisa disponibiliza conteúdos
essenciais para que você tenha condições de refletir sobre as
teorias que envolvem a ciência e a pesquisa. No entanto, é
preciso lembrar que em disciplinas a distância o fator autoaprendizagem é a condição fundamental para se desenvolver os
estudos dos conteúdos apresentados.
A universidade, por excelência, é o lugar de produção de
novos conhecimentos e novos saberes e a ciência e a pesquisa
são instrumentos para que isso se concretize. Esta é uma
das funções históricas do ensino universitário. Nesse sentido,
entendemos que a disciplina Ciência e Pesquisa assume
relevante papel, uma vez que os conteúdos dispostos nas
unidades de estudo contribuirão para a consolidação dessa
função da universidade.
Bom estudo!
Vilson Leonel e Alexandre de Medeiros Motta
Plano de estudo
O plano de estudos visa orientá-lo no desenvolvimento da
disciplina. Nele, você encontrará elementos que esclarecem o
contexto da disciplina e sugerem formas de organizar o seu
tempo de estudos.
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva
em conta instrumentos que se articulam e se complementam.
Assim, a construção de competências se dá sobre a articulação
de metodologias e por meio das diversas formas de ação/
mediação.
São elementos desse processo:
o livro didático;
o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem - EVA;
as atividades de avaliação (complementares, a distância
e presenciais);
o Sistema Tutorial.

Ementa
Conhecimento. Ciência. Pesquisa e método científico.
Produção acadêmica. Redação científica.

Carga Horária
A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula.
Universidade do Sul de Santa Catarina

Objetivos
Geral:
Conhecer o método de produção científica e distingui-lo de
outros métodos de conhecimento a partir dos fundamentos da
teoria da ciência e de exemplos práticos de pesquisa.

Específicos:
Conceituar e distinguir conhecimento.
Identificar as principais características do conhecimento
do senso comum, artístico, religioso, filosófico e
científico.
Definir ciência e identificar as principais características
do conhecimento científico.
Conhecer a história da ciência e do método científico e
relacionar ciência e técnica.
Definir método e identificar os principais métodos de
abordagem e de procedimento.
Classificar as pesquisas quanto a nível, a abordagem e ao
procedimento utilizado para coleta de dados.
Identificar os principais tipos de trabalhos realizados no
meio acadêmico.
Identificar os elementos que enfatizam o estilo na
redação de um texto científico e identificar os principais
tipos de citações textuais.

12
Ciência e Pesquisa

Conteúdo programático
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.

Unidades de estudo: 6

Unidade 1 – Conhecimento
Nela você estudará o conceito de conhecimento e as principais
características do conhecimento do senso comum, religioso,
artístico, filosófico e científico.

Unidade 2 – Ciência
As principais características da ciência serão estudadas nessa
unidade e você conhecerá a relação entre ciência e técnica,
a história da ciência e identificará os principais métodos de
pesquisa científica.

Unidade 3 – Método científico
Nesta unidade você estudará a definição de método científico,
a relação entre método e técnica e os principais métodos de
abordagem e procedimento.

13
Universidade do Sul de Santa Catarina

Unidade 4 – Pesquisa
O conceito de pesquisa e a classificação das pesquisas quanto
a nível, a abordagem e ao procedimento utilizado na coleta de
dados serão os temas tratados nesta unidade.

Unidade 5 – Produção científica: tipos de trabalhos científicos
Aqui você compreenderá a importância do projeto no contexto
da pesquisa científica, identificará os elementos que compõem
o roteiro de um projeto de pesquisa e os principais tipos de
trabalhos realizados no meio acadêmico, dentre eles o resumo, a
resenha crítica, o artigo científico e a monografia.

Unidade 6 – Redação científica
Nesta unidade você estudará os componentes que integram
a estrutura lógica do relatório de pesquisa, os elementos que
enfatizam o estilo na redação de um texto científico, as regras
para a apresentação gráfica de um trabalho acadêmico, as regras
para ordenar referências e apresentação das citações no texto.

14
Ciência e Pesquisa

Agenda de atividades/ Cronograma
Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar
periodicamente o espaço da disciplina. O sucesso nos
seus estudos depende da priorização do tempo para a
leitura; da realização de análises e sínteses do conteúdo; e
da interação com os seus colegas e tutor.
Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço
a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.
Use o quadro para agendar e programar as atividades
relativas ao desenvolvimento da d isciplina.

Atividades obrigatórias

Demais atividades (registro pessoal)

15
UNIDADE 1

Conhecimento
Objetivos de aprendizagem
Compreender o conceito de conhecimento.
Distinguir as formas de conhecimento.
Identificar as principais características do conhecimento
do senso comum, artístico, religioso, filosófico e
científico.

Seções de estudo
Seção 1 O conhecimento
Seção 2 O conhecimento popular ou do senso
comum

Seção 3 O conhecimento religioso ou teológico
Seção 4 O conhecimento artístico
Seção 5 O conhecimento filosófico
Seção 6 O conhecimento científico

1
Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo
Nesta unidade você estudará o conceito de conhecimento, as
formas direta e indireta de conhecer e os tipos de conhecimento:
senso comum, teológico, artístico, filosófico e científico. No
decorrer do estudo você irá perceber que não há uma explicação
única ou exclusiva para a compreensão dos problemas ou
situações que você enfrenta no seu dia-a-dia. Assim, você está
convidado a iniciar o estudo da disciplina de Ciência e Pesquisa,
começando pela discussão sobre o conceito de conhecimento.
Bom estudo!

SEÇÃO 1 - O conhecimento
A palavra conhecimento tem sua origem no latim cognitio e
pressupõe, necessariamente, a existência de uma relação entre
dois pólos: de um lado o sujeito e de outro o objeto.

Figura 1 – Relação sujeito-objeto

Na relação sujeito-objeto, o sujeito é aquele que possui capacidade
cognitiva, isto é, capacidade de conhecer. O objeto é aquilo
que se manifesta à consciência do sujeito, que é apreendido e
transformado em conceito.

Isso equivale a dizer que o conhecimento é o ato, o
processo pelo qual o sujeito se coloca no mundo e, com
ele, estabelece uma ligação. Por outro lado, o mundo é
o que torna possível o conhecimento ao se oferecer a um
sujeito apto a conhecê-lo. (ARANHA; MARTINS,
1999, p.48).

Para Luckesi e outros (2003, p. 137-138), existem duas maneiras
do sujeito se apropriar do conhecimento. A primeira consiste na
apropriação direta da realidade sem a mediação de outra pessoa

18
Ciência e Pesquisa

ou de algum outro meio. Neste caso, o sujeito opera “com” e
“sobre” a realidade. A segunda ocorre de forma indireta, na qual
a compreensão se dá por intermédio de um conhecimento já
produzido por outra pessoa ou através de símbolos orais, gráficos,
mímicos, pictóricos, etc.
Você conhece quais são as formas de conhecimento? Acompanhe
a seguir.
Tipos de conhecimento

O conhecimento pode ocorrer de diversas formas, isto significa
dizer que um único objeto pode ser entendido à luz de diversos
ângulos e aspectos. Estamos nos referindo aos tipos de
conhecimento: senso comum, filosófico, religioso, artístico e
científico.
Para facilitar a compreensão deste assunto, considere, como
exemplo, o problema da justiça. Você já imaginou de quantas
formas é possível compreender este fenômeno tão antigo na
história da humanidade? Este problema pode ser “entendido”
à luz do senso comum, da Religião, da Arte, da Filosofia e da
Ciência. Você já imaginou as soluções que os referidos tipos de
conhecimento apresentariam para este problema?

Figura 2 – Tipos de conhecimento

Unidade 1

19
Universidade do Sul de Santa Catarina

— Na primeira seção desta unidade, você conheceu um pouco sobre
conceito de conhecimento e os tipos de conhecimento. O assunto da
próxima seção refere-se ao conhecimento popular ou como comumente se
fala, senso comum.

SEÇÃO 2 - O conhecimento popular ou do senso comum
O conhecimento popular ou do senso comum é “[...] aquele
que não surge do estudo sistemático da realidade a partir de
um método específico, mas provém do ‘viver-e-aprender’, da
experiência de vida” (RAUEN, 1999, p. 8). Por isso, por meio
deste tipo de conhecimento, não conseguimos explicar
adequadamente um fenômeno, não se constituindo em
uma teoria.
Consiste na ação pela ação, sem idéias comprovadas
que não permitem o estudo ou a investigação sobre
um determinado fenômeno. Então, o seu conteúdo se
forma a partir da experiência que se vivencia no dia-adia.

Todos nós sabemos muitas coisas que nos ajudam
em nosso dia-a-dia e que funcionam bem na prática.
Nas zonas rurais, muitas pessoas, mesmo sem nunca
ter freqüentado uma escola, sabem a época certa de
plantar e de colher. Esse conjunto de crenças e opiniões,
essencialmente de caráter prático, uma vez que procura
resolver problemas cotidianos, forma o que se costuma
chamar de conhecimento comum ou senso comum.
(GEWANDSZNAJDER, 1989, p. 186).

Köche (1997, p. 23-27) apresenta as seguintes características
para o senso comum: “resolve problemas imediatos (vivencial);
elaborado de forma espontânea e instintiva (ametódico); subjetivo
(fragmentado) e inseguro; linguagem vaga e baixo poder de
crítica; impossibilita a realização de experimentos controlados;
as verdades apresentam certa durabilidade e estabilidade
(crença); dogmático (crenças arbitrárias); não apresenta
limites de validade”. Além das características mencionadas,
é possível afirmar também que, o conhecimento do senso
comum é sensitivo. Em muitas situações, próprias desse tipo de
20
Ciência e Pesquisa

conhecimento, observamos o abandono da razão e um apego
àquilo que é captado apenas pelos órgãos sensoriais: visão,
audição, olfato, paladar e tato. Você, por exemplo, tem a sensação
de que a Terra está parada e não em movimento? Você vê que o
céu é azul? Pois bem, para entender que a Terra não está parada e
que o azul do céu é apenas uma ilusão de ótica é necessário muito
mais do que os órgãos sensoriais (visão, audição). Neste caso,
precisamos do uso da razão.
O senso comum, portanto, representa um
conhecimento sensitivo e aparente, porque se apega
à aparência dos fatos e não à sua essência.

Para Laville e Dionne (apud RAUEN, 2002, p. 23), as fontes
do conhecimento popular ou do senso comum são a intuição
e a tradição. A intuição é a percepção imediata que dispensa o
uso da razão, e a tradição ocorre quando, uma vez reconhecida
a pertinência de um saber, organizam-se meios sociais de
manutenção e de difusão desse conhecimento, tornando-se
uma marca visível na formação da identidade cultural de uma
comunidade.
Contudo, não se pode dizer de maneira alguma que o
conhecimento do senso comum possa ser considerado como de
qualidade inferior aos demais conhecimentos, pois em muitas
ocasiões de nossas vidas ele funciona socialmente, como no caso
do manuseio do chá caseiro ou das ervas medicinais, a partir
do conhecimento adquirido por certas pessoas de seus pais ou
avós, passando a se tornar uma sabedoria proveniente da cultura
popular.
A idéia de sabedoria, em muitas culturas, está ligada à figura do
ancião pelo fato de ele ter vivido muito tempo e ter acumulado
muito conhecimento.

Unidade 1

21
Universidade do Sul de Santa Catarina

SEÇÃO 3 - O conhecimento religioso ou teológico
Como você imagina que o problema da justiça pode ser
tratado pelo conhecimento religioso? Mas para responder
a este questionamento é necessário que você conheça,
primeiramente, alguns fundamentos desse tipo de
conhecimento. Acompanhe a seguir.
O conhecimento religioso fundamenta-se na fé das pessoas,
partindo do “[...] princípio de que as verdades nas quais
[se] acredita são infalíveis ou indiscutíveis, pois se tratam de
revelações da divindade”, tendo a visão do mundo interpretada
como resultante da criação divina, sem questionamentos.
(OLIVEIRA NETTO, 2005, p. 5).
Assim, “essas verdades são em geral tidas como definitivas, e não
permitem revisão mediante a reflexão ou a experiência. Nesse
sentido, podemos classificar sob este título os conhecimentos
ditos místicos ou espirituais”. (MÁTTAR NETO, 2002, p. 3).
Sua “matéria de estudo é Deus, como ser que existe independente
e o qual detém não as potencialidades, mas a ação do perfeito”.
Portanto, neste tipo de conhecimento há a necessidade da “[...]
reflexão sobre a essência e a existência naquilo que elas têm como
causa primeira e última de toda a vida”. (BARROS; LEHFELD,
1986, p. 52).
Para Chaui (2005, p. 138), “a percepção da realidade exterior
como algo independente da ação humana nos conduz à crença
em poderes superiores ao humano e à busca de meios para nos
comunicar com eles. Nasce assim, a crença na(s) divindade(s)”.
E então? Você já pensou nas respostas para o nosso
questionamento? Pois bem, partilhando uma indagação com a
reflexão que você está fazendo nesse momento, podemos ainda
perguntar: para o conhecimento religioso, a verdadeira justiça é
produzida pelos homens ou pela divindade? A justiça, pensada
nessa perspectiva, não seria a realização do projeto de Deus?

22
Ciência e Pesquisa

Reflita sobre essa questão e descubra situações
as quais você conhece ou que estejam presentes
na sua comunidade e que expressem a forma do
conhecimento religioso definir ou se posicionar frente
à questão da justiça.
Utilize o espaço a seguir para registro.

— Você refletiu sobre a situação anterior? Observe ao seu redor. Será
importante para compreender melhor o assunto tratado nesta unidade.
Continue seu estudo, passando a conhecer sobre o conhecimento
artístico. Vamos lá?

SEÇÃO 4 - O conhecimento artístico
O conhecimento artístico é baseado na intuição, que produz
emoções, tendo por objetivo maior manifestar o sentimento
e não o pensamento. Sendo assim, para Oliveira Netto
(2005, p. 5), “a preocupação do artista não é com o
tema, mas com o modo de tratá-lo”, configurando-se
necessariamente em uma interpretação marcada pela
sensibilidade.
O conhecimento artístico baseia-se na interpretação
subjetiva produzida pelo artista e pelo intérprete. Para
Heerdt e Leonel (2006, p. 30):

Unidade 1

23
Universidade do Sul de Santa Catarina

[...] a arte combina habilidade desenvolvida no trabalho
(prática) com a imaginação (criação). Qualquer que
seja sua forma de expressão, cada obra de arte é sempre
perceptível com identidade própria, dando-lhe também
componentes de manifestação dos sentimentos humanos,
tais como: emoção, revolta, alegria, esperança.

Retome o problema apresentado no início desta seção: qual
é a visão artística ou estética sobre a questão da justiça? Você
acha que a poesia, a música, as obras de arte podem apresentar
expressões de justiça ou de injustiça vividas pelo homem?
Reflita sobre essa questão e descubra situações
as quais você conhece ou que expressem a forma
do conhecimento artístico definir ou se posicionar
frente à questão da justiça. Compartilhe sua reflexão
no espaço virtual de aprendizagem e acompanhe,
também, as publicações dos seus colegas.

SEÇÃO 5 - O conhecimento filosófico
A palavra fi losofia vem do grego e é formada pelas palavras
philo que significa amigo e sophia, sabedoria. Portanto, filosofia
significa, em sua etimologia, amigo da sabedoria.
A origem da Filosofia, na história do
pensamento humano, é do século VI a.C.,
o qual foi marcado por uma grande ruptura
histórica: a passagem do mito para a razão.
Nesse período houve uma grande modificação
na forma de expressar a linguagem escrita,
que passou do verso para a prosa. O verso
representava o período anterior ao século VI
a.C. e era a forma de transmitir o conhecimento
mítico, produzido, principalmente pelas experiências, narrativas e
pelos relatos de Homero e Hesíodo.

24
Ciência e Pesquisa

Com a origem da Filosofia, no chamado milagre grego, houve
a passagem da consciência mítica para a consciência racional ou
filosófica e a linguagem escrita passou a representar a forma de
manifestação da razão.
A origem da palavra razão está em duas fontes: ratio (latim) e
logos (grego). Ambas apresentam o mesmo significado: contar,
calcular, juntar, separar.

[...] logos, ratio ou razão significam pensar e falar
ordenadamente, com medida e proporção, com clareza e
de modo compreensível para outros. Assim, na origem,
razão é a capacidade intelectual para pensar e exprimirse correta e claramente, para pensar e dizer as coisas tais
como são. (CHAUÍ, 2002, p. 59, grifo nosso).

Esse tipo de conhecimento surgiu em nossa sociedade para
superar ou se opor a quatro atitudes mentais: conhecimento
ilusório (conhecimento das aparências das coisas); emoções
(sentimentos e paixões cegas e desordenadas); crença religiosa
(supremacia da crença em relação à inteligência humana); êxtase
místico (rompimento do estado consciente). (CHAUÍ, 2002, p.
59-60).
Refletir ou conceber o mundo à luz do conhecimento
filosófico significa, antes de tudo, usar o poder da razão
para pensar e falar ordenadamente sobre as coisas. Assim,
a reflexão filosófica é radical, rigorosa e de conjunto
sobre os problemas que a realidade apresenta. Radical
porque vai às raízes do problema, rigorosa porque é
sistemática, metódica e planejada, e de conjunto porque
analisa o problema em todos os seus ângulos e aspectos.
(ARANHA; MARTINS, 1999).
Do mesmo modo, é possível afirmar que “o conhecimento
filosófico constrói uma forma especulativa de ver o mundo.
Especulação, de especulum que significa espelho, é um saber
elaborado, a partir do exercício do pensamento, sem o uso de
qualquer objeto que não o próprio pensamento”. (RAUEN,
1999, p. 23).

Unidade 1

25
Universidade do Sul de Santa Catarina

Por isso, um dos papéis mais significativos desse tipo de
conhecimento para o homem é o de desestabilizar o que
está posto, no sentido de demonstrar que as coisas não estão
prontas e acabadas, tornando o nosso pensamento falível e
superável à medida que vamos conhecendo novos horizontes. O
conhecimento filosófico não é verificável, daí não se pautar na
experiência sensorial e por isso a utilização da razão é uma forma
de bloquear a interferência dos sentimentos no ato de conhecer
determinada coisa.
Sendo assim, a prática do conhecimento filosófico
torna-se cada vez mais necessária em nosso cotidiano
e meio acadêmico, pois nos estimula e motiva à
reflexão mais crítica sobre a nossa vida, a sociedade e
o mundo em que vivemos.

Retome o problema apontado no início desta seção e analise:
como a Filosofia aborda a questão da justiça? Não é difícil
pressupor que se a Filosofia faz uma reflexão radical, rigorosa
e de conjunto sobre os problemas da realidade fará também a
mesma reflexão (radical, rigorosa e de conjunto) sobre o problema
da justiça. O fi lósofo, ou qualquer pessoa que se propõe a pensar
sobre o assunto, fará especulações racionais procurando apontar
os seguintes questionamentos: a justiça é justa? A quem serve a
justiça? Por que a justiça é mais severa para uns e mais branda
para outros?

E você? Como pensa, filosoficamente, o problema da
justiça?

— Reflita sobre esta questão. Será um bom exercício para que
você compreenda melhor sobre o conhecimento filosófico. E agora,
para encerrar esta unidade de estudo, conheça mais detalhes sobre o
conhecimento científico, tão enfatizado em nossa realidade acadêmica.

26
Ciência e Pesquisa

SEÇÃO 6 - O conhecimento científico
Como você já estudou nas seções anteriores, cada tipo de
conhecimento tem características próprias e um modo bem
particular de compreender os fatos, os fenômenos, as situações ou
as coisas.
Com o conhecimento científico também não é diferente. Dos
apresentados até o momento, o conhecimento científico é
considerado o mais recente.
A ciência, da forma como é entendida hoje, é uma invenção do
mundo moderno. Kepler, Copérnico, Bacon, Descartes, Galileu,
Newton, entre outros foram os grandes expoentes que, no final
da Idade Média e durante a Idade Moderna criaram as bases do
conhecimento científico.
Para Köche (1997, p. 17):

o conhecimento científico surge não apenas da
necessidade de encontrar soluções para os problemas
de ordem prática da vida diária, característica esta do
conhecimento ordinário, mas do desejo de fornecer
explicações sistemáticas que possam ser testadas
e criticadas através de provas empíricas que é o
conhecimento que advém dos sentidos ou da experiência
sensível.

Observe que, “[...] o conhecimento científico é real – no sentido
que se prende aos fatos – e contingente – porque se pauta, além
da racionalidade, pela experiência e pela verificabilidade [das
coisas]”. (RAUEN, 2002, p. 22). Geralmente, ele se verifica na
prática, pela demonstração ou pela experimentação, dependendo
da área de estudo em que esteja inserido: seja nas áreas sociais e
humanas ou nas “exatas” e biológicas, por exemplo.

Unidade 1

27
Universidade do Sul de Santa Catarina

E então, você está lembrado do problema
apresentado no início desta unidade de estudo
para exemplificar os tipos de conhecimento? Pois
bem, com base nas informações apresentadas
sobre o conhecimento científico, como você
analisa o problema da justiça? Quais são as bases
conceituais, no âmbito do conhecimento científico
para fundamentar de forma metódica, racional e
sistemática essa questão?

Se você ainda não formalizou uma idéia consistente ou
convincente sobre a visão da justiça sob o prisma do
conhecimento científico, não se impaciente, pois no decorrer da
próxima unidade serão apresentadas de forma detalhada outras
características desse tipo de conhecimento, além de estabelecer
uma relação entre ciência e tecnologia, de resgatar elementos
históricos da ciência e de definir e classificar o método científico.
— Agora que você já estudou sobre o tema tratado, é chegado o
momento da auto-avaliação. Você terá a oportunidade de desenvolver
reflexões sobre os principais aspectos apresentados a respeito do
conhecimento. Aproveite ao máximo esse momento. Ele será muito
importante para que você possa se preparar para o estudo da
Unidade 2. Sendo assim, é necessário que você desenvolva com
autonomia as atividades.

28
Ciência e Pesquisa

Atividades de auto-avaliação
Leia com atenção os enunciados e realize, a seguir, as atividades.
1) Quais são os dois modos dos quais o sujeito se utiliza para apropriar-se
do conhecimento? Depois de responder a esta questão, destaque um
exemplo do cotidiano para cada um dos modos apontados.

2) De acordo com as situações apresentadas a seguir, identifique e escreva
no espaço reservado o tipo de conhecimento correspondente (no caso,
se é popular, artístico, religioso, científico ou filosófico).
a) O uso sistemático da razão, como forma de superação da mera intuição
e do argumento de autoridade, constitui o campo de atuação deste
tipo de conhecimento. Por isso, a utilização da razão tenta bloquear a
interferência dos sentimentos.

b) Este conhecimento surge do estudo sistemático da realidade, a partir
de um método específico, através de procedimentos tecnicamente
planejados e testados.

Unidade 1

29
Universidade do Sul de Santa Catarina

c) A experiência do sujeito – “eu vi” – ou o relato da experiência de
outrem – “me disseram” – é condição suficiente para garanti-los
como o critério de verdade, visto que as explicações deste tipo de
conhecimento são sempre resultantes da experiência individual.

d) Este conhecimento se constitui em forma especulativa de ver o mundo,
a partir do exercício do pensamento.

e) O conteúdo deste conhecimento se forma a partir da experiência que
se vive no dia-a-dia, preocupando-se comumente com problemas mais
imediatos e rotineiros.

f) A base deste conhecimento está situada na crença em seres divinos,
que se revelam como os únicos capazes de conduzir o destino das
pessoas comuns.

30
Ciência e Pesquisa

3) Por que, na sua opinião, em nossa sociedade não existe um único tipo
de conhecimento, sendo necessário recorrermos comumente aos
conhecimentos popular, científico, filosófico, artístico ou religioso para
resolvermos certos problemas que afligem o nosso cotidiano?

4) Assinale correto ou incorreto de acordo com o sentido de cada
afirmativa relacionada a seguir:
a) O conhecimento para ser conhecimento precisa nos levar ao
entendimento da realidade. Por isto, ele se classifica em vários tipos,
desde o popular até o artístico.
( ) Correto

( ) Incorreto

b) O conhecimento é a tomada de consciência de um mundo vivido pelo
homem. Assim, no conhecimento coexistem dois pólos: o sujeito que
conhece e o objeto que é conhecido.
( ) Correto

( ) Incorreto

c) Entre os tipos de conhecimento não existe um grau de hierarquia, pois
todos eles são formas de se entender a realidade e, por isso, funcionam
socialmente.
( ) Correto

( ) Incorreto

Unidade 1

31
Universidade do Sul de Santa Catarina

Síntese
Nesta unidade você estudou o conhecimento. A palavra
conhecimento vem do latim (cognitio) e resulta da relação entre o
sujeito e o objeto. Como formas de apropriação do conhecimento
podemos destacar a direta e a indireta. A forma direta ocorre
quando o sujeito enfrenta a realidade e opera “com” e “sobre” a
mesma. Na indireta o conhecimento é obtido por intermédio de
símbolos gráficos, orais, mímicos, etc.
Você também estudou nessa unidade os tipos de conhecimento,
que são: senso comum ou popular, religioso, artístico, filosófico e
científico.
O senso comum é aquele que provém do viver e aprender, da
experiência de vida, sem apresentar uma preocupação com
o estudo sistemático da realidade. O religioso ou teológico
se funda na fé, acreditando que as verdades são infalíveis ou
indiscutíveis, vinculadas às revelações divinas. O artístico
preocupa-se em produzir emoções, através da manifestação
dos sentimentos, marcadas pela sensibilidade do artista ou do
intérprete. O filosófico utiliza o poder da razão para pensar e
falar ordenadamente sobre as coisas, possibilitando uma reflexão
rigorosa, radical e de conjunto sobre os problemas que a realidade
apresenta. Este conhecimento constrói uma forma especulativa
de ver o mundo. O conhecimento científico, por sua vez, fornece
explicações sistemáticas que podem ser testadas e criticadas
através de provas empíricas, caracterizando-se como real e
contingente.
Assim, como você acabou de observar, cada tipo de conhecimento
apresenta uma forma bem peculiar de interpretar os fenômenos
produzidos pela natureza ou pelo homem. O problema da justiça,
que foi o exemplo utilizado no decorrer de toda a unidade, ou
qualquer outro problema, pode ser concebido ou interpretado à
luz dos diversos tipos de conhecimento.

32
Ciência e Pesquisa

Saiba mais
Para aprofundar os assuntos tratados nesta unidade, leia o texto a
seguir, extraído do livro de José A. Cunha, intitulado Filosofia:
iniciação à investigação fi losófica (São Paulo: Atual, 1992).
Trata-se, portanto, de um livro ao qual você poderá recorrer para
complementar seu estudo.

A idéia de ciência como conhecimento crítico
Interessa-nos, finalmente, considerar em que consiste esse
conhecimento novo, criado a partir de atitudes críticas e
problematizadoras, conforme é anunciado por Sócrates em
sua alegoria da caverna. Esse conhecimento novo é operado
pelo logos, e a apropriação da realidade por ele realizada se
chama, de um lado, filosofia, quando examina as bases de todo
o conhecimento, e, de outro lado, ciência, quando se aplica à
investigação das causas eficientes dos acontecimentos.
Ainda não é o momento de analisar com maior precisão
a relação entre a filosofia e a ciência. Cabe, no entanto,
acompanhar Sócrates, em outro diálogo de Platão,
intitulado Teeteto, para ver como ele aplica a atitude crítica e
problematizadora visando definir que conhecimento novo é
este que procura. Sócrates, no trecho selecionado para leitura,
parece concluir que esse conhecimento novo sobre o mundo,
que constitui a ciência, consiste em interpretações conceituais,
as quais os intérpretes têm boas razões para considerar
como verdadeiras. O que não fica claro neste diálogo é em
que condições uma interpretação pode ser considerada
“verdadeira”. Mas a resposta desta questão somente será obtida
com o nascimento dos métodos experimentais do século XVII.
Sócrates – Mas, voltando ao início da discussão, como é que
poderíamos definir ciência? Não vamos desistir da investigação,
presumo eu.
Teeteto – De modo nenhum, a não ser que tu mesmo desistas.
Sócrates – Diz-me então qual a melhor definição que
poderíamos dar da ciência, para não entrarmos em contradição
conosco mesmos.

Unidade 1

33
Universidade do Sul de Santa Catarina

Teeteto – É exatamente a que procuramos dar, Sócrates. Da
minha parte, não vejo outra.
Sócrates – Qual é ela?
Teeteto – Que opinião verdadeira é a ciência? A opinião
verdadeira, parece, é infalível e que tudo o que dela resulta é
belo e bom.
Sócrates – Não há como experimentar para ver, Teeteto, diz o
chefe de fila na passagem do
rio. Aqui dá-se o mesmo: o que temos a fazer é avançar na
investigação. Talvez venhamos a esbarrar nalguma coisa que
nos revele o que procuramos. Se pararmos por aqui, é que não
descobriremos nada.
Teeteto – Tens razão. Vamos em frente e examinemos!
Sócrates – O problema não exige um estudo prolongado,
pois existe toda uma profissão que mostra bem que a opinião
verdadeira não é a ciência.
Teeteto – Como é possível? Que profissão é essa?
Sócrates – A desses modelos de sabedoria a que se dá o nome
de oradores e advogados. Tais indivíduos, com a sua arte,
produzem a convicção, não entusiasmo, mas sugerindo as
opiniões que lhes aprazem. Ou julgas tu que há mestres tão
habilidosos que, no pouco tempo concebido pela clepsidra,
sejam capazes de ensinar devidamente a verdade acerca dum
roubo ou de qualquer outro crime, a ouvintes que não foram
testemunhas do fato?
Teeteto – Não creio, de forma nenhuma. Eles não fazem senão
persuadi-los.
Sócrates – Mas, para ti, persuadir alguém não será levá-lo a ter
uma opinião?
Teeteto – Sem dúvida.
Sócrates – Então, quando há juízes que se acham justamente
persuadidos de fatos que só uma testemunha ocular, e mais
ninguém, pode saber, não é verdade que, ao julgarem esses
fatos por ouvir dizer, depois de terem deles uma opinião
verdadeira, pronunciam um juízo desprovido de ciência,
embora tendo uma convicção justa, deram uma sentença
correta?

34
Ciência e Pesquisa

Teeteto – Com certeza.
Sócrates – Mas, meu amigo, se a opinião verdadeira dos juízes e
a ciência fossem a mesma coisa, nunca o melhor dos juízes teria
uma opinião correta sem ciência. A verdade, porém, é que se
trata de duas coisas diferentes.
Teeteto – Eu mesmo já ouvi alguém fazer essa distinção,
Sócrates; tinha-me esquecido dela, mas voltei a lembrar-me.
Dizia essa pessoa que a opinião verdadeira acompanhada de
razão (logos) é ciência, e que, desprovida de razão, a opinião está
fora da ciência e que as coisas que não é possível explicar são
incogniscíveis (é a extensão que empregava) e as que é possível
explicar são cogniscíveis.

Unidade 1

35
UNIDADE 2

Ciência
Objetivos de aprendizagem
Compreender o conceito de Ciência.
Identificar as características do conhecimento científico.
Relacionar Ciência e tecnologia.
Compreender a evolução histórica da Ciência.

Seções de estudo
Seção 1 A definição de Ciência
Seção 2 Classificação das Ciências
Seção 3 A perspectiva histórica da Ciência

2
Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo
Você estudou na unidade anterior que toda a realidade é
complexa, pois para entendê-la é necessário recorrer a uma série
de formas de conhecimento, desde o popular até o científico.
Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprofundar seus
estudos sobre o conhecimento científico, através de sua definição,
características, perspectiva histórica e ligação com a tecnologia.
Aproveite bem o conteúdo desta unidade, pois será de grande
utilidade para o entendimento da próxima unidade, na qual você
acompanhará uma análise mais detida do método científico, uma
das características fundamentais do conhecimento científico.
Está preparado? Bom estudo!

SEÇÃO 1 - A definição de Ciência
A Ciência está relacionada diretamente às necessidades humanas
do nosso cotidiano, como alimentação, vestuário, saúde,
moradia, transporte entre outros. O conhecimento científico
está por trás do remédio que tomamos, da orientação médica
que recebemos, da roupa que vestimos. A Ciência, na época
em que vivemos, tornou-se um bem cultural. Por isso é muito
difícil imaginarmos nossa vida sem a presença dela.
O significado etimológico da palavra Ciência vem do latim
(scientia) e significa saber, conhecer, arte, habilidade. Apesar de
a palavra Ciência remontar à Antiguidade é somente no século
XVII que surge como um conhecimento racional, sistemático,
experimental, exato e verificável.
Trujillo Ferrari (1973, p. 3) destaca cinco funções básicas das
Ciências, que são: “a) aumento e melhoria do conhecimento;
b) descoberta de novos fatos e fenômenos; c) aproveitamento
espiritual; d) aproveitamento material do conhecimento; e)
estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza”.

38
Ciência e Pesquisa

Se não há unanimidade na definição de Ciência, por conta de
fatores culturais, históricos, filosóficos ou ideológicos há, por
outro lado, características que são unânimes em praticamente
todas as tentativas de definição desse tipo de conhecimento.
Com base nisso é possível afirmar que o
conhecimento científico é:
verificável;
factual;
objetivo;
racional;
preditivo;
comunicável;
descritivo-explicativo;
metódico;
paradigmas; e
intersubjetivo.

A partir das características apresentadas, você deve estar
se perguntando: quais são, então, os significados destas
características? Acompanhe, a seguir, uma sucinta descrição de
cada uma delas.
Verificável - corresponde à idéia de prova ou de constatação
da experiência pela ação e demonstração de um fenômeno,
com a preocupação básica de testar a consistência da validade
deste fenômeno. O método adotado em uma pesquisa científica
deve permitir a outro pesquisador atingir os mesmos resultados
alcançados desde que adote os mesmos critérios e procedimentos.
Factual - diz respeito aos fatos que acontecem na realidade, que
está à disposição da nossa observação numa dada realidade. O
conhecimento científico estuda fenômenos naturais e humanos
que ocorrem ou acontecem na natureza ou vida humana.
Racional – relaciona-se com a construção de conceitos e juízos
a partir do uso sistemático do raciocínio, ou melhor, o que se
Unidade 2

39
Universidade do Sul de Santa Catarina

Verdade sintática
Veja o que Köche (1997, p. 31)
comenta sobre o assunto: “O
conhecimento das diferentes teorias
e leis se expressa formalizado em
enunciados que, confrontados uns
com os outros, devem apresentar
elevado nível de consistência lógica
entre suas afirmações [...] A Ciência,
no momento em que sistematiza as
diferentes teorias, procura uni-las
estabelecendo relações entre um
e outro enunciado, entre uma e
outra lei, entre uma e outra teoria,
entre um e outro campo da Ciência,
de forma tal que se possa, através
dessa visão global, perceber as
possíveis inconsistências e corrigilas”.
Verdade semântica
Köche (1997, p. 31) afirma que “o
ideal da objetividade [...] pretende
que as teorias científicas, como
modelos teóricos representativos
da realidade, sejam construções
conceituais que representem com
fidelidade o mundo real [...].”

Verdade pragmática
O ideal de intersubjetividade é
a possibilidade dos enunciados
científicos serem “[...] submetidos
a testes, em qualquer época e lugar
e por qualquer sujeito [reconhecido
pela comunidade científica]”.
(KÖCHE, 1997, p. 33).

quer na verdade é “[...] atingir uma sistematização coerente do
conhecimento presente em todas as suas leis e teorias” (KÖCHE,
1997, p. 31). As teorias científicas não podem apresentar
ambigüidade ou incoerência entre seus enunciados, por isso, a
necessidade de um conhecimento racional e lógico. Köche (1997)
chama isso de verdade sintática.
Objetivo – refere-se ao propósito de querer encontrar a verdade
contida na realidade, dispensando as impressões imediatas
que acobertam essa mesma realidade, permitindo inclusive a
manipulação dos fatos e o desenvolvimento de uma linguagem
específica inerente aos conceitos próprios de cada área do
conhecimento científico. Quando se fala em objetividade
científica quer se dizer que os enunciados, conceitos ou teorias
científicas devem corresponder aos fatos. Objetividade, portanto,
significa a correspondência da teoria com os fatos. Köche (1997)
chama isso de verdade semântica.
Intersubjetivo – de nada adianta uma teoria ser coerente na sua
construção lógica (ideal de racionalidade ou verdade sintática);
de nada adianta uma teoria apresentar correlação entre seus
enunciados e conceitos e os fatos (ideal de objetividade ou verdade
semântica) se esta teoria não for submetida à apreciação e/ou
validação e/ou crítica da comunidade científica. Köche (1997)
chama isso de verdade pragmática. Assim, “[...] um enunciado
científico é objetivo quando, alheio às crenças pessoais, puder ser
apresentado à crítica, à discussão, e puder ser intersubjetivamente
submetido a teste”. (POPPER, 1977 apud KÖCHE, 1997, p. 32).
Preditivo – esta característica remete ao entendimento de
que, com o conhecimento científico, é possível prever como
os fenômenos podem ocorrer. Não se trata de uma questão de
simples vidência ou premunição, mas de previsão baseada na
repetição contínua dos fatos.
O sol nasce todos os dias. Após a primavera, vem o
verão. Objetos soltos caem com aceleração constante, se
for desprezada a resistência do ar. Gatos dão sempre à
luz gatinhos [sic]. Como se pode ver, há uma ordem na
natureza e [...] o cientista tenta descobrir e estudar estas
regularidades, enunciando-as na forma de leis gerais e
utilizando estas leis para explicar e prever novos fatos.
(GEWANDSZNAYDER, 1989, p. 9, grifo nosso).

40
Ciência e Pesquisa

Comunicável - implica dizer que os resultados das investigações
científicas devem ser comunicados à sociedade em geral e
não ficarem restritos ao meio acadêmico. Uma descoberta
científica só é reconhecida pela comunidade científica se for
publicada em uma revista de circulação internacional. Qualquer
estudo ou pesquisa que você desenvolver só será considerado
verdadeiramente um trabalho científico se for publicado ou
submetido à apreciação da comunidade acadêmica. Fazer uma
pesquisa e guardar os resultados para si não é uma postura de
quem deseja contribuir para o desenvolvimento do conhecimento
científico, você não concorda?
Descritivo-explicativo - significa dizer que o conhecimento
científico é expresso por meio de enunciados que explicam
as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos
fenômenos relacionados a um problema, pois somente por meio
das leis e teorias é possível explicar os fenômenos.
As leis e teorias surgem da necessidade de se ter
de encontrar explicações para os fenômenos da
realidade. Esses fenômenos são conhecidos pelas suas
manifestações, pelas suas aparências, assim como se
percebe pela cor e pelo perfume quando um fruto está
maduro. Pode-se descobrir nos fenômenos da mesma
natureza a manifestação de alguns aspectos que são
comuns e invariáveis. Por exemplo: sempre que um objeto
é jogado para o alto, cai. O estudo dessas manifestações
pode conduzir à descoberta da uniformidade ou
regularidade do comportamento desse fenômeno
conjeturando sobre a estrutura dos fatores que interferem
ou produzem essa regularidade. (KÖCHE, 1997, p. 90).

A função da Física consiste em descrever e explicar os fenômenos
físicos, da Sociologia em descrever e explicar os fenômenos
sociais, da Psicologia em descrever e explicar os fenômenos
psíquicos. Isso que ocorre com a Física, a Sociologia e a
Psicologia também ocorre com as demais Ciências.
Metódico - significa um conjunto de etapas, ordenadamente
dispostas, estabelecidas pelo pesquisador a fim de investigar
um determinado tema/questão/problema. Não há Ciência
sem método. Entre o sujeito que conhece (cientista) e o objeto
que é conhecido há um conjunto de procedimentos, regras,
instrumentos, técnicas e processos que permitem a elucidação
mais precisa do objeto de estudo.
Unidade 2

41
Universidade do Sul de Santa Catarina

Retome a definição de conhecimento apresentada na unidade
anterior. A definição se deu a partir de dois pólos: de um lado o
sujeito e, de outro, o objeto. O método, enquanto exigência do
conhecimento científico coloca-se entre essa relação.

Figura 1 – Relação sujeito-objeto mediada pelo método

Movido por paradigmas - todo conhecimento científico baseiase em modelos ou representações formadas por pressupostos
teórico-filosóficos. Um exemplo disso é a física aristotélica, física
newtoniana, física quântica, psicologia comportamentalista,
psicanálise, dogmática jurídica ou qualquer outro modelo
filosófico-científico. Afirmar que a Ciência é movida por
paradigmas significa dizer que a Ciência é movida por modelos,
marcada por concepções ou formas de interpretar o mundo, a
vida e a sociedade.
Thomas Kuhn (2003, p. 13), em sua obra “A estrutura das
revoluções científicas”, assim se expressa sobre os paradigmas:
Considero ‘paradigmas’ as realizações científicas
universalmente reconhecidas que, durante algum tempo,
fornecem problemas e soluções modelares para uma
comunidade de praticantes de uma Ciência.

Ciência e tecnologia
Um dos desafios da Ciência tem sido marcado pela vontade de
dominar a natureza, através do desenvolvimento tecnológico.
Assim, “além de aumentar nosso conhecimento, a Ciência
também pode ser utilizada como fonte de poder sobre a
natureza”. (GEWANDSZNAJDER, 1989, p. 16).
Para Barros e Lehfeld (1986, p. 70), a Ciência é o meio mais
adequado para o controle prático da natureza, transformando-a

42
Ciência e Pesquisa

em “[...] matriz de recursos técnicos e/ou tecnológicos, os quais
utilizados com sabedoria contribuem para uma vida humana mais
satisfatória enquanto efetivação instrumental do fazer e do agir”.
Do mesmo modo, Köche (1997, p. 43) afirma que a Ciência pode
“[...] satisfazer às necessidades humanas como instrumento para
estabelecer um controle prático sobre a natureza”.
Como você pode observar, não há ruptura epistemológica entre
a Ciência e a técnica, mas há um encadeamento. Sendo assim,
“há técnica para o conhecer e há técnica para o agir”, de modo
que esta (técnica) se utiliza “[...] das orientações fornecidas pela
Ciência sobre a realidade, e transforma-as em programas e planos
de execução”. (BARROS; LEHFELD, 1986, p. 71).
A técnica ou tecnologia (do grego téchne, que significa arte ou
habilidade) pode utilizar tanto o conhecimento comum quanto
os conhecimentos obtidos na pesquisa básica ou na Ciência
aplicada para criar novos artefatos ou produtos (aparelhos
elétricos, computadores, medicamentos, corantes etc.),
melhorar a produção, modificar o ambiente ou amenizar
as atividades humanas. (GEWANDSZNAJDER,
1989, p. 16).
Segundo Barros e Lehfeld (1986, p. 71),
“genericamente, a técnica é o manejo do conceito; é
o exercício da investigação e o da intervenção sobre o
objeto, para atingir resultados práticos compatíveis com
as exigências situacionais de mudanças”.
Nesse sentido, Köche (1997, p. 43) afirma que:
a eletricidade, a telefonia, a informática, o rádio, a
televisão, a aviação, as aplicações tecnológicas no campo
da medicina, das engenharias e das viagens espaciais, o
uso da genética na agricultura e na agropecuária e tantos
outros relacionados à psicologia, e aos mais diferentes
campos do conhecimento mostram a evolução crescente
do uso do conhecimento científico na vida diária do
homem, a tal ponto que dificilmente se desvincula a
produção do conhecimento do seu benefício tecnológico e
pragmático.

Unidade 2

43
Universidade do Sul de Santa Catarina

Aos poucos, o conhecimento científico toma conta das nossas
decisões e ações cotidianas, configurando uma sociedade do
conhecimento, na qual o poder se constitui pelo domínio do
próprio conhecimento.

SEÇÃO 2 - Classificação das Ciências
A classificação das Ciências é outra tarefa um tanto difícil de
estabelecer. Se você fizer um estudo na literatura sobre o assunto,
com certeza, você encontrará muitas formas de agrupar ou de
separar as Ciências.
O que há de comum entre elas é que, em todas as classificações,
os autores procuram levar em conta o critério do objeto de
estudo, isto é, procuram agrupar as Ciências pelas semelhanças
ou diferenças que há entre elas. Assim, as Ciências que estudam
fenômenos produzidos pela ação humana fazem parte de
um grupo enquanto as Ciências que estudam os fenômenos
produzidos pela ação da natureza fazem parte de outro grupo.

Qual a classificação das Ciências?

Observe a classificação de Bunge apud Gewandsznayder (1989, p.
12):

Figura 2 – Classificação das Ciências

44
Ciência e Pesquisa

A Lógica e a Matemática são Ciências do pensamento, pois
lidam com fenômenos ideais e abstratos. Enquanto a Matemática
opera com números, a Lógica opera com idéias, mas ambas não
possuem realidade física.
Você já imaginou a realidade física do zero ou a realidade física
do pensamento? Toda idéia é uma abstração, o zero, ou qualquer
outro número, é uma convenção humana, que através de um
símbolo representa ausência de alguma coisa. As operações
lógicas e matemáticas se dão exclusivamente no campo do
pensamento.
A Lógica e a Matemática são importantes tanto para o homem
comum que necessita pensar de forma ordenada e operar com
números no seu dia-a-dia, como para a Ciência, principalmente
no que diz respeito a sua aplicação como contribuinte ou
instrumento para testar a validade de suas teorias.

Pitágoras, na Antigüidade
Clássica, dizia que a essência de
todas as coisas é o número, que
tudo pode ser representado
numericamente. Os positivistas
lógicos no século XX afirmavam
que um enunciado para ser
verdadeiro deveria passar pelo
crivo da lógica.

Ambas são consideradas Ciências formais porque
são instrumentais e lidam com operações que se
encadeiam através dos números, idéias, funções,
proposições etc. Alguns autores chegam a
afirmar que a lógica ou a matemática não seriam
propriamente Ciência, mas método. Ambas
não estão preocupadas com o conteúdo de
suas operações, mas com a implicação dos
elementos que compõem essas operações.
As Ciências factuais referem-se aos fatos ou
fenômenos concretos que correspondem a alguma coisa real e
podem ser observados ou testados. As Ciências naturais lidam
com fenômenos produzidos pela ação da natureza (Química,
Biologia, Física, Ecologia). As Ciências culturais, sociais ou
humanas lidam com os fenômenos produzidos pela ação do
homem nas relações sócio-culturais (Sociologia, Psicologia,
Antropologia, História)
Além da classificação apresentada (Ciências formais e factuais),
alguns autores acrescentam um outro agrupamento: o das
Ciências aplicadas. Neste grupo encontram-se todas as Ciências

Unidade 2

45
Universidade do Sul de Santa Catarina

que se propõem a criar artefatos ou tecnologias para a intervenção
na vida humana ou na natureza: Medicina, Arquitetura,
Engenharia, Ciências da Computação, entre outras.

SEÇÃO 3 - A perspectiva histórica da Ciência
Dos conhecimentos que você estudou na unidade anterior
(conhecimento do senso comum, conhecimento religioso,
conhecimento artístico e conhecimento filosófico), o científico
pode ser considerado o mais recente.
A Ciência, da forma como é entendida hoje, é
uma invenção do mundo moderno decorrente da
Revolução Científica do século XVII.

Kepler, Copérnico, Bacon, Descartes, Galileu, Newton, entre
outros foram os grandes expoentes que, no final da Idade Média
e durante a Idade Moderna criaram as bases do conhecimento
científico. Todavia, a história da Ciência começa muito antes
desse período, nos remetendo para a Grécia Antiga do século VI
a.C.
Nesse sentido, para que você possa iniciar o estudo da história
das Ciências com mais segurança e clareza é importante,
primeiramente, determinar os principais períodos históricos pelos
quais se desenvolveu o conhecimento científico.
Visão Grega
Século VI a.C. até o final da
Idade Média.

Visão Moderna
Século XVII ao Século XIX.

Visão Contemporânea
Século XIX até os nossos dias.

— Conhecidos os períodos históricos pelos quais se desenvolveu o
conhecimento científico, acompanhe a seguir, a descrição de cada um.

46
Ciência e Pesquisa

A visão grega de Ciência
Os gregos dos séculos VI a IV a.C. foram os primeiros a
desenvolver um tipo de conhecimento racional desligado do
mito. “O pensamento laico, não-religioso, logo se tornava
rigoroso e conceitual fazendo nascer a filosofia no século VI a.C.”
(ARANHA, MARTINS, 1999, p. 93).
Uma das preocupações mais evidentes, nesse período, era a
da busca do saber, a compreensão da natureza das coisas e do
homem. Buscava-se uma nova forma de compreensão do universo
em contraposição à visão mitológica.
Os filósofos “[...] pré-socráticos substituíram a concepção
de mundo caótico concebido pela mitologia pela idéia de
cosmos”. Agora o universo passava a ser a ordem ou o cosmos,
se contrapondo à concepção mitológica de que os fenômenos
aconteciam no mundo de forma caótica, como se fossem movidos
por forças espirituais e sobrenaturais comandadas pelas forças dos
deuses. (KÖCHE, 1997, p. 44).
Os primeiros filósofos buscavam o princípio explicativo de
todas as coisas (a arché), cuja unidade resumiria a extrema
multiplicidade da natureza. Os fenômenos estavam relacionados
a causas e forças naturais que podiam ser conhecidas e
previstas. “As respostas eram as mais variadas, mas a teoria que
permaneceu por mais tempo foi a de Empédocles, para quem o
mundo físico é constituído de quatro elementos: terra, água, ar e
fogo”. (ARANHA; MARTINS, 1999, p. 93).
Assim, a noção de Ciência na Grécia voltava-se para a
especulação racional e se desligava da técnica e das preocupações
práticas, pois “numa sociedade escravista, que deixava tarefas,
trabalhos e serviços aos escravos, a técnica era vista como uma
forma menor de conhecimento”. (ARANHA, MARTINS, 1999,
p. 255).
Segundo essa concepção, era preciso buscar a Ciência (episteme)
que consistia “[...] no conhecimento racional das essências, das
idéias imutáveis, objetivas e universais. As Ciências como a
matemática, a geometria e a astronomia são passos necessários a
serem percorridos pelo pensamento, até atingir as culminâncias
da reflexão filosófica”. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 94).
Unidade 2

47
Universidade do Sul de Santa Catarina

Para Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, a Ciência
(episteme) “[...] produz um conhecimento que pretende ser um
fiel espelho da realidade, por estar sustentado no observável e
pelo seu caráter de necessidade e universalidade”. A Physis era
o princípio ativo, a fonte intrínseca natural do comportamento
de cada coisa, determinada por sua matéria e forma. Portanto, a
Ciência física era uma Ciência da natureza (KÖCHE, 1997, p.
47).
Nesse sentido, a concepção estática do mundo se mantém
definida, na qual os gregos costumavam associar a perfeição ao
repouso, caracterizada pela ausência de movimento.
Assim, na visão grega de Ciência, predominou esse modelo
cosmológico aristotélico, posteriormente confirmado por
Ptolomeu (um helênico do século II d.C.), que defendia a idéia
de um mundo “geocêntrico, finito, de forma esférica, limitado às
estrelas visíveis e fechado, com princípios organizadores próprios,
tal qual um organismo vivo, dotado de inteligência própria”.
(KÖCHE, 1997, p. 48, grifo dos autores).

Figura 3 - Sistema Geocêntrico - órbitas dos planetas circulares.
Fonte: Disponível em: <http://www.astronomia.com>.

Outra característica marcante dessa astronomia (de Aristóteles)
foi a “hierarquização do cosmos, ou seja, o universo se achava
dividido em dois mundos, sendo que um era considerado superior
ao outro: o mundo sublunar, considerado inferior, correspondia à
região da Terra [...] e o mundo supralunar, de natureza superior,
correspondia aos ‘Céus”. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 94).
48
Ciência e Pesquisa

A partir deste breve esboço, segundo Aranha e Arruda (1999,
p. 95), podemos atribuir à Ciência grega, cinco características
marcantes, que são:
a) a Ciência encontra-se ligada à filosofia;
b) a Ciência é qualitativa;
c) a Ciência não é experimental;
d) a Ciência é contemplativa;
e) a Ciência baseia-se em uma concepção estática do
mundo.

O período medieval e a cristianização da concepção grega de Ciência
Continuando o estudo, chegamos ao mundo medieval (que
se estende aproximadamente dos séculos V ao XV), no qual
observamos que continua a vigorar a influência da herança grecolatina, no que se refere à manutenção da mesma concepção de
Ciência. “Apesar das diferenças evidentes, é possível compreender
essa continuidade, devido ao fato de o sistema de servidão
também se caracterizar pelo desprezo à técnica e a qualquer
atividade manual”. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 95).
Agora a Ciência “[...] se vincula aos interesses religiosos e se
subordina aos critérios da revelação, pois, na Idade Média,
a razão humana devia se submeter ao testemunho da fé”
(ARANHA, MARTINS, 1999, p. 95). O que valia eram as
verdades reveladas pelos “velhos livros”, fossem eles a Bíblia,
Aristóteles ou Ptolomeu. “Eles eram o próprio conhecimento, a
própria Ciência”. (ALFONSO-GOLDFARB, 1994, p. 30).
Por isso, nessa fase histórica, não houve desenvolvimento das
Ciências particulares, fazendo com que a lógica aristotélica
passasse a ser amplamente utilizada para justificar as verdades da
fé.
Nesse sentido você pode perceber que o Teocentrismo, tendo na
figura de Deus o centro de todas as atenções humanas, passou
a ser a visão de mundo que marcou o imaginário da maioria
das pessoas que viveram neste momento. Portanto, o período

Unidade 2

49
Universidade do Sul de Santa Catarina

medieval se constituiu, sobretudo, na primazia da fé sobre a
razão.

Figura 4 – Pinturas características da época
Fonte: Disponível em: <http://www.historiadarte.com.br/idademedia.htm>

A visão moderna de Ciência
A visão moderna de Ciência surge no final da Idade Média,
perpassa o período renascentista e culmina no século XVII com a
chamada Revolução Científica.
Nicolau Copérnico (1473-1543), que em oposição ao modelo
geocêntrico de astronomia de Ptolomeu, no século XVI, propõe o
modelo da teoria heliocêntrica. (ARANHA, ARRUDA, 1999,
p. 96, grifo nosso).

Figura 5 - Sistema Solar Heliocêntrico
Fonte: Disponível em: <http://www.astronomia.com>.

50
Ciência e Pesquisa

No período renascentista inicia-se uma concepção de Ciência,
em que as culturas fundamentadas no conhecimento racional
das essências (da Antigüidade clássica) ou nas verdades reveladas
pelos parâmetros bíblicos (do medieval) deveriam ser apagadas do
imaginário e da mentalidade dos europeus ocidentais, de modo
a valorizar-se apenas o uso de métodos experimentais rigorosos
que, amparados no conhecimento matemático, eram capazes de
proporcionar respostas consideradas cientificamente verdadeiras.
Assim, em princípio, temos a concepção racionalista de Ciência,
que se consolida até o final do século XVII. Neste tipo de
concepção, a Ciência é definida como um conhecimento racional
dedutivo e demonstrativo.
Paralelamente à concepção racionalista, temos a concepção
empirista de Ciência, que se baseava no modelo de objetividade
da medicina grega e da história natural do século XVII,
estendendo-se até o final do século XIX. Nesta concepção, se
defendia a posição de que não existiam idéias inatas, tendo na
experiência o parâmetro de aprendizado.
Assim, aos poucos, os pensadores modernos, seja pela concepção
racionalista ou empirista, passam a negar tacitamente o saber
aristotélico incorporado à teologia católica, do período medieval
europeu.
No campo da Física e da Astronomia, os estudos realizados por
Galileu possibilitaram a Isaac Newton (1642-1727) elaborar a
teoria da gravitação universal. A proposição física se tornava
uma lei, obtida pela observação e generalização indutiva,
transformando-se em “[...] proposições confiáveis e destituídas de
dúvida ou de arbitrariedade, [como se fosse] um decalque fiel e
objetivo da realidade”. (KÖCHE, 1997, p. 57).

Veja, na página seguinte,
uma breve apresentação dos
representantes de cada uma
das concepções de Ciência
estudadas aqui.

A partir deste momento, estava instituída a Física Mecânica
(de Newton) como paradigma para todas as Ciências, criado
matematicamente, as humanas e sociais inclusive. Agora, a
Ciência experimental newtoniana se transformava no modelo de
conhecimento.

Unidade 2

51
Universidade do Sul de Santa Catarina

René Descartes (1596-1650) é considerado o
pai do racionalismo, pois defendia a idéia de
que a verdade dos conceitos e demonstrações
matemáticos era inquestionável.

John Locke (1632-1704) é considerado um dos
grandes responsáveis por esta concepção de
Ciência. Dizia que a mente era uma página em
branco a qual a experiência viria a preencher.
Galileu Galilei (1564-1642) foi, certamente,
um dos grandes expoentes da Ciência
moderna sendo o primeiro a formular o
método quantitativo-experimental, o
primeiro a formular o problema crítico do
conhecimento.

Figura 6 - Pensadores modernos.

As Ciências Humanas e Sociais tiveram enorme dificuldade em
estabelecer um estatuto próprio ou uma autonomia, pois como
você percebeu todo o modelo de cientificidade, necessariamente,
estava vinculado às Ciências Naturais. A Física era considerada a
Ciência perfeita.
Assim, a Economia, a Sociologia, a Psicologia, dentre outras
Ciências Sociais e Humanas, nos séculos XVIII e XIX, para
atingirem o status de conhecimento científico, inicialmente
tiveram que adotar o modelo experimental proposto pela Física.
A Sociologia chegou a ser chamada de Física Social e a Psicologia
de Psicofísica.
A exaltação à Ciência e ao método experimental deu origem ao
chamado cientificismo:
visão reducionista segundo a qual a Ciência seria o
único conhecimento válido. Dessa forma, o método
das Ciências da natureza – baseado na observação,
experimentação e matematização – deveria ser estendido
a todos os campos do conhecimento e a todas as
atividades humanas. A Ciência virou praticamente um
mito. (HEERDT; LEONEL, 2006, p. 42).

52
Ciência e Pesquisa

— Até aqui você conheceu as visões grega e moderna de Ciência.
Acompanhe agora, para finalizar esse tema, a visão contemporânea.

A visão contemporânea de Ciência
Este período é marcado pela crise do modelo de Ciência da Idade
Moderna. Nesse sentido, “a principal contribuição para uma
nova concepção de Ciência foi dada (pelo físico) Einstein, pois
“as teorias da relatividade restrita e da relatividade geral foram
importantes não apenas pelo conteúdo que apresentaram, mas
pela forma como foram alcançadas”. (KÖCHE, 1997, p. 60).
A cientificidade passa a ser pensada nesse momento
como uma idéia reguladora de alta abstração e não
mais como sinônimo de modelos e normas a serem
seguidos. Agora a teoria não será mais aceita como
definitivamente confirmada.

Então, “a objetividade da Ciência resulta do julgamento
feito pelos membros da comunidade científica que avaliam
criticamente os procedimentos utilizados e as conclusões,
divulgadas em revistas especializadas e congressos”. (ARANHA,
MARTINS, 1999, p. 89).
Dessa maneira, a Ciência procura demonstrar que é capaz de
fornecer respostas dignas de confiança, desde que submetidas
continuamente a um processo de revisão crítico, sistemático
e fundamentado nas teorias vigentes. “A Ciência, em sua
compreensão atual, deixa de lado a pretensão de taxar seus
resultados de verdadeiros, mas, consciente de sua falibilidade,
busca saber sempre mais” (KÖCHE, 1997, p. 79).
Trata-se agora de “[...] olhar a Ciência como produzida por seres
humanos a partir de uma consCiência humana, de maneira que,
em lugar de tomar a objetividade como um produto científico
auto-evidente, gostaria de examinar o aspecto subjetivo da
objetividade”. (KELLER, 1994, p. 93).

Unidade 2

53
Universidade do Sul de Santa Catarina

O conhecimento científico pode ser definido como
provisório e construído, até que outro venha a
superá-lo.

A visão contemporânea de Ciência é marcada pelas rupturas
epistemológicas, não havendo um modelo exclusivo que
caracterize o conhecimento científico nessa época. Ruptura
epistemológica significa revisão crítica do conhecimento e
tentativas de superar aquela visão estática, marcada pelas verdades
dogmáticas e imutáveis, tão característico em toda a história do
conhecimento científico.
— Que bom, você chegou no final de mais uma unidade de estudo.
Agora você está preparado para refletir sobre o que aprendeu no estudo
desta unidade. Para isso, você responderá as questões apresentadas a
seguir, especialmente preparadas para promover reflexões voltadas às
preocupações mais comuns do nosso cotidiano.

54
Ciência e Pesquisa

Atividades de auto-avaliação
Leia com atenção os enunciados e realize, a seguir, as atividades:
1) Você estudou, nesta unidade, que entre os séculos XVIII e XIX, defendia-se a idéia de que a Ciência era o único meio de se chegar à verdade
e à certeza das respostas. Hoje, no entanto, essa visão está sendo aos
poucos superada.
Descreva, sucintamente, qual é a visão contemporânea de Ciência que
se apresenta em nosso meio.

2) Analise as afirmações sobre a classificação das Ciências e depois
assinale a resposta certa:
I. A Biologia está situada no grupo das Ciências naturais;
II. A Ecologia está situada no grupo das Ciências humanas ou sociais;
III. As Ciências aplicadas são Ciências que conduzem à invenção de
tecnologias para intervir na natureza, na vida humana e nas sociedades
(Direito, Engenharia, Medicina, Arquitetura, Informática, etc.);
IV. Aritmética, Geometria, Álgebra, Trigonometria, Lógica, Física pura,
Astronomia pura, etc., são exemplos de Ciências matemáticas ou
lógico-matemáticas.

Unidade 2

55
Universidade do Sul de Santa Catarina

a) (

) Somente a afirmação II está correta.

b) (

) As afirmações I, III e IV estão corretas.

c) (

) Nenhuma afirmação está correta.

d) (

) Todas as afirmações estão corretas.

3) A Ciência pode ser utilizada como fonte de poder sobre a natureza.
Para isso as tecnologias vêm se transformando a cada dia que passa.
A partir do exposto, responda: qual a relação que existe entre a Ciência
e a tecnologia?

56
Ciência e Pesquisa

Síntese
Você estudou, nesta unidade, a definição de Ciência, a relação
entre Ciência e Tecnologia, a classificação das Ciências e a
perspectiva histórica da Ciência.
Você percebeu que não há uma única forma de definir Ciência.
Esta dificuldade resulta de fatores culturais, históricos, filosóficos
ou ideológicos. Entretanto, mesmo existindo essa dificuldade,
é possível identificar algumas características que são próprias
do conhecimento científico. Neste sentido podemos dizer que o
conhecimento científico é verificável, factual, objetivo, racional,
preditivo, comunicável, descritivo-explicativo, metódico, movido
por paradigmas, intersubjetivo, dentre outros.
Sobre a relação entre Ciência e Tecnologia você percebeu que
a Ciência é o meio mais adequado para o controle prático da
natureza. Alimentação, transporte, saúde, produção industrial
dependem das inovações tecnológicas, que, por sua vez,
dependem dos avanços na Ciência. Desta maneira torna-se difícil
separar a Ciência da Técnica.
As Ciências se dividem em dois grupos: as formais e as factuais.
As Ciências formais ocupam-se de elementos ideais e abstratos e
estudam as implicações lógicas e matemáticas do pensamento. As
Ciências factuais estudam fenômenos naturais (Física, Química,
Biologia, Ecologia, etc.) e humanos e sociais (Sociologia,
Economia, Antropologia, História, Psicologia, Direito, etc.).
As Ciências se agrupam conforme a familiaridade com o objeto
de estudo. Assim, as Ciências que estudam os fenômenos da
natureza estão reunidas em um grupo e as que estudam os
fenômenos sociais e humanos em outro grupo, apesar de ambas
pertencerem ao grupo das Ciências factuais. Estudando a
divisão da Ciência também podemos entender o conhecimento
científico como sendo o conhecimento das especialidades, das
particularidades. Neste sentido, podemos dizer que todo cientista
é um especialista em determinada área do conhecimento.
Você estudou também sobre as três grandes concepções históricas
de Ciência: a visão grega, moderna e contemporânea.

Unidade 2

57
Universidade do Sul de Santa Catarina

Na visão grega, você estudou que se desenvolveu um tipo de
conhecimento racional desligado do mito. Nessa época, as
concepções míticas do universo dão lugar às concepções baseadas
na racionalidade, fazendo surgir a Filosofia. Na visão grega de
Ciência predominou o modelo cosmológico de universo chamado
geocentrismo (a Terra como centro do universo). Na Idade
Média, o modelo de Ciência grega vincula-se aos interesses
religiosos e se subordina aos critérios da revelação. Este modelo
perdurou até o final da Idade Média quando foi questionado
pelos principais protagonistas da Ciência moderna que
propuseram o modelo heliocêntrico (sol como centro do universo)
em substituição ao modelo geocêntrico.
Na Idade Moderna a concepção de Ciência de desvincula da
visão grega por meio da chamada Revolução científica. Kepler,
Copérnico, Bacon, Descartes, Galileu, Newton, entre outros
foram os grandes expoentes que, no final da Idade Média, e
durante a Idade Moderna criaram as bases do conhecimento
científico. Duas concepções marcaram a Ciência no mundo
moderno: a racionalista e a empirista. A concepção racionalista
preconiza um conhecimento racional, dedutivo e demonstrativo e
seu maior expoente é René Descartes (1596-1650). A concepção
empirista defendia a posição de que não existem idéias inatas e
a experiência é o parâmetro para todo aprendizado. O grande
expoente da concepção empirista é John Locke (1632-1704) que
dizia que a mente era uma página em branco a qual a experiência
viria preencher.
O modelo de cientificidade estava vinculado às Ciências naturais
e era baseado na matematização e na experimentação. A física
era a Ciência perfeita e considerada modelo de cientificidade.
A visão contemporânea de Ciência é marcada pelas rupturas
epistemológicas não havendo um modelo exclusivo que
caracterize o conhecimento científico. Como você estudou,
ruptura epistemológica significa revisão crítica do conhecimento.
A concepção atual de Ciência é marcada pela idéia de que não
há verdades eternas, pois as teorias são transitórias e podem ser
renovadas ou até substituídas.

58
Ciência e Pesquisa

Saiba mais
Para aprofundar o assunto tratado nesta unidade, leia o texto
a seguir extraído do livro de Rubem Alves, intitulado Entre a
Ciência e a sapiência: o dilema da educação (14. ed. São Paulo:
Loyola, 2005).

O que é científico?
“Era uma vez uma aldeia às margens de um rio, rio imenso
cujo lado de lá não se via, as águas passavam sem parar, ora
mansas, ora furiosas, rio que fascinava e dava medo, muitos
haviam morrido em suas águas misteriosas, e por medo e
fascínio os aldeões haviam construído altares à suas margens,
neles o fogo estava sempre aceso, e ao redor deles se ouviam
as canções e os poemas que artistas haviam composto sob o
encantamento do rio sem fim.
O rio era morada de muitos seres misteriosos. Alguns
repentinamente saltavam de suas águas, para logo depois
mergulhar e desaparecer. Outros, deles só se viam os dorsos
que se mostravam na superfície das águas. E, havia as sombras
que podiam ser vistas deslizando das profundezas, sem nunca
subir à superfície. Contava-se, nas conversas à roda do fogo,
que havia monstros, dragões, sereias e iaras naquelas águas,
sendo que alguns suspeitavam mesmo que o rio fosse morada
de deuses. E todos se perguntavam sobre os outros seres,
nunca vistos, de número indefinido, de formas impensadas, de
movimentos desconhecidos, que morariam nas profundezas
escuras do rio.
Mas tudo eram suposições. Os moradores da aldeia viam
de longe e suspeitavam – mas nunca haviam conseguido
capturar uma única criatura das que habitavam o rio: todas
as suas magias, encantações, filosofias e religiões haviam
sido inúteis: haviam produzido muitos livros mas não haviam
conseguido capturar nenhuma das criaturas do rio.
Assim foi, por gerações sem conta. Até que um dos aldeões
pensou um objeto jamais pensado. (O pensamento é uma
coisa existindo na imaginação antes de ela se tornar real. A
mente é útero. A imaginação a fecunda. Forma-se um feto:

Unidade 2

59
Universidade do Sul de Santa Catarina

pensamento. Aí ele nasce...) Ele imaginou um objeto para pegar
as criaturas do rio. Pensou e fez. Objeto estranho: uma porção de
buracos amarrados por barbantes. Os buracos eram para deixar
passar o que não se desejava pegar: a água. Os barbantes eram
necessários para se pegar o que se deseja pegar: os peixes. Ele
teceu uma rede.
Todos se riram quando ele caminhou na direção do rio com
a rede que tecera. Riram-se dos buracos dela. Ele nem ligou.
Armou a rede como pôde e foi dormir. No dia seguinte, ao puxar
a rede, viu que nela se encontrava, presa, enroscada,uma criatura
do rio: um peixe dourado.
Foi aquele alvoroço. Uns ficaram com raiva. Tinham estado
tentando pegar as criaturas do rio com fórmulas sagradas, sem
sucesso. Disseram que a rede era objeto de feitiçaria. Quando o
homem lhes mostrou o peixe dourado que sua rede apanhara,
eles fecharam os olhos e o ameaçaram com a fogueira.
Outros ficaram alegres e trataram de aprender a arte de fazer
redes. Os tipos mais variados de redes foram inventados.
Redondas, compridas, de malhas grandes, de malhas pequenas,
umas para ser lançadas, outras para ficar à espera, outras para ser
arrastadas. Cada rede pegava um tipo diferente de peixe.
Os pescadores-fabricantes de redes ficaram muito importantes.
Porque os peixes que eles pescavam tinham poderes
maravilhosos para diminuir o sofrimento e aumentar o prazer.
Havia peixes que se prestavam para ser comidos, para curar
doenças, para tirar a dor, para fazer voar, para fertilizar os campos
e até mesmo para matar. Sua arte de pescar lhes deu grande
poder e prestígio, e, eles passaram a ser muito respeitados e
invejados.
Os pescadores-fabricantes de redes se organizaram numa
confraria. Para pertencer à confraria, era necessário que o
postulante soubesse tecer redes e que apresentasse, como prova
de sua competência, um peixe pescado com as redes que ele
mesmo tecera.
Mas uma coisa estranha aconteceu. De tanto tecer redes, pescar
peixes e falar sobre redes e peixes, os membros da confraria
acabaram por esquecer a linguagem que os habitantes da
aldeia haviam falado sempre e ainda falavam. Puseram, em
seu lugar, uma linguagem apropriada a suas redes e a seus
peixes, que tinha de ser falada por todos os seus membros,

60
Ciência e Pesquisa

sob pena de expulsão. A nova linguagem recebeu o nome de
ictiolalês (do grego ichthys = “peixe” + “fala”). Mas, como bem
disse Wittgenstein alguns séculos depois, “os limites da minha
linguagem denotam os limites do meu mundo”. Meu mundo é
aquilo sobre o que posso falar. A linguagem estabelece uma
ontologia. Os membros da confraria, por força de seus hábitos
de linguagem, passaram a pensar que só era real aquilo sobre
que eles sabiam falar, isto é, aquilo que era pescado com redes
e falado em ictiolalês. Qualquer coisa que não fosse peixe, que
não fosse apanhado com suas redes, que não pudesse ser falado
em ictiolalês, eles recusavam e diziam: “Não é real”.
Quando as pessoas lhes falavam de nuvens, eles diziam: “Com
que rede esse peixe foi pescado?” A pessoa respondia: “Não foi
pescado, não é peixe”. Eles punham logo fim à conversa: “Não
é real”. O mesmo acontecia se as pessoas lhes falavam de cores,
cheiros, sentimentos, música, poesia, amor, felicidade. Essas
coisas, não há redes de barbante que as peguem. A fala era
rejeitada com o julgamento final: “Se não foi pescado no rio com
rede aprovada não é real”.
As redes usadas pelos membros da confraria eram boas? Muito
boas.
Os peixes pescados pelos membros da confraria eram bons?
Muito bons.
As redes usadas pelos membros da confraria se prestavam
para pescar tudo o que existia no mundo? Não. Há muita coisa
no mundo, muita coisa mesmo, que as redes dos membros da
confraria não conseguem pegar. São criaturas mais leves, que
exigem redes de outro tipo, mais sutis, mais delicadas. E, no
entanto, são absolutamente reais. Só que não nadam no rio.
Meu colega aposentado, com todas as credenciais e titulações,
mostrou para os colegas um sabiá que ele mesmo criara. Fez
o sabiá cantar para eles, e eles disseram: “Não foi pego com
as redes regulamentares; não é real; não sabemos o que é um
sabiá; não sabemos o que é o canto de um sabiá...”
Sua pergunta está respondida, meu amigo: o que é científico?
Resposta: é aquilo que caiu nas redes reconhecidas pela
confraria dos cientistas. Cientistas são aqueles que pescam no
grande rio...
Mas há também os céus e as matas que se enchem de cantos de
sabiás... Lá as redes dos cientistas ficam sempre vazias.

Unidade 2

61
UNIDADE 3

Método científico
Objetivos de aprendizagem
Compreender o conceito de método científico.
Relacionar método e técnica.
Diferenciar o método de abordagem do de
procedimento.
Descrever os principais tipos de métodos de abordagem
e de procedimento.
Identificar os principais tipos de técnicas de pesquisa.

Seções de estudo
Seção 1 O que é método científico?
Seção 2 Métodos de abordagem
Seção 3 Métodos de procedimento
Seção 4 Técnicas de pesquisa

3
Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo
Você estudou que o conhecimento científico apresenta muitas
características e uma delas reporta-se ao fato de ser um
conhecimento metódico. Estudou que não há condições de haver
ciência sem a presença do método.
Nesta unidade, objetivando aprofundar o entendimento sobre
a idéia de ciência, você estudará o conceito, a importância e os
principais tipos de método científico. Bom estudo!

SEÇÃO 1 - O que é método científico?
A palavra método vem do grego methodos e é composta de metá
(através de, por meio de) e de hodós (via, caminho). Para que
você possa entender o significado da palavra em seu sentido
etimológico imagine a escalada de uma montanha que oferece
muitas dificuldades na subida. Antes de subir, certamente, será
necessário estudar a montanha para ter a certeza do melhor
caminho a ser seguido, providenciar as ferramentas necessárias e
conhecer as regras e técnicas da escalada.
A palavra método foi utilizada neste sentido,
querendo designar via, caminho, meio ou linha de
raciocínio.

Para todas as atividades da vida humana é necessário escolher
a melhor via, o melhor caminho, isto é, o melhor método. Na
ciência também não é diferente. Se o pesquisador lança um
problema de pesquisa, se deseja investigar um determinado
fenômeno, precisa, antes de tudo, determinar o caminho a ser
seguido para encontrar respostas para o seu problema. Assim,
o método consiste no ponto de ligação entre a dúvida e o
conhecimento.

64
Ciência e Pesquisa

[...] A própria significação da palavra ‘método’ indica
que sua função é instrumental, ligando dois pólos, a
saber, um pólo de origem ou ponto de partida (estado
de ignorância), outro pólo de destinação ou ponto de
chegada (estado de conhecimento) [...]. O método
corresponde ao grande empreendimento de construção do
saber científico, da fase investigativa à fase expositiva [...].
O método se confunde com o processo por meio do qual
se realiza a pesquisa científica. (BITTAR, 2003, p. 9-10).

Cardoso (1982, p. 57) afirma que o método diz respeito aos meios
de que dispõe a ciência para propor problemas verificáveis e para
submeter à prova ou verificação as soluções que forem propostas
a tais problemas. Assim, a primeira pergunta que deve ser feita
para saber se um dado conhecimento é científico é: como foi
obtido? Ou, em outras palavras, como chegou-se a considerar que
tal conhecimento é verdadeiro (no sentido das verdades parciais e
falíveis da ciência)?
Você percebeu que o método é um aliado da ciência sendo, por
isso, indispensável na produção do conhecimento científico.
Todo pesquisador que se propõe a fazer pesquisa coloca-se, por
analogia, na posição do alpinista que se pergunta qual o melhor
caminho para escalar a montanha. Neste caso o pesquisador se
pergunta: qual o melhor método para investigar um determinado
problema de pesquisa.
Não há método pronto, fi xo, definitivo que possa
ser adquirido num balcão de supermercado. O
estabelecimento do método da pesquisa depende de
fatores relacionados à natureza do objeto de estudo,
de aspectos relacionados à natureza da ciência
em que o objeto se situa e, fundamentalmente, da
criatividade do pesquisador. Neste sentido, entenda
o método como sendo a expressão formal do
pensamento, a linha de raciocínio que o pesquisador
estabelece para abordar o seu problema de pesquisa.
Por mais que o método seja uma conseqüência da
criatividade do pesquisador é possível encontrar na literatura da
área de Metodologia (disciplina que estuda o método) alguns
métodos já consagrados que expressam a forma do raciocínio se
organizar.

Unidade 3

65
Universidade do Sul de Santa Catarina

Esses métodos são classificados em dois tipos: de abordagem e de
procedimento.
— Essa classificação será o assunto das próximas seções. Mas,
primeiramente, você conhecerá mais detalhes sobre o método de
abordagem. Vamos lá?

SEÇÃO 2 - Métodos de abordagem
Os métodos de abordagem estão vinculados ao plano geral do
trabalho, ao raciocínio que se estabelece como fio condutor na
investigação do problema de pesquisa.
Cervo e Bervian (1983, p. 23) afirmam que “é a ordem que se
deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um
fim dado ou um resultado desejado”.
— Mas você sabe quais são os tipos desses métodos utilizados como base
de raciocínio em pesquisas científicas? Veja a seguir.

Os tipos de métodos de abordagem
Os tipos mais freqüentes de métodos utilizados como base de
raciocínio nas investigações científicas são: dedutivo, indutivo,
hipotético-dedutivo, dialético e o fenomenológico.
Método dedutivo – parte de uma proposição universal ou geral
para atingir uma conclusão específica ou particular. Observe os
exemplos.
Todo homem é mortal.
Sócrates é homem.
Então Sócrates é mortal.
Nenhum mamífero é peixe.
A baleia é mamífera.
Então a baleia não é peixe.

66
Ciência e Pesquisa

Nos exemplos citados, observe que a primeira premissa é geral
ou universal: “todo homem é mortal” ou “nenhum mamífero é
peixe”. A expressão “todo” refere-se a uma proposição universal
afirmativa e a expressão “nenhum” refere-se a uma proposição
universal negativa. Em ambos os casos você observou que a
primeira premissa (premissa é aquilo que vem antes) é universal
(todos ou nenhum) e também observou que a conclusão é
particular: “Sócrates é mortal” ou “a baleia não é peixe”.
Em uma pesquisa científica, muitas vezes o pesquisador
estabelece seu raciocínio de forma com que as primeiras
considerações acerca do problema sejam consideradas universais
ou gerais para, em seguida, analisar o problema de forma
específica ou particular.
Para Pasold (2000, p. 92), o método dedutivo pede a
[...] seleção prévia de uma formulação geral que será
sustentada pela pesquisa e, por conseguinte, terá tal
dinâmica exposta em seu relato de pesquisa [...]. A
sua utilização sofre um claro condicionamento do
direcionamento que o pesquisador vai conferir ao [...]
tema que foi antecedentemente estabelecido, ou seja, ele
tem uma prévia concepção formulativa sobre o objeto de
sua investigação.

Método indutivo – parte de uma ou mais proposições
particulares para atingir uma conclusão geral ou universal.
Observe os exemplos:

Unidade 3

67
Universidade do Sul de Santa Catarina

O cisne 1 é branco.
O cisne 2 é branco.
O cisne 3 é branco.
Ora, os cisnes 1, 2 e 3 são brancos.
Logo, todos os cisnes são brancos.
O ouro conduz eletricidade.
O cobre conduz eletricidade.
O ferro conduz eletricidade.
Ora, o ouro, o ferro e o cobre são metais.
Logo, todos os metais conduzem eletricidade.

Os exemplos apresentados indicam nas primeiras premissas dados
ou fatos particulares (os cisnes 1, 2 e 3 são brancos, ou o ouro,
o cobre e o ferro conduzem eletricidade) e se encaminham para
conclusões universais (todos os cisnes são brancos ou todos os
metais conduzem eletricidade).
No raciocínio dedutivo, se as duas primeiras premissas estiverem
corretas, a conclusão necessariamente será correta, mas isto não
ocorre com o raciocínio indutivo.
No método indutivo, diz-se que o todo é igual às partes que
foram analisadas. Este procedimento pode marcar a falibilidade
do conhecimento, pois nem sempre o todo é igual às partes.
Há registros de cisnes pretos. Afirmar que todos os cisnes são
brancos, portanto, é um erro.
Na pesquisa científica, a aplicação do método indutivo se dá
principalmente através do uso da estatística probabilística e,
também, por intermédio da realização de estudos de caso. Neste
sentido, é possível estudar um caso isoladamente dos demais,
estudá-los comparativamente ou, ainda, realizar um estudo
multicaso.

68
Ciência e Pesquisa

Método hipotético-dedutivo – não se limita à generalização
empírica das observações, vendo o mundo como existindo,
independentemente da apreciação do observador. Por isso,
considera-se um método lógico por excelência, que se relaciona
à experimentação, motivo pelo qual é amplamente utilizado nas
pesquisas das ciências naturais.
É um método que consiste em testar as hipóteses.
A solução provisória apresentada ao problema da
pesquisa deve ser submetida ao teste de falseamento,
através da observação e da experimentação.

Enquanto o método dedutivo é conseqüência de uma implicação
de idéias que são encadeadas pelo raciocínio, muitas vezes
distante dos fatos, o método hipotético-dedutivo exige a
verificabilidade objetiva dos fatos. Isto quer dizer que a dedução
transforma-se em hipótese e precisa ser testada.
Você percebeu que no método dedutivo foi apresentado o
seguinte exemplo: “nenhum mamífero é peixe; a baleia é
mamífera; então a baleia não é peixe”. No método hipotéticodedutivo, só é possível aceitar que a baleia não é peixe se houver
um procedimento que permita a sua verificabilidade, ou seja, é
necessário provar, que a baleia não é peixe.
Método dialético – a dialética é uma abordagem que tem como
objetivo a obtenção da verdade a partir da observação e superação
das contradições dos argumentos, implicando no clássico
raciocínio da tese, antítese e síntese. A negação é o seu motor.

Unidade 3

69
Universidade do Sul de Santa Catarina

Nesta, como você pode observar, a contradição é o ponto central
de todas as coisas, numa dada realidade, culminando na lógica
do conflito, do movimento e da mudança. Ter uma compreensão
dialética do mundo significa, portanto, entender esse mesmo
mundo como essencialmente contraditório. Observe a figura a
seguir.

Figura 1 - Metodologia da dialética de Hegel, conforme Heerdt e Leonel (2005, p. 47)

A tese representa a afirmação, a antítese a negação
e a síntese a negação da negação (negação da tese e
negação da antítese).

Para você entender esse movimento imagine a organização da
sociedade da época medieval e moderna. Na Idade Média, a
sociedade era formada, basicamente, por duas classes sociais:
a nobreza, composta pelo clero e senhores feudais e servos,
composta pelos camponeses.
A luta entre estas duas classes fez surgir uma nova sociedade:
a capitalista. No período moderno, a sociedade capitalista
foi formada por duas classes: a burguesia e o proletariado. A
luta entre as duas fez surgir uma nova sociedade: a sociedade
socialista ou comunista. Assim é o movimento da História,
e também é a forma de entender como as sociedades se
transformam na concepção da dialética.

70
Ciência e Pesquisa

Na pesquisa científica, o método dialético fica evidenciado
quando se discute as contradições próprias do objeto de estudo.
No trabalho escrito, por exemplo, estas contradições podem
ser apresentadas em capítulos diferentes em que o primeiro
caracterizaria a tese, o segundo a antítese e o terceiro a síntese.
Pasold (2000, p. 86) afirma que o método dialético, no âmbito da
pesquisa científica, significa “estabelecer ou encontrar uma tese,
contrapondo a ela uma antítese encontrada ou responsavelmente
criada e, em seguida, buscar identificar ou estabelecer uma síntese
fundamentada quanto ao fenômeno investigado”.
Método fenomenológico - a fenomenologia toma como base a
idéia de que é possível chegar à essência do objeto da pesquisa (do
ser pesquisado) a partir da observação e do exame do fenômeno
como algo que aparece à consciência.
Assim, esse método trata daqueles aspectos mais essenciais do
fenômeno (redução fenomenológica), aspirando apreendê-los
através da intuição (que se opõe ao conhecimento discursivo),
sem esgotá-los. Por isso, o fenômeno serve para caracterizar
processos que se podem observar sensivelmente (FERRARI,
1973, p. 47).
O método fenomenológico, no âmbito da pesquisa científica,
pode ser evidenciado, principalmente, nas pesquisas de
abordagem qualitativa do tipo pesquisa-ação e pesquisa
participante.
— Nesta seção, você estudou sobre um tipo dos métodos que expressam
a forma do raciocínio se organizar: os métodos de abordagem. Estude
na próxima seção os métodos de procedimento.

Unidade 3

71
Universidade do Sul de Santa Catarina

SEÇÃO 3 - Métodos de procedimento
Ao contrário dos métodos de abordagem, os métodos de
procedimento estão vinculados muito mais à etapa de aplicação
das técnicas em uma investigação ou, mais especificamente, às
fases de desenvolvimento de uma pesquisa. Caracterizam-se
por apresentar um conjunto de procedimentos relacionados ao
momento da coleta e registro dos dados.
Enquanto o método de abordagem está relacionado ao pensar, os
métodos de procedimento estão ligados ao fazer.
— Mas você sabe quais são os tipos de métodos de procedimento mais
comuns nas pesquisas científicas? Veja a seguir.

Os tipos de métodos de procedimento
Para que você tenha uma visão mais concreta dos métodos de
procedimento, acompanhe uma breve descrição dos principais
tipos, selecionados para o estudo nesta disciplina: o comparativo,
o estatístico, o etnográfico, o histórico e o monográfico.
Método comparativo – tem como preocupação básica
a verificação de semelhança entre pessoas, padrões de
comportamento ou fenômenos, para poder explicar as
divergências constatadas nessa comparação.
Observe o resumo da pesquisa intitulada “Estudo comparativo
sobre o desempenho perceptual e motor na idade escolar em
crianças nascidas pré-termo e a termo”, publicada na revista
Arquivos de Neuro-Psiquiatria.

72
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  • 1. Universidade do Sul de Santa Catarina Ciência e Pesquisa Disciplina na modalidade a distância 2ª edição revista e atualizada Palhoça UnisulVirtual 2007
  • 2. Créditos Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina UnisulVirtual - Educação Superior a Distância Campus UnisulVirtual Avenida dos Lagos, 41 Cidade Universitária Pedra Branca Palhoça – SC - 88137-100 Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 E-mail: cursovirtual@unisul.br Site: www.virtual.unisul.br Reitor Unisul Gerson Luiz Joner da Silveira Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Fabian Martins de Castro Pró-Reitor Administrativo Marcus Vinícius Anátoles da Silva Ferreira Campus Sul Diretor: Valter Alves Schmitz Neto Diretora adjunta: Alexandra Orsoni Campus Norte Diretor: Ailton Nazareno Soares Diretora adjunta: Cibele Schuelter Campus UnisulVirtual Diretor: João Vianney Diretora adjunta: Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Administração Renato André Luz Valmir Venício Inácio Avaliação Institucional Dênia Falcão de Bittencourt Biblioteca Soraya Arruda Waltrick Capacitação e Apoio Pedagógico à Tutoria Angelita Marçal Flores (Coordenadora) Caroline Batista Enzo de Oliveira Moreira Patrícia Meneghel Vanessa Francine Corrêa FICHA 24-05-07.indd FICHA_24-05-07.indd 2 Coordenação dos Cursos Adriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luisa Mülbert Ana Paula Reusing Pacheco Charles Cesconetto Diva Marília Flemming Fabiano Ceretta Itamar Pedro Bevilaqua Janete Elza Felisbino Jucimara Roesler Lauro José Ballock Lívia da Cruz (Auxiliar) Luiz Guilherme Buchmann Figueiredo Luiz Otávio Botelho Lento Marcelo Cavalcanti Maria da Graça Poyer Maria de Fátima Martins (Auxiliar) Mauro Faccioni Filho Michelle D. Durieux Lopes Destri Moacir Fogaça Moacir Heerdt Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Alberton Raulino Jacó Brüning Rodrigo Nunes Lunardelli Simone Andréa de Castilho (Auxiliar) Criação e Reconhecimento de Cursos Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Desenho Educacional Design Instrucional Daniela Erani Monteiro Will (Coordenadora) Carmen Maria Cipriani Pandini Carolina Hoeller da Silva Boeing Flávia Lumi Matuzawa Karla Leonora Dahse Nunes Leandro Kingeski Pacheco Ligia Maria Soufen Tumolo Márcia Loch Viviane Bastos Viviani Poyer Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel Avaliação da Aprendizagem Márcia Loch (Coordenadora) Cristina Klipp de Oliveira Silvana Denise Guimarães Design Gráfico Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro (Coordenador) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Evandro Guedes Machado Fernando Roberto Dias Zimmermann Higor Ghisi Luciano Pedro Paulo Alves Teixeira Rafael Pessi Vilson Martins Filho Disciplinas a Distância Tade-Ane de Amorim Cátia Melissa Rodrigues Gerência Acadêmica Patrícia Alberton Gerência de Ensino Ana Paula Reusing Pacheco Logística de Encontros Presenciais Márcia Luz de Oliveira (Coordenadora) Aracelli Araldi Graciele Marinês Lindenmayr Letícia Cristina Barbosa Kênia Alexandra Costa Hermann Priscila Santos Alves Formatura e Eventos Jackson Schuelter Wiggers Logística de Materiais Jeferson Cassiano Almeida da Costa (Coordenador) José Carlos Teixeira Eduardo Kraus Monitoria e Suporte Rafael da Cunha Lara (Coordenador) Adriana Silveira Andréia Drewes Caroline Mendonça Cristiano Dalazen Dyego Rachadel Edison Rodrigo Valim Francielle Arruda Gabriela Malinverni Barbieri Jonatas Collaço de Souza Josiane Conceição Leal Maria Eugênia Ferreira Celeghin Rachel Lopes C. Pinto Vinícius Maykot Serafim Produção Industrial e Suporte Arthur Emmanuel F. Silveira (Coordenador) Francisco Asp Relacionamento com o Mercado Walter Félix Cardoso Júnior Secretaria de Ensino a Distância Karine Augusta Zanoni Albuquerque (Secretária de ensino) Ana Paula Pereira Andréa Luci Mandira Carla Cristina Sbardella Deise Marcelo Antunes Djeime Sammer Bortolotti Franciele da Silva Bruchado Grasiela Martins James Marcel Silva Ribeiro Jenniffer Camargo Lamuniê Souza Lauana de Lima Bezerra Liana Pamplona Marcelo José Soares Marcos Alcides Medeiros Junior Maria Isabel Aragon Olavo Lajús Priscilla Geovana Pagani Rosângela Mara Siegel Silvana Henrique Silva Vanilda Liordina Heerdt Vilmar Isaurino Vidal Secretária Executiva Viviane Schalata Martins Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coordenador) Jefferson Amorin Oliveira Ricardo Alexandre Bianchini 18/6/2007 14:07:44
  • 3. :07:44 7:44 Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Ciência e Pesquisa. O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma, abordando conteúdos especialmente selecionados e adotando uma linguagem que facilite seu estudo a distância. Por falar em distância, isto não significa que você estará sozinho. Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina também será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade. Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois sua aprendizagem é nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual.
  • 4.
  • 5. Vilson Leonel Alexandre de Medeiros Motta Ciência e Pesquisa Livro didático Design instrucional Viviane Bastos 2ª edição revista e atualizada Palhoça UnisulVirtual 2007
  • 6. Copyright © UnisulVirtual 2007 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Edição – Livro Didático Professores Conteudistas Alexandre de Medeiros Motta Vilson Leonel Design Instrucional Viviane Bastos Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Pedro Teixeira Revisão Ortográfica B2B 001.42 L61 Leonel, Vilson Ciência e Pesquisa : livro didático / Vilson Leonel, Alexandre de Medeiros Motta ; design instrucional Viviane Bastos. 2ª. ed. rev. atual. – Palhoça : UnisulVirtual, 2007. 230 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-116-2 1. Ciência. 2. Pesquisa - Metodologia. I. Motta, Alexandre Medeiros. II. Bastos, Viviane. III. Título. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
  • 7. Sumário Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE UNIDADE UNIDADE UNIDADE UNIDADE UNIDADE 1 2 3 4 5 6 – – – – – – Conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Ciência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Método científico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Produção acadêmica: tipos de trabalhos científicos . . . 151 Redação científica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211 Sobre os professores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219 Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 221
  • 8.
  • 9. Palavras dos professores É imprescindível entender a educação universitária como um processo de mediação e facilitação da aprendizagem, lugar de excelência do saber, capaz de permitir ao aluno a compreensão dos fundamentos da ciência e o desenvolvimento de uma postura crítica diante da sociedade em que vive. Assim, a disciplina Ciência e Pesquisa disponibiliza conteúdos essenciais para que você tenha condições de refletir sobre as teorias que envolvem a ciência e a pesquisa. No entanto, é preciso lembrar que em disciplinas a distância o fator autoaprendizagem é a condição fundamental para se desenvolver os estudos dos conteúdos apresentados. A universidade, por excelência, é o lugar de produção de novos conhecimentos e novos saberes e a ciência e a pesquisa são instrumentos para que isso se concretize. Esta é uma das funções históricas do ensino universitário. Nesse sentido, entendemos que a disciplina Ciência e Pesquisa assume relevante papel, uma vez que os conteúdos dispostos nas unidades de estudo contribuirão para a consolidação dessa função da universidade. Bom estudo! Vilson Leonel e Alexandre de Medeiros Motta
  • 10.
  • 11. Plano de estudo O plano de estudos visa orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Nele, você encontrará elementos que esclarecem o contexto da disciplina e sugerem formas de organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam. Assim, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/ mediação. São elementos desse processo: o livro didático; o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem - EVA; as atividades de avaliação (complementares, a distância e presenciais); o Sistema Tutorial. Ementa Conhecimento. Ciência. Pesquisa e método científico. Produção acadêmica. Redação científica. Carga Horária A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula.
  • 12. Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos Geral: Conhecer o método de produção científica e distingui-lo de outros métodos de conhecimento a partir dos fundamentos da teoria da ciência e de exemplos práticos de pesquisa. Específicos: Conceituar e distinguir conhecimento. Identificar as principais características do conhecimento do senso comum, artístico, religioso, filosófico e científico. Definir ciência e identificar as principais características do conhecimento científico. Conhecer a história da ciência e do método científico e relacionar ciência e técnica. Definir método e identificar os principais métodos de abordagem e de procedimento. Classificar as pesquisas quanto a nível, a abordagem e ao procedimento utilizado para coleta de dados. Identificar os principais tipos de trabalhos realizados no meio acadêmico. Identificar os elementos que enfatizam o estilo na redação de um texto científico e identificar os principais tipos de citações textuais. 12
  • 13. Ciência e Pesquisa Conteúdo programático Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 6 Unidade 1 – Conhecimento Nela você estudará o conceito de conhecimento e as principais características do conhecimento do senso comum, religioso, artístico, filosófico e científico. Unidade 2 – Ciência As principais características da ciência serão estudadas nessa unidade e você conhecerá a relação entre ciência e técnica, a história da ciência e identificará os principais métodos de pesquisa científica. Unidade 3 – Método científico Nesta unidade você estudará a definição de método científico, a relação entre método e técnica e os principais métodos de abordagem e procedimento. 13
  • 14. Universidade do Sul de Santa Catarina Unidade 4 – Pesquisa O conceito de pesquisa e a classificação das pesquisas quanto a nível, a abordagem e ao procedimento utilizado na coleta de dados serão os temas tratados nesta unidade. Unidade 5 – Produção científica: tipos de trabalhos científicos Aqui você compreenderá a importância do projeto no contexto da pesquisa científica, identificará os elementos que compõem o roteiro de um projeto de pesquisa e os principais tipos de trabalhos realizados no meio acadêmico, dentre eles o resumo, a resenha crítica, o artigo científico e a monografia. Unidade 6 – Redação científica Nesta unidade você estudará os componentes que integram a estrutura lógica do relatório de pesquisa, os elementos que enfatizam o estilo na redação de um texto científico, as regras para a apresentação gráfica de um trabalho acadêmico, as regras para ordenar referências e apresentação das citações no texto. 14
  • 15. Ciência e Pesquisa Agenda de atividades/ Cronograma Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente o espaço da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura; da realização de análises e sínteses do conteúdo; e da interação com os seus colegas e tutor. Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da d isciplina. Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) 15
  • 16.
  • 17. UNIDADE 1 Conhecimento Objetivos de aprendizagem Compreender o conceito de conhecimento. Distinguir as formas de conhecimento. Identificar as principais características do conhecimento do senso comum, artístico, religioso, filosófico e científico. Seções de estudo Seção 1 O conhecimento Seção 2 O conhecimento popular ou do senso comum Seção 3 O conhecimento religioso ou teológico Seção 4 O conhecimento artístico Seção 5 O conhecimento filosófico Seção 6 O conhecimento científico 1
  • 18. Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Nesta unidade você estudará o conceito de conhecimento, as formas direta e indireta de conhecer e os tipos de conhecimento: senso comum, teológico, artístico, filosófico e científico. No decorrer do estudo você irá perceber que não há uma explicação única ou exclusiva para a compreensão dos problemas ou situações que você enfrenta no seu dia-a-dia. Assim, você está convidado a iniciar o estudo da disciplina de Ciência e Pesquisa, começando pela discussão sobre o conceito de conhecimento. Bom estudo! SEÇÃO 1 - O conhecimento A palavra conhecimento tem sua origem no latim cognitio e pressupõe, necessariamente, a existência de uma relação entre dois pólos: de um lado o sujeito e de outro o objeto. Figura 1 – Relação sujeito-objeto Na relação sujeito-objeto, o sujeito é aquele que possui capacidade cognitiva, isto é, capacidade de conhecer. O objeto é aquilo que se manifesta à consciência do sujeito, que é apreendido e transformado em conceito. Isso equivale a dizer que o conhecimento é o ato, o processo pelo qual o sujeito se coloca no mundo e, com ele, estabelece uma ligação. Por outro lado, o mundo é o que torna possível o conhecimento ao se oferecer a um sujeito apto a conhecê-lo. (ARANHA; MARTINS, 1999, p.48). Para Luckesi e outros (2003, p. 137-138), existem duas maneiras do sujeito se apropriar do conhecimento. A primeira consiste na apropriação direta da realidade sem a mediação de outra pessoa 18
  • 19. Ciência e Pesquisa ou de algum outro meio. Neste caso, o sujeito opera “com” e “sobre” a realidade. A segunda ocorre de forma indireta, na qual a compreensão se dá por intermédio de um conhecimento já produzido por outra pessoa ou através de símbolos orais, gráficos, mímicos, pictóricos, etc. Você conhece quais são as formas de conhecimento? Acompanhe a seguir. Tipos de conhecimento O conhecimento pode ocorrer de diversas formas, isto significa dizer que um único objeto pode ser entendido à luz de diversos ângulos e aspectos. Estamos nos referindo aos tipos de conhecimento: senso comum, filosófico, religioso, artístico e científico. Para facilitar a compreensão deste assunto, considere, como exemplo, o problema da justiça. Você já imaginou de quantas formas é possível compreender este fenômeno tão antigo na história da humanidade? Este problema pode ser “entendido” à luz do senso comum, da Religião, da Arte, da Filosofia e da Ciência. Você já imaginou as soluções que os referidos tipos de conhecimento apresentariam para este problema? Figura 2 – Tipos de conhecimento Unidade 1 19
  • 20. Universidade do Sul de Santa Catarina — Na primeira seção desta unidade, você conheceu um pouco sobre conceito de conhecimento e os tipos de conhecimento. O assunto da próxima seção refere-se ao conhecimento popular ou como comumente se fala, senso comum. SEÇÃO 2 - O conhecimento popular ou do senso comum O conhecimento popular ou do senso comum é “[...] aquele que não surge do estudo sistemático da realidade a partir de um método específico, mas provém do ‘viver-e-aprender’, da experiência de vida” (RAUEN, 1999, p. 8). Por isso, por meio deste tipo de conhecimento, não conseguimos explicar adequadamente um fenômeno, não se constituindo em uma teoria. Consiste na ação pela ação, sem idéias comprovadas que não permitem o estudo ou a investigação sobre um determinado fenômeno. Então, o seu conteúdo se forma a partir da experiência que se vivencia no dia-adia. Todos nós sabemos muitas coisas que nos ajudam em nosso dia-a-dia e que funcionam bem na prática. Nas zonas rurais, muitas pessoas, mesmo sem nunca ter freqüentado uma escola, sabem a época certa de plantar e de colher. Esse conjunto de crenças e opiniões, essencialmente de caráter prático, uma vez que procura resolver problemas cotidianos, forma o que se costuma chamar de conhecimento comum ou senso comum. (GEWANDSZNAJDER, 1989, p. 186). Köche (1997, p. 23-27) apresenta as seguintes características para o senso comum: “resolve problemas imediatos (vivencial); elaborado de forma espontânea e instintiva (ametódico); subjetivo (fragmentado) e inseguro; linguagem vaga e baixo poder de crítica; impossibilita a realização de experimentos controlados; as verdades apresentam certa durabilidade e estabilidade (crença); dogmático (crenças arbitrárias); não apresenta limites de validade”. Além das características mencionadas, é possível afirmar também que, o conhecimento do senso comum é sensitivo. Em muitas situações, próprias desse tipo de 20
  • 21. Ciência e Pesquisa conhecimento, observamos o abandono da razão e um apego àquilo que é captado apenas pelos órgãos sensoriais: visão, audição, olfato, paladar e tato. Você, por exemplo, tem a sensação de que a Terra está parada e não em movimento? Você vê que o céu é azul? Pois bem, para entender que a Terra não está parada e que o azul do céu é apenas uma ilusão de ótica é necessário muito mais do que os órgãos sensoriais (visão, audição). Neste caso, precisamos do uso da razão. O senso comum, portanto, representa um conhecimento sensitivo e aparente, porque se apega à aparência dos fatos e não à sua essência. Para Laville e Dionne (apud RAUEN, 2002, p. 23), as fontes do conhecimento popular ou do senso comum são a intuição e a tradição. A intuição é a percepção imediata que dispensa o uso da razão, e a tradição ocorre quando, uma vez reconhecida a pertinência de um saber, organizam-se meios sociais de manutenção e de difusão desse conhecimento, tornando-se uma marca visível na formação da identidade cultural de uma comunidade. Contudo, não se pode dizer de maneira alguma que o conhecimento do senso comum possa ser considerado como de qualidade inferior aos demais conhecimentos, pois em muitas ocasiões de nossas vidas ele funciona socialmente, como no caso do manuseio do chá caseiro ou das ervas medicinais, a partir do conhecimento adquirido por certas pessoas de seus pais ou avós, passando a se tornar uma sabedoria proveniente da cultura popular. A idéia de sabedoria, em muitas culturas, está ligada à figura do ancião pelo fato de ele ter vivido muito tempo e ter acumulado muito conhecimento. Unidade 1 21
  • 22. Universidade do Sul de Santa Catarina SEÇÃO 3 - O conhecimento religioso ou teológico Como você imagina que o problema da justiça pode ser tratado pelo conhecimento religioso? Mas para responder a este questionamento é necessário que você conheça, primeiramente, alguns fundamentos desse tipo de conhecimento. Acompanhe a seguir. O conhecimento religioso fundamenta-se na fé das pessoas, partindo do “[...] princípio de que as verdades nas quais [se] acredita são infalíveis ou indiscutíveis, pois se tratam de revelações da divindade”, tendo a visão do mundo interpretada como resultante da criação divina, sem questionamentos. (OLIVEIRA NETTO, 2005, p. 5). Assim, “essas verdades são em geral tidas como definitivas, e não permitem revisão mediante a reflexão ou a experiência. Nesse sentido, podemos classificar sob este título os conhecimentos ditos místicos ou espirituais”. (MÁTTAR NETO, 2002, p. 3). Sua “matéria de estudo é Deus, como ser que existe independente e o qual detém não as potencialidades, mas a ação do perfeito”. Portanto, neste tipo de conhecimento há a necessidade da “[...] reflexão sobre a essência e a existência naquilo que elas têm como causa primeira e última de toda a vida”. (BARROS; LEHFELD, 1986, p. 52). Para Chaui (2005, p. 138), “a percepção da realidade exterior como algo independente da ação humana nos conduz à crença em poderes superiores ao humano e à busca de meios para nos comunicar com eles. Nasce assim, a crença na(s) divindade(s)”. E então? Você já pensou nas respostas para o nosso questionamento? Pois bem, partilhando uma indagação com a reflexão que você está fazendo nesse momento, podemos ainda perguntar: para o conhecimento religioso, a verdadeira justiça é produzida pelos homens ou pela divindade? A justiça, pensada nessa perspectiva, não seria a realização do projeto de Deus? 22
  • 23. Ciência e Pesquisa Reflita sobre essa questão e descubra situações as quais você conhece ou que estejam presentes na sua comunidade e que expressem a forma do conhecimento religioso definir ou se posicionar frente à questão da justiça. Utilize o espaço a seguir para registro. — Você refletiu sobre a situação anterior? Observe ao seu redor. Será importante para compreender melhor o assunto tratado nesta unidade. Continue seu estudo, passando a conhecer sobre o conhecimento artístico. Vamos lá? SEÇÃO 4 - O conhecimento artístico O conhecimento artístico é baseado na intuição, que produz emoções, tendo por objetivo maior manifestar o sentimento e não o pensamento. Sendo assim, para Oliveira Netto (2005, p. 5), “a preocupação do artista não é com o tema, mas com o modo de tratá-lo”, configurando-se necessariamente em uma interpretação marcada pela sensibilidade. O conhecimento artístico baseia-se na interpretação subjetiva produzida pelo artista e pelo intérprete. Para Heerdt e Leonel (2006, p. 30): Unidade 1 23
  • 24. Universidade do Sul de Santa Catarina [...] a arte combina habilidade desenvolvida no trabalho (prática) com a imaginação (criação). Qualquer que seja sua forma de expressão, cada obra de arte é sempre perceptível com identidade própria, dando-lhe também componentes de manifestação dos sentimentos humanos, tais como: emoção, revolta, alegria, esperança. Retome o problema apresentado no início desta seção: qual é a visão artística ou estética sobre a questão da justiça? Você acha que a poesia, a música, as obras de arte podem apresentar expressões de justiça ou de injustiça vividas pelo homem? Reflita sobre essa questão e descubra situações as quais você conhece ou que expressem a forma do conhecimento artístico definir ou se posicionar frente à questão da justiça. Compartilhe sua reflexão no espaço virtual de aprendizagem e acompanhe, também, as publicações dos seus colegas. SEÇÃO 5 - O conhecimento filosófico A palavra fi losofia vem do grego e é formada pelas palavras philo que significa amigo e sophia, sabedoria. Portanto, filosofia significa, em sua etimologia, amigo da sabedoria. A origem da Filosofia, na história do pensamento humano, é do século VI a.C., o qual foi marcado por uma grande ruptura histórica: a passagem do mito para a razão. Nesse período houve uma grande modificação na forma de expressar a linguagem escrita, que passou do verso para a prosa. O verso representava o período anterior ao século VI a.C. e era a forma de transmitir o conhecimento mítico, produzido, principalmente pelas experiências, narrativas e pelos relatos de Homero e Hesíodo. 24
  • 25. Ciência e Pesquisa Com a origem da Filosofia, no chamado milagre grego, houve a passagem da consciência mítica para a consciência racional ou filosófica e a linguagem escrita passou a representar a forma de manifestação da razão. A origem da palavra razão está em duas fontes: ratio (latim) e logos (grego). Ambas apresentam o mesmo significado: contar, calcular, juntar, separar. [...] logos, ratio ou razão significam pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção, com clareza e de modo compreensível para outros. Assim, na origem, razão é a capacidade intelectual para pensar e exprimirse correta e claramente, para pensar e dizer as coisas tais como são. (CHAUÍ, 2002, p. 59, grifo nosso). Esse tipo de conhecimento surgiu em nossa sociedade para superar ou se opor a quatro atitudes mentais: conhecimento ilusório (conhecimento das aparências das coisas); emoções (sentimentos e paixões cegas e desordenadas); crença religiosa (supremacia da crença em relação à inteligência humana); êxtase místico (rompimento do estado consciente). (CHAUÍ, 2002, p. 59-60). Refletir ou conceber o mundo à luz do conhecimento filosófico significa, antes de tudo, usar o poder da razão para pensar e falar ordenadamente sobre as coisas. Assim, a reflexão filosófica é radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas que a realidade apresenta. Radical porque vai às raízes do problema, rigorosa porque é sistemática, metódica e planejada, e de conjunto porque analisa o problema em todos os seus ângulos e aspectos. (ARANHA; MARTINS, 1999). Do mesmo modo, é possível afirmar que “o conhecimento filosófico constrói uma forma especulativa de ver o mundo. Especulação, de especulum que significa espelho, é um saber elaborado, a partir do exercício do pensamento, sem o uso de qualquer objeto que não o próprio pensamento”. (RAUEN, 1999, p. 23). Unidade 1 25
  • 26. Universidade do Sul de Santa Catarina Por isso, um dos papéis mais significativos desse tipo de conhecimento para o homem é o de desestabilizar o que está posto, no sentido de demonstrar que as coisas não estão prontas e acabadas, tornando o nosso pensamento falível e superável à medida que vamos conhecendo novos horizontes. O conhecimento filosófico não é verificável, daí não se pautar na experiência sensorial e por isso a utilização da razão é uma forma de bloquear a interferência dos sentimentos no ato de conhecer determinada coisa. Sendo assim, a prática do conhecimento filosófico torna-se cada vez mais necessária em nosso cotidiano e meio acadêmico, pois nos estimula e motiva à reflexão mais crítica sobre a nossa vida, a sociedade e o mundo em que vivemos. Retome o problema apontado no início desta seção e analise: como a Filosofia aborda a questão da justiça? Não é difícil pressupor que se a Filosofia faz uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas da realidade fará também a mesma reflexão (radical, rigorosa e de conjunto) sobre o problema da justiça. O fi lósofo, ou qualquer pessoa que se propõe a pensar sobre o assunto, fará especulações racionais procurando apontar os seguintes questionamentos: a justiça é justa? A quem serve a justiça? Por que a justiça é mais severa para uns e mais branda para outros? E você? Como pensa, filosoficamente, o problema da justiça? — Reflita sobre esta questão. Será um bom exercício para que você compreenda melhor sobre o conhecimento filosófico. E agora, para encerrar esta unidade de estudo, conheça mais detalhes sobre o conhecimento científico, tão enfatizado em nossa realidade acadêmica. 26
  • 27. Ciência e Pesquisa SEÇÃO 6 - O conhecimento científico Como você já estudou nas seções anteriores, cada tipo de conhecimento tem características próprias e um modo bem particular de compreender os fatos, os fenômenos, as situações ou as coisas. Com o conhecimento científico também não é diferente. Dos apresentados até o momento, o conhecimento científico é considerado o mais recente. A ciência, da forma como é entendida hoje, é uma invenção do mundo moderno. Kepler, Copérnico, Bacon, Descartes, Galileu, Newton, entre outros foram os grandes expoentes que, no final da Idade Média e durante a Idade Moderna criaram as bases do conhecimento científico. Para Köche (1997, p. 17): o conhecimento científico surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para os problemas de ordem prática da vida diária, característica esta do conhecimento ordinário, mas do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas que é o conhecimento que advém dos sentidos ou da experiência sensível. Observe que, “[...] o conhecimento científico é real – no sentido que se prende aos fatos – e contingente – porque se pauta, além da racionalidade, pela experiência e pela verificabilidade [das coisas]”. (RAUEN, 2002, p. 22). Geralmente, ele se verifica na prática, pela demonstração ou pela experimentação, dependendo da área de estudo em que esteja inserido: seja nas áreas sociais e humanas ou nas “exatas” e biológicas, por exemplo. Unidade 1 27
  • 28. Universidade do Sul de Santa Catarina E então, você está lembrado do problema apresentado no início desta unidade de estudo para exemplificar os tipos de conhecimento? Pois bem, com base nas informações apresentadas sobre o conhecimento científico, como você analisa o problema da justiça? Quais são as bases conceituais, no âmbito do conhecimento científico para fundamentar de forma metódica, racional e sistemática essa questão? Se você ainda não formalizou uma idéia consistente ou convincente sobre a visão da justiça sob o prisma do conhecimento científico, não se impaciente, pois no decorrer da próxima unidade serão apresentadas de forma detalhada outras características desse tipo de conhecimento, além de estabelecer uma relação entre ciência e tecnologia, de resgatar elementos históricos da ciência e de definir e classificar o método científico. — Agora que você já estudou sobre o tema tratado, é chegado o momento da auto-avaliação. Você terá a oportunidade de desenvolver reflexões sobre os principais aspectos apresentados a respeito do conhecimento. Aproveite ao máximo esse momento. Ele será muito importante para que você possa se preparar para o estudo da Unidade 2. Sendo assim, é necessário que você desenvolva com autonomia as atividades. 28
  • 29. Ciência e Pesquisa Atividades de auto-avaliação Leia com atenção os enunciados e realize, a seguir, as atividades. 1) Quais são os dois modos dos quais o sujeito se utiliza para apropriar-se do conhecimento? Depois de responder a esta questão, destaque um exemplo do cotidiano para cada um dos modos apontados. 2) De acordo com as situações apresentadas a seguir, identifique e escreva no espaço reservado o tipo de conhecimento correspondente (no caso, se é popular, artístico, religioso, científico ou filosófico). a) O uso sistemático da razão, como forma de superação da mera intuição e do argumento de autoridade, constitui o campo de atuação deste tipo de conhecimento. Por isso, a utilização da razão tenta bloquear a interferência dos sentimentos. b) Este conhecimento surge do estudo sistemático da realidade, a partir de um método específico, através de procedimentos tecnicamente planejados e testados. Unidade 1 29
  • 30. Universidade do Sul de Santa Catarina c) A experiência do sujeito – “eu vi” – ou o relato da experiência de outrem – “me disseram” – é condição suficiente para garanti-los como o critério de verdade, visto que as explicações deste tipo de conhecimento são sempre resultantes da experiência individual. d) Este conhecimento se constitui em forma especulativa de ver o mundo, a partir do exercício do pensamento. e) O conteúdo deste conhecimento se forma a partir da experiência que se vive no dia-a-dia, preocupando-se comumente com problemas mais imediatos e rotineiros. f) A base deste conhecimento está situada na crença em seres divinos, que se revelam como os únicos capazes de conduzir o destino das pessoas comuns. 30
  • 31. Ciência e Pesquisa 3) Por que, na sua opinião, em nossa sociedade não existe um único tipo de conhecimento, sendo necessário recorrermos comumente aos conhecimentos popular, científico, filosófico, artístico ou religioso para resolvermos certos problemas que afligem o nosso cotidiano? 4) Assinale correto ou incorreto de acordo com o sentido de cada afirmativa relacionada a seguir: a) O conhecimento para ser conhecimento precisa nos levar ao entendimento da realidade. Por isto, ele se classifica em vários tipos, desde o popular até o artístico. ( ) Correto ( ) Incorreto b) O conhecimento é a tomada de consciência de um mundo vivido pelo homem. Assim, no conhecimento coexistem dois pólos: o sujeito que conhece e o objeto que é conhecido. ( ) Correto ( ) Incorreto c) Entre os tipos de conhecimento não existe um grau de hierarquia, pois todos eles são formas de se entender a realidade e, por isso, funcionam socialmente. ( ) Correto ( ) Incorreto Unidade 1 31
  • 32. Universidade do Sul de Santa Catarina Síntese Nesta unidade você estudou o conhecimento. A palavra conhecimento vem do latim (cognitio) e resulta da relação entre o sujeito e o objeto. Como formas de apropriação do conhecimento podemos destacar a direta e a indireta. A forma direta ocorre quando o sujeito enfrenta a realidade e opera “com” e “sobre” a mesma. Na indireta o conhecimento é obtido por intermédio de símbolos gráficos, orais, mímicos, etc. Você também estudou nessa unidade os tipos de conhecimento, que são: senso comum ou popular, religioso, artístico, filosófico e científico. O senso comum é aquele que provém do viver e aprender, da experiência de vida, sem apresentar uma preocupação com o estudo sistemático da realidade. O religioso ou teológico se funda na fé, acreditando que as verdades são infalíveis ou indiscutíveis, vinculadas às revelações divinas. O artístico preocupa-se em produzir emoções, através da manifestação dos sentimentos, marcadas pela sensibilidade do artista ou do intérprete. O filosófico utiliza o poder da razão para pensar e falar ordenadamente sobre as coisas, possibilitando uma reflexão rigorosa, radical e de conjunto sobre os problemas que a realidade apresenta. Este conhecimento constrói uma forma especulativa de ver o mundo. O conhecimento científico, por sua vez, fornece explicações sistemáticas que podem ser testadas e criticadas através de provas empíricas, caracterizando-se como real e contingente. Assim, como você acabou de observar, cada tipo de conhecimento apresenta uma forma bem peculiar de interpretar os fenômenos produzidos pela natureza ou pelo homem. O problema da justiça, que foi o exemplo utilizado no decorrer de toda a unidade, ou qualquer outro problema, pode ser concebido ou interpretado à luz dos diversos tipos de conhecimento. 32
  • 33. Ciência e Pesquisa Saiba mais Para aprofundar os assuntos tratados nesta unidade, leia o texto a seguir, extraído do livro de José A. Cunha, intitulado Filosofia: iniciação à investigação fi losófica (São Paulo: Atual, 1992). Trata-se, portanto, de um livro ao qual você poderá recorrer para complementar seu estudo. A idéia de ciência como conhecimento crítico Interessa-nos, finalmente, considerar em que consiste esse conhecimento novo, criado a partir de atitudes críticas e problematizadoras, conforme é anunciado por Sócrates em sua alegoria da caverna. Esse conhecimento novo é operado pelo logos, e a apropriação da realidade por ele realizada se chama, de um lado, filosofia, quando examina as bases de todo o conhecimento, e, de outro lado, ciência, quando se aplica à investigação das causas eficientes dos acontecimentos. Ainda não é o momento de analisar com maior precisão a relação entre a filosofia e a ciência. Cabe, no entanto, acompanhar Sócrates, em outro diálogo de Platão, intitulado Teeteto, para ver como ele aplica a atitude crítica e problematizadora visando definir que conhecimento novo é este que procura. Sócrates, no trecho selecionado para leitura, parece concluir que esse conhecimento novo sobre o mundo, que constitui a ciência, consiste em interpretações conceituais, as quais os intérpretes têm boas razões para considerar como verdadeiras. O que não fica claro neste diálogo é em que condições uma interpretação pode ser considerada “verdadeira”. Mas a resposta desta questão somente será obtida com o nascimento dos métodos experimentais do século XVII. Sócrates – Mas, voltando ao início da discussão, como é que poderíamos definir ciência? Não vamos desistir da investigação, presumo eu. Teeteto – De modo nenhum, a não ser que tu mesmo desistas. Sócrates – Diz-me então qual a melhor definição que poderíamos dar da ciência, para não entrarmos em contradição conosco mesmos. Unidade 1 33
  • 34. Universidade do Sul de Santa Catarina Teeteto – É exatamente a que procuramos dar, Sócrates. Da minha parte, não vejo outra. Sócrates – Qual é ela? Teeteto – Que opinião verdadeira é a ciência? A opinião verdadeira, parece, é infalível e que tudo o que dela resulta é belo e bom. Sócrates – Não há como experimentar para ver, Teeteto, diz o chefe de fila na passagem do rio. Aqui dá-se o mesmo: o que temos a fazer é avançar na investigação. Talvez venhamos a esbarrar nalguma coisa que nos revele o que procuramos. Se pararmos por aqui, é que não descobriremos nada. Teeteto – Tens razão. Vamos em frente e examinemos! Sócrates – O problema não exige um estudo prolongado, pois existe toda uma profissão que mostra bem que a opinião verdadeira não é a ciência. Teeteto – Como é possível? Que profissão é essa? Sócrates – A desses modelos de sabedoria a que se dá o nome de oradores e advogados. Tais indivíduos, com a sua arte, produzem a convicção, não entusiasmo, mas sugerindo as opiniões que lhes aprazem. Ou julgas tu que há mestres tão habilidosos que, no pouco tempo concebido pela clepsidra, sejam capazes de ensinar devidamente a verdade acerca dum roubo ou de qualquer outro crime, a ouvintes que não foram testemunhas do fato? Teeteto – Não creio, de forma nenhuma. Eles não fazem senão persuadi-los. Sócrates – Mas, para ti, persuadir alguém não será levá-lo a ter uma opinião? Teeteto – Sem dúvida. Sócrates – Então, quando há juízes que se acham justamente persuadidos de fatos que só uma testemunha ocular, e mais ninguém, pode saber, não é verdade que, ao julgarem esses fatos por ouvir dizer, depois de terem deles uma opinião verdadeira, pronunciam um juízo desprovido de ciência, embora tendo uma convicção justa, deram uma sentença correta? 34
  • 35. Ciência e Pesquisa Teeteto – Com certeza. Sócrates – Mas, meu amigo, se a opinião verdadeira dos juízes e a ciência fossem a mesma coisa, nunca o melhor dos juízes teria uma opinião correta sem ciência. A verdade, porém, é que se trata de duas coisas diferentes. Teeteto – Eu mesmo já ouvi alguém fazer essa distinção, Sócrates; tinha-me esquecido dela, mas voltei a lembrar-me. Dizia essa pessoa que a opinião verdadeira acompanhada de razão (logos) é ciência, e que, desprovida de razão, a opinião está fora da ciência e que as coisas que não é possível explicar são incogniscíveis (é a extensão que empregava) e as que é possível explicar são cogniscíveis. Unidade 1 35
  • 36.
  • 37. UNIDADE 2 Ciência Objetivos de aprendizagem Compreender o conceito de Ciência. Identificar as características do conhecimento científico. Relacionar Ciência e tecnologia. Compreender a evolução histórica da Ciência. Seções de estudo Seção 1 A definição de Ciência Seção 2 Classificação das Ciências Seção 3 A perspectiva histórica da Ciência 2
  • 38. Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Você estudou na unidade anterior que toda a realidade é complexa, pois para entendê-la é necessário recorrer a uma série de formas de conhecimento, desde o popular até o científico. Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprofundar seus estudos sobre o conhecimento científico, através de sua definição, características, perspectiva histórica e ligação com a tecnologia. Aproveite bem o conteúdo desta unidade, pois será de grande utilidade para o entendimento da próxima unidade, na qual você acompanhará uma análise mais detida do método científico, uma das características fundamentais do conhecimento científico. Está preparado? Bom estudo! SEÇÃO 1 - A definição de Ciência A Ciência está relacionada diretamente às necessidades humanas do nosso cotidiano, como alimentação, vestuário, saúde, moradia, transporte entre outros. O conhecimento científico está por trás do remédio que tomamos, da orientação médica que recebemos, da roupa que vestimos. A Ciência, na época em que vivemos, tornou-se um bem cultural. Por isso é muito difícil imaginarmos nossa vida sem a presença dela. O significado etimológico da palavra Ciência vem do latim (scientia) e significa saber, conhecer, arte, habilidade. Apesar de a palavra Ciência remontar à Antiguidade é somente no século XVII que surge como um conhecimento racional, sistemático, experimental, exato e verificável. Trujillo Ferrari (1973, p. 3) destaca cinco funções básicas das Ciências, que são: “a) aumento e melhoria do conhecimento; b) descoberta de novos fatos e fenômenos; c) aproveitamento espiritual; d) aproveitamento material do conhecimento; e) estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza”. 38
  • 39. Ciência e Pesquisa Se não há unanimidade na definição de Ciência, por conta de fatores culturais, históricos, filosóficos ou ideológicos há, por outro lado, características que são unânimes em praticamente todas as tentativas de definição desse tipo de conhecimento. Com base nisso é possível afirmar que o conhecimento científico é: verificável; factual; objetivo; racional; preditivo; comunicável; descritivo-explicativo; metódico; paradigmas; e intersubjetivo. A partir das características apresentadas, você deve estar se perguntando: quais são, então, os significados destas características? Acompanhe, a seguir, uma sucinta descrição de cada uma delas. Verificável - corresponde à idéia de prova ou de constatação da experiência pela ação e demonstração de um fenômeno, com a preocupação básica de testar a consistência da validade deste fenômeno. O método adotado em uma pesquisa científica deve permitir a outro pesquisador atingir os mesmos resultados alcançados desde que adote os mesmos critérios e procedimentos. Factual - diz respeito aos fatos que acontecem na realidade, que está à disposição da nossa observação numa dada realidade. O conhecimento científico estuda fenômenos naturais e humanos que ocorrem ou acontecem na natureza ou vida humana. Racional – relaciona-se com a construção de conceitos e juízos a partir do uso sistemático do raciocínio, ou melhor, o que se Unidade 2 39
  • 40. Universidade do Sul de Santa Catarina Verdade sintática Veja o que Köche (1997, p. 31) comenta sobre o assunto: “O conhecimento das diferentes teorias e leis se expressa formalizado em enunciados que, confrontados uns com os outros, devem apresentar elevado nível de consistência lógica entre suas afirmações [...] A Ciência, no momento em que sistematiza as diferentes teorias, procura uni-las estabelecendo relações entre um e outro enunciado, entre uma e outra lei, entre uma e outra teoria, entre um e outro campo da Ciência, de forma tal que se possa, através dessa visão global, perceber as possíveis inconsistências e corrigilas”. Verdade semântica Köche (1997, p. 31) afirma que “o ideal da objetividade [...] pretende que as teorias científicas, como modelos teóricos representativos da realidade, sejam construções conceituais que representem com fidelidade o mundo real [...].” Verdade pragmática O ideal de intersubjetividade é a possibilidade dos enunciados científicos serem “[...] submetidos a testes, em qualquer época e lugar e por qualquer sujeito [reconhecido pela comunidade científica]”. (KÖCHE, 1997, p. 33). quer na verdade é “[...] atingir uma sistematização coerente do conhecimento presente em todas as suas leis e teorias” (KÖCHE, 1997, p. 31). As teorias científicas não podem apresentar ambigüidade ou incoerência entre seus enunciados, por isso, a necessidade de um conhecimento racional e lógico. Köche (1997) chama isso de verdade sintática. Objetivo – refere-se ao propósito de querer encontrar a verdade contida na realidade, dispensando as impressões imediatas que acobertam essa mesma realidade, permitindo inclusive a manipulação dos fatos e o desenvolvimento de uma linguagem específica inerente aos conceitos próprios de cada área do conhecimento científico. Quando se fala em objetividade científica quer se dizer que os enunciados, conceitos ou teorias científicas devem corresponder aos fatos. Objetividade, portanto, significa a correspondência da teoria com os fatos. Köche (1997) chama isso de verdade semântica. Intersubjetivo – de nada adianta uma teoria ser coerente na sua construção lógica (ideal de racionalidade ou verdade sintática); de nada adianta uma teoria apresentar correlação entre seus enunciados e conceitos e os fatos (ideal de objetividade ou verdade semântica) se esta teoria não for submetida à apreciação e/ou validação e/ou crítica da comunidade científica. Köche (1997) chama isso de verdade pragmática. Assim, “[...] um enunciado científico é objetivo quando, alheio às crenças pessoais, puder ser apresentado à crítica, à discussão, e puder ser intersubjetivamente submetido a teste”. (POPPER, 1977 apud KÖCHE, 1997, p. 32). Preditivo – esta característica remete ao entendimento de que, com o conhecimento científico, é possível prever como os fenômenos podem ocorrer. Não se trata de uma questão de simples vidência ou premunição, mas de previsão baseada na repetição contínua dos fatos. O sol nasce todos os dias. Após a primavera, vem o verão. Objetos soltos caem com aceleração constante, se for desprezada a resistência do ar. Gatos dão sempre à luz gatinhos [sic]. Como se pode ver, há uma ordem na natureza e [...] o cientista tenta descobrir e estudar estas regularidades, enunciando-as na forma de leis gerais e utilizando estas leis para explicar e prever novos fatos. (GEWANDSZNAYDER, 1989, p. 9, grifo nosso). 40
  • 41. Ciência e Pesquisa Comunicável - implica dizer que os resultados das investigações científicas devem ser comunicados à sociedade em geral e não ficarem restritos ao meio acadêmico. Uma descoberta científica só é reconhecida pela comunidade científica se for publicada em uma revista de circulação internacional. Qualquer estudo ou pesquisa que você desenvolver só será considerado verdadeiramente um trabalho científico se for publicado ou submetido à apreciação da comunidade acadêmica. Fazer uma pesquisa e guardar os resultados para si não é uma postura de quem deseja contribuir para o desenvolvimento do conhecimento científico, você não concorda? Descritivo-explicativo - significa dizer que o conhecimento científico é expresso por meio de enunciados que explicam as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos fenômenos relacionados a um problema, pois somente por meio das leis e teorias é possível explicar os fenômenos. As leis e teorias surgem da necessidade de se ter de encontrar explicações para os fenômenos da realidade. Esses fenômenos são conhecidos pelas suas manifestações, pelas suas aparências, assim como se percebe pela cor e pelo perfume quando um fruto está maduro. Pode-se descobrir nos fenômenos da mesma natureza a manifestação de alguns aspectos que são comuns e invariáveis. Por exemplo: sempre que um objeto é jogado para o alto, cai. O estudo dessas manifestações pode conduzir à descoberta da uniformidade ou regularidade do comportamento desse fenômeno conjeturando sobre a estrutura dos fatores que interferem ou produzem essa regularidade. (KÖCHE, 1997, p. 90). A função da Física consiste em descrever e explicar os fenômenos físicos, da Sociologia em descrever e explicar os fenômenos sociais, da Psicologia em descrever e explicar os fenômenos psíquicos. Isso que ocorre com a Física, a Sociologia e a Psicologia também ocorre com as demais Ciências. Metódico - significa um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, estabelecidas pelo pesquisador a fim de investigar um determinado tema/questão/problema. Não há Ciência sem método. Entre o sujeito que conhece (cientista) e o objeto que é conhecido há um conjunto de procedimentos, regras, instrumentos, técnicas e processos que permitem a elucidação mais precisa do objeto de estudo. Unidade 2 41
  • 42. Universidade do Sul de Santa Catarina Retome a definição de conhecimento apresentada na unidade anterior. A definição se deu a partir de dois pólos: de um lado o sujeito e, de outro, o objeto. O método, enquanto exigência do conhecimento científico coloca-se entre essa relação. Figura 1 – Relação sujeito-objeto mediada pelo método Movido por paradigmas - todo conhecimento científico baseiase em modelos ou representações formadas por pressupostos teórico-filosóficos. Um exemplo disso é a física aristotélica, física newtoniana, física quântica, psicologia comportamentalista, psicanálise, dogmática jurídica ou qualquer outro modelo filosófico-científico. Afirmar que a Ciência é movida por paradigmas significa dizer que a Ciência é movida por modelos, marcada por concepções ou formas de interpretar o mundo, a vida e a sociedade. Thomas Kuhn (2003, p. 13), em sua obra “A estrutura das revoluções científicas”, assim se expressa sobre os paradigmas: Considero ‘paradigmas’ as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma Ciência. Ciência e tecnologia Um dos desafios da Ciência tem sido marcado pela vontade de dominar a natureza, através do desenvolvimento tecnológico. Assim, “além de aumentar nosso conhecimento, a Ciência também pode ser utilizada como fonte de poder sobre a natureza”. (GEWANDSZNAJDER, 1989, p. 16). Para Barros e Lehfeld (1986, p. 70), a Ciência é o meio mais adequado para o controle prático da natureza, transformando-a 42
  • 43. Ciência e Pesquisa em “[...] matriz de recursos técnicos e/ou tecnológicos, os quais utilizados com sabedoria contribuem para uma vida humana mais satisfatória enquanto efetivação instrumental do fazer e do agir”. Do mesmo modo, Köche (1997, p. 43) afirma que a Ciência pode “[...] satisfazer às necessidades humanas como instrumento para estabelecer um controle prático sobre a natureza”. Como você pode observar, não há ruptura epistemológica entre a Ciência e a técnica, mas há um encadeamento. Sendo assim, “há técnica para o conhecer e há técnica para o agir”, de modo que esta (técnica) se utiliza “[...] das orientações fornecidas pela Ciência sobre a realidade, e transforma-as em programas e planos de execução”. (BARROS; LEHFELD, 1986, p. 71). A técnica ou tecnologia (do grego téchne, que significa arte ou habilidade) pode utilizar tanto o conhecimento comum quanto os conhecimentos obtidos na pesquisa básica ou na Ciência aplicada para criar novos artefatos ou produtos (aparelhos elétricos, computadores, medicamentos, corantes etc.), melhorar a produção, modificar o ambiente ou amenizar as atividades humanas. (GEWANDSZNAJDER, 1989, p. 16). Segundo Barros e Lehfeld (1986, p. 71), “genericamente, a técnica é o manejo do conceito; é o exercício da investigação e o da intervenção sobre o objeto, para atingir resultados práticos compatíveis com as exigências situacionais de mudanças”. Nesse sentido, Köche (1997, p. 43) afirma que: a eletricidade, a telefonia, a informática, o rádio, a televisão, a aviação, as aplicações tecnológicas no campo da medicina, das engenharias e das viagens espaciais, o uso da genética na agricultura e na agropecuária e tantos outros relacionados à psicologia, e aos mais diferentes campos do conhecimento mostram a evolução crescente do uso do conhecimento científico na vida diária do homem, a tal ponto que dificilmente se desvincula a produção do conhecimento do seu benefício tecnológico e pragmático. Unidade 2 43
  • 44. Universidade do Sul de Santa Catarina Aos poucos, o conhecimento científico toma conta das nossas decisões e ações cotidianas, configurando uma sociedade do conhecimento, na qual o poder se constitui pelo domínio do próprio conhecimento. SEÇÃO 2 - Classificação das Ciências A classificação das Ciências é outra tarefa um tanto difícil de estabelecer. Se você fizer um estudo na literatura sobre o assunto, com certeza, você encontrará muitas formas de agrupar ou de separar as Ciências. O que há de comum entre elas é que, em todas as classificações, os autores procuram levar em conta o critério do objeto de estudo, isto é, procuram agrupar as Ciências pelas semelhanças ou diferenças que há entre elas. Assim, as Ciências que estudam fenômenos produzidos pela ação humana fazem parte de um grupo enquanto as Ciências que estudam os fenômenos produzidos pela ação da natureza fazem parte de outro grupo. Qual a classificação das Ciências? Observe a classificação de Bunge apud Gewandsznayder (1989, p. 12): Figura 2 – Classificação das Ciências 44
  • 45. Ciência e Pesquisa A Lógica e a Matemática são Ciências do pensamento, pois lidam com fenômenos ideais e abstratos. Enquanto a Matemática opera com números, a Lógica opera com idéias, mas ambas não possuem realidade física. Você já imaginou a realidade física do zero ou a realidade física do pensamento? Toda idéia é uma abstração, o zero, ou qualquer outro número, é uma convenção humana, que através de um símbolo representa ausência de alguma coisa. As operações lógicas e matemáticas se dão exclusivamente no campo do pensamento. A Lógica e a Matemática são importantes tanto para o homem comum que necessita pensar de forma ordenada e operar com números no seu dia-a-dia, como para a Ciência, principalmente no que diz respeito a sua aplicação como contribuinte ou instrumento para testar a validade de suas teorias. Pitágoras, na Antigüidade Clássica, dizia que a essência de todas as coisas é o número, que tudo pode ser representado numericamente. Os positivistas lógicos no século XX afirmavam que um enunciado para ser verdadeiro deveria passar pelo crivo da lógica. Ambas são consideradas Ciências formais porque são instrumentais e lidam com operações que se encadeiam através dos números, idéias, funções, proposições etc. Alguns autores chegam a afirmar que a lógica ou a matemática não seriam propriamente Ciência, mas método. Ambas não estão preocupadas com o conteúdo de suas operações, mas com a implicação dos elementos que compõem essas operações. As Ciências factuais referem-se aos fatos ou fenômenos concretos que correspondem a alguma coisa real e podem ser observados ou testados. As Ciências naturais lidam com fenômenos produzidos pela ação da natureza (Química, Biologia, Física, Ecologia). As Ciências culturais, sociais ou humanas lidam com os fenômenos produzidos pela ação do homem nas relações sócio-culturais (Sociologia, Psicologia, Antropologia, História) Além da classificação apresentada (Ciências formais e factuais), alguns autores acrescentam um outro agrupamento: o das Ciências aplicadas. Neste grupo encontram-se todas as Ciências Unidade 2 45
  • 46. Universidade do Sul de Santa Catarina que se propõem a criar artefatos ou tecnologias para a intervenção na vida humana ou na natureza: Medicina, Arquitetura, Engenharia, Ciências da Computação, entre outras. SEÇÃO 3 - A perspectiva histórica da Ciência Dos conhecimentos que você estudou na unidade anterior (conhecimento do senso comum, conhecimento religioso, conhecimento artístico e conhecimento filosófico), o científico pode ser considerado o mais recente. A Ciência, da forma como é entendida hoje, é uma invenção do mundo moderno decorrente da Revolução Científica do século XVII. Kepler, Copérnico, Bacon, Descartes, Galileu, Newton, entre outros foram os grandes expoentes que, no final da Idade Média e durante a Idade Moderna criaram as bases do conhecimento científico. Todavia, a história da Ciência começa muito antes desse período, nos remetendo para a Grécia Antiga do século VI a.C. Nesse sentido, para que você possa iniciar o estudo da história das Ciências com mais segurança e clareza é importante, primeiramente, determinar os principais períodos históricos pelos quais se desenvolveu o conhecimento científico. Visão Grega Século VI a.C. até o final da Idade Média. Visão Moderna Século XVII ao Século XIX. Visão Contemporânea Século XIX até os nossos dias. — Conhecidos os períodos históricos pelos quais se desenvolveu o conhecimento científico, acompanhe a seguir, a descrição de cada um. 46
  • 47. Ciência e Pesquisa A visão grega de Ciência Os gregos dos séculos VI a IV a.C. foram os primeiros a desenvolver um tipo de conhecimento racional desligado do mito. “O pensamento laico, não-religioso, logo se tornava rigoroso e conceitual fazendo nascer a filosofia no século VI a.C.” (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 93). Uma das preocupações mais evidentes, nesse período, era a da busca do saber, a compreensão da natureza das coisas e do homem. Buscava-se uma nova forma de compreensão do universo em contraposição à visão mitológica. Os filósofos “[...] pré-socráticos substituíram a concepção de mundo caótico concebido pela mitologia pela idéia de cosmos”. Agora o universo passava a ser a ordem ou o cosmos, se contrapondo à concepção mitológica de que os fenômenos aconteciam no mundo de forma caótica, como se fossem movidos por forças espirituais e sobrenaturais comandadas pelas forças dos deuses. (KÖCHE, 1997, p. 44). Os primeiros filósofos buscavam o princípio explicativo de todas as coisas (a arché), cuja unidade resumiria a extrema multiplicidade da natureza. Os fenômenos estavam relacionados a causas e forças naturais que podiam ser conhecidas e previstas. “As respostas eram as mais variadas, mas a teoria que permaneceu por mais tempo foi a de Empédocles, para quem o mundo físico é constituído de quatro elementos: terra, água, ar e fogo”. (ARANHA; MARTINS, 1999, p. 93). Assim, a noção de Ciência na Grécia voltava-se para a especulação racional e se desligava da técnica e das preocupações práticas, pois “numa sociedade escravista, que deixava tarefas, trabalhos e serviços aos escravos, a técnica era vista como uma forma menor de conhecimento”. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 255). Segundo essa concepção, era preciso buscar a Ciência (episteme) que consistia “[...] no conhecimento racional das essências, das idéias imutáveis, objetivas e universais. As Ciências como a matemática, a geometria e a astronomia são passos necessários a serem percorridos pelo pensamento, até atingir as culminâncias da reflexão filosófica”. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 94). Unidade 2 47
  • 48. Universidade do Sul de Santa Catarina Para Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, a Ciência (episteme) “[...] produz um conhecimento que pretende ser um fiel espelho da realidade, por estar sustentado no observável e pelo seu caráter de necessidade e universalidade”. A Physis era o princípio ativo, a fonte intrínseca natural do comportamento de cada coisa, determinada por sua matéria e forma. Portanto, a Ciência física era uma Ciência da natureza (KÖCHE, 1997, p. 47). Nesse sentido, a concepção estática do mundo se mantém definida, na qual os gregos costumavam associar a perfeição ao repouso, caracterizada pela ausência de movimento. Assim, na visão grega de Ciência, predominou esse modelo cosmológico aristotélico, posteriormente confirmado por Ptolomeu (um helênico do século II d.C.), que defendia a idéia de um mundo “geocêntrico, finito, de forma esférica, limitado às estrelas visíveis e fechado, com princípios organizadores próprios, tal qual um organismo vivo, dotado de inteligência própria”. (KÖCHE, 1997, p. 48, grifo dos autores). Figura 3 - Sistema Geocêntrico - órbitas dos planetas circulares. Fonte: Disponível em: <http://www.astronomia.com>. Outra característica marcante dessa astronomia (de Aristóteles) foi a “hierarquização do cosmos, ou seja, o universo se achava dividido em dois mundos, sendo que um era considerado superior ao outro: o mundo sublunar, considerado inferior, correspondia à região da Terra [...] e o mundo supralunar, de natureza superior, correspondia aos ‘Céus”. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 94). 48
  • 49. Ciência e Pesquisa A partir deste breve esboço, segundo Aranha e Arruda (1999, p. 95), podemos atribuir à Ciência grega, cinco características marcantes, que são: a) a Ciência encontra-se ligada à filosofia; b) a Ciência é qualitativa; c) a Ciência não é experimental; d) a Ciência é contemplativa; e) a Ciência baseia-se em uma concepção estática do mundo. O período medieval e a cristianização da concepção grega de Ciência Continuando o estudo, chegamos ao mundo medieval (que se estende aproximadamente dos séculos V ao XV), no qual observamos que continua a vigorar a influência da herança grecolatina, no que se refere à manutenção da mesma concepção de Ciência. “Apesar das diferenças evidentes, é possível compreender essa continuidade, devido ao fato de o sistema de servidão também se caracterizar pelo desprezo à técnica e a qualquer atividade manual”. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 95). Agora a Ciência “[...] se vincula aos interesses religiosos e se subordina aos critérios da revelação, pois, na Idade Média, a razão humana devia se submeter ao testemunho da fé” (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 95). O que valia eram as verdades reveladas pelos “velhos livros”, fossem eles a Bíblia, Aristóteles ou Ptolomeu. “Eles eram o próprio conhecimento, a própria Ciência”. (ALFONSO-GOLDFARB, 1994, p. 30). Por isso, nessa fase histórica, não houve desenvolvimento das Ciências particulares, fazendo com que a lógica aristotélica passasse a ser amplamente utilizada para justificar as verdades da fé. Nesse sentido você pode perceber que o Teocentrismo, tendo na figura de Deus o centro de todas as atenções humanas, passou a ser a visão de mundo que marcou o imaginário da maioria das pessoas que viveram neste momento. Portanto, o período Unidade 2 49
  • 50. Universidade do Sul de Santa Catarina medieval se constituiu, sobretudo, na primazia da fé sobre a razão. Figura 4 – Pinturas características da época Fonte: Disponível em: <http://www.historiadarte.com.br/idademedia.htm> A visão moderna de Ciência A visão moderna de Ciência surge no final da Idade Média, perpassa o período renascentista e culmina no século XVII com a chamada Revolução Científica. Nicolau Copérnico (1473-1543), que em oposição ao modelo geocêntrico de astronomia de Ptolomeu, no século XVI, propõe o modelo da teoria heliocêntrica. (ARANHA, ARRUDA, 1999, p. 96, grifo nosso). Figura 5 - Sistema Solar Heliocêntrico Fonte: Disponível em: <http://www.astronomia.com>. 50
  • 51. Ciência e Pesquisa No período renascentista inicia-se uma concepção de Ciência, em que as culturas fundamentadas no conhecimento racional das essências (da Antigüidade clássica) ou nas verdades reveladas pelos parâmetros bíblicos (do medieval) deveriam ser apagadas do imaginário e da mentalidade dos europeus ocidentais, de modo a valorizar-se apenas o uso de métodos experimentais rigorosos que, amparados no conhecimento matemático, eram capazes de proporcionar respostas consideradas cientificamente verdadeiras. Assim, em princípio, temos a concepção racionalista de Ciência, que se consolida até o final do século XVII. Neste tipo de concepção, a Ciência é definida como um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo. Paralelamente à concepção racionalista, temos a concepção empirista de Ciência, que se baseava no modelo de objetividade da medicina grega e da história natural do século XVII, estendendo-se até o final do século XIX. Nesta concepção, se defendia a posição de que não existiam idéias inatas, tendo na experiência o parâmetro de aprendizado. Assim, aos poucos, os pensadores modernos, seja pela concepção racionalista ou empirista, passam a negar tacitamente o saber aristotélico incorporado à teologia católica, do período medieval europeu. No campo da Física e da Astronomia, os estudos realizados por Galileu possibilitaram a Isaac Newton (1642-1727) elaborar a teoria da gravitação universal. A proposição física se tornava uma lei, obtida pela observação e generalização indutiva, transformando-se em “[...] proposições confiáveis e destituídas de dúvida ou de arbitrariedade, [como se fosse] um decalque fiel e objetivo da realidade”. (KÖCHE, 1997, p. 57). Veja, na página seguinte, uma breve apresentação dos representantes de cada uma das concepções de Ciência estudadas aqui. A partir deste momento, estava instituída a Física Mecânica (de Newton) como paradigma para todas as Ciências, criado matematicamente, as humanas e sociais inclusive. Agora, a Ciência experimental newtoniana se transformava no modelo de conhecimento. Unidade 2 51
  • 52. Universidade do Sul de Santa Catarina René Descartes (1596-1650) é considerado o pai do racionalismo, pois defendia a idéia de que a verdade dos conceitos e demonstrações matemáticos era inquestionável. John Locke (1632-1704) é considerado um dos grandes responsáveis por esta concepção de Ciência. Dizia que a mente era uma página em branco a qual a experiência viria a preencher. Galileu Galilei (1564-1642) foi, certamente, um dos grandes expoentes da Ciência moderna sendo o primeiro a formular o método quantitativo-experimental, o primeiro a formular o problema crítico do conhecimento. Figura 6 - Pensadores modernos. As Ciências Humanas e Sociais tiveram enorme dificuldade em estabelecer um estatuto próprio ou uma autonomia, pois como você percebeu todo o modelo de cientificidade, necessariamente, estava vinculado às Ciências Naturais. A Física era considerada a Ciência perfeita. Assim, a Economia, a Sociologia, a Psicologia, dentre outras Ciências Sociais e Humanas, nos séculos XVIII e XIX, para atingirem o status de conhecimento científico, inicialmente tiveram que adotar o modelo experimental proposto pela Física. A Sociologia chegou a ser chamada de Física Social e a Psicologia de Psicofísica. A exaltação à Ciência e ao método experimental deu origem ao chamado cientificismo: visão reducionista segundo a qual a Ciência seria o único conhecimento válido. Dessa forma, o método das Ciências da natureza – baseado na observação, experimentação e matematização – deveria ser estendido a todos os campos do conhecimento e a todas as atividades humanas. A Ciência virou praticamente um mito. (HEERDT; LEONEL, 2006, p. 42). 52
  • 53. Ciência e Pesquisa — Até aqui você conheceu as visões grega e moderna de Ciência. Acompanhe agora, para finalizar esse tema, a visão contemporânea. A visão contemporânea de Ciência Este período é marcado pela crise do modelo de Ciência da Idade Moderna. Nesse sentido, “a principal contribuição para uma nova concepção de Ciência foi dada (pelo físico) Einstein, pois “as teorias da relatividade restrita e da relatividade geral foram importantes não apenas pelo conteúdo que apresentaram, mas pela forma como foram alcançadas”. (KÖCHE, 1997, p. 60). A cientificidade passa a ser pensada nesse momento como uma idéia reguladora de alta abstração e não mais como sinônimo de modelos e normas a serem seguidos. Agora a teoria não será mais aceita como definitivamente confirmada. Então, “a objetividade da Ciência resulta do julgamento feito pelos membros da comunidade científica que avaliam criticamente os procedimentos utilizados e as conclusões, divulgadas em revistas especializadas e congressos”. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 89). Dessa maneira, a Ciência procura demonstrar que é capaz de fornecer respostas dignas de confiança, desde que submetidas continuamente a um processo de revisão crítico, sistemático e fundamentado nas teorias vigentes. “A Ciência, em sua compreensão atual, deixa de lado a pretensão de taxar seus resultados de verdadeiros, mas, consciente de sua falibilidade, busca saber sempre mais” (KÖCHE, 1997, p. 79). Trata-se agora de “[...] olhar a Ciência como produzida por seres humanos a partir de uma consCiência humana, de maneira que, em lugar de tomar a objetividade como um produto científico auto-evidente, gostaria de examinar o aspecto subjetivo da objetividade”. (KELLER, 1994, p. 93). Unidade 2 53
  • 54. Universidade do Sul de Santa Catarina O conhecimento científico pode ser definido como provisório e construído, até que outro venha a superá-lo. A visão contemporânea de Ciência é marcada pelas rupturas epistemológicas, não havendo um modelo exclusivo que caracterize o conhecimento científico nessa época. Ruptura epistemológica significa revisão crítica do conhecimento e tentativas de superar aquela visão estática, marcada pelas verdades dogmáticas e imutáveis, tão característico em toda a história do conhecimento científico. — Que bom, você chegou no final de mais uma unidade de estudo. Agora você está preparado para refletir sobre o que aprendeu no estudo desta unidade. Para isso, você responderá as questões apresentadas a seguir, especialmente preparadas para promover reflexões voltadas às preocupações mais comuns do nosso cotidiano. 54
  • 55. Ciência e Pesquisa Atividades de auto-avaliação Leia com atenção os enunciados e realize, a seguir, as atividades: 1) Você estudou, nesta unidade, que entre os séculos XVIII e XIX, defendia-se a idéia de que a Ciência era o único meio de se chegar à verdade e à certeza das respostas. Hoje, no entanto, essa visão está sendo aos poucos superada. Descreva, sucintamente, qual é a visão contemporânea de Ciência que se apresenta em nosso meio. 2) Analise as afirmações sobre a classificação das Ciências e depois assinale a resposta certa: I. A Biologia está situada no grupo das Ciências naturais; II. A Ecologia está situada no grupo das Ciências humanas ou sociais; III. As Ciências aplicadas são Ciências que conduzem à invenção de tecnologias para intervir na natureza, na vida humana e nas sociedades (Direito, Engenharia, Medicina, Arquitetura, Informática, etc.); IV. Aritmética, Geometria, Álgebra, Trigonometria, Lógica, Física pura, Astronomia pura, etc., são exemplos de Ciências matemáticas ou lógico-matemáticas. Unidade 2 55
  • 56. Universidade do Sul de Santa Catarina a) ( ) Somente a afirmação II está correta. b) ( ) As afirmações I, III e IV estão corretas. c) ( ) Nenhuma afirmação está correta. d) ( ) Todas as afirmações estão corretas. 3) A Ciência pode ser utilizada como fonte de poder sobre a natureza. Para isso as tecnologias vêm se transformando a cada dia que passa. A partir do exposto, responda: qual a relação que existe entre a Ciência e a tecnologia? 56
  • 57. Ciência e Pesquisa Síntese Você estudou, nesta unidade, a definição de Ciência, a relação entre Ciência e Tecnologia, a classificação das Ciências e a perspectiva histórica da Ciência. Você percebeu que não há uma única forma de definir Ciência. Esta dificuldade resulta de fatores culturais, históricos, filosóficos ou ideológicos. Entretanto, mesmo existindo essa dificuldade, é possível identificar algumas características que são próprias do conhecimento científico. Neste sentido podemos dizer que o conhecimento científico é verificável, factual, objetivo, racional, preditivo, comunicável, descritivo-explicativo, metódico, movido por paradigmas, intersubjetivo, dentre outros. Sobre a relação entre Ciência e Tecnologia você percebeu que a Ciência é o meio mais adequado para o controle prático da natureza. Alimentação, transporte, saúde, produção industrial dependem das inovações tecnológicas, que, por sua vez, dependem dos avanços na Ciência. Desta maneira torna-se difícil separar a Ciência da Técnica. As Ciências se dividem em dois grupos: as formais e as factuais. As Ciências formais ocupam-se de elementos ideais e abstratos e estudam as implicações lógicas e matemáticas do pensamento. As Ciências factuais estudam fenômenos naturais (Física, Química, Biologia, Ecologia, etc.) e humanos e sociais (Sociologia, Economia, Antropologia, História, Psicologia, Direito, etc.). As Ciências se agrupam conforme a familiaridade com o objeto de estudo. Assim, as Ciências que estudam os fenômenos da natureza estão reunidas em um grupo e as que estudam os fenômenos sociais e humanos em outro grupo, apesar de ambas pertencerem ao grupo das Ciências factuais. Estudando a divisão da Ciência também podemos entender o conhecimento científico como sendo o conhecimento das especialidades, das particularidades. Neste sentido, podemos dizer que todo cientista é um especialista em determinada área do conhecimento. Você estudou também sobre as três grandes concepções históricas de Ciência: a visão grega, moderna e contemporânea. Unidade 2 57
  • 58. Universidade do Sul de Santa Catarina Na visão grega, você estudou que se desenvolveu um tipo de conhecimento racional desligado do mito. Nessa época, as concepções míticas do universo dão lugar às concepções baseadas na racionalidade, fazendo surgir a Filosofia. Na visão grega de Ciência predominou o modelo cosmológico de universo chamado geocentrismo (a Terra como centro do universo). Na Idade Média, o modelo de Ciência grega vincula-se aos interesses religiosos e se subordina aos critérios da revelação. Este modelo perdurou até o final da Idade Média quando foi questionado pelos principais protagonistas da Ciência moderna que propuseram o modelo heliocêntrico (sol como centro do universo) em substituição ao modelo geocêntrico. Na Idade Moderna a concepção de Ciência de desvincula da visão grega por meio da chamada Revolução científica. Kepler, Copérnico, Bacon, Descartes, Galileu, Newton, entre outros foram os grandes expoentes que, no final da Idade Média, e durante a Idade Moderna criaram as bases do conhecimento científico. Duas concepções marcaram a Ciência no mundo moderno: a racionalista e a empirista. A concepção racionalista preconiza um conhecimento racional, dedutivo e demonstrativo e seu maior expoente é René Descartes (1596-1650). A concepção empirista defendia a posição de que não existem idéias inatas e a experiência é o parâmetro para todo aprendizado. O grande expoente da concepção empirista é John Locke (1632-1704) que dizia que a mente era uma página em branco a qual a experiência viria preencher. O modelo de cientificidade estava vinculado às Ciências naturais e era baseado na matematização e na experimentação. A física era a Ciência perfeita e considerada modelo de cientificidade. A visão contemporânea de Ciência é marcada pelas rupturas epistemológicas não havendo um modelo exclusivo que caracterize o conhecimento científico. Como você estudou, ruptura epistemológica significa revisão crítica do conhecimento. A concepção atual de Ciência é marcada pela idéia de que não há verdades eternas, pois as teorias são transitórias e podem ser renovadas ou até substituídas. 58
  • 59. Ciência e Pesquisa Saiba mais Para aprofundar o assunto tratado nesta unidade, leia o texto a seguir extraído do livro de Rubem Alves, intitulado Entre a Ciência e a sapiência: o dilema da educação (14. ed. São Paulo: Loyola, 2005). O que é científico? “Era uma vez uma aldeia às margens de um rio, rio imenso cujo lado de lá não se via, as águas passavam sem parar, ora mansas, ora furiosas, rio que fascinava e dava medo, muitos haviam morrido em suas águas misteriosas, e por medo e fascínio os aldeões haviam construído altares à suas margens, neles o fogo estava sempre aceso, e ao redor deles se ouviam as canções e os poemas que artistas haviam composto sob o encantamento do rio sem fim. O rio era morada de muitos seres misteriosos. Alguns repentinamente saltavam de suas águas, para logo depois mergulhar e desaparecer. Outros, deles só se viam os dorsos que se mostravam na superfície das águas. E, havia as sombras que podiam ser vistas deslizando das profundezas, sem nunca subir à superfície. Contava-se, nas conversas à roda do fogo, que havia monstros, dragões, sereias e iaras naquelas águas, sendo que alguns suspeitavam mesmo que o rio fosse morada de deuses. E todos se perguntavam sobre os outros seres, nunca vistos, de número indefinido, de formas impensadas, de movimentos desconhecidos, que morariam nas profundezas escuras do rio. Mas tudo eram suposições. Os moradores da aldeia viam de longe e suspeitavam – mas nunca haviam conseguido capturar uma única criatura das que habitavam o rio: todas as suas magias, encantações, filosofias e religiões haviam sido inúteis: haviam produzido muitos livros mas não haviam conseguido capturar nenhuma das criaturas do rio. Assim foi, por gerações sem conta. Até que um dos aldeões pensou um objeto jamais pensado. (O pensamento é uma coisa existindo na imaginação antes de ela se tornar real. A mente é útero. A imaginação a fecunda. Forma-se um feto: Unidade 2 59
  • 60. Universidade do Sul de Santa Catarina pensamento. Aí ele nasce...) Ele imaginou um objeto para pegar as criaturas do rio. Pensou e fez. Objeto estranho: uma porção de buracos amarrados por barbantes. Os buracos eram para deixar passar o que não se desejava pegar: a água. Os barbantes eram necessários para se pegar o que se deseja pegar: os peixes. Ele teceu uma rede. Todos se riram quando ele caminhou na direção do rio com a rede que tecera. Riram-se dos buracos dela. Ele nem ligou. Armou a rede como pôde e foi dormir. No dia seguinte, ao puxar a rede, viu que nela se encontrava, presa, enroscada,uma criatura do rio: um peixe dourado. Foi aquele alvoroço. Uns ficaram com raiva. Tinham estado tentando pegar as criaturas do rio com fórmulas sagradas, sem sucesso. Disseram que a rede era objeto de feitiçaria. Quando o homem lhes mostrou o peixe dourado que sua rede apanhara, eles fecharam os olhos e o ameaçaram com a fogueira. Outros ficaram alegres e trataram de aprender a arte de fazer redes. Os tipos mais variados de redes foram inventados. Redondas, compridas, de malhas grandes, de malhas pequenas, umas para ser lançadas, outras para ficar à espera, outras para ser arrastadas. Cada rede pegava um tipo diferente de peixe. Os pescadores-fabricantes de redes ficaram muito importantes. Porque os peixes que eles pescavam tinham poderes maravilhosos para diminuir o sofrimento e aumentar o prazer. Havia peixes que se prestavam para ser comidos, para curar doenças, para tirar a dor, para fazer voar, para fertilizar os campos e até mesmo para matar. Sua arte de pescar lhes deu grande poder e prestígio, e, eles passaram a ser muito respeitados e invejados. Os pescadores-fabricantes de redes se organizaram numa confraria. Para pertencer à confraria, era necessário que o postulante soubesse tecer redes e que apresentasse, como prova de sua competência, um peixe pescado com as redes que ele mesmo tecera. Mas uma coisa estranha aconteceu. De tanto tecer redes, pescar peixes e falar sobre redes e peixes, os membros da confraria acabaram por esquecer a linguagem que os habitantes da aldeia haviam falado sempre e ainda falavam. Puseram, em seu lugar, uma linguagem apropriada a suas redes e a seus peixes, que tinha de ser falada por todos os seus membros, 60
  • 61. Ciência e Pesquisa sob pena de expulsão. A nova linguagem recebeu o nome de ictiolalês (do grego ichthys = “peixe” + “fala”). Mas, como bem disse Wittgenstein alguns séculos depois, “os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo”. Meu mundo é aquilo sobre o que posso falar. A linguagem estabelece uma ontologia. Os membros da confraria, por força de seus hábitos de linguagem, passaram a pensar que só era real aquilo sobre que eles sabiam falar, isto é, aquilo que era pescado com redes e falado em ictiolalês. Qualquer coisa que não fosse peixe, que não fosse apanhado com suas redes, que não pudesse ser falado em ictiolalês, eles recusavam e diziam: “Não é real”. Quando as pessoas lhes falavam de nuvens, eles diziam: “Com que rede esse peixe foi pescado?” A pessoa respondia: “Não foi pescado, não é peixe”. Eles punham logo fim à conversa: “Não é real”. O mesmo acontecia se as pessoas lhes falavam de cores, cheiros, sentimentos, música, poesia, amor, felicidade. Essas coisas, não há redes de barbante que as peguem. A fala era rejeitada com o julgamento final: “Se não foi pescado no rio com rede aprovada não é real”. As redes usadas pelos membros da confraria eram boas? Muito boas. Os peixes pescados pelos membros da confraria eram bons? Muito bons. As redes usadas pelos membros da confraria se prestavam para pescar tudo o que existia no mundo? Não. Há muita coisa no mundo, muita coisa mesmo, que as redes dos membros da confraria não conseguem pegar. São criaturas mais leves, que exigem redes de outro tipo, mais sutis, mais delicadas. E, no entanto, são absolutamente reais. Só que não nadam no rio. Meu colega aposentado, com todas as credenciais e titulações, mostrou para os colegas um sabiá que ele mesmo criara. Fez o sabiá cantar para eles, e eles disseram: “Não foi pego com as redes regulamentares; não é real; não sabemos o que é um sabiá; não sabemos o que é o canto de um sabiá...” Sua pergunta está respondida, meu amigo: o que é científico? Resposta: é aquilo que caiu nas redes reconhecidas pela confraria dos cientistas. Cientistas são aqueles que pescam no grande rio... Mas há também os céus e as matas que se enchem de cantos de sabiás... Lá as redes dos cientistas ficam sempre vazias. Unidade 2 61
  • 62.
  • 63. UNIDADE 3 Método científico Objetivos de aprendizagem Compreender o conceito de método científico. Relacionar método e técnica. Diferenciar o método de abordagem do de procedimento. Descrever os principais tipos de métodos de abordagem e de procedimento. Identificar os principais tipos de técnicas de pesquisa. Seções de estudo Seção 1 O que é método científico? Seção 2 Métodos de abordagem Seção 3 Métodos de procedimento Seção 4 Técnicas de pesquisa 3
  • 64. Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Você estudou que o conhecimento científico apresenta muitas características e uma delas reporta-se ao fato de ser um conhecimento metódico. Estudou que não há condições de haver ciência sem a presença do método. Nesta unidade, objetivando aprofundar o entendimento sobre a idéia de ciência, você estudará o conceito, a importância e os principais tipos de método científico. Bom estudo! SEÇÃO 1 - O que é método científico? A palavra método vem do grego methodos e é composta de metá (através de, por meio de) e de hodós (via, caminho). Para que você possa entender o significado da palavra em seu sentido etimológico imagine a escalada de uma montanha que oferece muitas dificuldades na subida. Antes de subir, certamente, será necessário estudar a montanha para ter a certeza do melhor caminho a ser seguido, providenciar as ferramentas necessárias e conhecer as regras e técnicas da escalada. A palavra método foi utilizada neste sentido, querendo designar via, caminho, meio ou linha de raciocínio. Para todas as atividades da vida humana é necessário escolher a melhor via, o melhor caminho, isto é, o melhor método. Na ciência também não é diferente. Se o pesquisador lança um problema de pesquisa, se deseja investigar um determinado fenômeno, precisa, antes de tudo, determinar o caminho a ser seguido para encontrar respostas para o seu problema. Assim, o método consiste no ponto de ligação entre a dúvida e o conhecimento. 64
  • 65. Ciência e Pesquisa [...] A própria significação da palavra ‘método’ indica que sua função é instrumental, ligando dois pólos, a saber, um pólo de origem ou ponto de partida (estado de ignorância), outro pólo de destinação ou ponto de chegada (estado de conhecimento) [...]. O método corresponde ao grande empreendimento de construção do saber científico, da fase investigativa à fase expositiva [...]. O método se confunde com o processo por meio do qual se realiza a pesquisa científica. (BITTAR, 2003, p. 9-10). Cardoso (1982, p. 57) afirma que o método diz respeito aos meios de que dispõe a ciência para propor problemas verificáveis e para submeter à prova ou verificação as soluções que forem propostas a tais problemas. Assim, a primeira pergunta que deve ser feita para saber se um dado conhecimento é científico é: como foi obtido? Ou, em outras palavras, como chegou-se a considerar que tal conhecimento é verdadeiro (no sentido das verdades parciais e falíveis da ciência)? Você percebeu que o método é um aliado da ciência sendo, por isso, indispensável na produção do conhecimento científico. Todo pesquisador que se propõe a fazer pesquisa coloca-se, por analogia, na posição do alpinista que se pergunta qual o melhor caminho para escalar a montanha. Neste caso o pesquisador se pergunta: qual o melhor método para investigar um determinado problema de pesquisa. Não há método pronto, fi xo, definitivo que possa ser adquirido num balcão de supermercado. O estabelecimento do método da pesquisa depende de fatores relacionados à natureza do objeto de estudo, de aspectos relacionados à natureza da ciência em que o objeto se situa e, fundamentalmente, da criatividade do pesquisador. Neste sentido, entenda o método como sendo a expressão formal do pensamento, a linha de raciocínio que o pesquisador estabelece para abordar o seu problema de pesquisa. Por mais que o método seja uma conseqüência da criatividade do pesquisador é possível encontrar na literatura da área de Metodologia (disciplina que estuda o método) alguns métodos já consagrados que expressam a forma do raciocínio se organizar. Unidade 3 65
  • 66. Universidade do Sul de Santa Catarina Esses métodos são classificados em dois tipos: de abordagem e de procedimento. — Essa classificação será o assunto das próximas seções. Mas, primeiramente, você conhecerá mais detalhes sobre o método de abordagem. Vamos lá? SEÇÃO 2 - Métodos de abordagem Os métodos de abordagem estão vinculados ao plano geral do trabalho, ao raciocínio que se estabelece como fio condutor na investigação do problema de pesquisa. Cervo e Bervian (1983, p. 23) afirmam que “é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado”. — Mas você sabe quais são os tipos desses métodos utilizados como base de raciocínio em pesquisas científicas? Veja a seguir. Os tipos de métodos de abordagem Os tipos mais freqüentes de métodos utilizados como base de raciocínio nas investigações científicas são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e o fenomenológico. Método dedutivo – parte de uma proposição universal ou geral para atingir uma conclusão específica ou particular. Observe os exemplos. Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Então Sócrates é mortal. Nenhum mamífero é peixe. A baleia é mamífera. Então a baleia não é peixe. 66
  • 67. Ciência e Pesquisa Nos exemplos citados, observe que a primeira premissa é geral ou universal: “todo homem é mortal” ou “nenhum mamífero é peixe”. A expressão “todo” refere-se a uma proposição universal afirmativa e a expressão “nenhum” refere-se a uma proposição universal negativa. Em ambos os casos você observou que a primeira premissa (premissa é aquilo que vem antes) é universal (todos ou nenhum) e também observou que a conclusão é particular: “Sócrates é mortal” ou “a baleia não é peixe”. Em uma pesquisa científica, muitas vezes o pesquisador estabelece seu raciocínio de forma com que as primeiras considerações acerca do problema sejam consideradas universais ou gerais para, em seguida, analisar o problema de forma específica ou particular. Para Pasold (2000, p. 92), o método dedutivo pede a [...] seleção prévia de uma formulação geral que será sustentada pela pesquisa e, por conseguinte, terá tal dinâmica exposta em seu relato de pesquisa [...]. A sua utilização sofre um claro condicionamento do direcionamento que o pesquisador vai conferir ao [...] tema que foi antecedentemente estabelecido, ou seja, ele tem uma prévia concepção formulativa sobre o objeto de sua investigação. Método indutivo – parte de uma ou mais proposições particulares para atingir uma conclusão geral ou universal. Observe os exemplos: Unidade 3 67
  • 68. Universidade do Sul de Santa Catarina O cisne 1 é branco. O cisne 2 é branco. O cisne 3 é branco. Ora, os cisnes 1, 2 e 3 são brancos. Logo, todos os cisnes são brancos. O ouro conduz eletricidade. O cobre conduz eletricidade. O ferro conduz eletricidade. Ora, o ouro, o ferro e o cobre são metais. Logo, todos os metais conduzem eletricidade. Os exemplos apresentados indicam nas primeiras premissas dados ou fatos particulares (os cisnes 1, 2 e 3 são brancos, ou o ouro, o cobre e o ferro conduzem eletricidade) e se encaminham para conclusões universais (todos os cisnes são brancos ou todos os metais conduzem eletricidade). No raciocínio dedutivo, se as duas primeiras premissas estiverem corretas, a conclusão necessariamente será correta, mas isto não ocorre com o raciocínio indutivo. No método indutivo, diz-se que o todo é igual às partes que foram analisadas. Este procedimento pode marcar a falibilidade do conhecimento, pois nem sempre o todo é igual às partes. Há registros de cisnes pretos. Afirmar que todos os cisnes são brancos, portanto, é um erro. Na pesquisa científica, a aplicação do método indutivo se dá principalmente através do uso da estatística probabilística e, também, por intermédio da realização de estudos de caso. Neste sentido, é possível estudar um caso isoladamente dos demais, estudá-los comparativamente ou, ainda, realizar um estudo multicaso. 68
  • 69. Ciência e Pesquisa Método hipotético-dedutivo – não se limita à generalização empírica das observações, vendo o mundo como existindo, independentemente da apreciação do observador. Por isso, considera-se um método lógico por excelência, que se relaciona à experimentação, motivo pelo qual é amplamente utilizado nas pesquisas das ciências naturais. É um método que consiste em testar as hipóteses. A solução provisória apresentada ao problema da pesquisa deve ser submetida ao teste de falseamento, através da observação e da experimentação. Enquanto o método dedutivo é conseqüência de uma implicação de idéias que são encadeadas pelo raciocínio, muitas vezes distante dos fatos, o método hipotético-dedutivo exige a verificabilidade objetiva dos fatos. Isto quer dizer que a dedução transforma-se em hipótese e precisa ser testada. Você percebeu que no método dedutivo foi apresentado o seguinte exemplo: “nenhum mamífero é peixe; a baleia é mamífera; então a baleia não é peixe”. No método hipotéticodedutivo, só é possível aceitar que a baleia não é peixe se houver um procedimento que permita a sua verificabilidade, ou seja, é necessário provar, que a baleia não é peixe. Método dialético – a dialética é uma abordagem que tem como objetivo a obtenção da verdade a partir da observação e superação das contradições dos argumentos, implicando no clássico raciocínio da tese, antítese e síntese. A negação é o seu motor. Unidade 3 69
  • 70. Universidade do Sul de Santa Catarina Nesta, como você pode observar, a contradição é o ponto central de todas as coisas, numa dada realidade, culminando na lógica do conflito, do movimento e da mudança. Ter uma compreensão dialética do mundo significa, portanto, entender esse mesmo mundo como essencialmente contraditório. Observe a figura a seguir. Figura 1 - Metodologia da dialética de Hegel, conforme Heerdt e Leonel (2005, p. 47) A tese representa a afirmação, a antítese a negação e a síntese a negação da negação (negação da tese e negação da antítese). Para você entender esse movimento imagine a organização da sociedade da época medieval e moderna. Na Idade Média, a sociedade era formada, basicamente, por duas classes sociais: a nobreza, composta pelo clero e senhores feudais e servos, composta pelos camponeses. A luta entre estas duas classes fez surgir uma nova sociedade: a capitalista. No período moderno, a sociedade capitalista foi formada por duas classes: a burguesia e o proletariado. A luta entre as duas fez surgir uma nova sociedade: a sociedade socialista ou comunista. Assim é o movimento da História, e também é a forma de entender como as sociedades se transformam na concepção da dialética. 70
  • 71. Ciência e Pesquisa Na pesquisa científica, o método dialético fica evidenciado quando se discute as contradições próprias do objeto de estudo. No trabalho escrito, por exemplo, estas contradições podem ser apresentadas em capítulos diferentes em que o primeiro caracterizaria a tese, o segundo a antítese e o terceiro a síntese. Pasold (2000, p. 86) afirma que o método dialético, no âmbito da pesquisa científica, significa “estabelecer ou encontrar uma tese, contrapondo a ela uma antítese encontrada ou responsavelmente criada e, em seguida, buscar identificar ou estabelecer uma síntese fundamentada quanto ao fenômeno investigado”. Método fenomenológico - a fenomenologia toma como base a idéia de que é possível chegar à essência do objeto da pesquisa (do ser pesquisado) a partir da observação e do exame do fenômeno como algo que aparece à consciência. Assim, esse método trata daqueles aspectos mais essenciais do fenômeno (redução fenomenológica), aspirando apreendê-los através da intuição (que se opõe ao conhecimento discursivo), sem esgotá-los. Por isso, o fenômeno serve para caracterizar processos que se podem observar sensivelmente (FERRARI, 1973, p. 47). O método fenomenológico, no âmbito da pesquisa científica, pode ser evidenciado, principalmente, nas pesquisas de abordagem qualitativa do tipo pesquisa-ação e pesquisa participante. — Nesta seção, você estudou sobre um tipo dos métodos que expressam a forma do raciocínio se organizar: os métodos de abordagem. Estude na próxima seção os métodos de procedimento. Unidade 3 71
  • 72. Universidade do Sul de Santa Catarina SEÇÃO 3 - Métodos de procedimento Ao contrário dos métodos de abordagem, os métodos de procedimento estão vinculados muito mais à etapa de aplicação das técnicas em uma investigação ou, mais especificamente, às fases de desenvolvimento de uma pesquisa. Caracterizam-se por apresentar um conjunto de procedimentos relacionados ao momento da coleta e registro dos dados. Enquanto o método de abordagem está relacionado ao pensar, os métodos de procedimento estão ligados ao fazer. — Mas você sabe quais são os tipos de métodos de procedimento mais comuns nas pesquisas científicas? Veja a seguir. Os tipos de métodos de procedimento Para que você tenha uma visão mais concreta dos métodos de procedimento, acompanhe uma breve descrição dos principais tipos, selecionados para o estudo nesta disciplina: o comparativo, o estatístico, o etnográfico, o histórico e o monográfico. Método comparativo – tem como preocupação básica a verificação de semelhança entre pessoas, padrões de comportamento ou fenômenos, para poder explicar as divergências constatadas nessa comparação. Observe o resumo da pesquisa intitulada “Estudo comparativo sobre o desempenho perceptual e motor na idade escolar em crianças nascidas pré-termo e a termo”, publicada na revista Arquivos de Neuro-Psiquiatria. 72